Janaina Tschape: born again artist
!
Here’s the angle: 100 Mortinhas is about dangeous art (there’s none
other) and the horror of coming up empty. About plunging in ignorance of
depth. Trust and fear, hand in hand. About playing possum. About a deadserious game that must be taken lightly. Só leve à sério o que o faça rir.
Naples, Saratoga, Rio, Brooklyn or Berlin: the M.O. is the same. The
body rests peacefully on grass, stairs, sand or marble floor. No signs of
violence. As though it had arrived as sleep, soft, or been beckoned to. One
may even question if there was a killing.
Mas ninguém falou em assassinato. Apenas em mortinhas…
It’s death with a twist, a soft curl of the lips. Piscar de olhos. The
setting is carefully chosen, at least pleasant, often spectacular. And there she
is again, the little death, a mortinha irreverente. The opposition between the
setting and the mortinha sparks the humor. It makes light of the
inconvenience of its presence, the abruptness of its arrival.
Mortinha brasileira, italiana, brooklina, alemã, francesa, espanhola,
americana, carioca, mineira, baiana. Mortinhas de muitas caras e muitas
linguas.
Morte, Setembro de 1999
Death, March 2002
Meurt, Août 2001
Tot, Dezember 1998
Død, Februar 1999
Muerte, Junio 2000
Overlijden, Juli 2000
!
100 Mortinhas spans a period of 4 years and 6 months. That’s 100
deaths in 1,643 days, more or less. A death every 394 hours. That’s also 100
rebirths in the same period. A new artist every 394 hours. 100 Janainas.
Mors, janua vitae. Death, door to life. No life without death, no death
without rebirth. If that’s true there’s nothing to fear. But tell that to the child
terrified of sleep. We are all terrified children of sleep.
100 mortinhas… What part of me is lost with every death? Com cada
morte, que parte de mim não retorna? What part of me I don’t recognize
when I awaken? O que de mim mesmo estranho ao reviver? Sou eu me
desmanchando no espelho. Will morning come? See how easily it can get
serious? So let’s play possum.
There’s no art without risk. Viver é um negócio muito perigoso, Rosa.
Janaina knows this, knows the artist as tightrope walker, one side trust, the
other fear. The artist doesn’t just stare down at the abyss; she must smile as
she does this. A deadly circus.
Quem nem Scheherazade. Por 1001 noites sua arte em contar
historias foi o espantalho de sua morte. Sua voz mantendo a lâmina quieta, e
a cabeça sobre os ombros. Life by a thread: 1001 times. Durante aquelas
noites, enquando dava luz à outra historia inacabavel, toda manhã era
incerta. Arte é risco – não se conhece historias da sultana que não sejam
deste periodo.
100 Mortinhas mostra Janaina saltando sobre o vazio, desafiando a
vertigem. Coragem e humor são constantes na obra da artista. Encara de
frente as grandes questões. Isso porque acredita na própria inocência, na
ingenuidade artística, no olhar infantil, e insiste no frescor de sua própria
visão. Mesmo sabendo que é ilusão. Vamos brincar, diz ela, sem deixar pedra
sobre pedra.
Vamos, respondemos, um pouco ressabiados. Arte é um negócio muito
perigoso…
*
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*
*
Janaina Tschape: artista fênix
!
O ângulo é esse: 100 Mortinhas é sobre arte perigosa (há outra?) e o
horror do vazio. Sobre mergulhar desconhecendo a profundidade. Confiança
e medo de mãos dadas. Brincar com a morte. Um jogo mortal que não pode
ser levado à sério. Take seriously only what makes you laugh.Napoles,
Saratoga, Rio, Brooklyn or Berlin: o modus operandi é o mesmo. O corpo
estendido suavemente sobre grama, escadas, areia or mármore. Não há
sinais de violência. Como se tivesse chegado de mansinho, como o sono ou
um convidado. Será mesmo que houve assassinato?
But no one said anything about a killing. Only little deaths…
É morte sim, mas com um sorriso no canto da boca. A wink. O local é
cuidadosamente escolhido, ao menos agradável, às vezes espetacular. E lá
vem ela novamente, a mortinha, irreverent death. O contraste entre local e
mortinha gera humor. Faz pouco de sua presença, sempre incoveniente, sua
aparição súbita.
Death: Brazilian, Italian, Brooklynite, German, French, Spanish,
American, Carioca, Mineira, Baiana. Mortinhas with many faces and many
tongues.
Morte, Setembro de 1999
Death, March 2002
Meurt, Août 2001
To, Dezember 1998
Død, Februar 1999
Muerte, Junio 2000
Overlijden, Juli 2000
!
100 Mortinhas cobre um período de 4 anos e 6 meses. São 100 mortes
em 1.643 dias, mais ou menos. Uma morte a cada 394 horas. E também 100
renascimentos no mesmo período. Uma nova artista a cada 394 horas. 100
Janainas.
Mors, janua vitae. Morte, porta para a vida. Não há vida sem morte,
nem morte sem renascimento. Se é verdade não há o que temer. Mas diga
isso para uma criança aterrorizada pelo sono. Somos todos crianças
aterrorizadas do sono.
100 mortinhas… Que parte de mim perco com cada morte? Which part
of me is lost with each death? Que parte de mim estranho ao acordar? What
part of me I don’t recognize when I awaken? It’s me, fading in the mirror. A
manhã virá? Vê como, num instante de descuido, se torna sério? Então vamos
brincar de morto.
Não há arte sem risco. Living is a very dangerous business, Rosa. Janaina
sabe disso, conhece o artista enquanto equilibrista, de um lado confiança, do
outro medo. O artista encara o abismo – e sorri. Circo mortal.
Like Scheherazade. For 1001 nights her art in storytelling was the
scarecrow of death. Her voice kept the blade quiet, and her head on her
shoulders. A vida por um fio: 1001 vezes. During those nights, while giving
birth to another endless story, a new morning was never certain. Art is risk –
the sultana’s only known stories come from this period.
100 Mortinhas shows Janaina jumping over the abyss, defying gravity.
Courage and humor are constants in the artist’s work. She tackles the big
questions head-on. Only because she believes in her own innocence, her
wide-eyed naiveté, and is loyal to her own vision. Even knowing it is an
illusion. Let’s play, she says, leaving no stone unturned.
Let’s, we reply, a little weary. Art is a dangerous business…
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Michael Reade, March 2003
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