TUDO PARA COM TODOS - 1 Coríntios 9:22
Introdução:
Nossa herança eclesiológica não concebe quase nada além do prédio, do templo e da torre pretensiosamente
construída para nos fazer tocar os céus e tornar famoso o nosso nome. (Gênesis 11:1-9)
Neste caso viramos um ponto de atração para os de fora, um motivo para nos orgulhamos da suntuosidade
do templo, um lugar onde o “Ide virou Vinde”, convidamos e não somos convidados e onde o precioso e
dinâmico conteúdo do Evangelho assume um formato de palestra, aula, porém muito distante da aplicabilidade
à vida real e aos dramas do mundo ao redor.
Forma e formalismo, culto e liturgia, autoridades e ícones da religião ensejam a interna e satisfatória
manipulação da fé que exclui os reais necessitados (a exemplo do paralítico longe da casa onde Jesus estava
e impedido de entrar), atraindo uma clientela dos milagres seletos e placebos ou aguçando alunos de um
doutrinamento estéril e não relacional.
Essa tensão foi vivida logo depois de termos recebido do Senhor Ressurreto a promessa de poder para
“Ir”, poder para traduzir e aplicar a mensagem restauradora a todas as línguas, tribos e nações...
Jerusalém, Judéia, Samaria e até os Confins demarcava o campo de ação até então lacrado nos ritos e no
Templo judeu.
Templos ambulantes, tabernáculos móveis, vasos comunicantes, unção pulverizada na multidão que creu,
tornaria possível o discipulado não confinado ao prédio ou aos mestres, mas presente no cotidiano e nas
relações mais improváveis (como Pedro e os gentios - Atos 10:28 “...vocês sabem que é proibido a um judeu
juntar-se ou aproximar-se a alguém de outra raça”), tornando o ENSINO um modelo de vida forjado nas vidas
por todo lugar (só nesse contexto - ensino vira discipulado verdadeiro).
Paulo e Pedro representam essa tensão, pois enquanto um se aquartelava no Templo, ficando sem jeito,
mostrando preconceito quando tinha que sair, o outro se espalhava em praças, casas, beira rio, areópagos,
escolas levando conteúdo transformador onde novos e frutíferos discípulos poderiam nascer.
Deus sábio confunde as línguas na torre, reúne-as de novo no pentecoste da origem, mas persegue a
Igreja hesitante em IR... Atos 8:1 “Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém;
e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pela região da Judéia e Samaria.”
O puro e genuíno evangelho, se espalharia como um precioso líquido sobre vasilhas de todos os tamanhos,
formas e cores. Vasos ambulantes e comunicantes, plenos da transbordante graça para de graça espalhar o
conteúdo da Água Viva do amor.
No início a própria hostilidade imperial não permitiu novos prédios, novos assentamentos, novos redutos
no modelo sinagoga... era hora de se infiltrar, viver e levar a presença de Jesus no dois ou três em qualquer
lugar... até que o Imperador reconstrói as torres da fé, confinando e congelando o preciso líquido que deixou
de se infiltrar e penetrar sorrateira mas eficazmente a entranhas da sociedade de então...
TUDO PARA COM TODOS É O LEMA QUE FEZ DE PAULO, O ENVIADO AOS GENTIOS, AOS PAGÃOS, AOS
COMPATRIOTAS ALGEMADOS PELA LEI.
O tema não pode ser mal interpretado por nós - Não podemos restringir ao teor itinerante do apóstolo ou
missionário, como se isso não se aplicasse a mais ninguém, tampouco podemos acreditar que a multiplicação
do Templo, em mini templos ou congregações, traduz o tudo para com todos numa franquia predial ou num
gabarito arquitetônico que nos faz saber que tal prédio, que tal formato identifica a Igreja Y, X, Z... pois seria
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como levar todo o preconceito e separatismo de Pedro aos confins da Terra, de novo! Confinado em Templos
onde o Vinde supera o IDE.
APLICAÇÃO: É ISSO QUE ESPERAMOS OUVIR E VER NOS QUE NOS ABENÇOARÃO COM PALAVRA E EXEMPLOS
AQUI NO EPL - ESTÍMULO PARA LIBERARMOS NOSSAS IGREJAS, NOSSO POVO, NOSSA COMUNIDADE PARA O
IR, SENDO TUDO PARA COM TODOS...
Tudo para com todos está mais ligado ao conteúdo do que a Forma, ao exercício de misericórdia e amor,
mais do que ritos e informações...
Usando a figura do líquido, como o vinho na mini parábola de Jesus (Lucas 5:36-39), temos no Evangelho
uma dinâmica que não admite congelamento, mas a fluidez do conteúdo - imutável na sua essência, mas
capaz de se adaptar à toda e qualquer forma para nela se infiltrar, permanecer e dela fluir de novo num
infinito transbordar da vida que gera vida.
TEXTO - 1 CORÍNTIOS 9
CONTEXTO - Paulo continua seu arrazoado sobre a liberdade cristã, comer ou não comer o alimento que
foi sacrificado aos ídolos (cap. 8). Uns o fazem sem escrúpulos outros se escandalizam com o fato - Por isso,
o amor deve prevalecer sobre a liberdade e/ou preferência pessoal, para isso, é preciso renunciar... abrir
mão, em favor do outro...
“Com respeito aos alimentos sacrificados aos ídolos, sabemos que todos temos conhecimento. O
Conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica” 8:1
“Contudo, tenham cuidado para que o exercício de vocês não se torne uma pedra de tropeço para os
fracos” 8:9
No capítulo seguinte (10) Paulo fala do perigo do envolvimento dos crentes com a idolatria, inclusive no
ato de comer aquilo que foi sacrificado aos ídolos (10:20), contudo, a liberdade cristã impõe um saudável
limite para não causar escândalos aos judeus, tampouco aos gentios, como também à igreja de Deus (10:32)
Paulo abre o capítulo 9 dando exemplo de resignação ao abrir mão de direitos como a sua liberdade em
Cristo e suas prerrogativas de apóstolo (1-18). Paulo ainda se mostra disposto e sensível para moldar-se ao
mundo daqueles que ele desejava conduzir ao conhecimento de Cristo (19-23), fazendo-o com cuidado e
diligência a fim de não ser ele mesmo desqualificado (24-27).
O Núcleo do texto - 19-23
19 - Porque, embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número possível
de pessoas.
20 - Tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, torneime como se estivesse sujeito à lei, ( embora eu mesmo não esteja debaixo da lei ), a fim de ganhar os que
estão debaixo da lei.
21 - Para os que estão sem lei, tornei-me como sem lei ( embora não esteja livre da lei de Deus, mas sim
sob a lei de Cristo ), a fim de ganhar os que não têm a lei.
22 - Para com os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de
alguma forma salvar alguns.
23 - Faço tudo isso por causa do evangelho, para ser co-participante dele. (1 Coríntios 9:19-24)
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I - O OBJETIVO DE PAULO
- Ganhar o maior número possível de pessoas vs. 19
- Salvar alguns vs. 22 (cf. 10:32)
- Ser co-participante dos benefícios do evangelho vs. 23
Ganhar o maior número possível (vs. 19)!
A paixão de Paulo pelos perdidos (Judeus e Gentios) fica clara na revelação do seu objetivo como Devedor
(“sobre mim pesa essa obrigação” 9:16) e como Despenseiro (“se constrangido, é, então, a responsabilidade
de despenseiro que me está confiada” 9:17) O maior número possível - incluía Judeus sob a Lei vs. 20; os gentios sem Lei vs. 21; e os fracos vs. 22
Salvar alguns (vs.22), indica o senso de urgência em função da pendente manifestação da Ira de Deus, cf.
1 Ts 1:10 “Jesus que nos livra da Ira Vindoura”; Jo 3:36 “... aquele que não crê não verá a vida, mas a ira de
Deus permanece sobre ele”; 1 Ts 5:9 “Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançarmos a salvação por
nosso Senhor Jesus Cristo
APLICAÇÃO - Temos uma mensagem para ser anunciada em meio ao Furacão - Cristo é o infinito e seguro
abrigo! Não basta correr pra dentro, é preciso sair, gritar, apontar o caminho, se importar e incluir o maior
número possível... DEUS VAI AGIR EM IRA, ENQUANTO NOS INCUMBE DE DISTRIBUIR MISERICÓRDIA. (Você
crê nisso?)
Ser co-participante do evangelho (vs. 23) - Paulo parece colocar sua salvação em jogo, como se a
indiferença para com os perdidos fosse indicação da sua própria perdição...
O cumprimento do IDE requer um senso claro da missão da Igreja, Corpo de Cristo - Buscar e Salvar o
Perdido, na mesma medida e intensidade dAquele que se entregou para possibilitar essa operação resgate (Lucas 19:10), pois assim como Cristo, A Igreja, Seu Corpo Vivo está incumbida de uma nobre missão - João
20:21 “...Assim como o Pai me enviou, eu os envio”.
APLICAÇÃO: Parece óbvio, linguajar comum, mas o que temos feito combina muito pouco com o ardente
desejo de Jesus, delegado ao seu Corpo, exemplificado no fervor daquele que se recusou a ficar preso ao
Templo em Jerusalém...
II - A ESTRATÉGIA DE PAULO
- Tornou-se tudo para com todos vs. 22
Este é o coração da nossa conferência! O tema que salta como uma ilimitada dose de amor que baliza a
abordagem de quem se lança no meio das trevas levando a luz capaz de guiar cegos e deficientes ao reino da
restauração e da reciclagem de vidas.
Não basta discursar sobre o evangelho, falar da multidão de perdidos e apontar para suas mazelas, é
preciso sair e invadir o arraial dos arameus para encontrar o despojo que estava nas mãos do inimigo, gesto
típico de quem não tem nada a perder como os 4 leprosos cf. 2 Reis 7:3-11.
Tornar-se tudo significa acomodar-se a toda e qualquer situação seja cultural, relacional, religiosa, social
e intelectual enquanto se mantêm absolutamente fiel ao conteúdo inalienável do Evangelho, como o líquido
que a tudo se acomoda sem perder a sua essência, a fim de salvar o maior número possível.
O TUDO EXPLICADO
ABRIR MÃO DA LIBERDADE PARA SERVIR vs. 19 “Porque, embora seja livre de todos, fiz-me escravo de
todos”
Sendo livre para fazer qualquer coisa, abro mão da liberdade para me submeter e servir o outro numa
demonstração prática do AMOR que se envolve sem perder a essência.
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Cumpre-se o texto que diz: “Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade
para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor.” Gálatas 5:13
LIBERDADE QUE ME FAZ VER COMO O OUTRO VÊ Vs. 20 - Tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, tornei-me como
se estivesse sujeito à lei, ( embora eu mesmo não esteja debaixo da lei ), a fim de ganhar os que estão debaixo da lei.
21 - Para os que estão sem lei, tornei-me como sem lei ( embora não esteja livre
da lei de Deus, mas sim sob a lei de Cristo ), a fim de ganhar os que não têm a lei.
Paulo mesmo liberto das obrigações impostas aos judeus, pela Lei ou pela tradição, não
achava comprometedor, por exemplo, circuncidar Timóteo em Listra cf. Atos 16:3; ou participar
de rituais judaicos a fim de ganhá-los para Cristo, cf. Atos 21:26 “Participe com esses homens dos
rituais de purificação e pague as despesas deles, para que rapem a cabeça. Então todos saberão
que não é verdade o que falam de você, mas que você continua vivendo em obediência à lei.
No dia seguinte Paulo tomou aqueles homens e purificou-se juntamente com eles. Depois foi ao templo para
declarar o prazo do cumprimento dos dias da purificação e da oferta que seria feita individualmente em favor
deles.” Atos 21:24, 26
Paulo não tem dificuldades em se identificar com os gentios, pagãos, sem a revelação divina, sem Lei,
mesmo estando ele Paulo sob a Lei, a de Cristo cf. vs. 21 - Lei do Amor, essência maior e mais nobre da nossa
Missão.
A Lei de Cristo também é o “levar as cargas uns dos outros” cf. Gálatas 6:2, por isso, para se praticar esta
Lei é preciso proximidade das pessoas, contato, interatividade, solidariedade prática e consciência de que
também estivemos fora da Graça e somos capazes das mesmas práticas que hoje combatemos... cuidado!
Toda a lei se resume num só mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Gálatas 5:14
O amor que nos conduz à liberdade, também se traduz no cuidado que temos com as convicções do outro,
ainda que sejam erradas.
Paulo não tinha problemas em abster-se de algo que, embora tendo a liberdade de ter ou participar, era
uma nítida de escândalo para alguns!
(tudo pode ser ir ao extremo de quase se conformar, como abrir mão da liberdade para não escandalizar)
Ele abriu mão e deixou de fazer o que poderia ser ofensivo como abster-se de carne sacrificada aos ídolos,
cf. vs. 22 - Para com os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos.
APLICAÇÃO
III - A MOTIVAÇÃO DE PAULO
A motivação de Paulo
- O Evangelho, do qual ele se se faz co-participante. vs. 23
A preciosidade do Evangelho encarnado na Pessoa, Obra e Palavra de Cristo, motivou Paulo a assumir o
risco da liberdade e suas implicações na busca pelo perdido.
Sua motivação é forte, consistente e corajosa - O EVANGELHO de JESUS.
CONCLUSÃO - Vamos aprender “como” podemos levar a Igreja para fora do arraial ao encontro de Deus
e dos que dEle precisam...
I - O OBJETIVO DE PAULO
- Ganhar o maior número possível de pessoas vs. 19
- Salvar alguns vs. 22 (cf. 10:32)
- Ser co-participante dos benefícios do evangelho vs. 23
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II - A ESTRATÉGIA DE PAULO
- Tornou-se tudo para com todos vs. 22
III - A MOTIVAÇÃO DE PAULO
A motivação de Paulo
- O Evangelho, do qual ele se se faz co-participante. vs. 23
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