REFORÇO DE CONTRIBUIÇÕES UNIVERSITÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO COMPATÍVEL COM O CLIMA NA ÁFRICA AUSTRAL
Enquadramento de Co-Produção de
Conhecimentos
Volume 1: Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Maio de 2014
ESTUDO DE PLANIFICAÇÃO DA SARUA SOBRE OCORRÊNCIAS DE
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
ENQUADRAMENTO DE CO-PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS
2014
REFORÇO DE CONTRIBUIÇÕES UNIVERSITÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO COMPATÍVEL COM O CLIMA NA
ÁFRICA AUSTRAL
Enquadramento de Co-Produção de
Conhecimentos
Editor da Série: Piyushi Kotecha
Autores:
Penny Urquhart
Heila Lotz-Sisitka
Johan Naudé
Botha Kruger
Nota:
Este documento resulta de um estudo de planificação extenso que visa criar necessidades
e contribuições institucionais existentes para a produção de conhecimentos sobre
desenvolvimento compatível com o clima (investigação, ensino e aprendizagem,
comunidade e proximidade de políticas) nos países da SADC, envolvendo principalmente
as 62 universidades que fazem parte da Southern African Regional Universities
Association (SARUA). É baseado em dados de questionário, análise de documentd e
consultas junto de universidades e intervenientes envolvidos na produção de
conhecimentos de desenvolvimento compatível com o clima em 12 países da África
austral. O estudo fornece a primeira análise de “base” sobre o papel das universidades na
co-produção de conhecimentos em matéria de desenvolvimento compatível com o clima.
É acompanhado por uma base de dados substancial.
© SARUA 2014
Southern African Regional Universities Association (SARUA)
PO Box 662
WITS
2050
SOUTH AFRICA
Os conteúdos desta publicação podem ser livremente utilizados e reproduzidos para fins não lucrativos, desde que seja dado
conhecimento da origem. Todos os direitos reservados.
ISBN: 978-0-9922354-2-0
Coordenador do Programa da SARUA: Piyushi Kotecha
Principais autores: Penny Urquhart e Heila Lotz-Sisitka
Gestão e Coordenação do Projecto: Botha Kruger, Johan Naudé, Ziyanda Cele
Investigação e Orientação do Workshop: Rita Bissoonauth, Ebbie Dengu, Dick Kachilonda, Zabron Kengera, M.J. Ketlhoilwe,
Dylan McGarry, Mandla Mhlipa, Claude G. Mung’ong’o, Mutizwa Mukute, Manoah Muchanga, Charles Namafe, Vladimir
Russo, Natasha Williams-Phatela
Contributos adicionais: Francois Engelbrecht, Tichaona Pesanayi, Casper Bonyongo, Darmanaden Sooben, Sosten Chioto e
Deepa Pullani
Correcção: Kim Ward
Tradução: Folio Translation Consultants
Comissão Directiva do Projecto: Professor X Mbhenyane, Universidade de Venda; Professor R Mutombo, Universidade de
Lubumbashi; Professor M New, Universidade da Cidade do Cabo; Professor S Sibanda, Universidade Nacional de Ciência e
Tecnologia; Professor P Yanda, Universidade de Dar es Salaam
A SARUA é uma associação de liderança sem fins lucrativos dos chefes das universidades públicas nos 15 países da região
SADC. Tem por missão promover, reforçar e incrementar o ensino superior, a investigação e a inovação através da expansão
da colaboração inter-institucional e de iniciativas de desenvolvimento de capacidades em toda a região. Promove as
universidades enquanto principais contribuidores no sentido de construírem economias do conhecimento, desenvolvimento
socioeconómico e cultural a nível nacional e regional, bem como para a erradicação da pobreza.
Os autores são responsáveis pela escolha e pela apresentação dos factos contidos neste documento, assim como pelas
opiniões expressas no mesmo, que não são necessariamente as da SARUA e não constituem qualquer compromisso para a
Associação.
O estudo de planificação Climate Change Counts constitui a fase inicial do Programa para o
Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da SARUA. O estudo de
planificação foi possível com o apoio profissional, financeiro e em espécie de múltiplos parceiros O
principal patrocinador do estudo foi a Climate and Development Knowledge Network (CDKN).
Principais Parceiros do Estudo de Planificação
Detentor do Programa
Parceiro de Implementação
Patrocinadores Complementares do Estudo
Programa de Educação Ambiental Regional da SADC
Patrocinadores e Anfitriões Universitários
Universidade de Rhodes
Universidade de Tecnologia
Tshwane
Universidade Agostinho Neto
Universidade des Mascareignes
Universidade da Cidade do Cabo
Universidade de Dar Es Salaam
Universidade de Fort Hare
Universidade do Malávi
Universidade da Namíbia
Universidade de Pretória
Universidade das Seicheles
Universidade da Suazilândia
Universidade da Zâmbia
Universidade de Tecnologia de Vaal
Universidade Aberta do Zimbabué
Prefácio
Enquanto continente, Africa foi considerado um dos mais vulneráveis às alterações climáticas pelo
Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). A vulnerabilidade da África austral
às alterações climáticas é exacerbada por uma variedade de factores relacionados com a pobreza e
outras questões de desenvolvimento na região. As alterações climáticas ameaçam reverter o
progresso do desenvolvimento, a menos que sejam envidados esforços concertados para tornar o
desenvolvimento resistente ao clima.
Este estudo de planificação, o qual examina o papel do ensino superior no contributo para as vias
de desenvolvimento resistentes ao clima, é o primeiro do género a ser realizado na África austral e,
de um modo geral, em África. Uma vez que as abordagens mais holísticas às alterações climáticas e
ao desenvolvimento compatível com o clima são áreas de produção de conhecimentos
relativamente novas nas universidades da África austral, este estudo, que reúne informações de
doze países da África austral numa vasta gama de disciplinas, é particularmente precioso. O estudo
envolveu profissionais universitários de uma vasta gama de faculdades – ciências, agricultura,
direito, educação, humanidades, arquitectura, engenharia e saúde, entre outras, de modo a
estabelecer onde e de que forma está a ocorrer a investigação, o ensino e a sensibilização do
desenvolvimento compatível com o clima e onde se encontram lacunas. Além disso, foram
captadas as perspectivas de múltiplos intervenientes quanto às necessidades e lacunas de
conhecimentos nesta área, desde intervenientes nacionais preocupados com alterações climáticas
e desenvolvimento compatível com o clima, a profissionais universitários e membros da sociedade
civil e do sector privado.
Em suma, o programa da SARUA para as alterações climáticas e o desenvolvimento foi concebido
para desenvolver a capacidade das universidades da região para responderem de forma
abrangente e inovadora aos desafios em matéria de alterações climáticas da região através de
investigação, ensino, envolvimento comunitário e contributos de alcance politico que vão reforçar
a capacidade da região para o desenvolvimento resistente ao clima no futuro. Para orientar este
processo, o estudo de planificação identificou a criação de quatro redes regionais, as quais incluem
sete potenciais grupos da investigação temáticos (rede de investigação), uma rede de inovação
curricular, uma rede de desenvolvimento de capacidades e uma rede de envolvimento político. Tal
enquadramento irá focar os esforços regionais de modo a garantir que a colaboração ocorra no
sentido de levar as universidades da SADC a assumir o papel principal no confronto dos
conhecimentos da região em matéria de alterações climáticas e dos desafios políticos.
Os desafios enfrentados pela região em matéria de alterações climáticas não podem ser resolvidos
isoladamente, nem através da aplicação de metodologias, perspectivas e abordagens do passado.
Este estudo de planificação fornece, assim, um enquadramento para a colaboração transdisciplinar
e para a co-produção de conhecimentos entre investigação, ensino e aprendizagem, bem como
para o envolvimento comunitário, destacando as lacunas a corrigir pelos decisores políticos da
região de modo a permitir que as universidades tenham um impacto material na via de
desenvolvimento futuro da região.
1
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA: Enquadramento de Co-Produção
de Conhecimentos
As conclusões do estudo de planificação informam sobre a próxima fase do programa da SARUA em
matéria de alterações climáticas, que é a criação das redes identificadas. A SARUA orgulha-se de ter
iniciado um programa tão importante, estando entusiasmada com a participação dos
intervenientes regionais até à data, e está empenhada em orientar com sucesso o processo de
criação de redes para que a SADC seja líder global na orientação de um desenvolvimento resistente
ao clima a nível regional.
Piyushi Kotecha
DG: SARUA
Maio de 2014
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Índice
ACRÓNIMOS .......................................................................................................................................... 9
GLOSSÁRIO DE TERMOS ....................................................................................................................... 13
PRINCIPAIS CONCEITOS UTILIZADOS NESTE ESTUDO DE PLANIFICAÇÃO .............................................. 16
RESUMO EXECUTIVO ........................................................................................................................... 18
1
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 57
1.1
Introdução e visão geral do Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos ............... 57
1.2
O Programa de Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da
SARUA ................................................................................................................................... 58
1.3
Desenvolvimento compatível com o clima e principais conceitos relacionados ................... 60
1.4
Explicar a co-produção de conhecimentos num contexto de conhecimento multi, inter e
transdisciplinar ...................................................................................................................... 63
1.5
Metodologia e orientação para o Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos ..... 66
1.6
Limitações do estudo de planificação ................................................................................... 70
1.7
Expansão do estudo de planificação..................................................................................... 71
2
ANÁLISE DAS NECESSIDADES ................................................................................................................. 73
2.1
Riscos regionais das alterações climáticas e necessidade de co-produção de conhecimentos
de DCC ................................................................................................................................... 73
2.1.1
2.1.2
2.1.3
2.2
2.3
Alterações climáticas regionais observadas e projectadas ............................................................. 73
Impactos e vulnerabilidades regionais das alterações climáticas ................................................... 76
Prioridades ao nível da SADC para operação conjunta do DCC ....................................................... 78
Análise das necessidades: principais conclusões por país .................................................... 83
Análise das necessidades: síntese regional ........................................................................... 84
2.3.1
2.3.2
2.3.3
Diferentes contextos, mas um aspecto comum entre países sobre conclusões mais vastas .......... 84
As necessidades de conhecimento são diversas e também sistémicas .......................................... 87
As lacunas da capacidade de investigação estão largamente correlacionadas com as necessidades
de conhecimentos ........................................................................................................................... 89
2.3.4
Semelhança regional em necessidades de conhecimento e investigação transversais .................. 90
2.3.5
Contextualização e a localização da investigação em matéria de alterações climáticas ................. 91
2.3.6
Compreender e valorizar os sistemas autóctones de conhecimentos em matéria de resistência .. 92
2.3.7
As lacunas de capacidade individual requerem uma resposta ao nível do sistema ........................ 93
2.3.8
Falta de correspondência entre a oferta e a procura de competências, bem como uma
necessidade de competências integradoras ................................................................................... 94
2.3.9
Investigação e o desenvolvimento de capacidades para originar mudança social ......................... 95
2.3.10 As lacunas de capacidade institucional significativa requerem uma resposta concertada .............. 97
2.3.11 A relação cíclica entre lacunas de capacidade individuais e institucionais .................................... 101
2.4
2.4.1
2.4.2
3
Implicações para co-produção de conhecimentos de DCC ................................................. 102
As necessidades regionais identificadas pedem uma abordagem estratégica e integrada .......... 102
Criação de capacidades a prestadores de serviços de educação, formação e desenvolvimento
de capacidades de DCC ................................................................................................................. 104
ANÁLISE INSTITUCIONAL .................................................................................................................... 105
3.1
Orientação .......................................................................................................................... 105
3.1.1
3.1.2
3.1.3
3.1.4
3.2
Contexto institucional em matéria de alterações climáticas e investigação do DCC ao nível
da SADC ......................................................................................................................................... 105
Contexto institucional: Universidades na SADC ............................................................................ 106
Universidades e desenvolvimento ................................................................................................ 108
Universidades enquanto produtores e co-produtores de conhecimentos ................................... 114
Síntese da análise institucional ........................................................................................... 119
Maio de 2014
2
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
3.2.1
3.2.2
3.2.3
3.2.4
3.2.5
3.2.6
3.2.7
3.2.8
3.2.9
3.2.10
3.2.11
3.2.12
3.2.13
4
DIRECÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A CO-PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS DE DCC ........................................... 172
4.1
4.2
4.3
4.3.1
4.3.2
4.3.3
4.3.4
4.3.5
4.3.6
4.3.7
4.4
4.4.1
4.4.2
4.4.3
4.5
4.5.1
4.5.2
4.5.3
4.6
4.6.1
4.6.2
4.6.3
5
Visão geral das análises institucionais país por país...................................................................... 119
Construção de um entendimento comum de DCC dentro e entre instituições ............................ 120
A interface de ciência-política-prática........................................................................................... 122
Universidades enquanto contribuidoras para o conhecimento de políticas ................................. 125
Construção e coordenação da instituição de investigação ........................................................... 127
Desenvolvimento de capacidades para a investigação e plataformas de inovação da
investigação .................................................................................................................................. 136
Padrões actuais relacionados com universidades na qualidade de co-produtores de
conhecimentos de DCC ................................................................................................................. 141
Condições gerais para co-produção de conhecimentos de DCC ................................................... 144
Desenvolvimento e inovação curriculares .................................................................................... 150
Mudanças que envolvem os alunos ............................................................................................... 165
Envolvimento comunitário e alcance político ................................................................................ 166
A gestão de campus e demonstrações de DCC .............................................................................. 167
Implicações do Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos ........................................... 168
Introdução .......................................................................................................................... 172
Considerações de concepção para o programa em matéria de alterações climáticas da
SARUA ................................................................................................................................. 176
Áreas temáticas de investigação prioritárias ..................................................................... 178
Tema de investigação / grupo 1: Paisagens resistentes para pessoas, alimentos e ecossistemas 184
Tema de investigação / grupo 2: Acompanhamento e biodiversidade da planificação e
mudanças dos sistemas socioecológicos complexos para o DCC .................................................. 190
Tema de investigação / grupo 3: Conhecimentos autóctones, resistência e inovação
cultural, social e tecnológica ......................................................................................................... 193
Tema de investigação / grupo 4: Dinâmicas sociais de adaptação às mudanças ambientais:
fazer sentido, aprendizagem social e transformação social .......................................................... 196
Tema de investigação / grupo 5: Economia verde, energia sustentável e inovações
tecnológicas de infra-estruturas ................................................................................................... 200
Tema de investigação / grupo 6: Resistência às alterações climáticas: um foco sobre a
saúde e o bem-estar ..................................................................................................................... 206
Tema de investigação / grupo 7: O futuro africano é resistente (AFAR): Governação,
participação e mudança do sistema socioecológicos .................................................................... 208
Desenvolvimento e inovação curriculares .......................................................................... 213
Um enquadramento proposto para orientar o desenvolvimento e inovação curriculares
do DCC em todas as disciplinas ..................................................................................................... 213
Novos cursos necessários por toda a região ................................................................................. 215
Parceiros regionais “iniciais” para a rede de Inovação Curricular ................................................. 218
Intervenções de alcance político e comunitário .................................................................. 219
Investigação e política do DCC: Para uma abordagem mais proactiva.......................................... 219
Política e investigação: Para maior concentração na implementação de políticas ....................... 222
Investigação e envolvimento e sensibilização comunitários ......................................................... 223
Política e estratégia para o Ensino Superior ....................................................................... 224
Intervenções na política e estratégia para o Ensino Superior para apoiar a “massa crítica”
para o DCC..................................................................................................................................... 224
Intervenções de prática e política a nível universitário ................................................................. 228
Desenvolvimento de capacidades dos colaboradores .................................................................. 229
4.7
Resumo das recomendações .............................................................................................. 230
ROTEIRO E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA: PASSOS INICIAIS ............................................................... 233
5.1
Introdução .......................................................................................................................... 233
5.2
Âmbito e objectivos do roteiro............................................................................................ 233
5.3
Enquadramento do desenvolvimento de rede .................................................................... 235
5.4
Passos imediatos ................................................................................................................ 236
Maio de 2014
3
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
6
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 239
ANEXO A: RESUMOS DE PAÍS: ANÁLISE DAS NECESSIDADES E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL............... 240
7
ANGOLA ......................................................................................................................................... 241
7.1
Análise das necessidades de Angola ................................................................................... 241
7.1.1
7.1.2
7.1.3
7.1.4
7.1.5
8
Contexto que enquadra as necessidades ...................................................................................... 241
Conhecimento específico e lacunas na investigação..................................................................... 241
Necessidades transversais ............................................................................................................ 242
Necessidades de capacidade individuais ....................................................................................... 242
Lacunas nas capacidades institucionais ........................................................................................ 243
7.2
Avaliação institucional de Angola ....................................................................................... 244
BOTSUANA...................................................................................................................................... 248
8.1
Análise das necessidades do Botsuana ............................................................................... 248
8.1.1
8.1.2
8.1.3
8.1.4
8.1.5
8.1.6
8.1.7
Contexto que enquadra as necessidades ...................................................................................... 248
Necessidades de adaptação e mitigação amplas .......................................................................... 249
Conhecimento específico e lacunas na investigação..................................................................... 249
Necessidades transversais ............................................................................................................ 249
Temas notáveis ............................................................................................................................. 249
Lacunas nas capacidades individuais............................................................................................. 250
Lacunas nas capacidades institucionais ........................................................................................ 250
8.2
Avaliação institucional do Botsuana ................................................................................... 250
9
MALÁVI .......................................................................................................................................... 255
9.1
Análise das necessidades do Malávi ................................................................................... 255
9.1.1
9.1.2
9.1.3
9.1.4
9.1.5
9.1.6
10
Contexto que enquadra as necessidades ...................................................................................... 255
Amplas necessidades de adaptação e mitigação .......................................................................... 256
Conhecimento específico e lacunas na investigação..................................................................... 256
Questão transversal interessante ................................................................................................. 257
Necessidades de capacidade individuais ....................................................................................... 257
Lacunas nas capacidades institucionais ........................................................................................ 257
9.2
Avaliação institucional do Malávi ....................................................................................... 258
ILHAS MAURÍCIAS ............................................................................................................................. 266
10.1
Análise das necessidades das Ilhas Maurícias .................................................................... 266
10.1.1
10.1.2
10.1.3
10.1.4
10.1.5
10.1.6
10.1.7
Contexto e enquadramento das necessidades ........................................................................ 266
Necessidades de adaptação e mitigação amplas ..................................................................... 266
Conhecimento específico e lacunas na investigação ................................................................ 266
Necessidades transversais ........................................................................................................ 267
Temas notáveis ........................................................................................................................ 267
Lacunas nas capacidades individuais ........................................................................................ 267
Lacunas nas capacidades institucionais.................................................................................... 268
10.2
Análise institucional das Ilhas Maurícias ............................................................................ 268
11 MOÇAMBIQUE ................................................................................................................................. 271
11.1
Análise das necessidades de Moçambique ......................................................................... 271
11.1.1
11.1.2
11.1.3
11.1.4
11.1.5
11.1.6
12
Contexto que enquadra as necessidades ................................................................................. 271
Necessidades de adaptação e mitigação amplas ..................................................................... 272
Conhecimento específico e lacunas na investigação ................................................................ 272
Necessidades transversais ........................................................................................................ 273
Necessidades de capacidade individuais .................................................................................. 273
Lacunas nas capacidades institucionais.................................................................................... 274
11.2
Avaliação institucional de Moçambique ............................................................................. 274
NAMÍBIA ........................................................................................................................................ 279
12.1
Análise das necessidades da Namíbia ................................................................................ 279
12.1.1
12.1.2
Contexto que enquadra as necessidades ................................................................................. 279
Prioridade específicas de adaptação e mitigação .................................................................... 280
Maio de 2014
4
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
12.1.3
12.1.4
12.1.5
12.1.6
Conhecimento específico e lacunas na investigação ................................................................ 280
Necessidades transversais ........................................................................................................ 281
Necessidades de capacidade individuais .................................................................................. 281
Lacunas nas capacidades institucionais.................................................................................... 282
12.2
Avaliação institucional na Namíbia .................................................................................... 283
13 SEICHELES ....................................................................................................................................... 289
13.1
Análises das necessidades das Seicheles ............................................................................ 289
13.1.1
13.1.2
13.1.3
13.1.4
13.1.5
13.1.6
13.1.7
14
Contexto que enquadra as necessidades ................................................................................. 289
Necessidades de adaptação e mitigação amplas ..................................................................... 289
Conhecimento específico e lacunas na investigação ................................................................ 290
Necessidades transversais ........................................................................................................ 290
Temas notáveis ........................................................................................................................ 291
Lacunas nas capacidades individuais ........................................................................................ 291
Lacunas nas capacidades institucionais.................................................................................... 291
13.2
Avaliação institucional das Seicheles .................................................................................. 292
ÁFRICA DO SUL ................................................................................................................................ 294
14.1
Análise das necessidades da África do Sul .......................................................................... 294
14.1.1
14.1.2
14.1.3
14.1.4
14.1.5
Contexto motor das necessidades ........................................................................................... 294
Prioridades de adaptação e mitigação identificadas para a África do Sul ................................ 294
Temas de investigação e necessidades de conhecimento nacionais ....................................... 295
Lacunas nas capacidades individuais ........................................................................................ 297
Lacunas nas capacidades institucionais.................................................................................... 298
14.2
Análise institucional da África do Sul .................................................................................. 300
15 SUAZILÂNDIA ................................................................................................................................... 336
15.1
Análise das necessidades da Suazilândia ............................................................................ 336
15.1.1
15.1.2
15.1.3
15.1.4
15.1.5
15.1.6
15.1.7
16
Contexto que enquadra as necessidades ................................................................................. 336
Necessidades de adaptação e mitigação amplas ..................................................................... 336
Conhecimento específico e lacunas na investigação ................................................................ 337
Necessidades transversais ........................................................................................................ 338
Temas notáveis ........................................................................................................................ 338
Lacunas nas capacidades individuais ........................................................................................ 338
Lacunas nas capacidades institucionais.................................................................................... 339
15.2
Avaliação institucional da Suazilândia ............................................................................... 339
TANZÂNIA ....................................................................................................................................... 344
16.1
Análise das necessidades da Tanzânia ............................................................................... 344
16.1.1
16.1.2
16.1.3
16.1.4
16.1.5
16.1.6
16.1.7
Contexto que enquadra as necessidades ................................................................................. 344
Necessidades de adaptação e mitigação amplas ..................................................................... 344
Conhecimento específico e lacunas na investigação ................................................................ 345
Necessidades transversais ........................................................................................................ 345
Temas notáveis ........................................................................................................................ 345
Lacunas nas capacidades individuais ........................................................................................ 345
Lacunas nas capacidades institucionais.................................................................................... 346
16.2
Avaliação institucional da Tanzânia ................................................................................... 346
17 ZÂMBIA .......................................................................................................................................... 351
17.1
Análise das necessidades da Zâmbia .................................................................................. 351
17.1.1
17.1.2
17.1.3
17.1.4
17.1.5
17.1.6
17.1.7
17.2
Contexto que enquadra as necessidades ................................................................................. 351
Necessidades de adaptação e mitigação amplas ..................................................................... 352
Conhecimento específico e lacunas na investigação ................................................................ 352
Necessidades transversais ........................................................................................................ 352
Temas notáveis ........................................................................................................................ 353
Lacunas nas capacidades individuais ........................................................................................ 353
Lacunas nas capacidades institucionais.................................................................................... 353
Análise institucional da Zâmbia .......................................................................................... 354
Maio de 2014
5
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
18
ZIMBABUÉ ...................................................................................................................................... 358
18.1
Análise das Necessidades do Zimbabué.............................................................................. 358
18.1.1
18.1.2
18.1.3
18.1.4
18.1.5
18.1.6
18.2
Contexto que enquadra as necessidades ................................................................................. 358
Necessidades de adaptação e mitigação amplas ..................................................................... 358
Conhecimento específico e lacunas na investigação ................................................................ 359
Necessidades transversais ........................................................................................................ 359
Lacunas nas capacidades individuais ........................................................................................ 360
Lacunas nas capacidades institucionais.................................................................................... 360
Avaliação institucional do Zimbabué .................................................................................. 360
ANEXO B: DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA ......................................................................................... 369
19
CONCEPÇÃO DA INVESTIGAÇÃO .................................................................................................. 370
19.1
Análise de documentos ....................................................................................................... 370
19.2
Consultas com Intervenientes e Funcionários Universitários (Workshop Nacional) ........... 371
19.3
Questionários ...................................................................................................................... 371
20 LÓGICA DA ANÁLISE ..................................................................................................................... 372
ANEXO C: QUESTIONÁRIO INSTITUCIONAL ........................................................................................ 373
ANEXO D: QUESTIONÁRIO PARA INTERVENIENTES ............................................................................ 375
ANEXO E: MODELO DE DESENVOLVIMENTO EM REDE ....................................................................... 381
21
ÁREAS DE FOCO DA REDE.................................................................................................................... 381
21.1
Visão a longo prazo da SARUA para desenvolvimento colaborativo em rede .................... 381
21.2
Áreas de foco da rede ......................................................................................................... 381
21.3
Foco no desenvolvimento compatível com o clima ............................................................ 381
21.4
Foco no desenvolvimento do ensino superior ..................................................................... 382
21.4.1
21.4.2
21.4.3
22
Desenvolvimento institucional ................................................................................................. 384
Alcance e envolvimento ........................................................................................................... 384
Gestão de conhecimentos ........................................................................................................ 385
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE REDE ........................................................................... 386
22.1
Requisitos para desenvolvimento de rede .......................................................................... 389
22.2
Principais medidas e questões a abordar no desenvolvimento de rede ............................. 390
Tabelas
Tabela 1: Definições de interacções típicas de investigação e pesquisa de apoio de formações
de colaboração ............................................................................................................................ 13
Tabela 2: Visão de alto nível do programa de cinco anos da SARUA .......................................... 21
Tabela 3: Visão de alto nível do programa de cinco anos da SARUA .......................................... 59
Tabela 4: Análise da participação [SH: intervenientes; INS: universidades] ............................... 68
Tabela 5: Países não incluídos no estudo de planificação de 2013 ............................................ 72
Tabela 6: Perfil HE da SADC – países incluídos no estudo de planificação ............................... 108
Tabela 7: Fontes de experiência identificadas para o DCC em Angola ..................................... 246
Tabela 8: Fontes de experiência identificadas para o DCC no Botsuana .................................. 253
Maio de 2014
6
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Tabela 9: Fontes de experiência identificadas para o DCC no Malávi ...................................... 261
Tabela 10: Fontes de experiência identificadas para o DCC nas Ilhas Maurícias ...................... 270
Tabela 11: Fontes de experiência identificadas para o DCC em Moçambique ......................... 277
Tabela 12: Fontes de experiência identificadas para o DCC na Namíbia .................................. 286
Tabela 13: Fontes de experiência identificadas para o DCC nas Seicheles ............................... 293
Tabela 14: Núcleos e Centros de Competências identificados na África do Sul para investigação
do DCC (cobrindo todas as 23 universidades sul-africanas) ..................................................... 302
Tabela 15: Fontes de competências identificadas para o DCC na Suazilândia ......................... 341
Tabela 16: Fontes de competências identificadas para o DCC na Tanzânia ............................. 349
Tabela 17: Fontes de competências identificadas para o DCC na Zâmbia ................................ 356
Tabela 18: Fontes de competências identificadas para o DCC no Zimbabué ........................... 363
Tabela 19: Objectivos das redes de Desenvolvimento do Ensino Superior .............................. 383
Tabela 20: Ciclo de vida de rede aplicado ao programa de cinco anos da SARUA ................... 386
Tabela 21 Descrições de funções de rede ................................................................................. 389
Tabela 22: Resultados e questões de roteiro a abordar no desenvolvimento de rede ............ 391
Figuras
Figura 1: Enquadramento conceitual revisto para o programa da SARUA (baseado na Figura 2, e
adaptado de acordo com os resultados do estudo de planificação) .......................................... 45
Figura 2: Definições dos principais conceitos no modelo de rede revisto .................................. 46
Figura 3: Âmbito do roteiro do Enquadramento de co-produção de conhecimentos ............... 53
Figura 4: O Programa de Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da
SARUA.......................................................................................................................................... 59
Figura 5: Enquadramento conceptual para o desenvolvimento compatível com o clima
(adaptado de Mitchell e Maxwell, 2010) .................................................................................... 61
Figura 6: Abordagens de investigação emergentes .................................................................... 64
Figura 7: Alterações projectadas na temperatura média anual (°C) e na precipitação média
anual (mm) na região da SADC, para o período de 2040–2060 e 2080–2099, relativamente a
1970–2005................................................................................................................................... 74
Maio de 2014
7
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Figura 8: Alterações projectadas na temperatura média anual (°C) e na precipitação média
anual (mm) na região da SADC, para o período de 2040–2060 e 2080–2099, relativamente a
1970–2005................................................................................................................................... 75
Figura 9: Resumo das mudanças necessárias a uma nova forma de abordar o desenvolvimento
(a última linha destaca as alterações nas abordagens de produção de conhecimentos)
(Adaptado do de IRF 2015) ....................................................................................................... 114
Figura 10: Enquadramento conceptual para o desenvolvimento de competências Wiek et al.
2011) ......................................................................................................................................... 160
Figura 11: Modelo conceptual inicial que mostra a visão da SARUA para a criação de um
sistema regional de co-produção de conhecimentos com desenvolvimento de capacidades e
componentes de sensibilização ................................................................................................ 177
Figura 12: Enquadramento conceitual revisto para o programa da SARUA (baseado na Figura 2,
e adaptado de acordo com os resultados do estudo de planificação) ..................................... 181
Figura 13: Definições dos principais conceitos no modelo de rede revisto .............................. 181
Figura 14: Enquadramento proposto para a inovação curricular do DCC ................................ 214
Figura 15: Diagrama que apresenta o potencial papel do envolvimento da investigação na
criação de políticas .................................................................................................................... 219
Figura 16: Âmbito do roteiro do Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos e passos
iniciais ........................................................................................................................................ 235
Figura 17: Ciclo de vida de rede ................................................................................................ 386
Maio de 2014
8
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Acronimos
AAP
Africa Adaptation Programme (Programa de Adaptação de África)
AAU
African Association of Universities (Associação Africana de Universidades)
ACCESS
Applied Centre for Climate and Earth System Sciences in South Africa (Centro Aplicado para as
Alterações Climáticas e as Ciências do Sistema da Terra na África do Sul)
ACDI
African Climate and Development Initiative (University of Cape Town, RSA) [Iniciativa Africana do
Clima e Desenvolvimento (Universidade da Cidade do Cabo, RAS)]
ACPC
African Climate Policy Centre (Centro de Políticas do Clima Africano)
ADEA
African Association for the Development of Education in Africa (Associação Africana para o
Desenvolvimento da Educação em África)
AEON
Africa Environmental Observation Network (Rede de Observação Ambiental de África)
AFAR
African Futures Are Resilient (Os futuros africanos são resistentes)
AFOLU
Agriculture, Forestry, and Other Land Uses (Utilizações na Agricultura, Florestas e Outras Terras)
AFRITEIS
African Teacher Education Network on Education for Sustainable Development (Rede Africana de
Educação de Professores em Matéria de Educação para o Desenvolvimento Sustentável)
AMCEN
African Ministerial Conference on Environment (Conferência Ministerial Africana sobre o Ambiente)
AMESD
Africa Monitoring of the Environment for Sustainable Development (Projecto Africano de
Acompanhamento Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável)
AU
African Union (União Africana)
AUC
African Union Commission (Comissão da União Africana)
BCA
Botswana College of Agriculture (Faculdade de Agricultura do Botsuana)
BID
Background Information Document (Documento de Informação de Base)
AC
Alterações Climáticas
CCAM
Conformal-Cubic Atmospheric Model (Modelo Atmosférico Cúbico Conforme)
DCC
Desenvolvimento Compatível com o Clima
CC-DARE
Climate Change Adaptation and Development Initiative (UNEP) [Iniciativa para a Adaptação e
Desenvolvimento das Alterações Climáticas (PNUA)]
CDKN
Climate and Development Knowledge Network (Rede de Conhecimento em Matéria de Clima e
Desenvolvimento)
CDM
Clean Development Mechanism (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo)
CEO
Director Executivo
CESSAF
Angola’s Centre of Excellence for Sciences Applied to Sustainability (CESSAF) (Centro de
Excelência de Angola para as Ciências Aplicadas à Sustentabilidade)
CGCM
Coupled Global Climate Models (Modelos Climáticos Globais)
CGIAR
Consultative Group on International Agricultural Research (Grupo Consultivo em Matéria de
Investigação Agrícola Internacional)
CIFOR
Centre for International Forestry Research (Centro para a Investigação Florestal Internacional)
CE
Centro de Excelência
COMESA
Common Market for Eastern and Southern Africa (Mercado Comum da África Austral e Oriental)
CRM
Climate Risk Management (Gestão do Risco Climático)
CSA
Climate-Smart Agriculture (Agricultura Inteligente em Termos de Clima)
CSAG
Climate Systems Analysis Group (Grupo de análise de sistemas climáticos)
CSIR
Council for Scientific and Industrial Research (Conselho para a Investigação Científica e Industrial)
CSRSE
Centre for Study in Renewable and Sustainable Energy (Botswana) [Centro de Estudo de Energias
Renováveis e Sustentáveis (Botsuana)]
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
CTCN
Climate Technology Centre and Network (Centro e Rede de Tecnologia Climática)
CTWG
Climate Change Inter-sectoral Technical Working Group (Grupo de Trabalho Técnico
Intersectorial das Alterações Climáticas)
DfID
UK Department for International Development (Departamento de Desenvolvimento
Internacional do Reino Unido)
DVC
Deputy Vice Chancellor (Vice-reitor Suplente)
EAC
East African Community (Comunidade da África Oriental)
EbA
Ecosystem-based Adaptation (Adaptação Baseada em Ecossistemas)
EA
Educação Ambiental
EERG
Energy and Environment Research Group (Zambia) [Grupo de Investigação do Ambiente e da
Energia (Zâmbia)]
EIA
Environmental impact assessment (Avaliação de impacto ambiental)
ENDA
Environmental Development Action in the Third World (Acção de Desenvolvimento Ambiental no
Terceiro Mundo)
ERM
Environment and Resource Management (Gestão do ambiente e dos recursos)
ESD
Education for Sustainable Development (Educação para o Desenvolvimento Sustentável)
FEWSNET
Famine Early Warning System (Sistema de Alerta Rápido da Fome) (CEWS)
GEF
Global Environmental Facility (Instalações Ambientais Globais)
GHG
Greenhouse Gases (Gases de Efeito de Estufa)
GIS
Geographical Information Systems (Sistemas Geográficos de Informação)
GIZ
Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit
ES
Ensino Superior
IES
Instituição de Ensino Superior
HESA
Ensino Superior África do Sul
HSRC
Human Sciences Research Council (South Africa) [Conselho de Investigação de Ciências Humanas
(África do Sul)]
ICSU
International Council for Science (Conselho Internacional para a Ciência)
IDRC
International Development Research Centre (Centro de Investigação para o Desenvolvimento
Internacional)
IIAM
Institute of Agricultural Research of Mozambique (Instituto de Investigação Agrícola de Moçambique)
IK
Indigenous Knowledge (Conhecimento autóctone)
IKS
Sistemas de conhecimentos autóctones
IPCC
Intergovernmental Panel on Climate Alteração (Painel Intergovernamental para as Alterações
Climáticas)
IRF
Independent Research Forum (Fórum de Investigação Independente)
ISSC
International Social Science Council (Conselho Internacional de Ciências Sociais)
IUCN
International Union for the Conservation of Nature (União Internacional para a Conservação da
Natureza)
LCBCCAP
Lake Chilwa Basin Climate Change Adaptation Programme (Programa de Adaptação às Alterações
Climáticas da Bacia do Lago Chilwa)
LDC
Least Developed Countries (Países Menos Desenvolvidos)
LEAD SEA
Leadership for Environment and Development Southern and East Africa (Liderança para o
Ambiente e o Desenvolvimento da África Austral e Oriental)
LUANAR
Lilongwe University of Agriculture and Natural Resources (Universidade Lilongwe de Agricultura
e Recursos Naturais)
MDG
Millennium Development Goals (Objectivos de Desenvolvimento do Milénio)
MESA
Mainstreaming Environment and Sustainability in African Universities programme (Programa de
Integração do Ambiente e Sustentabilidade nas Universidades Africanas)
Maio de 2014
10
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
MICOA
Ministry for the Coordination of Environmental Affairs (Mozambique) [Ministério da
coordenação dos Assuntos Ambientais (Moçambique)]
MOOC
Massive Online Open Course (Curso Aberto Online Maciço)
MSc
Masters in Science (Mestrado em Ciências)
NAMA
Nationally Appropriate Mitigation Action (Acção de Mitigação Nacionalmente Apropriada)
NAPA
National Adaptation Programme of Action (Programa de Acção de Adaptação Nacional)
ONG
Organização Não Governamental
ODI
Overseas Development Institute (Instituto de Desenvolvimento Internacional)
ODL
Open and Distance Learning (Aprendizagem Aberta e à Distância)
OSF
Open Society Foundation
PAU
Universidade Panafricana
PAUWES
Pan African University Water and Energy Science Institute (Instituto das Ciências Energéticas e
Hidráulicas da Universidade Panafricana)
PhD
Doutorado em Filosofia
I&D
Investigação e Desenvolvimento
R4D
Investigação para o Desenvolvimento
RAEIN-Africa
Regional Agricultural and Environmental Initiatives Network – Africa (Rede de Iniciativas
Regionais, Agrícolas e Ambientais – África)
RCCP
Regional Climate Change Programme (Programa Regional em Matéria de Alterações Climáticas)
REC
Comunidades Económicas Regionais
REDD+
Reducing Emissions from Deforestation and forest Degradation (Redução das Emissões da
Desflorestação e Degradação da Floresta)
RISDP
Regional Indicative Strategic Development Plan (Plano Regional de Desenvolvimento Indicativo e
Estratégico)
AS
África do Sul
SADC
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
SADC REEP
Programa de Educação Ambiental da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
SANEDI
South African Energy Development Institute (Instituto Sul-africano do Desenvolvimento
Energético)
SARCHI
South African Research Chairs Initiative (Iniciativa dos Presidentes de Investigação da África do
Sul)
SARUA
Southern African Regional Universities Association (Associação das Universidades Regionais da
África Austral)
SASSCAL
Southern African Science Service Centre for Climate Change and Adaptive Land Use (Centro do
Sul-africano de Serviço das Ciências em Matéria de Alterações Climáticas e Utilização da Terra de
Adaptação)
DS
Desenvolvimento Sustentável
SDG
Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis
SIDS
Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento
SNC
Second National Communication (to the UNFCCC) [Segunda Comunicação Nacional (à UNFCCC)]
START
SysTem for Analysis, Research and Training (Sistema de Análise, Investigação e Formação)
TVET
Technical Vocational Education and Training (Ensino e Formação Técnica e Vocacional)
UB
Universidade do Botsuana
UEM
Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique)
UNCSD
Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
PNUD
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PNUA
Programa das Nações Unidas para o Ambiente
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
Maio de 2014
11
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
UNFCCC
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas
UNISWA
Universidade da Suazilândia
UNZA
Universidade da Zâmbia
OMS
World Health Organization (Organização Mundial da Saúde)
WWF
Fundo Mundial para a Natureza
Maio de 2014
12
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
13
Glossário de Termos
Este glossário fornece definições dos principais termos que envolvem a interacção da
investigação e a co-produção de conhecimentos. A secção 1.3 do relatório principal (Volume 1)
fornece esclarecimentos conceptuais sobre desenvolvimento compatível com o clima e termos
com ele relacionados.
A definição de um sistema de co-produção de conhecimentos requer o esclarecimento do
significado das diferentes formas de interacção da investigação, bem como a estruturação
institucional típica da capacidade de investigação. Neste estudo de planificação
identificámos várias formas diferentes de interacção que ocorrem actualmente entre
investigadores, auxiliando igualmente com a definição de onde se podem encontrar
formas específicas de conhecimento das alterações climáticas e investigação sobre
DCC (conforme apresentado no Anexo A), bem como a forma como as novas
formações de investigação podem ser apoiadas de forma a expandir as capacidades de
investigação existentes e as interacções da investigação. A Tabela 1 abaixo fornece
uma visão geral das definições destas interacções e formações de investigação,
conforme encontramos neste estudo de planificação.
Tabela 1: Definições de interacções típicas de investigação e pesquisa de apoio de formações de colaboração
Definições
1
Este Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos recorre às seguintes diferenciações ao referir-se às
interacções de investigação e às formações de investigação de colaboração baseadas em conhecimentos:




Trabalho em Rede2 – um processo que envolve comunicação e partilha de informações entre os
participantes para benefício mútuo.
Trabalho em Rede Coordenado – um processo que, além da comunicação e partilha de
informações, envolve actividades de alinhamento/alteração para se alcançarem resultados mais
eficazes.
Cooperação – um processo que envolve não só a partilha de informações e ajustes de actividades,
como também a partilha de recursos para alcançar objectivos compatíveis. A cooperação é conseguida
pela divisão de algum trabalho (não extensivo) entre participantes.
Colaboração – um processo no qual as entidades partilham informações, recursos e
responsabilidades para conjuntamente planearem, implementarem e avaliarem um programa de
actividades no sentido de alcançarem um objectivo comum.
1
Estas diferenciações foram desenvolvidas para utilização neste estudo de planificação. Seguem geralmente definições de
conceitos semelhantes previamente acordadas, e quando as definições exactas são baseadas noutra literatura, as mesmas
encontram-se referenciadas. Sempre que as definições tiverem sido especificamente enquadradas para este estudo (recorrendo a
significados mais vastos) as mesmas não foram referenciadas.
2
As definições de trabalho em rede adaptadas de Camarinha-Matos, L.M. e H. Afsarmanesh. 2012 (projecto de trabalho).
Taxonomy of Collaborative Networks Forms. Em colaboração com a SOCOLNET (Society of Collaborative Networks).
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos





14
Rede de colaboração (organização) – uma rede de colaboração que possui uma determinada
forma de organização em termos de estrutura de adesão, actividades, definição de funções dos
participantes e que segue um conjunto de princípios e regras de governação.
Rede de Conhecimentos – uma rede de conhecimentos conforme utilizada neste documento
refere-se a um grupo de profissionais que comunicam e partilham conhecimentos e experiências
relevantes para um determinado interesse principal. Existe uma estrutura para comunicar e partilhar
tais conhecimentos e experiências, mas os participantes não o fazem de forma permanente. Exemplos
do estudo de planificação incluem a rede RAIEN, a MESA, a EEASA, etc.
Núcleo de competências – um núcleo de competências conforme utilizado neste documento
refere-se a um pequeno grupo de investigadores/investigador individual com uma equipa de pósgraduados especializados numa área particular da investigação do DCC. O pequeno grupo de
investigadores/investigador individual/presidente de investigação, com a respectiva equipa de pósgraduados, tem um programa de investigação activo maioritariamente ligado a outros a nível nacional
e/ou internacional. Os participantes do núcleo de competências contribuem, através da investigação,
para as políticas e/ou práticas e contribuem igualmente para publicações úteis a nível local, com
algumas publicações internacionalmente revistas por pares.
Centro de competências – um centro de competências conforme utilizado neste documento referese a um grupo de investigadores que trabalham juntos com o título de “centro” ou “unidade” com um
foco de investigação explícito de DCC ou com um forte foco programático de investigação em matéria
de alterações climáticas e DCC num enquadramento de investigação mais vasto. De uma forma geral,
o Centro terá ligações nacionais e internacionais relativamente fortes e oferece também
frequentemente programas de formação e desenvolvimento de capacidades aos intervenientes/em
parceria com os intervenientes, contribuindo igualmente para o desenvolvimento de políticas. Um
centro como este tem também resultados de investigação revistos por pares e reconhecidos, alguns
dos quais publicados a nível internacional, e produzem igualmente documentos e/ou publicações que
podem ser descritos como publicações úteis a nível local.
Centro de Excelência3 – um Centro de Excelência conforme utilizado neste documento refere-se a
uma estrutura (física ou virtual) que concentra recursos e capacidade existente por forma a permitir
que os investigadores colaborem, juntem uma equipa de peritos altamente qualificados numa
determinada área de investigação que esteja envolvida em investigação e inovação de forma a
avançar no terreno. Um CE concentra-se normalmente numa área especializada de investigação (por
exemplo, biologia de invasão, epidemiologia, WASH, etc.), e envolve um conjunto de investigadores
superiores (frequentemente em formações multidisciplinares ou interdisciplinares) que trabalham em
conjunto com intervenientes nacionais e internacionais e parceiros de investigação. O CE não depende
normalmente de um ou dois indivíduos, mas é antes caracterizado por uma “massa crítica” de
investigadores que estão associados com e contribuem para os principais objectivos do CE. Os CE
estão também geralmente envolvidos em projectos a longo prazo localmente relevantes e
competitivos a nível internacional, de modo a reforçar a excelência da investigação e o
desenvolvimento de capacidades. No contexto de uma investigação do DCC da África Austral, este
estudo de planificação concluiu que a SADC apoia os CE, o NPAD apoia os CE Hídricos e o
Departamento de Ciências e Tecnologia Sul-africano apoia os CE. Foram igualmente encontrados
outros apoios a centros de excelência. Os CE têm geralmente reconhecimento a nível internacional
3
O significado geralmente aceite para Centro de Excelência, conforme reflectido numa variedade de Centros de Excelência
existentes na região SADC, tem sido utilizado aqui com exemplos retirados dos Centros de Excelência da SADC, dos Centros de
Excelência do NEPAD e dos Centros de Excelência do Departamento Sul-africano de Ciências e Tecnologia. Tal tem ajudado a
conceptualizar o significado de Centros de Excelência conforme utilizado neste documento.
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

15
como Centro de Excelência: tendem a ter programas de investigação bem definidos, orçamentos de
investigação substanciais e grandes números de académicos com mestrados e doutoramentos, tendo
igualmente uma capacidade de supervisão alargada (por ex. a ACCESS).
Grupo de Investigação – um Grupo de Investigação é frequentemente um grupo de indivíduos ou
entidades que pensa da mesma forma e trabalha num determinado tema de investigação de uma
forma em que as sinergias são desenvolvidas e partilhadas. Os membros de um grupo têm as suas
próprias redes, mas os membros dessas redes não fazem necessariamente parte do conjunto de
investigação.
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Principáis conceitos utilizádos neste
estudo de plánificáçáo
O desenvolvimento compatível com o clima (DCC) é um desenvolvimento com baixas
emissões de carbono e resistente ao clima. Conforme explicado em Mitchell e Maxwell (2010),
“O desenvolvimento compatível com o clima avança ao pedir aos decisores políticos que
considerem estratégias de “vitória tripla” que resultem em baixas emissões, que desenvolvam
4
resistência e promovam o desenvolvimento simultaneamente”. No contexto da África austral,
a redução da pobreza, enquanto componente integral e objectiva de estratégias de
desenvolvimento regional e nacional, seria um co-benefício desejado. Embora o DCC seja o
conceito central utilizado no trabalho financiado pela CDKN, assim como foi este estudo de
planificação, é importante que seja entendido juntamente com o conceito de caminhos de
desenvolvimento resistentes ao clima conforme definido pelo Painel Intergovernamental sobre
Alterações Climáticas (IPCC) e pelo mais vasto conceito de desenvolvimento sustentável. De
acordo com o IPCC, “Caminhos resistentes ao clima são trajectórias de desenvolvimento que
combinam adaptação e mitigação de forma a realizar o objectivo de desenvolvimento
sustentável. Podem ser vistos como processos iterativos e continuamente em evolução para a
5
gestão das alterações em sistemas complexos.” O conceito de DCC salienta a necessidade de
integração dos riscos climáticos actuais e futuros no planeamento e na prática do
desenvolvimento, no objectivo contínuo de obtenção de desenvolvimento sustentável, bem
como na necessidade de uma “forte sustentabilidade”6, na qual a sociedade, a economia e o
ambiente são vistos como interactivos num sistema inter-relacionado e interligado. [Vide
secção 1.2 para uma discussão mais pormenorizada sobre este termo].
Multidisciplinaridade conforme utilizada neste documento envolve o recurso a diferentes
estudos disciplinares para abordar um foco ou problema empírico comum, sem alterações
para com as metodologias ou abordagens disciplinares existentes.
Interdisciplinaridade marca uma posição entre multi e transdisciplinaridade. Envolve estudos
multidisciplinares, mas vai mais à frente através do trabalho de síntese que ocorre em
diferentes disciplinas. Envolve frequentemente o desenvolvimento de um enquadramento
comum de investigação.
Transdisciplinaridade impõe o recurso a estratégias de investigação interdisciplinar, mas fá-las
avançar até ao desenvolvimento de uma nova compreensão teórica e de novas formas de
práticas necessárias entre sectores e a diferentes escalas. Baseiam-se numa interpenetração
4
Mitchell, T. e S. Maxwell. 2010. Defining climate compatible development. Resumo de Política da CDKN, Novembro de 2010.
5
Quinto Relatório de Avaliação do IPCC: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Resumo Técnico, redacção de Outubro de 2013.
6
Neumeyer, E. 2003. Weak Versus Strong Sustainability. Exploring the limits of two opposting paradigms. Massachusetts Edward
Elgar Publishers Ltd.
Maio de 2014
16
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
de perspectivas e entendimentos disciplinares, bem como na “redistribuição criativa” das
mesmas em contextos práticos. Podem também ser efectuadas distinções entre “fraca
transdisciplinaridade”, que apenas relaciona conhecimentos com a prática, e “forte
transdisciplinaridade”, que desenvolve mais profundamente novas formas mais complexas de
compreensão e compromisso quando as novas formas de teoria e prática se juntam entre
sectores e a diferentes escalas.
A co-produção de conhecimentos envolve frequentemente abordagens de investigação multi,
inter e transdisciplinar, bem como formas mais vastas de envolvimento da sociedade na
investigação que seria a norma de práticas de investigação disciplinar. A co-produção de
conhecimentos é igualmente designada co-criação de conhecimentos. Tal requer a junção de
diferentes contributos relativamente uns aos outros no processo de produção de
conhecimentos. [Vide secção 1.3.]
Núcleos de competências, conforme utilizado neste documento, refere-se a “grupos de
competências” relacionados com uma alteração climática específica ou uma área de
investigação relacionada com DCC, que envolva pelo menos um académico com um
desempenho excelente e estudiosos licenciados.
Centros de Competências refere-se a centros ou institutos já estabelecidos que funcionam
mais frequentemente a nível universitário, ou entre várias universidades com ligações de
parceria em rede (que podem ser nacionais ou internacionais).
Um Centro de Excelência conforme utilizado neste estudo refere-se a um enquadramento de
parceria multi-institucional que aborda um área importante de investigação do DCC que
envolve múltiplas universidades, bem como parcerias formalizadas a nível nacional e
internacional.
Uma rede de investigação refere-se a grupos de investigação baseados em interesses que se
reúnem regularmente para discutir ou debater preocupações ligadas a investigação. [Vide
secção 4 (Quadro 5).]
Maio de 2014
17
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Resumo executivo
Visão geral do estudo de planificação e contexto das alterações climáticas
Este documento da Associação das Universidades Regionais da África Austral (SARUA) fornece
um Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos para o desenvolvimento compatível
com o clima na África austral. O Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos procura
informar os colaboradores regionais e fornecer um ponto de partida para o programa de cinco
anos da SARUA em matéria de alterações climáticas e desenvolvimento. Baseia-se num estudo
7
de planificação que envolveu uma análise das necessidades e uma avaliação institucional
centradas no sector do ensino superior e realizadas país a país, as quais se encontram
sintetizadas no Anexo A, e mais abrangentemente representadas em 12 relatórios de país,
publicados como monografia de acompanhamento (Volume 2) a este Enquadramento de Coprodução de Conhecimentos (Volume 1).





A secção 1 do documento define o Programa para o Desenvolvimento de Capacidades
para as Alterações Climáticas da SARUA e introduz os principais conceitos utilizados
neste documento.
A secção 2 do documento oferece uma síntese regional da Análise das Necessidades
país a país.
A secção 3 do documento oferece uma síntese regional da Análise Institucional país a
país.
A secção 4 fornece uma direcção estratégica para a co-produção de conhecimentos
para o desenvolvimento compatível com o clima na África austral, nas áreas da
investigação, desenvolvimento curricular e ensino, alcance de políticas e comunidades.
A secção 5 fornece um pequeno “roteiro” que aponta os “próximos passos” mais
importantes para o programa de cinco anos da SARUA em matéria de alterações
climáticas e desenvolvimento.
As alterações climáticas e o desenvolvimento compatível com o clima são áreas de produção
de conhecimentos relativamente novas nas universidades da África austral. Este estudo de
planificação é o primeiro do género a ser feito na África austral e concentrado nas
universidades e em Instituições de Ensino Superior. Reúne informações de doze países da
África austral numa multiplicidade de disciplinas. Combina ainda as perspectivas de
intervenientes nacionais preocupados com as alterações climáticas e o desenvolvimento
compatível com o clima, bem como de profissionais universitários, muitos dos quais reunidos
no mesmo fórum pela primeira vez durante os workshops do estudo de planificação nos países
participantes. Fornece uma visão dos desafios contextuais e institucionais enfrentados pelas
universidades e países da África austral ao serem confrontados com os impactos emergentes e
7
O estudo de planificação foi realizado entre Dezembro de 2012 e Janeiro de 2014 e envolveu os seguintes doze países da SADC:
Angola, Botsuana, Malávi, Ilhas Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e
Zimbabué.
Maio de 2014
18
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
projectados das alterações climáticas, num continente que foi considerado pelo Painel
Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) um dos mais vulneráveis às alterações
climáticas.8 A vulnerabilidade da África austral às alterações climáticas é exacerbada por uma
variedade de factores relacionados com a pobreza e outras questões de desenvolvimento na
região.
O estudo de planificação ocorreu num ano em que a urgência de acção na temática das
alterações climáticas foi ainda mais enfatizada. Várias análises recentes destacaram que está a
terminar rapidamente a actual esperança de acção em manter o aumento global da
temperatura nos 2 ºC, ou de preferência num valor mais baixo (1,5 ºC), abaixo dos níveis préindustriais, e em aumentar a resistência para a variabilidade climática actual e as alterações
projectadas. O Relatório de Lacunas sobre a Adaptação de África, lançado a 17 de Outubro
2013, confirma que África enfrenta grandes desafios financeiros para se adaptar às alterações
climáticas. O relatório destaca os custos enfrentados pelo continente caso os governos não
encerrem o “défice de emissões” entre o compromisso assumido para a redução das emissões
actuais de 2020 e o que é necessário para manter o aquecimento abaixo dos 2 °C. O estudo
atribui uma hipótese de 40% de habitarmos um “Mundo com 4 °C” até 2100, se os esforços de
mitigação não forem reforçados nos níveis actuais. Tal é confirmado pelo relatório
recentemente elaborado “Relatório de Avaliação do Quinto Grupo de Trabalho do IPCC”.
Devido ao presente e ao compromisso das alterações climáticas provocadas por emissões
passadas, África já terá custos de adaptação na ordem dos 7-15 mil milhões de dólares
americanos por ano em 2020. Estes custos subirão rapidamente após 2020, uma vez que os
9
níveis mais elevados de aquecimento resultam em custos e danos mais elevados.
Neste contexto de urgência de acção, este Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos
é a base da realização de objectivos a mais longo prazo do programa de cinco anos SARUA em
matéria de alterações climáticas e o desenvolvimento definidos abaixo, bem como vários
acordos de parceria com base no país. Fornece uma “base de conhecimento” para uma
angariação de fundos a nível regional e nacional para a investigação e a co-produção de
conhecimentos. Assim, o enquadramento procura beneficiar as próprias universidades,
reforçando ao mesmo tempo a interacção e a cooperação regionais.
O Programa de Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da
SARUA
De um modo geral, a visão do programa da SARUA é criar um sistema de co-produção de
conhecimentos que ofereça aos investigadores da África Austral oportunidades para criarem
capacidades e produzirem conhecimentos relevantes e de alta qualidade. O programa visa
8
Boko, M., I. Niang, A. Nyong, C. Vogel, A. Githeko, M. Medany, B. Osman-Elasha, R. Tabo and P. Yanda. 2007. “Africa” in Climate
Change 2007: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Contribuição do Grupo de Trabalho II do Quarto Relatório de Avaliação do
Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, editado por M.L. Parry, O.F Canziani, J.P.Palutikof, P.J. van der Linden e
C.E.Hanson, 433-467. Cambridge UK: Cambridge University Press.
9
“Declaração de Gaborone”. 2003. Accessed November 27, http://www.unep.org/roa/Portals/137/Gaborone_declaration.pdf.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
reforçar significativamente a capacidade de adaptação ao clima e a resistência da região da
SADC através do desenvolvimento de uma rede colaborativa de Instituições de Ensino Superior
capazes de combinar recursos, maximizar o valor do seu capital intelectual e atrair
investimento significativo na região. Tal vai envolver mudanças graduais em:





Investigação, ensino e geração de conhecimentos em matéria de alterações climáticas,
adaptação de medidas, desenvolvimento de opções com baixo carbono e os custos e
benefícios associados;
Disseminação de informações e conhecimentos entre os intervenientes;
Sensibilização de comunidades, governos e sector privado sobre os riscos da
variabilidade do clima para as perspectivas de desenvolvimento na região;
Desenvolvimento e implementação de políticas regionais baseadas em provas; e
Capacidade regional para a participação activa em redes de política internacional.
O plano inicial de cinco anos conforme definido no documento final do Programa para o
Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da SARUA no Sector do Ensino
Superior da SADC identifica duas fases:


Fase 1: uma fase inicial de 18 meses que aposta fortemente na relação e no
desenvolvimento de redes, bem como na definição de questões e temas relevantes. A
planificação das necessidades dos intervenientes e a capacidade institucional são o
pilar desta fase, enquanto base para o desenvolvimento de futuros enquadramentos
de investimento para a investigação, ensino e desenvolvimento de conhecimentos. Os
objectivos da fase foram definidos com a criação de seis redes colaborativas, cada uma
delas com determinadas capacidades de coordenação e uma visão de crescimento. A
análise que flui deste desenvolvimento de rede inicial destacará depois as principais
áreas de desenvolvimento de redes na segunda fase do programa
Fase 2: uma fase de 42 meses de desenvolvimento e reforço das redes de acordo com
um dos três cenários desenvolvidos, ou uma combinação dos mesmos. Conforme
referido no documento do programa, vários factores influenciarão exactamente a
forma, o âmbito e a duração da Fase 2 e um dos factores é constituído pelos
resultados do estudo de planificação conforme definido neste documento.
O quadro abaixo dá-nos uma imagem ajustada e provisória do programa geral e das duas fases
do mesmo, e o próximo passo a dar pelos intervenientes e instituições será avaliar tudo
comparativamente às conclusões, finalizar a concepção da rede e definir objectivos anuais
para o programa.
Maio de 2014
20
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Tabela 2: Visão de alto nível do programa de cinco anos da SARUA
Actividades planeadas por ano
Fase 1
Fase 2
Ano 1

Realizar um
estudo de
planificação
extenso sobre as
actuais
prioridades e
capacidades de
países na região.
Ano 2


Desenvolver
Enquadramento
s de Coprodução de
Conhecimentos
dentro de cada
país.
Financiar e criar
as primeiras
redes.
Ano 3


Demonstrar os
primeiros
resultados da
investigação,
ensino e
aprendizagem e
dos
conhecimentos.
Financiar e criar
mais redes.
Ano 4


Continuar o
desenvolviment
o e o apoio das
capacidades da
rede.
Desenvolver e
reforçar a base
de
conhecimentos
e a base de
dados de
conhecimentos
regionais.
Ano 5 e seguintes



Continuar o
desenvolviment
o e o apoio das
capacidades da
rede.
Desenvolver e
reforçar a base
de
conhecimentos
e a base de
dados de
conhecimentos
regionais.
Avaliar e
comunicar os
resultados.
Metodologia utilizada para construir o estudo de planificação
O âmbito do desenvolvimento compatível com o clima (DCC) é necessariamente vasto e
transversal entre sectores. Consequentemente, o Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos, derivado da análise de necessidades e da análise institucional de 12 países da
SADC, não é centrado em política de sectores nem em instituições. Concentra-se em áreas de
políticas abrangentes e de co-produção de conhecimentos ou temas que lidam com integração
de alterações climáticas em sistemas de produção de conhecimentos, planeamento e
desenvolvimento (vide secção 4).
O estudo de planificação era multidisciplinar, envolvendo investigadores activos em alterações
climáticas numa variedade de disciplinas, incluindo, mas não só, Ciências Naturais e
Ambientais, Agricultura, Engenharia, Direito, Educação, Psicologia, Sociologia, Estudos sobre
Géneros, Estudos de Desenvolvimento, Economia e outras. Era igualmente verbalizado de
várias formas, envolvendo decisores políticos, intervenientes nacionais e regionais como
funcionários governamentais, coordenadores nacionais da UNFCCC10, empresas organizadas,
organizações de investigação nacional, grandes organizações não governamentais e
representantes comunitários, bem como gestores de universidades, colaboradores e alunos.
O estudo de planificação envolveu 12 dos 15 países na região SADC, e nestes países, 57 das 62
universidades que estavam afiliadas à Associação das Universidades Regionais da África Austral
10
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
(SARUA) em finais de 2013. Em alguns países, as universidades que não estão ainda totalmente
afiliadas à SARUA também participaram no estudo. Em cada um dos 12 países participantes no
estudo de planificação, foi seguida a seguinte metodologia (poderá encontrar mais
pormenores no Anexo B):
1. Foi realizada uma análise dos intervenientes nacionais e dos investigadores universitários
envolvidos na política de DCC, bem como a prática e a investigação em cada um dos 12
países participantes.
2. Dois questionários, um para profissionais universitários (Anexo C) e um para
intervenientes (Anexo D), foram distribuídos a todos os intervenientes nacionais e
universidades identificados.
3. Foi realizada uma investigação de base sobre o documento de modo a estabelecer os
conhecimentos existentes sobre a política de DCC, as necessidades de conhecimento e
investigação, bem como acordos institucionais. Tal foi consolidado num “Documento de
Informação de Base” (DIB) em cada país, o qual foi distribuído a todos os intervenientes
nacionais e investigadores universitários antes de um workshop nacional, juntamente com
informações sobre o estudo de planificação da SARUA sobre ocorrências de alterações
climáticas.
4. Todos os intervenientes nacionais e investigadores universitários identificados foram
convidados para um workshop nacional organizado pelas universidades da SARUA na
maioria dos países.
5. Foram produzidos relatórios pormenorizados sobre os workshop, os quais circularam por
todos os participantes do workshop para verificação após o workshop.
6. Foram enviados lembretes a todos os intervenientes nacionais e investigadores
universitários identificados para que preenchessem questionários.
7. O Documento de Informação de Base (análise de documento), juntamente com dados do
questionário recebido e relatórios do workshop, complementado com mais investigação
preliminar sempre que necessário, foi utilizado para compilar o estudo de planificação.
8. Os relatórios do estudo de planificação foram elaborados para cada país, o que fornece
material de base e mais dados para prolongar os resumos do Anexo A. Tal é
potencialmente útil para apoiar as alterações climáticas a nível nacional e a investigação
em matéria de DCC, bem como para desenvolver caminhos para a co-produção de
conhecimentos. (Conforme mencionado acima, tal poderá ser encontrado numa
Monografia de acompanhamento, Volume 2.)
Tudo o que foi acima enunciado deu informações sobre o desenvolvimento deste
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos.
Houve igualmente limitações ao estudo de planificação. Mais significativamente, o estudo de
planificação foi condicionado por a) uma falta de dados de referência sobre conhecimentos,
lacunas de investigação para o desenvolvimento compatível com o clima e respostas baseadas
na universidade nos doze países envolvidos no estudo de planificação, bem como b)
condicionalismos de tempo e recursos que não permitiram uma visita de campo aprofundada,
entrevistas ou observações individuais antes, durante e após o processo de consulta. Além
disso, as informações geradas nos workshops nacionais relacionam-se com o número de
participantes, a sua experiência e o número de diferentes sectores e instituições presentes.
Maio de 2014
22
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Por outro lado, embora todos os esforços tenham sido envidados para obtenção de respostas
ao questionário de tantos intervenientes quanto possível (no total 1.660 indivíduos foram
contactados durante este estudo para que dessem opiniões de alguma forma) e de terem sido
realizados acompanhamentos após o workshop para reforçar este aspecto, o leque de
respostas obtidas ao questionário fornece algumas limitações ao conjunto de dados. Contudo,
as melhores informações disponíveis foram cuidadosamente consolidadas, analisadas e
verificadas na construção deste Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos. De um
modo geral, o estudo de planificação foi ainda condicionado por um corte orçamental imposto
a meio do estudo, o qual teve impacto na abordagem do workshop, reduziu a profundidade da
análise possível em alguns países e exigiu patrocínio em espécies como pré-condição para a
realização de workshops nacionais. Embora tal tenha sido alcançado, a participação nos
workshops foi condicionada pelo facto de não estar disponível qualquer patrocínio para
viagens ou alojamento a nível local.
Este Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos regional, baseado no estudo de
planificação pode, por conseguinte, ser visto como um ‘documento inicial’ útil. Espera-se que
as universidades e os Ministérios do Ensino Superior nos países da África austral possam levar
em frente esta análise em actividades de análise contínuas de planificação e revisão da
avaliação relacionadas com a investigação de DCC e co-produção de conhecimentos.
Análise das Necessidades: Principais conclusões e implicações para o Enquadramento
de Co-produção de Conhecimentos
A análise de necessidades identificou necessidades de conhecimento e investigação, bem
como lacunas na capacidade institucional relevantes para as alterações climáticas e para o
desenvolvimento compatível com o clima em 12 países da SADC (resumidas na Secção 2 do
relatório Volume 1, com mais dados no Anexo A e nos Relatórios Individuais de País
apresentados no Volume 2).
As principais conclusões da análise de necessidades são as seguintes:

Apesar de diferentes contextos, existe um aspecto comum entre países sobre
conclusões mais vastas. Apesar do progresso no desenvolvimento e implementação
de políticas de iniciativas em matéria de alterações climáticas em todos os países da
região, bem como alguma atenção na identificação de investigação e necessidades de
capacidades relacionadas, o estado do conhecimento e investigação sobre
desenvolvimento compatível com o clima, bem como as capacidades individuais e
institucionais, terão de ser significativamente melhorados em todos os países, tanto de
formas específicas como transversais, de modo a abordar os impactos climáticos
11
consideráveis observados e projectados. [2.3.1]
11
Os números em parêntesis rectos referem-se às secções do principal relatório do Volume 1 onde são facultados muitos
pormenores sobre estas principais conclusões.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos




Várias reflexões regionais sobre desenvolvimento compatível com o clima estão
fortemente ligadas à adaptação e mitigação, bem como ao desenvolvimento
sustentável. Embora as reflexões sobre desenvolvimento compatível com o clima
sejam divergentes entre os intervenientes e os colaboradores universitários envolvidos
no terreno, existe geralmente uma associação conceptual próxima entre
desenvolvimento compatível com o clima e adaptação e mitigação, e desenvolvimento
compatível com o clima e desenvolvimento sustentável. [2.3.1] Embora em todos os
países o conceito de desenvolvimento compatível com o clima fosse sentido como
sendo amplamente apropriado para a região, o estudo de planificação concluiu que as
três fontes de dados apoiam a distorção da ênfase mais para a adaptação. Tal
relaciona-se claramente com o estado do desenvolvimento da região e com as baixas
emissões de gás com efeito de estufa da maioria dos países. A maioria dos
documentos de política nacional dá prioridade a acções de adaptação e mitigação,
sendo que alguns deles enquadram tal como resistência e desenvolvimento com
baixas emissões de carbono. Contudo, um enquadramento geral é que a adaptação
deve ser a principal prioridade dos objectivos de desenvolvimento do país, adoptando
ao mesmo tempo quaisquer oportunidades de desenvolvimento ao nível de energias
mais limpas e outras tecnologias com baixos índices de carbono. [2.3.1]
Existe um leque de vastas áreas prioritárias para abordar as alterações climáticas. As
vastas áreas prioritárias de abordagem das alterações climáticas reflectem-se, em
grande medida, na elevada dependência da região de recursos naturais, mas incluem
igualmente prioridades transversais e outras relacionadas com a energia, infraestruturas e indústria. As vastas áreas prioritárias transversais eram a educação, o
desenvolvimento de capacidades, o reforço a nível político e institucional, a integração
da adaptação e da redução do risco de ocorrência de desastres, a governação,
participação e emancipação. Parece haver uma consideração inadequada
relativamente à necessidade de adaptar economias e a indústria aos impactos
projectados das alterações climáticas. [2.3.1]
Capacidade e apoio institucional para DCC e desenvolvimento são necessidades
significativas. Um aspecto comum vastamente identificado em todos os países é que
do vasto e complexo conhecimento, a investigação e as necessidades de capacidade
expressas pelos intervenientes e colaboradores universitários, bem como, em certa
medida, em documentos de políticas, a falta de capacidade institucional nacional para
com as alterações climáticas, incluindo uma falta de para investigação e
desenvolvimento de DCC, são provavelmente as necessidades mais significativas. Tal
ilustra a adequação do estudo de planificação da SARUA e do programa de apoio à
investigação regional proposto. [2.3.1]
As necessidades de conhecimento são diversas e também sistémicas. O âmbito das
necessidades específicas de conhecimento identificado nos 12 países reflecte uma
gama de disciplinas, as quais abrangem ciências físicas, naturais, sociais, agrícolas,
educativas, de engenharia e saúde. Tal realça a necessidade de uma resposta mais
sistémica à crescente capacidade de investigação versada em alterações climáticas
nessa variedade de sectores e instituições. Nas Instituições de Ensino Superior (IES), tal
realça a necessidade urgente de integrar as alterações climáticas em currículos de
graduação e pós-graduação nas faculdades e departamentos, primeiramente para criar
uma sensibilização sobre as lacunas do conhecimento (e da investigação) e, depois,
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos



para desenvolver interesse e capacidade de investigação para preencher essas lacunas
de conhecimento. [2.3.2]
De um modo geral, as necessidades de conhecimento identificadas tendiam a seguir
as prioridades de DCC mais vastas expressas. Houve, contudo, uma maior
especificidade e divergência entre países, mostrando a importância de uma
abordagem contextualizada para identificação de áreas específicas que iriam requerer
mais investigação para preencher as lacunas de conhecimento. Todos os países
tiveram tendência para identificar uma gama de lacunas de conhecimento nas áreas
prioritárias da agricultura, segurança alimentar, gestão dos recursos naturais, saúde e
energia; muitas das lacunas de conhecimento estavam relacionadas com a falta de
dados a longo prazo sistemáticos e fiáveis em diferentes sectores que sirvam de
referências para a investigação, a construção de modelos e o acompanhamento. Os
intervenientes de diferentes sectores em muitos países identificaram a necessidade de
perspectivas sistémicas e integradas para as alterações globais e o desenvolvimento
compatível com o clima a várias escalas e níveis. [2.3.2]
As lacunas necessitam de transcender limitações disciplinares. Apesar da articulação
de uma vasta gama de necessidades disciplinares, os dados dos workshops e dos
questionários em muitos dos países mostraram uma forte compreensão da
necessidade de DCC e das lacunas na resposta nacional que foi além das disciplinas dos
participantes ou dos mandatos das respectivas instituições. [2.3.2]
As lacunas da capacidade de investigação estão largamente correlacionadas com as
necessidades de conhecimento. As lacunas de investigação identificadas no estudo de
planificação seguiram em grande medida as necessidades de conhecimento e foram,
assim, relacionadas com as vastas áreas de prioridade de acção identificadas,
contendo também uma maior especificidade e variedade, relacionadas com as
necessidades de conhecimento contextualizadas e com o nível de capacidade de
investigação em matéria de alterações climáticas no país. O ponto comum a nível
regional foi a necessidade significativa de investigação fundamental sobre a
vulnerabilidade e a avaliação do impacto numa vasta gama de sectores e a diferentes
níveis, destacando-se inadequações nestas compreensões que precisariam de ser
abordadas de modo a desenvolver estratégias de adaptação e a permitir ambientes
onde possam ser implementadas. Embora as prioridades de acção em matéria de
alterações climáticas não fossem necessariamente alinhadas com mandatos
disciplinares ou institucionais na maioria dos países, os workshops realçaram
nomeadamente o valor de contratar especialistas de todos os quadrantes em análise
de necessidades, uma vez que forneciam uma descrição mais completa e variada para
as necessidades de conhecimento e as necessidades de investigação relacionadas com
as principais áreas prioritárias mencionadas na maioria dos documentos de política
nacional. Embora tal possa parecer um ponto evidente, os documentos e as
estratégias de política nacional no seu todo não indicam qualquer compromisso
especialista detalhado na articulação das lacunas de conhecimento e investigação, à
excepção normalmente das frequentemente citadas lacunas de conhecimento e
investigação sobre dados climáticos. Em particular, os workshops permitiram destacar
algumas das necessidades importantes de investigação social, como as alterações
culturais, as alterações de género e climáticas, bem como a participação da
comunidade nas alterações climáticas e no DCC, que nem sempre foram tão bem
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25
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos




articuladas na política e na estratégia nacionais em matéria de alterações climáticas.
[2.3.3]
Existe uma semelhança regional em necessidades de conhecimento e investigação
transversais. Nos 12 países da SADC incluídos no estudo de planificação, houve um
largo entendimento sobre as necessidades de conhecimento e investigação
transversais mais importantes que respondessem melhor às alterações climáticas e à
implementação do DCC. Tal teve um grande impacto, dada a vastidão de contextos
divergentes dos países, mas não destaca a potencial importância de uma estratégia
regional integrada que aborde essas necessidades fundamentais. Tal prende-se em
larga escala com as informações, dados e lacunas de conhecimento e de investigação
relacionadas com a educação. Estas incluem informações de base inadequadas (sobre
o tema em estudo, normalmente sobre condições ecológicas e/ou sociais), falta de
dados a longo prazo e de dados em série temporais (sobre o tema em estudo,
normalmente sobre condições ecológicas e/ou sociais), projecções climáticas
inadequadas e previsões meteorológicas, a necessidade de digitalizar dados existentes
e a falta de uma base de dados nacional em matéria de alterações climáticas que aloje
informações relacionadas com o clima na variedade de sectores e disciplinas. A
necessidade de investigação para identificar abordagens inovadoras e criativas que
reforcem as respostas nacionais e regionais às alterações climáticas foi também
vastamente mencionada. [2.3.4]
A contextualização e a localização da investigação em matéria de alterações
climáticas são importantes. O estudo de planificação mostra que o DCC tem
significados contextuais diversamente enquadrados, baseados em diferentes
contextos práticos e espaciais. Esta conclusão foi mais claramente identificada nos
dados das respostas ao workshop e ao questionário, nos quais a necessidade de
contextualização e localização de soluções para as alterações climáticas apontaram
para a necessidade de investigação visada e localizada. [2.3.5]
É importante compreender e valorizar sistemas de conhecimento autóctones de
resistência. Uma das lacunas de conhecimento e investigação transversal destacas foi
a falta de valor, estudo e compreensão do conhecimento local e autóctone, e a
necessidade de mais investigação para compreender a sua potencial contribuição à
adaptação e mitigação. Tal seria igualmente importante para o desenvolvimento de
abordagens integradas de adaptação e mitigação, embora não tenha sido
frequentemente especificado, dado que várias utilizações de conhecimento autóctone,
por exemplo nas abordagens agrícolas de gestão ou conservação da floresta
comunitária, têm potencial para avançar com abordagens integradas e práticas de
adaptação e mitigação. Os dados da Tanzânia, por exemplo, destacaram a necessidade
de compreensão do papel potencial do conhecimento autóctone na agricultura
resistente às alterações climáticas e na segurança alimentar, embora no Malávi esta
importante lacuna de investigação tenha sido enquadrada como a necessidade de
capacidade para documentar e avaliar a relevância do conhecimento autóctone em
relação ao conhecimento científico ocidental e para trabalhar com ambos os sistemas
de conhecimento. [2.3.6]
As lacunas de capacidade individual requerem uma resposta ao nível do sistema. O
estudo de planificação concluiu que as lacunas individuais de capacidade para
responder às alterações climáticas na região são multidisciplinares e multissectoriais.
Dado que as lacunas relevantes de capacidade individual são encontradas em muitas
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos


disciplinas e em vários sectores, tal vai requerer uma resposta mais vasta ou a nível do
sistema. Os dados do workshop e do questionário da maioria dos países, e alguns
documentos de políticas, destacaram que existe uma capacidade de investigação geral
limitada e experiência entre vários sectores em matéria de alterações climáticas nos
países. Em alguns casos, esta capacidade de investigação em matéria de alterações
climáticas, de um modo geral, simplesmente não existe, enquanto noutros se trata de
uma pergunta de um nível insuficiente de conhecimentos contemporâneos e
actualizados em determinadas áreas especializadas. A identificação a nível nacional
das lacunas na capacidade individual em vários sectores e disciplinas, salienta
necessidades em três grupos principais: competências específicas a uma dada
disciplina, que pode ser designado como competências mais transversais, e novos
conjuntos de competências para um pensamento integrador que terá de ser
desenvolvido. Além de um vasto leque de competências relacionadas com disciplinas,
destacou-se o desenvolvimento de competências para abordagens mais integradas, as
capacidades de negociação e a partilha de capacidades sociais. As competências de
pensamento crítico e as competências para responder a mudanças e incertezas foram
também variadamente mencionadas nos países. [2.3.7]
Existe uma falta de correspondência entre a oferta e a procura de competências,
bem como uma necessidade de competências integradoras. As lacunas individuais e
institucionais de capacidades contribuem para a situação na maioria dos países onde
há uma falta de correspondência entre as competências de graduados e a procura do
mercado; existe uma deficiência geral, que não se restringe às alterações climáticas,
mas a complexidade e a intensidade de conhecimento dos requisitos de DCC vão
exacerbar esta situação. Um exemplo: entre uma variedade de disciplinas científicas
havia licenciados aos quais não são fornecidas as competências práticas necessárias.
Tal está relacionado com as instalações para formação prática, limitadas e em declínio,
tais como laboratórios, e com o financiamento de trabalho de campo, bem como às
oportunidades inadequadas de estágios aos alunos e programas de aprendizagem em
serviço. Tal está relacionado com a disponibilidade de financiamento para o ensino
superior, e é uma questão vasta e complexa. Relativamente à necessidade de mais
competências integradoras, acima mencionado, um défice crítico abrangente é
constituído pela falta de uma abordagem coerente para atacar o desafio das
alterações climáticas no contexto do desenvolvimento. Há a necessidade de pensar em
sistemas integrais em múltiplas escalas e na capacidade reforçada para lidar com a
complexidade. [2.3.8]
A investigação e o desenvolvimento de capacidades para originar mudança social
são importantes. Algumas lacunas de investigação identificadas apontaram a
necessidade de compreender o que originaria as transformações necessárias para
mover sociedades e economias em direcção a um caminho de resistência e
desenvolvimento de baixos índices de carbono. Nas Ilhas Maurícias, estes incluíam a
necessidade comummente citada de mudar as atitudes, incluindo um sentido de
controlo sobre o ambiente, o que iria originar uma alteração social e comportamental.
No passado, a nível regional, a investigação em matéria de alterações climáticas e as
iniciativas práticas tiveram tendência para se concentrar em abordagens mais
tecnológicas, mas isso está agora a mudar para dar uma maior ênfase à aprendizagem
social participativa e a abordagens mais orientadas para o processo de modo a
complementar e reforçar intervenções tecnológicas, tal como se revela agora aparente
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
na literatura revista por pares. Isto aponta, além disso, para a necessidade de
investigação de mais sistemas socioecológicos ligados a abordagens de serviços de
ecossistema à investigação. Estas abordagens de investigação mais integradoras não
foram vastamente praticadas, uma vez que os investigadores tendem a trabalhar em
silos disciplinares. Embora os dados do workshop e do questionário de todos os países
tenham realçado a necessidade, em maior ou menor medida, de mudança social e
comportamental enquanto condição necessária para o DCC, muitas vezes tal não foi
explicitamente captado na política. Tal esta ligado à necessidade de conceber a
investigação do DCC para que aborde as necessidades de comunidades pobres e
marginalizadas, comummente mencionadas nos workshops nacionais. [2.3.9]

As lacunas de capacidade institucional significativa requerem uma resposta
concertada. O estudo de planificação mostra vastas lacunas de capacidade
institucional que agem como barreiras à resposta a alterações climáticas e DCC na
região, com muitos aspectos comuns entre países, apesar dos contextos e fases
divergentes de resposta às alterações climáticas. Alguns reflectem as deficiências
fundamentais a nível institucional e governamental, não específicos às alterações
climáticas e ao DCC. Um tema comum a todos os países foi o facto de os mecanismos e
as capacidades existentes serem insuficientes para lidar com as questões climáticas
complexas e diversas, o que irá requerer uma abordagem estratégica, coordenada e
harmonizada para aumentar a eficácia das acções. Muitos condicionalismos estão
relacionados com uma falta disseminada de coordenação e abordagem holística. A
gestão do conhecimento emerge como uma lacuna de capacidade institucional
significativa. Conforme destacado nos dados do Botsuana (entre outros), a
necessidade de partilha de informações, colaboração e abordagens integradas de
gestão ambiental e alterações climáticas apontam igualmente para a natureza
fragmentada das instituições actuais, bem como para a partilha insuficiente de
comunicação e conhecimentos necessários para preparar o país para investigação e
desenvolvimento de DCC. A maioria dos países citou o conhecimento e a investigação
limitados quanto ao tipo de respostas de DCC existentes no país, reclamando a
necessidade de uma base de dados/sistema de gestão informacional que reúna, inter
alia, investigação em diferentes aspectos das alterações climáticas e DCC, bem como
projectos e programas de implementação das alterações climáticas. Embora os países
estejam em níveis diferentes relativamente à coerência política das alterações
climáticas, mesmo aqueles com políticas e enquadramentos legislativos relativamente
avançados destacaram a necessidade de uma melhor coerência e coordenação na
prática. É também necessário um enquadramento de investigação coerente e apoiado,
com financiamento reforçado que permita todas as formas de investigação em matéria
de alterações climáticas. Os dados do Zimbabué apontaram para a necessidade de
uma abordagem holística para a consolidação de resultados de investigação
interdisciplinar em diferentes disciplinas. As fontes dos dados do estudo de
planificação em todos os países destacaram de forma consistente a necessidade de
melhoria dos recursos financeiros para o desenvolvimento de capacidades, a realização
de investigação e a implementação de medidas de adaptação e mitigação. Os dados
do Malávi destacaram o financiamento limitado para investigação e programas a longo
prazo em matéria de alterações climáticas, o que criava ainda mais barreiras à
implementação do DCC, uma vez que a maioria dos ciclos de financiamento era a curto
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

prazo, levando a uma abordagem baseada em projectos para lidar com o DCC em vez
de uma abordagem mais sustentável a largo prazo. Este problema foi identificado na
maioria dos outros países que dependem fortemente de intervenções financiadas por
doadores para financiar a investigação e o desenvolvimento do DCC. [2.3.10]
Existe uma relação cíclica entre lacunas de capacidade individuais e institucionais.
Um efeito indirecto poderá ser detectado entre lacunas de capacidade individuais e
institucionais, com instituições que não executam financiamento suficiente para
tornar atractivos aos profissionais os empregos relacionados com o clima, o que por
sua vez mantém as instituições fracas e incapacitadas. Tal resulta depois na criação de
agendas de investigação inadequadas, com a consequência de uma redução da
qualidade geral dos conhecimentos em matéria de alterações climáticas e relacionados
com DCC em quase todos os países. É necessária uma abordagem integrada para o
conhecimento, a investigação e o desenvolvimento de capacidades individuais e
institucionais, na qual é necessário um financiamento melhorado, bem como apoio
governamental e legislativo mais activo e atento. A partir daqui, as agendas
apropriadas de investigação e o desenvolvimento curricular podem ser desenvolvidos,
alimentando, ainda mais, a mais vasta comunidade de investigação em matéria de
alterações climáticas e DCC da África austral, beneficiando, em última instância,
comunidades que enfrentam impactos e implicações severos nas alterações climáticas.
[2.3.11]
Algumas das principais implicações para o Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos resultantes das necessidades de análise são as seguintes:
As necessidades regionais identificadas pedem uma abordagem estratégica e integrada.
Conforme observado anteriormente, o DCC não só reconhece a importância da adaptação e
mitigação em novos caminhos de desenvolvimento, como também necessita de considerar
múltiplas estratégias benéficas e transversais que criam resistência, promovem o
desenvolvimento e resultam simultaneamente em emissões baixas.12 O estudo de planificação
revelou a importância desta abordagem, com determinadas advertências e reconhecendo as
diferentes perspectivas no que o DCC poderia e deveria constituir a nível nacional, mas
também regional. Embora o estudo tenha revelado conhecimentos, investigação e
necessidades de capacidade contextualizados, as divergências entre países são, de um modo
geral, menores do que as semelhanças. Por exemplo, todos os países, com a possível excepção
da África do Sul, devido sobretudo à probabilidade dos seus vários centros de excelência
relacionados, destacaram a necessidade de uma maior localização das projecções climáticas,
modelos, investigação sobre impactos e a aplicação da tecnologia relevante. A variada
natureza das necessidades de conhecimento, investigação e capacidade, juntamente com o
alto nível de aspectos comuns entre países, pede uma abordagem estratégica e integrada para
o desenvolvimento de capacidades. Uma abordagem regional consegue fornecer uma
12
Mitchell e Maxwell, “Defining climate compatible development”.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
modalidade eficaz de desenvolvimento de capacidades para a co-produção de conhecimentos
de DCC (vide secções 4 e 5 relativas a recomendações a este respeito).
Da mesma forma, a análise das necessidades de capacidades acima definidas mostra
igualmente que embora haja uma necessidade de integrar as alterações climáticas e o DCC
numa variedade de disciplinas de modo a produzir o conhecimento específico necessário, a
capacidade de DCC deve também ser desenvolvida entre sectores e envolver múltiplos
intervenientes a todos os níveis da sociedade. A análise de necessidades mostra também que
são necessárias competências mais vastas além das competências relacionadas com as áreas
temáticas prioritárias para o DCC, tal como o conhecimento de adaptação agrícola ou o
conhecimento sobre gestão de recursos hídricos. Essas competências mais vastas incluem
novas competências de gestão financeira, nova formação de políticas e competências de rede,
competências de liderança e éticas, bem como competências de disseminação de
conhecimentos.
Esta necessidade de abordagens estratégicas e integradas revela a necessidade de abordagens
multi, inter e transdisciplinares para a co-produção de investigação e conhecimento, uma vez
que as abordagens integradas não podem ser desenvolvidas através de abordagens baseadas
em silos destinados apenas para investigação. Tal não significa que os contributos disciplinares
individuais para o conhecimento do DCC não sejam necessários ou valiosos, mas existe uma
necessidade adicional para uma gama mais vasta de abordagens à co-produção de
investigação e conhecimentos, conforme introduzido na secção 1 acima, e discutido em mais
pormenor nas secções 3, 4 e 5 do volume 1. [2.4.1]
É necessário criar capacidades a prestadores de serviços de educação, formação e
desenvolvimento de capacidades de DCC.
Pouco se fala nos documentos de política de desenvolvimento de capacidades daqueles que
devem oferecer todos estes programas de educação, formação e desenvolvimento de
capacidades de modo a abordar as necessidades de capacidades individuais e as que são
baseadas em grupos, embora este ponto tenha surgido nos workshops. A avaliação de
capacidades regionais do Programa de Educação Ambiental Regional da SADC (SADC REEP)13
salientou a necessidade de se dar atenção ao desenvolvimento de capacidades de investigação,
educação ambiental e formação de profissionais a todos os níveis (em universidades e
Instituições de Ensino Superior, em faculdades de ensino e formação técnica e vocacional (FTV),
em ONG e CBO, e em unidades de extensão do governo) caso os países da África austral
tiverem de abordar as suas necessidades de investigação e desenvolvimento de capacidades,
conforme articulado na análise de necessidades realizada para este estudo de planificação.
Pouco ou quase nada foi referido nos documentos políticos ou estratégicos, ou até mesmo nos
planos nacionais de investigação, onde os mesmos sejam existentes, sobre a metodologia de
investigação e a formação de investigação, sendo no entanto de grande importância para o
13
M. Mukute, T. Marange, C. Masara, H. Sisitka, e T. Pesanayi, Future Capacity Building: Capacity Assessment for Environmental
Policy Implementation. Howick: SADC REEP.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
desenvolvimento de novas abordagens à investigação e à co-produção de conhecimentos de
DCC. Continua a ser uma necessidade primordial nas universidades da África austral, onde a
formação para a metodologia de investigação (com poucas excepções) tende a ser de certa
forma tradicional, embora o DCC exija novas formas de metodologia e formação de
investigação.
Análise Institucional: Principais conclusões e implicações para o Enquadramento de
Co-produção de Conhecimentos
A análise institucional identificou actividades existentes de investigação, ensino, comunitárias
e de alcance político associadas ao desenvolvimento compatível com o clima em universidades
da SADC. Identificou redes de investigação, núcleos de experiência, centros existentes de
conhecimento e centros de excelência para as alterações climáticas e o Enquadramento de Coprodução de Conhecimentos sobre o desenvolvimento compatível com o clima (resumidos na
secção 3 do relatório do Volume 1, com mais dados no Anexo A e nos Relatórios Individuais de
País do Volume 2). A análise institucional analisou igualmente o actual contexto institucional
do DCC a nível da SADC e o papel das universidades no desenvolvimento. Além disso, destacou
vários aspectos institucionais que influenciam as possibilidades de co-produção dos
conhecimentos relacionados com DCC, nomeadamente para a investigação, a inovação
curricular, bem como para a política universitária e a sensibilização comunitária.
As principais conclusões da análise institucional são as seguintes:
Contexto Institucional

O contexto institucional e/ou a ênfase disciplinar influenciam o entendimento do
DCC. Conforme indicado na análise de necessidades, houve um entendimento alargado
e acordado do DCC. Não obstante este entendimento geral, verificou-se que, em
muitos casos, os intervenientes e os profissionais universitários tendiam a interpretar
o DCC relativamente aos seus interesses sectoriais, institucionais e/ou disciplinares, e
em muitos casos, também interpretavam o DCC ao nível da forma como as alterações
climáticas afectariam as suas empresas, instituições ou sectores, ou principais
componentes, sem muitas vezes levar essa consideração a bom termo com vista a uma
conceptualização de novos caminhos e alternativas de desenvolvimento. Para muitos
dos que participaram nos workshops, foi igualmente “a primeira vez” que
consideraram o significado pleno do conceito de DCC, demonstrando que se trata de
um conceito importante a desenvolver através do envolvimento contínuo dentro e
entre as instituições. [3.3.2] Como afirmou um dos participantes do workshop em
Moçambique:
“O DCC requer uma mudança epistemológica e uma nova forma de pensar o
conhecimento nas universidades e na sociedade”.

As universidades desempenham um papel importante na interface ciência-políticaprática do DCC. As consultas dos estudos de planificação demonstraram uma
preocupação semelhante com a forma como a ciência pode e deve influenciar a
política, bem como a maneira como a ciência pode e deve influenciar a prática. O
estudo de planificação da SARUA demonstrou que as relações entre a ciência e a
política e entre a ciência e a prática requerem atenção. Verificou-se igualmente muita
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

preocupação com o facto de as boas políticas não serem traduzidas na prática, embora
estejam a ser desenvolvidas para o DCC ao nível de país, assim como com a falta de
sinergia e integração e coerência inter-sectorial. [3.2.3]
Actualmente as universidades contribuem muito para o conhecimento de políticas. O
estudo de planificação revelou que a investigação está a informar a elaboração de
políticas em matéria de alterações climáticas em todos os países. Em todos os países
meridionais do continente africano, os principais investigadores nas universidades
contribuíram significativamente para a elaboração de documentos, tais como políticas
e estratégias de alterações climáticas onde existem, e as Primeiras ou Segundas
Comunicações Nacionais à CQNUAC, embora esta investigação não tenha sido
amplamente publicada, excepto em formato de “literatura cinzenta”. Assim, para estes
processos de políticas nacionais, os governos parecem estar a recorrer aos
investigadores nacionais nas universidades e a auxiliá-los através deste processo, a fim
de reorientar os seus interesses e trajectórias de investigação para o DCC,
desenvolvendo igualmente a base cientifica nacional para a investigação do DCC. Por
outro lado, tal possui inovação curricular e outros efeitos (vide abaixo). [3.2.4]
Construção e coordenação da instituição de investigação



Foram levantadas várias questões quanto à construção e à coordenação da
instituição de investigação [3.2.5]. Estas incluem a necessidade de reconhecer que
existem vários tipos de instituições de investigação a produzir activamente
conhecimento em matéria de DCC, incluindo organizações e doadores internacionais,
ONG, consultores de investigação e conselhos e institutos de investigação
independentes/parapúblicos, além das universidades, possibilitando as parcerias de
investigação entre as universidades e outros parceiros de investigação. [3.2.5.1]
Política de investigação e infra-estrutura nacional necessárias para a investigação de
DCC. A maioria das políticas de DCC destaca a geração de conhecimento e a
investigação como o principal aspecto da receptividade do DCC. No entanto, as
políticas e práticas nacionais de Investigação e Desenvolvimento (ID), na sua maioria,
não reflectiam isso em termos de empenho real no financiamento e nos programas
sustentados de investigação do DCC e alterações climáticas. [3.2.5.2]
A coordenação da investigação, partilha de dados e gestão de conhecimento foram
identificadas como uma das principais preocupações para a investigação de DCC. Em
alguns países, foram implementadas novas estruturas específicas para facilitar a
coordenação de investigação e a gestão de conhecimento, como em Moçambique,
onde o governo está a criar um Centro de Alterações Climáticas, e na Namíbia, cuja
política incluía igualmente planos para um Centro de Investigação de Alterações
Climáticas. Porém, embora esta questão da gestão de conhecimentos tenha sido
levantada vezes sem conta, foram muito poucas as sugestões quanto ao significado
que isto teria e/ou como deveria ser feito. Todavia, houve um vasto entendimento de
que isto requeria um plano, liderança e infra-estruturas de investigação, bem como
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32
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos



funções de comunicação e divulgação, e sistemas TIC apropriados, hardware e
software e operadores qualificados para estes sistemas. [3.2.5.3]
Novas instituições para investigação do DCC e co-produção de conhecimento,
sobretudo sob a forma de Centros, estão a emergir e desempenham um papel
importante. Em certos casos, estavam a ser conceptualizadas como instalações
14
nacionais (como em Moçambique e na África do Sul ) para as quais as universidades
contribuem, e noutros casos estavam a ser estabelecidas em universidades como
parcerias com organizações internacionais, e/ou pelas próprias universidades.15 Estes
centros possibilitam o desenvolvimento de competências especializadas e permitem o
desenvolvimento de uma massa crítica de cientistas e outros peritos, surgindo como
um elemento importante da construção da base de conhecimentos necessária para
lidar com preocupações cruciais como o DCC e o desenvolvimento sustentável de
forma mais ampla. Na maioria dos casos, estes Centros são relativamente novos.
[3.2.5.4]
Existem Centros de Excelência, Centros de Competências e Núcleos de Competências
para DCC em quase todos os países da SADC. Trata-se de um recurso valioso para a
co-produção do conhecimento em DCC.16 Alguns ainda se encontram a dar os seus
primeiros passos e requerem desenvolvimento de capacidades. Existem centros
importantes de inovação para investigação do DCC e deverão ser reunidos esforços no
sentido de os associar a vários centros e núcleos de competências para facilitar um
ambiente de investigação mais dinâmico. [3.2.5.5]
Poucos países possuem sistemas e incentivos de investigação bem desenvolvidos
que proporcionem um ambiente que permite uma investigação do DCC com base em
universidades. O financiamento à investigação foi repetidamente apontado como um
factor crítico de limitação. Nos locais onde o financiamento à investigação foi possível,
como na África do Sul, foi citado como tendo sido insuficiente para o tipo e escala da
investigação necessária. O calendário do financiamento à investigação foi igualmente
destacado, uma vez que o financiamento tendia a ser lançado em ciclos de três anos,
que foi visto como inadequado para o âmbito, tipo e escala da investigação
necessários. A política de investigação nacional que incentiva os investigadores a
escrever para publicações internacionais pode ter um impacto significativo na
produção de investigação. Estes incentivos foram considerados ausentes ou
negligenciáveis na maior parte dos países. Tal mostra que a investigação do DCC não
pode ser desassociada das políticas e práticas de investigação institucional mais
amplas. [3.2.5.6]
14
Na África do Sul, o Livro Branco da Resposta Nacional à Mudança nas Alterações Climáticas (“National Climate Change Response
White Paper”) (2011, p. 45) sugere o recurso ao instrumento de financiamento de ID para criar Centros de Perícia em Alterações
Climáticas (“Climate Change Centres of Expertise”) a fim de desenvolver níveis mais elevados de ciência de alterações climáticas
e produzir mais doutorados e pós-doutorados nesta área.
15
Os exemplos destes centros encontram-se enumerados no Anexo A (por país). 0
16
Consulte o Anexo A deste volume e o Volume 2 para obter informações pormenorizadas dos mesmos.
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33
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Criação de capacidades de investigação


É necessário desenvolver capacidades de investigação de DCC e criar plataformas
reforçadas para a inovação na investigação. [3.2.6] O DCC introduz novas abordagens,
metodologias e desafios. A investigação do DCC é disciplinar, envolvendo a introdução
de novas abordagens dentro de quase todas as disciplinas existentes. Além disto,
existe o desafio de introduzir abordagens inter e transdisciplinares à investigação.
Foram poucos os exemplos de investigação inter e transdisciplinar “no terreno”. No
geral, este tipo de investigação não é amplamente praticado e pode-se dizer que se
encontra a dar os seus primeiros passos em todos os países. Os participantes
afirmaram que este tipo de investigação requeria uma “paciência substancial”, o
“desenvolvimento de uma nova linguagem”, que “os investigadores tinham de se
compreender melhor” e que “deverá ser investido tempo na construção de
entendimento metodológico entre as disciplinas”. Requer um envolvimento com as
novas formas de metodologia. Foram encontrados poucos exemplos de teorização
desta nova abordagem, apesar de ser uma área de investigação em rápido
crescimento a nível internacional. [3.2.6.1]
A investigação do DCC requer sistemas de investigação assistidos por TIC. Uma das
áreas fundamentais em matéria de alterações climáticas e investigação relacionada
com o DCC é a observação, monitorização e modelação. Este tipo de investigação
requer sofisticados sistemas de investigação assistidos por TIC, aos quais apenas
poucos países têm acesso ao nível das universidades. Contudo, a tendência dos
programas internacionais era a de apoiar o fornecimento de equipamentos a sistemas
meteorológicos nacionais, o que requer novas parcerias entre as universidades e estas
instituições. Em todos os países, a capacidade de utilizar dados de modelação e
produzir modelos em menor escala foi apontada como sendo uma necessidade crítica.
[3.2.6.2]
“A Agência Meteorológica da Tanzânia (Tanzania Meteorological Agency)
possui uma boa capacidade e encontra-se a produzir bens públicos. Seria
bom colaborarmos com as universidades. Se a situação continuar como está,
não haverá estudantes competitivos a sair das universidades devido aos
problemas que têm, por exemplo, com a infra-estrutura”.
Interveniente do governo da Tanzânia

A partilha de informação e as plataformas de participação para o DCC necessitam de
reforço. Entre os aspectos que se destacaram no estudo de planificação estão o
diálogo e o envolvimento crescentes com questões de alterações climáticas e DCC,
especialmente em torno do desenvolvimento de novos processos de política. Contudo,
existem poucas plataformas para partilha de experiência de investigação relacionada
com o DCC, especialmente para abordagens mais inovadoras, tais como estudos
situados, multidisciplinares e transdisciplinares. [3.2.6.3]
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34
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Padrões relacionados com universidades na qualidade de co-produtores de conhecimento


Os padrões actuais relacionados com as universidades na qualidade de produtores e
co-produtores de conhecimento do DCC revelam que esta é uma área de investigação
relativamente nova e emergente [3.2.7]. No geral, a investigação do DCC é uma “nova
área” de investigação para muitos dos investigadores da SADC nela envolvidos, muitos
dos quais a trabalhar e a envolver-se nesta área por aproximadamente cinco anos,
apesar de possuírem carreiras académicas mais longas. Existem alguns investigadores
mais experientes em matéria de DCC, com mais de dez anos de experiência neste
campo, mas não são a maioria. Tal reflecte um processo no qual os académicos se
“auto-especializam” na investigação do DCC e alterações climáticas, e que possui
implicações na criação crescente de capacidades. [3.2.7.1]
A investigação com base disciplinar ainda domina e existe uma falta de cooperação
interdisciplinar: O estudo de planificação apresentou um domínio forte e duradouro
da investigação de disciplina única, com abordagens de investigação multi, inter e
transdisciplinares ainda na fase inicial, e em determinados lugares, ainda não
desenvolvidas de todo. Tal contrasta com as tendências científicas internacionais,
respondendo às questões complexas como as alterações climáticas. [3.2.7.2] Por
exemplo, a Ciência Mundial 2013 (“2013 World Science”) indica que “são necessários
esforços de investigação intensos envolvendo abordagens inter e transdisciplinares” e
os Relatórios Mundiais de Ciência Social 2013 (“2013 World Social Science Reports”)
afirmam que:
“Os cientistas sociais necessitam de colaborar de forma mais eficaz com os
colegas das ciências naturais, humanas e de engenharia de modo a
oferecerem conhecimentos que podem ajudar a abordar os problemas
ambientais e os desafios à sustentabilidade mais urgentes da actualidade. E
têm de o fazer em estreita colaboração com os decisores políticos,
praticantes e outros utilizadores da sua investigação”.


Embora se verifique algum progresso, subsistem desafios associados a abordagens
multi, inter e transdisciplinares da investigação do DCC. Entre os que já se
envolveram na investigação multi, inter e transdisciplinar e que viram os benefícios
destas abordagens de investigação em relação aos problemas de DCC a serem
estudados, há quem tenha ainda solicitado o desenvolvimento de capacidades para
estas abordagens. Em particular, houve uma forte procura de liderança universitária
para apoiar estas novas abordagens da investigação, uma vez que também requerem
uma mudança estrutural nas universidades ao mais alto nível. Alguns dos problemas
aparentemente mais difíceis de resolver associados à investigação transdisciplinar não
foram ao nível da própria prática de investigação, mas ao nível da gestão institucional
e incentivos para recorrer a esta investigação. [3.2.7.3]
Aprender com iniciativas de conhecimento semelhantes em questões críticas da
sociedade é útil. Alguns países referiram a necessidade de aprender lições com a
abordagem à pobreza e VIH/SIDA aplicada pelos países. Estas lições seriam concebidas
a partir das experiências de inserção de questões críticas da sociedade no sistema do
ensino superior, como foi o caso em todas as universidades da SADC através do
governo – programas de parceria universitária para as questões de VIH/SIDA. [3.2.7.4]
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

As universidades desempenham um papel importante na produção e co-produção de
conhecimentos de DCC. Além dos papéis comuns para as universidades conforme
expresso nos mandados “normais” das universidades, isto é, para conduzir
investigação, ensino e sensibilização comunitária, a trajectória da investigação do DCC
e alterações climáticas espera igualmente que as universidades assumam papéis mais
fortes de inovação e liderança, e se envolvam mais activamente na investigação
orientada para soluções, através de abordagens de investigação que contribuem para
soluções e mudanças reais na prática. [3.2.7.5]
Condições gerais para co-produção de conhecimentos de DCC



17
Foram identificadas as condições gerais para co-produção de conhecimentos de DCC
[3.2.8]. Estas incluem a necessidade de reconhecer e maximizar a diversidade e as
semelhanças institucionais. A região da SADC dispõe de um leque de diferentes
Instituições de Ensino Superior, todas com as suas áreas de nicho particulares e
mandatos diferenciados. Identificar, reconhecer e aceitar diferenças no foco
institucional, áreas de especialização, desafios contextuais, quadros de conhecimento
disciplinar e contribuições necessita de ser visto como um aspecto importante e
valioso da investigação do DCC. Como aproveitar a diversidade institucional e a
diversidade de perspectiva e a perícia associada que informa estas perspectivas
constitui o derradeiro desafio de um processo e Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos. As tendências relacionadas com o DCC oferecidas por estas
perspectivas institucionais diversas e áreas de nicho têm de ser partilhadas. [3.2.8.1]
As barreiras à investigação de colaboração existem e têm de ser abordadas.
Acordou-se igualmente em todos os países envolvidos no estudo de planificação que
havia uma necessidade de a) identificar e articular claramente, e b) abordar barreiras à
investigação em colaboração, uma vez que não seria possível abordar as questões
relacionadas com o DCC e alterações climáticas no seio de uma abordagem "habitual".
[3.2.8.2]
A internacionalização da investigação do DCC, a publicação de investigação
internacional revista por pares e o envolvimento com redes de investigação requer
expansão. Associada ao ponto acima quanto à necessidade de abordar barreiras à
investigação de colaboração está a necessidade de reforçar a internacionalização da
investigação do DCC e de redes de investigação. Em cada país, foram encontrados
alguns exemplos de investigadores a trabalhar em redes e parcerias de investigação
internacionais, em particular com outros países da SADC.17 Uma das revelações mais
marcantes do estudo de planificação foi o facto de, embora haja investigação em
matéria de alterações climáticas e DCC em países da SADC, tal não é muitas vezes
publicado pelos investigadores da SADC, mas sim por investigadores internacionais. A
publicação de investigação constitui uma área crítica a reforçar, a fim de assegurar
maior credibilidade e aceitação da investigação do DCC na África Austral e para
informar a política. Foi igualmente salientado no estudo de planificação que, em
Podemos encontrar exemplos nos relatórios de estudo de planificação de país do Volume 2.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos


muitos casos, os investigadores da SADC consideram difícil aceder ao financiamento à
investigação internacional, uma vez que tal muitas vezes requer um leque complexo
de parcerias, que são também cada vez mais multidisciplinares e multi-institucionais
por natureza.
As parcerias com organizações e redes de investigação internacionais necessitam de
ser encorajadas. O estudo de planificação identificou uma gama de redes de
investigação internacionais e regionais, tais como o programa START (Sistema de
Análise, Investigação e Formação das mudanças globais), RAEIN-Africa (Rede de
Iniciativas Regionais Agrícolas e Ambientais – África), Comissão da Corrente de
Benguela, SASSCAL (Centro do Serviço das Ciências Sul-africano para as Alterações
Climáticas e a Utilização da Terra de Adaptação), AMESD (Projecto Africano de
Acompanhamento Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável), AEON (Rede de
Observação Ambiental de África), WATERNET e FEWSNET (Sistema de Alerta Rápido da
Fome) (para enumerar apenas alguns). Estas instituições desempenhavam um papel
importante tanto no desenvolvimento de capacidades de investigação do DCC como
no trabalho em rede de investigação (vide Anexo A), e operavam a um nível que
permitia aos investigadores da SADC interagir, aprender uns com os outros e produzir
novos conhecimentos a uma escala regional. Porém, mais investigadores necessitam
de se envolver em parcerias e redes internacionais e regionais. [3.2.8.3]
São necessários sistemas de financiamento de investigação para o DCC. Alguns dos
países da SADC dedicaram fundos de desenvolvimento e investigação nacional que
foram “postos de lado" para a investigação em matéria de DCC e de alterações
climáticas, excepto a África do Sul, que dispõe de um Plano de Inovação de Dez Anos
financiado que inclui um Grande Desafio Nacional à Mudança Global (“National Grand
Challenge on Global Change”, incluindo alterações climáticas) e outro Grande Desafio
Nacional à Energia (“National Grand Challenge on Energy”), ambos relativamente bem
financiados pelo Departamento da Ciência e da Tecnologia. A maioria dos governos
nacionais possui Estratégias de Inovação de Ciência e Tecnologia, mas estas (ainda)
não se encontram fortemente orientadas para a investigação do DCC, deixando um
“grande fosso de financiamento” para o tipo e âmbito da investigação requeridos.
[3.2.8.4] Conforme afirmado por um participante do workshop:
“O financiamento no Botsuana não pode melhorar enquanto o Botsuana
não tiver uma espécie de Fundação de Investigação Nacional”.
Funcionário da universidade do Botsuana

É necessário criar capacidades para os funcionários, sobretudo ao nível de
doutoramento. Outra conclusão importante do estudo de planificação está
relacionada com o perfil dos investigadores envolvidos na investigação do DCC. Em
todos os países, foram identificadas algumas investigadoras do sexo feminino, embora
constituam uma minoria. Muitos dos inquiridos deste questionário possuíam cinco ou
mais anos de experiência nas suas disciplinas. Porém, uma minoria do número total
dos inquiridos para o estudo de planificação identificados como tendo experiência
específica em ciências relacionadas com o DCC são titulares de doutoramento. Tal
demonstra uma necessidade não só de encorajar mais mulheres a envolverem-se na
investigação do DCC em universidades da SADC, como também de apoiar as envolvidas
em investigação do DCC em universidades da SADC a obter doutoramentos. O estudo
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
demonstrou que as que efectivamente eram titulares de doutoramento exerciam uma
forte influência na inovação curricular, possuíam redes de conhecimento e ligações
mais fortes nas parcerias internacionais e faziam contributos substanciais para
processos de política.
Desenvolvimento curricular, alcance político e comunitário e envolvimento de estudantes

O desenvolvimento e a inovação de currículos em matéria de DCC requerem um forte
apoio. A inovação curricular foi identificada como um forte desenvolvimento
institucional necessário nos doze países [3.2.9]. As principais revelações associadas ao
desenvolvimento e à inovação curricular são:

As preocupações em matéria de DCC estavam a ser lentamente infundidas em,
integradas em e, de um modo geral, vistas como “parte de” outros aspectos da
formação, embora, quando tal se verificou, tenha sido igualmente salientado que
os esforços existentes nesta direcção eram inadequados e muito mais teria de ser
feito [3.2.9.1]. Como afirmou um professor namibiano:
“Não dispomos de cursos específicos de DCC, mas alguns dos nossos cursos
incluem elementos do DCC, normalmente «de passagem»”.
Professor namibiano



Verificaram-se muito poucos exemplos identificados de desenvolvimento e ensino
curricular interdisciplinar e, quando tal existia, baseava-se mais no “interesse
voluntário” do que na política ou nos quadros institucionais. Nos casos de
currículos interdisciplinares, foi apontado que era o envolvimento no
conhecimento especializado e contextual de questões do DCC entre os docentes
que parecia ser o principal estimulante para inovações curriculares
interdisciplinares. [3.2.9.2]
Alguns cursos/módulos dedicados, concentrados em preocupações relacionadas
com o DCC, apenas podem ser encontrados ao nível da licenciatura. Estes podiam
ser encontrados num vasto leque de universidades por toda a região,
demonstrando que existe definitivamente um movimento de mudança curricular
ascendente em resposta às preocupações do DCC, embora tal não tenha sido
institucionalmente mandatado ou estruturado de qualquer forma. Uma vez mais,
estes eram considerados ad hoc e inadequados por quase todos os participantes
do workshop, devido à gravidade das preocupações sobre o DCC. [3.2.9.3]
Uma das principais áreas da inovação curricular em matéria de DCC era ao nível de
mestrado. Algumas universidades tinham planos para desenvolver um mestrado
relacionado com as alterações climáticas. Tal é particularmente importante para o
programa em matéria de alterações climáticas da SARUA, que tenta apoiar a
integração de módulos de DCC em mestrados como um dos seus principais
resultados. A inovação curricular ao nível de mestrado começava a ter lugar sob
várias formas: novos cursos de mestrado, bem como uma integração focada em
matéria de AC/DCC nos mestrados existentes. Foram encontrados alguns exemplos
de cursos de mestrado especializados em DCC ou preocupações com ele
relacionadas (com várias especializações disciplinares) em algumas universidades
da SADC. Porém, estes cursos de mestrado, são quase todos relativamente novos e
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38
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos





apenas existem há três a cinco anos, mostrando que tal é uma nova área
potencialmente importante para a inovação curricular, especialmente porque as
iniciativas existentes foram igualmente consideradas inadequadas para o âmbito e
procura dos desafios em matéria de DCC na SADC. Não foi identificado qualquer
curso de mestrado multi-institucional em matéria de DCC nos países da SADC. Por
conseguinte o mestrado parece ser um “ponto de inovação dos principais
currículos” para desenvolvimento posterior. [3.2.9.4]
O DCC, os programas de doutoramento e a supervisão foram igualmente
mencionados no que tocou a inovação curricular, embora os doutoramentos
geralmente não “ensinem” programas na SADC. No entanto, foi referido que os
programas de desenvolvimento de capacidades para doutoramentos e
supervisores de doutoramento eram necessários para reforçar as ofertas de
doutoramento, especialmente no âmbito de uma parceria institucional cruzada.
[3.2.9.5]
Uma variedade de abordagens de aprendizagem especialmente baseadas no
problema e no inquérito, estudos de caso, diálogos, trabalho de campo,
modelação, planeamento de cenários e métodos de ensino mais “activos” foram
referidos como sendo os mais apropriados para o ensino relacionado com o DCC.
O recurso à aprendizagem em serviço, embora reconhecida como sendo uma
importante estratégia possível, especialmente para reforçar abordagens de ensino
que eram igualmente envolvidas na comunidade, não era amplamente difundido.
Houve poucos indícios da utilização de plataformas Web2.0 no ensino e
aprendizagem relacionados com o DCC na maioria dos países da SADC, apesar das
novas possibilidades oferecidas através destas abordagens de aprendizagem
assistida por tecnologia. [3.2.9.6 e 3.2.9.7]
Foi identificada uma série de “competências importantes” para a aprendizagem do
DCC que incluía competências mais genéricas, tais como competência de
pensamento sistémico, competência antecipatória, competência em planeamento
estratégico (incluindo a utilização de ferramentas de modelação, etc.),
competência normativa e competência prática socialmente envolvida, além das
competências específicas da área do DCC, por exemplo, competência de
planeamento regional e de cidades ou competências de adaptação agrícola.
[3.2.9.8]
Houve igualmente pedidos para um “novo pensamento paradigmático” e para se
dar atenção aos diferentes tipos e formas de conhecimento no DCC (por exemplo,
conhecimento autóctone, conhecimento de riscos, conhecimento de soluções,
conhecimento de causas, etc.), bem como valores e atitudes. Estas preocupações
com o conhecimento, valores, competências e “novo pensamento paradigmático”
foram vistas como relevantes para todas ou a maior parte das disciplinas. [3.2.9.9]
Verificou-se igualmente uma forte procura pelo apoio à inovação curricular, que
inclui apoio ao desenvolvimento curricular a fim de desenvolver novos programas
e/ou reforçar programas existentes. Uma questão crítica aqui é a capacidade para
avaliar e criar novos conhecimentos baseados em investigação nos currículos e
para conceber currículos que são mais orientados para a co-produção de
conhecimentos e menos orientados para a assimilação ou transferência de
conhecimentos. Foram identificadas algumas iniciativas de apoio curricular e
programas exemplares. [3.2.9.10]
Maio de 2014
39
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos




O envolvimento de estudantes nas questões do DCC é relativamente fraco. O estudo
de planificação verificou níveis relativamente baixos de envolvimento de estudantes
em questões relacionados com o DCC, embora na maior parte dos países tenha sido
encontrada, pelo menos, uma organização de estudantes que lida com questões
ambientais e notava-se que havia um interesse aumentado nestas questões entre o
corpo de estudantes. Houve igualmente indícios de ligações em rede interinstitucionais de estudantes em questões relacionadas com o DCC, mas pouca ligação
em rede a nível regional entre as organizações de estudantes. A iniciativa Africa Green
Campus parece estar igualmente a estimular um maior envolvimento estudantil,
associada aos melhoramentos na gestão do campus. Pareceu haver poucos programas
proactivos na região concentrados no aumento da participação dos estudantes em
assuntos como o DCC, no entanto, foi reconhecido como uma área muito importante
na qual agir no futuro.
O alcance das políticas pareceu ser uma das formas mais fortes de alcance
actualmente a ser praticado por académicos da SADC em relação ao DCC. Tal pode ser
explicado pelas recentes procuras por comunicação internacional através das
Primeiras e Segundas Comunicações Nacionais à CQNUAC, pelo processo NAPA, e pela
emergência associada e muito recente de políticas de alterações climáticas em quase
todos os países (durante o estudo, na maioria dos países, esboçava-se ainda uma
Política de Alterações Climáticas Nacional). Alguns países ainda se encontram a
desenvolver estas políticas. Por conseguinte, tem havido um “intenso” envolvimento
de políticas em questões de CC/DCC nos últimos cinco anos na região da SADC.
Todavia, tal parece ser largamente reactivo a uma procura por um processo político, e
não proactivo, o que dificulta a capacidade de fornecer uma definição de políticas
sólida baseadas em provas. Como referido, houve uma preocupação na região com a
eficácia e implementação de políticas e tal poderá muito bem ser onde a próxima fase
de alcance de políticas teria de se concentrar. [3.2.11]
O envolvimento comunitário em áreas do DCC foi geralmente visto como mal
constituído e não realmente executado. Tal deveu-se igualmente a fortes exigências ao
pessoal académico por parte de um grande número de estudantes e a cargas de
ensino pesadas. Contudo, verificaram-se exemplos notáveis de desenvolvimento
comunitário identificados na região da SADC, embora poucos fossem do quadro
institucional, por exemplo, através de cursos ou módulos de aprendizagem em serviço.
No geral, houve um nível elevado de preocupação com o bem-estar da comunidade e
uma forte sensação de que o conhecimento deveria ser mais relevante e comunicado
com mais sucesso às comunidades, mas as estratégias e as condições que permitiriam
fazê-lo não pareciam estar implementadas.
A gestão do campus e as demonstrações em matéria de DCC são raras. Houve alguns
casos de acções proactivas de gestão de campus orientadas para o DCC, mas não são a
norma. Em certos países, as universidades experimentavam “edifícios ecológicos” (por
exemplo, na Namíbia), mas diz-se que esta prática não era divulgada e muitas vezes a
direcção das universidades seguia o caminho do “habitual” quando levava a cabo
novos desenvolvimentos no campus. Porém, tal foi visto como uma oportunidade
valiosa para demonstrar novas tecnologias relevantes do DCC (por exemplo, energias
renováveis), mas compreendeu-se também que requeria novas formas de
competência técnica que nem sempre existiam no campus universitário. No entanto,
sentia-se que tal era uma área importante da inovação do DCC, uma vez que moldava
Maio de 2014
40
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
as transições para economias com baixas emissões de carbono, e poderia igualmente
moldar novas formas de co-produção de conhecimentos, inovação tecnológica e por aí
em diante.
Algumas das principais implicações no Enquadramento de Co-Produção de Conhecimento
resultantes da análise institucional são:





Qualquer processo de co-produção de conhecimento requer uma atenção cuidada
tanto às necessidades de conhecimentos para o DCC, conforme articulado em políticas
e investigação de alterações climáticas a nível regional e nacional, como ao contexto
institucional, passados e realidades actuais das universidades da SADC.
O Enquadramento de Co-Produção de Conhecimento deverá ser acompanhado por 1)
um desenvolvimento de sistema de investigação que inclui dar atenção a políticas e
financiamento de investigação, 2) desenvolvimento de capacidades de investigação, 3)
criação de instituição de investigação, e 4) gestão de investigação que inclui gestão de
conhecimento, coordenação e incentivos à investigação.
O Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos necessita de reconhecer que o
DCC é uma área relativamente nova na SADC, mas uma que se encontra igualmente a
permear todas as disciplinas. Apresenta igualmente novas abordagens à investigação,
especialmente abordagens multi, inter e transdisciplinares que ainda estão a dar os
seus primeiros passos e que são pouco teorizadas, havendo necessidade de um
desenvolvimento metodológico. O desenvolvimento de capacidades e apoio à
liderança são, por isso, vitais para sustentar esta nova área de investigação, tal como é
a forte ênfase no desenvolvimento de capacidades para a publicação da investigação.
A fim de maximizar a emergência da investigação em matéria de DCC, é necessário
reconhecer que algumas condições gerais caracterizam a investigação do DCC,
incluindo a diversidade institucional e disciplinar; as barreiras têm de ser abordadas de
uma forma sistemática e a um nível sistémico; a internacionalização constitui uma
função importante da investigação do DCC e tem de ser expandida; e deve ser dada
prioridade a sistemas de financiamento e desenvolvimento de capacidades de
investigação, especialmente para titulares de doutoramentos e doutoramentos nas
universidades.
O desenvolvimento e inovação curricular para o DCC constituem uma das principais
prioridades que têm de ser incluídas no Enquadramento de Co-Produção de
Conhecimentos. Aqui deve ser dada atenção à infusão/integração posterior do DCC em
programas existentes e ao desenvolvimento de cursos novos aos níveis de licenciatura
e pós-graduação. Em particular, o curso de mestrado constitui um ponto de inovação
potencialmente importante para a inovação do currículo de DCC. A programação e as
colaborações de doutoramento que incluem apoio à supervisão são igualmente
necessárias. Existe igualmente a necessidade de “enquadrar” a inovação curricular do
DCC, dando atenção ao conhecimento, às competências e aos valores que são
relevantes para o DCC (pelas disciplinas), bem como as exigências específicas
relacionadas dentro das disciplinas. A integração de conhecimentos autóctones
constitui igualmente uma das principais preocupações na e para a inovação curricular,
tal como a interdisciplinaridade, o pensamento de sistemas socioecológicos e a
utilização de métodos de ensino criativos, incluindo plataformas Web 2.0 que
actualmente não são utilizadas com a frequência devida.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos


O envolvimento dos estudantes tem de ser reforçado através do Enquadramento de
Co-Produção de Conhecimentos, tal como o envolvimento comunitário e a
sensibilização de políticas. A gestão do campus e as “demonstrações” em matéria de
DCC com base no campus (por exemplo, programas de eficácia energética) constitui
actualmente um poderoso recurso subutilizado e potencialmente fácil de usar para
educação e investigação em matéria do DCC nas universidades da SADC, tal como são
as abordagens de aprendizagem em serviço.
O alcance das políticas tem de ser orientado para uma nova fase, após uma intensa
fase de formulação política com vista a abordagens proactivas para fornecer políticas
baseadas em provas e investigação que reforça a eficácia das políticas.
Direcção estratégica para co-produção de conhecimentos em matéria de DCC na SADC
Temas de investigação de co-produção de conhecimentos: lógica e resumo
O Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos (ECPC) proporciona sugestões de
concepção estratégica para o programa da SARUA em matéria de alterações climáticas e
estabelece sete propostas de temas de investigação para este programa a partir dos resultados
do estudo de planificação, posteriormente desenvolvidos para promover o reforço da
investigação única, multi, inter e transdisciplinar na África Austral. Tanto as considerações de
concepção como os temas de investigação propostos são apresentados para serem
considerados e melhorados pelo executivo e pelas universidades da SARUA, como um dos
principais passos seguintes após a recepção do relatório final do estudo de planificação. O
ECPC concentra-se ainda nas restantes áreas principais investigadas no estudo de planificação
e para as quais são feitas recomendações: desenvolvimento e inovação curricular, alcance
comunitário e político e política e estratégia para o ensino superior. É fornecido um resumo
das principais recomendações deste estudo de planificação, de forma a permitir a co-produção
de conhecimentos em alterações climáticas e DCC na região da SADC.
Dentro do contexto de uma acção urgente contra as alterações climáticas acima estabelecida,
os países da África Austral terão de redobrar os esforços existentes para tornar o
desenvolvimento mais resistente de acordo com as necessidades e prioridades nacionais (e
regionais). No contexto do processo de negociações internacionais em matéria do clima, todos
os países terão de desenvolver “ofertas nacionais” ou contributos para propostas de redução
de emissões, bem como definir medidas de adaptação.18 Estas fornecerão uma forma de
associar o acordo internacional sobre o clima de 2015 mais estreitamente aos debates e
circunstâncias nacionais. Tudo isso resultará numa preparação regional significativa,
sustentada por uma investigação orientada para as acções. Conforme se verificou no estudo
de planificação, desenvolver capacidades para a investigação de modo a ajudar a desbloquear
tudo isso requererá um reforço das disciplinas individuais, bem como o desenvolvimento de
capacidades de investigação e remoção de barreiras, inclusivamente através da reforma
18
Consulte, por exemplo, Olsen, K.H., J. Fenhann e S. Lutken. 2013. Elements of a new climate agreement by 2015. UNEP Risoe
Centre Perspectives Series.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
institucional, para produção de conhecimentos multi, inter e transdisciplinares. Exigirá
igualmente um esforço concertado para melhorar as competências, conhecimento e perícia
relacionados com as alterações climáticas daqueles que irão desenvolver e proporcionar
muitas das iniciativas de desenvolvimento de capacidades: os investigadores, educadores,
formadores e respectivos parceiros.
O estudo de planificação identificou um vasto leque de necessidades de conhecimento,
investigação e capacidade para a região e indicou quantas das prioridades para desenvolver
uma resposta melhor às alterações climáticas são partilhadas pelos países. Tal não nega a
necessidade de respostas contextualizadas e localizadas, mas realça o facto de haver vastas
questões de conhecimento e investigação que podem ser agrupadas e que são altamente
relevantes por toda a região, dentro do contexto de especificidades de desenvolvimento
nacional e local. O estudo identificou igualmente áreas e centros de perícia existentes para
alterações climáticas e DCC no seio de cada um dos países, investigadores activos e potenciais
parceiros de produção de conhecimentos. É claro que, embora sejam muitas as necessidades
de desenvolvimento de capacidades e investigação relacionadas com a matéria do clima,
existem núcleos e centros de perícia que podem desempenhar um papel forte no
desenvolvimento posterior de capacidades de investigação e ensino para abordar as
prioridades e lacunas identificadas.
É preciso é uma abordagem estratégica que se constrói através das competências existentes,
aborda as prioridades partilhadas mais urgentes dando igualmente conta das especificidades
locais, e ajuda os países e a região a fazê-lo numa forma que também os posiciona melhor
perante potenciais oportunidades inerentes ao desenrolar da arquitectura internacional dos
acordos sobre o clima e instituições de financiamento. Para o efeito, desenvolveu-se um
conjunto de temas de investigação prioritários que devem ser abordados através de grupos de
investigação regionais e que são igualmente associados a ordens de trabalho de investigação
mais vastas que estão a ser apresentadas, por exemplo, ao abrigo do Plano de Investigação da
Futura Sustentabilidade Global do Mundo (“Future Earth Global Sustainability Research Plan”),
e que aborda alguns dos resultados regionalmente relevantes do Relatório da Ciência Social
Mundial (“World Social Science Report”).
O ECPC foi concebido para permitir o desenvolvimento de uma capacidade suficiente de
investigação das alterações climáticas a um nível regional a fim de iniciar e desenvolver grupos
de investigação com maior capacidade para produzir e publicar conhecimentos de
desenvolvimento sustentável e caminhos resistentes para a África Austral e os seus povos. De
um modo geral, a visão do programa da SARUA é criar um sistema de co-produção de
conhecimentos que ofereça aos investigadores da África Austral oportunidades para criarem
capacidades e produzirem conhecimentos relevantes e de alta qualidade.
Sugestões de áreas temáticas de investigação consideradas no âmbito do programa de cinco
anos da SARUA
O seguinte conjunto de sete áreas temáticas prioritárias de investigação, baseado nas
necessidades articuladas e nas descobertas da avaliação institucional, tem sido desenvolvido
para fornecer uma orientação estratégica e integradora de apoio ao desenvolvimento de
investigação e capacidades na região da África Austral. As áreas de investigação foram obtidas
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
a partir de dados do estudo de planificação e são baseadas em necessidades articuladas e no
contexto institucional actual para a investigação do DCC na SADC. The proposed research
themes have been developed through a combined analysis of workshop data, questionnaire
data and policy and document analysis from each of the countries engaged in the mapping
study. Os temas foram ainda enquadrados de modo a permitir alterações propostas e
questões emergentes na política regional e internacional das alterações climáticas e do
desenvolvimento paisagístico. Embora os temas de investigação tenham sido assim definidos
através de um processo de triangulação cuidadoso, apresentamo-los como um ponto de
partida para que a comunidade SARUA realize outras discussões e acordos internos, de modo a
definir e/ou refazer os temas de investigação escolhidos sobre os quais o seguinte programa
para as alterações climáticas da SARUA irá focar, tal como recomendado a seguir.
O processo para o desenvolvimento dos temas de investigação propostos passou de debates
dos workshops a nível nacional, resumidos nos relatórios dos workshops e nos relatórios
nacionais que reúnem todas as fontes de dados (workshops, questionários e comentários
iniciais, acrescidos posteriormente de pesquisa na internet), às sínteses regionais da análise de
necessidades e avaliação institucional, como indicado nos pontos 2 e 3 deste relatório.
Foram utilizados os seguintes critérios no desenvolvimento dos temas de investigação:







A medida em que as áreas temáticas específicas foram destacadas na análise das
necessidades a nível nacional, especialmente onde as necessidades articuladas foram
repetidamente identificadas em todos os países;
Abordagem de conclusões da síntese regional da análise de necessidades e da
avaliação institucional;
Relevância política do tema de investigação proposto;
Alcançar em simultâneo progressos na investigação de uma única disciplina e
empenho e investigação multi, inter e transdisciplinares na área temática,
aumentando assim as possibilidades para a co-produção de conhecimentos (ver a
seguir);
Permite a abordagem de investigação inovadora e o desenvolvimento de soluções
inovadoras;
Disponibilidade de locais e centros de competência e excelência que poderiam
começar a dirigir a área de investigação temática em vários países, de modo a garantir
que exista um número suficiente a nível regional para ‘iniciar’ um maior empenho no
esclarecimento, aperfeiçoamento e redefinição das áreas de investigação; e
Permite uma integração das dimensões sociais das alterações climáticas nas
dimensões mais tecnológicas e de infra-estruturas, uma vez que as dimensões sociais
do DCC são as menos investigadas, como mencionado extensivamente no estudo de
planificação.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Os temas de investigação propostos têm sido desenvolvidos a um nível mais vasto19, apenas
articulando áreas de investigação potencialmente vastas. Isto é para dar lugar a discussão e
reenquadramento entre a comunidade da SARUA em todos os países da SADC. Quando tal
acontece, podem então ser identificados objectivos específicos, questões de investigação,
prazos, parceiros e mudanças previstas. Para avançar para este nível de pormenores neste
ECPC não estaria apenas para além do objectivo deste estudo de planificação, como também
prejudicaria o poder regional e institucional do programa.
Os temas de investigação têm de ser englobados na paisagem global do programa para o
desenvolvimento de capacidades para as alterações climáticas proposto pela SARUA, tal como
indicado na figura a seguir. Um ponto crítico é a interacção com as seguintes três redes de
apoio propostas:



Rede de desenvolvimento político e institucional;
Rede de inovação curricular; e
Rede de desenvolvimento de capacidades para investigadores e professores do DCC.
Tema/ Grupo 2
Tema / Grupo 3
Tema / Grupo 1
Rede de
Investigação
Macro
Rede de
Desenvolvimento
Político e
Institucional
Tema / Grupo 4
Tema / Grupo 5
Rede de
Inovação
Curricular
Tema / Grupo 7
Rede de
Desenvolvimento
de Capacidades
Tema / Grupo 6
Figura 1: Enquadramento conceitual revisto para o programa da SARUA (baseado na Figura 2, e adaptado de
acordo com os resultados do estudo de planificação)
19
Tal vem no seguimento de processos semelhantes utilizados para conceber programas de investigação com múltiplos
intervenientes. Um exemplo disto é o Programa de Investigação Global Change National Grand Challenge na África do Sul e o
plano de investigação Future Earth que está a ser definido a nível global. Estes, por necessidade, devem ser bastante amplos para
permitir uma maior contextualização e um enquadramento mais detalhado na parceria da pesquisa actualizada e nível do
programa.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Uma rede de investigação para fins do
programa do SARUA é uma macro-rede
que inclui sete grupos de investigação
temáticos. As actividades de
coordenação da investigação ocorrem ao
nível do grupo, enquanto a rede facilita
partilha e aprendizagem entre redes
Um grupo de investigação é definido
pelo respectivo tema e envolve algumas
das coisas ou tudo o que se segue:
• Núcleos de conhecimento
• Centros de conhecimento
• Centros de excelência
Os indivíduos ou entidades que
englobam um grupo de investigação
cooperaram e colaboram uns com os
outros e tenham contactos de rede com
outros grupos e intervenientes
Uma rede de apoio e capacitação é uma
rede de membros e intervenientes da
SARUA que permitem, apoiam e
capacitam os grupos de investigação na coprodução de conhecimentos de DCC
transdisciplinares.
Os hubs de rede (representados pelas
elipses azuis) são entidades que coordenam
a rede geral e a integração e partilha do
grupo, enquanto os núcleos de rede são os
indivíduos que tratam da coordenação, as
entidades e instituições que interagem com
hubs coordenando ao mesmo tempo as
actividades de colaboração internas.
Figura 2: Definições dos principais conceitos no modelo de rede revisto
Propõe-se que cada grupo20 de investigação sugerido indique uma área temática para a coprodução de conhecimentos a nível regional, inter e transdisciplinar, orientadas para a solução
e que também necessite de um maior desenvolvimento nas competências das prioridades de
uma única disciplina. Tal vai de encontro às conclusões do estudo de planificação de que tanto
a investigação especializada de disciplina única, como a investigação mais colaborativa e
holística, são necessárias para abordar lacunas de conhecimento e investigação identificadas.
O estudo de planificação concluiu que os intervenientes e os colaboradores universitários
tinham diversas necessidades prioritárias de DCC, constituídas por uma mistura de questões
de adaptação, mitigação e transversais. As questões transversais tendiam a incluir dois tipos
de necessidades: o conhecimento necessita dessa transversalidade noutras prioridades, tais
como na observação melhorada e nos dados da avaliação da vulnerabilidade; e a investigação
direccionada para as alterações do sistema social, mais frequentemente focadas na eficácia
dos sistemas e/ou na necessidade de educação, formação, comunicação e envolvimento com
as comunidades.21
Apesar de o estudo de planificação apresentar temas de investigação que incentivam as
abordagens multi, inter e transdisciplinares para a co-produção de conhecimentos, reconhece
a necessidade de permitir que as transições das investigações mais comuns passem para estas
novas formas de pesquisa. A experiência na região da SADC revela que requer que os
investigadores:
20
Conforme acima mencionado, estes ainda se encontram abertos a alterações e/ou mais melhorias por parte da comunidade de
investigação da África austral e respectivos parceiros.
21
Além disso, a experiência existente, o interesse dos sectores e o nível de funcionamento no sistema determina frequentemente
de que forma o DCC é visto e/ou como as prioridades de DCC são identificadas. A diversidade de repostas dos vários
investidores e profissionais universitários (em várias disciplinas e cargos de gestão) mostra que diferentes
instituições/disciplinas e níveis de gestão interdisciplinar são necessários para o desenvolvimento de uma visão holística das
‘necessidades’ de desenvolvimento compatíveis com o clima.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
1. Adoptem sistemas socioecológicos / baseados na paisagem / contextualmente localizados
(por exemplo, um local comum como o Lago Chilwa no Malávi, ou “locais estratégicos”
climáticos) como ponto de partida para a definição de questões de investigação em
equipas multidisciplinares, com a participação dos intervenientes na definição da questão
da investigação;
2. Conceptualizar os contributos de cada disciplina para
investigação/questão/sistema socioecológico comuns a estudar;
o
contexto
de
3. Aceitem as abordagens metodológicas iguais / diferentes do problema e adoptar uma
visão ‘metodologicamente aberta’ permitindo as várias maneiras de abordar um problema;
4. Passem a trabalhar em equipas de investigação multidisciplinares/interdisciplinares, com
vontade de encetar um diálogo reflexivo e uma síntese regular ao longo da investigação
(tal também pode contribuir para o desenvolvimento e compreensão de diferentes
discursos de investigação e formas de conhecimento); e
5. Focar muito mais o envolvimento comunitário e político no seu programa de investigação
desde o início do programa, partilhando regularmente o conhecimento com os
responsáveis políticos e comunitários e obter um feedback da investigação em curso,
assim como fornecer aos membros da comunidade e responsáveis políticos articular
questões e necessidades de investigação através de um processo de dois sentidos.
Estas parecem ser as cinco estratégias mais fortes para trabalhar em direcção a uma
trajectória de co-produção de conhecimento transdisciplinar, onde apresentam um caminho
prático para a transição da investigação de uma única disciplina para abordagens
transdisciplinares, sem perder o peso das contribuições disciplinares individuais.
Os sete temas de investigação propostos são:

Tema de investigação / grupo 1: Paisagens resistentes para pessoas, alimentos e
ecossistemas. Este tema de investigação centra-se no desenvolvimento de paisagens
de produção resistentes e sustentáveis menos favorecidas. Envolve a ligação entre
alterações climáticas, energia, agricultura e segurança alimentar no contexto da
manutenção e melhoraria dos serviços dos ecossistemas e da agrobiodiversidade. As
paisagens produtivas são aqui conceptualizadas como sistemas ecológicos e agrícolas
integrados, isto é, a forma de agricultura necessária seria a agricultura sustentável e
ecológica, dentro de uma paisagem ampla focada em melhorar os serviços do
ecossistema e da biodiversidade. O tema refere-se directamente a uma prioridade
regional esmagadora, expressa como altamente significativa em todos os dados dos
países.

Tema de investigação / grupo 2: Acompanhamento e biodiversidade da planificação
e mudanças dos sistemas socioecológicos complexos para o DCC. Este tema de
investigação concentra-se na biodiversidade, nos ecossistemas e nos recursos hídricos
numa perspectiva de sistemas socioecológicos, com ênfase na observação melhorada
e no acompanhamento. Muitas das lacunas de conhecimentos verificadas na análise
das necessidades do estudo de planificação estão relacionadas com a falta de dados
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
sistemáticos e fiáveis a longo termo em diferentes sectores que possam servir de base
à investigação, modelização e acompanhamento.

Tema de investigação / grupo 3: Conhecimento autóctone, resistência e inovação
cultural, social e tecnológica. Este tema de investigação centra-se no papel potencial
do conhecimento autóctone nos caminhos do DCC, repetidamente abordado no
estudo de planificação. Os participantes de todos os países da SADC acharam que o
papel potencial do conhecimento autóctone no desenvolvimento de resistência
através das inovações tecnológicas, culturais e sociais, necessárias à transformação de
uma sociedade mais justa e sustentável com baixos níveis de carbono, tem sido
subvalorizado e subdesenvolvido. Também se reconheceu que não houve uma
‘adopção’ acrítica de conhecimentos autóctones, mas antes abordagens de
investigação que podem avaliar a relevância e o potencial de conhecimentos
autóctones na alteração do contexto do DCC.

Tema de investigação / grupo 4: Dinâmicas sociais de adaptação às mudanças
ambientais: fazer sentido, aprendizagem social e transformação social. Este tema de
investigação centra-se no ponto que muitas vezes foi apontado (no estudo de
planificação) de que o DCC também requer mudanças nos hábitos e práticas sociais, o
que, por sua vez, requer novos valores e ética, aprendizagem, inovação social e
aprendizagem social. O tema da investigação inclui ainda a mudança no sistema de
educação, género e aspectos de alteração climática, concentrando-se no papel dos
meios de comunicação. Aborda uma conclusão importante no estudo de planificação
de que nas Universidades da África austral, mesmo naquelas mais activamente
envolvidas no DCC, a participação das ciências sociais nas alterações climáticas e nas
questões do DCC são quase inexistentes.

Tema de investigação / grupo 5: Economia verde, energia sustentável e inovações
tecnológicas de infra-estruturas. Este tema de investigação centra-se em aspectos
importantes da essência da Economia Verde e no avanço para uma energia sustentável
e renovável na região, incluindo a eficiência energética e o desenvolvimento de infraestruturas. Como tal, centra-se bastante em processos industriais, no desenvolvimento
tecnológico e de infra-estruturas e, principalmente, procura fortalecer a engenharia, o
desenvolvimento das capacidades de infra-estruturas e tecnológicas, com implicações
na criação de energia com baixas emissões de carbono e no desenvolvimento de vias e
acordos humanos mais sustentáveis. Também dá uma atenção especial a aspectos
como a resistência e adaptação das infra-estruturas hídricas, a eficiência energética e
áreas de investigação relacionadas. Este tema de investigação pode muito bem
contribuir para a realização de aspectos do esboço do Programa para as Alterações
Climáticas da SADC, especialmente a componente “Investigação, Transferência e
Desenvolvimento Tecnológico” (o programa tem como objectivo gerar informações
baseadas em provas, desenvolver tecnologias apropriadas para o desenvolvimento
sustentável, reduzir a pobreza e disseminar as tecnologias). O tema também indica
que a maior parte destas áreas de investigação são complexas para um contexto de
DCC, e que a maioria está empenhada em encontrar soluções tecnológicas e/ou
soluções tecnológicas e económicas, conjuntamente, que possam ajudar as sociedades
a reduzir os níveis de carbono e a futura resistência climática.
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

Tema de investigação / grupo 6: Resistência às alterações climáticas: Focar a saúde e
o bem-estar. Este tema de investigação centra-se em melhorar a compreensão dos
efeitos provocados pelas alterações climáticas na saúde e no bem-estar. Tal foi
mencionado em todos os países como uma área prioritária na resposta nacional e, no
entanto, obteve muito pouca atenção de investigação até à data. Há ainda muito para
investigar em determinados aspectos, como os efeitos potencialmente graves de
tensão térmica nas populações regionais e na produtividade. Esta é uma lacuna de
conhecimento e investigação importante a considerar, uma vez que o sector de saúde
é considerado especialmente vulnerável às alterações climáticas, como são os sectores
da água e da agricultura. Para a região africana como um todo, as alterações climáticas
são vista como um multiplicador das vulnerabilidades de saúde existentes, incluindo o
acesso inadequado à água potável e saneamento básico, insegurança alimentar, bem
como o acesso limitado a cuidados de saúde e de educação.

Tema de investigação / grupo 7: O futuro africano é resistente (AFAR): Governação,
participação e mudança do sistema socioecológicos. Este tema de investigação
centra-se, entre outras coisas, numa questão institucional repetidamente observada
em todos os países do estudo de planificação: a falta de coerência política em matéria
de alterações climáticas e a necessidade de desenvolver instituições para adaptação e
mitigação, bem como para a integração sistemática das alterações climáticas. Estes
aspectos foram muitas vezes relacionados com a necessidade de uma maior
participação e liderança ética na tomada de decisões sobre as respostas às alterações
climáticas e ao DCC, e com uma maior vontade política. O tema de investigação iria
incluir saber como os sistemas governantes integrados e adaptados podem ser
trabalhados de modo a funcionarem com sucesso em múltiplas escalas, incluindo
questões de acordos de co-gestão e gestão transfronteiriça para a gestão colectiva de
recursos naturais. Este elo com a governação pode ser combinado com debates
emergentes e inovadores em matéria de alterações climáticas, tais como os limites
para adaptação, perdas e danos, e a necessidade de adaptação transformacional.
A descrição de cada um destes temas de investigação no Volume 1 contém o seguinte:




O princípio global e o enquadramento para o tema de investigação;
Um conjunto altamente provisório de possíveis áreas de investigação a explorar;
Uma lista indicativa da variedade de disciplinas que podem fazer parte do tema de
investigação; e
Uma lista indicativa e incompleta de potenciais núcleos e centros principais de
conhecimento para o grupo de investigação (retirados do estudo de planificação, e de
instituições listadas no Anexo A e nos relatórios dos países do Volume 2).
Uma vez que cada um destes grupos de investigação sugeridos (ou os grupos da investigação
final, conforme decidido numa investigação comunitária da SARUA) seria conduzido com uma
abordagem de investigação inter e transdisciplinar, teriam necessariamente de estar centrados
num compromisso tanto comunitário como político. No início, as propostas de investigação
eram criadas e desenvolvidas por grupos de pesquisadores interessados de várias
Universidades/Instituições de Ensino Superior na região, em colaboração com outros parceiros
de co-produção de conhecimento, inclusive da comunidade política e dos utilizadores da
Maio de 2014
49
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
investigação. Em alguns casos, mas não em todos, os principais utilizadores da investigação,
que estariam envolvidos na concepção da investigação, seriam comunidades pobres e
marginalizadas, providenciando, assim, um mecanismo de abstenção comummente repetido
no estudo de planificação; essa investigação deve ser mais claramente orientada para
beneficiar especificamente essas comunidades. Noutros casos, os utilizadores podem ser a
comunidade empresarial, parceiros de desenvolvimento, parceiros dos meios de comunicação
social e/ou outras instituições da sociedade. O Grupo Consultivo em Pesquisa Agrícola
Internacional (CGIAR) expressou recentemente esta mudança na investigação como uma
“mudança de paradigma” do Desenvolvimento para a Pesquisa (R4D) para o Desenvolvimento
na Pesquisa.22
“Vê-se mais pesquisas sobre as alterações climáticas, vulnerabilidades e
adaptação. Mas existem outras questões que precisam de ênfase, tais como as
questões relativas ao equilíbrio de energia. Enquanto investigadores estaremos a
concentrar-nos nas questões certas que irão mesmo ajudar os pobres?”
Funcionário da Universidade da Tanzânia
Fortalecimento regional das informações e serviços climáticos
As informações e os serviços climáticos foram sofrendo lacunas de investigação e
conhecimento, incluindo modelização, redução e desenvolvimento de cenários. Trata-se de
uma lacuna importante e transversal que é bem reconhecida na maior parte das análises, e
está a ser abordada através de inúmeros programas regionais e internacionais. Esta lacuna
requer uma abordagem a longo termo e de capital intensivo que envolva o desenvolvimento
da rede de observação e de capacidades das agências meteorológicas nacionais, as quais estão
fora do âmbito do programa da SARUA. Portanto, para este programa, não foi desenvolvido
um tema de investigação dedicado às informações climáticas. Contudo, os métodos de
trabalho avançados com e que integram informações climáticas fazem mesmo parte de uma
série de temas de investigação propostos, tais como a avaliação dos riscos, impactos e
vulnerabilidades previstos no tema de investigação 1. Os grupos de investigação precisariam
de fazer uma parceria com outros programas e instituições para obter as melhores
informações climáticas disponíveis para as suas necessidades. O programa da SARUA também
contribuiria para o desenvolvimento da modelização climática e do cenário, por exemplo
através de apoios para preencher as lacunas nos dados do ecossistema fiáveis e sistemáticos a
longo prazo como base à investigação, à modelização e à monitorização, como previsto para o
tema da investigação 2, que visaria, entre outras coisas, responder ao seguinte tipo de questão
de investigação: Como poderia a recolha de tais dados de acompanhamento ambiental ser
melhor aplicada nos modelos de alterações climáticas a nível regional, nacional e local? Outra
22
http://blog.worldagroforestry.org/index.php/2013/11/29/one-small-change-of-words-a-giant-leap-in-effectiveness/
Maio de 2014
50
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
contribuição seria no tema de investigação 7, o qual poderia explorar processos avançados de
tomada de decisões para questões complexas, por exemplo através do desenvolvimento de
um processo interactivo para a tomada de decisões utilizando um desenvolvimento de cenário
em questões complexas que precisem de resposta, tais como as áreas de cultivo a longo prazo
e o potencial hidroeléctrico futuro. Tais questões de investigação precisariam de ser
desenvolvidos em discussões futuras com programas e instituições existentes competentes.
Desenvolvimento e inovação curriculares
A criação de uma direcção estratégica para o desenvolvimento e inovação curriculares,
conforme proposto neste Enquadramento para a Co-Produção de Conhecimentos, envolve: 1)
conceptualização do que significa a inovação curricular do DCC (isto é, não apenas inserir
conteúdo em cursos existentes), mas enquadramento do desenvolvimento curricular baseado
nas questões de conhecimento, competências relevantes do DCC, valores e ética, e ‘novo
pensamento paradigmático’, e 2) melhoria e criação de novos cursos. Um enquadramento
inicial para estas dimensões de inovação curricular é proposto na Secção 4 do documento,
juntamente com um conjunto de parceiros “iniciais” que têm capacidade para apoiar e/ou
contribuir para uma rede curricular inovadora que também desenvolve capacidades para a
inovação curricular. A sugestão é que este “enquadramento inicial” possa ser utilizado para
orientar e apoiar uma variedade de inovações curriculares a níveis de graduação e pósgraduação que incluam conhecimentos relevantes sobre a integração do DCC, competências e
valores nos cursos existentes e/ou a criação de novos cursos.
Uma sugestão é que, em particular o Mestrado, seja focado no programa da SARUA como um
ponto inovador curricular, em conjunto com formação metodológica em abordagens multi,
inter e transdisciplinares (embora o desenvolvimento curricular da graduação e interdisciplinar
também mereçam atenção). Não existe ainda em nenhum país um Mestrado multiinstitucional disponível na SADC para o DCC que também apresente uma oportunidade de
inovação curricular. A formação na metodologia da investigação pode apoiar alunos de
Mestrado e Doutoramento e pode também contribuir para o desenvolvimento de capacidade
supervisora. O desenvolvimento de capacidade para a inovação curricular é uma prioridade,
uma vez que alguns colaboradores tiveram a oportunidade de desenvolver profissionalmente a
inovação curricular focando-se no tópico complexo do DCC, mas estão a tentar integrar isto
nos seus cursos sempre que possível. Conforme mencionado acima, a inovação curricular e o
apoio à inovação curricular foram considerados prioritários no programa de cinco anos da
SARUA entre outros participantes do estudo de planificação.
Alcance político e comunitário
As sugestões estratégicas de alcance político e comunitário incluem um fortalecimento ou
reorientação do alcance político de um período de forte decisão política do DCC para uma
“nova era” de alcance político do DCC mais centrado no fornecimento de uma política baseada
em provas, e na eficácia da política e implementação da mesma. Os estudos políticos deveriam
também ser integrados nas áreas temáticas de investigação e nos grupos de investigação.
As sugestões estratégicas para a sensibilização comunitária incluem abordagens de
aprendizagem mais eficazes e o reforço de incentivos para a investigação e o alcance do
Maio de 2014
51
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
envolvimento comunitário. A ênfase no conhecimento autóctone e nas ligações entre prática e
política conforme presentes em diferentes países, fornece um contexto no qual podem evoluir
tipos de envolvimento comunitário mais fortes, tal como o compromisso em abordagens
transdisciplinares de co-produção de conhecimentos, os quais devem ser acompanhados por
apoios baseados em sistemas e incentivos (por exemplo, validade nos critérios de promoção,
etc.).
Política e estratégia para o ensino superior
O estudo de planificação também levantou questões estratégicas e orientações para uma
política e estratégia no ensino superior. Uma das mais importantes é a necessidade de voltar a
conceptualizar o papel das universidades no contexto de debates actuais sobre
desenvolvimento humano, em especial os que dizem respeito às alterações climáticas e ao
DCC, bem como as respectivas implicações para o desenvolvimento. Em seguida está a
necessidade de fortalecer a ciência e a tecnologia para o DCC, e internacionalizar a
investigação (em especial também a regional) a fim de fortalecer a “massa crítica” necessária
para a obtenção de resultados de desenvolvimento reais. As infra-estruturas de investigação,
bem como os sistemas de financiamento e incentivos, precisam de ser revistos tendo em
mente as preocupações relativas ao DCC, bem como as tendências e os debates de
investigação internacionais (aplicadas, é claro, no contexto sul-africano e relacionadas com as
questões do DCC conforme descritas na Análise das Necessidades). Resumidamente, é
necessário que o DCC tenha prioridade ao mais alto nível da política tecnológica, científica e
educacional.
A nível universitário, propõe-se que as universidades considerem as implicações das alterações
climáticas para o desenvolvimento de uma sociedade mais ampla, e as utilizem como uma
forma de reflexão, e que revejam também a educação oferecida nas instituições de ensino
superior. Os doze países que participaram no estudo de planificação concordaram que os
dirigentes universitários têm um papel vital a desempenhar no apoio a estas alterações na
educação. Além disso, observou-se que devia ser dado mais apoio ao envolvimento dos alunos
e às práticas de gestão do campus. Estes têm potencial para “demonstrar” a transição para
futuros com níveis baixos de emissão de carbono que sejam mais sustentáveis, energéticos e
eficientes. Esta é actualmente uma área prática subdesenvolvida nas instituições de ensino
superior na África austral, embora existam alguns exemplos excelentes da evolução de tais
práticas.
Resumidamente, as direcções estratégicas apontadas no Enquadramento da Co-produção do
Conhecimento requerem uma série de intervenções baseadas em investigação (o que requer
um compromisso através dos grupos temáticos de investigação acima mencionados),
desenvolvimento curricular e de capacidade relacionados (o que requer um compromisso
através da inovação curricular e de redes de desenvolvimento de capacidades acima sugeridas),
bem como desenvolvimento político e institucional (o que requer um compromisso através da
rede de desenvolvimento político e institucional acima referenciada). O desenvolvimento das
orientações estratégicas sugeridas na secção 4 do ECPC fornece, por conseguinte, a lógica de
fundo para a estrutura de rede proposta do programa de cinco anos da SARUA acima descrito,
na Figura 1, bem como o roteiro proposto, o que deve levar à implementação do programa.
Maio de 2014
52
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Roteiro e desenvolvimento do sistema: Passos iniciais
O estudo de planificação forneceu a base do conhecimento necessária para o desenvolvimento
da rede regional do DCC. Um modelo de desenvolvimento da rede conceptual, adaptado para
atender às necessidades do programa da SARUA, é apresentado no Anexo E e fornece um
enquadramento mais amplo onde os passos de acção imediata precisam de ser executados. O
roteiro de desenvolvimento de rede concentra-se em acções de curto prazo necessárias para (i)
estabelecer capacidade de coordenação suficiente e (ii) garantir que as actividades de coprodução de conhecimento e colaboração possam ser iniciadas.
A questão da coordenação central para o programa proposto da SARUA ainda não está
suficientemente esclarecida e requer uma atenção prioritária. Independentemente da
abordagem de coordenação preferencial, os passos de acção descritos no roteiro
compreendem o que é considerado necessário para dar início à implementação, com ênfase
nas duas primeiras fases do desenvolvimento da rede:


Iniciação de grupos e redes de investigação (definindo a sua finalidade); e
Configuração de redes e grupos de investigação (melhorando e/ou voltando a
melhorar o seu conteúdo e foco, bem como a forma como irão funcionar).
A criação de várias redes a um nível regional também requer a implementação de um bom
enquadramento governativo que garanta que as actividades, projectos e resultados gerados
através do programa SARUA cumprem os padrões exigidos de qualidade e boa gestão.
A figura abaixo ilustra o contexto no qual as recomendações de acção a curto prazo são
efectuadas com ênfase em medidas imediatas que definam a plataforma, para que, depois de
2014, cada rede siga o seu próprio caminho de desenvolvimento de rede definido.
Fase
FASE 1: Estudo de
Planificação
FASE 2: Transição e
Planificação da Rede
FASE 3: Desenvolvimento de
Rede
Resultados
Programa de Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da SARUA
Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos Regional
Roteiro de co-produção
de conhecimentos
Processo de Expressões de Interesse
(EOI)
Programas e acções do
Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos para criação e
desenvolvimento de redes
colaborativas
ANO 1
Acções
Realizar um estudo de planificação
que inclui:
1. Uma análise das necessidades abrangente
aos desafios e às lacunas de DCC
específicos do país
2. Uma avaliação institucional dos pontos
fortes da universidade regional e dos
resultados da produção de conhecimentos
sobre DCC
Desenvolver um Enquadramento de
Co-produção de Conhecimentos
regional para:
1. Apoiar universidades na região SADC
2. Reforçar a liderança, propriedade e
capacidade de DCC em África
3. Reforçar a capacidade, coordenação e
colaboração das Instituições de Ensino
Superior
4. Reforçar redes e relações entre
universidades, decisores políticos e
outros intervenientes
ANO 2
Conceber e desenvolver a rede final
e temas de investigação
1. Projecto de comunicação para a
disseminação de conclusões do estudo
de planificação (Março-Maio 2014)
2. Convidar os vice-reitores a apresentar
ECPC e o processo para participação
da IE (Maio 2014)
3. Convidar intervenientes
4. Estender os convites a todas as
universidades para participarem no
desenvolvimento da rede da SARUA
5. Realizar workshops de investigação de
temas para aperfeiçoar os grupos de
investigação (Out 2014)
6. Lançar o processo de IE (Out 2014)
7. Encerrar o processo de IE e o início da
Fase 3 (Março 2015)
ANOS 3 E SEGUINTES
Implementar acções concebidas para alcançar :
1. Revitalização do Ensino Superior
2. Desenvolvimento da SADC
3. Base científica regional
4. Contextualização da educação
5. Resistência e adaptação ao clima
Acções baseadas em roteiros de
rede individuais
Financiamento Transicional
Figura 3: Âmbito do roteiro do Enquadramento de co-produção de conhecimentos
Maio de 2014
53
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Enquadramento do desenvolvimento de rede
Um enquadramento de desenvolvimento de rede pormenorizado é apresentado no Anexo E e
descreve o ciclo de uma rede típica composto por cinco fases potenciais:
iniciação  configuração  funcionamento estabilização  transformação/dissolução.
O enquadramento do desenvolvimento da rede é compatível com prazos variados e qualquer
tipo de abordagem de coordenação (centralizada ou descentralizada). Fornece directrizes
claras sobre os papéis essenciais e opcionais atribuídos à co-produção bem-sucedida de
conhecimentos e às etapas a seguir por cada um dos grupos de investigação ou rede
emergente.
Uma ênfase importante deste Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos é a
identificação de actividades auto-iniciativas e, embora no Anexo E estejam identificados os
papéis de rede necessários, é introduzida a flexibilidade de modo a que cada rede possa
determinar se são necessárias entidades diferentes para desempenhar estes papéis e como
são atribuídas as responsabilidades. Não é possível, nem aconselhável, começar de uma vez
com a criação das quatro redes, incluindo os sete grupos de investigação identificados. Cada
rede irá desenvolver-se ao seu próprio ritmo, dependendo de uma combinação dos seguintes
factores:







Relevância dos temas identificados para as universidades;
Interesse e disponibilidade do coordenador de rede, núcleos de participação (centros
de competência, gestão institucional e indivíduos) em fazer parte de uma rede
proposta;
Financiamento e orçamento disponíveis para criar e coordenar actividades;
Extensão das infra-estruturas existentes / contactos / actividades colaborativas;
Maturidade da investigação existente / práticas de gestão nas universidades e
organizações participantes;
Extensão da preparação de políticas, exercício de influências e defesa para “vender” a
ideia da rede a outros intervenientes regionais;
Habilidade e capacidade da SARUA ou de outra entidade coordenadora para apoiar a
coordenação estabelecida ou em curso.
Passos imediatos
1. Após o encontro de vice-reitores da rede de universidades da SARUA nas Ilhas Maurícias
em Outubro de 2010 para chegarem a um acordo sobre um programa de acção
colaborativo, foi criado pela SARUA um Grupo de Trabalho de Vice-reitores Suplentes em
Matéria de Investigação, Desenvolvimento e Alterações Climáticas para supervisionar o
desenvolvimento do programa e realizar uma análise de qualidade sobre os resultados
obtidos no estudo de planificação. A fim de prosseguir para a Fase 2 do programa, os
responsáveis da SARUA precisam de se comprometer com as conclusões e deliberar
quanto aos principais mecanismos de implementação. Em Fevereiro de 2014 realizou-se
uma sessão de trabalho de grupo de Vice-reitores Suplentes e os resultados do estudo de
planificação foram validados de um ponto de vista da qualidade. Concordaram que a Fase
2 do processo iria centrar-se no seguinte:
Maio de 2014
54
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos






Confirmação da estrutura de rede revista conforme recomendado no Enquadramento
de Co-Produção de Conhecimentos;
Melhoria dos temas de investigação propostos envolvendo membros da SARUA e
verificando a congruência com a Política e Estratégia em Matéria de Alterações
Climáticas da SADC, quando forem entregues ainda em rascunho ou já na última
versão. A finalização de orientações políticas pode também requerer a análise e/ou
desenvolvimento de novas áreas temáticas para investigação;
Aceitação/melhoria das recomendações do ECPC e as etapas de desenvolvimento da
rede a criar;
Identificação de quaisquer estruturas necessárias para coordenação por parte da
SARUA, ou requisição de indivíduos que desempenhem um papel de coordenação
provisório;
Desenvolvimento de um programa e de um prazo para a divulgação eficaz do relatório
do ECPC; e
Definição clara das necessidades de financiamento para o processo de
desenvolvimento de um projecto num documento conceptual resumido sobre o
mesmo que poderá ser submetido a um financiador de modo a obter uma concessão
de desenvolvimento do projecto, que seria utilizada para desenvolver uma proposta
de financiamento integral e parcial.
2. A SARUA, através dos seus executivos e do Director-Geral irão garantir:




A aprovação dos relatórios do Comité Executivo da SARUA;
A confirmação de qualquer desenvolvimento posterior, adendas e acções ao roteiro
proposto;
A coordenação da implementação do programa através de uma estrutura apropriada;
e
A comunicação do roteiro do programa, dos resultados e das principais iniciativas de
desenvolvimento da rede.
Factores de sucesso críticos

Comunicação para todas as universidades (quer sejam membros da SARUA ou não) e
investidores para confirmar o enquadramento da rede, incluindo a criação de:










Rede de investigação macro (incluindo os sete grupos de investigação temática
propostos);
Rede de inovação curricular;
Rede de desenvolvimento político e institucional;
Rede de desenvolvimento de capacidades.
Pedido de participação em redes bem coordenadas e elaboradas;
As actividades das funções de coordenação devem ser bem definidas;
Funções da rede a nomear assim que possível (pelo menos os coordenadores);
Criação da rede: documento do Memorando de Entendimento / minuta a ser
desenvolvida e adoptada;
Investigadores nomeados ou contratados quando for iniciada a configuração das redes;
e
Os requisitos de registo para fazer parte da rede têm de ser claramente definidos e
comunicados.
Maio de 2014
55
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
O estudo de planificação enquanto “fundação” para posterior expansão da coprodução de conhecimentos do DCC
O estudo de planificação fornece uma “base de conhecimento” das necessidades de coprodução de conhecimentos compatíveis com o clima, dinâmica institucional e possibilidades
na região da SADC (dos doze países), bem como uma base de dados de investidores e
intervenientes activos no DCC na região da África austral. Tal revela a diversidade das
alterações climáticas e as necessidades de desenvolvimento compatível com o clima na África
austral, como também as semelhanças. Mais importante, identifica e planifica áreas de
colaboração futuras e apresenta um roteiro para a co-produção de conhecimentos de rede na
região da SADC.
A capacidade para transcender as fronteiras disciplinares e institucionais por parte dos
participantes no estudo de planificação revela uma grande compreensão das alterações
climáticas, o que representa um bom presságio para uma resposta mais interdisciplinar na
região, desde que seja disponibilizado o apoio necessário. Além disso, a existência de uma
série de redes de investigação, Núcleos de Competência, Centros de Competência e Centros de
Excelência envolvidos na pesquisa do DCC, identificados em todos os países, fornece um sólido
“ponto de partida regional” e uma base institucional para expandir a investigação do DCC,
nomeadamente, parcerias regionais e internacionais de investigação do DCC. Um sistema de
apoio à investigação em toda a SADC, combinado com o apoio de parcerias internacionais, é
necessário para fortalecer e expandir estes Núcleos e Centros, e criar um caminho de
desenvolvimento institucional que transforme os Núcleos de Competência em Centros de
Competência, e os Centros de Competência em Centros de Excelência, com trajectórias de
carreira semelhantes para os investigadores do DCC na SADC. A identificação destes núcleos e
centros é o primeiro passo neste sentido e um ponto de partida importante para o programa
de cinco anos da SARUA.
Os resultados da Análise de Necessidades e da Avaliação Institucional realizados como parte
deste estudo de planificação podem ser úteis para o desenvolvimento contínuo de políticas e a
implementação de estratégicas a nível nacional e regional. Vários países encontram-se numa
fase oportuna neste processo para que estas conclusões sejam consideradas. O Botsuana, por
exemplo, está actualmente a desenvolver uma Estratégia e Plano de Acção Nacionais em
Matéria de Alterações Climáticas, e Angola está em processo de actualização da sua Estratégia
Nacional em Matéria de Alterações Climáticas. Com um impulso adicional à base de
investigação a nível regional, as iniciativas políticas actuais podem vir a tornar-se mais fortes se
baseadas em provas e centradas na eficácia da implementação.
Maio de 2014
56
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
1 INTRODUÇÃO
1.1 Introdução e visão geral do Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos
Este documento da Associação das Universidades Regionais da África Austral (SARUA) fornece
um Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos para o desenvolvimento compatível
com o clima na África austral (Volume 1). Baseia-se num estudo de planificação que envolveu
uma análise das necessidades e uma análise institucional realizadas país a país, as quais se
encontram sintetizadas no Anexo A, e mais abrangentemente representadas em 12 Relatórios
de País, publicados como monografia de acompanhamento (Volume 2) a este Enquadramento
de Co-produção de Conhecimentos.
As alterações climáticas e o desenvolvimento compatível com o clima são áreas de produção
de conhecimentos relativamente novas nas universidades da África austral. Este estudo de
planificação é o primeiro do género a ser feito na África austral e reúne informações de doze
universidades de países africanos, bem como uma multiplicidade de disciplinas. Combina ainda
as perspectivas de intervenientes nacionais preocupados com as alterações climáticas e o
desenvolvimento compatível com o clima, bem como de profissionais universitários, muitos
dos quais reunimos no mesmo fórum pela primeira vez durante os workshops do estudo de
planificação. Fornece também uma visão dos desafios contextuais e institucionais enfrentados
pelos países da África austral ao serem confrontados com os impactos emergentes e
projectados das alterações climáticas, num continente que foi considerado pelo Painel
Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) como sendo um dos mais vulneráveis
23
às alterações climáticas. A vulnerabilidade da África austral às alterações climáticas é
exacerbada por uma variedade de factores relacionados com a pobreza e outras questões de
desenvolvimento na região.





23
A secção 1 do documento define o Programa para o Desenvolvimento de Capacidades
para as Alterações Climáticas da SARUA e introduz os principais conceitos utilizados
neste documento.
A secção 2 oferece uma síntese regional da Análise das Necessidades país a país.
A secção 3 oferece uma síntese regional da Análise Institucional país a país.
A secção 4 fornece uma orientação estratégica para a co-produção de conhecimentos
para o desenvolvimento compatível com o clima na África austral. Lida com
investigação, desenvolvimento curricular e ensino, alcance de políticas e comunidades.
A secção 5 fornece um pequeno “roteiro” que aponta os “próximos passos” mais
importantes para o programa de cinco anos da SARUA em matéria de alterações
climáticas e desenvolvimento.
Boko, M. et al. 2007. “Africa,” em Climate Change 2007.
Maio de 2014
57
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Este Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos é a base da realização de objectivos a
mais longo prazo do programa de cinco anos SARUA definidos abaixo, sendo também a base
de programas de investigação ao nível da SADC e de vários acordos de parceria com base no
país. Fornece uma “base de conhecimento” para uma angariação de fundos a nível regional e
nacional para a investigação e a co-produção de conhecimentos. Assim, o enquadramento
procura beneficiar as próprias universidades, reforçando ao mesmo tempo a interacção e a
cooperação regionais.
1.2 O Programa de Desenvolvimento de Capacidades para as
Alterações Climáticas da SARUA
A Associação das Universidades Regionais da África Austral (SARUA) criou um programa de
cinco anos para o Desenvolvimento da Capacidade das Alterações Climáticas, de modo a
proporcionar durante o seu mandato a promoção, o reforço e o aumento da investigação e
inovação no ensino superior através de mais iniciativas interinstitucionais de colaboração e
desenvolvimento de capacidades ao longo da região da Comunidade para o Desenvolvimento
da África Austral (SADC).
A visão do programa da SARUA é criar um sistema de co-produção de conhecimentos que
ofereça aos investigadores da África Austral oportunidades para criarem capacidades e
produzirem conhecimentos relevantes e de alta qualidade. O programa visa reforçar
significativamente a capacidade de adaptação ao clima e a resistência da região da SADC
através do desenvolvimento de uma rede colaborativa de Instituições de Ensino Superior
capazes de combinar recursos, maximizar o valor do seu capital intelectual e atrair
investimento significativo na região. Tal vai envolver mudanças graduais em:





Investigação, ensino e geração de conhecimentos em matéria de alterações climáticas,
adaptação de medidas, desenvolvimento de opções com baixo carbono e os custos e
benefícios associados;
Disseminação de informações e conhecimentos entre os intervenientes;
Sensibilização de comunidades, governos e sector privado sobre os riscos da
variabilidade do clima para as perspectivas de desenvolvimento na região;
Desenvolvimento e implementação de políticas regionais baseadas em provas; e
Capacidade regional para a participação activa em redes de política internacional.
O início do programa de cinco anos foi subscrito por uma maioria de vice-reitores das 62
universidades públicas membros da SARUA (em Dezembro de 2013). O programa visa
desenvolver capacidade para o desenvolvimento compatível com o clima, que está a emergir
enquanto plataforma para uma colaboração significativa no sector académico. Este
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos é o resultado de um estudo de
planificação extenso das actuais prioridades e capacidades dos países da região relacionadas
com o clima, o qual é apoiado por um financiamento do Reino Unido e da Climate and
Development Knowledge Network (CDKN), financiada pela Holanda.
O plano inicial de cinco anos, a ser adaptado na próxima ronda de interacção entre as
universidades e a SARUA, definiu objectivos anuais para o programa.
Maio de 2014
58
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Tabela 3: Visão de alto nível do programa de cinco anos da SARUA
Actividades planeadas por ano
Fase 1
Fase 2
Ano 1

Ano 2
Realizar um
estudo de
planificação
extenso sobre as
actuais
prioridades e
capacidades de
países na região.


Ano 3
Desenvolver
Enquadramento
s de Coprodução de
Conhecimentos
dentro de cada
país.
Financiar e criar
as primeiras
redes.


Ano 4
Demonstrar os
primeiros
resultados da
investigação,
ensino e
aprendizagem e
dos
conhecimentos.
Financiar e criar
mais redes.


Continuar o
desenvolvimento
e o apoio das
capacidades da
rede.
Desenvolver e
reforçar a base
de
conhecimentos
e a base de
dados de
conhecimentos
regionais.
Ano 5 e seguintes



Continuar o
desenvolvimento
e o apoio das
capacidades da
rede.
Desenvolver e
reforçar a base
de
conhecimentos
e a base de
dados de
conhecimentos
regionais.
Avaliar e
comunicar os
resultados.
Neste programa, o estudo de planificação é um elemento importante para a criação de uma
base para a criação de redes.
Programa de Desenvolvimento de Capacidades em matéria de
alterações climáticas da SARUA
Estudo de Planificação
Enquadramento de
Co-produção de
Conhecimentos
Objectivo geral do projecto:
• Programas e acções consoante o Enquadramento de
Co-produção de Conhecimentos por forma a criar e
aumentar as redes colaborativas
• Determinar prioridades e
capacidades actuais na região
da SADC relativamente ao
desenvolvimento compatível
com o clima (DCC)
• Identificar oportunidades para
melhorar a colaboração e
produção de conhecimentos.
PHASE 1
• Base científica
regional
A rede de ENSINO
INSTITUCIONAL E
DESENVOLVIMENTO
Rede de
INVESTIGAÇÃO (1)
A rede de ENSINO E
APRENDIZAGEM
Rede de
INVESTIGAÇÃO (2)
2013
• Desenvolvimento
da SADC
O hub da
PLATAFORMA DE
CONHECIMENTO
A rede de ENSINO E
APRENDIZAGEM
2014
2015
2016
• Revitalização do
ensino superior
• Contextualização
da educação
• Resistência e
adaptação
climáticas
2017
PHASE 2
Figura 4: O Programa de Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da SARUA
Conforme ilustrado na Figura 4 acima, o programa procura criar os seguintes seis resultados
durante um período de cinco anos, dos quais o estudo de planificação do Enquadramento de
Co-produção de Conhecimentos (este documento, Volume 1) e os Estudos de Planificação país
a país (que constam do Volume 2) são os principais resultados no primeiro ano (2013). Outros
Maio de 2014
59
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
resultados previstos, os quais serão transmitidos e adaptados pelos próximos compromissos,
conforme definido no roteiro e nas recomendações para o desenvolvimento do sistema (vide
secção 5), são:






Desenvolvimento de uma rede colaborativa – Quatro redes colaborativas criadas,
incluindo uma macro-rede que inclui sete grupos de investigação temáticos, com
capacidade de coordenação e cada um deles com acordo para potenciais hubs de
crescimento.
Alcance político e dos intervenientes – Acordo sobre um Enquadramento de Coprodução de Conhecimentos com os decisores políticos e os trabalhadores que fazem
o desenvolvimento da comunidade em cada país.
Investigação – Grupos/redes colaborativos de investigação operacionais, com 140
alunos de doutoramento a participar até finais de 2016. O programa de formação do
doutoramento oferece eventos de partilha e pequenos cursos entre países que
participam nas redes, bem como mentorado internacional para doutorados e quadros
superiores.
Ensino e aprendizagem – As questões sobre as alterações climáticas foram totalmente
integradas em 50% dos cursos de licenciatura relacionados com desenvolvimento
ministrados pelas universidades participantes da rede da SARUA. Um portfólio regional
de módulos de ensino de mestrados encontra-se disponível, com programas
personalizados a decorrer em 50% dos países-membros, resultando na formação de
420 Mestres até finais de 2016.
Gestão do Conhecimento – Uma base de dados ou plataforma regional de
investigação relacionada com o clima e actividades de ensino na rede SARUA fornece a
base para o trabalho em rede e é actualizada regularmente; a atribuição de
responsabilidades para esta base de dados será uma tarefa importante.
Aprendizagem e apoio institucionais – Os factores institucionais que permitem e
restringem o desenvolvimento do programa identificado e abordado nos planos de
desenvolvimento de 50% das universidades participantes.
O Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos fornecido através deste estudo de
planificação e a respectiva análise proporcionam uma clara orientação sobre a forma como
estes elementos podem ser avançados. As principais direcções estratégicas sugeridas e o
caminho a seguir, com base nas conclusões do estudo de planificação, estão incluídos nas
secções 4 e 5 deste documento.
1.3 Desenvolvimento compatível com o clima e principais conceitos
relacionados
Desenvolvimento compatível com o clima
O desenvolvimento compatível com o clima (DCC) é um desenvolvimento com baixas emissões
de carbono e resistente ao clima. O conceito foi desenvolvido por se reconhecer a necessidade
urgente de adaptação, dada a variabilidade das alterações climáticas e a gravidade dos
impactos climáticos projectados que afectarão a região; há igualmente a necessidade de se
reduzir as emissões tão rapidamente quanto possível para evitar mais alterações climáticas
catastróficas no futuro. Desta forma, embora o DCC possa ser enquadrado de diferentes
Maio de 2014
60
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
formas, dadas as trajectórias de desenvolvimento específicas a nível nacional e local, tal requer
que os riscos climáticos actuais e futuros sejam integrados no desenvolvimento e que tanto a
adaptação como a mitigação sejam objectivos de desenvolvimento integrantes, conforme
indicado na Figura 5 abaixo. Desta forma, o DCC não só reconhece a importância da adaptação
e da mitigação nos novos caminhos de desenvolvimento, como também, conforme explicado
adiante em Mitchell e Maxwell (2010), “o desenvolvimento compatível com o clima avança ao
pedir aos decisores políticos que considerem estratégias de «vitória tripla» que resultem em
baixas emissões, que desenvolvam resistência e promovam o desenvolvimento
simultaneamente”. No contexto da África austral, a redução da pobreza, enquanto
componente integral e objectivo de estratégias de desenvolvimento regional e nacional, seria
um co-benefício desejado. As incertezas nos principais catalisadores da mudança, incluindo os
riscos climáticos, socioeconómicos e políticos, necessita que o DCC seja visto como um
processo iterativo, no qual a identificação da vulnerabilidade e as respostas de redução do
risco sejam revistas com base na aprendizagem contínua. O desenvolvimento compatível com
o clima destaca estratégias climáticas que abrangem objectivos e estratégias de
desenvolvimento que integram as ameaças e oportunidades de um clima em mutação.24 Desta
forma, o desenvolvimento compatível com o clima abre novas oportunidades para
investigação interdisciplinar e transdisciplinar, ensino e compromisso com as comunidades,
decisores políticos e profissionais especializados.
Desenvolvimento Sustentável
Estratégias de
Desenvolvimento
Desenvolvimento
hipocarbónico
Desenvolvimento
resistente às
alterações
climáticas
Desenvolvimento
compatível
com o clima
Estratégias
de mitigação
Benefícios
mútuos
Estratégias
de adaptação
Figura 5: Enquadramento conceptual para o desenvolvimento compatível com o clima (adaptado de Mitchell e
Maxwell, 2010)
24
Mitchell e Maxwell, “Defining climate compatible development”.
Maio de 2014
61
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Embora o DCC seja o conceito central utilizado no trabalho financiado pela CDKN, é importante
que seja compreendido juntamente com o conceito de caminhos de desenvolvimento
resistentes ao clima conforme definido pelo Painel Intergovernamental sobre Alterações
Climáticas (IPCC) e pelo mais vasto conceito de desenvolvimento sustentável (Vide definições
abaixo).
Caminhos resistentes ao clima
A seguinte definição de caminhos resistentes ao clima é retirada do glossário do Quinto
Relatório de Avaliação preparado pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
(IPCC)25: “Processos evolutivos para a gestão da alteração em sistemas complexos para reduzir
perturbações e reforçar oportunidades. Estão enraizados em processos iterativos de
identificação de vulnerabilidades em matéria de impactos das alterações climáticas; tomada de
medidas apropriadas para reduzir vulnerabilidades no contexto das necessidades de
desenvolvimento e nos recursos e para aumentar as opções disponíveis para a redução da
vulnerabilidade e para lidar com ameaças imprevistas; acompanhamento de parâmetros
climáticos emergentes e respectivas implicações, juntamente com acompanhamento da
eficácia dos esforços de redução da vulnerabilidade; e revisão das respostas de redução do
risco baseadas na aprendizagem contínua. Este processo poderá envolver uma combinação de
alterações acumuladas e, conforme necessário, transformações significativas”. O IPCC destaca
a necessidade de concentração na adaptação e mitigação, conforme indicado na seguinte frase:
“Caminhos resistentes ao clima são trajectórias de desenvolvimento que combinam
adaptação e mitigação de forma a realizar o objectivo de desenvolvimento sustentável. Podem
ser vistos como processos iterativos e continuamente em evolução para a gestão das
alterações em sistemas complexos.”26
Desenvolvimento sustentável
A definição mais vastamente aceite de desenvolvimento sustentável, conforme formulada no
relatório “Our Common Future” da Comissão Bruntland em 1987, é o “desenvolvimento que
satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras
satisfazerem as suas próprias necessidades”. Esta definição tem sido altamente influente na
formação de uma política internacional ambiental e de desenvolvimento desde a Cimeira da
Terra do Rio de Janeiro em 1992, na qual a Agenda 21 foi apresentada como um plano global
de desenvolvimento para alinhamento de objectivos de desenvolvimento económico com
sustentabilidade social e ambiental. As discussões prévias sobre desenvolvimento sustentável
tendiam a concentrar-se nos conceitos dos três pilares separadamente: ambiente, economia e
sociedade. Discussões mais recentes sobre desenvolvimento sustentável colocam em primeiro
plano a necessidade de “forte sustentabilidade”, na qual a sociedade, a economia e o
ambiente são vistos como interactivos num sistema inter-relacionado e interligado. O conceito
25
Cenários do PIAC 2013. Quinto Relatório de Avaliação: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Resumo Técnico, redacção de
Outubro de 2013.
26
Cenários do PIAC 2013. “Quinto Relatório de Avaliação”.
Maio de 2014
62
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
de desenvolvimento sustentável, conforme utilizado hoje em dia, de forma vasta, realça que
tudo no mundo está ligado através do espaço, tempo e qualidade de vida e, por isso, necessita
de uma abordagem de sistemas que compreendam e resolvam os problemas sociais,
ambientais e económicos interligados.
O Plano de Implementação de Joanesburgo, o principal resultado da Cimeira Mundial de 2002
sobre Desenvolvimento Sustentável organizada pela África do Sul, reafirmou o compromisso
para com a Agenda 21 e os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Estes objectivos
estão actualmente a ser analisados e serão expandidos através dos Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em 2012, foi realizada a Conferência Rio+20 no Rio de
Janeiro; os resultados desta cimeira mundial sobre desenvolvimento sustentável encontram-se
captados num documento intitulado “The Future We Want” (“O futuro Que Queremos”). Uma
das principais mudanças do discurso e dos objectivos da cimeira anterior de 1992 e da cimeira
Rio+20 é uma preocupação mais forte para com as alterações climáticas e o desenvolvimento
compatível com o clima, especialmente a emergência de um futuro com baixas emissões de
carbono, acompanhado e parcialmente implementado por Economias Verdes. Estes
compromissos internacionais, juntamente com a avaliação contínua de preocupações e
objectivos de desenvolvimento sustentável nacional, levaram à criação de políticas e práticas
de desenvolvimento sustentável. Os ODS que estão agora a ser preparados para orientar a
agenda de desenvolvimento global depois de 2015 vai desenvolver o trabalho prévio realizado
no âmbito dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. O conceito do DCC destaca a
necessidade de integração dos riscos climáticos actuais e futuros no planeamento e prática do
desenvolvimento, no objectivo contínuo de se alcançar um desenvolvimento sustentável.
1.4 Explicar a co-produção de conhecimentos num contexto de
conhecimento multi, inter e transdisciplinar
O âmbito e a escala de problemas e desafios associados às alterações climáticas e a
desenvolvimento compatível com o clima, conforme demonstrado na análise das necessidades
e nos Relatórios de País do estudo de planificação, requerem novas formas de produção de
conhecimentos. As abordagens multi, inter e transdisciplinares à investigação emergem neste
contexto, de um ponto de vista em que a investigação que se baseia numa abordagem normal
(“business as usual”) não levará à ingenuidade para a resolução de desafios complexos sociais
e ecológicos como as alterações climáticas.
A nível histórico, a abordagem dominante à investigação baseia-se na investigação de
disciplina única. Embora a investigação de disciplina única continue a ser extremamente
importante para o desenvolvimento do conhecimento profundo e de alta qualidade, existe
igualmente uma necessidade de expandir essas abordagens ao longo do tempo para com
formas novas e institucionalmente mais complexas de produção de conhecimentos.27 A Figura
27
Tal é assim porque as universidades são organizadas e estabelecidas em torno de uma estrutura disciplinar de produção de
conhecimento.
Maio de 2014
63
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
6 mostra que, ao longo do tempo, a investigação pode contribuir para e incluir uma gama mais
vasta de abordagens de investigação que incluam abordagens de investigação multi, inter e
transdisciplinares.
Escalas de problemas e abordagem
Resultados de
investigação que
cumpre as
necessidades da
sociedade
Tempo
Abordagens de
investigação:
Disciplina
Multi, inter e
Transdisciplinar
+ trans+ entre sectores e
única
disciplinar
escalas
Figura 6: Abordagens de investigação emergentes
[O diagrama acima apresenta abordagens de investigação e a forma como emergem ao longo do tempo,
relativamente a resultados que cumprem as necessidades da sociedade no contexto de problemas complexos que
precisam de ser resolvidos, como o desenvolvimento resistente ao clima. (Fonte: Palmer, Lotz-Sisitka, Fabricius, le
Roux & Mbingi, in press)]
Existe uma prova global de que mais investigadores estão a começar a expandir a abordagem
de disciplina única à investigação de forma a incluir abordagens multi, inter e transdisciplinares
e, através de tal, a respectiva investigação está envolvida entre sectores e escalas e com os
sistemas sociais e ecológicos cambiantes, complexidade e integração.
Os investigadores que trabalham com estas abordagens argumentam que os resultados de
investigação gerados desta forma têm uma maior hipótese de cumprir as necessidades da
sociedade.28
28
Existe um corpo crescente de trabalho científico que reflecte esta perspectiva. Vide por exemplo: Hirsch Hadorn, G., H.
Hoffmann-Riem, S. Biber-Klemm, W. Grossenbacher-Mansuy, D. Joye, C. Phol, U. Wiesmann e E. Zemp (eds). 2008. Handbook of
Transdisciplinary Research. Springer.
Maio de 2014
64
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Estas abordagens emergentes à investigação são esclarecidas abaixo.

Multidisciplinaridade: envolve o recurso a diferentes estudos disciplinares para
abordar um foco ou problema empírico comum. Os métodos e estruturas disciplinares
existentes não mudam na investigação multidisciplinar. A investigação multidisciplinar
ajuda a desenvolver diferentes “ângulos” ou diferentes entendimentos de um
problema, do ponto de vista de diferentes disciplinas.

Interdisciplinaridade: marca uma posição entre multi e transdisciplinaridade. Envolve
estudos multidisciplinares, mas vai mais à frente através do trabalho de síntese que
ocorre em diferentes disciplinas. Envolve o desenvolvimento de um enquadramento
comum e, talvez, a utilização de terminologia e metodologias que vão além da
disciplina, mantendo ao mesmo tempo determinadas distinções disciplinares críticas.
Os processos de síntese e uma “mistura” ou relacionamento de conhecimentos de
diferentes disciplinas são importantes na investigação interdisciplinar.

Transdisciplinaridade: impõe o recurso a estratégias de investigação interdisciplinar,
mas também envolve fazê-las avançar até ao desenvolvimento de uma nova
compreensão teórica e a novas formas de práticas necessárias entre sectores e a
diferentes escalas. Baseiam-se numa interpenetração de perspectivas e
entendimentos disciplinares, bem como na “redistribuição criativa” das mesmas em
contextos práticos29; frequentemente em contextos complexos.
É possível distinguir entre ‘“fraca transdisciplinaridade”, que apenas relaciona
conhecimentos com a prática, e “forte transdisciplinaridade”, que desenvolve mais
profundamente novas formas mais complexas de compreensão e compromisso
quando as novas formas de teoria e prática se juntam30 entre sectores e a diferentes
escalas.
A transdisciplinaridade envolve diferentes modos de argumentação: a racional, a
relacional e a prática. A investigação transdisciplinar apresenta um “programa
científico incompleto” que oferece possibilidades fascinantes para reflexão e
investigação avançadas.31 Isto é cada vez mais visto como uma oportunidade real de
inovação. A investigação transdisciplinar, orientada para a produção de conhecimentos
para a mudança da sociedade, pode ser vista como um processo que se pode
desenvolver ao longo do tempo.

Co-Produção de conhecimentos: Tradicional (e actualmente) a maioria das parcerias
de investigação e de acordos de financiamento continuam a concentrar-se numa
disciplina única. Contudo, as plataformas de investigação internacional,
nomeadamente as que lidam com as preocupações relacionadas com as alterações
29
Bhaskar, R. 2010. “Contexts of interdisciplinarity: interdisciplinarity and climate change.” In Interdisciplinarity and Climate
Change. Transforming knowledge and practice for our global future, editado por R. Bhaskar, F. Frank, K. Hoyer, P. Naess e J. Parker.
London: Routledge.
30
Max-Neef, M. A. 2005. “Commentary: Foundations of Transdisciplinarity,” Ecological Economics 53: 5-16.
31
Max Neef, “Commentary: Foundations of Transdisciplinarity”.
Maio de 2014
65
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
climáticas e o desenvolvimento estão a mudar para co-produção de conhecimentos
inter e transdisciplinares. O desenvolvimento compatível com o clima pode ser
descrito como uma ciência social e ecológica com muitas dimensões difíceis de
resolver e complexas que surgem na interface do ambiente e das relações da
sociedade e práticas sociais. O envolvimento na produção de conhecimentos inter e
transdisciplinares (uma vez que o interesse na nova síntese e no distribuição criativa
de conhecimentos em contextos de prática em escalas e sectores) requer novas
formas de relacionamento, pensamento e acção.
Em resultado, e resultando da natureza das preocupações de DCC, são necessárias
novas parcerias entre investigadores e uma gama mais vasta de intervenientes da
sociedade. O movimento nesta direcção depende: 1) da sociedade se tornar mais
vastamente envolvida na área da investigação (tal inclui investigadores, gerentes,
profissionais especializados e a sociedade civil); 2) dos investimentos de tempo para
desenvolver a confiança entre e a competência de parceiros e participantes de
investigação; 3) de uma vontade para reconhecer de que existem diferentes formas de
conhecimento que precisam de interagir para que ocorra uma mudança da sociedade;
32
e 4) da aprendizagem através da acção ou da aprendizagem social. A co-produção de
conhecimento é igualmente conhecida como co-criação de conhecimentos. Isto requer
a reunião de diferentes contributos no processo de produção de conhecimentos.33
1.5 Metodologia e orientação para o Enquadramento de Co-produção
de Conhecimentos
O âmbito do DCC é necessariamente vasto e transversal entre sectores. Consequentemente, o
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos derivado da análise das necessidades e
da análise institucional nos 12 países da SADC não foca a política sectorial e as instituições,
mas concentra-se em áreas de políticas abrangentes e de co-produção de conhecimentos ou
temas que lidam com integração de alterações climáticas em sistemas de produção de
conhecimentos, planeamento e desenvolvimento (vide secção 4).
Como indicado acima, o estudo de planificação foi elaborado com base numa análise de
necessidades e numa análise institucional realizada país por país em doze países da África
austral. O estudo de planificação é multidisciplinar, envolvendo investigadores activos em
alterações climáticas numa variedade de disciplinas, incluindo, mas não só, Ciências Naturais e
Ambientais, Agricultura, Engenharia, Direito, Educação, Psicologia, Sociologia, Estudos sobre
Géneros, Estudos de Desenvolvimento, Economia e outras. É igualmente verbalizado de várias
formas, envolvendo decisores políticos, intervenientes nacionais e regionais como
funcionários governamentais, coordenadores nacionais da UNFCCC, empresas organizadas,
32
Adaptado da proposta do Akili Complexity Forum, NRF África do Sul (Março de 2010).
33
Esta secção foi adaptada de um futuro documento de Palmer, Lotz-Sisitka, Fabricius, le Roux e Mbingi (in press) e de um texto
sobre multi, inter e transdisciplinaridade no kit de ferramentas do Programa de Integração do Ambiente e Sustentabilidade nas
Universidades Africanas do PNUA: “Inovações de ESD nas universidades” da autoria de Lotz-Sisitka, Rosenberg, Babikwa e Lupele
em 2008 (www.unep.org/training).
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
organizações de investigação nacional, grandes organizações não governamentais e
representantes comunitários, bem como gestores de universidades, colaboradores e alunos.
O estudo de planificação envolveu 12 dos 15 países na região SADC, e nestes países, 57 das 62
universidades que estavam afiliadas à Associação das Universidades Regionais da África Austral
(SARUA) (em finais de 2013). Outras universidades, não actualmente associadas à SARUA,
também participaram no estudo de planificação (vide pormenores da participação no Quadro
3 abaixo). Em cada um dos 12 países participantes no estudo de planificação, foi seguida a
seguinte metodologia (poderá encontrar mais pormenores no Anexo B):
1. Foi realizada uma análise dos intervenientes nacionais e dos investigadores universitários
envolvidos na política de DCC, bem como a prática e a investigação em cada um dos 12
países participantes.
2. Dois questionários, um para profissionais universitários (Anexo C) e um para
intervenientes (Anexo D), foram distribuídos a todos os intervenientes nacionais e
universidades identificados.
3. Foi realizada uma investigação de base sobre o documento de modo a estabelecer os
conhecimentos existentes sobre a política de DCC, as necessidades de conhecimento e
investigação, bem como acordos institucionais. Tal foi consolidado num “Documento de
Informação de Base” (DIB) em cada país, o qual foi distribuído a todos os intervenientes
nacionais e investigadores universitários antes de um workshop nacional, juntamente com
informações sobre o estudo de planificação da SARUA sobre ocorrências de alterações
climáticas.
4. Todos os intervenientes nacionais e investigadores universitários identificados foram
convidados para um workshop nacional organizado pelas universidades da SARUA na
maioria dos países.
5. Foram produzidos relatórios pormenorizados sobre os workshop, os quais circularam por
todos os participantes do workshop para verificação após o workshop.
6. Foram enviados lembretes a todos os intervenientes nacionais e investigadores
universitários identificados para que preenchessem questionários.
7. O Documento de Informação de Base (análise de documento), juntamente com dados do
questionário recebido e relatórios do workshop, complementado com mais investigação
preliminar sempre que necessário, foi utilizado para compilar o estudo de planificação.
8. Os relatórios do estudo de planificação foram elaborados para cada país, o que fornece
material de base e mais dados para prolongar os resumos do Anexo A. Tal é
potencialmente útil para apoiar as alterações climáticas a nível nacional e a investigação
sobre DCC, bem como para desenvolver caminhos para a co-produção do conhecimento
(conforme mencionado acima, estão incluídos numa Monografia de acompanhamento,
Volume 2).
Tudo o que foi acima enunciado deu informações sobre o desenvolvimento deste
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos. As limitações do estudo de planificação
encontram-se definidas com mais pormenor abaixo. Uma questão importante que influenciou
o estudo de planificação foi a falta de informações de base das respostas de DCC e alterações
climáticas nas universidades da África austral, conforme discutido em pormenor abaixo. A
participação no estudo encontra-se resumida na Tabela 4 abaixo.
Maio de 2014
67
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Tabela 4: Análise da participação [SH: intervenientes; INS: universidades]
País-membro
da SADC
Bandei
ra
Instituição membro da SARUA
[E] indica apoio ao programa de cinco anos
[Anfitrião] indica anfitrião do workshop no país
Angola
Universidade Agostinho Neto [Anfitrião]
Universidade Katyavala Bwila [E]
Universidade José Eduardo dos Santos
Botsuana
Universidade Internacional de Ciência e
Tecnologia do Botsuana [E]
Universidade do Botsuana
Nº. de
participante
s no
workshop
Nº de
entrevistados
do inquérito
49
SH: 4
INS: 5
TOTAL: 9
31
SH: 15
INS: 16
TOTAL: 31
Malávi
Universidade do Malávi [E] [Anfitrião]
Universidade Mzuzu
55
SH: 10
INS: 27
TOTAL: 37
Ilhas Maurícias
Universidade das Ilhas Maurícias
Universidade de Tecnologia Maurícias
Universidade das Mascareignes [Anfitrião]
45
SH: 9
INS: 17
TOTAL: 26
Moçambique
Universidade Eduardo Mondlane [E]
Universidade Lúrio [E]
Universidade Pedagógica
48
SH: 4
INS: 6
TOTAL: 10
Namíbia
Universidade da Namíbia [E] [Anfitrião]
16
SH: 13
INS: 17
TOTAL: 30
Seicheles
Universidade das Seicheles [E] [Anfitrião]
21
SH: 13
INS: 2
TOTAL: 15
África do Sul
Universidade de Tecnologia da Península do
Cabo
Universidade da Cidade do Cabo [E]
Universidade de Stellenbosch [E]
Universidade do Cabo Ocidental
Universidade Central de Tecnologia
Universidade do Estado Livre
Universidade de Tecnologia de Durban [E]
Universidade de KwaZulu-Natal
Universidade da Zululândia
Universidade Metropolitana Nelson
Mandela [E]
Universidade de Fort Hare [E]
Universidade de Rhodes [E]
Universidade de Ciência e Tecnologia
Walter Sisulu [E]
Universidade de Joanesburgo [E]
Universidade de Witwatersrand [E]
Universidade do Noroeste [E]
Universidade de Tecnologia do Vaal [E]
Universidade de Limpopo [E]
Universidade de Venda [E]
Universidade de Pretória [E] [Anfitrião]
65
SH: 14
INS: 41
TOTAL: 55
Maio de 2014
68
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
País-membro
da SADC
Bandei
ra
Instituição membro da SARUA
[E] indica apoio ao programa de cinco anos
[Anfitrião] indica anfitrião do workshop no país
Nº. de
participante
s no
workshop
Nº de
entrevistados
do inquérito
Universidade de Tecnologia de Tshwane
[Anfitrião]
Universidade da África do Sul (UNISA) [E]
Suazilândia
Universidade da Suazilândia [E] [Anfitrião]
52
SH: 20
INS: 12
TOTAL: 32
Tanzânia
Universidade Aberta da Tanzânia [E]
Universidade de Saúde e Ciências Aliadas de
Muhimbili
Universidade de Agricultura de Sokoine
Universidade de Dar es Salaam [E]
[Anfitrião]
Universidade Estatal de Zanzibar
Universidade de Mzumbe [E]
Universidade Ardhi
43
SH: 24
INS: 16
TOTAL: 40
Zâmbia
Universidade de Copperbelt [E]
Universidade da Zâmbia [E] [Anfitrião]
Universidade Mulunungushi [E]
53
SH: 16
INS: 10
TOTAL: 26
Zimbabué
Universidade de Educação das Ciências de
Bindura [E]
Universidade Chinhoyi de Tecnologia
Universidade do Grande Zimbabué
Instituto de Tecnologia de Harare [E]
Universidade Estatal de Lupane [E]
Universidade Estatal de Midlands [E]
Universidade Nacional de Ciência e
Tecnologia [E]
Universidade do Zimbabué [E]
Universidade Aberta do Zimbabué [E]
[Anfitrião]
85
SH: 16
INS: 22
TOTAL: 38
O compromisso associado ao estudo de planificação, nos workshops nacionais, foi apreciado
tanto pelos profissionais como pelos intervenientes universitários, conforme demonstrado por
algumas destas citações:
“Recebi informações sobre o envolvimento dos outros e das necessidades de
outros intervenientes em DCC”.
“A incorporação total do DCC no currículo da ensino foi o destaque do dia”.
Participantes da Universidade da Namíbia
Maio de 2014
69
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
“Estou maravilhado com a frequência com que a SARUA foi mencionada no
exercício no qual identificámos redes para DCC. Portanto, trata-se numa nova rede
que foi criada agora. Anteriormente, tal estava apenas ao nível dos vice-reitores.
Mas agora, com este workshop, vemos a utilidade da SARUA ao nosso nível e, no
país, enquanto rede nacional”.
Quadro superior académico da Suazilândia
“Por uma vez nas nossas vidas sentimos: por que não continuam as actividades
como esta? Gostaríamos de colaborar com a nossa universidade. Era uma
oportunidade para dizermos que era o que estávamos a fazer e também para
ouvirmos o ponto de vista das universidades. Foi portanto uma excelente
oportunidade para partilhar ideias. Enquanto grupo, destacámos questões de
melhoria, áreas em que achamos que a universidade deveria ser inovadora. A
UNISWA, enquanto universidade líder do país deveria liderar”.
Gerente paraestatal da Suazilândia
A análise de necessidades identificou necessidades de conhecimento e investigação, bem
como lacunas na capacidade institucional e relevantes para as alterações climáticas e para o
desenvolvimento compatível com o clima em 12 países da SADC (resumidas na Secção 2, com
mais dados no Anexo A e nos Relatórios Individuais de País apresentados no Volume 2). A
análise das necessidades aponta as implicações da co-produção de conhecimentos a nível
regional.
A análise institucional identificou actividades existentes de investigação, ensino, comunitárias
e de alcance político associadas ao desenvolvimento compatível com o clima em universidades
da SADC, bem como áreas principais de competência, redes de conhecimentos e centros
existentes de competência e centros de excelência para as alterações climáticas e o
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos sobre o desenvolvimento compatível com
o clima (resumidos na secção 3 abaixo, com mais dados no Anexo A e nos Relatórios
Individuais de País do Volume 2). A análise institucional aponta também as implicações da coprodução de conhecimentos a nível regional.
O estudo fornece uma “base de conhecimento” das necessidades de co-produção de
conhecimentos compatíveis com o clima e possibilidades na região da SADC (dos doze países),
bem como uma base de dados de investidores e intervenientes activos no DCC na região da
África austral. Tal revela a diversidade das alterações climáticas e as necessidades de
desenvolvimento compatível com o clima na África austral, mas também as semelhanças. Mais
importante, identifica e planifica áreas de colaboração futuras e apresenta um roteiro para a
co-produção de conhecimentos de rede na região da SADC.
1.6 Limitações do estudo de planificação
Este estudo de planificação foi condicionado por a) uma falta de dados de referência sobre
conhecimento, lacunas de investigação para o desenvolvimento compatível com o clima e
respostas baseadas na universidade em todos os doze países envolvidos no estudo de
planificação, bem como b) condicionamentos de tempo e recursos que não permitiram uma
Maio de 2014
70
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
visita de campo aprofundada, entrevistas ou observações individuais antes, durante e após o
processo de consulta. Além disso, as informações geradas nos workshops nacionais
relacionam-se com o número de participantes, a sua experiência e o número de diferentes
sectores e instituições presentes. Por outro lado, embora todos os esforços tenham sido
envidados para obtenção de respostas ao questionário de tantos intervenientes quanto
possível (no total 1118 indivíduos foram contactados durante este estudo para que dessem
opiniões de alguma forma) e de terem sido realizados acompanhamentos após o workshop
para reforçar este aspecto, o leque de respostas obtidas ao questionário fornece algumas
limitações ao conjunto de dados. Contudo, as melhores informações disponíveis foram
cuidadosamente consolidadas, analisadas e verificadas na construção deste Enquadramento
de Co-produção de Conhecimentos. De um modo geral, o estudo de planificação foi ainda
condicionado por um corte orçamental imposto a meio do estudo, o qual teve impacto na
abordagem do workshop, reduziu a profundidade da análise possível em alguns países e exigiu
patrocínio em espécies como pré-condição para a realização de workshops nacionais. Embora
tal tenha sido alcançado, a participação nos workshops foi condicionada pelo facto de não
estar disponível qualquer patrocínio para viagens ou alojamento a nível local.
Embora muita informação possa ser obtida sobre as lacunas de conhecimento sobre alterações
climáticas e DCC, as necessidades de investigação e as lacunas de capacidade, há obviamente
mais a aprender sobre as mesmas. Da mesma forma, foi obtida tanta informação quanto
possível sobre “quem está a fazer o quê” e sobre a investigação existente, a prática e as
possibilidades da co-construção dos conhecimentos, mas existe claramente mais a aprender
sobre isto. Este Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos regional, baseado no
estudo de planificação pode, por conseguinte, ser visto como um “documento inicial” útil e
espera-se que as universidades e os Ministérios do Ensino Superior nos países da África austral
possam levar em frente esta análise em actividades de análise contínuas de planificação e
revisão da avaliação relacionadas com a investigação de DCC e co-produção de conhecimentos.
1.7 Expansão do estudo de planificação
Existem várias maneiras de expandir este estudo, nomeadamente com a administração de
questionários (incluídos nos Anexos C e D) de forma a incluir uma maior percentagem de
académicos em todas as universidades dos países da África austral, e depois ser capaz de visar
este estudo de planificação, e de forma a permitir dados agregados dentro e entre
Universidades, Faculdades e Departamentos (Anexo C). O âmbito desta análise pormenorizada
não depende da capacidade do actual estudo de planificação. Os dados dos questionários são,
por conseguinte, indicativos e não conclusivos. Da mesma forma, o questionário para os
intervenientes pode ser administrado com mais intervenientes regionais, nacionais e locais
(Anexo D) envolvidos em iniciativas ambientais e de desenvolvimento nos países da África
austral de forma a compreender o âmbito total das alterações climáticas e da receptividade ao
DCC na região e desenvolver mais a capacidade de co-produção dos conhecimentos para o
DCC na SADC. Por conseguinte, de várias formas, o estudo da SARUA, conforme transmitido no
Relatório de País do estudo de planificação, define o caminho a seguir para uma análise
reflexiva, pormenorizada e contínua da capacidade de co-produção de conhecimentos de DCC
na África austral, e através dos questionários e da análise fornecida neste documento, começa
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
a fornecer acompanhamento e capacidade de desenvolvimento contínuos para a co-produção
de conhecimentos de DCC na África austral. Os seguintes países não foram incluídos no estudo
de planificação devido a uma falta de orçamento que cubra os 15 países e à curta duração do
estudo de planificação:
Tabela 5: Países não incluídos no estudo de planificação de 2013
Países e Universidades não incluídos no estudo de planificação de 2013
República Democrática do
Congo
Universidade de Goma
Universidade de Lubumbashi [E]
Universidade Oficial de Bukavu
Lesoto
Universidade do Lesoto [E]
Madagáscar
Universidade de Fianarantsoa [E]
A SARUA pode vir a adicionar estes países e universidades no futuro através de um estudo de
planificação separado ou poderão vir a ser incorporados no Enquadramento de Co-produção
de Conhecimentos regional na forma de uma avaliação e participação voluntária nos temas
identificados.
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
2 ANÁLISE DAS NECESSIDADES
2.1 Riscos regionais das alterações climáticas e necessidade de coprodução de conhecimentos de DCC
2.1.1 Alterações climáticas regionais observadas e projectadas
Os novos riscos introduzidos pelas alterações climáticas resultam da interacção entre o
aumento da temperatura e as alterações na precipitação. As alterações de temperatura
observadas na África austral já são mais elevadas do que o aumento comunicado de outras
partes do mundo (IPCC, 2007); as projecções indicam um aumento de 3,4 °C da temperatura
anual (até 3,7 °C na Primavera), ao comparar o período de 1980-1999 com o período de 20802099. O aquecimento médio sobre a superfície da terra na África austral poderá exceder os
aumentos de temperatura média da superfície da terra em todas as estações. Análises
recentes mostram uma provável redução na precipitação na região sudeste da região,
estendendo-se a nordeste a partir das áreas desertas da Namíbia e Botsuana, com condições
mais húmidas em determinadas partes, como por exemplo a Cordilheira Drakensberg. Os
Invernos mais secos são projectados mas partes mais vastas da África austral até ao final do
século, assim como os Verões mais secos, relacionado com o aparecimento tardio das chuvas
nas regiões onde há precipitação no Verão. Outras projecções são feitas sobre a seca geral na
África austral, com um aumento da variabilidade da precipitação, um atraso no aparecimento
da estação das chuvas que cessa precocemente em várias partes e um aumento da intensidade
da precipitação em algumas partes. 34
35
A Figura 7 mostra as alterações observadas e projectadas da temperatura e da precipitação
da região da África austral.
34
A referência para estas projecções é a análise da África austral executada pelo Grupo de Análise dos Sistemas Climáticos (CSAG)
na Universidade da Cidade do Cabo recorrendo a 21 simulações que servem de modelo complementadas com conclusões do
Relatório de Avaliação do IPCC do 2007 [IPCC (2007a) Alterações Climáticas 2007: The Physical Science Basis. Contribuição do
Grupo de Trabalho I do Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, editado por
Solomon, S., D. Qin, M. Manning, Z. Chen, M. Marquis, K.B. Averyt, M. Tignor e H.L. Miller. Cambridge, Reino Unido e Nova
Iorque, NI, EUA: Cambridge University Press]. The CSAG analysis was conducted for the land area falling between 12-35°S and
10-52°E, and for the emissions scenario named "A1B" – see http://media.csag.uct.ac.za/faq/qa_3impacts.html. Esta área
abrange a África do Sul, o Lesoto, a Suazilândia, a Namíbia, o Botsuana, o Zimbabué, Moçambique, Madagáscar, a Zâmbia, a
maior parte do Malávi e a metade austral de Angola.
35
As projecções das futuras alterações climáticas apresentadas nas Figuras 7 e 8 foram fornecidas pelo Council for Scientific and
Industrial Research (CSIR) e obtiveram através da redução o resultado de vários Modelos Climáticos Globais (CGCM) em alta
resolução sobre África, recorrendo a um modelo climático regional. Todos os CGCM reduzidos contribuíram para o Projecto
Associado de Intercomparação de Modelos Fase 5 (CMIP5) e o Relatório de Avaliação 5 (AR5) do Painel Intergovernamental para
as Alterações Climáticas (IPCC). São fornecidos pormenores sobre estas simulações no Relatório Técnico Nº. 1 da Fase 1 do LTAS.
O modelo regional utilizado é o Modelo Atmosférico Cúbico Conforme (CCAM) desenvolvido pelo CSIRO na Austrália. Para várias
aplicações de CCAM na África austral, vide Engelbrecht, F.A., W.A. Landman, C.J. Engelbrecht, S. Landman, B. Roux, M.M. Bopape,
J.L. McGregor e M. Thatcher. 2011. “Multi-scale climate modelling over southern Africa using a variable-resolution global model,”
Water SA 37: 647-658.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
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Nota: O 90º percentil (painel superior), mediano (painel médio) e o 10º percentil (painel inferior) são apresentados num conjunto de reduções de três projecções CGCM, para cada um dos
períodos de tempo. As reduções foram realizadas com recurso ao modelo regional CCAM. Todas as projecções CGCM estão a contribuir para o CMIP5 e para o AR5 do IPCC, e são para o RCP4.5.
Figura 7: Alterações projectadas na temperatura média anual (°C) e na precipitação média anual (mm) na região da SADC, para o período de 2040–2060 e 2080–2099, relativamente a 1970–2005
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Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
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Nota: O 90º percentil (painel superior), mediano (painel médio) e o 10º percentil (painel inferior) são apresentados num conjunto de reduções de três projecções CGCM, para cada um dos
períodos de tempo. As reduções foram realizadas com recurso ao modelo regional CCAM. Todas as projecções CGCM estão a contribuir para o CMIP5 e para o AR5 do IPCC, e são para o RCP8.5.
Figura 8: Alterações projectadas na temperatura média anual (°C) e na precipitação média anual (mm) na região da SADC, para o período de 2040–2060 e 2080–2099, relativamente a 1970–2005
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As Figuras 7 e 836 mostram as alterações projectadas na temperatura média anual (°C) e na
precipitação média anual (mm) na região da SADC, pois os períodos de tempo de 2040–2060 e
2080–2099, relativamente a 1970–2005. As projecções CGCM da {REF} são para o RCP4.5 e as
projecções da Figura 7 e da Figura são para o RCP8.5.
Se a trajectória das emissões globais não for limitada e as temperaturas globais subirem 4 °C
acima dos níveis pré-industriais, é provável que a África austral veja diminuições de até 30% da
precipitação todos os anos, e decréscimos de 50-70% dos lençóis freáticos (PNUA 2013).37 Além
disso, projecta-se que os recifes de corais estejam totalmente extintos muito antes de
entrarmos num “Mundo de 4 °C”, resultando, assim, numa perda dos sistemas essenciais de
apoio às pescas marítimas, ao turismo e à protecção do litoral contra a subida do nível do mar
e as vagas de tempestades que originam (ibid.).
2.1.2 Impactos e vulnerabilidades regionais das alterações climáticas
De um ponto de vista global, a África austral é uma das regiões mais vulneráveis aos impactos
das alterações climáticas. A variabilidade e a vulnerabilidade das alterações climáticas a
fenómenos extremos como cheias e secas são elevadas, e vários factores existentes, incluindo
a disponibilidade hídrica, a degradação da terra, a desertificação e a perda de biodiversidade
restringem a segurança alimentar e o desenvolvimento. A redução da pobreza estrutural da
região é ainda mais desafiada pelas ameaças de saúde como a malária e o VIH/SIDA, bem
como aspectos institucionais e de governação. As alterações climáticas vão constituir muitos
dos problemas interligados dos meios de subsistência regionais, frequentemente baseados na
subsistência da agricultura, e das economias regionais, frequentemente dependentes dos
recursos naturais. A elevada vulnerabilidade da região às alterações climáticas é uma função
da severidade dos impactos físicos projectados das alterações climáticas e deste contexto
repleto de factores, conforme discutido abaixo, que eleva a exposição e a sensibilidade aos
impactos.
A região da África austral enfrenta impactos consideráveis dos impactos físicos projectados das
alterações climáticas acima mencionados. Outros riscos provocados pelo clima, além dos
efeitos directos do aumento da temperatura e do aumento da incidência e/ou severidade de
fenómenos extremos como cheias e secas, incluem mais vendavais, períodos muito quentes e
incêndios florestais. Tanto os riscos aumentados como os riscos novos actuarão ao nível local
de modo a incluir outros factores e pressões de desenvolvimento enfrentados pelas pessoas e,
a nível nacional, nas economias dependentes de recursos naturais da região. A natureza
abrangente dos impactos destaca o facto de as alterações climáticas não serem um pequeno
problema ambiental, mas um desafio fundamental de desenvolvimento que requer respostas
36
Tendências e cenários climáticos para a África do Sul. Cenários de Adaptação a Longo Prazo (LTAS) do Programa Pioneiro de
Investigação. Fase 1, Relatório Técnico nº. 1. Engelbrecht et al.,“Multi-scale climate modelling”
37
PNUA. 2013. “Africa’s Adaptation Gap Technical Report: Climate change impacts, adaptation challenges and costs for Africa,”
available at http://www.unep.org/pdf/AfricaAdapatationGapreport.pdf
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
novas e alargadas que salientem a necessidade de mais investigação numa vasta gama de
disciplinas, bem como de uma abordagem interdisciplinar para a investigação dentro e entre
universidades e institutos de investigação na região.
Um exercício recente para planificar vulnerabilidades actuais e futuras relacionadas com o
clima na África austral encontrou uma gama actual de exposição elevada situada entre 12° e
25 °S, projectada para se estender a sul à latitude 30 °S e nas partes a noroeste da região até
2050.38 Esta análise concluiu que a vulnerabilidade dos impactos climáticos intensificar-se-ia
nas seguintes áreas: leste e norte de Angola, partes da República Democrática do Congo (RDC),
Malávi austral, o Highveld da África do Sul, partes de Madagáscar e sul e oeste da Zâmbia. Um
dos principais factores na região de stress hídrico é o impacto das alterações climáticas na
disponibilidade e acesso aos recursos hídricos; como menciona Schulze (2007), a escassez de
água já é grave em muitas bacias hidrográficas à meso-escala e serão muito provavelmente
exacerbados pelas alterações climáticas.39
Os impactos das alterações climáticas manifestar-se-ão de forma localmente específica,
destacando a necessidade de desenvolver resistência num âmbito mais alargado, além das
intervenções mais pequenas que visam aspectos específicos do problema. Contudo, no
contexto da África austral, onde muitos meios de subsistência dependem directamente dos
recursos naturais como os produtos florestais não lenhosos, a agricultura de sequeiro e a
pecuária, os impactos comuns disseminados vão talvez aumentar a probabilidade da ruína das
colheitas; maior insegurança dos meios de subsistência; mais fome, doenças e mortalidade;
vendas forçadas dos bens do agregado familiar como o gado, sobreendividamento, migração e
dependência de auxílio alimentar; e uma espiral descendente nos indicadores do
40
desenvolvimento humano como a saúde e a educação. Estas cadeias casuais interligadas
destacam a necessidade de mais investigação sobre as dimensões sociais sobre a forma como
as alterações climáticas se manifestarão na região.
Além disso, a região SADC está altamente vulnerável a processos globais existentes e
potenciais e a choques como a crise financeira, o petróleo e o aumento do preço dos
alimentos, bem como a crise energética regional. Isto requer capacidades de desenvolvimento
institucional para a gestão de conflitos, mediação e (de um modo geral) a previsão de
aptidões.41 Tais capacidades serão igualmente de valor no reforço da resposta regional às
38
Midgley, S.J.E., R.A.G. Davies and S. Chesterman. 2011. Climate Risk and Vulnerability Mapping in Southern Africa: Status quo
(2008) and future (2050). Para o Programa Regional Para as Alterações Climáticas da África Austral (RCCP), Departamento do Reino
Unido para o Desenvolvimento Internacional (DFID). Cidade do Cabo: OneWorld Sustainable Investments.
39
R.E. Schulze. 2007. “Some foci of integrated water resources management in the “South” which are oft-forgotten by the “North”:
A perspective from southern Africa,” Water Resources Management 21:269–294.
40
Parry, M.L., O.F. Canziani, J.P. Palutikof, P.J. van der Linden e C.E. Hanson (eds). 2007. Climate Change 2007: Impacts, Adaptation
and Vulnerability. Contribuição do Grupo de Trabalho II do Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental para as
Alterações Climáticas. Cambridge, UK: Cambridge University Press.
Midgley et al. 2011. Climate Risk and Vulnerability Mapping in Southern Africa.
41
Giuffrida, L. e H. Müller-Glodde. 2009. Reforço das estruturas institucionais da SADC – o desenvolvimento de capacidades é a
chave para a eficácia do Secretariado da SADC. Chapter 6 in Monitoring Regional Integration in Southern Africa Yearbook 2008,
available at http://www.kas.de/upload/auslandshomepages/namibia/MRI2008/MRI2008_06_Giuffrida.pdf.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
alterações climáticas e constituem um elemento importante do desenvolvimento da
capacidade das alterações climáticas, dentro e além das instituições de ensino superior.
Estes impactos e vulnerabilidades regionais podem ser ainda mais contextualizados com as
conclusões do Africa Environment Outlook-3 (AEO-3), uma publicação de referência elaborada
pelo PNUA para a AMCEN (Conferência Ministerial Africana sobre o Ambiente), que fazia uma
análise crítica da ligação entre ambiente e saúde. O relatório revelou que 28% do peso das
doenças em África está directamente relacionado com o declínio da integridade ambiental,
representando a diarreia, as infecções respiratórias e a malária 60% das doenças conhecidas
relacionadas com o ambiente em África. Salientou que as alterações climáticas acrescentam
novos desafios e são responsáveis pelo aparecimento e reaparecimento de doenças em áreas
anteriormente isentas de doenças, mostrando igualmente um aumento dos desafios de
42
implementação devido às fracas estruturas institucionais e à fraca coordenação sectorial.
Apesar destes graves impactos projectados, existem oportunidades significativas para a
existência de meios de subsistência e economias resistentes na região. Por exemplo, através
de alterações sociais, comportamentais e técnicas para salvaguardar o importante sector
agrícola através da ampliação do sector agro-florestal e da agricultura de conservação, e do
desenvolvimento de culturas mais tolerantes ao calor e à seca, bem como variedades de gado,
ou através do domínio de potenciais benefícios do desenvolvimento convertendo velhas infraestruturas e concebendo novas infra-estruturas resistentes aos impactos climáticos
projectados. Ampliar estas oportunidades vai requerer uma investigação orientada,
disseminação dos conhecimentos e inovação da tecnologia; é aqui que o sector do ensino
superior pode desempenhar um papel importante, por exemplo através do programa das
alterações climáticas da SARUA.
2.1.3 Prioridades ao nível da SADC para operação conjunta do DCC
Esta secção resume as principais prioridades ao nível da SADC para as alterações climáticas e o
DCC, conforme expresso nas principais políticas, enquadramentos e outros documentos
regionais. Estas prioridades podem ser ainda mais contextualizadas no contexto da Declaração
de Gaborone sobre Alterações Climáticas e Desenvolvimento de África, desenvolvida na quinta
sessão da Conferência Ministerial Africana sobre o Ambiente (AMCEN), realizada em Gaborone,
Botsuana, de 15 a 18 de Outubro de 2013. A declaração reafirmou a adaptação como
prioridade e necessidade essenciais para África, e exortou os países desenvolvidos e o Green
Climate Fund Board, assim que ficar operacional, a aumentar rapidamente o apoio à
implementação dos planos e medidas de adaptação em África. A declaração exortou para um
mecanismo internacional que aborde as perdas e danos associados aos efeitos adversos das
alterações climáticas, incluindo, particularmente, o impacto na agricultura, bem como o
desenvolvimento de um programa de trabalho abrangente que cubra várias áreas desde as
finanças à transferência de tecnologia e desenvolvimento de capacidades, que apoiem a
42
http://www.unep.org/roa/Portals/137/Gaborone_declaration.pdf, acedido a 27 de Novembro de 2013.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
produção de uma agricultura sustentável. As instituições, incluindo os centros de excelência
africanos, foram chamadas a apoiar a elaboração da agenda de investigação em apoio à
posição comum africana.
O ambiente é uma questão transversal no Plano de Desenvolvimento Regional Indicativo e
Estratégico (RISDP) 43 da SADC, onde juntamente com o desenvolvimento sustentável é
representado como uma área prioritária de intervenção transversal entre sectores (número 6).
O Protocolo Ambiental da SADC está na fase final de elaboração e aguarda aprovação
ministerial. Em 2012, a SADC desenvolveu um Documento Sobre as Alterações Climáticas.44
Subsequentemente, a SADC desenvolveu um projecto de Programa para as Alterações
Climáticas, o qual aguarda a finalização. O Programa tem como objectivo aumentar a
resistência da região aos efeitos das alterações climáticas e alinhar as iniciativas sobre as
45
alterações climáticas a nível nacional e regional, através de uma abordagem integrada. O
desenvolvimento de capacidades é uma componente importante concentrada não só na
aquisição de conhecimentos, competências e capacidade para compreender e abordar as
alterações climáticas, como também para promover uma mudança de atitudes e
comportamentos.46 Estes elementos do Programa Para as Alterações Climáticas da SADC
salientaram a importância do foco proposto sobre diferentes aspectos do desenvolvimento de
capacidades no programa da SARUA, conforme discutido mais abaixo e nas secções
subsequentes, incluindo a importância de mais envolvimento das disciplinas de ciências sociais
“não tradicionais”, como a psicologia, sociologia e comunicações, nas metodologias de
investigação para as promoção de alterações de comportamento. A adaptação e a mitigação
são componentes importantes do programa, sendo a última importante para o contexto do
encorajamento dos países a adoptarem vias de desenvolvimento com baixas emissões de
carbono, indicando a congruência entre as prioridades de alterações climáticas da SADC e o
foco em desenvolvimento resistente ao clima ou desenvolvimento compatível com o clima do
programa da SARUA. Relativamente à componente “Investigação, Desenvolvimento e
Transferência de Tecnologia”, o programa procura gerar informações baseadas em provas,
desenvolver tecnologias apropriadas para o desenvolvimento sustentável e a redução da
pobreza, bem como disseminar as tecnologias. Quanto ao financiamento, o programa visa criar
um fundo regional sobre alterações climáticas e facilitar o acesso ao financiamento climático
da parte dos Estados-Membros. Estas prioridades apontam para a necessidade de mais
investigação e acção nas esferas e disciplinas tecnológicas, sociológicas e
económicas/financeiras.
43
SADC. 2004. Regional Indicative Strategic Development Plan. Gaborone: Secretariado da SADC.
44
Lesolle, D. 2012. SADC Policy Paper on Climate Change: Assessing the Policy Options for SADC member states. SADC Research
and Policy Paper Series, 01/2012.
45
As informações sobre o programa são retiradas de uma apresentação feita por Sibongile Mavimbela-Dlamini, intitulada “SADC
Overview of Climate Change”. Onde? Mais pormenores...
46
O projecto do Programa para as Alterações Climáticas da SADC apoia ainda a implementação de programas sobre alterações
climáticas nos Estados-Membros orientada pela definição indicativa e conceptual de um enquadramento abrangente de
programas africanos sobre alterações climáticas (AMCEN, 2009), Enquadramento Climático da África Austral e circunstâncias
nacionais.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
A SADC realizou recentemente um Simpósio Regional Para as Alterações Climáticas (em
Setembro de 2013), e está actualmente envolvida no desenvolvimento de uma Estratégia
Regional Para as Alterações Climáticas (desde Setembro de 2013).
Além da futura Política Sobre Alterações Climáticas, enquadramentos políticos/jurídicos e
programas no sector prioritário da SADC da água são indicativos da abordagem e as
prioridades da SADC para as alterações climáticas, nomeadamente o Protocolo da ADC sobre
Cursos de Água Partilhados, o Programa Regional e Estratégico de Apoio ao Desenvolvimento
de Infra-estruturas e a estratégia de 2011 para as alterações climáticas e a água definidas no
documento Adaptação às alterações climáticas na SADC: uma estratégia para o sector hídrico.
As alterações climáticas e a estratégia hídrica têm o objectivo de melhorar a resistência
climática na África austral através da gestão de recursos hídricos integrados e adaptados aos
níveis regional, local e das bacias fluviais. As principais estratégias de adaptação definidas para
uma abordagem regional incluem a governação hídrica, o desenvolvimento de infra-estruturas
e a gestão hídrica. A estratégia destaca igualmente a necessidade de criar conhecimento
autóctones ao desenvolver medidas de adaptação para o sector hídrico e centra-se na
implementação de medidas das quais não nos vamos arrepender no futuro, ou das quais
pouco nos arrependeremos, num período de tempo de 20 anos. Tal incita medidas de
adaptação a diferentes níveis, em diferentes fases do processo de adaptação e em diferentes
áreas de intervenção.
Apesar dos recentes desenvolvimentos positivos na criação de políticas e estratégias
relevantes, existem preocupações de que a SADC, enquanto entidade regional, tenha sido
fraca na tradução de afirmações e declarações políticas para planos concretos de
implementação,47 e não tenha tido até recentemente uma agenda clara sobre as alterações
48
climáticas. Espera-se que a futura Política para as Alterações Climáticas e a Estratégia
Regional Para as Alterações Climáticas dêem um passo significativo na abordagem desses
condicionalismos, assim como a implementação do Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos da SARUA.
Principais programas regionais de desenvolvimento de capacidades para as alterações
climáticas incluem o seguinte:

Programa da SADC para o Desenvolvimento de Capacidades para os Riscos Climáticos,
que visa desenvolver a capacidade dos responsáveis em compreender e abordar o
risco climático nas suas planificações e processos de tomada de decisões aos níveis
regional, nacional e sub-nacional;
47
Richards. 2008. Assessing progress on climate change policy and practice: Observations from South Africa and SADC. Policy:
issues and actors Vol 21 no 1. Johannesburg: Centro de Estudos de Defesa. Available at
http://www.cps.org.za/cps%20pdf/pia21_1.pdf
48
Ruppel, O.C. e K. Ruppel-Schlichting. 2012. “Climate change and human security: relevant for regional integration in SADC?”
(Capítulo 2) in Monitoring Regional Integration in Southern Africa Yearbook 2011., 32-71. Trade Law Centre for Southern Africa /
Konrad Adenauer Stiftung.
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80
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos


Projecto CLIMTRAIN (mitigação e adaptação às alterações climáticas), que procura
reforçar os conhecimentos internos sobre questões relacionadas com as alterações
climáticas no desenvolvimento rural, desenvolver materiais de recurso e criar parcerias;
O Programa de Educação Ambiental Regional da (SADC REEP), que tem facilitado a
educação para as alterações climáticas em várias universidades e faculdades através
da Integração do programa Ambiente e Sustentabilidade nas Universidades Africanas
(MESA) entre 2009 e 2013, tem facilitado conjuntamente a escrita de um livro sobre
Educação para as alterações climáticas nas escolas da SADC que irá ser publicado pela
UNISA em 2013 e facilita actualmente um curso de formação sobre a adaptação às e
mitigação das alterações climáticas em Áreas de Conservação Transfronteiriças através
de um projecto financiado pelo GIZ (2013 – 2014).49
O SADC REEP tem trabalhado com o Programa de Educação e Desenvolvimento de
Competências da SADC no reforço a integração da educação para o desenvolvimento
sustentável, na qual a educação para as alterações climáticas tem sido um factor. O sector da
Educação da SADC e os Ministros da Educação estão a favor de uma abordagem à educação
para o desenvolvimento sustentável que integre as alterações climáticas e outras questões
transversais e emergentes na escola, na educação de professores e no desenvolvimento
curricular. Está aqui implícita uma abordagem holística e a SARUA poderá desempenhar um
papel importante no fornecimento de resumos de políticas neste sentido, bem como através
da implementação de propostas para inovação curricular e integração das alterações
climáticas (vide secções 4 e 5). Tal iniciativa seria apoiada pelo sector do Ambiente da SADC,
que gostaria de ver a integração das alterações climáticas no Ensino Superior e no sistema
escolar.
Saindo da região, o Mercado Comum da África Austral e Oriental (COMESA), a Comunidade da
África Oriental (CAO) e a SADC assinaram um Acordo Tripartido para a Implementação do
Programa para a Adaptação e Mitigação das Alteração Climáticas na África Oriental e Austral a
15 de Julho de 2012, depois da Cimeira Rio+20 realizada sob os auspícios da Conferência das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (UNCSD). No seguimento da fase de testes
da Iniciativa para as alterações climáticas, as três Comunidades Económicas Regionais (CER)
concordaram abordar o desafio ameaçador das alterações climáticas na África oriental e
austral e, assim, desenvolveram conjuntamente um Programa de Cinco Anos para a Adaptação
e Mitigação das Alterações Climáticas na Região COMESA-CAO-SADC. O objectivo geral do
Programa é abordar os impactos das alterações climáticas através de acções bem-sucedidas de
adaptação e mitigação que visam o desenvolvimento de resistência socioeconómica das
comunidades através de uma agricultura inteligente em termos de clima (CSA). O programa
visa incrementar os investimentos nas práticas agrícolas resistentes ao clima e eficientes na
redução de emissões de carbono e reforçar as ligações entre agricultura, sector florestal e
49
Esta lista é indicativa, e não abrangente, em sintonia com as limitações de âmbito do estudo de planificação.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
outros aproveitamentos da terra (AFOLU) e práticas de energia renovável nos EstadosMembros/Parceiros da COMESA-CAO-SADC.50
A assinatura do Acordo Tripartido demonstra os esforços colectivos das CER em abordar as
alterações climáticas na região no enquadramento destinado à acção de acompanhamento
acordada na Cimeira Rio+20. A Cimeira reconheceu as alterações climáticas como uma crise
transversal e persistente e resolveu aumentar a produção agrícola sustentável. A assinatura do
Acordo oferece igualmente uma oportunidade para a inclusão das alterações climáticas como
uma das áreas de cooperação ao abrigo do enquadramento tripartido COMESA-CAO-SADC.
Harmonizando estes variados acordos, protocolos, estratégias e programas, parece que as
principais prioridades de acção para as alterações climáticas na região da SADC residem nas
áreas da agricultura inteligente em termos de clima e da segurança alimentar, incluindo um
foco na resistência, bem como numa agricultura eficiente na redução de emissões de carbono,
água, incluindo a gestão reforçada, adaptada e integrada de recursos hídricos, saúde e
integração das alterações climáticas nos currículos educacionais. Há uma ênfase importante
sobre as dimensões sociais da resposta às alterações climáticas, incluindo a compreensão do
contexto repleto de factores, a compreensão daquilo que constituiria meios de subsistência
resistentes e as áreas de alteração de atitudes e comportamentos. Contudo, tal trata-se
apenas de uma lista parcial e terá de ser verificada relativamente à Política e Estratégia em
Matéria de Alterações Climáticas da SADC.
Existem vários programas de investigação regional em matéria da alterações climáticas, tal
como o Programa em matéria de alterações climáticas do Instituto de Investigação JICA que se
concentra na investigação da adaptação ao impacto das alterações climáticas, em medidas de
adaptação comunitária e na investigação de mitigação, com foco nas emissões de dióxido de
carbono. Outro exemplo é o Programa Regional em matéria de alterações climáticas (RCCP)
financiado pelo DfID para a África austral (2009-2014) que visa aumentar a participação
regional em projectos de adaptação financiados a nível global e melhorar a resistência. Neste
contexto, a Conferência do Clima Africano de 2013 (ACC2013), organizada pelo Programa de
Investigação para o Clima Mundial (WCRP), pelo Centro de Políticas do Clima Africano) (ACPC)
e pela Universidade de Dar es Salaam, realizada em Outubro de 2013 em Arusha, Tanzânia,
identificou lacunas actuais de conhecimento climático, identificou áreas prioritárias e definiu
uma agenda para fazer avançar as fronteiras da investigação climática africana que informará
sobre decisões de desenvolvimento e adaptação, elaborou um roteiro para a integração de
informações climáticas no processo de tomada de decisões e identificou as principais
instituições africanas que irão preparar ideias de investigação e desenvolvê-las ainda mais nas
propostas do programa de investigação pan-africano que reforçam os serviços climáticos. A
conferência desenvolveu uma Agenda Africana Prioritária em Matéria de Investigação
Climática para os Serviços e o Desenvolvimento Climáticos que especifica as propostas críticas
de investigação Pan-Africana em quatro áreas importantes: (i) investigação de
50
O Programa é financiado através de um compromisso financeiro de vários doadores equivalente a US$90 milhões do Governo da
Noruega, da Comissão da União Europeia e do Governo do Reino Unido e Irlanda do Norte durante um período de cinco anos.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
multidisciplinaridade concebida conjuntamente para a melhoria das competências e
fiabilidade das previsões climáticas em escalas temporais e espaciais; (ii) preenchimento de
lacunas de dados, adaptando-os ao processo de tomada de decisões do sector; (iii)
desenvolvimento de capacidades a todos os níveis; e (iv) integração de serviços climáticos no
processo de tomada de decisões: ligação dos conhecimentos à acção, comunicação melhorada
e mais eficaz entre ciência e política climáticas por forma a identificar as necessidades do
utilizador final.51 Embora esta agenda de investigação se concentre mais estreitamente em
serviços climáticos, há uma boa congruência entre estas áreas de investigação e as conclusões
e recomendações deste estudo de planificação, conforme iremos discutir mais adiante.
2.2 Análise das necessidades: principais conclusões por país
Foi realizada uma análise pormenorizada das necessidades e das lacunas relacionadas com as
alterações climáticas e o DCC para cada um dos 12 países incluídos no estudo de planificação.
O Anexo B do Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos (Volume 1) resume os
principais resultados da análise das necessidades país a país. Poderão ser encontrados dados
mais completos sobre a análise das necessidades de cada país numa monografia autónoma
(Volume 2) que contém todos os Relatórios de País. A Secção 2.3 fornece uma síntese regional
dessas conclusões país a país, destacando aspectos comuns e a diversidade das necessidades
entre países, bem como as implicações regionais da produção de conhecimentos de DCC.
É possível que esta análise das necessidades possa ser expandida no futuro, sendo os leitores
do estudo de planificação aconselhados a recorrerem às informações aqui fornecidas como
sendo as melhores informações disponíveis (produzidas com os condicionalismos do estudo
definido acima) e não informações definitivas.
A Análise das Necessidades concentrou-se na identificação de áreas nacionais prioritárias para
responder às alterações climáticas, bem como em conhecimentos, investigação e lacunas de
capacidade. Foi utilizada a seguinte diferenciação de lacunas:




Lacunas de conhecimento (por exemplo, conhecimento insuficiente de tecnologias
apropriadas de DCC);
Lacunas de investigação (por exemplo, nenhuma investigação de adesão cultural às
tecnologias de DCC);
Lacunas de capacidade individual (competências necessárias) (por exemplo, para
técnicos/pensamento sistémico, etc.); e
Lacunas de capacidade institucional (que tem implicações de conhecimento dedutivo
e lacunas de investigação) (por exemplo, recursos para a implementação de programas
de alteração de tecnologia a grande escala).
51
http://africaclimateconference.org/wp-content/uploads/2013/10/ACC2013-FINAL-Declaration.pdf, acedida a 27 de Novembro
de 2013
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
A análise resumida de cada país encontra-se delineada de acordo com estes aspectos no
Anexo B. A síntese da análise de necessidades (secção 2.3) destaca aspectos comuns e a
diversidade entre países para as necessidades relacionadas com a adaptação, mitigação e as
necessidades transversais.
2.3 Análise das necessidades: síntese regional
2.3.1 Diferentes contextos, mas um aspecto comum entre países sobre
conclusões mais vastas
Apesar dos diversos contextos nacionais, existe um alto grau de aspectos comuns entre os
países incluídos no estudo de planificação relativamente a determinados resultados mais
vastos. As conclusões gerais indicam que apesar do progresso no desenvolvimento e
implementação de políticas de iniciativas em matéria de alterações climáticas em todos os
países da região, bem como alguma atenção na identificação de investigação e necessidades
de capacidades relacionadas, o estado do conhecimento e investigação sobre desenvolvimento
compatível com o clima, bem como as capacidades individuais e institucionais, terão de ser
significativamente melhorados em todos os países, tanto de formas específicas como
transversais, de modo a abordar os impactos climáticos consideráveis observados e
projectados. Tal é o caso de países onde existe algum nível de sofisticação e atenção aos
pormenores na identificação de lacunas de conhecimentos e prioridades de investigação para
abordar as alterações climáticas, tais como a Namíbia e a África do Sul, os quais realizaram
várias análises a este respeito e estão a começar a implementar estratégias relacionadas.
Assim, é útil visualizar os 12 países incluídos neste estudo de planificação em expansão
relativamente à identificação de conhecimentos, investigação e lacunas de capacidade para o
DCC, bem como relativamente às capacidades abrangentes que precisam de ser desenvolvidas
para abordar as prioridades nacionais e regionais em matéria de alterações climáticas.
A este respeito, os resultados da Análise das Necessidades e da Avaliação Institucional
realizados como parte deste estudo de planificação podem ser úteis para o desenvolvimento
contínuo de políticas e a implementação de estratégicas a nível nacional e regional. Vários
países encontram-se numa fase oportuna neste processo para que estas conclusões sejam
consideradas. O Botsuana, por exemplo, está actualmente a desenvolver uma Estratégia e
Plano de Acção Nacionais em Matéria de Alterações Climáticas, e Angola está em processo de
actualização da sua Estratégia Nacional em Matéria de Alterações Climáticas.
Muitos dos participantes do estudo ligaram de uma forma bastante sólida a abordagem às
alterações climáticas à sobrevivência, particularmente ao considerarem as projecções a longo
prazo para a região. O estudo revelou que, embora as reflexões sobre desenvolvimento
compatível com o clima sejam divergentes entre os intervenientes e os colaboradores
universitários envolvidos no terreno, existe geralmente uma associação conceptual próxima
entre desenvolvimento compatível com o clima e adaptação e mitigação, e desenvolvimento
compatível com o clima e desenvolvimento sustentável. Por exemplo, no workshop da Zâmbia,
as alterações climáticas foram indicadas como sendo uma das principais ameaças ao
desenvolvimento sustentável, tendo os participantes referido que atingir o DCC iria requerer a
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
coordenação de todos os pilares de desenvolvimento sustentável, bem como integração dos
riscos climáticos actuais e futuros, necessitando de acções entre sectores e disciplinas.
Embora em todos os países o conceito de desenvolvimento compatível com o clima fosse
sentido como sendo amplamente apropriado para a região, o estudo de planificação concluiu
que as três fontes de dados apoiam a distorção da ênfase mais para a adaptação. Tal
relaciona-se claramente com o estado do desenvolvimento da região e com as baixas emissões
de gás com efeito de estufa da maioria dos países. A maioria dos documentos de política
nacional dá prioridade a acções de adaptação e mitigação, sendo que alguns deles enquadram
tal como resistência e desenvolvimento com baixas emissões de carbono. Contudo, um
enquadramento geral é que a adaptação deve ser a principal prioridade dos objectivos de
desenvolvimento do país, adoptando ao mesmo tempo quaisquer oportunidades de
desenvolvimento ao nível de energias mais limpas e outras tecnologias com baixos índices de
carbono. A África do Sul, com as suas elevadas emissões de gás com efeito de estufa per capita
é uma clara excepção,52 mas é notável que as emissões de muitos outros países da SADC
tenham aumentado rapidamente nas últimas décadas e que alguns países, como a Suazilândia,
sejam grandes fontes de emissões de gás com efeito de estufa. Apesar do reconhecimento de
oportunidades de desenvolvimento na área da mitigação, é raro os documentos políticos
nacionais considerarem explicitamente abordagens integradas de adaptação e mitigação, ou
as estratégias de “vitória tripla” inerentes ao conceito de DCC; por exemplo, delinear
largamente a energia renovável como opção de mitigação. As fontes de dados do workshop e
do questionário nos países continham uma abordagem mais subtil a este ponto, destacando,
por exemplo, o papel da agricultura de conservação e do sector agro-florestal como um
mecanismo com dupla finalidade tanto para a adaptação como para a mitigação.
“O DCC é um conceito excelente, gosto realmente desse conceito. O clima não vai
fugir. Ficará connosco para toda a vida, não é uma questão transitória. O mundo
tem de resolver este problema. A nossa prioridade continua a ser a adaptação,
mas existem várias oportunidades que podemos adoptar como grandes
vantagens”.
Professional universitário com experiência, Zâmbia
As vastas áreas prioritárias para abordar as alterações climáticas reflectem-se, em grande
medida, na elevada dependência da região de recursos naturais, mas incluem igualmente
prioridades transversais e outras relacionadas com a energia, infra-estruturas e indústria. O
estudo encontrou um acordo entre as três fontes de dados (documentos políticos, workshops,
questionários) sobre a importância da resposta às alterações climáticas nas áreas da
agricultura e da segurança alimentar, gestão hídrica, biodiversidade e ecossistemas, saúde e
infra-estrutura social, bem como infra-estruturas físicas resistentes ao clima e sistemas de
52
A este respeito, a Segunda Comunicação Nacional da África do Sul à UNFCCC (2011) fala sobre equilibrar as respostas de
mitigação e adaptação e, a longo prazo, redefinir a vantagem competitiva e facilitar a transformação estrutural da economia
mudando de uma via intensiva em matéria de energia para uma via favorável ao clima como parte de uma estratégia de prócrescimento, pré-desenvolvimento e pró-empregos.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
transportes. Os países também deram ênfase à utilização da terra e à gestão sustentável das
florestas, embora apenas alguns, talvez de forma surpreendente para a região, tivessem citado
especificamente a vida selvagem como uma vasta área prioritária a abordar. Ao discutir
produção agrícola e subsistência resistente ao clima, a necessidade de diversificação dos meios
de subsistência não foi especificamente citada na política e apenas foi coberta até
determinado ponto nas outras fontes de dados. Tornar a economia resistente através de um
crescimento com baixas emissões de carbono foi menos citado nas políticas nacionais como
sendo uma área prioritária de acção para a adaptação, mas foi, pelo menos, mencionado nas
outras fontes de dados na maioria dos países, assim como foi a necessidade de concentração
em aglomerados populacionais, incluindo áreas urbanas. Os países litorais deram igualmente
prioridade à gestão da zona litoral, nomeadamente no contexto do aumento das vagas de
tempestades e da erosão costeira; Moçambique e as Seicheles destacaram a necessidade do
reforço da redução do risco de ocorrência de desastres e as respostas a este respeito. As
vastas áreas prioritárias transversais eram a educação, o desenvolvimento de capacidades, o
reforço a nível político e institucional, a integração da adaptação e da redução do risco de
ocorrência de desastres, a governação, participação e emancipação. As prioridades
relacionadas com a mitigação centraram-se na garantia de que as acções de mitigação foram
implementadas na maioria dos sectores de utilização da terra que recorrem intensivamente a
gases com efeito de estufa (agricultura e florestas), energia, incluindo a mudança para fontes
de energia renováveis e mais limpas como a energia solar, transportes e mineração (em alguns
países). De um modo geral, quando se destacam as prioridades relacionadas com a indústria
nos documentos de política nacional, tal é frequentemente redigido a um alto nível em termos
de desenvolvimento de baixos índices de carbono, com poucos pormenores sobre as medidas
económicas específicas do sector (à excepção, em larga escala, da África do Sul). Embora esta
tendência rural não se reflicta, em certa medida, na realidade da região, com populações
rurais grandes e pobres, sugere igualmente a uma consideração inadequada relativamente à
necessidade de adaptar economias e a indústria aos impactos projectados das alterações
climáticas.
Apesar do amplo consenso com o conceito de DCC, os dados do workshop e do questionário
de diferentes países identificaram especificidades que deveriam ser incluídas neste conceito,
para o tornar mais apropriado a nível local/regional. Assim, vários países destacaram a
importância de integrar a dinâmica da pobreza no enquadramento do DCC, embora outros
tivessem proposto nos dados de vários países que havia um compromisso mais específico com
a governação, liderança e gestão no conceito. Embora estes pontos indiquem aspectos comuns
de abordagem na região da SADC, é provável que sejam bastante diferentes das
especificidades que se aplicariam na América do Norte ou na Europa, como por exemplo,
mostrando a necessidade de uma abordagem mais assente a nível regional para desenvolver
ainda mais o conceito, bem como o afastamento do que poderá ser considerado como uma
disseminação subtil ou implícita de cima para baixo dos conceitos através das iniciativas de
doadores. Outro aspecto comum resultante dos dados deste estudo de planificação foi o facto
de, embora o DCC ser receptivo para o processo contínuo das alterações climáticas, deve ser
alargado de modo a incluir respostas coordenadas entre países. Assim, o processo de
aprendizagem iterativa e mudança deve também ser um processo regional para uma resposta
eficaz e sustentável.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Outro aspecto comum vastamente identificado em todos os países é que, do vasto e complexo
conhecimento, a investigação e as necessidades de capacidade expressas pelos intervenientes
e colaboradores universitários, bem como, em certa medida, em documentos de políticas, a
falta de capacidade institucional nacional em matéria de alterações climáticas, incluindo uma
falta de apoio à investigação e ao desenvolvimento do DCC, são indiscutivelmente as
necessidades mais significativas, destacando a adequação do estudo de planificação da SARUA
e o programa proposto de apoio à investigação regional.
2.3.2 As necessidades de conhecimento são diversas e também sistémicas
Dentro destas vastas conclusões comuns, uma diversa gama de necessidades de conhecimento
foi identificada em cada país, fornecendo uma compreensão mais subtil do contexto em que as
prioridades mais vastas têm de ser abordadas. O âmbito das necessidades específicas de
conhecimento identificado nos 12 países reflecte uma gama de disciplinas, as quais abrangem
ciências físicas, naturais, sociais, agrícolas, educativas, de engenharia e saúde. Tal realça a
necessidade de uma resposta mais sistémica à crescente capacidade de investigação versada
em alterações climáticas nessa variedade de sectores e instituições. Nas Instituições de Ensino
Superior (IES), realça a necessidade urgente de integrar as alterações climáticas em currículos
de graduação e pós-graduação nas faculdades e departamentos, primeiramente para criar uma
sensibilização sobre as lacunas do conhecimento (e da investigação) e, depois, para
desenvolver interesse e capacidade de investigação para preencher essas lacunas de
conhecimento.
De um modo geral, as necessidades de conhecimento identificadas tendiam a seguir as
prioridades de DCC mais vastas expressas. Houve, contudo, uma maior especificidade e
divergência entre países, mostrando a importância de uma abordagem contextualizada para
identificação de áreas específicas que iriam requerer mais investigação para preencher as
lacunas de conhecimento. Todos os países tiveram tendência para identificar uma gama de
lacunas de conhecimento nas áreas prioritárias da agricultura, segurança alimentar, gestão dos
recursos naturais, saúde e energia; muitas das lacunas de conhecimento estavam relacionadas
com a falta de dados a longo prazo sistemáticos e fiáveis em diferentes sectores que sirvam de
referências para a investigação, a construção de modelos e o acompanhamento.
Um exemplo do âmbito das necessidades de conhecimento identificadas ao nível do país foi o
facto de o estudo de planificação no Zimbabué ter destacado uma falta de conhecimentos
sobre os efeitos das alterações climáticas sobre a saúde, as reservas hídricas, a agricultura e a
outros sectores de gestão de recursos naturais a diferentes níveis, além das informações
abrangentes sobre as alterações climáticas que apoiassem adequadamente a tomada de
decisões em vários sectores. As lacunas de conhecimentos ao nível local incluíram a
vulnerabilidade dos agregados familiares às alterações climáticas, os riscos e as sensibilidades
climáticos locais, bem como as estratégias de resolução locais, inovações para o stress
hidrológico e a adaptação baseada na comunidade. As principais lacunas de conhecimentos
transversais foram a necessidade de dados meteorológicos melhorados para a criação de
cenários-modelo e outros dados básicos para moldar mecanismos de acompanhamento, assim
como a incorporação inadequada de sistemas de conhecimentos autóctones entre sectores.
Os participantes destacaram como prioridade elevada a falta de conhecimentos para informar
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Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
quanto à preparação para o risco de catástrofes de inundações e secas especificamente,
embora os conhecimentos sobre a forma como o sector privado pode participar para tornar a
economia mais verde ter igualmente sido identificado como lacuna.
Contrastivamente, e indicando o diferente contexto socioeconómico e ambiental, as lacunas
de conhecimento identificadas nas Ilhas Maurícias abrangiam a adaptação, mitigação e temas
transversais mais vastos. As lacuna de conhecimentos relacionadas com energias e indústria
assentam no consumo de energia do sector dos transportes, energia renovável, eficácia
energética e construção de edifícios, enquanto as lacunas relacionadas com a educação
incluíam a necessidade de uma maior sensibilização pública e relacionada com a melhor forma
de integrar as alterações climáticas nos currículos a todos os níveis, envolver comunidades e
desenvolver capacidades para todos os intervenientes a todos os níveis. As prioridades das
lacunas de conhecimentos da gestão marítima e costeira incluíam a gestão da biodiversidade
marinha (indústrias de mineração e pescas), e a exploração dos efeitos das alterações
climáticas nos ecossistemas marinhos, na zona litoral e nas pescas. Na África do Sul, as
necessidades pormenorizadas de conhecimentos foram identificadas de acordo com o foco
sectorial e com um plano de investigação nacional integrada assente nas alterações globais
que englobe todo o âmbito das necessidades de conhecimentos, indo das ciências
aprofundadas do sistema da terra, prospecção detalhada e estudos de observação, a estudos
sobre a inovação social para a sustentabilidade, incluindo estudos sobre aprendizagem social e
resistência. Apesar desta abordagem abrangente, os participantes do workshop identificaram
uma necessidade adicional e importante relacionada com a necessidade de perspectivas
sistémicas e integradas para as alterações globais e o desenvolvimento compatível com o clima
a várias escalas e níveis.
Consulte o Anexo 2 (que contém os resumos pormenorizados da análise das necessidades dos
países) e o Volume 2 deste relatório para mais especificidades sobre as lacunas de
conhecimentos identificadas.
Apesar da articulação de uma vasta gama de necessidades disciplinares, os dados dos
workshops e dos questionários em muitos dos países mostraram uma forte compreensão da
necessidade de DCC e das lacunas na resposta nacional que foi além das disciplinas dos
participantes ou dos mandatos das respectivas instituições. Por exemplo, na Zâmbia as
prioridades expressas ao longo do workshop e dos questionários não foram alinhadas com os
interesses institucionais ou disciplinares, mas pareceram estar antes ligados às necessidades
particulares da Zâmbia relativamente à juventude, energia, a necessidade de aumento da
sensibilização, educação, desenvolvimento de capacidades, partilha de informações e
parcerias, bem como o desenvolvimento e os desafios políticos. No Malávi, as necessidades de
conhecimentos de DCC foram conceptualizadas pelos intervenientes em termos da
necessidade de exploração das interligações sociais e ecológicas na interface de alívio da
pobreza e de sustentabilidade dos meios de subsistência, e de localização dos mesmos nas, ou
de modo a influenciar as, prioridades nacionais para a expansão agrícola e a gestão melhorada
dos recursos naturais, especialmente pescas, florestas, solo e água.
Tal capacidade para transcender as fronteiras disciplinares e institucionais por parte dos
participantes no estudo de planificação revela uma grande compreensão das alterações
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
climáticas, o que representa um bom presságio para uma resposta mais interdisciplinar na
região, desde que seja disponibilizado o apoio necessário.
2.3.3 As lacunas da capacidade de investigação estão largamente
correlacionadas com as necessidades de conhecimentos
As lacunas de investigação identificadas no estudo de planificação seguiram em grande medida
as necessidades de conhecimento e foram, assim, relacionadas com as vastas áreas de
prioridade de acção identificadas, contendo também uma maior especificidade e variedade,
relacionadas com as necessidades de conhecimento contextualizadas e com o nível de
capacidade de investigação em matéria de alterações climáticas no país. O ponto comum a
nível regional foi a necessidade significativa de investigação fundamental sobre a
vulnerabilidade e a avaliação do impacto numa vasta gama de sectores e a diferentes níveis,
destacando-se inadequações nestas compreensões que precisariam de ser abordadas de modo
a desenvolver estratégias de adaptação e a permitir ambientes onde possam ser
implementadas. Por exemplo, as lacunas de conhecimentos identificadas nesta área no Malávi
incluíam avaliações de serviços de ecossistema, acompanhamento e avaliação das alterações à
biodiversidade e investigação para novas tecnologias e práticas (por exemplo, aquicultura,
energia renovável, tecnologia limpa e abordagens ecosaúde); embora a Suazilândia tenha
destacado a necessidade de dados de observação que sustentassem as avaliações climáticas
dos impactos e a vulnerabilidade dos recursos hídricos, agricultura, biodiversidade e sector da
saúde, assim como dados que sustentassem tais avaliações nos sectores da energia, indústria e
desperdício. Os serviços climáticos foram sofrendo lacunas de investigação, incluindo
modelização, redução e desenvolvimento de cenários. Um exemplo de uma lacuna de
investigação relacionada com as abordagens integradas de adaptação e mitigação foi a
necessidade de explorar o papel crítico dos serviços de ecossistemas que permitissem a
adaptação e a mitigação, e a sustentação da importância da indústria do turismo, conforme
expresso nos dados da Tanzânia. Além das lacunas de conhecimentos, as lacunas de
investigação identificadas também se concentraram em questões de mais alto nível e mais
transversais, como a melhor forma de comunicar conclusões de investigação sobre impactos
climáticos, metodologias para revisão curricular e inovação para reforçar a inclusão de
questões sobre alterações climáticas, gestão de dados e conhecimentos quanto a
conhecimentos sobre alterações climáticas em geral, bem como investigação sobre o potencial
contributo de conhecimentos autóctones e locais para a adaptação, conforme discutido mais
abaixo.
Embora as prioridades de acção em matéria de alterações climáticas não fossem
necessariamente alinhadas com mandatos disciplinares ou institucionais na maioria dos países,
os workshops realçaram nomeadamente o valor de contratar especialistas de todos os
quadrantes em análise de necessidades, uma vez que forneciam uma descrição mais completa
e variada para as necessidades de conhecimento e as necessidades de investigação
relacionadas com as principais áreas prioritárias mencionadas na maioria dos documentos de
política nacional. Embora tal possa parecer um ponto evidente, os documentos e as estratégias
de política nacional no seu todo não indicam qualquer compromisso especialista detalhado na
articulação das lacunas de conhecimento e investigação, à excepção normalmente das
frequentemente citadas lacunas de conhecimento e investigação sobre dados climáticos. Em
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
particular, os workshops permitiram destacar algumas das necessidades importantes de
investigação social, como as alterações culturais, as alterações de género e climáticas, bem
como a participação da comunidade nas alterações climáticas e no DCC, que nem sempre
foram tão bem articuladas na política e na estratégia nacionais em matéria de alterações
climáticas (vide secção 3).
2.3.4 Semelhança regional em necessidades de conhecimento e investigação
transversais
Nos 12 países da SADC incluídos no estudo de planificação, houve um largo entendimento
sobre as necessidades de conhecimento e investigação transversais mais importantes que
respondessem melhor às alterações climáticas e à implementação do DCC. Tal teve um grande
impacto, dada a vastidão de contextos divergentes dos países, mas não destaca a potencial
importância de uma estratégia regional integrada que aborde essas necessidades
fundamentais. Estão largamente relacionados com informações e lacunas de conhecimentos e
investigação relacionadas com a educação, embora outras questões transversais sejam
consideradas em discussões sobre lacunas de conhecimento individuais e institucionais abaixo.
A necessidade de investigação para identificar abordagens inovadoras e criativas que reforcem
as respostas nacionais e regionais às alterações climáticas foi também vastamente mencionada.
As lacunas de informação e as relacionadas com dados foram consideradas questões
transversais críticas subjacentes à acção sectorial e incluem informações de base inadequadas
(sobre o tema em estudo, normalmente sobre condições ecológicas e/ou sociais), falta de
dados a longo prazo e de dados em série temporal (sobre o tema em estudo, normalmente
sobre condições ecológicas e/ou sociais), projecções climáticas inadequadas e previsões
meteorológicas, a necessidade de digitalizar dados existentes e a falta de uma base de dados
nacional em matéria de alterações climáticas que aloje informações relacionadas com o clima
na variedade de sectores e disciplinas. A necessidade de melhorar o acesso a e a partilha de
conhecimentos, assim como de expandir recursos de conhecimentos entre sectores foi
destacada em cada país. A normalização e harmonização de dados entre instituições de
investigação foi igualmente necessária, por exemplo no contexto dos impactos das alterações
climáticas na biodiversidade marinha.
As preocupações educacionais transversais envolveram a falta de programas de educação em
matéria de alterações climáticas nas universidades, a investigação para a melhoria de
conteúdos curriculares relacionados com as alterações climáticas e o DCC, bem como a falta de
inovação curricular para preocupações relacionados com o DCC. Da mesma forma, houve uma
preocupação para a falta de programas de pós-graduação centrados em questões de DCC e
muito pouco desenvolvimento profissional de leitores e educadores universitários que se
envolvam em questões de DCC. Estas preocupações educacionais ao nível das Instituições de
Ensino Superior foram alargadas a uma preocupação com a falta de inovação curricular
adequada na educação básica e superior e, em determinados casos, também na educação e
formação vocacional. A educação e emancipação comunitárias estiveram também em
destaque na agenda das preocupações educacionais transversais.
Os baixos níveis de capacidade de investigação para o DCC reflectiram também uma
necessidade de desenvolvimento de capacidade de investigação. De um modo geral, foi
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
destacada a necessidade de harmonizar e consolidar esforços de investigação, bem como o
aumento da sensibilização e da investigação sobre a forma de consolidar e harmonizar
esforços de investigação. Este ponto está subjacente à capacidade humana e aos
condicionalismos dos recursos, incluindo uma necessidade significativa de formação por forma
a habilitar o pessoal competente necessário entre sectores e a todos os níveis, bem como
desenvolvimento de capacidade de colaboradores no ensino superior, conforme será discutido
em mais pormenor na síntese da análise institucional na secção 3 abaixo. As discussões sobre a
abordagem da fragmentação de esforços e investigação que seja feita de forma insuficiente a
longo prazo que permita o desenvolvimento de uma boa compreensão do problema a ser
estudado e as tendências emergentes, como por exemplo, explorar os impactos na
biodiversidade marinha da acidificação oceânica, bem como a falta de valorização dos
investigadores em geral, estavam relacionadas com a necessidade de uma melhoria nas
ligações entre política/investigação/prática. Os países salientaram que estes aspectos eram
necessários para uma elaboração de políticas mais baseadas em provas, apoiadas por estudos
científicos a longo prazo, como por exemplo sobre os impactos em ecossistemas/sectores
específicos.
Mais investigação foi igualmente identificada como necessária para reforçar o
acompanhamento e a avaliação do ambiente e da implementação de políticas e estratégias
emergentes em matéria de alterações climáticas que requeiram investigação em matéria de
indicadores de desenvolvimento e acompanhamento apropriados.
Em determinados países, foram identificadas questões interessantes e específicas sobre
conhecimentos transversais e investigação. Por exemplo, os participantes do Malávi discutiram
as ligações entre crescimento populacional e alterações climáticas, a lacuna de conhecimentos
associada às formas autóctones de planeamento familiar, bem como a exploração da
aceitabilidade de contraceptivos entre a juventude e a sociedade. A pergunta sobre qual a
dimensão familiar ideal, considerando os condicionalismos impostos da sociedade do Malávi
pelas alterações climáticas, foi uma pergunta de conhecimento e investigação interessante e
controversa suscitada no workshop.
2.3.5 Contextualização e a localização da investigação em matéria de
alterações climáticas
O estudo de planificação mostra que o DCC tem significados contextuais diversamente
enquadrados, baseados em diferentes contextos práticos e espaciais. Esta conclusão foi mais
claramente identificada nos dados das respostas ao workshop e ao questionário, nos quais a
necessidade de contextualização e localização de soluções para as alterações climáticas
apontaram para a necessidade de investigação visada e localizada. Por exemplo, os dados das
Seicheles apontaram para a necessidade de acesso a e adequação de metodologias para
avaliar os impactos climáticos e desenvolver estratégias de adaptação localizadas, enquanto os
dados da Zâmbia destacaram a importância de contextualização e localização do
desenvolvimento de tecnologia através de investigação nacional/local; os participantes
observaram ainda que tal poderia melhorar o desenvolvimento e implementação de políticas.
A localização de investigação em matéria de alterações climáticas inclui o desenvolvimento e
disseminação de literatura em matéria de alterações climáticas nos idiomas locais, conforme
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
particularmente destacado em Moçambique e Angola, bem como a redução de projecções
climáticas no sentido do reforço da compreensão sobre os impactos climáticos em diferentes
sectores e actividades. A localização aplica-se igualmente à forma como as alterações
climáticas são integradas nos currículos. São necessários modelos para avaliar os impactos
locais, bem como o desenvolvimento de melhores práticas nacionais e locais de adaptação e
mitigação, inclusivamente através da aprendizagem da região.
“É fácil produzir um guia de ensino, mas o que quer que se produza tem de estar
nos programas académicos, por isso tem de ser incluído no programa académico,
e de forma localizada, tem de o ser para a Tanzânia, não para a China. Diria que o
melhor seria cursos de pequena duração para professores, para que soubessem o
que ensinar, e também a inclusão de tal nos programas académicos”.
Participante da universidade da Tanzânia
2.3.6 Compreender e valorizar os sistemas autóctones de conhecimentos
em matéria de resistência
Uma das lacunas de conhecimento e investigação transversal destacas foi a falta de valor,
estudo e compreensão do conhecimento local e autóctone, e a necessidade de mais
investigação para compreender a sua potencial contribuição à adaptação e mitigação. Tal seria
igualmente importante para o desenvolvimento de abordagens integradas de adaptação e
mitigação, embora não tenha sido frequentemente especificado, dado que várias utilizações
de conhecimento autóctone, por exemplo nas abordagens agrícolas de gestão ou conservação
da floresta comunitária, têm potencial para avançar com abordagens integradas e práticas de
adaptação e mitigação. Os dados da Tanzânia destacaram a necessidade de compreensão do
papel potencial do conhecimento autóctone na agricultura de prova climática e na segurança
alimentar, embora no Malávi esta importante lacuna de investigação tenha sido enquadrada
como a necessidade de capacidade para documentar e avaliar a relevância do conhecimento
autóctone em relação ao conhecimento científico ocidental e para trabalhar com ambos os
sistemas de conhecimento. Da mesma forma, no Zimbabué observou-se que, durante séculos,
o conhecimento autóctone e o seu papel no desenvolvimento de África tem sido negligenciado;
dada a gravidade das questões em matéria de DCC, todas as formas de conhecimento devem
ser cuidadosamente analisadas e avaliadas quanto ao potencial que têm para apoiar as
mudanças. Observou-se igualmente que tal não devia de abordado de forma simplista, pois
nem todo o conhecimento autóctone seria necessariamente válido, dados os contextos
cambiantes e os desafios contemporâneos. Observou-se ainda que o conhecimento autóctone
tem muito para oferecer que ainda não foi explorado e que o conhecimento autóctone em si é
dinâmico e cambiante. Em muitos países, sentiu-se que, de uma forma geral, muito está ainda
por ser feito para se compreender totalmente o valor do conhecimento autóctone no contexto
dos novos desafios em matéria de DCC e das novas práticas de sustentabilidade. Conforme se
observou, tal deveria ser analisado como um programa “sério” de investigação na região da
SADC, que também tinha potencial para inovação curricular, conforme demonstrado no caso
do Malávi.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
“Os cientistas das Universidades não se podem comportar como se soubessem
tudo em matéria de alterações climáticas, por isso têm de reconhecer que as
pessoas a nível local têm conhecimentos ecológicos tradicionais a que os cientistas
podem recorrer e utilizar em estratégias de adaptação em matéria de alterações
climáticas”.
Participante da universidade do Botsuana
2.3.7 As lacunas de capacidade individual requerem uma resposta ao nível
do sistema
O estudo de planificação concluiu que as lacunas individuais de capacidade para responder às
alterações climáticas na região são multidisciplinares e multissectoriais. Dado que as lacunas
relevantes de capacidade individual são encontradas em muitas disciplinas e em vários
sectores, tal vai requerer uma resposta mais vasta ou a nível do sistema. Os dados do
workshop e do questionário da maioria dos países, e alguns documentos de políticas,
destacaram que existe uma capacidade de investigação geral limitada e experiência entre
vários sectores em matéria de alterações climáticas nos países. Em alguns casos, esta
capacidade de investigação em matéria de alterações climáticas, de um modo geral,
simplesmente não existe, enquanto noutros se trata de uma pergunta de um nível insuficiente
de conhecimentos contemporâneos e actualizados em determinadas áreas especializadas.
A identificação a nível nacional das lacunas na capacidade individual em vários sectores e
disciplinas, salienta necessidades em três grupos principais: competências específicas a uma
dada disciplina, que pode ser designado como competências mais transversais, e novos
conjuntos de competências para um pensamento integrador que terá de ser desenvolvido.
“Precisamos de especialistas formados em questões de alterações climáticas,
adaptação e mitigação em cada Ministério ou organização. As universidades
precisam de introduzir programas em matéria de alterações climáticas a longo ou
curto prazo de modo a capacitar as comunidades. As comunidades têm de estar
bem informadas sobre as questões das alterações climáticas e competências de
sobrevivência”.
Porta-voz do Ministério da Agricultura, Suazilândia
Relativamente às competências específicas a uma dada disciplina, todas as respostas nacionais
incluem a necessidade de mais cientistas climáticos e de melhores competências para o
desenvolvimento e redução das projecções em matéria de alterações climáticas, bem como
para modelização. Além da necessidade de desenvolver competências para a observação e
modelização sistemáticas em matéria de alterações climáticas, a competência técnica de
entidades governamentais importantes envolvidas na junção e interpretação de dados
climáticos deve ser reforçada, bem como a capacidade de traduzir e transmitir conhecimentos
peritos às comunidades locais. As competências individuais ao nível da disciplina incluem a
necessidade de mais modeladores climáticos e climatologistas, epidemiologistas, cientistas
ambientais, cientistas de AIA e cientistas sociais, engenheiros de tecnologia limpa e ambiental,
paisagistas ambientais, peritos em desenvolvimento florestal, cientistas de biodiversidade,
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
desenvolvimento comunitário e peritos em inovação social, nutricionistas, educadores
competentes, hidro-meteorologistas, agro-meteorologistas, especialistas em redução do risco
de ocorrência de desastres, planificadores de infra-estruturas e desenvolvimento sustentável,
funcionários de extensão, oceanógrafos e especialistas em finanças climáticas (entre outros poderá encontrar mais pormenores no Anexo A).
As principais conclusões são que a capacidade de DCC deve ser desenvolvida entre sectores e
que são necessárias competências e apoio mais vastos sobre conhecimentos específicos de
modo a gerar acção. São necessárias mais capacidades transversais a nível individual para a
mobilização financeira e de recursos, desenvolvimento de projectos, competências de
acompanhamento e avaliação, competências de gestão de tecnologia, competências de
resolução de conflitos, capacidades partilha de informações e gestão de bases de dados. As
competências individuais transversais incluíam lacunas em torno da área da sensibilização e
educação da comunidade, o que incluía formação de funcionários de extensão e
desenvolvimento de capacidades a nível comunitário, especialmente líderes comunitários
responsáveis pela atribuição de terrenos, incluindo a capacidade de comunicar melhor os
impactos das alterações climáticas a nível local fornecendo, assim, um reforço da liderança e
orientação em matéria de abordagem das alterações climáticas. É necessário fazerem-se
melhorias às capacidades colaborativas a diferentes níveis, assim como a melhoria das
competências de liderança e gestão nas instituições e o reforço da vontade política para
abordar a escala dos desafios.
De um modo geral, são necessários mais gerentes informados em matéria de alterações
climáticas e DCC, investigadores, prestadores de serviços e modeladores, bem como um
envolvimento mais activo por parte das instituições que permita a investigação em matéria de
alterações climáticas e DCC. Voltar a formar peritos locais em temas transversais e
pensamento holístico em disciplinas envolvidas na gestão ambiental emerge como uma
prioridade de reforço das competências individuais. Está relacionado com isto o ponto de
concentração nas capacidades necessárias para aperfeiçoar e implementar Instituições de
Ensino Superior, enquanto ferramenta mandatada existente, enquanto medidas de adaptação.
Por fim, destacou-se o desenvolvimento de competências para abordagens mais integradas,
capacidades de negociação e partilha de capacidades sociais. As competências de pensamento
crítico e as competências para responder a mudanças e incertezas foram também
variadamente mencionadas nos países.
2.3.8 Falta de correspondência entre a oferta e a procura de competências,
bem como uma necessidade de competências integradoras
As lacunas individuais e institucionais de capacidades contribuem para a situação na maioria
dos países onde há uma falta de correspondência entre as competências dos graduados e a
procura do mercado; existe uma deficiência geral, que não se restringe às alterações climáticas,
mas a complexidade e a intensidade de conhecimento dos requisitos de DCC vão exacerbar
esta situação. Um exemplo: entre uma variedade de disciplinas científicas havia licenciados aos
quais não são fornecidas as competências práticas necessárias. Tal foi salientado em muitos,
senão todos, os países. O lado prático da formação científica, por exemplo em botânica ou
bioquímica, ou no compromisso comunitário em várias disciplinas, sofre em muitos países,
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
estando relacionado com as instalações limitadas e em declínio para formação prática, tais
como laboratórios, e com o financiamento de trabalho de campo, bem como às oportunidades
inadequadas de estágios aos alunos e programas de aprendizagem em serviço. Tal está
relacionado com a disponibilidade de financiamento para o ensino superior, e é uma questão
vasta e complexa. Um ponto relacionado é que os diplomados não estão necessariamente a
ser formados para verem as oportunidades empresariais inerentes à resposta às alterações
climáticas, conforme salientado na seguinte citação.
“A questão é a seguinte: Quais as oportunidades empresariais? Sabemos que
estão lá, estão a chegar, e virão muitas mais. Talvez eu tenha o privilégio de ter
conhecimentos numa vasta gama de sectores. Enquanto sector privado das
Seicheles, é importante estarmos confiantes no futuro; haverá uma transformação
da economia e mais oportunidades. Quando falamos de conservação ambiental,
precisamos de fazer muito mais, incluindo investigação. Já pagamos para apoiar
isto com os nossos impostos”.
Interveniente sénior empresarial e industrial, Seicheles
Relativamente à necessidade de mais competências integradoras, acima mencionado, um
défice crítico abrangente é constituído pela falta de uma abordagem coerente para atacar o
desafio das alterações climáticas no contexto do desenvolvimento. Há a necessidade de pensar
em sistemas integrais em múltiplas escalas e na capacidade reforçada para lidar com a
complexidade. Os dados da África do Sul destacam que as competências de inovação de
sistemas são importantes para o DCC, embora as discussões no workshop do Malávi tenham
realçado a necessidade das competências (política, negociação, pensamento crítico) para o
compromisso crítico em questões relacionadas com as alterações climáticas a nível nacional
global. As competências integradoras são igualmente necessárias a nível local, incluindo
competências reforçadas entre sectores e instituições que traduzam estratégias em acção ao
nível comunitário, ou seja, é necessária uma abordagem mais orientada para a acção, além de
maiores competências integradoras.
2.3.9 Investigação e o desenvolvimento de capacidades para originar
mudança social
Algumas lacunas de investigação identificadas apontaram a necessidade de compreender o que
originaria as transformações necessárias para mover sociedades e economias em direcção a
um caminho de resistência e desenvolvimento de baixos índices de carbono. Nas Ilhas
Maurícias, estes incluíam a necessidade comummente citada de mudar as atitudes, incluindo
um sentido de controlo sobre o ambiente, o que iria originar uma alteração social e
comportamental. Um catalisador seria o desenvolvimento de uma maior compreensão das
implicações em matéria de alterações climáticas, e a tomada das medidas necessárias para
reduzir as pegadas de carbono, desenvolvendo resistência, tanto por parte dos cidadãos a
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
nível geral, como entre sectores e instituições. Os participantes destacaram que a
sensibilização é um passo necessário, mas não suficiente, para tal. Os dados do Malávi
destacaram a necessidade de investigação de mudança sociocultural,53 identificada como
escassa. Parece tratar-se de uma questão regional: no passado, a investigação em matéria de
alterações climáticas e as iniciativas práticas tiveram tendência para se concentrar em
abordagens mais tecnológicas, mas isso está agora a mudar para dar uma maior ênfase à
aprendizagem social participativa e a abordagens mais orientadas para o processo de modo a
complementar e reforçar intervenções tecnológicas, tal como se revela agora aparente na
literatura revista por pares. Isto aponta, além disso, a necessidade de investigação de mais
sistemas socioecológicos54 ligados a abordagens de serviços de ecossistema à investigação.
Estas abordagens de investigação mais integradoras não foram vastamente praticadas, uma
vez que os investigadores tendem a trabalhar em silos disciplinares. Este ponto é discutido
mais adiante na Avaliação Institucional (secção 3).
“Embora alterações climáticas seja o termo preferido de políticos e cientistas, um
leigo é indiferente às alterações climáticas. O motivo prende-se com o facto de o
leigo desconhecer a gravidade da situação”.
Interveniente do governo das Ilhas Maurícias
Embora os dados do workshop e do questionário de todos os países tenham realçado a
necessidade, em maior ou menor medida, de mudança social e comportamental enquanto
condição necessária para o DCC, muitas vezes tal não foi explicitamente captado na política. O
Livro Branco da Resposta Nacional à Mudança nas Alterações Climáticas da África do Sul define
objectivos mais vastos para as mudanças sistémicas, incluindo alinhamento político e
regulamentar, resposta sectorial coordenada, planeamento integrado, mudança
comportamental facilitada (recorrendo-se a incentivos e desincentivos) e mobilização de
recursos, bem como mudanças sociais e comportamentais orientadas para a escolha através
da educação e da sensibilização. Para a resolução desta questão, os entrevistados do workshop
e do questionário na África do Sul discutiram sobre uma agenda de mudança social mais vasta,
como “Mudar valores e aspirações sociais: trocar as ideologias políticas do século XIX por uma
ideologia política relevante para os desafios do século XXI” e “Reestruturação do direito e da
economia e mudança social com ênfase específica no alívio da pobreza e na protecção dos
povos vulneráveis para aumentar a segurança e a resistência humana e ambiental ”.
53
A investigação da mudança sociocultural explora a mudança vivida ou necessária numa combinação de factores sociais e
culturais. Os factores socioculturais são forças à grande escala nas culturas e sociedades que afectam os pensamentos,
sentimentos e comportamentos dos indivíduos, como as atitudes, a identidade cultural e diferenças entre culturas.
54
Conforme definido pelo Stockholm Resilience Centre, “Um conceito importante no enquadramento da resistência é o conceito
de sistemas socioecológicos. Não existem sistemas naturais sem pessoas, nem sistemas sociais sem natureza. Os sistemas sociais e
ecológicos são verdadeiramente interdependentes e em constante co-evolução”.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
“Quantos de nós nesta sala queremos agir de forma diferente? É apenas uma
pergunta de mudarmos as nossas atitudes e hábitos, precisamos de fazer uma
transformação cultural e acho que não vai ser muito fácil, mas vamos ter de o
fazer”.
Interveniente do governo das Ilhas Maurícias
Tal está ligado à necessidade de conceber a investigação do DCC para que aborde as
necessidades de comunidades pobres e marginalizadas, comummente mencionadas nos
workshops nacionais. Na Tanzânia, tal estava também especificamente relacionado com a
necessidade de abordagens integradas de adaptação e mitigação, para que as iniciativas de
mitigação, como a REDD+, não tivessem um impacto negativo no acesso aos direitos e meios
de subsistência por parte das pessoas. Pontos relacionados são a forma como os dados e os
conhecimentos são partilhados, como os decisores políticos respondem à investigação, e como
essa investigação beneficia as comunidades. Os participantes do workshop da Namíbia foram
claros quando afirmaram que o DCC não poderia emergir sem dar atenção à mudança social e
cultural e que a qualidade educacional e liderança política ética eram dimensões importantes
deste processo.
Existe também a questão dos aspectos culturais de adopção. Há que recordar que
havia um esforço muito concertado do governo colonial britânico para introduzir
sorgo na Tanzânia central e nas outras áreas secas. Mas as pessoas não podiam
adoptar essas culturas e, hoje em dia, todos cultivam milho”.
Funcionário da Universidade da Tanzânia
Estas importantes dimensões éticas e equitativas do problema têm implicações para a forma
da co-produção de conhecimento no DCC que poderiam ser estimuladas na região, conforme
discutido mais abaixo.
2.3.10 As lacunas de capacidade institucional significativa requerem uma
resposta concertada
O estudo de planificação mostra vastas lacunas de capacidade institucional que agem como
barreiras à resposta a alterações climáticas e DCC na região, com muitos aspectos comuns
entre países, apesar dos contextos e fases divergentes de resposta às alterações climáticas.
Alguns reflectem as deficiências fundamentais a nível institucional e governamental, não
específicos às alterações climáticas e ao DCC.
Um tema comum a todos os países foi o facto de os mecanismos e as capacidades existentes
serem insuficientes para lidar com as questões climáticas complexas e diversas, o que irá
requerer uma abordagem estratégica, coordenada e harmonizada para aumentar a eficácia
das acções. Muitos condicionalismos estão relacionados com uma falta disseminada de
coordenação e abordagem holística. Os dados das três fontes indicaram que os ministérios do
governo estão a trabalhar em silos e que os departamentos universitários estão a trabalhar
frequentemente com uma perspectiva limitada. Existe frequentemente uma colaboração
limitada nos departamentos, já para não falar entre departamentos e faculdades, ou entre IES
num país ou na região. Embora existam motivos complexos para tal, conforme discutido
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
adiante na secção 3, há, sem dúvida, uma forte necessidade de abordagens colaborativas e de
um maior trabalho em rede.
“Vimos todos de diferentes faculdades, diferentes universidades, diferentes
sectores, mas os sistemas de governação forçam-nos a operar em silos. Ficamos
satisfeitos por cumprir os mandatos. Mas as alterações climáticas faz com que
seja necessário sairmos dos silos, precisamos de atravessar fronteiras disciplinares
e ter uma abordagem sistémica e holística aos desafios. Existem igualmente as
fronteiras linguísticas; temos de ser capazes de articular os desafios em matéria de
alterações climáticas nos idiomas locais”.
Gestor de programa regional da SADC ESD
O estudo de planificação concluiu que a co-produção de conhecimentos para o DCC requer o
desenvolvimento de capacidades institucionais para uma melhoria da coordenação e
colaboração de vários sectores, harmonização e execução políticas e abordagens integradas
para o desenvolvimento. Uma interface eficaz de investigação de políticas seria crítica para o
processo de tomada de decisões baseado na ciência e em provas (também discutido nas
secções 3 e 4 abaixo). Para abordar as necessidades identificadas, as instalações de ensino e os
currículos têm de ser alargados, devendo-se também desenvolver melhores repositórios
institucionais e centros de informação. Alem disso, os mandatos institucionais conflituosos
foram identificados como uma das principais lacunas de capacidade institucional que serve
para evitar uma resposta coerente às alterações climáticas; por exemplo, não existem
verdadeiros incentivos para que os académicos se envolvam no compromisso comunitário ou
na sensibilização política. O financiamento da investigação e os sistemas de incentivo precisam
também de ser desenvolvidos de forma a promover e apoiar a colaboração inter-institucional.
Estas preocupações foram suscitadas nos doze países da SADC e são discutidas com mais
profundidade na secção 3.
A gestão do conhecimento emerge como uma lacuna de capacidade institucional significativa.
Conforme destacado nos dados do Botsuana (entre outros), a necessidade de partilha de
informações, colaboração e abordagens integradas de gestão ambiental e alterações climáticas
apontam igualmente para a natureza fragmentada das instituições actuais, bem como para a
partilha insuficiente de comunicação e conhecimentos necessários para preparar o país para
investigação e desenvolvimento de DCC. A maioria dos países citou o conhecimento e a
investigação limitados quanto ao tipo de respostas de DCC existentes no país, reclamando a
necessidade de uma base de dados/sistema de gestão informacional que reúna, inter alia,
investigação em diferentes aspectos das alterações climáticas e DCC, bem como projectos e
programas de implementação das alterações climáticas.
É necessária também acção para ultrapassar as lacunas de capacidade institucional no âmbito
político e legislativo. A integração foi abordada em todos os países; por exemplo, o workshop
das Seicheles identificou a integração inadequada das alterações climáticas transversalmente,
incluindo a diferenciação de géneros e os aspectos do VIH/SIDA, nas políticas, planos e
estratégias a todos os níveis, incluindo a planeamento do desenvolvimento económico. No
Botsuana, tanto a Segunda Comunicação Nacional à UNFCCC (2011) como os participantes do
estudo de planificação destacaram a necessidade de uma política nacional que acrescente um
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
nível de coerência e apoio para acções em matéria de DCC, reunindo assim os intervenientes –
governo, ONG, universidades e sector privado – num enquadramento comum. Os dados do
Malávi indicam que as políticas contêm uma inovação limitada e que há uma falta visível de
políticas favoráveis que promovam a inovação. Os participantes do workshop sentiam que as
políticas existentes eram limitadas na respectiva implementação e execução, devido a uma
falta de instrumentos políticos e jurídicos sólidos. Embora os países estejam em níveis
diferentes relativamente à coerência política das alterações climáticas, mesmo aqueles com
políticas e enquadramentos legislativos relativamente avançados destacaram a necessidade de
uma melhor coerência e coordenação na prática.
É também necessário um enquadramento de investigação coerente e apoiado, com
financiamento reforçado que permita todas as formas de investigação em matéria de
alterações climáticas, conforme discutido adiante nas secções 3 e 4 abaixo. Os dados do
Zimbabué apontaram para a necessidade de uma abordagem holística para a consolidação de
resultados de investigação interdisciplinar em diferentes disciplinas. A documentação e
publicação da investigação foi referida pelos participantes, de forma consistente, como uma
necessidade vital de investigação que pode reforçar a cultura de investigação em matéria de
alterações climáticas e DCC na região, como também melhorar a forma como a investigação se
transforma em políticas e implementação. Os dados sul-africanos destacaram a necessidade
de financiamento mais sustentável, a um prazo mais longo e substantivo para que o
verdadeiro impacto emerja em investigação de sistemas sociais e ecológicos com um
compromisso mais forte para com a investigação das ciências sociais e a que é baseada em
sistemas. Os participantes do workshop das Ilhas Maurícias solicitaram um trabalho em rede a
nível local por parte dos investigadores das alterações climáticas e o desenvolvimento de
sinergias institucionais na área; por outras palavras, procuram áreas de colaboração em que
diferentes instituições contribuam com diferentes conjuntos de competências de modo a
abordarem um problema comum. Destacaram igualmente a necessidade de melhorar acordos
para planos marinhos ambientais transfronteiriços, desenvolver as estruturas institucionais
para melhorar os ciclos de retorno dos resultados ambientais e dar prioridade institucional
para o desenvolvimento de um enquadramento curricular que incorpore o DCC.
“Sim, existem redes. Mas estão espalhadas e fragmentadas devido à ausência de
um centro de excelência CE ou de um corpo de coordenação”.
Perito das Ilhas Maurícias em alterações climáticas
O estudo de planificação identificou ainda que, embora haja um número de redes de
conhecimento relacionadas com as alterações climáticas que funcionam a nível nacional e
regional, são limitados pois não têm frequentemente um foco específico em matéria de
alterações climáticas; por exemplo, na educação ou conservação ambientais. Normalmente,
não existe também pontos de convergência para estas redes de conhecimento. Uma vez que
muitos programas financiados por doadores na região incluíram a criação de redes de
conhecimento e repositórios em matéria de alterações climáticas nos respectivos objectivos, e
dada a pletora de redes de conhecimento baseadas na Internet, há a necessidade de se
compreender melhor quais as limitações destas iniciativas já implementadas, de modo a
abordar este condicionalismo.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
As conclusões do estudo de planificação consubstanciam fortemente a necessidade de
desenvolvimento significativo de capacidades entre sectores e instituições e a diferentes níveis.
De um modo geral, as fontes dos dados concluíram que há uma necessidade crítica de
melhorar a educação, a sensibilização pública, a participação e o acesso à informação. Uma
lacuna de conhecimentos institucional comummente citada foi os fracos currículos actuais
relacionados com alterações climáticas e DCC e os esforços que permitam o desenvolvimento
de novos currículos entre disciplinas da educação terciária, média e primária. Como
demonstraram os dados do Botsuana, o desenvolvimento de uma massa crítica de cientistas e
outros peritos em rede que prestem os serviços necessários em toda uma série de desafios
emergentes relacionados com as alterações climáticas é uma prioridade na resposta contínua
do país em matéria de alterações climáticas. É necessário um desenvolvimento de recursos
humanos bem financiados e uma estratégia abrangente de desenvolvimento de capacidades
de DCC. Os participantes do workshop no Zimbabué observaram a mesma necessidade. O Livro
Branco da Resposta Nacional à Mudança nas Alterações Climáticas da África do Sul propõe o
desenvolvimento dessa estratégia, mas há ainda que fazê-lo ao nível nacional. Não foi
encontrado qualquer outro exemplo de desenvolvimento de recursos humanos bem
financiados e estratégia abrangente de desenvolvimento de capacidades de DCC nos países
participantes no estudo de planificação da SARUA. Esta questão é discutida com mais
pormenores nas secções 3 e 4 abaixo.
Relativamente aos pontos suscitados acima sobre as capacidades individuais e a falta de
correspondência de competências entre a oferta e a procura, foi identificada uma importante
lacuna em vários países de uma abordagem mais profissional e orientada para a carreira em
matéria de alterações climáticas no ensino superior, que necessitaria também de englobar a
ênfase dada às competências práticas e ao desenvolvimento de capacidades tecnológicas, bem
como de melhores parcerias entre IES e o sector privado no desenvolvimento curricular. Por
exemplo, os participantes do workshop de Moçambique sentiram que as instituições
precisavam de melhorar as respectivas capacidades de oferta de carreiras profissionais
associadas às alterações climáticas, que incluiriam também a organização de estágios
profissionais para diplomados recentes. O Livro Branco da Resposta Nacional à Mudança nas
Alterações Climáticas da África do Sul dá igualmente prioridade à educação, formação e
sensibilização pública e recomenda acções que integrem princípios de desenvolvimento
resistentes ao clima nos currículos nacionais, nos currículos do ensino superior e nos
programas de ensino, de modo a reforçar a capacidade de investigação nas universidades e
realizar uma investigação ao mercado do trabalho que informe sobre a emergência de um
sistema verde de Ensino e Formação Técnica e Vocacional (TVET).
As fontes dos dados do estudo de planificação em todos os países destacaram de forma
consistente a necessidade de melhoria dos recursos financeiros para o desenvolvimento de
capacidades, a realização de investigação e a implementação de medidas de adaptação e
mitigação. Os dados do Malávi destacaram o financiamento limitado para investigação e
programas a longo prazo em matéria de alterações climáticas, o que criava ainda mais
barreiras à implementação do DCC, uma vez que a maioria dos ciclos de financiamento era a
curto prazo, levando a uma abordagem baseada em projectos para lidar com o DCC em vez de
uma abordagem mais sustentável a largo prazo. Este problema foi identificado na maioria dos
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
outros países que dependem fortemente de intervenções financiadas por doadores para
financiar a investigação e o desenvolvimento do DCC.
Os condicionalismos à capacidade institucional relacionados com a governação incluem a falta
de vontade política e corporativa que apoie a investigação em matéria de DCC e foi
frequentemente mencionada a necessidade de uma maior liderança na abordagem às
alterações climáticas, bem como a necessidade de mais participação significativa e variada. A
coordenação e as parcerias entre governo, ONG e o sector privado, bem como entre esses
intervenientes e os institutos académicos/de investigação, são geralmente sentidas como
sendo fracas. Alguns países observaram que a tomada de decisões de cima para baixo poderá
não resultar numa infra-estrutura apropriada e resistente ao clima, uma vez que as
perspectivas locais ou as informações ambientais necessárias e relacionadas com o clima,
incluindo projecções climáticas, não são frequentemente consideradas quando são tomadas
decisões de cima para baixo. Outro requisito será um sistema de auditoria/acompanhamento
que siga o financiamento dos doadores em projectos e investigação relacionados com as
alterações climáticas e o DCC, e que acompanhe a eficácia da resposta. Os dados das Seicheles
revelaram que a investigação e os sistemas de governação requerem uma melhoria da coprodução de conhecimentos, bem como respostas colaborativas integradas em redes sólidas a
nível regional e internacional, incluindo nos países da SADC.
Estas lacunas de conhecimentos institucionais têm um efeito directo sobre o indivíduo, o
conhecimento e as lacunas de investigação identificadas, pois os níveis insuficientes de
capacidade de DCC nas instituições de ensino reduz a oportunidade de os conhecimentos e a
investigação DCC florescerem, reduzindo subsequentemente as oportunidades de capacidade
individual. É óbvio que os condicionalismos de capacidade institucional noutros tipos de
instituições terão um impacto semelhante sobre o indivíduo, os conhecimentos e a lacunas de
investigação, mas, uma vez mais, o papel das instituições educacionais é primordial aqui, uma
vez que formam a força de trabalho do futuro.
O estudo de planificação identificou, assim, lacunas de capacidade institucional significativas e
sistémicas de resposta às alterações climáticas na região da SADC. Esta abordagem irá
requerer inovação curricular a diferentes níveis (vide secção 3 e 4 abaixo), de forma a que as
competências necessárias relacionadas com as alterações climáticas, bem como as
competências mais vastas e mais transversais que ultrapassam os condicionalismos de
capacidade institucional, sejam comunicadas aos académicos e diplomados. Como observaram
os entrevistados do workshop nas Ilhas Maurícias, muitas destas lacunas são prolongadas e
foram identificadas em esforços no sentido do desenvolvimento sustentável; nas palavras de
um dos participantes do workshop “estes condicionalismos críticos no ambiente adequado têm
de ser identificadas e abordadas de uma vez por todas”!
2.3.11 A relação cíclica entre lacunas de capacidade individuais e
institucionais
Geralmente, poderá ser detectado um efeito indirecto entre lacunas de capacidade individuais
e institucionais, com instituições que não executam financiamento suficiente para tornar
atractivos aos profissionais os empregos relacionados com o clima, o que por sua vez mantém
as instituições fracas e incapacitadas. Tal resulta depois na criação de agendas de investigação
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
inadequadas, com a consequência de uma redução da qualidade geral dos conhecimentos em
matéria de alterações climáticas e relacionados com DCC em quase todos os países. É
necessária uma abordagem integrada para o conhecimento, a investigação e o
desenvolvimento de capacidades individuais e institucionais, na qual é necessário um
financiamento melhorado, bem como apoio governamental e legislativo mais activo e atento.
A partir daqui, as agendas apropriadas de investigação e o desenvolvimento curricular podem
ser desenvolvidos, alimentando, ainda mais, a mais vasta comunidade de investigação em
matéria de alterações climáticas e DCC da África austral, beneficiando, em última instância,
comunidades que enfrentam impactos e implicações severos nas alterações climáticas.
“Há uma lacuna entre teoria e prática ou a activação na prossecução de
actividades relacionadas com o DCC. Há uma falta de colaboração e partilha de
informações entre instituições e organizações que lidam com as alterações
climáticas. A falta de capacidade entre instituições de ensino e formação
superiores foi o estrangulamento para as tecnologias e programas de formação
relacionados com DCC”.
Relatório do grupo governamental e paraestatal, workshop da Suazilândia
2.4 Implicações para co-produção de conhecimentos de DCC
2.4.1 As necessidades regionais identificadas pedem uma abordagem
estratégica e integrada
Conforme observado anteriormente, o DCC não só reconhece a importância da adaptação e
mitigação em novos caminhos de desenvolvimento, como também necessita de considerar
múltiplas estratégias benéficas e transversais que criam resistência, promovem o
desenvolvimento e resultam simultaneamente em emissões baixas.55 O estudo de planificação
revelou a importância desta abordagem, com determinadas advertências e reconhecendo as
diferentes perspectivas no que o DCC poderia e deveria constituir a nível nacional, mas
também regional. Embora o estudo tenha revelado conhecimento, investigação e
necessidades de capacidade contextualizados, as divergências entre países são, de um modo
geral, menores do que as semelhanças. Por exemplo, todos os países, com a possível excepção
da África do Sul, devido sobretudo à probabilidade dos seus vários centros de excelência
relacionados, destacaram a necessidade de uma maior localização das projecções climáticas,
modelos, investigação sobre impactos e a aplicação da tecnologia relevante.
A variada natureza das necessidades de conhecimento, investigação e capacidade, juntamente
com o alto nível de aspectos comuns entre países, pede uma abordagem estratégica e
integrada para o desenvolvimento de capacidades. Uma abordagem regional consegue
55
Mitchell e Maxwell, “Defining climate compatible development”.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
fornecer uma modalidade eficaz de desenvolvimento de capacidades para a co-produção de
conhecimentos de DCC (vide secções 4 e 5 relativas a recomendações a este respeito).
“Tenho 55 anos e estou na terceira idade. Tenho formação de inspector alimentar,
fui para a universidade relativamente tarde para tirar um Mestrado. A realidade é
que já não se pode estudar nada num contexto isolado. Não se pode estudar o que
quer que seja evitando o DCC. Isso é muito importante, não se pode tratar um
tema isoladamente. Se quisermos sobreviver, por estarmos a evoluir tão depressa,
temos de estar ligados”.
Gestor sénior empresarial e industrial, Seicheles
Já foram tomadas algumas medidas para começar a abordar estas necessidades de
investigação e capacidade, especialmente a nível nacional, embora ainda não se encontrem
disseminadas regionalmente. Por exemplo, o Plano de Desenvolvimento de Capacidades (CDP)
da Gestão do Risco Climático Nacional (CRM) da Namíbia inclui uma estratégia pormenorizada
de cinco anos e uma visão a mais longo prazo de abordagem das necessidades de capacidade
de adaptação na Namíbia. As principais conclusões no contexto da Namíbia, mas também
noutros países, são que a capacidade de DCC deve ser desenvolvida entre sectores e que são
necessárias competências e apoio mais vastos sobre conhecimentos específicos de modo a
gerar acções de CRM/DCC. Embora seja este o caso, existem também necessidades específicas
de conhecimentos de DCC que precisam de ser abordadas ao nível sectorial e em disciplinas
universitárias específicas conforme discutido acima.
Da mesma forma, a análise das necessidades de capacidades acima definidas mostra
igualmente que embora haja uma necessidade de integrar as alterações climáticas e o DCC
numa variedade de disciplinas de modo a produzir o conhecimento específico necessário, a
capacidade de DCC deve também ser desenvolvida entre sectores e envolver múltiplos
intervenientes a todos os níveis da sociedade. A análise de necessidades mostra também que
são necessárias competências mais vastas além das competências relacionadas com as áreas
temáticas prioritárias para o DCC, tal como o conhecimento de adaptação agrícola ou o
conhecimento sobre gestão de recursos hídricos. Essas competências mais vastas incluem
novas competências de gestão financeira, nova formação de políticas e competências de rede,
competências de liderança e éticas, bem como competências de disseminação de
conhecimentos.
Esta necessidade de abordagens estratégicas e integradas revela a necessidade de abordagens
multi, inter e transdisciplinares para a co-produção de investigação e conhecimento, uma vez
que as abordagens integradas não podem ser desenvolvidas através de abordagens baseadas
em silos destinados apenas para investigação. Tal não significa que os contributos disciplinares
individuais para o conhecimento do DCC não sejam necessários ou valiosos, mas existe uma
necessidade adicional para uma gama mais vasta de abordagens à co-produção de
investigação e conhecimentos, conforme introduzido na secção 1 acima, e discutido em mais
pormenor nas secções 3, 4 e 5 abaixo.
Maio de 2014
103
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
2.4.2 Criação de capacidades a prestadores de serviços de educação,
formação e desenvolvimento de capacidades de DCC
Das reflexões partilhadas acima, fica claro que existem diversas necessidades de investigação
relacionada com DCC e criação de capacidades, incluindo programas de criação de capacidades
(educação, formação e programas de sensibilização pública). Envolvem vários
intervenientes/grupos da sociedade, e diferentes agentes terão de se responsabilizar pela
educação, formação e programas de sensibilização comunitária (por exemplo, grupos de
mulheres, agricultores, parlamentares, representantes do governo local, urbanistas, etc.). É
interessante notar, contudo, que pouco se fala nos documentos de política de desenvolvimento
de capacidades daqueles que devem oferecer todos estes programas de educação, formação e
desenvolvimento de capacidades que abordem as necessidades de capacidades individuais e as
que são baseadas em grupos, embora este ponto tenha surgido nos workshops. A secção 4
deste relatório, o Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos, aborda esta questão de
criação de capacidades nos educadores, nomeadamente educadores universitários. Os
profissionais universitários observaram a importância do desenvolvimento de edifícios para a
inovação curricular. Relativamente a este ponto, a avaliação de capacidades regionais do
Programa de Educação Ambiental Regional da SADC (SADC REEP 2010) salientou a necessidade
de dar atenção ao desenvolvimento de capacidades de investigação, educação ambiental e
formação de profissionais a todos os níveis (em universidades e Instituição de Ensino Superior,
em faculdades de ensino e formação técnica e vocacional (FETV), em ONG e CBO, e em
unidades de extensão do governo) caso os países da África austral tiverem de abordar as suas
necessidades de investigação e desenvolvimento de capacidades, conforme articulado na
análise de necessidades realizada para este estudo de planificação.
As universidades suscitaram igualmente a questão das competências de investigação e do
desenvolvimento da capacidade de investigação, especialmente para a utilização de novas
formas de abordagens baseadas em TIC no sentido de modelar e utilizar modelos de redução,
mas também formação geral de metodologia de investigação para abordagens multi, inter e
transdisciplinares à investigação. Pouco ou quase nada foi referido quanto a documentos
políticos ou estratégicos, ou até mesmo em planos nacionais de investigação, onde os mesmos
sejam existentes, sobre a metodologia de investigação e a formação de investigação, sendo no
entanto de grande importância para o desenvolvimento de novas abordagens à investigação e
à co-produção de conhecimentos de DCC e continuando a ser uma das principais necessidades
nas universidades da África austral, onde a formação sobre a metodologia de investigação
(com poucas excepções) tende a ser algo tradicional, enquanto a investigação sobre DCC
requer novas formas de metodologia e formação de investigação. Esta questão é discutida
adiante nas secções 3, 4 e 5, uma vez que é crítica para o sucesso da investigação e da coprodução de conhecimentos de DCC.
Maio de 2014
104
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
3 ANÁLISE INSTITUCIONAL
3.1 Orientação
3.1.1 Contexto institucional em matéria de alterações climáticas e
investigação do DCC ao nível da SADC
A secção 2.1.3 descreveu o vasto contexto político da abordagem das alterações climáticas ao
nível da SADC e forneceu um resumo das maiores prioridades de resposta às alterações
climáticas conforme definido nos documentos da SADC. A nível institucional, a SADC tem um
Grupo de Trabalho Técnico Intersectorial das Alterações Climáticas (CTWG). O Grupo de
Trabalho tem observado a falta de coordenação entre sectores da SADC, sem enquadramento
para o desenvolvimento de planos de trabalho inter-sectoriais para garantir a harmonização de
todas as actividades em matéria de alterações climáticas da SADC. Isto é visto como o papel do
grupo de trabalho nesta fase, bem como a facilitação da implementação nos vários sectores e
nos Estados-Membros. Até agora, uma das concretizações do CTWG foi a produção de uma
Estratégia em matéria de alterações climáticas para o Sector Hídrico em 2011. O plano de
trabalho do CTWG será alinhado com o Programa Tripartido da COMESA/CAO/SADC em
matéria de alterações climáticas. O grupo de trabalho está interessado em incorporar outras
iniciativas em matéria de alterações climáticas que ocorrem na região, o que oferece uma
oportunidade para a iniciativa de DCC da SARUA ser localizada ao nível dos enquadramentos
políticos da SADC.
O CTWG é uma das principais instituições na SADC, uma vez que estão implementadas poucas
iniciativas colaborativas inter-sectoriais. Valeu a pena observar que o Programa de Educação e
Desenvolvimento de Competências da SADC, que supervisiona a coordenação regional no
ensino superior, o desenvolvimento de competências e a partilha de conhecimentos, entre
outros, esteja igualmente a participar no grupo de trabalho e já tenha expressado um
compromisso para com a Educação para o Desenvolvimento Sustentável, que incorporaria
educação em matéria de alterações climáticas/DCC. A SARUA tem também estado envolvida
com os Ministros da Educação da SADC e é reconhecida como uma Organização Subsidiária da
SADC. Esta relação entre a SARUA e o sector da Educação da SADC é significativa para a
implementação deste Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos e, de forma mais
expressa, e para o desenvolvimento do ensino superior na SADC.
Embora o estudo de planificação não tivesse focado especificamente a identificação de
instituições fora da região da SADC, a menos que tivessem sido identificadas como grandes
redes existentes para investigadores na SADC (vide secção 2), instituições e redes africanas
notáveis em matéria de alterações climáticas e DCC fora da região incluem, por exemplo, o
Centro de Políticas do Clima Africano (ACPC) e o Programa em Matéria de Energia, Ambiente e
Desenvolvimento (ENDA). Ainda mais longe, foi identificado o enquadramento e rede de
investigação Future Earth como uma rede importante para o programa em matéria de
alterações climáticas da SARUA, uma vez que define um Plano de Investigação da Futura
Sustentabilidade Global mais vasto, intimamente ligado à finalidade e intenção deste
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos da SARUA. Vários investigadores
envolvidos no estudo de planificação da SARUA participaram igualmente na conceptualização
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
do programa de investigação Future Earth e contribuem para o desenrolar da sua trajectória.
Mais recentemente, o Professor Cheryl de la Rey, Vice-reitor da Universidade de Pretória,
discutiu a importância da investigação multi e interdisciplinar, bem como a importância de
uma maior sinergia entre as ciências social e natural no âmbito do programa de investigação
da Future Earth no Fórum Mundial da Ciência 56 num painel organizado pelo Conselho
Internacional para a Ciência (ICSU), o que também confirmou os interesses de parceria de
investigação da África austral no programa de investigação da Future Earth. Trata-se de um
enquadramento de investigação mais vasto e potencialmente importante para o
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos da SARUA, uma vez que o programa de
investigação da Future Earth procura igualmente criar “núcleos” regionais onde será provável a
África austral ser um deles.
Outros desenvolvimentos no enquadramento do programa da SARUA poderão incluir a
identificação de potenciais organizações parceiras para o trabalho em rede e apoio à
investigação em toda a África, bem como o reforço da área actualmente por desenvolver da
colaboração Sul-Sul em matéria de investigação e desenvolvimento de capacidades de
alterações climáticas e DCC. Recomenda-se (vide secção 5 abaixo) que a planificação da
parceria internacional seja incluída nas próximas fases do programa da SARUA,
particularmente porque pertencem às principais áreas temáticas de investigação e às
prioridades de roteiro identificadas nas secções 4 e 5 abaixo.
3.1.2 Contexto institucional: Universidades na SADC
De acordo com a investigação da SARUA publicada em 2009, a SADC tinha 66 universidades
públicas, 119 politécnicos ou institutos financiados pelo estado e 178 universidades ou
institutos privados.57 Desde 2009, estes números aumentaram ligeiramente, assim como os
dados de perfil originais da SARUA sobre as universidades da África austral. Por exemplo, na
altura (2009), o Botsuana tinha uma universidade nacional, agora tem duas; o Malávi tinha
duas universidades nacionais, mas com as recentes alterações à Faculdade de Agricultura de
Bunda, tem agora também a Universidade de Agricultura e Recursos Naturais de Lilongué
(LUANAR; a antiga Faculdade de Agricultura de Bunda). Isto é também indicador do
crescimento no sector do ensino superior na África austral.
A África do Sul tem 23 das universidades públicas e 70% das inscrições gerais na região. Alguns
países apenas têm uma universidade pública (Lesoto, Seicheles, Suazilândia). Noutros países,
os números variam de duas (Botsuana, Ilhas Maurícias, Namíbia, que inclui o Politécnico da
Namíbia que é actualmente a Universidade de Ciências e Tecnologia da Namíbia) para nove no
Zimbabué. A Zâmbia e o Malávi têm três universidades públicas, a República Democrática do
Congo e Moçambique têm quatro, Madagáscar tem seis e Tanzânia tem oito. As instituições de
ensino superior privadas são em maior número do que as instituições públicas em todos os
56
www. www.sciforum.hu
57
SARUA. 2009. Leadership Challenges for Higher Education in Southern Africa, Leadership Dialogue Series. www.sarua.org. NOTA:
Esta secção (3.1.2) inspira-se no relatório de 2009 da SARUA, mas também adiciona reflexões obtidas do estudo de planificação.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
países da SADC (vide Tabela 6 abaixo), mas a maioria das inscrições são efectuadas em
instituições públicas e 72% dos alunos fazem estudo de contacto.
Há também várias instituições de ensino superior, como Faculdades de Agricultura e Recursos
Naturais, que desempenham um papel importante no desenvolvimento de capacidades de
DCC, especialmente na formação de serviços de extensão. No entanto, muitas delas estão
associadas a universidades nacionais e às principais faculdades associadas. Por exemplo, a
Faculdade das Pescas do Malávi (uma importante instituição do governo de formação no
sector terciário dos serviços de extensão das pescas) está associada à Faculdade de Agricultura
de Bunda, agora Universidade de Agricultura e Recursos Naturais de Lilongué, relativamente à
credenciação e garantia da qualidade. No Botsuana, na Zâmbia, no Lesoto e noutros países, as
universidades concebem currículos para faculdades de ensino de professores e têm
igualmente um papel importante na credenciação e garantia da qualidade dos currículos.
Trata-se de um padrão na Região da SADC. Por conseguinte, a inovação curricular ao nível
universitário tem um impacto muito maior do que o ensino realizado nas universidades: há um
importante efeito indirecto no vasto sistema de ensino e formação (vide secção 3.2 e secções 4
e 5 abaixo onde se discute a inovação curricular com mais pormenores).
A SADC tem rácios muito baixos de inscrição no terciário, calculados como sendo a proporção
de pessoas com 18 a 24 anos de idade no ensino pós-secundário. According to SARUA’s 2009
research most countries fall into the 2-4 percent range. Apenas as Ilhas Maurícias (16% em
2005) e a África do Sul (14%) têm rácios de inscrições no terciário acima dos 8%. Em
comparação, a média mundial desta estatística para países com rendimentos baixos e médios
situa-se actualmente nos 19%. Trata-se de um resultado directo das políticas precoces de
ajustamento estrutural concebidas para refrear os gastos no ensino superior. Outro factor de
influência é o facto de muitas universidades na África austral serem “novas” e terem apenas
sido criadas na era após a independência. Todos estes factores históricos moldam ainda mais a
qualidade da educação oferecida nas universidades e o ensino: equilíbrio da investigação nas
universidades, que tende pender totalmente para o ensino e não para a investigação,
conforme demonstrado pelas estatísticas de produção de investigação.
A produção de investigação é baixa e constitui um grande desafio. A África do Sul produz 79%
da investigação e a produção de artigos por milhão da população é de 119,3. Segue-se o
Botsuana com 85,5, mas nenhum outro país tem números acima dos 40. A produção tem
aumentado desde 1990, em sete países em 100% ou mais, mas a SADC não mantém o ritmo
com o crescimento da investigação mundial. A melhoria da recolha e acesso a dados de
investigação, e o aumento das publicações continua a ser uma grande prioridade, assim como
foi também identificado neste estudo de planificação (secção 4). Há uma necessidade de
desenvolvimento da capacidade de investigação a todos os níveis, incluindo governação,
gestão da investigação institucional, financiamento e capacidade dos colaboradores, sendo os
mecanismos de melhoria da colaboração regional, tais como as redes e os centros especialistas,
vistos como essenciais (vide igualmente a secção 4).
Ilustrando a dimensão do sector do ensino superior coberta no estudo exploratório, o seguinte
quadro oferece dados básicos onde tal esteja disponível; conjuntos de dados de perfil mais
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
completos encontram-se disponíveis em www.sarua.org. Relativamente à Tabela 6 abaixo,
deve-se observar que os dados para Angola ainda não se encontravam disponíveis.
Tabela 6: Perfil HE da SADC – países incluídos no estudo de planificação
País
Nº. de
universidades
públicas
Nº. de outras IES
Privado
Número
total de
alunos
%
financiamento
da investigação
pelo governo
%
financiamento
da investigação
por outras
fontes
TEVETA
Botsuana
2
23
7
15 628
5
95
Malávi
3
-
7
7 927
Sem dados
Sem dados
Ilhas
Maurícias
2
9
55
14 883
Sem dados
Sem dados
Moçambique
4
9
13
60 412
Sem dados
Sem dados
Namíbia
2
-
2
24 039
64
36
Seicheles
1
-
-
300
Sem dados
Sem dados
África do Sul
23
50
118
829 912
45
55
Suazilândia
2
-
2
5 523
20
80
Tanzânia
8
11
22
52 723
Sem dados
Sem dados
Zâmbia
3
282
32
23 037
38
62
Zimbabué
9
-
5
44 372
46
54
TOTAL
59
384
263
1 078 756
Fonte: SARUA (2011)
O relatório de 2009 da SARUA aponta que a noção de cooperação regional no ensino superior
em África não é nova. O acordo mais recente foi a Convenção de Arusha de 1981 sobre o
reconhecimento de qualificações. O Protocolo em matéria de Educação de 1997 da SADC tem
secções dedicadas à cooperação no ensino superior, bem como à investigação e ao
desenvolvimento. Os mesmos objectivos são definidos pela Política de Harmonização da União
Africana de 2007 em matéria de Ensino Superior. A SARUA tem igualmente uma história de
apoio à cooperação regional; este estudo de planificação e o Programa para o
Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da SARUA associado
constituem mais acção no apoio da cooperação regional e desenvolvimento de capacidades
nas Instituições de Ensino Superior (IES) da África austral.
3.1.3 Universidades e desenvolvimento
As universidades desempenham papéis complexos no desenvolvimento nacional e regional.
Nos últimos anos tem havido uma atenção renovada para com a relação existente entre ensino
superior e desenvolvimento económico, um interesse que tem sido orientado pela
necessidade de maior participação na globalização da economia do conhecimento. Através da
educação e da investigação, o ensino superior permite que os países aumentem o crescimento
económico e a participação na economia baseada em conhecimentos. Para os países em
desenvolvimento, as estratégias que ligam o ensino superior e o desenvolvimento económico
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
podem facilitar ligações mais vastas na economia global e alargar as opções económicas desde
a produção de mercadorias primárias e fabrico de bens que requeiram competências a nível
escolar, até bens e serviço de valor acrescentado que requeiram conhecimentos e
competências fornecidos pelo ensino superior.
Tais visões de ensino superior também têm, contudo, sido criticadas por serem geralmente
orientadas para o mercado, especialmente se todos os objectivos do ensino superior forem
orientados apenas para os objectivos económicos. Diz-se que tal tende a reduzir a necessidade
de dar atenção a outros aspectos da relação entre ensino superior e desenvolvimento,
nomeadamente as necessidades de desenvolvimento social e outros aspectos de
desenvolvimento sustentável. Por outras palavras, uma visão mais vasta de desenvolvimento é
necessária nos contextos africanos, a qual englobe tanto os objectivos que contribuem para o
desenvolvimento económico e a inovação científica e tecnológica, como os objectivos mais
vastos de desenvolvimento da sociedade, os quais incluem dar atenção a questões de justiça
social, desenvolvimento sustentável e resposta às alterações climáticas. As universidades não
devem apenas servir a economia, mas também o bem público.58
59
Pillay , analisando a relação entre universidades e desenvolvimento económico, sugere que,
em África, o ensino superior esteja intimamente ligado ao desenvolvimento através do seu
papel de educador e formador enquanto fornecedor de “capital humano” (diplomados) para o
crescimento e o desenvolvimento, especialmente para proporcionar aos diplomados
objectivos de desenvolvimento de um estado após a independência. Ao abrigo deste modelo,
o papel das Instituições de Ensino Superior na investigação e inovação tem sido mínimo. Existe
uma variedade complexa de factores que moldam a relação entre os sistemas de ensino
superior africanos e a capacidade de investigação e inovação, entre eles a influência dos
programas precoces de ajustamento estrutural que reduziu as despesas no ensino superior à
medida que muitas universidades eram criadas em estados após a independência (acima
mencionado), a rápida expansão dos números de alunos devido a um sistema geralmente
inadequado de provisão das instalações e instituições de ensino superior, bem como as
ligações existentes entre o acesso inadequado a um ensino de boa qualidade. Tal suscita a
importância de dar atenção a questões de qualidade em programas de ensino e investigação
nas universidades africanas, uma vez que muitas ainda se esforçam por melhorar a qualidade
do ensino, tanto em relação a sistemas de ensino de qualidade geralmente inadequada e
dentro das próprias práticas. Estas questões vieram à superfície nas universidades da África
austral envolvidas neste estudo de planificação.
Existem actualmente vários programas e iniciativas que procuram apoiar o compromisso
universitário com desenvolvimento sustentável aos níveis global e regional, muitos dos quais
também incluem uma atenção às alterações climáticas. O importante aqui são as iniciativas
58
Singh, M. 2001. Re-inserting the ‘public good’ into higher education transformation. Kagisano (Série Council on Higher Education
Discussion) 1 (Verão de 2001): 7-21.
59
Pillay, P. 2011. “AFRICA: Lessons in universities and development,” University World News, 6 March 2011.
www.universityworldnews.com
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
como o Programa de Parceria Global das Universidades em Matéria de Ambiente e
Sustentabilidade que surgiu do PNUA, o Programa de Integração do Ambiente e
Sustentabilidade nas Universidades Africanas (MESA) da Associação Africana de Universidades
(AAU), e a Rede Africana de Educação de Professores sobre Educação para o Desenvolvimento
Sustentável (AFRITEIS). A Rede Global de Universidades para a Inovação também atribuiu
recentemente atenção às universidades e ao desenvolvimento sustentável e publicou Higher
Education in the World 4: Higher Education's Commitment to Sustainability: from
Understanding to Action 60 que faz análises aprofundadas a universidades e respectivas
respostas a preocupações de sustentabilidade (incluindo as alterações climáticas) de todos os
continentes, incluindo África. A AAU realizou um debate especial sobre este tema na sua 12ª
Conferência Geral Anual e, mais recentemente, a Associação Africana para o Desenvolvimento
da Educação em África (ADEA) deu atenção à relação existente entre universidades e
desenvolvimento sustentável. A key message from the ADEA Triennale in 2012 is that “Africans
must have control over the means and resources needed for the continent’s sustainable
development”.61 Tal depende da cooperação regional e do desenvolvimento de parcerias SulSul, além das mais tradicionais parcerias Sul-Norte. Requer um investimento substancial em
investigação e inovação curricular, ou aquilo a que a ADEA se refere como:
“…uma revolução no ensino e na aprendizagem no sentido de os professores
precisarem de desenvolver a sua abordagem ao currículo em cooperação com, e
com o envolvimento dos intervenientes, de modo a dar acesso aos conhecimentos
e competências que garantem a inclusão e integração na vida diária,
62
inclusivamente como cidadãos e no local de trabalho”.
Reflectindo orientações semelhantes à transformação educacional existe uma gama de novas
iniciativas emergentes que apoiam a educação e investigação em matéria de alterações
climáticas nas universidades, tais como este programa de cinco anos da SARUA nas
universidades, alterações climáticas e desenvolvimento (de que faz parte este estudo de
planificação), bem como o Programa da Open Society Foundation (OSF) para as Universidades
Africanas em matéria de alterações climáticas sedeado na Universidade de Dar Es Salaam. A
UNESCO começou também recentemente a desenvolver estudos de casos de educação
baseados em países em matéria de alterações climáticas para influenciar a política de
educação e formação em determinados países da África austral. A Comissão da União Africana
(CUA) está actualmente em processo de criação da Universidade Pan-Africana (PAU) que
consiste em cinco centros de excelência e mais centros de investigação interligados em cinco
áreas temáticas em cinco regiões de África. Com a Cooperação Financeira Alemã, o hub do
Norte de África da PAU sedeado na Universidade de Tlemcen (Argélia) será apoiado nas áreas
60
www.palgrave.com
61
Associação Africana para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA). 2012. Trienal. Promoção das competências críticas
para o desenvolvimento sustentável e acelerado de África. As principais mensagens da Trienal. Ouagadougou, Burkina Faso, 13-17
Fevereiro de 2012. http://www.adeanet.org/triennale-followup/sites/default/files/the_key_messages.pdf
62
ADEA. 2012. Trienal.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
das Ciências Hídricas e Energéticas (incluindo alterações climáticas) (PAUWES); o objectivo é
contribuir para o desenvolvimento do ensino superior e da investigação aplicada nas áreas da
água e da energia (incluindo alterações climáticas) para o desenvolvimento sustentável em
África. Todas estas iniciativas mostram compromissos em matéria de desenvolvimento
compatível com o clima no mais vasto enquadramento do desenvolvimento sustentável.
Conforme indicado acima, enquanto parte dos respectivos objectivos perante a sociedade, as
universidades foram sempre encorajadas a envolver-se pro-activamente com agendas mais
vastas de desenvolvimento, incluindo os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Piyushi
Kotecha, Administrador Executivo da SARUA, argumentou em 2010 que “O ensino é um dos
mais importantes Objectivos do Milénio, mas, por outro lado, pode ser utilizado para orientar
a respectiva concretização”63. Embora seja esse o caso, concluiu-se que muito embora os ODM
tenham a ver com objectivos mais vastos de desenvolvimento humano e social, o seu
contributo no ensino superior tem sido “escasso” e, quando incluído, estavam principalmente
relacionados com a utilização de cursos existentes em várias disciplinas para a efectivação de
objectivos individuais. Vemos exemplos disto nas ciências agrícolas, engenharia,
desenvolvimento rural, literacia, serviço comunitário, ensino de professores, aprendizagem
aberta e à distância, política e integração de géneros e recurso a faculdades como o trabalho
social e a medicina para formar comunidades.64 Um padrão de resposta semelhante para as
preocupações em matéria de DCC foi encontrado nas universidades envolvidas neste estudo
de planificação (discutido com mais pormenores na secção 4 abaixo).
A análise dos papéis da universidade em resposta aos compromissos morais socialmente
constituídos contidos nas iniciativas de desenvolvimento, como os Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio, sugere que poderia fazer-se mais nas universidades no âmbito
do enquadramento da respectiva missão e responsabilidade de contribuição para o bem
público. Kotecha 65 argumenta que a cooperação regional poderia ser uma estratégia
significativa e importante para garantir o recurso máximo a recursos e capacidades colectivos,
o que é igualmente a finalidade deste estudo de planificação. Outro ponto importante das
discussões sobre universidades e objectivos de desenvolvimento como os ODM é a
necessidade de promover o compromisso intelectual com tais preocupações, pois é necessário
para a produção de sentido regional e a contextualização, assim como para impulsionar as vias
de investigação e inovação, um ponto também indicado pela ADEA.
Estas perspectivas também serão importantes para a participação universitária na Agenda pós2015, na qual as alterações climáticas e o desenvolvimento compatível com o clima terão
provavelmente uma presença sólida. Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
procuram integrar a sustentabilidade e equidade económica, social e ambiental numa agenda
63
McGregor, K. 2010. “GLOBAL: Higher education as a driver of the MDGs,” University World News, 2 May 2010.
www.universityworldnews.com
64
McGregor, “GLOBAL: Higher education as a driver of the MDGs”.
65
Kotecha, P. 2010. “Interrogating the Role of Higher Education in the Delivery of the MDGs” (reported on by McGregor, “GLOBAL:
Higher education as a driver of the MDGs”)
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
de desenvolvimento pós-2015. O argumento é que as questões de desenvolvimento como a
água, a segurança agrícola e alimentar, a segurança energética e a urbanização precisam de ser
conceptualizadas de forma a integrar as respectivas dimensões ambiental, económica e social,
incluindo a reactividade e a resistência às alterações climáticas. As universidades já estão a ser
chamadas a fazer contributos para o processo de desenvolvimento dos ODS. Além disso, os
ODS já estão a ser moldados por conclusões e abordagens de investigação multi, inter e
transdisciplinar, e está a emergir um corpo de investigação a nível regional e internacional que
lida com o “nexo” ou as inter-relações existentes entre economia, sociedade e ambiente,
como é igualmente demonstrado neste estudo de planificação. O Enquadramento de Coprodução de Conhecimentos aqui apresentado é directamente relevante para a emergência
dos ODS pois apresentam um mecanismo de compromisso regional sobre a principal dinâmica
dos ODS emergentes e oferece um Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos que
pode ser utilizado na região da SADC para reforçar o compromisso com os processos e
intenções dos ODS. Este documento deve ser lido desta forma, assim como o futuro
compromisso com o programa de cinco anos da SARUA, à medida que as vias de
desenvolvimento resistente ao clima ou o desenvolvimento compatível com o clima se
integram nas dimensões de desenvolvimento ambiental, económico e social. Conforme
mencionado acima, essas abordagens são essenciais numa agenda de desenvolvimento
sustentável pós -2015. Conforme indicado pelos membros do Fórum de Investigação
Independente (IRF) 201566:
“Os ODM articularam uma visão global de desenvolvimento em torno de um conjunto
comum de objectivos e prioridades. A próxima era de cooperação internacional deve
concentrar a acção aos níveis local, nacional e global nos desafios económicos, sociais e
ambientais profundamente enraizados com que se confrontará a próxima geração”.
A agenda de desenvolvimento pós-2015 é baseada num compreensão de que o mundo mudou
fundamentalmente desde a adopção da Declaração do Milénio, e que enfrenta novos desafios
e oportunidades, muitos dos quais requerem uma acção colectiva. A IRF2015 argumenta
fortemente que a agenda pós-2015 deve ser um processo baseado em conhecimentos e
inclusivo. Tal deve equilibrar compromisso político equitativo com competências e
perspectivas da ciência aos negócios, ONG e comunidades, envolvendo processos de coprodução de conhecimentos nos quais as universidades devem desempenhar um papel central.
O relatório da UNESCO 2013 / Conselho Internacional de Ciências Sociais da Ciência Social
Mundial67 destacou o papel de colaboração na produção de conhecimentos e indica que:
“Os cientistas sociais necessitam de colaborar de forma mais eficaz com os colegas das
ciências naturais, humanas e de engenharia de modo a oferecerem conhecimentos que
66
Fórum de Investigação Independente 2015. Março de 2013. “Policy Paper: Post-2015: framing a new approach to sustainable
development,” www.sustainabledevelopment.un.org. NOTA: O IRF2015 é um Fórum de Investigação Independente que consiste
em 12 dos principais grupos de investigação internacional envolvidos em investigação sobre desenvolvimento sustentável
incluindo (de África) o Conselho para o Desenvolvimento da Investigação das Ciências Sociais em África (CODESRIA) e a Iniciativa
da Sociedade Aberta para a África Austral.
67
UNESCO / ISSC. 2013. World Social Science Report 2013. Changing Global Environments. Summary (www.oecd-ilibrary.org/).
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112
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
podem ajudar a abordar os problemas ambientais e os desafios à sustentabilidade mais
urgentes da actualidade. E têm de o fazer em estreita colaboração com os decisores
políticos, praticantes e outros utilizadores da sua investigação”.
Mais recentemente, o Fórum Mundial da Ciência de 2013, com delegados de mais 100 países,
concordaram que existe uma necessidade urgente de fazer avançar a ciência para o
desenvolvimento sustentável global, o que inclui uma forte incidência em DCC. A declaração
do Fórum Mundial da Ciência e a conferência como um todo indicaram a importância da
educação (incluindo ensino superior) na abordagem às desigualdades e na promoção da
ciência que ode contribuir para o desenvolvimento sustentável das sociedades. Houve também
um forte reconhecimento da necessidade de melhorar o diálogo com os governos, a sociedade,
a indústria e os meios de comunicação sobre questões de sustentabilidade, e sobre o papel
68
que a ciência pode desempenhar em atingir a sustentabilidade global. De interesse para este
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos é a atenção global que está a ser dada ao
desenvolvimento compatível com o clima, ao desenvolvimento sustentável e às novas
abordagens de produção de conhecimentos da vasta comunidade científica: social, natural, de
engenharia, agrícola, educacional e outras áreas científicas.
Os investigadores da IRF 2105, bem como outros grandes relatórios científicos internacionais,
documentos de política e estratégia como a documentação Rio+20, o Relatório da Ciência
Social Mundial (UNESCO 2013), o Plano de Investigação da Sustentabilidade Global Future
Earth69, e a Declaração do Fórum Mundial da Ciência (2013) propõem uma reorientação do
pensamento de desenvolvimento para o período pós-2015, o que tem relevância para este
estudo de planificação e respectivos objectivos, assim como para o Enquadramento de Coprodução de Conhecimentos (vide Figura 9 abaixo)
68
Fórum Mundial da Ciência, Rio de Janeiro, 24-27 de Novembro de 2013. http://www.sciforum.hu/declaration/index.html
69
www.icsu.org/future-earth
Maio de 2014
113
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
DE
PARA
Abordagens fragmentadas que vêem a
economia, a sociedade e o ambiente
como entidades separadas
Abordagens integradas que
reconhecem as interligações entre
ambiente, sociedade e economia
Auxílio ao desenvolvimento
Um compacto global universal
Tomada de decisões de cima para
baixo
Processos de tomada de decisão com
intervenção dos vários intervenientes
Modelos de crescimento que
aumentam a desigualdade e o risco
Modelos de crescimento que
diminuem a desigualdade e o risco
Modelos de negócios com valor para o
accionista
Modelos de negócios com valor para o
interveniente
Cumprimento de objectivos de
desenvolvimento “fáceis”
Enfrentar barreiras sistémicas para
progredir
Controlo de danos
Investimento em resistência
Conceitos e testes
Intervenções escaladas
Múltiplas acções discretas
Coordenação em múltiplas escalas
Confiança na disciplina única e no
“perito” individual
Interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade mais fortes e
confiança em equipas
multidisciplinares
Figura 9: Resumo das mudanças necessárias a uma nova forma de abordar o desenvolvimento (a última linha
destaca as alterações nas abordagens de produção de conhecimentos) (Adaptado do de IRF 2015)
3.1.4 Universidades enquanto produtores e co-produtores de
conhecimentos
Conforme anotado acima, existe um entendimento de longa data de que as universidades têm
um grande papel a desempenhar na produção de conhecimentos; de facto, a história baseia-se
no seu papel combinado de investigação e ensino. Contudo, conforme observado por Pillay
(citado na secção 3.1.3 acima), as universidades africanas têm tido a tendência para
desempenhar um papel mais sólido na educação e formação, enquanto prestadores de
serviços de “capital humano” (diplomados) para o crescimento e desenvolvimento
nomeadamente do estado após a independência. Esta ênfase educação e formação (ensino)
afectou o papel das Instituições de Ensino Superior em África de contribuir para a investigação
e inovação, o que, até à data, tem sido mínimo.
Contudo, sendo a atenção renovada dada á revitalização da universidade em África, há uma
ênfase renovada não só na educação e no papel de ensino das universidades, como também
no respectivo papel na investigação e inovação e no envolvimento comunitário e a nível de
políticas. Hoje em dia, aceita-se amplamente que a universidade tenha “três funções
fundamentais”, nomeadamente ensino, investigação e envolvimento comunitário o que, num
contexto africano, envolve muito frequentemente também o envolvimento a nível de políticas
Maio de 2014
114
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
(muitos académicos são chamados pelos governos para dar a opinião sobre os processos
políticos nacionais). Este estudo de planificação concluiu, por exemplo, que nos países da
África austral, a investigação e as competências universitárias foram um contributo forte para
os processos políticos de DCC; houve também uma frustração de que ainda falte sinergia e
coerência aos processos políticos, mostrando as possibilidades de inovação política. Cada vez
mais, existem pedidos dos governos e da comunidade de desenvolvimento internacional para
que hajam processos de desenvolvimento de políticas baseados em provas70, o que requer
investigação e produção de conhecimentos de elevada qualidade. A maioria das universidades
em África está em processo de reforço da respectiva capacidade de contribuição para a
investigação e a inovação e as respectivas ligações para os processos e comunidades de
tomada de decisões através do envolvimento comunitário/programas de sensibilização. Tal
tem implicações para a produção de conhecimentos e, especialmente, também para os
processos de co-produção de conhecimentos e o papel desempenhado pelas universidades na
co-produção de conhecimentos.
Enquanto isto ocorre, há também uma compreensão emergente de que os sistemas científicos
estão em transformação, à medida que emergem mais pedidos de interdisciplinaridade e
colaboração no processo de produção de conhecimentos em resposta a problemas difíceis de
resolver como as alterações climáticas, conforme demonstrado no Relatório das Ciências
Sociais Mundiais da UNESCO de 201371, na declaração do Fórum Mundial da Ciência de 201372,
e noutros grandes enquadramentos científicos como o Plano Científico Global de
Sustentabilidade Future Earth.73 Conforme indicado em relação ao Plano Científico Global de
Sustentabilidade Future Earth:
“O Future Earth vai reunir cientistas naturais, cientistas sociais, engenheiros e as
humanidades com financiadores e decisores políticos que alinharão agendas de
investigação, compreenderão e anteciparão a mudança ambiental e
desenvolverão soluções inovadoras… A chave para o sucesso será a investigação
que é mais interdisciplinar, mais internacional, mais colaborativa e mais reactiva
para os utilizadores da investigação…”74
Uma análise extensa de Hessels e van Lente (2008) 75 sobre a nova literatura relativa à
produção de conhecimentos indica que existe uma tendência geral para orientar os sistemas
científicos no sentido de objectivos estratégicos, bem como a produção de conhecimentos
70
O compromisso e a inovação políticos é uma área de estudo reconhecida de direito próprio. Por conseguinte, as universidades
podem não só contribuir para a política, como também auxiliar com processos de reavaliação de políticas de formas críticas e
socialmente relevantes. Os estudos políticos contribuem, por conseguinte, fortemente para as preocupações relacionadas com o
DCCD, não só de uma perspectiva aplicada, como também de uma perspectiva política crítica e inovadora.
71
UNESCO/ISSC. 2013. World Social Science Report 2013.
72
Fórum Mundial da Ciência, Rio de Janeiro, 24-27 de Novembro de 2013. http://www.sciforum.hu/declaration/index.html
73
www.icsu.org/future-earth
74
Professora Diana Liverman, vice-presidente da equipa de concepção do Future Earth e vice-directora do Instituto do Ambiente
da Universidade do Arizona, citada no lançamento do plano de investigação Future Earth na Conferência Rio+20 em 2012.
75
Hessels, L.K e H. van Lente. 2008. “Re-thinking new knowledge production: A literature review and research agenda,” Research
Policy 37: 740-760.
Maio de 2014
115
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
relevantes, por forma a abordar as necessidades prementes da sociedade, como é igualmente
proposto neste Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos de DCC.
Emergiu uma variedade de abordagens para compreender, explicar e teorizar essas tendências
e é importante observar que essas direcções nos sistemas científicos não são incontestadas.
Um importante debate científico que mostra a contestação sobre as alterações no sistema
científico no sentido dos paradigmas da “produção de novos conhecimentos” envolve o
trabalho de Gibbons et al. (1994)76, que produziu um texto sobre “A Nova Produção de
Conhecimentos”. Sugeria que embora a produção de conhecimentos que era principalmente
atribuída em instituições científicas e estruturada por disciplinas científicas, a sua localização,
práticas e princípios são muito mais heterogéneos. Gibbons et al. 77 sugeriram que os
conhecimentos deviam ser produzidos “no contexto de aplicação” através de colaborações
transdisciplinares ou de processos de co-produção de conhecimentos. Tais abordagens ao
conhecimento não precisam, contudo, de substituir a importância dos conhecimentos
produzidos em contextos disciplinares, mas pode ser visto como suplemento e expansão das
fundações disciplinares da produção de conhecimentos, criando novas abordagens e
formações à produção de conhecimentos.
As críticas às abordagens transdisciplinares também existem e é útil considerá-las na
investigação e co-produção de conhecimentos relacionados com DCC. Por exemplo, há uma
tendência para ver a transdisciplinaridade em oposição à disciplinaridade, a qual pode ser
errónea, uma vez que a transdisciplinaridade não pode simplesmente alcançar a
independência das ciências disciplinares. Ambos estão relacionados e são mutuamente
dependentes. Existe igualmente uma tendência para confundir a produção de conhecimentos
e recorrer e/ou implementar nos discursos transdisciplinares, e será necessário fazer aqui
distinções mais claras. As abordagens transdisciplinares são igualmente criticadas por serem
“contra a diferenciação” pois tendem a esbater as fronteiras entre as instituições académicas,
técnicas, industriais e sociológicas. Tal pode levar à dita confusão acima mencionada, embora
haja igualmente um forte contra-argumento para uma mais forte integração. As abordagens
transdisciplinares, à semelhança de todas as abordagens de co-produção de conhecimentos,
podem também sofrer de uma mistura acrítica de conteúdo descritivo e normativo nos
processos de co-produção de conhecimentos, o que requer um envolvimento reflexivo com
tais abordagens.78
Além disso, existem implicações para as universidades e sistemas universitários relacionadas
com as abordagens de co-produção de conhecimentos:

Como se envolver e reforçar a validade das actividades de investigação inter e
transdisciplinares, com a sua integração dinâmica de teoria e prática de várias
76
Gibbons, M., C. Limoges, H. Nowotny, S. Schwartzman, P. Scott, e M. Trow. 1994. The New Production of Knowledge: The
Dynamics of Science and Research in Contemporary Societies. Londres: Sage.
77
Gibbons et al., The New Production of Knowledge.
78
Parcialmente adaptado de Hessels e van Lente, “Re-thinking new knowledge production”, mas também reflexo da consulta
neste estudo de planificação.
Maio de 2014
116
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos


disciplinas, e a que ponto são reconhecidas como parte substancial dos sistemas
científicos contemporâneos;
Como se envolver com a reflexividade necessária dos cientistas universitários que os
torne conscientes dos potenciais efeitos da respectiva investigação para a sociedade e
considerá-los quando seleccionam temas, métodos e abordagens de investigação; e
Como se envolver com novos critérios de investigação relacionada com a relevância
para a sociedade e como podem ser integrados em sistemas de controlo de qualidade
científica, por exemplo, revisão de pares, enquadramentos de financiamento e
79
também em sistemas de avaliação de indivíduos, projectos e organizações.
Todas estas questões precisam de ser criticamente consideradas pelos sistemas universitários,
considerando a heterogeneidade da ciência e as diferenças existentes entre campos
científicos e contextos, prioridades, políticas nacionais, bem como preocupações relacionadas
as alterações na sociedade.
O estudo de planificação, juntamente com os planos e debates científicos internacionais
relacionados, mostram que as vias de resistência ao clima ou o DCC são claramente uma
preocupação crítica das alterações na sociedade que influenciam sistemas de produção de
conhecimentos de formas que mostram as universidades não apenas como produtoras de
conhecimentos, mas também como co-produtoras de conhecimentos e participantes nas
formações da sociedade orientadas para o bem público. Existem algumas lições úteis para
considerar o papel das universidades como co-produtoras de conhecimentos que resultaram
de projectos como o Programa de Adaptação de África (AAP) coordenado do Programa de
80
Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD). Concluiu-se que os dados científicos só por si
eram insuficientes quando se falava com os decisores políticos e que “Embora essenciais,
estes dados devem ser colocados num contexto nacional de modo a influenciar o processo de
tomada de decisões. Os decisores políticos em matéria de alterações climáticas provaram ser
mais receptivos a uma combinação de informações baseadas em factos científicos, a uma base
socioeconómica e a avaliações da vulnerabilidade, incluindo a integração de avaliações sobre
os impactos económicos, o conhecimento autóctone e as questões sobre géneros”. Esta
conclusão é importante como guia para um Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos regional pois sugere que os cientistas locais precisam de integrar as
respectivas conclusões em contextos de desenvolvimento nacional e preocupações
relacionadas com prioridade.
De uma perspectiva da capacidade de desenvolvimento, as conclusões da AAP do PNUD
indicam que “A capacidade para planear e integrar (a forma como) as alterações climáticas na
79
Parcialmente adaptado de Hessels e van Lente, “Re-thinking new knowledge production”, mas também reflexo da consulta
neste estudo de planificação.
80
Mwebaza, R. 2013. Lições aprendidas de planificações e políticas inovadoras resistentes a nível do governo nacional e local.
PNUD. www.locs4africa.iclei.org/files/2013/11 (transferido a 16 de Novembro de 2013). As conclusões desta secção da AAP do
PNUD provêm desta fonte. Ressaem aqui em primeiro plano pois foi uma das principais iniciativas de DCC (focada na adaptação)
implementada na região da SADC. Existem outros estudos com conclusões semelhantes, mas uma análise pormenorizada dos
mesmos sai do âmbito do estudo de planificação.
Maio de 2014
117
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
planificação nacional e sub-nacional era muito limitada”. A AAP concluiu ainda que “as viagens
de aprendizagem ou as actividades de partilha de conhecimentos eram vitais para a partilha de
lições e experiências nas medidas de adaptação costeiras”. Também de forma significativa, a
AAP concluiu que havia um maior impacto na criação de resistência se a política e as acções do
programa a nível nacional fossem espelhadas a nível sub-nacional. Tal envolvia estruturas de
governo sub-nacional e intervenientes associados para o desenvolvimento de respostas a nível
local. Significativo para o papel das universidades enquanto produtoras de conhecimentos é a
conclusão de que “a geração e gestão de conhecimentos para apoiar a planificação na
implementação a níveis nacionais e sub-nacionais são cruciais”.
Exemplos de programas iniciados pela AAP para apoiar tal incluem a utilização de modelização
dinâmica de sistemas que apoiem a avaliação das alterações climáticas e a planificação da
vulnerabilidade, a criação de centros de conhecimentos (no caso de Moçambique, localizavase na Academia de Ciências do Ministério da Ciência e Tecnologia, que está agora incluído na
estratégia nacional em matéria de alterações climáticas); apoio ao desenvolvimento de infraestruturas electrónicas sobre dados climáticos e dados informativos que incluíam a instalação
de um Computador de Alto Desempenho (CAD) para geração de modelos e facilitação do
acesso a dados, e pela criação de ligações de informação entre sistemas climáticos, de
previsão e aviso precoce. A criação de infra-estruturas que permitem a ligação sem fios de
partilha de informações entre Ministérios, como o das Florestas, Agricultura, Saúde e as
Autoridades de Gestão de Desastres foi outra estratégia implementada. Tais estratégias
podem ser, e precisam de ser, extensivas a universidades em cada país, pois têm o potencial
de contribuir para um compromisso especialmente a nível nacional e sub-nacional com a
produção de conhecimentos de DCC e os processos de gestão, bem como para os objectivos de
desenvolvimento de capacidades para o DCC. Aqui é importante observar que os programas
como o AAP do PNUD tendem a produzir modelos e abordagens que depois precisam de ser
integradas em sistemas nacionais de desenvolvimento, fluxo de conhecimentos e estruturas
institucionais.
As conclusões do estudo de planificação, juntamente com os resultados do programa AAP
mostram que os países precisam de dados fiáveis e actualizados para moverem o
desenvolvimento em direcção a uma maior resistência. No AAP, tal envolveu o apoio a serviços
meteorológicos nacionais por forma a fornecer acompanhamento e previsões fiáveis,
pormenorizadas e actualizadas sobre o estado do tempo. Os engenheiros nacionais foram
formados em gestão de dados, informações climáticas e modelização climática, destacando
que tal era uma área importante para a inovação curricular nas ciências de engenharia. A
capacidade para compreender a importância de dados climáticos reduzidos para tomar
decisões de adaptação informadas foi também considerada crucial. Foi ensinada aos países a
importância destes dados, assim como lhes foi dado acesso a conjuntos de dados como o
CORDEX, e dada formação na análise e aplicação desses conjuntos de dados. Tal indica outra
área de inovação curricular e produção de conhecimentos nas universidades.
As conclusões da AAP destacam igualmente a importância do papel das faculdades que dão
formação a entidades de gestão pública, gestores financeiros e decisores políticos, sendo o
acesso e a integração do financiamento em matéria de alterações climáticas na planificação e
desenvolvimento nacional considerados um importante factor de influência do DCC. As
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118
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
conclusões da AAP do PNUD mostram que ter uma boa política e bons planos de acção em
matéria de alterações climáticas não é adequado; precisam de financiamento nacional para os
amadurecer. Tal é consistente com as conclusões do estudo de planificação. O
desenvolvimento de capacidades e a formação eram necessários para aceder ao mecanismo
financeiro para o DCC. Tal tem implicações, por exemplo para as Faculdades de Comércio que,
tradicionalmente, têm estado menos envolvidas na educação para as inovações de
desenvolvimento sustentável.
Todas estas conclusões, juntamente com a discussão sobre produção e co-produção de
conhecimentos acima definidas, apontam para os tipos de “novas prioridades” que o DCC traz
para o ambiente da produção de conhecimentos nas universidades, destacando os tipos de
alterações institucionais, investigação e inovações curriculares necessárias.
3.2 Síntese da análise institucional
3.2.1 Visão geral das análises institucionais país por país
Conforme indicado na secção 1 acima, este estudo de planificação envolveu uma análise
institucional realizada país por país (resumo no Anexo A, publicado como Relatórios de País
individuais no Volume 2). As análises institucionais para cada país incluem o seguinte:




Acordos políticos e institucionais para o ensino superior e para as respostas em
matéria de alterações climáticas;
Enquadramentos de investigação e desenvolvimento a nível nacional, especialmente
por estarem relacionados com o DCC;
Uma rápida análise a algumas iniciativas e programas actuais em matéria de DCC nos
países;
Uma análise do estatuto existente da rede de trabalho de investigação, educação,
sensibilização em matéria de DCC em cada país, com ênfase em






Compreensão do DCC entre profissionais e intervenientes universitários;
Investigação actual relacionada com o DCC;
Núcleos de Competência, Centros de Competências, Centros de Excelência e Redes
de Investigação identificadas;81
Inovações curriculares e ensino de DCC;
Alcance político e comunitário;
Envolvimento dos alunos no DCC;
81
Núcleos de competências, conforme utilizado neste documento, refere-se a “grupos de competências” relacionados com uma
área de investigação relacionada com DCC, que envolva pelo menos um académico com alunos licenciados. Centros de
Competências refere-se a centros ou institutos já estabelecidos que funcionam mais frequentemente a nível universitário, ou
entre várias universidades com ligações de parceria em rede (que podem ser nacionais ou internacionais). Um Centro de
Excelência conforme utilizado neste estudo refere-se a um enquadramento de parceria multi-institucional que aborda um área
importante de investigação do DCC que envolve múltiplas universidades, bem como parcerias formalizadas a nível nacional e
internacional. Uma rede de investigação refere-se a grupos de investigação baseados em interesses que se reúnem regularmente
para discutir ou debater preocupações ligadas a investigação. Vide secção 4 (Quadro 5) para uma explicação mais pormenorizada
sobre a forma como estes termos são utilizados neste documento.
Maio de 2014
119
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos



Política universitária e gestão do campus;
Colaboração universitária e trabalho em rede; e
Liderança universitária, com todos os temas anteriores sustentando que práticas
existentes podem ser reforçadas e o que poderia ser feito de forma diferente.
A análise institucional também incluiu uma avaliação das práticas actuais de co-produção de
conhecimentos através de abordagens multi, inter e transdisciplinares à investigação.
Identificou exemplos dessa investigação onde existiam e comentou sobre os condicionalismos
e benefícios de tais abordagens de investigação, conforme discutido em workshops com
universidades e intervenientes. Além disso, deu alguma perspectiva quanto às possibilidades
para tais abordagens de co-produção de conhecimentos a nível nacional, mas também na
SADC, apontando onde poderão ser formadas possíveis ligações e parcerias de investigação
entre os países.
Existem vários aspectos que sobressaem dos estudos de planificação baseados no país e das
avaliações institucionais realizadas como parte dos mesmos. Estão relacionados com várias
áreas importantes e relevantes para a co-produção de conhecimentos em matéria de DCC,
bem como para este Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos.
3.2.2 Construção de um entendimento comum de DCC dentro e entre
instituições
Conforme anotado na Avaliação das Necessidades (secção 2), em todos os países envolvidos
neste estudo de planificação, houve um acordo geral de que o DCC envolve mitigação e
adaptação, bem como uma gama de dimensões transversais de alteração do sistema a nível da
sociedade, social e ecológico. A definição de DCC conforme utilizada no projecto (vide secção 1)
acima foi utilizada em todos os workshops, e houve igualmente um claro acordo de que o DCC
deve fazer parte do desenvolvimento sustentável (vide secção 1) e que se tratava de um
conceito estritamente associado ao conceito de desenvolvimento de resistência climática
(vide secção 1). Observou-se igualmente que em todos os documentos de política analisados
em matéria de alterações climáticas relacionados com as alterações climáticas, há uma clara
concretização das respostas em matéria de alterações climáticas estritamente ligadas ao
desenvolvimento sustentável e que lidar com as alterações climáticas era uma questão entre
sectores e de vários níveis que afecta todas as instituições na sociedade. As alterações
climáticas na África austral não são vistas como uma preocupação ambiental, mas antes como
uma preocupação de desenvolvimento urgente com consequências socioecológicas e
socioeconómicas que não podem deixar de ser atendidas. Tem, por conseguinte, implicações
de desenvolvimento institucional significativas para todas as instituições na sociedade,
incluindo as Instituições de Ensino Superior, que são o foco deste estudo de planificação.
Não obstante este entendimento geral, verificou-se que, em muitos casos, os intervenientes e
os profissionais universitários tendiam a interpretar o DCC em relação aos seus interesses
sectoriais, institucionais e/ou disciplinares, e em muitos casos, também interpretavam o DCC
ao nível da forma como as alterações climáticas afectariam as suas empresas, instituições ou
sectores, ou principais componentes (isto é, a indústria extractiva na Namíbia ou as
comunidades costeiras na Tanzânia ou em Moçambique), sem muitas vezes levar essa
consideração a bom termo com vista a uma conceptualização de novos caminhos e
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
alternativas de desenvolvimento. No entanto, conforme observado na Análise das
Necessidades (secção 2.3.2), os dados dos workshops e dos questionários em muitos dos
países mostraram uma forte compreensão da necessidade de DCC e das lacunas na resposta
nacional que foi além das disciplinas dos participantes ou dos mandatos das respectivas
instituições.
Alguns participantes sentiram que através da influência programática do PNUD e de outras
organizações de desenvolvimento global envolvidas nas alterações climáticas, como por
exemplo, o Programa de Adaptação de África, havia uma tendência para a adaptação do
discurso e da prática. Contudo, tal poderá dever-se mais à ênfase dada na política nacional à
real e urgente necessidade de adaptação dos países da África austral, um processo que tem
influenciado bastante as respostas institucionais em matéria de alterações climáticas até à
data. Importante para o futuro desenvolvimento institucional do DCC foi a perspectiva de que
a tendência para a adaptação, embora importante e necessária, tendesse igualmente para
marginalizar ou obscurecer o foco na mitigação e noutras preocupações transversais
alterações ao sistema a nível cultural, social e económico. Os participantes do workshop e os
entrevistados do questionário estavam de acordo de que todos estes aspectos precisavam de
ser analisados relativamente uns aos outros para que o DCC surgisse como uma clara
trajectória de desenvolvimento com objectivos de desenvolvimento sustentável mais vastos, e
que todas as universidades e outras instituições de conhecimentos e política aceitassem todas
as preocupações.
Para muitos dos que participaram nos workshops, foi igualmente “a primeira vez” que
consideraram o significado pleno do conceito de DCC, demonstrando que se trata de um
conceito importante a desenvolver através do envolvimento contínuo dentro e entre as
instituições. Tal destaca igualmente algum grau de confusão gerada pela tendência de
doadores e programas desenvolverem as suas próprias conceptualizações de resposta às
alterações climáticas.
A key issue for universities and stakeholders to engage with is the fact that CDKN is
promoting the concept of CCD, developed with partners in the United Kingdom’s
Overseas Development Institute (ODI)82, while the IPCC uses the concept of climate
resilient development pathways, which also integrates adaptation, mitigation and
development. Assim, parece apropriado para a região envolver-se ainda mais em
discussões sobre este ponto e talvez ser orientada em certa medida quanto à
conceptualização deste tipo de resposta integrada nas alterações climáticas que estará
presente na futura Política em matéria de alterações climáticas da SADC.
Nas respostas universitárias do estudo de planificação, em todos os países havia uma
tendência para “integrar” a essência do conceito de DCC, ou uma formulação diferente da
82
O Instituto de Desenvolvimento Internacional (IDI) é o grupo de reflexão líder nos Reino Unido sobre desenvolvimento
internacional e questões humanitárias. Deve-se observar aqui que a CDKN estava a financiar este estudo de planificação da SARUA,
daí a ênfase em desenvolvimento compatível com o clima e a respectiva introdução no discurso da universidade da SADC.
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
mesma abordagem integrada, uma vez que se diz que o DCC foi considerado o “território” de
Geógrafos ou Cientistas, o que impossibilitou ma adesão mais vasta à investigação em matéria
de DCC. Concluiu-se que os líderes universitários precisavam de se envolver de forma mais
responsável com o conceito de DCC e as questões e vulnerabilidades colocadas às sociedades
da África austral pelas alterações climáticas, destacando a necessidade de uma maior
orientação para envolver os líderes universitários e os académicos nas faculdades no processo
de compreensão do DCC e respectivas implicações para o ensino universitário.
3.2.3 A interface de ciência-política-prática
Várias questões emergentes da análise institucional são relevantes para a interface ciênciapolítica-prática, conforme também observado na secção 2. As consultas do estudo de
planificação da África austral mostraram uma forte preocupação por uma interface ciênciapolítica-prática, havendo uma preocupação semelhante sobre a forma como a ciência pode e
deve influenciar a política e a forma como a ciência pode e deve influenciar a prática. O estudo
de planificação da SARUA demonstrou que as relações entre a ciência e a política e entre a
ciência e a prática requerem atenção. Os participantes eram frequentemente da opinião de
que não é possível assumir que se a ciência influencia a política, essas alterações da prática
ocorrerão automaticamente; como é sabido na África austral que a eficácia política é
frequentemente um problema, deu-se também ênfase às relações entre ciência e prática,
nomeadamente uma preocupação para benefício a nível comunitário.
As discussões sobre a interface ciência-política-prática no estudo de planificação também
incluíram envolvimento crítico com discurso dominante de desenvolvimento. Foi aqui
suscitada a preocupação sobre o paradoxo interno existente entre desenvolvimento
sustentável / elaboração das políticas relacionadas com DCC orientadas para objectivos a mais
longo prazo e para o bem público, bem como a forte influência de trajectórias neo-liberais de
desenvolvimento económico orientadas por ganhos de paradigma de crescimento a mais curto
prazo. Os workshops do Malávi e da África do Sul, em particular, indicaram que o
envolvimento crítico com paradigmas e abordagens científicas e de desenvolvimento deviam
ser incluídas na investigação e na prática da política de DCC. O problema das trajectórias de
desenvolvimento globais que continuavam a produzir emissões de carbono sem uma resolução
política adequada e/ou compromissos de justiça social (por exemplo, o incumprimento do
processo das negociações internacionais em matéria de clima em tomar as medidas
necessárias até à data) foi suscitado mais de uma vez nos workshops, e em mais de um país.
Trata-se de uma questão de nível global que ainda tem de ser adequadamente abordada a um
nível global da elaboração de políticas. Os participantes do workshop no Malávi sugeriram que
é necessário um maior activismo e competências de negociação mais fortes para reforçar a
solidariedade regional/global a Sul nas negociações em matéria de clima.
“A estrada que vai ser construída através do Parque Nacional de Serengeti... há
portanto várias vozes a dizer que esta estrada não deve ser construída. Mas os
políticos têm ideias muito diferentes e, recentemente, ouvi dizer que vai mesmo
acontecer. Existe, portanto, este desafio… é possível que estas pessoas das
universidades levem os políticos a fazer algo e se certifiquem de que o fazem. Mas
será que têm esse poder”?
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122
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Interveniente da Tanzânia
Verificou-se igualmente muita preocupação com o facto de as boas políticas não serem
traduzidas na prática, embora estejam a ser desenvolvidas para o DCC ao nível de país, assim
como com a falta de sinergia e integração e coerência inter-sectorial. Aqui deve-se observar
que embora muitas políticas em matéria de alterações climáticas sejam relativamente novas, a
lacuna existente entre política e implementação também é verdadeira para outras políticas de
desenvolvimento sustentável, indicando mais falhas sistémicas. Houve também uma
preocupação com o facto de que, embora as conclusões científicas estivessem a ser produzidas,
sejam pouco disseminadas e não sejam frequentemente utilizadas. Houve uma preocupação
generalizada nos países participantes do estudo de planificação de que a ciência não está a
beneficiar as comunidades e que deveria contribuir mais pro-activamente para o bem-estar da
comunidade, especialmente face aos desafios contínuos de pobreza agora mais exacerbados
pelos riscos e a vulnerabilidade em matéria de alterações climáticas. A forma como isto é feito
não foi discutida com grandes pormenores, além de um sentido de necessidade de
“estratégias que tornem a ciência relevante” e da “melhoria das comunicações”, bem como de
um sentimento que a investigação transdisciplinar possa ajudar a este respeito (vide
igualmente secção 4). A forte expressão sobre aprender mais com os conhecimentos
autóctones relativamente às práticas científicas e em soluções de adaptação, e sobre
estratégias para envolver o conhecimento comunitário (vide secção 2 acima) é uma resposta a
esta preocupação (vide secção 4). Na prática, esta estratégia (isto é, o envolvimento dos
conhecimentos autóctones relativamente à ciência e às novas práticas de adaptação) não está
desenvolvida, especialmente nos contextos científicos universitários (as abordagens à
investigação por parte das ONG e da organização de desenvolvimento estão mais orientadas
do que as práticas científicas universitárias do presente).
“Enquanto economista, e trabalhando com cientistas, há que responder a um
conceito que não está claramente definido. As alterações climáticas têm impacto
sobre o sistema/variabilidade existentes, de tal forma que se torna difícil para nós
sabermos, pelo menos a curto prazo, o que vai acontecer amanhã (desenha
gráfico). Portanto precisamos de nos concentrar na nossa resposta de adaptação,
desenvolvendo a nossa resistência para o aumento da variabilidade. Não temos os
dados para uma resposta precisa, estamos a olhar para picos no sistema. Por isso,
não vai haver uma resposta específica. Tal significa que é importante olhar para os
sistemas de conhecimento autóctone, assim como para outros sistemas e
estratégias”.
Interveniente do Botswana de uma agência internacional
O envolvimento comunitário em alguns países parece fornecer uma importante interface entre
cientistas e a mais vasta comunidade, mas é geralmente actualizado de forma débil nas
universidades devido a pressões de tempo e a outros condicionalismos institucionais (por
exemplo, salários baixos) que afectam a motivação, o tempo e o compromisso do meio
académico para se envolver em práticas científicas que envolvam a comunidade. No entanto,
existem vários exemplos excelentes de investigação realizada com o envolvimento comunitário
nos países da SADC, mas tendem a ser orientados por indivíduos empenhados, e não pela
política ou os incentivos sectoriais. Na África do Sul, o NRF criou um programa de investigação
Maio de 2014
123
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
do envolvimento comunitário, o Conselho para o ensino superior divulgou directrizes para as
universidades sobre envolvimento comunitário e muitas universidades têm estruturas
fortemente criadas para e elaboram relatórios de forma activa sobre o envolvimento
comunitário. Estes elementos facilitam a relação ciência-prática nas universidades e mostram
que tais intervenções estruturais na política de investigação, no sector do ensino superior,
assim como na gestão universitária e nos níveis estruturais, podem ser úteis para prosseguir
com novas agendas e práticas em universidades, como as que são necessárias para o DCC.
As organizações de desenvolvimento internacional e os doadores também parecem
desempenhar um papel fundamental ao permitirem a interface ciência-política-prática. Estas
organizações, especialmente o PNUD e as vastas ONG internacionais como a Oxfam, a Action
Aid, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e o Centro de Investigação para o
Desenvolvimento Internacional (IDRC), que têm uma forte presença na política e na prática de
DCC enquadrada na região da África austral, tendem a apoiar a investigação orientada para as
soluções, podendo também informar a política. Inspiram-se em decisores políticos, bem como
em investigadores de universidades nacionais (onde os núcleos ou centros de competências
relevantes existem), consultores e investigadores internacionais (onde não existe capacidade
nacional de investigação) e mostram também resultados ao nível comunitário e/ou ao nível do
sistema. São “parceiros fronteiriços” potencialmente importantes, mas sofrem por vezes de
um problema de falta de continuidade, uma vez que os respectivos programas tendem a ser a
curto prazo, centrados em inovação e dependentes do governo e de intervenientes locais que
os sustenham, aumentem e expandam, o que muito frequentemente não ocorre da forma
prevista devido a condicionalismos estruturais e aos sistemas inadequados de transferência de
conhecimentos.83 Os investigadores universitários referem aqui a necessidade de uma “melhor
contextualização”. No entanto, tais programas fornecem realmente condições para parcerias
de formação da investigação em programas universitários, pois modelam e conseguem
geralmente apoiar os tipos de investigação na interface ciência-política-prática que
contribuem activamente para a produção de conhecimentos de DCC.
A outro nível, e talvez relativamente ao desenvolvimento de capacidade mais nacional para a
mediação fronteiriça, há o ponto repetido da necessidade de desenvolvimento de capacidade
das “organizações fronteiriças” que podem facilitar o feedback contínuo em matéria de
alterações climáticas entre instituições das ciência, decisores políticos, comunidades e
utilizadores da terra. Tal trabalho, que está actualmente a ser preenchido na sua maior parte
por organizações internacionais e ONG, requer capacidade para aceder, interpretar, traduzir e
comunicar ciência em matéria de alterações climáticas e relacioná-la com os contextos locais e
os indicadores relevantes de DCC/práticas de alterações. Os intervenientes institucionais deste
trabalho mais citados a nível nacional foram os serviços de extensão (por exemplo, florestas,
pescas, serviços de extensão de apoio à agricultura e à saúde que funcionam nos
departamentos governamentais), em quase todos os países eram geralmente fracos e a
precisar de formação para compreenderem e mediarem conhecimentos complexos em
83
Ver exemplos e discussões nos Relatórios de País do Volume 2.
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
matéria de alterações climáticas, que tem especificidades situacionais que nem sempre podem
ser predeterminadas. Isto apresenta as universidades envolvidas na formação dos serviços de
extensão com novos currículos e desafios de investigação, se tiver de ser desenvolvida tal
capacidade a nível nacional de modo a servir a interface ciência-política-prática relacionada
com DCC e dar o feedback contínuo necessário para que os sistemas de extensão permaneçam
informados e relevantes.
3.2.4 Universidades enquanto contribuidoras para o conhecimento de
políticas
Foi encontrada uma relação interessante na interface ciência-política na maioria dos países
que aponta para o papel significativo, embora relativamente “silencioso”, desempenhado
pelos académicos universitários no fornecimento de apoio aos conhecimentos científicos com
vista a políticas. Embora a falta de ligação entre investigação e política, e tomada de decisões,
tenha sido frequentemente mencionada, parece ser uma questão com fraca articulação,
especialmente quando se trata da forma como a investigação está a informar a elaboração de
políticas em matéria de alterações climáticas. Embora haja provas, na maioria dos países, de
uma boa presença na investigação publicada a nível internacional por parte de investigadores
nacionais líderes em campos relacionados com as alterações climáticas, o número de
investigadores activos a fazer publicações regulares na literatura revista por pares tendia a
indicar um subconjunto relativamente pequeno de investigadores na maioria dos países, à
excepção da África do Sul e do Zimbabué. Contudo, em todos os países meridionais do
continente africano, os principais investigadores nas universidades contribuíram
significativamente para a elaboração de documentos, tais como políticas e estratégias de
alterações climáticas onde existem, e as Primeiras ou Segundas Comunicações Nacionais à
UNFCCC (monitorizadas através das listas de referência destes documentos e em dados de
workshops e questionários), embora esta investigação não tenha sido amplamente publicada,
excepto em formato de “literatura cinzenta” (vide abaixo).
O estudo de planificação revelou que o governo de quase todos os países da SADC era um
factor significativo de investigação em matéria de alterações climáticas e emprega
investigadores universitários, frequentemente através de consultorias (os académicos também
trabalham em parceria com empresas de consultoria independentes), de modo a contribuir
com conhecimento de investigação para o processo político. O mesmo pode dizer-se das ONG
internacionais orientadas para a investigação, como o WWF e União Internacional para a
Conservação da Natureza (IUCN). A procura de investigação é criada através das necessidades
contextuais, bem como pelo UNFCCC e outros processos de acordo multilateral, como a
Convenção das Nações Unidas em matéria de Diversidade Biológica (UN-CBD) e a Convenção
das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UN-CCD). Através destes processos, os países
comprometem-se a produzir e actualizar os relatórios nacionais, daí a necessidade do governo
em “orientar” a investigação de modo a informar a elaboração de relatórios.
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Em quase todos os países da SADC, os processos de investigação necessários para informar a
Primeiras e Segundas Comunicações Nacionais, bem como outros processos políticos como o
desenvolvimento de Programas de Adaptação Nacional (NAPA) nos países menos
84
desenvolvidos (PMD) , parecem ter “despoletado” pequenas comunidades de investigação
existentes com foco nas alterações climáticas e alargaram-nas em certa medida. Tal reflectiuse nos dados do questionário que mostram que muitos investigadores que trabalham com
investigação relacionada com as alterações climáticas e o DCC apenas o faziam há poucos anos,
embora tivessem estado activos nas respectivas disciplinas durante muito mais tempo. Assim,
para que estes processos políticos nacionais evoluam, os governos estão a inspirar-se em
investigadores nacionais nas universidades. Auxiliam-nos, através deste processo, de modo a
voltar a orientar os respectivos interesses e trajectórias de investigação em direcção ao DCC,
também em processo de desenvolvimento da base nacional científica para investigação em
matéria de DCC, o que, por sua vez, traz inovação curricular e outros efeitos (vide abaixo).
Estas perspectivas também vêm desafiar a opinião assumida de que a investigação deve
orientar as políticas, uma vez que mostra que há uma relação mais iterativa entre a
necessidade de conhecimentos políticos baseados em investigação (baseados na procura
contextual) e na produção de conhecimentos de investigação relacionados com políticas
(preparados para responder a esta procura), especialmente nas áreas que requerem novas
formas de produção de conhecimentos como o DCC. Trata-se de um processo importante para
uma melhor compreensão e oferece uma forte motivação no envolvimento de académicos
universitários em programas que podem reforçar os respectivos conhecimentos de
investigação e competências em matéria de DCC.
Os investigadores universitários, e quando for o caso, os membros de Centros de Investigação
baseados na universidade em matéria de alterações climáticas e DCC (por exemplo, o Centro
de Investigação Multidisciplinar na Namíbia, o LEAD SEA no Malávi, a Iniciativa Africana do
Clima e Desenvolvimento da Universidade da Cidade do Cabo, o Instituto de Investigação das
Alterações Globais e Sustentabilidade da Wits Universidade) servem em Comités Nacionais em
matéria de alterações climáticas, ajudando assim a definir a investigação e a agenda política
85
em matéria de alterações climáticas.
84
National adaptation programmes of action (NAPAs) provide a process for Least Developed Countries (LDCs) to identify priority
activities that respond to their urgent and immediate needs to adapt to climate change – those for which further delay would
increase vulnerability and/or costs at a later stage (www.unfcc.int).
85
Vide pormenores nos Relatórios de País (Volume 2). As conclusões são de dados consolidados incluídos nos Relatórios de País.
Tratam-se apenas de exemplos ilustrativos e não reflectem o âmbito total da participação do investigador nos processos políticos
nacionais. Tal análise pormenorizada está fora do âmbito deste estudo.
Maio de 2014
126
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
3.2.5 Construção e coordenação da instituição de investigação
3.2.5.1 Organizações de Investigação: quem faz a investigação em matéria de
alterações climáticas e DCC nos países da SADC?
Além das contribuições dos investigadores universitários principalmente para os processos de
86
elaboração de relatórios políticos e nacionais , o estudo de planificação identificou várias
outras instituições também envolvidas em investigação, embora não fosse o principal foco ou
mandato do estudo de planificação. Contudo, dado que se relacionam com o principal foco
deste relatório em matéria de co-produção de conhecimentos, encontram-se aqui incluídos
para dar uma visão mais ampla da potencial colaboração que envolve as universidades. As
outras instituições também fornecem plataformas de partilha de conhecimentos,
aprendizagem co-operativa e locais/sites para investigação para alunos e profissionais
universitários.

Organizações internacionais e doadores: As organizações internacionais e os doadores
são um grupo importante activamente envolvido na investigação em matéria de
alterações climáticas e DCC na SADC e em todo o continente africano, especialmente
em programas financiados pelo FGA e os afiliados ao PNUA e ao PNUD, que trabalham
em parceria com os governos nacionais e fazem frequentemente a mediação e a
ligação com várias organizações doadoras e profissionais especializados em
intervenções com local específico em matéria de alterações climáticas e DCC.
Exemplos disto são o caso do programa do PNUD Bacia Fluvial do Cuvelai em Angola e
outros realizados no Programa de Adaptação de África de 20 países. Existem outros
exemplos como o programa de investigação da bacia do Lago Chilwa que está a ser
implementado pelo LEAD SEA com o apoio do governo norueguês no Malávi.87 Assim
como o conhecimento precoce em matéria de DCC, existe frequentemente a
necessidade de uma gama sofisticada de investigação multidisciplinar que informe
sobre tais programas de desenvolvimento, conforme demonstrado no programa do
PNUD Bacia Fluvial do Cuvelai em Angola.88 Este programa envolve modelização de
redução, construção de mapas geoespaciais das inundações, recolha de dados hidrometeorológicos, avaliação e vulnerabilidade dos meios de subsistência,
experimentação de germoplasma e testes no terreno para variedades de culturas,
capturando os conhecimentos tradicionais e muito mais. As organizações
internacionais de desenvolvimento possuem o “músculo” financeiro para reunir
equipas de investigadores locais/nacionais e internacionais que realizem tais estudos,
criando ambientes modelo de co-produção de conhecimentos. Os doadores bilaterais
como o Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DfID), o
Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), o IDRC e outros,
desempenham também um papel semelhante.
86
A excepção aqui é a África do Sul que produz mais volumes de investigação revista por pares a nível internacional do que os
outros países da SADC.
87
Vide estudos de planificação de País para mais exemplos (Volume 2).
88
Vide estudo de planificação de país de Angola para um resumo desta iniciativa (Volume 2).
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos



Investigação de NGO: Em muitos países da SADC, e de facto em África, as ONG,
frequentemente em parceria com organizações internacionais e financiadores como a
FGA e o IDRC estão a orientar e a executar formas inovadoras de investigação SEM
alterações climáticas e DCC. Exemplos disto são a Oxfam, a Action Aid, o WWF, a IUCN,
entre outros. Bons exemplos locais incluem a Indigo Development na AS e a
Development Workshop em Angola. Frequentemente, são peças de investigação
interessantes e bem executadas, igualmente publicadas em jornais revistos por pares.
Estes projectos de investigação tendem a ser situacionais e recorrem a abordagens de
investigação de acção comunitária. Trabalham directamente com as comunidades
locais, e por vezes com os decisores políticos, em processos de local avaliação de
vulnerabilidades e impactos, no sentido de desenvolver estratégias de adaptação
locais de forma a ter muitas das características da investigação transdisciplinar.89 Um
exemplo que se destaca, contudo, é a Fundação Desert Research na Namíbia, que
alberga no momento o Centro de Excelência Gobabeb da SADC, fornecendo
instalações e oportunidades líderes a universidades, parceiros de desenvolvimento e
parcerias do sector privado-público em investigação de energia e biodiversidade
relacionada com DCC.
Consultores de Investigação: Existem também vários consultores de investigação que
contribuem para a investigação em matéria de alterações climáticas e DCC na África
austral. Em vários países, podem ser os antigos colaboradores de departamentos do
ambiente que têm experiência significativa no terreno e uma boa compreensão dos
condicionalismos institucionais. Os consultores de investigação são frequentemente
contratados pelas universidades para trabalharem com as mesmas em programas de
financiamento concedido às universidades, ou vice-versa, e muitas têm uma grande
experiência de investigação e política. Tais consultores podem também
frequentemente desempenhar o papel de líderes de projecto para programas de
doadores. Desempenham ainda o papel de corretores do conhecimento entre
governos, doadores, universidades, ONG e comunidades, tendo também o papel, em
determinados contextos de país, de “repositórios do conhecimento institucional”,
particularmente na situação comum do elevado rendimento dos colaboradores nos
principais departamentos do governo.
Conselhos e institutos de investigação independentes/paraestatais: O estudo
também identificou vários conselhos e institutos de investigação influentes
independentes ou paraestatais (parcialmente detidos pelo estado) que estão a
desempenhar um papel crítico na investigação em matéria de DCC a nível do país, mas
também a nível regional. Alguns exemplos são o Instituto Sul-africano do
Desenvolvimento Energético, a Comissão de Investigação da Água, o Centro de
Investigação Científica e Industrial na África do Sul, o Instituto Nacional Sul-africano
para a Biodiversidade, o Instituto de Investigação Biomédica de África no Zimbabué,
bem como o Centro de Serviços Climáticos da SADC localizado no Departamento dos
89
Conforme observado acima, este estudo de planificação não pretende inquerir a investigação das ONG, por isso não são aqui
dados exemplos específicos. Contudo, existem alguns exemplos anotados nos Relatórios de País onde foram considerados
relevantes (vide Volume 2).
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Serviços Meteorológicos do Botsuana (entre outros). Vários países
recorriam/começavam a recorrer a esta abordagem para o desenvolvimento da
inovação científica nacional em matéria de DCC, e em alguns países avançava-se com
propostas deste tipo para novas instituições de investigação (por exemplo, em
Moçambique foi proposto um Centro para o Conhecimento Climático, enquanto na
África do Sul estão a propor um Conselho para as alterações climáticas). Conforme
demonstrado nos estudos de planificação nacionais, tais instituições têm a capacidade
para alavancar o financiamento nacional e internacional, reunir investigadores de uma
variedade de instituições (incluindo universidades) e desempenhar um importante elo
de ligação entre investigadores, o governo e instituições do sector. Estas instituições
de investigação dedicadas tendem também a empregar investigadores altamente
competentes, assim como a estarem envolvidas em parcerias de desenvolvimento com
capacidade co-operativa para alunos de doutoramento e pós-graduações.
Tal destaca o facto de que a investigação não é feita, na prática, apenas no âmbito das
universidades. É possível haver novas formas de parcerias de investigação entre investigadores
universitários e outros investigadores na sociedade e, de facto, já existem. Isto suscita
igualmente a questão do papel da universidade num ambiente de investigação caracterizado
por múltiplos parceiros de investigação.
O estudo de planificação identificou questões de “propriedade” e contextualização da
investigação na agenda de investigação das alterações climáticas e do DCC, que foi sentido
como sendo melhor a nível nacional. Tal suscita questões sobre se as universidades lideram a
agenda de investigação, cooperam umas com as outras em agendas de investigação definidas
nacionalmente, tomam a responsabilidade pela formação de novos investigadores, fazem
parte de redes de investigação e de sistemas mais vastos de produção de conhecimentos, ou
se têm papéis mistos. Actualmente, o sistema de políticas depende da investigação produzida
nas universidades e a investigação produzida fora das universidades em conselhos de ciência,
institutos de investigação dedicados, sector privado, bem como ONG e agências de
desenvolvimento. Foi referido várias vezes durante o estudo de planificação que a investigação
tende to a ser limitada a “silos de investigação” e que existe uma necessidade de relações
muito mais fortes no sector privado e noutras parcerias de investigação. Não é uma questão
de procurar financiamento para investigação, mas de colaborar genuinamente para a
produção de novos conhecimentos, conforme foi referido no Botsuana, Malávi e Zimbabué
(entre outros). Noutros países foi igualmente expressa a necessidade de parcerias de
investigação mais fortes com o sector público (por exemplo na Suazilândia, Botsuana e
Seicheles).
As universidades podem estar bem posicionadas para assumir um papel de liderança na
facilitação de parcerias de investigação multissectoriais e, em muitos casos, desempenham
esse papel. Pode ser igualmente desejável que as universidades sejam abertas, de modo a
desempenharem diferentes papéis no processo de investigação em alturas diferentes.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
“A principal actividade das universidades é aqui correctamente reflectida, a
investigação destaca-se muito claramente. O pressuposto que poderá ser
problemático é que a investigação deva permanecer dentro das universidades. As
universidades podem também vir a criar enquadramentos de investigação, os
quais outros intervenientes poderão assumir. Nas universidades, dependemos
também da investigação produzida fora das universidades, como por exemplo,
documentos governamentais, fontes do sector privado, etc.”
Superior académico, UNISWA
3.2.5.2 Política de investigação e infra-estrutura nacional necessárias para a
investigação
Na maioria dos países, houve um compromisso para com a investigação e a inovação ao nível
governamental e, conforme demonstrado na análise institucional de cada país90, o ambiente da
política de DCC tende a realçar a geração de investigação e conhecimentos como um dos
principais aspectos da reactividade em matéria de DCC. Na maioria dos países, existe
igualmente um ministério responsável pela investigação, frequentemente os Ministérios do
Ensino Superior ou os Ministérios da Ciência e Tecnologia, e os mesmos são visados na política
nacional de DCC como responsáveis pela investigação em matéria de DCC. Em determinadas
políticas nacionais de DCC, houve também o reconhecimento (por exemplo, no caso da África
do Sul) de que as actuais infra-estruturas de investigação são inadequadas para abordar os
desafios de DCC. As consultas do workshop demonstraram, contudo, que muito embora
houvesse compromisso nacional para a investigação e o desenvolvimento (I&D), e que muitos
países se apercebessem de que era uma dimensão importante de DCC, as realidades de como
isto ocorre no terreno em termos de compromisso real para os programas de investigação de
alterações climáticas sustentáveis e DCC nem sempre foi tão positivo como deveria ser. Por
conseguinte, o estudo de planificação mostra que são necessários mais esforços para
concretizar os compromissos políticos de I&D num enquadramento de DCC em quase todos os
países envolvidos no estudo de planificação.
3.2.5.3 Coordenação da investigação, partilha de dados e gestão do conhecimento
Quando existem múltiplas organizações de investigação com interesses e orientação
ligeiramente diferentes para com a investigação, a necessidade de coordenação e gestão de
conhecimentos de investigação emerge como sendo importante, especialmente quando a
área de investigação é nova, existe uma grande procura de conhecimento e investigação,
assim como quando os sistemas de investigação têm geralmente falta de recursos. Conforme
indicado numa das políticas de país:
90
Vide Anexo A e Volume 2 – Estudos de Planificação de País.
Maio de 2014
130
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
“A investigação em matéria de alterações climáticas deve ser correctamente
coordenada e os benefícios optimizados por forma a satisfazer as necessidades
dos decisores políticos e das comunidades. As Políticas Nacionais em matéria de
alterações climáticas prevêem a cooperação internacional, a colaboração e o
trabalho em rede de modo a obter respostas eficazes, incluindo a promoção da
investigação colaborativa internacional Norte-Sul e Sul-Sul que irá facilitar a
geração de informações baseadas em provas de adaptação e mitigação em
matéria de alterações climáticas. A atenção deve focar-se em projectos que
auxiliarão com a mitigação de, e adaptação a, alterações climáticas e abordarão
áreas específicas de vulnerabilidade. Além disso, são necessários projectos de
desenvolvimento e demonstração que mostrem as vantagens e a aceitabilidade de
uma variedade de tecnologias”.
Proposta de Estratégia e Plano de Acção Nacional da Namíbia em matéria de
alterações climáticas, 2013
A questão da gestão de conhecimentos, da coordenação da investigação e da partilha de
dados foi suscitada em todos os países que participaram no estudo de planificação. Algumas
das políticas em matéria de alterações climáticas incluíam cláusulas sobre coordenação da
investigação e a maioria incluía cláusulas sobre gestão de conhecimentos. Em alguns países,
foram implementadas novas estruturas específicas para facilitar a coordenação de
investigação e gestão de conhecimentos, como Moçambique, onde o governo está a criar um
Centro de Alterações Climáticas, e na Namíbia, cuja política incluía igualmente planos para um
Centro de Investigação de Alterações Climáticas. Porém, embora esta questão da gestão de
conhecimentos tenha sido suscitada vezes sem conta, foram muito poucas as sugestões
quanto ao significado que isto teria e/ou como deveria ser feito. Todavia, houve um vasto
entendimento de que isto requeria um plano, liderança e infra-estruturas de investigação, bem
como funções de comunicação e divulgação, e sistemas TIC apropriados, hardware e software
e operadores qualificados para estes sistemas. A criação de tais centros ou sistemas de
coordenação da investigação em matéria de alterações climáticas parece, assim, ser um
recurso e um esforço intenso da capacidade, e uma das questões que podem surgir no
contexto de um programa regional, como o programa de desenvolvimento da SARUA em
matéria de alterações climáticas, é se a coordenação da investigação poderá também ser
considerada a nível sub-regional ou ao nível de grupos de investigação que funcionem entre os
países. Já existem alguns exemplos desta prática sob a forma do Centro de Serviços Climáticos
da SADC, no Botsuana, e ao nível dos planos da SADC para um Centro de Excelência em
Investigação de Energia Renovável da SADC.
A coordenação da investigação e a gestão de conhecimentos teve igualmente outras dinâmicas
que se tornaram visíveis através do processo consultivo, tal como a mediação e facilitação da
autorização para que esses dados sejam utilizados que existia entre diversos intervenientes no
interesse nacional. Por exemplo, diz-se que na Namíbia, principalmente devido a uma falta de
coordenação, as empresas e o governo local tinham conjuntos de dados valiosos, mas que não
estavam a ser partilhados entre intervenientes e com as universidades, enquanto no Zimbabué
os investigadores universitários mostraram preocupação sobre terem de pagar por dados
mantidos pelo gabinete meteorológico. Um Centro de Coordenação da Investigação em
Maio de 2014
131
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
matéria de alterações climáticas teria de assumir este tipo de papel caso a sua principal função
fosse facilitar a investigação em matéria de alterações climáticas e a co-produção de
conhecimentos.
Além disso, uma função de coordenação da investigação e gestão de conhecimentos seria
igualmente necessária para garantir que estavam implementados as estruturas e os sistemas
adequado para facilitar a consciencialização de e o recurso a informações climáticas
actualizadas. É interessante que na África do Sul a Fundação de Investigação Nacional tenha
solicitado recentemente uma Iniciativa dos Presidentes de Investigação da África do Sul
(SARCHI) na comunicação pública da ciência em resposta directa a sistemas fracos de
comunicação e interacção científicas com o público, uma questão suscitada na maioria dos
países que participam no estudo de planificação. Conforme indicado na Segunda Comunicação
Nacional á UNFCC (GoN 2011) da Namíbia: “A sensibilização pública através de informações
actualizadas e correctas é necessária para capacitar os intervenientes, especialmente
agricultores de subsistência local e comercial, a participar em actividades de resposta de
adaptação”. Uma das principais responsabilidades de tal função seria desenvolver estratégias
(e possíveis programas de formação) que possam facilitar o trabalho de serviços de extensão
na utilização de dados de vulnerabilidade das alterações climáticas e risco climático.
3.2.5.4 Novas instituições para investigação e co-produção de conhecimentos em
matéria de DCC
Outra conclusão interessante do estudo de planificação foi o número de novas instituições,
principalmente sob a forma de centros de investigação, que estão a ser criadas para abordar a
gestão de conhecimentos e as necessidades de investigação em matéria de alterações
climáticas. A intenção da criação dos mesmos foi encontrada em documentos de política
nacional em alguns países (por exemplo, Namíbia, Moçambique e África do Sul). Em
determinados casos, estavam a ser conceptualizados enquanto instalações nacionais (como
em Moçambique e na África do Sul) para os quais as universidades contribuem. Noutros casos,
estavam a ser criados em universidades como parcerias com organizações internacionais,
como o Centro de Excelência de Angola para as Ciências Aplicadas à Sustentabilidade (CESSAF)
e/ou pelas próprias universidades, no caso do Centro para as Alterações Climáticas e Ecologia
Tropical em Angola, o Centro de Estudo de Energias Renováveis e Sustentáveis (CSRSE) na
Universidade do Botsuana, a Iniciativa Africana do Clima e Desenvolvimento (ACDI) na
Universidade da Cidade do Cabo e o Instituto de Tecnologia da Universidade de Fort Hare (que
está a estabelecer-se como Centro de Excelência para as Energias Renováveis), os Centros de
Ciência de Risco e Vulnerabilidade nas Universidades de Fort Hare, Limpopo e Venda na África
do Sul, etc. Poderá encontrar mais pormenores no Anexo A. Todos os centros têm como
principal actividade a investigação, gestão de conhecimentos e desenvolvimento/formação de
capacidades em matéria de alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o
clima e/ou desenvolvimento sustentável (incluindo um foco em DCC), ou estes têm um foco
cada vez maior no respectivo trabalho. É igualmente interessante ver que os centros existentes
mais amplamente focados em desenvolvimento sustentável, como o Instituto de
Sustentabilidade na Universidade de Stellenbosch, e o Centro de Investigação de
Aprendizagem Ambiental na Universidade de Rhodes estão a reorientar os respectivos
programas em direcção a um forte imperativo de ensino e investigação em matéria de
Maio de 2014
132
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
alterações climáticas e DCC; a maioria incluir aspectos de DCC no respectivo trabalho que são
mais amplamente orientados para o desenvolvimento sustentável.
Estes centros permitem o desenvolvimento de competências especializadas, assim como o
desenvolvimento de massa crítica, e parecem ser um elemento importante no
desenvolvimento da base de conhecimentos necessária para lidar com preocupações críticas
como o DCC e o desenvolvimento sustentável a um nível mais amplo. Na maioria dos casos,
estes centros são relativamente novos, sendo que os mais estabelecidos, como por exemplo o
Instituto da Sustentabilidade na Universidade de Stellenbosch na África do Sul e o LEAD da
África Oriental e Austral, localizados na Faculdade Chancellor, Universidade do Malávi, têm
uma vida útil de aproximadamente 10-15 anos apenas. A maioria dos centros relacionados
com alterações climáticas e DCC são mais recentes do que este e existem há cinco anos ou
menos. O fenómeno interessante ao nível da universidade poderá beneficiar de um exame
mais próximo do papel de tais centros. Estes centros emergentes precisam frequentemente de
ser apoiados com intervenções de desenvolvimento de capacidades, dada a complexidade da
questão a que respondem, à respectiva multidisciplinaridade e ao respectivo requisito para
novas formas de produção e gestão de conhecimentos. O programa da SARUA poderá dar uma
atenção considerável ao desenvolvimento de capacidades desses centros, bem como facilitar a
partilha de conhecimentos entre os mesmos, dado o seu poder de convocação regional. Na
África do Sul observou-se igualmente que as Cadeiras de Investigação da SARCHI constituem
um estímulo importante para áreas especializadas de investigação relacionadas com
alterações climáticas e DCC, por exemplo a Cadeira de Biocombustíveis ou uma Cadeira em
matéria de alterações climáticas.
3.2.5.5 Centros de Excelência, Centros de Competências e Núcleos de Competências
Outra conclusão importante deste estudo de planificação reside na identificação de núcleos de
competências significativos para a Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos em
matéria de DCC em quase todos os países. Consulte o Anexo A deste volume e o Volume 2
para obter mais informações sobre os mesmos. Os núcleos de competências, conforme
utilizados neste relatório, referem-se a grupos de investigadores que trabalhem juntos num
determinada área de investigação que tenha relevância para as alterações climáticas e o DCC
(vide definições na secção 5). Tal existe nas ciências naturais e sociais e, na maioria dos países
foram encontrados fortes núcleos de competências relevantes para o DCC nas ciências
ambientais, agricultura e áreas de gestão dos recursos naturais. Existem alguns núcleos de
competências emergentes nas ciências sociais, mas estão geralmente pouco representados e
ainda estão a emergir. Há uma necessidade de estratégia que possa reforçar estes núcleos de
competências emergentes, especialmente nas ciências sociais em todos os países por forma a
desenvolver a massa crítica da investigação em matéria de DCC.
Vários centros de competências foram igualmente identificados com capacidade específica
para investigação relacionada com alterações climáticas e DCC, conforme demonstrado nos
quadros da análise institucional compilados para cada país, resumidos no Anexo A, com mais
pormenores no Volume 2. Os Centros de Competências, conforme utilizados neste relatório,
referem-se a Centros ou institutos já existentes que se concentram em áreas importantes de
investigação relevante para o DCC e onde existe “massa crítica” para a investigação
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
relacionada com DCC na forma de investigadores experientes que trabalham com licenciados
e/ou parceiros nacionais e internacionais. Tal, conforme observado acima, constitui um
importante recurso de reforço da cooperação da investigação em matéria de DCC a nível
regional. Conforme observado acima, alguns ainda se encontram numa fase inicial e requerem
desenvolvimento de capacidades. É interessante aqui a conclusão de que a maioria dos
centros de investigação em matéria de energia identificados nas universidades se debrucem
sobre a eficiência energética, tecnologias limpas e energias renováveis (vide Anexo A). Existe
potencial para os ligar através do proposto Centro de Excelência em Investigação Energética da
SADC. Existe igualmente potencial para ligar os centros de investigação focados em
preocupações de saúde relacionadas com o ambiente/DCC, centros concentrados em
preocupações urbanas relacionadas com DCC, aprendizagem social e DCC, etc. (vide secção 4
para recomendações a este respeito).
Em alguns casos, foram também identificados Centros de Excelência (CE) (definidos na secção
5 abaixo). Centros de Excelência, conforme utilizados neste relatório, referem-se a instituições
de investigação que envolvem múltiplas universidades e múltiplos parceiros intervenientes
com fortes parcerias nacionais e internacionais. Na maioria dos casos, tiveram também apoio
do governo nacional, como no caso do Centro Aplicado para as Alterações Climáticas e as
Ciências do Sistema da Terra na África do Sul (ACCESS), e estavam igualmente ligados a
estruturas mais amplas como a SADC, no caso do CE da Namíbia em Gobabeb, ou o NPDA no
caso dos consumo energético hídricos, e envolviam múltiplos intervenientes e parceiros,
frequentemente entre universidades e países. Existem centros importantes de inovação para
investigação do DCC e deverão ser reunidos esforços no sentido de os associar a vários centros
e núcleos de perícia para facilitar um ambiente de investigação dinâmico. O modelo do Centro
de Competências Angolano (isto é, geminação com um CE internacional) poderá também ser
investigado de forma mais ampla na região da SADC, enquanto estratégia possível de
consideração para o programa de cinco anos da SARUA.
Os países são incitados a considerar estratégias que possam facilitar o reforço de núcleos de
competências para que possam emergir como centros de competências, vindo eventualmente
a contribuir para a criação de Centros de Excelência em rede mais amplos que possam facilitar
a supervisão alargada da investigação e o desenvolvimento de capacidades de DCC na África
austral. As organizações como a SADC, o NPDA, a UA e outros parceiros internacionais devem
também ser convidados a entrar de modo a auxiliarem com o reforço das capacidades de
núcleos, centros de competências e Centros de Excelência. É notável, por exemplo, a forma
como a ligação à Universidade das Nações Unidas associada ao apoio do Programa de
Educação Ambiental Regional da SADC (que envolvia financiamento da Sida) durante a Década
das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014) facilitou
uma rede regional de Centros de Competências de Educação para o Desenvolvimento
Sustentável (EDS) na Região da SADC. Interessante também neste caso é que não foi injectado
muito financiamento externo neste sistema de Centros de Competências, e se lhes tivesse sido
atribuído mais financiamento, com um foco mais forte no desenvolvimento da capacidade de
investigação, teriam sem dúvida mais capacidade a um nível superior, como é agora necessário
para avançar com a agenda de DCC. Uma vez que a educação, a formação, o desenvolvimento
de capacidades e a aprendizagem social em matéria de DCC foi identificada como uma questão
importante nos países da SADC, esta rede de Centros de Competências oferece fortes recurso
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
de base para esta componente do Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos (vide
secção 4). Embora os programas regionais como o Centro do Serviço das Ciências Sul-africano
para as Alterações Climáticas e a Utilização da Terra de Adaptação (SASSCAL) estejam a
começar a desempenhar um papel importante em matéria de alterações climáticas e produção
de conhecimentos de DCC, não é clara a forma como estão ligados aos Centros de Excelência e
aos Centros de Competências em matéria de DCC na região da SADC. Tais sinergias, contudo,
têm benefícios e potencial muito claros.
3.2.5.6 Incentivos à investigação e desenvolvimento de sistemas
Outra questão suscitada nos países envolvidos no estudo de planificação foi a questão dos
incentivos à investigação e ao desenvolvimento do sistema de investigação. Poucos países
possuem sistemas de investigação bem desenvolvidos que proporcionem um ambiente que
permite uma investigação com base em universidades. O financiamento à investigação foi
repetidamente apontado como um factor crítico de limitação. Nos locais onde o financiamento
à investigação esteve disponível, como na África do Sul, foi citado como tendo sido insuficiente
para o tipo e escala da investigação necessária. Em determinados países, como a Namíbia, os
sistemas nacionais de investigação ainda estão em fase de formação, e são contestados. Os
dados da SARUA 2009 mostram que, em muitos países, a maior parte do financiamento à
investigação é dado pelo governo, onde estejam disponíveis tais dados (vide Quadro 2 na
secção 1). Contudo, outras fontes de financiamento também socorrem a investigação em
universidades e, em vários países, foi mencionada a questão das parcerias do sector privadopúblico para a investigação. Na África do Sul, o calendário do financiamento à investigação foi
igualmente destacado, uma vez que o financiamento tendia a ser lançado em ciclos de três
anos, que foi visto como inadequado para o âmbito, tipo e escala da investigação necessários.
A questão precisa de ser levada a um nível mais amplo, precisando igualmente de ser
considerada para o programa proposto pela SARUA em matéria de alterações climáticas e
desenvolvimento.
A política de investigação nacional que incentiva os investigadores a publicarem em jornais
internacionais poderá ter um impacto significativo sobre os resultados da investigação,
conforme demonstrado no caso da África do Sul.91 Contudo, trata-se de uma questão política a
um nível mais vasto do que apenas a investigação em matéria de DCC. Contudo, conforme
demonstrado neste estudo, as políticas e práticas de incentivo à investigação (por exemplo,
políticas de promoção a nível universitário), bem como as políticas de incentivo mais vastas a
nível político institucional e/ou nacional influenciam as prática de investigação em matéria de
91
O Relatório de País da África do Sul, inspirado em dados dos relatórios Pouris (2012) de que o único factor mais importante a
influenciar uma rápida oscilação dos resultados de investigação nas universidades sul-africanas nos últimos dez anos foi a política
nacional de financiamento a universidades baseado nos resultados de investigação. Esta alteração da estrutura de financiamento à
escala do sistema tem tido um grande impacto sobre as estruturas universitárias reforçadas baseadas em investigação e sobre o
valor da investigação nessas instituições. Vide Relatório de País do estudo de planificação da África do Sul, Volume 2, e Pouris, A.
2012. “Science in South Africa: The dawn of a renaissance?” South African Journal of Science 108(7/8). http://
dx.doi.org/10.4102/sajs. v108i7/8.1018.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
DCC de formas substanciais. Por conseguinte, a investigação do DCC não pode ser
desassociada das políticas e práticas de investigação institucional mais amplas.
3.2.6 Desenvolvimento de capacidades para a investigação e plataformas de
inovação da investigação
O estudo de planificação revelou ainda várias questões que têm de ser resolvidas ao nível do
desenvolvimento da capacidade de investigação e da prática. Incluem questões de
metodologia, abordagens à investigação, bem como abordagens à investigação facilitadas
pelas TIC e desenvolvimento de capacidades. A partilha de conhecimentos e as plataformas de
participação foram igualmente identificadas como uma área importante que necessita de
atenção, especialmente para a indução de novos de novos investigadores e para a exposição
de novas abordagens.
3.2.6.1 Novas abordagens, metodologias e desafios de investigação
A investigação do DCC é disciplinar, envolvendo a introdução de novas abordagens à mesma
dentro de quase todas as disciplinas existentes e nas formações multidisciplinares. Além disto,
existe o desafio de introduzir abordagens inter e transdisciplinares à investigação. As
conclusões no estudo de planificação incluíram alguns exemplos de investigação inter e
transdisciplinar “no terreno”, embora na maioria dos países pudessem ter sido identificados
alguns exemplos. Havia igualmente algumas provas de cooperação interdisciplinar da
investigação, especialmente entre departamentos nas mesmas faculdades. Por exemplo, na
Universidade da Namíbia, a Faculdade do Departamento de Ciência das Ciências Biológicas
estava a colaborar com o Departamento de Geologia e o Departamento de Ciências Botânicas
fazendo investigação, contribuindo para os resultados políticos baseados em investigação, copublicando e ensinando, enquanto na Faculdade de Humanidades, os Departamentos de
Sociologia e Geografia estavam a colaborar em actividades semelhantes. Isto pode dever-se ao
facto de as metodologias e epistemologias de investigação a nível da faculdade serem mais
fáceis de integrar do que entre faculdades (isto é, colaborações entre ciências sociais e ciências
naturais).
Contudo, encontraram-se também alguns exemplos de investigação inter e transdisciplinar nas
universidades em matéria de DCC entre faculdades (por exemplo, envolvendo engenheiros,
cientistas sociais e biológicos, bem como o governo local e os parceiros comunitários). Nesses
casos, foram observadas formas mais fortes de inter e transdisciplinaridade.
Dois desses exemplos de investigação inter e transdisciplinar que está actualmente a ser
realizada são aqui expostos de forma breve (abaixo) apenas para fins ilustrativos (Caixa 1 e 2).
Muitos outros exemplos estão incluídos nos Relatórios de País (Volume 2)92.
92
Vide secção 5 dos vários Relatórios de País (Volume 2).
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Caixa 1: Malávi: Programa de Adaptação da Bacia do Lago Chilwa às Alterações Climáticas
(LCBCCAP)
(Implementado pelo LEAD SEA, Faculdade Chancellor Malawi, juntamente com o Centro Mundial das Pescas e o
Ministério do Ambiente e da Gestão em Matéria de Alterações Climáticas com o apoio do governo da Noruega)
(2010-2014)
Este projecto de investigação e desenvolvimento transdisciplinares constitui um programa de cinco anos
que tem por objectivo geral garantir os meios de subsistência a 1,5 milhões de pessoas na Bacia do Lago
Chilwa e reforçar a resistência da base de recursos naturais. O programa visa alcançar este objectivo
através de uma abordagem aos sistemas socioecológicos para o desenvolvimento e implementação de
adaptações em matéria de alterações climáticas ao nível da bacia como apoio ao Programa de Acção de
Adaptação Nacional (NAPA) do Malávi, bem como reforçar a capacidade de as comunidades adoptarem
práticas sustentáveis de gestão dos meios de subsistência e os recursos naturais. O projecto está a ser
implementado em dez Pontos Críticos seleccionados na Bacia do Lago Chilwa que incluem aldeias dos
três distritos de Machinga, Phalombe e Zomba. Várias actividades de investigação apoiam este
programa mais vasto, incluindo: acompanhamento e observação contínuos dos padrões e tendências
climáticos, análise de intervenientes, recolha de dados sobre pescas e aquicultura, um inquérito de
enquadramento das pescas, análise dos meios de subsistência, análises às actividades geradoras de
rendimentos, criação de valor e investigação da cadeia de valor, investigação de acções práticas para
testar e demonstrar alternativas, avaliações de serviços técnicos, ecológicos e de ecossistemas, bem
como acompanhamento participativo.
A partir daqui, é possível ver que os projectos de DCC tendem a ser “ricos ao nível da investigação” e
que as perguntas de investigação focam questões reais, que os dados gerados têm potencial de
aplicação imediata e que a investigação também se “desenvolve” ao longo do tempo a partir de
avaliações técnicas de base de modo a analisar opções e acompanhar novas práticas e benefícios
(embora não necessariamente de forma linear). No LCBCCAP, os resultados da investigação são
retirados por forma a informar actividades contínuas do projecto e os planos de implementação,
tornando o conhecimento útil em contextos de implementação. Tal faz parte de um processo de
implementação de um programa reflexivo com relatórios anuais que mostram a relação entre produção
e aplicação de conhecimentos, demonstrando também o processo de co-produção de conhecimentos
que ocorre entre múltiplos intervenientes e múltiplos investigadores disciplinares. O contexto da
investigação fornece a plataforma para a co-produção e utilização cooperativas dos conhecimentos.
Os produtos da investigação do LCBCCAP encontram-se também bem documentados e disponíveis no
site, mostrando uma combinação de desenvolvimento de metodologias, estudos actuais e a forma como
os estudos “surgem em simultâneo” em actividades práticas do projecto, as quais são comunicadas
regularmente. Exemplos como este podem fornecer outros exemplos inestimáveis de casos de
processos transdisciplinares de co-produção dos conhecimentos inspirados em múltiplas disciplinas e
múltiplos intervenientes.
Fonte: www.lakechilwaproject.mw
Embora não tivesse sido possível realizar uma análise pormenorizada com base no país de
todos os casos de investigação inter e transdisciplinar, o estudo de planificação conseguiu
identificar pelo menos um ou dois casos de tais tipos de investigação em matéria de DCC em
quase todos os países participantes no estudo de planificação, embora nem sempre tivesse
sido possível obter informação pormenorizadas sobre esses casos. Sempre que foram obtidas
informações, foi possível ver que diferiam em 1) origem (frequentemente originadas no PNUD
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
ou em parceiros externos, mas envolvendo investigadores baseados em universidades,
originadas pelas universidades, envolvendo parceiros multi-institucionais e formações
multidisciplinares); 2) orientação (algumas com um forte desenvolvimento comunitário e foco
na resolução de problemas, enquanto outras se focavam mais na inovação
tecnológica/científica); e 3) força (qualidade e âmbito dos resultados divergiram). Foi
igualmente visível que estas formas de investigação estavam frequentemente inseridas ou
relacionadas com projectos ou programas de desenvolvimento; e/ou eram a base/contexto
definidos em primeiro lugar, a partir de onde os problemas e as práticas de investigação eram
definidos em processos consultivos com múltiplos intervenientes e nos quais eram
introduzidos conceitos, abordagens e ferramentas de investigação em matéria de DCC por
parte dos investigadores e/ou dos parceiros de desenvolvimento (por exemplo, planificação de
vulnerabilidades, etc.). Um exemplo de um programa de investigação transdisciplinar “definido
na base” foi encontrado na Universidade da Cidade do Cabo na África do Sul, brevemente
resumido na Caixa 2.
Caixa 2: Programa de Investigação Transdisciplinar Bergrivier da Universidade da Cidade
do Cabo (uma iniciativa da Iniciativa Africana do Clima e Desenvolvimento (ACDI))
O projecto de investigação da acção "Bergrivier" para um desenvolvimento climático reactivo:
Emergência como um desafio e oportunidade para colaboração transdisciplinar
O Projecto Bergrivier é uma exploração da Iniciativa Africana do Clima e Desenvolvimento (ACDI) da
UCC que procura desenvolver meios inovadores para fomentar e apoiar interacções inter e
transdisciplinares entre investigadores, e entre investigadores e profissionais especializados. A
pergunta primordial é: “Como criamos e sustentamos processos de investigação de acção
transdisciplinar que ligam co-geração de conhecimentos e prática na prossecução do
desenvolvimento reactivo à variabilidade e às alterações climáticas?" Para criar uma plataforma
tangível para tal processo, foi identificado um foco geográfico na área municipal de Bergrivier,
embora sejam incluídas outras escalas sem que apropriado, como a bacia hidrográfica do Rio Berg.
Inspirando-se no trabalho de Otto Scharmer e outros, foi implementado um “processo U”. Este era
caracterizado por fases dedicadas à “detecção” colectiva do “sistema” e às principais questões na
região, um retiro para ligar estes temas a tendências e motivações pessoais, bem como pelo
desenvolvimento por parte de acções ligadas a projectos de investigação dentro da iniciativa mais
vasta. Tal deu origem à tentativa de início de uma série de projectos de investigação colaborativa que
envolvem investigadores e alunos da UCC que respondem à questão primordial na área do estudo de
caso.
Os projectos de investigação incluem: (i) Apoio à Municipalidade de Bergrivier na avaliação das
vulnerabilidades das alterações climáticas e na concepção de uma estratégia de adaptação; (ii)
Oportunidades e barreiras para se fazerem habitações de baixo custo resistentes ao clima; (iii)
Exploração das capacidades organizacionais primárias que são necessárias e que faltam nas
municipalidades em apoio ao desenvolvimento da reactividade climática; (iv) Governação dos
sistemas hídricos na Municipalidade de Bergrivier e além dela; (v) Política climática e intervenções de
alteração comportamental na escola e ao nível da comunidade; (vi) Utilização da terra a longo
prazo/alteração da cobertura da terra na Área Selvagem de Groot Winterhoek; (vii) Paisagem e
educação ambiental.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
O projecto demonstrou claramente o valor das abordagens de transdisciplinaridade que envolvem
participantes da sociedade civil, governo e empresas na definição do problema de investigação e na
investigação real. Contudo, tais processos têm elevados custos de transacção (tempo e
financiamento), requerem apoio para manter uma rede colaborativa e também são lugar a tensões
entre investigação (profundidade e filosofia do pedido) e prática (necessidade de acção).
Resumo elaborado pelo vice-reitor para as alterações climáticas e Director da Iniciativa Africana do Clima e
Desenvolvimento (ACDI) na Universidade da Cidade do Cabo, Professor Mark New (vide Anexo A para as
combinações de departamentos que trabalham juntos sob a égide da ACDI da UCC).
Os participantes afirmaram que este tipo de investigação requeria uma “paciência substancial”,
o “desenvolvimento de uma nova linguagem”, que “os investigadores tinham de se
compreender melhor” e que “deverá ser investido tempo na construção de entendimento
metodológico entre as disciplinas”. Tais preocupações relacionam-se também parcialmente
com o facto de que diferentes disciplinas tendem a basear-se nas práticas metodológicas
criadas a nível histórico, e fazer mudanças nas faculdades exigia frequentemente envolvimento
com novas formas de metodologia, isto é, uma mudança da metodologia quantitativa para a
metodologia qualitativa, ou uma combinação de metodologias qualitativas e quantitativas, etc.
Além disso, contudo, existe igualmente a necessidade de voltar a conceptualizar o que significa
um foco socioecológico para a investigação para a metodologia na prática, e para o ensino
universitário de um modo mais amplo, envolvendo múltiplas disciplinas e equipas de
investigação em formações de investigação interdisciplinar. Foram encontrados alguns
exemplos de teorização desta nova abordagem à investigação, embora alguns investigadores
sul-africanos comecem a fazer investigação em determinados desafios metodológicos e
epistemológicos de investigação inter e transdisciplinar. Existe ainda um conjunto emergente
de literatura internacional sobre investigação inter e transdisciplinar na qual os investigadores
sul-africanos começam a inspirar-se.93 O trabalho que tem de ser feito para desenvolver
metodológica e cientificamente as ciências inter e transdisciplinares, contudo, é ainda precoce
na região da SADC enquanto um todo. A investigação em matéria de DCC requer também mais
investigação orientada para a acção e o envolvimento de múltiplos intervenientes, com
implicações metodológicas para a investigação que ainda está subdesenvolvida e pouco
teorizada num contexto da África austral. Poderá, contudo, haver lições a retirar do trabalho
de instituições e ONG que têm investigação participativa orientada para acção implementada
há muito tempo, bem como outras formas de investigação. Tudo isto tem implicações para o
desenvolvimento de metodologia e o desenvolvimento da capacidade de investigação
desenvolvimento da metodologia, o que deverá ser visto como uma faceta importante do
93
Alguns exemplos são:

Picket, S.T.A., W.R. Burch, M. Grove. 1999. “Interdisciplinary Research: Maintaining the Constructive Impulse in a
Culture of Criticism,” Ecosystems 2: 302-307.

Golde, D. e H.A. Gallaghar. 1999. “The Challenges of Conducting Interdisciplinary Research in Traditional Doctoral
Progams,” Ecosystems 2: 281-285.

Bridle, H., A. Vrieling, M. Cardillo, Y. Araya e L. Hinojosa. 2013. “Preparing for an interdisciplinary future: A perspective
from early career researchers,” Futures 53: 22-32.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
programa de cinco anos da SARUA em matéria de alterações climáticas e para o programa de
desenvolvimento.
3.2.6.2 Sistemas de investigação assistidos por TIC94
Uma das áreas fundamentais em matéria de alterações climáticas e investigação relacionada
com o DCC é a observação, monitorização e modelação. Este tipo de investigação requer
sofisticados sistemas de investigação assistidos por TIC, aos quais apenas poucos países têm
acesso ao nível das universidades. As universidades sul-africanas que fazem uma investigação
intensa, como a Universidade da Cidade do Cabo, a Universidade de Stellenbosch, a
Universidade de Pretória e a Universidade de Witwatersrand, tinham bastantes recursos,
incluindo os tipos de computadores e equipamentos de alta tecnologia necessários. Conforme
indicado pelas conclusões do Programa de Adaptação de África, fornecer capacidade de
investigação assistida por tecnologia era um dos aspectos criticamente importantes da
facilitação da investigação em matéria de alterações climáticas e DCC em muitos países. Tratase, contudo, de uma área que muitos programas internacionais tinham tendência a apoiar
através do desenvolvimento de capacidades e do fornecimento de equipamentos aos sistemas
meteorológicos nacionais. Os programas financiados por doadores como os propostos pelo
PNUD para Angola dependem também de sistemas de investigação assistidos por tecnologia
topo de gama que envolve formação de investigadores de modo a utilizá-los com sucesso. Em
todos os países, a capacidade de utilizar dados de modelação e produzir modelos em menor
escala foi apontada como sendo uma necessidade crítica. Sim, muito pouco foi dito sobre a
forma como tal será desenvolvido e/ou feito, o que aponta para outra área importante de
possível compromisso colaborativo regional, ao abrigo do programa de cinco anos da SARUA
em matéria de alterações climáticas e desenvolvimento. A forma mais eficaz de o fazer poderá
ser através de melhores ligações a programas de apoio existentes e propostos em matéria de
serviços climáticos a nível internacional e regional.
“A Agência Meteorológica da Tanzânia (Tanzania Meteorological Agency) possui
uma boa capacidade e encontra-se a produzir bens públicos. Seria bom
colaborarmos com as universidades. Se a situação continuar como está, não
haverá estudantes competitivos a sair das universidades devido aos problemas
que têm, por exemplo, com a infra-estrutura”.
Interveniente do governo da Tanzânia
3.2.6.3 Partilha de conhecimentos e plataformas de participação
Entre os aspectos que se destacaram no estudo de planificação estão o diálogo e o
envolvimento crescentes com questões de alterações climáticas e DCC, especialmente em
94
A SARUA apoia também outros programas estratégicos (além das alterações climáticas). Entre eles encontra-se um importante
de TIC (www.sarua.org). Ao avançar com este Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos em matéria de DCC,
recomenda-se que as possíveis sinergias entre a iniciativa TIC da SARUA e o trabalho sobre as alterações e o desenvolvimento
climáticos da SARUA sejam investigadas, algo que não constava deste estudo de planificação.
Maio de 2014
140
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
torno do desenvolvimento de novos processos de política. Cada vez mais académicos têm-se
envolvido em conhecimento em matéria de alterações climáticas e processos políticos, e há
um claro entendimento de que o compromisso entre sectores e intervenientes é uma parte
importante deste processo. Os próprios workshops do estudo de planificação da SARUA
proporcionaram um fórum para que profissionais e intervenientes universitários se
encontrassem e discutissem questões em matéria de DCC. Há também a necessidade de
plataformas para partilha de experiência de investigação relacionada com o DCC,
especialmente para abordagens mais inovadoras, tais como estudos situados, multidisciplinares e transdisciplinares. Actualmente, existem poucas dessas plataformas que
tenham um impacto significativo sobre os processos de co-produção de conhecimentos.
3.2.7 Padrões actuais relacionados com universidades na qualidade de coprodutores de conhecimentos de DCC
3.2.7.1 O DCC é uma área de investigação “nova” para muitos investigadores da SADC
Uma conclusão importante do estudo de planificação é que a investigação em matéria de DCC
é, de um modo geral, uma “nova área” de investigação para muitos dos investigadores da
SADC envolvidos na mesma. Conforme explicado na secção 3.2.4 relativa à interface ciênciapolítica-prática, parece que a política e as exigências internacionais de elaboração de relatórios
a nível nacional estimularam o envolvimento de vários académicos nesta área. Os dados do
questionário entre países mostraram que a maioria dos investigadores envolvidos em
investigação em matéria de alterações climáticas e DCC têm estado envolvidos nesta área há
volta de cinco anos, especialmente os de uma gama de disciplinas diferentes. Existem alguns
investigadores do DCC mais experientes, com mais de dez anos de experiência neste campo,
mas não são a maioria entre aqueles envolvidos em investigação em matéria de DCC. Existe
um processo contínuo aparente em que os académicos são “auto-especializados” em
investigação em matéria de alterações climáticas e DCC, uma vez que não fazia parte da sua
formação ou investigação inicial, excepto para quem tinha antecedentes das ciências
ambientais e/ou ciências climáticas/geografia e ciências da terra. É um padrão interessante
que precisa de ser compreendido com mais cuidado de uma perspectiva da co-produção de
conhecimentos e da perspectiva da natureza mutável dos conhecimento e das próprias
disciplinas, assim como a forma como são influenciadas por tendências e/ou questões
interdisciplinares que exigem um envolvimento mais forte com a interdisciplinaridade. Tal tem
também implicações para o desenvolvimento de capacidades e para o desenvolvimento de
conhecimentos e investigação aprofundados em matéria de ciências climáticas.
3.2.7.2 Investigação com base disciplinar e falta de cooperação interdisciplinar
O estudo de planificação apresentou um domínio forte e duradouro da investigação de
disciplina única, com abordagens de investigação multi, inter e transdisciplinares ainda na fase
inicial, e em determinados lugares, ainda não desenvolvidas de todo. O Relatório da UNESCO
em matéria de Ciências Sociais de 2013 indica que as questões como as alterações climáticas
“trazem ao debate a necessidade de inspiração nas ciências sociais de modo a criar as
alterações económicas e comportamentais necessárias para atingir a sustentabilidade”. O
Fórum Mundial da Ciência de 2013 também destaca isso, mencionando na sua declaração de
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
2013 que “são necessários esforços intensos de investigação que envolvam abordagens inter e
transdisciplinares”. É claro que este destaque das abordagens multi, inter e transdisciplinares à
investigação também é novo a nível internacional, especialmente no contexto das questões
complexas com que temos que lidar, tal como as alterações ambientais globais. Trata-se de um
desafio para todos os cientistas de todas as disciplinas. Por exemplo, conforme observado no
Relatório Mundial de Ciência Social de 2013 da UNESCO/ ISSC:
“Os cientistas sociais necessitam de colaborar de forma mais eficaz com os colegas das
ciências naturais, humanas e de engenharia de modo a oferecerem conhecimentos que
podem ajudar a abordar os problemas ambientais e os desafios à sustentabilidade
mais urgentes da actualidade. E têm de o fazer em estreita colaboração com os
decisores políticos, praticantes e outros utilizadores da sua investigação”.
O mesmo pedido é feito às ciências tradicionais naturais, tecnológicas e de engenharia.
Enquanto há ainda um forte domínio da investigação de disciplina única na SADC, estes novos
pedidos de alterações nas práticas científicas devem ser acompanhados pelo desenvolvimento
de capacidades onde as comunidades científicas possam partilhar experiências de abordagem
e envolvimento com tais abordagens.
“O ponto de harmonização entre universidades destacou-se claramente nas
nossas discussões. Se assumir que as alterações climáticas fazem parte e são uma
parcela da gestão ambiental, poderá ver um grande problema. Isto porque as
universidades têm antecedentes diferentes. Por exemplo, a UDSM aborda esta
questão do ponto de vista geográfico, enquanto a SUA vê de uma perspectiva das
florestas. Por isso é muito possível que possamos não ensinar gestão ambiental
como tal, mas poderemos ensinar mais das nossas disciplinas. Fui a Makerere,
quando fiz o meu mestrado em NRM, achei que a ênfase era mais colocada no
sector agro-florestal, do que em NRM”.
Leitor da Universidade da Tanzânia
3.2.7.3 Abordagens multi, inter e transdisciplinares à investigação em matéria de DCC:
progresso e desafios
O ponto acima sobre o desenvolvimento de capacidades para estas novas abordagens à
pesquisa foi igualmente destacado entre os que já se envolveram na investigação multi, inter e
transdisciplinar e que viram os benefícios destas abordagens de investigação em relação aos
problemas de DCC a serem estudados. Conforme referiu um dos entrevistados do questionário:
“Apoiar a investigação e a formação integradas e transversais em matéria de
alterações climáticas na universidade, investir nesta investigação, mostrar um exemplo
em termos da forma como a universidade realiza a sua actividade (não a actividade
habitual), tratar as alterações climáticas como uma área prioritária na universidade e
não apenas algo deixados para os que “acreditam nisso”.
Entrevistado sul-africano do questionário
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Em particular, houve uma forte procura de liderança universitária para apoiar estas novas
abordagens da investigação, uma vez que também requerem uma mudança estrutural nas
universidades ao mais alto nível. Alguns dos problemas aparentemente mais difíceis de
resolver associados à investigação transdisciplinar não foram ao nível da própria prática de
investigação, mas ao nível da gestão institucional e incentivos para recorrer a esta investigação.
Existiam a níveis universitários nas estruturas de promoção, bem como no contexto de
investigação extra-universitária em estruturas de publicação de investigação. Foi dito, por
exemplo, que havia “poucos” jornais que aceitariam documentos de investigação multi ou
interdisciplinar, especialmente entre os jornais de “grande impacto” que contavam mais para
processos promocionais e de reconhecimento de pares. Outro problema identificado foi a
partilha de fontes de rendimento entre departamentos onde os sistemas financeiros eram
orientados apenas para o financiamento de ensino único disciplinar e as actividades de
investigação.
“A forma como a investigação tem sido indexada a incentivos nas universidades
compromete a responsabilidade ética de académicos/investigadores para com a
investigação”.
Funcionário da universidade no Botsuana
3.2.7.4 Aprender com iniciativas de conhecimento semelhantes em questões críticas
da sociedade
Alguns países referiram a necessidade de aprender lições com a abordagem à pobreza e
VIH/SIDA aplicada pelos países. Estas lições seriam concebidas a partir das experiências de
inserção de questões críticas da sociedade no sistema do ensino superior, como foi o caso em
todas as universidades da SADC através de parcerias entre governo e universidades. Foi aqui
primordial o papel importante desempenhado pelos líderes universitários e as estruturas interuniversitárias como a Higher Education South Africa (HESA) (uma estrutura que permite que
todos os vice-reitores universitários se encontrem e resolvam por acordo questões comuns
prioritárias com as quais têm de lidar colectivamente). Observou-se que o apoio necessário era
não só técnico e prático, como também a nível da sociedade, e todas as instituições na
sociedade preocupadas com as questões críticas da sociedade (por exemplo, VIH/SIDA) tinham
estado envolvidas no apoio de iniciativas de integração no ensino superior. As organizações de
alunos e as estruturas internas universitárias (por exemplo, Senados, Direcções de Faculdades
e Direcções Residenciais, entre outros) eram igualmente estruturas importantes envolvidas no
desenvolvimento de massa crítica para integração.
3.2.7.5 Papéis das universidades produção e co-produção de conhecimentos de DCC
Além dos papéis comuns para as universidades conforme expresso nos mandados “normais”
das universidades, isto é, para conduzir investigação, ensino e sensibilização comunitária, a
trajectória da investigação do DCC e alterações climáticas espera igualmente que as
universidades assumam papéis mais fortes de inovação e liderança, e se envolvam mais
activamente na investigação orientada para soluções, através de abordagens de investigação
que contribuem para soluções e mudanças reais na prática.
Maio de 2014
143
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Vários mecanismos importantes foram mencionados para reforçar a inovação, liderança e os
contributos orientados para as soluções da investigação universitária, incluindo:



Introduzir/reactivar palestras e debates públicos sobre questões na primeira linha
como as ALC; como mencionado pelos profissionais da Universidade da Suazilândia
(UNISWA), tal diminuiu no passado e deveriam ser revigorados. Tal está relacionado
com os problemas da fraca disseminação da informação e dos novos conhecimentos.
Foi referido que deveriam ser exploradas mais opções para a disseminação de
conhecimentos, além das tradicionais publicadas em jornais. Contudo, estas opções
mais vastas de disseminação de conhecimentos deveriam também ser reconhecidas e
recompensadas como uma parte importante da prática académica. Estão relacionadas
com isto as sugestões para as Instituições de Ensino Superior se reunirem tanto quanto
possível e combinarem recursos a sua eliminação de modo a reforçar a disseminação,
suscitar a sensibilização pública e influenciar a política e, desta forma, reforçar a sua
liderança nesta questão crítica para a sociedade.
Outra estratégia importante sugerida nos workshops do estudo de planificação foi que
as universidades deveriam desenvolver projectos de demonstração no respectivo
campus, por exemplo, reduzindo a pegada de carbono do campus, testando opções de
energias renováveis no campus, etc. Tal poderia ser uma forma de facilitar locais
práticos de demonstração que também reforçassem o envolvimento dos alunos (vide
discussão sobre envolvimento dos alunos abaixo). A iniciativa Africa Green Campus
poderia vir a ser um parceiro importante para o programa da SARUA a este respeito.
Outro mecanismo significativo para o reforço da inovação, liderança e dos contributos
orientados para as soluções da investigação universitária é a criação colaborativa de
programas de investigação entre instituições, com intervenientes mais vastos, e com
parcerias internacionais que tenham uma forte partilha de conhecimentos e
enquadramentos de transferência de tecnologia.
3.2.8 Condições gerais para co-produção de conhecimentos de DCC
3.2.8.1 Diversidade institucional, semelhanças e tendências
A região da SADC dispõe de um leque de diferentes Instituições de Ensino Superior, todas com
as suas áreas de nicho particulares e mandatos diferenciados. (Por exemplo, há universidades
de gestão dos recursos naturais que se concentram em programas de licenciatura em gestão
agrícola e dos recursos naturais, enquanto as Universidades de Tecnologia se concentram
frequentemente em questões como o desenvolvimento de tecnologia das energias renováveis,
enquanto outras se concentram mais na investigação e no ensino disciplinares). Identificar,
reconhecer e aceitar diferenças no foco institucional, áreas de especialização, desafios
contextuais, quadros de conhecimento disciplinar e contribuições necessita de ser visto como
um aspecto importante e valioso da investigação do DCC.
A experiência existente, o interesse dos sectores de diversidade institucional e o nível de
funcionamento no sistema determina frequentemente de que forma o DCC é visto e/ou como
as prioridades de DCC são identificadas. A diversidade de repostas dos vários investidores e
profissionais universitários (em várias disciplinas e cargos de gestão) mostra que diferentes
instituições/disciplinas e níveis de gestão interdisciplinar são necessários para o
Maio de 2014
144
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
desenvolvimento de uma visão holística das ‘necessidades’ de desenvolvimento compatíveis
com o clima.
É igualmente importante identificar e reconhecer essas diferentes perspectivas em processos e
abordagens de co-produção de conhecimentos, tal como a experiência pessoal e/ou sectorial
ou específica a uma instituição e o contexto podem esclarecer quanto a áreas prioritárias
específicas. A diversidade de respostas de tão variada gama de peritos nas respectivas áreas
mostra a natureza interdisciplinar e multissectorial das alterações climáticas e da resposta ao
DCC.
Como aproveitar tais perspectivas e a perícia associada que informa as mesmas constitui o
derradeiro desafio de um processo e Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos.
3.2.8.2 Abordar barreiras para a investigação colaborativa
Acordou-se igualmente em todos os países envolvidos no estudo de planificação que havia
uma necessidade de a) identificar e articular claramente, e b) abordar barreiras à investigação
em colaboração, uma vez que não seria possível abordar as questões relacionadas com o DCC
e alterações climáticas no seio de uma abordagem "habitual". As estratégias propostas para a
abordagem das barreiras incluíram:




Criação de um ponto claro de coordenação para a investigação colaborativa na
universidade.
As universidades precisam de desenvolver políticas e planos de investigação que
possam orientar a investigação cooperativa e as abordagens colaborativas à
investigação; contudo, se tais planos e estratégias forem desenvolvidos, têm de ser
implementados e revistos regularmente, o que requer compromisso dos líderes
universitários, como por exemplo o Plano Estratégico da UNISWA, que tem
declarações claras sobre desenvolvimento sustentável, que precisa de ser revisto por
forma a incorporar alterações climáticas.
Há também a necessidade de criação de sistemas de colaboração com parceiros que
fazem investigação fora das universidades, e estruturas através das quais os
intervenientes interessados em colaborar com universidades possam abordar
investigadores universitários. Por exemplo, foi referido em determinados países que
muito embora exista um Centro de Investigação, a forma como facilita a cooperação
não é eficaz e são, portanto, perdidas boas oportunidades de co-produção de
conhecimentos.
Reforço de sistemas de publicação e resultados de investigação revistos por pares que
actualmente se encontra em formato de “literatura cinzenta”. Conforme anotado
acima, a colaboração entre investigadores e agências governamentais é uma das
“saídas” mais proeminentes da investigação universidade actual. Muita da
investigação parece ser feita pelo governo e poucos investigadores publicam
investigação além da ‘“literatura cinzenta” que informe sobre a necessidade de
informações governamentais (por exemplo para elaboração de relatórios à UNFCCC)
e/ou para formulação de políticas, à excepção de investigadores mais experientes na
região. Traduzir esta investigação, frequentemente realizada em equipas, em literatura
publicada requer o apoio activo para a publicação colaborativa. Poderá igualmente
requerer uma intervenção política de mais alto nível, conforme demonstrado no caso
Maio de 2014
145
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
da África do Sul, onde as intervenções políticas no ensino superior relacionadas com o
financiamento de universidades baseadas nos resultados de investigação provaram ser
um mecanismo importante para a estimulação de um aumento rápido das publicações
baseadas em investigação.
3.2.8.3 Internacionalização da investigação, a publicação de investigação
internacional revista por pares e redes de investigação.
Ligada ao ponto acima da necessidade de abordar barreiras à investigação colaborativa
encontra-se a necessidade de reforçar a internacionalização da investigação e das redes de
investigação, embora em cada país tenham sido encontrados exemplos de investigadores a
trabalhar em redes e parcerias de investigação internacionais, em particular com outros países
da SADC.95 Uma das conclusões mais marcantes do estudo de planificação foi o facto de,
embora haver investigação em matéria de alterações climáticas e DCC em países da SADC, tal
não é muitas vezes publicado pelos investigadores da SADC, mas sim por investigadores
96
internacionais. Embora as causas definitivas de tal precisem de mais análise aprofundada ,
algumas perspectivas iniciais de porquê ser assim estão ligadas a 1) um sistema de publicação
académica inadequadamente desenvolvidos para a África austral; 2) domínio na arena das
publicações de investigadores “Nortenhos”/internacionais (maior impacto em jornais
anglófonos publicados na América do Norte/Europa); 3) padrões de financiamento da
investigação e relações globais de poder baseadas em investigação; os investigadores da África
austral são normalmente “beneficiários” de financiamento e não geradores de parcerias
financiadas; 4) experiência e confiança da produção de publicações; 5) falta de uma cultura
substantiva ao nível da investigação nas universidades (as culturas de ensino tendem a
dominar, conforme discutido na secção 1); e 6) domínio de investigação pela “velha” guarda,
embora o contexto das TIC esteja a criar mais opções de acesso a investigadores mais jovens e
a investigadoras do sexo feminino.97 É um padrão na África austral, sendo as excepções a África
do Sul como um todo, onde mais cientistas locais estão a publicar investigação em matéria de
alterações climáticas, e conjuntos mais pequenos de investigadores experientes e
conceituados noutros países da SADC, especialmente o Zimbabué, cujos investigadores
também estavam a publicar fortemente em arenas internacionais sobre preocupações
95
Podemos encontrar exemplos nos relatórios do estudo de planificação de país (Volume 2).
96
Tal análise aprofundada está fora do âmbito deste estudo de planificação. Contudo, existem programas aos quais a SARUA
poderá associar-se na abordagem das questões aqui suscitadas, como o Scholarly Communication and Access programme da
Universidade da Cidade do Cabo, as iniciativas do Africa Journal Online (sedeado em Grahamstown, África do Sul) e as lições que
podem ser aprendidas da HSRC Press (África do Sul), as quais procuram formas de reforçar as publicações académicas em África.
Os textos de Garry Rosenberg (antigo gestor de publicação da HSRC Press e coordenador de investigação do projecto SCA da UCC
são igualmente úteis aqui: Rosenberg, G. 2009. “Scholarly Books: Their production, use and evaluation in South Africa today,” um
relatório encomendado e publicado pela Academia de Ciência da África do Sul, e um capítulo de Rosenberg, G. 2009. “The
dynamics of Social Science scholarly publishing in Africa” no Relatório Mundial de Ciência Social da UNESCO/ISSC de 2009,
encomendado e publicado pela UNESCO). African Journals OnLine (AJOL) is a non-profit organisation dedicated to improving the
online visibility of and access to the published scholarly research of African-based academics. By using the Internet as a gateway,
AJOL aims to enhance conditions for African learning to be translated into African development (http://www.ajol.info).
97
Aqui, concluiu-se que as iniciativas baseadas em investigação que se concentram explicitamente nas questões de género e
alterações climáticas (como o programa da Heinrich Boll Foundation que documenta estudos de casos em matéria de género e
alterações climáticas nos países da África austral) apoiavam investigadoras mais jovens do sexo feminino para que acedessem à
arena das publicações internacionais.
Maio de 2014
146
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
relacionadas com DCC. Tal espelha o padrão mais vasto de que a África do Sul produz a maior
parte da investigação internacionalmente publicada em África, e particularmente na África
austral.
Outra forma de reforçar a internacionalização da investigação é desenvolvendo estratégias
para envolver as agências e os sistemas de investigação internacionais. Foi salientado no
estudo de planificação que, em muitos casos, os investigadores da SADC consideram difícil
aceder ao financiamento à investigação internacional, uma vez que tal muitas vezes requer um
leque complexo de parcerias, que são também cada vez mais multi-disciplinares e multiinstitucionais por natureza. O desenvolvimento de capacidades para angariação de fundos
para investigação e sistemas que facilitam a formação de redes de investigação são, por
conseguinte, necessários. Tal poderia ser um importante resultado do programa de cinco anos
da SARUA, uma vez que a SARUA está bem posicionada para facilitar este tipo de
desenvolvimento de capacidades na estrutura em rede que será proposta neste
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos.
Há, por conseguinte, uma necessidade de compromisso mais proactivo junto de agências
internacionais e agências e instituições internacionais de investigação que possam
desempenhar um papel no desenvolvimento de parcerias de investigação e também no
desenvolvimento da capacidade de investigação. Conforme se conclui neste estudo de
planificação, as agências de desenvolvimento internacional, embora não lideradas pela
investigação, desempenham um papel significativo ao permitirem investigação em matéria de
alterações climáticas e DCC em contextos de governo nacional, mas também em parceria(s)
com investigadores universitários, embora não seja clara em que medida os investigadores
universitários se inspiram em tais parcerias de conhecimentos. Dos poucos estudos a grande
escala envolvidos, parece que os projectos ou programas a grande escala procuram trabalhar
com “centros de competências” que já possuem a capacidade para determinados aspectos da
produção de conhecimentos necessários nos objectivos gerais do programa de
desenvolvimento. Se esta capacidade não existir no país, é então importada de universidades
regionais, como a Universidade da Cidade do Cabo, ou de universidades internacionais como o
Tyndall Centre for Climate Change Research multi-institucional. Por conseguinte, são
importantes “corretores de conhecimentos” para o DCC na maioria dos países da SADC. Esta
colaboração reforçada entre agências regionais e internacionais e sistemas universitários
regionais e profissionais, continuará provavelmente a ser um aspecto ou condição
significativos de influência para a co-produção de conhecimentos em matéria de alterações
climáticas e DCC na região SADC no futuro.
O estudo de planificação também concluiu que as redes de investigação internacionais e
regionais, tais como o programa START, a RAEIN-Africa (Rede de Iniciativas Regionais Agrícolas
e Ambientais – África), a Comissão da Corrente de Benguela, a SASSCAL (Centro do Serviço das
Ciências Sul-africano para as Alterações Climáticas e a Utilização da Terra de Adaptação), a
AMESD (Projecto Africano de Acompanhamento Ambiental para o Desenvolvimento
Sustentável), a AEON (Rede de Observação Ambiental de África), a WATERNET e a FEWSNET
(Sistema de Alerta Rápido da Fome) desempenhavam um papel importante tanto no
desenvolvimento da capacidade de investigação como no trabalho de investigação em rede
(vide Anexo A), e estavam a funcionar a um nível que permitia que os investigadores da SADC
Maio de 2014
147
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
interagissem, aprendessem uns com os outros e produzissem novos conhecimentos à escala
regional.
O programa START (Sistema de Análise, Investigação e Formação das mudanças globais)98
poderá ser um modelo particularmente importante a considerar pois promove o
desenvolvimento de capacidades orientado pela investigação para com os conhecimentos
avançados em matéria de alterações ambientais globais através de subvenções e bolsas de
investigação, avaliações e sínteses de conhecimentos, desenvolvimento de currículos,
institutos de formação avançada, diálogos entre os múltiplos intervenientes e planeamento
99
estratégico in loco. O âmbito deste programa poderá oferecer algumas lições preciosas na
futura concepção e implementação do programa de desenvolvimento de capacidades da
SARUA.
3.2.8.4 Sistemas de financiamento da investigação
Conforme indicado acima, alguns dos países dedicaram fundos de desenvolvimento e
investigação nacional que foram “postos de lado" para a investigação em matéria de DCC e
alterações climáticas, excepto a África do Sul, que dispõe de um Grande Desafio Nacional à
Mudança Global (“National Grand Challenge on Global Change”) e outro Grande Desafio
Nacional à Energia (“National Grand Challenge on Energy”), ambos relativamente bem
financiados pelo Departamento da Ciência e da Tecnologia. A maioria dos governos nacionais
possui Estratégias de Inovação de Ciência e Tecnologia, mas estas (ainda) não se encontram
fortemente orientadas para a investigação do DCC, deixando um “grande fosso de
financiamento” para o tipo e âmbito da investigação requeridos. O caso da África do Sul de um
governo nacional que trabalha com os respectivos cientistas no sentido de definir planos de
investigação nacional concentrados em prioridades de DCC num Enquadramento de Inovação
de dez anos é um bom exemplo, à medida que o compromisso do governo nacional para com
estas áreas temáticas da investigação atraem igualmente financiamento internacional à
investigação, que pode depois ser canalizado através de estruturas de investigação nacionais.
Por exemplo, a Fundação de Investigação Nacional da África do Sul recebeu recentemente
Financiamento do Fórum de Belmont ao abrigo do Grande Desafio Nacional à Mudança Global
e do Plano de Investigação da Sustentabilidade Future Earth, e conseguiu chamar os seus
investigadores nacionais para que realizassem investigação no nexo água-energia-segurança
alimentar. A SARUA poderá vir a desempenhar um papel de facilitação ao permitir o fluxo de
financiamento de investigação global em parcerias com sistemas universitários nacionais e
Ministérios da Ciência e Tecnologia/Ensino Superior, fazendo ligações entre universidades da
SADC com, por exemplo, o Escritório Regional do ICSU para África, que se está a envolver na
98
http://start.org/about
99
O trabalho concentra-se na variabilidade e alterações climáticas, redução de riscos de desastre, alteração da utilização de
terrenos/cobertura de terrenos, conservação da biodiversidade, desenvolvimento urbano, saúde humana, gestão de recursos
aquáticos, agricultura e segurança alimentar e modelização climática regional e serviços climáticos. As medidas do programa visam
a ciência, bem como a interface da ciência, política e prática, e informam as acções para um desenvolvimento mais resistente e
adaptável.
Maio de 2014
148
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
facilitação do Plano de Investigação da Sustentabilidade Future Earth a nível regional. Das
conclusões do estudo de planificação fica claro que uma das principais prioridades para a
construção de instituições de investigação em matéria de alterações climáticas e DCC é o
desenvolvimento de sistemas que permitam o financiamento da investigação nos países da
SADC.
“O financiamento no Botsuana não pode melhorar enquanto o Botsuana não tiver
uma espécie de Fundação de Investigação Nacional”.
Funcionário da universidade no Botsuana
3.2.8.5 Desenvolvimento das capacidades dos colaboradores e Doutoramentos
Outra conclusão importante do estudo de planificação está relacionada com o perfil dos
investigadores envolvidos na investigação do DCC. Em todos os países, foram identificadas
algumas investigadoras do sexo feminino, embora constituam uma minoria. Muitos dos
inquiridos deste questionário possuíam cinco ou mais anos de experiência nas suas disciplinas.
Porém, uma minoria do número total dos inquiridos para o estudo de planificação
identificados como tendo experiência específica em ciências relacionadas com o DCC são
titulares de doutoramento. Tal demonstra uma necessidade não só de encorajar mais
mulheres a envolverem-se na investigação do DCC em universidades da SADC, como também
de apoiar as envolvidas em investigação do DCC em universidades da SADC a obter
doutoramentos. Tal aponta para a necessidade de melhoria do apoio institucional e académico
para o desenvolvimento de mais alunos de Doutoramento, particularmente nas áreas
relacionadas com alterações climáticas e DCC, outra área em que o programa em matéria de
alterações climáticas da SARUA está bem posicionada para responder. Existem exemplos de
Programas Académicos de Desenvolvimento de Capacidades que podem orientar nesta
dimensão do programa da SARUA. É necessário dar ênfase ao apoio a investigadoras do sexo
feminino e às que ainda não obtiveram o Doutoramento. Um desses exemplos é o programa
da Higher Education South Africa (HESA) 100 intitulado “Building the Next Generation of
Academics”, que é um programa multi-institucional que tem claramente desenvolvido
abordagens e estratégias para atrair e apoiar o crescimento e desenvolvimento de uma
“próxima geração” de académicos nas Instituições de Ensino Superior da África do Sul. Este
programa indica de forma clara que o “pipeline do doutoramento” é particularmente crítico
para tal intervenção. Existem também vários programas que oferecem bolsas para
doutoramentos em áreas de estudo relacionadas com DCC, mas diferem do exemplo da HESA,
que se dedica ao desenvolvimento dos colaboradores académicos nas universidades (além das
respectivas áreas académicas especializadas) e, por conseguinte, abordam igualmente
questões institucionais associadas às práticas e contextos do ensino superior (por exemplo,
marginalização de académicas do sexo feminino, capacidade de publicação, etc.). Além de
100
http://www.hesa.org.za
Maio de 2014
149
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
prestar atenção ao desenvolvimento dos académicos, o programa SARUA pode também ser
um possível “corrector” de parcerias de financiamento de estudos de doutoramento em áreas
importantes de DCC (vide secções 4 e 5), e disponibilizar conhecimentos de novos programas
que oferecem oportunidades relacionadas com DCC às universidades da África austral.
A ideia expressa acima é particularmente significativa relativamente ao desenvolvimento de
uma base mais vasta de capacidade humana para a investigação e a prática em matéria de
alterações climáticas e DCC, tendo os dados do questionário revelado que existe uma clara
ligação entre os leitores envolvidos na investigação relacionada com alterações climáticas e
inovações curriculares nesta área. Tal demonstra que a relação entre investigação em matéria
de DCC e a inovação curricular devem ser compreendidas de forma mais clara, implicando uma
necessidade de examinar a forma como a investigação orienta a inovação curricular em novas
áreas de conhecimento, como o DCC nas universidades.
Além disso, conclui-se que esses investigadores com doutoramentos e mais experiência na
área das alterações climáticas e do DCC eram também os que estavam mais ligados em rede na
política nacional e em redes internacionais de desenvolvimento de competências, mostrando
que as suas competências de investigação foram valorizadas tanto a nível nacional como
internacional. Mais doutoramento e mais oportunidades de gerar experiência e participar em
tais redes têm um efeito positivo na inovação curricular, na competência da investigação
nacional e nos resultados políticos (julgando pelo efeito e pela influência desses investigadores
com doutoramentos relacionados com alterações climáticas e com experiência extensa em
investigação relacionada com DCC). A Estratégia de Desenvolvimento de Capital Humano do
Grande Desafio Nacional à Mudança Global da África do Sul marcou o ponto importante
necessário ao desenvolvimento de uma “massa crítica” em torno das principais áreas das
competências necessárias, uma vez que depositar a confiança num ou dois peritos é
inadequado para a procura, assim como de alto risco para a comunidade do conhecimento. Tal
foi observado em alguns dos países da SADC, onde uma pessoa importante em matéria de
investigação DCC saiu do país, deixando uma “lacuna crítica” para a geração de conhecimentos
de DCC a nível nacional, tendo como impacto a redução dos contributos políticos, da educação
e da formação.
3.2.9 Desenvolvimento e inovação curriculares
3.2.9.1 Integração e infusão do DCC nos currículos
O estudo de planificação também apontou alguns padrões institucionais interessantes
relacionados com o desenvolvimento do currículo em matéria de alterações climáticas. Na
maioria dos países e em quase todas as faculdades envolvidas em alterações climáticas
concluiu-se que as preocupações relacionadas com alterações climáticas e DCC estavam a ser
integradas lentamente nas disciplinas existentes e que, quando existiam, estavam a ser
lentamente infundidas em, integradas em e de um modo geral vistas como fazendo “parte de”
outros aspectos da formação, embora, quando tal se verificou, tenha sido igualmente
salientado que os esforços existentes nesta direcção eram inadequados e muito mais teria de
ser feito. Alguns exemplos aqui incluídos:
Maio de 2014
150
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos


O Departamento das Ciências Ambientais, Geografia e Ciências da Terra da
Universidade do Malávi relata que “As alterações climáticas estão integradas na
maioria dos nossos cursos de licenciatura. Os cursos incluem estudos ambientais e
gestão dos recursos naturais, desenvolvimento rural, geografia agrícola, climatologia,
etc. Contudo, estamos actualmente a rever o nosso currículo e as alterações climáticas
são um dos cursos sugeridos a introduzir no segundo e quarto anos”.
O Departamento das Pescas e das Ciências Aquáticas na Faculdade de Agricultura e
Recursos Naturais da Universidade da Namíbia relata que “O DCC integrado em três
módulos de licenciatura que têm um foco sobre a biodiversidade (alguma integração
de DCC). Uma componente mais significativa de DCC é necessária nos cursos”.101
Uma resposta típica à pergunta de integração e/ou inclusão do DCC nos cursos é captada
abaixo:
“Não dispomos de cursos específicos de DCC, mas alguns dos nossos cursos
incluem elementos do DCC, normalmente «de passagem»”.
Professor namibiano
3.2.9.2 Desenvolvimento de currículo interdisciplinar
Verificaram-se muito poucos exemplos identificados de desenvolvimento e ensino curricular
inter-disciplinar e quando tal existia, baseava-se mais no "interesse voluntário" do que na
política ou nos quadros institucionais. Um exemplo disto é o Departamento de Sociologia da
Universidade da Namíbia, que estava a cooperar com o Departamento de Geografia, História e
Estudos Ambientais no sentido de oferecer cursos de DCC interdisciplinar aos alunos do
Departamento de Sociologia nos seguintes cursos:





DCC incluído no segundo ano do curso de Demografia Social;
DCC incluído no quarto ano do curso de Sociologia da Saúde;
DCC incluído no quarto ano do curso de Sociologia Rural;
É oferecido o curso especial de “Sociologia do Ambiente”; e
Sociologia Urbana e um curso novo que está a ser introduzido em 2014.
Contudo, a relação não foi unilateral e os cursos oferecidos aos Departamento de Geografia,
História e Estudos Ambientais foram:


DCC integrado em Licenciaturas com Distinção de Gestão e Governação Ambiental
(quarto ano); e
DCC integrado em cursos de Estudos Ambientais, GIS e Percepção Remota (terceiro
ano).
Neste caso, um dos leitores visados trabalhou no Comité Nacional para as Alterações
Climáticas, e todos os leitores visados na cooperação faziam também parte do Centro de
101
Podemos encontrar mais exemplos nos relatórios de estudo de planificação de país do Volume 2.
Maio de 2014
151
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Investigação Multidisciplinar (participando no tema da investigação em matéria de alterações
climáticas e vulnerabilidade na Namíbia), demonstrando a importância do compromisso com
especialistas e do conhecimento contextual das questões de DCC entre leitores como um dos
principais estimulantes para as inovações curriculares interdisciplinares.
3.2.9.3 Desenvolvimento curricular em matéria de DCC ao nível da licenciatura
Embora não seja possível supervisionar todos os cursos oferecidos nas universidades da África
austral, houve alguns cursos/módulos dedicados focados em questões relacionadas com DCC
apenas a nível da licenciatura. Estes podiam ser encontrados num vasto leque de
universidades por toda a região, demonstrando que existe definitivamente um movimento de
mudança curricular ascendente em resposta às preocupações do DCC, embora tal não tenha
sido institucionalmente mandatado ou estruturado de qualquer forma. Alguns exemplos são
brevemente mencionados abaixo para mostrar que tal ocorre regionalmente e em diferentes
faculdades. Encontram-se mais informações sobre ofertas de cursos de licenciaturas e pósgraduação nas tabelas dos Relatórios de País do Volume 2. Apenas alguns casos são aqui
partilhados a título de exemplo:







Uma licenciatura em Ciências Ambientais na Universidade das Seicheles oferece uma
especialização em alterações climáticas.
A Faculdade de Educação na Universidade do Malávi oferece licenciaturas em “Pessoas
e respectivo ambiente”; “Sistemas Ecológicos”; “Alterações climáticas e ambiente”;
“Ciências bio-geográficas”.
O Departamento de Ciências Ambientais da Universidade do Botsuana oferece um
curso de Turismo e alterações climáticas, e cursos de “Percepção Remota e Sistemas
de Informação Geo-espacial”.
O Bacharelato de Estudos Ambientais (BEA) da Universidade de Mulungushi na Zâmbia
concentra-se em questões ambientais actuais enfrentadas pelo mundo de hoje em dia,
incluindo mitigação e adaptação em matéria de alterações climáticas, redução do risco
de ocorrência de desastres, gestão dos desperdícios, poluição, degradação da terra,
utilização energética e utilização de recursos sustentáveis.
Também na Zâmbia, o Grupo de Investigação do Ambiente e da Energia (EERG) do
Departamento de Física, Universidade da Zâmbia (UNZA) tem estado na vanguarda de
estudos de integração em matéria de alterações climáticas no currículo do
Departamento de Física nas duas últimas décadas, tanto a nível de licenciatura como
de pós-graduação;
A Universidade Copperbelt de Ciência e Tecnologia tem estado a integrar as alterações
climáticas nos currículos de engenharia ambiental e estudos biológicos.
Desde Outubro de 2013, a Universidade da Zâmbia tem estado a oferecer um novo
curso sobre alterações climáticas e educação, que será oferecido durante um ano
completo e vai permitir entrar em mais detalhes sobre as questões das alterações
climáticas.
3.2.9.4 Inovação curricular ao nível do Mestrado
Uma das principais áreas da inovação curricular do DCC era ao nível de mestrado. Algumas
universidades tinham planos para desenvolver um mestrado relacionado com as alterações
Maio de 2014
152
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
climáticas. Tal é particularmente importante para o programa em matéria de alterações
climáticas da SARUA, que tenta apoiar a integração de módulos DCC em mestrados como um
dos seus principais resultados (Secção 1). A inovação curricular ao nível do Mestrado reveste
diferentes formas e concluiu-se que estava em diferentes níveis de conclusão:




Novos Mestrados: Exemplos de universidades que gostariam de desenvolver novos
Mestrados em alterações climáticas/DCC incluíram a Universidade da Namíbia e a
Universidade Eduardo Mondlane em Moçambique. A Universidade Sokoine de
Agricultura da Tanzânia está a considerar desenvolver outro programa sobre
alterações climáticas e recursos naturais, embora pareça que, inicialmente, apenas
seja a nível da licenciatura.
Integração focada das AC/DCC em Mestrados existentes: Alguns exemplos aqui são o
curso independente da UNISWA em matéria de alterações climáticas intitulado
“Alterações climáticas e ambiente” nos seus Mestrados multidisciplinares em Gestão
do Ambiente e dos Recursos (GAR). Na Tanzânia, o Mestrado da Universidade de
Saúde e Ciências Aliadas de Muhimbili em Saúde Ambiental e Ocupacional (MSc EOH)
inclui um módulo sobre o “Impacto das alterações climáticas na Saúde, que é mais
uma inovação positiva para a área pouco investigada dos impactos das alterações
climáticas na saúde. Alguns cursos incluem questões sobre alterações climáticas a um
nível mais elevado, como o programa de Mestrado em Ciências e Gestão do
Ecossistema na Universidade Sokoine de Agricultura da Tanzânia, na qual quase
metade dos cursos estão relacionados com alterações climáticas, incluindo um foco
em género e alterações climáticas.
Licenciaturas especialistas já existentes em matéria de AC/DCC: São encontrados
exemplos na Universidade de Eduardo Mondlane (na Faculdade de Agronomia e
Engenharia Florestal, com um foco na redução do risco de ocorrência de desastres); na
Universidade Lilongwe de Agricultura e Recursos Naturais (com um foco em ambiente
e alterações climáticas); na Universidade da Cidade do Cabo, onde existe um Mestrado
em Alterações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável; o programa de Mestrado
lançado recentemente em Alterações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável
(Programas Regulares e Executivos) no Centro para o Estudo das Alterações Climáticas
da Universidade de Dar es Salaam; e nas Universidades de Stellenbosch, Wits, Fort
Hare e Noroeste (na África do Sul) onde são oferecidos programas de Mestrado em
energias renováveis; a Universidade do Noroeste (AS) onde existe um curso de Direito
Climático; e a Universidade do Estado Livre (AS) onde existe um Mestrado em Gestão
de Desastres. Tal mostra que todos estes Mestrados se concentram especificamente
em AC/DCC, mas também são orientados para áreas disciplinares especialistas, com
alguns níveis de interdisciplinaridade. É interessante ver que todos estes Mestrados
sejam “ofertas relativamente novas” e apenas existam entre cerca de três a cinco anos.
Tal mostra que se trata de uma nova área potencialmente importante de inovação
curricular que devia ser mais apoiada.
Mestrados multi-institucionais em DCC entre países: Enquanto não tenha sido
identificado qualquer Mestrado específico em DCC nesta categoria, o estudo de
planificação concluiu que estavam a emergir Mestrados relacionados de perto com o
DCC nesta categoria. Há aqui o exemplo da Universidade de Stellenbosch, a qual está a
desenvolver um programa de Mestrado conjunto em desenvolvimento sustentável
com universidades na Europa, Índia e Japão.
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Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Por conseguinte, o Mestrado parece ser o principal “ponto de inovação curricular” para mais
desenvolvimento, especialmente através de parcerias com universidades que já possuem
cursos de Mestrado e a que estão preparadas para fazê-lo ou em processo de
desenvolvimento de um curso de Mestrado. As abordagens de e-learning e os materiais de
curso partilhados são outras estratégias importantes para a inovação curricular. O Centro de
Excelência ACCESS na África do Sul tem capacidade para liderar um programa regional de
inovação curricular ao nível do Mestrado através de um modelo de competências partilhadas
(tal iniciativa já se encontra listada no respectivo plano de trabalho). As universidades que já
têm capacidade existente para tal processo incluem a Universidade da Cidade do Cabo (já
ligada à ACCESS), a Universidade de Dar es Salaam, a Universidade de Stellenbosch (também
ligada à ACCESS), a LUANAR e o programa da LEAD SEA na Faculdade Chancellor da
Universidade do Malávi e outros. Contudo, tal processo precisa de ser cuidadosamente
planeado e custeado, e deve ser dada atenção para que os programas possam ser sustentáveis
após as intervenções iniciais. O novo Centro de Excelência em Investigação Energética
proposto pela SADC poderá também ser capaz de mediar tal programa de Mestrado multiinstitucional nos países da SADC, enquanto existes competências significativas de investigação
em energias renováveis em vários centros da região (vide Anexo A).
3.2.9.5 Programas de DCC e Doutoramento e supervisão
O estudo de planificação não procurou questões de supervisão de Doutoramento em grande
profundidade, mas foi visível que tais professores com mais experiência e fortes históricos
comprovados nas áreas de estudo relacionadas com as alterações climáticas eram também os
que mais provavelmente estariam a supervisionar e a ensinar Doutoramentos nesta área. A
Universidade de Stellenbosch tem um programa de Doutoramento transdisciplinar inovador
que funciona com grupos de doutorados, realizando todos eles investigação transdisciplinar
numa área de sustentabilidade. Várias universidades sul-africanas têm programas de
Doutoramento substantivos em várias áreas de especialização do DCC (conforme pode ser
visto no Volume 2, e no Anexo B), e as Universidades do Botsuana, Malávi LUANAR, UEM em
Moçambique, Dar es Salaam, Ilhas Maurícias, Universidade do Zimbabué, Zâmbia e outras
supervisionavam também alguns estudos de Doutoramento na área de DCC. Estes programas e
supervisores envolvidos na supervisão de Doutoramentos nesta área poderão vir a contribuir
com perspectivas eficazes para a aprendizagem e a supervisão do Doutoramento no Programa
para o Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da SARUA, assim como
os programas ou académicos a nível individual que supervisionam grupos mais pequenos de
Doutoramento ligados a supervisores individuais ou a “núcleos” de investigação à pequena
escala com competências especializadas. Poderá também ser possível criar um programa de
grupo de Doutoramento a nível regional entre instituições, através do programa da SARUA
inspirado na capacidade de supervisão de Doutoramentos de alto nível na região.
Contudo, observou-se no estudo de planificação, e também se encontra bem documentado,
que uma das principais questões associadas à produção de Doutoramentos na África do Sul e
também noutros países da SADC é a capacidade de supervisão, devido também ao aumento
das cargas de ensino nas licenciaturas de todos os colaboradores universitários. Por
conseguinte, precisam de ser criadas mais condições para os melhores e mais experientes
académicos de DCC para que supervisionem o ensino e a investigação nos Doutoramentos.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Existem também alguns programas inovadores na região da SADC que procuram abordar a
lacuna da capacidade de supervisão, que poderia ser considerada ou adaptada para o
programa da SARUA, tal como a formação para supervisores directa e explícita, programas de
geminação e co-supervisão, bem como programas de mentorado de supervisores.
3.2.9.6 Métodos de ensino e abordagens de aprendizagem de serviços
As abordagens de co-produção de conhecimentos também requerem novas formas de
pedagogia e mais métodos de ensino inovadores. O estudo de planificação concluiu que havia
uma gama de métodos de ensino preferidos utilizados por académicos em questões
relacionadas com DCC, muitos dos quais apontavam para abordagens mais inovadoras de
ensino e aprendizagem. Os dados do questionário mostram que, na maioria dos casos, os
académicos envolvidos em ensino de desenvolvimento sustentável/DCC procuravam utilizar
métodos de ensino mais inovadores tais como a aprendizagem baseada em problemas,
estudos de casos, avaliações práticas, jogos e análises baseadas em cenários, filmes e novos
métodos multimédia, etc.
Os dados do questionário examinaram em que medida as universidades recorriam às
abordagens de aprendizagem de serviço, uma vez que ofereciam um potencial mecanismo de
inovação curricular que permite ligações mais fortes entre universidades e comunidades, uma
das características das abordagens da co-produção de conhecimentos ao ensino e à
aprendizagem. O estudo revelou que havia exemplos de aprendizagem de serviço em
diferentes universidades da SADC, mas ainda não era uma prática disseminada entre
instituições. O desenvolvimento de abordagens à aprendizagem de serviço para a co-produção
de conhecimentos de DCC através do ensino e da aprendizagem poderia também ser, por
conseguinte, uma área contínua de inovação curricular na região da SADC. A Universidade da
Suazilândia, a Universidade do Malávi, a Universidade da Zâmbia e algumas das universidades
sul-africanas têm alguns bons exemplos da utilização de tais abordagens. Contudo, tais
abordagens são também limitadas por questões de orçamento e tempo.
3.2.9.7 Inovação curricular através de plataformas Web2.0
No entanto, pouco se disse sobre as novas formas de pedagogia que estão a emergir através
das plataformas Web2.0, e sobre a forma como estas podem ser melhor utilizadas para
reforçar e apoiar a inovação curricular e pedagógica, apesar do facto de estas abordagens
terem muito potencial, especialmente para a partilha de conhecimentos regionais. One
innovative CCD programme that was identified in the mapping study is the Development
Reality Institute in Zimbabwe, which runs a ‘virtual school’ offering online courses on climate
change. Este instituto foi criado como um instituto de formação independente pelas
organizações da juventude, e actualmente não está afiliado a qualquer universidade, mas
ganhou, contudo, vários prémios regionais pelas suas práticas inovadoras de ensino, ensino à
distância e curriculares, bem como pela utilização proactiva que faz da aprendizagem online
para o DCC. Outras iniciativas neste sentido foram visíveis no estudo de planificação, embora
não seja uma área muito falada de inovação curricular. Um exemplo é a iniciativa Habitable
Planet da ACCESS que teve algum sucesso na ligação dos respectivos programas às plataformas
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
mediáticas sociais. Por conseguinte, tal parece ser uma arena potencialmente importante para
a inovação curricular para o DCC num contexto regional.
Embora os Cursos Abertos Maciços Online (MOOC) (vide Caixa 3 abaixo) não sejam
incontestados em termos do seu valor pedagógico enquanto programas de aprendizagem
formal, e existam várias complexidades de credenciação associadas aos mesmos para
utilização em programas de ensino formal, e sejam de qualidade irregular e tenham
actualmente uma baixa taxa de conclusão (10%), estão também a definir uma tendência em
direcção às formulários de aprendizagem de Web2.0, interacção e partilha de conhecimentos
que podem valer a pena investigar com mais profundidade nas plataformas de aprendizagem
de DCC. Uma das questões que poderão, por exemplo, precisar de ser debatidas é a relação
entre conhecimentos de MOOC “a nível global” e preocupações de DCC a nível local, as
perspectivas e interesses ideológicos inseridos nos materiais do curso e se, e a forma como, os
MOOC podem ser integrados noutros inovações de desenvolvimento curricular, a que níveis,
etc.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Caixa 3: MOOC em alterações climáticas / DCC
Existem actualmente seis Cursos Abertos Maciços Online (MOOC) diferentes em matéria de alterações
climáticas disponíveis no Coursera (www.coursera.org). São oferecidos pelo Banco Mundial (o novo
curso começará em Janeiro de 2014, vide abaixo), pela Universidade de Chicago, pela Universidade da
Columbia Britânica pela Universidade da Pensilvânia, pela Universidade de Melbourne e pela
Universidade da Califórnia, São Diego. Outros MOOC relacionados encontram-se disponíveis no curso
“The Age of Sustainable Development” (A Idade do Desenvolvimento Sustentável) oferecido pelo Earth
Institute na Universidade de Columbia, EUA (Jeffery Sachs) e pelo LifeCycle Assessment (Universidade de
Northwestern, EUA). Nenhum MOOC em AC/DCC desenvolvido por universidades ou instituições de
África/África austral foi identificado.
Um exemplo de um MOOC e como funciona:
O MOOC do Banco Mundial em matéria de alterações climáticas tem quatro módulos e está a ser
oferecido com dois acompanhamentos: (1) Campeão/Generalista Climático; e (2) Política e Liderança. O
curso dura quatro semanas (envolvendo três horas de estudo por semana e acesso à Internet de banda
larga) e é gratuito. Os participantes do curso têm acesso ao material durante aproximadamente seis
meses após terminar o curso. O formato do curso envolve a utilização de filmes e material de vídeo
climáticos (17 palestras de vídeo interactivas de cientistas e profissionais especializados conhecidos em
matéria de clima); actividades interactivas; questionários que verificam os conhecimentos dos
formandos, reforçam o material da lição e dão feedback imediato; trabalhos que melhoram as
competências de análise, reflexão e comunicação; fóruns de discussão e meios de comunicação sociais
que permitem a colaboração com outras pessoas de todo o mundo; dois Google Hangouts on Air
interactivos ao vivo com peritos internacionais que darão uma sessão de esclarecimento de perguntas
em matéria de alterações climáticas. Como projecto final, os participantes criam um artefacto digital. A
conclusão bem-sucedida leva a um Coursera Statement of Accomplishment. Os requisitos do curso
incluem a obtenção de um resultado cumulativo de 50% nas seguintes actividades necessárias: três
questionários, dois trabalhos revistos por pares e um projecto final. As distinções são atribuídas a
resultados iguais ou superiores a 80%. Os principais recursos e trabalhos duram cerca de três a cinco
horas semanais a concluir. (https://www.coursera.org/#course/warmerworld)
Nota: De um modo geral, o Coursera tem actualmente uma comunidade de cinco milhões de alunos de
todo o mundo. O MOOC do Banco Mundial atraiu 15.000 formandos na primeira ronda. Por conseguinte,
tal poderá oferecer uma forma de aprendizagem mais informal para expansão de experiências de
internacionalização de formandos da SADC em matéria de DCC. As estatísticas dos MOOC mostram
actualmente um nível elevado de utilização por alunos de licenciatura e de pós-graduação para fins de
“estudo adicional”/estudos de enriquecimento.
3.2.9.8 Desenvolvimento de competências para o DCC
Outra área que ainda não foi mencionada com grandes pormenores no estudo de planificação,
mas que é, no entanto, uma questão importante de preocupação para a inovação curricular,
conforme discutido brevemente com o vice-reitor adjunto para as alterações climáticas da
Universidade da Cidade do Cabo da África do Sul, é a questão das “principais competências”
para licenciados em DCC. O estudo de planificação revelou que, em termos latos, há um
acordo de que os licenciados em DCC tenham pelo menos algumas das seguintes
competências:
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Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos










Conhecimento de sistemas socioecológicos pois relacionam-se com o DCC (por
exemplo, risco e vulnerabilidade, etc.);
Conhecimento de políticas;
Conhecimento especialista em matéria de alterações climáticas e condições e
impactos locais das alterações climáticas a variados níveis e escalas (por exemplo, ao
nível da paisagem, a um mais vasto nível nacional, regional e a níveis globais);
Conhecimento especialista relevante para o DCC; adaptação e mitigação em variados
sectores e/ou áreas (por exemplo, adaptação agrícola, pescas, energia renovável,
tecnologia limpa, AC e saúde, segurança hídrica e AC, etc.);
Competências integradoras e a capacidade de trabalhar em equipas multi e
interdisciplinares;
Conhecimento de dimensões globais e contextuais de DCC;
Capacidade para lidar com e navegar pela complexidade e a mudança;
Capacidade para se envolver com comunidades (incluindo a capacidade de trabalhar
com conhecimentos autóctones em contextos de DCC) e múltiplos intervenientes;
Motivação para aprender e fazer parte de processos de mudança; e
Tomadas de decisões éticas.
O estudo de planificação também apontou claramente a necessidade de essas competências
mais vastas incluírem novas competências de gestão financeira, nova formação de políticas e
competências de rede, competências de liderança e éticas, bem como competências de
disseminação de conhecimentos. Estas vão além das competências relacionadas com as áreas
temáticas prioritárias para o DCC, tal como o conhecimento de adaptação agrícola ou o
conhecimento sobre gestão de recursos hídricos, entre outros acima mencionados.
Contudo, não houve uma “definição” clara da forma como tais competências são alinhadas, ou
da forma como são ligadas entre elas ou em que “medida” são necessárias no currículo, ou a
forma como se relacionam com os valores e o conhecimento. Assim, parece ser necessário um
cuidado extra na definição de competências que orientem a inovação curricular.
É, no entanto, instrutivo observar que uma das principais conclusões do estudo de planificação
seja que a capacidade de DCC deve ser baseada em sistemas e deve ser desenvolvida entre
sectores, e que são necessárias competências e apoio mais vastos, em conhecimentos e
competências específicos conforme definido acima, de modo a desencadear acção em matéria
de DCC. Tal tem implicações para o desenvolvimento e a inovação curriculares, uma vez que há
uma necessidade de conceptualizar o significado de “competências mais vastas” e qual a
relação entre conhecimentos e essas “competências mais vastas”. Uma análise mais
considerada dos dados do estudo de planificação (entre fontes de dados, expectativas políticas,
lacunas de capacidade e com ferramentas analíticas mais vastas fornecidas por Wiek et al.,
102
2011 ) revela os seguintes tipos de competências necessárias para o DCC:
102
Wiek, A., L. Withycombe and C. Redman. 2011. “Key competences in sustainability: A reference framework for academic
program development,” Sustainability Science. Publicado online a 19 de Maio de 2011. doi 10.1007/s11625-011-0132-6.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos





Competências para compreender problemas complexos de uma perspectiva dos
sistemas socioecológicos integrados e para compreender tais problemas na actual
situação, bem como a respectiva história e relações com outros contextos ou situações.
Tal requer competência de pensamento sistémico.
Competências para avaliar e compreender riscos e vulnerabilidades e antecipar
possíveis cenários e consequências. Tal requer competência de antecipação.
Competências de compromisso com desenvolvimento futuro de planeamento e
estratégia de modo a conceptualizar alternativas e respostas apropriadas sustentáveis
e viáveis, isto é, comprometer-se com os processos de transição. Isto requer
competência de planeamento estratégico. Requer também conhecimentos de
determinadas ferramentas de planeamento (análise de múltiplos critérios, etc.). É aqui
igualmente importante a competência de modelização (modelização energética,
modelização climática, modelização económica, combinação de diferentes tipos de
modelos, etc.) e é também uma boa ajuda para as competências de pensamento
sistémico103.
Competências para considerar as implicações de decisões e a forma como afectam o
bem-estar actual e futuro das pessoas e do planeta. Tal requer competência
normativa.
Competências para se comprometer em gestão da adaptação e participar em
inovações sociais que geram novas práticas. Tal requer competência prática envolvida
a nível social.
Muito tem sido falado de tais competências na literatura internacional. Uma revisão
substantiva da literatura no pensamento da sustentabilidade de competências no
desenvolvimento académico, e a respectiva influência no desenvolvimento curricular, foi
recentemente realizada por Wiek et al. (2011). 104 A sua análise mostra competências
semelhantes às identificadas acima e sugere que existe uma relação entre tais competências,
sendo fundamental para outras formulários de competências os conhecimentos e a
compreensão de sistemas socioecológicos complexos, isto é, competência de pensamento
sistémico. É importante observar que a forma como a “competência” é aqui utilizada não
exclui o conhecimento (vide abaixo). Argumentam também que as competências normativas e
de antecipação precisam de ser cuidadosamente informadas por conhecimentos,
conhecimentos de riscos e vulnerabilidades e possíveis consequências. As competências
normativas precisam de ser informadas pelo conhecimento de ética e pelas consequências das
103
Os enquadramentos de competência ajudam a sintetizar as conclusões do estudo de planificação da SARUA relativamente a
competências e a alinhá-las com a análise internacional de competências de sustentabilidade conforme definido em Wiek et al.
(2011) na nota de rodapé anterior. Wiek et al. observam que existem poucas provas empíricas sólidas de que essas
competências sejam, de facto, as necessárias para a sustentabilidade. Os dados do estudo de planificação da SARUA parecem
confirmar que Wiek et al. oferecem uma forma útil de pensamento sobre as competências de sustentabilidade na e para a
educação. Contudo, o estudo de planificação da Associação das Universidades Regionais da África Austral também salienta a
competência prática (conforme lido através das respostas de adaptação baseadas na comunidade que adicionam valor às vidas
dos membros da comunidade) como sendo importante. Por conseguinte, tal foi adicionado à interpretação de competência
social de Wiek et al.’s.
104
Wiek, A. et al. 2011. “Key competences in sustainability”.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
escolhas éticas. Tal conhecimento é também estético e existencialmente relacionado e, por
isso, há uma forte necessidade para que as disciplinas de humanidades se envolvam no ensino
e na investigação relacionados com DCC. A competência de planeamento estratégico e a
competência prática envolvida a nível social são técnica e sociologicamente informadas, e os
conhecimentos são necessários para informar o planeamento e a prática (por exemplo, os
conhecimentos sobre tecnologias de energia renovável são necessários para planificar a
instalação e utilização tecnológica das energias renováveis), por isso é preciso engenharia e
economia no desenvolvimento de competências de DCC.
Wiek et al. (2011) fornecem um diagrama que mostra a natureza inter-relacionada dessas
competências ao desempenharem um papel na investigação da sustentabilidade e em
contextos de resolução de problemas (como os que envolvem frequentemente investigação e
ensino de DCC) demonstrados abaixo.
Competência de pensamento
sistémico
Competência de antecipação
Competência interpessoal
Futuros cenários de não
intervenção
Constelações complexas do
problema na actual situação
e respectiva história
Ponto de
intervenção
Visões de
sustentabilidade
Estratégias de transição
de sustentabilidade
Competência estratégica
Competência normativa
Nota: as cinco principais competências em sustentabilidade (sombreadas a cinzento) conforme estão ligadas a investigação de
sustentabilidade e ao enquadramento de resolução dos problemas. As setas indicam a relevância das competências individuais
para uma ou mais componente da investigação e do enquadramento de resolução dos problemas (por exemplo, a competência
normativa é relevante para a avaliação da sustentabilidade da situação actual, bem como para a construção de visões da
sustentabilidade)
Figura 10: Enquadramento conceptual para o desenvolvimento de competências Wiek et al. 2011)
O estudo de planificação demonstrou também que, embora haja a necessidade de
desenvolvimento de competências integradas, e diversas formas de conhecimento para
informar esse desenvolvimento de competências integradas, existem igualmente necessidades
muito específicas de desenvolvimento de conhecimentos e capacidades que têm de ser
abordadas por sectores e em disciplinas universitárias específicas, como por exemplo:

Ordenamento urbano e regional: concepção e investimento em melhorias nas
capacidades de drenagem de cidades/locais propensos a inundações; esta investigação
terá de ter um foco principal das Faculdades de Engenharia.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

Segurança alimentar: realização de investigação para desenvolver variedades de
cultivo resistentes ao clima (por exemplo, milho, trigo, milheto (Mahangu) etc. Esta
terá de ter um foco principal das Faculdades de Ciências Agrícolas. [Existem aqui
muitos outros exemplos].
3.2.9.9 Conhecimento de DCC, valores, ética e pedidos de “novo pensamento
paradigmático”
Conforme observado acima, o desenvolvimento de competências não pode emergir sem um
forte foco em conhecimentos. No entanto, o DCC suscita várias perguntas, como por exemplo
o tipo de conhecimentos que devem ser ensinados. Havia um forte sentimento nos workshops
do estudo de planificação de que era necessário um forte foco em formas de conhecimento
integradas, holísticas, interdisciplinares e centradas em soluções. Uma vez mais, não emergiu
qualquer tipologia clara dessas formas de conhecimento, mas uma publicação sobre Inovação
Curricular para o Desenvolvimento Sustentável que está a ser produzida pela Parceria Global
105
das Universidades para o Ambiente e a Sustentabilidade do PNUA é aqui instrutivo e pode vir
a ser útil para futuras deliberações sobre o que significa exactamente a inovação curricular
num contexto de DCC na prática. O PNUA sugere que, para fins de compreensão das questões
de conhecimento de DS/DCC de uma perspectiva da inovação curricular, é possível diferenciar
o terreno da produção de conhecimentos científicos e sociais nas seguintes categorias:





Conhecimento “do que é”, ou do que pode ser observado e analisado (isto é,
conhecimento da actual situação, incluindo as perspectivas dos conhecimentos
autóctones);
Conhecimento “do que ainda não é conhecido”, mas pode ser previsto ou “faseado”
(isto é, conhecimento sobre risco e vulnerabilidade);
Conhecimento “do porquê de as coisas serem como são” e como podem ser mudadas
(isto é, relatos históricos e explicativos);
Conhecimento “do que pode ser diferente” e como se pode conseguir isso (isto é,
soluções possíveis); e
Conhecimento “do que pode e deve ser feito” (soluções) e “novas formas de ser, fazer
e tornar-se” (isto é, opções práticas e processos de mudança).
Todas estas formas de conhecimento emergem nas discussões do estudo de planificação sobre
que necessidades devem ser ensinadas em matéria de DCC. Curiosamente, a perspectiva do
PNUA sugerem que essas formas de conhecimento sejam aplicáveis a quase todas as disciplina
ao abrigo um enquadramento de DCC/DS. Os advogados num ambiente de curso de direito
ambiental precisam de discutir o problema conforme se manifesta actualmente, quais os riscos
e as vulnerabilidades, de que forma surgiram os riscos e os problemas, e o que pode e deve ser
feito de forma diferente. Da mesma forma, um sociologista que lide com questões de género e
alterações climáticas poderá também trabalhar com este mesmo conjunto de formas de
105
Lotz-Sisitka, H.B. in press. Education and Sustainable Development Curriculum Innovations Guidelines for Universities. UNEP/
GUPES (em produção).
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
conhecimento, isto é, qual a actual situação relativamente ao género e às alterações climáticas,
quais os riscos e vulnerabilidades, como surgiram essas questões e o que pode e deve ser feito
de forma diferente. Por conseguinte, este enquadramento de meta-conhecimento poderá vir a
fornecer uma abordagem útil para a criação de plataformas de inovação curricular inter e
transdisciplinares106 no programa de cinco anos da SARUA e deverá ser considerado nos
aspectos de inovação curricular do programa (vide secção 4), em combinação com discussões
sobre competências, valores e ética, e “novas formas paradigmáticas”# de pensamento sobre
os currículos (vide abaixo).
Foi também repetidamente mencionado no estudo de planificação que a inovação curricular
deveria incluir igualmente valores e ética, e que tal deveria ser explícito. No seguimento do
discurso geral, conforme revelado nas interacções do estudo de planificação da SARUA, estes
valores precisam de:








Ser inclusivos e democráticos (incluindo também conhecimentos autóctones, cultura e
história);
Considerar pessoas e o planeta, bem como todas as formas de vida;
Considerar as relações existentes entre pessoas e respectivos ambientes;
Ser estéticos e respeitosos;
Ser críticos quando surge a necessidade;
Incluir princípios de equidade e justiça social;
Ajuda a desenvolver uma visão do futuro e perspectiva de sistemas; e
Ser orientados para a melhoria da qualidade de vida para todos.
Alguns dos participantes no estudo de planificação argumentaram o novo pensamento
paradigmático em matéria de DCC. Este conceito pode ter significados diferentes para pessoas
diferentes e o que é novo e radical para alguns poderá ser “antigo” para outros. Algumas das
características deste “novo paradigma” são captadas nas discussões acima sobre competência,
conhecimento e valores e ética. De um modo geral, os sentimentos associados aos pedidos de
“novo pensamento paradigmático” requerem uma forma diferente de pensar sobre os
currículos, mais integrada, criativa, crítica e integral (integrando aspectos normativos culturais,
sociais, psicológicos, entre outros) e dependendo mais no dialecto da tradição e da inovação,
imaginação, relações e “pensamento criativo”. Tais interesses curriculares precisam de ser
comprovados em mais profundidade do programa de cinco anos da SARUA, uma vez que
podem oferecer oportunidades importantes de aprendizagem transformativa. Mais exemplos
dessa inovação curricular precisam de ser evidenciados, pois nem todos os exemplos
curriculares foram identificados no estudo de planificação. Tal pode também dever-se ao facto
de esta forma de desenvolvimento curricular estar fortemente dependente do estilo de
interacção e da relação criada entre professor e aluno, mais do que em cursos documentados
ou em nas definições dos cursos.
106
Esta secção é adaptada de Lotz-Sisitka, H.B. na imprensa.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
3.2.9.10
Apoio à inovação curricular
De um modo geral, e conforme definido na análise das necessidades, houve uma grande
necessidade expressa de inovação curricular em todos os países e de desenvolvimento de
apoio curricular que reforce novos programas. Tal implica desenvolvimento profissional dos
colaboradores, o que foi igualmente citado como uma grande necessidade, o desenvolvimento
de capacidades para integração de novos conhecimentos baseados em investigação em
actividades de desenvolvimento curricular. Um programa exemplar identificado no estudo de
planificação foi encontrado na LUANAR, apoiada pela CC-DARE, onde os investigadores
trabalharam em equipas interdisciplinares a nível comunitário para gerarem conhecimentos de
DCC em pontos cruciais das alterações climáticas que foram depois utilizados para informar o
desenvolvimento curricular na LUANAR (vide Caixa 4 abaixo).
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Caixa 4: Projecto de Investigação e Desenvolvimento Curricular CC-DARE, Faculdade de
Recursos Naturais LUANAR
Uma projecto de investigação e desenvolvimento curricular da Iniciativa para a Adaptação e
Desenvolvimento das Alterações Climáticas apoiado pela ONU (CC-DARE) foi implementado pela
Faculdade de Recursos Naturais LUANAR, e depois pelo Departamento das Florestas e Horticultura na
Faculdade de Agricultura de Bunda da Universidade do Malávi. A finalidade era utilizar a abordagem da
investigação de forma a integrar a adaptação às alterações climáticas no Currículo Agrícola e de
Recursos Naturais no Malávi. O projecto envolveu vários intervenientes, incluindo o Departamento dos
Assuntos Ambientais, assembleias distritais em dois distritos de Chikhwawa e Nsanje, agentes agrícolas
de distrito, agentes de irrigação de distrito e agentes florestais de distrito. Além disso, ONG como a
Action Aid Malawi, a Comissão de Desenvolvimento Católico do Malávi e organizações de
Desenvolvimento da Igreja Luterana Evangélica foram envolvidas no projecto, demonstrando uma
abordagem de vários intervenientes. As organizações e os chefes comunitários, bem como os meios de
comunicação locais, foram também envolvidos. Foi realizado um estudo de base de modo a criar as
melhores práticas de adaptação às alterações climáticas e, a partir deste conhecimento (combinado com
outras fontes), foi desenvolvido um módulo curricular para o desenvolvimento de capacidades das
instituições e comunidades na adaptação às alterações climáticas. O estudo localizou-se em duas áreas
prioritárias do NAPA (Chikhwawa e Nsanje), e envolvei três cientistas de investigação da Universidade
de Agricultura de Bunda que trabalharam com os alunos, colegas e os múltiplos intervenientes de modo
a realizar a investigação e a traduzida em currículos. As principais práticas identificadas foram a recolha
de águas pluviais, a agricultura de irrigação, culturas de Inverno, diversificação das culturas e plantação
de culturas mais tolerantes ao calor, bem como melhoria das práticas de mobilização de solo. As
informações baseadas na investigação foram utilizadas para informar um workshop curricular de
intervenientes, onde foram oferecidas mais opiniões de perspectivas multidisciplinares. Além dos
módulos de currículos universitários para o programa de Mestrado, outros módulos de formação de
professores e de membros comunitários foram desenvolvidos, sendo formados professores em seis
aldeias de dois distritos. Esta abordagem à investigação e ao desenvolvimento curricular resultou em
várias parcerias multidisciplinares entre intervenientes: alterações climáticas e agricultura, alterações
climáticas e saúde, alterações climáticas e florestas, bem como alterações climáticas e desenvolvimento
de políticas, entre outros. A educação comunitária fez também parte do programa e, através da rádio
comunitária local, os conhecimentos desenvolvidos foram partilhados de forma mais vasta a nível
comunitário, e também partilhados com funcionários de extensão que trabalham a nível distrital.
Curiosamente, este projecto de investigação e prática integrado e transdisciplinar contribuiu para a
inovação curricular e foram desenvolvidos cinco módulos para o novo Mestrado em Ambiente e
Alterações Climáticas.
É importante destacar que estes módulos também se inspiram nas formas de conhecimento científico
universais e formalizadas relevantes para as alterações climáticas, mas foram contextualmente
enriquecidas através desta abordagem ao desenvolvimento curricular.
Forneceu igualmente uma abertura para mais investigação por parte dos académicos que tiraram a
licenciatura e, na altura em que o projecto foi concluído, havia planos de expansão da abordagem para
outros distritos do NAPA.
Este projecto contribuiu para uma maior expansão do projecto na LUANAR, a qual continua a reforçar o
desenvolvimento e a investigação curriculares para o DCC no Malávi.
(Fonte: Relatório Final do Projecto Bunda CC-DARE do Malávi, Agosto de 2010, www.ccdare.org.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Outra iniciativa actual que poderá oferecer lições e ligações valiosas para o programa da
SARUA é o trabalho de inovação curricular que está actualmente a ser realizado através do
programa START (www.start.org) na Universidade de Dar Es Salaam (Caixa 5).
Caixa 5: Centro de Investigação, Educação e Sensibilização em Matéria de Alterações
Climáticas,
Universidade de Dar es Salaam, Tanzânia
O START (Sistema de Análise, Investigação e Formação das mudanças globais) está a fazer uma
parceira com a universidade de Dar es Salaam num programa a nível da universidade de integração
de ensino e aprendizagem em matéria de alterações climáticas na experiência da sala de aulas, e a
promover a comunicação em questões críticas relacionas com alterações climáticas entre a
universidade e o público. O trabalho, executado através do Centro de Investigação, Educação e
Sensibilização em Matéria de Alterações Climáticas da Universidade de Dar es Salaam em colaboração
com o START, envolve o desenvolvimento de novos currículos de modo a reforçar a aprendizagem
sobre alterações climáticas, dando formação que desenvolve abordagens escolares de ensino em
questões relacionadas com as alterações climáticas, promovendo a investigação interdisciplinar em
matéria de alterações climáticas e facilitando oportunidades de discurso entre investigadores
baseados em universidades, organizações da sociedade civil, sector privado, instituições
governamentais e decisores políticos em torno de questões relacionadas com alterações climáticas. O
programa começou em 2012 e este trabalho é apoiado pelo Open Society Institute.
Conforme indicado acima, embora existam, parece haver poucas instituições focadas na
prestação de desenvolvimento profissional ao pessoal académico. O Programa de Educação
Ambiental Regional da SADC e o programa Ambiente e Sustentabilidade nas Universidades
Africanas (MESA) apoiado pela UNEP e pela Associação Africana de Universidades (AAU) é um
exemplo de um programa tem oferecido apoio ao desenvolvimento profissional a académicos
nos países da SADC, mas não tiveram capacidade adequada para respondem ao âmbito da
procura de desenvolvimento de colaboradores profissionais nas universidades da África austral.
O estudo de planificação concluiu, contudo, que nos sítios em que esses programas estiveram
em funcionamento ou onde os colaboradores universitários tinham participado no MESA e/ou
nos programas de desenvolvimento profissional da SADC REEP, houve uma clara prova da
ocorrência de alteração e renovação curriculares, demonstrando o valor de tal programa que
dá atenção ao desenvolvimento de capacidades dos colaboradores para inovação curricular.
“Porque é que as universidades não assumem a liderança e inovação? A
Universidade de Limkokwing baseia-se na inovação tecnológica, as universidades
fizeram anteriormente muito pouco nesta área. As universidades existentes devem
reorientar agora os respectivos currículos”.
Superior académico, UNISWA
3.2.10 Mudanças que envolvem os alunos
O estudo de planificação verificou níveis relativamente baixos de envolvimento de estudantes
em questões relacionados com o DCC, embora na maior parte dos países tenha sido
encontrada, pelo menos, uma organização de estudantes que lida com questões ambientais e
notava-se que havia um interesse aumentado nestas questões entre o corpo de estudantes. A
Maio de 2014
165
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Zâmbia poderá ser uma excepção, uma vez que parece haver aí um maior envolvimento e mais
dinamismo entre organizações de alunos em questões relacionadas com as alterações
climáticas nas três universidades públicas. A Universidade da Suazilândia tinha igualmente uma
Equipa Verde apoiada pelo Presidente da MESA. Também a África do Sul revelou um
dinamismo emergente entre organizações de alunos, facilitado pela iniciativa Africa Green
Campus que organiza conferências de alunos (facilitadas pela Universidade da Cidade do Cabo
(inicialmente) e, mais recentemente pela Universidade Metropolitana Nelson Mandela na
África do Sul, até à data). Existe também uma rede de organizações de alunos interuniversitária chamada Rede “Blue Buck” que liga organizações “verdes” de alunos em
diferentes campus. Os líderes dos alunos da Zâmbia e da Suazilândia foram apoiados pelos
Presidentes da MESA para que se juntassem à primeira actividade da Rede sul-africana “Blue
Buck”, um evento iniciado pelas organizações de alunos e organizada na Universidade de
Rhodes na África do Sul, em 2011. Esta interacção regional parece ter reforçado o
envolvimento dos alunos nestes países.
De um modo geral, contudo, pareceu haver poucos programas proactivos na região
concentrados no aumento da participação dos estudantes em assuntos como o DCC, no
entanto, foi reconhecido como uma área muito importante na qual agir no futuro. Houve um
consenso geral de que os alunos deveriam estar envolvidos em mais processos de tomada de
decisões no campus e ter mais oportunidades para mais compromisso com os sectores público
e privado em questões relacionadas com DCC. A SARUA poderia explorar uma ligação mais
forte com a Iniciativa Africa Green Campus de modo a expandir a sua influência actualmente
emergente na África do Sul a outras universidades da África austral.
3.2.11 Envolvimento comunitário e alcance político
Conforme mencionado acima, os académicos envolvidos em questões relacionadas com DCC
tiveram tendência a servir o sector político com a sua capacidade. O envolvimento comunitário
foi geralmente visto como mal constituído e não realmente executado. Tal deveu-se
igualmente a fortes exigências ao pessoal académico por parte de um grande número de
estudantes e a cargas de ensino pesadas. Contudo, verificaram-se exemplos notáveis de
desenvolvimento comunitário identificados na região da SADC, embora poucos fossem do
quadro institucional, por exemplo, através de cursos ou módulos de aprendizagem em serviço.
No geral, houve um nível elevado de preocupação com o bem-estar da comunidade e uma
forte sensação de que o conhecimento deveria ser mais relevante e comunicado com mais
sucesso às comunidades, mas as estratégias e as condições que permitiriam fazê-lo não
pareciam estar implementadas. O envolvimento comunitário, conforme observado acima,
representa um mecanismo importante para a co-produção de conhecimentos e para
enquadramentos institucionais mais sólidos e é claramente necessário apoio para o
envolvimento comunitário. Algumas abordagens que poderiam ser seguidas incluem a
colocação de uma maior ênfase a nível comunitário ao nível das políticas do ensino superior
(como no caso da África do Sul), o desenvolvimento de abordagens de aprendizagem de
serviço que integrem o ensino e o envolvimento da comunidade de alunos, a criação de
programas de voluntariado para alunos nas universidades (são alguns exemplos de como a boa
prática nesta área estava a ser apoiada nas universidades da SADC). Entre as formas mais
sólidas de envolvimento comunitário para DCC observadas no estudo de planificação, contudo,
Maio de 2014
166
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
foi quando os projectos de DCC exigiram envolvimento dos alunos em abordagens
transdisciplinares à investigação (como no caso do Lago Chilwa na Faculdade Chancellor da
Universidade do Malávi – vide Caixa 1 acima), uma vez que estas abordagens integram
envolvimento de investigação e comunitário, pois a investigação tende a ser “envolvida pela
comunidade” na sua finalidade e constituição desde o início. Mencionou-se também o
financiamento e incentivos para o envolvimento comunitário, o que na maioria das instituições
era virtualmente não existente.
“As universidades devem ajudar as comunidades e deveriam ser catalisadores da
mudança. A responsabilidade das universidades deveria ser a de levar a tecnologia
às aldeias e traduzi-la para compreensão local”.
Profissional da universidade da Zâmbia
O alcance das políticas, conforme mencionado acima, pareceu ser uma das formas mais fortes
de alcance actualmente a ser praticado por académicos da SADC em relação ao DCC. Tal pode
ser explicado pelas recentes procuras por comunicação internacional através das Primeiras e
Segundas Comunicações Nacionais à CQNUAC, pelo processo NAPA, e pela emergência
associada e muito recente de políticas de alterações climáticas em quase todos os países
(durante o estudo, na maioria dos países, esboçava-se ainda uma Política de Alterações
Climáticas Nacional). Alguns países ainda se encontram a desenvolver tais políticas. Por
conseguinte, tem havido envolvimento político “intenso” em matéria de AC/DCC nos últimos
cinco anos na região da SADC e os países inspiraram-se nas respectivas comunidades
académicas para auxiliarem, o que também pode ser visto pelos períodos relativamente curtos
de tempo em que os académicos estiveram envolvidos em questões de DCC,
comparativamente às respectivas histórias disciplinares mais longas. Conforme indicado em
muitos dos workshops, estes processos estavam a “construir” as comunidades de investigação
do DCC, o que, por sua vez, estava a fornecer aos governos o apoio necessário baseado em
investigação para o desenvolvimento político. Como referido acima, houve uma preocupação
na região com a eficácia e implementação de políticas e tal poderá muito bem ser onde a
próxima fase de alcance de políticas teria de se concentrar. Contudo, tal deve ser realizado no
programa contínuo da SARUA.
3.2.12 A gestão de campus e demonstrações de DCC
Houve alguns casos de acções proactivas de gestão de campus orientadas para o DCC, mas
estas não são a norma. Em certos países, as universidades experimentavam “edifícios
ecológicos” (por exemplo, na Namíbia), mas diz-se que esta prática não era divulgada e muitas
vezes a direcção das universidades seguia o caminho do “habitual” quando levava a cabo
novos desenvolvimentos no campus. Porém, tal foi visto como uma oportunidade valiosa para
demonstrar novas tecnologias relevantes do DCC (por exemplo, energias renováveis), mas
compreendeu-se também que requeria novas formas de competência técnica que nem sempre
existiam no campus universitário. O George Campus da Universidade Metropolitana Nelson
Mandela na África do Sul talvez seja um “modelo” a este respeito, uma vez que os alunos estão
activamente envolvidos na investigação e experimentação de uma maior prática de gestão do
campus mais sustentável enquanto parte da respectiva investigação e/ou educação. Nas Ilhas
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Maurícias, a Université des Mascareignes está a trabalhar num projecto de um campus verde
que irá promover a utilização de tecnologias compatíveis com o clima e fornecer orientação
específica baseada na experiência por forma a maximizar a eficiência de custos da construção
de edifícios de alto desempenho. Houve também casos exemplares de desenvolvimento de um
Campus Verde, conforme demonstrado pelo recente prémio Green Campus de África da
Universidade do Cabo Ocidental. Uma vez mais, uma parceria entre o programa de cinco anos
da SARUA e o programa Africa Green Campus poderá reforçar este aspecto da educação
universitária.
A UNEP lançou recentemente um “Kit de Ferramentas Campus Verde”, que poderá ser
utilizado para esta finalidade. Existem também muitas ferramentas de avaliação da
sustentabilidade do campus para apoiar tais iniciativas. Uma dessas ferramentas de avaliação
da sustentabilidade (designada Ferramenta de Avaliação da Sustentabilidade Baseada numa
Unidade) 107 foi desenvolvida e testada na Universidade de Rhodes num estudo de
Doutoramento, e foi adoptada pelo programa MESA da UNEP, bem como utilizado por mais de
40 universidades em África, incluindo a Universidade Metropolitana Nelson Mandela que a
utilizou para mobilizar e reforçar actividades universitárias, e a UNISWA que a utilizou para
reforçar a integração de cursos de ambiente e sustentabilidade, bem como actividades na
UNISWA. A UNEP criou também um “portal da sustentabilidade” onde está localizada toda a
gama de ferramentas de avaliação da sustentabilidade globalmente disponíveis para as
universidades. No âmbito destas iniciativas, as universidades estão também a efectuar
acompanhamento das emissões de carbono, gestão da eficácia energética e instalação,
retroadaptação e utilização de tecnologia ecológica que “modelizam” o DCC aos alunos das
universidades.
3.2.13 Implicações do Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Como pode ser visto na avaliação institucional ao longo da secção 3, existem várias dimensões
para o contexto institucional que requerem alterações para que o DCC se torne uma
integrante e uma faceta importante da vida universitária, do ensino, da investigação e do
envolvimento comunitário e político. Especificamente, as alterações institucionais que
requerem mais atenção, e que têm implicações para um Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos de DCC incluem, mas não só:

107
Conceptualização do papel da universidade na alteração de enquadramentos depois de
2015 para o desenvolvimento humano. Tais alterações integram claramente o
ambiente, a sociedade e a economia num enquadramento de desenvolvimento
sustentável, no qual a transição para um futuro de baixo carbono será uma prioridade,
dados os desafios das alterações climáticas que são agora claros e que têm implicações
significativas relacionadas com o desenvolvimento para África, e para a SADC em
particular. Tal requer, nomeadamente, um forte compromisso de liderança com
Togo, M. e H. Lotz-Sisitka. 2009. “Unit-Based Sustainability Assessment Tool (USAT)” www.unep.org/training.
Maio de 2014
168
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
questões relacionadas com DCC que vêem o DCC como uma preocupação da
sociedade, significativa para o desenvolvimento, e não como uma “questão secundária”
pertencente aos cientistas ambientais.

Abordar os condicionalismos do sistema de investigação e envolver-se no
desenvolvimento do sistema de investigação em resposta às alterações climáticas,
conforme demonstrado em todas as políticas nacionais, está altamente dependente da
(co)-produção de conhecimentos e da investigação. Os sistemas de investigação
nacionais precisam de “ser alinhados” com as políticas nacionais de resposta às
alterações climáticas, e a investigação de DCC precisa de ser integrada nos planos e
prioridades nacionais de investigação, com financiamento e mecanismos de incentivo
associados para os investigadores. Existe, por conseguinte, uma necessidade de dar
atenção à construção de instituições a alto nível, não apenas em universidades, mas
também no desenvolvimento de sistemas de investigação (plataformas, políticas e
processos de desenvolvimento de investigação nacional e internacional). Tal vai
requerer compromisso de alto nível com sistemas de investigação em toda a região da
SADC, bem como junto de instituições internacionais. A SARUA está bem colocada
para facilitar tal interacção apoiada pelos Vice-Reitores e pelo sistema universitário,
bem como pelos Ministérios do Ensino Superior, Ambiente e Ciência e Tecnologia na
SADC. As organizações da ONU, como o PNUD, a UNFCC, o PNUA e a UNESCO, bem
como outras organizações científicas internacionais (por exemplo, o ICSU, o ISSC) estão
também activamente envolvidos em questões relacionadas com DCC e poderiam ser
associados à construção de instituições de investigação do DCC na SADC, assim como a
UA, a AAU e outras instituições regionais, uma vez que a investigação sobre
desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento de sistemas de investigação são
destacados por toda a África.

Criação de apoio de mecanismos de acompanhamento e programas de investigação
financiados que possam facilitar interacções mais fortes, criação de redes e coprodução de conhecimentos a nível regional, através do desenvolvimento de parcerias
e de investigação colaborativa entre os Núcleos de Competências, Centros de
Competências e Centros de Excelência (existentes e emergentes) que focam
actualmente, ou começam a focar, a investigação de DCC. Dentro destes grupos de
investigação, deve ser dada atenção ao desenvolvimento da capacidade de
investigação, da metodologia, da publicação de investigação, bem como à
sensibilização política e comunitária.

Apoio e expansão de iniciativas novas e existente que envolvem investigação e ensino
multi, inter e transdisciplinares para o DCC. Tal requer desenvolvimento de
capacidades, desenvolvimento de metodologias, apoio de liderança e alterações à
estruturação interna de programas em universidades. Requer igualmente a reforma
dos sistemas académicos de gestão do desempenho, para que recompensem a
investigação colaborativa. O conflito entre produção dos conhecimentos e
desempenho poderia ser abordado de forma útil pela SARUA e outras redes
universitárias que encorajam a colaboração e a publicação colaborativa.
Maio de 2014
169
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

Apoiar e expandir a integração do DCC através do desenvolvimento e da inovação
curriculares para o DCC aos níveis da licenciatura e pós-graduação. A inovação ao nível
do mestrado constitui um ponto de inovação para o desenvolvimento curricular. Os
conceitos e abordagens de desenvolvimento curricular também precisam de
renovação, e é necessário um enquadramento claro para o desenvolvimento curricular
do DCC que englobe as formas e tipos de conhecimento que caracterizam as
preocupações de DCC (especialmente conhecimento de sistemas sociais e ecológicos,
conhecimento de riscos e vulnerabilidades; conhecimento de resposta, etc.), bem
como competências de DCC e valores e ética congruentes com os objectivos de DCC. É
também necessário um novo pensamento paradigmático (incluindo pensamento
crítico e criativo e “novas soluções” e orientações futuras) para que ocorra uma
verdadeira inovação curricular. A inovação curricular não trata apenas de “colocar
conteúdos de DCC” em cursos antigos. A inovação curricular liderada por investigação
é igualmente importante para o desenvolvimento curricular de DCC, uma vez que o
conhecimento das questões está a desenvolver-se rapidamente, sendo global e
altamente contextual ao mesmo tempo.

Apoio e expansão de programas de sensibilização política e comunitária, envolvimento
de alunos e gestão do campus, o que poderá complementar e reforçar a investigação e
ensino do DCC e ajudar a facilitar a co-produção de conhecimentos com diversos
intervenientes. Tais abordagens têm o potencial de garantir que a educação
universitária tem ligações e resultados orientados para a sociedade e centrados na
prática. Nomeadamente, são necessários esforços concertados para reforçar processos
políticos mais proactivos e baseados em provas, bem como a eficácia da
implementação de políticas. Existe também uma necessidade de reforçar as políticas
universitárias de desenvolvimento sustentável e alterações climáticas, para que este
trabalho nas universidades não seja relegado ou deixado para iniciativas individuais,
mas que forme parte integrante da política, visão e definição de estratégias
universitárias. Tal requer que o DCC e o desenvolvimento sustentável sejam integrados
em Planos Estratégicos de universidades e em planos de investigação de universidades.

Reforma de sistemas académicos de gestão do desempenho para que recompensem a
investigação colaborativa. O conflito entre produção de conhecimentos e desempenho
é um dos enfrentados pelas universidades na região da SADC, e é algo que poderá ser
abordado com sucesso pela SARUA e por outras redes universitárias que encorajam a
colaboração e a publicação colaborativa, através, por exemplo, da instituição de um
diálogo regional de alto nível sobre as alterações necessárias à política universitária
que incentivem a co-produção de conhecimentos.
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170
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
“Os condicionalismos institucionais que inibem a colaboração, por exemplo,
podem significar menos crédito para os participantes e, assim, não é significativo
para os fins de publicação e promoção. Desta forma, o modo como o desempenho
é avaliado precisa de ser reavaliado. A questão da investigação transdisciplinar e a
falta da mesma está relacionada com a questão do porquê fazermos investigação.
A maioria das vezes, fazemo-lo para o SGD (sistema de gestão do desempenho),
não para a produção de conhecimentos. Portanto, se estiver envolvido em
investigação com pessoas que não a levem a sério, será preferível fazê-lo sozinho
de modo a fornecer provas, pois queremos promoção. Os incentivos inerentes à
investigação enfrentam também alguns condicionalismos institucionais”.
Funcionário da universidade no Botsuana
Estas e outras perspectivas das secções 2 e 3 deste Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos serão integradas na definição de áreas temáticas estrategicamente orientadas
para a investigação do DCC e na criação de uma direcção estratégica para a inovação curricular
de DCC, sensibilização política e comunitária e intervenções políticas no estados signatários (na
secção 4). Tal será depois desenvolvido no roteiro com recomendações práticas para o
desenvolvimento de sistemas (secção 5).
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171
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
4 DIRECÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A CO-PRODUÇÃO DE
CONHECIMENTOS DE DCC
4.1 Introdução
A secção 4 define as direcções estratégicas para a co-produção de conhecimentos de DCC na
região da África austral, baseadas nas conclusões do estudo de planificação. Constitui, assim, a
secção estratégica deste Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos (Volume 1),
juntamente com o “roteiro” da secção 5.
Na sua definição de vias resistentes ao clima, o IPCC destaca a necessidade de
desenvolvimento por forma a combinar adaptação e mitigação para realizar o objectivo de
desenvolvimento sustentável e sublinha que estas são processos iterativos em contínuo
desenvolvimento para a gestão das alterações em sistemas complexos. O enquadramento
proposto para a co-produção de conhecimentos na África austral visa contribuir para o
desenvolvimento e a realização de vias resistentes ao clima através de uma abordagem com
várias vertentes que aborda as necessidades regionais identificadas para uma melhoria da
investigação e outras capacidades para as IES na região, conforme definido acima,
inclusivamente através das seguintes áreas de intervenção:





Iniciação de grupos de investigação do DCC;
Desenvolvimento e inovação curriculares sobre DCC;
Desenvolvimento de capacidades dos investigadores e dos prestadores de serviços de
ensino e formação;
Alcance político e comunitário; e
Desenvolvimento institucional, incluindo política e estratégia para o ensino superior.
Ao elaborar tal, a secção 4 define o contexto de acção urgente de reforço da investigação e
implementação em matéria de alterações climáticas na África austral, o que desenvolve na
secção 2.1 (as projecções climáticas regionais), destaca oportunidades para o programa em
matéria de alterações climáticas da SARUA para que adicione valor à forma como a região está
envolvida em futuras negociações e desenvolvimentos internacionais em matéria de
alterações climáticas e indica exemplos de programas que poderiam desempenhar um papel
de apoio ao programa regional de co-produção de conhecimentos em matéria de alterações
climáticas da SARUA. Tal é seguido de sugestões de concepção do programa da SARUA, e
estabelece sete propostas de temas de investigação resultantes das conclusões do estudo de
planificação e desenvolvidos para promover o reforço da investigação única, multi, inter e
transdisciplinar. Tanto as considerações de concepção como os temas de investigação
propostos são apresentados para serem considerados e melhorados pelo executivo e pelas
universidades da SARUA, como um dos principais passos seguintes após a recepção do
relatório final do estudo de planificação.
Após este foco da investigação, o ECPC concentra-se depois nas restantes áreas principais
investigadas no estudo de planificação e para as quais são feitas recomendações:
desenvolvimento e inovação curricular, alcance comunitário e político e política e estratégia
para o ensino superior. A Secção 4 conclui depois com um resumo das principais
recomendações deste estudo de planificação, de forma a permitir a co-produção de
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172
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
conhecimentos em alterações climáticas e DCC na região da SADC. A secção 5 deste relatório
fornece um roteiro para os próximos passos principais da SARUA em termos de acção sobre as
conclusões e recomendações do estudo de planificação.
O estudo de planificação ocorreu num ano em que a urgência de acção na temática das
alterações climáticas foi ainda mais enfatizada. Várias análises recentes destacaram que está a
terminar rapidamente a actual esperança de acção em manter o aumento global da
temperatura nos 2 ºC, ou de preferência num valor mais baixo (1,5 ºC), abaixo dos níveis préindustriais, e em aumentar a resistência para a variabilidade climática actual e as alterações
projectadas. O Relatório de Lacunas sobre a Adaptação de África, lançado a 17 de Outubro
2013 confirma que África enfrenta grandes desafios financeiros para se adaptar às alterações
climáticas e destaca os custos enfrentados pelo continente caso os governos não encerrem o
“défice de emissões” entre o compromisso assumido para a redução das emissões actuais de
2020 e o que é necessário para manter o aquecimento abaixo dos 2 °C. O estudo atribui uma
hipótese de 40% de habitarmos um “Mundo com 4 °C” até 2100, se os esforços de mitigação
não forem reforçados nos níveis actuais, o que é confirmado pelo recentemente concluído
pelo Quinto Relatório de Avaliação do Grupo de Trabalho do IPCC. Devido ao presente e ao
compromisso das alterações climáticas provocadas por emissões passadas, África já terá custos
de adaptação na ordem dos 7-15 mil milhões de dólares americanos por ano em 2020. Estes
custos subirão rapidamente após 2020, uma vez que os níveis mais elevados de aquecimento
resultam em custos e danos mais elevados.108
As negociações climáticas globais, embora andem infelizmente a um ritmo muito lento,
avançam ainda para um acordo de uma nova negociação climática até 2015, ao abrigo da
Plataforma de Durban para uma Acção Reforçada acordada na COP-17 na África do Sul. A
região da África austral precisa de se posicionar agora no sentido de optimizar oportunidades
inerentes a este processo, bem como desenvolver e fornecer contributos que visem as
reduções necessárias das emissões globais. Embora a região africana saliente que devemos
falar de compromissos e contributos da parte dos países desenvolvidos, restam poucas
dúvidas de que esses contributos são igualmente necessários e possam certamente catapultar
os passos dos países no sentido do desenvolvimento resistente e com baixo teor de carbono.
Além de tornar o desenvolvimento mais resistente de acordo com as necessidades e
prioridades nacionais (e regionais), a principal tarefa da região da África austral, todos os
países terão de desenvolver “ofertas nacionais” ou contributos para propostas de redução de
emissões, bem como definir medidas de adaptação.109 Estas fornecerão uma maneira de
associar o acordo internacional sobre o clima de 2015 mais estreitamente aos debates e
circunstâncias nacionais. Quanto melhor estiver preparada a região a este respeito, o que
inclui ser capaz de pormenorizar claramente as prioridades do país e o que é necessário para
108
http://www.unep.org/roa/Portals/137/Gaborone_declaration.pdf, acedido a 27 de Novembro de 2013.
109
Consulte, por exemplo, Olsen, K.H., J. Fenhann e S. Lutken. 2013. “Elements of a new climate agreement by 2015”. UNEP Risoe
Centre Perspectives Series, 2013.
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173
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
as conseguir, mais provavelmente a África austral pode tirar partido de oportunidades
inerentes no regime de financiamento internacional que está a ser implementado. A
investigação baseada em provas tem um grande papel na implementação rápida dos esforços
nacionais e regionais de reforço da resistência ao nível dos meios de subsistência e das
economias resistentes ao clima; será igualmente importante para ajuda a mobilizar o
financiamento de adaptação necessário. O Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos
regional proposto e o programa regional de desenvolvimento de capacidades da SARUA
podem contribuir consideravelmente para este processo.
Conforme se verificou no estudo de planificação, desenvolver capacidades para a investigação
de modo a ajudar a desbloquear tudo isso requererá um reforço das disciplinas individuais,
bem como o desenvolvimento de capacidades de investigação e remoção de barreiras,
inclusivamente através da reforma institucional, para produção de conhecimentos multi, inter
e transdisciplinares. Exigirá igualmente um esforço concertado para melhorar as competências,
conhecimento e perícia relacionados com as alterações climáticas daqueles que irão
desenvolver e proporcionar muitas das iniciativas de desenvolvimento de capacidades: os
investigadores, educadores, formadores e respectivos parceiros. Trata-se de uma conclusão
muito clara do estudo de planificação.
O estudo de planificação identificou um vasto leque de necessidades de conhecimento,
investigação e capacidade para a região e indicou quantas das prioridades para desenvolver
uma resposta melhor às alterações climáticas são partilhadas pelos países. Tal não nega a
necessidade de respostas contextualizadas e localizadas, mas realça o facto de haver vastas
questões de conhecimento e investigação que podem ser agrupadas e que são altamente
relevantes por toda a região, dentro do contexto de especificidades de desenvolvimento
nacional e local. O estudo identificou igualmente áreas e centros de perícia existentes para
alterações climáticas e DCC no seio de cada um dos países, investigadores activos e potenciais
parceiros de produção de conhecimentos. É claro que, embora sejam muitas as necessidades
de desenvolvimento de capacidades e investigação relacionadas com a matéria do clima,
existem núcleos e centros de perícia que podem desempenhar um papel forte no
desenvolvimento posterior de capacidades de investigação e ensino para abordar as
prioridades e lacunas identificadas.
Dada a ampla natureza das necessidades em matéria de alterações climáticas, e a necessidade
de uma resposta sistémica vasta entre todos os sectores, um conjunto quase interminável de
questões agregadas de investigação poderia ser validamente proposto para obtenção de mais
apoio. Não é, contudo, provável que seja a abordagem mais útil em termos da viabilidade de
implementação ou financiamento. É preciso uma abordagem mais estratégica que se constrói
na perícia existente, aborda as prioridades partilhadas mais urgentes dando igualmente conta
das especificidades locais, e ajuda os países e a região a fazê-lo numa forma que também os
posiciona melhor perante potenciais oportunidades inerentes ao desenrolar da arquitectura
internacional dos acordos sobre o clima e instituições de financiamento. A secção 4.4 contém a
proposta de um conjunto de áreas temáticas prioritárias de investigação, obtidas a partir de
dados do estudo de planificação, para serem abordadas através de grupos de investigação.
Embora os novos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ainda estejam a ser
desenvolvidos, estas propostas de grupos de investigação foram igualmente concebidas para a
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174
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
potencial ligação aos ODS, na medida do possível. Foi realizada uma conferência em Acra,
Gana, de 20–22 de Novembro de 2013, com o apoio do Centro de Investigação para o
Desenvolvimento Internacional (IDRC), sobre o tema “Depois da Rio+20: Desafios e
Oportunidades Emergentes”, que poderá fornecer mais informações sobre as prioridades de
África em matéria de ODS.110 Os grupos de investigação propostos estão igualmente ligados a
agendas de investigação mais vastas implementadas, por exemplo, ao abrigo do Plano de
Investigação da Sustentabilidade Global Future Earth, e abordam algumas das conclusões do
Relatório da Ciência Social Mundial, uma vez que se relacionam com o contexto da África
austral, e as conclusões deste estudo de planificação.
Além do acordo climático global de 2015, o Fundo de Adaptação e o Fundo Clima Verde,
alguns novos elementos da arquitectura internacional que fornecem um mais vasto contexto e
poderão desempenhar um papel de apoio no programa regional de co-produção de
conhecimentos em matéria de alterações climáticas da SARUA incluem111:




110
O Centro e Rede de Tecnologia Climática (CTCN)112, que é o braço operacional do
Mecanismo de Tecnologia da UNFCCC. O CTCN responderá a pedidos de países em
desenvolvimento para a criação de vias com baixas emissões de carbono e serve como
uma rede mais vasta de partilha de inovações internas por forma a gerar parcerias.
Lançará um Sistema de Gestão de Conhecimentos em 2014 que permitirá o acesso a e
a partilha de dados tecnológicos, recursos e experiência em matéria de clima.
Vários programas do PNUD, que tem liderado no apoio a países para o
desenvolvimento de estratégias de desenvolvimento com baixas emissões de carbono
e resistentes ao clima, através do respectivo Programa Low Emission Capacity Building
(LECB).113
O PROVIA – Programme of Research on Climate Change Vulnerability, Impacts and
Adaptation114 – desenvolveu um resumo de 33 prioridades globais de investigação
relacionadas com as vulnerabilidades, impactos e adaptação em matéria de alterações
climáticas.
A Future Earth, uma nova iniciativa de investigação internacional com a duração de
dez anos vai desenvolver o conhecimento para responder efectivamente aos riscos e
oportunidades da mudança ambiental global e para apoiar a transformação para a
sustentabilidade global nas próximas décadas. A Future Earth vai mobilizar milhares de
cientistas reforçando parcerias com decisores políticos e outros intervenientes de
A declaração da conferência não se encontrava disponível no momento da finalização deste relatório.
111
Esta lista é meramente indicativa e não pretende ser abrangente, uma vez que tal teria requerido mais investigação além do
âmbito deste estudo.
112
http://www.unep.org/climatechange/ctcn/
113
O PNUD, o PNUA e a UNFCCC desenvolveram recentemente directrizes intituladas “Guidance for Nationally Appropriate
Mitigation Actions (NAMA) Design: Building on country experiences”, que visam apoiar os países em desenvolvimento a criar e
implementar Acções de Mitigação Nacionalmente Apropriadas.
114
See http://www.unep.org/provia/
Maio de 2014
175
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
forma a fornecer opções e soluções de sustentabilidade no seguimento da Rio+20115, e
será um hub internacional de coordenação de novas abordagens interdisciplinares
para com a investigação em três temas: Planeta Dinâmico, Desenvolvimento Global e
Transformação no sentido da Sustentabilidade. 116 Com incidência numa presença
regional, o programa de investigação da Future Earth irá provavelmente beneficiar os
investigadores da África austral, e vários representantes de nível estão já envolvidos
com a direcção deste programa a nível regional. Estará directamente ligado ao
enquadramento de financiamento do Fórum de Belmont, a que os investigadores da
África austral já estão a começar a aceder.117
No processo de consideração e futura elaboração das propostas definidas neste relatório, a
SARUA poderá ainda considerar a parceria e outras oportunidades inerentes nos programas e
iniciativas acima.
4.2 Considerações de concepção para o programa em matéria de
alterações climáticas da SARUA
A maioria dos programas de investigação relacionados com o clima está enquadrada no vasto
conceito de alterações globais, as quais incorporam as alterações globais do ambiental, bem
como as alterações globais a nível social e económico. Todos estes programas de investigação
promovem grupos de investigação a uma maior escala, ligados entre instituições, e que
também se baseiam em decisores políticos e parceiros comunitários no âmbito do
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos. O estudo de planificação da SARUA,
sendo uma iniciativa regional concebida para perfilar e apoiar a interacção regional entre
universidades da África austral e respectivos parceiros, enquadra-se na mais vasta trajectória
de investigação das alterações globais, mas concentra-se fortemente nas prioridades e
parcerias regionais, através das quais os investigadores da região da África austral se podem
posicionar em grupos e redes activos de investigação de modo a contribuírem para mais vastos
processos de produção de conhecimentos. Conforme demonstra o estudo de planificação, está
a ser feita investigação nos países da SADC, mas não há muita publicada a nível internacional
por parte dos investigadores da África austral.
115
http://www.icsu.org/future-earth, acedido a 19 de Dezembro de 2013.
116
http://www.futureearth.info/about-us, acedido a 19 de Dezembro de 2013.
117
A Universidade Metropolitana Nelson Mandela concedeu recentemente uma bolsa de 13 milhões de ZAR para a investigação da
adaptação da zona costeira ao abrigo deste enquadramento.
Maio de 2014
176
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
O estudo de planificação da SARUA propõe, assim, uma investigação e um Enquadramento de
Co-produção de Conhecimentos que permita o desenvolvimento de uma capacidade suficiente
de investigação em matéria de alterações climáticas a um nível regional a fim de iniciar e
desenvolver grupos de investigação com maior capacidade para produzir e publicar
conhecimentos de desenvolvimento sustentável e caminhos resistentes para a África Austral e
os seus povos. De um modo geral, a visão do programa da SARUA é criar um sistema de coprodução de conhecimentos que ofereça aos investigadores da África Austral oportunidades
para criarem capacidades e produzirem conhecimentos relevantes e de alta qualidade. O
conceito inicial proposto pela SARUA para tal sistema de co-produção de conhecimentos
encontra-se ilustrado abaixo na Figura 11.
Figura 11: Modelo conceptual inicial que mostra a visão da SARUA para a criação de um sistema regional de coprodução de conhecimentos com desenvolvimento de capacidades e componentes de sensibilização
Este modelo ou sistema de co-produção de conhecimentos requer mais esclarecimentos e
também um aperfeiçoamento com base na análise das necessidades e na avaliação
institucional do estudo de planificação, conforme será discutido na secção 4.3 abaixo, e depois
revisto na secção 5, que vai descrever os processos propostos para início das redes e
determinar a localização do hub, entre outros pormenores.
Maio de 2014
177
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Este estudo de planificação identificou redes de investigação, núcleos de competências,
centros de competências e centros de excelência em matéria de alterações climáticas e DCC
onde estes são existentes, país por país.118 Os pormenores dos mesmos são captados no
Volume 2 do estudo de planificação, com um resumo apresentado no Resumo da Análise
Institucional no Anexo B. No entanto, para uma Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos regional, é necessário criar grupos de programas de investigação que tenham
potencial para reunir Centros de Excelência e Centros e Núcleos de Competências, bem como
redes de investigação entre países, em novas formações que possam colaborar a nível regional,
em prioridades de investigação regionalmente definidas. Por conseguinte, utilizamos o
conceito de “grupos de investigação” para assinalar potenciais formações novas de
investigação organizadas em torno de temas de investigação mais vastos. Os investigadores
envolvidos nos grupos conseguem definir subtemas de investigação e, através dos mesmos,
expandir o âmbito da respectiva co-produção de conhecimentos.
Incluímos igualmente um desenvolvimento institucional, inovação curricular e uma rede de
desenvolvimento de capacidades (vide Figura 12 abaixo). Estas três redes são componentes
críticas de desenvolvimento de instituições e sistemas necessários para uma mudança
institucional a longo prazo, necessária para que os grupos de investigação floresçam e cresçam.
Todos estes grupos de investigação podem ser ligados uns aos outros através das redes de
apoio ao DCC da SARUA para inovação curricular, desenvolvimento de instituições e
desenvolvimento de capacidades, assim como para redes de investigação mais vastas como as
variadas redes de investigação das alterações globais que existem internacionalmente (por
exemplo as redes de investigação Resilience Alliance, Global Change / Future Earth, etc.).
4.3 Áreas temáticas de investigação prioritárias
"O desenvolvimento sustentável global, que implica as dimensões ambientais,
económicas e sociais de sustentabilidade, bem como a necessidade de enfrentar
os desafios da crescente complexidade, requerem esforços intensos de
investigação, bem como abordagens interdisciplinares e transdisciplinares. O
crescimento populacional, as alterações climáticas, os alimentos, a energia e a
escassez de água, as crescentes concentrações urbanas, as catástrofes naturais e
tecnológicas, as epidemias, a desigualdade social e a pobreza, tudo isto requer
que os estabelecimentos científicos mundiais assumam novas papéis que
necessitem da integração de todos os sistemas de conhecimento”.
Declaração de abertura da Declaração do Fórum Mundial da Ciência de 2013119
Conforme observado na secção 4.1, as necessidades de alterações climáticas e DCC na região
são tão diversas que um conjunto extremamente abrangente de questões agregadas de
118
Vide Glossário de Termos para as definições destes termos.
119
http://www.sciforum.hu/declaration/index.html
Maio de 2014
178
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
investigação poderão ser propostas de forma válida para mais apoio. Contudo, tal apresentaria
desafios para o financiamento e a implementação do programa regional de desenvolvimento
de capacidades em matéria de alterações climáticas proposto pela SARUA e não forneceria
pontos de entrada óptimos para a utilização eficaz e eficiente dos parcos recursos. Por
conseguinte, esta secção contém um conjunto de sete áreas temáticas de investigação
prioritárias, baseado nas necessidades articuladas e nas conclusões da avaliação institucional,
desenvolvido para fornecer uma orientação de apoio ao desenvolvimento de investigação e
capacidades na região da África Austral que seja estratégica e integradora. As áreas de
investigação foram obtidas a partir de dados do estudo de planificação e são baseadas em
necessidades articuladas e no contexto institucional actual para a investigação do DCC na SADC.
Tal fornece o desenvolvimento de competências existentes, abordando as prioridades
partilhadas mais urgentes dando igualmente conta das especificidades locais, e ajudando os
países e a região a fazê-lo numa forma que também os posiciona melhor perante potenciais
oportunidades inerentes ao desenrolar da arquitectura internacional dos acordos sobre o
clima e instituições de financiamento.
Os temas de investigação propostos foram desenvolvidos através de uma análise combinada
de dados em workshop, em questionários e análise documental e política de cada país
envolvido no estudo de mapeamento. Os temas foram ainda enquadrados de modo a permitir
alterações propostas e questões emergentes na política regional e internacional das alterações
climáticas e do desenvolvimento paisagístico. Embora os temas de investigação tenham sido
assim definidos através de um processo de triangulação cuidadoso, apresentamo-los como um
ponto de partida para que a comunidade SARUA realize outras discussões e acordos internos,
de modo a definir e/ou refazer os temas de investigação escolhidos sobre os quais o seguinte
programa para as alterações climáticas da SARUA irá focar, tal como recomendado a seguir.
O processo para o desenvolvimento dos temas de investigação propostos passou de debates
dos workshops a nível nacional, resumidos nos relatórios dos workshops e nos relatórios
nacionais que reúnem todas as fontes de dados (workshops, questionários e comentários
iniciais, acrescidos posteriormente de pesquisa na internet), às sínteses regionais da análise de
necessidades e avaliação institucional, como indicado nos pontos 2 e 3 deste relatório.
Foram utilizados os seguintes critérios no desenvolvimento dos temas de investigação:





A medida em que as áreas temáticas específicas foram destacadas na análise das
necessidades a nível nacional (especialmente onde as necessidades articuladas foram
repetidamente identificadas em todos os países);
Abordagem de conclusões da síntese regional da análise de necessidades e da
avaliação institucional;
Relevância política do tema de investigação proposto;
Alcançar em simultâneo progressos na investigação de uma única disciplina e
empenho e investigação multi, inter e transdisciplinares na área temática,
aumentando assim as possibilidades para a co-produção de conhecimentos (ver a
seguir);
Permite a abordagem de investigação inovadora e o desenvolvimento de soluções
inovadoras;
Maio de 2014
179
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos


Disponibilidade de locais e centros de competência e excelência que poderiam
começar a dirigir a área de investigação temática em vários países, de modo a garantir
que exista um número suficiente a nível regional para ‘iniciar’ um maior empenho no
esclarecimento, aperfeiçoamento e redefinição das áreas de investigação; e
Permite uma integração das dimensões sociais das alterações climáticas nas
dimensões mais tecnológicas e de infra-estruturas, uma vez que as dimensões sociais
do DCC são as menos investigadas, como mencionado extensivamente no estudo de
planificação.
Os temas de investigação propostos têm sido desenvolvidos a um nível mais vasto120, apenas
articulando áreas de investigação potencialmente vastas. Isto é para dar lugar a discussão e
reenquadramento entre a comunidade da SARUA em todos os países da SADC. Quando tal
acontece, podem então ser identificados objectivos específicos, questões de investigação,
prazos, parceiros e mudanças previstas. Para avançar para este nível de pormenores neste
ECPC não estaria apenas para além do objectivo deste estudo de planificação, como também
prejudicaria o poder regional e institucional do programa.
Os temas de investigação têm de ser englobados na paisagem global do programa para o
desenvolvimento de capacidades para as alterações climáticas proposto pela SARUA, conforme
definido na Secção 5 (vide Figura 12 abaixo). Um ponto crítico é a interacção com as seguintes
três redes de apoio propostas (explicadas com mais pormenores na secção 5):



Rede de desenvolvimento político e institucional;
Rede de inovação curricular; e
Desenvolvimento de capacidades para investigadores e professores do DCC.
120
Tal vem no seguimento de processos semelhantes utilizados para conceber programas de investigação com múltiplos
intervenientes. Um exemplo disto é o Programa de Investigação Global Change National Grand Challenge na África do Sul e o
plano de investigação Future Earth que está a ser definido a nível global. Estes, por necessidade, devem ser bastante amplos para
permitir uma maior contextualização e um enquadramento mais detalhado na parceria da pesquisa actualizada e nível do
programa.
Maio de 2014
180
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Tema/ Grupo 2
Tema / Grupo 3
Tema / Grupo 1
Rede de
Investigação
Macro
Rede de
Desenvolvimento
Político e
Institucional
Tema / Grupo 4
Tema / Grupo 5
Rede de
Inovação
Curricular
Tema / Grupo 7
Rede de
Desenvolvimento
de Capacidades
Tema / Grupo 6
Figura 12: Enquadramento conceitual revisto para o programa da SARUA (baseado na Figura 2, e adaptado de
acordo com os resultados do estudo de planificação)
Uma rede de investigação para fins do
programa do SARUA é uma macro-rede
que inclui sete grupos de investigação
temáticos. As actividades de
coordenação da investigação ocorrem ao
nível do grupo, enquanto a rede facilita
partilha e aprendizagem entre redes
Um grupo de investigação é definido
pelo respectivo tema e envolve algumas
das coisas ou tudo o que se segue:
• Núcleos de conhecimento
• Centros de conhecimento
• Centros de excelência
Os indivíduos ou entidades que
englobam um grupo de investigação
cooperaram e colaboram uns com os
outros e tenham contactos de rede com
outros grupos e intervenientes
Uma rede de apoio e capacitação é uma
rede de membros e intervenientes da
SARUA que permitem, apoiam e
capacitam os grupos de investigação na coprodução de conhecimentos de DCC
transdisciplinares.
Os hubs de rede (representados pelas
elipses azuis) são entidades que coordenam
a rede geral e a integração e partilha do
grupo, enquanto os núcleos de rede são os
indivíduos que tratam da coordenação, as
entidades e instituições que interagem com
hubs coordenando ao mesmo tempo as
actividades de colaboração internas.
Figura 13: Definições dos principais conceitos no modelo de rede revisto
Propõe-se que cada grupo de investigação indique uma área temática para a co-produção de
conhecimentos a nível regional, inter e transdisciplinar, orientadas para a solução e que
também necessite de um maior desenvolvimento nas competências das prioridades de uma
única disciplina. Tal vai de encontro às conclusões do estudo de planificação de que tanto a
investigação especializada de disciplina única, como a investigação mais colaborativa e
holística, são necessárias para abordar lacunas de conhecimento e investigação identificadas.
Conforme observado na secção 3.2.8, o estudo de planificação concluiu que os intervenientes
Maio de 2014
181
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
e os colaboradores universitários tinham diversas necessidades prioritárias de DCC,
constituídas por uma mistura de questões de adaptação, mitigação e transversais. As questões
transversais tendem a incluir dois tipos de necessidades: o conhecimento necessita dessa
transversalidade noutras prioridades, tais como na observação melhorada e nos dados da
avaliação da vulnerabilidade; e a investigação direccionada para as alterações do sistema social,
mais frequentemente focadas na eficácia dos sistemas e/ou na necessidade de educação,
formação, comunicação e envolvimento com as comunidades.121
Conforme demonstrado no estudo de planificação, existem casos de investigação multi, inter e
transdisciplinar em quase todos os países da SADC, mas o estudo de planificação também
mostrou que estes tipos de práticas de investigação ocorrem a) na infância, e b) não são fáceis
de implementar uma vez que requerem diferentes formulários de colaboração institucional e
resultados para a implementação tradicional em universidades. Apesar disso, os participantes
do estudo de planificação em todos os países concordaram que havia valor nessas abordagens,
especialmente por terem o potencial de beneficiar comunidades mais directamente do que
era actualmente o caso com a investigação centrada em disciplina que tendia a ser mais
baseada em “silos” e removida de contextos de prática. Os participantes também
concordaram que estas abordagens auxiliariam a transpor a lacuna comummente identificada
da política de investigação. Concordaram ainda que para que tais abordagens funcionassem a
longo prazo, seria necessário desenvolvimento institucional, alteração de mentalidades,
liderança universitária mais forte e alterações nas estruturas de incentivos. Assim, apesar de o
estudo de planificação apresentar temas de investigação que incentivam as abordagens multi,
inter e transdisciplinares para a co-produção de conhecimentos, reconhece a necessidade de
permitir que as transições das investigações mais comuns passem para estas novas formas de
pesquisa. A experiência na região da SADC revela que requer que os investigadores:
1. Adoptem sistemas socioecológicos / baseados na paisagem / contextualmente localizados
(por exemplo, um local comum como o Lago Chilwa no Malávi, ou ‘locais estratégicos’
climáticos) como ponto de partida para a definição de questões de investigação em
equipas multi-disciplinares, com a participação dos intervenientes na definição da questão
da investigação como principal contributo para a co-produção de conhecimentos
transdisciplinares (uma boa análise contextual e histórica oferece frequentemente um
forte ponto de partida para tal compromisso);
2. Conceptualizar os contributos de cada disciplina para
investigação/questão/sistema socioecológico comuns a estudar;
o
contexto
de
121
Além disso, a experiência existente, o interesse dos sectores e o nível de funcionamento no sistema determina frequentemente
de que forma o DCC é visto e/ou como as prioridades de DCC são identificadas. A diversidade de repostas dos vários investidores e
profissionais universitários (em várias disciplinas e cargos de gestão) mostra que diferentes instituições/disciplinas e níveis de
gestão interdisciplinar são necessários para o desenvolvimento de uma visão holística das ‘necessidades’ de desenvolvimento
compatíveis com o clima.
Maio de 2014
182
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
3. Aceitar as abordagens metodológicas iguais / diferentes do problema e adoptar uma visão
‘metodologicamente aberta’ permitindo as várias maneiras de abordar um problema;
4. Passe a trabalhar em equipas de investigação multi-disciplinares / inter-disciplinares, com
vontade de encetar um diálogo reflexivo e uma síntese regular ao longo da investigação
(tal também pode contribuir para o desenvolvimento e compreensão de diferentes
discursos de investigação e formas de conhecimento);
5. Focar muito mais o envolvimento comunitário e político no seu programa de investigação
desde o início do programa, partilhando regularmente o conhecimento com os
responsáveis políticos e comunitários e obter um feedback da investigação em curso,
assim como fornecer aos membros da comunidade e responsáveis políticos articular
questões e necessidades de investigação através de um processo de dois sentidos.
Estas parecem ser as cinco estratégias mais fortes para trabalhar em direcção a uma
trajectória de co-produção de conhecimento transdisciplinar, onde apresentam um caminho
prático para a transição da investigação de uma única disciplina para abordagens
transdisciplinares, sem perder o peso das contribuições disciplinares individuais.
Dado que cada um destes grupos investigação seria conduzido no âmbito de uma abordagem
de investigação transdisciplinar, seria necessário focarem tanto o envolvimento comunitário
como político. No início, as propostas de investigação eram criadas e desenvolvidas por grupos
de pesquisadores interessados de várias Universidades/Instituições de Ensino Superior na
região, em colaboração com outros parceiros de co-produção de conhecimento, inclusive da
comunidade política e dos utilizadores da investigação. Em muitos casos, mas não em todos,
os principais utilizadores da investigação, que estariam envolvidos na concepção da
investigação, seriam comunidades pobres e marginalizadas, providenciando, assim, um
mecanismo de abstenção comummente repetida no estudo de planificação; essa investigação
deve ser mais claramente orientada para beneficiar especificamente essas comunidades. O
Grupo Consultivo em Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR) expressou recentemente esta
mudança na investigação como uma “mudança de paradigma” do Desenvolvimento para a
Pesquisa (R4D) para o Desenvolvimento na Pesquisa.122
“Vê-se mais pesquisas sobre as alterações climáticas, vulnerabilidades e
adaptação. Mas existem outras questões que precisam de ênfase, tais como as
questões relativas ao equilíbrio de energia. Enquanto investigadores estaremos a
concentrar-nos nas questões certas que irão mesmo ajudar os pobres?”
Funcionário da Universidade da Tanzânia
122
http://blog.worldagroforestry.org/index.php/2013/11/29/one-small-change-of-words-a-giant-leap-in-effectiveness/
Maio de 2014
183
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
O roteiro na secção 5 oferece mais pormenores sobre a forma como os grupos e as redes de
investigação estariam ligadas no âmbito do programa de desenvolvimento de investigação e
capacidades da SARUA.
4.3.1 Tema de investigação / grupo 1: Paisagens resistentes para pessoas,
alimentos e ecossistemas
Este tema de investigação centra-se no desenvolvimento de paisagens de produção resistentes
e sustentáveis menos favorecidas. Envolve a ligação entre alterações climáticas, energia,
agricultura e segurança alimentar no contexto da manutenção e melhoraria dos serviços dos
ecossistemas e da agrobiodiversidade. As paisagens produtivas são aqui conceptualizadas
como sistemas ecológicos e agrícolas integrados, isto é, a forma de agricultura necessária seria
a agricultura sustentável e ecológica, dentro de uma paisagem ampla focada em melhorar os
serviços do ecossistema e da biodiversidade. O tema de investigação assentará assim no
trabalho existente na região sobre Adaptação Baseada em Ecossistemas (ABE), que é o recurso
aos serviços de biodiversidade e ecossistemas para ajudar as pessoas a adaptarem-se aos
efeitos adversos das alterações climáticas, com foco no objectivo da segurança alimentar.
O tema refere-se directamente a uma prioridade regional esmagadora, expressa como
altamente significativa em todos os dados dos países. Há grandes preocupações de que à
medida que os riscos climáticos aumentam na região, mesmo num futuro próximo, a África
123
austral possa sentir uma redução da segurança alimentar e um aumento da fome. Até 2050,
ao abrigo do que poderão ser agora, de facto, cenários optimistas, espera-se que o número de
pessoas com risco de fome em resultado das alterações aumente mais 10% a 20% do que seria
previsto sem alterações climáticas, com impactos particularmente graves nas crianças,
124
esperando-se os piores impactos na África Subsariana. Tal está relacionado com a
correspondência entre as densidades populacionais em rápida ascensão em áreas de alta
produtividade agrícola e em áreas de alta vulnerabilidade para com os factores climáticos
actuais e futuros125, bem como para com as alterações noutros elementos da segurança
alimentar.
Na África austral, existem várias dimensões sociais e políticas de insegurança alimentar que
incluem uma diminuição do capital social ligado à pobreza, aos conflitos e ao VIH/SIDA.
123
Ericksen P., P. Thornton, A. Notenbaert, L. Cramer, P. Jones e M. Herrero. 2011. “Mapping hotspots of climate change and food
insecurity in the global tropics,” Relatório nº. 5 do CCAFS (Envio Antecipado de Cópias). Programa de Investigação do CGIAR em
matéria de alterações climáticas, agricultura e segurança alimentar (CCAFS). Copenhaga, Dinamarca. Disponível online em
www.ccafs.cgiar.org.
124
Parry, M.L., O.F. Canziani, J.P. Palutikof, P.J. van der Linden e C.E. Hanson, eds. 2007. IPCC, Climate Change 2007: Impacts,
Adaptation and Vulnerability. Contribuição do Grupo de Trabalho II do Quarto Relatório de Avaliação do Painel
Intergovernamental para as Alterações Climáticas. Cambridge, UK: Cambridge University Press.
125
Midgley, S.J.E., R.A.G. Davies and S. Chesterman. 2011. Climate Risk and Vulnerability Mapping in Southern Africa: Status quo
(2008) and future (2050). Para o Programa Regional Para as Alterações Climáticas da África Austral (RCCP), Departamento do Reino
Unido para o Desenvolvimento Internacional (DFID). OneWorld Sustainable Investments, Cape Town; e Osbahr, H., C. Twyman, W.
N. Adger e D. S. G. Thomas. 2010. “Evaluating successful livelihood adaptation to climate variability and change in southern
Africa,” Ecology and Society 15(2): 27. http://www.ecologyandsociety.org/vol15/iss2/art27/
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184
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Existem também condicionalismos fundamentais à produção de alimentos.126 A interacção
entre a segurança alimentar e os preços voláteis dos alimentos, que afecta as populações
pobres urbanas e rurais, bem como as alterações climáticas, não são bem compreendidas, mas
podem ser significativas, assim como os impactos dos acordos de comércio. Como referiu
recentemente o Chefe do Programa Alimentar Mundial: “As alterações climáticas são um
factor decisivo que faz aumentar a exposição aos preços dos alimentos elevados e voláteis, e
aumenta a vulnerabilidade dos pobres que têm fome”.
Dados os emergentes riscos das alterações climáticas para a segurança alimentar, e a
necessidade de alimentar melhor as crescentes populações, deixou de ser possível a
concentração na abordagem de exploração da “curva de maximização da produção”; o status
quo necessita agora de gerir os ecossistemas agrícolas em termos de resistência e
sustentabilidade, de modo a alimentar a população crescente da região dentro de fronteiras
ecológicas. A literatura tem destacado o papel das abordagens sustentáveis à agricultura como
a conservação dos sectores agrícola e agro-florestal para o reforço da produção alimentar de
forma ecologicamente sustentável, e para oferecer mecanismos de expansão e diversificação
das opções relacionadas com os meios de subsistência. A agricultura de conservação aparecerá
como tendo um bom potencial para implementar adaptação que não comprometa o futuro
com sinergias de desenvolvimento e mitigação, face ao clima futuro e às incertezas
socioeconómicas; contudo, conforme indicado no estudo de planificação, a questão crítica na
África austral é a de concertar estas abordagens para que se tornem integrantes.
Além disso, estas abordagens constituem igualmente abordagens integradas de adaptação e
mitigação. Existe um elevado potencial de redução das emissões através de uma melhor
gestão das terras cultiváveis, gestão das pastagens e restauro de solos cultivados. Poderia darse um foco importante à importância dos procedimentos de tomada de decisões dos
agricultores, o que, por sua vez, tem implicações em serviços de extensão eficazes. Os desafios
identificados incluem o fornecimento de um ambiente jurídico e político favorável, melhoria
da acessibilidade ao mercado, envolvimento de agricultores no planeamento de projectos,
melhoria dos conhecimento, dos serviços de extensão e da formação, melhoria da segurança
de propriedade e ultrapassar os custos elevados da terra. Um evento paralelo organizado pelo
ICRAF na conferência sobre o clima UNFCCC COP-19 em Varsóvia destacou a necessidade, e o
potencial, da agricultura para gerar múltiplos benefícios, incluindo segurança alimentar, apoio
dos meios de subsistência, crescimento económico e adaptação climática127.
Um foco importante deste grupo de investigação seria, portanto, a forma de optimizar as
práticas de agricultura de conservação, incluindo o sector agro-florestal e a regeneração
natural de árvores geridas por agricultores, mobilização com o intuito de conservar os solos,
contornos e terraços, bem como palhagem agrícola, cada vez mais adoptados em África, para
126
Misselhorn, A. 2005. “What drives food insecurity in southern Africa? a meta-analysis of household economy studies,” Global
Environmental Change 15 (1): 33-43.
127
http://www.cop19.gov.pl/latest-news/items/global-landscapes-forum-concluded-yesterday-in-warsaw
Maio de 2014
185
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
reforço ecológico e resistência social. Outra questão seria os sistemas agro-pecuários
integrados. As investigações deste grupo de investigação resultariam em conhecimento
regional e em melhores práticas de agricultura de conservação e abordagens relacionadas que
poderiam ser concertadas de forma a reforçar os co-benefícios directos de adaptação e
mitigação, a favor dos pobres. Neste caso, as conclusões poderiam ser de valor para o
desenvolvimento de posições para a região em termos dos contributos para o acordo
internacional do clima depois de 2015, conforme discutido acima. Este foco secundário do
grupo de investigação incluiria práticas de gestão do solo e dos recursos hídricos, incluindo
métodos melhorados de recolha de águas pluviais e irrigação. Incluiria também diversificação
das culturas e investigação à resistência do gado, mas dentro de uma perspectiva baseada em
sistemas e de resistência social e ecológica.
Este grupo de investigação precisaria, além disso, de explorar a crescente tendência de
produção de biocombustível, o que, apesar os efeitos potencialmente positivos no
crescimento e segurança energética, inclui riscos significativos de sustentabilidade, tal como a
competição por terra e água entre combustível e as culturas de alimentos, impactos negativos
dos biocombustíveis sobre a biodiversidade e os serviços de ecossistemas, exposição elevada
dos agricultores ao risco das obrigações contratuais e regulamentares, perda de segurança da
posse das terras, bem como redução das oportunidades de meios de subsistência para as
mulheres, as pessoas que se dedicam ao pastorei e agricultores migrantes que dependem do
acesso à base de recursos da terra. Outra área de investigação relevante seria o
desenvolvimento do trabalho do Centro para Investigação Florestal Internacional (CIFOR) e de
outros relativamente aos desafios e oportunidades para lançar o REDD+, isto é, Reduzindo
Emissões da Desflorestação e da Degradação das Florestas, bem como o Papel de Conservação,
Gestão Sustentável de Florestas e o Reforço de Stocks de Carbono Florestal nos Países em
Desenvolvimento (REDD+).
“Todos falam do REDD, da plantação de árvores, etc., mas a maioria destas áreas
são áreas pastorícias, a maioria da terra é pobre com agricultores marginais. O
que lhes vai acontecer quando tornarmos todas estas áreas em florestas REDD”?
Funcionário da Universidade da Tanzânia
O tema inclui também um foco sobre a forma como os meios de subsistência rurais podem ser
sustentáveis num ambiente em mutação e poderão assim abranger aspectos de diversificação
dos meios de subsistência. Embora tal não tenha sido frequentemente suscitado de forma
específica no workshop e nos dados do questionário, e quase nada nos documentos políticos, a
diversificação dos meios de subsistência já está a ser implementada com a necessidade de
adaptação autónoma e tornar-se-á mais crucial à medida que as alterações climáticas se
intensificam, nomeadamente nas zonas secas da região. Tal necessita também de investigação
sobre a análise da adição de valor e da cadeia de valor, criando novas cadeias de mercados
para diversificação dos meios de subsistência, e poderá ainda incluir o exame ao papel do
micro-crédito e a eficácia que tem sobre tais sistemas de diversificação dos meios de
subsistência.
Um tema/grupo de investigação sobre estes aspectos de DCC poderia, portanto, vir a incluir
um foco sobre os seguintes tipos de áreas de investigação:
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186
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos









O impacto das alterações climáticas sobre a segurança alimentar em diferentes locais
estratégicos da região, considerando uma perspectiva integrada sobre a segurança
alimentar (produção, acesso, disponibilidade, incluindo transportes, processamento,
armazenamento, comercialização e consumo): tal levaria a avaliações inter alia de
riscos, impactos e vulnerabilidades e necessitaria de métodos de desenvolvimento de
análise de vulnerabilidades para captação de interacções complexas em sistemas
através de escalas;
Potenciais interacções entre alterações climáticas e outros motores dos preços
alimentares que agem à escala nacional, regional e global, e a forma como podem ser
moderados;
Soluções de compromisso socioeconómico e ambiental associadas à produção
biocombustíveis na África austral, incluindo o efeito de esquemas a grande escala
sobre a alteração da utilização da terra e subsequente segurança alimentar e dos
meios de subsistência;
Optimização das práticas de agricultura de conservação para o reforço ecológico e a
resistência social, bem como expansão dos mesmos para benefícios integrados de
adaptação e mitigação a favor dos pobres;
Impactos das alterações climáticas sobre a segurança alimentar na região, incluindo
sobre o gado, as pescas e a aquicultura, e a forma como estes focos poderão ser mais
resistentes;
Uma vez que as florestas são principalmente utilizadas para se lidar com elas de forma
reactiva e não através da adaptação de antecipação, e que os governos favorecem a
mitigação, enquanto as comunidades locais são prioridade à adaptação, explorar a
forma como os processos equitativos de tomada de decisões e os modelos flexível do
REDD+ que incluem agricultura e adaptação podem ser desenvolvidos por forma a
garantir mais resultados de desenvolvimento;
Reforçar a implementação do programa internacional REDD+ para garantir que tenha
resultados em termos de desenvolvimento, ecologicamente sustentáveis e resistentes
ao clima para as pessoas pobres e marginalizadas;
Considerando o que foi mencionado acima, a investigação transdisciplinar deve
explorar a forma como deveria ser o desenvolvimento baixo em emissões a favor dos
pobres nesta área temática, e quais seriam os incentivadores necessários;
Os incentivos políticos que permitam paisagens sustentáveis e produtivamente
resistentes, com serviços de ecossistemas reforçados e agrobiodiversidade.
Compromisso entre disciplinas: Este tema de investigação inspirar-se-ia numa gama de
disciplinas, através de abordagens de investigação multi, inter e transdisciplinares, de modo a
explorar estas ou outras áreas relacionadas com investigação. Estas disciplinas incluem, mas
não só, o que se segue:







Agricultura: ciência cultural, animal e dos solos, pescas, aquicultura, extensão agrícola,
entre outras;
Biologia: botânica, zoologia, bioquímica, genética, biologia molecular, etc.;
Climatologia;
Ecologia e gestão dos recursos naturais;
Gestão Ambiental;
Energia e biocombustíveis;
Ciências físicas: hidrologia, geologia, gestão hídrica, etc.;
Maio de 2014
187
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos








Economia;
Estudos de desenvolvimento;
Sociologia;
Planeamento;
Ciência política e relações internacionais;
Direito;
Educação ambiental; e
TIC e informática.
Os principais núcleos e centros de competências para tal incluem, mas não só, os seguintes128:






Faculdade de Agricultura do Botsuana (BCA), Departamento de Ciência Animal e
Produção e Unidade Florestal: manipulação de sistemas de alimentação de gado
ruminante para reduzir a produção de metano, investigação agro-florestal, resíduos de
gado para produção de biogás;
Centro de Recursos Naturais e Ambiente (NAREC) da Faculdade de Ciência, Faculdade
Chancellor do Malávi: envolvido em investigação de adaptação às alterações climáticas
na bacia do Rio Shire, mapeamento do carbono no solo, investigação de serviços de
ecossistemas agrícolas e investigação de recursos hídricos;
Centro de Investigação Agrícola e Faculdade de Recursos Naturais na Universidade
Lilongwe de Agricultura e Recursos Naturais no Malávi: envolvido em investigação
agrícola inteligente em termos de clima, análise e diversificação dos meios de
subsistência, bem como gestão dos recursos naturais (incluindo impactos das
alterações climáticas na aquicultura e pescas);
Universidade de Eduardo Mondlane em Moçambique: competências de investigação
de desastres orientados para a agronomia e redução de riscos (nas Faculdades de
Agronomia e Engenharia de Florestas e Ciências Veterinárias da UEM) e ligadas ao
CIGAR, IIAM e a outros parceiros regionais e internacionais de investigação agrícola em
matéria de DCC;
Universidade da Namíbia e Politécnico (Agricultura e NRM: Departamento de Ciência
das Culturas e Departamentos de Ciências Biológicas): Ciência Agrícola e Adaptação de
NRM (diversificação das culturas e meios de subsistência, comercialização de culturas
autóctones) e Gestão dos Recursos Naturais baseados na Comunidade e Utilização da
Terra (CBA e gestão sustentável da terra), informação sobre os solos para adaptação;
Universidade de Agricultura de Sokoine, Tanzânia (Departamento de Biologia Florestal,
outros departamentos): grupo de investigadores activos e experientes que trabalham
em ecossistemas e alterações climáticas, conhecimentos autóctones em matéria de
alterações climáticas, avaliações à vulnerabilidade, gestão dos recursos naturais para
uma agricultura sustentável, abordagem de desenvolvimento e a favor dos pobres do
REDD+; lugar para vários programas de investigação relevantes de grande dimensão,
128
Os dados de contacto para os intervenientes do projecto estão indicados na base de dados do projecto (disponível como
documento separado). Vide também os Relatórios de País individuais – Volume 2 – para dados de contacto de muitos dos
investigadores individuais e núcleos, bem como centros de competências e excelência.
Maio de 2014
188
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos




como por exemplo o Programa para a Adaptação e Mitigação dos Impactos das
Alteração Climáticas (CCIAM);
Universidades do Zimbabué: A Universidade Estatal de Midlands no Zimbabué está a
realizar testes de adaptação agrícola ao DCC em três zonas agro-ecológicas no
Zimbabué. O Zimbabué tem um programa que integra CCA no sistema de extensão do
Zimbabué, o que foi observado como sendo uma necessidade crítica em todos os
países. A Universidade do Zimbabué e o Consórcio para a Fertilidade dos Solos na
África austral têm também estado a trabalhar sobre a resistência de pequenos
agricultores em resposta às alterações climáticas. A Universidade de Tecnologia They
Chinhoyi no Zimbabué está igualmente envolvida no desenvolvimento da agricultura
de conservação, ciência das culturas e tecnologias para depois das colheitas para que a
CCA desenvolva capacidade de adaptação entre pequenos agricultores. O programa de
Ciências Agrícola da Universidade Estatal de Lupane no Zimbabué está a melhorar a
qualidade das variedades de sorgo tolerantes à seca, e tem competências de
agroclimatologia. A Universidade Aberta do Zimbabué está igualmente envolvida em
investigação de CCA agrária;
O Centro Nacional de Recursos Fitogenéticos (CNRF) da Universidade Agostinho Neto
em Angola, que é um centro nacional de competências para a investigação de
germoplasma e que tem ligações com o MINAGRI (instituto nacional de Investigação
Agrícola em Angola), que está ligado à rede da SADC de centros de recursos genéticos;
Universidades da África do Sul: Universidade de Pretória, Noroeste, Stellenbosch, Fort
Hare (Faculdade de Agricultura e Agricultura; Instituto de Investigação do
Desenvolvimento Rural, e Centro de Ciências de Risco e Vulnerabilidade); UKZN,
Limpopo, Venda (Instituto de Desenvolvimento Rural); Estado Livre (Centro para a
Agricultura Sustentável), na África do Sul juntamente com o Conselho de Investigação
Agrícola (ARC) que tem várias capacidades de investigação relacionadas com DCC que
vão da adaptação às alterações climáticas em investigação da agricultura, segurança
alimentar, solo, ciências botânicas e animais, incluindo ciências veterinárias que lidam
com os aumentos de doenças zoonóticas devidas às alterações climáticas, modelização
agrícola, investigação sobre irrigação e utilização das águas de rega, sector agroflorestal, etnobotânica, conhecimentos autóctones, agro-hidrologia e outras áreas
especialistas (vide Anexo A e Volume 2).
Rede de Iniciativas Regionais Agrícolas e Ambientais – África (RAEIN-AFRICA).
Este tema de investigação terá relevância directa para o programa de cinco anos em matéria
de Adaptação e Mitigação das alterações climáticas na Região COMESA-EAC-SADC, o qual visa
abordar os impactos das alterações climáticas através de acções bem-sucedidas de adaptação
e mitigação que visam o desenvolvimento de resistência socioeconómica das comunidades
através da Agricultura Inteligente em Termos de Clima (CSA). Parceiros existentes importantes
deste grupo de investigação poderiam ser os gabinetes regionais do Centro Internacional para
a Investigação Agro-florestal (ICRAF), do Programa de Investigação do CGIAR em matéria de
alterações climáticas, agricultura e segurança alimentar (CCAFS) do Grupo Consultivo em
matéria de Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR) e do Programa de Capacidades do Risco
Africano.
Uma nova parceria potencialmente importante para esta rede de conhecimento será o
projecto do PNUD que está em preparação, em parceria com o Japão, baseado nas lições
Maio de 2014
189
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
aprendidas no Programa de Adaptação de África. Este novo programa ficará conhecido como
Iniciativa de Adaptação e Segurança Alimentar de África. Procurará reforçar os sistemas de
informação climática desenvolvidos ao abrigo do AAP e escalar as medidas de gestão do risco
climático, incluindo seguro do índice do clima e adaptação baseada na comunidade. Trabalhará
igualmente para desenvolver capacidades aos países participantes de acederem e gerirem as
finanças climáticas.129
Conforme demonstrado na análise institucional, programas e projectos de grande escala como
os programas AAP do PNUD forneceram muito do apoio de investigação necessário aos países.
O que ainda não emergiu desses processos foi uma estratégia clara de como transferir
conhecimentos de tais programas de investigação e desenvolvimento que informem a inovação
curricular e o desenvolvimento da capacidade de investigação nas universidades e IES. A
SARUA, juntamente com o Sector da Educação da SADC pode vir a mediar tal processo de
modo a garantir que as ferramentas e abordagens de investigação são partilhadas nas
universidades e que os dados e análises partilhados se tornam mais possíveis de reforçar a
capacidade dos centros e programas de investigação universitária. Este “novo conhecimento”
precisa de ser considerado na inovação curricular especialmente em programas de ensino de
gestão das Ciências Agrícolas e Recursos Naturais, mas também na Sociologia, Educação
Agrícola e outras disciplinas relacionadas. O Banco de Desenvolvimento Africano é ainda outro
potencial parceiro relativamente ao compromisso do mesmo no nexo da energia rural.
4.3.2 Tema de investigação / grupo 2: Acompanhamento e biodiversidade
da planificação e mudanças dos sistemas socioecológicos complexos
para o DCC
Este tema de investigação concentra-se na biodiversidade, nos ecossistemas e nos recursos
hídricos numa perspectiva de sistemas socioecológicos, com ênfase na observação melhorada
e no acompanhamento. Muitas das lacunas de conhecimentos verificadas na análise das
necessidades do estudo de planificação estão relacionadas com a falta de dados sistemáticos e
fiáveis a longo termo em diferentes sectores que possam servir de base à investigação,
modelização e acompanhamento. Em muitos casos, tal refere-se ao acompanhamento do
ambiente e a uma melhor compreensão da biodiversidade e nos serviços de ecossistemas que
prejudicam sectores económicos importantes na região, e que também têm implicações
significativas nos meios de subsistência. Por exemplo, na Namíbia foi dada ênfase tanto aos
dados políticos como aos dados do workshop sobre a gestão da biodiversidade litoral e
marinha, e sobre a necessidade de compreender melhor os impactos da subida do nível das
águas do mar, a erosão costeira e o aumento da actividade de tempestades no mar nestas
componentes de ecossistemas.
Relativamente ao tema de investigação 1, este grupo de investigação incluirá avaliações de
riscos, impactos e vulnerabilidade, e necessitará de métodos de desenvolvimento em análise
129
Helen Clark. Junho de 2013. Discurso sobre Adaptação às alterações climáticas, Quinta Cimeira da Conferência de Tóquio sobre
Desenvolvimento em África. www.undp.org/content/undp/en/home/presscentre/speeches.
Maio de 2014
190
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
da vulnerabilidade de modo a captar as interacções complexas em sistemas entre escalas.
Poderá também incluir um foco sobre o papel do conhecimento autóctone e local no
acompanhamento do ambiente, e poderá explorar sistemas de acompanhamento participativo
de ecossistemas que envolvam múltiplos intervenientes (universidades, escolas, entidades
oficiais em Ministérios de linha, funcionários de extensão e comunidades). Poderá incluir uma
avaliação crítica de experiências passadas, no sentido de optimizar estes sistemas para
resistência climática social e ecológica. A investigação poderia também ser direccionada para a
exploração das implicações para a adaptação baseada em ecossistemas, bem como para
abordagens integradas de adaptação e mitigação.
Um tema/grupo de investigação que foca estes aspectos de DCC poderia, portanto, vir a incluir
um foco sobre os seguintes tipos de áreas de investigação:






Projecções e impacto climático regional em ecossistemas em terra, litoral e marinhos,
desenvolvendo sistemas de acompanhamento colaborativo que permitam a gestão de
adaptação para a resistência;
Desenvolvimento de sistemas para o acompanhamento de produtos florestais não
lenhosos que permitam uma óptima contribuição dos meios de subsistência
continuando a manter-se regimes de recolha sustentável em condições climáticas
cambiantes e outras;
Impactos das alterações climáticas sobre ambientes naturais sensíveis como zonas
húmidas, e melhor gestão dos mesmos de modo a reforçar a resistência natural e
social;
Aplicação reforçada dos dados de acompanhamento ambiental nos modelos de
alterações climáticas a nível regional, nacional e local;
Desenvolvimento e optimização de sistemas de acompanhamento participativo dos
ecossistemas para a resistência climática social e ecológica; tal incluiria
acompanhamento de pagamentos de projectos de serviços de ecossistemas e
iniciativas de mitigação; e
Sistemas de transmissão e avaliação das implicações das alterações em ecossistemas e
biodiversidade, incluindo os meios de subsistência dos povos locais e as medidas de
adaptação apropriadas.
Compromisso entre disciplinas: Este tema de investigação inspirar-se-ia numa gama de
disciplinas, através de abordagens de investigação multi, inter e transdisciplinares, de modo a
explorar estas ou outras áreas relacionadas com investigação. Estas disciplinas incluem, mas
não só, o que se segue:










Climatologia;
Biologia – botânica, zoologia, etc.;
Ecologia e gestão dos recursos naturais;
Gestão Ambiental;
Ciências físicas: hidrologia, geologia, gestão hídrica, etc.;
Economia;
Estudos de desenvolvimento;
Antropologia;
Sociologia;
Planeamento;
Maio de 2014
191
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos




Educação Ambiental;
Estatística;
TIC e informática; e
Direito.
Este tema de investigação de acompanhamento de ecossistemas abrangentes tem muitas
instituições parceiras potenciais na região e precisaria, em todos os probabilidade, de ser mais
desenvolvida em subtemas mais focados de investigação. Por conseguinte, o que segue é
apenas uma lista provisória dos principais núcleos e centros de competências para este tema
de investigação:












Universidade da Namíbia e Ministério da Defesa. Biologia de Conservação;
Universidade da Cidade do Cabo: Instituto de Investigação Marinha e Instituto de
Investigação da Água Potável;
Universidades regionais e outros parceiros envolvidos no Programa do Largo
Ecossistema da Corrente de Benguela;
Instituto de Avaliação de Recursos da Universidade de Dar es Salaam;
Centro de Excelência de Angola para as Ciências Aplicadas à Sustentabilidade da
Universidade Agostinho Neto em Angola;
Núcleo Piscatório Regional do NEPAD na LUANAR no Malávi;
Grupo de Investigação Okavango na Universidade do Botsuana;
O Centro de Excelência em Biologia de Invasão e alterações globais da Universidade de
Stellenbosch (capacidade extensa de modelização ecológica e outros estudos
necessários para este tema de investigação);
Centro para a Conservação da Ecologia Africana, a unidade de investigação da Ecologia
Litoral e Marinha e a Unidade de Investigação da Sustentabilidade na Universidade
Metropolitana Nelson Mandela na África do Sul;
Centro de Investigação Aquática da Universidade de Joanesburgo;
Grupos de investigação da água, ambiente e biodiversidade da Universidade de
KwaZulu-Natal; e
Cientistas de biodiversidade e cientistas ambientais da Universidade de Rhodes
(biodiversidade botânica, entomologia, biodiversidade aquática, ecologia das terras
húmidas, florestas e Cadeira de SARCHI em ciências ambientais interdisciplinares e
meios de subsistência rurais).
Existem muitos potenciais parceiros programáticos para este grupo de investigação, incluindo
programas Centro do Serviço das Ciências Sul-africano para as Alterações Climáticas e a
Utilização da Terra de Adaptação (SASSCAL). Outros parceiros poderão incluir iniciativas
relevantes da Plataforma Inter-governamental de Ciências Políticas sobre Biodiversidade e
Serviços de Ecossistemas, o Programa Biodiversidade no escritório nacional da para África do
PNUA e vários programas existentes do PNUA sobre adaptação, os quais focam principalmente
ecossistemas altamente vulneráveis (zonas secas e zonas costeiras baixas), Pequenos Estados
Insulares em Desenvolvimento (PEID) e mega deltas, por forma a reduzir a vulnerabilidade e
aumentar a resistência às alterações climáticas. Este grupo de investigação poderá também
ligar-se, de alguma forma, a várias iniciativas contínuas de Áreas de Conservação
Transfronteiriça na região, tal como os esforços dos governos de Angola, Botsuana, Namíbia,
Maio de 2014
192
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Zâmbia e Zimbabué sobre a criação do Kavango-Zambezi, uma Área de Conservação
Transfronteiriça de 300.000km² (KAZA TFCA).
4.3.3 Tema de investigação / grupo 3: Conhecimentos autóctones,
resistência e inovação cultural, social e tecnológica
Conforme observado acima nas secções 2 e 3, o papel potencial do conhecimento autóctone
nos caminhos do DCC foi repetidamente suscitado no estudo de planificação. Os participantes
de todos os países da SADC acharam que, até à data, o papel potencial do conhecimento
autóctone no desenvolvimento de resistência através das inovações tecnológicas, culturais e
sociais, necessárias à transformação de uma sociedade mais justa e sustentável com baixos
níveis de carbono, tem sido subvalorizado e subdesenvolvido.
A mobilização de conhecimento autóctone em processos científicos e sociais de inovação
cultural, social e tecnológica tem complexidades, assim como o conhecimento autóctone
depende frequentemente do contexto, depende dos idiomas locais e está inserido em práticas
sociais particulares. O desafio dos investigadores é mobilizar e trazer à superfície os
pressupostos fundacionais, as práticas e aspirações inseridas no conhecimento autóctone, e
torná-los mais disponíveis para o compromisso dialógico numa vasta gama de
conhecimentos/formas de conhecimento.
Tal envolve mais do que a “captação” do conhecimento autóctone. Conforme apontado pelos
participantes no estudo de planificação, também envolveu a análise e avaliação do
conhecimento autóctone pelo seu valor contextual e sociocultural, mas também pelo seu
potencial valor em fornecer sabedorias ou abordagens mais universais ou amplamente
utilizadas que conseguem apoiar a adaptação, a resistência e a inovação cultural, social e
tecnológica. Tal requer uma visão do conhecimento autóctone que seja dinâmica e envolva a
dialéctica que existe entre tradição e inovação. Existe, contudo, o reconhecimento
disseminado de que as formas modernas de ciência ocidental, conforme praticadas por
instituições modernas, constitui uma forma importante de conhecimento para o DCC, mas que
outras fontes de conhecimento e experiência são igualmente essenciais para a elaboração de
políticas e a acção.
Além disto, há o entendimento crescente de que existem processos científicos “integrados” (se
forem tacitamente enquadrados) em muito do conhecimento autóctone, o que desafia as
formas de ver o conhecimento autóctone como “não científico”. Assim, a investigação que
foca o conhecimento autóctone deve ser capaz não só de mobilizar e trazer à superfície as
dinâmicas tácitas ou socioculturais do conhecimento autóctone e torná-lo mais visível e/ou
explícito, como também tal investigação deve também ser capaz de evitar oposições simplistas
que vêm o conhecimento científico ocidental como “científico” e outras formas de
conhecimento como “não científico”.
Análises mais sofisticadas do conhecimento e respectiva formação e construção são
necessárias em tais contextos, se a dialéctica entre tradição e inovação for totalmente
envolvida nessa investigação. É necessário uma visão relacional, assim como metodologias em
que diferentes formas de conhecimento estejam relacionadas umas com as outras, e não
Maio de 2014
193
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
oposta e descartada de forma simplista, o que é o principal motivo para a marginalização
existente de conhecimento autóctone nas instituições de educação modernas dos dias de hoje.
Estudos têm indicado o papel positivo do conhecimento local e tradicional no
desenvolvimento de resistência às alterações climáticas na região africana, e o recente
relatório do IPCC (2012) em matéria de acontecimentos extremos e catástrofes apoia esta
visão, encontrando uma elevada concordância e provas sólidas dos impactos positivos da
integração do conhecimento autóctone e científico para adaptação. Contudo, existem
igualmente grandes preocupações quanto à adequação futura do conhecimento local em
responder aos impactos climáticos neste tipo de contexto repleto de factores da região da
África austral. Estas preocupações incluem o declínio observado na fiabilidade de indicadores
locais devida às alterações socioculturais, ambientais e climáticas, assim como, de uma forma
preocupante, o aparente excesso de conhecimento autóctone dos agricultores e os
mecanismos de resposta das alterações climáticas emergentes, além do declínio da
transmissão entre gerações.130
Trata-se de pontos importantes que fazem com que os investigadores tenham a cautela de não
se apoiarem, de forma simplista ou idealista, na intensificação do conhecimento autóctone na
e para a adaptação às alterações climáticas, mas que, em vez disso, destacam para primeiro
plano o papel do conhecimento autóctone no contexto de uma necessidade de inovação e
alteração contínuas a nível cultural, social e tecnológico. Por conseguinte, o contexto das
alterações climáticas fornece um ambiente interessante e desafiador para a investigação em
matéria de conhecimento autóctone, especialmente porque se relaciona com perspectivas
futuras e os impactos projectados, bem como a necessidade associada à adaptação e
mitigação.
Já foi realizada alguma investigação na região sobre a mistura de conhecimentos científicos,
locais e autóctones aquando do desenvolvimento de estratégias de adaptação. Um foco
importante deste grupo de investigação seria apoiar-se nisto investigando, analisando e
interrogando de forma crítica o potencial papel dos conhecimentos locais e autóctones e dos
sistemas na adaptação e mitigação, focando o seu potencial para abordagens integradas de
adaptação e mitigação a favor dos pobres. Tal levaria a explorar a forma como diferentes
formas de conhecimento, como o conhecimento autóctone/local e científico pode ser reunido
através de uma abordagem de investigação transdisciplinar, para estes fins.
O Relatórios de Ciência Social 2013 apresenta argumentos de trabalho com uma vasta gama de
conhecimentos em respostas de DCC e sugere que é importante levar o conhecimento
autóctone e o conhecimento de comunidades locais para a concepção de investigação e
130
Vide, por exemplo, Hitchcock, R.K. 2009. “From local to global: perceptions and realities of environmental change among
Kalahari San” In Anthropology and climate change: from encounters to actions, edited by Crate, S.A. e M. Nuttall, 250-264. Walnut
Creek, CA, USA: Left Coast Press; e Ifejika Speranza, C., B. Kiteme, P. Ambenje, U. Wiesmann, e S. Makali. 2010. “Indigenous
knowledge related to climate variability and change: Insights from droughts in semi-arid areas of former Makueni District, Kenya”
Climatic Change 100(2): 295-315.
Maio de 2014
194
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
política. Existem vários casos na região SADC que também mostram a forma como tal
investigação está a ser realizada. De uma perspectiva da inovação curricular, tal investigação
pode também fornecer novos conteúdos e formas interessantes de pensamento curricular no
contexto da África austral, o que pode permitir que um currículo mais fortemente envolvido a
nível sociocultural, sem perder a universalidade do conhecimento ensinado nas universidades.
Um tema/grupo de investigação que foca estes aspectos de DCC poderia, portanto, vir a incluir
um foco sobre os seguintes tipos de áreas de investigação:



Mobilizar e “trazer à superfície” o conhecimento autóctone para uma mais ampla
análise e aplicação nos processos de inovação cultural, social e tecnológica; este tema
terá de dar a devida atenção a preocupações éticas e de beneficiação associadas à
Propriedade Intelectual;
Integração de sistemas de conhecimento local e autóctone em abordagens de
adaptação e mitigação, com um foco no potencial para abordagens integradas de
adaptação e mitigação a favor dos pobres; e
Metodologias reforçadas para reunir conhecimento autóctone/local e científico e ligálos com planeamento de base, incluindo desenvolvimento de Planos Nacionais de
Adaptação.
Compromisso entre disciplinas: Este tema de investigação inspirar-se-ia numa gama de
disciplinas, através de abordagens de investigação multi, inter e transdisciplinares, de modo a
explorar estas ou outras áreas relacionadas com investigação. Estas disciplinas incluem, mas
não só, o que se segue:












Agricultura: ciência cultural, animal e dos solos, pescas, aquicultura, extensão agrícola,
entre outras;
Biologia: botânica, zoologia, bioquímica, genética, biologia molecular, etc.;
Ecologia e gestão dos recursos naturais;
Ciência Ambiental e Gestão;
Energia e biocombustíveis;
Economia;
Estudos de desenvolvimento;
Antropologia;
Sociologia;
Política;
Planeamento; e
Educação Ambiental.
Alguns dos principais núcleos e centros de competências para tal incluem, mas não só, os
seguintes:



Centro de Investigação Multidisciplinar da Universidade da Namíbia;
Universidade do Zimbabué (Instituto de Estudos Ambientais e Centro de Investigação
das Ciências Sociais Aplicadas), Universidade do Estado de Midlands, Universidade de
Tecnologia de Chinoyi e Universidade Aberta do Zimbabué;
Universidades de KwaZulu-Natal, Limpopo, Universidade Walter Sisulu, Pretória e
UNISA na África do Sul. A UKZN tem um tema de investigação em Sistemas de
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195
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos



Conhecimento Autóctone Africano e um Centro de Competências nesta área,
enquanto a Universidade Walter Sisulu tem uma cadeira da SARCHI que foca este tema.
Universidade LUANAR no Malávi, CARD, e LEAD SEA Malávi;
Departamento de Ciências Ambientais da Universidade do Botsuana e Instituto de
Investigação Okavango; e
Na Tanzânia, Faculdade de Educação da Universidade de Mkwawa, Faculdade de
Humanidades e Ciências Sociais, departamento de Geografia, investigação em
sistemas tradicionais de conhecimento ambiental em matéria de intervenção e
adaptação às alterações climáticas; Universidade de Agricultura Sokoine,
Departamento de Biologia das Florestas e outros departamentos, vários projectos de
investigação relevantes, incluindo o Programa de Conhecimento Local de Adaptação às
Alterações Climáticas (LKCCAP).
4.3.4 Tema de investigação / grupo 4: Dinâmicas sociais de adaptação às
mudanças ambientais: fazer sentido, aprendizagem social e
transformação social
Este tema de investigação sobre “Dinâmicas sociais de adaptação às mudanças ambientais:
fazer sentido, aprendizagem social e transformação social” inclui alterações no sistema
educativo, questões de género e aspectos das alterações climáticas.
As alterações climáticas estão intimamente ligadas a e também exacerbam outras
preocupações sociais e económicas, especialmente a pobreza e a desigualdade. Tem sido
largamente disseminado que a África austral é mais vulnerável aos impactos das alterações
climáticas do que muitas outras regiões do mundo, porque os impactos das alterações
climáticas interagem com, e têm impacto noutros factores que afectam a qualidade de vida
das pessoas, como a pobreza, o VIH/SIDA, desemprego e fraca qualidade do ensino, questões
que afectam muitos sul-africanos hoje em dia. Por conseguinte, o DCC deve igualmente ser
visto como uma preocupação de justiça social e uma questão que aborda directamente os
problemas de pobreza, justiça social, fraca qualidade do ensino e problemas de saúde.
O desenvolvimento compatível com o clima também requer alterações nas práticas e hábitos
sociais, e alterações na prática requerem frequentemente novos valores e ética, aprendizagem,
inovação social e aprendizagem social. Conforme indica o Relatório de Ciência Social de 2013,
e que também é apoiado pelas conclusões deste estudo de planificação da SARUA, é
necessária uma acção urgente “para proteger o planeta e garantir a equidade, dignidade e
bem-estar dos seres humanos”. O Relatório de Ciência Social Mundial argumenta que as
ciências sociais têm de fazer investigação das “causas, vulnerabilidades e impactos para os
humanos das alterações ambientais de forma mais eficaz e informar quanto a respostas aos
desafios enfrentados pela sociedade”. Embora o tema desta investigação coloque em primeiro
plano as ciências sociais, não o faz reduzindo o potencial para formas de investigação multi,
inter e transdisciplinares. Em vez disso, procura reforçar as fundações sociais de tais formas de
investigação.
O estudo de planificação mostra que nas Universidades da África austral, mesmo naquelas
mais activamente envolvidas no DCC, a participação das ciências sociais nas alterações
climáticas e nas questões do DCC são quase inexistentes. Apenas em algumas instâncias se
Maio de 2014
196
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
concluiu que os programas sólidos de investigação de ciências sociais abordam os aspectos das
alterações sociais e da vulnerabilidade social das alterações climáticas, muito embora as
avaliações de risco e vulnerabilidade sejam cada vez mais, e alguma análise ocorra quanto a
relações climáticas e de género. Geralmente, outros aspectos da dinâmica social das alterações
climáticas são bastante negligenciados; por exemplo, existem poucas sociologias boas da
adaptação às alterações climáticas e pouco se percebe da forma como as pessoas vivem o risco
climático e como tal molda as respectivas identidades, práticas sociais e relações na sociedade.
Também não compreendemos a forma com as alterações climáticas e a incerteza devem ser
adequadamente colocadas nos sistemas de ensino e formação, ou o que significa para a
pedagogia e a aprendizagem social. Da mesma forma, há um conhecimento inadequado das
abordagens de comunicação das ciências públicas e respectiva eficácia, ou uma compreensão
total do papel e potencial dos meios de comunicação, bem como de vários sistemas de
comunicação e abordagens. Frequentemente também, as implicações ou formas de risco e
análise da vulnerabilidade mais técnicas requerem uma análise mais profunda dos pontos de
vantagem psicológica e sociológica. Outra lacuna encontra-se na análise aprofundada e na
compreensão de multi-nível, mudança de sistemas ou a forma de mediar melhor e facilitar as
transições necessárias para um mundo com baixas emissões de carbono, sustentável e mais
equitativo, especialmente em contextos já marcados pela pobreza e outras doenças.
O estudo de planificação mostrou igualmente que existem múltiplas dinâmicas que requerem
investigação aprofundada quando se trata de desenvolvimento compatível com o clima. De um
modo geral, envolvem uma exploração dos seguintes tipos de áreas de investigação, as quais
iriam requerer melhorias e mas desenvolvimento ao abrigo deste tema de investigação:





Processos de mudança social e cultural associados ao DCC, e a forma como podem ser
melhor compreendidos e mobilizados para um mudança social mais disseminada, mais
resistência aos impactos climáticos e qualidade de vida melhorada para todos;
Percepções131, compreensões e atribuição de significado associadas ao conhecimento
das alterações climáticas e às mensagens mediáticas e à forma como moldam a acção
e as alterações;
Papel dos meios de comunicação públicos, meios de comunicação sociais, artes,
literatura, criticismo ecológico e filosofia (por exemplo) na mediação e permissão das
alterações sociais num ambiente mundial em mudança;
Género e alterações climáticas: a forma como as questões de género influencia e tem
impacto nas experiências de, e vulnerabilidades para com as alterações climáticas em
contextos da África austral, e o que isso significa para a acção e mudanças sociais;
Relações entre pobreza, vulnerabilidade e outros factores sobre os quais recaem ainda
mais o impacto das alterações climáticas;
131
Aqui, deve observar-se que embora muita investigação esteja a ser realizada relativamente às percepções das alterações
climáticas, parece faltar uma base teórica e tende a faltar a atenção adequada críticas precoces.
Maio de 2014
197
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos




Dinâmicas sociais, culturais, económicas e políticas do DCC e a forma como a
compreensão das mesmas influencia a acção e as alterações nas práticas sociais e, de
uma forma mais vasta, na sociedade;
Papel da educação, formação e comunicação ao permitir transições para o DCC e a
forma como podem ser sistemática e criativamente envolvidos na região da SADC
dentro e através de sistemas nacionais de ensino, formação e comunicação;
A forma como a aprendizagem social e os processos de atribuição de significados
podem ser melhorados e reforçados para transições relacionadas com DCC; e
Papel da ética climática na tomada de decisões e a forma como tal ética deve ser
conceptualizada e envolvida nas práticas e sistemas sociais.
Compromisso entre disciplinas: Este tema de investigação inspirar-se-ia numa gama de
disciplinas, através de abordagens de investigação multi, inter e transdisciplinares, de modo a
explorar estas ou outras áreas relacionadas com investigação. Estas disciplinas incluem, mas
não só, o que se segue:












Filosofia;
Estudos de desenvolvimento;
Psicologia;
Sociologia;
Jornalismo e comunicações;
Estudos de teatro, cinema e meios de comunicação;
Planeamento;
Estudos empresariais;
Ensino;
Política;
Educação ambiental; e
Direito.
Conforme indicado acima, geralmente o estudo de planificação mostrou um compromisso
fraco com a dinâmica social das alterações climáticas. Existe, contudo, uma rede crescente de
investigadores envolvidos nesta dinâmica na região SADC; estes investigadores recaem em
diferentes grupos, incluindo, mas não só:

Investigadores de sistemas sociais, humanidades e inovação social nas seguintes
universidades:





Universidade de Stellenbosch Faculdade de Humanidades e Escola de Gestão
Pública / Investigadores do hub Tsama que trabalham com o Instituto para a
Sustentabilidade;
Centro de investigação multidisciplinar da Universidade da Namíbia (investigação
sobre géneros e alterações climáticas);
Cadeiras de Investigação em Mudança Social na Universidade de Joanesburgo e na
Universidade de Fort Hare;
Programas da Universidade Wits em inovação de sistemas sociais para as
mudanças globais, resistência à ecologia humana;
Centro Africano para as Cidades da UCC, Centro para Estudos de Cinema e Meios
de comunicação, Departamento de Antropologia Social, Gordon Institute for the
Maio de 2014
198
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos





Performing Arts (ligado à ACDI), cadeira da SARCHI sobre Segurança e Justiça
(segurança ambiental);
Centro de Estudos Transdisciplinares da Universidade de Fort Hare;
Centro para o Desenvolvimento Social em África da Universidade de Joanesburgo,
e cadeira da SARCHI sobre Mudança Social;
Programas da Universidade de KZN sobre ética, história ambiental e economia
relacionada com género africanas; e
Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Zimbabué ligada ao
departamento de sociologia.
Desenvolvimento comunitário e investigadores de desenvolvimento rural nas seguintes
universidades:







Centros de ciências de risco e vulnerabilidade na Universidade de Fort Hare,
Limpopo e Venda;
Os investigadores de sociologia rural, ensino e extensão da Universidade do Malávi,
LUANAR no Malávi e Universidade Católica do Malávi estão envolvidos em DCC e
investigação orientada para o desenvolvimento social;
Unidade de Avaliação Ambiental da UCC;
Centro para a Emancipação da Comunidade Rural da Universidade de Limpopo;
Instalação Rural da Wits, incluindo o programa AWARD; e
Centro de Investigação das Ciências Sociais da Universidade do Zimbabué e
Instituto de Investigação do Desenvolvimento.
Educação Ambiental / Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD) /
Comunicação das Ciências / Investigadores de aprendizagem social sedeados nas
seguintes universidades/Centros:









Universidade do Botsuana (Faculdade de Educação);
Universidade da Suazilândia (CCR da Suazilândia ligado à UNU);
Universidade do Malávi (LEAD SEA; e CCR do Malávi ligado à UNU);
Universidade da Zâmbia (Escola de Educação, Departamento de Línguas e Ensino
das Ciências Sociais (LSSE), CCR ligado à UNU para a Zâmbia;
Universidade da Namíbia (Faculdade de Educação, e CCR ligado à UNU para a
Namíbia, também EE no Centro de Excelência Gobabeb);
Instituto de Educação das Maurícias (com um CCR ligado à UNU para as Maurícias);
Universidade de Eduardo Mondlane (Faculdade de Educação) e a Universidade
Pedagógica em Moçambique;
Iniciativa para um Planeta Habitável ACCESS; e
Centro de Investigação de Aprendizagem Ambiental da Rhodes University (que
alberga uma cadeira de investigação e um Centro de Competências Regional (CCR)
da UNU na ESD); Programa de Educação Ambiental da Universidade de
Stellenbosch; Programa de Educação Ambiental da UNISA (na AS); Unidade de
Desenvolvimento de Escolas da UCC.
Estas instituições poderiam trabalhar com as instituições regionais e internacionais como o
Programa de Educação Ambiental Regional da SADC, o programa de recursos humanos do
sector da SADC, o Conselho Internacional de Ciências Sociais (que publicou o Relatório de
Ciência Social Mundial); a UNESCO, que está a apoiar o Ensino das alterações climáticas e o
Maio de 2014
199
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Ensino para um desenvolvimento sustentável, a Universidade das Nações Unidas e o Programa
Ambiental das Nações Unidas (apoiando todos eles ESD e ensino ambiental); o Banco para o
Desenvolvimento da África austral, o PNUD e outras organizações que têm um compromisso
para com a melhoria dos aspectos de mudança social do DCC. Aqui, vale igualmente a pena
observar que a Conferência dos Ministros Africanos sobre o Ambiente solicitou um Plano de
Acção para o Ensino Ambiental Africano que está a ser desenvolvido para 2015-2025 pelo
PNUA. Isto coloca em primeiro plano a educação de professores, inovações de cursos de
ensino à distância e os processos de aprendizagem comunitária e social que respondem às
alterações climáticas e a questões associadas às mesmas.
4.3.5 Tema de investigação / grupo 5: Economia verde, energia sustentável
e inovações tecnológicas de infra-estruturas
Este tema de investigação centra-se em aspectos importantes da essência da Economia Verde
e no avanço para uma energia sustentável e renovável na região, incluindo a eficiência
energética e o desenvolvimento de infra-estruturas. Como tal, centra-se bastante em
processos industriais, no desenvolvimento tecnológico e de infra-estruturas e, principalmente,
procura fortalecer a engenharia, o desenvolvimento das capacidades de infra-estruturas e
tecnológicas, com implicações na criação de energia com baixas emissões de carbono e no
desenvolvimento de vias e aglomerados populacionais mais sustentáveis.
A tecnologia nova e as tecnologias e infra-estruturas de energia renovável/sustentável
(incluindo infra-estruturas de transportes) foram frequentemente mencionadas nos dados do
país do estudo de planificação como constituindo necessidades importantes de conhecimento
e investigação, para as quais teriam de ser desenvolvidas mais capacidades individuais e
institucionais. Os líderes africanos acordaram, em 2011, desenvolver uma Estratégia Verde de
Crescimento Africano132, no sentido de desenvolver uma visão partilhada de promoção do
crescimento sustentável com baixas emissões de carbono através de uma abordagem
interligada de adaptação e mitigação, sendo a adaptação vista como uma prioridade urgente.
Um exemplo nacional foi o lançamento da Instalação de Economia Verde Resistente ao Clima
na Etiópia em 2012.133 Este tema de investigação pode muito bem contribuir para a realização
de aspectos do esboço do Programa para as Alterações Climáticas da SADC, especialmente a
componente ‘Investigação, Transferência e Desenvolvimento Tecnológico’ (o programa tem
como objectivo gerar informações baseadas em provas, desenvolver tecnologias apropriadas
para o desenvolvimento sustentável, reduzir a pobreza e disseminar as tecnologias).
Existe um potencial imediato de mitigação para o desenvolvimento e a implementação da
eficácia energética e das energias renováveis, bem eficiência energética e infra-estruturas
132
Agreed at the Third TICAD Ministerial Follow-up Meeting in Dakar, Republic of Senegal, on 1-2 May 2011, to commence the
work to prepare a "Low-Carbon Growth and Sustainable Development Strategy in Africa" – see
http://www.mofa.go.jp/policy/environment/warm/cop/cop17/a_strategy_1206.html for more details.
133
Corsi, M., S. Hagemann e C. Salgado Silva. 2012. “Africa Adaptation Programme third quarterly report 2012.” Preparado pela
Componente de Apoio Técnico Inter-Regional da AAP. Programa de Adaptação de África do PNUD
Maio de 2014
200
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
orientadas para a sustentabilidade. Dadas as questões de acesso à energia em muitos países
da região, tal tem igualmente benefícios sólidos ao nível do desenvolvimento. O tema de
investigação introduziria questões de desenvolvimento tecnológico, inovação, transferência e
localização, e exploraria ainda mais uma necessidade frequentemente citada na região:
identificação e usufruto de oportunidades que podem estar inerentes no processo de resposta
às alterações climáticas. Em países altamente dependentes de fontes externas de energia,
como a Suazilândia e as Seicheles, o grupo de investigação auxiliaria igualmente com o
desenvolvimento de segurança energética, uma área emergente de investigação.
“O DCC é o negócio do futuro, portanto não é mau prepararmos os nossos futuros
profissionais; quer gostem quer não, está a chegar. Acontecerá quando a
comunidade do mundo de negócios decidir que deve ficar online. Ainda estamos
ocupados a tentar fazer dinheiro a partir de outras tecnologias, mas vai realizar-se.
Por isso, se prepararmos os nossos profissionais hoje, não vejo qualquer problema
com isso. Mas é a abordagem que assumimos, temos de a tornar empolgante. Por
isso, o ambiente pode tornar-se empolgante porque podemos fazer muito dinheiro
com ele”.
Gestor sénior empresarial e industrial, Seicheles
Embora este tema seja fortemente virado para a engenharia e a tecnologia e orientado para a
concepção, deve-se observar que no workshop sul-africano foi feito um forte apelo para este
tipo de estudos. Precisam de ser complementados com estudos de inovação, o que requer
frequentemente programas de investigação baseados no mercado, com cadeia de valor e com
desenvolvimento empresarial, bem como estudos de beneficiação cultural e social. Desta
forma, as parcerias entre empresas/sector privado seriam uma funcionalidade essencial de
investigação neste grupo. Este grupo de investigação poderia ainda dar atenção ao pedido
feito por alunos para que hajam mais “demonstrações” de economia verde, tecnologias verdes
e inovações verdes ao nível do desenvolvimento de sistemas, bem como potencial para as
universidades serem “laboratórios vivos” para tais inovações tecnológicas.
Este tema de investigação, em particular, lida com questões como a Concepção do Transporte
Verde, a investigação da tecnologia limpa, caminhos para energias renováveis, eficiência
energética e resistência urbana/rural, bem como adaptação ao risco climático. A maior parte
destas áreas de investigação são complexas para um contexto de DCC, e estão empenhadas
em encontrar soluções tecnológicas que ajudem as sociedades a reduzir os níveis de carbono e
a futura resistência climática. As soluções não são apenas tecnológicas, são tecnológicas e
económicas ao mesmo tempo, daí a necessidade desta combinação de competências
disciplinares. Além disso, as soluções têm igualmente elementos sociais e culturais (por
exemplo, adesão a e popularização de novas tecnologias, conhecimento de como as utilizar,
desenvolvimento de competências para instalação e manutenção, etc.).
Um exemplo que mostra a complexidade do processo de transição é fornecido no caso da
África do Sul, que depende fortemente de combustíveis fósseis baseados no carvão para
obtenção de energia e, por conseguinte, para propulsionar a sua economia. A investigação
sobre combustíveis fósseis, actualmente avançada, que se centra na produção de energia
limpa está focada na transição para um futuro com (cada vez) mais baixas emissões de
Maio de 2014
201
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
carbono. O recurso a combustíveis fósseis continua a representar um desafio para a transição
para um futuro com baixas emissões de carbono. Conforme observado pelo Instituto Sulafricano do Desenvolvimento Energético (SANEDI) (que está envolvido nessa investigação com
parceiros universitários):
“Não obstante os esforços nacionais para aumentar o recurso a energias renováveis e
as medidas de eficiência energética, o carvão continuará a ser a base do desenvolvimento
da África do Sul nas próximas décadas. Por conseguinte, é essencial que o recurso
continuado do carvão seja feito através de uma abordagem limpa, tomando-se as medidas
necessárias para minimizar as emissões de gases de efeito de estufa”.
Os programas de investigação limpos relativos ao carvão, através de um exemplo de
investigação de tecnologia limpa, requerem, mas não só: investigação focada na extracção
directa de combustíveis líquidos do carvão; a absorção de dióxido de carbono em carvão
enquanto mecanismo de sequestro do carvão, a especiação dos metais pesados no carvão; e
testes a novas tecnologias como o “spray de alta pressão” que testa as características de novos
combustíveis líquidos. As universidades tem um papel to a desempenhar, conforme
demonstrado pela participação da Universidade de Witwatersrand e a Universidade do
Noroeste na África do Sul nos estudos aqui mencionados (realizados em parceria com o
SANEDI). O estudo de planificação identificou que Moçambique também tinha interesse no
desenvolvimento de tecnologias limpas na utilização do carvão, uma vez que os recursos de
carvão foram aí recentemente identificados. Por conseguinte, existe potencial de colaboração
regional nessas áreas temáticas de investigação.
Os programas de investigação de energias renováveis (ilustrando aspectos da mesma nesta
área de investigação temática) focam vários aspectos diferentes, incluindo, por exemplo, a
medição das radiações solares, energia Fotovoltaica, engenharia e concepção de sistemas
energéticos, planificação e modelização do vento, armazenamento do calor e aplicações de
temperaturas elevadas, novos testes a materiais, investigação de biotecnologia das algas e
testes aos recurso energéticos dos oceanos, entre outros. Tal investigação necessita
necessariamente de ser acompanhada pela investigação de desenvolvimento do negócio das
energias renováveis, que inclui, mas não só: estudos de beneficiação mútua, desenvolvimento
e gestão de normas tecnológicas de energias renováveis; promoção da cadeia de valor, etc.
A eficiência energética é outra área de investigação que tem diferentes dimensões, como
sistemas de auditoria do desempenho energético, planeamento, concepção e testes de
incentivos, etc. Outra área importante de investigação relacionada, também destacada muitas
vezes no estudo de planificação, é a necessidade de investigação aplicada em
aprovisionamento de energia rural e prática que inclua um foco sobre combustíveis
alimentares alternativos, tecnologias alimentares, formas alternativas de utilização da
biomassa, bem como estudos sociais e aprendizagem social centrados nas alterações culturais
necessárias à adesão a novas práticas suportadas por tecnologia.
A investigação de infra-estruturas e de aglomerados populacionais sustentáveis já é uma a
ciência socioecológica fortemente integrada, também com muitas áreas diferentes de
investigação como o recurso a espaços verdes abertos de resistência urbana, planeamento
espacial e concepção de infra-estruturas, sistemas de apoio à tomada de decisões, redes
Maio de 2014
202
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
urbanas e aprendizagem social, governação e serviços climáticos para adaptação e mitigação,
agricultura urbana e sistemas alimentares locais, sistemas de verdes de transporte,
abastecimento de água potável, alojamento resistente (especialmente em áreas em risco de
cheias), mitigação das emissões de carbono e muitos mais elementos inter-relacionados.
A investigação relativa à Economia Verde, que em certa medida apoia e pode reforçar os
resultados e os impactos destas outras formas de investigação acima mencionadas, depende
de uma forte análise económica e política. Requer igualmente investigação em oportunidades
de Comércio de Economia Verde, potencial para investimentos verdes, investigação e
desenvolvimento de indicadores de crescimento verdes, potencial para o biocomércio, bem
como modelos de beneficiação que apoiam o crescimento e o desenvolvimento a favor dos
pobres. Tais abordagens requerem igualmente estudos de economia críticos e políticos, uma
vez que a “Economia Verde” não constitui um conceito incontestado e requer uma forte
contextualização. Aqui, a investigação em sustentabilidade empresarial e divulgação do
carbono é igualmente relevante e importante.
Um tema/grupo de investigação que foca estes aspectos de DCC poderia, portanto, vir a incluir
um foco sobre os seguintes tipos de questões de investigação: Como esta área de investigação
temática é vasta na sua aplicação e também requer elevados níveis de especialização, podem
ser identificados subgrupos mais pequenos centrados em algumas das seguintes áreas, ou
todas. A delineação dos mesmos terá de ocorrer entre os próprios grupos de investigação:










Tecnologias para a produção limpa e as energias renováveis, e respectiva localização
(incluindo investigação da cadeia de valor) de modo a reforçar os benefícios de
desenvolvimento;
Concepção, testes, bem como expansão e comercialização de novas tecnologias verdes
(isto é, ciclo de vida completo e caminho de investigação do sistema da cadeia de
valor);
O desenvolvimento da tecnologia das energias renováveis, adesão e “cadeia” de
beneficiação;
Eficiência energética;
Análise do ciclo de vida e concepção verde;
Resistência das infra-estruturas hídricas, governação hídrica e gestão de adaptação;
Análise e adesão aos indicadores de sustentabilidade e divulgação do carbono;
Incentivos políticos e económicos para orientar a Economia Verde e a sua aplicação e
beneficiação;
Investigação de transição (urbana-rural, tecno-social/socio-material, aspectos de
ecologia política, etc.); e
Desenvolvimento de sistemas de infra-estruturas, sociais e ecológicos e de governação
para uma resistência sustentável e climática e aglomerados populacionais adaptados
(incluindo cidades, áreas rurais, redes de transportes, etc.).
Compromisso entre disciplinas: Este tema de investigação inspirar-se-ia numa gama de
disciplinas, através de abordagens de investigação multi, inter e transdisciplinares, de modo a
explorar estas ou outras áreas relacionadas com investigação. Estas disciplinas incluem, mas
não só, o que se segue:
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203
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos



















Engenharia;
Desenvolvimento e inovação tecnológicos;
Gestão Ambiental;
Energia e biocombustíveis;
Biotecnologia;
Física e nanotecnologia;
Economia;
Estudos empresariais;
Gestão pública;
Estudos de desenvolvimento;
Estudos de meios de comunicação, jornalismo e marketing;
Sociologia;
Planeamento;
Ciência política e relações internacionais;
Educação Ambiental;
Direito;
Política;
Arquitectura e concepção; e
Planeamento de paisagens.
Os principais núcleos e centros de competências para tal incluem, mas não só, os seguintes:



Universidade des Mascareignes, Faculdade de Engenharia e Desenvolvimento
Sustentável, que realiza investigação e formação na área das fontes de energia
renovável (avaliação dos recursos eólicos, fotovoltaicos, recolha de águas pluviais),
acompanhamento online diária sobre a fluidez do tráfego, recurso a refrigerantes
naturais no ar condicionado e em sistemas de refrigeração, bem como cursos de
engenharia ambiental, tendo ainda um projecto contínuo para criação de um campus
verde;
Universidade das Maurícias, Faculdade de Engenharia, que realiza investigação sobre
as formulários sustentáveis de energia, incluindo o recurso a óleo de coco para a
produção de electricidade;
As universidades sul-africanas envolvidas na investigação de energias renováveis,
tecnologia limpa e investigação de desenvolvimento de infra-estruturas incluem:
Universidade de Stellenbosch que tem o hub nacional para a investigação em energias
renováveis; o Centro para os Estudos das Energias Renováveis e Sustentáveis; a
Universidade de Tecnologia da Península do Cabo; a Universidade Metropolitana
Nelson Mandela (Centro para a Investigação em Energias); Universidade de Fort Hare,
Instituto de Tecnologia (que criou um Centro de Excelência em investigação de
energias renováveis); Universidade de Joanesburgo (tem o Centro de Tecnologia e
Investigação de Energia de Sustentabilidade); Universidade de KwaZulu-Natal (tem
grupos de investigação que se debruçam sobre este tópico); Universidade de Pretória:
Aglomerados populacionais e Estudos Energéticos; Universidade do Cabo Ocidental;
Universidade de Witwatersrand (Escola de Engenharia Eléctrica e da Informação);
Universidade de Tecnologia de Tshwane; Unidade de Investigação Biotecnológica da
Universidade de Rhodes; Escola de Arquitectura e Planeamento da Universidade Wits;
Centro de Investigação Energética da Universidade da Cidade do Cabo e Faculdade de
Engenharia;
Maio de 2014
204
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos







Centro de Estudo de Energias Renováveis e Sustentáveis (CSRSE) na Universidade do
Botsuana;
Centro de Investigação da Energia, Ambiente e Alterações Climáticas (EECG) 134 –
consultoria no Botsuana liderada por Peter Zhou;
Centro de Excelência SADC/Gobabeb, uma iniciativa conjunta da SADC, a MET e a
Desert Research Foundation of Namibia (DRFN, uma ONG liderada pela investigação),
além de investigação relacionada com o DCC em áreas de biodiversidade, geologia,
antropologia, ciências climáticas, modela e testa novas tecnologias energéticas e
funciona com vários parceiros de investigação a nível nacional e internacional;
Universidade da Namíbia e Politécnico: Faculdade de Engenharia – Tecnologia das
Energias Renováveis e Concepção de Instalações Verdes;
Instituto Sul-africano do Desenvolvimento Energético, ligado à rede do centro de
investigação energética acima, bem como os principais parceiros internacionais;
Centros que se focam nos aglomerados populacionais e na resistência e transição das
infra-estruturas incluem, por exemplo, o Instituto de Sustentabilidade da Universidade
de Stellenbosch, o Centro Africano para as Cidades da UCC, Universidade de
Tecnologia do Cabo, a Universidade Central de Tecnologia e a Universidade de
Tecnologia do Vaal na África do Sul (Departamento de Desenvolvimento Ambiental
centrado no desenvolvimento sustentável); vários institutos envolvidos em serviços
hídricos e em investigação do abastecimento, a Universidade de Pretória (ligada aos
Centros de Excelência Hídrica do NPDA, coordenada pelo Instituto da Água da
Universidade de Stellenbosch), o Instituto de Tecnologia da Universidade de Fort Hare,
Escola de Arquitectura e Planeamento da Universidade Wits; Universidade Chinhoyi de
Tecnologia no Zimbabué, Politécnico do Malávi (parte da Universidade do Malávi) e
outros; e
Centros de investigação empresariais como o Centro para a Governação Empresarial
em África na Escola Comercial Stellenbosch, ou a Cadeira Exxaro da UNISA de
alterações climáticas e negócios.
Este grupo de investigação poderia fazer uma parceria importante com o investimento em
títulos recentemente aprovado no valor de US$25 milhões do Banco Africano de
Desenvolvimento no Fundo de Energia Renovável para África do Banco (AREF), o qual tem sido
complementado por mais investimentos parceiros na ordem dos US$39,5 milhões. O fundo
visa demonstrar e catalisar a viabilidade do potencial de África em energias renováveis aos
investidores, e começar a ultrapassar a falta de opções de financiamento pan-africano para
tais investimentos. Ao focar um crescimento verde inclusivo e a segurança energética, está em
sintonia com a Estratégia de Dez Anos do BAD para 2013-2022. A SADC anunciou
recentemente que iria criar um Centro de Excelência de Energias Renováveis. Existem
igualmente importantes organizações internacionais que trabalham em algumas destas áreas
de investigação temática. Exemplos disso são a Agência Internacional da Energia para os Gases
de Efeito de Estufa e o fórum de liderança Carbon Sequestration, os programas industriais e de
134
http://www.eecg.co.bw/about.html
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205
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
produção mais limpa do PNUA, a UN Habitat, o Governo Alemão (através da GIZ), a Real
Embaixada Dinamarquesa e outros.
4.3.6 Tema de investigação / grupo 6: Resistência às alterações climáticas:
um foco sobre a saúde e o bem-estar
Compreender melhor os efeitos das alterações climáticas na saúde e no bem-estar foi
mencionado em todos os países como uma área prioritária na resposta nacional e, no entanto,
obteve muito pouca atenção de investigação até à data. Esta é uma lacuna de conhecimento e
investigação importante a considerar, uma vez que o sector de saúde é considerado
especialmente vulnerável às alterações climáticas, como são os sectores da água e da
agricultura. Para a região africana como um todo, as alterações climáticas são vista como um
multiplicador das vulnerabilidades de saúde existentes, incluindo o acesso inadequado à água
potável e saneamento básico, insegurança alimentar, bem como o acesso limitado a cuidados
de saúde e de educação.
Os impactos na saúde da segurança alimentar reduzida não se relaciona apenas com o acesso
aos alimentos, como dizem também respeito ao estatuto nutricional dos alimentos que as
pessoas comem. Assim, além de um aumento provável das doenças devido a vários resultados
de saúde relevantes para o clima, prevê-se que as alterações climáticas aumentem a má
nutrição, já elevada na África austral, sendo esta mais esperada nas crianças. Apesar do
progresso existe desde os anos 90, aproximadamente 95 milhões de pessoas na África austral,
135
ou 40% da população, estão subnutridas. Tem havido muito menos consideração sobre os
efeitos do stress térmico nas pessoas e nas economias, mas isto pode ser grave, dada a já
elevada média anual das temperaturas na região e as projecções climáticas.
Um tema/grupo de investigação que foca estes aspectos de DCC poderia, portanto, vir a incluir
um foco sobre as seguintes áreas de investigação:




Impactos das alterações climáticas na qualidade da água e de que forma tal está ligado
segurança alimentar e sanitária;
Investigação e metodologias melhoradas (incluindo estudos longitudinais) para avaliar
e quantificar o impacto das alterações climáticas transmitidas por vectores,
transmitidas pelos alimentos, transmitidas pela água, nutrição, stress térmico e os
impactos indirectos sobre o VIH;
Quantificação dos impactos directos e indirectos na saúde das ocorrências climatéricas
extremas em África: lesões, doença mental, infra-estruturas da saúde;
Enquadramentos e plataformas de investigação desenvolvidas com outros sectores de
modo a determinar de que forma os riscos subjacentes (por exemplo, segurança
alimentar) serão abordados por forma a melhorar os resultados da saúde; e
135
Números de 2004-2006. De Wit, M.P. e S.J.E. Midgley. 2012. Hunger and climate change: an analysis of key variables in southern
Africa. Para o Programa Regional Para as Alterações Climáticas da África Austral (RCCP), Departamento do Reino Unido para o
Desenvolvimento Internacional (DFID). Cidade do Cabo: OneWorld Sustainable Investments.
Maio de 2014
206
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

Compreensão dos impactos compostos da temperatura associada e do stress da
precipitação, tal como o efeito num determinado limite de uma onda de calor que
ocorra durante um período de precipitação abaixo do normal.
Compromisso entre disciplinas: Este tema de investigação inspirar-se-ia numa gama de
disciplinas, através de abordagens de investigação multi, inter e transdisciplinares, de modo a
explorar estas ou outras áreas relacionadas com investigação. Estas disciplinas incluem, mas
não só, o que se segue:












Medicamentos;
Epidemiologia;
Saúde pública;
Biologia;
Ecologia;
Gestão Ambiental;
Sociologia;
Planeamento;
Educação Ambiental;
Educação para a saúde;
Departamentos mediáticos e comunicações públicas (jornalismo da saúde); e
Ciências políticas / Estudos políticos.
O estudo de planificação identificou muito pouca informação sobre os potenciais núcleos e
centros de competências principais para esta área temática. Contudo, é provável que isto fique
pelos departamentos de saúde pública, epidemiológica e ambiental, bem como institutos
relacionados, e centros de investigação médica nacional. Algumas possibilidades:











Universidade Aberta do Zimbabué de Ciência e Tecnologia (Enfermagem);
Universidade da Namíbia;
Universidade do Botsuana;
Universidade do Malávi, Faculdade de Ciências da Saúde;
Universidade Mzuzu no Malávi, CE em WASH (Water, Sanitation and Health – Água,
Saneamento e Saúde);
Universidade do Zimbabué;
Universidade do Noroeste (Unidade Africana para Investigação Transdisciplinar da
Saúde);
Escola de saúde pública e medicina familiar da Universidade da Cidade do Cabo (AS);
Ciências da Saúda da Universidade de Pretória (AS);
Universidade do Cabo Ocidental (AS); e
Conselho de Investigação Médica (AS e outros).
Programas ou instituições relevantes de apoio são o Departamento de Saúde Pública e
Ambiental da Organização Mundial de Saúde (OMS) e o programa de saúde ecológica do IDRC,
que tem dado financiamento nesta área. O AFRO (Africa Regional Office) da OMS está a
trabalhar em sistemas de alerta rápido para obtenção de resultados de saúde sensíveis ao
clima. O Wellcome Trust realizou recentemente um convite à apresentação de propostas sobre
alterações climáticas e saúde; alegadamente, algumas das propostas convidadas para a
Maio de 2014
207
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
terceira ronda incluíram investigação em África, mas não é claro se tal envolve quaisquer
investigadores na África austral.
Outro parceiro relevante poderá ser a nova African Plant Breeding Academy, instalada na Sede
do ICRAF em Nairobi. This is an initiative of the African Orphan Crops Consortium (AOCC). Vai
formar 250 criadores de plantas africanas em técnicas de alta tecnologia e economizadoras de
tempo para a melhoria das plantas. Os criadores vão aplicar este conhecimento por forma a
impulsionar a qualidade e o rendimento nutricional de cerca de 100 culturas e árvores
alimentares autóctones africanas pouco investigadas, mas densas do ponto de vista nutricional,
trabalho este que ajudará a abordar a má nutrição no continente.
4.3.7 Tema de investigação / grupo 7: O futuro africano é resistente (AFAR):
Governação, participação e mudança do sistema socioecológicos
Uma questão institucional repetidamente observada em todos os países do estudo de
planificação foi uma falta de coerência política, assim como a necessidade de desenvolver
instituições de adaptação e integração sistémica das alterações climáticas. Estes aspectos
foram muitas vezes relacionados com a necessidade de uma maior participação e liderança
ética na tomada de decisões sobre as respostas às alterações climáticas e ao DCC, e com uma
maior vontade política para considerar as questões das alterações ambientais como
prioridades nos contextos políticos.
O Relatório de Ciência Social Mundial reflecte o ritmo e o âmbito da governação relativamente
ao ritmo das alterações ambientais, indicando “Muitas organizações sociais, incluindo os
governos, favorecem a mudança incremental. Mas muitos dos grandes desafios pedem agora
uma transformação mais fundamental e mais extensa dos sistemas sociais. A perspectiva das
alterações ambientais globais, e os principais riscos e vulnerabilidades a longo prazo
associados com as mesmas [conforme também demonstrado neste estudo de planificação],
tem gerado um novo debate sobre a forma de estimular e governar transformações radicais a
nível social e económico a longo prazo”. Sugere que haja a necessidade de “fazer corresponder
a celeridade da governação ao ritmo das alterações ambientais”. Esta questão encontra-se
reflectida nas preocupações da África austral relativas a sistemas de governação inadequado
para o ritmo, o âmbito e interligação das alterações ambientais. Como instituir tais formas
recentes de política e governação a múltiplos níveis do sistema, e como esses processos e
questões podem fazer avançar princípios de participação, democracia e responsabilidade, são
tópicos de investigação importantes.
Estudos em África, incluindo na África austral, mostram que dado o futuro incerto do climática,
a capacidade de adaptação pode ser reforçada substituindo sistemas de governação
hierárquicos e fragmentados por abordagens de governação mais adaptadas, integradas, de
multi-nível e mais e flexíveis, o que institucionaliza a tomada de decisões inclusiva e resulta em
respostas de adaptação mais eficazes. Tais sistemas de governação adaptados e integrados
Maio de 2014
208
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
podem funcionar com sucesso a várias escalas, constituindo assim governação adaptada e cogestão.136
A co-gestão e os acordos de gestão transfronteiriça para a gestão colectiva dos recursos
naturais, bem como a eficácia desses programas e políticas num contexto ambiental em rápida
mutação, também emergem como sendo importantes para este tema de investigação, assim
como outros, tal como a capacidade das estruturas institucionais recorrerem a instrumentos
emergentes de financiamento no campo climático internacional, se envolvem em
planeamento financeiro adequado num enquadramento a longo prazo, integração das
alterações climáticas, etc.
A cidadania e a participação pública são igualmente um subtema potencialmente importante
deste grupo. O estudo de planificação indicou claramente, em todos os países, uma forte
preocupação de que as comunidades deveriam envolver-se em questões de DCC. Tal necessita
consideração de processos nos quais, e através dos quais, as comunidades “se envolvam”. A
cidadania ambiental e a participação pública fornecem um potencial mecanismo e também
encorajam a realização de ligações a ONG e CBO nas empresas de investigação. O papel dos
movimentos sociais é outro subtema importante, dado o seu frequente e sólido papel na
acompanhamento pública, responsabilidade e governação a nível local, bem como as
negociações e activismo climáticos. O papel e o potencial das organizações estudantis e dos
movimentos da juventude neste processo são ainda muito pouco compreendidos, mas o
estudo de planificação demonstrou um aumento do compromisso estudantil em tais
preocupações nas universidades da África austral, com redes emergentes iniciadas por alunos
nos seus variados “grupos/sociedades verdes”.
Em conjunto, os aspectos acima começam a constituir um grupo de investigação interessante
sobre governação para o DCC. Se este elo de governação for combinado com os debates
emergente e inovadores em matéria de alterações climáticas que estão a ocorrer a nível
nacional e global, tais como os limites para adaptação, perdas e danos, e a necessidade de
adaptação transformacional, poderá fornecer um enorme valor em termos de posicionamento
da região para a liderança a este respeito e uma maior alavancagem a nível internacional. As
principais questões emergentes relacionadas que estão a ser debatidas são as seguintes:



Limites à adaptação e a necessidade de adaptação transformacional, bem como
possibilidades de ligação da mitigação;
Perdas e danos, e a necessidade de acompanhamento, comunicação e verificação de
tudo isto, bem como de financiamento de adaptação;
Ambientes futuros, isto é, qual o aspecto da África austral dentro de 50 anos? 100
anos? Mais além no futuro?; e
136
Vide, por exemplo, Pahl-Wostl, C. 2009. “A conceptual framework for analysing adaptive capacity and multi-level learning
processes in resource governance regimes,” Global Environmental Change 19(3): 354-365.
Maio de 2014
209
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

Respostas de mitigação a curto prazo (foco nos próximos 20 anos) versus respostas a
médio e longo prazo.
Este tema de investigação poderá incluir um foco em algumas destas questões emergentes, ou
mesmo em todas, o que poderá igualmente auxiliar os preparativos e posicionamento da
região no processo de negociações climáticas a nível internacional, e à compreensão e
alavancagem da economia política da tomada de decisões em matéria de alterações climáticas.
De modo a considerar um destes factores, o tópico crucial das perdas e danos no processo das
negociações internacionais têm ressonâncias profundas na forma como os países da região
SADC podem ser afectados através da perda irrecuperável de ambientes, meios de
subsistência e identidade e valores culturais, através dos graves impactos climáticos. A
Declaração de Gaborone sobre Alterações Climáticas e Desenvolvimento de África de 2013 da
AMCEN salientou a necessidade de acção internacional em termos de perdas e dano (vide
secção 2.1.3); tal irá requerer mais investigação sobre a compreensão, e quantificação quando
aplicável, das perdas e danos na região.
137
Além disso, um relatório da do Instituto Universitário da ONU para o Ambiente e a Segurança
Humana (UNU-EHS) destaca a forma como as pessoas estão a ser levadas à pobreza devido às
alterações climáticas. O estudo apresenta estudos de casos do Burkina Faso, Etiópia,
Moçambique e Nepal que analisam os impactos de secas e cheias nos agregados familiares,
principalmente em agricultores de pequena escala. Mostra que, apesar da aplicação de
medidas de adaptação e de resposta, 96% dos agregados familiares inquiridos na Etiópia, 78%
no Nepal, 72% no Burkina Faso e 69% em Moçambique tinham experienciado impactos
negativos na respectiva segurança alimentar ou meios de subsistência após danos induzidos
pelo clima.138 O relatório sugere que as pessoas em países vulneráveis possam estar a abordar
fronteiras de adaptação “além das quais as alterações climáticas comprometem o
desenvolvimento sustentável”. O relatório ilustra igualmente perdas e danos não económicos,
como a perda da forma de vida e identidade cultural dos pastores que têm de se mudar para
áreas urbanas ou dedicar-se ao cultivo de terras. Estas discussões estão relacionadas tanto
com os limites à adaptação, como à necessidade de abordagens mais transformacionais à
adaptação, o que, uma vez mais necessitam frequentemente de mudanças profundas a nível
social e comportamental.
Os subtemas/áreas de foco para este grupo de investigação podem incluir o desenvolvimento
de gestão hídrica transfronteiriça para a resistência climática, uma forte prioridade ao nível
das prioridades da SADC, bem como modos de melhorar a capacidade de participação e
negociação em acordos multi-laterais. As ferramentas de apoio à decisão para uma melhoria
137
Warner, K., K. van der Geest e S. Kreft. 2013. “Pushed to the Limit: Evidence of climate change-related loss and damage when
people face constraints and limits to adaptation” Instituto Universitário das Nações Unidas para o Ambiente e a Segurança
Humana (UNU-EHS).
138
http://africasd.iisd.org/news/unu-ehs-report-illustrates-loss-and-damage-in-four-countries/
Maio de 2014
210
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
da governação climática poderiam igualmente ser desenvolvidas através deste tema de
investigação, por exemplo para explorar as seguintes áreas de investigação:

Desenvolvimento de um processo iterativo de tomada de decisões com recurso a um
cenário de desenvolvimento de um processo interactivo para a tomada de decisões
utilizando um desenvolvimento de cenário em questões complexas que precisem de
resposta, tais como as áreas de cultivo a longo prazo e o potencial hidroeléctrico
futuro.
Teriam de ser desenvolvidas mais propostas de perguntas de investigação para este tema.
Compromisso entre disciplinas: Este tema de investigação inspirar-se-ia numa gama de
disciplinas, através de abordagens de investigação multi, inter e transdisciplinares, de modo a
explorar estas ou outras áreas relacionadas com investigação. Estas disciplinas incluem, mas
não só, o que se segue:








Gestão Ambiental;
Economia;
Estudos de desenvolvimento;
Sociologia;
Planeamento;
Direito;
Ciência política e relações internacionais; e
Educação Ambiental.
Os principais núcleos e centros de competências para tal incluem, mas não só, os seguintes:








Universidade da Cidade do Cabo, Iniciativa Africana do Clima e Desenvolvimento (ACDI)
e Unidade de Avaliação Ambiental;
Instituto de Investigação de Okavango: investigação multidisciplinar em matéria de
gestão de recursos naturais na Bacia do Rio Okavango, programas específicos de
investigação focados nas alterações climáticas;
LEAD África Austral e Oriental (Faculdade Chancellor, Malávi): Centro de investigação e
desenvolvimento, com foco na formação de liderança e desenvolvimento para o
ambiente e desenvolvimento sustentável, inclui três grandes programas de
investigação e desenvolvimento em matéria de DCC. Ligação à LEAD África e à LEAD
internacional; Programa MESA do PNUA e Centros de Competências em ESD da UNU;
estação de rádio comunitária local;
Universidade de Dar Es Salaam: Cadeira de Docente Mwalimu Julius Nyerere:
Ambiente e alterações climáticas, pelo Prof. Pius Yanda;
Instituto para a Sustentabilidade da Universidade de Stellenbosch e Hub Tsama e
Escola de Gestão Pública (competências extensas nas áreas de governação ambiental,
política pública e desenvolvimento sustentável);
Faculdade de Direito da Universidade do Noroeste (está a criar um CE em Alterações
Climáticas e Direito);
Universidade do Cabo Ocidental (AS);
A Universidade de Pretória (AS) tem igualmente competências em inovação de
tecnologias e política tecnológica;
Maio de 2014
211
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos





Universidade de Stellenbosch (Faculdade de Humanidades – tem competências
reconhecidas internacionalmente em matéria de ética para as alterações climáticas);
Escolas Comerciais: Cadeira de Exxaro da UNISA de Alterações Climáticas e Negócios;
ligação com a Universidade de Rhodes, a Stellenbosch e as Escolas Comerciais da UCC
que também têm programas em matéria de alterações climáticas e
negócios/desenvolvimento sustentável;
Instituto de Investigação das Alterações Globais e a Sustentabilidade (tem um
programa de liderança climática) e o Centro de Estudos Jurídicos Aplicados da
Universidade Wits;
Departamentos de Política de várias universidades; e
Organizações de alunos.
Nota sobre o fortalecimento regional das informações e serviços climáticos
Conforme observado na secção 2, as informações e os serviços climáticos foram sofrendo lacunas de
investigação e conhecimento, incluindo modelização, redução e desenvolvimento de cenários. Trata-se
de uma lacuna fundamental e transversal bem reconhecida na maioria das análises e está a ser
abordada através de vários programas internacionais e regionais, como os da Organização
Meteorológica Mundial, o Programa de Investigação para o Clima Mundial (WCRP), as actividades
coordenadas do PNUD, incluindo o novo programa de segurança alimentar da AAP com o qual o tema
de investigação 1 pode fazer parceria, e o Centro de Serviços Climáticos da SADC, localizado no
Departamento de Serviços Meteorológicos do Botsuana, que dá formação em previsão climática ao
pessoal nos Serviços Meteorológicos/Hidrológicos Nacionais (NMHS), e com um foco no utilizador final.
O centro da SADC inclui actividades programáticas como a ligação dos Cientistas Visitantes da SADC ao
Centro e workshops, incluindo o Southern Africa Regional Climate Outlook Forum (SARCOF), e inclui
ainda o Sistema de Processamento e Produção de Dados Climáticos (CLIDAP) da SADC que engloba duas
partes: o Centro de Dados e o Centro de Tarefas. Uma iniciativa particularmente relevante para as
necessidades de conhecimentos da SADC para projecções reduzidas no CORDEX (Coordinated Regional
Climate Downscaling Experiment) do WCRP. Trata-se de um enquadramento internacional coordenado
para produzir uma geração melhorada de projecções regionais em matéria de alterações climáticas por
todo o mundo para dar opinião sobre estudos de impacto e adaptação no prazo do AR5 e além dele, e
envolve um mapa estratégico de 50 km. Contudo, um dos condicionalismos fundamentais para uma
melhoria das projecções e modelização climáticas é haver poucos conjuntos de dados meteorológicos
digitalizados para a região da SADC. Esta lacuna requer uma abordagem a longo termo e de capital
intensivo que envolva o desenvolvimento da rede de observação e de capacidades das agências
meteorológicas nacionais, as quais estão fora do âmbito do programa da SARUA.
Considerando o que foi abordado acima, não foi desenvolvido um tema de investigação dedicado às
informações climáticas. Contudo, os métodos de trabalho avançados com e que integram informações
climáticas fazem mesmo parte de uma série de temas de investigação propostos, tais como a avaliação
dos riscos, impactos e vulnerabilidades previstos no tema de investigação 1. Os grupos de investigação
precisariam de fazer uma parceria com outros programas e instituições para obter as melhores
informações climáticas disponíveis para as suas necessidades.
O programa da SARUA também contribuiria para o desenvolvimento da modelização climática e do
cenário, por exemplo através de apoios para preencher as lacunas nos dados do ecossistema fiáveis e
sistemáticos a longo prazo como base à investigação, à modelização e à monitorização, como previsto
para o tema da investigação 2, que visaria, entre outras coisas, responder ao seguinte tipo de questão
de investigação: Como poderia a recolha de tais dados de acompanhamento ambiental ser melhor
Maio de 2014
212
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
aplicada nos modelos de alterações climáticas a nível regional, nacional e local? Outra contribuição seria
no tema de investigação 7, o qual poderia explorar processos avançados de tomada de decisões para
questões complexas, por exemplo através do desenvolvimento de um processo interactivo para a
tomada de decisões utilizando um desenvolvimento de cenário em questões complexas que precisem
de resposta, tais como as áreas de cultivo a longo prazo e o potencial hidroeléctrico futuro.
Tais perguntas de investigação necessitariam de ser desenvolvidas através de mais discussão com os
programas existentes, os serviços meteorológicos nacionais e com os principais centros de informação e
análise climáticas como o Grupo de análise de sistemas climáticos (CSAG) da UCC e o Conselho para a
Investigação Científica e Industrial (CSIR) na África do Sul.
4.4 Desenvolvimento e inovação curriculares
4.4.1 Um enquadramento proposto para orientar o desenvolvimento e
inovação curriculares do DCC em todas as disciplinas139
A análise das necessidades de capacidade e o status quo existente relacionado com a inovação
curricular do DCC descrito no estudo de planificação (vide secção 3.2.9) demonstram
claramente que, em todos os doze países envolvidos no estudo de planificação, existe uma
necessidade fortemente expressa de envolvimento em inovação curricular. Por este motivo, é
proposto um enquadramento de orientação para o desenvolvimento e inovação curriculares
do DCC, de modo a iniciar as deliberações neste aspecto no programa de cinco anos da SARUA
(vide a secção 5). O enquadramento é necessariamente vasto e pode ser aplicado a diversos
contextos (conforme apresentado na Figura 14 abaixo.
Responde a um desafio que surgiu ao longo do estudo de planificação, no qual indicava que a
inovação curricular do DCC é necessária em todas as disciplinas e que esta inovação curricular
requer igualmente o envolvimento com abordagens inter e transdisciplinares ao ensino,
envolvendo novos métodos de ensino e novas formas de aprendizagem. Isto vem além de
inovações de curso mais específicas, que se encontram discutidas de forma mais
pormenorizada abaixo.
O estudo de planificação salientou que os académicos requerem apoio para se envolver em
inovações curriculares, especialmente em novas áreas como o DCC, uma vez que o DCC possui
implicações diferentes para disciplinas diferentes e coloca novos desafios ao desenvolvimento
curricular do Ensino Superior. O enquadramento para a inovação curricular do DCC sugerido,
descrito na Figura 14 abaixo, recomenda programas dedicados para o desenvolvimento de
capacidades dos funcionários que envolvem funcionários em práticas de inovação curricular.
“Ainda não nos sentimos confiantes naquilo que ensinamos no DCC”.
139
Nota: Esta secção é adaptada de uma publicação da PNUA que se encontra “em curso” (Lotz-Sisitka, in press).
Maio de 2014
213
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Participante de workshop do Zimbabué
Um enquadramento para a inovação curricular do DCC proposto para orientar o
desenvolvimento curricular a um nível amplo e o desenvolvimento de capacidades dos
funcionários encontram-se ilustrados na Figura 14 abaixo, com explicações posteriores, para
consideração por parte da rede de inovações curriculares.
Preocupações DCC, política e pesquisa
(Pontos de partida fundamentais para inovações
curriculares CCD)
Preocupações curriculares a incluir na inovação curricular do DCC
1. Novo pensamento
paradigmático
Aplicado a todas as disciplinas
(congruentes com disciplinas)
2. Tipos de conhecimento
relevantes para o DCC
Aplicado a cursos de licenciatura
e concepção de curso
(congruente com o nível e a
especialização)
3. Principais competências
para o DCC
Aplicado ao curso de pósgraduação e concepção de curso
(congruente com a
especialização)
4. Valores e Ética
Aplicado à concepção de cursos
(inter e transdisciplinares)
5. Novos métodos de
ensino e abordagens
Incluir criação de capacidades dos funcionários para inovação curricular em todas as
disciplinas
Figura 14: Enquadramento proposto para a inovação curricular do DCC
140
Todos os currículos do DCC têm de ser orientados por preocupações, política e investigação
do DCC. Por conseguinte, recomenda-se o desenvolvimento curricular baseado em
investigação.
As preocupações curriculares a incluir nas inovações curriculares do DCC em disciplinas e
níveis incluem pensamento paradigmático, isto é, pensamento em sistemas, pensamento
integrativo, pensamento crítico e criativo; integração de diferentes tipos e formas de
conhecimento relevantes para o DCC (vide secção 3.2.9), incluindo dar atenção a
conhecimentos autóctones onde relevante; principais competências para o DCC (vide secção
3.2.9.8); valores e ética, incluindo, por exemplo, a inclusividade e democracia; respeito pelas
pessoas e todas as formas de vida; entendimento relacional, apreciação estética; igualdade e
140
Nota: Este quadro proposto pode ser redefinido pela rede curricular, caso seja estabelecido. Esta figura e discussão abaixo
tenta estabelecer o princípio deste amplo quadro de orientação para a inovação curricular do DCC
Maio de 2014
214
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
justiça social; orientado para o futuro; qualidade de vida; cuidado e preocupação;
sustentabilidade. Os novos métodos e abordagens de ensino necessitam igualmente de ser
considerados, conforme descrito no estudo de planificação, incluindo a aprendizagem em
serviço e abordagens Web2.0.
A aplicação das principais preocupações curriculares acima enunciadas é possível em relação
a disciplinas diferentes (aqui os docentes teriam de considerar o enquadramento em relação
aos requisitos disciplinares específicos, por exemplo, o enquadramento aplicado ao Direito
poderá ser diferente do quadro a ser aplicado às Ciências da Biologia e Biodiversidade); níveis
de programa diferentes (por exemplo, programas de licenciatura e posteriores); e várias
especializações (ao nível de licenciatura e posterior). O enquadramento terá igualmente de ser
contextualizado de acordo com a estrutura disciplinar e a especialização. Poderá ser
posteriormente utilizado para orientar aspectos do ensino inter e transdisciplinar. Tal poderá
ajudar a fornecer uma “linguagem partilhada” que muitos dizem ser difícil de desenvolver em
processos de desenvolvimento curricular inter e transdisciplinar.
Este “enquadramento mais amplo” proposto poderá ser aplicado à concepção de um leque de
novos programas.
4.4.2 Novos cursos necessários por toda a região
O estudo de planificação revelou que estavam a ser desenvolvidos e/ou em desenvolvimento
vários cursos novos na região da SADC, concentrados nas preocupações relacionadas com as
alterações climáticas. Conforme referido acima na secção 2, a principal prática de inovação
curricular foi integrar aspectos de AC em cursos existentes, mas tal não foi feito
sistematicamente nem havia uma “visão” clara para a forma como estas inovações curriculares
podiam contribuir para o DCC. Havia uma forte sensação de que os cursos tinham de ser
desenvolvidos, mas pouca clareza quanto ao que deveriam conter e a forma como deviam ser
focados. Foi igualmente afirmado que os novos cursos teriam de ser cuidadosamente
pensados e desenvolvidos dentro dos ciclos de revisão curricular das universidades. O
enquadramento para a inovação curricular em matéria de DCC proposto, acima descrito,
poderia ajudar a abordar estes problemas.
Foram identificados quatro tipos de curso no estudo de planificação que necessitam de ser
desenvolvidos:

Módulos/cursos de licenciatura para integração em programas de ensino de
licenciatura numa gama de disciplinas (os exemplos aqui são os módulos do DCC
desenvolvidos para a licenciatura na UNAM, e os cursos agrometeorológicos
desenvolvidos para as licenciaturas na Universidade do Estado de Midlands no
Zimbabué; outros exemplos poderão ser encontrados no Volume 2). Tal envolveu um
processo de integração do DCC em programas e cursos existentes que exige
claramente uma discussão posterior a um nível regional relativamente à forma como
tal deve ser facilitado e apoiado e a forma como os resultados de alta qualidade
podem ser alcançados através de interacção e cooperação regional. Os resultados de
qualidade poderão vir a ser muito reforçados através do envolvimento no
enquadramento para a inovação curricular do DCC acima delineado.
Maio de 2014
215
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

Cursos de pós-graduação e mestrado, concentrados no DCC, como:



Um curso de mestrado (MSc/MPhil) específico em Alterações Climáticas e
Desenvolvimento Sustentável (tal como na Universidade da Cidade do Cabo); ou
Um mestrado que possui um foco disciplinar, mas fortemente concentrado no DCC
(tal como no mestrado em Ambiente e Alterações Climáticas recentemente
desenvolvido na LUANAR no Malávi); ou
Módulos “núcleo” ou “partilhados” que podem ser aplicados dentro de um leque
de outros mestrados especializados (por exemplo, seria possível desenvolver um
“modulo núcleo” sobre o DCC que poderia ser integrado no mestrado da
Universidade do Estado Livre, na gestão integrada de recursos hídricos em zonas
áridas; este processo foi discutido na iniciativa de mestrado ACCESS na África do
Sul mas não se encontra ainda implementada).
Todas estas três opções necessitam de ser consideradas pelas universidades
participantes e é necessário tomar uma decisão que funcionaria de forma adequada
nas universidades, no sistema universitário e em contextos de país. Uma vez mais, o
trabalho de desenvolvimento curricular poderia ser sustentado através de actividades
de desenvolvimento curricular colaborativas em termos vastos pelo enquadramento
proposto para a inovação curricular do DCC acima delineado.
Contudo, para o Curso de Mestrado, teriam de ser formados subgrupos do
subprograma de Inovações Curriculares concentrados em áreas de especialização
particulares (por exemplo, energias renováveis ou modelização climática ou
agrobiodiversidade e segurança alimentar, etc.) como subgrupos dentro do núcleo de
inovações curriculares. A formação do subgrupo será determinada pela participação
contínua no programa de cinco anos da SARUA em matéria de alterações climáticas e
desenvolvimento. Embora seja demasiado cedo para se poder determinar, é possível
que venham a surgir programas do curso de mestrado associados a algumas ou todas
as principais áreas temáticas de investigação. Contudo, tal dependerá das
universidades participantes e dos seus principais interesses, áreas de especialização e
por aí em diante.
Embora não seja necessariamente mais importante do que o trabalho de
desenvolvimento do curso de integração de licenciatura, esta concentração na
inovação curricular do curso de mestrado deverá ser vista como uma prioridade
principal, particularmente se a capacidade de investigação em matéria de DCC tiver de
ser reforçada.

Cursos interdisciplinares: esta forma de desenvolvimento de curso envolve
normalmente mais do que uma disciplina e concentra-se numa área ou foco do DCC
que é essencialmente interdisciplinar, tal como a "Vulnerabilidade e resistência das
alterações climáticas urbanas". As questões essenciais a abordar nesta concepção do
curso não se resumem apenas ao enquadramento curricular acima delineado (secção
4.5.1). Diz igualmente respeito às questões institucionais associadas à credenciação
dos programas, e ao financiamento do ensino em departamentos diferentes. Uma vez
que este desenvolvimento curricular não se “encaixa” facilmente nas estruturas
Maio de 2014
216
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
institucionais existentes (que seguem o enquadramento disciplinar de integração),
requer muitas vezes liderança a um nível elevado na universidade (como no caso da
UCT que nomeou um DVC para realizar este tipo de inovação na universidade).
Embora este tipo de desenvolvimento curricular “não seja fácil”, constitui uma forma
importante de inovação curricular que deveria igualmente ter prioridade e ser
desenvolvida posteriormente no programa da SARUA, onde há interesse e capacidade
para levar este tipo de trabalho em frente. A participação nesta forma de
desenvolvimento curricular poderá igualmente ser associado aos núcleos de
investigação acima descritos, na secção 4.4.

Desenvolvimento e formação na metodologia de investigação: Esta forma de
desenvolvimento de cursos concentra-se na concepção do curso de metodologia de
investigação e houve um pedido claro para a formação na forma como conduzir tipos
de investigação multi, inter e transdisciplinares, bem como para formas de
investigação de alterações climáticas convencionais (por exemplo, avaliações de risco
e vulnerabilidade). Algumas sugestões práticas para novas metodologias incluem a
utilização de abordagens de métodos mais misturados; abordagens orientadas para a
acção; modelização de sistemas e por aí em diante. A Comissão de Investigação da
Água na África do Sul denomina-o “kit de investigação transdisciplinar” e poderá haver
interesse em vários conselhos de investigação para apoiar o desenvolvimento deste
tipo de programa de apoio metodológico.
Existe uma necessidade de processos de desenvolvimento e formação em metodologia de
investigação nos quais as melhores práticas metodológicas inter e transdisciplinares das
universidades participantes possam ser documentadas e partilhadas com outros a um nível
regional. Um conselho de ciência da investigação (por exemplo, programa regional Future
Earth/ICSU/ISSC) poderia apoiar um processo deste tipo para desenvolver um manual e curso
de metodologia da investigação para investigadores da África austral de modo a reforçar a
capacidade para levar a cabo o DCC e/ou a investigação de alterações globais. Existem
igualmente manuais de investigação inter e transdisciplinares publicados a nível internacional
que foram recentemente publicados e várias obras publicadas sobre a investigação inter e
transdisciplinar que podem ser utilizadas dentro deste programa de formação. Estas
necessitariam de ser adequadamente definidas e terão de ser recolhidos exemplos regionais
desta metodologia junto das universidades participantes para utilizar como material de estudo
de casos na formação em metodologia. Conforme indicado no estudo de planificação, este
trabalho encontra-se numa fase inicial na região da SADC. O programa SARUA poderia
potencialmente incrementar este tipo de trabalho metodológico a um nível regional. Além
dele, deverá figurar o desenvolvimento de capacidades para angariação de fundos para
investigação e a publicação em investigação.
Em todas estas iniciativas de desenvolvimento de cursos, deverão ser reunidos esforços para
focar a utilização possível de TIC e ferramentas Web2.0, bem como materiais de curso
partilhados onde estas abordagens sejam adequadas.
Maio de 2014
217
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
4.4.3 Parceiros regionais “iniciais” para a rede de Inovação Curricular
O estudo de planificação identificou um número de potenciais parceiros ou grupos regionais
que poderiam começar a formar o currículo e/ou as redes de desenvolvimento de capacidades
capazes de fazer avançar as actividades da rede de desenvolvimento de capacidades propostas
a um nível elevado; e que poderia, por sua vez, apoiar vários subgrupos curriculares na rede
curricular onde necessário (conforme acima referido e discutido em pormenor na secção 5).
Estes incluem, mas não se limitam a:








Programa START e a Universidade de Dar Es Salaam e respectivo trabalho de inovação
curricular para o DCC nas universidades.
Programa de Educação Ambiental Regional da SADC (que possui uma experiência
substancial no apoio a inovações curriculares para áreas orientadas para a
sustentabilidade, incluindo as alterações climáticas).
Cadeiras da MESA na Universidade do Botsuana, na Universidade da Zâmbia e na
Universidade da Suazilândia; a Rede de Alunos do Programa de Formação
Internacional MESA/Sida; e a rede MESA da África austral, uma vez que possuem
igualmente experiência e competências no apoio a actividades de inovação curricular
relacionadas com o DCC.
O Centro de Investigação de Aprendizagem Ambiental na Universidade de Rhodes na
África do Sul, que tem estado a liderar o trabalho de inovações curriculares para o
Programa das Nações Unidas para o Ambiente, a UNESCO, o Programa de Educação
Ambiental Regional da SADC e a rede MESA. O CIAA na Universidade de Rhodes tem
estado igualmente a coordenar o Programa Internacional de Formação África-Ásia
para o Ensino Superior para o Desenvolvimento Sustentável.
Centros e Unidades de Ensino e Aprendizagem de Ensino Superior (uma vez que estes
apoiam o desenvolvimento curricular e o ensino e aprendizagem nas universidades).
Centros Universitários, Institutos, Cátedras e investigadores e académicos de topo com
“programas modelo” que podem modelar a apoiar inovações curriculares para o DCC.
Os exemplos referidos durante o estudo de planificação incluem o Mestrado da ACDI
em Alterações Climáticas e Desenvolvimento da Universidade da Cidade do Cabo, ao
qual outros gostariam de associar, e as inovações curriculares transdisciplinares do
núcleo TSAMA da Universidade de Stellenbosch aos níveis de mestrado e
doutoramento (entre outros). Inclui igualmente o Centro de Excelência ACCESS, que
possui um mandato para se envolver na inovação curricular do curso de mestrado em
várias instituições.
É igualmente possível obter apoio para inovações futuras (especialmente a utilização
de abordagens Web2.0) de instituições como a Universidade Aberta no Reino Unido e
instituições regionais de Aprendizagem Aberta e à Distância (ODL - Open and Distance
Learning), sendo a Universidade da África do Sul a maior no continente. Contudo,
também se destacam outras como a Universidade Aberta do Zimbabué (cujo ViceReitor é igualmente Presidente do Conselho de Administração da SARUA). A SADC
possui igualmente um programa que se concentra na ODL e manifestaram interesse
em formar funcionários em ODL, na forma como integrar a sustentabilidade e as
preocupações relacionadas com o DCC em programas de ODL.
A PNUA dispõe igualmente de programas de formação para o pessoal académico
desenvolver competências na inovação curricular, bem como um leque de material
Maio de 2014
218
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

para utilização por parte das universidades como recursos que podem ser usados para
o ensino e concepção e ensino de currículos.
O Conselho Internacional para a Ciência (ICSU) e o seu Programa Future Earth,
juntamente com a UNESCO e o Conselho Internacional de Ciências Sociais (ISSC), e
conselhos/instituições/departamentos de investigação da África austral deverão ser
abordados para apoio ao programa SARUA, associado à formação em metodologia de
investigação em abordagens de investigação inter e transdisciplinares que são
orientados para as ciências socioecológicas e que ajudam a abordar questões de
investigação relacionadas com o DCC. Várias universidades por toda a SADC onde esta
perícia poderia ser mobilizada dentro de uma parceria deste tipo para desenvolver um
enquadramento e um kit de ferramentas/materiais para esta formação, que por sua
vez poderiam ser oferecidos anual ou bianualmente a estudantes em áreas
relacionadas com o DCC.
4.5 Intervenções de alcance político e comunitário
4.5.1 Investigação e política do DCC: Para uma abordagem mais proactiva
O estudo de planificação demonstrou que, na maioria dos países, os académicos universitários
contribuíam substantivamente para o desenvolvimento de política do DCC ao nível de país.
Todavia, o estudo de planificação revelou igualmente que o envolvimento com estes processos
respondia largamente à necessidade de comunicação nacional e/ou desenvolvimento de
políticas conforme enquadrado pelos processos da UNFCC e pelo desenvolvimento de
Programas de Adaptação Nacional e por aí em diante. A maior parte da investigação destes
processos de desenvolvimento de política é financiada pelo governo, pelo que existe pouca
investigação proactiva para moldar a futura ordem de trabalhos política. Por conseguinte,
existe uma necessidade de mudar a política para uma abordagem mais proactiva.
Áreas temáticas do programa
de investigação do DCC
prioritárias
e conclusões da investigação
(informa e molda potencialmente as
políticas e a eficácia e implementação das
mesmas)
Situação actual:
Processos reactivos de investigação e
política para o DCC, sobretudo a níveis de
país individual (pouca interacção entre os
países, excepto através de intervenções
financiadas por doadores)
Situação visada:
Criação de políticas para o DCC pró-activas, com
base em informações, através da colaboração na
investigação regional na qual os investigadores
podem comparar conclusões com as
necessidades contextualizadas sobre questões
relevantes para o DCC para informar as políticas
Programa de cinco anos da
SARUA: Acções de Rede de
Políticas e Desenvolvimento
Institucional
Figura 15: Diagrama que apresenta o potencial papel do envolvimento da investigação na criação de políticas
Maio de 2014
219
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
São propostas várias estratégias de investigação política para reforçar uma abordagem
proactiva e baseada em provas à criação de políticas para o DCC na SADC. Estes incluem, mas
não se limitam a:
4.5.1.1 Reforçar a qualidade e credibilidade de resultados de investigação e
comunicação de investigação




Desenvolver fortes programas de apoio à publicação de investigação e apoiar
investigadores a publicar investigação revista por pares em publicações e fóruns
revisto por pares internacionais, uma vez que tal aumenta a credibilidade dos
resultados da investigação em contextos nacionais e internacionais, incluindo
contextos de política.
Organizar e/ou apoiar diálogos de política regulares entre investigadores e decisores
políticos; tal poderia ser estabelecido através de um fórum de diálogo político dentro
do Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos SARUA mais amplo. Estes
diálogos políticos necessitam de ser locais, nacionais, regionais e internacionais.
Traduzir resultados da investigação em publicações e outros formatos (por exemplo,
resumos de políticas/notícias/transmissões em redes sociais, etc.) que possam ser
partilhados com decisores políticos, sobretudo em instâncias onde a “massa crítica”
pode ser utilizada para estabelecer conclusões de investigação credíveis e sistemáticas
(por exemplo, estudos comparativos entre países; ou projectos de larga escala
utilizando instrumentos e abordagens semelhantes nos países; consolidação de provas
de estudo de casos; estudos em várias escalas e vários locais, etc.). As faculdades de
jornalismo e departamentos/unidades de comunicação nas áreas temáticas de
investigação do ECPC poderiam ajudar neste aspecto de comunicações de investigação
de políticas.
Envolver-se em investigação de políticas para o DCC. Aqui seria crucial incluir
faculdades de ciência política, faculdades de humanidades e faculdades de direito,
bem como escolas de gestão pública nas áreas núcleo de investigação propostas,
conforme delineado na secção 4.4 acima.
4.5.1.2 Reforçar o resultado ciência-política das ligações cooperativas regionais e
programas de desenvolvimento de capacidades de investigação

Maximizar ligações de cooperação regional com investigação internacional e regional e
parceiros de desenvolvimento para assegurar o máximo impacto da investigação na
política. Os exemplos que foram identificados no estudo de planificação incluem:

Parcerias internacionais como o PNUD, a PNUA e a UN Habitat que trabalham com
parceiros e investigadores locais, mas procuram igualmente causar impactos políticos
a nível nacional e internacional;
Organizações e estruturas regionais como o Grupo de Trabalho Técnico Intersectorial
em Matéria de Alterações Climáticas (CTWG) da SADC. Este grupo de trabalho já está
interessado em integrar e aproveitar outras iniciativas relacionadas com o DCC na
região. Tal proporciona uma oportunidade para o programa SARUA de posicionar os
seus resultados de investigação dentro de uma estrutura política que pode
potencialmente informar processos e resultados de política nacional e regional;
Estruturas ao nível da SADC ou regionais mais amplas que se encontram a facilitar a
desenvolvimento de capacidades de investigação e funcionamento em rede, tal como


Maio de 2014
220
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
o programa START141 (Sistema de Análise, Investigação e Formação das alterações
globais), RAEIN-Africa (Rede de Iniciativas Regionais Agrícolas e Ambientais – África),
Comissão da Corrente de Benguela, SASSCAL (Centro do Serviço das Ciências Sulafricano para as Alterações Climáticas e a Utilização da Terra de Adaptação), AMESD
(Projecto Africano de Acompanhamento Ambiental para o Desenvolvimento
Sustentável), AEON (Rede de Observação Ambiental de África), WATERNET, Rede de
Centros Aquáticos de Excelência NPDA, FEWSNET (Sistema de Alerta Rápido da Fome)
e outros desempenhavam um papel importante tanto na desenvolvimento de
capacidades de investigação como no funcionamento em rede de investigação (vide
Anexo A), e operavam a um nível que permitia aos investigadores da SADC interagir,
aprender uns com os outros e produzir novos conhecimentos a uma escala regional.
Conforme indicado na secção 3, o START poderá ser um modelo particularmente
importante a considerar.142
4.5.1.3 Reforçar sinergia e coerência política e reconhecer a forma como alcançar este
sinergia e coerência política


As estratégias são igualmente necessárias para realçar a sinergia e coerência política e
tal requer interacção com instituições políticas nos sectores a nível nacional,
provinciano e local. O problema de uma falta de sinergia e coerência política é, ao
mesmo tempo, uma oportunidade para inovação política.
As áreas temáticas de investigação do Enquadramento de Co-Produção de
Conhecimentos poderiam incluir como uma das suas áreas de investigação, um fluxo
em sinergia e coerência política, e procurar formas práticas de informar estes
processos políticos e comunicá-las bem aos sistemas políticos, tirando novamente
partido da possibilidade de “massa crítica” que será possível num programa como o de
cinco anos da SARUA.
4.5.1.4 Reforçar o entendimento político do DCC

141
São necessárias estratégias para assegurar que exista um entendimento mais claro de,
e conceptualização da relação entre o DCC e o desenvolvimento sustentável, e que
lidar com o DCC é uma questão de vários níveis que atravessa sectores, afectando
todas as instituições na sociedade. Os enquadramentos conceptuais claros para a
investigação do DCC necessitam de ser acordados e utilizados em programas de
investigação e interacções com intervenientes. A isso junta-se a necessidade de DCC
mais comum, uma vez que os participantes afirmaram que é muitas vezes relegada
para a área dos geógrafos ou cientistas.
http://start.org/about
142
O trabalho concentra-se na variabilidade e alterações climáticas, redução de riscos de desastre, alteração da utilização de
terrenos/cobertura de terrenos, conservação da biodiversidade, desenvolvimento urbano, saúde humana, gestão de recursos
aquáticos, agricultura e segurança alimentar e modelização climática regional e serviços climáticos. As medidas do programa visam
a ciência, bem como a interface da ciência, política e prática, e informam as acções para um desenvolvimento mais resistente e
adaptável.
Maio de 2014
221
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos





Reforçar o entendimento político do DCC requer igualmente o envolvimento crítico
com a multiplicidade de novos conceitos que se encontram a ser utilizados dentro do
enquadramento mais amplo do DCC e desenvolvimento sustentável.
Além disso, são necessários casos que demonstrem que as relações entre o DCC e o
desenvolvimento sustentável para ilustrar as questões em prática, a nível político e
comunitário, especialmente para informar sobre medidas de implementação de
política do governo local. Sempre que possível, as instituições políticas locais deverão
ser incluídas de alguma forma em equipas de investigação transdisciplinares, uma vez
que tal poderá potencialmente reforçar entendimentos do DCC dentro da política e do
sistema de implementação de políticas.
O DCC terá igualmente de estar relacionado de forma coerente com os próximos
Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que requererá um envolvimento
cuidadoso com os ODS e a ordem de trabalhos pós-2015 de formas que não provocam
confusão. Aqui, a inter-relação do ambiente, sociedade e economia (tal como no DCC)
será um ponto central da coerência entre o DCC e os ODS.
A juntar-se estão as exigências específicas da ordem de trabalhos do acordo climático
pós-2015, na qual os investigadores universitários poderiam desempenhar um papel
principal na exploração de áreas críticas relevantes para as políticas, tais como perda e
danos, e na formulação de metodologias e tecnologia para os programas
implementarem as medidas de redução de emissões e medidas de adaptação
definidas pelos países.
O envolvimento crítico com os discursos e preocupações políticos formam parte das
medidas requeridas aqui, conforme salientado, em particular, nos workshops de
estudo de planificação do Malávi e África do Sul.
4.5.2 Política e investigação: Para maior concentração na implementação de
políticas
Além da necessidade de uma abordagem mais proactiva à criação de políticas baseadas em
provas, o estudo de planificação identificou igualmente uma necessidade de envolvimento
com base em investigação com a implementação de políticas. Em 12 países salientou-se que
os países encontravam-se a fazer políticas progressivas e de longo alcance para o DCC. Porém,
existia igualmente a preocupação, consoante relatado na secção 3.9.2, que embora se
encontrem a ser desenvolvidas boas políticas, estas não estão a ser traduzidas na prática.
Embora esta seja uma questão mais vasta que atravessa todo o panorama político na África
austral devido a vários factores estruturais (por exemplo, orçamentos e capacidades de
implementação política inadequados), existem algumas estratégias com as quais podem ser
trabalhadas para reforçar a implementação política.

Entre as principais encontram-se a adopção de abordagens de investigação multiintervenientes e orientadas para a acção onde estas são mais relevantes, e a tradução
de resultados de investigação em directrizes práticas e/ou apoio.
Foi igualmente evidente no estudo de planificação que a maioria dos governos finalizou
recentemente, ou encontrava-se no processo de finalizar, políticas de Resposta a Alterações
Climáticas nas quais muitos académicos se envolveram. A continuação desta fase de política
requererá que a ênfase passe da criação de políticas para a implementação de políticas.
Maio de 2014
222
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

A implementação de políticas e a eficácia das mesmas deverão igualmente constituir
um aspecto principal da investigação dentro das áreas temáticas de investigação da
co-produção de conhecimentos. Esta atenção na implementação de políticas,
integrada nas áreas temáticas de investigação, ajudaria a abordar preocupações
identificadas no estudo de planificação na relação entre a ciência, a política e a prática.
4.5.3 Investigação e envolvimento e sensibilização comunitários
O estudo de planificação apontou para o potencial das abordagens de investigação multi, inter
e transdisciplinares e a forma como realçam e podem realçar ainda mais as abordagens de coaprendizagem e envolvidas na comunidade para a investigação e produção de
conhecimentos. Tal é visível nos estudos de casos de investigação inter e transdisciplinares
apresentados nos estudos de planificação de país (vide igualmente as Caixas 1, 2 e 3 na secção
3.6.1). Estas abordagens parecem estar a diminuir o fosso que existe actualmente entre as
universidades e as respectivas comunidades, apesar de haver uma grande preocupação das
universidades e intervenientes com o facto de as comunidades deverem ser as principais
beneficiárias do conhecimento que se encontra a ser produzido nas universidades,
especialmente em áreas de ciência aplicada como as muitas áreas científicas relacionadas com
o DCC. Conforme apresentado no estudo de planificação, este fosso entre as universidades e
as respectivas comunidades deve-se parcialmente ao facto de os académicos possuírem
grandes cargas de ensino e não encontrarem facilmente tempo para sensibilização
comunitária, também porque foram chamados para oferecer apoio ao DCC nos últimos anos.
Contudo, existem algumas estratégias que emergiram do estudo de planificação que podem
ser levadas a cabo nas próximas fases do programa de cinco anos da SARUA sobre o
desenvolvimento e alterações climáticas. Estes incluem, mas não se limitam a:






Reforçar o empenho em, e oportunidades para, abordagens inter e transdisciplinares à
investigação, visto que parecem estar a fazer a ligação entre a investigação, a
sensibilização comunitária e o envolvimento;
Reforçar o uso de estratégias curriculares que permitem o envolvimento e a
sensibilização comunitária, tais como aprendizagem em serviço, trabalho de campo,
práticas de investigação e demonstração de acções (por exemplo, demonstrações de
tecnologia de energia verde);
Reforçar a política universitária sobre o envolvimento e sensibilização comunitários e
incentivos e tempo para os académicos participarem na sensibilização comunitária;
Reforçar o estado da investigação com envolvimento comunitário e a investigação do
envolvimento comunitário, uma vez que ajuda a desenvolver conhecimento de
práticas de envolvimento comunitário eficazes;
Recorrer a abordagens no ensino e investigação como, por exemplo, a Adaptação com
Base na Comunidade, pode ajudar a facilitar o alcance e o envolvimento comunitários
porque requerem envolvimento com base no terreno com preocupações e práticas
comunitárias; e
Reforçar abordagens à investigação associadas ao conhecimento autóctone, uma vez
que estas requerem abordagens com envolvimento comunitário à investigação e
envolvimentos aprofundados com as comunidades em contextos práticos.
Maio de 2014
223
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
4.6 Política e estratégia para o Ensino Superior
4.6.1 Intervenções na política e estratégia para o Ensino Superior para
apoiar a “massa crítica” para o DCC
Este estudo de planificação demonstrou que atingir os objectivos do DCC, conforme definidos
nas políticas e estratégias de resposta nacional às alterações climáticas, depende de um
sistema de investigação de ciência e tecnologia eficaz e funcional. Um sistema deste tipo tem
de incluir todas as disciplinas e deverá funcionar na interface de ciência, política e prática.
Como demonstrado no estudo de planificação, tal requer igualmente abordagens multi, inter e
transdisciplinares à co-produção de conhecimentos. Há um acordo entre as políticas nacionais
de que a ciência e a produção de conhecimentos está no seio da promoção da inovação para o
DCC e desenvolvimento sustentável na África austral e em África num sentido mais amplo.
Todavia, conforme apresentado no estudo de planificação, a África austral ainda não dispõe
dos recursos e da “massa crítica” no seu sistema de ciência e tecnologia nem nas suas IES para
responder com eficácia às prioridades e aos desafios do DCC. As universidades por si próprias
não são capazes de fornecer os recursos necessários ou as plataformas de investigação
nacionais e enquadramentos estratégicos e políticos que são conducentes ao DCC a nível
nacional e/ou regional. Existe a necessidade de uma forte política de Inovação na Ciência e
Tecnologia (que inclui ciências sociais, humanidades e educação) e política e estratégia para o
Ensino Superior fortes que podem criar um ambiente conducente para a investigação do DCC.
Conforme delineado pela ADEA (2012), a prova sobre a situação do ensino superior e
investigação não é ambígua: A África não investiu recursos adequados para desempenhar o
seu justo papel na produção global de conhecimento científico, tecnológico e industrial para o
desenvolvimento sustentável. O mesmo se pode dizer da África austral. Porém, existem
iniciativas suficientes que mostram que há potencial para uma maior investigação e coprodução de conhecimentos para o desenvolvimento sustentável em África, especificamente
na África austral. O DCC oferece uma trajectória clara na, e através da qual tal pode ter lugar.
No entanto, compreender que este potencial existe, exige que se estabeleçam políticas e
medidas robustas no campo do ensino superior, que possam ser todas levadas avante no
programa de cinco anos da SARUA em matéria de alterações climáticas e desenvolvimento.
Estes incluem, mas não se limitam a:
4.6.1.1 Reforçar o papel e o estado da ciência e tecnologia no DCC
Há uma necessidade de reforçar a representação e o papel da ciência e tecnologia do DCC e
abordagens multi, inter e transdisciplinares à produção de conhecimentos em todos os
sistemas de educação e formação na região da SADC, desde a educação básica ao nível
universitário, conforme indicado ao longo deste estudo de planificação em todos os países. De
acordo com a Associação Africana para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA)
(2013), os estudos do Banco Mundial demonstram que, pelo menos, um terço dos licenciados
devem ser formados em ciência e engenharia para que a assimilação tecnológica tenha lugar
num dado país. Deverá ser feito um esforço especial para formar professores para a excelência
nesta área e atrair mais mulheres ao estudo de campos relacionados com o DCC. Assim, ao
Maio de 2014
224
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
fazer avançar o Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos do DCC, são necessárias as
medidas seguintes:



Promover a produção de conhecimentos do DCC relacionado com a ciência e a
tecnologia em todas as áreas prioritárias de investigação, mas especialmente na saúde,
agricultura, gestão de recursos naturais, água, biodiversidade e gestão de serviços de
ecossistema, tecnologia limpa, eficácia energética, desenvolvimento de infraestruturas resistentes ao clima, ciências climáticas, desenvolvimento urbano e rural e
sistemas de produção de energias renováveis (vide Análise das Necessidades na secção
2 e no Anexo A).
Definir prioridades para os estudos de doutoramento nestas áreas, de modo a formar
professores de excelência nas mesmas. Tal requer a identificação de docentes na
ciência e na tecnologia do DCC que actualmente não possuem doutoramentos nestas
áreas, e através das áreas temáticas de investigação da SARUA, fornecer “áreas de
nicho” de estudo bem sustentadas e um contexto institucional e de co-produção de
conhecimentos de apoio para que possam ter sucesso. Tal inclui formação em
metodologia de investigação conforme referido acima e, potencialmente,
desenvolvimento de programas de investigação em países e campus, e proporcionar
aos supervisores formação e apoio adicionais quando necessário.
Promover a participação de mais mulheres nas áreas de investigação relacionadas com
o DCC.
4.6.1.2 Reforçar parcerias entre universidades/intervenientes ara o DCC ao nível
nacional e sub-regional e além




Conforme apresentado neste estudo de planificação, estas parcerias envolvem
organizações regionais envolvidas na investigação e desenvolvimento do DCC e AC,
redes de investigação relacionadas com o DCC, instituições de governo locais e
nacionais e instituições e conselhos de investigação, bem como parcerias interuniversitárias que vão igualmente além das fronteiras nacionais.
Em particular, este estudo de planificação identificou núcleos específicos de
competências, centros de competência e centros de excelência em torno dos quais
estas parcerias podem desenvolver-se a nível regional.
Estas parcerias são essenciais para o desenvolvimento de carreiras no DCC para
estudantes universitários, para a criação de emprego e para abordar o destacamento
entre as competências dos licenciados e os difíceis contextos sociais e futuras
trajectórias de desenvolvimento com os quais se confrontam à medida que emergem
do Ensino Superior. O estudo de planificação do DCC mostrou que não existe uma
correspondência entre o que é oferecido nas universidades e o que é exigido na
prática, especialmente nas novas áreas de conhecimento e resposta em rápido
crescimento como o DCC. As políticas para o DCC são relativamente novas nos países
(a maioria nos últimos cinco anos, com algumas ainda a serem esboçadas). A futura
capacidade de implementação para estas políticas terá de ser apoiada na, e através da,
educação universitária de alta qualidade.
O estudo de planificação demonstrou que estas parcerias podem igualmente construir
pontes, criar parceiros de fronteira e ajudar a estruturar a investigação universitária de
formas que podem facilitar o cumprimento das exigências de alterações sociais e
estruturais complexas, requeridas pelo DCC, dentro de um círculo mais amplo do
Maio de 2014
225
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
desenvolvimento sustentável. Estas parcerias são igualmente necessárias para apoiar e
construir “grupos de inovação” que, de acordo com a ADEA (2012), são muito
necessárias no continente africano para “criar crescimento, valor acrescentado e
emprego, tirando partido dos vastos recursos naturais disponíveis para o mesmo”,
estabelecendo simultaneamente futuros e vidas viáveis, equitativos e sustentáveis
num contexto em rápida evolução. O estudo de planificação através das áreas
temáticas de investigação apontou para possíveis “grupos de inovação” para o DCC na
África austral.
4.6.1.3 Alargar o papel que os investigadores em África desempenham na área do DCC

Actualmente, os investigadores em África encontram-se a desempenhar um “pequeno”
papel na produção de conhecimentos e inovação a nível global, em todos os campos,
incluindo o DCC.


Tal pode ser explicado através de um apoio concertado ao Enquadramento de CoProdução de Conhecimentos proposto, delineado na secção 4.4 acima.
Além disso, deverão ser implementadas abordagens proactivas ao apoio da
produção de publicações revistas por pares. O estudo do caso sul-africano
demonstrou que uma intervenção de política nacional (na qual o financiamento de
instituições de Ensino Superior está associado ao resultado das investigações)
aumentava significativamente os resultados de investigação revista por pares,
aumentando a credibilidade da produção de conhecimentos.
4.6.1.4 Apoiar intervenções e práticas que permitem que o conhecimento produzido
em universidades possa ser partilhado e desenvolvido com as comunidades
O estudo de planificação destacou uma preocupação com o facto de, na maioria dos países, o
conhecimento que é produzido nacionalmente alimenta a política, mas não o envolvimento
comunitário e/ou práticas de alterações sociais com a eficácia que poderia. Porém, existem
novas oportunidades para abordar este problema, dando atenção ao seguinte:





O rico conhecimento autóctone que resulta da diversidade de culturas e competências
e é produzido formal e informalmente (havia um forte acordo entre os países de que
esta era uma área importante da Inovação do Ensino Superior para o DCC). Um tema
de investigação para abordar esta questão foi identificado na secção 4.4;
Política e práticas de investigação melhoradas para o DCC que são estabelecidas de
forma mais proactiva e se concentram na implementação de políticas (conforme
descrito acima na secção 3.5);
Melhoria das estratégias de envolvimento comunitário para o DCC (conforme
delineado acima na secção 3.5);
Mobilização do imenso talento de um continente jovem com jovens que possuem
vastas capacidades para inovação e criatividade se apoiados para desenvolver estas
competências, dando mais atenção ao envolvimento dos estudantes no DCC; e
Envolvimento académico e proactivo com planos de resposta nacionais para o DCC,
publicados sob a forma de comunicações e políticas nacionais (conforme delineado
acima na secção 3.5).
Maio de 2014
226
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
4.6.1.5 Reforçar o empenho e liderança do sector do Ensino Superior no DCC, incluindo
a liderança universitária
Conforme salientado em todos os países envolvidos neste estudo de planificação, a liderança e
o empenho do Ensino Superior, tanto a nível nacional como a nível universitário, são
requeridos para maximizar o potencial de produção de conhecimentos do DCC. As estruturas
de liderança universitária (a nível nacional e universitário) necessitam de apoiar sistemas de
favorecimento da investigação, publicação, ensino e financiamento de investigação, de modo a
facilitar o DCC e outras formas de co-produção de conhecimento, disseminação de
conhecimento e alcance comunitário e político. A liderança universitária é igualmente
essencial para a inovação curricular para o DCC, conforme referido várias vezes ao longo do
estudo de planificação. Como argumenta a ADEA, o continente africano deverá “pôr fim à
estagnação dos recursos dedicados à investigação e investir, pelo menos, 1% do PIB na criação
de conceitos teóricos e práticos que podem gerar e acelerar o desenvolvimento sustentável”.
Foi dito inúmeras vezes que se podem aprender lições a partir da maneira como o sector do
Ensino Superior da SADC trabalhava em colaboração para abordar a questão do VIH/SIDA. O
DCC requer uma resposta semelhante do sector como um todo e dos líderes universitários. A
SARUA poderia facilitar diálogos de liderança posteriores, tal como fez no estabelecimento do
programa de cinco anos em matéria de desenvolvimento e alterações climáticas na África
austral, a pedido do sector do Ensino Superior.
4.6.1.6 Investir numa abordagem proactiva aos caminhos de desenvolvimento
institucionais
Existe igualmente a possibilidade de investir no reforço de grupos de investigação existentes e
no apoio ao seu crescimento nos centros e redes de investigação, redes e centros de
investigação em Centros de Competências, e Centros de Competências em Centros de
Excelência, oferecendo caminhos de carreira para investigadores activos, bem como no
desenvolvimento da “massa crítica” tão necessária para uma co-produção de conhecimentos
eficaz. O estudo de planificação “localizou” onde estes núcleos de competência, centros de
competência e centros de excelência existem, juntamente com as redes de favorecimento de
investigação às quais estão associados. Tal proporciona uma plataforma forte para levar estes
caminhos de desenvolvimento institucionais avante. Os programas de bolsa de pós-graduação
constituem uma parte integrante disso, assim como as medidas como as bolsas pósdoutoramento, formação e apoio de supervisão, programas de doutoramento e inovações
curriculares ao nível de mestrado e participação em programas de investigação internacional
(por exemplo, o plano de investigação Future Earth; programas de investigação em energias
renováveis globais, etc.). As áreas temáticas de investigação criam uma via possível de
envolvimento proactivo com os caminhos de desenvolvimento institucionais, associando
núcleos de competências a centros de competências, centros de excelência e a comunidade de
investigação internacional numa forma proactiva.
4.6.1.7 Implementar intervenções de políticas a nível nacional que facilitam
igualmente a cooperação internacional na investigação do DCC
Para que tal se concretize, os países necessitam de implementar fortes planos e estratégias de
investigação capazes de atrair cooperação regional e parcerias de investigação internacionais.
Maio de 2014
227
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
A abordagem sul-africana de definição dos Grandes Desafios Nacionais com Planos de
Investigação Nacionais mostra que esta abordagem funciona para construir capacidades de
investigação, e atrai igualmente parcerias internacionais e financiamento para investigação.
Este Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos da SARUA proporciona este
enquadramento a um nível regional. Pelo menos inicialmente, deverá ser dada atenção
considerável ao desenvolvimento de capacidades de investigação dentro destas políticas e
estratégias. Tal requer igualmente a revisão de estruturas de incentivo de investigação
nacionais e a criação de rotas de publicação viáveis para a investigação relacionada com o DCC.
4.6.2 Intervenções de prática e política a nível universitário
4.6.2.1 Rever políticas universitárias para incluir desenvolvimento sustentável e
compromissos de desenvolvimento compatíveis com o clima e incentivos para
apoiar a co-produção de conhecimentos do DCC
O estudo de planificação demonstrou igualmente, em todos os países da SADC, que ao nível da
política universitária, há uma necessidade de política universitária e apoio prático mais forte
para a inovação curricular relacionada com o DCC, para o desenvolvimento do pessoal e para
apoiar abordagens de aprendizagem transformativas e o ensino inter e transdisciplinar. O
financiamento à investigação ao nível institucional, juntamente com os incentivos (por
exemplo, promoção, percursos de carreira, etc.), constituem factores importantes que podem
lançar um compromisso mais forte com os processos de co-produção de conhecimentos do
DCC, tal como o são as políticas que dão mais ênfase ao envolvimento comunitário e ao
envolvimento dos estudantes e intervenientes na co-produção de conhecimentos e coaprendizagem nas universidades.
4.6.2.2 Rever políticas universitárias e práticas de gestão de campus para incluir
“modelização” do DCC nos campus e formas mais fortes de participação de
estudantes
A gestão do campus e das políticas de desenvolvimento de infra-estruturas ao nível
universitário podem igualmente ir longe na facilitação da investigação e prática do DCC,
incluindo o fornecimento aos estudantes de “laboratórios vivos” e “locais de demonstração”
da forma como as transições serão feitas para futuros de baixos níveis de emissão carbono e
resistentes ao clima. O desenvolvimento de construções ecológicas, gestão de campus
sustentável e projectos de investigação de acção estudantil são alguns dos mecanismos que
podem ser apoiados ao nível de política e prática universitária. As associações de estudantes
para o ambiente e alterações climáticas encontram-se igualmente em crescimento e as suas
interacções e funcionamento em rede requerem o apoio dos líderes universitários. A iniciativa
Africa Green Campus ganha ímpeto entre as organizações de estudantes e alguns directores de
universidade. Poderia, contudo, ser apoiada de forma muito mais abrangente ao nível da
direcção da universidade e da prática da gestão universitária, uma vez que as actividades
ecológicas de campus não só reduzem a utilização no campus como também oferecem
oportunidades de aprendizagem criativas e inovadoras para os estudantes.
Maio de 2014
228
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
4.6.3 Desenvolvimento de capacidades dos colaboradores
Conforme acima indicado na secção 3, uma das questões essenciais identificadas no estudo de
planificação era o facto de muitos dos académicos envolvidos na investigação relacionada com
o DCC serem “novos” no campo. O estudo de planificação revelou igualmente uma
necessidade de apoiar publicação de investigação e de orientar os novos académicos para um
novo campo académico e novas formas de investigação. Os dados do questionário
apresentaram altos níveis de interesse e vontade de se envolverem em campos de estudo e
investigação relacionados com o DCC, mas baixos níveis de condições conducentes a tal
ocorrência (por exemplo, não existem programas de desenvolvimento profissional para os
funcionários).
Por conseguinte, um programa de desenvolvimento de capacidades dos funcionários para o
DCC associado ao programa de cinco anos da SARUA poderia conter todos os seguintes
elementos:



Um programa dedicado aos doutoramentos para docentes universitários envolvidos
em áreas de investigação relacionadas com o DCC. Tal pede um programa concertado,
concentrado no desenvolvimento de capacidades dos funcionários, especialmente
para reforçar mais académicos (e mulheres académicas) de modo a obter
doutoramentos de alta qualidade em campos relacionados com o DCC. Existem vários
programas internacionais que fornecem possibilidades semelhantes, tais como o
programa que terá início brevemente DIFD Future Climate for Africa e o African
Climate Change Fellowship. A SARUA poderia vir a criar uma forte parceria com alguns
destes programas para acelerar oportunidades para os colaboradores universitários de
modo a obter doutoramentos, uma vez que foi demonstrado neste estudo de
planificação que os doutorados apresentam maiores probabilidades de se envolverem
em parcerias de investigação, produzir publicações, informar políticas e apoiar e
orientar outros para o campo. Consequentemente, o reforço do número de
doutoramentos em campos relacionados com o DCC pode também vir a afectar de
forma positiva a emergência de abordagens mais proactivas à criação de políticas. Este
fornecimento deve ser feito em políticas e práticas do ensino superior para permitir
este desenvolvimento de colaboradores.
Um programa de intercâmbio de funcionários para jovens académicos envolvidos em
investigação e ensino do DCC para aprender com outros noutros países e
universidades; tal poderá vir a ser um programa de colaboração Sul-Sul ou um
programa que oferece oportunidades de intercâmbio de funcionários num contexto
regional ou internacional mais amplo.
O apoio à escrita e publicação académica também poderia ajudar a realçar a
publicação da investigação relacionada com o DCC. Conforme demonstrado no estudo
de planificação, existem alguns investigadores africanos a escrever documentos sobre
o DCC, enquanto a maior parte da investigação do DCC se encontra a ser realizada em
África. Os académicos encontram-se igualmente a deixar uma grande parte da sua
investigação sob a forma de “literatura cinzenta”. As sessões de escrita colaborativa,
“workshops de escrita” e outras actividades de apoio à publicação podem ser
igualmente incluídas no programa de cinco anos da SARUA. Existem programas e
iniciativas que poderiam proporcionar apoio nesta área, tais como a African Scholarly
Maio de 2014
229
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos

Publishing Initiative (organizada na UCT) e várias universidades que oferecem estes
serviços de apoio (por exemplo, a Universidade de Stellenbosch na África do Sul).
Orientar novos académicos para o campo do DCC constitui outra potencial actividade
de desenvolvimento de capacidades de funcionários que poderá tornar-se possível se
existirem grupos de investigadores a trabalhar em conjunto num enquadramento de
programa de investigação, conforme proposto na secção 4.4 acima.
As rubricas e estratégias propostas acima nas secções 4.6 e 4.7 fornecem pontos de partida
para a rede de desenvolvimento político e institucional proposta e a rede desenvolvimento de
capacidades discutida de forma mais pormenorizada na secção 5.
4.7 Resumo das recomendações
As secções anteriores ao presente relatório, juntamente com a secção 4, proporcionaram um
leque de recomendações específicas para abordar limitações e questões destacadas pelos
participantes do estudo de planificação e identificadas através da análise e síntese destas
fontes de dados no estudo de planificação (comentários, workshops e questionários). Estas
recomendações moldaram o desenvolvimento das sugestões estratégicas para o
Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos apresentadas nas secções 4.1 a 4.6 acima.
As recomendações relacionadas e mais amplas encontram-se resumidas abaixo. Note que nem
todas estas recomendações podem ou devem ser abordadas pela SARUA. Requerem medidas
por parte dos governos, dos Ministérios da Educação, Ambiente, Ciência e Tecnologia dos
respectivos países e das próprias universidades. Através do envolvimento, em particular, da
rede de desenvolvimento político e institucional proposta, será necessário um plano de acção
coordenado para permanecermos informados sobre os principais desenvolvimentos políticos
na região, bem como para influenciar estas políticas com resultados de investigação bem
apoiados.


A SARUA poderia desempenhar um papel principal no fornecimento de resumos de
políticas de modo a orientar o sector da Educação da SADC quanto à integração das
alterações climáticas entre outras questões emergentes e transversais, como parte da
educação holística para a abordagem ao desenvolvimento sustentável, nas escolas,
desenvolvimento curricular e educação de docentes, bem como através da
implementação de propostas para a inovação curricular e a integração em matéria de
alterações climáticas. Uma iniciativa deste género seria apoiada pelo sector do
Ambiente da SADC, que está desejoso de assistir à integração das alterações climáticas
no Ensino Superior e no sistema escolar. [2.1.3]
As conclusões do estudo de planificação consubstanciam fortemente a necessidade de
desenvolvimento significativo de capacidades entre sectores e instituições e a
diferentes níveis. De um modo geral, as fontes dos dados concluíram que há uma
necessidade crítica de melhorar a educação, a sensibilização pública, a participação e o
acesso à informação. Uma lacuna de conhecimentos institucional comummente citada
foi os fracos currículos actuais relacionados com alterações climáticas e DCC e os
esforços que permitem o desenvolvimento de novos currículos entre disciplinas da
educação terciária, média e primária, bem como nas próprias instituições do Ensino
Superior. Como demonstraram os dados do Botsuana, o desenvolvimento de uma
massa crítica de cientistas e outros peritos em rede que prestem os serviços
Maio de 2014
230
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos




necessários em toda uma série de desafios emergentes relacionados com as alterações
climáticas é uma prioridade na resposta contínua do país em matéria de alterações
climáticas. É necessário um desenvolvimento de recursos humanos bem financiados e
uma estratégia abrangente de desenvolvimento de capacidades de DCC. [2.3.10]
Relativamente às conclusões sobre as lacunas nas capacidades individuais e a falta de
correspondência a nível de competências entre a oferta e a procura, foi identificada
uma importante lacuna em vários países para uma abordagem mais profissional e
orientada para a carreira em matéria de alterações climáticas no ensino superior, e
recomenda-se que os currículos comecem a dar ênfase às competências práticas e ao
desenvolvimento de capacidades tecnológicas, de modo a proporcionar melhores
parcerias entre IES e o sector privado no desenvolvimento curricular. [2.3.10]
Uma vez que a liderança universitária e o desenvolvimento de sistemas em rede se
encontram estreitamente interligadas, recomenda-se que a SARUA, em parceria com o
sector da educação da SADC, facilite os diálogos de liderança sobre a liderança e as
alterações institucionais requeridas para um envolvimento significativo com o DCC e a
co-produção de conhecimentos do DCC na África austral.
Os Ministérios da Educação, Ciência e Tecnologia dos vários países deverão colaborar
com outros ministérios relevantes, tais como os da Agricultura, Ambiente, Água, etc.,
em iniciativas que reforçam a investigação do DCC e capacidades de investigação,
assim como para assegurar que as universidades sejam bem apoiadas para oferecer a
base científica necessária para o DCC ao nível de país. De acordo com os padrões
actuais, o governo encontra-se a financiar a investigação do DCC e recomenda-se que
continue a apoiar as capacidades de DCC emergentes nas universidades. O
financiamento transversal pode ser solicitado para reforçar uma abordagem coerente
e sinergética à investigação do DCC e à gestão de conhecimentos. A criação de Centros
de Conhecimentos Climáticos nacionais (conforme proposto para Moçambique) ou
um Conselho de Investigação das Alterações Climáticas (conforme proposto para a
África do Sul) fornece um mecanismo forte para isso, que pode igualmente apoiar a
gestão de conhecimento e partilha de dados, ambas identificadas como questões
críticas no estudo de planificação.
A construção de instituições de investigação requer igualmente atenção não só ao
nível da política nacional e sistema de funcionamento, como também ao nível
universitário, e aqui são necessários incentivos para os académicos como, por exemplo,
tempo adequado à investigação, critérios promocionais que permitem o envolvimento
comunitário e que compensam a investigação. Além disso, são necessárias mudanças
estruturais que permitem uma colaboração mais forte entre as disciplinas para a
criação de uma investigação interdisciplinar concentrada no DCC. Recomenda-se que
as universidades participantes discutam as implicações da investigação do DCC e
prática de ensino ao nível universitário, Conselho/Senado/direcções de faculdade e
departamento, bem como para reforçar o entendimento da integração das alterações
climáticas e DCC nas universidades como uma preocupação de desenvolvimento
importante que afecta a região da SADC. Conforme apresentado no estudo de
planificação que sustenta os temas de investigação de alto nível ao nível universitário,
apoiar o estabelecimento de centros ou institutos de investigação interdisciplinar em
campus é um forte mecanismo para facilitar a construção de instituições de
investigação do DCC com base em universidades.
Maio de 2014
231
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos



O desenvolvimento de capacidades dos colaboradores académicos necessita de ser
visto como prioritário, uma vez que o estudo de planificação demonstrou que os
académicos com doutoramentos desempenhavam papéis cruciais na criação de
políticas do DCC, investigação, criação de redes, envolvimento de parceria
internacional e orientação de funcionários jovens, inserindo-os num campo de
investigação novo e emergente. É necessário um desenvolvimento académico focado,
envolvendo doutoramentos para os que estão envolvidos na investigação do DCC e
investigadoras por toda a região da SADC. O programa da SARUA encontra-se numa
posição privilegiada para facilitar o envolvimento com esta questão, juntamente com
os parceiros de desenvolvimento.
A inovação curricular foi discutida em pormenor nas secções 3 e 4. Porém, recomendase que se estabeleça e dê apoio adequado a uma rede de inovação curricular e
desenvolvimento de capacidades para a inovação curricular, a fim de assegurar que a
inovação curricular de qualidade que reflicta as preocupações do DCC [3.2.9 e 4.5].
A recomendação final é internacionalizar e melhorar a contribuição dos cientistas
africanos para a investigação do DCC. Envolve o reforço da publicação de jornais
revistos por pares por parte dos cientistas africanos envolvidos no DCC, construção de
parcerias fortes com organizações e redes de investigação regionais e programas e
concelhos científicos internacionais. Tal apenas poderá ser alcançado se houver uma
forte cooperação regional ao nível da SADC, por conseguinte, o potencial valor deste
programa de cinco anos da SARUA.
A secção 5 oferece um “roteiro” de programa para os passos seguintes recomendados para
alcançar estas metas.
Maio de 2014
232
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
5 ROTEIRO E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA: PASSOS INICIAIS
5.1 Introdução
O estudo de planificação forneceu a base do conhecimento necessária para o desenvolvimento
da rede regional do DCC. O roteiro apresentado nesta secção destaca medidas claras para o
início da fase seguinte do programa da SARUA. Um modelo de desenvolvimento da rede
conceptual, adaptado para atender às necessidades do programa da SARUA, é apresentado no
Anexo E e fornece um enquadramento mais amplo no qual estes passos precisam de ser dados.
Devido à reestruturação da própria SARUA na sua entrada na segunda grande fase de
financiamento em 2014, o roteiro de desenvolvimento de rede concentra-se em medidas de
curto prazo necessárias para (i) criar capacidade de coordenação suficiente e (ii) assegurar que
as actividades de co-produção de conhecimentos e colaboração possam ser iniciadas. Os
passos imediatamente a seguir para a SARUA encontram-se delineados na secção 5.4.
Embora a secção 4 descreva os principais temas de investigação e áreas prioritárias, incluindo
recomendações específicas para medidas que poderiam ter um grande impacto na região, a
questão da coordenação central para o programa proposto da SARUA não é ainda
suficientemente claro e requer a máxima atenção. Existem vários cenários possíveis, desde
uma direcção dedicada da SARUA para agir como um núcleo coordenador (conforme o
desenho do programa original) a um coordenador de programa contratado para agir em nome
da SARUA, a uma abordagem descentralizada onde as universidades assumem directamente a
responsabilidade pela coordenação de rede, a uma combinação do supramencionado.
Contudo, nenhum deles foi estabelecido.
Independentemente da abordagem de coordenação preferencial, os passos de acção descritos
no roteiro compreendem o que é considerado necessário para dar início à implementação,
com ênfase nas duas primeiras fases do desenvolvimento da rede:


Iniciação de grupos e redes de investigação (definindo a sua finalidade); e
Configuração de redes e núcleos de investigação (definindo a forma como irão operar).
A criação de várias redes a um nível regional também requer a implementação de um bom
enquadramento governativo que garanta que as actividades, projectos e resultados gerados
através do programa SARUA cumprem os padrões exigidos de qualidade e boa gestão.
5.2 Âmbito e objectivos do roteiro
Os resultados do resumo do programa de cinco anos da SARUA, conforme refinado durante o
decorrer do estudo de planificação Ocorrências de Alterações Climáticas, informam o roteiro e
o Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos. Neste sentido, as redes de colaboração
definidas no Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos (ECPC) foram concebidas
para contribuir para:

A revitalização do ensino superior na região da SADC para se tornar num grande
contribuinte para o desenvolvimento político e económico através da co-produção de
conhecimentos;
Maio de 2014
233
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos




O desenvolvimento a longo prazo dos países da SADC como um resultado do ensino
superior melhorado;
A melhoria da base científica regional que informa a tomada de decisões e as políticas
sobre o desenvolvimento compatível com o clima através de projectos que envolvem
instituições e investigadores dos países da SADC;
A contextualização da educação dentro de ordens de trabalho para o desenvolvimento
regional e nacional mais vasto; e
Resistência e adaptação climáticas melhoradas como resultado de melhores
conhecimentos, desenvolvimento de políticas, colaboração e tomada de decisões.
O ECPC apoia ainda a concretização de objectivos a longo prazo conforme descritos na
documentação de introdução do estudo de planificação:




Apoiar universidades na região da SADC para conceber e dar prioridade à investigação
e ao ensino do desenvolvimento compatível com o clima, conduzido pelas
necessidades comunitárias e políticas, de modo a melhorar a relevância, qualidade e
utilidade da base de informações do DCC na região da SADC.
Realçar a liderança, posse e capacidade africanas na investigação do DCC, de modo a
fazer avançar uma ordem de trabalhos da investigação liderada por africanos,
reflectindo as prioridades e necessidades do DCC de África.
Reforçar a capacidade, coordenação e colaboração das instituições de ensino superior,
a fim de influenciar e informar a criação e implementação de políticas, e ajudar a
desenvolver um grupo de recursos e competências com base em África ao qual os
governos africanos possam recorrer.
Reforçar redes e relações entre universidades, decisores políticos e outros
intervenientes para fazer avançar a criação e implementação de políticas melhores
baseadas em informação na região.
Como um primeiro passo para alcançar estes objectivos, o roteiro concentra-se na delineação
dos passos a tomar para atingir os seguintes objectivos:



Identificar as medidas a curto prazo requeridas para arrancar o processo de
desenvolvimento da rede. Estas medidas deverão resultar em acções que promovem,
reforçam e aumentam a inovação na investigação relacionada com o DCC, ensino e
aprendizagem, envolvimento comunitário e desenvolvimento político.
Definir os papéis e acções requeridos para desenvolver uma ordem de trabalhos
coerente e prática para colaboração regional que possa informar a implementação
eficaz do programa da SARUA.
Delinear os passos críticos seguintes requeridos para o Enquadramento de Coprodução de Conhecimentos a disseminar e para a colaboração começar,
independentemente do modelo de coordenação requerido.
O âmbito deste roteiro é, consequentemente, as medidas a curto prazo em 2014, onde cada
rede seguirá o seu próprio caminho de desenvolvimento de rede definido. Tal encontra-se
ilustrado abaixo.
Maio de 2014
234
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Fase
FASE 1: Estudo de
Planificação
FASE 2: Transição e
Planificação da Rede
FASE 3: Desenvolvimento de
Rede
Resultados
Programa de Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas da SARUA
Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos Regional
Roteiro de co-produção
de conhecimentos
Processo de Expressões de Interesse
(EOI)
Programas e acções do
Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos para criação e
desenvolvimento de redes
colaborativas
ANO 1
Acções
Realizar um estudo de planificação
que inclui:
1. Uma análise das necessidades abrangente
aos desafios e às lacunas de DCC
específicos do país
2. Uma avaliação institucional dos pontos
fortes da universidade regional e dos
resultados da produção de conhecimentos
sobre DCC
Desenvolver um Enquadramento de
Co-produção de Conhecimentos
regional para:
1. Apoiar universidades na região SADC
2. Reforçar a liderança, propriedade e
capacidade de DCC em África
3. Reforçar a capacidade, coordenação e
colaboração das Instituições de Ensino
Superior
4. Reforçar redes e relações entre
universidades, decisores políticos e
outros intervenientes
ANO 2
ANOS 3 E SEGUINTES
Conceber e desenvolver a rede final
e temas de investigação
1. Projecto de comunicação para a
disseminação de conclusões do estudo
de planificação (Março-Maio 2014)
2. Convidar os vice-reitores a apresentar
ECPC e o processo para participação
da IE (Maio 2014)
3. Convidar intervenientes
4. Estender os convites a todas as
universidades para participarem no
desenvolvimento da rede da SARUA
5. Realizar workshops de investigação de
temas para aperfeiçoar os grupos de
investigação (Out 2014)
6. Lançar o processo de IE (Out 2014)
7. Encerrar o processo de IE e o início da
Fase 3 (Março 2015)
Implementar acções concebidas para alcançar :
1. Revitalização do Ensino Superior
2. Desenvolvimento da SADC
3. Base científica regional
4. Contextualização da educação
5. Resistência e adaptação ao clima
Acções baseadas em roteiros de
rede individuais
Financiamento Transicional
Figura 16: Âmbito do roteiro do Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos e passos iniciais
5.3 Enquadramento do desenvolvimento de rede
Um enquadramento de desenvolvimento de rede pormenorizado é apresentado no Anexo E e
descreve o ciclo de uma rede típica composto por cinco fases potenciais: iniciação 
configuração  funcionamento estabilização  transformação/dissolução.
O enquadramento do desenvolvimento da rede é compatível com prazos variados e qualquer
tipo de abordagem de coordenação
Iniciação
Rede/Agrupamento
(centralizada ou descentralizada).
Fornece directrizes claras sobre os
PLANEAR
papéis essenciais e opcionais
Configuração
atribuídos à co-produção bemRede/Agrupamento
sucedida de conhecimentos e às
MUDAR
CONSTRUIR
etapas a seguir por cada um dos
grupos de investigação ou rede
Transformação
Funcionamento
emergente.
da Rede
da Rede
Uma ênfase principal neste
Enquadramento de Co-produção de
Conhecimentos é a identificação de
iniciativas iniciadas por si mesmas,
por exemplo, encontrar um
defensor entre os membros da
SARUA que faça avançar a base de
CONTROLAR
GERIR
Estabilização
da Rede
Dissolução
Rede/Agrupamento
Maio de 2014
235
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
dados emergente, ou iniciar com alguma preparação para, pelo menos, um mestrado de vários
lugares/instituições, ou identificar os parceiros que poderiam contribuir para a investigação
transdisciplinar dentro dos temas de investigação propostos e/ou novamente concebidos. Por
esse motivo, as funções da rede necessárias encontram-se identificadas e delineadas no Anexo
E, mas a flexibilidade encontra-se integrada de modo a que cada rede possa determinar se
requer entidades separadas para desempenhar estas funções e decidir a forma como as
responsabilidades são atribuídas. Uma função de rede (por exemplo, o coordenador) pode, por
conseguinte, ser atribuída a uma universidade, investigador ou gestor individual, ponto focal
com base no governo, SARUA ou outra entidade.
Não será possível nem ideal começar a estabelecer todas as quatro redes, um processo que
incluiria a melhoria e/ou novo desenvolvimento dos sete núcleos de rede propostos que foram
identificados dentro do estudo de planificação, em simultâneo, nem era esta a intenção da
concepção de rede original. Cada rede irá desenvolver-se ao seu próprio ritmo, dependendo
de uma combinação dos seguintes factores:







Relevância dos temas identificados para as universidades e os processos envolvidos na
confirmação e/ou redefinição dos temas de investigação propostos;
Interesse e disponibilidade do coordenador de rede, núcleos de participação (centros
de competência, gestão institucional e indivíduos) em fazer parte de uma rede
proposta;
Financiamento e orçamento disponíveis para criar e coordenar actividades;
Extensão das infra-estruturas existentes / contactos / actividades colaborativas;
Maturidade da investigação existente / práticas de gestão nas universidades e
organizações participantes;
Extensão da preparação de políticas, exercício de influências e defesa para “vender” a
ideia da rede a outros intervenientes regionais; e
Habilidade e capacidade da SARUA ou de outra entidade coordenadora para apoiar a
coordenação estabelecida ou em curso.
Em termos de desenvolvimento de rede, nem todos os parceiros de rede necessitam de estar
presentes e envolvidos na fase da Configuração de Rede. Um pequeno grupo (por exemplo,
centro de competências/excelência identificado nos Relatórios de País) pode iniciar actividades,
realizar a concepção inicial e, em seguida, apresentar um modelo de funcionamento em rede
mais abrangente e uma abordagem a outros potenciais parceiros de rede. Assim que for
estabelecida alguma forma de colaboração, poderão juntar-se parceiros adicionais (por
exemplo, investigadores individuais ou outros centros) e tal poderia continuar até à fase da
Operação em Rede, quando as actividades de co-produção de conhecimentos tiverem início a
sério. A abordagem prevê igualmente durante a fase de Transformação de Rede que os
parceiros adicionais se juntem a uma rede que voltou a ser concebida. Tal encontra-se
explicado no Anexo E.
5.4 Passos imediatos
1. Após o encontro de vice-reitores da rede de universidades da SARUA nas Ilhas Maurícias
em Outubro de 2010 para chegarem a um acordo sobre um programa de acção
colaborativo, foi criado pela SARUA um Grupo de Trabalho de Vice-reitores Suplentes em
Maio de 2014
236
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Matéria de Investigação, Desenvolvimento e Alterações Climáticas para supervisionar o
desenvolvimento do programa e realizar uma análise de qualidade sobre os resultados
obtidos no estudo de planificação. De modo a prosseguir para a Fase 2 do programa, a
SARUA Exco e o grupo de trabalho DVC necessitam de concordar com o seguinte:






As redes revistas propostas conforme recomendado no Enquadramento de CoProdução de Conhecimentos;
Processo da SARUA interno para discutir e melhorar e/ou redefinir os temas de
investigação propostos. Este processo poderia envolver verificação posterior dos
temas melhorados ou redefinidos para congruência com a Política e Estratégia em
Matéria de Alterações Climáticas da SADC, quando forem entregues em rascunho ou já
na última versão. A finalização de orientações políticas pode também requerer a
análise e/ou desenvolvimento de novas áreas temáticas para investigação;
Aceitação/melhoria das recomendações do ECPC e medidas imediatas a tomar;
Quaisquer estruturas necessárias para coordenar do lado da SARUA, ou indivíduos a
serem solicitados a desempenhar um papel de coordenação provisório;
Desenvolvimento de um programa e de um prazo para a divulgação eficaz do relatório
do ECPC; e
Requisitos de financiamento para um processo de desenvolvimento de processos; para
tal, os documentos do estudo de planificação proporcionam a base para o
desenvolvimento de uma nota de conceito de projecto que poderia ser enviado para
um financiador de modo a obter um fundo de desenvolvimento de projectos, que seria
utilizado para desenvolver uma proposta de financiamento e quadro de registos
associado.
2. A SARUA, através dos seus executivos e Director-Geral, para acompanhar:





A aprovação dos relatórios do Comité Executivo da SARUA (se não abordados acima);
Quaisquer desenvolvimentos, adendas e acções posteriores ao roteiro proposto;
Nomeação de um órgão de coordenação a tempo inteiro para a implementação do
programa;
Estabelecimento de um comité de coordenação do programa; e
Desenvolvimento e publicação de resumos seleccionados nas principais redes a criar.
Tal incluiria as suas áreas temáticas especializadas (para desenvolvimento posterior),
procedimento para adesão, dados dos membros iniciais e resultados provisórios para
refinamento.
Factores de sucesso críticos

Comunicação para todas as universidades (quer sejam membros da SARUA ou não) e
investidores para confirmar o enquadramento da rede, incluindo a criação de:






Rede de investigação macro (incluindo os sete grupos de investigação temática
propostos);
Rede de inovação curricular;
Rede de desenvolvimento político e institucional;
Rede de desenvolvimento de capacidades.
Pedido de participação em redes bem coordenadas e bem elaboradas;
As actividades das funções de coordenação devem ser bem definidas;
Maio de 2014
237
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos




Funções da rede a nomear assim que possível (pelo menos os coordenadores);
Criação da rede: documento do Memorando de Entendimento / minuta a ser
desenvolvida e adoptada;
Investigadores nomeados ou contratados quando for iniciada a configuração das redes;
e
Os requisitos de registo para fazer parte da rede têm de ser claramente definidos e
comunicados.
Maio de 2014
238
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
6
CONCLUSÃO
O Enquadramento da Co-produção de Conhecimentos exige uma resposta dedicada por parte
da SARUA e da liderança das universidades da SADC. Realça firmemente o elemento do
desenvolvimento regional e a colaboração entre os governos e as instituições.
O estudo de planificação ilustra a existência de várias iniciativas na maioria dos países
analisados que apresentam um grande potencial para contribuir significativamente para o
desenvolvimento compatível com o clima na região. Estas iniciativas necessitam de ser
reforçadas e levadas avante.
Em conjunto com estas conclusões, o estudo identificou especificamente os elementos que
restringem a capacidade e competência das IES para cumprirem de forma ideal as suas funções
como produtoras de conhecimento e contribuintes para o desenvolvimento da regional. As
medidas necessárias para abordagem destes desafios encontram-se definidas no
enquadramento. Além disso, o estudo proporcionou igualmente um resumo de aprendizagem
de políticas dirigido aos Ministérios do Ensino Superior e instituições de investigação e
financiamento para oferecer apoio aos factores necessários para co-desenvolver
conhecimentos em matéria de DCC. O Resumo de Políticas aplicará, em particular, os
conhecimentos obtidos nos mecanismos e estruturas que constringem ou permitem a
inovação com base na aprendizagem, mudança e investigação nas universidades da África
austral.
Além disso, as conclusões do estudo indicam, em particular, que o caminho a seguir
condicionará a colaboração eficaz com as iniciativas de desenvolvimento do DCC internacionais
existentes que apresentam potencial para oferecer mais sinergias através da colaboração com
as universidades da SARUA. Por exemplo, a ligação entre o estudo de planificação da SARUA e
o Plano de Investigação da Sustentabilidade Future Earth reitera a necessidade de uma
colaboração internacional.
Os objectivos do Future Earth destinam-se a proporcionar sinais de alerta de risco ambiental e
mudança numa fase inicial e encontrar as melhores soluções científicas para problemas multifacetados, a fim de satisfazer as necessidades humanas de alimento, água, energia e saúde. O
Future Earth pretende igualmente promover e encorajar jovens cientistas. No contexto
africano, houve um compromisso da parte dos ministros do governo que declararam a sua
intenção de adoptar as conclusões do Relatório de Lacunas sobre a Adaptação de África do
PNUA, com alertas de que, mesmo que a situação actual seja revertida e o mundo consiga
manter o aquecimento global abaixo dos 2 °C, os custos de adaptação de África permanecerão
elevados, situando-se nos $35.000 milhões por ano até 2040 e $200.000 milhões por ano até
2070.
Face à conjuntura acima descrita, considera-se imperativo que o financiamento necessário seja
assegurado para se tomarem as iniciativas conforme delineadas neste estudo de planificação e
roteiro.
Maio de 2014
239
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Anexo A: Resumos de páís: Análise
dás necessidádes e áváliáçáo
institucionál
Para uma análise pormenorizada deste processo de investigação, participantes do workshop e
conclusões de cada país, consulte o Volume 2 desta série, que é composta por doze Relatórios de País
individuais.
Maio de 2014
240
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
7 ANGOLA
7.1 Análise das necessidades de Angola
7.1.1 Contexto que enquadra as necessidades
Angola já possui uma tendência de aquecimento bem estabelecida, tendo as temperaturas da
superfície aumentado entre 0,2 e 1 oC entre 1970 e 2004 nas áreas litorais e regiões do norte;
e entre 1 e 2 oC nas regiões centrais e orientais. As informações de precipitação não são fiáveis,
uma vez que apenas 20 das 500 estações meteorológicas de precipitação estão funcionais. Os
modelos climáticos indicam que haverá um aumento de 3 a 4 ºC na temperatura da superfície
de Angola na parte oriental e um aumento ligeiramente inferior nas regiões litorais e
setentrionais nos próximos 100 anos.
Dentro deste contexto, a análise das necessidades do estudo de planificação para Angola
revelou que, embora tenha havido algum progresso na identificação de necessidades de
investigação e capacidades em termos gerais, o estado do conhecimento e investigação do
DCC é inadequado às respostas necessárias. De acordo com a Comunicação Nacional Inicial de
Angola à UNFCC (GoA 2012), uma grande prioridade que atravessa todos os sectores é a
necessidade de gerar informações e conhecimentos para todas as prioridades de adaptação e
mitigação que foram identificadas até ao momento. Neste aspecto, as conclusões da análise
das necessidades poderiam ser úteis na actualização da Estratégia Nacional em Matéria de
Alterações Climáticas (actualmente em curso) e na preparação da Segunda Comunicação
Nacional à UNFCC (também em curso).
Consistentes com o contexto socioeconómico e o estado pós-conflito de Angola, as barreiras
globais à adaptação indicadas nas três fontes de dados incluem informações e conhecimentos
de má qualidade sobre a natureza dos riscos das alterações climáticas e adaptação, mitigação
e respostas do DCC apropriadas; envolvimento de investigação limitado relativamente a estas
questões; baixos níveis de capacidade técnica; assim como recursos financeiros insuficientes
para abordar os desafios à adaptação e mitigação das alterações climáticas. As respostas do
workshop identificaram um leque de necessidades transversais para responder de forma mais
cabal ao DCC, entre as quais o desenvolvimento de capacidades, instituições de investigação
melhoradas e com melhor gestão e recursos, inovação curricular e integração do DCC na
política nacional e práticas de implementação. Além disso, foi identificada uma necessidade de
criação de plataformas onde as iniciativas de investigação e desenvolvimento em matéria de
alterações climáticas levadas a cabo pelo PNUD e organizações doadoras poderiam ser
partilhadas no sistema educativo superior para informar sobre as inovações curriculares. Foi
apontada a necessidade posterior de informações adicionais relacionadas com as alterações
climáticas em português, uma vez que a maioria foi produzida em inglês.
7.1.2 Conhecimento específico e lacunas na investigação
Os participantes do workshop sentiram que havia uma legislação suficiente sobre as questões
ambientais que poderiam ser utilizadas para promover o desenvolvimento compatível com o
clima nos governos, estruturas empresariais e sociedade civil. Contudo, a falta de recursos
Maio de 2014
241
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
humanos qualificados foi repetidamente apontada nas áreas do DCC como a gestão de água, a
avaliação e gestão de riscos de saúde relacionados com o clima, a planificação e
implementação de adaptação de infra-estruturas, a redução e gestão de risco de calamidade e
a avaliação e gestão da biodiversidade (tanto no workshop como nos dados políticos). Estas
foram as áreas mencionadas com mais regularidade como sendo as que necessitam de
desenvolvimento de conhecimentos e investigação específicos relacionados com a adaptação.
Necessidades de investigação e conhecimentos de mitigação essencialmente concentradas na
investigação das energias renováveis e tecnologia limpa, investigação e desenvolvimento de
transporte e florestas. A investigação e o desenvolvimento da tecnologia limpa constituem
uma oportunidade importante em Angola, dada a escala da sua indústria. Sustentar estas
necessidades de investigação e desenvolvimento de adaptação e mitigação são ainda mais
importantes para reduzir as lacunas críticas no conhecimento e na investigação. Estas incluem:
avaliação da vulnerabilidade (especialmente a planificação da vulnerabilidade a nível local);
oferta de informações e projecções meteorológicas mais precisas e expansivas (dados
observacionais para sustentar avaliações climáticas e a vulnerabilidade nos recursos aquáticos,
agricultura, biodiversidade, subida do nível do mar e planeamento de infra-estruturas, e saúde
humana). A avaliação e aplicação dos conhecimentos comunitários foram identificadas como
uma adaptação e uma prioridade do DCC, devido à elevada dependência na produção de
subsistência nas áreas rurais, e os altos níveis de pobreza nestas áreas. As exigências de
mitigação e a necessidade de tecnologia limpa criam necessidades de investigação associadas
à tecnologia, investigação em matéria de energia e desenvolvimento em engenharia, ou
inovação científica e tecnológica tipicamente associada ao sector de investigação de energia.
Os participantes do workshop realçaram a necessidade da tecnologia limpa e o
desenvolvimento da tecnologia das energias renováveis.
7.1.3 Necessidades transversais
As principais necessidades transversais são a necessidade de melhor coordenação através dos
sectores dentro do governo e parceiros de implementação, maior sensibilização e
desenvolvimento de capacidades e plataformas para a partilha de conhecimento e produção
de conhecimentos climático em línguas e formas acessíveis (foram mencionados várias vezes
os recursos de conhecimento em português). O financiamento inadequado para responder às
prioridades do DCC foi também repetidamente apontado. As preocupações educacionais
transversais envolviam a falta de programas de educação em matéria de alterações climáticas
nas universidades e a falta de inovação curricular para preocupações relacionadas com o DCC.
Da mesma forma, houve uma preocupação para a falta de programas de pós-graduação
centrados em questões de DCC e muito pouco desenvolvimento profissional de leitores e
educadores universitários que se envolvam em questões de DCC. Os baixos níveis de
capacidade de investigação para assuntos relacionados com o DCC reflectiram também uma
necessidade de desenvolvimento de capacidade de investigação.
7.1.4 Necessidades de capacidade individuais
As necessidades de capacidade individuais foram identificadas nos documentos de política e
em discussões de workshop como uma falta de competências específicas relacionadas com:
Maio de 2014
242
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Hidrologia e hidrometeorologia; Geologia; Agrometeorologia; Epidemiologia; Meteorologia e
Climatologia; Meteorologia Marítima; Estatísticos; Redução e Gestão de Risco de Calamidade e
Especialistas em Alertas Rápidos. Todos estes estão relacionados com a observação,
modelização e análise de dados relacionados com o clima. Outras lacunas nas capacidades
individuais eram relevantes para as actividades de gestão ambiental, tais como Gestão de
Zonas Litorais, Gestão de Riscos do Clima e Agricultura, Gestão Ambiental do Governo Local,
paisagistas Ambientais e especialistas de Desenvolvimento Florestal e cientistas da
Biodiversidade. O desenvolvimento tecnológico relacionado com a escassez de competências
foi identificado nas seguintes áreas: Engenharia e Tecnologia Limpas e Engenheiros e Gestores
de Projecto de Empresas de Construção com conhecimentos e competências em matéria de
resistência climática. Do ponto de vista da alteração social, foram identificadas as seguintes
competências em falta: Sociologia, especialistas em Educação e Comunicação com referência
especial aos especialistas em Educação Ambiental/Educação para o Desenvolvimento
Sustentável.
7.1.5 Lacunas nas capacidades institucionais
As lacunas nas capacidades institucionais específicas emergentes da documentação e dos
workshops apresentam uma falta geral de capacidade institucional em questões de alterações
climáticas, que não é surpreendente para um país pós-conflito no qual poucas pessoas tinham
acesso à educação terciária até recentemente. Existe um consenso através dos dados no facto
de haver uma necessidade de reforçar substancialmente a capacidade de desenvolvimento de
informação e investigação para o DCC, e de desenvolver plataformas de partilha de
conhecimentos apropriadas entre as universidades e outros intervenientes baseados em
investigação, sobretudo organizações internacionais que apoiam formas inovadoras de
investigação do DCC. A falta de uma infra-estrutura de investigação nacional adequada e
financiamento de investigação constitui outra questão que requer urgentemente atenção para
expandir a capacidade de investigação em matéria de alterações climáticas em Angola.
Identificou-se igualmente uma necessidade de capacidade institucional e política melhorada
para permitir a cooperação técnica entre as diferentes instituições e para integrar as
alterações climáticas nos planos e legislação do país. Existe igualmente a falta de um sistema
de gestão de informações que reúna os dados nacionais dos vários sectores e existem
barreiras socioculturais e lacunas nas capacidades especialmente relacionadas com as
comunicações e aprendizagem em, e das, áreas rurais. As barreiras financeiras e lacunas nas
capacidades, bem como recursos financeiros insuficientes, foram igualmente identificados
como uma grande lacuna institucional nas capacidades. A falta de um enquadramento jurídico
eficaz e eficiente e a falta de capacidades na autoridade nacional designada para preparar
projectos Mecanismo de Desenvolvimento Limpo foram igualmente identificados como uma
lacuna institucional nas capacidades. Referiu-se igualmente que Angola não dispõe de uma
política e de uma estratégia de energia. Além disso, afirmou-se que as instituições locais
trabalham em isolamento e, no geral, não haviam programas de formação nem experiência em
formação suficientes para desenvolver currículos e ensinar novos programas relacionados com
o DCC.
A co-produção de conhecimentos e a sua dependência nas capacidades institucionais
intersectoriais melhoradas podem ser vistas como uma área de preocupação significativa para
Maio de 2014
243
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Angola. Os participantes do workshop estavam particularmente preocupados com a forma
como este conhecimento é partilhado e como a investigação é respondida pelos decisores.
Estas lacunas específicas no conhecimento e investigação colocam uma relevância particular
na implementação do futuro Estratégia e Plano de Acção Nacionais em Matéria de Alterações
Climáticas para Angola (em desenvolvimento em 2013/14), que depende de processos de (co)produção de conhecimentos e investigação, e esta secção do Estudo de Planificação de País
para Angola demonstrou que seria importante que a diversidade destas necessidades de
conhecimento fossem bem apresentadas numa política deste tipo a um nível de pormenor
adequado. Conforme indicado por um consultor político do Ministro do Ambiente:
“As alterações climáticas não são apenas um problema ambiental, mas também
um problema para o desenvolvimento socioeconómico”.
7.2 Avaliação institucional de Angola
Os intervenientes e os próprios funcionários das universidades exprimiram inúmeras
necessidades de capacidades institucionais e individuais, de investigação e conhecimento
complexas. A mais significativa é a óbvia falta de capacidade institucional para o DCC no país, o
que, conforme acima referido, pode ser explicado pelo facto de o país se encontrar em
período de pós-conflito. A investigação no DCC constitui uma nova área de investigação e as
universidades não foram criadas há muito tempo em Angola, devido às perturbações criadas
pela guerra. A avaliação institucional demonstrou que a investigação em matéria de alterações
climáticas constitui uma área de investigação e desenvolvimento muito nova em Angola e que
o maior progresso, até ao momento, teve lugar no desenvolvimento político inicial. A análise
institucional mostra que muito poucos profissionais universitários angolanos parecem
envolver-se na investigação do DCC. Foi dito que poderiam ser encontradas mais formas
estabelecidas de investigação relacionada com o DCC nas ciências ambientais e campos
relacionados, mas até dentro destes campos mais estabelecidos, ocorria pouca investigação
relacionada com o DCC. O governo encontra-se a desempenhar um papel importante ao iniciar
e a condução conhecimentos relacionados com o DCC, mas no presente não está a “avançá-los”
para programas de investigação nas IES ou inovações curriculares. O comentário geral do
workshop foi que muito pouco estava a ser feito em termos de investigação para o DCC e esses
projectos que estavam a ser realizados não são bem disseminados ou partilhados, e o número
de publicações e relatórios científicos são muito limitados.
A avaliação institucional revelou que havia poucos cursos concentrados no DCC em programas
de ensino e tal estava associado a uma falta de capacidade de inovação curricular e a uma falta
de materiais adequados e apropriados em português, bem como capacidades profissionais dos
funcionários universitários que eram geralmente sobrecarregados com vastos programas de
ensino ao nível da licenciatura. Foi posteriormente referido que as redes de conhecimentos
expansivas e especificamente dedicadas para o DCC são quase inexistentes em Angola, uma
vez que a maioria do trabalho no DCC é realizado através de instituições governamentais e
plataformas de projecto como, por exemplo, o Programa de Acção de Adaptação Nacional e o
Primeiro Inventário Nacional. Porém, o que é encorajador é o facto de estas plataformas terem
possibilitado elevados níveis de consulta ao nível de províncias e nacional, permitindo aos
intervenientes discutir as questões das alterações climáticas e envolver-se no desenvolvimento
Maio de 2014
244
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
político. Todavia, existe um leque de redes de conhecimento afiliadas ou associadas que
podem formar uma base para o funcionamento em rede relacionado com o DCC (Descrito na
Tabela 7 abaixo).
A avaliação institucional angolana revelou igualmente que há novos programas e instituições a
emergir que podem vir a proporcionar plataformas fortes à co-produção de conhecimentos do
DCC no futuro. São estes os recentemente estabelecidos Centro para Alterações Climáticas e
Ecologia Tropical e Centro de Excelência para Investigação de Desenvolvimento Sustentável e
um programa de desenvolvimento de resistência climática, de larga escala, do PNUD,
recentemente financiado (que é liderado por investigação, associado à universidade, utilizando
abordagens de co-produção de conhecimentos) – consulte a Tabela 7 abaixo. Contudo, estas
instituições requerem desenvolvimento de capacidades, conforme indicado pelos
participantes da investigação que comentaram sobre a falta de recursos, capacidades, âmbito
e planeamento de investigação e foco no Centro de Investigação para Alterações Climáticas e
Ecologia Tropical recentemente criado.
Maio de 2014
245
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Tabela 7: Fontes de experiência identificadas para o DCC em Angola
Universidade
Universidade
Agostinho
Neto
Universidade
José Eduardo
dos Santos
Núcleos de
competência
Centros de
competência
Criação inicial
de um Centro
de
Investigação
para
Alterações
Climáticas e
Ecologia
Tropical na
Universidade
José Eduardo
dos Santos
Nenhum outro
identificado
no estudo de
planificação
Centro Nacional
de Recursos
Fitogenéticos na
Universidade
Agostinho Neto
como um centro
de
competências
para a
investigação de
germoplasma
Associado aos
Institutos de
Investigação
para a
Agricultura e
MINAGRI
(serviços de
extensão).
Parte da rede de
centros de
recursos
genéticos da
SADC
Workshop de
Desenvolviment
o (ONG) com
projectos de
investigação
transnacionais e
ligações focadas
no DCC –
igualmente
associadas a
universidades e
grandes
organizações e
financiadores
internacionais.
Centros
de
excelência
Recentemente
estabelecidos
Centro de
Excelência para
as Ciências
Aplicadas à
Sustentabilidade
(CESSAF)
 Director:
Professor João
Sebastião
Teta.
Associado ao
Newcastle
Institute for
Research on
Sustainability
(NIReS), Reino
Unido
 Igualmente
em parceria e
com o apoio
do Planet
Earth Institute
e o Ministério
do Ensino
Superior,
Ciência e
Tecnologia
 Primeira
admissão de
estudantes,
2013
Redes de investigação activas
relacionadas com o DCC















ONG Ambiental Tutelar
REDE MAIOMB
ABA Associação dos
Biólogos de Angola
AQA Associação dos
Químicos de Angola
CEIC Centro de Estudos e
Investigação Científica da
Universidade Católica
Angolana
Autoridade Nacional
Designada (AND) de Angola
Workshop de
Desenvolvimento (WD)
Juventude Ecológica
angolana (JEA)
Comissão da Corrente de
Benguela (BCC)
Associação de Educação
Ambiental da África Austral
(EEASA)
Programa do Grande
Ecossistema Marinho da
Corrente da Guiné (GCLME)
Rede Africana de Dados e
Informação Oceânicos
ODINAFRICA
Programa de Educação
Ambiental Regional da
Comunidade para o
Desenvolvimento da África
Austral (SADC REEP)
Centro de Sensores
Remotos da SADC
Centro de
Acompanhamento de Secas
da SADC
Centro do Serviço das
Ciências Sul-africano para as
Alterações Climáticas e a
Gestão da Terra de
Adaptação
Nota: Esta análise é baseada nas melhores provas disponíveis. Com informações e provas posteriores, poderá ser
alargada e igualmente utilizada para monitorizar e actualizar as competências no DCC em Angola. Os dados de
contacto relevantes para os investigadores associados a esta tabela, conforme estabelecido com as melhores
informações disponíveis na altura do estudo de planificação (2013), encontram-se incluídos no estudo de
planificação de Angola (consulte o Volume 2).
Maio de 2014
246
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
A avaliação institucional demonstrou que existe uma necessidade urgente para o
desenvolvimento de capacidades em assuntos relacionados com o DCC entre a comunidade de
investigação angolana. Conforme acima demonstrado, acontece muito pouco na área do
ensino, investigação, sensibilização comunitária e política do DCC nas universidades em Angola,
e há uma necessidade forte e claramente articulada de apoio nesta área, tanto no seio da
política que realça a necessidade de investigação como entre os intervenientes e praticantes e
funcionários universitários. Existe uma necessidade de desenvolvimento de capacidades
disciplinares para a investigação do DCC, bem como para formas mais inovadoras e expansivas
de investigação e ensino transdisciplinar.
A avaliação institucional destacou também que é extremamente importante que as
universidades em Angola se envolvam mais fortemente com as questões de co-produção de
conhecimentos do DCC, de modo a poderem ser situadas nos principais diálogos sobre as
alterações climáticas, a fim de poderem apoiar e informar melhor a política e a prática do DCC.
As principais áreas identificadas para Angola incluem inovação e desenvolvimento curriculares,
desenvolvimento de capacidades de instituições de investigação, desenvolvimento profissional
e desenvolvimento de competências em investigação individuais, partilha de conhecimentos e
sensibilização comunitária e política.
Maio de 2014
247
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
8 BOTSUANA
8.1 Análise das necessidades do Botsuana
8.1.1 Contexto que enquadra as necessidades
O Botsuana é um país sem costa marítima, quente e seco, com padrões de pluviosidade
altamente erráticos. Estas características, em conjunto com a desproporção identificada entre
as necessidades e a oferta de competências, significam que a vulnerabilidade do Botsuana às
alterações climáticas projectadas é elevada. Entre os impactos mais graves e abrangentes
encontrar-se-ão a escassez de água projectada. O significado destas alterações foi debatido
pelos participantes do workshop, que reconheceram que, agora, os passos importantes a dar
são planear e agir para uma maior imprevisibilidade e variabilidade.
Dentro deste contexto, a análise das necessidades do estudo de planificação para o Botsuana
revelou que, apesar do progresso na identificação de necessidades de investigação e
capacidades em termos gerais, o estado do conhecimento e investigação do DCC terá de ser
substancialmente realçado de forma específica e transversal a fim de abordar os consideráveis
impactos climáticos observados e projectados. Neste aspecto, as conclusões da Análise das
Necessidades poderiam ser úteis no desenvolvimento contínuo do Plano de Acção e Estratégia
para as Alterações Climáticas no Botsuana. Das inúmeras necessidades de capacidades e
investigação complexas, manifestadas pelos intervenientes e funcionários universitários, e até
certo nível descritas nos documentos políticos como, por exemplo, o SNC, a falta de
capacidade institucional nacional para o DCC, incluindo uma falta de apoio para a investigação
e desenvolvimento do DCC é provavelmente a mais significativa. Os constrangimentos nas
capacidades identificados no sector ONG exacerbam esta situação, particularmente nas áreas
rurais. O desenvolvimento de uma massa crítica de cientistas e outros peritos em rede que
prestem os serviços necessários em toda uma série de desafios emergentes relacionados com
as alterações climáticas constitui uma prioridade na resposta contínua do país em matéria de
alterações climáticas.
Consistentes com o contexto socioeconómico143, as barreiras globais à adaptação e à mitigação
indicadas nas três fontes de dados incluem a falta de financiamento e o meio de acesso a esse
financiamento, falta de coordenação horizontal e vertical no governo e com outros
intervenientes; falta de políticas e leis de apoio; participação comunitária insuficiente e
sensibilização social mais vasta; e vontade e apoio político inadequados. Estes constituirão as
principais áreas para o desenvolvimento de capacidades transversais. Muitos
constrangimentos foram relacionados com a falta de coordenação e adopção de uma
abordagem holística, por exemplo, além da fragmentação do governo, os departamentos das
143
Vide o Estudo de Planificação de País do Botsuana no Volume 2 para o contexto socioeconómico, como é o caso para todos os
Estudos de Planificação de País.
Maio de 2014
248
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
universidades encontram-se a trabalhar com um foco limitado, que levou a uma forte
necessidade de abordagens colaborativas e maior funcionamento em rede.
8.1.2 Necessidades de adaptação e mitigação amplas
Existe um acordo geral entre as três fontes de dados (política, workshop e questionários)
quanto às vastas áreas de foco prioritário de resposta às alterações climáticas. A educação,
formação e gestão de conhecimentos encontram-se no topo da lista, juntamente com a
partilha de informações e o envolvimento com intervenientes. Com o historial de secas do
Botsuana e os impactos sobre a disponibilidade da água projectados, uma área vital prioritária
é o aperfeiçoamento da gestão hídrica, tornando o sector agrícola resistente, incluindo o vasto
gado do país. As necessidades de energia e infra-estrutura para o desenvolvimento compatível
com o clima, especialmente nas áreas rurais, são igualmente destacadas. O elo dos meios de
subsistência das regiões rurais sustentáveis, alívio da pobreza e melhoramento da resistência
comunitária constituem uma área principal, com fortes ligações à prioridade da segurança
alimentar.
8.1.3 Conhecimento específico e lacunas na investigação
As lacunas de conhecimentos emergentes das fontes de dados incluem os futuros efeitos do
aumento da temperatura e alterações à precipitação em ecossistemas, biodiversidade, água,
sistemas agrícolas e meios de subsistência nas zonas rurais. A falta de projecções climáticas
regionalizadas é vista como uma área importante na qual se deve agir na investigação. Além de
gerar dados e informações relevantes sobre alterações climáticas, as capacidades são
necessárias para articular soluções adequadas a nível local. A transferência e localização de
tecnologia é necessária nas áreas da energia solar, biomassa, biogás, lavagem e negócio e
carvão com metano das jazidas de carvão, tecnologias de tratamento da água, recolha de
águas pluviais, tecnologias para reduzir emissões de meios de subsistência e práticas agrícolas
de conservação.
8.1.4 Necessidades transversais
A gestão de conhecimentos e a necessidade de apreciar melhor e explorar a potencial
contribuição de sistemas de conhecimento autóctones para lidar com e adaptar-se às
alterações climáticas foram as questões transversais destacadas. A quantidade de lacunas está
relacionada com a ausência de instituições e políticas de apoio, bem como a inadequação das
estruturas de apoio para as zonas rurais. O conhecimento e investigação sobre os tipos de
respostas ao DCC são limitados no país e a falta de vontade empresarial e política para apoiar a
investigação do DCC são pontos relacionados.
8.1.5 Temas notáveis
A emergir do workshop do Botsuana e dos dados do questionário estavam a importância de
não apenas explorar os sistemas de conhecimento autóctones para as contribuições ao
desenvolvimento de meios de subsistência resistentes, como também reconhecer em primeiro
Maio de 2014
249
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
lugar e valorizar esses sistemas; assim como a importância de integrar a dinâmica da pobreza
no enquadramento do DCC.
8.1.6 Lacunas nas capacidades individuais
Embora o estudo de planificação tenha identificado um leque de áreas de capacidades
individuais que necessitam de ser reforçadas para melhorar a resposta do Botsuana às
alterações climáticas, as três fontes de dados confirmam a necessidade prioritária de melhorar
as capacidades de resposta rápida e modelização, bem como as capacidades necessárias para
recolher, analisar e disseminar dados apropriados sobre as alterações climáticas. As áreas
disciplinares específicas destacadas incluem educadores, biólogos e agrónomos com as
competências adequadas para o ensino de ecossistemas agrícolas resistentes, agricultura de
conservação, técnicas de recolha de água, gestão de pragas integrada e controlo biológico;
bem como nutricionistas. A nova formação de peritos locais em questões transversais e
pensamento holístico dentro das disciplinas envolvidas na gestão ambiental emerge como uma
prioridade para o reforço de competências individuais, com o ponto relacionado de
concentração nas capacidades necessárias para aperfeiçoar e implementar EIA como uma
ferramenta mandatada existente, como medidas de adaptação. Por fim, destacou-se o
desenvolvimento de competências para abordagens mais integradas, capacidades de
negociação e partilha de capacidades sociais.
8.1.7 Lacunas nas capacidades institucionais
As três fontes de dados principais (participantes do workshop, questionários, documentos de
política, sobretudo o SNC) apontam para a necessidade de apoio financeiro específico para
encorajar o desenvolvimento de novas competências e capacidades, que constitui um
importante factor de inibição na forma como o Botsuana se prepara para as alterações
climáticas. Estas lacunas de conhecimentos institucionais têm um efeito directo sobre o
indivíduo, o conhecimento e as lacunas de investigação identificadas, pois os níveis
insuficientes de capacidade de DCC nas instituições de ensino reduz a oportunidade de os
conhecimentos e a investigação DCC florescerem, reduzindo subsequentemente as
oportunidades de capacidade individual. A necessidade de partilha de informações,
colaboração e abordagens integradas de gestão ambiental e alterações climáticas apontam
igualmente para a natureza fragmentada das instituições actuais, bem como para a partilha
insuficiente de comunicação e conhecimentos necessários para preparar o país para
investigação e desenvolvimento do DCC. Tanto o SNC (2011) como os participantes do estudo
de planificação destacaram a necessidade de uma política nacional que acrescente um nível de
coerência e apoio para acções em matéria de DCC, reunindo assim os intervenientes (governo,
ONG, universidades e sector privado) num enquadramento comum.
8.2 Avaliação institucional do Botsuana
Este estudo de planificação identificou iniciativas existentes entre as instituições de ensino
superior (IES) no Botsuana e respectivos parceiros onde as actividades como investigação,
ensino, envolvimento político e sensibilização comunitária abordam as necessidades
relacionadas com alterações climáticas. A avaliação institucional demonstrou que as IES no
Maio de 2014
250
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Botsuana possuem competências e capacidades significativas para responder às alterações
climáticas e avançar para o DCC, sob a forma de cientistas extremamente experientes e
internacionalmente reconhecidos, muitos dos quais possuem doutoramentos e mais de dez
anos de experiência, alguns mais de vinte. Os investigadores activos identificados neste estudo
de planificação encontram-se enunciados no Volume 2, Relatório de País do estudo de
planificação do Botsuana, e as áreas de especialização do DCC no Botsuana, sobretudo no que
diz respeito a universidades, encontram-se resumidas na Tabela 17 do mesmo relatório. Os
funcionários universitários contribuem activamente para os processos políticos no Botsuana, e
para processos de avaliação internacionais para informar políticas, tais como os três autores
do Departamento de Ciência Ambiental na UB que contribuíram para o Quarto Relatório de
Avaliação do IPCC. No geral, há menos envolvimento na sensibilização comunitária, à excepção
de alguns investigadores cujo trabalho é extremamente baseado na comunidade. Houve algum
envolvimento na sensibilização para as alterações climáticas como, por exemplo, a Joyce
Lepetu do Botsuana, Faculdade de Agricultura, que se envolveu muito na criação de discussões
públicas no Nordeste do Botsuana, Gaborone e Maun sobre alterações climáticas como parte
de uma iniciativa pré e pós-COP17.
Porém, estas áreas de capacidade para trabalho em matéria de DCC terão de ser apoiadas
através de actividades de desenvolvimento de capacidades dedicadas. O estudo de
planificação encontrou nas fontes de dados uma forte necessidade de desenvolvimento de
capacidades de investigação em matéria de DCC e integração do DCC nos currículos e no
ensino. Uma vez que se trata de uma questão multidisciplinar, este desenvolvimento de
capacidades deverá ter uma abordagem especializada (para desenvolver capacidades de
investigação especializadas) e multidisciplinar que permita a troca de conhecimentos e o
desenvolvimento de colaborações. Os núcleos importantes de investigação multidisciplinar
residem no Botswana Global Change Committee e no Okavango Research Institute. Ambas as
organizações parecem ter boa experiência em investigação multidisciplinar e desenvolvimento
de capacidades, e poderiam desempenhar um papel valioso no desenvolvimento de
capacidades em matéria de DCC, dentro de um enquadramento global de apoio que é
necessário, e poderia ser desenvolvido através do processo CCS&AP. Outra área importante é
aperfeiçoar a integração das alterações climáticas e DCC no sistema de educação do Botsuana,
incluindo educação pública e programas comunitários, dentro do contexto do
desenvolvimento sustentável. As barreiras institucionais à investigação colaborativa incluem o
apoio limitado do governo sob a forma de legislação, incentivos e facilitação apropriados,
normas de avaliação estreitas e ferramentas de gestão de desempenho dentro das
universidades, e a falta de uma Fundação de Investigação Nacional que poderia, entre outras
coisas, proporcionar um enquadramento global para permitir este tipo de investigação no
geral, bem como para efeitos do DCC.
O que é claro deste quadro das preocupações gerais com a investigação no Botsuana é a
necessidade de uma abordagem colaborativa mais integrada, que trabalhe para uma forma de
política e plano de acção unificados. Embora haja investigação valiosa a longo prazo
relacionada com o DCC em diversos departamentos na UB e BCA, existe uma preocupação
comum de que se perdeu uma grande oportunidade para a forma como esta investigação
pode entrar em novas redes de investigação, implementação e desenvolvimento político e
maior envolvimento comunitário.
Maio de 2014
251
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
A implementação do programa do SASSCAL no Botsuana tem o potencial para desenvolver e
reforçar as competências existentes do Botsuana para co-produção de conhecimentos
colaborativos, dado o requisito para a investigação transdisciplinar. Dada a orientação do
SASSCAL, poderia considerar a convocação de um debate nacional entre os principais
intervenientes sobre as conclusões e recomendações deste estudo de planificação, a fim de
desenvolver um roteiro para o Botsuana sobre o reforço da resposta às alterações climáticas
através da co-produção de conhecimentos. Tal poderia ser mais desenvolvido numa base
regional, pelo menos nos países nos quais o SASSCAL se encontra actualmente activo.
Maio de 2014
252
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
253
Tabela 8: Fontes de experiência identificadas para o DCC no Botsuana
Universidade
Núcleos de competência
Universidade
do Botsuana
Investigação em questões sobre o ambiente,
agricultura, clima, água, pântanos, biologia e
energia
Faculdade de Ciências:
 Departamento de Ciência Ambiental: Grupo
principal, incluindo investigadores muito
experientes, que realizam investigação e
envolvimento politico num vasto leque de
tópicos relacionados com CC, incluindo análise
de mitigação, género e AC, climatologia aplicada,
política e desenvolvimento climáticos
Faculdade de Educação:
 Departamento de Línguas e Ciências Sociais:
investigação em desenvolvimento curricular; ESD
e integração das alterações climáticas nisto
Faculdade de Agricultura:
 Departamento de Agricultura: investigação na
forma como as AC afectarão o sector do gado e
das pastagens; reduzir as emissões de metano do
gado;
Instituto de Investigação Okavango:
Centros de competência
Centro de Estudo de Energias
Renováveis e Sustentáveis da
UB (CSRSE)
Centros de excelência
Centro de Serviços Climáticos
da SADC, situado dentro do
Departamento de Serviços
Meteorológicos do Botsuana
 Formação em previsões
meteorológicas para pessoal
nos Serviços
Meteorológicos/Hidrológicos
Nacionais (SMHN) e
concentrada no utilizador
final; actividades do programa
como associação de Cientistas
Visitantes da SADC ao Centro
e organização de workshops,
incluindo o Fórum de
Perspectiva Climática Regional
da África Austral (SARCOF)
 O sistema de Processamento e
Produção de Dados Climáticos
(CLIDAP) é composto por duas
partes: o Centro de Dados e o
Centro de Tarefas

Redes de investigação activas
relacionadas com o DCC
O Comité Nacional para as
Alterações Climáticas do
Botsuana (BGCC), iniciado
pelo Departamento de
Ciência Ambiental da UB;
abordagem interdisciplinar;
permite a investigação
colaborativa entre
investigadores das ciências
humanas e biofísicas;
desenvolvimento de
capacidades de cientistas
através da formação,
trabalho em rede e
fornecimento de um
enquadramento
institucional para a
investigação; promove o
diálogo político e dissemina
a investigação
 Centro de Investigação de
Energia e Ambiente e

Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de competência

Investigação multidisciplinar em gestão de
recursos naturais na Bacia do Rio Okavango;
programas de investigação específicos
concentrados nas alterações climáticas
Faculdade de
Agricultura do
Botsuana
(BCA)
Departamento de Ciência e Produção Animal e da
Unidade Florestal (http://www.bca.bw/)
 Manipulação de sistemas de alimentação de
gado ruminante para reduzir a produção de
metano, investigação agro-florestal, resíduos de
gado para produção de biogás
Universidade
Internacional
de Ciência e
Tecnologia do
Botsuana –
BIUST
O Departamento da Terra e Ciência Ambiental
(como a BIUST é uma instituição muito nova, tratase mais de um potencial do que um núcleo de
competências concreto nesta fase)
Centros de competência
254
Centros de excelência

Centro de Alertas Rápidos
Regional da SADC (REWC), na
sede da SADC em Gaborone;
núcleo para associar aos
Centros de Alertas Rápidos
Nacionais
Redes de investigação activas
relacionadas com o DCC
Alterações Climáticas
(EECG)144 – consultadoria
encabeçada por Peter Zhou
 Programa SASSCAL
Nota: Esta análise baseia-se nas melhores provas disponíveis, dentro dos limites do estudo de planificação. Com informações e provas posteriores, poderá ser alargada e igualmente utilizada
para acompanhamento e actualização das competências em matéria de DCC no Botsuana. Os dados de contacto relevantes para os investigadores associados a esta tabela, conforme
estabelecido com as melhores informações disponíveis na altura do estudo de planificação (2013) encontram-se incluídos no estudo de planificação do Relatório de País do Botsuana (consulte
o Volume 2).
144
http://www.eecg.co.bw/about.html
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
9 MALÁVI
9.1 Análise das necessidades do Malávi
9.1.1 Contexto que enquadra as necessidades
O Malávi já possui uma tendência de aquecimento estabelecida. O Perfil de País em Matéria de
Alterações Climáticas do PNUD salienta que a temperatura média anual aumentou 0,9 °C entre
1960 e 2006. Durante o mesmo período, o número de dias e noites quentes por ano aumentou
para 30,5 e 41 dias respectivamente, e o Malávi assistiu a um aumento na incidência de
acontecimentos climáticos extremos, nomeadamente secas, inundações, tempestades de
granizo e ventos fortes. No geral, espera-se que o Malávi assista a temperaturas mais elevadas
e menor pluviosidade no futuro. A Segunda Comunicação Nacional de 2011 relata que a
temperatura anual no Malávi deverá aumentar 1 °C até 2020, 2 °C até 2075 e 4 °C até 2100. A
precipitação média mensal e anual deverá diminuir no futuro, variando entre -4,8% e -0,7%. A
incidência de precipitação que ocorre em grandes acontecimentos aumentará 19% até 2090,
num cenário de elevadas emissões de gás de efeito de estufa.
Dentro deste contexto, a análise das necessidades do estudo de planificação para o Malávi
revelou que, embora tenha havido algum progresso na identificação de necessidades de
investigação e capacidades em termos gerais, o estado do conhecimento e investigação do
DCC permanece inadequado às respostas necessárias. De acordo com o esboço da Política de
Alterações Climáticas Nacional (GoM 2013), uma prioridade que atravesse todos os sectores é
a necessidade de levar a cabo investigação, envolver-se em inovação tecnológica e partilhar
conhecimentos através de abordagens de educação e comunicação. Neste aspecto, as
conclusões da análise das necessidades poderiam ser úteis na implementação do esboço da
Política de Alterações Climáticas Nacional, uma vez que a análise das necessidades oferece
uma visão melhorada do status quo da produção de conhecimentos e co-produção de
conhecimentos no Malávi.
Consistente com o contexto socioeconómico do Malávi, no qual aproximadamente 80% dos
malavianos dependem de recursos naturais renováveis para os meios de subsistência, o
governo do Malávi identificou algumas prioridades transversais de adaptação e mitigação ao
nível político, e estabeleceu um novo Ministério da Gestão de Assuntos Ambientais e
Alterações Climáticas. As barreiras primordiais à adaptação e mitigação foram igualmente
reconhecidas. Estas estão relacionadas com informação e conhecimento de fraca qualidade
que, por sua vez, estão relacionados com uma capacidade humana limitada em termos de
números, leque e profundidade de competências; e observação limitada de dados de
alterações climáticas sistemáticas, recolha e armazenamento, e capacidade institucional
limitada que inclui coordenação limitada de investigação e intervenções em matéria de
alterações climáticas, um sistema de telecomunicações obsoleto, e o não funcionamento de
três dos quatro sistemas de alertas rápidos relacionados com o clima. As barreiras
socioculturais como a pobreza e a iliteracia abrandam a difusão e adopção da inovação
tecnológica e o financiamento limitado para a investigação e programas de alterações
climáticas a prazo mais largo cria mais barreiras ao DCC no Malávi.
Maio de 2014
255
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
9.1.2 Amplas necessidades de adaptação e mitigação
Existe um vasto acordo entre as fontes de dados utilizadas para compilar este relatório do
estudo de planificação (sobretudo documentos e dados de workshop, uma vez que as
respostas aos questionários eram limitadas) quanto às vastas áreas de foco prioritárias para a
adaptação, nomeadamente gestão de recursos hídricos, agricultura, florestas e outras
utilizações de terreno, biodiversidade, vida selvagem e ecossistemas, pescas, saúde e
aglomerados populacionais. Estas reflectem as vulnerabilidades climáticas do Malávi,
especialmente para as suas populações rurais maioritárias. As fontes de dados concordam
igualmente com as vastas prioridades e necessidades de mitigação, que incluem medidas
relacionadas com a agricultura, gestão de florestas e REDD+; energia, gestão de resíduos,
transporte, processos industriais (tecnologia limpa), fazer melhor uso do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo, bem como desenvolvimentos de infra-estrutura e alojamento
resistente ao clima. Os dados do workshop e questionário também realçaram estas prioridades,
mas prestaram igualmente atenção à importância da educação, formação e desenvolvimento
de capacidades em matéria do DCC, integração de géneros nas questões do DCC, crescimento
da população e desenvolvimento de recursos humanos. Estas encontram-se igualmente
delineadas como questões transversais no esboço da Política Nacional de Alterações Climáticas.
9.1.3 Conhecimento específico e lacunas na investigação
O esboço da Política Nacional de Alterações Climáticas do Malávi afirma que “existe uma
necessidade de mais investigação nas questões das alterações climáticas e as avaliações de
necessidades de capacidades e formação indicaram que é preciso trabalhar mais neste
aspecto”. A política define um número de lacunas específicas na investigação e nas
capacidades, que incluem a melhoria na produção de dados, gestão e armazenamento,
sistemas de observação e capacidade de investigação. O esboço da Política Nacional de
Alterações Climáticas inclui um objectivo específico na investigação, desenvolvimento e
transferência tecnológicos e observação sistemática que envolve a reabilitação e actualização,
e a expansão de estações de monitorização meteorológica pelo país. Inclui igualmente o apoio
da documentação de conhecimentos autóctones para o DCC. São identificadas prioridades de
investigação específicas para prioridades de adaptação, que incluem avaliações de
vulnerabilidade e risco, avaliações de serviço de ecossistema, monitorização e avaliação de
mudanças na biodiversidade e investigação para novas práticas e tecnologia (por exemplo,
aquacultura, energia renovável, tecnologia limpa e abordagens à saúde ecológica). Os
participantes do workshop tendiam a concordar com estas necessidades de investigação, mas
indicaram igualmente que havia uma necessidade de educação ambiental e investigação na
formação a fim de melhorar as abordagens e os programas de educação e formação, e a
investigação e planeamento de recursos humanos, bem como a investigação das alterações
socioculturais. Foram identificadas questões de dados, capacidades de investigação e
conhecimentos limitados em relação a todas as diferentes áreas prioritárias. Os questionários
levantaram algumas prioridades de investigação adicionais, relacionadas com a necessidade da
investigação sobre a malária, e investigação de sistemas socioecológicos associada a
abordagens do serviço de ecossistemas à investigação. Foi dito que estas abordagens mais
integradoras não eram largamente praticadas, uma vez que os investigadores tendiam a
Maio de 2014
256
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
trabalhar em silos disciplinares e a adopção de abordagens com base em sistemas não era
difundida.
9.1.4 Questão transversal interessante
Uma questão transversal interessante era a do crescimento populacional e alterações
climáticas e a lacuna nos conhecimentos associada às formas autóctones de planeamento
familiar, bem como a exploração da aceitabilidade de contraceptivos entre a juventude e a
sociedade. A pergunta sobre qual a dimensão familiar ideal, considerando os condicionalismos
impostos da sociedade do Malávi pelas alterações climáticas, foi uma pergunta de
conhecimento e investigação interessante e controversa suscitada no workshop. A capacidade
para documentar e avaliar a relevância de conhecimentos autóctones em relação aos
conhecimentos científicos ocidentais e trabalhar com ambos os sistemas de conhecimentos foi
igualmente salientada como uma lacuna principal na investigação, assim como foi a
investigação no desenvolvimento político e institucional.
9.1.5 Necessidades de capacidade individuais
As necessidades de capacidade individuais foram identificadas nos documentos políticos e nos
debates do workshop como uma falha nas competências específicas relacionadas com
formação no ensino superior em matéria de alterações climáticas e a sua relevância nos
campos da Agricultura, Engenharia, Ambiente, Vida Selvagem, Meteorologia, Climatologia,
Modelização, Estatística, Ciências Matemáticas, Física, Química, Biologia, Geografia, Ciências
da Terra, Sociologia, Educação e Psicologia Ambiental. In addition to this the policy
recommends that specific capacity gaps lie in computer simulation and climate change
modeling. Assegurar a inclusão de alterações climáticas nos currículos das escolas primárias e
secundárias e proporcionar aos professores as competências, ferramentas e recursos para
educar as crianças e jovens em matéria de alterações climáticas foram realçadas no workshop,
assim como o desenvolvimento de competências para os meios de comunicação social
(jornalistas). Os participantes do workshop apelaram igualmente a melhores capacidades dos
investigadores no sector das energias renováveis, particularmente engenheiros, economistas e
peritos políticos. As competências em GIS, avaliação de carbono (economistas do comércio de
carbono), avaliação dos recursos naturais, gestão de resíduos e modelização matemática
foram igualmente salientados. Os participantes do workshop apelaram a mais
epidemiologistas, cientistas ambientais, cientistas da EIA e cientistas sociais. O workshop
originou igualmente um debate sobre a necessidade de competências (políticas, negociação,
pensamento crítico) para o envolvimento vital nas questões relacionadas com as alterações
climáticas a um nível global e nacional.
9.1.6 Lacunas nas capacidades institucionais
As lacunas específicas nas capacidades institucionais emergentes da documentação e dos
workshops apresentam uma falha geral nas capacidades institucionais em questões de
alterações climáticas. Todavia, esta sensibilização é muito forte nas políticas e nos dados
obtidos no workshop e nos questionários. Existe um consenso através dos dados no facto de
haver uma necessidade de reforçar substancialmente a capacidade de desenvolvimento de
Maio de 2014
257
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
informação e investigação para o DCC, e de desenvolver plataformas de partilha de
conhecimento apropriadas entre as universidades e outros intervenientes baseados em
investigação. A falta de uma infra-estrutura de investigação nacional adequada e de
financiamento à investigação foi outra questão frequentemente levantada, especialmente a
falta de uma estratégia de investigação nacional para o DCC. A falta de vontade política e a
rigidez e resistência à mudança foram igualmente citadas como lacunas institucionais. A
coordenação, gestão e monitorização fracas do progresso foram outras questões mencionadas.
O acesso à informação através das instituições era fraco, devido a uma falha na partilha e à
ausência de uma base de dados central. As políticas contêm inovação limitada e existe uma
falta notável de políticas favoráveis que promovem a inovação. Das políticas que existem, os
participantes do workshop sentiram que eram limitadas na sua implementação e aplicação,
uma vez que não havia instrumentos jurídicos e políticos robustos disponíveis. Além disso, a
coordenação entre o governo, ONG e o sector privado era limitada. Por último, uma lacuna nos
conhecimentos institucionais comummente citada foi a dos fracos currículos actuais
relacionados com alterações climáticas e DCC e os esforços que permitam o desenvolvimento
de novos currículos entre disciplinas da educação terciária, média e primária.
A co-produção de conhecimentos e a sua dependência nas capacidades institucionais
intersectoriais melhoradas podem ser vistas como uma área de preocupação significativa para
o Malávi. As lacunas no conhecimento, na investigação e nas capacidades individuais e
institucionais dão particular relevância à implementação da futura Política Nacional de
Alterações Climáticas, que depende dos processos de (co)produção de conhecimentos e
investigação. Esta secção do Estudo de Planificação de País para o Malávi demonstrou que há
uma necessidade de planeamento cuidadoso e atribuição de recursos para abordar estas
lacunas institucionais e nos conhecimentos, que devem ser levados para a estratégia e
planeamento de medidas que acompanharão o lançamento da Política Nacional de Alterações
Climáticas, ainda em esboço em 2013.
9.2 Avaliação institucional do Malávi
Os intervenientes e os próprios funcionários das universidades exprimiram inúmeras
necessidades de capacidades institucionais e individuais, de investigação e conhecimento
complexas. Significativa é a falta óbvia de capacidades institucionais fortemente estabelecidas
para o DCC no país que, conforme acima mencionado, pode ser explicada pelo facto de a
investigação do DCC ser uma nova área de investigação e ainda haver um envolvimento
relativamente pequeno com o DCC, embora alguns núcleos e centros de competências nesta
área possam ser identificados (consulte a Tabela 9 abaixo).
A avaliação institucional demonstrou que o Malávi realizou progressos com a análise inicial das
prioridades relacionadas com o DCC e desenvolvimento de políticas, mas ainda existe uma
necessidade de mais profissionais universitários que se envolvam na investigação relacionada
com o DCC. Foi igualmente evidente que foram encontrados mais formas estabelecidas de
investigação do DCC nas áreas da gestão de recursos naturais, agricultura, água, florestas e
energia, com outras áreas ainda em fraco desenvolvimento (por exemplo, sociologia rural,
educação ambiental, estudos jurídicos e políticos, alterações climáticas e saúde, integração de
géneros das alterações climáticas, etc.). O governo, apoiado pelos parceiros de
Maio de 2014
258
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
desenvolvimento internacionais, desempenha um papel importante na iniciação e na
condução de conhecimentos relacionados com o DCC. Foi igualmente visível que esses
académicos com fortes registos nesta área de investigação e com doutoramentos e/ou
cátedras foram capazes de iniciar e conduzir a implementação de grandes iniciativas de
desenvolvimento e investigação relacionados com o DCC em parceria com o governo e outros
intervenientes. Porém, houve apenas algumas destas pessoas foram identificadas e existe a
necessidade de uma “massa crítica” mais forte e, por conseguinte, de desenvolvimento de
capacidades para reforçar a capacidade de investigação de alto nível entre um grupo de
investigadores mais amplo. Foi igualmente encorajador verificar que algumas mulheres
encontravam-se envolvidas na investigação do DCC, mas foi igualmente claro que esta é uma
área de investigação dominada por homens. Foi igualmente evidente que alguns dos
académicos envolvidos na investigação do DCC obtiveram doutoramentos. De um modo geral,
sentiu-se que a capacidade científica para o DCC ainda era fraca e estava na sua fase inicial no
Malávi, embora existissem alguns bons exemplos de investigação relevante para o DCC. Tal
revelou-se igualmente nas publicações onde muita da investigação local útil não é publicada
excepto sob a forma de “literatura cinzenta”, tornando difícil acompanhar e utilizar estes
conhecimentos em processos de co-produção de conhecimentos.
A avaliação institucional revelou que ainda haviam alguns cursos concentrados no DCC em
programas de ensino e nestes casos, a integração do DCC seguia o modelo de integração em
disciplinas existentes, sobretudo ao nível da licenciatura, embora houvesse alguma integração
do DCC noutros cursos de pós-graduação. Uma excepção interessante foi o projecto CC-DARE
que desenvolveu uma licenciatura em Ambiente e Alterações Climáticas através de uma
abordagem com múltiplos intervenientes e multidisciplinar para a investigação e o
desenvolvimento curricular. Tal destacou igualmente a sensibilização para a necessidade de
inovação curricular no DCC e pode-se discutir mais sobre o assunto, especialmente na
Universidade de Agricultura e Recursos Naturais de Lilongué, onde se encontra localizado o
projecto de inovação curricular CC-DARE. Um novo programa intitulado Capacity Building for
Managing Climate Change in Malawi (CABMACC – Desenvolvimento de Capacidades para a
Gestão de Alterações Climáticas no Malávi) foi recentemente criado com associações ao CARD,
um dos centros de perícia identificados no Malávi (vide Tabela 9). Foi posteriormente
assinalado que as redes de conhecimentos especificamente dedicadas ao DCC encontram-se
ainda em desenvolvimento no Malávi, e onde estas existiam, tendiam a ser associadas a
grandes projectos de desenvolvimento nos quais as universidades se envolviam (por exemplo,
CCABMAC). A sustentabilidade destes projectos permanecia, contudo, um problema a longo
prazo, uma vez que a implementação do DCC e o trabalho de investigação no Malávi é
bastante dependente do financiamento. Contudo, as organizações como a LEAD SEA na
Faculdade Chancellor no Malávi desempenhavam um papel forte na criação de um
entendimento nacional e regional (em África) do DCC e na formação de liderança do DCC
através de associações à LEAD Africa e à rede LEAD mais abrangente.
A avaliação institucional do Malávi revelou igualmente que existem alguns Centros nas
universidades que desempenham um papel importante na ligação de investigação
multidisciplinar e desenvolvimento de programas de investigação e criação de parcerias de
investigação. Parece que ter estes centros semi-autónomos constitui uma parte essencial do
Maio de 2014
259
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
funcionamento das universidades no Malávi, embora sejam poucos e apenas alguns se
concentrem no DCC como a sua “actividade principal”. Por conseguinte, é encorajador que o
esboço da Política Nacional de Alterações Climáticas do Malávi sugira o reforço dos Centros de
Excelência para a investigação e prática do DCC no Malávi. A partir das provas neste estudo de
planificação, estas constituem uma estrutura institucional essencial que permite o tipo de
investigação e produção de conhecimentos necessárias para o DCC. Porém, estes Centros
parecem igualmente ser vulneráveis às alterações nos padrões de financiamento de doadores
e dependem também muito do financiamento de doadores para as suas actividades de
investigação e desenvolvimento. Embora tenha sido difícil obter provas para o efeito, parece
que as iniciativas do DCC iniciadas terminam muitas vezes quando acaba o financiamento de
doadores, criando um ambiente instável para a co-produção de conhecimentos a longo prazo.
Maio de 2014
260
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
261
Tabela 9: Fontes de experiência identificadas para o DCC no Malávi
Universidade
Universidade do Malávi,
incluindo:
Faculdade Chancellor,
Politécnico, Faculdade de
Medicina e Faculdade de
Enfermagem de Kamuzu
Núcleos de competência
Faculdade de Ciências
(investigadores individuais
contribuindo para o NAREC)
 Faculdade de Direito:
investigação de
desenvolvimento político e
institucional
 Faculdade de Medicina:
Welcome Trust Malaria
Research

Centros de competência
Centro de Recursos Naturais e
Ambiente (NAREC) da
Faculdade de Ciência,
Faculdade Chancellor do
Malávi. Envolvido na
investigação de adaptação às
alterações climáticas na bacia
do Rio Shire, mapeamento do
carbono no solo; investigação
dos serviços de ecossistema
agrícolas e investigação dos
recursos hídricos associados à
Rede de Centro de Excelência
NEPAD.
 Centre for Water, Sanitation,
Health and Appropriate
Technology (WASHTED) na
Universidade Politécnica do
Malávi; envolvido num leque
de investigação do DCC
incluindo estudos de
vulnerabilidade,
desenvolvimento tecnológico,
monitorização e energias
renováveis

Centros de excelência
CE para a Água do NEPAD na
Universidade do Malávi
 LEAD Southern and Eastern
Africa (Faculdade Chancellor):
Centro de investigação e
desenvolvimento; foco na
formação em liderança e
desenvolvimento para o
ambiente e SD, inclui três
grandes programas de
investigação e
desenvolvimento do DCC.
Associado ao LEAD Africa e
LEAD International; programa
MESA da UNEP e Centros de
Competências da UNU em
ESD. Estação de rádio da
comunidade local

Redes de investigação activas
relacionadas com o DCC
As Redes de Investigação e
Conhecimento do Malávi
citadas no workshop incluem:
 Rede de Sociedade Civil na
Agricultura (CISANET)
 Rede de Sociedade Civil em
matéria de Alterações
Climáticas (CISONECC)
 Comité Nacional Técnico em
matéria de Alterações
Climáticas
 LEAD Southern and Eastern
Africa
 WATERNET – especialmente a
componente de géneros
 Centro para o Ambiente para
a Dotação e Defesa Ambiental
(CEPA)
 Fundo de Dotação Ambiental
do Malávi (MEET)
 Os Centros Regionais de
Investigação Ambiental e
redes de conhecimento
incluem:
 Associação de Universidades

Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Universidade Lilongwe de
Agricultura e Recursos Naturais
(LUANAR)
Núcleos de competência
Cientistas agrónomos
envolvidos na investigação do
DCC
 Cientistas de Gestão de
Recursos Naturais envolvidos
em investigação do DCC
 Investigadores de Sociologia e
Extensão Rural envolvidos na
investigação do DCC

Centros de competência
Centro para Investigação e
Desenvolvimento Agronómico
(CARD), que realiza
investigação de políticas
agrícolas, com algumas
associações à investigação do
DCC, e as Faculdades de
Recursos Naturais, Sociologia
e Extensão Rurais. Associado
ao novo programa de
investigação CABMACC.
 Núcleo Regional dos Peixes
(RFN) do NEPAD, concentrado
na investigação da
biodiversidade,
monitorização, práticas de
aquacultura e política de
pescas e extensão. Tem como
objectivo ser um Centro de
Excelência. Possui rede
regional. Não muito claro
quanto à investigação
específica relacionada com o
DCC mas a investigação básica
é relevante para o DCC.

262
Centros de excelência
Redes de investigação activas
relacionadas com o DCC
da África Austral (SARUA)
Comité de Avaliação de
Vulnerabilidade da SADC
 Unidade de Alertas Rápidos
da SADC
 Previsão Climática Regional da
África Austral (SARCOF)
 Programa de Educação
Ambiental Regional da SADC
 Associação de Educação
Ambiental da África Austral
(EEASA)
 Sistema de Alerta Rápido da
Fome (FEWSNET)

Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de competência
Ciências da Silvicultura
Universidade Mzuzu

Universidades privadas,
incluindo a Universidade
Católica do Malávi
Universidade Adventista do
Malávi
Investigação em matéria de
Ciências Sociais e alterações
climáticas:
 Departamento de Trabalho
Social e Departamento da
Educação
Outras instituições terciárias
como a Faculdade das Pescas
do Malávi

Centros de competência
263
Centros de excelência
Redes de investigação activas
relacionadas com o DCC
Centros de Excelência em Água
e Saneamento que foi criado
em 2009 na Faculdade de
Ciências Ambientais
 Concentra-se na eficácia do
saneamento, intervenções de
fornecimento de água,
qualidade da água e aplicação
prática das conclusões da
investigação através de
formação e alcance. Nem toda
a investigação é relacionada
com o DCC, mas a
investigação básica possui
relevância na adaptação ao
DCC.
Investigação da monitorização
das pescas
Nota: Esta análise é baseada nas melhores provas disponíveis. Com informações e provas posteriores, poderá ser alargada e igualmente utilizada para acompanhar e actualizar as
competências no DCC no Malávi. Os dados de contacto relevantes para os investigadores associados a esta tabela, conforme estabelecido com as melhores informações disponíveis na altura
do estudo de planificação (2013) encontram-se incluídos no estudo de planificação do Relatório de País do Malávi (consulte o Volume 2).
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
A Universidade do Malávi possui uma Iniciativa Green Campus que envolve os estudantes em
actividades relacionadas com o DCC, tais como plantação de árvores, gestão de resíduos,
gestão de florestas com base na comunidade e envolvimento com a promoção e utilização de
tecnologia de energias renováveis (solar, biogás, etc.). A Faculdade de Educação da
Universidade do Malávi alberga ainda o Projecto Citizen Malawi (PCM) no qual os estudantes
participam em programas cívicos que focam algumas actividades relacionadas com o DCC nas
escolas do Malávi.
Os intervenientes e profissionais universitários no Malávi mostraram um claro entendimento
de que o DCC está estreitamente ligado à adaptação e mitigação e ao desenvolvimento
sustentável. A análise institucional demonstrou igualmente que, entre a comunidade
universitária havia alguns exemplos de investigação transdisciplinar, mas eram sempre
associados a projectos financiados por doadores como o Programa de Adaptação da Bacia do
Lago Chilwa às Alterações Climáticas, que está a ser dirigido pela LEAD SEA. O programa CCDARE era interessante, visto que envolvia um programa de investigação transdisciplinar de
vários intervenientes, que informava o desenvolvimento curricular acerca de um novo
programa de mestrado, assim como actividades de educação e sensibilização comunitária,
mostrando como este tipo de investigação pode sedimentar a inovação curricular. Tal terá,
sem dúvida, continuidade através do projecto CABMACC, recentemente financiado, que
procura igualmente reforçar a capacidade dos funcionários da LUANAR e respectivas inovações
curriculares, investigação e funções de sensibilização. Porém, o contexto do projecto cria um
contexto de “vida real” para a investigação do DCC e parece permitir uma relação forte entre a
co-produção e utilização de conhecimentos para desenvolver e florescer, sendo o LCBCCAP na
LEAD SEA um bom exemplo deste processo em curso. Contudo, conforme acima referido, estes
programas são vulneráveis às mudanças nos padrões de financiamento com doadores, e a coprodução de conhecimentos em programas principais pode deixar de existir se o
financiamento terminar. Uma fonte nacional de financiamento à investigação mais sustentável
ajudaria a abordar este problema.
A avaliação institucional demonstrou que existe uma necessidade urgente de expandir o
desenvolvimento de capacidades em assuntos relacionados com o DCC na comunidade de
investigação do Malávi, de modo a reforçar a massa crítica e assegurar a sustentabilidade das
trajectórias de investigação que já existem, e alargá-las para outras disciplinas e para maior
efeito. Embora haja alguns bons exemplos de desenvolvimento curricular e investigação
relacionados com o DCC, subsiste a necessidade de um desenvolvimento de capacidades
disciplinares básicas da investigação do DCC, bem como de um alargamento de mais formas
expansivas e inovadoras de investigação e ensino transdisciplinares, uma vez que estas
tendem a situar-se no âmbito de alguns que desenvolveram perícia nesta área durante os
últimos dez anos ou mais.
Dada a gravidade dos impactos das alterações climáticas projectados para a base de
produtividade dos recursos naturais do Malávi e os riscos associados de secas e inundações,
bem como os níveis de vulnerabilidade, o estudo institucional destaca que é extremamente
importante para as universidades no Malávi envolverem-se mais fortemente nos assuntos de
co-produção de conhecimentos do DCC nas faculdades e formações interdisciplinares dentro e
entre as universidades, de modo a poderem apoiar e informar melhor a política e a prática do
Maio de 2014
264
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
DCC. As principais áreas identificadas para o Malávi incluem inovação e desenvolvimento
curriculares, desenvolvimento de capacidades de instituições de investigação,
desenvolvimento profissional e desenvolvimento de competências em investigação individuais,
partilha de conhecimentos e publicação de investigação, e sensibilização comunitária e política,
bem como fortes abordagens ao envolvimento dos estudantes.
Maio de 2014
265
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
10 ILHAS MAURÍCIAS
10.1 Análise das necessidades das Ilhas Maurícias
10.1.1 Contexto e enquadramento das necessidades
Na qualidade de Estado e ilha pequena, o terceiro maior recife de coral do mundo, as
Maurícias possuem níveis elevados de vulnerabilidade às alterações climáticas, mas
constituem igualmente um activo único a proteger. A biodiversidade marinha da república
encontra-se sob ameaça da subida do nível das águas, descoloração do coral e danos ao
ecossistema. Teme-se que 50% das praias nas Ilhas Maurícias possam desaparecer até 2050, se
os actuais níveis de emissões globais continuarem inabaláveis. Isto, juntamente com os
impactos sobre os sistemas agrícolas e recursos hídricos, teria efeitos graves na economia e
nos meios de subsistência de muitas pessoas. Muitos mauricianos que participaram neste
estudo de planificação pareciam compreender a necessidade do DCC e as lacunas na resposta
nacional que iam além das suas disciplinas ou mandatos, revelando um vasto entendimento
das alterações climáticas, o que constitui um bom prenúncio para uma resposta mais
interdisciplinar.
Dentro deste contexto, a análise das necessidades das Ilhas Maurícias revelou que, apesar da
perícia existente a emergir no campo, o conhecimento e a investigação do DCC terá de ser
significativamente realçado de maneiras específica e transversal para abordar os impactos
consideráveis observados e projectados. Neste aspecto, as conclusões deste estudo poderiam
ser úteis no desenvolvimento e implementação políticos futuros nas Ilhas Maurícias, a partir
do Enquadramento Nacional de Políticas de Adaptação às Alterações Climáticas das Ilhas
Maurícias em 2013.
10.1.2 Necessidades de adaptação e mitigação amplas
Um leque claro de áreas prioritárias amplas, resultantes dos workshops, questionários e
documentos políticos compõe a Zona Costeira, Agricultura, Recursos Hídricos, Saúde Humana,
Turismo e Recursos Marinhos. Os sectores já afectados são: infra-estruturas que apoiam os
meios de subsistência comunitários, recursos hídricos, áreas costeiras, recifes de coral, pescas
e outros recursos marinhos, agricultura, turismo, saúde humana e biodiversidade.
10.1.3 Conhecimento específico e lacunas na investigação
As principais lacunas no conhecimento prioritárias incluíram a adaptação, mitigação e temas
transversais mais vastos. Dentro da Energia e Indústria, as principais áreas prioritárias
destacadas incluíram: consumo de energia do sector de transportes, energias renováveis,
eficácia energética e design de construção. As prioridades da educação e planeamento
consistiam numa necessidade de maior sensibilização pública no conceito de alterações
climáticas; integração das alterações climáticas no currículo a todos os níveis, do pré-primário
ao terciário; desenvolvimento de capacidades de todos os intervenientes a todos os níveis e
envolvimento comunitário. Os participantes sentiram que as principais prioridades de gestão
costeira e marinha incluíam: gestão da biodiversidade marinha (indústrias mineira e das
Maio de 2014
266
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
pescas), explorando o efeito das alterações climáticas no ecossistema marinho, examinando o
efeito das alterações climáticas na zona costeira e por fim o feito das alterações climáticas nas
pescas. As lacunas na investigação prioritárias levantaram preocupações quanto à
necessidade de explorar o impacto das alterações climáticas nos diferentes sectores e
melhorar as estratégias de comunicação para partilhar as conclusões. A investigação no
desenvolvimento curricular e a necessidade de investigação multidisciplinar e interdisciplinar
foi realçada. A investigação da mitigação concentrada na tecnologia das energias sustentáveis
nos transportes e na construção constituiu um foco principal, tal como a investigação da
gestão de recursos naturais e monitorização da subida do nível das águas do mar e o seu efeito
no desenvolvimento.
10.1.4 Necessidades transversais
Os dados foram considerados uma questão transversal vital: estabelecer marcos e termos de
referência para estudos a longo prazo para gerar estes dados foi constantemente citado, tal
como foi a necessidade de melhorar o acesso e partilha de conhecimentos, e expandir os
recursos de conhecimentos pelos sectores, especificamente a gestão de recursos marinhos,
turismo e educação A normalização e harmonização de dados entre instituições de
investigação foi igualmente necessária, por exemplo no contexto dos impactos das alterações
climáticas na biodiversidade marinha. As limitações de recursos e capacidades humanas
subjacentes incluíram uma necessidade significativa de formação para desenvolver pessoal
competente necessário, incluindo desenvolvimento de capacidades de funcionários de IES.
Além das lacunas transversais constavam-se a necessidade de maior sensibilização pública e
envolvimento comunitário e a integração das alterações climáticas no currículo a todos os
níveis.
10.1.5 Temas notáveis
Nas Ilhas Maurícias, estes incluíam a necessidade comummente citada de mudar mentalidades,
incluindo um sentido de controlo sobre o ambiente, o que iria originar uma alteração
comportamental; e o foco nas áreas de investigação da energia, indústria e transportes, que
era menos realçado noutros países.
10.1.6 Lacunas nas capacidades individuais
Tanto a avaliação de políticas como os debates do workshop destacaram uma variedade de
lacunas nas capacidades individuais importantes, que se concentravam sobretudo nos serviços
climáticos, especificamente a identificação de tendências climáticas, previsões meteorológicas,
tratamento de modelos climáticos existentes (incluindo GCM), redução da escala regional para
a escala de ilha, e criação de cenários; bem como a perícia na comunicação, educação e gestão
citadas mais frequentemente como necessidades em matéria de capacidades. Existe uma
escassez geral de funcionários qualificados e experientes nas agências executoras com
responsabilidade para formulação, gestão e aplicação de políticas nas Ilhas Maurícias. De um
modo geral, os participantes sentiram que as competências especializadas na investigação das
alterações climáticas e DCC não eram suficientes: as principais áreas destacadas foram no
desenvolvimento e utilização de tecnologia ecológica como as energias renováveis, tecnologias
Maio de 2014
267
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
dos transportes, construção verde e um número de áreas industriais; assim como capacidades
avançadas na utilização de instrumentos em Meteorologia/Energia/Transporte/Avaliação de
Recursos Hídricos. O estudo de planificação encontrou ainda a necessidade de mudar
mentalidades e comportamentos de pessoas a níveis diferentes, incluindo para os cidadãos
perceberem a gravidade da situação e os investigadores definirem a abordagem dos desafios
identificados como prioridade.
10.1.7 Lacunas nas capacidades institucionais
Uma lacuna importante nas capacidades institucionais em todas as fontes de dados
relacionados com a possibilitação de alterações climáticas e partilha de conhecimentos do DCC
e acesso a informação, incluindo o desenvolvimento de um repositório para dados,
investigação e conhecimentos sobre alterações climáticas. De um modo geral, os participantes
do workshop apelaram ao envolvimento mais activo das instituições na possibilitação da
investigação de alterações climáticas e DCC nas Ilhas Maurícias, bem como o funcionamento
em rede local dos investigadores de alterações climáticas e o desenvolvimento de sinergias
institucionais neste campo. Destacaram igualmente a necessidade de melhorar acordos para
planos marinhos ambientais transfronteiriços, desenvolver as estruturas institucionais para
melhorar os ciclos de retorno dos resultados ambientais e dar prioridade institucional para o
desenvolvimento de um enquadramento curricular que incorpore o DCC.
10.2 Análise institucional das Ilhas Maurícias
Este estudo de planificação identificou iniciativas existentes entre as IES nas Ilhas Maurícias e
respectivos parceiros onde as actividades como investigação, ensino, envolvimento político e
sensibilização comunitária abordam as necessidades relacionadas com alterações climáticas. O
estudo demonstrou que as IES nas Ilhas Maurícias possuem uma perícia e capacidade de
resposta a alterações climáticas e de avançar para o DCC relativamente boa, tal como outros
intervenientes. Os investigadores activos identificados neste estudo de planificação
encontram-se enunciados no Volume 2 e as áreas de especialização do DCC nas Ilhas Maurícias,
sobretudo no que diz respeito a universidades, encontram-se resumidas na Tabela 15 do
mesmo Relatório de País das Ilhas Maurícias, Volume 2.
A combinação de um movimento político crescente envolvido e um entendimento maior das
necessidades particulares para as alterações climáticas e DCC nas Ilhas Maurícias cria um
ambiente fértil para o desenvolvimento de possibilidades de co-produção de conhecimentos.
Mesmo com o envolvimento crescente do governo, os participantes sentiram que não era
suficiente e era preciso uma abordagem mais atenciosa, motivada e bem fundamentada em
recursos do governo. De um modo geral, pede-se uma abordagem integrada ao conhecimento,
investigação, desenvolvimento de capacidades individuais e institucionais nas Ilhas Maurícias.
Juntamente com esta transferência de conhecimentos melhorada e disseminação de
investigação nas Ilhas Maurícias, destacaram-se o financiamento mais dedicado e recursos do
DCC. No desenvolvimento posterior de oportunidades de co-produção de conhecimentos,
foram
estabelecidas
duas
principais
áreas
prioritárias.
Foram
elas
o
desenvolvimento/sensibilização curricular e o envolvimento melhorado do governo e
Maio de 2014
268
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
decisores políticos na revisão e expansão de políticas e legislação para o DCC. Uma outra
necessidade identificada pelo estudo de planificação foi a de um plano/estratégia de
investigação estratégico e coerente em matéria de alterações climáticas e DCC, que seria
consistente com o NCCAPF. Destas e outras intervenções, poderão surgir ordens de trabalho
de investigação e desenvolvimento curricular apropriados, dotando ainda mais a comunidade
de investigação relacionada com o DCC e alterações climáticas nas Ilhas Maurícias.
Maio de 2014
269
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
270
Tabela 10: Fontes de experiência identificadas para o DCC nas Ilhas Maurícias
Universidade/
organização
Núcleos de competência
Centros de competência
Faculdade de Ciências: Departamento de
Química – investigação em modelização de
alterações climáticas e CZM
 Oceanografia e alterações climáticas
 Faculdade de Estudos Sociais e
Humanidades: pequeno grupo de
investigação no Departamento de Economia
e Estatística em matéria de energia,
economia e alterações climáticas
 Faculdade de Agricultura: agricultura
sustentável e gestão de água e terra no
contexto de alterações climáticas,
informações disponíveis insuficientes
Universidade
das Ilhas
Maurícias

Universidade
des
Mascareignes

Faculdade de Desenvolvimento Sustentável e
Engenharia: Investigação e formação no
campo das fontes renováveis de energia
(avaliação de recursos eólicos, painéis
fotovoltaicos, monitorização de fluidez de
tráfico diário online; recolha de águas
pluviais e cobertura verde, desenvolvimento
de baixo impacto (DBI), cursos relacionados
com Engenharia Ambiental, Gestão e
Economia
Não foram identificados centros
de excelência credenciados da
SADC nas Ilhas Maurícias
Instituto de Educação das Ilhas
Maurícias: inclui um grupo
concentrado na educação de
professores para ESD; revisão
curricular para o DCC;
consultadoria em programas
nacionais e internacionais
Redes de investigação activas
relacionadas com o DCC
Centros de excelência
Mauritius Ile Durable
Comissão do Oceano Índico
 Centro de Acompanhamento de
Secas da SADC
 Mauritius Wildlife Foundation
 ESSA: Education for Strong
Sustainability and Agency
 WIOMSA: Associação da Ciência
Marinha do Oceano Índico
Ocidental



Environmental Protection and
Conservation Organisation
(EPCO) – preparação para as
alterações climáticas com base
na comunidade nas
comunidades costeiras
Nota: Esta análise baseia-se nas melhores provas disponíveis, dentro dos limites do estudo de planificação. Com informações e provas posteriores, poderá ser alargada e igualmente utilizada
para acompanhar e actualizar as competências no DCC nas Ilhas Maurícias. Os dados de contacto relevantes para os investigadores associados a esta tabela, conforme estabelecido com as
melhores informações disponíveis na altura do estudo de planificação (2013) encontram-se incluídos no estudo de planificação do Relatório de País das Ilhas Maurícias (consulte o Volume 2).
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
11 MOÇAMBIQUE
11.1 Análise das necessidades de Moçambique
11.1.1 Contexto que enquadra as necessidades
Uma tendência de aquecimento já se encontra bem estabelecida em Moçambique, embora tal
não seja uniforme em todo o país, tendo as temperaturas médias anuais subido 0,6 °C entre
1960 e 2006.145 No mesmo período, o número de dias quentes por ano aumentou para 25
enquanto o de dias frios diminuiu 14; e o número de noites quentes aumentou e o de noites
frias diminuiu. A pluviosidade média anual diminuiu a uma média de 2,5mm por mês, por
década, entre 1960 e 2006. A variabilidade da precipitação aumentou nas regiões centrais e
meridionais desde os anos 90, enquanto o número de acontecimentos de precipitação elevada
aumentou entre 1960 e 2006. Existem indicações de um início mais tardio da época da chuva e
um aumento da duração do período seco. A temperatura média anual é projectada para
aumentar entre 1 e 2,8 ºC até 2060, e entre 1,4 e 4,6 ºC até 2090, com taxas mais altas de
aquecimento a ocorrer no interior em comparação com as áreas junto à costa. O relatório
INCG 2009 salienta que, se os esforços de mitigação global forem insuficientes, as
temperaturas poderão subir entre 2 e 2,5 °C até 2050, e entre 5 e 6 °C até 2080. Moçambique
é particularmente propenso a um aumento em desastres naturais e aos impactos da subida do
nível do mar nas comunidades costeiras.
Dentro deste contexto, a análise das necessidades do estudo de planificação para
Moçambique revelou que, embora tenha havido algum progresso na identificação de
necessidades de investigação e capacidades em termos gerais, o estado do conhecimento e
investigação do DCC é inadequado às respostas necessárias e para os desafios significativos ao
desenvolvimento que Moçambique enfrenta como resultado da sua alta vulnerabilidade às
alterações climáticas. Uma grande prioridade que atravessa todas as políticas e planeamento
de alterações climáticas de Moçambique é desenvolver capacidade para redução de risco e
preparação, dentro de um enquadramento mais vasto de adaptação e resistência climática a
longo prazo.
Consistentes com o contexto socioeconómico e o estado de pós-conflito de Moçambique, as
barreiras globais à adaptação indicadas nas três fontes de dados incluem informações e
conhecimentos de má qualidade sobre a natureza dos riscos em matéria de alterações
climáticas e adaptação, mitigação e respostas do DCC apropriadas; envolvimento de
investigação limitado com estas questões; baixos níveis de capacidade técnica; e recursos
financeiros insuficientes para abordar os desafios à adaptação e mitigação das alterações
climáticas. Um aspecto importante identificado é a necessidade de envolver o sector privado
na mitigação das alterações climáticas, especialmente relacionadas com tecnologia
145
INGC. 2009. Perfil de País com Alterações Climáticas do PNUD.
Maio de 2014
271
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
verde/limpa e investimentos na adaptação nacional às alterações climáticas e estratégia de
criação de resistência, principalmente devido à actual expansão dos investimentos nas
oportunidades na extracção de carvão, gás natural e petróleo. O workshop e as respostas aos
questionários identificaram um leque de necessidades transversais para responder melhor ao
DCC, entre as quais estão o desenvolvimento de capacidades e troca de conhecimentos
(incluindo disseminação de informações climáticas às comunidades), revisão da legislação para
incluir o DCC em todos os sectores, e integração de conhecimentos do DCC em programas e
projectos de desenvolvimento e prioridades do governo, e a necessidade de maiores
oportunidades para o entendimento e criação de sensibilização, e programas de troca de
conhecimentos entre universidades, sectores e comunidades. Havia igualmente uma
preocupação com a preparação da comunidade para a adaptação às mudanças previstas e as
necessidades de conhecimento das comunidades. A questão de proporcionar informações
relacionadas com o clima em português foi levantada, uma vez que a maioria das informações
é produzida em inglês.
11.1.2 Necessidades de adaptação e mitigação amplas
Há um acordo geral entre as fontes de dados utilizadas para compilar este relatório de estudo
de planificação sobre as vastas áreas de concentração prioritárias para adaptação e criação de
resistência ao clima, nomeadamente a protecção costeira, preparação das cidades e governos
locais, gestão de recursos hídricos, agricultura e segurança alimentar, incluindo gestão de
erosão do solo, biodiversidade e gestão de florestas, saúde humana e aglomerados
populacionais. O que é essencial é a necessidade de capacidades e dados meteorológicos
melhorados. Estas reflectem as vulnerabilidades climáticas de Moçambique, especialmente
para as suas populações rurais maioritárias. As fontes de dados concordam igualmente com as
vastas prioridades e necessidades de mitigação, que englobam medidas relacionadas com
melhor gestão de energia e utilização de recursos energéticos, electrificação rural e florestas
para reduzir a desflorestação e estabelecimento de sistemas de produção de energia limpa e
sistemas de transporte sustentáveis. Moçambique, conforme acima referido, identificou
recursos de gás natural e carvão significativos e os participantes do workshop identificaram a
urgência de uma avaliação das necessidades tecnológicas e desenvolvimento de tecnologia
limpa como uma necessidade principal de mitigação, uma que é igualmente articulada na
política. A política aponta igualmente a necessidade de encontrar formas de desenvolver
tecnologias de energias renováveis e desenvolver a utilização de tecnologias de gás natural
para as necessidades de fornecimento de energia nacionais.
11.1.3 Conhecimento específico e lacunas na investigação
Os participantes do workshop sentiam que subsistiam lacunas significativas na política e
implementação que estavam associadas a conhecimentos e investigação inadequados. A
análise de todas as fontes de dados demonstrou que havia lacunas importantes no
conhecimento e investigação relacionadas com a adaptação, incluindo: agricultura e segurança
alimentar (incluindo conservação do solo, a necessidade de cultivação mais resistente e gestão
e uso de terras melhorados), gestão e protecção de zonas costeiras (incluindo protecção de
mangais e estudos sobre a vulnerabilidade do ecossistema e implicações na subida do nível do
mar); preparação das cidades; gestão de recursos hídricos. Estas foram as áreas mencionadas
Maio de 2014
272
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
com mais regularidade como sendo as que necessitam de desenvolvimento de conhecimentos
e investigação específicos relacionados com a adaptação. Necessidades de investigação e
conhecimentos de mitigação essencialmente concentradas na investigação das energias
renováveis e tecnologia limpa, investigação e desenvolvimento de transporte e florestas. O
envolvimento do sector privado na investigação da mitigação das alterações climáticas,
especialmente a investigação na engenharia em tecnologias verdes e com eficácia energética,
foi identificado como sendo importante em Moçambique. Sustentar estas necessidades de
investigação e desenvolvimento de adaptação e mitigação são ainda mais importantes para
reduzir as lacunas críticas no conhecimento e na investigação. Estas incluem: observação,
acompanhamento, modelização e avaliações de vulnerabilidade e risco sistemáticos. Tal
envolve avaliar a vulnerabilidade (especialmente a planificação da vulnerabilidade a nível local);
oferecer informações e projecções meteorológicas mais precisas e expansivas (dados
observacionais para sustentar avaliações climáticas e a vulnerabilidade nos recursos aquáticos,
agricultura, biodiversidade, subida do nível do mar e planeamento de infra-estruturas). O
desenvolvimento tecnológico foi também repetidamente realçado nos dados do workshop e
questionários. A avaliação e aplicação dos conhecimentos comunitários foram identificadas
como uma adaptação e uma prioridade do DCC, devido à elevada dependência na produção de
subsistência nas áreas rurais, e os altos níveis de pobreza nestas áreas.
11.1.4 Necessidades transversais
De entre as principais necessidades transversais realçadas em Moçambique pelos participantes
do workshop contam-se a necessidade de melhor coordenação nos sectores no governo e
parceiros de implementação, melhor sensibilização e desenvolvimento de capacidades, e
produção de conhecimentos climáticos em línguas e formas acessíveis (os recursos em
português foram mencionados muitas vezes, assim como foram o esclarecimento e o
entendimento dos conceitos e respostas das alterações climáticas). As preocupações
educacionais transversais envolviam a falta de contextualização e desenvolvimento
curriculares em matéria de alterações climáticas nas escolas e nas universidades. Os baixos
níveis de capacidade de investigação para assuntos relacionados com o DCC reflectiram
também uma necessidade de desenvolvimento de capacidade de investigação.
11.1.5 Necessidades de capacidade individuais
As necessidades de capacidade individuais foram identificadas nos documentos políticos e nos
debates do workshop. Foi identificada uma forte necessidade de os profissionais competentes
participarem na observação sistemática de parâmetros de alterações climáticas, processarem
dados de alterações climáticas para aplicação e implementação, conduzirem avaliações de
vulnerabilidade e avaliarem opções de adaptação. Outros campos importantes que requerem
apoio de capacidade incluem: Modelização de Alterações Climáticas, Química Atmosférica,
Avaliação e Gestão de Risco; Poluição Marítima; Auditoria Ambiental; Tecnologia de
Informação e Comunicação (TIC); Sistemas de Informação Geográfica; Física; Planeamento de
Risco de Calamidade e Resistência Urbana, e Planeamento de Desenvolvimento Sustentável. O
desenvolvimento tecnológico relacionado com a escassez de competências foi identificado nas
seguintes áreas: Tecnologia e Engenharia Limpas. Do ponto de vista da alteração social, foram
identificadas as seguintes competências em falta: Sociologia e Educação Ambiental,
Maio de 2014
273
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
especialistas em Extensão e Comunicação, Inovação Curricular e competências em
Comunicação baseadas na Comunidade. As consultas revelaram uma falta geral de
capacidades técnicas e científicas, devido a formação especializada insuficiente.
11.1.6 Lacunas nas capacidades institucionais
As lacunas específicas nas capacidades institucionais que emergiram da documentação e dos
workshops apresentam uma falta geral de capacidades institucionais em matéria de alterações
climáticas, que não é surpreendente dado ao âmbito das vulnerabilidades climáticas em
Moçambique e o contexto de desenvolvimento pós-conflito e realidades socioeconómicas. Há
um consenso nos dados de que existe uma necessidade de reforçar substancialmente as
capacidades de desenvolvimento de informação e investigação em matéria de DCC. A falta de
incentivos e financiamento à investigação requererá atenção para alargar a capacidade de
investigação de alterações climáticas em Moçambique. Identificou-se igualmente uma
necessidade de capacidade institucional e política melhorada para permitir a cooperação
técnica entre os diferentes sectores e para integrar as alterações climáticas nos planos de
desenvolvimento e legislação do país. Existem barreiras socioculturais e lacunas nas
capacidades, especialmente relacionadas com as comunicações e a educação. As barreiras
financeiras e lacunas nas capacidades, bem como recursos financeiros insuficientes, foram
igualmente identificados como uma grande lacuna institucional nas capacidades. Os
participantes do workshop de Moçambique sentiram que as instituições precisam de melhorar
as respectivas capacidades de oferta de carreiras profissionais associadas às alterações
climáticas, que incluiriam também estágios profissionais para diplomados recentes.
A co-produção de conhecimentos e a sua dependência nas capacidades institucionais
intersectoriais melhoradas podem ser vistas como uma área de preocupação significativa para
Moçambique. Os participantes do workshop estavam particularmente preocupados com a
forma como este conhecimento é partilhado e como a investigação é respondida e utilizada
pelos decisores. São igualmente necessárias mais instalações de investigação credíveis para a
produção de conhecimentos sistemático sobre alterações climáticas e caminhos para o
desenvolvimento compatível com o clima.
11.2 Avaliação institucional de Moçambique
Os intervenientes e os próprios funcionários das universidades exprimiram inúmeras
necessidades de capacidades institucionais e individuais, de investigação e conhecimento
complexas. O INGC (2003) de Moçambique destacou quatro grandes instituições responsáveis
pela investigação relacionada com as alterações climáticas: o Instituto Nacional de
Meteorologia, o Instituto Nacional de Investigação Agronómica, a Universidade Eduardo
Mondlane e a Universidade Pedagógica, e apontou a ausência de um enquadramento para
facilitar as associações inter-institucionais. Ao abrigo do tema sete da segunda fase do INGC,
será estabelecido um Centro de Conhecimento em matéria de Alterações Climáticas que irá
construir a capacidade de gestão de informação e base de conhecimento do país sobre as
alterações climáticas através da investigação, educação, criação de sensibilidade e
fornecimento de serviços de consultadoria. Os pacotes de informação obtida das conclusões
de investigação destinar-se-ão ao pessoal da gestão, administração e técnico, tanto ao nível
Maio de 2014
274
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
das províncias como de distrito. Os projectos de investigação multidisciplinares serão
utilizados para gerar soluções para a adaptação.
A mais significativa é a falta clara de capacidades institucionais para a investigação do DCC no
país em relação à seriedade das vulnerabilidades do clima. A avaliação institucional
demonstrou que a investigação das alterações climáticas constitui uma área muito nova de
investigação e desenvolvimento em Moçambique. Contudo, existe alguma investigação a
emergir da UEM, Universidade Lurio, Universidade Católica de Moçambique e Universidade
Pedagógica. A investigação relacionada com o DCC é mais forte na UEM, especialmente nas
Faculdades de Agronomia e Florestas, Engenharia, Ciência Veterinária, Humanidades e Artes
(Geografia) e Educação. Porém, a universidade ainda carece de “massa crítica” de
investigadores nesta área. A análise institucional mostra que poucos profissionais
universitários em Moçambique parecem envolver-se na investigação do DCC e ainda menos
encontram-se a publicar esta investigação em arenas internacionais. A maioria da investigação
é utilizada para informar quanto às necessidades de informação política e governamental, e o
governo, sobretudo através do Instituto de Investigação Agronómica de Moçambique (IIAM) e
o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), encontra-se a liderar a investigação
relacionada com o DCC. Como tal, o governo, apoiado por várias organizações doadoras, está a
desempenhar um papel importante no início, bem como na condução, de conhecimentos
relacionados com o DCC, mas ainda não está a “avançá-los” em força para programas de
investigação de IES ou inovações curriculares. O comentário geral do workshop foi que muito
pouco estava a ser feito em termos de investigação para o DCC e esses projectos que estavam
a ser realizados não são bem financiados, disseminados ou partilhados, e o número de
publicações e relatórios científicos são muito limitados. Reconheceu-se igualmente que a
investigação do DCC requer uma mudança epistemológica para uma investigação mais
envolvida na comunidade.
A avaliação institucional revelou que existem alguns cursos concentrados no DCC em
programas de ensino, a maior parte integrada em programas existentes ao nível de
licenciatura. Todavia, a Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da UEM oferece alguns
cursos de mestrado relacionados com o DCC, concentrados sobretudo na redução e adaptação
de riscos de calamidade. Tal parece ser um ponto forte na área da investigação em
Moçambique. A Faculdade de Educação encontra-se igualmente a preparar um curso de
mestrado em Alterações Climáticas e Educação para Desenvolvimento Sustentável, que está
ainda na fase de planeamento. A necessidade de desenvolvimento de capacidades de
desenvolvimento curricular foi apontada. Foram identificados alguns programas de
investigação (na sua maioria, com base no governo ou organizações doadoras) e algumas redes
de investigação que poderiam facilitar a co-produção de conhecimentos relacionados com o
DCC.
A avaliação institucional moçambicana revelou igualmente que há novos programas e
instituições a emergir que podem vir a proporcionar plataformas fortes à co-produção de
conhecimentos do DCC no futuro. Brevemente constituirão o Centro de Conhecimentos em
Matéria de Alterações Climáticas (associado ao Ministério do Ambiente (MICOA) e ao INGC), e
o já existente Instituto de Investigação Agronómica de Moçambique que trabalha em estreita
parceria com a Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal e Faculdade de Ciência
Maio de 2014
275
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Veterinária na área do DCC agrícola. Contudo, estas instituições de investigação, juntamente
com núcleos mais pequenos de perícia em investigação emergentes (por exemplo, no
Departamento de Geografia na UEM) requerem desenvolvimento de capacidades, conforme
indicado por participantes de investigação que comentaram sobre a falta de recursos,
capacidade e planeamento de investigação.
Maio de 2014
276
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
277
Tabela 11: Fontes de experiência identificadas para o DCC em Moçambique
Universidade
Universidade Eduardo
Mondlane (UEM)
Universidade Pedagógica de
Moçambique (PU)
Universidade Católica de
Moçambique (CUM)
Universidade Lurio (UL)
Núcleos de competência
Universidade Católica de
Moçambique:
 Encontra-se a realizar
investigação em matéria de
DCC e desenvolvimento
curricular em, pelo menos,
três faculdades (Ciências
Marítimas, Agricultura,
Economia e Gestão)
Universidade Eduardo
Mondlane:
 Departamento de Física
 Faculdade de Humanidades e
Artes: Departamento de
Geografia
Universidade Técnica de
Moçambique:
 UDM
Centros de competência
Competências de investigação
de calamidades orientados
para a agronomia e redução
de riscos (nas Faculdades de
Agronomia e Engenharia
Florestal e Ciências
Veterinárias da UEM) e
ligadas ao CIGAR, IIAM e a
outros parceiros regionais e
internacionais de investigação
agronómica em matéria de
DCC.
 Educação
ambiental/investigação ESD
na UEM e na Universidade
Pedagógica, bem como na
Universidade Lurio (a UEM e a
PU estão associadas através
da UNU e do Centro de
Competência Regional REEP
da SADC em Educação para
Desenvolvimento Sustentável
(igualmente associado ao
MICOA e outros
intervenientes envolvidos no
ESD)

Redes de investigação
relacionadas com o DCC activas
Centros de excelência
Há potencial para o
brevemente estabelecido
Centro de Conhecimentos
sobre Alterações Climáticas
para servir como um Centro
de Excelência para a coprodução de conhecimentos
do DCC
CGC: Centro de Gestão de
Conhecimentos
 GIMC: Grupo Interministerial em
Matéria de Mudanças Climáticas
 FDC: Fundo de Acção para o
Desenvolvimento da
Comunidade
 IIAM: Instituto de Investigação
Agronómica de Moçambique
 INAM: Instituto Nacional de
Meteorologia de Moçambique
 INDA: Instituto Nacional de
Desenvolvimento da
Aquacultura
 INGC: Instituto Nacional de
Gestão de Calamidades
 ISPC: Instituto Superior
Politécnico de Chókwe
 MICOA: Ministério para a
Coordenação da Acção
Ambiental
 RNMC: Rede Nacional de
Mudanças Climáticas

Nota: Esta análise é baseada nas melhores provas disponíveis. Com informações e provas posteriores, poderá ser alargada e igualmente utilizada para acompanhar e actualizar as
competências no DCC em Moçambique. Os dados de contacto relevantes para os investigadores associados a esta tabela, conforme estabelecido com as melhores informações disponíveis na
altura do estudo de planificação (2013) encontram-se incluídos no estudo de planificação do Relatório de País de Moçambique (consulte o Volume 2).
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Nenhum centro com base em estudantes activo, com potencial para melhorar o conhecimento
e a sensibilização para alterações climáticas e DCC foi identificado em Moçambique.
Os intervenientes e profissionais universitários em Moçambique mostraram um claro
entendimento de que o DCC está estreitamente ligado à adaptação e mitigação e ao
desenvolvimento sustentável. A análise institucional demonstrou ainda que, entre a
comunidade universitária, não foi possível identificar qualquer exemplo de investigação
transdisciplinar. Contudo, a um nível mais amplo, um exemplo de investigação transdisciplinar
foi identificado, mas estes encontravam-se a ser liderados por organizações internacionais e
ONG nacionais (o PNUD e a CARE) e documentados pela CDKN. Um resultado importante da
análise institucional foi o facto de haver uma necessidade de plataformas de troca de
conhecimentos entre as universidades e estes programas. Os participantes do workshop
reconheceram o potencial papel das organizações regionais, tais como os centros da SASSCAL
e SADC, no fornecimento de apoio à desenvolvimento de capacidades em Moçambique e, em
certos casos, os investigadores moçambicanos apoiam-se nestas redes de investigação
internacionais como a CGIAR e a ACCRA.
A avaliação institucional demonstrou que existe uma necessidade urgente para o
desenvolvimento de capacidades em assuntos relacionados com o DCC entre a comunidade de
investigação moçambicana. Existe uma necessidade forte e claramente articulada de apoio
nesta área, tanto dentro da política que realça a necessidade de investigação como entre os
intervenientes, praticantes e profissionais universitários. Existe uma necessidade de
desenvolvimento de capacidades disciplinares básicas para a investigação do DCC, bem como
para formas mais inovadoras e expansivas de investigação e ensino transdisciplinar.
A avaliação institucional destacou também que é extremamente importante que as
universidades em Moçambique se envolvam mais fortemente com as questões de coprodução de conhecimentos do DCC, de modo a poderem ser situadas nos principais diálogos
sobre as alterações climáticas, a fim de poderem apoiar e informar melhor a política e a prática
do DCC. As principais áreas identificadas para Moçambique incluem inovação e
desenvolvimento curriculares, desenvolvimento de capacidades de instituições de investigação,
desenvolvimento profissional e desenvolvimento de competências em investigação individuais,
partilha de conhecimentos e mudança epistemológica, incentivos à investigação e
sensibilização comunitária e política.
Maio de 2014
278
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
12 NAMÍBIA
12.1 Análise das necessidades da Namíbia
12.1.1 Contexto que enquadra as necessidades
A Namíbia é um dos países mais secos ao Sul do Saara, com uma pluviosidade média anual
variando de menos de 25mm no sudoeste e oeste a apenas acima dos 700mm no nordeste do
país. A tendência para o aquecimento já se encontra bem estabelecida na Namíbia, com
temperaturas máximas a aumentar nos últimos 40 anos, conforme observado na frequência de
dias nos quais a temperatura ultrapassa os 35 °C, e uma redução em dias abaixo dos 5 °C. A
incerteza quanto à possibilidade de o país aquecer ainda mais ao longo do ano é elevada, com
um aumento projectado na temperatura entre 1 °C e 3,5 °C no Verão e 1 °C e 4 °C no Inverno
no período de 2046 a 2065. Os aumentos projectados da temperatura resultarão numa maior
evaporação e evapotranspiração de 5% a 15%, reduzindo ainda mais a disponibilidade dos
recursos hídricos e barragens. A recarga dos lençóis freáticos poderá sofrer uma diminuição de
30% a 70% em todo o país, com uma potencial excepção na recarga de aquíferos aluviais
originando nas áreas centrais. As condições da terra seca e a elevada dependência nas
actividades económicas do sector de subsistência tradicional, bem como a natureza intensa
em recursos das actividades do sector económico primário, tornam a Namíbia vulnerável às
alterações climáticas, e constituem os principais motores da necessidade de respostas ao DCC
no país.
Dentro deste contexto, a análise das necessidades do estudo de planificação para a Namíbia
revelou que, embora tenha havido algum progresso na identificação de necessidades de
investigação e capacidades em termos gerais, o estado do conhecimento e investigação do
DCC é inadequado às respostas necessárias. A recente Estratégia e Plano de Acção Nacionais
em Matéria de Alterações Climáticas para a Namíbia (GoN 2012) definem claramente as áreas
temáticas para adaptação, mitigação e questões transversais. Uma grande prioridade que
atravessa todos os sectores é a necessidade de gerar informações e conhecimentos para todas
as prioridades de adaptação e mitigação que foram identificadas até agora.
Consistente com as barreiras gerais do contexto socioeconómico à adaptação e à mitigação
indicadas em todas as três fontes de dados utilizadas no presente estudo de planificação
(dados da análise de documentos, workshop e questionários) é o reconhecimento da
insuficiência de informações e conhecimentos da natureza dos riscos das alterações climáticas
e adaptação, mitigação e respostas ao DCC apropriados; barreiras políticas e institucionais e
barreiras socioeconómicas. As respostas do workshop identificaram um leque de necessidades
transversais para responder melhor ao DCC, entre as quais a necessidade de liderança política,
educação, formação e participação pública e mudança cultural. Reconheceu-se que a Namíbia
progrediu no desenvolvimento de políticas relacionadas com o DCC, mas a implementação e a
coerência política nos sectores permaneceram um desafio. Outros debates apontaram para os
paradoxos profundamente enraizados no processo de mudança social que é necessária para o
desenvolvimento compatível com o clima. Por exemplo, afirmou-se que “há uma necessidade
de confrontar os paradoxos nas tendências dos países desenvolvidos para o consumismo e
Maio de 2014
279
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
altos níveis de utilização de recursos, e as aspirações dos países desenvolvidos que se
encontram agora a seguir este caminho”.
12.1.2 Prioridade específicas de adaptação e mitigação
Com a Segunda Comunicação Nacional à UNFCCC (GoN 2011) da Namíbia, o país comprometese a concentrar-se predominantemente no desenvolvimento com baixas emissões de carbono
e assegurar recursos sustentáveis apropriados a longo prazo para a adaptação aos efeitos das
alterações climáticas. Associado às vulnerabilidades às alterações climáticas e um empenho
político na resistência climática, o desenvolvimento com baixas emissões de carbono é
claramente identificado como uma área temática para adaptação, mitigação e questões
transversais, identificadas na Estratégia e Plano de Acção Nacionais em Matéria de Alterações
Climáticas (CCS&AP) para a Namíbia (GoN 2012b). A adaptação às alterações climáticas é
abordada através de quatro temas: 1) Segurança alimentar e base de recursos biológicos
sustentável; 2) Base de recursos hídricos sustentável; 3) Saúde humana e bem-estar (ou
segurança); e 4) Desenvolvimento de infra-estruturas. A mitigação é abordada através dos
seguintes temas 1) Energia sustentável e desenvolvimento com baixas emissões de carbono; e
2) Transporte. Alguns temas ou questões transversais sobre a adaptação e mitigação são
igualmente identificadas e encontram-se incluídas na estratégia e plano de acção. Estas
incluem: 1) Criação de capacidades, formação e reforço institucional; 2) Necessidades de
informação e investigação, incluindo como utilizar informações sobre alterações climáticas; 3)
Sensibilização pública, participação e acesso a informação; 4) Redução de calamidades e
gestão de risco; 5) Mobilização e gestão de recursos financeiras; 6) Cooperação e
funcionamento em rede internacionais; 7) Desenvolvimento e transferência tecnológicos; e 8)
Desenvolvimento legislativo.
12.1.3 Conhecimento específico e lacunas na investigação
A Estratégia e Plano de Acção Nacionais em Matéria de Alterações Climáticas para a Namíbia
(CCS&AP, GoN 2012) identificam necessidades de conhecimento e investigação específicas em
“Questões Transversais, Tema 2: Necessidades de informação e investigação, incluindo como
utilizar informações sobre alterações climáticas”. São elas: investigação da recolha e aplicação
de dados sobre modelos de alterações climáticas aos níveis nacional, regional e local,
investigação do acompanhamento de ecossistemas e mudanças na biodiversidade e
respectivos impactos, investigação do acondicionamento climático especialmente em relação a
culturas, gado, florestas e pescas e infra-estrutura aquática. A investigação em matéria de
subida do nível do mar foi igualmente identificada como uma prioridade, tal como foi a
investigação dos impactos macroeconómicos e sectoriais das alterações climáticas. Um tema
de investigação especial, concentrado na documentação de conhecimentos
tradicionais/autóctones e práticas de tratamento, foi igualmente identificado. Além disso,
foram identificadas necessidades de conhecimento e investigação específicas para todas as
prioridades de adaptação e mitigação, bem como para algumas necessidades transversais. Foi
identificada investigação relacionada com os seguintes temas de adaptação específicos:
segurança alimentar e base de recursos sustentável; segurança da água; saúde humana e bemestar; e adaptação da infra-estrutura. Além disso, há necessidades de conhecimento e
Maio de 2014
280
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
investigação relacionadas com prioridades de mitigação especialmente para energia
sustentável e desenvolvimento com baixas emissões de carbono. Os participantes do
workshop definiram as seguintes prioridades de investigação: gestão da biodiversidade
marinha, produtos florestais não lenhosos e respectiva comercialização, subida do nível do
mar concentrada na erosão costeira, e maior actividade de tempestades marítimas e as
potenciais consequências para mineração no litoral.
12.1.4 Necessidades transversais
As principais necessidades transversais são a necessidade de melhor coordenação pelos
sectores no governo e parceiros de implementação, melhor sensibilização e desenvolvimento
de capacidades, e liderança política e mudança cultural. Os debates do workshop
concentraram-se muito nas normas culturais e na forma como concretizar a mudança cultural,
social e comportamental. As preocupações educacionais transversais envolviam a inadequação
dos programas de educação em matéria de alterações climáticas nas universidades e a falta de
cooperação interdisciplinar em questões do DCC. Da mesma forma, houve uma preocupação
para a falta de programas adequados de pós-graduação centrados em questões de DCC e a
falta de desenvolvimento profissional dos leitores e educadores universitários existentes que
se envolvam em questões de DCC. A questão da educação comunitária e a formação de líderes
políticos foi igualmente referida muitas vezes.
12.1.5 Necessidades de capacidade individuais
As necessidades de capacidades individuais foram identificadas para melhor planeamento
especial, incluindo planeamento e engenharia de cidades e regiões, desenvolvimento de
capacidades para académicos e profissionais poderem aplicar e interpretar modelos climáticos,
aplicação de princípios económicos às intervenções políticas do DCC, desenvolvimento de
capacidades para preparação e apreciação de projectos CDM, desenvolvimento de
capacidades para bancos comerciais locais e formações teórica e prática posterior de técnicos
de tecnologias de energias renováveis (TER), responsáveis do governo e ONG. Outras
recomendações de capacidades individuais eram para a formação de comunidades rurais,
cientistas de investigação, grupos femininos, comunidades costeiras e gestores de zonas
costeiras, gestores de recursos naturais e peritos em gestão de florestas. O desenvolvimento
de capacidades individuais foi igualmente necessária a níveis diferentes para a gestão de
recursos hídricos, isto é, ao nível do lar, comunidade e gestão de bacias de água. Os
responsáveis dos governos locais, gestores financeiros, profissionais dos cuidados de saúde e
peritos do sector de infra-estrutura necessitavam igualmente de receber formação em
abordagens relacionadas com o DCC, tal como os trabalhadores da expansão agronómica.
Afirmou-se igualmente que havia uma necessidade de reforçar e desenvolver mais
engenheiros com experiência no DCC, meteorologistas e silvicultores. Para reforçar a
sensibilização ao DCC, notou-se que havia a necessidade de formar jornalistas, ONG e
organismos da sociedade civil para alargar as actividades do DCC ao nível comunitário. Foi
igualmente identificada uma necessidade de reforçar a capacidade individual de
desenvolvimento curricular para integrar as prioridades do DCC nos currículos a todos os níveis
Maio de 2014
281
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
do sistema de educação e formação. Envolver a juventude no DCC foi igualmente apontado
como uma área principal para o desenvolvimento de capacidades individuais.
12.1.6 Lacunas nas capacidades institucionais
Tal inclui a necessidade de criar capacidades para organismos de fronteira, a fim de facilitar os
ciclos de feedback em matéria de alterações climáticas entre as instituições científicas,
decisores políticos e utilizadores de terra, notando que requer capacidade para aceder,
interpretar, traduzir e comunicar a ciência das alterações climáticas e indicadores
concomitantes ao nível local. Foi igualmente salientado que a investigação das alterações
climáticas necessária para ser correctamente coordenada e os benefícios optimizados para
satisfazer as necessidades dos decisores políticos e comunidades na Namíbia. Foi identificado
um número de lacunas nas capacidades institucionais relacionadas com as prioridades
específicas de adaptação e mitigação do DCC, incluindo mas não se limitando a: ambientes
científicos mais conducentes, serviços de extensão mais eficazes, planeamento melhorado,
governo e descentralização da decisão, melhor planeamento de transporte e acesso a fundos
sociais, bem como incentivos para investimentos nas tecnologias e práticas relacionadas com o
DCC. Foi igualmente manifestada uma necessidade de reestruturação e reforma
organizacionais para reforçar o governo e outras agências que lidam com CC, e estabelecer
capacidades institucionais para coordenar a geração, o processamento e armazenamento de
informações CC, e tal poderia igualmente facilitar a informação e a sua disseminação com
sucesso. Tal demonstra uma lacuna importante na gestão de conhecimentos relacionados com
as alterações climáticas, que foi igualmente levantada como uma preocupação pelos
participantes do workshop que salientaram que, embora existam dados, é difícil avaliá-los e
estes não são partilhados pelas instituições para reforçar a produção de conhecimentos no
DCC. Foi ainda identificada uma falha nas capacidades institucionais para o desenvolvimento
de mecanismos de financiamento ao DCC e mudança social. Os participantes do workshop
identificaram, em particular, a falta de infra-estruturas de investigação e financiamento
adequados como uma grande lacuna nas capacidades institucionais, bem como os problemas
associados à qualidade educacional. A eficácia das estruturas políticas foi igualmente debatida.
A co-produção de conhecimentos e a sua dependência nas capacidades institucionais intersectoriais e interdisciplinares melhoradas podem ser vistas como uma área de preocupação
significativa para a Namíbia. O estudo de planificação indicou que já existem alguns passos
para começar a abordar estas necessidades de capacidade e investigação. O Plano de
Desenvolvimento de Capacidades (CDP) da Gestão do Risco Climático Nacional (CRM) da
Namíbia inclui uma estratégia pormenorizada de cinco anos e uma visão a mais longo prazo de
abordagem das necessidades de capacidade de adaptação na Namíbia, com base nas consultas
junto dos sectores público e privado. As principais conclusões são a de a capacidade de CDP
dever ser desenvolvida entre sectores e a de serem necessários competências e apoio mais
vastos sobre conhecimentos específicos de modo a gerar acção CDP. Os participantes do
workshop manifestaram particular preocupação com a forma como os dados e os
conhecimentos são partilhados, como a investigação é respondida pelos decisores e como esta
investigação beneficia as comunidades. Os participantes do workshop da Namíbia foram claros
quando afirmaram que o DCC não poderia emergir sem dar atenção à mudança social e
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
cultural e que a qualidade educacional e liderança política ética eram dimensões importantes
deste processo.
12.2 Avaliação institucional na Namíbia
Os intervenientes e os próprios funcionários das universidades exprimiram inúmeras
necessidades de capacidades institucionais e individuais, de investigação e conhecimento
complexas. As actividades e organizações parceiras são identificadas para assistir na
implementação da Estratégia e Plano de Acção Nacionais em Matéria de Alterações Climáticas
para a Namíbia (GoN 2012), que foi desenvolvida como uma ferramenta para implementar a
Política Nacional de Alterações Climáticas (PNAC). A UNAM e o Politécnico da Namíbia são
vistos como parceiros importantes de investigação, implementação de políticas e
desenvolvimento de capacidades na implementação da estratégia e política em matéria de
alterações climáticas do país e os membros do Centro de Investigação Multidisciplinar na
UNAM, por exemplo, possui representação no Comité Nacional para as Alterações Climáticas.
O principal enquadramento da Namíbia para a investigação e desenvolvimento parece ser a Lei
de Investigação, Ciência e Tecnologia (RS&T) (2004), que prevê o estabelecimento de uma
Comissão Nacional para a Investigação, Ciência e Tecnologia e um fundo de investigação
associado. Os regulamentos da investigação resultantes da RS&T foram recentemente
publicados, mas parecer ser contestados e acusados de serem restritivos. A principal
instituição universitária ligada às cláusulas da Lei é o Centro de Investigação Multidisciplinar da
Universidade da Namíbia. Foi criado para conduzir investigação básica e aplicada em áreas
prioritárias nacionais, desenvolver capacidades humanas e institucionais em áreas prioritárias
nacionais e coordenar a implementação e gestão de actividades de investigação e
desenvolvimento, desenvolvimento de produtos, inovação, adição de valor e patentes. A visão
geral da política de investigação nacional (que inclui a contribuição do Centro d Investigação
Multidisciplinar) é transformar a Namíbia numa Sociedade Baseada em Conhecimentos. A
Estratégia e Plano de Acção Nacionais em Matéria de Alterações Climáticas para a Namíbia
(CCS&AP) descreve o possível desenvolvimento de um centro/rede nacional de investigação
para coordenar investigação de alterações climáticas. Não ficou claro se o Centro de
Investigação Multidisciplinar cumpriria este papel ou se estaria previsto outro centro.
A mais significativa é a falta clara de capacidades institucionais adequadas para a investigação
do DCC no país em relação à seriedade das vulnerabilidades do clima. A avaliação institucional
demonstrou que a investigação de alterações climáticas é uma área relativamente nova de
investigação e desenvolvimento na Namíbia, e a maioria dos académicos envolvidos nesta área
de investigação apenas o faz há aproximadamente três a cinco anos. Existem várias fontes de
financiamento e apoio em parceria para a investigação do DCC na Namíbia, incluindo
financiamento do governo e de doadores. A investigação financiada pelo governo alimenta
directamente as políticas e tende a envolver parceiros universitários e governamentais, assim
como consultores de investigação e organizações de investigação internacionais como a IIE. O
financiamento de doadores parece financiar estudos-piloto em principais áreas de intervenção
que necessitam de financiamento adicional para serem proporcionalmente aumentadas. A
investigação tende a ser fortemente conduzida pelo governo.
Maio de 2014
283
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Há alguma investigação a emergir na UNAM e no Politécnico na Namíbia. A investigação
relacionada com o DCC é mais forte na UNAM, especialmente nas Faculdades de Agricultura e
Recursos Naturais, Ciência (Departamento de Ciência Biológica), no Departamento de Geologia
e alguma ciência social relacionada com a investigação do DCC em Género e DCC a ter lugar na
Faculdade de Humanidades. No Politécnico, o Instituto de Gestão de Terra Integrado da Escola
de Recursos Naturais e Turismo realiza investigação relacionada com o DCC. Uma instituição
principal que procura desenvolver “massa crítica” em torno da investigação do DCC é o Centro
de Investigação Multidisciplinar (que, embora estabelecido há alguns anos, possui um
programa de investigação e avaliação de vulnerabilidades em matéria de alterações climáticas
recentemente estabelecido). Possui três subdivisões que, de certa forma, se encontram
envolvidas com a investigação relacionada com o DCC: 1) A Divisão das Ciências da Vida –
envolvida com um projecto de investigação sobre Variabilidade Climática e Adaptação às
Alterações Climáticas e Redução de Risco de Calamidades que possui três subprogramas sobre
DDR e avaliações de vulnerabilidade; avaliação do impacto em programas de Adaptação
Baseada em Comunidades (ABC); e integração de conhecimentos autóctones nas actividades
das AC; 2) A Divisão de Ciência, Tecnologia e Inovações que possui um tema de investigação
nas tecnologias de energias renováveis, e 3) A Divisão das Ciências Sociais – que possui um
programa de investigação sobre as inundações e o impacto das mesmas nos meios de
subsistência das comunidades. Contudo, afirma-se que estas necessitam de expansão e
capacidade adicional.
Existem igualmente outros programas activos de investigação interdisciplinar na Faculdade de
Agricultura e Recursos Naturais onde foi encontrada uma investigação concentrada em
variedades de culturas resistentes à seca; e na Faculdade de Ciência, onde a investigação em
dinâmica de carbono em solos e vegetação tem lugar; e onde um programa de investigação
interdisciplinar encontra-se em curso, concentrado no solo, mel e abelhas na adaptação em
matéria de AC. Na Faculdade de Humanidades, a cooperação interdisciplinar tem lugar entre
os departamentos de Geografia e Sociologia para investigar as percepções das alterações
climáticas e questões de alterações climáticas e género. Outras actividades de investigação
identificadas foram os estudos disciplinares únicos sem prova de interacção interdisciplinar. A
investigação do DCC tem lugar nas ciências naturais e sociais, mas a cooperação
interdisciplinar, embora tenha lugar, continua a emergir como uma nova área de prática.
Muito do trabalho interdisciplinar tinha lugar dentro da mesma Faculdade, e não pelas
faculdades, também denominada subdivisões do Centro de Investigação Multidisciplinar.
A avaliação institucional revelou que há algum trabalho a ter lugar no que respeita a inovação
curricular do DCC na UNAM. As respostas aos questionários indicam que existem alguns cursos
especializados em alterações climáticas e DCC na UNAM, mas as questões do DCC estão a ser
integradas em cursos existentes, e há ensino inter-faculdades em matéria de alterações
climáticas e DCC (o Centro de Investigação Multidisciplinar parece ter tido uma grande
influência nas possibilidades para o ensino inter-faculdades). De acordo com os inquiridos (que
eram igualmente vistos como investigadores em matéria de alterações climáticas e DCC e
docentes mais activos na UNAM), quase não existe trabalho curricular inter e transdisciplinar, e
apenas um membro de uma faculdade afirma utilizar uma abordagem de aprendizagem de
serviço forte. Os cursos que desenvolvem pensamento crítico e competências de resolução de
problemas integradas são geralmente vistos como estando presentes, embora pareça existir
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284
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
uma resposta contraditória quanto ao facto de os cursos se concentrarem no desenvolvimento
de inovação social e/ou técnica e medidas éticas. O trabalho em matéria de alterações
climáticas é visto como sendo parcialmente integrado no trabalho de análise e avaliação. A
vontade e capacidade de os funcionários se envolverem em questões de ensino e
aprendizagem relacionadas com o DCC são vistas como sendo relativamente elevadas. Há um
interesse em estabelecer um curso de mestrado multidisciplinar no DCC, mas tal ainda não foi
planeado e afirmou-se que “porém, dada a gravidade do assunto, seria uma boa ideia
introduzi-lo”. Sugeriu-se igualmente que a UNAM deveria colaborar com, por exemplo, a
Universidade da Cidade do Cabo na África do Sul, para ver como estabeleceu um curso de
mestrado em Alterações Climáticas e Desenvolvimento.
A avaliação institucional da Namíbia revelou igualmente que, embora existam actividades e
instituições de investigação do DCC (por exemplo, o Centro de Investigação Multidisciplinar) e
a integração curricular esteja a emergir, tudo isto é uma novidade e requer desenvolvimento
de capacidades, conforme indicado pelos participantes da investigação que comentaram sobre
a falta de recursos, capacidades e coordenação de investigação. Os funcionários envolvidos no
Centro de Investigação Multidisciplinar identificaram a necessidade de uma forte iniciativa de
desenvolvimento de capacidades para apoiar o trabalho do Centro de Investigação
Multidisciplinar, uma vez que se afirmou que “gostaríamos de criar uma estrutura institucional
para gestão de conhecimentos melhorada – apenas temos uma visão mas não possuímos uma
base de dados ou outro sistema”.
Maio de 2014
285
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
286
Tabela 12: Fontes de experiência identificadas para o DCC na Namíbia
Universidade
Núcleos de competência
Centros de competência
Centros de excelência
Universidade
da Namíbia
(UNAM)
Os núcleos de experiência identificados
na UNAM incluem:
 Faculdade de Ciências: Ciências
Biológicas, Geologia e investigação
interdisciplinar NRM
 Faculdade de Agricultura e Recursos
Naturais: Investigação de
diversificação de culturas agrícolas
(variedades de arroz)
 Faculdade de Humanidades:
Investigação em matéria de Género,
percepções comunitárias e AC
 O Departamento de Gestão de Terras
da Escola de Recursos Naturais e
Turismo do Politécnico da Namíbia
possui um Instituto Integrado de
Gestão de Terras que realiza
investigação em gestão de utilização
de terras sustentáveis e inclui agora
questões relacionadas com o DCC
(solo, NTFP, etc.) no seu portfolio de
investigação
Potencialmente e emergente:
 Centro de Investigação
Multidisciplinar, especialmente a
sua Divisão de Ciências da Vida
que realiza investigação de risco e
vulnerabilidade e investigação
associada ao CBNRM e uma
intenção de conduzir investigação
substancial com conhecimentos
autóctones
As restantes divisões do Centro de
Investigação Multidisciplinar ainda
não parecem muito activas na
investigação do DCC.
Conforme acima notado, o Centro
de Investigação Multidisciplinar é
uma instituição nova e requer
desenvolvimento e apoio de
capacidades.
A Namíbia também criou
recentemente um Centro de
Competências em matéria de
Educação para o Desenvolvimento
Sustentável associado à UNU, com
ligações à Faculdade de Educação
da UNAM.
O Centro de Excelência da
SADC na investigação do DCC
situa-se em Gobabeb, Namíbia.
É uma iniciativa conjunta do
MET e da DRFN, uma ONG
liderada por investigação). O
Centro Gobabeb conduz
investigação num vasto leque
de campos que possuem
relevância para o DCC,
incluindo: arqueologia e
antropologia, biodiversidade e
alterações climáticas e ecologia
no sentido mais amplo. Testa,
demonstra e promove
tecnologias apropriadas.
Actualmente, o CE Gobabeb
está a desenvolver um sistema
de Energias Híbridas. Funciona
com um leque de parceiros
nacionais e internacionais.
Politécnico da
Namíbia
Redes de investigação activas
relacionadas com o DCC
Namibian Association of CBNRM
Support Organisations (NASCO)
 Namibian Environmental Observation
Network (NaEON)
 Comissão da Corrente de Benguela
 Namibian EE Network
 Rede de Iniciativas Regionais
Agrícolas e Ambientais – África
(RAEIN-AFRICA)
 Projecto Africano de
Acompanhamento Ambiental para o
Desenvolvimento Sustentável
 Serviços de consultadoria como:
Integrated Environmental Consultants
Namibia; Consulting Services Africa
(CSA), LaquaR Consultancy, Lithon
Project Consultants.
 Programa de Educação Ambiental
Regional da Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral
(SADC REEP)
 Centro de Sensores Remotos da SADC
 Centro de Acompanhamento de Secas
da SADC
 Centro do Serviço das Ciências Sulafricano para as Alterações Climáticas
e a Gestão da Terra de Adaptação

).
Nota: Esta análise é baseada nas melhores provas disponíveis. Com informações e provas posteriores, poderá ser alargada e igualmente utilizada para acompanhar e actualizar as
competências no DCC na Namíbia. Os dados de contacto relevantes para os investigadores associados a esta tabela, conforme estabelecido com as melhores informações disponíveis na altura
do estudo de planificação (2013) encontram-se incluídos no estudo de planificação do Relatório de País da Namíbia (consulte o Volume 2).
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
A Escola de Enfermagem e Ciências da Saúde, o Departamento de Biologia na Faculdade de
Ciência, o Departamento de Geografia na Faculdade de Humanidades e o Departamento de
Pescas e Ciências Aquáticas na Faculdade de Agricultura e Recursos Naturais na UNAM citaram
níveis mais elevados de envolvimento estudantil em assuntos relacionados com o DCC do que
outros departamentos que responderam ao questionário. A seguinte organização estudantil
foi citada como tendo potencial para se envolver mais nas questões do DCC:
UNAM Natural Resources and Environmental Science Society, que envolve estudantes dos
Departamentos de Geografia, Biologia e Pescas e Ciências Aquáticas.
Os intervenientes e profissionais universitários em Moçambique mostraram um claro
entendimento de que o DCC está estreitamente ligado à adaptação e mitigação e ao
desenvolvimento sustentável. A análise institucional identificou alguns exemplos de
investigação interdisciplinar e apenas um exemplo do que pode ser categorizado como
investigação transdisciplinar. A importância da liderança na investigação de capacidades nas
áreas do DCC foi igualmente mencionada, uma vez que foi dito:
“Quando lidamos com questões transversais, muitas vezes falta um defensor que
tem tempo e vontade para fazer avançar a ordem de trabalhos
transdisciplinar/interdisciplinar. Tentar fazê-lo a um nível local não é
suficientemente influente”.
Membro do Centro de Investigação Multidisciplinar, Namíbia
Os participantes do workshop reconheceram a necessidade de melhor coordenação entre eles
nas universidades e entre as universidades e os intervenientes, assim como entre a UNAM e o
Politécnico que, como foi afirmado, requer envolvimento e apoio na liderança universitária.
Reconheceu-se igualmente a importância de trabalhar mais a nível regional e internacional. Os
dados dos questionários revelaram, contudo, que os investigadores mais seniores e
experientes (com doutoramentos) tinham mais tendência para se envolverem em investigação
colaborativa internacional e regional. O potencial papel das organizações regionais como os
centros da SASSCAL e da SADC para oferecer apoio a criação de capacidades na Namíbia é
apreciado e a Namíbia gere um Centro de Excelência da SADC em Gobabeb (vide Tabela 12).
Em certos casos, os investigadores namibianos tiram proveito e contribuem para estas e outras
redes de investigação internacional como os programas de investigação da Comissão de
Corrente de Benguela e a RAEIN-Africa. Havia um sentido geral de que a colaboração
internacional era “bastante complicada” de estabelecer.
A avaliação institucional demonstrou que existe uma necessidade de apoio forte e claramente
articulada para o desenvolvimento de capacidades de investigação na Namíbia em questões de
investigação relacionadas com o DCC, e especialmente para abordagens multi, inter e
transdisciplinares mais fortes à investigação. Existe uma necessidade de desenvolvimento de
capacidades disciplinares básicas para a investigação do DCC, bem como para formas mais
inovadoras e expansivas de investigação e ensino transdisciplinar.
A avaliação institucional frisou também que é extremamente importante que as universidades
na Namíbia se envolvam mais fortemente com as questões de co-produção de conhecimentos
do DCC, de modo a poderem ser situadas com mais força nos principais diálogos sobre as
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
alterações climáticas, a fim de poderem apoiar e informar melhor a política e a prática do DCC.
As principais áreas identificadas para a Namíbia incluem desenvolvimento e inovação
curriculares (potencialmente também para um programa de curso de mestrado),
desenvolvimento de capacidades institucionais de investigação especialmente para
cooperação de investigação multidisciplinar e gestão de conhecimentos, desenvolvimento
profissional individual e desenvolvimento de competências de investigação, partilha de
conhecimentos e sensibilização comunitária e política.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
13 SEICHELES
13.1 Análises das necessidades das Seicheles
13.1.1 Contexto que enquadra as necessidades
As alterações climáticas ameaçam a economia e a sobrevivência das Ilhas Seicheles. Esta foi
uma mensagem clara de todas as fontes de dados do estudo de planificação. À semelhança de
todos os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID), as Seicheles são
particularmente vulneráveis às alterações climáticas e serão afectadas pela subida global do
nível do mar e pelo aumento de surtos de tempestades associados e inundações no litoral,
levando a uma maior erosão costeira que afectará a agricultura na costa. Os impactos
climáticos projectados nos recifes de coral e pescas, através do aquecimento e da acidificação
do oceano, constituem ameaças que abalariam a segurança alimentar e os meios de
subsistência das Seicheles.
Dentro deste contexto, a análise das necessidades do estudo de planificação para as Ilhas
Seicheles revelou que, apesar do progresso na identificação de necessidades de investigação e
capacidades em termos gerais, o estado do conhecimento e investigação do DCC terá de ser
substancialmente realçado de forma específica e transversal a fim de abordar os consideráveis
impactos observados e projectados. Neste aspecto, as conclusões das Análises das
Necessidades poderiam ser úteis no futuro desenvolvimento político nas Seicheles, para tirar
partido da Estratégia Nacional em Matéria de Alterações Climáticas e da Estratégia de
Desenvolvimento Climático (2009).
De um modo geral, os workshops e questionários revelaram a necessidade crítica de melhorar
a educação, a sensibilização pública, a participação e o acesso à informação. Actualmente,
sentiu-se que a tomada de decisão descendente poderá não resultar numa infra-estrutura
apropriada e resistente ao clima. Os sistemas de investigação e governação das Seicheles
requerem melhor co-produção de conhecimentos, bem como respostas colaborativas
integradas em redes sólidas a nível regional e internacional, incluindo nos países da SADC.
13.1.2 Necessidades de adaptação e mitigação amplas
Existe um vasto acordo entre as três fontes de dados (política, workshop, questionários) sobre
as vastas áreas de foco prioritário para responder às alterações climáticas, nomeadamente as
Pescas, Agricultura, Água, o Sector da Zona Costeira e Saúde. Dentro destas amplas prioridades,
os impactos da subida do nível do mar e as crescentes temperaturas da superfície do mar eram
frequentemente mencionadas como impactos prioritários para compreender e aos quais
responder. A gestão de risco de calamidade foi identificada como uma grande prioridade
transversal. Um número de participantes no estudo de planificação referiu que uma das
maiores prioridades é apostar realmente na eficácia energética e nas energias renováveis
como, por exemplo, a energia solar, que poderiam trazer benefícios de desenvolvimento e
reduziriam as emissões de gás com efeito de estufa das Seicheles a partir do combustível fóssil.
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
13.1.3 Conhecimento específico e lacunas na investigação
Na comparação dos dados do workshop, questionários e políticas, as prioridades de
conhecimentos e investigação que satisfariam mais as necessidades de desenvolvimento
humano e institucional das Seicheles abrangiam uma variedade de áreas importantes. Uma
prioridade clara foi a de melhores conhecimentos e investigação na modelização climática,
criação de cenários e desenvolvimento metodológico para adaptação. Dentro das áreas
associadas de segurança alimentar e gestão costeira/marítima, as pescas requerem
conhecimentos e investigação adicionais nas associações entre a subida das temperaturas,
danos corais, acidificação e a forma como tal afecta a “economia azul” das Seicheles146, que
inclui igualmente o turismo. Devido à vulnerabilidade interligada das Seicheles nestas áreas, é
importante para as futuras respostas ao desenvolvimento costeiro e marítimo adoptar uma
abordagem transdisciplinar, uma vez que a interacção entre a subida do nível do mar, o
aquecimento do oceano, as tempestades tropicais e o desenvolvimento costeiro terão um
leque de potenciais factores interligados a afectar o DCC nas Seicheles. Quanto à energia e
segurança da água, as prioridades de investigação e conhecimentos específicas residem na
avaliação melhorada de energia e utilização da água e a forma como o planeamento e
desenvolvimento físicos podem acomodá-la, especificamente com sistemas de gestão de
águas residuais, melhor utilização de energias renováveis e melhor armazenamento de água e
gestão de recursos hídricos, que influenciariam positivamente a saúde humana. As lacunas no
conhecimento e investigação relacionadas com o efeito das alterações climáticas sobre a
saúde humana nas Seicheles incluem investigação em matéria de impacto e gestão de doenças
relacionadas com o clima, sensibilização pública, mapeamento e melhor gestão das redes de
esgotos actuais, vigilância das doenças e o desenvolvimento de sistemas de respostas de
emergência. A gestão da zona litoral e a gestão do risco de calamidades requerem uma
variedade de actividades de produção de conhecimentos específicos, incluindo mapeamento
de linha de base de modo a responder de forma mais eficaz aos eventos extremos e infraestruturas resistentes ao clima existentes. As respostas de mitigação nas Seicheles foram vistas
como necessitando de melhor investigação e inovação tecnológica nos sectores da energia,
transporte, agricultura e gestão de água.
13.1.4 Necessidades transversais
Estas foram bem articuladas nas Seicheles, e as principais são a necessidade de dados de linha
de base, acesso a informação e transferência de conhecimentos, e gestão de conhecimentos
no geral; acesso a e adequação de metodologias para avaliar os impactos do clima e
desenvolver estratégias de adaptação localizadas; abordagem da fragmentação de esforços e
investigação que não é a longo prazo, e a falta de valor dado aos investigadores; ligações de
política/investigação/prática, associadas a uma discussão sobre a necessidade de mais criação
146
A “economia azul” significa um desenvolvimento posterior da economia verde. See
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Blue_Economy:_Design_Theory
Maio de 2014
290
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
de políticas com base em informação, sustentadas por estudos científicos a longo prazo, por
exemplo, sobre os impactos em ecossistemas/sectores específicos; acompanhamento e
avaliação do ambiente e da política, apontando igualmente para a necessidade de desenvolver
e acompanhar indicadores apropriados; e por último a necessidade de abordagens inovadoras
e criativas.
13.1.5 Temas notáveis
Dos dados do workshop e questionários das Seicheles saltaram a importância do
desenvolvimento e utilização da criatividade e inovação na resposta às alterações climáticas. O
DCC tem de ser mais estimulante, de modo a criar uma resposta concertada e propagada, bem
como o potencial papel do sector privado como um parceiro de co-produção de
conhecimentos e no que respeita as oportunidades económicas que as alterações climáticas
conferem, tais como o desenvolvimento tecnológico para as energias renováveis. Os
participantes das Seicheles destacaram repetidamente a necessidade de integrar as alterações
climáticas na EIA e na avaliação de impactos sociais (AIS), e a necessidade de uma melhor
utilização destas ferramentas de planeamento aquando da avaliação de propostas de planos,
tecnologias e desenvolvimento, a fim de assegurar a resistência climática.
13.1.6 Lacunas nas capacidades individuais
As necessidades de capacidades individuais para satisfazer estas prioridades requerem uma
atenção focada na expansão das capacidades para o desenvolvimento e formação curriculares
e no desenvolvimento profissional de uma variedade de investigadores e intervenientes nas
Seicheles, com referência específica a decisores políticos, professores, responsáveis do
governo, agricultores, agentes de extensão, meteorologistas, gestores de recursos hídricos,
executivos financeiros, oceanógrafos, hidrólogos e engenheiros. Foi igualmente identificada a
falta de capacidades para promover e aplicar a eficácia energética, recursos a energias
renováveis e utilização eficaz dos recursos hídricos.
13.1.7 Lacunas nas capacidades institucionais
Concordou-se que eram necessárias capacidades institucionais melhoradas para responder a
necessidades de investigação e desenvolvimento específicas para melhorar as políticas,
financiamento, monitorização, redes de conhecimentos, gestão de dados, transferência de
conhecimentos, sistemas de avisos rápidos/modelização, desenvolvimento curricular e das
energias renováveis. Os workshops identificaram a integração inadequada das alterações
climáticas transversalmente, incluindo a diferenciação de géneros e os aspectos do VIH/SIDA,
nas políticas, planos e estratégias a todos os níveis, incluindo a planeamento do
desenvolvimento económico. Outro requisito será um sistema de auditoria/acompanhamento
que acompanhe o financiamento dos doadores em projectos e investigação relacionados com
as alterações climáticas e o DCC, e que acompanhe a eficácia da resposta.
Maio de 2014
291
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
13.2 Avaliação institucional das Seicheles
Uma questão fundamental de uma perspectiva institucional para as Seicheles responderem
melhor às alterações climáticas é o fornecimento limitado de recursos humanos num país
pequeno de ilhas dispersas, com uma população total de 90.000 pessoas. Conforme salientado
pelos participantes no workshop, já é suficientemente complicado juntar as pessoas
identificadas como possuidoras de conhecimentos, uma vez que todos estão a cobrir áreas
mais vastas de trabalho que cobririam num país maior. A escassez de competências é
exacerbada pela transferência inadequada de tecnologia e conhecimentos quando são
utilizados consultores externos nas Seicheles. No entanto, as Seicheles demonstraram uma
forte liderança na integração da sustentabilidade ambiental nas políticas, programas e
actividades e nas negociações internacionais sobre as alterações climáticas. As políticas e os
intervenientes das Seicheles reconhecem que o DCC faz parte do desenvolvimento sustentável
e que a abordagem é altamente relevante para as ilhas. A apresentação e publicação limitadas
de investigação em matéria de alterações climáticas e DCC foram citadas como sendo uma
área na qual é necessário um melhoramento, tanto nos workshops como nos questionários. O
estudo de planificação revelou ainda a necessidade de dados de linha de base a longo prazo,
melhorados, a fim de informar as políticas e a tomada de decisões, e para um leque de
questões de gestão de conhecimentos a abordar, incluindo a gestão e transferência de dados.
As questões de gestão de conhecimentos identificadas neste estudo de planificação diz
respeito a uma das principais funções do Comité Nacional para as Alterações Climáticas, que é
a de manter as informações sobre as alterações climáticas nacionais e internacionais
relevantes (inventário) no Centro Nacional de Informação Sobre Alterações Climáticas, situado
nos Serviços Meteorológicos. Este inventário/base de dados encontra-se implementado, ainda
numa fase preliminar, mas terá de ser desenvolvido para sustentar uma melhor co-produção
de conhecimentos sobre o DCC. Outra limitação institucional crítica identificada no workshop
referia-se a um enquadramento de investigação nacional, estratégico e prioritário, sobre as
alterações climáticas/DCC, relacionado com outra função do NCCC que é proporcionar
coordenação geral do desenvolvimento e implementação do Programa Nacional para o Clima e
a Investigação sobre Alterações Climáticas.
Este estudo de planificação identificou iniciativas existentes entre os intervenientes das
Seicheles, incluindo o sector das IES, onde as actividades como a investigação, ensino,
envolvimento político e sensibilização comunitária abordam as necessidades relacionadas com
alterações climáticas. A avaliação institucional demonstrou que, embora a UniSey possua
actualmente capacidade limitada para responder às alterações climáticas e avançar para o DCC,
dada a juventude da instituição, iniciou bem a integração das alterações climáticas em dois
cursos de licenciatura na Faculdade de Ciência, bem como no curso BEd. Além disso, existe
mais experiência no DCC noutros grupos de intervenientes, conforme resumido na Tabela 12
no Relatório de País do estudo de planificação para as Seicheles no Volume 2. Contudo, estas
áreas de capacidades para trabalhar no DCC terão de ser apoiadas através de esforços
concertados para criar a capacidade dos investigadores, desenvolver parcerias estratégicas
adicionais para colaboração, e formular um enquadramento de investigação estratégico
nacional, com um plano de implementação para melhorar a investigação do DCC nas Seicheles.
Maio de 2014
292
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
293
Tabela 13: Fontes de experiência identificadas para o DCC nas Seicheles
Universidade
Seicheles
Universidade das
Seicheles (UniSey)
Núcleos de competência
Faculdade de Ciências:
 Departamento de Ciência
Ambiental, Universidade das
Seicheles (actualmente é um
potencial núcleo de experiência,
a investigação resume-se em
grande parte a teses de
estudantes)
Ministério do Ambiente e da
Energia:
 O investigador individual
(Professor Rolph Payet) trabalha
sobre ilhas, biodiversidade e
alterações climáticas; Unidade
de educação ambiental
Centros de competência
Nenhum identificado
Redes de investigação activas
relacionadas com o DCC
Centros de excelência
Nenhum identificado
Sustentabilidade para as
Seicheles: ONG concentrada em
educação ambiental e adaptação
e mitigação das alterações
climáticas; forte sensibilização
comunitária
 OANG (organizações ambientais
não-governamentais) trabalham
com o Ministério do Ambiente e
da Energia, reunindo dados
sobre investigação e práticas
inovadoras

Mangroves for the Future: ONG,
alterações climáticas e
desenvolvimento climático
inteligente integrados em todos
os projectos; forte atenção
baseada na comunidade
 Programa de Eco-Escolas das
Seicheles (activamente
coordenado pelo Ministério do
Ambiente)

Nota: Esta análise baseia-se nas melhores provas disponíveis, dentro dos limites do estudo de planificação. Com informações e provas posteriores, poderá ser alargada e igualmente utilizada
para acompanhar e actualizar as competências no DCC nas Ilhas Seicheles. Os dados de contacto relevantes para os investigadores associados a esta tabela, conforme estabelecido com as
melhores informações disponíveis na altura do estudo de planificação (2013) encontram-se incluídos no estudo de planificação do Relatório de País das Ilhas Seicheles (consulte o Volume 2).
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
14 ÁFRICA DO SUL
14.1 Análise das necessidades da África do Sul
14.1.1 Contexto motor das necessidades
A África do Sul possui uma tendência de aquecimento bem estabelecida. Mesmo em cenários
de emissão mais conservadores do que as actuais tendências de emissões internacionais,
previu-se que, até meados do século, o litoral sul-africano aquecesse 1 a 2 °C e o interior cerca
de 2 e 3 °C. Até 2100, prevê-se que o aquecimento atinja cerca de 3 a 4 °C ao longo do litoral, e
147
6 a 7 °C no interior (RSA 2011a ). Tal afectará significativamente a saúde humana, a
biodiversidade e os serviços dos ecossistemas, a agricultura, bem como outros sectores
económicos com elevados consumos de água, tais como os sectores da mineração e geração
de electricidade, e o ambiente no geral. A ocorrência e gravidade aumentadas de incêndios
florestais, acontecimentos climáticos extremos, inundações e secas e subida do nível do mar
terão também impactos significativos (RSA 2011a).
É neste contexto que é apresentada uma série de estratégias transversais de adaptação e
mitigação claramente definidas ao nível político que também compromete o país a transitar
para uma sociedade e uma economia resistentes ao clima e com baixas emissões de carbono.
Tal deverá ser atingido através do equilíbrio das respostas de mitigação e adaptação e, a longo
prazo, da redefinição da vantagem competitiva e facilitação da transformação estrutural da
economia, passando de uma via intensiva em matéria de energia para uma via favorável ao
clima como parte de uma estratégia de pró-crescimento, pré-desenvolvimento e pró148
empregos (RSA 2011b ). Em todos os documentos de políticas e estratégia, resultados obtidos
do workshop e dados dos questionários utilizados para informar o presente estudo de
planificação, há um reconhecimento muito claro de que isto terá de ser concretizado, criando
as capacidades e base de conhecimentos para aumentar a escala dos esforços da mitigação,
adaptando simultaneamente os impactos inevitáveis das alterações climáticas nos principais
sectores afectados, e aperfeiçoando os sistemas de alerta rápido e de redução de calamidades.
14.1.2 Prioridades de adaptação e mitigação identificadas para a África do
Sul
O Livro Branco da Resposta Nacional à Mudança nas Alterações Climáticas (RSA 2011b)
identifica uma série de medidas de adaptação claramente definidas nas seguintes áreas:
segurança hídrica; agricultura e silvicultura comercial; saúde; adaptação dos ecossistemas e
biodiversidade; aglomerados populacionais (urbanos, rurais e costeiros); redução e gestão de
risco de calamidade. Foram igualmente definidas metas de mitigação. São elas: definição de
um ponto de referência de desempenho para emissões de gases de efeito de estufa,
147
RSA. 2011a. Livro Branco da Resposta Nacional à Mudança nas Alterações Climáticas Pretória: Government Printers.
148
RSA. 2011b. Segunda Comunicação Nacional à UNFCCC. Pretória: Departamento de Assuntos Ambientais.
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294
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
identificação de contribuições desejáveis para a mitigação sectorial, definição de orçamentos
de carbono para sectores e/ou subsectores que emitem gases de efeito de estufa significativos,
desenvolvimento e implementação de uma vasta mistura de abordagens, políticas, medidas e
acções de mitigação que optimizam os resultados de mitigação, bem como criação de
empregos e outros benefícios de desenvolvimento sustentável, recorrendo a instrumentos de
mercado e acompanhando a avaliação. Estas são prioridades importantes, uma vez que a
África do Sul é um dos países com maiores níveis de emissão de gases de efeito de estufa per
capita no mundo. Definidos na mesma política encontram-se objectivos mais vastos para a
mudança sistémica, incluindo o alinhamento regulamentar e de políticas, resposta sectorial
coordenada, planeamento integrado, mudança de comportamentos facilitada (utilizando
incentivos e desincentivos) e mobilização de recursos. Duas prioridades particularmente
importantes para este estudo de planificação são a intenção de definir prioridades para a
investigação, observação sistémica, geração de conhecimentos, gestão de informação, bem
como os sistemas de alerta rápido que aumentam as capacidades nacionais de medir e prever
alterações climáticas e as implicações dos seus efeitos adversos sobre a economia, a sociedade
e o ambiente. Além disso, a educação, formação e sensibilização pública são definidas como
prioridades e recomenda-se que se integrem princípios de desenvolvimento resistentes ao
clima nos currículos nacionais, nos currículos do ensino superior e nos programas de ensino, de
modo a reforçar a capacidade de investigação nas universidades e a realizar uma investigação
ao mercado do trabalho que informe sobre a emergência de um Ensino e Formação Técnica e
Vocacional (TVET).
14.1.3 Temas de investigação e necessidades de conhecimento nacionais
A África do Sul dispõe de um Plano de Inovação de Dez Anos que define cinco Grandes
Desafios Nacionais para a investigação, incluindo o Desafio Global e Energia. O Desafio da
Grande Mudança Global possui um Plano Nacional de Investigação bem definido que foi
produzido por uma vasta comunidade de investigadores da Mudança Global. O plano de
investigação identifica necessidades e questões de investigação que abrangem as ciências do
sistema da Terra, as ciências ecológicas e as ciências sociais, utilizando um enquadramento dos
quatro “desafios de conhecimento” que incluem: Compreensão de um Planeta em Evolução
(com cinco temas de investigação: observação e acompanhamento, dinâmica dos oceanos pela
África austral, dinâmica dos complexos sistemas internos da Terra, associando a terra, o ar e o
mar, melhorando as previsões modelo a escalas diferentes); Redução da Pegada Humana (com
quatro temas de investigação: métodos e tecnologias de minimização de resíduos,
conservação dos serviços de ecossistemas e biodiversidades, integração institucional para gerir
ecossistemas e serviços de ecossistemas, fazer mais com menos; Adaptar a forma como
vivemos (com quatro temas de investigação: preparação para acontecimentos climáticos
extremos e de mudança rápida, planear para o desenvolvimento urbano sustentável no
contexto sul-africano, segurança hídrica para a África do Sul, segurança dos alimentos e fibras
para a África do Sul); e Inovação para a Sustentabilidade (com cinco temas de investigação:
dinâmica de transição em escalas diferentes, resistência e capacidade, opções para tornar o
estado de desenvolvimento mais verde, inovação tecnológica para sistemas socioecológicos
sustentáveis, bem como aprendizagem social para a sustentabilidade, adaptação, inovação e
resistência). O Plano Nacional de Investigação do Grande Desafio da Energia identificou quatro
Maio de 2014
295
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
grandes objectivos que são igualmente relevantes para o DCC, nomeadamente: Tecnologias de
carvão limpas para processos mais ecológicos; geração de energia nuclear; tecnologias de
energias renováveis concentradas na comercialização e nas intervenções de política coerentes;
e hidrogénio com o objectivo de colocar a África do Sul (que detêm 87% das reservas de
platina conhecidas) no mercado emergente das células de combustível. A Segunda
Comunicação Nacional à UNFCC, o Livro Branco da Resposta Nacional à Mudança nas
Alterações Climáticas e o Cenário de Mitigação e Adaptação a Longo Prazo identificam
igualmente necessidades de investigação. Estes oferecem uma nuance importante e uma
melhoria sobre os temas de investigação mais amplos identificados nos Planos de Investigação
do Grande Desafio Nacional, mostrando reflexividade entre as comunidades de investigação,
que é possibilitada pela existência de planos de investigação nacional coerentes.
Os participantes do workshop identificaram sistemas socioecológicos, aprendizagem e
inovação sociais, abordagens integrativas e sistémicas, aglomerados populacionais, alterações
climáticas e saúde, bem como agricultura e água como as principais prioridades na
investigação, com o Departamento de Assuntos Ambientais a destacar a necessidade de definir
uma direcção coerente, objectivos comuns partilhados para adaptação e mitigação e um
sistema nacional de acompanhamento e avaliação como prioridades. Os dados do questionário
apresentam um envolvimento e contextualização mais detalhados destes temas de
investigação mais amplos, por exemplo, prioridades na adaptação e meios de subsistência em
áreas rurais, a forma como a herança molda os compromissos de aprendizagem social com
novas práticas sustentáveis, desenvolvimento da tecnologia das energias renováveis,
avaliações do ciclo de vida de vários materiais de construção, métodos de ventilação e
iluminação passivos para instalações de saúde, paisagismo sustentável nas auto-estradas
nacionais, práticas de adaptação ao nível do paisagismo, segurança da água em contextos de
bacias hidrográficas, transições para economias verdes e por aí em diante. Este envolvimento
mais refinado com os temas de investigação nacionais é evidente nesta citação retirada de um
questionário:
“Existe um conhecimento relativamente pequeno na África Subsaariana dos
impactos das AC na saúde humana, particularmente o efeito multiplicador das AC
nos actuais desafios da saúde pública em larga escala, tais como a subnutrição,
doenças transmitidas pela água, VIH e malária”.
Os entrevistados do workshop e do questionário referiram outras dinâmicas da ordem de
trabalhos da investigação do DCC com vista a uma mudança social mais vasta, não tão visível
em planos de investigação e políticas como “Mudar valores e aspirações sociais: trocar as
ideologias políticas do século XIX por uma ideologia política relevante para os desafios do
século XXI” e “Reestruturação do direito e da economia e mudança social com ênfase específica
no alívio da pobreza e na protecção dos povos vulneráveis para aumentar a segurança e a
resistência humana e ambiental ”. Os participantes do workshop referiram, em particular, a
necessidade de investigação crítica, bem como de abordagens de sistemas, especialmente
concentrados em sistemas socioecológicos e resistência a vários níveis e escalas.
Maio de 2014
296
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
14.1.4 Lacunas nas capacidades individuais
Como se pode constatar acima, o contexto das vulnerabilidades e objectivos de respostas
políticas em matéria de alterações climáticas da África do Sul criam um ambiente difícil para o
desenvolvimento de capacidades. O sistema de educação da África do Sul continua a sofrer de
uma educação básica de baixa qualidade, que afecta o fornecimento de educação superior em
várias maneiras. Há elevados níveis de abandono escolar e a África do Sul continua a registar
os piores resultados nos testes de referência internacionais em literacia, matemática e ciências.
Os problemas na qualidade da educação são alimentados e exacerbados por altos níveis de
desigualdade social, que teimam em persistir apesar das políticas sociais que tentam
transformar os contextos de pobreza (o coeficiente Gini situa-se ainda entre 0,66 e 0,69, um
dos mais elevados no mundo). Uma série de estratégias e planos de desenvolvimento de
capital humano no e para o sector do desenvolvimento sustentável e ambiente aponta para
níveis elevados de escassez de competências149 nas principais profissões relevantes para o DCC.
As tentativas de quantificar a escassez de competências é contínua e, em 2010, o
Departamento de Assuntos Ambientais assinalou a falta de 600 profissionais de ciências
ambientais e mais de 800 técnicos do ambiente só no sector público. Estes incluem
oceanógrafos, ecologistas, hidrólogos, gestores, técnicos do ambiente e por aí em diante. O
Plano de Competências do Sector Ambiental para a África do Sul do Departamento dos
Assuntos Ambientais conclui que o sistema de desenvolvimento de capacidades na África do
Sul tem sido “reactiva” e não proactivamente envolvida no fornecimento de competências de
desenvolvimento sustentável e ambiente.
O Departamento de Ciência e Tecnologia no seu plano de desenvolvimento de capital humano
para o Grande Desafio Nacional de Mudança Global identificou escassez de competências em
áreas especializadas como a biogeografia e evolução; climatologia e modelização climática;
estudos de desenvolvimento; distúrbios, população e ecologia de dispersão; ecofisiologia,
tanto terrestre como marítima; história ambiental, particularmente nos últimos 300 anos;
demografia humana; geomorfologia; hidrologia; paleoecologia e paleoclimatologia, incluindo
palinologia; oceanografia física e biológica; economia ambiental e de recursos; antropologia
social e sociologia; ecologia de sistemas e biogeoquímica. Argumentou-se que estas “são as
principais competências disciplinares necessárias para abordar questões de Sistema da Terra
fundamentais, incluindo a análise dos subsistemas humanos associados à biosfera”.
O Instituto Nacional de Biodiversidade da África do Sul, trabalhando no planeamento do
desenvolvimento de capital humano para a gestão da biodiversidade na África do Sul,
identificou igualmente uma variedade de competências escassas, incluindo especialistas GIS,
bioinformáticos, taxonomia marítima, economia de recursos, liderança, entre outras.
Importante para este estudo de planificação e a sua intenção de reforçar o sistema de
educação, formação e investigação é a identificação por parte do Departamento de Assuntos
Ambientais e dos estudos SANBI de que a educação ambiental/desenvolvimento de capital
149
Nota: aqui, a utilização do termos “competências” reconhece que as mesmas não existem sem conhecimentos e valores e é
tudo isto que requer atenção nos sistemas de educação, formação e desenvolvimento de capacidades.
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
humano são igualmente “competências escassas” na África do Sul e são-no devido ao âmbito
da educação e formação ambientais que são necessárias em todo o sistema. O planeamento
da Economia Verde e os novos programas de infra-estruturas nacionais também destacam as
competências escassas, especialmente nas áreas do desenvolvimento de gestão de recursos
naturais e energia. Encontram-se implementados planos para abordar a escassez nacional de
engenheiros do ambiente (calculada em 300) para o programa de infra-estruturas estrutural.
Foram reunidos esforços para reforçar as competências de tecnologia de energias (por
exemplo, para a instalação de sistemas de aquecimento sola da água) nos colégios FET. Os
participantes do workshop comentaram que a necessidade de um pensamento transversal dos
sistemas integrais, a capacidade para lidar com assuntos complexos, a capacidade de
envolvimento com conhecimentos autóctones em contextos científicos, as competências de
análise e trabalho com dados climáticos, bem como as competências de inovação de sistemas,
são importantes para o DCC.
14.1.5 Lacunas nas capacidades institucionais
Embora a África do Sul possua uma infra-estrutura de investigação e um conjunto de
instituições de investigação relativamente bem desenvolvidos, subsistem lacunas nas
capacidades institucionais, especialmente no contexto da transição para uma sociedade
resistente ao clima e com baixas emissões de carbono. O Livro Branco da Resposta Nacional à
Mudança nas Alterações Climáticas reconhece que a infra-estrutura institucional para Ciência e
Tecnologia na África do Sul é inadequada à construção de um futuro resistente ao clima,
especialmente para sustentar uma resposta “sólida” às alterações climáticas. A política sugere
a necessidade de um exercício de previsão de alterações climáticas por a resposta ser tão
complexa. Deste exercício de previsão, o governo tenta proporcionar um plano de
desenvolvimento de capital humano robusto para a ciência e a tecnologia climáticas baseadas
nos requisitos de resposta do clima do país e nos resultados das Avaliações e Linha de Base da
Vulnerabilidade do Emprego Nacionais, bem como no Plano de Resistência de Empregos do
Sector (RSA 2011a). Além disso, procura desenvolver um plano de desenvolvimento científico e
tecnológico complementar para as alterações climáticas e um roteiro tecnológico das
alterações climáticas. O Departamento de Ciência e Tecnologia conduzirá igualmente um
estudo de fiabilidade para o desenvolvimento de uma agência de financiamento especializada:
o Conselho de Ciência das Alterações Climáticas proposto e para desenvolver ainda mais os
instrumentos de financiamento para a investigação e desenvolvimento. Espera-se que tal
responda à a) inadequação das actuais infra-estruturas de investigação para o DCC, e à b)
inadequação dos mecanismos de financiamento à investigação. Como foi apontado por um
grupo no workshop: "é necessário um financiamento à investigação que permita o
desenvolvimento sólido e experimental na região de dezenas de milhões, não três ou quatro
milhões”. Tal “permitiria igualmente ciclos de investigação a prazo mais longo, pelo menos de
dez anos” que são necessários para uma investigação séria da utilização de espaços abertos
urbanos para a mitigação e adaptação de sistemas socioecológicos em cidades, por exemplo.
Foram levantadas questões semelhantes em relação à investigação do desenvolvimento de
meios de subsistência para a adaptação e por aí em diante. A principal questão era o tipo de
investigação do DCC necessário para um impacto substancial a curto prazo e requer um
financiamento considerável para ter um verdadeiro impacto, especialmente uma investigação
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
que opere igualmente em todas as escalas e adopte abordagens de sistemas socioecológicos
integrativas. Os participantes do workshop indicaram que os actuais ciclos de financiamento à
investigação são demasiado curtos e associados a ciclos de orçamento do governo que não são
suficientemente substanciais para permitir programas de investigação interdisciplinares e de
vários locais e várias escalas, de grande dimensão. Outras lacunas nas capacidades
institucionais identificadas no estudo de planificação incluem as infra-estruturas científicas,
tais como os laboratórios e institutos científicos modernos, capacidade de supervisão e
financiamento a bolsas adequado que consigam atrair mais académicos sul-africanos para os
estudos de pós-graduação, oferecendo fundos a académicos internacionais, colaboração
transversal e sinergia política. As questões associadas à liderança e ao empenho foram
igualmente apontadas, e foi dito que, de acordo com a política, para se atingirem as metas do
desenvolvimento compatível com o clima, são necessárias liderança e organizações dinâmicas,
e que existe uma necessidade de uma melhor compreensão de mandatos, responsabilidades e
resultados práticos relacionados com a adaptação e mitigação e as relações que existem entre
as práticas da mitigação e adaptação. Do ponto de vista técnico, embora a África do Sul tenha
provavelmente algumas das melhores práticas de investigação observacional na África austral,
não deixou de ser salientado como um principal desafio a falta de locais de observação e
monitorização permanentes, e os locais utilizados são muitas vezes de dimensões indesejáveis.
As principais áreas são igualmente sub-representadas no trabalho de acompanhamento, tais
como as áreas áridas e semi-áridas, florestas e bosques, montanhas, ecossistemas agrícolas e
áreas rurais (RSA 2011b), e existe a necessidade de um sistema mais integrado para o
acompanhamento e a observação, que inclui o fornecimento de dispositivos de imagem e
sensores de imagem, hardware e software de análise e processamento de dados última
geração, espaço e equipamento de laboratório relevantes, bem como sistemas de gestão de
informação robustos e acessíveis. Porém, os participantes do workshop alertaram para o
preconceito da tecnologia e ciência quanto à abordagem do problema e salientaram que o
actual planeamento científico tendia a ignorar e subfinanciar as contribuições das ciências
sociais e humanidades nos ambientes de investigação das alterações climáticas. Foi igualmente
sugerido que devia ser dada mais atenção ao reforço das humanidades, aos sistemas de
investigação sociais e instituições para a investigação do DCC e ao desenvolvimento de
instituições de investigação que podem “modelar o pensamento dos sistemas”. Outra falha
nas capacidades institucionais era a falta de fóruns adequados que sustentem a inovação
curricular e a falta de apoio de gestão universitária para direcções relacionadas com o
desenvolvimento sustentável nas universidades. Havia igualmente uma “lacuna” entre os
investigadores e as sociedades e a actual estrutura de incentivos à investigação perpetuava
esta lacuna, uma vez que não recompensava as abordagens à investigação multidisciplinares,
transdisciplinares ou envolvidas na comunidade, apesar da muita retórica em torno destas
“novas” abordagens. Foi igualmente indicado que havia uma tensão fundamental entre as
intenções relacionadas com o DCC/DS e justiça social e as intenções do motor capitalista “neoliberal” que se afirma estar “a moldar as directivas do Ensino Superior e o ambiente de
financiamento à investigação”. Foi também salientado que havia uma falta de fóruns
institucionais adequados que envolvessem as parcerias público-privadas que necessitam de
melhorias.
Maio de 2014
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Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Do supramencionado, é claro que a África do Sul se encontra fortemente comprometida com
um caminho de desenvolvimento resistente ao clima em resposta às suas vulnerabilidades
projectadas. É igualmente claro que a produção de conhecimentos e investigação é um
elemento principal disto. Dado o complexo leque de faltas de competências e a necessidade
de novas especializações nas abordagens ao pensamento de sistemas e ciências
socioeconómicas, há muito que fazer para reforçar o caminho para as abordagens à coprodução de conhecimentos poderem florescer. Especialmente importantes são, talvez, as
discussões sobre o financiamento mais sustentável, a um prazo mais longo e substancial para
que o verdadeiro impacto emerja em investigação de sistemas sociais e ecológicos com um
compromisso mais forte para com a investigação das ciências sociais e a que é baseada em
sistemas.
14.2 Análise institucional da África do Sul
Existem inúmeras necessidades de capacidades institucionais e individuais, de investigação e
conhecimentos complexas, expressas em várias estratégias de desenvolvimento de capital
humano produzidas pelo Departamento de Assuntos Ambientais, o Departamento de Ciência e
Tecnologia (para o Plano Científico Nacional de Mudança Global), os sectores da água, resíduos
e biodiversidade, bem como por todos os envolvidos no planeamento da Economia Verde e
planeamento do sector da energia, além dos intervenientes nacionais e os próprios
funcionários universitários. A Segunda Comunicação Nacional (RSA 2011b) e o Livro Branco da
Resposta Nacional à Mudança nas Alterações Climáticas da África do Sul (RSA 2011a) salientam
uma série de grandes instituições responsáveis pela investigação que diz respeito às alterações
climáticas. O Departamento de Ciência e Tecnologia é responsável pela implementação da
Estratégia Nacional de Desenvolvimento e Investigação (ENDI) e do Plano de Inovação de Dez
Anos que contém os cinco Grandes Desafios (incluindo a Mudança Global e Energia).
O Departamento de Ciência e Tecnologia trabalha em estreita ligação com a Fundação
Nacional de Investigação, que sustenta a Rede de Observação Ambiental Sul Africana (SAEON),
a Rede de Observação da Terra Africana (AEON), e possui um sistema de Centros de Excelência
(que inclui o Centro Aplicado para as Ciências do Clima e Sistema da Terra (ACCESS)), Cadeiras
de Investigação Sul-Africanas (SARChi) situadas nas universidades e outros programas de
investigação como o Programa de Nacional de Investigação para a Sustentabilidade e
Sociedade de Mudança Global (GCSSNRP) e o Instituto Nacional de Desenvolvimento de
Energia Sul-Africano (SANEDI). Existe igualmente uma Agência de Inovação Tecnológica (TIA)
recentemente estabelecida; tudo para abordar o “fosso na inovação”, a lacuna que existe
entre os geradores de conhecimentos, a sociedade e o mercado dentro de um enquadramento
de economia de conhecimentos. Além disso, existem outros conselhos de investigação que
levam a cabo investigação em matéria de alterações climáticas, como por exemplo, o Conselho
para a Investigação Científica e Industrial (CSIR) e o Conselho para a Investigação das Ciências
Humanas (HSRC), a Comissão de Investigação da Água (WRC) e o Conselho para a Investigação
Agrícola (ARC) e o Instituto Nacional da Biodiversidade Sul-Africana (SANBI). A África do Sul é o
país com a mais alta despesa na Investigação e Desenvolvimento na região. A produção
científica no continente africano é dominada pela investigação sul-africana, com publicações
impressas a aumentar de 317 no ano 2000 para 7468 em 2010. Daqui podemos ver que,
Maio de 2014
300
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
embora as publicações sul-africanas ainda sejam baixas em comparação com outros países, os
resultados da investigação cresceram exponencialmente.
De acordo com o estudo de doutoramento ASAAF em 2010, a África do Sul possui um total de
1274 doutorados ou 26 doutorados por cada milhão da população do país, que é visto como
um número baixo em comparação com outros países, e um dos grandes desafios no sistema de
investigação sul-africano. A África do Sul possui 2637 cientistas classificados. Os cientistas são
classificados através de um sistema de revisão de pares formal, envolvendo revisores nacionais
e internacionais dentro de um ciclo de cinco anos, de acordo com as seguintes categorias:
Investigador jovem promissor, investigador estabelecido, investigador de renome
internacional e investigador líder internacional (a categoria mais elevada). De cinco em cinco
anos, os investigadores têm de se registar novamente para a classificação, que poderá manterse ou melhorar. A maioria dos investigadores na África do Sul situa-se dentro da categoria
“investigador estabelecido”, mas existem cada vez mais investigadores de renome
internacional e líderes internacionais. Uma pesquisa nesta base de dados revelou que existem
investigadores em todas as categorias supramencionadas que se encontram envolvidos na
investigação de alterações climáticas, e campos de investigação que estão estreitamente
associados à investigação do DCC ou são necessários para a mesma. Actualmente, a África do
Sul possui 92 Cadeiras SARCHI de investigação financiada pela Fundação Nacional da
Investigação (dados de 2012) e alguns Centros de Experiência do Departamento de Ciência e
Tecnologia, alguns dos quais são relevantes para a investigação do DCC (conforme
demonstrado na Tabela 14 abaixo).
Uma vez que o ambiente de investigação sul-africano é extremamente complexo, a análise
sumativa abaixo apresenta informações sobre a experiência por universidade, com base nas
melhores informações disponíveis compiladas de uma variedade de fontes de dados, incluindo
fontes da Internet, dados do workshop, respostas dos questionários (mas apenas foram
obtidos 40 questionários), e a segunda comunicação nacional. A Tabela 14 abaixo apenas
cobre núcleos e centros de competências, bem como Centros de Excelência, embora estes não
se concentrem apenas numa só instituição.
Para construir a análise institucional da África do Sul, o sistema de classificação da Fundação
Nacional de Investigação foi considerado como indicativo para investigadores nacionalmente
reconhecidos que operam como “núcleos de competências”. Idealmente, a Tabela 14 deve ser
verificada de forma mais completa ao nível individual de universidade, um processo que teria
de ter lugar numa fase de acompanhamento do estudo de planificação da SARUA.
Consequentemente, estas informações são indicativas e não totalmente abrangentes.
Maio de 2014
301
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
302
Tabela 14: Núcleos e Centros de Competências identificados na África do Sul para investigação do DCC (cobrindo todas as 23 universidades sul-africanas)
Universidade
Universidade de
Tecnologia da Península
do Cabo, Cabo Ocidental
Núcleos de Competências
A Universidade de Tecnologia da Península do Cabo possui 23
investigadores classificados pela Fundação Nacional de Investigação, a
maioria investigadores jovens promissores e/ou investigadores
estabelecidos. Os campos de competências aplicáveis às questões de
investigação do DCC identificados neste estudo de planificação e que
envolvem investigadores estabelecidos, são:





Universidade de
Tecnologia Central,
Estado Livre
Universidade de
Tecnologia de Durban,
KwaZulu-Natal
Centro de Toxicidade e Correcção Ambiental (Professor Odendal)
O Instituto de Energia (Professor Uken) inclui investigação nos
sistemas de aquecimento solar da água, altamente eficiente e de
baixos custos; instalações de aquacultura e outros fora da rede.
Sistemas de energias renováveis, energias termais
Desenvolvimento e preservação de produtos alimentares
Plantas medicinais e bioactividade de antioxidantes naturais
Nutrição e Saúde, bacteriologia
Aquicultura utilizando energias renováveis (Departamento de
Engenharia Mecânica)
A Universidade de Tecnologia Central, Estado Livre possui sete
investigadores classificados pela Fundação Nacional de Investigação,
tendo dois dos investigadores estabelecidos experiência relevante em
questões de investigação do DCC identificadas neste estudo de
planificação:

Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
A CUoT dispõe de uma estratégia de desenvolvimento sustentável e
um Departamento de Ambiente Construído que se concentra na
construção sustentável (Professor Ngowi)
Segurança alimentar, biocatalisador e microbiologia
alimentar
A Universidade de Tecnologia de Durban possui dez investigadores
classificados pela Fundação Nacional de Investigação, todos na
categoria de investigador estabelecido. As áreas de competências de
investigação relevantes nas questões do DCC identificadas neste
A DUoT possui um Instituto de Ciência de Sistemas (Professor Duffy)
e
um Instituto para a Tecnologia de Resíduos e Águas Residuais
(Professor Bux)
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
303
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
estudo de planificação incluem:




Microbiologia, medicina tradicional e sistemas de
conhecimentos autóctones
Inovação na gestão tecnológica, incluindo gestão e
tratamento de recursos hídricos integrados, modelização
ambiental
Promoção da saúde e prevenção de doenças, ética, ciências
da saúde
Biotecnologia
Universidade de
Tecnologia de
Mangosutho, KwaZuluNatal
A Universidade de Tecnologia de Mangosutho possui dois
investigadores classificados pela Fundação Nacional de Investigação,
um dos quais é um investigador estabelecido, concentrados na
geologia ambiental e geologia médica.
A MUoT possui um Centro de Investigação para Biotecnologia das
Algas que foca a identificação, optimização e comercialização de
componentes de valor acrescentado das espécies de algas
autóctones. A inovação tecnológica para optimizar a produção de
óleos ou lípidos celulares microalgas utilizada na síntese de biodiesel.
Este é o primeiro centro a produzir biodiesel de alta qualidade a
partir de uma estirpe autóctone de microalgas. Investigação continua
com o Centro de Biociências e Tecnologia de Água e Águas Residuais
(DUT) CSIR e a Escola de Ciências Biológicas e da Conservação na
UKZN (Professor Anandraj)
Universidade
Metropolitana Nelson
Mandela, Cabo Oriental
A Universidade Metropolitana Nelson Mandela possui 62
investigadores classificados pela Fundação Nacional de Investigação, a
maioria dos quais investigadores estabelecidos.
A Universidade possui as seguintes unidades de investigação
identificadas, onde os grupos de investigadores trabalham em
conjunto:
Os investigadores líderes internacionais possuem experiência
relevante nas questões de investigação do DCC, conforme
identificadas neste estudo de planificação, incluindo:
Rede Africana de Observação da Terra (a AEON é um centro para a
Ciência dos Sistemas da Terra (CST) que oferece um ambiente
educacional e de investigação para procurar conhecimentos entre as
ciências da vida e Terra, engenharia, economia de recursos e ciências
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências


Restauração ecológica, ciência da conservação, diversidade
vegetal
Recursos naturais e desenvolvimento sustentável,
geodinâmica, estratigrafia, observação da Terra (Professor
De Wit; membro fundador da AEON); altamente envolvida na
liderança da AEON
Os seguintes investigadores de renome internacional e estabelecidos
possuem experiência relevante para o DCC:


Geografia política e histórica
Ciência Sustentável, Sistemas de Adaptação, Teoria da
Complexidade, Resistência Ecológica Humana (Professor
Fabricius, igualmente chefe da Unidade de Investigação da
Sustentabilidade no George Campus e Coordenador
Científico para a Aliança Internacional da Resistência, obteve
recentemente uma grande bolsa de investigação do fórum
Belmont para a adaptação costeira).
Ecologia da Conservação, Planeamento da Conservação e gestão e
conservação de Água Doce

Ecologia da Conservação, interacções plantas-animais;
Planeamento de Conservação, GIS; Biogeografia, Ecologia da
população, evolução; Ecologia estuarina, ecologia do stress,
ecologia vegetal; Conservação de Água Doce, aprendizagem
social, gestão de água doce e conservação aquática;
Qualidade de água microbiana, bacteriologia
Energias renováveis

304
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
humanas. A AEON encontra-se a promover a Earth Stewardship into a
Science que pode sustentar o planeta e a sua população. A AEON
promove a ciência transversal e internacionalmente ligada e a
aprendizagem analítica, utilizando ferramentas e tecnologias
num ambiente que encoraja a ciência interdisciplinar a
explorar a nossa Terra e sociedade, particularmente em África.
A AEON é sustentada por núcleos baseados em programas dedicados
e um núcleo central gerido pela Universidade Metropolitana Nelson
Mandela em Port Elizabeth e envolve a EarthLAB, EarthCare, EarthLIFE, EarthTECH, EarthWISE, EarthSystem (Prof de Wit)
(www.aeon.org.za)
A Unidade de Investigação de Sustentabilidade (chefe: Professor
Fabricius) organiza um número de projectos de investigação
orientados para a sustentabilidade, concentrados na aprendizagem e
na reflexão para a co-gestão de ecossistemas adaptativa, segurança
da água, redes sociais e capital social, mudança no ecossistema e
sociedade, transformações para a gestão da Terra em sistemas
socioecológicos. Um projecto recente é o projecto de adaptação
costeira (financiado pelo Fórum Belmont)
O Centro Africano para a Ecologia de Conservação (chefe: Professor
Graham Kerley) dá ênfase à conservação e à ecologia de conservação,
bem como à educação ambiental.
A Unidade de Investigação Marítima e de Ecologia Costeira (chefe:
Professora Doutora Janine Adams) concentra-se em investigação
marítima costeira e ambiental integrada, concentrando-se nas
mudanças dinâmicas em ecossistemas costeiros e marítimos.
Fotovoltaicos, aquecimento solar, energia solar, semi-
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
condutores (Professor Van Dyk: Chefe do Centro para a
Investigação de Energia)
Ciência e literacia e educação ambientais, conhecimentos autóctones
e educação científica (Professor Webb)
A universidade possui igualmente uma política de investigação que
declara que uma das suas áreas temáticas principais é a investigação
da gestão de recursos naturais e ambiente, com pontos altos
estabelecidos nas áreas de:



305
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
O Centro para a Investigação de Energia (chefe: Professor Ernest van
Dyk) foi criado em 2006 e concentra-se no desenvolvimento da
energia solar. É especializado em energia solar fotovoltaica (células
solares) e aquecimento solar da água, gestão e controlo de energia
no campo da energia automotora, energia eólica, eficácia energética,
economia de energia e materiais de energia. O Centro reúne peritos
na ciência, engenharia, ambiente de construção, tecnologia de
informação, ciências económicas, ecologia da conservação e
tecnologia de fabrico.
Ambiente e ecologia (incluindo direito ambiental)
Estudos marítimos e estuarinos
Arquitectura e ambiente de construção
A Universidade Metropolitana Nelson Mandela encontra-se
igualmente a iniciar um curso novo em aglomerados populacionais
em 2014.
Universidade do Noroeste
A Universidade do Noroeste possui 141 investigadores classificados
pela Fundação Nacional de Investigação, a maioria dos quais
investigadores estabelecidos. Contudo, a Universidade do Noroeste
possui núcleos de experiência importantes com particular relevância
para o DCC. Estas incluem:


Direito e governação ambiental: Direito constitucional,
direito ambiental, direito ambiental internacional,
governação ambiental; direito climático; pluralismo jurídico;
direitos humanos, direitos da água, direito internacional dos
direitos humanos
Desenvolvimento da tecnologia da energia limpa e carvão
O estudo de planificação mostrou que a universidade se candidatou a
um DAAD do Centro de Excelência em Lei e Governação Climática,
aguardando aprovação. (Professor Kotze – prémio de prestígio da
Fundação Nacional de Investigação)
A Universidade alberga ainda a Unidade de Ciências e Gestão
Ambientais que dá formação extensa a empresas e governo. (Chefe:
Professor Leon van Rensburg)
Alberga ainda a Unidade Africana para Investigação de Saúde
Transdisciplinar (AUTHeR). Não é claro se esta unidade se encontra
envolvida em questões relacionadas com a saúde do DCC, mas está
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências









limpo: Gasificação, beneficiação do carvão; tecnologia do
carvão limpo, cinética de reacções
Energias renováveis: Células de combustível, geração de
hidrogénio, economia de hidrogénio, electrocatálise,
tecnologia de membrana; Gestão de energia, eficácia
energética, engenharia energética
Indústria extractiva e ciência ambiental aplicada, tecnologia
limpa: Prospecção de ouro, redução e correcção da poluição
ambiental, química ambiental, gestão de recursos hídricos
Ciência vegetal, Conservação e Reabilitação: Fisiologia do
stress vegetal, reabilitação, ecologia, fisiologia vegetal;
Conservação, monitorização ecológica, restauração e
reabilitação de zonas montanhosas semi-áridas; Ecologia
urbana; Conservação da biodiversidade, herpetologia,
parasitologia
Entomologia agrícola, entomologia e controlo biológico
Ciências do solo: Gestão do solo, microbiologia do solo,
reabilitação após despejo em minas, biologia/fertilidade do
solo; Ciências ambientais do solo, caracterização e mudanças
do solo
Biotecnologia bacteriana, plantas exóticas invasoras,
microbiologia ambiental, sistemas de conhecimentos
autóctones
Ecotoxicologia, química ambiental, poluição e gestão
ambiental (água, marítima); Ecotoxicologia terrestre
Alterações climáticas e conflitos de terras (Faculdade de
Agricultura, Ciência e Tecnologia)
Princípios jurídicos de alterações climáticas (Faculdade de
Direito)
306
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
fortemente empenhada em concentrar-se na investigação
transdisciplinar e possui um programa de investigação focado no
melhoramento da saúde e qualidade de vida em vários contextos a
nível individual, comunitário, social e de sistema. (Chefe: Professor
Annamarie Kruger)
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Universidade de Rhodes
Núcleos de Competências
A Universidade de Rhodes possui 70 investigadores classificados pela
Fundação Nacional de Investigação, muitos deles investigadores
estabelecidos. A Universidade de Rhodes possui os seguintes núcleos
de experiência relevantes para a investigação do DCC:






Ciências Biológicas e Conservação: Biodiversidade marítima,
biologia da conservação, biologia aquática; Biossistemática,
Fitogeografia, Biodiversidade, Genética da população,
associações de plantas e insectos; Oceanografia biológica,
ecologia do zooplâncton; Fisiologia ecológica vegetal,
ecologia, alterações climáticas.
Ciências das Pescas: História da vida, evolução, genética
evolucionária, gestão das pescas; Biologia dos peixes e
modelização de recursos biológica; ecologia aquática;
Aquacultura e reprodução dos peixes, Gestão das pescas e
ecologia
Ciências Ambientais, Climáticas e Ecológicas: Ecologia
vegetal e de zonas húmidas; silvicultura comunitária, risco e
vulnerabilidade climáticos, adaptação e meios de
subsistência; ciências ambientais interdisciplinares; meios de
subsistência rurais; adaptação das alterações climáticas
Ciências Aquáticas e Oceanográficas: Hidrologia aplicada;
Modelização hidrológica (incluindo modelização climática),
hidrologia de superfícies, gestão de recursos hídricos;
Segurança da água transdisciplinar e investigação IWRM
Geografia física e mudança ambiental: Paleo-oceonografia,
bioquímica marítima, história da Terra; Geografia física,
mudança ambiental, geomorfologia, Antárctida
Biotecnologia ambiental: Biotecnologia das algas;
biotecnologia agrícola, reguladores do crescimento vegetal
307
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Grupo do Oceano Sul: Este grupo de investigação baseia-se no
Departamento de Zoologia e Entomologia e encontra-se envolvido
num programa de cinco anos sobre a oceanografia biológica na zona
sub-Antárctida Prince Edward Islands, em colaboração com um grupo
de investigação oceanográfica física na Universidade da Cidade do
Cabo. Entre outros focos, a investigação concentra-se nas interacções
entre o ecossistema de ilhas e os sistemas frontais. (Professor Doutor
McQuaid e Professor Froneman)
Unidade de Investigação de Biotecnologia Ambiental: O principal
foco é na inovação biotecnológica e desenvolvimento de
bioprocessos relacionados com tecnologias correctivas, tratamento
de águas residuais, energia e biocombustíveis alternativos,
transferência e avaliação tecnológica, tratamento de água das minas,
exploração de biomassa de microalgas como alimentação para
produção de energias renováveis, biocorrecção de resíduos de
hidrocarboneto e carvão (Professor K. Cowan)
Instituto para a Investigação Hídrica: O principal foco é a utilização
inteligente dos recursos de água natural na África austral; os
investigadores encontram-se a trabalhar na água e nas alterações
climáticas (modelização), na qualidade da água e respectiva aplicação
na gestão de riscos, bem como em estudos de segurança hídrica
transdisciplinar ao abrigo da GCGCSSRP (inclui o Centro para a
Qualidade da Água Ambiental da Unilever) (Professor Hughes e
Professor T. Palmer)
Centro para a Investigação da Aprendizagem Ambiental: O principal
foco é a aprendizagem ambiental na interface pessoas-ambiente;
aprendizagem social; inovação curricular para a sustentabilidade nas
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências


Universidade de
Stellenbosch
Educação Ambiental/Educação para o Desenvolvimento
Sustentável/Aprendizagem Social: Inovação curricular,
aprendizagem social, educação das alterações climáticas,
educação da água e biodiversidade, educação de
professores, educação da sustentabilidade e ambiente em
universidades
Liderança na Sustentabilidade para Empresas: Liderança
empresarial e alterações climáticas; economia verde;
relatórios de sustentabilidade
A Universidade de Stellenbosch possui 311 investigadores
classificados pela Fundação Nacional da Investigação. As seguintes
áreas de experiencia foram identificadas para o DCC:


Ciências Ecológicas, Modelização e Ciências Biológicas:
Análise de rede ecológica, pescas, modelização ecológica;
Ecologia fúngica; ecologia microbiana; Impacto e
vulnerabilidade das alterações climáticas: ecologia
evolucionária, ecologia fisiológica, biologia térmica,
morfologia funcional, ecologia de zonas áridas, dinâmica e
restauração da vegetação; Espécies exóticas invasoras,
ecologia da conservação, conservação da biodiversidade;
Modelização ecológica, macroecologia, biologia de invasão,
ecologia da conservação; Ecologia vegetal, ecologia terrestre,
biologia da conservação; patologia vegetal, microbiologia,
biotecnologia; Respostas a alterações climáticas e insectos;
consulte igualmente o Centro de Excelência em Biologia de
Invasão abaixo
Desenvolvimento das energias sustentáveis, tecnologia
308
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
escolas, ensino e formação técnica e vocacional e ensino superior.
Inclui um foco na educação das alterações climáticas; alberga a
Universidade das Nações Unidas Makana e Cabo Oriental Rural
associada ao Centro de Competência Regional para a Educação para
a Sustentabilidade e Chefe de Educação Ambiental (Professor LotzSisitka)
Cadeira SARCHI em ciências ambientais interdisciplinares e meios
de subsistência rurais – também associada à investigação da
adaptação às alterações climáticas (Professor C. Shackleton)
A US possui os seguintes Centros, Programas e Institutos com
relevância particular no DCC:
Centro para os Estudos de Energias Renováveis e Sustentáveis:
concentra-se no desenvolvimento de energias renováveis para
facilitar o crescimento económico na área das energias renováveis. O
hub do programa reside na Faculdade de Engenharia. Possui um
programa de investigação de pós-graduação. Dispõe de oito
engenheiros de investigação. Coopera com muitos departamentos e
faculdades dentro da universidade e com a Universidade da Cidade
do Cabo, NMMU, Universidade do Noroeste, Universidade Wits,
Instituto de Tecnologia da Universidade de Fort Hare, Universidade
de KwaZulu-Natal, Universidade de Pretória, Centro de Investigação
de Energia e a Universidade da Cidade do Cabo. O Centro é o núcleo
académico nacional para estudos de energias renováveis e
sustentáveis. O histórico da US na condução de investigação da
energia solar é de 30 anos. Realizou investigação que melhora a
eficácia da utilização da água nas centrais eléctricas. A investigação
inclui o arrefecimento da geração de energia térmica solar. A
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências





limpa e engenharia ambiental: Tecnologias das energias
sustentáveis, gestão do ciclo de vida; Bioenergia, engenharia
de bioprocessos; motores de avanço eléctricos, máquinas
eléctricas;
Nanotecnologia e biotecnologia ambientais: aplicações da
nanotecnologia e biotecnologia na água
Ciências da Conservação, Biodiversidade: Conservação de
recursos naturais, fitogeografia; Planeamento da
conservação – aspectos científicos e sociais; Sistemática,
biodiversidade marítima, evolução; Entomologia e
parasitologia, ecologia da conservação, parasitologia
veterinária; Zonas marinhas protegidas, gestão das pescas,
genética da conservação, fitogeografia
Gestão Ambiental, IWRM, Desenvolvimento Sustentável e
Economia Ambiental: Avaliação ambiental integrada, política
de alterações climáticas, água, planeamento da
biodiversidade e resíduos, economia de recursos e
ambiental; Análise e gestão da procura de água, modelização
da procura de água, análise dos sistemas de distribuição de
água; Engenharia ambiental, tratamento de resíduos e água,
gestão ambiental, membranas
Governação ambiental, política pública e desenvolvimento
sustentável: Governação ambiental e gestão pública,
desenvolvimento sustentável, política ambiental,
transformação organizacional; Métodos de cenário,
conhecimentos estratégicos, análise estratégica;
Desenvolvimento sustentável, desenvolvimento, design e
planeamento comunitários, desenvolvimento urbano,
economia do desenvolvimento, economia africana
Ciências da Agricultura e do Solo: Química do solo, ecologia,
309
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
universidade foi igualmente a primeira a construir um painel solar de
investigação e possui laboratórios de painéis solares de grandes
2
dimensões (1000 m ). (Director: Professor Doutor Wikus van
Niekerk).
Trabalha igualmente em estreita ligação com:
A Cadeira da SARCHI de Investigação de Biocombustíveis que é
implementada em parceria com a SANERI (agora SANEDI), que coorganiza diferentes programas de mestrado e doutoramento com a
Universidade da Cidade do Cabo: mestrado/doutoramento no
Departamento de Microbiologia (US); mestrado/doutoramento em
Engenharia Química no Departamento de Engenharia de Processos
(US) e mestrado/doutoramento/pós-doutoramento no
Departamento de Engenharia Química na UCT
Instituto da Água da Universidade de Stellenbosch: combina grupos
de investigação da água em cinco faculdades da US sob o mesmo
lema. Investigação actual concentrada na água e na saúde,
agricultura e alimentos, um ambiente sustentável, nanotecnologia e
filtração, tratamento efluente e aspectos sociais em torno da água.
Organiza/coordena igualmente a rede NEPAD de Centros de
Excelência para a água (nepadwatercoe.org)
O Centro para a Governação Empresarial em África na Escola
Comercial de Stellenbosch concentra-se na investigação de
responsabilidade empresarial e desenvolvimento sustentável no
sector empresarial, de modo a desenvolver critérios para melhor
prática. O Centro para a Governação Empresarial em África na Escola
Comercial da Universidade de Stellenbosch é um dos quatro
parceiros do projecto núcleo numa iniciativa global que analisa as
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências


crostas do solo, Entomologia agrícola, biologia da
conservação; Agricultura, Biologia da Antárctida,
ecofisiologia vegetal; Análise da política agrícola, reforma
agrária, desenvolvimento rural, desenvolvimento e economia
agrícolas
Ética e Educação Ambiental: Ética ambiental, ética aplicada,
ética empresarial e ética das alterações climáticas; Educação
do Ambiente e da Ciência
Redução de Riscos de Calamidade e saúde pública
A universidade definiu a Sustentabilidade como uma das áreas de
foco para os próximos anos. Possui uma Política de Gestão de
Sustentabilidade Integrada e um programa emblemático chamado
HOPE que adopta uma abordagem transdisciplinar ao conceito
“ciência na sociedade” e associa um número de programas, centros e
faculdades de investigação.
A universidade possui uma comissão para o desenvolvimento
sustentável na Faculdade de Ciências da Saúde.
310
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
políticas e práticas de relatórios de sustentabilidade no mundo, com
a Global Reporting Initiative (GRI), o Programa Ambiental das Nações
Unidas (UNEP) e os Serviços de Sustentabilidade e Alterações
Climáticas KPMG (Director: Daniel Malan)
O Programa de Educação Ambiental (EEPUS) na Faculdade de
Educação tenta incluir a educação ambiental em todos os programas
da Faculdade da Educação e formar professores estagiários para a
educação ambiental (Professor Chris Reddy)
O Instituto de Sustentabilidade, em cooperação com a escola de
Liderança Pública da universidade, concentra-se no desenvolvimento
ecológico, comunitário e mental e oferece práticas sustentáveis e um
local de demonstração para tecnologias verdes e economia ecológica.
Co-organiza o mestrado em Desenvolvimento Sustentável (um
programa de curso interdisciplinar organizado com informações
obtidas de um leque de faculdades). (Chefe: Professor Mark Swilling,
igualmente envolvido no doutoramento do núcleo Tsama em
transdisciplinaridade e sustentabilidade)
O Núcleo Tsama encontra-se a coordenar um mecanismo que utiliza
o potencial transdisciplinar que existe entre várias faculdades e
departamentos da universidade que possui interesses e experiência
na sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e complexidade. O
programa concentra-se na ciência com a sociedade através de um
processo de co-aprendizagem. Os investigadores e intervenientes
aprendem em conjunto como desenvolver um entendimento
partilhado dos problemas do mundo real em mãos e a forma como
traduzir estes problemas em afirmações teoréticas e questões
pesquisáveis. (Director do Programa: John van Breda; Líder do
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
311
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Projecto: Professor Mark Swilling)
A US alberga igualmente:
O Centro de Excelência do Departamento de Ciência e Tecnologia
para a Biologia Invasora, que estuda os impactos das espécies
invasoras nas plantas e nos animais da África do Sul. Alguns
investigadores associados ao centro encontram-se igualmente
envolvidos na investigação relacionada com as alterações climáticas
associada ao foco principal do Centro de Excelência. O Centro para a
Biologia Invasora explora os impactos das invasões biológicas na
biodiversidade e procura melhorar os entendimentos da forma como
as interacções entre os motores da mudança global podem
influenciar ainda mais os impactos das invasões e facilitar e formular
intervenções de política apropriadas.
(http://academic.sun.ac.za/cib/research.asp)
Universidade de
Tecnologia Tshwane
A Universidade de Tecnologia de Tshwane possui 34 investigadores
classificados pela Fundação Nacional de Investigação, a maioria dos
quais investigadores estabelecidos. Possuem a seguinte experiência
relacionada com o DCC:
Indústria extractiva, tecnologia limpa, gestão e tratamento de
recursos hídricos: Gestão e tratamento de água e efluentes;
Reutilização de águas residuais, biocorrecção, contaminação das
águas subterrâneas, gestão das águas industriais, biocorrecção das
águas residuais; Gestão dos recursos hídricos, hidrologia das zonas
áridas, águas subterrâneas, microbiologia relacionada com a saúde,
biotecnologia ambiental
Centro para Energia e Potência Eléctrica (Departamento da
Engenharia Eléctrica); trabalha com a SANEDI nos sistemas solares
térmicos (Dr. Munda)
Grupo de tecnologia pós-colheita (Departamento de Ciências de
Culturas) – investigação da associação de operações de cultivo de
pequena escala em matéria de alterações climáticas e redução das
perdas de produtos pós-colheita (Professor Sivakumar)
Tecnologia das energias renováveis: Electrónica de potência, motor
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
312
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
eléctrico move a auditoria energética, qualidade de potência;
Sistemas de energia, engenharia de energia
Aceitação e compreensão da inovação
Universidade da Cidade
do Cabo
A Universidade da Cidade do Cabo possui 408 investigadores
classificados pela Fundação Nacional de Investigação, alguns dos
quais a trabalhar em áreas de investigação relacionadas com o DCC:
Climatologia e Modelização Climática e Adaptação às Alterações
Climáticas, incluindo avaliação e análise de impactos e
vulnerabilidade
Conservação, Ecologia, Biodiversidade, Ciências Vegetais, Zoologia e
Ciência do Ambiente e Mudança Global: Biologia da conservação,
Conservação da biodiversidade, Ecologia da conservação,
Conservação da vida selvagem, Ecologia animal, Ecologia aplicada,
Ecologia/comportamento da procura de alimentos, Biodiversidade,
Filogenética, Ecologia terrestre, Interacções entre plantas e
herbívoros, Prados, Ecologia das savanas, Ecologia paisagística,
Ecofisiologia, Ecologia do fogo, Ecologia evolucionária, Ecologia
costeira, Ecologia estuarina, Biossistemática, Mamalogia, Ecologia da
restauração, Morfologia funcional, Biologia evolucionária,
Bioestatística, Taxonomia de suculentos africanos; Ornitologia,
Modelização da população; Fisiologia dos invertebrados, Aquacultura,
Invertebrados - Taxonomia, Especiação/hibridação, Ecohidrologia
Vegetal, Ecologia Terrestre, Isótopos de luz estável, Alterações
Climáticas - Impacto, Seca, Ecologia animal
Ciências do Solo: Biologia/fertilidade do solo, Bactérias do solo,
Fixação de nitrogénio biológico, Ecologia e ciência ambiental,
A UCC possui uma abordagem tipo “sistema inteiro” à investigação
das alterações climáticas e criou a Iniciativa Africana do Clima e
Desenvolvimento (ACDI) (http: acdi.uct.ac.za). A ACDI é a instituição
de investigação líder em matéria de DCC no continente africano.
Concentra-se em melhorar o bem-estar humano, mas dentro dos
limites da necessidade de desenvolvimento com baixas emissões de
carbono e os impactos crescentes da variabilidade e mudança
climáticas. É um núcleo de investigação interdisciplinar que reúne
académicos e ONG, empresas e governo. Possui temas de
investigação que incluem: desenvolvimento climático inteligente,
energia com baixas emissões de carbono e alívio da pobreza,
respostas do Sistema Africano da Terra ao aquecimento global,
Cenários climáticos e sistemas de informação, impactos da
resistência a variações e mudança climáticas, instituições,
governação e economia das alterações climáticas, questões e
associações da escala global a local. Os departamentos que se
encontram a trabalhar com a ACDI incluem:



Departamento de Botânica (Professor Hoffman:
acompanhamento das alterações climáticas através da
mudança de vegetação
Graduate School of Business (Professor Hamann):
alterações climáticas e empresariais; governação
Centro Africano para as Cidades (Anton Cartwright, Warren
Smit): economia de desenvolvimento e alterações climáticas;
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Agronomia, Agricultura sustentável, Nitrogénio vegetal, Relações
planta-solo, Agricultura

Ciências Oceanográficas e Meteorologia: Oceano Sul/Antárctida;
Oceanografia física, Alterações climáticas, Clima, Variabilidade do
clima, Modelização atmosférica e oceânica, Meteorologia;
Oceanografia, Interacção da atmosfera com o oceano, Variabilidade
climática, Agulhas, Sudoeste do Oceano Índico, Oceanografia de
satélite; Oceanografia de satélite, Oceanografia física, Regiões da
Antárctida – Corrente Circumpolar, Variabilidade do ACC., Principal
produção e distribuição do Oceano Sul em relação a pressões físicas,
Oceano Sul/Antárctida, Dinâmica frontal do Oceano Sul
Ciências do Clima Marítimo, Ciências das Pescas e Geociência:
Biodiversidade marítima, Alterações climáticas, Algas marinhas
bentónicas, Biossistemática, Modelização ecológica, Avaliação e
gestão das pescas, Geociência marítima, Palaeoceanografia,
Geoquímica sedimentar; Modelização de ecossistemas, Pesca – Efeito
do ecossistema em, Pescas, Gestão das pescas, Teias tróficas,
indicadores de ecossistema; Oceanografia biológica, Ecologia de
pequenos peixes pelágicos marítimos, Estrutura e funcionamento de
teias de alimentos pelágicos marítimos, Impactos nas alterações
climáticas nos ecossistemas pelágicos marítimos, Gestão de pescas
para pequenos peixes pelágicos, Abordagem do ecossistema à gestão
das pescas Modelização ecológica e Modelização do ecossistema:
Modelização da população, Modelização biofísica marítima, Ecologia
marítima, Ecologia do plâncton
Gestão de Recursos Hídricos Integrada: Gestão de Águas Urbanas,
Águas de tempestades urbanas – Engenharia, Engenharia da água,
Fornecimento de água, Recolha de águas pluviais, Procura da água –
313








programa CityLAB – Mistra Urban Futures Climate Change
CityLab
Centro para Estudos de Cinema e Meios de comunicação
(Dr. Saleh): encruzilhada climática: política, meios de
comunicação social e clima
Escola de saúde pública e medicina familiar (Jonny Myers):
alterações climáticas, saúde e política da saúde
Centro de Criminologia (Tom Herbstein): programa de
segurança ambiental concentrado nos riscos de gestão de
comunidades associados às alterações climáticas
Grupo de análise de sistemas climáticos (CSAG) –
www.csag.uct.ac.za (Professor Bruce Hewitson):
modelização climática, dois projectos – Wild Coast Living
Laboratory (investigação de sistemas); Healthy Futures
(previsão de riscos climáticos em África, mapeamento dos
riscos de doença, investigação concentrada na África
Oriental)
Unidade de Avaliação Ambiental (EEU) (Sandra Rippon):
Investigação do processo de autorização ambiental da
Instalação de Energia Solar do Rio Touws
Departamento de Engenharia Química (Professor von
Blottnitz): engenharia de sistemas de processos ambientais
Departamento de Antropologia Social (Lesley Green): grupo
de investigação de ecologias contestadas concentrado em
formas informativas e relativas de conhecimento
Departamento de Sociologia (Dr. Frank Matose):
desfragmentação dos aspectos de alterações climáticas e
preocupações relacionadas da Gestão de Recursos Africanos
(resolução de conflitos)
Gordon Institute for Performing and Creative Arts (Jay
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
Gestão, Gestão da água, Águas residuais, Hidráulica ambiental,
Hidrologia da engenharia; Fornecimento e gestão da água:
Fornecimento de água, Fuga de água, Procura da água - Modelização,
Sistema de distribuição de água - Modelização, Engenharia da
fiabilidade
Ciências da Saúde: Política da saúde, Medicamentos anti-malária,
Malária, Controlo da malária, Farmacologia clínica, química medicinal,
medicamentos anti-malária (também medicamentos para a
tuberculose e VIH), Química medicinal, Descoberta de medicamentos
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)




Paleontologia e Arqueologia: Paleontologia: Vertebrados; ambientes
paleontológicos, paleoecologia; Arqueologia – Idade de Ferro,
Arqueologia – Herança cultural; Arqueologia biomolecular, ambientes
paleontológicos, Isótopos de luz estável, Isótopos ambientais,
Antropologia biológica, Arqueologia pré-colonial, Arqueologia –
Africana, Arqueologia – Idade da Pedra
Energia, Resíduos e Tecnologia Limpa: Alterações climáticas, Gestão
de resíduos, Energias sustentáveis, Planeamento estratégico, Análise
de decisões segundo vários critérios, Tecnologia limpa
Direito Ambiental, Direito comercial internacional, Direito das Zonas
Costeiras, Direito ambiental, Direito Energético, Direito das
Pather): une cientistas e artistas para investigar a relação
entre as alterações climáticas e as suas representações nas
artes criativas e de palco
Unidade de Desenvolvimento de Escolas (Andrew
Petersen): educação dos professores sobre alterações
climáticas/ciência e educação ambiental
A Unidade de Avaliação Ambiental na UCT (Professor Merle
Sowman) abrange as seguintes áreas temáticas:

Estudos do Desenvolvimento e Economia do Trabalho: Economia do
desenvolvimento, Economia do trabalho, Dinâmica da pobreza das
famílias, Inquéritos econométricos, Mercado do trabalho – Economia,
Formulação de políticas, Economia da educação, Pobreza,
Investigação, Economia do desenvolvimento, Pobreza, Desigualdade,
Economia do trabalho, Políticas
314

Governação do litoral e das pescas (MPA, pescadores de
pequena escala, co-gestão)
Biodiversidade e justiça social (inclui projectos sobre
prospecção, biociência e bio-política, segurança das
sementes)
Gestão e sustentabilidade ambientais (inclui várias iniciativas
concentradas no desenvolvimento de energias renováveis)
Negócios e sustentabilidade
Governação ambiental
A UCC possui igualmente várias cadeiras de investigação


Cadeira da SARCHI sobre Segurança e Justiça (Professor
Clifford Shearing): concentrado na governação da segurança
ambiental
Cadeira da SARCHI em Matéria de Alterações Climáticas
(Professor Bruce Hewitson): associado ao Grupo de Análise
de Sistemas Climáticos, concentra-se na modelização
climática, variabilidade, mudança e projecções regionais.
Coordenador principal do programa CORDEX global do
WCRP para desenvolver projecções climáticas regionais.
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
315
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Alterações Climáticas

Energias Renováveis: Energia eólica, Engenharia eléctrica, Dinâmica
dos sistemas de energia, Estabilidade do sistema de energia, Análise
dos sistemas de energia, Sistemas das energias renováveis, Sistemas
inteligentes, Optimização dos sistemas de energia; Economia
ambiental, Modelização ambiental, Estudos de energia, Política
energética, Energias renováveis, Política ambiental

Cadeira da SARCHI sobre Ecologia Marítima e Pescas
(Professor Astrid Jarre: concentra-se na investigação
interdisciplinar dos sistemas socioecológicos marítimos em
mudança global na Corrente de Benguela
Cadeira da SARCHI sobre Modelização dos fenómenos
acoplados oceano-terra-atmosfera relacionados com as
alterações climáticas (vaga ainda por preencher)
Desenvolvimento Sustentável e Governação Empresarial: Estratégia
empresarial, Administração de empresas, Segurança alimentar,
Migração de alterações climáticas, Alterações climáticas – Adaptação,
Indústria extractiva – Ambiente, direitos humanos, inovação e
desenvolvimento sustentável, Ética empresarial, Empreendimento
sustentável; Gestão de resíduos, Biocombustíveis, Avaliação de Ciclos
de Vida, Ecologia industrial; Gestão estratégica, Internacionalização,
Governação empresarial, Inovação – Gestão, Inovação e
empreendedorismo
Biotecnologia: Tratamento de águas residuais, Biohidrometalurgia,
Biotecnologia das algas
História Ambiental: Zonas montanhosas semi-áridas, Desertificação,
Gestão de recursos
Finanças do Desenvolvimento: Finanças, Economia, Série de tempo e
previsão, Finanças do desenvolvimento, Economia do
desenvolvimento, Economia financeira
Estudos culturais, design/arquitectura sustentável e estudos de
urbanização/mudança social: Estudos africanos, Política educacional,
Sociologia, Jovens em África, Planeamento espacial, Teoria do
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
316
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
planeamento, Planeamento da cidade; Design arquitectónico,
Inovação no design, Design em temos de mudança social, Design de
luzes de painéis que podem separar a luz do calor, Habitação autoconstruída que se pode arrendar, Design ambientalmente reactivo e
responsável na arquitectura
Universidade de Fort Hare
A Universidade de Fort Hare possui 18 investigadores classificados
pela Fundação Nacional de Investigação. Nem todos os investigadores
abaixo são classificados pela Fundação Nacional de Investigação, mas
encontram-se todos envolvidos com a investigação relacionada com o
DCC:




Ciências Vegetal e Animal e Agricultura Climática
Inteligente: Etnobotânica, bioprospecção, fitomedicina;
Etofarmacologia, Etnovetinária, Saúde Animal; Produção
pecuária, Bem-estar animal; variedades resistentes a Nguni.
Efeitos do CC em respostas ao stress cereal;
Agrometeorologia, variedades de plantas alimentares
tolerantes a pragas – PVC de milho tolerantes ao stress e
tolerância dos agricultores a variedades de polinização de
milho; efeitos das AC na produção de meios de subsistência
Energias Renováveis: Energia solar, painéis fotovoltaicos,
física solar
Climatologia, Geomorfologia: Impactos das alterações
climáticas na agricultura e na produtividade de pequenas
explorações
Gestão de Recursos Hídricos, Qualidade da Água, Água
Agrícola: Qualidades físico-químicas, bacterianas e
virológicas da água; Investigação da água agrícola, reduzir a
pegada da água nas culturas; Ciclo hidrológico; Recolha de
Fort Hare, Instituto de Tecnologia (FHIT) (Director: Professor Meyer):
Tecnologias das energias renováveis, eficácia energética, materiais de
construção e sistemas de painéis fotovoltaicos integrados na
construção com eficácia energética Centro de Excelência para as
Energias Renováveis (RECoE). Áreas de investigação: sistemas e
módulos fotovoltaicos, células e módulos solares fotoquímicos
sensibilizados à tintura, gasificação da biomassa.
Instituto da Investigação do Desenvolvimento Rural e Agrícola
(Director: Professor Masika): Gera informações sociais, económicas e
técnicas relacionadas com os sistemas de meios de subsistência e
serviços de apoio, concentrando-se na agricultura, e dissemina estas
informações para facilitar a troca
A Universidade de Fort Hare organiza igualmente um Centro de
Ciência do Risco e Vulnerabilidade do Departamento da Ciência e da
Tecnologia associado ao Plano Nacional de Investigação da Mudança
Global (Director: Dr. Zhou): Gera e dissemina conhecimentos sobre
risco e vulnerabilidade nos desafios de mudança global,
concentrando-se na segurança alimentar e da água, gestão de
resíduos e gestão ambiental perante as alterações climáticas
Possui igualmente um Centro de Estudos Transdisciplinares
(Director: Dr. Mahlangu) que ensina um módulo transdisciplinar de
licenciatura sobre “Vida, Conhecimento e Acção” a todos os
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências



Universidade de
Joanesburgo
água para explorações agrícolas de pequena escala
Economia agrícola; opções de vulnerabilidade e adaptação
climáticas para agricultores de pequenas explorações,
barreiras e incentivos à adopção de culturas de
biocombustível
Agricultura da conservação, vermicompostagem, mitigação
climática; produtividade de colheita de irrigação de
pequena escala
Estudos de Ciência Social sobre a percepção de riscos das
AC
A Universidade de Joanesburgo possui 112 investigadores
classificados pela Fundação Nacional de Investigação, com as
seguintes áreas de experiência relacionadas com o DCC (detalhes de
todos os investigadores incluídos no Volume 2):







Etnobotânica, química de plantas medicinais, taxonomia,
conhecimentos autóctones
Biodiversidade: Ciências das Plantas e dos Peixes; Saúde
Aquática: Parasitologia dos peixes, saúde aquática
Produção de Energias Renováveis, Sistemas de Energia,
Engenharia de Ciclo de Vida: Gestão ambiental, ambiente
atmosférico
Biotecnologia, Nanotecnologia e Análise Ambiental e da
Água
Modelização do lado da procura da água
Química ambiental/analítica, ciências da água, solo e
madeira
Construção Sustentável e Gestão de Construção
concentradas em preocupações de género
317
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
estudantes de licenciatura que utilizam um modelo inovador ao nível
do campus. Inclui aspectos do ambiente e alterações climáticas.
Cadeira da SARCHI sobre Mudança Social (Professor Minkley)
Possui os seguintes centros de investigação:



Centro de Investigação e Tecnologia de Energias
Sustentáveis (SeTAR) concentrado na Geoinformática e
Energia Sustentável (Professor Annegarn): programa
emblemático ENERKEY, que é um programa de
investigação megacidades internacional concentrado na
energia sustentável para as cidades. Inclui igualmente
investigação de energia térmica residencial, escolas com
montagem de projectos com eficácia energética,
projecto de aquecimento solar da água concentrado na
implementação de aquecedores solares de água para o
sector doméstico.
O Centro para a Investigação de Nanomateriais realiza
investigação de nanomateriais para aplicações
sensoriais e fotovoltaicas, e análise e tratamento de
água
O Centro para o Desenvolvimento Social em África
(Professora Leila Patel) (na Faculdade de Humanidades)
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências



Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Gestão de Florestas e Utilização da Terra, incluindo
mapeamento de vegetação, ciência ambiental aplicada
Direito Ambiental Internacional
Vulnerabilidade e Meios de Subsistência Rurais


Universidade de KwaZuluNatal
A Universidade de KwaZulu-Natal possui 209 investigadores
classificados, a maioria na categoria de investigador estabelecido,
com as seguintes áreas de experiência relacionadas com o DCC



Energias Renováveis, materiais e estruturas inteligentes
Conservação da Biodiversidade, Ecologia: Gestão da
biodiversidade e estudos ecológicos com base em plantas;
Ecologia reprodutiva marítima e coral, saúde dos recifes de
coral e agentes antropogénicos causadores de stress,
biologia dos recifes de coral; Modelização ecológica;
Plâncton e ecologia do fitoplâncton; Ecologia do
zooplâncton; Ecologia da polinização; Ecologia estuarina e de
mangais; Planeamento espacial, serviços de ecossistema;
Planeamento da conservação; Ecologia de ecossistemas
Ciências das Plantas e dos Animais: Incluindo multiplicação
318
investiga a responsabilidade ambiental e social das
empresas como uma estratégia de desenvolvimento
sustentável
Cadeira da SARCHI sobre Utilização de Plantas
Autóctones (Professor BE van Wyk)
Alberga ainda um Centro de Investigação Aquática
(Professor Avenant-Oldewage): Biologia de água doce –
concentrada na saúde dos peixes, molecular e
sistemática, filogeografia, genética da paisagem e da
população; Morfologia funcional respiratória
comparativa e biologia do desenvolvimento (em
condições ambientais extremas); Ecotoxicologia e os
impactos dos poluentes nas espécies dos peixes;
Parastologia dos peixes
Os principais temas de investigação que foram definidos como áreas
de excelência com base na universidade, relevantes para o DCC, na
UKZN incluem:





Agricultura e Segurança Alimentar
Energia e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável
Sistemas de Conhecimentos Autóctones Africanos
Estudos Marítimos
Água, Ambiente e Biodiversidade (a UKZN dispõe de um
forte programa de investigação da água, ambiente e
biodiversidade)
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências











319
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
de plantas, diversificação das culturas, processamento de
produtos naturais, avaliação biológica, etnobotânica,
fisiologia das sementes, ciência das florestas
Ciências do Solo, mudança no sistema: Modelização
climática, impactos na mudança climática, modelização de
culturas
Ciências Hídricas: Modelização estocástica,
hidrometeorologia, engenharia ambiental; Engenharia
hídrica, IWRM, hidrologia da engenharia, inundações
Ciência da Sustentabilidade e Governação Ambiental:
Espaço e tempo socioculturais, planeamento espacial,
governação ambiental; Lei ambiental internacional
Economia de género, pobreza, bem-estar do lar, economia
do trabalho, demografia económica
Biotecnologia e reabilitação ambiental, agricultura,
mineralogia aplicada; Biotecnologia Ambiental e
biocorrecção; Biotecnologia agrícola, gestão de água e
efluentes
História ambiental
Ética africana
Bioquímica, Biologia molecular; Ciências biomédicas,
incluindo a atenção na malária; Epidemiologia ambiental;
Promoção da saúde; Saúde da criança; Comunicação da
saúde
Processamento de alimentos, engenharia alimentar;
engenharia agrícola, sistemas pós-colheita, secagem de
produtos alimentares, utilização de energias renováveis na
Agricultura, eficácia energética na indústria alimentar
Comunicação Científica
Estudos de Desenvolvimento, Economia do
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
320
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Desenvolvimento, Movimentos Sociais, Trabalho
Universidade de Limpopo
A Universidade de Limpopo possui oito investigadores classificados
pela Fundação Nacional da Investigação com experiência nas
seguintes áreas relacionadas com DCC:



Universidade de Pretória
Ciências Agrícolas: Ciência animal, reprodução e gestão de
animais; Nutrição animal; Produção de colheitas,
horticultura, patologia vegetal, fitoquímica
Biodiversidade: Taxonomia, biodiversidade, biossistemática
Mudança social: Psicopatologia, psicologia, sistemas de
conhecimentos autóctones, saúde pública
A Universidade de Pretória possui 334 investigadores classificados
pela Fundação Nacional de Investigação, a maioria dos quais na
categoria de investigador estabelecido, com as seguintes áreas de
experiência e centros de investigação envolvidos na investigação do
DCC:


Ciências Veterinárias, incluindo epidemiologia veterinária,
investigação da veterinária na vida selvagem; Dinâmica e
monitorização da população selvagem; Toxicologia
veterinária; nutrição animal; Parasitologia veterinária;
Doenças microbacterianas, zoonose, doenças zoonóticas (a
aumentar devido às AC); Epidemiologia veterinária, saúde
pública veterinária, desenvolvimento agrícola
Agricultura Sustentável, Ciências da Água, Florestas e Solo:
Modelização, utilização da água das colheitas, gestão da
irrigação, água para irrigação, agricultura sustentável de
pequenas explorações, controlo de doenças das plantas,
O departamento de Estudos Geográficos e Ambientais da SAES
concentra-se na água e no saneamento, gestão de recursos hídricos,
saúde pública e alberga um Centro para Capacitação das
Comunidades Rurais (Chefe: Professor Mollei)
A Universidade de Limpopo alberga igualmente um Centro de Ciência
do Risco e Vulnerabilidade associado ao Plano Nacional de
Investigação da Mudança Global (Directora: Sra. Geldenhuys)
A UP possui os seguintes centros/departamentos envolvidos no DCC:




Centro de Estudos Ambientais: investigação extensa em
matéria de alterações climáticas, incluindo mapeamento,
meios de subsistência, adaptação e saúde (Dr. Olwoch,
galardoado com o Global Change Grand Challenge Award)
Economia da Construção (Professora Chrisna du Plessis):
premiada com o Global Change Grand Challenge Award pela
investigação em aglomerados populacionais sustentáveis e
resistentes ao clima
Geoinformática e Meteorologia (Professor Doutor
Engelbrecht, Professor Vogel)
Economia Agrícola, Extensão e Desenvolvimento Rural
(Professor Hassan): alterações climáticas e adaptação
agrícola
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências





321
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
beneficiação das plantas autóctones, Agrosilvicultura,
silvicultura comunitária, aspectos sociais das florestas e da
silvicultura, fertilidade do sol, relações solo-água; ciências
das pastagens, nutrição animal; patologia pós-colheita,
segurança alimentar, Ecologia microbiana; Etnobotânica;
Patologia das florestas; Biologia da população fúngica;
Ciências dos cereais; Geologia da engenharia, hidrogeologia;
Ciência das sementes
Direito Ambiental e Governação: IWRM, política da água,
governação dos recursos hídricos; Governação dos meios de
subsistência rurais, governação das alterações climáticas;
associada à Tecnologia e política de segurança alimentar;
Direito dos seguro e alterações climáticas
Aglomerados Populacionais e Estudos de Energia:
Arquitectura de conservação e restauro, arquitectura da
conservação urbana; Tecnologia apropriada, ciência da
construção, património, habitação acessível, sistemas de
habitação e política de desenvolvimento sustentável,
segurança humana, desenvolvimento da habitação
Estudos de Inovação e Comerciais: Inovação e mudança
tecnológica; Gestão tecnológica; Investimento e
financiamento à mitigação; Envolvimento empresarial na
mitigação
Energias renováveis e eficácia energética: Eficiência dos
sistemas de energia térmica, modelização de energia; gestão
de energia e gestão de tecnologia de energia; materiais de
carbono; Modelização de energia, eficácia energética, gestão
de energia
Biodiversidade, Conservação e Gestão da Vida Selvagem:
Ecologia marítima e costeira, ecologia das populações,
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências





Universidade da África do
Sul
322
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Gestão Veld, gestão da vida selvagem, ciência da vegetação;
Ecologia comportamental das abelhas; Ecologia
evolucionária; Biologia da polinização
Ciências da Saúde: Descoberta de medicamentos antimalária, componentes anti-malária, etc.; Saúde pública,
controlo da malária; Nutrição e saúde; Epidemiologia
nutricional, micronutrientes, nutrição das crianças; Redes de
monitorização da qualidade do ar, avaliação da exposição,
epidemiologia ambiental
Economia de Recursos Ambientais, economia do
desenvolvimento; Economia das alterações climáticas;
Macroeconomia; Abordagens transdisciplinares à
investigação na contabilidade e finanças; Perspectivas
críticas sobre a contabilidade e finanças; Economia ecológica,
economia agrícola
Biotecnologia: Biotecnologia ambiental/água, biotecnologia
das plantas - interacções fungos-plantas
Humanidades: Estudos sobre Utopia, Modernismo Africano,
Novos meios de comunicação e arte, prática da arte pública.
Meteorologia das Alterações Climáticas; Adaptação às AC,
impacto e mitigação: Modelização da variabilidade climática;
geoinformática
A Universidade da África do Sul possui 130 investigadores
classificados pela Fundação Nacional de Investigação, a maioria na
categoria de investigador estabelecido, com as seguintes áreas de
experiência relacionadas com o DCC conforme identificado neste
estudo de planificação. A universidade possui 263.470 estudantes
inscritos e é a maior instituição de ensino à distância no continente
Cadeira Exxaro no Business and Climate Change Institute for
Corporate Citizenship: Investigação das transições de economia
verde, mitigação climática, alterações climáticas em África (Professor
Nhamo)
Cadeira SARCHI sobre Educação do Desenvolvimento, inclui um
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
africano.







Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
foco sobre desenvolvimento sustentável (Professor Hoppers)
Energias Renováveis: Células combustíveis, materiais
compostos, engenharia e ciência ambientais, nanomaterial
de carbono
Ciência Ambiental e Gestão Ambiental: Ecotoxicologia,
biocorrecção, microbiologia ambiental
História Ambiental, Património
Aglomerados populacionais: Geografia urbana,
transformação social, reforma agrária, planeamento espacial
e gestão ambiental
Estudos Africanos: Desenvolvimento africano, poder e
política, teoria social, questões da terra agrária, movimentos
globais
Sistemas de Conhecimentos Autóctones: Sistemas de
Conhecimentos Autóctones e Educação Ambiental /
Educação para o Desenvolvimento Sustentável
Educação Ambiental
Área de Nicho de Investigação (aprovada pela Fundação Nacional da
Investigação) na Ecotoxicologia (Professor Mphahlele)
Instituto dos Estudos Sociais e de Saúde, inclui investigação da
epidemiologia (Professor Seedat)
Instituto para a Educação da Ciência e Tecnologia (Professor
Atagana)
Instituto para Estudos do Renascimento Africano (IARS),
concentrado no desenvolvimento abrangente de África no século XXI;
inclui um enfoque na ESD e questões de desenvolvimento
sustentável, incluindo as alterações climáticas (Professor Gutto)
Projectos de Investigação Emblemáticos relevantes para o DCC:


Universidade do Estado
Livre
323
A Universidade do Estado Livre possui 106 investigadores classificados
pela Fundação Nacional de Investigação, a maioria na categoria de
investigador estabelecido, com as seguintes áreas de experiência
relacionadas com o DCC conforme identificado neste estudo de
Projecto de Colheita de Névoa na Faculdade de Ciências
Agrícolas e Ambientais (recolha de água limpa para a
segurança da água rural)
A Faculdade de Ciências, Engenharia e Tecnologia possui
vários projectos de investigação concentrados nas
alterações climáticas, pobreza e poluição do solo e da água,
bem como num projecto emblemático “células combustíveis
e nanotecnologia”
A Faculdade de Ciências Naturais e Agrícolas alberga os seguintes
Centros:
Centro de Formação em Gestão de Calamidades para África
(Professor A Jordaan): DDR, avaliação de risco de calamidade,
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
planificação.






Biotecnologia microbiana e microbiologia, micrologia,
patologia das florestas, microbiologia e patologia das plantas
Agricultura, Ciência das Plantas, Animais e Solo; degradação
do solo, fertilidade do solo, química do solo, nutrição das
plantas, controlo de doenças dos animais, biotecnologia
veterinária; reprodução de plantas; avaliação do solo para
adequação da terra; hidrologia do solo; estudo do solo;
classificação do soo; hidropedologia; produção e reprodução
de animais; propriedades hidráulicas do solo; parasitologia
veterinária; engenharia genética; biotransformação;
biotecnologia agrícola; modelização de culturas, sistemas de
culturas; agricultura sustentável, extensão agrícola,
programação da irrigação, sistemas de informação agrícola
Ecologia e Biodiversidade (aquática e terrestre), incluindo
conservação e gestão da vida selvagem: Taxonomia,
doenças dos peixes, parasitologia dos peixes; Investigação
forense da vida selvagem, biologia da conservação, gestão da
vida selvagem, ecologia evolucionária, sistemática (biologia),
entomologia; Gestão de pragas integrada, biogeografia, solo
e ecologia; Bio-informática, epigenética; Ecologia da
conservação; Ecologia das savanas; Ciência das pastagens;
Ecologia do restauro; Zonas húmidas
Energia Solar: fotovoltaica
Água: Conservação da água, optimização com restrições,
agricultura com irrigação, análise de riscos
Ciências alimentares: Microbiologia alimentar, segurança
alimentar, taxonomia bacteriana, química alimentar,
Segurança alimentar; Processamento dos alimentos
324
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
planeamento de gestão de calamidades, planeamento do
desenvolvimento agrícola, planeamento empresarial, avaliações de
risco de seca, análises de risco de calamidades, igualmente aos níveis
municipais
Centro para a Agricultura Sustentável (Professor Groenewald):
sistemas de agricultura sustentável semi-áridas, investigação de
sistemas de agricultura e investigação da extensão, gestão de
recursos naturais na agricultura
Centro para a Gestão Ambiental (Professor Seaman): Concentrado
na conservação da água e gestão da água (especialmente águas
subterrâneas), e gestão de água em áreas com escassez de água. As
áreas de investigação incluem: Gestão de ecossistemas aquáticos em
áreas com escassez de água, gestão da escassez de água na
agricultura, utilização de água óptima para o desenvolvimento em
áreas com escassez de água
O Departamento da Economia Agrícola concentra-se na economia da
investigação da adaptação das alterações climáticas em contextos de
produtos agrícolas
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências



Universidade do Cabo
Ocidental
Realiza investigação em:




Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Ciências da saúde: Sistemas de cura autóctones, aspectos
sociais dos cuidados de saúde, investigação dos sistemas de
saúde, sociologia médica
História e Mudança Global: Palinologia, mudança global,
pré-história africana
O Departamento de Antropologia concentra-se na adopção
social de tecnologias de recolha de águas pluviais
A Universidade do Cabo Ocidental possui 94 investigadores
classificados pela Fundação Nacional de Investigação, a maioria na
categoria de investigador estabelecido.

325
Energias Renováveis, Energia Solar (fotovoltaica) e
Produção e Utilização de Hidrogénio, nano-estruturas, nanofísica; Células solares; Química aplicada, economia de
hidrogénio, células combustíveis, produção e utilização de
hidrogénio; Armazenamento de hidrogénio, economia de
hidrogénio, catálise de hidrogénio, electroquímica
Estudos Agrários e da Terra
Biologia Marítima e Ciências Marítimas: Biogeografia e
microbiologia marítima, avaliação biológica de produtos
naturais; Oceanografia biológica, taxonomia
Desenvolvimento Rural, Co-Gestão Costeira e das Pescas,
gestão das pescas, gestão costeira integrada,
desenvolvimento das pescas de pequena escala, género e
desenvolvimento
Conservação da Biodiversidade, Biologia Molecular das
Plantas, biotecnologia das plantas, transformação genética
Possui os seguintes Centros envolvidos em aspectos do DCC:
PLAAS: Instituto de Estudos Agrários da Pobreza e da Terra
(Professor Cousins): Cadeira SARCHI sobre Pobreza, Terra e Estudos
Agrários – não ficou claro até que ponto o PLAAS está envolvido em
questões do DCC, mas muitas das questões núcleo com as quais lida
são essenciais no DCC na África austral, conforme apontado neste
estudo de planificação
Instituto de Estudos Hídricos no Departamento de Ciências da Terra
(Professor Mazvimavi): Envolvido nas alterações climáticas,
investigação do fornecimento e disponibilidade da água ao nível
regional
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências





Universidade de
Witwatersrand
Áreas/núcleos de experiência relevantes identificados:


Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
das plantas; Biologia animal
Educação Científica e Sistemas de Conhecimentos
Autóctones
Nutrição e Saúde Pública, incluindo política da saúde,
epidemiologia; Saúde ambiental; Sistemas de saúde, reforço
dos sistemas de saúde, política da saúde
Direito Ambiental e Governação: Direito AU, direito
ambiental, direito da SADC, direito internacional
(especialmente direito ambiental internacional); Relações
inter-governamentais
Biotecnologia, biotecnologia bacteriana, microrganismos da
mineração biológica, biotecnologia marítima
Economia Agrícola: investigação da mudança nas estações
agrícolas devido às alterações climáticas, concentrando-se na
segurança alimentar dos agricultores de pequenas
explorações
A Universidade de Witwatersrand possui 248 investigadores
classificados pela Fundação Nacional de Investigação.

326
Silvicultura: Hidrologia das florestas, modelização do
crescimento das florestas, hidrologia da utilização de terra,
eficiência na utilização da água das plantas
Água e Hidrologia: Modelização hidrológica, gestão de
recursos hídricos, hidrologia estocástica, riscos e incertezas
da água; Hidrologia das águas subterrâneas, engenharia da
água; Hidrologia
Estudos de Migração: Mobilidade humana, governação,
Possui os seguintes Centros envolvidos na investigação do DCC:
Global Change and Sustainability Research Institute (GCSRI)
(Professor Hans-Peter Plag): Um centro de investigação
multidisciplinar concentrado na adaptação e mitigação da mudança
global; Biodiversidade, saúde humana e estado nutricional das
comunidades rurais; vida urbana sustentável através de melhor
gestão de água, resíduos e energias; Poluição, extracção e saúde de
ecossistemas; Investigação de acções em políticas ambientais para
melhorar a colaboração entre as agências ambientais, científicas e
tecnológicas. O GCSRI organiza igualmente um programa de liderança
climática.
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências










migração
Saúde: Bioinorgânica e anti-malária
Mudanças geofísicas: Alterações climáticas, sedimentologia,
geomorfologia e paisagem; Ciências ambientais e geográficas
Engenharia Ambiental e desenvolvimento de tecnologia
limpa; Tecnologia do carvão limpa
Ciências Biológicas e das Plantas, entomologia, bioquímica
das plantas, controlo biológico; ecologia da população;
Ecologia da polinização, migração de aves, ecologia
comportamental, ornitologia
Biotecnologia
Sociologia da Saúde e Saúde Pública: Promoção da saúde;
Saúde urbana; Cultura popular e novos meios de
comunicação
Inovação e empreendedorismo; Inovação social; Resistência
da ecologia humana
Ciências da complexidade, conservação, gestão adaptativa,
ciências dos rios e zonas húmidas; Gestão de recursos
naturais; Desenvolvimento sustentável; Ecologia do restauro;
Ecologia das savanas
Biogeoquímica ambiental
Aglomerados populacionais: Desenvolvimento urbano,
desenvolvimento regional, design ambiental
327
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Escola de Arquitectura e Planeamento (Professor Irurah):
Concentrado no ambiente de construção e alterações climáticas na
África do Sul, e implicações estratégicas para a arquitectura; as
implicações das AC em aglomerados de informação em áreas urbanas
(Dr. Nenweli)
A Escola de Ciências Animais, Plantas e Ambientais encontra-se
igualmente a realizar investigação em matéria de AC relacionada com
as AC e mudanças em doenças transmitidas por carraças (febre da
Costa Oriental); adaptar estratégias de conservação para as
alterações climáticas (Professor Erasmus); e investigação em ecologia
urbana e alterações climáticas concentradas em teoria
socioecológica; várias estratégias para meios de subsistência
resistentes em áreas comuns; êxodo meios de subsistência rurais (Dr.
Twine)
A Escola de Engenharia Eléctrica e da Informação realiza
investigação em energias renováveis concentrada em fontes de
energias renováveis como a energia solar e das ondas, e encontra-se
a explorar o desenvolvimento de geradores síncronos lineares para a
colheita de energia das ondas do oceano; conversão e eficácia de
custos de sistemas fotovoltaicos; geração de energia eólica; sistemas
de energia inteligentes que envolvem micro-grelhas para a aplicação
suburbana e rural com fontes renováveis, que inclui um enfoque nos
sistemas de medição e controlo; informação de carga, e
monitorização da utilização de energia
O Centro de Estudos Jurídicos Aplicados possui igualmente um
programa de lei ambiental (Professor Meyersfeld)
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Universidade de Venda
Núcleos de Competências
A Universidade de Venda possui 15 investigadores classificados pela
Fundação Nacional da Investigação, alguns dos quais particularmente
associados às seguintes áreas de experiência relevantes para o DCC:





Ciências do Solo e Saúde Ambiental; mineralogia da argila
aplicada, geologia ambiental, poluição do solo
Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças; nutrição e
saúde, estudos transversais nos cuidados de saúde,
malnutrição infantil, epidemiologia
Investigação da Microbiologia da Água relacionada com a
Saúde; avaliação do impacto ambiental na saúde
Conservação da Biodiversidade, ecologia de mamíferos
pequenos; diversidade dos invertebrados, sistemática das
aranhas
Reprodução de plantas (genética)
328
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
A universidade concentra a sua investigação central no alívio da
pobreza e desenvolvimento rural sustentável. Possui os seguintes
temas de investigação principais que são relevantes para o DCC:






Segurança alimentar: Agricultura sustentável e sistemas de
agricultura agro-silvicultura para meios de subsistência e
segurança alimentar melhorados
Gestão ambiental integrada, assentamento e energia para o
desenvolvimento sustentável
Sistemas de conhecimentos autóctones
Investigação da água para melhor qualidade de vida
Desenvolvimento de empresas, micro-finanças e inovação
Saúde pública, desenvolvimento dos jovens e saúde das
mulheres, incluindo questões de género
Possui um Instituto de Desenvolvimento Rural (Dr. Francis)
envolvido na investigação para o desenvolvimento de um índice de
vulnerabilidade das famílias na África austral, que é implementado
em parceria com a Food, Agriculture and Natural Resources Policy
Analysis Network (FANRPAN) e a World Vision
A Escola de Ciências Ambientais (Professor Odiyo) realiza
investigação em ecologia e gestão de recursos. Possui igualmente um
Instituto para ambientes semi-áridos e gestão de calamidades.
Universidade da
Zululândia
A Universidade da Zululândia possui 11 investigadores classificados
pela Fundação Nacional de Investigação, com as seguintes áreas de
experiência:

A UniZul possui um Centro para o Desenvolvimento Rural Integrado
e um Departamento de Geografia e Estudos Ambientais, mas não é
claro se como se encontram envolvidos na investigação do DCC.
Biologia dos peixes, avaliação dos impactos ambientais,
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências



Universidade de
Tecnologia de Vaal



Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
ecologia aquática
Sistemas de conhecimentos autóctones
Ecologia das savanas, interacções plantas-herbívoros,
sistemas de zonas montanhosas, ecologia vegetal
Nanotoxicologia, concentrada na investigação da malária
A Universidade de Tecnologia de Vaal possui seis investigadores
classificados pela Fundação Nacional da Investigação com experiência
nas seguintes áreas relacionadas com o DCC:

329
Tratamento de águas residuais e gestão integrada de
recursos hídricos
Tratamento físico da água, absorção
Energias e combustíveis renováveis: Materiais compostos,
combustíveis alternativos, fontes de energias renováveis,
tecnologia de fundição, nanocompostos de polímero
Saúde comunitária e segurança alimentar, incluindo
nutrição/malnutrição
A universidade possui:
Um Centro Para os Meios de Subsistência Sustentáveis (CSL)
(Professor Oldwage-Theron)
Um Instituto de Electrónica Aplicada que se encontra actualmente a
desenvolver uma fábrica de hidrogénio sustentável movida a energia
solar, utilizando células combustíveis, para fornecer energia a
comunidades rurais e locais de telecomunicações fora da rede
(Professor Pienaar)
Grupo de investigação da Água e Águas Residuais (Professor Aoyi)
Grupo da Poluição Ambiental (concentrado em contaminantes
biológicos e investigou a utilização de biomassa para a remoção de
metais pesados de efluentes industriais; complementa a tecnologia
de membrana e pode remover altas ou baixas concentrações de
metal da água). (Sra. Christa van Wyk; Departamento de
Biotecnologia)
Universidade Walter
Sisulu


A Universidade Walter Sisulu possui sete investigadores
classificados pela Fundação Nacional da Investigação com
experiência nas seguintes áreas relacionadas com o DCC:
Biologia das plantas – associada à geração de meios de
A Universidade Walter Sisulu possui um Centro para o
Desenvolvimento Rural (Chefe: Professor Luswazi); e uma Escola de
Ciência Ambiental Aplicada (Dr. Jumbam) mas não é claro até que
ponto se encontram envolvidos em questões do DCC. A Universidade
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
subsistência: produtos naturais das plantas
330
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Walter Sisulu possui um catedrático de investigação SARCHI em
Sistemas de Conhecimentos Autóctones.
Outras organizações/centros de investigação de grande dimensão da África do Sul com experiência em investigação do DCC, que oferecem redes de investigação
importantes a investigadores residentes em universidade:
Conselho para a
Investigação Agrícola
(ARC - Agricultural
Research Council)
O ARC realiza a seguinte investigação relacionada com o DCC: sensores remotos, investigação de sistemas de informação geográfica,
investigação da conservação, geografia rural, biotecnologia agrícola, reprodução animal aplicada e investigação da mitigação e adaptação das
alterações climáticas. Realiza investigação em energias renováveis, controlo biológico, agro-processamento e genética de plantas e animais. O
ARC possui 31 investigadores classificados pela Fundação Nacional de Investigação, sendo quatro deles de renome internacional, um dos quais
especializa-se em genética e reprodução de plantas.
Centro para a
Investigação Científica e
Industrial (CSIR - Centre
for Scientific and
Industrial Research)
O CSIR possui 31 investigadores classificados pela Fundação Nacional da Investigação. Envolvido na mudança global e investigação de
observação/Ciência dos Sistemas da Terra no seu Natural Resources Directorate (onde se situa o ACCESS Centro de Excelência, ver abaixo); e
envolvido em investigação de energia, água, resíduos e tecnologia limpa. Coopera com investigadores universitários, o Departamento de
Ciência e Tecnologia e a Fundação Nacional de Investigação. O CSIR ajudou o Departamento de Ciência e Tecnologia a desenvolver o Plano de
Investigação Nacional do Grande Desafio da Mudança Global para a África do Sul (Global Change Grand Challenge National Research Plan for
South Africa).
Conselho de Investigação
das Ciências Humanas
(HSRC - Human Sciences
O HSRC possui 11 investigadores classificados pela Fundação Nacional da Investigação. As áreas relevantes para o DCC incluem: Saúde:
cuidados de saúde, ciências da saúde, serviços de saúde, investigação de sistemas de saúde, saúde infantil, factores ambientais que afectam o
estado nutricional, a promoção da saúde e a prevenção de doenças
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Research Council)
Núcleos de Competências
331
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Sociologia e geografia urbana: Desenvolvimento regional, urbanização, migração, sociologia da juventude, desenvolvimento juvenil, etc. Não
actualmente envolvido no DCC mas poderia ser um parceiro de investigação importante para o DCC no futuro.
A área HSRC encontra-se igualmente a realizar alguns estudos em Economia Verde e inteligência do mercado de trabalho, que é importante
para a construção do sistema nacional de desenvolvimento de competências para economias verdes.
Instituto Nacional para a
Investigação Atmosférica
e da Água (NIWAR National Institute for
Water and Atmospheric
Research)
O NIWAR possui um investigador classificado pela Fundação Nacional de Investigação na categoria de “jovem investigador promissor”,
especializando-se em climatologia.
Rede de Observação
Ambiental da África do
Sul (SAEON – South Africa
Environmental
Observation Network)
A SAEON possui dois investigadores classificados pela Fundação Nacional de Investigação, mas trabalha com um vasto leque de investigadores
situados em Núcleos diferentes. Toda a sua investigação concentra-se na observação e monitorização ambientais, incluindo modelização e
observação oceanográfica; monitorização da vida selvagem; monitorização da biodiversidade aquática; monitorização de biomas, etc.
Instituto Sul-Africano
para a Biodiversidade
Aquática (SAIAB - South
African Institute for
Aquatic Biodiversity)
O SAIAB possui seis investigadores classificados pela Fundação Nacional da Investigação. Colabora com um vasto leque de investigadores
estabelecidos. As suas principais áreas concentram-se no comportamento dos peixes, monitorização e rastreio dos peixes, taxonomia,
genética da população, sistemática, biologia estuarina, ecologia costeira, conservação da biodiversidade, ictiologia, gestão de pescas, biologia
de invasão. Encontra-se envolvido com o ACCESS e contribui para a investigação da mudança global.
Instituto Nacional da
Biodiversidade Sul-
O SANBI possui sete investigadores classificados pela Fundação Nacional de Investigação com experiência em alterações climáticas,
biodiversidade, modelização, ciências do sistema da Terra, biologia molecular, biogeografia, biologia da invasão, conservação e gestão da
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Universidade
Núcleos de Competências
332
Centros de Competências e Centros de Excelência (nos quais estes
foram identificados)
Africana (SANBI - South
African National
Biodiversity Institute)
conservação, ornitologia, observação ambiental, ecologia da população. O SANBI coordena a Investigação de Estratégia de Adaptação a Longo
Prazo e trabalha com investigadores de alterações climáticas nacionais sobre a matéria. O Presidente do SANBI serve no Future Earth Board /
Steering Committee.
Centro Aplicado para as
Alterações Climáticas e as
Ciências do Sistema da
Terra na África do Sul
(ACCESS -Applied Centre
for Climate and Earth
System Sciences in South
Africa) Centro de
Excelência
O Centro de Excelência ACCESS (criado há algum tempo e que trabalha em várias universidades), utilizando um número de temas de
investigação, cada um dos quais encabeçado por investigadores líderes das instituições participantes no ACCESS. O ACCESS gere igualmente
um programa de escola de Verão inovador para estudantes, intitulado “Habitable Planet” (Planeta Habitável), que atravessa universidades e
envolve estudantes que oferecem formação a outros estudantes, apoiado pelos funcionários núcleo no ACCESS, e utilizando um currículo que
tem estado há algum tempo a desenvolver para incluir mais disciplinas diferentes, tornando o programa mais interdisciplinar. O CE ACCESS
possui os seguintes temas de investigação, que reúne investigadores do CSIR e universidades pelo país: Biogeoquímica e Modelização de
Sistema da Terra; Previsibilidade climática sazonal/interanual; Impactos climáticos a longo prazo; Recursos Hídricos; Sistemas Costeiros
Estuarinos e Marítimos; Cobertura de Terra Urbana e Rural e Uso de Terra; Serviços de Ecossistemas e Meios d Subsistência. (Dr. Sweijd,
Director do ACCESS)
Nota: Apenas os dados de contacto relevantes para os investigadores associados a centros de investigação, institutos e/ou centros de excelência, conforme estabelecido com as melhores
informações disponíveis aquando do estudo de planificação (2013) encontram-se incluídos no Relatório de País do estudo de planificação sul-africano (consulte o Volume 2). Poderá encontrar
mais dados de contacto relevantes para áreas de experiência específicas em cada universidade na base de dados de investigadores classificados pela Fundação Nacional de Investigação
(www.nrf.ac.za), que é actualizada anualmente e publicada online.
Maio de 2014
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
A África do Sul possui um enquadramento institucional relativamente bem desenvolvido para a
investigação no geral e para a investigação do DCC. Contudo, este sistema ainda se encontra
em desenvolvimento e apenas se encontra realmente a funcionar nos últimos cinco anos, ao
abrigo dos enquadramentos de investigação do Grande Desafio Nacional de Energia (National
Energy Grand Challenge) e do Grande Desafio Nacional de Mudança Global (Global Change
National Grand Challenge). Conforme apontado no Livro Branco da Resposta Nacional à
Mudança nas Alterações Climáticas, é necessário um impulso adicional para reforçar a infraestrutura da Ciência e Tecnologia para a investigação das alterações climáticas e DCC. A
proposta para um estudo prospectivo e o possível estabelecimento de um Conselho de Ciência
das Alterações Climáticas são promissores neste aspecto, tal como são os actuais
compromissos de financiamento ao desenvolvimento de Centros de Excelência (tais como o
Centro Aplicado para as Ciências do Clima e Sistema da Terra), Rede Africana de Observação da
Terra (AEON), Rede de Observação Ambiental Sul Africana (SAEON) e algumas cadeiras SARCHi
que se concentram na mudança global/temas de investigação relacionados com o DCC.
A avaliação institucional sul-africana revelou igualmente que existem alguns Centros de
Experiência novos e emergentes (normalmente em torno dos presidentes de investigação) em
instituições e novos Centros de Excelência a emergir (normalmente em torno da universidade
expansiva e outras parcerias com accionistas) que poderão potencialmente oferecer
plataformas fortes à co-produção de conhecimentos do DCC no futuro.
A avaliação institucional revelou que as 23 universidades sul-africanas estão quase todas
envolvidas em investigação de alguma forma relevante para o DCC (Vide Tabela 14). Porém, a
avaliação institucional revelou igualmente que a capacidade de investigação por todo o
sistema universitário sul-africano é altamente desigual, com algumas universidades como a
Universidade da Cidade do Cabo, a Universidade de Pretória, a Universidade de Stellenbosch, a
Universidade de Joanesburgo, a Universidade de KwaZulu-Natal, a Universidade de
Witwatersrand e a Universidade de Rhodes com mais capacidade de investigação relacionada
com o DCC do que outras. Esta desigualdade espelha as desigualdades históricas no sistema
universitário sul-africano. Contudo, existe um esforço concertado ao nível do governo para
sustentar as universidades historicamente desfavorecidas para se envolverem mais na
investigação do DCC e foram colocados três Centros de Avaliação de Riscos e Vulnerabilidade
na Universidade de Fort Hare, na Universidade de Limpopo e na Universidade de Venda. A
Universidade do Cabo Ocidental está também a desenvolver de forma activa a sua capacidade
de investigação em matéria de Ciências da Vida e inaugurou recentemente um novo edifício de
Ciências da Vida com instalações modernas. Na recente ronda de concurso público para as
cadeiras da SARCHI, a UWC venceu sete.
A avaliação institucional não foi capaz de investigar o leque completo dos cursos oferecidos
em campos relacionados com o DCC nas universidades sul-africanas devido ao âmbito da
tarefa. Porém, o Plano das Competências do Sector Ambiental do Departamento dos Assuntos
Ambientais para a África do Sul (DEA, 2010) apresentou uma “onda” de novos cursos do
ambiente a serem desenvolvidos em todas as universidades da África do Sul, tendo quase
todas um Departamento de Ciências Ambientais (algo que não acontecia há 20 anos).
Interessante, porém, é o facto de os cursos relacionados com o DCC não só se limitarem aos
Maio de 2014
333
Estudo de planificação Climate Change Counts da SARUA:
Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos
Departamentos de Ciências Ambientais e estarem, pelo contrário, a emergir em vários
contextos disciplinares. Existem igualmente exemplos de cursos que são explicitamente multi e
transdisciplinares na sua construção, especialmente ao nível do mestrado.
Os dados dos questionários, embora limitados a 40 inquiridos, mostraram que havia inovações
curriculares interessantes em resposta a questões relacionadas com a sustentabilidade e ao
DCC, os mais notávei
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Enquadramento de Co-Produção de Conhecimentos