ÁFRICA DO SUL CONFISSÕES RELIGIOSAS 1 Cristãos (81,2%) - Católicos (7,3%) - Protestantes (73%) - Outros Cristãos (0,9%) Hindus (1,1%) Muçulmanos (1,7%) Outras Religiões (1,1%) Sem Religião (14,9%) 2 População : Superfície: 50.460.000 1.221.037 km 2 Refugiados (internos)*: Refugiados (externos)**: Deslocados: - 65.233 * Refugiados estrangeiros a viver neste país. 403 ** Cidadãos deste país a viver no estrangeiro. Informações gerais e estatuto legal Na Constituição sul-africana de 1996, a liberdade religiosa é reconhecida no capítulo 2 da Carta dos Direitos. A Secção 9 proíbe a discriminação injusta, entre outros por motivos religiosos. A Secção 15 afirma: «Todos têm direito à liberdade de consciência, religião, pensamento, crença e opinião.» Esta secção também afirma: «As observâncias religiosas devem ser orientadas por instituições estatais e apoiadas pelo Estado, desde que: a) essas 1 2 www.globalreligiousfutures.org/countries/south-africa http://data.un.org/CountryProfile.aspx?crname=South Africa observâncias sigam normas criadas pelas autoridades públicas adequadas; b) sejam orientadas numa base equitativa; c) e a frequência seja livre e voluntária.» Prevê também o reconhecimento de quase todas as formas de casamento religioso e lei da família no país: «Esta secção não impede a legislação de reconhecer os casamentos celebrados de acordo com: (i) qualquer tradição, ou um sistema de lei religiosa, pessoal ou de família; (ii) ou sistemas de lei pessoal e de família segundo qualquer tradição, ou a que aderem as pessoas que professam uma religião específica.» A Secção 31 protege o direito dos que pertencem a uma comunidade religiosa: a) de gozarem da sua cultura, de praticarem a sua religião e de usarem a sua língua; b) e de formarem, aderirem e manterem associações culturais, religiosas e linguísticas, e outros órgãos da sociedade civil. As disposições encontradas nas secções 185 e 186 da Constituição também criam uma comissão para a promoção e protecção dos direitos das comunidades culturais, religiosas e linguísticas. Os grupos religiosos não são obrigados a registar-se ou a procurar outro tipo de autorização. No entanto, podem requerer o registo como organizações humanitárias sem fins lucrativos e ficar assim isentos do pagamento de imposto sobre o rendimento. O Governo permite a educação religiosa opcional nas escolas públicas, mas proíbe a promoção de qualquer fé específica. O calendário escolar de exames tem em consideração os festivais religiosos de todas as principais religiões. Os feriados nacionais incluem o dia de Natal e a Sexta-feira Santa. Entre as instituições encarregadas de garantirem o respeito pela Constituição está a Comissão Sul-Africana de Direitos Humanos (SAHRC na sigla inglesa), que lida com alegadas violações da liberdade religiosa. Anti-semitismo O Conselho Judeu Sul-Africano de Deputados (SAJBD na sigla inglesa) reportou vários actos de anti-semitismo em 2013. O «ponto mais baixo» do ano foi identificado como a perturbação de um recital de piano de Yossi Reshef por parte de manifestantes anti-Israel, que ocorreu no campus da Universidade de Wits. Outros incidentes reportados pelo SAJBD incluem: um escândalo relativo a uma cerimónia de iniciação ao primeiro ano com aparentes gestos de ‘Sieg Heil’ realizados por estudantes da Universidade North-West em Março de 2014; um homem branco de meia-idade responsável por inúmeros actos de abuso verbal anti-semita e ameaças ao longo de um período alargado de tempo, que foi detido em Junho de 2013; e duas suásticas desenhadas na parede de uma residência judaica em Sandringham, Joanesburgo, em Abril de 2013. Cristãos Em Fevereiro de 2013, Lulu Xingwana, a ministra para as Mulheres, Crianças e Deficientes, pediu desculpas aos Cristãos calvinistas depois de ter afirmado numa entrevista que os homens africânderes não tinham respeito pelas mulheres e crianças por causa da educação calvinista que tinham recebido. A SAHRC teve conhecimento de uma Academia de Arte Cristã ligada à Our Father’s Home Church, culpada de discriminação por ter dito que conseguia oferecer «cursos de reabilitação» a quaisquer alunos homossexuais para lhes permitir «mudarem a sua orientação sexual». Esta comissão descobriu que, embora isto não «violasse os direitos» das pessoas homossexuais, «podia potencialmente resultar em danos físicos e psicológicos para os membros da comunidade LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais]». Foi exigido à academia a rever o seu programa educativo no prazo de três meses e a instruir o seu pessoal sénior para que frequentasse cursos de reeducação sobre consciência da diversidade. Alguns grupos católicos protestaram contra a produção teatral The Testament of Mary, que consideraram blasfema e insultuosa para a Virgem Maria e Jesus. Escolas católicas De acordo com o Instituto Católico de Educação, há duas categorias de escolas católicas em termos da Lei das Escolas Sul-africanas: i) Escolas Públicas em Propriedade Privada – Estas são escolas situadas em terrenos da Igreja. Formalmente, chamam-se ‘escolas apoiadas pelo Estado’ e agora existem sob a Secção 14 da Lei das Escolas Sul-africanas (1996). Segundo os acordos assinados com os departamentos provinciais de educação, estas escolas têm o direito de promover e preservar a sua natureza religiosa especial. ii) Escolas Independentes – Estas escolas pertencem a dioceses e congregações religiosas. A maioria serve comunidades predominantemente desfavorecidas. Um total de 75% destas escolas estão em bairros pobres ou zonas rurais e oferecem educação superior, apesar de terem poucos recursos. Várias políticas governamentais actuais, nomeadamente a política de Religião e Educação (2003), e o Currículo Nacional e Declarações de Avaliação de Políticas (CAPS) afectam a educação religiosa nas escolas católicas. As escolas são obrigadas a desenvolver e aplicar estas políticas juntamente com a Fostering Hope [política de Educação Religiosa para as escolas católicas aprovada pela Conferência Episcopal Sul-africana Católica], de tal forma que haja harmonia entre elas. Muçulmanos Em Outubro de 2013, um homem que espancou um muçulmano até à morte, numa discussão sobre a sua barba, foi preso por oito anos. Rudolph Viviers foi condenado a doze anos (quatro dos quais de pena suspensa), por homicídio culposo, e a quatro anos por agressão com intenção de causar danos corporais gravosos. Viviers e Zayne van Tonder insultaram Muhammad Fayaaz Kazi e o seu amigo Anser Mahmood por causa das suas barbas, numa loja da cadeia alimentar Chicken Licken em Magaliesburg, a 6 de Agosto de 2012. Seguiram-se uma discussão e uma luta, sendo Kazi gravemente espancado. Mais tarde faleceu no hospital. As acusações contra Van Tonder foram retiradas. Depois da condenação e através do seu representante legal, Viviers pediu autorização para se dirigir às famílias e pediu perdão. 3 A 28 de Setembro de 2012, a Associação Nacional de Muçulmanos Unidos realizou uma manifestação autorizada no consulado geral, em Joanesburgo, para protestar contra um vídeo anti-islâmico. Calcula-se que tenham participado cerca de 700 pessoas, representando uma coligação alargada de organizações muçulmanas e grupos de apoio filiados. O líder da manifestação apelou a que se realizasse um fórum de diálogo para abordar as preocupações. Afirmou também que os manifestantes estavam a defender o carácter do Profeta Maomé. 4 Outras religiões Os Hindus protestaram contra a utilização do deus hindu Ganesh num filme de banda desenhada que descreveram como desrespeitador. 3 4 News24, 11 de Outubro de 2013 Departamento de Estado norte-americano, Relatório da Liberdade Religiosa Internacional de 2012