UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA NÍVEL MESTRADO MARIA MAGNA SILVA PEREIRA Inclusion of glycerol in forage diets increases methane production in a rumen simulation technique system Jorge Avila-Stagno, Alexandre V. Chaves, Gabriel O. Ribeiro Jr, Emilio M. Ungerfeld and Tim A. McAllister British Journal of Nutrition, 2013- doi: 10.1017/S0007114513003206 Resumo do artigo cientifico, apresentado ao professor D.Sc. Luiz Gustavo Ribeiro Pereira, como parte das exigências da disciplina: Avaliação de Metano na Produção de Ruminantes. Itapetinga – Bahia Outubro – 2014 Inclusão de glicerol em dietas de forragem aumenta a produção de metano em um sistema de técnica de simulação de rúmen Introdução: O glicerol pode ser absorvido diretamente pela parede do rúmen e ser convertido em glicose no fígado ou ser metabolizado no rúmen fermentado principalmente a propionato, resultando no decréscimo da relação acetato:propionato e consequentemente reduzir a produção de CH4. Testou-se a hipótese de que a inclusão de glicerol até 150 g / kg MS em dietas à base de forragem pode diminuir a produção de CH4 em um sistema de fermentação semi-contínuo (RUSITEC, técnica de simulação de rúmen). Avaliou-se no presente estudo os efeitos da adição de glicerol em uma dieta de forragem utilizando a técnica de fermentação semi-contínua (RUSITEC) nas variáveis de fermentação, incluindo a produção de CH4. Métodos experimentais: O presente experimento foi conduzido na Agriculture and Agri-Food Canada Research Centre in Lethbridge, Alberta, Canadá. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos dietéticos replicados em dois aparelhos RUSITEC. A duração do experimento foi de 15dias, sendo os 8 primeiros utilizados para a adaptação, seguido por 7 dias de amostragem (Dias 9 a 15). As dietas experimentais avaliadas eram à base de feno de bromo, silagem de milho e glicerol, nas seguintes proporções: 8,5g de feno de bromo + 1,5g de silagem de milho (controle); 8,5g de feno de bromo + 1,0g de silagem de milho + 0,5 g glicerol; 8,5g de feno de bromo + 0,5g de silagem de milho + 1,0 g de glicerol; 8,5g de feno de bromo + 1,5g de glicerol. As amostras de feno e silagem foram moídas a 4 mm. A glicerina apresentava uma pureza de 99,5%. Cada aparelho RUSITEC continha oito fermentadores anaeróbicos de volume 920 mL. Cada fermentador tinha uma entrada para a infusão de solução tampão (saliva artificial) e uma porta de saída do efluente. Os fermentadores eram mantidos a 39ºC. Os quatro tratamentos dietéticos foram aleatoriamente designados para fermentadores duplicados dentro de cada aparelho RUSITEC. O inoculo (líquido e sólido da digesta ruminal) foram obtidos de dois animais fistulados, alimentados com uma dieta contendo silagem de forragem de cevada, grão de cevada e um suplemento mineral vitamínico, duas horas após a alimentação. Em cada fermentador foram adicionados 720 mL de líquido ruminal, 180 mL de saliva artificial e um saquinho contendo 20 g da digesta sólida, além de dois sacos contendo amostras da dieta (um contendo silagem de milho, e o outro contendo feno+glicerol). Depois de 24 horas, o saco contendo as 20 g da digesta sólida foi retirado de dentro de cada fermentador, e foram adicionados sacos contendo as dietas, os mesmos permaneciam nos fermentadores por 48 horas. A Cada 48 horas de incubação os sacos eram substituídos e o pH do fermentador era registrado diariamente. Cada RUSITEC foi iniciado em dias consecutivos. Foi realizada a análise de digestibilidade da MS. Cada fermentador tinha acoplado um saco de armazenamento do gás produzido dentro do período de 24 horas e, a cada troca dos sacos de dietas (a cada 24h), 20 ml de gás foram coletados com seringa e depositados em frascos com vácuo, para posterior quantificação de metano por cromatografia gasosa. O restante do volume do gás produzido foi quantificado com o auxílio de um manômetro. Para determinar a concentração de ácidos graxos voláteis (AGV), foram coletados 4ml do efluente contidos em recipiente acoplados em cada fermentador. As coletas foram realizadas a cada troca de sacos das dietas. Foram realizadas análises de MS, cinzas, FDA, FDN, N total e EE tanto das amostras incubadas (dietas), quanto dos resíduos após a fermentação de 48 horas. As concentrações de AGV e NH3-N no líquido efluente foram determinadas por cromatografia gasosa, e pelo método de Berthelot modificado, respectivamente. A concentração de CH4 nas amostras de gás foi determinada utilizando um cromatógrafo a gás Varian equipado com CG- carbono -PLOT de coluna de 30m x 0,32 milímetros x 3µm. Os dados foram analisados usando o procedimento MIXED do SAS, contrastes polinomiais ortogonais foram realizados para testar lineares, quadráticos e cúbicos respostas a concentrações crescentes de glicerol (0, 50, 100 e 150 g / kg DM) no substrato. A significância foi declarada em P< 0,05, e uma tendência foi discutida quando, (0,05 > P < 0,10). Resultados: As concentrações crescentes de glicerol resultaram em um aumento linear da digestão da MS do feno e da silagem de milho. A digestibilidade da proteína bruta do feno não foi afetada, mas a digestibilidade da proteína da silagem aumentou linearmente. As digestibilidades da FDN e FDA do feno e da silagem aumentaram linearmente. Não houve interação entre tratamentos e amostragem dia para qualquer das variáveis de fermentação. O pH diminuiu linearmente e aumentou a produção total de ácidos graxos voláteis . Houve um efeito quadrático para a produção de acetato com o aumento das concentrações de glicerol, enquanto que a produção de propionato aumentou linearmente, resultando em um efeito linear e quadrático declínio na relação acetato:propionato. Também houve aumento linear na produção de butirato e o valerato. A concentração de NH3 reduziu linearmente, porém houve uma tendência do aumento linear da produção diária de gás e o CH4 aumentou linearmente. Isso resultou no aumento de mg CH4/ dia, no total CH4/g MS incubadas e mg CH4/ g de MS do feno digerida . Discussão: O aumento linear da digestibilidade da MS, FDN e FDA do feno e da silagem estão de acordo com as conclusões de estudos anteriores. Maior digestibilidade da proteína bruta da silagem está em contraste com os resultados de estudos antecedentes, que relataram não afetar a digestibilidade total das proteínas no trato digestivo em vacas leiteiras alimentadas com glicerol. É possível que algumas espécies proteolíticas e fibrolíticas possam ter respondido de forma diferente ao glicerol no presente estudo, mas isso é difícil determinar como as populações microbianas não foram determinadas. Estudos anteriores têm relatado uma diminuição molar de acetato e aumento na proporção de propionato em condições in vitro ou in vivo utilizando o glicerol em substratos e dieta dos animais, respectivamente. Isto coincide com os resultados do estudo e confirma as propriedades propiônicas do glicerol. O aumento linear da produção de CH4 em função da MS total digerida contradiz a hipótese dos autores. E pode ser justificada segundo os mesmos através das seguintes constatações, o glicerol é um substrato mais reduzido do que os açúcares e libera dois pares de elétrons para cada mol de glicerol convertido em piruvato, assim, não há a incorporação de elétrons na conversão de glicerol em propionato. Uma outra explicação alternativa para o aumento da produção de CH4 com glicerol baseia-se na conversão do equimolar de glicerol e etanol para formiato por um isolado de rúmen identificado como Klebsiella planticola Formiato que é um precursor de CH4. A adaptação dos animais doadores para dietas contendo glicerol parece ter afetado a fermentação quando glicerol foi incluído em incubações in vitro com inoculo de lote adaptado, sugerindo que a adaptação microbiana influencia na digestão e nos produtos finais da fermentação. Conclusão: O aumento das concentrações de glicerol na dieta a base de forragem incubadas em um aparelho RUSITEC aumentou a digestibilidade de MS, FDN e FDA do feno de Bromo e silagem de milho e a digestibilidade da proteína bruta da silagem de milho. A relação acetato:propionato foi linearmente diminuída como resultado do aumento da produção de propionato. As concentrações de CH4 em gás e CH4 totais produzidos por unidade de MS incubada ou digerida foram aumentadas, a fermentação de glicerol a propionato não agiu como dissipador de hidrogênio. Considerações sobre o artigo: Na tabela 4 do artigo os autores apresentam valores da produção de metano (mg/g de MS digerida do feno), mas não tem como quantificar o metano do feno se este estava no mesmo fermentador que os outros ingredientes da dieta, e o gás coletado para avaliação vinha do fermentador como um todo e não do saquinho que continha feno. Outra consideração é a respeito da adaptação dos animais doadores, pois no material e métodos eles descrevem a dieta dos animais e não cita a glicerina, já na discussão é afirmado que os animais eram adaptados à dieta testada. No mais o artigo me ajudou a entender a técnica de avaliação do metano entérico in vitro, especificamente através do aparelho RUSITEC.