EDIÇÃO No 1 | 2011 A família, os negócios e a política O legado de Orestes Quércia (1938 - 2010) 2 | | No 1 | 2011 NOTAS Coisa de cinema Noite da antevéspera de Natal. A Central de Segurança do Centro Empresarial de São Paulo é informada da perda de um IPhone. Imediatamente, os agentes de segurança analisaram as informações dadas pela dona do aparelho e recorreram às gravações feitas pelo circuito fechado de TV. Ao checar as imagens, identificaram o momento exato em que a moça se abaixou para apanhar alguns papéis que haviam caído no chão. Nesse instante, ao levantar-se, ela não percebeu o aparelho deixado no piso. Observando esse mesmo ponto, os agentes de segurança viram que, logo em seguida, uma pessoa passou pelo local, pegou o aparelho e o colocou no bolso. O rastreamento feito pelo sistema permitiu identificar o horário exato em que essa pessoa havia saído por uma das catracas do controle de acesso. Isso permitiu identificar o número do crachá, o nome e a empresa em que trabalha. Adauto Luiz Silva, gerente de Segurança do Centro Empresarial de São Paulo Com a informação em mãos, a supervisão de segurança entrou em contato com a empresa para que localizasse o seu funcionário e verificasse se ele havia encontrado o aparelho. Na véspera de Natal, por volta das 1 horas, a Central de Segurança recebe o comunicado de que a pessoa que encontrou o aparelho estava a caminho do Centro Empresarial para entregá-lo. Ao mesmo tempo, a dona do IPhone recebeu a boa notícia. Às 17h3, a moça es- tava na Central de Segurança para retirar o aparelho. Foi um presente de Natal. Segundo o gerente do Departamento de Segurança do Centro Empresarial, Adauto Luiz Silva, a combinação entre as possibilidades oferecidas pelo sistema e a vontade dos profissionais envolvidos ofereceu a solução para o caso. “A ocorrência revelou a qualidade dos profissionais, que foram muito além do mero cumprimento do dever. Foi coisa de cinema. Estou muito orgulhoso de minha equipe.” No 1 | ANO 2011 | | 3 NOTAS | Carona solidária no Centro Empresarial Uma das saídas para diminuir a quantidade de carros no trânsito da cidade é a carona solidária. Para incentivar a ideia, o site Caronetas - Caronas Inteligentes criou um sistema que permite que as pessoas interessadas em dar ou tomar carona se encontrem e combinem compartilhar carro e custos, com rapidez, eficiência e segurança. A solução é simples. As pessoas que tem ou não carro se cadastram no Caronetas. Elas informam o CEP da residência e o do local de trabalho, os horários de entrada e de saída, as placas dos veículos e o dia de rodízio. Por email, os donos de automóveis recebem uma mensagem com o nome e email dos usuários que podem compartilhar com ele. Os caroneiros, por sua vez, também são informados sobre as caronas disponíveis e aguardsm o contato dos caronistas. O sistema está sendo adotado desde janeiro no Centro Empresarial de São Paulo, por meio de uma parceria entre a Assessoria de Relações Institucionais do condomínio e o Caronetas. Já foram cadastradas cerca de mil pessoas. A segurança dos participantes é garantida. Todos os usuários devem pertencer ao quadro de empresas que funcionam no Centro Empresarial. Estas precisam se cadastrar no site para habili- tar seus funcionários a integrarem o projeto. O cadastro dos usuários só pode ser concluído por meio do email corporativo ou das chefias. Segundo o coordenador do Caronetas, Márcio Nigro, as pessoas estão se conscientizando de que precisam fazer algo para minimizar o problema do trânsito e contribuir com ações em prol da sustentabilidade. Ele também informa que será publicado no site do Centro Empresarial relatórios mensais com o número de caronas acertadas, quantos veículos saíram das ruas, as distâncias aproximadas dos trajetos e o impacto sobre as emissões de carbono. Para conhecer melhor o projeto acesse o site www.caronetas.com.br. DHL Express e Centro Empresarial ajudam vítimas das enchentes na Região Serrana do RJ As fortes chuvas típicas do verão castigaram o Sul e o Sudeste do Brasil. Em Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, as enchentes deixaram um rastro de destruição e prejuízo. Na Região Serrana do Rio de Janeiro, seis cidades ficaram em estado de emergência por mais de uma semana. Cerca de 900 pessoas morreram, Diante da tragédia, a DHL Express firmou parcerias com empresas como Nokia, ABB, Staples, Roche, Unilever e Santander e com o Centro Empresarial de São Paulo para angariar donativos para o Rio de Janeiro, além de organizar a logística de entrega de alimentos e roupas aos seus destinos. A ação fez parte do programa Go Help, do grupo Deutsch Post – DHL, focado no auxilio em situações de catástrofe. No dia 29 de janeiro, a DHL Express e sua parceira de transporte rodoviário, CM2 Transportes, enviaram uma equipe de nove funcionários voluntários ao Centro Empresa | | No 41 | 2011 rial para a separação e embarque dos itens recolhidos durante as quase duas semanas de campanha. Foram arrecadadas quase cinco toneladas de alimentos não perecíveis, água, itens de higiene pessoal, roupas de cama e banho e também alguns brinquedos. A voluntária Priscila Oliveira, da DHL Express, participou da ação no Centro Empresarial e descreve sua experiência: “Se cada um puder doar um pouco de tempo, a reconstrução das cidades vai ser mais rápida. É gratificante ver que tantas pessoas e empresas se mobilizaram e usaram sua expertise para ajudar as vítimas das enchentes”, diz a voluntária. No total, foram transportados pela DHL Express mais de 15 toneladas com todas as parcerias. Os donativos arrecadados pelas empresas do Centro Empresarial de São Paulo foram entregues na Cruz Vermelha do Rio de Janeiro no dia 30/01. FINANÇAS Como as empresas podem garantir patrimônio de sócios REINALDO DOMINGOS É muito comum empresas enfrentarem problemas judiciais e até irem à dissolução por disputas societárias originadas por brigas pessoais ou familiares em torno do controle de uma empresa. A situação é comum em relação a excônjuges e herdeiros, quando o pai ou familiar mais velho que comandava a companhia deixa o cargo – seja por opção ou falecimento –, em caso de divórcio ou até mesmo por eventual quebra, pura e simples, da companhia. Há exemplos de empresas que simplesmente encerram suas atividades, devido a esses contratempos. O fato se dá com frequência pela falta de conhecimento de questões societárias e planejamento sucessório. Isso ocorre principalmente por inexperiência empresarial, originada geralmente por uma assessoria contábil e advocatícia ineficiente, recebida durante o nascimento e desenvolvimento da empresa. Esse tipo de situação não pode acontecer em companhias que pretendem se solidificar no mercado por mais de uma geração. Outro caso muito comum é o de empresas que encerram suas atividades por briga entre ex-cônjuges sócios. Existem muitas maneiras de se evitar esses problemas e ainda proteger, preservar e fortalecer o patrimônio de uma empresa, através de uma reestruturação societária e de um planejamento sucessório empresarial. O conhecimento sobre tributação de heranças e doações e Imposto de Renda incidente sobre os patrimônios no País também é importantíssimo para empresas que já se estabeleceram no mercado ou que estejam abrindo suas portas e queiram evitar esse tipo de problema no futuro. Os gestores de empresas familiares que dese- jam se preservar desse tipo de problema devem iniciar suas ações atentando principalmente para os pontos abaixo elencados: Estatuto Social: tudo nasce na constituição de uma empresa e na definição de seu estatuto. É importante nomear no contrato social quais os sucessores – herdeiros, administradores, diretores, entre outros – que estiverem tecnicamente e profissionalmente aptos a exercer cargos de comando da companhia, visando eliminar divergências, na hipótese de saída abrupta dos atuais dirigentes (seja por motivo voluntário ou por força maior), ou então, indicando um mediador decisório. Profissionalização: outro aspecto impor- tante é a questão da profissionalização da empresa, elegendo ‘profissionais’ a ocuparem cargos estratégicos e/ou de confiança. Faz-se necessário neste momento um investimento importante, que é a busca no mercado de uma consultoria especializada em gestão sucessória, pois é comum empresas antigas, que passam de pai para filho, se depararem com situações para as quais não estão preparadas. Proteção do patrimônio: é preciso enxergar mais adiante. Para proteger o patrimônio familiar, é possível se criar uma holding para gerir os negócios. Neste momento, o dono dos negócios será a holding, na qual poderá ser definida a participação no capital social de cada sucessor familiar, bom como a sua função, no caso de saída dos atuais dirigentes. Centralização de informações: o pior dos pecados que um empresário pode cometer é concentrar todo o controle ou todas as informações vitais ao negócio em si próprio ou numa só pessoa. O que deve ser feito é uma descentralização das informações ou de conhecimentos técnicos da companhia, para que, na ausência dessa pessoa, o negócio possa continuar fluindo, possa ter continuidade, sem comprometer o seu andamento e sem colocá-lo em risco. O aconselhável é que empresas que estão iniciando suas atividades procurem consultores contábeis e jurídicos, já com esses quatro tópicos acima citados em mente, e tomem as precauções para que, já na sua abertura, a longevidade esteja garantida. Reinaldo Domingos - Educador e Terapeuta financeiro. Também é autor dos livros “Terapia Financeira” e “O Menino do Dinheiro” - (Editora Gente), e criador da Metodologia DiSOP – Educação Financeira – Presidente do DiSOP Instituto de Educação Financeira – (www.disop.com.br). No 41 | ANO 2011 | | Orestes Quércia, uma homenagem Esta é a primeira edição da revista cujo editorial não é escrito e assinado por Orestes Quércia, que presidiu as Organizações Sol Panamby, à qual pertence a Panamby Empreendimentos e Participações. Dedico, portanto, este espaço para uma homenagem singela – minha e dos nossos quatro filhos – a um homem de visão extraordinária e determinação inabalável na luta sem descanso pelas coisas que acreditava. Orestes sempre foi um homem simples, trabalhador, dono de grande sensibilidade humana. Ele dedicou sua vida ao trabalho e à família. Foi um empresário de sucesso, desde muito jovem. Foi um político respeitado em todo o país, uma liderança progressista, que alcançou todos os cargos eletivos, de vereador a senador, e também governador do Estado de São Paulo. Foi incansável na defesa da democracia, da liberdade, do desenvolvimento de São Paulo e do Brasil. Membro do histórico MDB, enfrentou sem medo os poderosos da sua época, vencendo-os nas ruas e nas urnas. Quando senador, foi um lutador pela anistia e apresentou impor- tantes projetos que beneficiaram o cidadão no município. Quando governou São Paulo, imprimiu um ritmo de crescimento até hoje não repetido no Estado. Orestes tinha muito talento para os negócios, excelente tino comercial. Era um estrategista e se antecipava aos acontecimentos. Por exemplo, foi pioneiro e grande incentivador do fomento dos cafés especiais, um novo mercado que se abriu para milhares de produtores e consumidores em todo o país. Orestes deixa um vazio e muita saudade desses quase 30 anos que vivemos juntos. Mas deixa uma história de fé e de dignidade, exemplo de luta, de trabalho e de crença enraizada na democracia, na justiça social e no Brasil para seus filhos e amigos, aos quais nunca mediu esforços para estar sempre presente, orientar e, sobretudo, amar. Hoje, eu tenho a honra e o grande compromisso de dar continuidade, na presidência da Panamby Empreendimentos e Participações, ao seu trabalho sempre inspirada pelos seus ensinamentos. Alaide Quércia e filhos, Cristiane, Andreia, Rodrigo e Pedro 6 | | No 1 | 2011 SUMÁRIO SUMÁRIO 16 TURISMO 26 ENTREVISTA 12 PERSPECTIVA 10 ESPECIAL ATUALIDADE ESPECIAL EMPRESAS 0 22 O6 EDITORIAL | 16 SERVIÇOS | 20 SAÚDE | 30 GUIA DE SERVIÇOS | 32 CULTURA EXPEDIENTE Panamby Empreendimentos e Participações Ltda. PRESIDENTE: Alaíde Quércia DIREÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Alvino José de Oliveira e Sidnei Bertazzoli CENTRO EMPRESARIAL SP NEWS: EDIÇÃO No 1 | MARÇO 2011 EDIÇÃO, PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Diferencial Assessoria & Comunicação JORNALISTA RESPONSÁVEL: Lucimar Franceschini (MTb. 9//137 DF) EDITOR CHEFE: Silvano Tarantelli (MTb 1.92) REDAÇÃO: Fernando Caldas COLABORADORES: Rita Gallo, Davi Brandão e Roberto Shinyashiki COMERCIALIZAÇÃO: Mart Bureau e Editora Tel.: 31-66 ramal: 27 FOTOS: Paulo Bareta e Márcia D’Ambrósio IMPRESSÃO: Companhia Lithographica Ypiranga CONDOMÍNIO CENTRO EMPRESARIAL DE SÃO PAULO: Av. Maria Coelho Aguiar, 21 Bloco D ASSESSORIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS: Patrícia De La Sala Tel.: (11) 371-66 /Fax: (11) 371-12. CENTRO EMPRESARIAL SP NEWS é uma publicação do Centro Empresarial de São Paulo, com distribuição gratuita interna e via postal para executivos, clientes, fornecedores e formadores de opinião. Todos os textos são de responsabilidade do Centro Empresarial, sendo que os assinados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução completa ou parcial do conteúdo desta publicação sem autorização prévia. Envie sua opinião, crítica ou sugestão para a redação: [email protected] No 1 | ANO 2011 | | 7 ATUALIDADE | Campus Party Megaevento pede ampliação Uma nova feira para atender expectativas das empresas vai ser organizada este ano Steve Wozniak (com camiseta polo preta e crachá da Campus Party), um dos fundadores da Apple, foi o último palestrante do evento, que terminou com festa de confraternização dos campuseiros Por Rita Gallo O megaevento Campus Party do Brasil, ponto de encontro das “tribos” digitais, vai expandir as suas fronteiras. Além do já tradicional encontro, que só neste ano reuniu 6.800 “campuseiros” (acampados no evento), chegará ao universo corporativo um evento que deverá acontecer em meados deste ano. Segundo o diretor-geral da edição brasileira, Mario Teza, o evento será em parceria com o Hotel Transamérica, na região de Santo Amaro. “Vamos atender a expectativa das | | No 41 | 2011 empresas que querem se aprofundar no universo da geração digital”, explica o executivo. Esse novo evento tem tudo para ser um sucesso, já que a Campus Party, segundo Teza, não tem mais para onde crescer. “O evento de 2011 estava superlotado”, diz o executivo. “Hoje, a Campus Party é um verdadeiro laboratório para que as empresas possam compreender mais profundamente a nova geração, denominada Y”, explica ele. E nada mais propício para conviver com esse pessoal do que a criação de um novo encontro, com os mesmos alicerces da Campus Party. Em 2011, a Campus Party começou no dia 17 de janeiro e, como nas três edições anteriores, teve como palco o Centro de Exposições Imigrantes, localizado na Zona Sul da cidade de São Paulo. Lá, foi possível participar de uma semana de oficinas, palestras, conferências, competições e atividades de lazer, conectados a uma rede superveloz de 10Gb. Ideias Mario Teza, diretor-geral do Campus Party Campuseiros chegam ao Centro de Exposições Imigrantes Al Gore, ex-vice-presidente americano e entusiasta da Campus Party, foi uma das personalidades globais do encontro no Brasil Durante todo o dia que precedeu à inauguração, os campuseiros puderam montar seus equipamentos e se preparar para a abertura oficial da quarta edição da Campus Party Brasil, com a tradicional contagem regressiva e o show da banda Os Seminovos, à meia-noite. A partir do dia 18, começaram as atividades da Área Expo, um espaço gratuito aberto a todos os públicos, que puderam conhecer as novidades de algumas das maiores marcas internacionais e nacionais no ramo da tecnologia. Este ano, aconteceram as palestras de Al Gore, ex-vice-presidente americano, que tem uma intima ligação com o Campus Party dos EUA, além de Steve Wozniak, um dos fundadores da Apple. “Essas palestras trouxeram para o Brasil personalidades globais ligadas intimamente à internet”, explica Teza. Também estiveram no encontro Tim Berners-Lee, o criador da World Wide Web; Kul Wadhwa, diretor-gerente da Wikimedia Foundation/Wikipedia; e Stephen Crocker, considerado um dos “pais” da internet. Em 2011, os campuseiros tiveram que arrumar tempo em suas agendas para os concursos. Foram cerca de 30 atividades promovidas pela organização e por empresas patrocinadoras, nas mais diferentes categorias – de modificação de computadores (Modding) e desenvolvimento de aplicativos a competições de vídeogames e concurso de “cosplay”. Os prêmios variaram desde ingressos para futuras edições da Campus Party (no Brasil e em outros países) a computadores, “gadgets”, viagens e dinheiro. “O assédio das empresas vem crescendo a cada edição. Elas buscam, além de inovações, mão de obra qualificada. E elas vêm encontrando profissionais gabaritados entre os campuseiros”, diz o diretorgeral do evento. Criada na Espanha em 1997, a Campus Party transformou-se no maior evento mundial que integra tecnologia, conteúdo digital e entretenimento em rede. Os participantes mudam-se com seus computadores, malas e barracas para dentro de uma arena, onde se conectam a uma rede superveloz e convivem em torno de oficinas, palestras, conferências, competições e atividades de lazer. Além das edições anuais no Brasil e na Espanha, a Campus Party acontece na Colômbia e no México. Também já foram realizadas duas edições especiais: Campus Party Iberoamerica (2008), em San Salvador (El Salvador), e Campus Party Europa (2010), em Madri (Espanha). A Campus Party Brasil é patrocinado pela Telefônica. No 41 | ANO 2011 | | EMPRESAS | Sua empresa nas redes sociais As mídias digitais são cada vez mais usadas no marketing empresarial, mas é necessário cuidado na escolha da estratégia Luiz Alberto Ferla, diretor da Talk Interactive: “o brasileiro é o povo mais conectado do mundo” Por Rita Gallo Twitter, Facebook, Orkut e LinkedIn são algumas das redes sociais que passaram a fazer parte do dia a dia das grandes empresas. E já é comum companhias solicitarem o envio de mensagem de texto para as pessoas participarem de diferentes concursos e obterem informações mais detalhadas sobre seus produtos. É indiscutível a importância crescente do universo digital para as companhias, o que leva a uma pergunta: como estar positivamente presente na rede? Essa dúvida, não muito fácil de responder, depende do apoio de especialistas que 10 | | No 41 | 2011 conhecem esse universo e sabem quais armadilhas podem estar contidas num simples contato digital. Segundo Luiz Alberto Ferla, diretor da Talk Interactive, agência especializada em estratégias de marketing digital, mídias sociais e tecnologias 2.0, é inquestionável a necessidade das empresas contarem com uma presença digital forte, através de redes sociais, sites, blogs. “Mas é fundamental saber que naquele espaço estará sendo veiculada a marca da empresa”, afirma o executivo. Para ele, é exatamente pela exposição da marca que todo cuidado é pouco na elaboração de uma estratégia para definir quais os melhores recursos digitais para cada companhia. “O primeiro passo para a adoção de uma estratégia digital é o diagnóstico, em que são mapeadas as necessidades do cliente e definidos os canais digitais mais importantes para ele”, explica Ferla. Ele diz que o segundo passo é o planejamento, seguido da arquitetura e desenho dos canais. “A partir daí, fazemos a programação, conteúdo e manutenção dos canais definidos na estratégia”, afirma Ferla. Cada empresa tem um universo próprio, diz o especialista. Muitas delas precisam apenas de um bom site, enquanto outras necessitam de mais canais para manter vivo o relacionamento com o seu cliente. Especificamente no Brasil, as mídias digitais ganham cada vez mais espaço. “É próprio do povo brasileiro a intimidade com a linguagem digital, pois aqui as pessoas são criativas e comunicativas”, afirma Ferla. Para ele, essa facilidade no contato social justifica o sucesso do Orkut, Twitter e Facebook no País. “Já somos o povo que mais fica conectado no mundo”, diz ele. Sobre a Talk A Talk Interactive é uma agência especializada em estratégias de marketing digital, mídias sociais e tecnologias 2.0 para clientes de vários segmentos, especialmente da área institucional. A empresa tem sede em São Paulo e mantém filiais em Florianópolis, Brasília e Seattle, nos Estados Unidos. Fundada em julho de 2008, a trajetória da Talk começou antes mesmo de sua marca e nome definitivos, quando ainda respondia como área de Comunicação Digital da Knowtec. O time da empresa é composto por cerca de 80 pessoas que, além de multidisciplinares, são nativas desse meio. Mais que designers, arquitetos, analistas de siste- mas, redatores, jornalistas e estrategistas, os profissionais da Talk também dividem seu tempo blogando, twittando, publicando e interagindo pela rede. Os produtos e serviços da Talk estão divididos em grupos, que são as estratégias de mar-keting digital; usabilidade e interação –RP Digital; planejamento e diagnóstico digital; e marketing como serviço. A Talk também tem um braço de experimentação e ensino – o Talk Labs, para pesquisar, conectar os principais representantes dessa área entre profissionais, acadêmicos e ativistas, e educar o público sobre a comunicação em rede e seus potenciais para o desenvolvimento humano. (Site da Talk Interactive: www.talk2.com.br) No 41 | ANO 2011 | | 11 ESPECIAL | Uma vida movida à paixão Orestes Quércia: o político, o empresário e o homem de família O presidente das Organizações Sol Panamby, Orestes Quércia, morreu na véspera do Natal, aos 72 anos. Parentes, amigos e lideranças políticas estiveram no velório realizado no Palácio dos Bandeirantes e destacaram as qualidades e o valor do político de expressão nacional, do empresário de sucesso e do homem de família. O descendente de imigrantes italianos, nascido em 18 de agosto de 1938, em Igaçaba, distrito de Pedregulho, herdou do pai, Octavio, e da mãe, Isaura, o gosto pelo comércio e a aptidão para os negócios. Começou a trabalhar cedo, ainda criança. Foi locutor de rádio, jornalista, advogado, empresário do setor de comunicação e do ramo imobiliário e produtor de café e de gado. O politico Orestes Quércia iniciou sua carreira política, em 1962, como vereador de Campinas, eleito pelo Partido Libertador. Depois do Golpe de 1964, com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional no 2, ele filiou-se ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Sua luta foi pautada em favor da democracia. Em 1966, com 28 anos, tornou-se deputado estadual na mesma eleição em que seu colega de legenda Ulysses Guimarães foi eleito para a bancada federal de São Paulo. A atuação de Quércia na Assembleia Legislativa foi bastante ativa. Trabalhou na defesa da anistia, da liberdade sindical e pelo fim dos decretos-lei. Foi eleito prefeito da cidade de Campinas, em 1968, e implementou seu desenvolvimento. Sua vitória tornou 12 | | No 41 | 2011 Campinas símbolo da resistência democrática, em plena vigência do AI-5. Entre suas obras, destacam-se a implantação do plano viário da cidade, a duplicação da capacidade de tratamento e distribuição de água, a construção de hospitais e pronto socorros, de centros de convivência cultural, de mais de 10 mil casas populares, possibilitando a erradicação de favelas, do Entreposto do Ceasa da cidade e do Teatro Municipal Castro Alves. Em 1974, ganhou destaque nacional na disputa, como candidato da oposição, por uma cadeira no Senado. Concorrreu com Carvalho Pinto, político consagrado e ex-governador do Estado, muito bem votado 16 anos antes. Quando as urnas foram abertas, confirmou-se a vantagem de 30% dos votos a seu favor. Foi um militante de peso na redemocratização do Brasil. Apresentou mais de 300 projetos ao longo dos oito anos. Lutou pela revogação do AI-5, pela volta do habeas corpus e pela anistia. Entre seus projetos, estão o da criação do seguro desemprego. Foi o primeiro senador a propor a criação de uma Constituinte, que culminou, mais trarde, com a Constituição de 19. Apresentou também projeto que propunha o fim da Lei Falcão e pediu a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Direitos Humanos, que cobrava o esclarecimento sobre o desaparecimento dos presos politicos. A jornalista Dora Kramer destaca que o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, chegou a ser considerado um herói nacional na década de 70 quando assumiu o Senado. Em 192, ao lado de Franco Montoro, foi eleito vice-governador. Ampliou nesse período sua liderança entre os administradores municipais do Estado. Ele foi empossado presidente da Associação Paulista de Municípios (APM) em 30 de junho de 193. Realizou um intenso trabalho em prol do fortalecimento dos municípios. Depois do 27o Congresso de Municípios no Guarujá, que reuniu mais de 2 mil prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e lideranças municipalistas de todo Brasil, liderou a marcha de prefeitos à Brasília, que conseguiu a aprovação da emenda Passos Porto, responsável pelo aumento de recursos de todas as prefeituras e Estados a partir de 19. Nesse ano, juntou-se às principais lideranças oposicionistas no movimento pelas Diretas Já, participando dos diversos atos públicos que reuniram multidões em todo Brasil. A frente municipalista engajou-se na campanha publicando um manifesto que dizia: “O presidente da Associação Paulista dos Municípios, o vice-governador Orestes Quércia, não se intimidou com os constrangimentos provocados pelas medidas de emergência e compareceu, cumprindo um dever e um direito, ao Congresso Nacional, em consonância com a vontade de seus munícipes. Acredita na sensibilidade, no espírito patriótico de todos quanto compõem o Poder Legislativo nacional. Possui a absoluta certeza de que retornará levando ao povo de seus municípios a boa nova aprovação das Diretas-Já”. (Manifesto ao Congresso Nacional, 2 de abril de 19). “Nem sempre estivemos do mesmo lado, mas Quércia sempre foi da ala dos desenvolvimentistas, que pensam o país para além do seu tempo” (Luís Inácio Lula da Silva) “São Paulo e o Brasil vão se lembrar dele como um expoente da resistência democrática, um defensor do desenvolvimento. Em todas as circunstâncias, foi um lutador” (Dilma Rousseff, presidenta da República) “Ele foi um homem público que lutou pela democracia. Trabalhamos juntos pela redemocratização” (Geraldo Alckmin, governador de S. Paulo) Campanha para prefeito, em 1962 Material de campanha para a eleição ao Senado federal, em 197 Quércia ao lado de Waldir Pires e Ulysses Guimarães, em comício pelas Diretas Já, em 19 “O PMDB lamenta o falecimento de um de seus maiores líderes. Sua vida sempre foi pautada pela defesa dos interesses nacionais. Fará falta” (Michel Temer, vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB) Comício pelas Diretas Já, no Vale do Anhangabaú, em 19, reuniu um milhão de pessoas No 1 | ANO 2011 | | 13 ESPECIAL | “Quércia sempre foi um militante de peso na redemocratização e, na última batalha, conosco, um aliado correto” (José Serra, ex-governador de S. Paulo) O governador Em 1986, Quércia elegeu-se governador do Estado de São Paulo. Em sua gestão realizou grandes projetos e obras que geraram milhares de empregos diretos e indiretos e garantiram o desenvolvimento do país. Construiu mais de 550 quilômetros de pistas na malha rodoviária, além de restaurar 9.700 Km de estradas construídas pelos governos anteriores. Criou uma secretaria específica para assistência aos jovens, a Secretaria do Menor, que em quatro anos atendeu 200 mil crianças e jovens carentes por intermédio de um programa considerado ainda hoje modelo em diversos países. Ergueu hidrelétricas, pavimentou estradas, entregou 10 hospitais gerais na capital e iniciou a construção do Instituto da Mulher. Na Educação, fortaleceu e reestruturou os institutos de pesquisa das áreas de Ciência e Tecnologia e concedeu autonomia às três universidades públicas do Estado. Outras marcas de Quércia à frente do governo do Estado foram a construção do Memorial da América Latina, inaugurado em 1989, a construção de 143 mil casas populares, construção de 16 quilômetros de metrô, deixando para seu sucessor mais de 9 Km em fase de finalização, ampliação da participação da Secretaria da Saúde no orçamento estadual de 4% para 12% e a abertura de novas frentes de combate às drogas e ao narcotráfico, com a criação de novos órgãos. Secre†aria do Menor atendeu 200 mil crianças e jovens 14 | | No 41 | 2011 Quércia com Franco Montoro no Memorial da América Latina Recepção a Fidel Castro em visita a São Paulo Orestes Quércia e Luis Inácio Lula da Silva Fundador do PMDB Quércia foi um dos fundadores do PMDB e presidiu a legenda entre 24 de março de 1991 e 26 de abril de 1993. Foi também presidente do Diretório do PMDB de São Paulo por quatro vezes. A última delas, foi consagrada em 13 de dezembro de 2009, ao encabeçar a chapa Unidade do PMDB. Depois que deixou o governo de São Paulo em 1991, foi ainda candidato do PMDB “Ele ajudou imensamente na minha eleição. Levei a ele, no hospital, uma cópia do diploma de senador dizendo: este mandato é seu também” (Aloysio Nunes, senador por São Paulo) “Era um homem que fazia política do fio de bigode. Não precisava escrever e registrar em cartório porque o conversado estava combinado” (Alberto Goldman, ex-vice-governador de São Paulo) “Quércia teve uma atuação marcante na política nacional. Carregou as bandeiras do municipalismo e do desenvolvimento” (Gilberto Kassab, prefeito de S. Paulo) à Presidência da República, em 1994, ao governo estadual, em 1998 e 2006, e ao Senado Federal, em 2002. Nas últimas eleições, candidatou-se novamente ao Senado e apoiou as candidaturas de José Serra à Presidência e de Geraldo Alckmin ao governo paulista. Porém, renunciou à candidatura devido ao tratamento da doença. Apoiou Aloysio Nunes para o cargo ao qual concorria. Convenção do PMDB O empresário Desde menino, Orestes Quércia já trabalhava. Começou ajudando no armazém da família. Aos 1 anos, decidiu consertar e revender bicicletas. Um pouco mais tarde, montou com seu irmão um armazém e uma fábrica de fubá. Mudou-se para Campinas, acompanhando a família, e lá foi eleito vice-presidente do grêmio estudantil da Escola Normal Livre. Nessa mesma época, trabalhou como repórter dos Diários Associados e como corretor imobiliário. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Campinas, onde foi diretor do jornal do Centro Acadêmico 16 de Abril e fundou a Universidade de Cultura Popular, ligada à Universidade Católica de Campinas. Foi também locutor da Rádio Cultura e da Rádio Brasil e trabalhou no Jornal de Campinas e na sucursal do Última Hora. Chegou a presidir a Associação Campinense de Imprensa. Quércia atuou nos ramos imobiliário e das comunicações. Foi dono do Diário Popular, vendido posteriormente para a família Marinho, proprietária das Organizações Globo. Lançou no final dos anos 90 o jornal eletrônico Panorama Brasil e relançou o jornal DCI – Diário do Comércio Indústria e Serviços, em São Paulo. Dirigiu o Grupo Sol Panamby, que detém controle da rádio Nova Brasil FM, de duas emissoras regionais, a TVB Campinas (a partir de fevereiro, afiliada a Rede Record) e a TVB Santos (a partir de março, afiliada a Rede Bandeirantes), de shopping centers, além de imóveis e fazendas de café e gado. Quércia com seu pai, Octavio, numa plantação de café Orestes Quércia e Alaíde Quércia: a criação de gado nelore, uma das paixões cultivadas pelo casal Orestes Quércia e Alaíde Quércia com os filhos Andréia, Pedro, Cristiane e Rodrigo O amor à família Orestes Quércia tinha em seu pai, Octavio, um exemplo. Herdou dele a disposição pela luta, o interesse pelos negócios, pelo jornalismo e pela política. De seus pais, também herdou o gosto por viver na roça, pela lavoura de café e pela criação de gado. Em homenagem ao pai, deu o nome Octavio à sua linha de cafés especiais e à cafeteria. Quércia casou-se com a médica Alaíde em 19. Desde então, ela assumiu um papel central na vida dele, com presença permanente no cotidiano dos negócios e da política. Quércia e Alaíde tiveram quatro filhos, Cristiane, Andréia, Rodrigo e Pedro. Com um estilo de vida simples, caseiro, ele sempre gostou de dedicar seu tempo ao convívio com a família. Orgulhoso de suas raízes, costumava se definir como “caipira do interior”. Mas tinha um sonho ao mesmo tempo singelo e grandioso: “Não quero passar pela vida sem fazer nada. Quero criar alguma coisa realmente boa, que sirva aos homens. Não pretendo ser apenas um politico profissional. Quero, isso sim, ajudar o povo a viver melhor.” No 1 | ANO 2011 | | 1 PERSPECTIVA | A presença chinesa no Brasil e no Mundo Por Rita Gallo Cresce a presença global da China no mundo e também no Brasil. À frente da segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e deixando para trás o Japão, os chineses lideraram em 2010, pela primeira vez, a lista dos países com maior investimento direto no Brasil, com um fluxo de capital de US$ 17 bilhões, pouco menos de um terço dos aportes estrangeiros no País, que totalizaram US$ 52,6 bilhões. A forte presença chinesa no Brasil causa polêmcia. Acusado de invadir o comércio local com produtos de baixo custo, o país asiático tem sido visto como o responsável por um processo de desindustrialização (eliminação da fabricação de diferentes tipos de produtos) no País. Tang Wei, advogado e diretor-geral da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), diz que a polêmica encobre um dos pontos principais da discussão, que é a falta de competitividade dos produtos brasileiros. 16 | | No 41 | 2011 “Antes de o Brasil considerar a China uma ameaça, ele precisa superar as suas próprias deficiências e ganhar competitividade global”, afirma Wei. Para o representante da Câmara BrasilChina, o Brasil tem os maiores recursos materiais do mundo, além de boa mão de obra e de baixo custo, mas o “Custo Brasil” tira do País a possibilidade de competir com a China ou com outras potências mundiais. “Falta de infraestrutura e uma alta carga tributária fazem com que o País perca terreno no comércio local e global”, afirma Wei. “O Brasil precisa desonerar os seus produtos, criar uma eficiente rede logística e estimular as empresas a mostrar os seus produtos no mundo”, explica Wei. Segundo ele, é possível observar em quase todas as feiras brasileiras a presença de fabricantes chineses. Essa presença é toda subsidicada pelo governo chinês. “Esse é incentivo ao industrial faz falta no Brasil”, diz ele. “Antes de o Brasil considerar a China uma ameaça, ele precisa superar as suas próprias deficiências e ganhar competitividade global” Tang Wei, diretor-geral da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico Muitos industriais brasileiros têm acusado a China de concorrência desleal. “Os industriais que se sentem lesados podem recorrer a Organização Mundial do Comércio (OMC) para dirimir qualquer dúvida sobre o negócios chineses ou de qualquer outro país no Brasil”, rebate Wei. Ele acrescenta que o OMC pode coibir qualquer prática desleal. Uma potência ignorada Produtos baratos e competitividade ro no mundo o rótulo “Made in China” nos A crescente presença da China é também consequência da rápida expansão do país. Até recentemente as análises econômicas sobre mercados globais externos e pesos pesados da economia mundial não incluíam a China. Hoje, o país está ao lado dos Estados Unidos como grande potência da economia mundial. A partir de 1978, a China iniciou uma série de reformas econômicas, apoiadas em subsídios estatais, com o objetivo de tornar o país um grande exportador de produtos de baixo custo e procurando atrair pesados investimentos estrangeiros. Com tais medidas, o país passou a conviver com um crescimento econômico bastante significativo. Com mão-de-obra barata, centenas de empresas estrangeiras foram atraídas para o país, tornando-o uma potência exportadora. Em 1989, mesmo depois do fim da União Soviética, a China permaneceu com seu regime fechado do ponto de vista político. Basicamente, a estratégia adotada pelos chineses nesse período baseava-se no apoio às multinacionais, que mudavam gradativamente o perfil da economia chinesa. O Estado investiu, a partir daí, na construção de alicerces para o crescimento do país, como aportes em infra-estrutura, energia, matérias-primas e mão-de-obra barata. A partir daí, as empresas estrangeiras levaram à China tecnologia - essencial para a modernização do país. Com a produção em massa, os preços dos produtos chineses ficaram baratos em comparação a outros mercados, dando para o país uma expressiva competitividade no mercado internacional. Tornou-se corriquei- mais diversos produtos. Como crescimento gera mais crescimento, com a chegada das multinacionais a China acelerou investimentos na construção de portos, aeroportos, pontes, ferrovias, entre outras obras de infraestrutura. Atualmente, com um nível de crescimento econômico assustador, a China encontra novos desafios. O principal deles talvez seja o de diminuir a dependência em relação ao comércio exterior, das multinacionais, e tentar elaborar uma economia semelhante à ocidental, baseada no consumo interno, na tecnologia de ponta e nos serviços. Mesmo assim, a “revolução econômica” serviu para tirar 400 milhões de pessoas da pobreza. Segundo o aponta o site Brasil Escola, a verdade é que ninguém sabe, ao certo, até onde os chineses podem chegar. A partir de 1978, a China iniciou uma série de reformas econômicas, apoiadas em subsídios estatais, com o objetivo de tornar o país um grande exportador de produtos de baixo custo e procurando atrair pesados investimentos estrangeiros No 41 | ANO 2011 | | 17 SERVIÇOS | Facilities Management: vagas abertas para profissionias especializados A atividade de Facilities Management vem se expandindo fortemente no Brasil na última década Por Fernando Caldas Profissionalismo A expansão da economia brasileira está gerando forte impacto sobre a demanda por serviços ligados a infraestrutura e gestão de serviços nos ambientes corporativos. Em especial, o setor de Facilities Management, ou gerenciamento de facilidades, passa por uma importante evolução, incorporando-se definitivamente à cultura empresarial do país. Cada vez mais, as organizações dependem de serviços básicos que, embora não constituam sua atividade principal (core business), são essenciais para realizar os seus objetivos com eficiência e produtividade. Por exemplo, o gerenciamento de energia, iluminação, manutenção predial, sistemas de ar-condicionado, fornecimento e uso de água, telecomunicações, gestão de resíduos, segurança, gerenciamento de contratos diversos, tais como, de frotas, documentação, alimentação e tantas outras atividades. O conceito de Facility Management engloba múltiplas disciplinas que se dedicam a assegurar a funcionalidade e eficiência do ambiente construído, por meio da integração de pessoas, processos e tecnologia, conforme definição da International Facility Management Association (IFMA), entidade norte-americana que possui cerca de 19 mil associados. Num mundo cada vez mais complexo e com maiores exigências de qualidade, eficiência, rapidez e segurança, o Facilities Management surgiu para atender expectativas cada vez maiores em relação a serviços e gestão de infraestrutura. O atendimento a essas exigências, sempre crescentes, levou ao aparecimento de uma nova classe de profissionais, mais especializados e preparados, com domínio das novas tecnologias. 18 | | No 41 | 2011 Com o crescimento do mercado, a busca por pessoal qualificado se intensificou. Isso explica a alta empregabilidade dos profissionais de Facilities Além da formação acadêmica, os profissionais, na maioria formados em engenharia, administração de empresas, economia, arquitetura e direito, acabam aliando o conhecimento científico a uma razoável habilidade ou experiência e, por que não dizer, a certa quantidade de “arte” ou insight que ajudam a entender cada momento. As relações humanas, os variados ambientes de trabalho, o inter-relacionamento com os diversos níveis hierárquicos, as questões técnicas, novas tecnologias, legislações, normas e regulamentações fazem com que este profissional se torne flexível e termine por possuir bom trânsito e conhecimento generalizado dos diversos setores de uma empresa. Nos últimos dez anos, a atividade de Facilities Management vem se expandindo fortemente no Brasil. Mesmo antes do boom imobiliário, já era crescente a demanda por esse tipo de serviço, tanto nos empreendimentos comerciais quanto residenciais. Hoje, empresas e profissionais do ramo estão presentes nos prédios de escritórios, indústrias, hospitais, universidades, hotéis, shopping centers, condomínios empresariais, centros de convenções, empresas comerciais, bem como em condomínios do tipo residence club. A busca de maior especialização evolui a passos largos. Devido à necessidade de conhecimento científico e experiência, a formação dos profissionais de Facilities leva um bom tempo. Em alguns países, há muitos anos, já existe formação específica para esses profissionais. No Brasil, ainda há falta de cursos. Somente em 2002, a Universidade de São Paulo criou o único MBA dessa modalidade no país. Com o crescimento do mercado, a busca por pessoal qualificado se intensificou, levando à sua alta empregabilidade. Frederico Behmer, Paulo Sérgio Fontebasso, Marcos Maran, Mauro Sérgio Kyriazi Campos e Gustavo Bueno Gomes compõem a nova diretoria da Abrafac, primeira associação de profissionais de facilities do Brasil Organização profissional Em 190, foi criada nos Estados Unidos a primeira entidade representativa do setor. A International Facility Management Association (IFMA) conta atualmente com mais de 19 mil associados. A associação inglesa, BIFM, tem cerca de 1 mil membros e a australiana (FMA), 9 mil. No Brasil, a primeira associação do segmento surgiu em 200. A ABRAFAC – Associação Brasileira de Facilities foi criada com o objetivo de difundir o conceito de Facility Management e valorizar os profissionais dentro e fora das organizações empresariais. A entidade conta atualmente com 30 associados, concentrados principalmente no eixo São Paulo – Rio de Janeiro. A ABRAFAC é única associação do gênero existente na América Latina. Ela reúne profissionais e empresas da área com o objetivo de concentrar e difundir conhecimento e expertise, de promover trocas de ideias e divulgar experiências e boas práticas. Em janeiro, a nova diretoria da ABRAFAC tomou posse. O novo presidente é o engenheiro Marcos Maran, gerente de Manutenção, Operação de Utilidades e Obras do Centro Empresarial de São Paulo. Na vice-presidência está Mauro Sergio Kyriasi Campos. Gustavo Bueno é o novo diretor de Marketing e Comunicação, Paulo Fontebasso é o diretor-tesoureiro e Frederico Behmer, diretor-secretário. A nova gestão já definiu a programação de eventos para 2011. Estão previstos cursos de manutenção, ar condicionado e escritórios específicos para o profissional de facility management. Três workshops, de sustentabilidade, real estate e de escritórios, também devem ocorrer, além das reuniões mensais de debates sobre temas diversos. Em junho, haverá a comemoração do FM Day (Dia do Facilities Management), evento que ocorre simultaneamente em cerca de 1 países, congregando cerca de 1 associações e perto de 30 mil participantes. Marcos Maran diz que o congresso anual, evento de 3 dias na cidade de São Paulo, promovido pela entidade no mês de outubro, contará com feira de produtos e serviços e participação de convidados estrangeiros em palestras paralelas. Uma outra novidade, informa Maran, é a formação de um grupo que vai atuar num projeto de certificação dos profissionais de Facilities em todo o Brasil, assim como no reconhecimento de programas e produtos. “A certificação é uma forma de mostrar o valor e o diferencial do profissional de Facilities”, diz ele. Outro projeto é a realização de uma pesquisa de âmbito nacional para mapear todo o setor de Facilities. A ideia depende, porém, de um patrocinador. “Precisamos consolidar o conceito da atividade no Brasil. Embora não seja visível nem tangível, a importância do Facilities Management é cada vez maior e essencial para garantir a produtividade das empresas. Por isso, a profissionalização e a valorização dos profissionais são essenciais”, afirma Maran. No 1 | 2011 | | 19 SAÚDE | Saúde em Gotas Memória em dia Preocupado com a perda de memória? Então mexa-se. Há muito a fazer para melhorar a sua memória, principalmente para permanecer física e mentalmente ativo. Segundo a famosa clínica norte-americana Mayo, existem algumas situações que nos fazem acreditar que estamos perdendo a memória. Não é possível encontrar as chaves do carro? Esqueceu o que está em sua lista de supermercado? Não consegue lembrar o nome do treinador da temporada passada do seu time do coração? Saiba que você não está sozinho. Todo mundo esquece as coisas ocasionalmente. Ainda assim, a perda de memória não é preocupante se for eventual. Para melhorá-la, é possível fazer coisas simples. Vamos a algumas dicas para manter a memória em dia: Permaneça mentalmente ativo Assim como o exercício físico ajuda a manter seu corpo em forma, as atividades mentais ajudam a manter o cérebro em forma e a afastar a perda de memória. Faça, por exermplo, palavras cruzadas. Ou leia uma seção do jornal que você costuma 20 | | No 41 | 2011 ignorar. Tome rotas alternativas durante a condução. Aprenda a tocar um instrumento musical. Seja voluntário de uma organização comunitária. Socialize-se regularmente A interação social contribui para afastar a depressão e o estresse, os quais podem contribuir para a perda de memória. Procure oportunidades para se reunir com seus entes queridos, amigos e outras pessoas – especialmente se você mora sozinho. Quando você for convidado para compartilhar uma refeição ou a participar de um evento, vá! Organize-se! Você fica mais propenso a esquecer as coisas, caso não anote os seus compromissos. Anote as tarefas, reuniões e outros eventos em um caderno especial ou calendário. Você pode até ler em voz alta os seus compromissos, para fixá-los na memória. É importante manter listas de tarefas e marcar os compromissos que você já cumpriu. Separe um determinado local para a sua carteira, chaves e outros itens essenciais. SAÚDE | Tenha foco Limite suas distrações e não tente fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Se você se concentrar nas informações que está tentando lembrar, vai ficar mais propenso a lembrar delas mais tarde. É possível conectar as suas tarefas a uma canção favorita, que trará a lembrança do compromisso. Ter uma dieta saudável Uma dieta saudável é tão bom para o cérebro como para o seu coração. Coma sempre frutas, verduras e grãos integrais. Escolha fontes de proteína com pouca gordura, como carnes magras, aves sem pele e peixes. O que você bebe conta, também. Falta de água suficiente ou muito álcool podem levar à confusão e perda de memória. Atividade física sempre A atividade física aumenta o fluxo sanguíneo para o corpo todo, incluindo o cérebro, o que pode ajudar a manter sua memória afiada. Faça pelo menos 30 minutos de atividade aeróbica por dia. Se você não tem tempo para um treino completo, acelere nos 10 minutos de caminhadas ao longo do dia. Gerencie as doenças crônicas Quando se prepocupar com a memória Resposta elaboradas pelo Dr. Mario Fernando Prieto Peres, médico neurologista, com doutorado em Neurologia pela UNIFESP, pós-doutorado na Thomas Jefferson University, Filadélfia, Estados Unidos Saúde em Gotas (SG): O que identifica perda de memória? Mario Peres (MP): A perda de memória pode ser súbita, de uma hora para outra, ou pode ser progressiva, piorando lentamente. Cada um destes tipos tem causas diferentes. A perda de memória se reflete nos esquecimentos, repetição de perguntas, desatenção, desligamento, não lembrar mais de nomes, datas, números e compromissos. SG: Existe alguma idade em que esse fenômeno comece a acontecer? MP: Pode ocorrer em qualquer idade. Crianças podem ter esquecimentos originados do déficit de atenção, que também ocorre em adultos. Já na terceira idade, o esquecimento progressivo pode ser o início de doença de alzheimer ou outras demências. A depressão e ansiedade afetam também a memória. SG: Como é possível preservar a memória? Quais os principais exercícios (se é que exitem) para manter a memória “em forma”? MP: Manter a cabeça ocupada com coisas boas, atividades físicas, atividades mentais estimulantes, como leitura, música e jogos. Manter o cérebro trabalhando é o principal segredo. Fazer cursos, aprender novas habilidades, não importa a idade. Atividade em excesso como preocupações excessivas, ansiedade, pensamentos excessivamente pessimistas atrapalham a memória. dades de resolução de problemas. Às vezes, Siga as recomendações do seu médico outros testes são necessários também. O nos tratamentos para as doenças crônicas, tratamento vai depender do que está contricomo problemas de tireóide, pressão alta e buindo para a perda de memória. depressão. Quanto melhor você se cuidar, melhor será a sua memória. Rir é o melhor remédio As pessoas têm esquecido de rir. Em décadas passadas, a população costumava rir Quando é preciso procurar ajuda Se você está preocupado com a perda de 18 minutos por dia, mas hoje não ri mais do memória – especialmente se a perda de me- que seis minutos. Especialistas dizem que as mória afeta sua capacidade para concluir suas crianças podem rir até 300 ou 400 vezes em atividades diárias –, consulte o seu médico. Ele um dias. Nos adultos essa frequência cai para ou ela provavelmente fará um exame físico, 15 vezes por dia. Mas é clinicamente provado bem como verificará a sua memória e habili- os benefícios do riso para a saúde. Segundo o dr. SK Gupta, consultor sênior e cardiologista do Indraprastha Apollo Hospitals, localizado na Índia, “quando rimos, exercitamos o coração, assim como os pulmões. Quando se ri, a frequência cardíaca muda e faz o cérebro relaxar”. Será que precisamos de rir mais hoje? “Em um mundo em que tudo acontece muito rápido, as doenças relacionadas ao estresse estão em ascensão. Mais de 70% das doenças estão relacionadas ao estresse. Para escapar do estresse, as pessoas recorrem ao fumo, álcool e drogas. Elas deveriam perceber como o riso é um medicamento maravilhoso”, diz o médico. No 41 | ANO 2011 | | 21 ENTREVISTA | Cinema e transgressão Ele pertence a uma geração de cineastas marcada pela irreverência e pela transgressão. Um ícone do Cinema Marginal e da profícua produção da Boca do Lixo paulistana nos anos 70 e 80, Carlos Reichenbach se define, sobretudo, como um adepto do pensamento libertário. O autor de “Lilian M – relatório confidencial”, “Filme Demência”, “Alma Corsária”, “Dois Córregos” e “Garotas do ABC” passou pela pornochanchada e pelo experimentalismo. Fez doze longas e um grande número de curtas e documentários. Seus filmes figuram em qualquer lista séria das melhores criações do cinema brasileiro. Aos 65 anos, ele foi o grande homenageado do 43o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizado em novembro de 2010 Por Fernando Caldas Como resolveu fazer cinema? Minha formação é literária. Minha casa sempre foi lotada de livros e revistas. Sou neto, filho e sobrinho de editores. Meu avô veio da Alemanha, a convite do governo brasileiro, para instalar a primeira litografia do país, no início do século passado. Meu pai foi editor das revistas Seleções, Casa e Jardim e Lady, entre outras. Nasci para ser um industrial gráfico. Aos nove anos, ganhei de presente um mimeógrafo à tinta. Por causa disso, tornei-me o editor de todos os jornais dos colégios em que estudei. Herdei também do meu pai o gosto pela música. Ele formou um grupo jazzístico, compunha e fazia arranjos. Eu fui estimulado a aprender piano e teclado. Durante anos, integrei um banda, a TNT 4. Quando resolvi fazer cinema, foi muito por causa da minha paixão pela literatura e pela música. Carlos Reichenbach foi homenageado no 43o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizado em novembro de 2010 Você estudou cinema Fui aluno da primeira turma do primeiro curso de cinema de nível superior, a Escola Superior de Cinema São Luis. A decisão foi complicada porque tive de escolher entre cinema e o curso de direito da Faculdade do Largo São Francisco. Mas, quando fui fazer o exame para a faculdade de direito, o tema da redação foi coincidentemente Cinema Novo Brasileiro. Entendi aquilo como um sinal do que deveria seguir. Na São Luis, tive o privilégio de ter aulas com cineastas como Luiz Sérgio Person, Roberto Santos e Paulo Emílio Salles Gomes. Tive professores como Anatol Rosenfeld, o maior teórico do teatro épico, Décio Pignatari, Mario Chamie, entre outros. Sempre tive paixão por escrever. Meu interesse maior era pela dramaturgia. O cinema entrou na minha vida a partir de uma experiência com meu pai. Ele era amigo do cineasta Oswaldo Sampaio [de Sinhá Moça e A Estrada]. Aos 10 22 | | No 41 | 2011 anos, assisti à leitura do roteiro cinematográfico que Sampaio havia escrito para Jovita, de Dinah Silveira de Queiroz. Sampaio leu o roteiro com tanta emoção e intensidade que resolvi naquele momento que aquela seria minha forma de expressão. Desde então, percebi que o que me interessava realmente era a linguagem do roteiro cinematográfico. Então, resolveu fazer roteiro? Aos 12 anos, escrevi meu primeiro roteiro. O tex- Cena de Alma Corsária, filme de Reichenbach de 1993 A atriz Carolina Ferraz, no filme Alma Corsária Rosanne Mulholland e Cauã Reymond, em Falsa Loira (2008) to rascunhado na minha pré-adolescência é o ponto de partida e ao mesmo tempo o meu filme de despedida. É o filme com o qual eu gostaria de me aposentar. Chama-se “O mar das mulheres finais”. Gostaria de fazer um filme que fosse uma espécie de inventário. Que falasse dos erros que cometi na vida, dos amigos que eu deixei de acolher, das mulheres que eu não amei direito. neófito. Não há prazer maior do que saber lidar com qualquer repertório. por se fazer cinema naquela época. O seu Carvalho, da Rex, e o seu Martins, da Líder. O Osualdo Candeias, importante cineasta experimental, só conseguiu fazer seu filme porque o senhor Martins deu-lhe crédito: “Vai lá, faz e depois a gente acerta”. Eles eram mais do que mecenas. Eram verdadeiras mães. O cinema brasileiro, principalmente o cinema autoral, foi feito em cima dessas relações de amizade e de simpatias. Mas, ao fim, você se tornou diretor. Foi Luís Sérgio Person que me empurrou para o profissionalismo. Sempre tive predisposição a trabalhar sozinho. Ser diretor me parecia distante. Não achava que daria certo trabalhar com equipes. Foi ele que me disse: “vai, que você aprende”. Sempre achei mais fácil mostrar o que eu queria do que explicar. Por conta disso, fui aprender fotografia. O que foi uma utilidade para minha profissão. Fotografei 32 longas metragens e uma grande quantidade de documentários. Essa parte prática foi o que me fez aprender a viver uma vida em grupo, uma vida mágica, cigana e nômade. Viajei o país todo filmando. Vivia apaixonado. Nunca imaginei que pudesse ter esse tipo de prazer. Mas esse conhecimento prático, de certa forma, me ensinou que, no fundo, inteligência não é erudição. É sim a capacidade de conviver com o erudito e o analfabeto. Dialogar com o catedrático e o Você assiste a todos os gêneros de filmes? Meu gosto pelo cinema foi adquirido numa coisa que era comum na minha época de adolescente: as sessões duplas. Vi tudo de bom e de ruim. O cinema sempre foi uma coisa barata. Principalmente o cinema de rua. Podia assistir a diversos filmes sem grande custo. Sempre me pergunto por que hoje o cinema virou coisa de burguês, de classe média alta, de gente que tem dinheiro para pagar R$ 20 ou R$ 30. O cinema na minha época custava algo equivalente a uma passagem de ônibus. O cinema brasileiro tinha público porque era barato. Era a principal diversão das classes C e D. Alguma coisa está errada agora... Muitas coisas mudaram. Para pior. A produção de cinema também mudou. Quando comecei a fazer meu primeiro longa, as coisas mais caras eram o negativo e a revelação em laboratório. Nada custava mais do que isso, nem equipe técnica, nem a produção. Hoje, aquilo que era mais caro tornou-se a coisa mais barata dentro de um orçamento. Para se ter uma ideia, havia na época dois grandes laboratório em São Paulo: Rex e Líder. Eram os donos dos laboratórios que abriam crédito para a gente produzir. Essas pessoas foram responsáveis Onde nasceu o Cinema Marginal? De certa maneira, nasceu no entorno da Escola Superior de Cinema São Luís, na avenida Paulista. A uma quadra dali, estava o Cine Belas Artes e, em frente dele, o Bar Riviera e o Ponto 4. Em torno desses quatro pontos, nasceu o cinema marginal. Eu, João Callegaro, Carlos Ebert, Hideo Nakayama e Miguel Chaia fomos alunos da São Luis. Porém, mais importante eram as pessoas que frequentavam. Não tinham aulas, mas estavam sempre por ali. Rogério Sganzerla, Osualdo Candeias, José Mojica Marins e outros. Todos viviam se cruzando, vendo os filmes uns dos outros. Foi essa convivência que acabou migrando para a Boca do Lixo. Inicialmente, o pessoal da Boca ficou com o pé atrás com aquele pessoal cabeludo, com roupas justas e sandálias. Houve um produtor que chegou a proibir minha entrada e do meu sócio. Éramos vistos como hippies… (risos) No 41 | ANO 2011 | | 23 ENTREVISTA | Por que os cineastas de sua época se aproximaram da Boca do Lixo? Fomos levados para a rua do Triunfo principalmente por causa de Luis Sérgio Person. Ele dizia: “Cinema tem que se fazer nas Bocas”. Ali ficavam as distribuidoras, as produtoras independentes. Não fomos atraídos pelo charme do baixo meretrício, mas por uma razão muito simples. A circulação dos filmes era feita com latas enormes, com 300 metros de filme. Cada filme com 8 ou 9 rolos. Essas latas tinham de viajar para o país inteiro. Por isso, era importante que as distribuidoras ficassem próximas às estações rodoviárias e de trem. Próximo à Boca do Lixo estavam as estações da Luz e Sorocabana, assim como a antiga rodoviária. Então, não havia nada de mitologia do baixo mundo. Tinha a ver com a facilidade da circulação dos filmes. O Cinema Marginal tinha uma missão? De certa forma, o Cinema Marginal da minha geração está para o cinema brasileiro como o tropicalismo está para a música brasileira. Somos fruto do Pós 64. Somos a geração 68, que trocou a subversão pela transgressão. A geração do Cinema Novo trabalhava com as certezas: “A arte tem obrigação de mudar o mundo”. Já a geração 68 acreditava que a arte tinha de mudar antes de tudo as pessoas, os indivíduos. Não trabalhava mais com as certezas: “Não sei o que quero. Sei o que eu não quero”. Toda a minha formação ideológica e política foi feita em cima dos pensadores libertários, como Daniel Guerin, Enrico Malatesta. Era fascinado por Proudhon. Os meus filmes da década de 70 foram feitos sob a égide da metáfora. Liliam M é exemplo disso. A censura da época não entendeu nada. Embora tivesse cortado partes do filme, não retirou o essencial. Curiosamente, a BBC de Londres também censurou o filme porque entendeu que o que estava ali era uma alusão à tortura, coisa que passou em branco para o pessoal do regime. 24 | | No 41 | 2011 Carlos Reichenbach na filmagem de Garotas do ABC (2003) Há possibilidade de fazer hoje algo parecido? O cinema mudou muito no período Pós Aids. Ele careteou demais. A repressão dos anos 60 e 70 focava o ideário político. Hoje, a repressão é em cima do livre arbítrio. O contexto comportamental é o seu foco. O fascismo se manifesta no como as pessoas devem se sentar, devem se vestir ou acender o cigarro. A aparência de que hoje existe mais tolerância é uma mentira. A década de 70 foi muito mais tolerante. Existe uma receita para um filme ser sucesso de bilheteria? No cinema existe um tipo de cheque visado: o best seller. É muito difícil um best seller não dar certo no cinema. Isso no mundo inteiro. O problema no Brasil é que o mercado cinematográfico deixou de ser popular. O cinema não é mais um bem das famílias das classes C e D. Não existe mais salas populaEdward Freund e Célia Olga Benvenutti, em Lilian M (1974) res, o cinema de rua e de bairro. De alguns Você também fez filmes mais populares. Como anos para cá, o cinema brasileiro se tornou se aproximou da pornochanchada? dependente de um único canal de televisão. Desde o meu primeiro longa, utilizo um repertó- Por isso, acabou mimetizando a dramaturrio popular. Minha obsessão em relação à lingua- gia da TV. Isso é uma calamidade... gem do cinema é fazer dialogar o popular e o erudito. Não tenho nenhum pudor. A chanchada Você tem um projeto novo? foi o gênero mais popular do cinema brasileiro. Meu próximo filme vai ser rodado em cinco Adoro a chanchada. Fiz dois pornochanchadas e cidades da região centro-oeste de São Pautenho o maior orgulho disso. “Ilha dos prazeres lo. O projeto se chama “Um anjo desarticuproibidos” bateu recorde de bilheteria, quase 4 lado”. É uma investigação teológica. Conta a milhões de espectadores. Passou em três países história de um artista plástico que perdeu da América Latina. O filme é uma celebração a inspiração e vai em busca de um homem da algazarra. No fundo, fala sobre o hedonismo, santo. É um filme sobre o êxtase e a fé. Um liberação sexual e vida tribal. Depois, fiz “Impé- encontro de Fausto com o deus escondido. rio dos desejos”. Aí botei para quebrar. Nunca O projeto já tem quase dez anos. Em síntecoloquei tantas ideias num filme. Fiz um filme se, revela que o mais importante é o procesanarcolibertário, que abria com a frase: “toda a so. A busca está no centro do drama. Tenho propriedade é um roubo”. A censura barrou na também um projeto de fazer um musical hora. Gostaria de fazer alguma coisa nova com com composições minhas e arranjos e diremesma liberdade. ção musical de Nelson Ayres e Marcos Levy. ATITUDE A consciência do seu objetivo ROBERTO SHINYASHIKI Hoje em dia temos dois momentos de adolescência. Aquele dos 15 aos 21 anos e outro chamado de “maturescência”, uma adolescência que o ser humano vive ao redor dos 50 anos. Nessa fase, ele se pergunta: o que eu quero fazer com a outra metade da minha vida? Como quero viver? Portanto, independentemente da sua idade, reflita com cuidado sobre o que você quer fazer com sua vida. Como a maioria das decisões é tomada em momentos de rebeldia, quer seja na adolescência, quer seja no inconformismo assumido após os 40 anos, muitas vezes as pessoas definem aquilo que não querem da vida, mas sem ter clareza do que desejam. Não querem, por exemplo, um trabalho que exija viagens, ou então detestam mexer com números, ou ainda não gostam de lidar com gente o dia inteiro. Mas eliminar opções não significa que você encontrou um caminho a seguir. Além de saber o que você não quer, é preciso definir onde está aquilo que você prefere: sua vocação. Se você fosse um jogador de futebol, a melhor maneira de descobrir sua vocação seria se perguntar: como vou me sentir melhor no jogo da minha vida: sendo um goleiro, um defensor ou um atacante? Todos sabem que querer transformar um atacante em goleiro será um problema para o jogador, para o time e para toda a torcida! A pessoa precisa atuar onde se sente melhor e onde seus talentos possam ser usados plenamente. Isso não significa que o atacante não deva ajudar a defesa nem que o defensor não ajude o ataque, mas o importante é que cada um siga e desenvolva sua verdadeira vocação. Para encontrar sua vocação, é preciso controlar a ansiedade e aprender a conhecer melhor a si mesmo. Na maior parte das vezes, quando oriento um executivo ou um empresário numa fase em que precisa redefinir suas prioridades, percebo que mal começo a responder a uma pergunta ele já está levantando outra questão. Nesse tipo de busca, escutar é algo importantíssimo para descobrir nossa real vocação, especialmente quando o que ouvimos aqui fora consegue despertar nossa voz interior. “ O importante é se capacitar, para que sua profissão lhe traga, além do prazer natural de cumprir sua missão, a tranqüilidade econômica decorrente de um trabalho realizado com o máximo de perfeição ” Para avaliar a própria vida e encontrar novos rumos, é fundamental reservar alguns momentos para ficar em silêncio. Gilberto Gil canta numa de suas canções: “Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós”. Ele sabe que é preciso estar consigo mesmo para ouvir o Deus que existe em nosso interior. Devemos procurar um lugar silencioso, uma praia, talvez uma montanha, mas também pode ser nosso quarto, longe de revistas, livros, televisão, computador... Depois, precisamos ficar sentados ou caminhar para escutar essa voz interior, geralmente abafada pelas preocupações e correrias cotidianas. Você é o único que pode criar esse tempo para pensar em sua vida. Não fuja de si mesmo. O grande encontro é com você. A pessoa que você precisa conhecer hoje é você mesmo, com sua alma, com suas reais preferências. Então, batalhe por esse encontro. Vale a pena! Roberto Shinyashiki é psiquiatra, palestrante e autor de livros (www.shinyashiki.com.br) No 41 | 2011 | | 25 TURISMO | St. Andrews: do golfe ao cenário romântico da realeza Príncipe Willian e a namorada Kate Middleton tiveram seus primeiros flertes na bucólica cidade escocesa Por Davi Brandão Fotos: Divulgação No próximo dia 29 de abril, os holofotes da imprensa, mundo afora, estarão envoltos na cerimônia matrimonial do príncipe William e sua namorada de longa data, Kate Middleton, a ser realizada na Abadia de Westminster, em Londres. Destino procurado por muitos brasileiros, a cidade de St. Andreww, lugar onde teve início o namorado dos nobres jovens começa a despertar a atenção dos viajantes de todo o mundo, e certamente terá seu destaque elevado na rota turística mundial, após a celebração do enlace da realeza. Com o auxilio do VisitBritain —órgão oficial do governo britânico para promover o turismo na Inglaterra, Escócia e País de Gales, a Revista do Centro Empresarial São Paulo Cidade abriga o Museu Britânico do Golfe, o principal centro de história e patrimônio do golfe no mundo separou alguns pontos turísticos àqueles que rável devido ao seu título invejável de lar do O centro medieval de St Andrews, com pretendem visitar a terra de romantismo, es- golfe, atraindo visitantes do mundo todo. suas vielas estreitas e ruas de pedra, leva à colhida pelo jovem casal real. Acompanhe: A Universidade de St Andrews, fundada catedral, agora em ruínas (outrora a maior da em 1413, domina o centro da cidade. Os ele- Escócia) e à igreja adjacente de S. Regulus, St Andrews gantes edifícios cobertos de heras e os pátios cujas escadas em espiral conduzem ao topo Talvez nunca tenha se falado tanto e jardins encantadores já testemunharam a de uma torre de 33 metros que proporciona sobre a cidade de St Andrews. Localizada graduação de diversos alunos famosos, in- vistas magníficas da cidade e dos arredores. no Reino de Fife, o local ficou, sem dúvida, cluindo, claro, a do príncipe William. O futuro rei St Andrews possui duas praias excelenassociado ao namoro do príncipe William e já se formou, mas St Andrews continua sendo tes; uma delas é a West Sands, onde a faa futura princesa Katherine. A cidade tam- uma das melhores universidades da Grã-Bre- mosa sequência de abertura de Carruagens bém abriga a universidade mais antiga da tanha, muitas vezes comparada a Oxford e de Fogo foi filmada. Dentre as várias atrações Escócia, onde o casal se conheceu. Mas St Cambridge, por sua presença dominante e da cidade estão o Jardim Botânico, o Museu Andrews possuía uma reputação conside- pela atmosfera que confere à cidade. Universitário e o Museu Britânico de Golfe. 26 | | No 41 | 2011 St. Andrews, localizada no Reino de Fife, ficou associada ao namoro do príncipe William e a futura princesa Katherine. A cidade também abriga a universidade mais antiga da Escócia, onde o casal se conheceu magnífico sarcófago de St Andrews da época dos pictos. A Torre de St. Rule, no pátio, faz parte da primeira igreja dos cônegos agostinianos em St Andrews, construída no início do século XII. Museu Britânico do Golfe Centro medieval de St Andrews, com suas vielas estreitas e ruas de pedra Além de sua reputação por ter alguns dos melhores campos de golfe do mundo, Fife e seus arredores abrigam algumas das paisagens mais impressionantes da Escócia e atrações turísticas fascinantes, como o Castelo de St Andrews, a Catedral de St Andrews, o Jardim Botânico de St Andrews, entre outros. em forma de garrafa, a mina e a contramina, escavadas durante o cerco, em 1546. Uma exposição fascinante no centro de visitantes revela a história do castelo e da catedral. Catedral de St Andrews Aqui se encontram as ruínas da maior catedral da Escócia. As paredes do pátio estão particularmente bem preservadas. Castelo de St Andrews Parte das ruínas do castelo dos arcebis- O Museu da Catedral abriga uma notável pos de St Andrews data do século XIII. As coleção de esculturas medievais e outras características notáveis incluem o calabouço relíquias encontradas no local, incluindo o O primoroso Museu Britânico do Golfe está situado no coração do lar do golfe, a apenas 61 metros do famoso Old Course. Exposições criativas, atividades interativas e apresentações multimídia impressionantes revelam 500 anos de história do golfe. O Museu Britânico do Golfe é o principal centro de história e patrimônio do golfe no mundo. Visite o histórico Old Course O Old Course é o lar do golfe, onde o esporte foi praticado pela primeira vez, 600 atrás. Ele ainda preserva o verdadeiro espírito do golfe para os campeões atuais. O lendário campo original é sinônimo da abertura do campeonato, que já foi realizada mais vezes aqui do que em qualquer outro local e sediou, pela 28a vez, o campeonato de 2010, no 150o aniversário da competição. Apesar de sua fama e status, é um dos sete campos de golfe públicos de St Andrews. No 41 | 2011 | | 27 TURISMO | O Old Course, lar do golfe, onde o esporte foi praticado pela primeira vez, é um dos sete campos de golfe públicos de St. Andrews Jardim Botânico de St Andrews O Jardim Botânico de St Andrews se estende por 7 hectares de belíssimos jardins e estufas. Localizado entre Lade Braes e Canongate, fica a uma pequena distância da cidade, podendo ser percorrida a pé ou de ônibus, e conta com um amplo estacionamento. Ao abrigo das árvores, o local é descrito por muitos como uma “joia secreta”. O projeto contempla habitats interligados, nos quais há muitas plantas fascinantes e incomuns para serem vistas. O jardim abre o ano todo, a partir das 10 horas. Há uma pequena taxa de entrada e uma “caixa de confiança” durante os meses de inverno. MUSA: Museu da Universidade de St Andrews O Museu da Universidade de St Andrews (MUSA), inaugurado em outubro de 2008, exibe ao público, pela primeira vez, alguns dos tesouros reais dentre o acervo de mais de 112 mil artefatos da universidade. O museu possui quatro galerias, um “sótão inclinado” e um terraço panorâmico com vista da baía de St Andrews. O MUSA é gratuito ao público. 28 | | No 41 | 2011 Ligação do príncipe Willian com St. Andrews - O príncipe William obteve o grau William durante sua permanência em St. 2:1 do mestrado escocês em St. Andrews Andrews, onde, ao que consta, ele costucom honras de nível dois superior em ge- mava beber cidra com seus seguranças. ografia, superando seu pai, que atingiu o grau 2:2 em Cambridge. - O príncipe morou no alojamento de estudantes de St. Salvator antes de se - Ele era supostamente chamado de mudar para uma casa na Hope Street. “Steve” pelos outros alunos para evitar que os jornalistas soubessem sua verdadeira - Quando ficavam na Hope Street, o identidade quando os estudantes estives- príncipe e Kate Middleton costumavam sem se referindo a ele. caminhar pela deslumbrante St. Andrews West Sands. - Sua graduação foi a primeira da família na qual a rainha compareceu – ela - A localização também lhes permitia não esteve presente na de seus filhos. caminhar pelo castelo e a catedral de St. Andrews, ao passo que a bela Tentsmuir - O Ma Bells Bistro Bar do St. Andrews Forest proporcionava certa privacidade e Golf Hotel era o pub predileto do príncipe contato com a natureza. Doceira Vivi completa 30 anos A Doceira Vivi virou balzaquiana. Completou seus 30 anos de existência com total reconhecimento do público. Inaugurada em 10 de fevereiro de 1981, ela é hoje o estabelecimento do ramo de alimentação mais antigo do Centro Empresarial de São Paulo. O longo tempo de funcionamento da Doceira Vivi se confunde com história do seu proprietário, Teodoro Petrov. Há 30 anos, ele começou o negócio em uma pequena loja do condomínio. Vendia salgados e lanches frios. Hoje, seus dois filhos, Leonardo e Paulo Petrov, dividem com ele a administração da ico m ô ulo a n o P r o t s ã S a g l de a i r a Roteiro es pr m E o r t do Cen casa, que ampliou seus espaço e diversificou seus produtos. A Doceira Vivi oferece lanches quentes, pães variados, mais de 20 tipos de salgados, doces, sucos, vitaminas, café e saladas de fruta. Todos os itens são de produção própria. Além da venda no balcão, a casa oferece para as empresas do Centro Empresarial um serviço completo de café da manhã, coffee break, lanches variados, sanduíches de metro e bolos feitos por encomendas. Uma das marcas da Doceira Vivi é o atendimento rápido e eficiente. Os clientes que precisam economizar tempo en- contram plena satisfação. Por isso, a casa está sempre movimentada, funcionando no ritmo quente do Centro Empresarial. Ela funciona de segunda a sexta-feira, das 5 horas da manhã até as 19 horas. Leonardo Petrov, que desde menino acompanha os passos do pai, reflete a energia da casa. Ele está sempre atento à excelência dos serviços e do atendimento prestado pelos 20 funcionários da Doceira Vivi. “A variedade, a qualidade, os preços e a rapidez do atendimento são o segredo do sucesso e da longa história da Doceira Vivi”, revela Leonardo Petrov. No 41 | 2011 | | 29 Shopping Panamby BANCOS Tudo isso você encontra no Centro Empresarial de São Paulo BANCO DO BRASIL SANTANDER BRADESCO CAIXA ECONÔMICA FEDERAL CITIBANK HSBC BANK DO BRASIL ITAÚ PERSONNALITE ITAÚ ITAÚ Bloco A - Piso Shopping Bloco D - Piso Shopping Corredor E-G/Piso Shopping Bloco G - Jardim Bloco F - Piso Shopping Corredor D-G/Piso Shopping Corredor E-G/Piso Shopping Bloco E - Piso Shopping Corredor D-G/Piso Shopping 3741-8981 3741-6999 3741-6230 3503-3150 2122-8171 3741-6190 3003-4828 3741-5566 4004-1053 ALIMENTAÇÃO CAFETERIA, CHOPPERIAS, LANCHONETES E DOCERIAS BORBA`S Bloco B - Piso Shopping CACAU SHOW Bloco C - Piso Shopping CAFÉ DA PRAÇA Galleria - Piso Shopping CARMINE´S Galleria - Piso Shopping CASA DO PÃO DE QUEIJO Bloco F - Piso Shopping CHARLOTTE Corredor F-G/Piso Shopping CHOPP BRAHMA Corredor G-F - Piso Shopping DOCERIA VIVI Bloco B - Piso Shopping KOPENHAGEN Galleria - Piso Shopping McDONALD`S Bloco F - Piso Shopping SUBWAY Bloco F - Piso Shopping UNO & DUE Corredor B-G/Piso Shopping VILA CAFÉ Corredor F-G/Piso Shopping YOGOFRESH Bloco G - Piso Shopping 3741-3300 3741-6624 3741-1130 3748-0383 3741-1933 3741-1566 3741-5291 3741-5425 3741-9884 3741-2100 3741-2400 3741-3322 3741-1414 3741-8890 CONVENIÊNCIA EXECUTIVE TOBACCO MONTSOU NUTRIX 3741-2442 3741-6724 3741-3555 30 | Corredor C-G/Piso Shopping Corredor F-G/Piso Shopping Corredor F-G/Piso Shopping | No 41 | 2011 RESTAURANTES AQUARIUS Bloco F - Piso Shopping ARAK Corredor F-G/Piso Shopping CULT GASTRONOMIA Bloco A - Piso Shopping DAISSUKI Corredor A-G/Piso Shopping DAN RESTAURANTES Corredor A-B/Piso Shopping GOSTINHO BRASILEIRO Corredor A-B/Piso Shopping e G/Piso Panamby JIN JIN Correodr G-A - Piso Shopping LE POINT Bloco B - Piso Shopping LIVERPOOL Corredor A-B/Piso Shopping MAANAIM Bloco F - Piso Shopping MONTANA GRILL EXPRESS Bloco F - Piso Shopping OLIVA Corredor B-G/Piso Shopping PANDA INN Corredor A-B/Piso Shopping PHILADELPHIA BUFFET Corredor A-B/Piso Shopping SABORINI Corredor A-G/Piso Shopping SANTE Corredor B-G/Piso Shopping VIA PASTA Bloco F - Piso Shopping ZARAPEUSTA Bloco F - Piso Shopping 3741-9596 3741-6777 3741-2154 3741-6389 3741-1515 3741-1616 3741-4755 3741-2600 3741-2141 3741-1466 2122-8161 3741-5451 3741-1313 3741-2221 3741-3200 3741-1133 3741-1207 3741-2765 LOJAS ACADEMIA CURVES ACADEMIA (fem) MONDAY ACADEMIA AGÊNCIA DE TURISMO/CÂMBIO CVC IDOIL VIAGENS SOL CORRETORA AUTOMOTIVOS AUTO POSTO META BIJUTERIAS E ACESSÓRIOS K`DOURO MORANA BRINQUEDO MAGICAL KID´S STORE Bloco A - Piso Shopping Piso Panamby Bloco B - Piso Shopping Corredor D-G - Piso Shopping Bloco F - Piso Shopping Área Externa Corredor G-F - Piso Shopping Bloco C - Piso Shopping 3741-1900 3747-7730 3747-7122 3741-1820 3748-1020 3741-2282 3741-4971 3741-7889 CALÇADOS E BOLSAS BAGUNCINHA GATA & SAPATO NÔMADE ZATTA Bloco G-C - Piso Shopping Bloco F - Piso Shopping Bloco C - Piso Shopping Bloco G - Piso Shopping 3741-8330 3741-4441 3741-5523 3741-7888 CELULAR CELLULAR MIX/TIM VIVO Bloco G - Piso Shopping Bloco G - Piso Shopping 5853-2351 3741-3584 CINE, FOTO, SOM ÓTICA ÓTICA ORTIZ PHOTO CENTER COPIADORA E GRÁFICA COPY BOX CORREIOS, DESPACHOS E ENTREGAS CORREIOS HELD TRANPORTES URGENTES VARIGLOG ESTACIONAMENTO VISITANTE ESTAPAR ESTÉTICA E MEDICINA ALTERNATIVA CLEAN ELLO´S CABELEIREIROS Bloco C - Piso Shopping 3741-6880 Corredor D-G/Piso Shopping Bloco C - Piso Shopping 3741-8607 3741-2175 Bloco F - Piso Shopping Corredor G-E - Piso Shopping 3741-3899 LIVROS, REVISTAS E PAPELARIA ART & MAGAZINE MTM PAPELARIA Bloco C - Piso Shopping Bloco C - Piso Shopping 3741-6734 3741-2522 LOCAÇÃO DE VEÍCULOS LOCALIZA RENT A CAR UNIDAS RENT A CAR Bloco A - Piso Shopping Bloco F - Piso Shopping 2122-8093 3741-5065 LOTÉRICAS WINNER LOTERIAS Bloco C - Piso Shopping 3741-8221 MODA BAGUNCINHA (INFANTIL) BARRED´S (FEM) COLOMBO (MASC) DENYSOUZA (GERAL) DRESS UP (FEM) FATTO A MANO (MASC) FUSK (GERAL) HERING (GERAL) PEÇA ÚNICA (FEM) SIGNAL FLAG (FEM) SIMULASSÃO (FEM) WELL (UNISSEX) Corredor C-G/Piso Shopping Galleria - Piso Shopping Corredor C-G/Piso Shopping Bloco F - Piso Shopping Bloco F - Piso Shopping Bloco F - Piso Shopping Bloco G - Piso Shopping Galeria - Piso Shopping Corredor C-G/Piso Shopping Galleria - Piso Shopping Galleria - Piso Shopping Bloco B - Piso Shopping 3741-8330 3741-6593 3741-8859 3747-7371 3741-2955 3741-1500 3747-7022 3741-2999 3741-9388 3741-2445 3741-1494 3741-5378 MODA ÍNTIMA BASIC WEAR MILHÕES DE MEIAS Corredor C-G - Piso Shopping Galleria - Piso Shopping 3741-6102 3748-0414 Bloco F - Piso Shopping 3741-5065 PRODUTOS NATURAIS MUNDO VERDE Corredor G-A - Piso Panamby 3741-5004 RELOJOARIA RELOJOARIA KAIRÓS Bloco G - Piso Shopping 3741-5300 SAÚDE AÇÃO DENTAL CLIDEC (Odonto) CLÍNICA DE OLHOS NÚCLEO DE SAÚDE INTEGRADA Bloco C - Piso Shopping Bloco F - Piso Shopping Bloco F - Piso Shopping Bloco C - Piso Shopping 5853-3040 3741-8555 3741-1017 3741-9977 SEGUROS E PREVIDÊNCIA MAPFRE VERA CRUZ SEGUROS Bloco G - Piso Shopping 3741-3809 SUPLEMENTOS ALIMENTARES SNC Galeria - Piso Shopping 3748-9978 3741-6100 Bloco G - Piso Shopping CHAVEIRO, CARIMBOS E SAPATARIA SAPATARIA DO FUTURO JOALHERIA BLUE SPIRIT PRESENTES TUTTI QUANTI 3748-0872 Bloco A - Piso Shopping Bloco C - Piso Panamby Bloco A - Piso Shopping 3741-3028 3741-2456 3741-4455 Estacionamento 3741-5073 Bloco G - Piso Shopping Bloco A - Piso Shopping 3741-1100 3747-7202 FARMÁCIA E PERFUMARIA DROGA ALETA FARMALIFE O BOTICÁRIO THAYTI PRESENTES Bloco G - Piso Shopping Bloco C - Piso Shopping Bloco C - Piso Shopping Galleria - Piso Shopping 3741-4440 3741-6599 3741-4526 3741-6244 IDIOMAS MAYFAIR Bloco G - Piso Shopping 3741-1000 INFORMÁTICA PHOTO CENTER RE-CICLO DE CARTUCHOS Bloco C - Piso Shopping Bloco G - Piso Shopping 3741-2175 3741-9858 Anuncie 3815-5566 – Ramal 27 No 41 | ANO 2011 | | 31 CULTURA | Agenda Cultural TEATRO ALFA Endereço: R. Bento Branco de Andrade Filho, no 722, Santo Amaro.. – Tel: (11) 5693-4000 Conheça a programação das casas de espetáculos que ficam próximas ao Centro Empresarial de São Paulo Evita (musical) 26 de março a 31 de Julho Quinta-feira, 21h Sexta (21h30) e Domingo (20h) Sábado (17h e 21h) Domingo (16h) Circo de Pulgas (infantil) 12 de Março a 01 de Maio Sábados e Domingos: 19h HSBC BRASIL Pés Desclaços (infantil) Estreia dia 19 de Março Sábados e Domingos: 17h30 R. Bragança Paulista, 1281 – Chácara Santo Antônio – São Paulo, SP – Tel: 4003-1212 MARÇO 12 de março Tarja Horário: 22h ABRIL 1 de abril Beth Carvalho Horário: 22h 26 de março Morcheeba Horário: 22h 2 de abril Boys Like Girls Horário: 20h CREDICARD HALL MAIO 6 de maio Renato Teixeira e Sergio Reis Horário: 22h 14 de maio The Cult Horário: 22h 20 de maio Harlem Gospel Choir Horário: 22h 22 de maio Village People Horário: 22h Av. Nações Unidas 17.955, Santo Amaro, SP Tel: (11) 2846-6000 MARÇO 17 de março Seal Horário: 21h30 ABRIL 01 e 02 de abril Maria Gadú Horário: 22h 23 de abril Leonardo Horário: 22h 19 de março Eduardo Costa Horário: 22h 04 de abril Deftones e Cypress Hill Horário: 21h30 14 e 19 de abril Roxette Horário: 14/04: a definir, 19/04: 21h30 25 e 26 de março Roupa Nova Horário: 22h 05 de abril Elvis Costello & The Imposters Horário: a definir 29 e 30 de abril Fábio Junior Horário: 22h 08 e 09 de abril Daniel Horário: 22h 32 | Pedro Palerma e outras Histórias (infantil) Estreia dia 12 de Março Sábados e Domingos: 16h | No 41 | 2011 MAIO 07 de maio Kid Abelha Horário: 22h 13 de maio All You Need is Love & Orquestra Horário: 22h 21 de maio Belo Horário: 22h 27 e 28 de maio Zeca Pagodinho Horário: 22h 14 de maio Ian Anderson’s Jethro Tull Horário: a definir Alimentos orgânicos: respeito pelo homem Aracely Gil Em busca de um estilo de vida saudável, cada vez mais pessoas buscam consumir produtos orgânicos. Os alimentos orgânicos são cultivados sem a utilização de agrotóxicos e outros produtos nocivos a saúde humana e ao meio ambiente. Desta forma, a produção agrícola busca, de maneira sustentável, trabalhar e conservar o solo e demais recursos naturais, como água, plantas e animais, diminuindo o impacto causado ao ecossistema. Há estudos que comprovam que a exposição aos agrotóxicos utilizados no plantio e cultivo dos alimentos podem causar dores de cabeça, desequilíbrio hormonais com danos que vão da obesidade e depressão à redução da fertilidade masculina. Diante destes riscos, os alimentos orgânicos representam uma alternativa saudá- Aracely Gil, nutricionista formada pela São Camilo e consultora da loja Mundo Verde do Shopping Panamby vel de consumo. Mas ao escolher o alimento orgânico, o consumidor deve observar a origem e qualidade do produto. Dois conceitos são fundamentais na produção orgânica: a relação de confiança entre produtor e consumidor e o controle de qualidade. Para identificar os produtos orgânicos, foram criados os selos de certificação de produtos orgânicos. Estes selos certificam que o produto está sendo cultivado ou processado de acordo com as normas de produção orgânicas. A certificação exige uma série de cuidados, desde a desintoxicação do solo até o envolvimento com projetos sociais e de preservação do meio ambiente. Os produtos orgânicos podem ser identificados com um ou mais selos de certificação. Entre eles estão: Associação de Agricultores Biológicos (ABIO), Francesa Ecocert-Brasil, Sistema de Certificação Ecosocial IBD Aproveite que o ano está começando para iniciar uma vida com hábitos alimentares mais saudáveis e aproveite para consultar um nutricionista. Seu organismo agradece! No 41 | 2011 | | 33 COLUNA | O povo despido jamais será vencido Gaspar Junior * Foliões e adrenalinas, confetes e serpentinas, pierrôs e colombinas, maquiagens e purpurinas – ao contrário de Fênix e da Bahia, tudo termina na quarta-feira de cinzas. A Bahia é o mais ardente e interminável camarote da folia. No carnaval da Bahia, o ócio que era a preguiça chic, vira o ânimo que é a alma do corpo. E o corpo aqui fica sendo o da mulata com seu inventário de morenidade, lubricidade, volubilidade e pecabilidade. Uma consagração assinada pela plástica e ousadia estética de Di Cavalcanti à corporificação do borogodó no rebolado sobrenatural das mulatas do Sargentelli. A Bahia inventou a mulata e a mulata inventou a primeira ata do samba. Mulata aqui tem o sabor do acarajé, o cheiro do ariaxé, o ritmo do afoxé, a fé do candomblé, a cor do café, o samba no pé. A mulata tem o sol incrustado na pele. O que ela não tem é a nuvem. Não existe escola de samba sem mulata. Sem o ziriguidum do seu bumbum. Mulata é a vinheta globeleza na escultura impecável de sua nudeza. Na tela da globo – a gente fica mais bobo – a gente se despe por aqui. Perdoe-me Nelson, mas nenhuma nudez no carnaval será castigada. 34 | | No 41 | 2011 O carnaval no Brasil é um desfile carnal e viril. “O povo despido jamais será vencido.” Gritou o puxador de samba da Escola Acadêmicos do Nudismo. Que há em nós no carnaval, senão nós nus ? Questionou um naturista enrolado numa serpentina transparente. A essência da liberdade de expressão sempre contemplou o corpo nu como símbolo absoluto da intimidade e da independência. O fotógrafo Spencer Tunick desnua e estatua esse povo recriando o mundo livre, leve, limpo. Spencer Tunick é o carnavalesco do século. Suas fotos revelam um paradísico cenário de autonomia sem a presença pecaminosa da macieira e da serpente. É na fantasia nua que vestimos a pele do que somos. Todos iguais e todos diferentes. Aliás, não há diversão na vida sem diversidade. E a mais autêntica das diversidades é a NUDIVERSIDADE humana. Nela encontramos a exultação de sermos idênticos pela identidade das diferenças. A nudez retira do palco o despotismo e enaltece o despojamento. Como diria baianamente um purobaiano-filósofo de Santo Amaro da Purificação: “Eu me fantasiei o ano inteiro para no carnaval sair de mim e me fantasiar de mim mesmo: nu como vim ao planeta terra.” O carnaval é a rebeldia diluída nessa nudação. Se vivemos vestidos com a anatomia da dissimulação, se representamos cada ato e desacato para poder viver uma farsa burlesca, se somos atores e atrizes da nossa real existência – deixe, neste carnaval, que a nossa diferença não faça a menor diferença. Dispase agora no meio da avenida, no centro do salão, na praça do mundo. Mas, lembre-se, só os palhaços e os bêbados são como as borboletas, possuem ossos flexíveis e a nudez em pelo passeando pela alma. Se a arte do bêbado é imitar a alegria do palhaço, sejamos bêbados e palhaços. É também um estilo despido de ser nu. * Waldemar Gaspar Junior | Jornalista, publicitário, consultor de Comunicação Empresarial, escritor, diretor geral de Criação e Gestão de Projetos do Instituto Mimboé de Arquitetura e Construção Humana | e.mail: [email protected] No 41 | ANO 2011 | | 35