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A T U A L I Z A Ç Ã O
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Outubro 2014
Auditório da ABM
Rua Baependi, 162 - Ondina
É com grande satisfação que nos
últimos momentos de preparação para
nossas jornadas recebemos as
contribuições de três AEs em exercício
os quais, provocados por Tânia Abreu,
coordenadora da comissão científica,
dizem o que para cada um, a partir de
suas análises, entende pela expressão
"atualidade do trauma".
Para nós do Campo Freudiano, a
palavra de um AE (Analista da Escola)
tem valor agalmatico, pois como diz
Miller, são as jóias de nossos
congressos. Alguém que é nomeado AE
significa que deu provas ao cartel do
passe de ter levado sua análise até o
final e escolhem-se os congressos e
jornadas como locais para que possam
testemunhar o que foi esse percurso
por serem espaços onde a comunidade
psicanalítica está reunida para mostrar
os avanços da sua prática.
Assim, agradecemos a Ana Lydia
Santiago, Marcus André Vieira e
Rômulo da Silva.
Boa leitura!!!
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T R A U M A
Última hora:
Palavra de AE
Boletim Extra
Vixe!!!
20 de outubro 2014
Alguns acontecimentos podem
atualizar o trauma, ou seja, oferecer
ao sujeito sentido que confere uma
forma para seu programa singular de
gozo. Essas atualizações, contudo, são
ilusórias. Como as análises levadas a
seu termo permitem demonstrar, há
toda uma atribuição de sentido ao
que, em última instância, concerne a
intrusão do Outro do significante
sobre o vivo do corpo. Essa intrusão
inaugural é, ao mesmo tempo, um
acontecimento de produção de gozo
próprio ao ser falante, que se torna a
essência de todo sintoma. Isso justifica
a definição: “O trauma é a incidência da
língua sobre o ser falante”1. A
experiência analítica revela o caminho
de atribuição de sentido através da
elucubração fantasmática e, assim,
pode conduzir o analisante a chegar a
um caroço, a um pedaço de real, a
cernir esse encontro traumático com
lalíngua, que indica a maneira
particular pela qual o afeto do gozo
atingiu o corpo.
Ana Lydia Santiago
Ana Stela Sande
1 MILLER, Jacques-­‐Alain. Lacan com Joyce [Seminário da Seção clínica de Barcelona [1996]. InCorreio, Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, nº 65, abril 2010. p. 33-­‐59. X
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Há trauma que não seja no campo do sentido?
Creio que não. Se tiramos do trauma tudo o
que é romance, sentimento e ressentimento
ficamos apenas com um traçado, litoral do
encontro com o Outro com o vivo de nosso
corpo. Não é o que permite às vezes uma
análise? Extrair dos sentidos do trauma as
letras de sua incidência? Dessa forma,
trocamos em uma análise o sentido pelo semsentido com grande alívio do drama,
esvaziamento do trauma. Ocorre, porém, o
seguinte: aquilo que não tem sentido também
não tem duração. As falas que fazem sentido
duram na memória coletiva, se sustentam
quase que por si só. Quanto ao lado sem
sentido delas, para que tenha valor há que se
responsabilizar. Talvez só haja verdadeira
responsabilidade dessa forma, sobre coisas
sem sentido.
Não creio que essa situação limite de uma
análise no horizonte de sua conclusão, esteja
tão distante de nossa realidade quanto pode
parecer. Em tempos de sentidos tão voláteis,
n ã o p o d e m o s c o n t a r c o m o s s a b e re s
acumulados para fazer as coisas durarem. As
representações pré-estabelecidas não servem,
como revelava o "você não me representa" das
manifestações de junho do ano passado. Talvez
por isso seja tão necessário contar com o corpo.
Os corpos vêm às ruas fazer número, sem que
se possa mais apostar em palavras de ordem
comuns para reuni-los. Em multidão, eles
fazem efeito por si mais do que por suas ideias.
Nesse contexto, vale se interessar pelos nomes
que nos fazem vibrar além do corpo. Não é o
que uma análise oferece em escala individual?
A leitura que corra o risco de tornar o gozo
excedente escrita que ressoa?
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Gostaria de destacar a
atualidade do trauma a
partir de uma
contribuição de Vicente
Palomera. Ele evoca
Lacan para dizer que o
trauma tem duas
vertentes. A vertente
do "trou-matismo", que
estamos
mais
habituados a abordar,
aponta para o furo
causado pelo choque
do significante com o
corpo, marcando o que
Jacques-Alain Miller
chamou de estado
nativo de todos nós - o
autismo.
Já a vertente "tropmatismo", aponta para
um
excesso,
movimento em direção
ao Outro, à palavra;
numa tentativa de
fazer articulação entre
o real do gozo e o
sentido. Em tempos de
pluralização dos
nomes do pai e de
imperativo de gozo,
tudo em excesso, é
i n t e r e s s a n t e
retomarmos essas duas
vertentes do trauma.
Rômulo
Ferreira da Silva
Marcus André Vieira
Inscrições & Informacoes: http://ebpbahia.com.br/agenda/jornada-actualizacao-do-trauma/inscricoes-e-informacoes/
VIXE!!! - Boletim da XIX Jornadas da EBP-Ba. Comissão de Divulgação: Ana Stela Sande (Coord.); Carla Fernandes; Júlia Solano e Rogério Barros.
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