V ENCONTRO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS DO ALGARVE
VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO – OUTUBRO DE 2004
A GEOFÍSICA – UMA FORMA DE OLHAR O INTERIOR DA TERRA
José Fernando Borges
Departamento de Física da Universidade de Évora/Centro de Geofísica de Évora
([email protected] )
O grande desafio actual da geofísica é o de contribuir para um melhor conhecimento do nosso planeta. A aplicação desse conhecimento pode também ser feita no aproveitamento sustentado dos recursos naturais, na protecção do ambiente e na avaliação e mitigação dos riscos associados às catástrofes naturais.
A geofísica aplicada à escala global permite o estudo da estrutura, composição e processos dinâmicos ocorridos no interior e à superfície da Terra. Os seus métodos baseiam-se na caracterização dos
campos da deformação, gravidade, magnetismo e na distribuição da temperatura quer à superfície
quer em profundidade. Para tal recorre ao emprego de técnicas de monitorização em meio terrestre,
marinho e espacial (satélites). Nas suas previsões, bem como na construção das suas imagens, a
geofísica recorre a modelos e teorias da física clássica.
De entre os métodos geofísicos a sismologia é o que permite uma maior resolução e alcance, já que
penetra em regiões inacessíveis do interior da Terra desde a crusta até ao núcleo interno. Nas últimas duas décadas foram desenvolvidos métodos sísmicos, designados por tomografia sísmica, cuja
sua aplicação permitiu avanços significativos no conhecimento da estrutura do interior do globo e
dos processos geodinâmicos fundamentais.
Com advento da teoria da tectónica de placas, à aproximadamente 30 anos, ficou estabelecido que a
maioria de fenómenos geológicos superficiais, tais como terramotos, vulcões e formação de cadeias
de montanhas, podem ser compreendidos no contexto de um modelo unificador de placas litosféricas superficiais que se movimentam e interagem entre si. No entanto a total compreensão deste sistema ficou altamente limitada pela dificuldade de entender a completa natureza das forças motoras,
enigma ainda hoje não integralmente esclarecido.
Perguntas tais como: 1) quais as características detalhadas das correntes de convecção; 2) de que
forma a tectónica de superfície é controlado por processos internos? 3) em que medida os processos
dinâmicos influenciam a estrutura interna? há muito reclamam respostas adequadas. Espera-se que
os novos avanços na tomografia sísmica, na modelação dos processos geodinâmicos e na física mineral a elevadas pressões e temperaturas, possam contribuir para quantificar integralmente a complexa dinâmica do interior e superfície do nosso planeta.
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