UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA ALESSANDRA TAYLAN FREITAS FRANÇA ELIMÁRIA MARTINS DE SOUZA ÍRIS TATHYANE LIMA DA SILVA AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS ANTES E APÓS UM PROTOCOLO DE TRATAMENTO BELÉM - PA 2008 12 Alessandra Taylan Freitas França Elimária Martins de Souza Íris Tathyane Lima da Silva AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS ANTES E APÓS UM PROTOCOLO DE TRATAMENTO Trabalho de apresentado Conclusão à de Curso Universidade da Amazônia para obtenção do grau de bacharel em fisioterapia. Orientadora: Profa. Esp. Ediléia Monteiro de Oliveira. Co-orientador: Ft. Ms. João Sérgio Oliveira. BELÉM - PA 2008 FRANÇA, A.T.F; MARTINS, E.S; SILVA, I.T.L Avaliação do Equilíbrio em idosos institucionalizados antes e após um protocolo de tratamento. Belém, 2008. 80f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Fisioterapia) – Universidade da Amazônia. Curso: Fisioterapia Orientadora: Profa. Esp. Ediléia Monteiro de Oliveira. 1. Idosos 2. Equilíbrio 3. Quedas 4. Escala de Equilíbrio de Berg 13 14 Alessandra Taylan Freitas França Elimária Martins de Souza Íris Tathyane Lima da Silva AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS ANTES E APÓS UM PROTOCOLO DE TRATAMENTO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade da Amazônia, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em fisioterapia. BANCA EXAMINADORA ________________________________________________________________ Prof. ________________________________________________________________ Prof. Apresentado em : ____ / ____ / _____ Conceito: _______________ BELÉM 2008 15 A Deus, acima de todas as coisas, que sempre me sustentou e me deu forças, pois os obstáculos foram muitos, mas Ele me concedeu a vitória. Ele é o meu refugio, minha fortaleza e Nele sempre confiarei. Aos meus pais, Evami e Alexandre, que mesmo com todas as adversidades, me proporcionaram cursar Fisioterapia. Sempre estão ao meu lado, apoiando, ajudando a crescer, dando bronca quando necessário, e me amando sempre. As minhas irmãs, Vanessa e Alessinha, que sempre estiveram ao meu lado, principalmente em momentos de dificuldades, vibrando a cada conquista. À minha eterna, maravilhosa e grandiosa família (avô “Aluízio”, avó “Anita”, tios, tias, primos e primas) pela enorme força que me deram, e que em todos os momentos difíceis estiveram em constante oração. Aos meus queridos avos paternos, Maria Íris e Paulo Alexandre (in memoriam), que não estão mais ao meu lado para vê a concretização do meu sonho, mas que estarão para sempre em meu coração. Ao Nahum e sua família, meu grande primo, na hora em que mais precisei dele esteve ao meu lado sem medir esforços, deixando de resolver os seus problemas, para lutar junto comigo, ajudando a concretizar o meu grande sonho de me formar. Nunca esquecerei o que você fez por mim! A todos os meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado, me dando força nas horas de dificuldade, e principalmente aos que moram comigo (Eline, Thaise, Samuel e Simey) que são grandes companheiros. Obrigada pelos inúmeros momentos inesquecíveis que estivemos juntos. Não há como expressar a saudade que sentirei de vocês. As minhas amigas TCCistas, Elimaria e Íris. Obrigada pelos maravilhosos momentos em que passamos juntas durante toda nossa vida acadêmica e principalmente agora durante a realização desse trabalho, foram momentos que não esquecerei jamais, e que deixará saudades. Agradeço a Deus por ter nos colocado uma no caminho da outra para a concretização desse estudo. Amo muito todos vocês! ALESSANDRA TAYLAN FREITAS FRANÇA 16 Dedico primeiramente à Deus, que permitiu essa conquista vitoriosa na minha vida. Aos meus pais, meus grandes incentivadores, os quais me ensinaram valores que contribuíram para minha personalidade, que lutaram comigo para que tudo isso se tornasse realidade, investindo no meu sonho e confiando na minha capacidade. As minhas amigas TCCista, companheiras, cúmplices, capazes de entender momentos de estresses, superando sempre os “autos e baixos”. A minha amiga Ádria, companheira de quarto que participou indiretamente da minha vida. A todos os professores e amigos de faculdade que estiveram comigo ao longo dessa vida acadêmica. Ao meu namorado Carlos, uma pessoa extremamente especial, que esteve presente em todos os momentos e acima de tudo por conseguir se manter paciente nas minhas ausências e nos meus momento de estresse. Amo todos vocês! ELIMÁRIA SOUZA MARTINS Dedico primeiramente a Deus, minha luz e meu refúgio. Aos meus pais, Antonio e Francisca, a quem devo tudo o que hoje sou, por todo o apoio dado na escolha da minha profissão, que fizeram desse lindo sonho uma realidade e por ter me proporcionado essa oportunidade de um futuro promissor; pelo exemplo de dignidade, responsabilidade, honestidade e caráter, os quais pretendo levar por toda a minha vida, além do amor e paciência de sempre. As minhas irmãs, Helén e Leila, que sempre me ajudaram e estiveram ao meu lado me dando força e me apoiando. Ao meu sobrinho Pedro Herinque, por trazer alegrias para minha vida. Em memória ao meu avô Expedito, pelo exemplo de vida, luta e pelo avô super especial que foi e que sempre estará guardado em meu coração. As minhas grandes amigas e parceiras de TCC, Alessandra e Elimaria, que através da paciência, cumplicidade, amizade, carinho e respeito, fomos um trio como poucos; por mesmo nos momentos difíceis, acreditarem na realização desse sonho; e por todos os momentos de “recreio”. Amo muito vocês! ÍRIS TATHYANE LIMA DA SILVA 17 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, que nos deu o dom da vida, força e resignação nos momentos difíceis, e saúde para viver segundo sua vontade e seus ensinamentos. À Universidade da Amazônia (UNAMA) pela oportunidade de graduação no curso de Fisioterapia; A Professora Edilea Monteiro, pela confiança, dedicação, carinho e acima de tudo por ter aceitado o desafio de orientar esta pesquisa; Ao nosso Coorientador Ms. João Sérgio Oliveira, por toda a paciência nos momentos mais difíceis, pelo aprendizado, pela competência, dedicação e seriedade para conosco e nosso trabalho; A Secretaria de Estado e de Assistência e Desenvolvimento Social – SEDES e ao Abrigo Lar da Providencia, por permitir o acesso ao atendimento nos idosos que residem nesta instituição. Aos idosos do Abrigo, que se disponibilizaram a nos ajudar durante a pesquisa de campo, principalmente aos 8 idosos que participaram ativamente do nosso projeto, pessoas extremamente especiais, que se tornaram amigas. Obrigada pelas maravilhosas tardes que passamos juntos, pelos momentos de descontração que vocês nos proporcionaram como as nossas intermináveis conversas, e as diversas brincadeiras... Experiência essa que ficará guardada pelo resto de nossas vidas; A amiga Tiana O’ de Almeida, pela ajuda, carinho e incentivo no inicio da pesquisa; Aos meus professores e colegas do Curso de Fisioterapia da UNAMA, o meu muito obrigada pelos quatro anos de convivência, pelas experiências trocadas, pelos conhecimentos adquiridos, e pelos amigos que fiz. Aos nossos namorados, pela compreensão em nossos momentos de ausência, pela paciência quando estávamos estressadas, pelo apoio e por todo o amor e carinho. E a todos que contribuíram de forma direta ou indireta na elaboração deste trabalho. 18 “Para o ignorante, a velhice é o inverno da vida; para o sábio, é a época da colheita” Talmude 19 RESUMO Autores: França, A.T.F; Martins,E.S e Silva,Í.T.L. Avaliação do equilíbrio em idosos institucionalizados antes e após um protocolo de tratamento. Universidade da Amazônia. Belém – Pará, 2008. O envelhecimento é um evento natural e progressivo, variando entre cada individuo. Com o passar do tempo o desempenho funcional passa por um processo de deteriorização das capacidades físicas ocasionando em perda da independência, surgindo maior risco de quedas. A atividade física é considerada um fator decisivo no processo de envelhecimento ativo e saudável que auxilia no retardo do surgimento de processos degenerativos, como a falta de equilíbrio, conseqüentes da senilidade, agravados ainda mais em idosos institucionalizados. Diante da evidência exposta cria-se a necessidade de um programa terapêutico para minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento. O estudo foi realizado no Abrigo Lar da Providência no período de março a maio de 2008. Teve como amostra 8 idosos independentes residentes no abrigo. Foi aplicado um questionário contendo dados pessoais, socioeconômicos e verificação de sinais vitais. Foi realizado a aplicação do teste MEEM com a finalidade de avaliar a cognição do idoso e em seguida a realização do teste de equilíbrio de Berg contendo 14 itens com o objetivo de prevê a perda da independência e possíveis quedas. Os idosos foram submetidos a um tratamento fisioterapêutico de 3 sessões semanais, com duração de aproximadamente 40 minutos, totalizando em 15 sessões. Ao final do tratamento os mesmos foram reavaliados pelo mesmo teste (Escala de Berg). A análise estatística descritiva foi realizada no SPSS 13 e as análises inferências foram realizadas com o MINITAB 15, sendo utilizado o teste t-Student para amostras dependentes. Contudo foi estabelecido um nível de significância de 5%, onde foi possível observar que após o tratamento houve uma melhora significante em relação à avaliação antes do mesmo. Por meio desse estudo pode-se constatar que a prática do protocolo fisioterapêutico melhorou o equilíbrio dando uma maior estabilidade corporal diminuindo assim os riscos de quedas. PALAVRAS CHAVE: Idosos; Equilíbrio; Quedas; Escala de Equilíbrio de Berg. 20 ABSTRACT Authors: França, A.T.F; Martins,E.S e Silva,Í.T.L. Evaluation of balance on aged institutionalized, before and after a treatment protocol. Universidade da Amazônia. Belém – Pará, 2008. The aging is a natural and gradual event, diversifying among each person. During a time, the functional performance passes by a deterioration process of the physical capacities, causing independence loss, appearing bigger risk of falls. The physical activity is considered a decisive factor in the process of active and healthful aging, which assists on the impediment of degenerative processes appearance, as the balance lack, senility consequences, aggravated still more in institutionalized aged. Due to this evidence, was created a therapeutical program to minimize the deleterious aging effects. The study was developed on the Lar da Providência Shelter, in a period between march and may of 2008. Was used a sample of 8 aged independent residents in the shelter. A questionnaire was applied contends personal data, socio-econômicos and vital signals verification. The application of MEEM test, with the purpose was carried through to evaluate the aged cognition one and after that, the accomplishment Berg’s balance test, contain 14 items with a goal of foresees the independence loss and possible falls. After that, was developed a physiotherapeutic cure, of three parts in a week, during 40 minutes each one, totalizing 15 parts. In the treatment end the same ones had been reevaluated by the same test (Berg’s Scale). The analysis descriptive statistics was developed in SPSS 13 and the analyses inferences had been made with MINITAB 15, being used the test t-Student for dependent samples. However a level of significance of 5% was laid down, that it was possible to look that after the treatment had a significant improvement in relation to the evaluation before the same. Therefore, was concluded that this study, that the practical physiotherapeutic protocol improved the balance, giving a bigger corporal stability, thus decreasing risks of falls. Key- Words: Aged; Balance; Falls; Berg’s Scale Balance. 21 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Aquecimento na bicicleta ergométrica ........................................................................ 43 Figura 2 – Alongamento de isquiostibiais .................................................................................... 44 Figura 3 – Alongamento de quadríceps adaptado ........................................................................ 45 Figura 4 – Alongamento de quadríceps ........................................................................................ 45 Figura 5 – Alongamento de adutores ............................................................................................ 45 Figura 6 - Alongamento de abdutores ........................................................................................... 46 Figura 7 – Treino de equilíbrio estático ........................................................................................ 46 Figura 8 – Treino de equilíbrio dinâmico ..................................................................................... 46 Figura 9 – Treino de força muscular ............................................................................................ 47 Figura 10 – Treino de força muscular .......................................................................................... 47 22 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Quantidade de pessoas avaliadas por sexo e faixa etária. ............................................ 49 Tabela 2 - Quantidade de pessoas avaliadas, por faixa etária em relação se houve queda ou não nos últimos 6 meses. ............................................................................................................... 50 Tabela 3 - Quantidade de pessoas avaliadas, por sexo em relação se houve queda ou não nos 6 últimos meses . .............................................................................................................................. 50 Tabela 4 - Quantidade de vezes que os idosos caiu nos últimos 6 meses ..................................... 51 23 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 25 2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 27 2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL ............................................................................. 27 2.1.1 Transição Demográfica ..................................................................................................... 27 2.1.2 Transição Epidemiológica ................................................................................................. 28 2.1.3 Alterações da Capacidade Funcional no Idoso ............................................................... 29 2.1.3.1 A Atividades de Vida Diárias da Pessoa Idosa ................................................................. 30 2.1.4 Alterações do Equilíbrio na Velhice ................................................................................ 31 2.1.4.1 A Recepção Visual ............................................................................................................ 32 2.1.4.2 O Sistema Vestibular ........................................................................................................ 33 2.1.4.3 As Informações Somato-sensoriais .................................................................................. 34 2.1.5 As Quedas na Velhice ........................................................................................................ 35 2.2 A FISIOTERAPIA EM GERONTOLOGIA .......................................................................... 36 2.2.1 Avaliação Gerontológica Ampla ....................................................................................... 36 2.2.2 Instrumentos de Rastreio da Capacidade Funcional ..................................................... 37 2.2.3 Escala de Equilíbrio de Berg ............................................................................................ 38 2.2.4 Recursos Fisioterapêuticos em Geriatria Gerontologia ................................................. 39 3. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 40 3.1 GERAL ................................................................................................................................... 40 3.2 ESPECIFICO .......................................................................................................................... 40 4. METODOLOGIA ................................................................................................................... 41 4.1 TIPO DE ESTUDO ................................................................................................................ 41 4.2 LOCAL E AMOSTRA ........................................................................................................... 41 4.2.1 Critérios de Inclusão ......................................................................................................... 41 4.2.2 Critérios de Exclusão ........................................................................................................ 42 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ..................................................................... 42 4.4 ANÁLISES DESCRITIVAS E INFERÊNCIAS DOS DADOS COLETADOS ................... 47 4.5 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................................. 48 5. RESULTADOS ....................................................................................................................... 49 5.1 INFERÊNCIA ........................................................................................................................ 51 5.1.1 Introdução à Problemática ............................................................................................... 51 24 5.1.2 Condições para se aplicar o teste t - Pareados para as Médias ..................................... 51 5.1.3 Aplicação do Teste T - Pareado ........................................................................................ 52 6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 54 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 56 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 57 APÊNDICE I ............................................................................................................................... 64 APÊNDICE II ............................................................................................................................. 65 APÊNDICE III ............................................................................................................................ 66 APÊNDICE IV ............................................................................................................................. 69 ANEXO A .................................................................................................................................... 71 ANEXO B .................................................................................................................................... 72 ANEXO C .................................................................................................................................... 73 ANEXO D .................................................................................................................................... 75 25 1. INTRODUÇÃO A população mundial está passando por um processo de envelhecimento. Estima-se que de 1996 a 2025, o percentual de idosos aumentará cerca de 200% nos países em desenvolvimento. A expectativa para 2025 é que ocorra um acréscimo de mais de 33 milhões de indivíduos, tornando o Brasil o sexto país com maior percentual populacional de idosos no mundo, seguindo a tendência mundial (FREITAS et al., 2002). Diante da notável transformação epidemiológica, a qualidade de vida ganha um sentido mais amplo e necessário, criando-se a necessidade de um olhar mais crítico e intervenções a respeito das alterações do envelhecimento e de suas conseqüências, a fim de proporcionar ao idoso um maior bem-estar e maior capacidade funcional (PERRACINI & RAMOS, 2002). Não existe uma maneira padrão de envelhecimento, sendo este, próprio de cada indivíduo, independente da sua idade cronológica. Esse processo fisiológico é um evento complexo, onde as condições biológicas e sócio-culturais estão estritamente relacionadas. As alterações do envelhecimento tornam o idoso mais fragilizado e suscetível a eventos incapacitantes, entre eles as quedas (SANTOS, 2005). Toniolo & Ramos (2005) acrescenta que a queda é um acontecimento freqüente e limitante, sendo considerado um marcador de fragilidade, morte, institucionalização e de declínio na saúde de idosos. A identificação dos fatores de risco significativos é uma importante etapa no sentido da prevenção contra a queda. As quedas são as conseqüências mais perigosas do desequilíbrio e da dificuldade de locomoção, sendo seguidas por fraturas, deixando os idosos acamados por dias ou meses e sendo responsáveis por 70% das mortes acidentais em pessoas com mais de 75 anos. O desequilíbrio é um dos principais fatores que limitam hoje a vida do idoso. Na maioria dos casos esse fato tem origem entre os 65 e os 75 anos aproximadamente, e cerca de 30% dos idosos apresenta os sintomas nesta idade. (ROSSI et al., 2005). Portanto, a queda é um dos mais importantes eventos em geriatria, e devido a instabilidade postural um grande número de idosos convive em seu cotidiano com medo de 26 cair, tornando-os limitados em suas atividades diárias, havendo perda da confiança para caminhar devido ao temor de novas quedas. O treinamento de força ajuda preservar e aprimorar a autonomia dos indivíduos mais velhos, podendo também, prevenir as quedas, melhorar a mobilidade e contrabalançar a fraqueza e a fragilidade muscular (DANTAS et al., 2005). Assim um programa de exercícios físicos é de extrema necessidade, para promover tanto o equilíbrio quanto a força muscular necessária para resgatar a autonomia funcional do idoso. 27 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL O envelhecimento é considerado um fenômeno natural, progressivo, não uniforme variando de indivíduo para indivíduo, estando na dependência de alguns fatores como hábito de vida e herança genética. Este promove uma série de alterações no ser humano, envolvendo aspectos psicológicos (sentimento de velhice, estresse, depressão), fisiológicos e patológicos. Esse fenômeno é uma realidade no nosso país, assim como em todo mundo (BARAÙNA et al., 2004; MACIEL & GUERRA, 2005; MATSUDO et al, 2000). Os países do chamado Terceiro Mundo vêm apresentando, nas últimas décadas, um progressivo declínio nas suas taxas de mortalidade e, mais recentemente, também nas suas taxas de fecundidade. Esses dois fatores associados promovem a base demográfica para um envelhecimento real dessas populações, à semelhança do processo que continua ocorrendo, ainda que em escala menos acentuada, nos países desenvolvidos (KALACHE et al., 1987). A “transição epidemiológica”, assim como a demográfica, ocorre de modo desigual entre as diversas classes de renda determinando grande heterogeneidade nos padrões pelos quais os brasileiros adoecem, tornam-se dependentes e morrem (CHAIMOWICZ, 2006). 2.1.1 Transição Demográfica Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o número de pessoas com mais de 60 anos já corresponde a mais de 12% da população mundial e até o meio deste século, irá chegar a 20%. Em 2050 há uma previsão que o número de pessoas com 100 anos e em pleno vigor físico e mental será surpreendente (ALBUQUERQUE, 2005). O envelhecimento da população é um fenômeno mundial. No Brasil, a transição demográfica ocorreu em pouco mais de vinte anos e devido a este processo ter sido abrupto 28 isto se tornou um grande problema, dada a falta de recursos humanos especializados para assistir a este enorme contingente de pessoas e a falta de políticas adequadas a esta parcela da sociedade (CARVALHO; BRITO, 2005). Para fins de levantamento demográfico no Brasil, considera-se idoso, o corte definido pela OMS, para os países subdesenvolvidos ou em via de desenvolvimento, a partir de 60 anos. Assim, quando se refere ao idoso em solo brasileiro, incluem-se aquelas pessoas que atingiram essa idade, porém não se pode e nem se deve esquecer que o envelhecimento possui diversas faces, sobretudo numa sociedade como a brasileira marcada pela desigualdade social, onde há uma grande concentração de renda e conseqüentemente um alto índice de pobreza (ARAUJO & ALVES, 2000; SILVA, 2005). O número de idosos passou de 3 milhões, em 1960, para 7 milhões, em 1975, e 17 milhões em 2006 – um aumento de 600% em menos de cinqüenta anos. Todo ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira. Segundo o CENSO realizado pelo IBGE em 2000, o Brasil possui cerca de 8.6% da população com sessenta anos ou mais, estando portanto, em processo de envelhecimento de sua população, quebrando-se assim, o paradigma de que o Brasil é um país de jovens. (CARVALHO et al, 2005; VERAS, 2007) 2.1.2 Transição Epidemiológica O conceito de “transição epidemiológica” se refere à modificação dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população e que ocorre em conjunto com outras transformações demográficas e sociais. O processo engloba três mudanças básicas: a substituição, entre as primeiras causas de morte, das doenças transmissíveis por doenças nãotransmissíveis e causas externas; o deslocamento da maior carga de morbimortalidade dos mais jovens para os mais idosos; e a transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra em que a morbidade é dominante (CHAIMOWICZ, 2006). Com o aumento do número de idosos ocorre uma elevação das doenças associadas ao envelhecimento, destacando-se as crônico-degenerativas. Em menos de 40 anos, passa-se de um cenário de mortalidade próprio de uma população jovem para um quadro de enfermidades 29 complexas e onerosas, típicas da terceira idade (MACIEL & GUERRA, 2005; VERAS, 2007). Assim esse processo natural gera modificações funcionais e estruturais no organismo, diminuindo a vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças, sendo mais prevalentes as alterações sensoriais, as doenças ósseas, cardiovasculares e os diabetes (ROSSI et al., 2005). 2.1.3 Alterações da Capacidade Funcional no Idoso Após a terceira década, o desempenho funcional dos indivíduos vai se deteriorando pouco a pouco, devido ao processo natural e fisiológico de envelhecimento, que é lento, inexorável e universal. A velocidade desse declínio funcional pode ser influenciada por vários fatores (constituição genética, hábitos de vida, meio ambiente, fatores socioeconômicos, acidentes, doenças), podendo acelerar ou retardar o surgimento de dependência (FREITAS & MIRANDA, 2006). Ramos (2002) pondera a capacidade funcional como o novo paradigma da saúde, resultante da integração multidimensional entre saúde física, mental e suporte social. Além disso, a redução da capacidade funcional pode ser a manifestação clara de uma doença ou o único sinal clínico apresentado, dificultando a avaliação e o tratamento do paciente, caso seja desconsiderada. As habilidades funcionais são decorrentes das interações harmônicas do sistema sensório-motor e que este se encontra alterado com o envelhecimento, é fácil perceber que a independência funcional diminui com a idade, e que essa diminuição, que por sua vez é influenciada por um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais (PEREIRA & GOMES, 2004). O conceito de incapacidade funcional não é, puramente, a definição de limitações físicas e da locomoção. Esse é um conceito muito mais amplo dentro da Gerontologia. Apresenta-se como uma questão multidimensional, abrangendo as capacidades física, mental e social. Mais recentemente, tem-se acrescentado uma outra variável, a comunicação, tanto 30 para a compreensão como para a expressão de material verbal e não verbal (DINIZ & ABREU, 2004). Todos os profissionais que atuam na população idosa devem estar atentos a qualquer redução da funcionalidade de seus pacientes, freqüentemente, associada à institucionalização e ao risco de quedas. Esses fatores são fontes de sobrecarga física, emocional e financeira para o paciente e para seus familiares. Por esse motivo, a avaliação da capacidade funcional deve estar incluída na avaliação clínica, fundamentalmente, para o sucesso terapêutico (BRITO & BATTISTELLA, 2002). 2.1.3.1 As Atividades de Vida Diária da Pessoa Idosa Na era do envelhecimento global a Organização Mundial de Saúde (OMS) manifesta, reiteradamente, sua preocupação com o aumento da expectativa de vida, principalmente, considerando a incapacidade e a dependência, as maiores adversidades da saúde associadas ao envelhecimento. As principais causas de incapacidade são as doenças crônicas, incluindo as seqüelas dos acidentes vasculares cerebrais, as fraturas, as doenças reumáticas e as cardiovasculares (FREITAS & KOPILLER, 2006). O Centro Nacional de Estatística para a Saúde estima que cerca de 84% dos indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos sejam dependentes para realizar as suas atividades de vida diária (AVD), constituindo-se no maior risco de institucionalização. As AVD’s são as atividades fundamentais para a manutenção da independência: capacidade para alimentar-se, ter continência, locomover-se, tomar banho, vestir-se e usar o banheiro (FREITAS & MIRANDA, 2006). No envelhecimento as pessoas tendem a se tornar menos ativas, pois suas capacidades físicas são diminuídas, tanto como conseqüência das condições de trabalho e do hábito de vida como pela gradual redução das funções musculares. Isso pode comprometer a autonomia do indivíduo quando envelhece principalmente pela influência de duas qualidades físicas: a força e a flexibilidade (PEREIRA et al, 2005; VALE et al, 2005). 31 As limitações funcionais são preditoras das restrições nas AVD’s sendo, portanto, de fundamental importância à adoção de medidas preventivas, como, por exemplo, através da atividade física, que podem retardar o inicio das restrições das AVD’s, prolongando o tempo de vida ativa e independente (FREITAS & KOPILLER, 2006). 2.1.4 Alterações do Equilíbrio na Velhice Um dos principais fatores que limitam hoje a vida do idoso é o desequilíbrio. Em 80% dos casos não pode ser atribuído a uma causa específica, mas sim a um comprometimento do sistema de equilíbrio como um todo. Em mais da metade dos casos o desequilíbrio tem origem entre os 65 e os 75 anos, aproximadamente, e cerca de 30% dos idosos apresentam os sintomas nesta idade (ROSSI, 2005). O equilíbrio é um componente da aptidão física que está relacionado à habilidade de manter a estabilidade corpórea enquanto parado e/ou em movimento. O controle do equilíbrio requer a manutenção do centro de gravidade sobre a base de sustentação durante situações estáticas e dinâmicas. Cabe ao corpo responder às variações deste centro, quer de forma voluntária ou involuntária (TONIOLO NETO & RAMOS, 2005; MACIEL & GUERRA, 2005). Os sistemas vestibular, visual e somatosensorial são os principais responsáveis pelo fornecimento dos dados sensoriais primordiais para o equilíbrio, e com o envelhecimento apresentam mudanças que podem produzir um feedback diminuído aos centros que controlam a postura. Com o envelhecimento, esses sistemas são afetados e várias etapas do controle postural podem ser suprimidas, diminuindo a capacidade compensatória do sistema, levando a um aumento da instabilidade (CHANDLER, 2002; COHEN, 2001; ROSSI et. al., 2005). Tradicionalmente, a involução motora decorrente do processo de envelhecimento, bem como as disfunções e doenças são vistas como causa da dificuldade ou incapacidade de manter o equilíbrio. Os modelos médicos sugerem que as enfermidades levam, progressivamente, o indivíduo a um prejuízo das funções básicas, à limitações funcionais e, finalmente, a incapacidade de manter-se equilibrado ( MACIEL & GUERRA, 2005). 32 2.1.4.1 A Recepção Visual O sistema visual humano é extraordinário quanto à quantidade e à qualidade da informação que ele fornece acerca do mundo. Um olhar é suficiente para descrever a localização, tamanho, forma, cor e textura de objetos, se os objetos estão se movendo, e sua direção e velocidade (PURVES et.al., 2005). A deterioração da visão normal, nos idosos, é causada pelas modificações fisiológicas e alterações mórbidas. Depois da sexta década de vida ocorre um declínio gradual da acuidade visual, seguido por um rápido declínio em pacientes dos 60 aos 80 anos de idade. Podendo declinar até 80% até a nona década de vida. Há vários transtornos visuais responsáveis pela perda da qualidade de vida, que comprometem a independência e a mobilidade. As causas mais comuns desses transtornos são: cataratas, degeneração macular, glaucoma e retinopatia diabética (FREITAS et. al., 2006; PATTEN & CRAIK, 2002). A visão tem a finalidade de fornecer informações sobre a distância e a localização de objetos no ambiente, o tipo de superfície onde se dará o movimento e a posição de uma parte corporal em relação à outra e ao ambiente. Os componentes do sistema visual que são considerados importantes para o equilíbrio são: acuidade estática e dinâmica, sensibilidade ao contraste, percepção de profundidade e visão periférica. As alterações visuais relacionadas à idade incluem reduções na acuidade, sensibilidade ao contraste e percepção de profundidade e menor adaptação ao escuro (CHANDLER, 2002; ROSENTHAL, 2001) Em situações onde a capacidade proprioceptiva estiver reduzida ou ausente, o sistema visual se torna mais relevante na manutenção do equilíbrio. Alguns pesquisadores estudaram pacientes idosos em situações de ausência ou redução de informações proprioceptivas e verificaram que esses pacientes passavam a depender essencialmente do sistema visual para manter seu equilíbrio. Por isso que a visão é considerada o sistema mais importante de informações sensoriais para manutenção do equilíbrio (PAIXÃO JUNIOR & HECKMAN, 2006). 33 2.1.4.2 O Sistema Vestibular O sistema vestibular funciona simultaneamente com os outros dois para a manutenção postural e é responsável por um sentido oculto, onde as pessoas comuns não têm consciência de possuir e somente o percebem quando ele torna-se alterado. Assim esse sistema provê o sentido do equilíbrio e a informação sobre a posição do corpo que permite movimentos compensatórios rápidos em resposta tanto a forças geradas externamente quanto a forças autoinduzidas (COHEN, 2001; PURVES et. al., 2005). Esse sistema é dividido em três partes: componente sensorial, processador central e componente de controle motor. O sensorial localiza-se no ouvido interno, é composto pelos canais semicirculares e pelos órgãos otolíticos, com função de detectar os movimentos cefálicos e a orientação no espaço. O processador central fica localizado na ponte e no cerebelo, recebe e integra esses sinais e, após combiná-los com as informações visuais e proprioceptivas, envia a informação ao componente motor. Em resposta, iniciam-se dois reflexos importantes utilizados para regular o controle postural: o reflexo vestíbulo-ocular (RVO) e o vestíbulo-espinhal (RVE) (PATTEN & CRAIK, 2002). O RVO controla a estabilidade ocular (manutenção do olhar fixo no campo visual) e a orientação da cabeça à medida que ela se movimenta. Se não existisse esse reflexo, as imagens visuais iriam mudar a cada movimento cefálico, mesmo que minimamente. O RVE influencia os músculos esqueléticos no pescoço, tronco e membros e gera um movimento compensatório do corpo que mantém o controle cefálico e postural (PAIXÃO JUNIOR & HECKMAN, 2006). A importância das contribuições vestibulares para a postura e para o equilíbrio é resolver conflitos quando um ou mais sistemas enviam informações equivocadas. Nessas situações, o sistema vestibular responde mais rapidamente, rejeitando a informação conflitante para manter o controle postural (CHANDLER, 2002). 34 2.1.4.3 As Informações somato-sensorias As aferências somáticas (somatossensoriais) são o terceiro estímulo importante para o sistema sensorial no controle do equilíbrio. O estímulo proprioceptivo fornecido ao SNC por receptores articulares, tendíneos e musculares gera informações em relação ao movimento do corpo no que se refere à superfície de sustentação e ao movimento dos seguimentos corporais entre si (CHANDLER, 2002). Existem evidências sobre alterações do sistema proprioceptivo relacionadas ao envelhecimento. Esse sistema com origem nos receptores tendinosos e musculares, mecanoceptores articulares e baroceptores profundos das plantas dos pés, fornece informações sensoriais importantes para o controle postural. Os proprioceptores informam o corpo sobre o ambiente imediato, permitindo ao organismo se orientar à medida que ele se movimenta ou se mantenha ereto em relação às próprias partes do corpo, seu apoio e superfície do solo (BANKOFF et al., 2007). Com o envelhecimento, entretanto, declínios da propriocepção são comuns devido a processos neuropáticos periféricos típicos do envelhecimento e a declínios da amplitude de movimento articular que limitam as contribuições sensoriais dos receptores articulares. Em relação à sensibilidade cutânea, há diminuição na sensibilidade ao toque, na discriminação de dois pontos e na sensibilidade vibratória de baixas e altas freqüências, particularmente nos membros inferiores (PAIXÃO JUNIOR & HECKMAN, 2006). 2.1.5 As Quedas na Velhice A queda é uma causa externa podendo ser definida como “um evento não intencional que tem como resultado a mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo, em relação a sua posição inicial”. É considerada um dos principais problemas enfrentados pelos idosos devido ao aumento da sua incidência. A ocorrência destas é um marcador do início de 35 um importante declínio na função ou um sintoma de uma patologia nova (BARRETO et al., 2001; COSTA et al., 2004). As quedas constituem uma importante causa de morbidade e mortalidade nas pessoas com mais de 65 anos. Elas consistem na principal causa de morte por lesão, uma taxa que aumenta com o avançar da idade. Nas pessoas com mais de 85 anos de idade, aproximadamente dois terços das mortes ligadas a lesões são decorrentes de quedas (CHANDLER, 2002). Na população geriátrica as quedas têm relação causal com 12% de todos os óbitos. No Brasil, foram causas de 2.030 mortes em idosos no ano 2000, ocupando o terceiro lugar na mortalidade por causas externas, tanto entre os homens quanto entre as mulheres. Em relação à morbidade aumentam sua importância, ocupando o primeiro lugar entre as internações. Em 2000, 48.940 pessoas foram hospitalizadas devido às quedas entre a população de 60 anos ou mais (56,1% do total) (JORGE, 2004; TONIOLO NETO & RAMOS, 2005). O evento queda pode levar o idoso à dependência funcional, sabe-se que é elevado o número de idosos que caem e que mudam radicalmente sua vida cotidiana, tanto pela queda em si, como pelo temor de uma nova ocorrência: fraturas, imobilizações, restrição das atividades, maior isolamento social, declínio na saúde e aumento do risco de institucionalização, são alguns exemplos do impacto causado na vida da pessoa idosa (FARINATTI & GUIMARÃES, 2005). Os fatores de risco para as quedas são classificados em intrínsecos e extrínsecos. Como fatores intrínsecos indicam-se patologias especificas (cardiovasculares, neurológicas, endócrino-metabólicas, pulmonares e miscelânia), alterações fisiológicas do processo de envelhecimemento (diminuição da visão e audição, distúrbios vestibulares, proprioceptivos e músculo-esquelético, aumento do tempo de reação à situação de perigo, diminuição da sensibilidade dos baroreceptores à hipotensão postural) e polimedicação (TINETTI, 2003). Os fatores extrínsecos são os de causas ambientais, como iluminação inadequada, superfícies irregulares ou escorregadias, tapetes soltos, escadas íngremes ou irregulares, objetos no caminho, vestuário e calçado inadequado, móveis inadequados, inexistência de corrimão, especialmente no banheiro (BARRETO et al., 2001; CHANDLER, 2002). 36 2.2 A FISIOTERAPIA EM GERONTOLOGIA Em 1992 formaram-se os primeiros fisioterapeutas geriátricos. A fisioterapia para o idoso foi identificada como uma especialização com o objetivo de reconhecer as habilidades em nível avançado dos fisioterapeutas que procuram avaliar os problemas clínicos e funcionais característicos dos idosos(KAUFFMAN, 2001). A fisioterapia é uma das profissões da área de saúde que atua no restabelecimento, manutenção e promoção da saúde. A abordagem preventiva na terceira idade tem a finalidade de promover e manter a saúde, voltando sua atenção para a diminuição do surgimento de alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento, intervindo nos fatores determinantes e/ ou predisponentes das doenças (GANDOLFI & SKORA, 2001). O fisioterapeuta atua na manutenção e melhora da qualidade de vida, estando direcionado à reabilitação precoce do paciente idoso, atuando em diversas áreas. Esse profissional tem um papel importante na recuperação e prevenção das disfunções cinéticas do idoso, na melhoria da memória, na diminuição da ansiedade e da depressão e ainda do bemestar geral que a atividade cinesioterapêutica proporciona (PAVÃO & LAKS, 2000). Na fisioterapia para o idoso, o terapeuta encontra um amplo espectro de indivíduos, desde aqueles que necessitam de assistência máxima até aqueles que atuam independentemente, mas que necessita de tratamento ambulatorial ou em grupo. A reabilitação para o idoso é um desafio ao talento e à criatividade de todos aqueles envolvidos (KAUFFMAN, 2001). 2.2.1 Avaliação Gerontológica Ampla A Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) é um termo vasto usado para descrever o exame do paciente geriátrico, reforçando o conceito da necessidade de uma abordagem adequada a essa faixa etária com características próprias e diferentes do adulto jovem. É um processo diagnóstico multidimensional, usualmente interdisciplinar, para determinar as deficiências ou 37 habilidades do ponto de vista médico, psicossocial e funcional (FREITAS & MIRANDA, 2006). A AGA tem como objetivos utilizar escalas, identificar as limitações do paciente geriátrico, qualificá-las e estabelecer a conduta terapêutica adequada através de uma equipe multidisciplinar. As principais áreas a serem analisadas incluem a detecção das doenças crônicas, da função física e mental, e das condições sociais e familiares (FREITAS & MIRANDA, 2006; MARTIN & BASILIADIS, 2001). O estado funcional é a dimensão-base para a avaliação geriátrica. Esta se resume na avaliação dos fatores físicos, psicológicos e sociais que afetam a saúde dos pacientes mais idosos e frágeis. Outras dimensões, como a avaliação social e cognitiva, são também necessárias na avaliação geriátrica, mas interagem de tal forma com o estado funcional, que uma alteração nesta dimensão pode indicar problemas nestas outras (PAIXÃO JUNIOR & REICHENHEIM, 2005). 2.2.2 Instrumentos de Rastreio da Capacidade Funcional A reabilitação gerontológica utiliza screenings (rastreio) para avaliação funcional para medir as limitações no desempenho, mas, primeiramente, como indicadores da capacidade residual. Os gerontólogos e geriatras devem ter um objetivo claro e racional direcionado para a escolha do instrumento de avaliação, a fim de interpretar corretamente os resultados e, conseqüentemente, as decisões clínicas (DINIZ & ABREU, 2004). Os métodos habituais de se realizar uma avaliação funcional estruturada consistem na observação direta (testes de desempenho) e por questionários, quer auto-aplicados ou concebidos para entrevistas face a face, sistematizados por meio de uma série de escalas que aferem os principais componentes da dimensão. Tais escalas compõem o que se tem denominado “instrumentos de avaliação funcional” (PAIXÃO JUNIOR & REICHENHEIM, 2005). 38 Vários testes tem sido desenvolvidos com o objetivo de avaliar funcionalmente o equilíbrio e a marcha e na busca de se estabelecer parâmetros para identificação de idosos com maior suscetibilidade à queda. Dentre eles, destacam-se: Timed up & go test (teste da cronometragem do Erguer e Ir), Berg Balance Scale (escala de equilíbrio de Berg), o POMA (avaliação da mobilidade orientada pelo desempenho), o Functional reach (teste do alcance), One Leg Stance ( suporte unipodal ) e o Dynamic gait index ( índice da marcha dinâmica ) (TONIOLO & RAMOS, 2005). As escalas de Berg, o Poma e o Dynamic gait index são testes funcionais de avaliação do equilíbrio e da marcha que contêm um maior número de tarefas motoras e necessitam de um maior treinamento na sua aplicação. Em geral, são aplicados por fisioterapeutas dentro de um espectro maior de avaliação físico-funcional de idosos (MACIEL, 2002). Todos os profissionais que atuam na população idosa devem estar atentos a qualquer redução da funcionalidade de seus pacientes, freqüentemente, associada à institucionalização e ao risco de quedas. Esses fatores são fontes de sobrecarga física, emocional e financeira para o paciente e para seus familiares. Por esse motivo, a avaliação da capacidade funcional deve estar incluída na avaliação clínica, fundamentalmente, para o sucesso terapêutico (DINIZ & ABREU, 2004). 2.2.3 Escala de Equilíbrio de Berg Assim como vários outros testes de avaliação do equilíbrio, a escala de Berg vem sendo muito utilizada, principalmente para perda da independência e para quedas em idosos. Ela atende várias propostas: descrição quantitativa da habilidade de equilíbrio funcional, acompanhamento do progresso dos pacientes e avaliação da efetividade das intervenções na prática clinica e em pesquisas (GAZZOLA et al., 2004). O Berg Balance Test (Teste de equilíbrio de Berg) foi desenvolvido como uma avaliação controlada do equilíbrio em indivíduos idosos na comunidade, hospitais e residentes em instituições asilares. O teste apresenta 14 tarefas, categorizadas em uma escala ordinal de 5 pontos, que vai de 0 (incapaz de realizar a tarefa) ate 5 (realiza-a de forma independente), e 39 é baseada na qualidade e na necessidade de assistência para realizar a tarefa de forma correta, assim como no tempo para completar a prova (MOLLINGER et al., 2002; TONIOLO & RAMOS, 2005). Os escores dos 14 itens são combinados em um escore total que vai de 0 a 56 pontos, com escore maior relacionado ao melhor desempenho. Os elementos do teste são representativos de atividades funcionais diárias: mudanças da posição sentada para de pé, sentar sem suporte, transferências, posição de Romberg com os olhos abertos e fechados, pegar objetos no chão, girar 360°, postura do passo, passar da posição de pé para sentado, projetar-se para frente, rodar o tronco e olhar para trás, pé no tamborete e o equilíbrio em somente uma perna (MACIEL, 2002; TONIOLO & RAMOS, 2005) Os pontos são baseados no tempo em que uma posição pode ser mantida na distância em que o membro superior é capaz de alcançar a frente do corpo e no tempo para completar a tarefa. Para a realização do teste são necessários: um relógio, uma régua, um banquinho e uma cadeira, e o tempo de execução é de aproximadamente 30 minutos. A escala é realizada com pacientes vestidos, descalços e fazendo uso de óculos e/ou prótese auditivas de uso habitual (GAZZOLA et al., 2004). Diversas pesquisas têm mostrado que uma avaliação básica do teste de equilíbrio de Berg contribui para a divisão dos idosos com relação à maior ou menor probabilidade de sofrerem quedas (MOLLINGER et al., 2002). 2.2.4 Recursos Fisioterapêuticos em Geriatria Gerontologia Os programas terapêuticos têm o objetivo de intervir de forma eficaz na redução/prevenção de inúmeros declínios funcionais relacionados com o avançar da idade. Visam ainda incrementar a força muscular, o equilíbrio, a flexibilidade e a resistência cardiorespiratória, proporcionando um bem estar físico, psicológico e social do idoso, tornando-o independente e ativo, influenciando em sua qualidade de vida (BRITO et al., 2005). 40 A atividade física deve ser precedida por uma fase de aquecimento incluindo o alongamento, que é importante para melhorar a flexibilidade, indispensáveis principalmente para os idosos mais suscetíveis as lesões articulares e musculares. Nos indivíduos mais frágeis, podem-se iniciar exercícios contra própria resistência, aproveitando situações do cotidiano, sentar e levantar da cadeira ou da cama (FREITAS & KOPILLER, 2006). A cinesioterapia é o principal recurso utilizado pelos fisioterapeutas para a manutenção da capacidade motora e funcional do idoso, podendo estar associada a agentes eletrotermofototerapêuticos, como as correntes elétricas analgésicas e estimulantes, infravermelho, laser, ondas curtas, ultra-som, parafina, crioterapia e hidrocinesioterapia (GOMES, et al., 2006). A educação para a saúde, orientações posturais, exercícios físicos globais e específicos, realizados individualmente ou em grupo, são medidas primárias da fisioterapia na abordagem do envelhecimento motor. A abordagem fisioterapêutica preventiva melhora a capacidade funcional, diminui a prescrição de medicamentos, influenciando na qualidade de vida do idoso (GOMES, et al., 2006). 3. OBJETIVOS 3.1 GERAL Avaliar o equilíbrio em idosos institucionalizados antes e após um protocolo de tratamento. 3.2 ESPECÍFICOS • Verificar aspectos clínico-epidemiológicos de idosos independentes institucionalizados na Unidade de Acolhimento a Pessoa Idosa - Lar da Providência; 41 • Avaliar o equilíbrio desses idosos por meio da escala de equilíbrio de Berg; • Desenvolver um protocolo de tratamento com a finalidade de melhorar o equilíbrio postural; • Reduzir a predisposição do evento de quedas em idosos. 4. METODOLOGIA 4.1 TIPO DE ESTUDO O estudo teve um desenho experimental, com um levantamento prospectivo. 4.2 LOCAL E AMOSTRA A amostra do estudo foi constituída por pessoas idosas, de ambos os sexos, residentes na Unidade de Acolhimento à Pessoa Idosa Lar da Providencia vinculada a Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social (SEDES), situada na cidade de Belém, estado do Pará, no período de março a maio de 2008. 4.2.1 Critérios de Inclusão Os critérios de inclusão foram daqueles idosos com idade igual ou superior a 60 anos, independentes para realização de atividades básicas e instrumentais de vida diária, sem a utilização de dispositivos auxiliares. 42 4.2.2 Critérios de Exclusão Os critérios de exclusão consisitiram em idosos dependentes, com déficit da acuidade visual, portadores de labirintopatia, incapazes de deambular, e que apresentarem sinais e sintomas que coloquem em risco sua saúde durante a realização do teste. 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Primeiramente os idosos foram submetidos a uma avaliação tendo como itens: nome, idade, nascimento, peso, altura, pressão arterial (PA), freqüência cardíaca (FC) e respiratória (FR), dados pessoais, e dados socioeconômicos (APÊNDICE IV). Em seguida foi aplicada a Escala de equilíbrio de Berg (ANEXO D), que é utilizada para monitorar o desempenho dos idosos quanto às tarefas motoras de equilíbrio estático e dinâmico e para prever possíveis quedas. De acordo com GAZZOLA (2004), o teste apresenta 14 tarefas comuns para a realização das atividades funcionais diárias: mudança da posição sentada para de pé, sentar sem suporte, transferências, posição de Romberg com olhos abertos, pegar objetos no chão, girar a 360°, postura do passo, passar da posição de pé para sentado, projetar-se para frente, Romberg com olhos fechados, rodar o tronco e olhar para trás, pé no tamborete e o equilíbrio somente em uma perna. Cada item do teste de equilíbrio de Berg é subdividido em cinco sub-itens com pontuações de 0 a 4. A nota 0 é dada quando o participante for incapaz de realizar a tarefa, e a nota 4 é dada se ele conseguir terminar a tarefa, com base no critério que lhe foi atribuído, sendo a contagem total máxima do teste de 56 pontos. A cognição também foi avaliada, por meio do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) (ANEXO C), que pode ser aplicado rapidamente, em 5 ou 10 minutos no máximo. O MEEM parece ser o mais aceito dos testes padronizados resumidos, fornecendo a maioria das informações no maior número de domínios. É visto como um instrumento de rastreamento em 43 vez de um instrumento diagnóstico, e uma contagem de menos de 24 dentre os 30 pontos possíveis indica deficiência cognitiva (SCHUNK, 2002). Após a aplicação do MEEM, todos os idosos obtiveram uma pontuação maior que 24 pontos, concluindo que a amostra não possui déficit cognitivo. Em seguida os pacientes foram submetidos a um protocolo de tratamento totalizando em 15 atendimentos, com freqüência de três vezes por semana e com duração aproximadamente de 40 minutos por sessão. De acordo com Toniolo & Ramos (2005) o programa terapêutico para obter respostas fisiológicas que impliquem melhora funcional deve considerar a freqüência de 3 a 7 dias de semana, com duração de 20 a 60 minutos A PA foi aferida antes e após a realização de cada sessão, para evitar risco a saúde do idoso. O tratamento foi composto por aquecimento, cinesioflexibilidade, treino de equilíbrio e fortalecimento muscular. O aquecimento foi realizado na bicicleta ergométrica Magna fitness (SC 13000), com intensidade leve – 60% da FC, no tempo de 10 minutos, com descanso de 3 minutos (cronometrado o tempo do aquecimento, com auxílio do cronômetro do modelo Cássio). Toniolo & Ramos acrescenta que um aquecimento geral por 10 minutos, por exemplo, pedalar uma bicicleta ergométrica com intensidade leve ou moderada, sendo essa intensidade de 40 a 60% da frequência cardíaca (máx) de reserva é de grande importância. Figura 1 – Aquecimento na bicicleta ergométrica. FONTE: Protocolo de pesquisa 44 A cinesioflexibilidade foi composta por alongamentos ativos dos seguintes grupos musculares: isquiotibiais, quadríceps, adutores e abdutores. Para a flexibilidade dos isquiostibiais, o paciente esteve em pé, apoiando as duas mãos em uma parede com os cotovelos estendidos, flexionando o joelho de uma perna à frente do corpo, enquanto que a outra fica estendida atrás, tocando o calcanhar no chão com a ponta de ambos os pés voltados para frente. Figura 2 – Alongamento de isquiostibiais. FONTE: Protocolo de pesquisa No quadríceps foi realizado da seguinte forma: paciente apoiou-se em uma superfície vertical, para manter o equilíbrio. Flexionou um joelho elevando o calcanhar em direção ao glúteo, sem comprimir excessivamente o joelho (Obs: alguns idosos apresentaram dificuldades em realizar esse alongamento, portanto houve um auxilio de uma toalha para facilitar o movimento). 45 Figura 3 – Alongamento de Quadríceps adaptado. FONTE: Protocolo de pesquisa Figura 4 – Alongamento de Quadríceps. FONTE: Protocolo de pesquisa O alongamento de adutores, o paciente permaneceu sentado com apoio do dorso na parede, uma das pernas cruzadas sobre a coxa contralateral, realizando uma abdução de quadril e flexão de joelho (em 4), enquanto o outro membro permanecia estendido. Realizando em seguida o lado oposto. Figura 5 – Alongamento de adutores. FONTE: Protocolo de pesquisa Alongamento de abdutores: posição inicial - paciente permaneceu sentado com o tronco perpendicular ao chão, corretamente alinhado e pernas estendidas. Durante a execução, o paciente flexionou a perna direita, colocando o pé por fora do joelho esquerdo; o cotovelo 46 esquerdo na zona externa do joelho fletido e puxando-o na direção do ombro esquerdo enquanto realizava a torção do tronco. Repetindo em seguida o lado oposto. Figura 6 – Alongamento de abdutores. FONTE: Protocolo de pesquisa Para cada grupo muscular foi executado 2 séries de 20 segundos e 30 segundos de repouso entre cada alongamento. O treino de equilíbrio estático era realizado com o indivíduo sentado utilizando o disco proprioceptivo, realizando movimentos antero-posteriores (10 repetições), inclinações laterolaterais (10 repetições), e rotações (5 rotações), e o treino de equilíbrio dinâmico foi efetuado por caminhadas sobre dois colchonetes (6 voltas). Figura 7 – Treino de equilíbrio estático. FONTE: Protocolo de pesquisa Figura 8 – Treino de equilíbrio dinâmico FONTE: Protocolo de pesquisa 47 O treino de força muscular era realizado por agachamentos, por meio de um banco, trabalhando o sentar – levantar em cadeia fechada (2 séries de 8 repetições cada, com intervalo de 2 minutos). Figura 9 – Treino de força muscular FONTE: Protocolo de pesquisa Figura 8 – Treino de equilíbrio dinâmico FONTE: Protocolo de pesquisa 4.4 ANÁLISES DESCRITIVAS E INFERÊNCIAS DOS DADOS COLETADOS Para avaliar o efeito do protocolo fisioterapêutico sobre o equilíbrio de idosos, foram aplicados métodos estatísticos descritivos e inferências sobre uma amostra obtida por conveniência, dentre os idosos voluntários, com idade igual ou superior a 60 anos, cujo número amostral seria de 100% dos idosos independentes totalizando 20 indivíduos. Porém somente 40% do total permaneceram até o final do tratamento fisioterapêutico. A análise estatística foi realizada por meio de um pacote estatístico, o Minitab 15, o equilíbrio dos idosos foi medido através da escala (ordinal) de Berg, sendo aplicado o teste TStudent para amostras dependentes. Sendo considerado para o teste o nível significância 5% para rejeição da hipótese de nulidade. 48 4.5 ASPECTOS ÉTICOS A pesquisa teve início após aprovação da orientadora (APÊNDICE I), do coorientador (APÊNDICE II), da instituição Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social – SEDES (ANEXO B), do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP com o protocolo N° 175006/08 (ANEXO A) e dos indivíduos pesquisados por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE III). 49 5. RESULTADOS Do total de 20 idosos independentes residentes no Abrigo Lar da Providência, foram excluídos da pesquisa, 10 por que não consentiram a participação no estudo, 2 que desistiram no decorrer do estudo por motivos pessoais, restando apenas 8 idosos que compõem a amostra do estudo. Na Tabela 1 a seguir, apresenta a quantidade de idosos avaliados, por sexo e faixa etária, no Lar da Providência, no período de março a maio de 2008. Sendo assim, foi observado que do total de idosos do sexo feminino (seis idosos), um pertence à classe de 65 a 69 anos, outra na faixa de 70 a 74, e quatro pertence à classe de 75 a 79 anos. Em relação ao sexo masculino foi observado dois indivíduos, sendo que um pertence à classe de 65 a 69 anos, e outro com faixa etária maior ou igual a 80 anos. Tabela 1 - Quantidade de pessoas avaliadas por sexo e faixa etária. SEXO Faixa Etária (Em Anos) Total % 0 6 75,00 0 1 2 25,00 1 4 1 8 12,50 50,00 12,50 60-64 65-69 70-74 75-79 ≥80 Feminino 0 1 1 4 Masculino 1 0 0 Total 1 1 % 12,50 12,50 100,00 FONTE: protocolo de pesquisa A Tabela 2 a seguir apresenta a quantidade de idosos, que caíram nos últimos 6 meses no Lar da Providência, avaliados no período de março a maio de 2008. De maneira que, dos oito avaliados, a faixa de idade que apresentou o maior destaque foi a 75 – 79 com 50,00% do total. 50 Tabela 2 - Quantidade de pessoas avaliadas, por faixa etária em relação se houve queda ou não nos últimos 6 meses. Sofreu Queda nos Faixa Etária Total % Últimos Meses 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 - 79 ≥80 0 0 1 2 1 4 50,00 Sim 1 1 0 2 0 4 50,00 Não 1 1 1 4 1 8 Total 12,50 12,50 12,50 50,00 12,50 100,00 % FONTE: protocolo de pesquisa A Tabela 3 a seguir apresenta a quantidade de idosos avaliados, por sexo e se houve queda ou não nos últimos seis meses, no Lar da Providência, no período de março a maio de 2008. De maneira que, do total de seis pessoas do sexo feminino, 3 caíram e 3 não caíram. Em relação ao sexo masculino houve duas observações, sendo que um caiu e outro não caiu nos últimos meses. Tabela 3 - Quantidade de pessoas avaliadas, por sexo em relação se houve queda ou não nos 6 últimos meses. Sofreu queda nos últimos meses? SEXO Total % SIM NÃO Feminino 3 3 6 75,00 Masculino 1 1 2 25,00 Total 4 4 8 % 50,00 50,00 100,00 FONTE: protocolo de pesquisa A Tabela 4 a seguir apresenta a quantidade de vezes que os idosos avaliados, caíram nos últimos 6 meses, no Lar da Providência. De maneira que, três responderam que caíram apenas uma vez, representando 75,00% do total, e uma pessoa afirma que caiu quatro vezes nos últimos meses, representando 25,00% do total. 51 Tabela 4 - Quantidade de vezes que os idosos caiu nos últimos 6 meses. Quantas Vezes Caíram nos Últimos Meses Quantidade % Uma Vez 3 75,00 Quatro Vezes 1 25,00 Total 4 100,00 FONTE: protocolo de pesquisa 5.1 INFERÊNCIA 5.1.1 Introdução à Problemática Para se testar a evolução de idosos com problemas de locomoção, após tratamento fisioterapêutico, realizou-se novamente o teste de Berg, o qual foi submetido ao teste estatístico t – Student para amostras dependentes (t-Pareado) (BUSSAB & MORETTIN, 2004), com o objetivo de analisar se a média do teste de Berg antes do tratamento é igual à média do referido teste após o tratamento fisioterapêutico, ou se a média do teste de Berg é maior após o tratamento, o que implicaria afirmar que houve evolução na locomoção dos idosos após aplicação do protocolo de tratamento fisioterapêutico. Mas para se realizar o teste t - Pareado é necessário que a variável supra algumas condições. Tais condições e o teste t - Pareado serão apresentados, justificados e testados nas linhas que se seguem. 5.1.2 Condições para se aplicar o teste t - Pareado para as Médias. Para se aplicar o teste t - Pareado é necessário que as populações sejam normais e dependentes (BUSSAB & MORETTIN, 2004), o que será demonstrado abaixo. 52 Como foram avaliados os mesmos pacientes antes e depois do tratamento fisioterapêutico, as duas amostras são dependentes, pois se trata da mesma população. E para testar normalidade em relação aos resultados do teste de Berg antes e depois do tratamento, foi adotado o teste de Anderson-Darling para normalidade, considerando as seguintes hipóteses tanto para o antes quanto para o depois do tratamento: primeiro, de que os resultados do teste de Berg antes do tratamento seguem uma distribuição normal e por contraposição a hipótese de que os referidos dados não seguem uma distribuição normal. Se admitido um nível de significância de 1% realizou-se o teste de normalidade que apresentou os seguintes resultados: Média foi de 50,63, desvio padrão foi de 3,114, valor do teste igual a 0,802 e a probabilidade de significância (p-valor) igual a 2,1%. Como a probabilidade de significância do teste é maior que o nível de significância adotado inicialmente se aceita a primeira hipótese, e conclui-se que os dados estão distribuídos normalmente. O mesmo procedimento foi submetido para os resultados do teste de Berg após o tratamento fisioterapêutico. Admitiu-se o mesmo nível de significância de 1%, aplicou-se o teste de Anderson-Darling para normalidade que resultou nas seguintes informações: Média foi de a 52,13, desvio padrão de 2,85, valor do teste de 0,42 e probabilidade de significância de 2,41%. E com os mesmos critérios do teste anterior, de que a probabilidade de significância é maior que o nível de significância pré-estabelecido, aceita a primeira hipótese de que os resultados do teste de Berg após o tratamento também são normalmente distribuídos. Após concluirmos a normalidade da soma dos escores do teste de Berg em idosos, podemos testar se o parâmetro Médio do teste de Berg, tanto antes como depois do tratamento, são iguais ou diferentes através do teste t - Pareado. 5.1.3 Aplicação do Teste T – Pareado O objetivo para o teste acima citado é saber se ao longo da avaliação houve um melhor desempenho nos resultados, por parte de idosos avaliados no lar da providência, fazendo comparações de médias pelo teste em questão, provando pelo mesmo, se são iguais ou não. 53 A estatística descritiva para o teste T-Pareado em relação ao teste de Berg apresentou os seguintes resultados antes do tratamento fisioterapêutico: média de 50,63, com um desvio padrão de 3,11 e um erro padrão de 1,10. Enquanto que o teste de Berg depois do tratamento apresentou uma média de 52,13, com um desvio padrão de 2,85 e um erro padrão de 1,01. A diferença das médias entre o antes e o depois foi de (-1,5) o que nos leva a crer que após o tratamento houve uma melhora. O tratamento foi analisado com o teste T-Student para amostras pareadas com objetivo de avaliar se a diferença média é significativamente diferente de zero. Foi adotado um nível de 5%, a fim de confirmar os resultados fornecidos pelo teste paramétrico. Considerando as seguintes hipóteses: H0 a média do teste de Berg antes do tratamento fisioterapêutico é igual ao depois do tratamento e H1 a média do teste de Berg depois do tratamento é maior que antes do tratamento fisioterapêutico. Como a probabilidade de significância foi de 0,02 rejeitamos H0: ao nível de significância de 5%, ou seja, a média do teste de Berg depois do tratamento fisioterapêutico foi maior que a média de antes do tratamento o que leva a crê que após o tratamento os pacientes avaliados obtiveram uma melhora em relação à escala de equilíbrio de Berg. Com relação ao intervalo de confiança do teste T-Student, para amostras pareadas (BUSSAB & MORETTIN, 2004), temos que: I.C{Média Antes – Média Depois} Ao nível de significância de 5% podemos observar que no intervalo de confiança das diferenças das médias do teste t-student pareado foi de [-3,18; -2,68]. Portanto concluímos que as avaliações antes e depois do tratamento fisioterapêutico em relação ao teste de Berg não possuem o mesmo desempenho, tendo a avaliação após o tratamento, apresentado um escore médio maior que a de antes do tratamento. 54 6. DISCUSSÃO O risco de quedas no idoso é multifatorial e a habilidade de manter o equilíbrio corpóreo é um dos fatores. Vários estudos têm mostrado que programas de exercícios, como caminhadas, dança, exercícios de resistência, flexibilidade treinamento de força, produzem melhora nos resultados de testes que incluem o equilíbrio corpóreo (TONIOLO & RAMOS, 2005). No presente estudo, a maior freqüência de quedas encontrada, ocorreu em idosos com idade acima de 75 anos, como visto na tabela 2. Não divergindo de Barreto et al (2001), onde é relatado que pessoas mais velhas tendem a cair mais, visto que a idade avançada está intimamente ligada a outros fatores de exposição a quedas. Berg et al. (1997) e Andrade & Santos (2005), afirma que o risco de quedas é mais freqüente entre as mulheres do que entre os homens. Concordando com Costa et al. (2004) que em seu estudo foi encontrado uma maior prevalência de quedas em idosas. Nesta pesquisa, observou-se que há uma igualdade do número de quedas relacionadas ao sexo, ou seja, homens e mulheres possuem a mesma chance de cair, como mostra na tabela 3. Porém deve ser considerado que no presente estudo há uma incidência predominante do sexo feminino. Toniolo & Ramos (2005) relata que através de uma metanálise envolvendo 12 estudos, os resultados apontam que houve uma redução de 4% na ocorrência de quedas para os idosos que estavam no grupo de tratamento recebendo varias e diferentes intervenções. Concluindo que a pratica regular de exercícios tem como objetivo romper com o sedentarismo, manter ou melhorar a força muscular, capacidade aeróbica, equilíbrio e flexibilidade. Carter & O’Driscoll (2000) e Holmes et al. (2000), acreditam que o declínio da performance física e da independência funcional proveniente do envelhecimento aumentam o risco de quedas em indivíduos idosos, mas que, em muitos casos, podem ser minimizados através da prática de exercícios físicos. O efeito dos exercícios sobre o equilíbrio, a força e o tempo de reação em idosos têm mostrado melhoras significativas na força e no equilíbrio corporal, após um programa de atividades físicas, em comparação com aqueles idosos que não 55 se exercitam, concluindo-se que a atividade física é de grande importância para os seres humanos, sendo o elemento-chave para a promoção da saúde. Neste trabalho, constatou-se que Escala de Equilíbrio de Berg é confiável. Concordando com a publicação de PANSA et al. (2003), no qual avaliaram idosos que foram submetidos a um treino de equilíbrio antes e após o mesmo. Concluindo que as escalas de equilíbrio são de grande ajuda para o fisioterapeuta e podem melhor precisar a evolução póstratamento, além de serem de fácil, rápida aplicação e boa fidedignidade. Acrescentam ainda dizendo que o Teste de Equilíbrio de Berg é a escala mais completa, pois avalia o equilíbrio nas situações de vida do paciente. 56 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A queda é um evento real na vida dos idosos e traz a eles muitas conseqüências, às vezes irreparáveis. Portanto, a abordagem ao idoso que caiu deve incluir uma avaliação ampla e integral. Assim o profissional de saúde deve realizar uma anamnese bem detalhada, direcionada as causas do desequilíbrio e conseqüentemente das quedas, traçando um tratamento especifico a fim de melhorar a força muscular, a flexibilidade e principalmente o equilíbrio. Através da avaliação do equilíbrio pela Escala de Berg, realizada com os idosos do Abrigo Lar da Providência, no período de março a maio de 2008, pode-se observar após a análise e a discussão dos resultados uma melhora significativa do equilíbrio corporal após o tratamento fisioterapêutico, diminuindo conseqüentemente a predisposições de quedas entre esses idosos. Assim a assistência adequada dos serviços de saúde, diante da atual demanda existente de idosos acometidos por alteração de equilíbrio, necessitam se informar e conscientizar-se sobre a importância da avaliação multi-profissional, direcionando sua ênfase não apenas para alterações biológicas, mas também, com a preocupação e o conhecimento devido a um monitoramento adequado sobre as influências dos fatores intrínsecos e extrínsecos que determinam e condicionam a ocorrência de quedas, interferindo com isso na qualidade de vida desses idosos e, conseqüentemente, na sua autonomia e independência. 57 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, S. Envelhecimento ativo: desafios dos serviços de saúde para melhoria da qualidade de vida dos idosos [tese de doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2005. ANDRADE, M.; SANTOS, M. Incidência de quedas relacionada aos fatores de riscos em idosos institucionalizados. Revista Baiana de Saúde Publica, Salvador, v.29, n. 1, jan./jun. p. 57-68, 2005. 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Cadernos de Saúde Pública, v.23, n.10, out. 2007. 63 APÊNDICES 64 65 66 APÊNDICE III: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO As informações obtidas serão analisadas em conjunto com as de outros pacientes, não sendo divulgada qualquer informação que possa levar a sua identificação. Belém, ____ de _____________ de 2008. Projeto: Avaliação do equilíbrio em idosos institucionalizados antes e após um protocolo de tratamento. Esclarecimento da Pesquisa O (A) senhor(a) esta sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa cujo a proposta em estudo consiste na avaliação do equilíbrio antes e após o atendimento de idosos em abrigo. Com o objetivo de avaliar se um tratamento realizado pela fisioterapia melhora o equilíbrio. Em todos os pacientes será utilizado a mesma avaliação. A pesquisa será realizada com um total de 15 atendimentos, por meio de 2 atendimentos semanais, com duração de aproximadamente 40 minutos. Os possíveis riscos apresentados pela pesquisa poderão ser aqueles relacionados com as alterações no equilíbrio, tonturas, insegurança e medo. Os benefícios que a pesquisa poderá trazer ao participante serão de informações sobre o equilíbrio corporal ao ficar parado e ao caminhar, bem como de orientações sobre o equilíbrio e a realização de atividades cotidianas. Deixamos claro que somente ao final do trabalho é que poderemos tirar conclusões a respeito dos resultados. Em qualquer momento do estudo o paciente, seus responsáveis e familiares terão acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa, para esclarecimento de dúvidas. GARANTIAS É garantida aos pacientes, a liberdade de deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na Instituição. Bem como de os idosos que aceitarem participar da pesquisa, não são obrigados a responder as perguntas no questionário de avaliação da pesquisa. Os pacientes têm direitos a se manterem informados a respeito dos resultados parciais da pesquisa. 67 Em caso de dano pessoal, diretamente provocado pelos procedimentos da pesquisa, os pesquisadores se comprometem a prestarem assistência e cuidados necessários a cada caso. Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não haverá nenhum pagamento por sua participação. DECLARAÇÃO Declaro que compreendi as informações que li ou que me foram explicadas sobre o trabalho em questão. Discuti com as pesquisadoras sobre minha decisão em participar nesse estudo, ficando claro para mim, quais são os propósitos da pesquisa, os procedimentos a serem realizados, os possíveis desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação não tem despesas, inclusive se optar por desistir de participar da pesquisa. Concordo voluntariamente em participar desse estudo podendo retirar meu consentimento a qualquer momento sem necessidade de justificar o motivo da desistência, antes ou durante o mesmo, sem penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste serviço. Os resultados do estudo serão divulgados a comunidade acadêmica e científica por meio de uma dissertação de trabalho de conclusão de curso e ou pelo envio para publicação em revista científica. A pesquisa se respalda na literatura científica de que os testes e procedimentos utilizados não acarretam qualquer prejuízo à sua saúde. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Eu _____________________________________________________________________, residente na _______________________________________________________________e domiciliado(a) no município de _______________________, portador(a) da Cédula de Identidade, nº __________________________, e inscrito no CPF/MF nº____________________________, nascido (a) em ______/_______/________, abaixo assinado (a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como pesquisado do estudo: “Avaliação do equilíbrio em idosos institucionalizados antes e após um protocolo de tratamento”. Declaro ainda que li as informações acima sobre a pesquisa, e que me sinto perfeitamente esclarecido sobre os objetivos da pesquisa, seus testes e procedimentos, assim como, de seus riscos e benefícios. 68 _____________________________________________________________________ Assinatura do sujeito da pesquisa ou do responsável Responsáveis pelo Projeto: Ediléa Monteiro de Oliveira Prof. responsável pelo projeto Endereço: Avenida Alcindo Cacela n° 359 – UNAMA Telefones para contato: 4009-3204 / 8134-7237 Alessandra Taylan Freitas França Acadêmica do 8° semestre do curso de Fisioterapia da Universidade da Amazônia Telefones para contato: (91) 8167-8827 Elimaria Souza Martins Acadêmica do 8° semestre do curso de Fisioterapia da Universidade da Amazônia Telefones para contato: (91) 8198-3120 Íris Tathyane Lima da Silva Acadêmica do 8° semestre do curso de Fisioterapia da Universidade da Amazônia Telefones para contato: (91) 3248-5403/ 8118-1187 69 APÊNDICE IV FICHA DE AVALIAÇÃO 1. IDENTIFICAÇÃO NOME:________________________________________________________________ SEXO: ( ) F ( )M NASCIMENTO:____/____/____ ESTADO CIVIL: _________________ FAIXA ETÁRIA: ( ) 60-64 ANOS ( ) 65-69 ANOS ( ) ≥ 80 ANOS ( )70-74 ANOS ( ) 75-79 ANOS 2. ANAMNESE HISTÓRICO FAMILIAR: TEMPO NA INSTITUIÇÃO: POSSUI FILHOS? ( ) SIM TEM RENDA PRÓPRIA? ( ) NÃO ( ) SIM TEM ACESSO A ESSA RENDA? QUANTOS? ( ) NÃO ( ) SIM ( ) NÃO CAIU NOS 6 ÚLTIMOS MESES? ( )SIM ( ) NÃO QUANTAS VEZES? 3. EXAME FÍSICO PA: PESO: ALTURA: 4. TESTE DE BERG FC: FR: 70 ANEXOS 71 72 73 ANEXO C MINI EXAME DO ESTADO MENTAL – MEEN Máxima orientação 3 ( ) Em que dia, mês, anos estamos? 4 ( ) Onde estamos: cidade, estado, país, abrigo? Registros 3 ( ) Nomeie 3 objetos: diga palavra por palavra, devagar; peça ao paciente que repita as três palavras. Dê um ponto para cada resposta correta. Então repita todas novamente, para que ele aprenda. Atenção e cálculo 5 ( ) Peça ao paciente que conte de trás para frente, começando do nº 100, de 7 em 7. Pare e depois da 5ª resposta. Alternativamente peça para soletrar “mundo” ao contrário. Memória 3 ( ) Peça que ele repita as três palavras. Dê um ponto para cada resposta correta. Linguagem ( ) Mostre um lápis e um relógio, peça-lhe que os nomeie (2 pontos). - Peça que repita o seguinte: “nem sim, nem não, nem porque” (1 ponto). - Dê as 3 seguintes ordens: “Pegue esta folha de papel com a mão 74 direita, passe a folha para a mão esquerda, coloque a folha no chão” (3 pontos). - “Leia e faça o que está escrito”: “FECHE OS OLHOS” (1 Ponto). “Escreva uma frase” (1 ponto). “Copie este desenho” (1 ponto). Total ( ) Fonte: FREITAS et. al, 2002 75 ANEXO D TESTE DE BERG 1. Posição sentada para posição em pé Instruções: Por favor, levante-se. Tente não usar suas mãos para se apoiar. • (4) capaz de levantar-se sem utilizar as mãos e estabilizar-se independentemente. • (3) capaz de levantar-se independentemente utilizando as mãos. • (2) Capaz de levantar-se utilizando as mãos após diversas tentativas. • (1) Necessita de ajuda mínima para levantar-se ou estabilizar-se. • (0) Necessita de ajuda moderada ou máxima para levantar-se. 2. Permanecer em pé sem apoio Instruções: Por favor, fique em pé por 2 minutos sem se apoiar. • (4) capaz de permanecer em pé com segurança por 2 minutos. • (3) capaz de permanecer em pé por 2 minutos com supervisão. • (2) capaz de permanecer em pé por 30 segundos sem apoio. • (1) necessita de várias tentativas para permanecer em pé por 30 segundos sem apoio. • (0) incapaz de permanecer em pé por 30 segundos sem apoio. Se o paciente for capaz de permanecer em pé por 2 minutos sem apoio, dê o número total de pontos para o item número 3. Continue com o item numero 4. 3. Permanecer sentado sem apoio nas costas, mas com os pés apoiados no chão ou num banquinho. Instruções: Por favor, fique sentado sem apoiar as costas com os braços cruzados por 2 minutos. • (4) capaz de permanecer em sentado com segurança e com firmeza por 2 minutos. • (3) capaz de permanecer em sentado por 2 minutos sob supervisão. • (2) capaz de permanecer sentado por 30 segundos. 76 • (1) capaz de permanecer sentado por 10 segundos. • (0) incapaz de permanecer sentado sem apoio durante 10 segundos. 4. Posição em pé para a posição sentada. Instruções: Por favor, sente-se. • (4) senta-se com segurança com uso mínimo das mãos. • (3) controla a descida utilizando as mãos. • (2) utiliza a parte posterior das pernas contra a cadeira para controlar a descida. • (1) senta-se independentemente, mas tem descida sem controle. • (0) necessita de ajuda para sentar-se. 5. Transferências Instruções: Arrume as cadeiras perpendicularmente ou uma de frente para a outra para uma transferência em pivô. Peça ao paciente para transferir-se de uma cadeira com apoio de braço para uma cadeira sem apoio de braço e vice-versa. • (4) capaz de transferir-se com segurança com uso mínimo das mãos. • (3) capaz de transferir-se com segurança com o uso das mãos. • (2) capaz de transferir-se seguindo orientações verbais c/ou supervisão. • (1) necessita de uma pessoa para ajudar. • (0) necessita de duas pessoas para ajudar ou supervisionar para realizar a tarefa. 6. Permanecer em pé sem apoio e com os olhos fechados. Instruções: Por favor, fique em pé e feche os olhos por 10 segundos. • (4) capaz de permanecer em pé por 10 segundos com segurança. • (3) capaz de permanecer em pé por 10 segundos com supervisão. • (2) capaz de permanecer em pé por 3 segundos. • (1) incapaz de permanecer com os fechados durante 3 segundos, mas mantém-se em pé. • (0) necessita de ajuda apara não cair. 77 7. Permanecer em pé sem apoio com os pés juntos. Instruções: Junte seus pés e fique em pé sem se apoiar • (4) capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 1 minuto com segurança. • (3) capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por um minuto com supervisão. • (2) capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 30 segundos. • (1) necessita de ajuda para posicionar-se, mas é capaz de permanecer com os pés juntos durante 15 segundos. • (0) necessita de ajuda para posicionar-se e é incapaz de permanecer nessa posição por 15 segundos. 8. Alcançar a frente com o braço estendido permanecendo em pé. Instruções: Levante o braço a 90°. Estique os dedos e tente alcançar a frente o mais longe possível. (O examinador posiciona a régua no fim da ponta dos dedos quando o braço estiver a 90°. Ao serem esticados para frente, os dedos não devem tocar a régua. A medida a ser registrada é a distância que os dedos conseguem alcançar quando o paciente se inclina para frente o máximo que ele consegue. Quando possível, peça ao paciente para usar ambos os braços para evitar rotação do tronco). • (4) Consegue alcançar com confiança mais de 25 cm. • (3) Consegue alcançar com confiança mais de 10 cm. • (2) Consegue alcançar com confiança mais de 5 cm. • (1) Inclina o tronco para frente, mas precisa de supervisão. • (0) Precisa de ajuda para ao cair. 9. Pegar um objeto do chão a partir de uma posição em pé. Instruções: Pegue o sapato/chinelo que está na frente dos seus pés. 78 • (4) capaz de pegar o chinelo com facilidade e segurança. • (3) capaz de pegar o chinelo, mas necessita de supervisão. • (2) incapaz de pegá-lo, mas se estica até ficar a 2-5 cm do chinelo e mantém o equilíbrio independentemente. • (1) incapaz de pegá-lo, necessitando de supervisão enquanto esta tentando. • (0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não perder o equilíbrio ou cair. 10. Virar-se e olhar para trás por cima dos ombros direito e esquerdo enquanto permanece em pé. Instruções: Vire-se para olhar diretamente atrás de você por cima do seu ombro esquerdo sem tirar os pés do chão. Faça o mesmo por cima do ombro direito (o examinador poderá pegar um objeto e posicioná-lo diretamente atrás do paciente para estimular o movimento). • (4) olha para trás de ambos os lados com uma boa distribuição do peso. • (3) olha para trás somente de um lado, o lado contrário demonstra menor distribuição do peso. • (2) vira somente para os lados, mas mantém o equilíbrio. • (1) necessita de supervisão para virar. • (0) necessita de ajuda para não perder o equilíbrio ou cair. 11. Girar 360° graus. Instruções: Gire-se completamente ao redor de si mesmo. Pausa. Gire-se completamente ao redor de si mesmo em sentido contrário. • (4) capaz de girar 360 graus com segurança em 4 segundos ou menos. • (3) capaz de girar 360 graus com segurança somente para um lado em 4 segundos ou menos. • (2) capaz de girar 360 graus com segurança, mas lentamente. • (1) necessita de supervisão próxima ou orientações verbais. • (0) necessita de ajuda enquanto gira. 12. Posicionar os pés alternadamente ao degrau ou banquinho enquanto permanece em pé sem apoio. 79 Instruções: Toque cada pé alternadamente no degrau/banquinho. Continue até que cada pé tenha tocado o degrau/banquinho quatro vezes. • (4) capaz de permanecer em pé independentemente e com segurança, completando 8 movimentos em 20 segundos. • (3) capaz de permanecer em pé independentemente e completar 8 movimentos em mais que 20 segundos. • (2) capaz de completar 4 movimentos sem ajuda. • (1) capaz de completar mais que 2 movimentos com o mínimo de ajuda. • (0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair. 13. Permanecer em pé sem apoio com um pé à frente. Instruções: (demonstre para o paciente) Coloque um pé diretamente à frente do outro na mesma linha; se você achar que não irá conseguir, coloque o pé um pouco mais à frente do outro pé e levemente para o lado. • (4) capaz de colocar um pé imediatamente à frente do outro, independentemente, e permanecer por 30 segundos. • (3) capaz de colocar um pé um pouco mais à frente do outro e levemente para o lado. • Independentemente, e permanecer por 30 segundos. • (2) capaz de dar um pequeno passo, independentemente, e permanecer por 30 segundos. • (1) necessita de ajuda para dar o passo, porém permanece por 15 segundos. • (0) perde o equilíbrio ao tentar dar um passo ou ficar de pé. 14. Permanecer em pé sobre uma perna. Instruções: Fique em pé sobre uma perna o máximo que você puder sem se segurar. • (4) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por mais que 10 segundos. • (3) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por 5-10 segundos. • (2) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por mais que 3 segundos. 80 • (1) tenta levantar uma perna, mas é incapaz de permanecer por 3 segundos, embora permaneça em pé independentemente. • (0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair. ( ) Escore Total (Máximo = 56)