X I X J O R N A D A S A T U A L I Z A Ç Ã O 24/25 Outubro 2014 Auditório da ABM Rua Baependi, 162 - Ondina É com grande satisfação que nos últimos momentos de preparação para nossas jornadas recebemos as contribuições de três AEs em exercício os quais, provocados por Tânia Abreu, coordenadora da comissão científica, dizem o que para cada um, a partir de suas análises, entende pela expressão "atualidade do trauma". Para nós do Campo Freudiano, a palavra de um AE (Analista da Escola) tem valor agalmatico, pois como diz Miller, são as jóias de nossos congressos. Alguém que é nomeado AE significa que deu provas ao cartel do passe de ter levado sua análise até o final e escolhem-se os congressos e jornadas como locais para que possam testemunhar o que foi esse percurso por serem espaços onde a comunidade psicanalítica está reunida para mostrar os avanços da sua prática. Assim, agradecemos a Ana Lydia Santiago, Marcus André Vieira e Rômulo da Silva. Boa leitura!!! E B P D O - B A H I A T R A U M A Última hora: Palavra de AE Boletim Extra Vixe!!! 20 de outubro 2014 Alguns acontecimentos podem atualizar o trauma, ou seja, oferecer ao sujeito sentido que confere uma forma para seu programa singular de gozo. Essas atualizações, contudo, são ilusórias. Como as análises levadas a seu termo permitem demonstrar, há toda uma atribuição de sentido ao que, em última instância, concerne a intrusão do Outro do significante sobre o vivo do corpo. Essa intrusão inaugural é, ao mesmo tempo, um acontecimento de produção de gozo próprio ao ser falante, que se torna a essência de todo sintoma. Isso justifica a definição: “O trauma é a incidência da língua sobre o ser falante”1. A experiência analítica revela o caminho de atribuição de sentido através da elucubração fantasmática e, assim, pode conduzir o analisante a chegar a um caroço, a um pedaço de real, a cernir esse encontro traumático com lalíngua, que indica a maneira particular pela qual o afeto do gozo atingiu o corpo. Ana Lydia Santiago Ana Stela Sande 1 MILLER, Jacques-‐Alain. Lacan com Joyce [Seminário da Seção clínica de Barcelona [1996]. InCorreio, Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, nº 65, abril 2010. p. 33-‐59. X I X J O R N A D A S Há trauma que não seja no campo do sentido? Creio que não. Se tiramos do trauma tudo o que é romance, sentimento e ressentimento ficamos apenas com um traçado, litoral do encontro com o Outro com o vivo de nosso corpo. Não é o que permite às vezes uma análise? Extrair dos sentidos do trauma as letras de sua incidência? Dessa forma, trocamos em uma análise o sentido pelo semsentido com grande alívio do drama, esvaziamento do trauma. Ocorre, porém, o seguinte: aquilo que não tem sentido também não tem duração. As falas que fazem sentido duram na memória coletiva, se sustentam quase que por si só. Quanto ao lado sem sentido delas, para que tenha valor há que se responsabilizar. Talvez só haja verdadeira responsabilidade dessa forma, sobre coisas sem sentido. Não creio que essa situação limite de uma análise no horizonte de sua conclusão, esteja tão distante de nossa realidade quanto pode parecer. Em tempos de sentidos tão voláteis, n ã o p o d e m o s c o n t a r c o m o s s a b e re s acumulados para fazer as coisas durarem. As representações pré-estabelecidas não servem, como revelava o "você não me representa" das manifestações de junho do ano passado. Talvez por isso seja tão necessário contar com o corpo. Os corpos vêm às ruas fazer número, sem que se possa mais apostar em palavras de ordem comuns para reuni-los. Em multidão, eles fazem efeito por si mais do que por suas ideias. Nesse contexto, vale se interessar pelos nomes que nos fazem vibrar além do corpo. Não é o que uma análise oferece em escala individual? A leitura que corra o risco de tornar o gozo excedente escrita que ressoa? E B P - B A H I A Gostaria de destacar a atualidade do trauma a partir de uma contribuição de Vicente Palomera. Ele evoca Lacan para dizer que o trauma tem duas vertentes. A vertente do "trou-matismo", que estamos mais habituados a abordar, aponta para o furo causado pelo choque do significante com o corpo, marcando o que Jacques-Alain Miller chamou de estado nativo de todos nós - o autismo. Já a vertente "tropmatismo", aponta para um excesso, movimento em direção ao Outro, à palavra; numa tentativa de fazer articulação entre o real do gozo e o sentido. Em tempos de pluralização dos nomes do pai e de imperativo de gozo, tudo em excesso, é i n t e r e s s a n t e retomarmos essas duas vertentes do trauma. Rômulo Ferreira da Silva Marcus André Vieira Inscrições & Informacoes: http://ebpbahia.com.br/agenda/jornada-actualizacao-do-trauma/inscricoes-e-informacoes/ VIXE!!! - Boletim da XIX Jornadas da EBP-Ba. Comissão de Divulgação: Ana Stela Sande (Coord.); Carla Fernandes; Júlia Solano e Rogério Barros.