EDIÇÃO No 1 | 2011
A família,
os negócios e a política
O legado de Orestes Quércia (1938 - 2010)
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NOTAS
Coisa de cinema
Noite da antevéspera de Natal. A Central
de Segurança do Centro Empresarial de São
Paulo é informada da perda de um IPhone.
Imediatamente, os agentes de segurança
analisaram as informações dadas pela dona
do aparelho e recorreram às gravações feitas
pelo circuito fechado de TV.
Ao checar as imagens, identificaram o momento exato em que a moça se abaixou para
apanhar alguns papéis que haviam caído no
chão. Nesse instante, ao levantar-se, ela não
percebeu o aparelho deixado no piso.
Observando esse mesmo ponto, os
agentes de segurança viram que, logo em
seguida, uma pessoa passou pelo local,
pegou o aparelho e o colocou no bolso. O
rastreamento feito pelo sistema permitiu
identificar o horário exato em que essa pessoa havia saído por uma das catracas do
controle de acesso. Isso permitiu identificar
o número do crachá, o nome e a empresa
em que trabalha.
Adauto Luiz Silva, gerente de Segurança do Centro Empresarial de São Paulo
Com a informação em mãos, a supervisão de segurança entrou em contato com a
empresa para que localizasse o seu funcionário e verificasse se ele havia encontrado
o aparelho. Na véspera de Natal, por volta
das 1 horas, a Central de Segurança recebe
o comunicado de que a pessoa que encontrou o aparelho estava a caminho do Centro
Empresarial para entregá-lo.
Ao mesmo tempo, a dona do IPhone
recebeu a boa notícia. Às 17h3, a moça es-
tava na Central de Segurança para retirar o
aparelho. Foi um presente de Natal.
Segundo o gerente do Departamento de
Segurança do Centro Empresarial, Adauto Luiz
Silva, a combinação entre as possibilidades
oferecidas pelo sistema e a vontade dos profissionais envolvidos ofereceu a solução para
o caso. “A ocorrência revelou a qualidade dos
profissionais, que foram muito além do mero
cumprimento do dever. Foi coisa de cinema. Estou muito orgulhoso de minha equipe.”
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NOTAS |
Carona solidária no Centro Empresarial
Uma das saídas para diminuir a
quantidade de carros no trânsito da
cidade é a carona
solidária. Para incentivar a ideia, o site
Caronetas - Caronas Inteligentes criou um
sistema que permite que as pessoas interessadas em dar ou tomar carona se encontrem e combinem compartilhar carro e
custos, com rapidez, eficiência e segurança.
A solução é simples. As pessoas que
tem ou não carro se cadastram no Caronetas. Elas informam o CEP da residência e o
do local de trabalho, os horários de entrada
e de saída, as placas dos veículos e o dia de
rodízio. Por email, os donos de automóveis
recebem uma mensagem com o nome e
email dos usuários que podem compartilhar
com ele. Os caroneiros, por sua vez, também
são informados sobre as caronas disponíveis
e aguardsm o contato dos caronistas.
O sistema está sendo adotado desde
janeiro no Centro Empresarial de São Paulo,
por meio de uma parceria entre a Assessoria de Relações Institucionais do condomínio
e o Caronetas. Já foram cadastradas cerca
de mil pessoas.
A segurança dos participantes é
garantida. Todos os usuários devem
pertencer ao quadro de empresas que
funcionam no Centro Empresarial. Estas
precisam se cadastrar no site para habili-
tar seus funcionários a integrarem o projeto. O cadastro dos usuários só pode ser
concluído por meio do email corporativo
ou das chefias.
Segundo o coordenador do Caronetas,
Márcio Nigro, as pessoas estão se conscientizando de que precisam fazer algo
para minimizar o problema do trânsito e
contribuir com ações em prol da sustentabilidade. Ele também informa que será
publicado no site do Centro Empresarial
relatórios mensais com o número de caronas acertadas, quantos veículos saíram
das ruas, as distâncias aproximadas dos
trajetos e o impacto sobre as emissões de
carbono. Para conhecer melhor o projeto
acesse o site www.caronetas.com.br.
DHL Express e Centro Empresarial ajudam vítimas das enchentes na Região Serrana do RJ
As fortes chuvas típicas do verão castigaram o Sul e o Sudeste do Brasil. Em Santa
Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro, as enchentes deixaram um rastro
de destruição e prejuízo. Na Região Serrana
do Rio de Janeiro, seis cidades ficaram em
estado de emergência por mais de uma semana. Cerca de 900 pessoas morreram,
Diante da tragédia, a DHL Express firmou parcerias com empresas como Nokia,
ABB, Staples, Roche, Unilever e Santander
e com o Centro Empresarial de São Paulo
para angariar donativos para o Rio de Janeiro, além de organizar a logística de entrega
de alimentos e roupas aos seus destinos.
A ação fez parte do programa Go Help, do
grupo Deutsch Post – DHL, focado no auxilio
em situações de catástrofe.
No dia 29 de janeiro, a DHL Express e
sua parceira de transporte rodoviário, CM2
Transportes, enviaram uma equipe de nove
funcionários voluntários ao Centro Empresa |
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rial para a separação e embarque dos itens
recolhidos durante as quase duas semanas
de campanha. Foram arrecadadas quase
cinco toneladas de alimentos não perecíveis,
água, itens de higiene pessoal, roupas de
cama e banho e também alguns brinquedos.
A voluntária Priscila Oliveira, da DHL Express, participou da ação no Centro Empresarial e descreve sua experiência: “Se cada
um puder doar um pouco de tempo, a reconstrução das cidades vai ser mais rápida.
É gratificante ver que tantas pessoas e empresas se mobilizaram e usaram sua expertise para ajudar as vítimas das enchentes”,
diz a voluntária.
No total, foram transportados pela DHL
Express mais de 15 toneladas com todas as
parcerias. Os donativos arrecadados pelas
empresas do Centro Empresarial de São
Paulo foram entregues na Cruz Vermelha
do Rio de Janeiro no dia 30/01.
FINANÇAS
Como as empresas podem garantir
patrimônio de sócios
REINALDO DOMINGOS
É muito comum empresas enfrentarem
problemas judiciais e até irem à dissolução por
disputas societárias originadas por brigas pessoais ou familiares em torno do controle de uma
empresa. A situação é comum em relação a excônjuges e herdeiros, quando o pai ou familiar
mais velho que comandava a companhia deixa
o cargo – seja por opção ou falecimento –, em
caso de divórcio ou até mesmo por eventual
quebra, pura e simples, da companhia. Há exemplos de empresas que simplesmente encerram
suas atividades, devido a esses contratempos.
O fato se dá com frequência pela falta de
conhecimento de questões societárias e planejamento sucessório. Isso ocorre principalmente
por inexperiência empresarial, originada geralmente por uma assessoria contábil e advocatícia ineficiente, recebida durante o nascimento e
desenvolvimento da empresa. Esse tipo de situação não pode acontecer em companhias que
pretendem se solidificar no mercado por mais
de uma geração. Outro caso muito comum é
o de empresas que encerram suas atividades
por briga entre ex-cônjuges sócios.
Existem muitas maneiras de se evitar esses problemas e ainda proteger, preservar e
fortalecer o patrimônio de uma empresa, através de uma reestruturação societária e de um
planejamento sucessório empresarial.
O conhecimento sobre tributação de heranças e doações e Imposto de Renda incidente sobre os patrimônios no País também é importantíssimo para empresas que já se estabeleceram
no mercado ou que estejam abrindo suas portas
e queiram evitar esse tipo de problema no futuro. Os gestores de empresas familiares que dese-
jam se preservar desse tipo de problema devem
iniciar suas ações atentando principalmente para
os pontos abaixo elencados:
Estatuto Social: tudo nasce na constituição
de uma empresa e na definição de seu estatuto. É importante nomear no contrato social
quais os sucessores – herdeiros, administradores, diretores, entre outros – que estiverem tecnicamente e profissionalmente aptos a exercer
cargos de comando da companhia, visando
eliminar divergências, na hipótese de saída
abrupta dos atuais dirigentes (seja por motivo
voluntário ou por força maior), ou então, indicando um mediador decisório.
Profissionalização: outro aspecto impor-
tante é a questão da profissionalização da
empresa, elegendo ‘profissionais’ a ocuparem
cargos estratégicos e/ou de confiança. Faz-se
necessário neste momento um investimento
importante, que é a busca no mercado de
uma consultoria especializada em gestão sucessória, pois é comum empresas antigas, que
passam de pai para filho, se depararem com
situações para as quais não estão preparadas.
Proteção do patrimônio: é preciso enxergar
mais adiante. Para proteger o patrimônio familiar, é possível se criar uma holding para gerir
os negócios. Neste momento, o dono dos negócios será a holding, na qual poderá ser definida a participação no capital social de cada
sucessor familiar, bom como a sua função, no
caso de saída dos atuais dirigentes.
Centralização de informações: o pior dos
pecados que um empresário pode cometer é
concentrar todo o controle ou todas as informações vitais ao negócio em si próprio ou numa
só pessoa. O que deve ser feito é uma descentralização das informações ou de conhecimentos
técnicos da companhia, para que, na ausência
dessa pessoa, o negócio possa continuar fluindo,
possa ter continuidade, sem comprometer o seu
andamento e sem colocá-lo em risco.
O aconselhável é que empresas que estão
iniciando suas atividades procurem consultores
contábeis e jurídicos, já com esses quatro tópicos acima citados em mente, e tomem as
precauções para que, já na sua abertura, a
longevidade esteja garantida.
Reinaldo Domingos - Educador e Terapeuta financeiro. Também é autor dos livros “Terapia Financeira” e “O Menino do Dinheiro” - (Editora Gente), e
criador da Metodologia DiSOP – Educação Financeira
– Presidente do DiSOP Instituto de Educação Financeira – (www.disop.com.br).
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| Orestes Quércia, uma homenagem
Esta é a primeira edição da revista cujo editorial não é escrito
e assinado por Orestes Quércia, que presidiu as Organizações Sol
Panamby, à qual pertence a Panamby Empreendimentos e Participações. Dedico, portanto, este espaço para uma homenagem singela – minha e dos nossos quatro filhos – a um homem de visão
extraordinária e determinação inabalável na luta sem descanso
pelas coisas que acreditava.
Orestes sempre foi um homem simples, trabalhador, dono de
grande sensibilidade humana. Ele dedicou sua vida ao trabalho e
à família. Foi um empresário de sucesso, desde muito jovem. Foi
um político respeitado em todo o país, uma liderança progressista,
que alcançou todos os cargos eletivos, de vereador a senador, e
também governador do Estado de São Paulo. Foi incansável na
defesa da democracia, da liberdade, do desenvolvimento de São
Paulo e do Brasil. Membro do histórico MDB, enfrentou sem medo
os poderosos da sua época, vencendo-os nas ruas e nas urnas.
Quando senador, foi um lutador pela anistia e apresentou impor-
tantes projetos que beneficiaram o cidadão no município. Quando
governou São Paulo, imprimiu um ritmo de crescimento até hoje
não repetido no Estado.
Orestes tinha muito talento para os negócios, excelente tino
comercial. Era um estrategista e se antecipava aos acontecimentos. Por exemplo, foi pioneiro e grande incentivador do fomento
dos cafés especiais, um novo mercado que se abriu para milhares
de produtores e consumidores em todo o país.
Orestes deixa um vazio e muita saudade desses quase 30
anos que vivemos juntos. Mas deixa uma história de fé e de dignidade, exemplo de luta, de trabalho e de crença enraizada na
democracia, na justiça social e no Brasil para seus filhos e amigos, aos quais nunca mediu esforços para estar sempre presente,
orientar e, sobretudo, amar. Hoje, eu tenho a honra e o grande
compromisso de dar continuidade, na presidência da Panamby
Empreendimentos e Participações, ao seu trabalho sempre inspirada pelos seus ensinamentos.
Alaide Quércia e filhos, Cristiane, Andreia, Rodrigo e Pedro
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SUMÁRIO
SUMÁRIO
16
TURISMO
26
ENTREVISTA
12
PERSPECTIVA
10
ESPECIAL
ATUALIDADE
ESPECIAL
EMPRESAS
0
22
O6 EDITORIAL | 16 SERVIÇOS | 20 SAÚDE | 30 GUIA DE SERVIÇOS | 32 CULTURA
EXPEDIENTE
Panamby Empreendimentos e Participações Ltda.
PRESIDENTE: Alaíde Quércia DIREÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Alvino José de Oliveira e Sidnei Bertazzoli CENTRO EMPRESARIAL SP NEWS: EDIÇÃO No 1 | MARÇO 2011 EDIÇÃO, PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Diferencial Assessoria & Comunicação JORNALISTA RESPONSÁVEL: Lucimar
Franceschini (MTb. 9//137 DF) EDITOR CHEFE: Silvano Tarantelli (MTb 1.92) REDAÇÃO: Fernando Caldas COLABORADORES: Rita Gallo,
Davi Brandão e Roberto Shinyashiki COMERCIALIZAÇÃO: Mart Bureau e Editora Tel.: 31-66 ramal: 27 FOTOS: Paulo Bareta e Márcia
D’Ambrósio IMPRESSÃO: Companhia Lithographica Ypiranga CONDOMÍNIO CENTRO EMPRESARIAL DE SÃO PAULO: Av. Maria Coelho Aguiar,
21 Bloco D ASSESSORIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS: Patrícia De La Sala Tel.: (11) 371-66 /Fax: (11) 371-12. CENTRO EMPRESARIAL SP
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ATUALIDADE
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Campus Party
Megaevento pede ampliação
Uma nova feira para atender expectativas das empresas vai ser organizada este ano
Steve Wozniak (com camiseta polo preta e crachá da Campus Party), um dos fundadores da Apple, foi o último palestrante do evento, que terminou com festa de confraternização dos campuseiros
Por Rita Gallo
O megaevento Campus Party do Brasil, ponto de encontro das “tribos” digitais,
vai expandir as suas fronteiras. Além do
já tradicional encontro, que só neste ano
reuniu 6.800 “campuseiros” (acampados
no evento), chegará ao universo corporativo um evento que deverá acontecer
em meados deste ano. Segundo o diretor-geral da edição brasileira, Mario Teza,
o evento será em parceria com o Hotel
Transamérica, na região de Santo Amaro. “Vamos atender a expectativa das
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empresas que querem se aprofundar no
universo da geração digital”, explica o
executivo.
Esse novo evento tem tudo para ser
um sucesso, já que a Campus Party, segundo Teza, não tem mais para onde crescer. “O evento de 2011 estava superlotado”,
diz o executivo. “Hoje, a Campus Party é
um verdadeiro laboratório para que as
empresas possam compreender mais profundamente a nova geração, denominada
Y”, explica ele. E nada mais propício para
conviver com esse pessoal do que a criação de um novo encontro, com os mesmos
alicerces da Campus Party.
Em 2011, a Campus Party começou no
dia 17 de janeiro e, como nas três edições anteriores, teve como palco o Centro
de Exposições Imigrantes, localizado na
Zona Sul da cidade de São Paulo. Lá, foi
possível participar de uma semana de
oficinas, palestras, conferências, competições e atividades de lazer, conectados a
uma rede superveloz de 10Gb.
Ideias
Mario Teza, diretor-geral do Campus Party
Campuseiros chegam ao Centro de Exposições Imigrantes
Al Gore, ex-vice-presidente americano e entusiasta da Campus Party, foi uma das personalidades globais do encontro no Brasil
Durante todo o dia que precedeu à
inauguração, os campuseiros puderam
montar seus equipamentos e se preparar
para a abertura oficial da quarta edição
da Campus Party Brasil, com a tradicional
contagem regressiva e o show da banda
Os Seminovos, à meia-noite.
A partir do dia 18, começaram as atividades
da Área Expo, um espaço gratuito aberto a todos os públicos, que puderam conhecer as novidades de algumas das maiores marcas internacionais e nacionais no ramo da tecnologia.
Este ano, aconteceram as palestras de
Al Gore, ex-vice-presidente americano, que
tem uma intima ligação com o Campus Party dos EUA, além de Steve Wozniak, um
dos fundadores da Apple. “Essas palestras
trouxeram para o Brasil personalidades globais ligadas intimamente à internet”, explica
Teza. Também estiveram no encontro Tim
Berners-Lee, o criador da World Wide Web;
Kul Wadhwa, diretor-gerente da Wikimedia
Foundation/Wikipedia; e Stephen Crocker,
considerado um dos “pais” da internet.
Em 2011, os campuseiros tiveram que
arrumar tempo em suas agendas para
os concursos. Foram cerca de 30 atividades promovidas pela organização e
por empresas patrocinadoras, nas mais
diferentes categorias – de modificação
de computadores (Modding) e desenvolvimento de aplicativos a competições de
vídeogames e concurso de “cosplay”. Os
prêmios variaram desde ingressos para
futuras edições da Campus Party (no
Brasil e em outros países) a computadores, “gadgets”, viagens e dinheiro. “O
assédio das empresas vem crescendo a
cada edição. Elas buscam, além de inovações, mão de obra qualificada. E elas
vêm encontrando profissionais gabaritados entre os campuseiros”, diz o diretorgeral do evento.
Criada na Espanha em 1997, a Campus Party transformou-se no maior evento mundial que integra tecnologia, conteúdo digital e entretenimento em rede. Os
participantes mudam-se com seus computadores, malas e barracas para dentro
de uma arena, onde se conectam a uma
rede superveloz e convivem em torno
de oficinas, palestras, conferências, competições e atividades de lazer. Além das
edições anuais no Brasil e na Espanha, a
Campus Party acontece na Colômbia e no
México. Também já foram realizadas duas
edições especiais: Campus Party Iberoamerica (2008), em San Salvador (El Salvador), e Campus Party Europa (2010), em
Madri (Espanha). A Campus Party Brasil é
patrocinado pela Telefônica.
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| EMPRESAS
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Sua empresa nas redes sociais
As mídias digitais são cada vez mais usadas
no marketing empresarial, mas é necessário
cuidado na escolha da estratégia
Luiz Alberto Ferla, diretor da Talk Interactive: “o brasileiro é o povo mais conectado do mundo”
Por Rita Gallo
Twitter, Facebook, Orkut e LinkedIn são algumas das redes sociais que
passaram a fazer parte do dia a dia das
grandes empresas. E já é comum companhias solicitarem o envio de mensagem
de texto para as pessoas participarem de
diferentes concursos e obterem informações mais detalhadas sobre seus produtos. É indiscutível a importância crescente
do universo digital para as companhias,
o que leva a uma pergunta: como estar
positivamente presente na rede? Essa
dúvida, não muito fácil de responder,
depende do apoio de especialistas que
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conhecem esse universo e sabem quais armadilhas podem estar contidas num simples contato digital.
Segundo Luiz Alberto Ferla, diretor
da Talk Interactive, agência especializada em estratégias de marketing digital,
mídias sociais e tecnologias 2.0, é inquestionável a necessidade das empresas contarem com uma presença digital
forte, através de redes sociais, sites, blogs. “Mas é fundamental saber que naquele espaço estará sendo veiculada a
marca da empresa”, afirma o executivo.
Para ele, é exatamente pela exposição
da marca que todo cuidado é pouco na
elaboração de uma estratégia para definir quais os melhores recursos digitais
para cada companhia.
“O primeiro passo para a adoção de
uma estratégia digital é o diagnóstico, em
que são mapeadas as necessidades do
cliente e definidos os canais digitais mais
importantes para ele”, explica Ferla. Ele diz
que o segundo passo é o planejamento, seguido da arquitetura e desenho dos canais.
“A partir daí, fazemos a programação, conteúdo e manutenção dos canais definidos na
estratégia”, afirma Ferla.
Cada empresa tem um universo próprio, diz o especialista. Muitas delas precisam apenas de um bom site, enquanto
outras necessitam de mais canais para
manter vivo o relacionamento com o seu
cliente.
Especificamente no Brasil, as mídias
digitais ganham cada vez mais espaço.
“É próprio do povo brasileiro a intimidade com a linguagem digital, pois aqui as
pessoas são criativas e comunicativas”,
afirma Ferla. Para ele, essa facilidade
no contato social justifica o sucesso do
Orkut, Twitter e Facebook no País. “Já somos o povo que mais fica conectado no
mundo”, diz ele.
Sobre a Talk
A Talk Interactive é uma agência especializada em estratégias de marketing digital,
mídias sociais e tecnologias 2.0 para clientes de vários segmentos, especialmente da
área institucional. A empresa tem sede em
São Paulo e mantém filiais em Florianópolis,
Brasília e Seattle, nos Estados Unidos.
Fundada em julho de 2008, a trajetória
da Talk começou antes mesmo de sua marca
e nome definitivos, quando ainda respondia como área de Comunicação Digital da
Knowtec. O time da empresa é composto
por cerca de 80 pessoas que, além de multidisciplinares, são nativas desse meio. Mais
que designers, arquitetos, analistas de siste-
mas, redatores, jornalistas e estrategistas, os
profissionais da Talk também dividem seu
tempo blogando, twittando, publicando e interagindo pela rede. Os produtos e serviços
da Talk estão divididos em grupos, que são
as estratégias de mar-keting digital; usabilidade e interação –RP Digital; planejamento e
diagnóstico digital; e marketing como serviço.
A Talk também tem um braço de experimentação e ensino – o Talk Labs, para pesquisar,
conectar os principais representantes dessa
área entre profissionais, acadêmicos e ativistas, e educar o público sobre a comunicação
em rede e seus potenciais para o desenvolvimento humano.
(Site da Talk Interactive: www.talk2.com.br)
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ESPECIAL |
Uma vida movida à paixão
Orestes Quércia: o político, o empresário e o homem de família
O presidente das Organizações Sol Panamby, Orestes Quércia, morreu na véspera
do Natal, aos 72 anos. Parentes, amigos e
lideranças políticas estiveram no velório realizado no Palácio dos Bandeirantes e destacaram as qualidades e o valor do político
de expressão nacional, do empresário de
sucesso e do homem de família.
O descendente de imigrantes italianos,
nascido em 18 de agosto de 1938, em Igaçaba, distrito de Pedregulho, herdou do
pai, Octavio, e da mãe, Isaura, o gosto pelo
comércio e a aptidão para os negócios. Começou a trabalhar cedo, ainda criança. Foi
locutor de rádio, jornalista, advogado, empresário do setor de comunicação e do ramo
imobiliário e produtor de café e de gado.
O politico
Orestes Quércia iniciou sua carreira política, em 1962, como vereador de Campinas,
eleito pelo Partido Libertador. Depois do
Golpe de 1964, com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional no 2, ele
filiou-se ao MDB (Movimento Democrático
Brasileiro). Sua luta foi pautada em favor
da democracia. Em 1966, com 28 anos, tornou-se deputado estadual na mesma eleição em que seu colega de legenda Ulysses
Guimarães foi eleito para a bancada federal
de São Paulo. A atuação de Quércia na Assembleia Legislativa foi bastante ativa. Trabalhou na defesa da anistia, da liberdade
sindical e pelo fim dos decretos-lei.
Foi eleito prefeito da cidade de Campinas, em 1968, e implementou seu
desenvolvimento. Sua vitória tornou
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Campinas símbolo da resistência democrática, em plena vigência do AI-5. Entre
suas obras, destacam-se a implantação
do plano viário da cidade, a duplicação
da capacidade de tratamento e distribuição de água, a construção de hospitais e
pronto socorros, de centros de convivência cultural, de mais de 10 mil casas populares, possibilitando a erradicação de
favelas, do Entreposto do Ceasa da cidade e do Teatro Municipal Castro Alves.
Em 1974, ganhou destaque nacional na disputa, como candidato da oposição, por uma cadeira no Senado. Concorrreu com Carvalho Pinto,
político consagrado e ex-governador do Estado,
muito bem votado 16 anos antes. Quando as urnas foram abertas, confirmou-se a vantagem de
30% dos votos a seu favor. Foi um militante de
peso na redemocratização do Brasil. Apresentou
mais de 300 projetos ao longo dos oito anos.
Lutou pela revogação do AI-5, pela volta do habeas corpus e pela anistia. Entre seus projetos,
estão o da criação do seguro desemprego. Foi
o primeiro senador a propor a criação de uma
Constituinte, que culminou, mais trarde, com a
Constituição de 19. Apresentou também projeto que propunha o fim da Lei Falcão e pediu
a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito
dos Direitos Humanos, que cobrava o esclarecimento sobre o desaparecimento dos presos
politicos. A jornalista Dora Kramer destaca que
o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia,
chegou a ser considerado um herói nacional na
década de 70 quando assumiu o Senado.
Em 192, ao lado de Franco Montoro, foi
eleito vice-governador. Ampliou nesse período sua liderança entre os administradores
municipais do Estado. Ele foi empossado presidente da Associação Paulista de Municípios
(APM) em 30 de junho de 193. Realizou um
intenso trabalho em prol do fortalecimento
dos municípios. Depois do 27o Congresso de
Municípios no Guarujá, que reuniu mais de 2
mil prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e lideranças municipalistas de todo Brasil, liderou a
marcha de prefeitos à Brasília, que conseguiu
a aprovação da emenda Passos Porto, responsável pelo aumento de recursos de todas
as prefeituras e Estados a partir de 19.
Nesse ano, juntou-se às principais lideranças oposicionistas no movimento pelas Diretas
Já, participando dos diversos atos públicos que
reuniram multidões em todo Brasil. A frente
municipalista engajou-se na campanha publicando um manifesto que dizia: “O presidente
da Associação Paulista dos Municípios, o vice-governador Orestes Quércia, não se intimidou com
os constrangimentos provocados pelas medidas
de emergência e compareceu, cumprindo um
dever e um direito, ao Congresso Nacional, em
consonância com a vontade de seus munícipes.
Acredita na sensibilidade, no espírito patriótico
de todos quanto compõem o Poder Legislativo nacional. Possui a absoluta certeza de que
retornará levando ao povo de seus municípios
a boa nova aprovação das Diretas-Já”. (Manifesto
ao Congresso Nacional, 2 de abril de 19).
“Nem sempre estivemos do mesmo
lado, mas Quércia sempre foi da ala
dos desenvolvimentistas, que pensam
o país para além do seu tempo”
(Luís Inácio Lula da Silva)
“São Paulo e o Brasil vão se lembrar
dele como um expoente da resistência democrática, um defensor do desenvolvimento. Em todas as circunstâncias, foi um lutador”
(Dilma Rousseff, presidenta da República)
“Ele foi um homem público que lutou
pela democracia. Trabalhamos juntos
pela redemocratização”
(Geraldo Alckmin, governador de S.
Paulo)
Campanha para prefeito, em 1962
Material de campanha para a eleição ao Senado federal, em 197
Quércia ao lado de Waldir Pires e Ulysses Guimarães, em comício pelas Diretas Já, em 19
“O PMDB lamenta o falecimento de
um de seus maiores líderes. Sua vida
sempre foi pautada pela defesa dos
interesses nacionais. Fará falta”
(Michel Temer, vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB)
Comício pelas Diretas Já, no Vale do Anhangabaú, em 19, reuniu um milhão de pessoas
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ESPECIAL
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“Quércia sempre foi um militante
de peso na redemocratização e, na
última batalha, conosco, um aliado
correto”
(José Serra, ex-governador de S. Paulo)
O governador
Em 1986, Quércia elegeu-se governador
do Estado de São Paulo. Em sua gestão
realizou grandes projetos e obras que geraram milhares de empregos diretos e indiretos e garantiram o desenvolvimento do
país. Construiu mais de 550 quilômetros de
pistas na malha rodoviária, além de restaurar 9.700 Km de estradas construídas pelos
governos anteriores. Criou uma secretaria
específica para assistência aos jovens, a
Secretaria do Menor, que em quatro anos
atendeu 200 mil crianças e jovens carentes
por intermédio de um programa considerado ainda hoje modelo em diversos países.
Ergueu hidrelétricas, pavimentou estradas,
entregou 10 hospitais gerais na capital e
iniciou a construção do Instituto da Mulher.
Na Educação, fortaleceu e reestruturou os
institutos de pesquisa das áreas de Ciência
e Tecnologia e concedeu autonomia às três
universidades públicas do Estado.
Outras marcas de Quércia à frente do
governo do Estado foram a construção do
Memorial da América Latina, inaugurado
em 1989, a construção de 143 mil casas
populares, construção de 16 quilômetros
de metrô, deixando para seu sucessor
mais de 9 Km em fase de finalização,
ampliação da participação da Secretaria
da Saúde no orçamento estadual de 4%
para 12% e a abertura de novas frentes
de combate às drogas e ao narcotráfico,
com a criação de novos órgãos.
Secre†aria do Menor atendeu 200 mil crianças e jovens
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Quércia com Franco Montoro no Memorial da América Latina
Recepção a Fidel Castro em visita a São Paulo
Orestes Quércia e Luis Inácio Lula da Silva
Fundador do PMDB
Quércia foi um dos fundadores do PMDB
e presidiu a legenda entre 24 de março de
1991 e 26 de abril de 1993. Foi também presidente do Diretório do PMDB de São Paulo
por quatro vezes. A última delas, foi consagrada em 13 de dezembro de 2009, ao encabeçar a chapa Unidade do PMDB.
Depois que deixou o governo de São
Paulo em 1991, foi ainda candidato do PMDB
“Ele ajudou imensamente na minha
eleição. Levei a ele, no hospital, uma
cópia do diploma de senador dizendo: este mandato é seu também”
(Aloysio Nunes, senador por São Paulo)
“Era um homem que fazia política
do fio de bigode. Não precisava escrever e registrar em cartório porque
o conversado estava combinado”
(Alberto Goldman, ex-vice-governador de São Paulo)
“Quércia teve uma atuação marcante na política nacional. Carregou as
bandeiras do municipalismo e do
desenvolvimento”
(Gilberto Kassab, prefeito de S. Paulo)
à Presidência da República, em 1994, ao
governo estadual, em 1998 e 2006, e ao
Senado Federal, em 2002. Nas últimas eleições, candidatou-se novamente ao Senado
e apoiou as candidaturas de José Serra à
Presidência e de Geraldo Alckmin ao governo paulista. Porém, renunciou à candidatura devido ao tratamento da doença.
Apoiou Aloysio Nunes para o cargo ao qual
concorria.
Convenção do PMDB
O empresário
Desde menino, Orestes Quércia já trabalhava. Começou ajudando no armazém
da família. Aos 1 anos, decidiu consertar
e revender bicicletas. Um pouco mais tarde, montou com seu irmão um armazém e
uma fábrica de fubá.
Mudou-se para Campinas, acompanhando a família, e lá foi eleito vice-presidente
do grêmio estudantil da Escola Normal Livre.
Nessa mesma época, trabalhou como repórter dos Diários Associados e como corretor
imobiliário. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Campinas,
onde foi diretor do jornal do Centro Acadêmico 16 de Abril e fundou a Universidade de
Cultura Popular, ligada à Universidade Católica de Campinas. Foi também locutor da
Rádio Cultura e da Rádio Brasil e trabalhou
no Jornal de Campinas e na sucursal do Última Hora. Chegou a presidir a Associação
Campinense de Imprensa.
Quércia atuou nos ramos imobiliário e
das comunicações. Foi dono do Diário Popular,
vendido posteriormente para a família Marinho, proprietária das Organizações Globo.
Lançou no final dos anos 90 o jornal eletrônico Panorama Brasil e relançou o jornal DCI
– Diário do Comércio Indústria e Serviços, em
São Paulo. Dirigiu o Grupo Sol Panamby, que
detém controle da rádio Nova Brasil FM, de
duas emissoras regionais, a TVB Campinas (a
partir de fevereiro, afiliada a Rede Record) e a
TVB Santos (a partir de março, afiliada a Rede
Bandeirantes), de shopping centers, além de
imóveis e fazendas de café e gado.
Quércia com seu pai, Octavio, numa plantação de café
Orestes Quércia e Alaíde Quércia: a criação de gado nelore, uma das paixões cultivadas pelo casal
Orestes Quércia e Alaíde Quércia com os filhos Andréia, Pedro, Cristiane e Rodrigo
O amor à família
Orestes Quércia tinha em seu pai, Octavio, um exemplo. Herdou dele a disposição
pela luta, o interesse pelos negócios, pelo jornalismo e pela política. De seus pais,
também herdou o gosto por viver na roça, pela lavoura de café e pela criação de
gado. Em homenagem ao pai, deu o nome Octavio à sua linha de cafés especiais e
à cafeteria.
Quércia casou-se com a médica Alaíde em 19. Desde então, ela assumiu um
papel central na vida dele, com presença permanente no cotidiano dos negócios
e da política. Quércia e Alaíde tiveram quatro filhos, Cristiane, Andréia, Rodrigo
e Pedro. Com um estilo de vida simples, caseiro, ele sempre gostou de dedicar
seu tempo ao convívio com a família. Orgulhoso de suas raízes, costumava se
definir como “caipira do interior”. Mas tinha um sonho ao mesmo tempo singelo e
grandioso: “Não quero passar pela vida sem fazer nada. Quero criar alguma coisa
realmente boa, que sirva aos homens. Não pretendo ser apenas um politico profissional. Quero, isso sim, ajudar o povo a viver melhor.”
No 1 | ANO 2011 |
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PERSPECTIVA |
A presença chinesa
no Brasil e no Mundo
Por Rita Gallo
Cresce a presença global da China no
mundo e também no Brasil. À frente da segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e deixando para trás
o Japão, os chineses lideraram em 2010, pela
primeira vez, a lista dos países com maior
investimento direto no Brasil, com um fluxo
de capital de US$ 17 bilhões, pouco menos
de um terço dos aportes estrangeiros no País,
que totalizaram US$ 52,6 bilhões.
A forte presença chinesa no Brasil causa polêmcia. Acusado de invadir o comércio
local com produtos de baixo custo, o país
asiático tem sido visto como o responsável
por um processo de desindustrialização (eliminação da fabricação de diferentes tipos
de produtos) no País. Tang Wei, advogado
e diretor-geral da Câmara Brasil-China de
Desenvolvimento Econômico (CBCDE), diz
que a polêmica encobre um dos pontos
principais da discussão, que é a falta de
competitividade dos produtos brasileiros.
16 |
| No 41 | 2011
“Antes de o Brasil considerar a China uma
ameaça, ele precisa superar as suas próprias deficiências e ganhar competitividade
global”, afirma Wei.
Para o representante da Câmara BrasilChina, o Brasil tem os maiores recursos materiais do mundo, além de boa mão de obra
e de baixo custo, mas o “Custo Brasil” tira do
País a possibilidade de competir com a China ou com outras potências mundiais. “Falta
de infraestrutura e uma alta carga tributária
fazem com que o País perca terreno no comércio local e global”, afirma Wei.
“O Brasil precisa desonerar os seus produtos, criar uma eficiente rede logística e
estimular as empresas a mostrar os seus produtos no mundo”, explica Wei. Segundo ele,
é possível observar em quase todas as feiras
brasileiras a presença de fabricantes chineses.
Essa presença é toda subsidicada pelo governo chinês. “Esse é incentivo ao industrial faz
falta no Brasil”, diz ele.
“Antes de o Brasil considerar a
China uma ameaça, ele precisa superar as suas próprias
deficiências e ganhar competitividade global”
Tang Wei, diretor-geral da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico
Muitos industriais brasileiros têm acusado
a China de concorrência desleal. “Os industriais que se sentem lesados podem recorrer
a Organização Mundial do Comércio (OMC)
para dirimir qualquer dúvida sobre o negócios
chineses ou de qualquer outro país no Brasil”,
rebate Wei. Ele acrescenta que o OMC pode
coibir qualquer prática desleal.
Uma potência ignorada
Produtos baratos e competitividade ro no mundo o rótulo “Made in China” nos
A crescente presença da China é também consequência da rápida expansão do
país. Até recentemente as análises econômicas sobre mercados globais externos e
pesos pesados da economia mundial não
incluíam a China. Hoje, o país está ao lado
dos Estados Unidos como grande potência
da economia mundial.
A partir de 1978, a China iniciou uma
série de reformas econômicas, apoiadas em
subsídios estatais, com o objetivo de tornar
o país um grande exportador de produtos
de baixo custo e procurando atrair pesados
investimentos estrangeiros. Com tais medidas, o país passou a conviver com um crescimento econômico bastante significativo. Com
mão-de-obra barata, centenas de empresas
estrangeiras foram atraídas para o país, tornando-o uma potência exportadora.
Em 1989, mesmo depois do fim da
União Soviética, a China permaneceu com
seu regime fechado do ponto de vista político. Basicamente, a estratégia adotada pelos chineses nesse período baseava-se no
apoio às multinacionais, que mudavam gradativamente o perfil da economia chinesa.
O Estado investiu, a partir daí, na construção de alicerces para o crescimento do país,
como aportes em infra-estrutura, energia,
matérias-primas e mão-de-obra barata. A
partir daí, as empresas estrangeiras levaram
à China tecnologia - essencial para a modernização do país.
Com a produção em massa, os preços
dos produtos chineses ficaram baratos em
comparação a outros mercados, dando para
o país uma expressiva competitividade no
mercado internacional. Tornou-se corriquei-
mais diversos produtos. Como crescimento
gera mais crescimento, com a chegada das
multinacionais a China acelerou investimentos na construção de portos, aeroportos, pontes, ferrovias, entre outras obras de
infraestrutura.
Atualmente, com um nível de crescimento econômico assustador, a China encontra
novos desafios. O principal deles talvez seja
o de diminuir a dependência em relação ao
comércio exterior, das multinacionais, e tentar elaborar uma economia semelhante à
ocidental, baseada no consumo interno, na
tecnologia de ponta e nos serviços. Mesmo
assim, a “revolução econômica” serviu para
tirar 400 milhões de pessoas da pobreza.
Segundo o aponta o site Brasil Escola, a
verdade é que ninguém sabe, ao certo, até
onde os chineses podem chegar.
A partir de 1978, a China iniciou uma série de reformas
econômicas, apoiadas em
subsídios estatais, com o objetivo de tornar o país um grande exportador de produtos
de baixo custo e procurando
atrair pesados investimentos
estrangeiros
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SERVIÇOS
|
Facilities Management:
vagas abertas para profissionias especializados
A atividade de Facilities Management vem se expandindo fortemente no Brasil na última década
Por Fernando Caldas
Profissionalismo
A expansão da economia brasileira
está gerando forte impacto sobre a demanda por serviços ligados a infraestrutura e gestão de serviços nos ambientes
corporativos. Em especial, o setor de Facilities Management, ou gerenciamento
de facilidades, passa por uma importante
evolução, incorporando-se definitivamente à cultura empresarial do país.
Cada vez mais, as organizações dependem de serviços básicos que, embora
não constituam sua atividade principal
(core business), são essenciais para realizar os seus objetivos com eficiência e
produtividade. Por exemplo, o gerenciamento de energia, iluminação, manutenção predial, sistemas de ar-condicionado,
fornecimento e uso de água, telecomunicações, gestão de resíduos, segurança,
gerenciamento de contratos diversos, tais
como, de frotas, documentação, alimentação e tantas outras atividades.
O conceito de Facility Management
engloba múltiplas disciplinas que se dedicam a assegurar a funcionalidade e eficiência do ambiente construído, por meio
da integração de pessoas, processos e
tecnologia, conforme definição da International Facility Management Association
(IFMA), entidade norte-americana que
possui cerca de 19 mil associados.
Num mundo cada vez mais complexo e
com maiores exigências de qualidade, eficiência, rapidez e segurança, o Facilities Management surgiu para atender expectativas
cada vez maiores em relação a serviços e
gestão de infraestrutura. O atendimento a
essas exigências, sempre crescentes, levou
ao aparecimento de uma nova classe de
profissionais, mais especializados e preparados, com domínio das novas tecnologias.
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| No 41 | 2011
Com o crescimento do
mercado, a busca por
pessoal qualificado se
intensificou. Isso explica a
alta empregabilidade dos
profissionais de Facilities
Além da formação acadêmica, os profissionais, na maioria formados em engenharia, administração de empresas, economia, arquitetura e direito, acabam aliando
o conhecimento científico a uma razoável
habilidade ou experiência e, por que não dizer, a certa quantidade de “arte” ou insight
que ajudam a entender cada momento. As
relações humanas, os variados ambientes
de trabalho, o inter-relacionamento com
os diversos níveis hierárquicos, as questões
técnicas, novas tecnologias, legislações, normas e regulamentações fazem com que
este profissional se torne flexível e termine
por possuir bom trânsito e conhecimento
generalizado dos diversos setores de uma
empresa.
Nos últimos dez anos, a atividade de
Facilities Management vem se expandindo fortemente no Brasil. Mesmo antes
do boom imobiliário, já era crescente a
demanda por esse tipo de serviço, tanto
nos empreendimentos comerciais quanto
residenciais. Hoje, empresas e profissionais
do ramo estão presentes nos prédios de
escritórios, indústrias, hospitais, universidades, hotéis, shopping centers, condomínios
empresariais, centros de convenções, empresas comerciais, bem como em condomínios do tipo residence club.
A busca de maior especialização evolui
a passos largos. Devido à necessidade de
conhecimento científico e experiência, a formação dos profissionais de Facilities leva um
bom tempo. Em alguns países, há muitos
anos, já existe formação específica para esses profissionais. No Brasil, ainda há falta de
cursos. Somente em 2002, a Universidade de
São Paulo criou o único MBA dessa modalidade no país. Com o crescimento do mercado, a
busca por pessoal qualificado se intensificou,
levando à sua alta empregabilidade.
Frederico Behmer, Paulo Sérgio Fontebasso,
Marcos Maran, Mauro Sérgio Kyriazi Campos
e Gustavo Bueno Gomes compõem a nova
diretoria da Abrafac, primeira associação
de profissionais de facilities do Brasil
Organização profissional
Em 190, foi criada nos Estados Unidos
a primeira entidade representativa do setor.
A International Facility Management Association (IFMA) conta atualmente com mais
de 19 mil associados. A associação inglesa,
BIFM, tem cerca de 1 mil membros e a australiana (FMA), 9 mil.
No Brasil, a primeira associação do segmento surgiu em 200. A ABRAFAC – Associação Brasileira de Facilities foi criada com
o objetivo de difundir o conceito de Facility
Management e valorizar os profissionais
dentro e fora das organizações empresariais. A entidade conta atualmente com 30
associados, concentrados principalmente no
eixo São Paulo – Rio de Janeiro.
A ABRAFAC é única associação do gênero existente na América Latina. Ela reúne
profissionais e empresas da área com o objetivo de concentrar e difundir conhecimento e expertise, de promover trocas de ideias
e divulgar experiências e boas práticas.
Em janeiro, a nova diretoria da ABRAFAC tomou posse. O novo presidente é o
engenheiro Marcos Maran, gerente de Manutenção, Operação de Utilidades e Obras
do Centro Empresarial de São Paulo. Na
vice-presidência está Mauro Sergio Kyriasi
Campos. Gustavo Bueno é o novo diretor de
Marketing e Comunicação, Paulo Fontebasso é o diretor-tesoureiro e Frederico Behmer,
diretor-secretário.
A nova gestão já definiu a programação de eventos para 2011. Estão previstos
cursos de manutenção, ar condicionado e
escritórios específicos para o profissional de
facility management. Três workshops, de
sustentabilidade, real estate e de escritórios,
também devem ocorrer, além das reuniões
mensais de debates sobre temas diversos.
Em junho, haverá a comemoração do FM
Day (Dia do Facilities Management), evento
que ocorre simultaneamente em cerca de
1 países, congregando cerca de 1 associações e perto de 30 mil participantes. Marcos
Maran diz que o congresso anual, evento de
3 dias na cidade de São Paulo, promovido
pela entidade no mês de outubro, contará
com feira de produtos e serviços e participação de convidados estrangeiros em palestras paralelas.
Uma outra novidade, informa Maran, é a
formação de um grupo que vai atuar num projeto de certificação dos profissionais de Facilities
em todo o Brasil, assim como no reconhecimento de programas e produtos. “A certificação
é uma forma de mostrar o valor e o diferencial
do profissional de Facilities”, diz ele.
Outro projeto é a realização de uma pesquisa de âmbito nacional para mapear todo o
setor de Facilities. A ideia depende, porém, de
um patrocinador. “Precisamos consolidar o conceito da atividade no Brasil. Embora não seja
visível nem tangível, a importância do Facilities
Management é cada vez maior e essencial
para garantir a produtividade das empresas.
Por isso, a profissionalização e a valorização
dos profissionais são essenciais”, afirma Maran.
No 1 | 2011 |
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SAÚDE
|
Saúde
em Gotas
Memória em dia
Preocupado com a perda de memória?
Então mexa-se. Há muito a fazer para melhorar a sua memória, principalmente para
permanecer física e mentalmente ativo.
Segundo a famosa clínica norte-americana Mayo, existem algumas situações que
nos fazem acreditar que estamos perdendo a memória. Não é possível encontrar as
chaves do carro? Esqueceu o que está em
sua lista de supermercado? Não consegue
lembrar o nome do treinador da temporada
passada do seu time do coração? Saiba que
você não está sozinho. Todo mundo esquece as coisas ocasionalmente. Ainda assim, a
perda de memória não é preocupante se
for eventual. Para melhorá-la, é possível
fazer coisas simples. Vamos a algumas dicas
para manter a memória em dia:
Permaneça mentalmente ativo
Assim como o exercício físico ajuda a
manter seu corpo em forma, as atividades
mentais ajudam a manter o cérebro em
forma e a afastar a perda de memória.
Faça, por exermplo, palavras cruzadas. Ou
leia uma seção do jornal que você costuma
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| No 41 | 2011
ignorar. Tome rotas alternativas durante a
condução. Aprenda a tocar um instrumento musical. Seja voluntário de uma organização comunitária.
Socialize-se regularmente
A interação social contribui para afastar
a depressão e o estresse, os quais podem
contribuir para a perda de memória. Procure oportunidades para se reunir com seus
entes queridos, amigos e outras pessoas
– especialmente se você mora sozinho.
Quando você for convidado para compartilhar uma refeição ou a participar de um
evento, vá!
Organize-se!
Você fica mais propenso a esquecer
as coisas, caso não anote os seus compromissos. Anote as tarefas, reuniões e outros
eventos em um caderno especial ou calendário. Você pode até ler em voz alta os seus
compromissos, para fixá-los na memória. É
importante manter listas de tarefas e marcar os compromissos que você já cumpriu.
Separe um determinado local para a sua
carteira, chaves e outros itens essenciais.
SAÚDE |
Tenha foco
Limite suas distrações e não tente fazer
muitas coisas ao mesmo tempo. Se você se
concentrar nas informações que está tentando lembrar, vai ficar mais propenso a lembrar
delas mais tarde. É possível conectar as suas
tarefas a uma canção favorita, que trará a
lembrança do compromisso.
Ter uma dieta saudável
Uma dieta saudável é tão bom para
o cérebro como para o seu coração. Coma
sempre frutas, verduras e grãos integrais. Escolha fontes de proteína com pouca gordura,
como carnes magras, aves sem pele e peixes. O que você bebe conta, também. Falta
de água suficiente ou muito álcool podem
levar à confusão e perda de memória.
Atividade física sempre
A atividade física aumenta o fluxo sanguíneo para o corpo todo, incluindo o cérebro, o que pode ajudar a manter sua memória afiada. Faça pelo menos 30 minutos de
atividade aeróbica por dia. Se você não tem
tempo para um treino completo, acelere nos
10 minutos de caminhadas ao longo do dia.
Gerencie as doenças crônicas
Quando se prepocupar com a memória
Resposta elaboradas pelo Dr. Mario Fernando Prieto Peres, médico neurologista, com doutorado em Neurologia pela UNIFESP, pós-doutorado na Thomas Jefferson University, Filadélfia, Estados Unidos
Saúde em Gotas (SG): O que identifica perda de memória?
Mario Peres (MP): A perda de memória pode ser súbita, de uma hora para outra,
ou pode ser progressiva, piorando lentamente. Cada um destes tipos tem causas
diferentes. A perda de memória se reflete nos esquecimentos, repetição de perguntas, desatenção, desligamento, não lembrar mais de nomes, datas, números e
compromissos.
SG: Existe alguma idade em que esse fenômeno comece a acontecer?
MP: Pode ocorrer em qualquer idade. Crianças podem ter esquecimentos originados
do déficit de atenção, que também ocorre em adultos. Já na terceira idade, o esquecimento progressivo pode ser o início de doença de alzheimer ou outras demências.
A depressão e ansiedade afetam também a memória.
SG: Como é possível preservar a memória? Quais os principais exercícios (se é
que exitem) para manter a memória “em forma”?
MP: Manter a cabeça ocupada com coisas boas, atividades físicas, atividades mentais estimulantes, como leitura, música e jogos. Manter o cérebro trabalhando é o
principal segredo. Fazer cursos, aprender novas habilidades, não importa a idade.
Atividade em excesso como preocupações excessivas, ansiedade, pensamentos excessivamente pessimistas atrapalham a memória.
dades de resolução de problemas. Às vezes,
Siga as recomendações do seu médico outros testes são necessários também. O
nos tratamentos para as doenças crônicas, tratamento vai depender do que está contricomo problemas de tireóide, pressão alta e buindo para a perda de memória.
depressão. Quanto melhor você se cuidar,
melhor será a sua memória.
Rir é o melhor remédio
As pessoas têm esquecido de rir. Em décadas passadas, a população costumava rir
Quando é preciso procurar ajuda
Se você está preocupado com a perda de 18 minutos por dia, mas hoje não ri mais do
memória – especialmente se a perda de me- que seis minutos. Especialistas dizem que as
mória afeta sua capacidade para concluir suas crianças podem rir até 300 ou 400 vezes em
atividades diárias –, consulte o seu médico. Ele um dias. Nos adultos essa frequência cai para
ou ela provavelmente fará um exame físico, 15 vezes por dia. Mas é clinicamente provado
bem como verificará a sua memória e habili- os benefícios do riso para a saúde. Segundo
o dr. SK Gupta, consultor sênior e cardiologista do Indraprastha Apollo Hospitals, localizado na Índia, “quando rimos, exercitamos o
coração, assim como os pulmões. Quando se
ri, a frequência cardíaca muda e faz o cérebro relaxar”. Será que precisamos de rir mais
hoje? “Em um mundo em que tudo acontece
muito rápido, as doenças relacionadas ao
estresse estão em ascensão. Mais de 70%
das doenças estão relacionadas ao estresse.
Para escapar do estresse, as pessoas recorrem ao fumo, álcool e drogas. Elas deveriam
perceber como o riso é um medicamento
maravilhoso”, diz o médico.
No 41 | ANO 2011 |
| 21
ENTREVISTA |
Cinema e transgressão
Ele pertence a uma geração de cineastas marcada pela irreverência e pela transgressão. Um ícone do Cinema Marginal e da
profícua produção da Boca do Lixo paulistana nos anos 70 e 80, Carlos Reichenbach se define, sobretudo, como um adepto do
pensamento libertário. O autor de “Lilian M – relatório confidencial”, “Filme Demência”, “Alma Corsária”, “Dois Córregos” e “Garotas
do ABC” passou pela pornochanchada e pelo experimentalismo. Fez doze longas e um grande número de curtas e documentários. Seus filmes figuram em qualquer lista séria das melhores criações do cinema brasileiro. Aos 65 anos, ele foi o grande
homenageado do 43o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizado em novembro de 2010
Por Fernando Caldas
Como resolveu fazer cinema?
Minha formação é literária. Minha casa sempre foi lotada de livros e revistas. Sou neto,
filho e sobrinho de editores. Meu avô veio da
Alemanha, a convite do governo brasileiro,
para instalar a primeira litografia do país, no
início do século passado. Meu pai foi editor
das revistas Seleções, Casa e Jardim e Lady,
entre outras. Nasci para ser um industrial gráfico. Aos nove anos, ganhei de presente um mimeógrafo à tinta. Por causa disso, tornei-me o
editor de todos os jornais dos colégios em que
estudei. Herdei também do meu pai o gosto
pela música. Ele formou um grupo jazzístico,
compunha e fazia arranjos. Eu fui estimulado a aprender piano e teclado. Durante anos,
integrei um banda, a TNT 4. Quando resolvi
fazer cinema, foi muito por causa da minha
paixão pela literatura e pela música.
Carlos Reichenbach foi homenageado no 43o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizado em novembro de 2010
Você estudou cinema
Fui aluno da primeira turma do primeiro curso
de cinema de nível superior, a Escola Superior
de Cinema São Luis. A decisão foi complicada
porque tive de escolher entre cinema e o curso
de direito da Faculdade do Largo São Francisco.
Mas, quando fui fazer o exame para a faculdade de direito, o tema da redação foi coincidentemente Cinema Novo Brasileiro. Entendi
aquilo como um sinal do que deveria seguir.
Na São Luis, tive o privilégio de ter aulas com
cineastas como Luiz Sérgio Person, Roberto
Santos e Paulo Emílio Salles Gomes. Tive professores como Anatol Rosenfeld, o maior teórico
do teatro épico, Décio Pignatari, Mario Chamie,
entre outros.
Sempre tive paixão por escrever. Meu interesse
maior era pela dramaturgia. O cinema entrou
na minha vida a partir de uma experiência com
meu pai. Ele era amigo do cineasta Oswaldo
Sampaio [de Sinhá Moça e A Estrada]. Aos 10
22 |
| No 41 | 2011
anos, assisti à leitura do roteiro cinematográfico
que Sampaio havia escrito para Jovita, de Dinah
Silveira de Queiroz. Sampaio leu o roteiro com
tanta emoção e intensidade que resolvi naquele momento que aquela seria minha forma de
expressão. Desde então, percebi que o que me
interessava realmente era a linguagem do roteiro cinematográfico.
Então, resolveu fazer roteiro?
Aos 12 anos, escrevi meu primeiro roteiro. O tex-
Cena de Alma Corsária, filme de Reichenbach de 1993
A atriz Carolina Ferraz, no filme Alma Corsária
Rosanne Mulholland e Cauã Reymond, em Falsa Loira (2008)
to rascunhado na minha pré-adolescência é o
ponto de partida e ao mesmo tempo o meu
filme de despedida. É o filme com o qual eu
gostaria de me aposentar. Chama-se “O mar
das mulheres finais”. Gostaria de fazer um filme
que fosse uma espécie de inventário. Que falasse dos erros que cometi na vida, dos amigos
que eu deixei de acolher, das mulheres que eu
não amei direito.
neófito. Não há prazer maior do que saber lidar com qualquer repertório.
por se fazer cinema naquela época. O seu Carvalho, da Rex, e o seu Martins, da Líder. O Osualdo
Candeias, importante cineasta experimental, só
conseguiu fazer seu filme porque o senhor Martins deu-lhe crédito: “Vai lá, faz e depois a gente
acerta”. Eles eram mais do que mecenas. Eram
verdadeiras mães. O cinema brasileiro, principalmente o cinema autoral, foi feito em cima dessas
relações de amizade e de simpatias.
Mas, ao fim, você se tornou diretor.
Foi Luís Sérgio Person que me empurrou para
o profissionalismo. Sempre tive predisposição a
trabalhar sozinho. Ser diretor me parecia distante. Não achava que daria certo trabalhar com
equipes. Foi ele que me disse: “vai, que você
aprende”. Sempre achei mais fácil mostrar o
que eu queria do que explicar. Por conta disso,
fui aprender fotografia. O que foi uma utilidade para minha profissão. Fotografei 32 longas
metragens e uma grande quantidade de documentários. Essa parte prática foi o que me fez
aprender a viver uma vida em grupo, uma vida
mágica, cigana e nômade. Viajei o país todo
filmando. Vivia apaixonado. Nunca imaginei
que pudesse ter esse tipo de prazer. Mas esse
conhecimento prático, de certa forma, me ensinou que, no fundo, inteligência não é erudição.
É sim a capacidade de conviver com o erudito
e o analfabeto. Dialogar com o catedrático e o
Você assiste a todos os gêneros de filmes?
Meu gosto pelo cinema foi adquirido numa coisa que era comum na minha época de adolescente: as sessões duplas. Vi tudo de bom e de
ruim. O cinema sempre foi uma coisa barata.
Principalmente o cinema de rua. Podia assistir
a diversos filmes sem grande custo. Sempre me
pergunto por que hoje o cinema virou coisa de
burguês, de classe média alta, de gente que
tem dinheiro para pagar R$ 20 ou R$ 30. O cinema na minha época custava algo equivalente a
uma passagem de ônibus. O cinema brasileiro
tinha público porque era barato. Era a principal
diversão das classes C e D. Alguma coisa está errada agora... Muitas coisas mudaram. Para pior.
A produção de cinema também mudou.
Quando comecei a fazer meu primeiro longa, as
coisas mais caras eram o negativo e a revelação em laboratório. Nada custava mais do que
isso, nem equipe técnica, nem a produção. Hoje,
aquilo que era mais caro tornou-se a coisa mais
barata dentro de um orçamento. Para se ter
uma ideia, havia na época dois grandes laboratório em São Paulo: Rex e Líder. Eram os donos
dos laboratórios que abriam crédito para a gente produzir. Essas pessoas foram responsáveis
Onde nasceu o Cinema Marginal?
De certa maneira, nasceu no entorno da Escola
Superior de Cinema São Luís, na avenida Paulista. A uma quadra dali, estava o Cine Belas Artes
e, em frente dele, o Bar Riviera e o Ponto 4.
Em torno desses quatro pontos, nasceu o cinema marginal. Eu, João Callegaro, Carlos Ebert,
Hideo Nakayama e Miguel Chaia fomos alunos
da São Luis. Porém, mais importante eram as
pessoas que frequentavam. Não tinham aulas,
mas estavam sempre por ali. Rogério Sganzerla,
Osualdo Candeias, José Mojica Marins e outros.
Todos viviam se cruzando, vendo os filmes uns
dos outros. Foi essa convivência que acabou migrando para a Boca do Lixo. Inicialmente, o pessoal da Boca ficou com o pé atrás com aquele
pessoal cabeludo, com roupas justas e sandálias. Houve um produtor que chegou a proibir
minha entrada e do meu sócio. Éramos vistos
como hippies… (risos)
No 41 | ANO 2011 |
| 23
ENTREVISTA |
Por que os cineastas de sua época se aproximaram da Boca do Lixo?
Fomos levados para a rua do Triunfo principalmente por causa de Luis Sérgio Person. Ele dizia: “Cinema tem que se fazer nas Bocas”. Ali
ficavam as distribuidoras, as produtoras independentes. Não fomos atraídos pelo charme do
baixo meretrício, mas por uma razão muito simples. A circulação dos filmes era feita com latas
enormes, com 300 metros de filme. Cada filme
com 8 ou 9 rolos. Essas latas tinham de viajar
para o país inteiro. Por isso, era importante que
as distribuidoras ficassem próximas às estações
rodoviárias e de trem. Próximo à Boca do Lixo
estavam as estações da Luz e Sorocabana, assim como a antiga rodoviária. Então, não havia
nada de mitologia do baixo mundo. Tinha a ver
com a facilidade da circulação dos filmes.
O Cinema Marginal tinha uma missão?
De certa forma, o Cinema Marginal da minha
geração está para o cinema brasileiro como o
tropicalismo está para a música brasileira. Somos fruto do Pós 64. Somos a geração 68, que
trocou a subversão pela transgressão. A geração
do Cinema Novo trabalhava com as certezas: “A
arte tem obrigação de mudar o mundo”. Já
a geração 68 acreditava que a arte tinha de
mudar antes de tudo as pessoas, os indivíduos.
Não trabalhava mais com as certezas: “Não sei o
que quero. Sei o que eu não quero”.
Toda a minha formação ideológica e política foi
feita em cima dos pensadores libertários, como
Daniel Guerin, Enrico Malatesta. Era fascinado
por Proudhon. Os meus filmes da década de
70 foram feitos sob a égide da metáfora. Liliam
M é exemplo disso. A censura da época não entendeu nada. Embora tivesse cortado partes do
filme, não retirou o essencial. Curiosamente, a
BBC de Londres também censurou o filme porque entendeu que o que estava ali era uma
alusão à tortura, coisa que passou em branco
para o pessoal do regime.
24 |
| No 41 | 2011
Carlos Reichenbach na filmagem de Garotas do ABC (2003)
Há possibilidade de fazer hoje algo parecido?
O cinema mudou muito no período Pós
Aids. Ele careteou demais. A repressão dos
anos 60 e 70 focava o ideário político. Hoje,
a repressão é em cima do livre arbítrio. O
contexto comportamental é o seu foco. O
fascismo se manifesta no como as pessoas
devem se sentar, devem se vestir ou acender o cigarro. A aparência de que hoje existe
mais tolerância é uma mentira. A década de
70 foi muito mais tolerante.
Existe uma receita para um filme ser sucesso de bilheteria?
No cinema existe um tipo de cheque visado:
o best seller. É muito difícil um best seller
não dar certo no cinema. Isso no mundo inteiro. O problema no Brasil é que o mercado
cinematográfico deixou de ser popular. O cinema não é mais um bem das famílias das
classes C e D. Não existe mais salas populaEdward Freund e Célia Olga Benvenutti, em Lilian M (1974)
res, o cinema de rua e de bairro. De alguns
Você também fez filmes mais populares. Como anos para cá, o cinema brasileiro se tornou
se aproximou da pornochanchada?
dependente de um único canal de televisão.
Desde o meu primeiro longa, utilizo um repertó- Por isso, acabou mimetizando a dramaturrio popular. Minha obsessão em relação à lingua- gia da TV. Isso é uma calamidade...
gem do cinema é fazer dialogar o popular e o
erudito. Não tenho nenhum pudor. A chanchada Você tem um projeto novo?
foi o gênero mais popular do cinema brasileiro. Meu próximo filme vai ser rodado em cinco
Adoro a chanchada. Fiz dois pornochanchadas e cidades da região centro-oeste de São Pautenho o maior orgulho disso. “Ilha dos prazeres lo. O projeto se chama “Um anjo desarticuproibidos” bateu recorde de bilheteria, quase 4 lado”. É uma investigação teológica. Conta a
milhões de espectadores. Passou em três países história de um artista plástico que perdeu
da América Latina. O filme é uma celebração a inspiração e vai em busca de um homem
da algazarra. No fundo, fala sobre o hedonismo, santo. É um filme sobre o êxtase e a fé. Um
liberação sexual e vida tribal. Depois, fiz “Impé- encontro de Fausto com o deus escondido.
rio dos desejos”. Aí botei para quebrar. Nunca O projeto já tem quase dez anos. Em síntecoloquei tantas ideias num filme. Fiz um filme se, revela que o mais importante é o procesanarcolibertário, que abria com a frase: “toda a so. A busca está no centro do drama. Tenho
propriedade é um roubo”. A censura barrou na também um projeto de fazer um musical
hora. Gostaria de fazer alguma coisa nova com com composições minhas e arranjos e diremesma liberdade.
ção musical de Nelson Ayres e Marcos Levy.
ATITUDE
A consciência
do seu objetivo
ROBERTO SHINYASHIKI
Hoje em dia temos dois momentos de adolescência. Aquele dos
15 aos 21 anos e outro chamado de “maturescência”, uma adolescência que o ser humano vive ao redor dos 50 anos. Nessa fase, ele se
pergunta: o que eu quero fazer com a outra metade da minha vida?
Como quero viver? Portanto, independentemente da sua idade, reflita com cuidado sobre o que você quer fazer com sua vida.
Como a maioria das decisões é tomada em momentos de rebeldia, quer seja na adolescência, quer seja no inconformismo assumido após os 40 anos, muitas vezes as pessoas definem aquilo que
não querem da vida, mas sem ter clareza do que desejam.
Não querem, por exemplo, um trabalho que exija viagens, ou
então detestam mexer com números, ou ainda não gostam de lidar
com gente o dia inteiro. Mas eliminar opções não significa que você
encontrou um caminho a seguir. Além de saber o que você não quer,
é preciso definir onde está aquilo que você prefere: sua vocação. Se
você fosse um jogador de futebol, a melhor maneira de descobrir
sua vocação seria se perguntar: como vou me sentir melhor no jogo
da minha vida: sendo um goleiro, um defensor ou um atacante?
Todos sabem que querer transformar um atacante em goleiro
será um problema para o jogador, para o time e para toda a torcida!
A pessoa precisa atuar onde se sente melhor e onde seus talentos
possam ser usados plenamente. Isso não significa que o atacante
não deva ajudar a defesa nem que o defensor não ajude o ataque,
mas o importante é que cada um siga e desenvolva sua verdadeira
vocação.
Para encontrar sua vocação, é preciso controlar a ansiedade e
aprender a conhecer melhor a si mesmo. Na maior parte das vezes,
quando oriento um executivo ou um empresário numa fase em
que precisa redefinir suas prioridades, percebo que mal começo a
responder a uma pergunta ele já está levantando outra questão.
Nesse tipo de busca, escutar é algo importantíssimo para descobrir
nossa real vocação, especialmente quando o que ouvimos aqui fora
consegue despertar nossa voz interior.
“
O importante é se capacitar, para que sua
profissão lhe traga, além do prazer natural
de cumprir sua missão, a tranqüilidade
econômica decorrente de um trabalho
realizado com o máximo de perfeição
”
Para avaliar a própria vida e encontrar novos rumos, é fundamental reservar alguns momentos para ficar em silêncio. Gilberto Gil canta
numa de suas canções: “Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar
a sós”. Ele sabe que é preciso estar consigo mesmo para ouvir o Deus
que existe em nosso interior. Devemos procurar um lugar silencioso,
uma praia, talvez uma montanha, mas também pode ser nosso quarto, longe de revistas, livros, televisão, computador... Depois, precisamos
ficar sentados ou caminhar para escutar essa voz interior, geralmente
abafada pelas preocupações e correrias cotidianas.
Você é o único que pode criar esse tempo para pensar em sua vida.
Não fuja de si mesmo. O grande encontro é com você. A pessoa que
você precisa conhecer hoje é você mesmo, com sua alma, com suas reais
preferências. Então, batalhe por esse encontro. Vale a pena!
Roberto Shinyashiki é psiquiatra, palestrante e autor de livros
(www.shinyashiki.com.br)
No 41 | 2011 |
| 25
TURISMO |
St. Andrews:
do golfe ao cenário romântico da realeza
Príncipe Willian e a namorada Kate Middleton tiveram seus primeiros flertes na bucólica cidade escocesa
Por Davi Brandão
Fotos: Divulgação
No próximo dia 29 de abril, os holofotes
da imprensa, mundo afora, estarão envoltos na cerimônia matrimonial do príncipe
William e sua namorada de longa data,
Kate Middleton, a ser realizada na Abadia
de Westminster, em Londres. Destino procurado por muitos brasileiros, a cidade de St.
Andreww, lugar onde teve início o namorado dos nobres jovens começa a despertar a
atenção dos viajantes de todo o mundo, e
certamente terá seu destaque elevado na
rota turística mundial, após a celebração do
enlace da realeza.
Com o auxilio do VisitBritain —órgão oficial do governo britânico para promover o turismo na Inglaterra, Escócia e País de Gales,
a Revista do Centro Empresarial São Paulo Cidade abriga o Museu Britânico do Golfe, o principal centro de história e patrimônio do golfe no mundo
separou alguns pontos turísticos àqueles que rável devido ao seu título invejável de lar do
O centro medieval de St Andrews, com
pretendem visitar a terra de romantismo, es- golfe, atraindo visitantes do mundo todo.
suas vielas estreitas e ruas de pedra, leva à
colhida pelo jovem casal real. Acompanhe:
A Universidade de St Andrews, fundada catedral, agora em ruínas (outrora a maior da
em 1413, domina o centro da cidade. Os ele- Escócia) e à igreja adjacente de S. Regulus,
St Andrews
gantes edifícios cobertos de heras e os pátios cujas escadas em espiral conduzem ao topo
Talvez nunca tenha se falado tanto e jardins encantadores já testemunharam a de uma torre de 33 metros que proporciona
sobre a cidade de St Andrews. Localizada graduação de diversos alunos famosos, in- vistas magníficas da cidade e dos arredores.
no Reino de Fife, o local ficou, sem dúvida, cluindo, claro, a do príncipe William. O futuro rei
St Andrews possui duas praias excelenassociado ao namoro do príncipe William e já se formou, mas St Andrews continua sendo tes; uma delas é a West Sands, onde a faa futura princesa Katherine. A cidade tam- uma das melhores universidades da Grã-Bre- mosa sequência de abertura de Carruagens
bém abriga a universidade mais antiga da tanha, muitas vezes comparada a Oxford e de Fogo foi filmada. Dentre as várias atrações
Escócia, onde o casal se conheceu. Mas St Cambridge, por sua presença dominante e da cidade estão o Jardim Botânico, o Museu
Andrews possuía uma reputação conside- pela atmosfera que confere à cidade.
Universitário e o Museu Britânico de Golfe.
26 |
| No 41 | 2011
St. Andrews, localizada no Reino de Fife, ficou associada ao
namoro do príncipe William e a
futura princesa Katherine. A cidade também abriga a universidade mais antiga da Escócia,
onde o casal se conheceu
magnífico sarcófago de St Andrews da época dos pictos. A Torre de St. Rule, no pátio,
faz parte da primeira igreja dos cônegos
agostinianos em St Andrews, construída no
início do século XII.
Museu Britânico do Golfe
Centro medieval de St Andrews, com suas vielas estreitas e ruas de pedra
Além de sua reputação por ter alguns
dos melhores campos de golfe do mundo,
Fife e seus arredores abrigam algumas das
paisagens mais impressionantes da Escócia e atrações turísticas fascinantes, como
o Castelo de St Andrews, a Catedral de St
Andrews, o Jardim Botânico de St Andrews,
entre outros.
em forma de garrafa, a mina e a contramina, escavadas durante o cerco, em 1546.
Uma exposição fascinante no centro de
visitantes revela a história do castelo e da
catedral.
Catedral de St Andrews
Aqui se encontram as ruínas da maior
catedral da Escócia. As paredes do pátio
estão particularmente bem preservadas.
Castelo de St Andrews
Parte das ruínas do castelo dos arcebis- O Museu da Catedral abriga uma notável
pos de St Andrews data do século XIII. As coleção de esculturas medievais e outras
características notáveis incluem o calabouço relíquias encontradas no local, incluindo o
O primoroso Museu Britânico do Golfe
está situado no coração do lar do golfe, a
apenas 61 metros do famoso Old Course.
Exposições criativas, atividades interativas
e apresentações multimídia impressionantes revelam 500 anos de história do golfe.
O Museu Britânico do Golfe é o principal
centro de história e patrimônio do golfe
no mundo.
Visite o histórico Old Course
O Old Course é o lar do golfe, onde
o esporte foi praticado pela primeira vez,
600 atrás. Ele ainda preserva o verdadeiro
espírito do golfe para os campeões atuais.
O lendário campo original é sinônimo da
abertura do campeonato, que já foi realizada mais vezes aqui do que em qualquer
outro local e sediou, pela 28a vez, o campeonato de 2010, no 150o aniversário da
competição. Apesar de sua fama e status,
é um dos sete campos de golfe públicos
de St Andrews.
No 41 | 2011 |
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TURISMO |
O Old Course, lar do golfe, onde o esporte foi praticado pela primeira vez, é um dos sete campos de golfe públicos de St. Andrews
Jardim Botânico de St Andrews
O Jardim Botânico de St Andrews se estende por 7 hectares de belíssimos jardins
e estufas. Localizado entre Lade Braes e
Canongate, fica a uma pequena distância
da cidade, podendo ser percorrida a pé ou
de ônibus, e conta com um amplo estacionamento. Ao abrigo das árvores, o local é
descrito por muitos como uma “joia secreta”.
O projeto contempla habitats interligados,
nos quais há muitas plantas fascinantes e
incomuns para serem vistas. O jardim abre
o ano todo, a partir das 10 horas. Há uma
pequena taxa de entrada e uma “caixa de
confiança” durante os meses de inverno.
MUSA: Museu da Universidade de
St Andrews
O Museu da Universidade de St Andrews
(MUSA), inaugurado em outubro de 2008, exibe ao público, pela primeira vez, alguns dos
tesouros reais dentre o acervo de mais de 112
mil artefatos da universidade. O museu possui quatro galerias, um “sótão inclinado” e um
terraço panorâmico com vista da baía de St
Andrews. O MUSA é gratuito ao público.
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| No 41 | 2011
Ligação do príncipe Willian com St. Andrews
- O príncipe William obteve o grau William durante sua permanência em St.
2:1 do mestrado escocês em St. Andrews Andrews, onde, ao que consta, ele costucom honras de nível dois superior em ge- mava beber cidra com seus seguranças.
ografia, superando seu pai, que atingiu o
grau 2:2 em Cambridge.
- O príncipe morou no alojamento de
estudantes de St. Salvator antes de se
- Ele era supostamente chamado de mudar para uma casa na Hope Street.
“Steve” pelos outros alunos para evitar que
os jornalistas soubessem sua verdadeira
- Quando ficavam na Hope Street, o
identidade quando os estudantes estives- príncipe e Kate Middleton costumavam
sem se referindo a ele.
caminhar pela deslumbrante St. Andrews
West Sands.
- Sua graduação foi a primeira da família na qual a rainha compareceu – ela
- A localização também lhes permitia
não esteve presente na de seus filhos.
caminhar pelo castelo e a catedral de St.
Andrews, ao passo que a bela Tentsmuir
- O Ma Bells Bistro Bar do St. Andrews Forest proporcionava certa privacidade e
Golf Hotel era o pub predileto do príncipe contato com a natureza.
Doceira Vivi completa 30 anos
A Doceira Vivi virou balzaquiana. Completou seus 30 anos de existência com total
reconhecimento do público. Inaugurada em
10 de fevereiro de 1981, ela é hoje o estabelecimento do ramo de alimentação mais
antigo do Centro Empresarial de São Paulo.
O longo tempo de funcionamento da
Doceira Vivi se confunde com história do
seu proprietário, Teodoro Petrov. Há 30
anos, ele começou o negócio em uma pequena loja do condomínio. Vendia salgados e lanches frios.
Hoje, seus dois filhos, Leonardo e Paulo
Petrov, dividem com ele a administração da
ico
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Roteiro
es
pr
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t
do Cen
casa, que ampliou seus espaço e diversificou seus produtos. A Doceira Vivi oferece
lanches quentes, pães variados, mais de
20 tipos de salgados, doces, sucos, vitaminas, café e saladas de fruta. Todos os itens
são de produção própria.
Além da venda no balcão, a casa oferece para as empresas do Centro Empresarial
um serviço completo de café da manhã,
coffee break, lanches variados, sanduíches
de metro e bolos feitos por encomendas.
Uma das marcas da Doceira Vivi é o
atendimento rápido e eficiente. Os clientes que precisam economizar tempo en-
contram plena satisfação. Por isso, a casa
está sempre movimentada, funcionando
no ritmo quente do Centro Empresarial.
Ela funciona de segunda a sexta-feira,
das 5 horas da manhã até as 19 horas.
Leonardo Petrov, que desde menino
acompanha os passos do pai, reflete a energia da casa. Ele está sempre atento à excelência dos serviços e do atendimento prestado pelos 20 funcionários da Doceira Vivi.
“A variedade, a qualidade, os preços e a
rapidez do atendimento são o segredo do
sucesso e da longa história da Doceira Vivi”,
revela Leonardo Petrov.
No 41 | 2011 |
| 29
Shopping
Panamby
BANCOS
Tudo isso você encontra no
Centro Empresarial de São Paulo
BANCO DO BRASIL
SANTANDER
BRADESCO
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
CITIBANK
HSBC BANK DO BRASIL
ITAÚ
PERSONNALITE ITAÚ
ITAÚ
Bloco A - Piso Shopping
Bloco D - Piso Shopping
Corredor E-G/Piso Shopping
Bloco G - Jardim
Bloco F - Piso Shopping
Corredor D-G/Piso Shopping
Corredor E-G/Piso Shopping
Bloco E - Piso Shopping
Corredor D-G/Piso Shopping
3741-8981
3741-6999
3741-6230
3503-3150
2122-8171
3741-6190
3003-4828
3741-5566
4004-1053
ALIMENTAÇÃO
CAFETERIA, CHOPPERIAS, LANCHONETES E DOCERIAS
BORBA`S
Bloco B - Piso Shopping
CACAU SHOW
Bloco C - Piso Shopping
CAFÉ DA PRAÇA
Galleria - Piso Shopping
CARMINE´S
Galleria - Piso Shopping
CASA DO PÃO DE QUEIJO
Bloco F - Piso Shopping
CHARLOTTE
Corredor F-G/Piso Shopping
CHOPP BRAHMA
Corredor G-F - Piso Shopping
DOCERIA VIVI
Bloco B - Piso Shopping
KOPENHAGEN
Galleria - Piso Shopping
McDONALD`S
Bloco F - Piso Shopping
SUBWAY
Bloco F - Piso Shopping
UNO & DUE
Corredor B-G/Piso Shopping
VILA CAFÉ
Corredor F-G/Piso Shopping
YOGOFRESH
Bloco G - Piso Shopping
3741-3300
3741-6624
3741-1130
3748-0383
3741-1933
3741-1566
3741-5291
3741-5425
3741-9884
3741-2100
3741-2400
3741-3322
3741-1414
3741-8890
CONVENIÊNCIA
EXECUTIVE TOBACCO
MONTSOU
NUTRIX
3741-2442
3741-6724
3741-3555
30 |
Corredor C-G/Piso Shopping
Corredor F-G/Piso Shopping
Corredor F-G/Piso Shopping
| No 41 | 2011
RESTAURANTES
AQUARIUS
Bloco F - Piso Shopping
ARAK
Corredor F-G/Piso Shopping
CULT GASTRONOMIA
Bloco A - Piso Shopping
DAISSUKI
Corredor A-G/Piso Shopping
DAN RESTAURANTES
Corredor A-B/Piso Shopping
GOSTINHO BRASILEIRO
Corredor A-B/Piso Shopping e G/Piso Panamby
JIN JIN
Correodr G-A - Piso Shopping
LE POINT
Bloco B - Piso Shopping
LIVERPOOL
Corredor A-B/Piso Shopping
MAANAIM
Bloco F - Piso Shopping
MONTANA GRILL EXPRESS
Bloco F - Piso Shopping
OLIVA
Corredor B-G/Piso Shopping
PANDA INN
Corredor A-B/Piso Shopping
PHILADELPHIA BUFFET
Corredor A-B/Piso Shopping
SABORINI
Corredor A-G/Piso Shopping
SANTE
Corredor B-G/Piso Shopping
VIA PASTA
Bloco F - Piso Shopping
ZARAPEUSTA
Bloco F - Piso Shopping
3741-9596
3741-6777
3741-2154
3741-6389
3741-1515
3741-1616
3741-4755
3741-2600
3741-2141
3741-1466
2122-8161
3741-5451
3741-1313
3741-2221
3741-3200
3741-1133
3741-1207
3741-2765
LOJAS
ACADEMIA
CURVES ACADEMIA (fem)
MONDAY ACADEMIA
AGÊNCIA DE TURISMO/CÂMBIO
CVC
IDOIL VIAGENS
SOL CORRETORA
AUTOMOTIVOS
AUTO POSTO META
BIJUTERIAS E ACESSÓRIOS
K`DOURO
MORANA
BRINQUEDO
MAGICAL KID´S STORE
Bloco A - Piso Shopping
Piso Panamby
Bloco B - Piso Shopping
Corredor D-G - Piso Shopping
Bloco F - Piso Shopping
Área Externa
Corredor G-F - Piso Shopping
Bloco C - Piso Shopping
3741-1900
3747-7730
3747-7122
3741-1820
3748-1020
3741-2282
3741-4971
3741-7889
CALÇADOS E BOLSAS
BAGUNCINHA
GATA & SAPATO
NÔMADE
ZATTA
Bloco G-C - Piso Shopping
Bloco F - Piso Shopping
Bloco C - Piso Shopping
Bloco G - Piso Shopping
3741-8330
3741-4441
3741-5523
3741-7888
CELULAR
CELLULAR MIX/TIM
VIVO
Bloco G - Piso Shopping
Bloco G - Piso Shopping
5853-2351
3741-3584
CINE, FOTO, SOM ÓTICA
ÓTICA ORTIZ
PHOTO CENTER
COPIADORA E GRÁFICA
COPY BOX
CORREIOS, DESPACHOS E ENTREGAS
CORREIOS
HELD TRANPORTES URGENTES
VARIGLOG
ESTACIONAMENTO VISITANTE
ESTAPAR
ESTÉTICA E MEDICINA ALTERNATIVA
CLEAN
ELLO´S CABELEIREIROS
Bloco C - Piso Shopping
3741-6880
Corredor D-G/Piso Shopping
Bloco C - Piso Shopping
3741-8607
3741-2175
Bloco F - Piso Shopping
Corredor G-E - Piso Shopping
3741-3899
LIVROS, REVISTAS E PAPELARIA
ART & MAGAZINE
MTM PAPELARIA
Bloco C - Piso Shopping
Bloco C - Piso Shopping
3741-6734
3741-2522
LOCAÇÃO DE VEÍCULOS
LOCALIZA RENT A CAR
UNIDAS RENT A CAR
Bloco A - Piso Shopping
Bloco F - Piso Shopping
2122-8093
3741-5065
LOTÉRICAS
WINNER LOTERIAS
Bloco C - Piso Shopping
3741-8221
MODA
BAGUNCINHA (INFANTIL)
BARRED´S (FEM)
COLOMBO (MASC)
DENYSOUZA (GERAL)
DRESS UP (FEM)
FATTO A MANO (MASC)
FUSK (GERAL)
HERING (GERAL)
PEÇA ÚNICA (FEM)
SIGNAL FLAG (FEM)
SIMULASSÃO (FEM)
WELL (UNISSEX)
Corredor C-G/Piso Shopping
Galleria - Piso Shopping
Corredor C-G/Piso Shopping
Bloco F - Piso Shopping
Bloco F - Piso Shopping
Bloco F - Piso Shopping
Bloco G - Piso Shopping
Galeria - Piso Shopping
Corredor C-G/Piso Shopping
Galleria - Piso Shopping
Galleria - Piso Shopping
Bloco B - Piso Shopping
3741-8330
3741-6593
3741-8859
3747-7371
3741-2955
3741-1500
3747-7022
3741-2999
3741-9388
3741-2445
3741-1494
3741-5378
MODA ÍNTIMA
BASIC WEAR
MILHÕES DE MEIAS
Corredor C-G - Piso Shopping
Galleria - Piso Shopping
3741-6102
3748-0414
Bloco F - Piso Shopping
3741-5065
PRODUTOS NATURAIS
MUNDO VERDE
Corredor G-A - Piso Panamby
3741-5004
RELOJOARIA
RELOJOARIA KAIRÓS
Bloco G - Piso Shopping
3741-5300
SAÚDE
AÇÃO DENTAL
CLIDEC (Odonto)
CLÍNICA DE OLHOS
NÚCLEO DE SAÚDE INTEGRADA
Bloco C - Piso Shopping
Bloco F - Piso Shopping
Bloco F - Piso Shopping
Bloco C - Piso Shopping
5853-3040
3741-8555
3741-1017
3741-9977
SEGUROS E PREVIDÊNCIA
MAPFRE VERA CRUZ SEGUROS
Bloco G - Piso Shopping
3741-3809
SUPLEMENTOS ALIMENTARES
SNC
Galeria - Piso Shopping
3748-9978
3741-6100
Bloco G - Piso Shopping
CHAVEIRO, CARIMBOS E SAPATARIA
SAPATARIA DO FUTURO
JOALHERIA
BLUE SPIRIT
PRESENTES
TUTTI QUANTI
3748-0872
Bloco A - Piso Shopping
Bloco C - Piso Panamby
Bloco A - Piso Shopping
3741-3028
3741-2456
3741-4455
Estacionamento
3741-5073
Bloco G - Piso Shopping
Bloco A - Piso Shopping
3741-1100
3747-7202
FARMÁCIA E PERFUMARIA
DROGA ALETA
FARMALIFE
O BOTICÁRIO
THAYTI PRESENTES
Bloco G - Piso Shopping
Bloco C - Piso Shopping
Bloco C - Piso Shopping
Galleria - Piso Shopping
3741-4440
3741-6599
3741-4526
3741-6244
IDIOMAS
MAYFAIR
Bloco G - Piso Shopping
3741-1000
INFORMÁTICA
PHOTO CENTER
RE-CICLO DE CARTUCHOS
Bloco C - Piso Shopping
Bloco G - Piso Shopping
3741-2175
3741-9858
Anuncie
3815-5566 – Ramal 27
No 41 | ANO 2011 |
| 31
CULTURA |
Agenda Cultural
TEATRO ALFA
Endereço: R. Bento Branco de Andrade Filho, no 722, Santo Amaro.. – Tel: (11) 5693-4000
Conheça a programação
das casas de espetáculos
que ficam próximas ao
Centro Empresarial
de São Paulo
Evita (musical)
26 de março a 31 de Julho
Quinta-feira, 21h
Sexta (21h30) e Domingo (20h)
Sábado (17h e 21h)
Domingo (16h)
Circo de Pulgas (infantil)
12 de Março a 01 de Maio
Sábados e Domingos: 19h
HSBC BRASIL
Pés Desclaços (infantil)
Estreia dia 19 de Março
Sábados e Domingos: 17h30
R. Bragança Paulista, 1281 – Chácara Santo Antônio – São Paulo, SP – Tel: 4003-1212
MARÇO
12 de março
Tarja
Horário: 22h
ABRIL
1 de abril
Beth Carvalho
Horário: 22h
26 de março
Morcheeba
Horário: 22h
2 de abril
Boys Like Girls
Horário: 20h
CREDICARD HALL
MAIO
6 de maio
Renato Teixeira e
Sergio Reis
Horário: 22h
14 de maio
The Cult
Horário: 22h
20 de maio
Harlem Gospel Choir
Horário: 22h
22 de maio
Village People
Horário: 22h
Av. Nações Unidas 17.955, Santo Amaro, SP Tel: (11) 2846-6000
MARÇO
17 de março
Seal
Horário: 21h30
ABRIL
01 e 02 de abril
Maria Gadú
Horário: 22h
23 de abril
Leonardo
Horário: 22h
19 de março
Eduardo Costa
Horário: 22h
04 de abril
Deftones e Cypress Hill
Horário: 21h30
14 e 19 de abril
Roxette
Horário: 14/04: a definir,
19/04: 21h30
25 e 26 de março
Roupa Nova
Horário: 22h
05 de abril
Elvis Costello
& The Imposters
Horário: a definir
29 e 30 de abril
Fábio Junior
Horário: 22h
08 e 09 de abril
Daniel
Horário: 22h
32 |
Pedro Palerma e outras Histórias
(infantil)
Estreia dia 12 de Março
Sábados e Domingos: 16h
| No 41 | 2011
MAIO
07 de maio
Kid Abelha
Horário: 22h
13 de maio
All You Need is Love &
Orquestra
Horário: 22h
21 de maio
Belo
Horário: 22h
27 e 28 de maio
Zeca Pagodinho
Horário: 22h
14 de maio
Ian Anderson’s Jethro Tull
Horário: a definir
Alimentos orgânicos:
respeito pelo homem
Aracely Gil
Em busca de um estilo de vida saudável,
cada vez mais pessoas buscam consumir produtos orgânicos. Os alimentos orgânicos são
cultivados sem a utilização de agrotóxicos e
outros produtos nocivos a saúde humana e
ao meio ambiente. Desta forma, a produção
agrícola busca, de maneira sustentável, trabalhar e conservar o solo e demais recursos
naturais, como água, plantas e animais, diminuindo o impacto causado ao ecossistema.
Há estudos que comprovam que a exposição aos agrotóxicos utilizados no plantio e
cultivo dos alimentos podem causar dores
de cabeça, desequilíbrio hormonais com danos que vão da obesidade e depressão à
redução da fertilidade masculina.
Diante destes riscos, os alimentos orgânicos representam uma alternativa saudá-
Aracely Gil, nutricionista formada pela São Camilo e consultora da loja Mundo Verde do Shopping Panamby
vel de consumo. Mas ao escolher o alimento orgânico, o consumidor deve observar a
origem e qualidade do produto.
Dois conceitos são fundamentais na
produção orgânica: a relação de confiança
entre produtor e consumidor e o controle de
qualidade. Para identificar os produtos orgânicos, foram criados os selos de certificação
de produtos orgânicos. Estes selos certificam
que o produto está sendo cultivado ou processado de acordo com as normas de produção orgânicas. A certificação exige uma
série de cuidados, desde a desintoxicação do
solo até o envolvimento com projetos sociais
e de preservação do meio ambiente.
Os produtos orgânicos podem ser identificados com um ou mais selos de certificação.
Entre eles estão: Associação de Agricultores
Biológicos (ABIO), Francesa Ecocert-Brasil, Sistema de Certificação Ecosocial IBD Aproveite
que o ano está começando para iniciar uma
vida com hábitos alimentares mais saudáveis
e aproveite para consultar um nutricionista.
Seu organismo agradece!
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COLUNA
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O povo despido
jamais será vencido
Gaspar Junior *
Foliões e adrenalinas, confetes e
serpentinas, pierrôs e colombinas, maquiagens e purpurinas – ao contrário
de Fênix e da Bahia, tudo termina na
quarta-feira de cinzas. A Bahia é o mais
ardente e interminável camarote da folia. No carnaval da Bahia, o ócio que era
a preguiça chic, vira o ânimo que é a
alma do corpo. E o corpo aqui fica sendo o da mulata com seu inventário de
morenidade, lubricidade, volubilidade e
pecabilidade. Uma consagração assinada pela plástica e ousadia estética de Di
Cavalcanti à corporificação do borogodó
no rebolado sobrenatural das mulatas
do Sargentelli. A Bahia inventou a mulata e a mulata inventou a primeira ata
do samba. Mulata aqui tem o sabor do
acarajé, o cheiro do ariaxé, o ritmo do
afoxé, a fé do candomblé, a cor do café,
o samba no pé. A mulata tem o sol incrustado na pele. O que ela não tem é a
nuvem. Não existe escola de samba sem
mulata. Sem o ziriguidum do seu bumbum. Mulata é a vinheta globeleza na
escultura impecável de sua nudeza. Na
tela da globo – a gente fica mais bobo
– a gente se despe por aqui. Perdoe-me
Nelson, mas nenhuma nudez no carnaval será castigada.
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O carnaval no Brasil é um desfile carnal e viril. “O povo despido jamais será
vencido.” Gritou o puxador de samba da
Escola Acadêmicos do Nudismo. Que há
em nós no carnaval, senão nós nus ?
Questionou um naturista enrolado numa
serpentina transparente. A essência da
liberdade de expressão sempre contemplou o corpo nu como símbolo absoluto
da intimidade e da independência. O
fotógrafo Spencer Tunick desnua e estatua esse povo recriando o mundo livre,
leve, limpo. Spencer Tunick é o carnavalesco do século. Suas fotos revelam um
paradísico cenário de autonomia sem a
presença pecaminosa da macieira e da
serpente. É na fantasia nua que vestimos a pele do que somos. Todos iguais
e todos diferentes. Aliás, não há diversão
na vida sem diversidade. E a mais autêntica das diversidades é a NUDIVERSIDADE
humana. Nela encontramos a exultação
de sermos idênticos pela identidade das
diferenças. A nudez retira do palco o despotismo e enaltece o despojamento.
Como diria baianamente um purobaiano-filósofo de Santo Amaro da Purificação: “Eu me fantasiei o ano inteiro
para no carnaval sair de mim e me fantasiar de mim mesmo: nu como vim ao
planeta terra.” O carnaval é a rebeldia
diluída nessa nudação. Se vivemos vestidos com a anatomia da dissimulação, se
representamos cada ato e desacato para
poder viver uma farsa burlesca, se somos
atores e atrizes da nossa real existência
– deixe, neste carnaval, que a nossa diferença não faça a menor diferença. Dispase agora no meio da avenida, no centro do salão, na praça do mundo. Mas,
lembre-se, só os palhaços e os bêbados
são como as borboletas, possuem ossos
flexíveis e a nudez em pelo passeando
pela alma. Se a arte do bêbado é imitar
a alegria do palhaço, sejamos bêbados
e palhaços. É também um estilo despido
de ser nu.
* Waldemar Gaspar Junior | Jornalista, publicitário, consultor de Comunicação Empresarial,
escritor, diretor geral de Criação e Gestão de
Projetos do Instituto Mimboé de Arquitetura e
Construção Humana | e.mail: [email protected]
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