Escola EB 2.3/ Engº Dionísio Augusto Cunha GRANITO em Parte II GEO2 - 8ºano Beatriz Pais João Silva Magda Dias Ricardo Amaral Professor Augusto Pinto Canas de Senhorim 2011/2012 Escola EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha 1. Identificação da Equipa 1.1- Escola: EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha – Canas de Senhorim 1.2- Equipa: GEO2 1.3- Localização: Canas de Senhorim, concelho de Nelas e distrito de Viseu. 2. Caracterização da Amostra 2.1 - Nome da rocha: granito 2.2 - Localização: As amostras foram recolhidas na pedreira da Agrepor Agregados – Exploração de Inertes S. A., que ocupa uma área de 60 hectares, estando o seu patamar mais fundo a 70 Canas de Senhorim metros de profundidade, onde o granito apresenta melhor qualidade. Localiza-se na freguesia de Canas de Senhorim, aproximadamente a 1,5 km a SO do centro desta povoação e na freguesia de Lapa do Lobo, aproximadamente a 500 metros a NO desta povoação. Situa-se à altitude de 317 metros e tem como coordenadas geográficas, 40º30´ de latitude N e 7º 55´ de longitude O (figura 1). Segundo PDM de Nelas, grande parte da propriedade que corresponde à Agrepor, classifica-se como espaço florestal existindo pequenas Áreas de Reserva Agrícola Nacional (RAN), Reserva Ecológica Nacional (REN), entre outros. Lapa do Lobo Figura 1 – Localização da pedreira. Altitude de visualização+/- 10 km. Figura 2 – Vista geral da pedreira. Figura 3 – GEO2 em trabalho de campo. Pág. 1 de 8 Escola EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha 2.3 – Descrição Através de uma amostra de mão (figura 4), rachão britado/ primário, obtida aquando da visita de estudo à pedreira, podemos dizer que é uma rocha muito grosseira com grandes cristais de feldspato, biotite abundante e, quase sempre, alguma moscovite. Há quem chame a esta rocha, granitão. Dimensão entre 10 e 13 cm de comprimento por 7 a 8 cm de largura. Composição: minerais de quartzo branco/ leitoso, utilizado no fabrico de vidro e porcelana; minerais de feldspato branco rosado /amarelado, utilizado nas porcelanas (figura 5); minerais acessórios de micas (moscovite e predominância de biotite); turmalina negra, utilizada em joelharia. Textura porfiroide de granularidade média a grosseira. Dureza entre o grau 7, o quartzo) e 6, o feldspato, ou seja, não é riscado por metal. Cor acinzentada, localmente chamado granito azul. (na pedreira, surgem outras tonalidades de acordo com o grau de degradação do feldspato, à superfície e junto às diáclases surgem os amarelados). Figura 4 – Amostra de mão. Figura 5 – Fenocristal de felsdpato. 2.4 - Classificação: Magmática – plutónica 2.5 - Contexto O granito resulta da cristalização do magma ácido, formado pelos minerais de quartzo, feldspato, moscovite e biotite (micas), em profundidade. Por isso é uma rocha magmática plutónica, que sendo menos densa que os materiais do interior da Terra, ascende até um certo ponto, ainda no seu interior. Como se vão formando outros granitos por baixo, vão empurrando o granito, anteriormente formado, até à superfície da Terra, fazendo ceder o solo para poder passar. Pág. 2 de 8 Escola EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha Do ponto de vista geológico, a pedreira e seus arredores, assenta num maciço de granito. Nos finais da orogenia hercínica, há cerca de 270 milhões de anos na Era Paleozóica, ocorreram “fenómenos de vulcanismo, que originaram grandes massas graníticas” (João Antunes, 1990, pág. 50) que, ao mesmo tempo, se enrugaram. Posteriormente, o granito e outos materiais do Maciço Hespérico esteve sujeito, a intensa ação erosiva durante milhares de anos e aos intensos movimentos compressivos da orogenia alpina. Estes movimentos internos que provocaram imensas fraturas do maciço com direção, predominante, NESW (figura 6), do qual resultou um grande jogo de blocos (horts e grabens) que associado à diferente resistência das rochas à erosão, provocaram as diversas formas de relevo que hoje comtemplamos. Nestas fraturas, que orientam boa parte do curso dos nossos rios, instalaram-se filões de quartzo com frequentes mineralizações uraníferas, “o granito porfiroide da região de Nelas é atravessado por filões uraníferos, destacando-se a exploração mineira da Urgeiriça, em Canas de Senhorim” (Teixeira, 1961). Com o fim da exploração deste minério, estamos a assistir à reconversão ambiental das minas desativadas e terrenos envolventes. Também associada à rede de fraturas “brotam, de diáclases do granito grosseiro, algumas nascentes de água fria, fortemente radiativa” (Teixeira, 1961) na ribeira da Pantanha ou da Urgeiriça, bem como água mineral de circulação profunda com temperatura entre os 30 a 35º C, na povoação de Caldas da Felgueira, 5 km a SE da vila de Canas de Senhorim. Estas águas quentes, com características sulfurosas sódicas, fluoretadas têm propriedades terapêuticas e são captadas num furo a 63,5 metros de profundidade na vertical e noutro a 307 metros de profundidade e uma inclinação de 85º. As diáclases são uma característica dos maciços graníticos, inúmeras fendas intercruzadas que resultam da descompressão a que o granito está sujeito durante a fase de arrefecimento. Figura 7 – Homenagem ao mineiro, na Urgeiriça. Figura 6 – Espelho de falha, na pedreira. Pág. 3 de 8 Escola EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha 3. Valor patrimonial Valor científico (objeto de publicações científicas) Valor cultural (associação à história, aos costumes, a lendas, etc. da região) X X O granito em Canas de Senhorim e, no caso concreto, o explorado na pedreira Vale do Boi, tem valor científico, já que foi objeto de uma tese de mestrado e valor cultural, associado à história e aos costumes das gentes desta povoação e seus arredores. Canas de Senhorim, é uma povoação habitada desde há muito tempo, conforme documentam os diversos vestígios pré-históricos e romanos existentes. A aplicação desta rocha na vida do homem data de, aproximadamente, 6 mil anos como testemunha a Orca das Pramelas e desde então, as pessoas tentam aproveitar a grande quantidade de granito, existente na região, para lhe dar o fim mais adequado às suas necessidades. As ruas de Canas de Senhorim mantêm o seu aspeto rural com as suas típicas casas graníticas beirãs de dois andares. No centro da vila é possível observar vários monumentos construídos a partir de granito, entre eles salientam-se a capela de S. Sebastião, o Cruzeiro, o Pelourinho, reconstruído em 1935, a Igreja Matriz do século XVIII, assim como as várias casas senhoriais e brasonadas: a Casa e o Solar da família Abreu Madeira ou as da família Visconde de Penalva, bem como o hotel. Figura 10 – Casas típicas Figura 8 – Igreja Matriz Figura 9 – Hotel da Urgeiriça Figura 11 – Fontanário Pág. 4 de 8 Figura 12 – Capela S.Sebastião Escola EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha 4. Interesse económico Utilização na indústria extractiva Minérios X X O granito, assim como outros recursos minerais que obtemos da exploração do subsolo, constitui importante matéria-prima para uma infinidade de aplicações que só tem valor económico, quando é explorado e comercializado. Pode-se exemplificar a sua importância, a nível regional, através da indústria extrativa, como é o caso da pedreira supra citada, na qual o granito se apresenta pouco alterado, muito resistente e de elevado grau de qualidade. Esta pedreira, está em exploração desde 1990, inicialmente através da empresa Cominalta S. A. e atualmente, desde 2001, através da empresa Agrepor Agregados – Exploração de inertes S. A. Daqui, retiram-se areias, britas gravilhas com vários calibres, pó de pedra, tout-venants, balastros, rachão, etc.. Estes materiais têm como destino terraplanagens, fundações, pavimentação, estruturas de suporte na construção de estradas, de barragens, de caminhos de ferro, produção de betão e outras obras públicas e privadas. A distribuição é feita por todo o país, mas sobretudo para os concelhos mais próximos. Anteriormente, o granito era explorado como rocha ornamental, mas os custos elevados de extração e tratamento levaram ao abandono do objetivo inicial. Mantendo a produção anual de 500 000 toneladas de produto final, estima-se em 23 anos a duração da exploração desta pedreira. Figura 13 – Desagregação das bancadas rochosas Figura 15 – Seleção de material Figura 14 – Britagem Figura 16 – Bloco abandonado Pág. 5 de 8 Figura 17 - Balastro Escola EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha 5. Relação com o quotidiano A presença do granito é uma realidade quotidiana na vila de Canas de Senhorim, desde muito cedo assumiu um papel importante como material de construção das habitações, dos muros, das estátuas, dos suportes, dos pavimentos de passeios e ruas, dos monumentos. A pedra constitui sempre o principal material de construção. Nalguns casos o granito foi revestido mostrando-se, apenas, nas alvenarias das janelas e portas, noutros o granito aparece nu, de origem ou resultado de operações de remoção do revestimento. Figura 18 – Revestimento removido. Figura 19 – Pavimento e muro. Figura 22 – Estaca para vinha Figura 20 – Muro arquitetónico. Figura 23 – Muro rústico. Figura 21 – Relógio Figura 24 – Estátua alusiva ao foral. Figura 25 – Janela. Pág. 6 de 8 Escola EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha Bibliografia Antunes, Cristina e outros (2010) – Descobrir a Terra 7, Ciências Naturais 7º ano de Escolaridade, Areal Editoras, 1ª edição, Porto. Antunes, João (1990) - Geografia 8º ano, Plátano Editora, 11ª edição, Lisboa. CGP (1966) - Carta geológica de Portugal na escala 1 / 50.000. Folha nº 17/C – Santa Comba Dão, Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa. Silva, Amparo Dias da e outros (2002) - Planeta Vivo, Ciências Naturais, 3º ciclo, Porto Editora Teixeira, C. [et al.] (1961) - Notícia explicativa da folha 17-C, Santa Comba Dão, in Carta Geológica de Portugal na escala 1/50.000, Direcção Geral de Geologia e Minas, Serviço Geológico de Portugal, Lisboa. Trindade, Bruno A. Hipólito (2009) - Engenharia e Gestão na Produção de Agregados, Tese de Mestrado, Universidade de Aveiro. Fontes web www.canasdesenhorim.org/ www.dct.uc.pt/index.php?fileid=30&task=download... www.igespar.pt/media/uploads/trabalhosdearqueologia/50/5.pdf Fontes fotográficas Dos autores Agradecemos à Agrepor na pessoa do Sr. Francisco Rodrigues, responsável pela exploração supracitada Pág. 7 de 8