TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO, GÊNERO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA: POSSÍVEIS ARTICULAÇÕES. NILO SILVA PEREIRA NETTO [email protected] RESUMO O presente trabalho apresenta articulações teóricas entre as transformações no mundo do trabalho, levando em consideração o desdobramento generificado das relações humanas nesse contexto. Busca-se articular a investigação do papel da Educação e especialmente da Educação Física e sua especificidade nesse processo histórico. Compreende-se a Educação Física como disciplina que historicamente desempenhou papel central na formação dos trabalhadores na fase de implementação capitalista e que passa a transformar-se paulatinamente em acordo com as transformações do mundo do trabalho, perdendo sob o ponto de vista imediato, sua centralidade na composição do projeto educacional dominante. Ressaltamos nesse bojo as demandas postas à formação humana na especificidade da divisão sexual, ou de gênero, do trabalho, face particular contemporânea da Educação e Educação Física. Palavras-chave: mundo do trabalho, gênero, educação física. CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS No interior do debate sobre as transformações no mundo do trabalho, localizamos o presente texto, através do qual pretendemos apresentar nossas primeiras sistematizações acerca dessa temática. Interessa-nos nesse momento, contribuir na elaboração da reflexão sobre a articulação da categoria trabalho em seu desdobramento no gênero, buscando articular na investigação o papel da Educação e especialmente da Educação Física e sua especificidade nesse processo histórico. Contextualizando a partir de Hajime Nozaki (2004), afirmamos “que a discussão dos anseios do capital, no que diz respeito ao modelo de formação 2 humana para o mundo do trabalho, serve de base para a análise das atuais mudanças no campo educacional brasileiro” (p. 04). Para o autor, temos como uma clara evidência da importância estratégica do campo educacional para o avanço da força produtiva capitalista, o fato de termos presenciado no Brasil dos anos noventa, diversos ajustes estruturais e políticos – reformas e privatizações – advindos da reestruturação do capital via globalização da economia. Ressaltamos estar localizado nesse bojo o centro de nossa discussão para o presente momento. Compreendendo a realidade como a síntese de múltiplas determinações, indicaremos nos próximos pontos, brevemente, as mediações históricas ocorridas: 1) No debate acerca da categoria trabalho e classe trabalhadora; 2) No mundo do trabalho, enfatizando sua face generificada; e 3) Na educação, especialmente nas últimas décadas, buscando apreender a particularidade da Educação Física no interior da totalidade concreta. Em tempo, a orientação sob o panorama teórico-metodológico pelo qual caminhamos para os fins desse texto, inicia de um pressuposto, sintetizado afirmativamente por Gaudêncio Frigotto (1998), corroborado por Nozaki (op. cit.), onde temos: um pressuposto fundamental, quando nos propomos ao debate teórico, entendemos deva ser que as nossas escolhas teóricas não se justificam nelas mesmas. Por trás das disputas teóricas que se travam no espaço acadêmico, situa-se um embate mais fundamental, de caráter ético-político, que diz respeito ao papel da teoria na compreensão e transformação do modo social mediante o qual os seres humanos produzem sua existência, neste fim de século, ainda sob a égide de uma sociedade classista, vale dizer, estruturada na extração combinada de mais-valia absoluta, relativa e extra. As escolhas teóricas, neste sentido, não são nem neutras e nem arbitrárias - tenhamos ou não consciência disto. Em nenhum plano, mormente o ético, se justifica teorizar por teorizar ou pesquisar por diletantismo (p. 26). Desta forma, concordamos com Nozaki (2004) quando ainda se utilizando de reflexões de Frigotto, reforça-nos o fato da dialética materialista histórica se tornar práxis para um movimento que incida sua ação e que supere a realidade concreta, extrapolando a simples compreensão, assumindo assim, 3 as dimensões de “concepção, método de análise da realidade e práxis transformadora” (p. 15). Para o momento é oportuno evocar a localização deste trabalho dentro dessa perspectiva de entendimento, da forma como apontada por Nozaki (2000) analisando a vigência do materialismo histórico e dialético como referencial para as pesquisas em Educação Física escolar, afirmando que este vislumbra a possibilidade de enfocar temas como a discriminação de raça, gênero e outras, imprimindo a esses “um sentido social estruturado, apontando relações destes fenômenos com os movimentos sociais históricos das classes em antagonismo” (p. 04). CENTRALIDADE DO TRABALHO E DA CLASSE TRABALHADORA O pensamento contemporâneo anuncia em diversas vias – através de diversos autores – o questionamento do trabalho e conseqüentemente o papel da classe trabalhadora na atualidade social (ANTUNES, 20061 e TUMOLO, 1998). De forma diferenciada, e sob argumentos variados e até distintos, esses autores questionam a centralidade do trabalho como fato social e como categoria sociológica de análise e, por decorrência, a classe trabalhadora como classe fundamental. Para eles, principalmente por causa do advento daquilo que vem sendo considerado como a Terceira Revolução Industrial nesta fase de acumulação flexível de capital, a classe trabalhadora perde gradativamente seu poder e seu papel, tanto na produção material como no que diz respeito ao seu projeto estratégico. A classe trabalhadora se esvai. Por fim, o marxismo tem sido, em última instância, alvo de um profundo questionamento (TUMOLO, op. cit.). Para Ricardo Antunes (op. cit.) ao passo que essa articulação opera no plano gnosiológico uma desconstrução ontológica do trabalho, ocorre paralelamente, no espaço em que o autor adjetiva como mundo real, a conversão deste, em uma das questões mais explosivas da contemporaneidade. Opondo às teses de desaparição do trabalho, perda da 1 A primeira edição da obra “Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho” foi lançada em 1995. O texto foi revisto e ampliado a partir da sétima edição. A edição consultada é a décima primeira, impressa no ano de 2006, em São Paulo pela Cortez. 4 centralidade da categoria trabalho ou do fim do trabalho, os exemplos da transversalidade e vigência da forma trabalho como as questões: trabalho e desemprego, trabalho e precarização, trabalho e gênero, trabalho e (des)qualificação. O autor ao problematizar as teses que propugnam o fim do trabalho, concebe a forma contemporânea do trabalho como expressão do trabalho social “que é mais complexificado, heterogenizado e ainda mais intensificado nos seus ritmos e processos”2 (p. 159). Assim, discorda das teses que desconsideram os processos de interação entre o trabalho vivo e morto. Antunes indica que “em verdade, o sistema de metabolismo social do capital necessita cada vez menos de trabalho estável e cada vez mais das diversificadas formas de trabalho parcial ou part-time, terceirizado, dos trabalhadores hifenizados” (p. 160) e que esses encontram-se em ampla expansão no mundo produtivo e de serviços. [E] Como o capital não pode eliminar o trabalho vivo do processo de mercadorias, sejam elas materiais ou imateriais, ele deve, além de incrementar sem limites o trabalho morto corporificado no maquinário tecno-científico, aumentar a produtividade do trabalho de modo a intensificar as formas de extração do sobretrabalho em tempo cada vez mais reduzido (idem). Paulo Sergio Tumolo (1998), contribui com essa leitura, buscando avançar com radicalidade na inclusão da categorização fundamental sobre o trabalho produtivo. Para o autor, faz-se necessário concordar com a fundamentação Antunes “segundo o qual o capitalismo é uma sociedade produtora de mercadorias e que, por isso, o trabalho concreto está subsumido pelo trabalho abstrato”, sendo ainda forçoso reconhecer que esse “modo de produção é essencialmente uma sociedade produtora de mais-valia e, por esta razão, o trabalho concreto (valor de uso) está subsumido pelo trabalho abstrato (valor), que, por sua vez, está subsumido pelo trabalho produtivo (mais-valia)”. E nesse sentido é que se confirma na presente sociedade, o “papel central da classe trabalhadora não só na criação de valores de troca, mas fundamentalmente como produtora de mais-valia, de capital”. Ressalta Tumolo que a “produção de mais-valia (capital) é a razão última desse modo de 2 Este e os demais grifos inclusos nas citações são do autor. 5 produção, e por isso o trabalho produtivo determina tanto o trabalho abstrato como o trabalho concreto. Trabalho produtivo é, portanto, a categoria analítica fundamental”. Completa o autor, indicando que dessa forma: a crítica mais radical que se pode fazer ao capitalismo é a que toma o trabalho produtivo como categoria básica. Aliás, é a partir daí que se pode compreender com a maior agudeza possível o fenômeno mais complexo, síntese de um conjunto de contradições, que são as crises cíclicas do capitalismo. Elas acontecem por causa da lógica do mercado capitalista, e não só do mercado, e por isso são crises de acumulação, de superprodução de capital, e não só de troca de mercadorias. Mais do que crise do trabalho abstrato, trata-se da crise do trabalho produtivo3. Conforme Tumolo (op. cit), a cisão social em classes distintas e o estabelecimento da luta entre essas e seus interesses antagônicos, dá-se em todos os âmbitos, inclusive no campo teórico. Ao adentrar e compor forças junto aos autores anteriormente citados, Helena Hirata (1998) traz ao embate no campo gnosiológico a dimensão sexuada das relações de trabalho. Hirata (op. cit.), critica triplamente a indagação ao trabalho, quando a sua forma assalariada é questionada pela realidade atual do emprego. Endereça então, sua argumentação aos questionamentos: primeiramente, afirma ser “fruto de uma confusão entre diminuição de emprego e diminuição de trabalho; em segundo, conseqüência de uma concepção extremamente restritiva de trabalho” (p. 22) que exclui como exemplo, toda a produção doméstica e “em terceiro lugar, ela parte de um ponto de vista europocentrista, que não leva em conta a divisão internacional do trabalho, a qual concentra cada vez mais, nos países ditos ”em vias de desenvolvimento”, as atividades justamente “intensivas de trabalho” (idem). Afirma Hirata (op. cit.) a impossibilidade de afirmações sobre a atividade real de trabalho levando em consideração a regressão do emprego assalariado, o primeiro, na visão da autora, continua a ocupar posição determinante na sociedade contemporânea e que para afirmar sua centralidade, um conjunto de vozes emerge. Avança Hirata, considerando as relações de gênero, no interior da sociedade de classes: 3 Tumolo (op. cit.) basea-se para esse artigo nas discussões de Rubin, que diferencia o “trabalho produtivo do ponto de vista do capital”. Este é empregado diretamente pelo capital e que se converte diretamente em capital, ou seja, trabalho que produz mais-valia, trabalho que produz capital, não importando qual a forma da mercadoria produzida. 6 Se levarmos em conta as relações de gênero, é possível afirmar que a relativização do trabalho assalariado foi feita de longa data: o trabalho doméstico, a gestão da esfera doméstica, modalidade central na vida do conjunto das mulheres e estratégica no funcionamento da sociedade, é o exemplo-arquétipo desse trabalho não assalariado, não remunerado, não profissional, não formal e não estatutário (idem)4. Nessa articulação, faz-se necessário, passar a circundar aquilo que Antunes (op. cit.) chamou de noção ampliada de trabalho, no sentido de compreender o seu significado no mundo contemporâneo. Tal compreensão é referida pela atual tendência em curso na sociedade da crescente imbricação entre trabalho material e imaterial. Cita o autor a presença no mundo contemporâneo – além da ampla precarização do trabalho – de uma significativa expansão do trabalho dotado de uma maior dimensão intelectual, tanto nas atividades industriais mais informatizadas, quanto nas esferas compreendidas pelo setor de serviços ou comunicações. Essa expansão do trabalho em serviços nas esferas não diretamente produtivas, mas que desempenham por vezes atividades imbricadas com o trabalho produtivo, são importantes aspectos de tal noção. Reforça ainda Antunes (op. cit.) que o “trabalho material e imaterial, na imbricação crescente que existe entre ambos, encontram-se, entretanto, centralmente subordinados à lógica da produção de mercadorias e de capital”. Portanto, ao invés da substituição do trabalho pela ciência, ou ainda da substituição da produção de valores pela esfera comunicacional, da substituição da produção pela informação, o que se pode presenciar no mundo contemporâneo é uma maior inter-relação, uma maior interpenetração entre as atividades produtivas e as improdutivas, entre as atividades fabris e de serviços, entre atividades laborativas e as atividades de concepção, que se expandem no contexto da reestruturação produtiva do capital. O que remete ao desenvolvimento de uma concepção ampliada para se entender sua forma de ser trabalho no capitalismo contemporâneo, e não à sua negação (ANTUNES, op. cit., p. 162). Dito isso, faz-se então fundamental que nos utilizemos de outra obra de Ricardo Antunes (2005)5, na qual a leitura acima aludida engendra uma noção, 4 Mesmo por outro lado Helena Hirata (1998), afirma que para as trabalhadoras, o trabalho profissional pode ser visto como lugar privilegiado de socialização, de encontro, de acesso ao coletivo, especialmente nas lutas e movimentos sociais. Assim, igualmente nesse sentido, a centralidade do trabalho é inegável. 5 A primeira edição da obra “Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho” foi lançada em 1999. O texto consultado é a sétima reimpressão do ano de 2005, realizada em São Paulo pela Boitempo. 7 igualmente ampliada, de classe trabalhadora. Para que se defina então, a classe-que-vive-do-trabalho6, ou a classe trabalhadora hoje, considera-se importante na visão do autor, portanto, que se todos os trabalhadores produtivos são assalariados e nem todos os assalariados são produtivos, devese incorporar a essa noção contemporânea, vista de modo ampliado, a totalidade dos trabalhadores assalariados. O que para Antunes, não elide o papel de centralidade do trabalhador produtivo, configuração evidente quando se referencia pelas formulações marxianas. Buscando interlocuções entre os dois autores e autora citados, avançaremos nos próximos momentos identificando principais as mediações históricas arroladas no mundo do trabalho no mecanismo de resolução das crises econômicas cíclicas do capitalismo. MUNDO DO TRABALHO E SUA FACE GENERIFICADA Presenciou-se em escala mundial nas últimas décadas, profundas transformações no mundo do trabalho. Os anos oitenta apresentaram mudanças acentuadas, em uma década de crescente avanço da tecnologização, onde a automação e a microeletrônica adentram ao espaço fabril “inserindo-se e desenvolvendo-se nas relações de trabalho e de produção do capital” (ANTUNES, 2006, p. 23). O taylorismo e o fordismo passam a dividir espaço com outros processos produtivos, especialmente advindos da experiência japonesa – o toyotismo. Processos inovadores de trabalho emergem, e buscam adequar a produção aos fundamentos recentes do mercado e assim, formas como o cronômetro e a produção em série e de 6 Tal expressão tem como primeiro objetivo conferir validade contemporânea ao conceito marxiano de classe trabalhadora. Quando tantas formulações vêm afirmando a perda da validade analítica da noção de classe, nossa designação pretende enfatizar o sentido atual da classe trabalhadora, sua forma de ser. Portanto, ao contrário dos autores que defendem o fim das classes sociais, o fim da classe trabalhadora, ou até mesmo o fim do trabalho, a expressão classe-que-vive-do-trabalho pretende dar contemporaneidade e amplitude ao ser social que trabalha, à classe trabalhadora hoje, apreender sua efetividade sua processualidade e concretude. 8 massa vão sendo substituídas pela produção, acumulação e especialização, mais flexíveis (ANTUNES, 2006). Destaca-se o impacto causado pelo modelo toyotista – toyotismo ou modelo japonês – sendo este um dos mais significativos7 atualmente. Coriat, citado por Antunes (op.cit.) aponta quatro fases que levaram ao advento desse modelo: 1) A introdução na indústria de automóveis daquele país da experiência no ramo têxtil “dada especialmente pela necessidade de o trabalhador operar simultaneamente com várias máquinas” (p.31); 2) A necessidade da indústria controlar a crise financeira, aumentando a produção não aumentando o número de trabalhadores; 3) A importação de técnicas de gestão de supermercados norte-americanos; e 4) A expansão desse método para as empresas subcontratadas. Ainda um destaque que fazemos dessas reflexões do autor, foram as derrotas empreendidas pela empresa ao combativo sindicalismo existente no Japão, que suscitaram o alastramento da subordinação dos trabalhadores ao universo empresarial. Entretanto, o quadro que iniciamos guarda relações mais profundas com a totalidade do sistema de metabolismo social do capital. Conforme Antunes (2005), em fato, “a denominada crise do fordismo e do keynesianismo era a expressão fenomênica de um quadro crítico mais complexo. Ela exprimia em seu significado mais profundo, uma crise estrutural do capital, onde se destacava a tendência decrescente da taxa de lucro” (p. 31). Como resposta à sua própria crise, iniciou-se um processo de reorganização do capital e se seu sistema ideológico e político de dominação, cujos contornos mais evidentes foram o advento do neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatal, da qual a era Thatcher-Reagan foi expressão mais forte; a isso se seguiu também um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, com vistas a dotar o capital do instrumental necessário para tentar repor os patamares de expansão anteriores (idem). No interior desse processo, cabe-nos adiante, incluir as importantes reflexões no campo da economia e sociologia do trabalho, que passam a considerar mais profundamente a dimensão da divisão sexual do trabalho, nos 7 Adjetiva-se de tal forma pela revolução técnica que operou na indústria japonesa, pela sua potencialidade de propagação – com maior ou menor hibridez – em escala mundial, pela sua agilidade e lucratividade na produção de mercadorias, e por fim, pelas enormes conseqüências que ele acarreta no interior do mundo do trabalho. 9 processos mediadores do reordenamento do mundo do trabalho. Nesse contexto, são fundamentais as pesquisas de Helena Hirata (1998 e 2002) e Claudia Mazzei Nogueira (2004 e 2006) e demais autoras e autores que pesquisam8 as interfaces sexuadas no mundo do trabalho. Esses estudos permitem-nos avançar “nas difíceis e absolutamente necessárias interações entre classe e gênero” (ANTUNES, 2005, p. 108). Helena Hirata (2002) chama atenção para a impossibilidade de considerar de forma generalizada o estabelecimento de um novo paradigma de organização e desenvolvimento industrial a partir da introdução das novas tecnologias. Cita Hirata (op.cit) que tais abordagens universalizantes usualmente são gender bilnd, portanto “fortemente questionáveis no momento em que a divisão sexual do trabalho é introduzida como uma dimensão essencial de análise” (p. 222). No sentido referido, temos da autora, importante ponto levantado: nesse movimento de reordenamento do mundo do trabalho, em oposição à rigidez da legislação trabalhista desenvolve-se acentuadamente a utilização da mão-deobra flexível. Segundo a autora, mão-de-obra flexível, “significa fundamentalmente mão-de-obra feminina contratada em tempo parcial” (p. 228). Claudia Mazzei Nogueira (2004b) auxilia na construção do quadro sobre o trabalho feminino – e masculino - nesse contexto de ascensão do neoliberalismo afirmando que em relação ao emprego masculino, houve estagnação ou mesmo regressão, e em relação ao emprego e trabalho feminino assalariado um crescimento acentuado. Paradoxalmente, tal inserção se traduz majoritariamente em áreas onde predominam empregos precários como os trabalhos em tempo parcial, com maior intensificação, com jornadas mais prolongadas, com maior vulnerabilidade, com grande diferenciação salarial – em relação aos homens – e poucos direitos trabalhistas9. 8 São exemplos os trabalhos de Cássia Maria Carloto (2002), Ricardo Antunes (2005) e ainda a produção apresentada no I Seminário Nacional de Trabalho e Gênero, realizado na Universidade Federal de Goiânia pela Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia no ano de 2006. 9 Nesse sentido, segundo Nogueira, as trabalhadoras acabam sendo menos protegidas tanto por meio da legislação quanto das organizações sindicais. Citando Hirata, a autora ressalta um 10 Debatendo as conseqüências das novas tecnologias e as novas organizações industriais, reforça-se que de acordo com a dimensão da divisão sexual do trabalho, devemos atentar para a totalidade das repercussões no mundo do trabalho. Para Hirata (2002), nessa trilha, constata-se que “o taylorismo não acabou, sobretudo considerando a mão-de-obra feminina ou as industrias dos países subdesenvolvidos” (p. 230). Completa a autora (1998) que a idéia de que os novos modelos produtivos eliminam a monotonia dos trabalhos e a repetitividade é apenas parcialmente verdadeira e conserva maiores prejuízos às mulheres. O que ocorre é que muitos dos postos desse tipo, ocupados por mulheres, são normalmente eliminados pela informatização e pela introdução da automação flexível. Por outro lado, os trabalhos repetitivos, monótonos, assim como a imposição temporal, reaparecem sob novas formas na atualidade, persistindo sob o domínio feminino. Assim, conclui-se que as perspectivas de requalificação do operariado para o trabalho demandam alterações prioritariamente aos homens, visto os dados que citamos acima. Às mulheres, a relação com as novas tecnologias perpassa a questão da qualificação de forma diferenciada conforme veremos na discussão que Hirata (2002) empreende com as autoras Madelaine Guilbert e Daniele Kergoat. Para Guilbert a introdução da mão-obra-feminina nas oficinas industriais foi conseqüência do desenvolvimento da maquinaria. Cita que o ramo têxtil saltou na frente na incorporação maciça de mulheres e crianças como operárias no final do século dezenove. Para a autora, a divisão do trabalho previamente existente na família e os custos relativamente baixos desses salários, “explicam fundamentalmente a entrada das mulheres na indústria manufatureira, mas a tecnologia é também um dos fatores que está na origem dessa feminização, diminuindo a intensidade do esforço físico, ao simplificar o trabalho” (p. 200). Atualmente, o quadro que aponta Guilbert em suma, é que outro papel reservado à mulher trabalhadora, o de experimento onde elas são utilizadas pelo capital como instrumentos para desmantelar ainda mais as normas de emprego existentes, levando o conjunto da classe trabalhadora a uma precarização ainda maior. Antunes (2005) segue nessa reflexão, apontando que muitas organizações sindicais excluem de seus espaços as mulheres trabalhadoras, os trabalhadores terceirizados e precarizados. Segundo o autor, a classe trabalhadora contemporânea se compõe crescentemente desses segmentos, sendo esses parte constitutiva central do mundo do trabalho. 11 não se confiam máquinas complexas às mulheres. Explicita pela sua pesquisa que: 1) Existe um tipo de máquinas confiadas às mulheres: as tarefas femininas são predominantemente manuais, as masculinas consistem na fabricação de ferramentas, montagem e regulagem. 2) As qualidades requeridas são muito diferentes: a velocidade e a destreza maior das mulheres é razão de sua utilização em cadeias de montagem. Sua capacidade de executar trabalhos simples, minuciosos, monótonos e efetuá-los de maneira conscienciosa, são motivos de sua utilização nos trabalhos de controle. 3) A clivagem entre tarefas masculinas e femininas é nítida: por exemplo, descartam-se as mulheres do trabalho com os tornos automáticos, mas ao utilizar-se de tornos comuns, no qual são necessárias operações manuais, a mão-de-obra feminina reaparece com importância (p. 200). Para Daniele Kergoat, existe uma passagem obrigatória pela questão da qualificação na compreensão das mudanças tecnológicas contemporâneas e a divisão sexual e social do trabalho. Para a autora, o lugar atribuído ao ofício das operárias no processo de trabalho, não pode concedê-las, por definição, o reconhecimento enquanto qualificadas. Segue afirmando que a “automação cria empregos não-qualificados, em geral feminilizados, tanto no terciário quanto no secundário” (p. 202) e assim, acaba-se fazendo da não-qualificação uma espécie de qualificação tipicamente feminina. Kergoat expõe então, alguns efeitos sociais da tecnologia em diversas ordens. Sobre o emprego, afirma que os femininos são mais afetados pela alta informatização do terciário, uma vez que esta atinge os postos de menor qualificação, locus da economia onde as mulheres se encontram em grande número. Sobre a qualificação, segundo a autora, percebe-se um aumento da qualificação masculina e uma redução maciça da qualificação feminina. No terciário, exemplifica a autora, todas as novas ocupações não-qualificadas como: encarregada das comunicações, equipes de digitadoras, perfuradoras de cartões, entre outras, são destinadas para as mulheres, enquanto pelo contrário, os exercícios de prestígio ligados à informática são exercidos por homens. Tendo em vista essa percepção, conclui Hirata (2002), demonstrando: As novas tecnologias tendem a reforçar a marginalidade das mulheres e constituem um perigo principalmente paras as mulheres não-qualificadas. Na 12 realidade são os postos não-qualificados que desaparecem, e são também postos que implicam tarefas repetitivas que, com as mudanças tecnológicas, continuam disponíveis para as mulheres [...]. Da mesma maneira, na indústria alimentícia, o processo de modernização leva à eliminação do emprego de mulheres em várias atividades; nas industrias de transformação da carne, a introdução de controladores programáveis substituiu 24 operarias qualificadas e semiqualificadas por um operador homem; na limpeza de camarões, uma maquina substitui de uma vez 50 operárias, máquina colocada em ação e controlada por um operário [...]. Por outro lado, as mulheres permanecem praticamente ausentes dos postos técnicos e longe dos equipamentos caros e competitivos (p. 230). Assim, insere a autora, que a justificação social imposta pelos mercados de trabalho em relação às possibilidades dessa modalidade de flexibilização da mão de obra feminina, leia-se precarização, são relevadas pela dimensão familiar. Ideologicamente se anuncia “a lógica do salário complementar, a preeminência da condição de mães de família sobre a condição de trabalhadoras” (p. 229). Faz-se fundamental para a compreensão da situação concreta da classe trabalhadora na contemporaneidade, a tematização da questão de gênero e divisão sexual do trabalho na sua transversalidade classista. Conforme Nogueira (2006) podemos observar uma inter-relação entre a precarização da força de trabalho feminino e a opressão masculina. Sintetizando, Antunes (2005) traz que a mulher trabalhadora de forma geral realiza sua atividade de trabalho duplamente, dentro e fora de sua casa, ou dentro e fora de seu emprego. E, ao fazê-lo, além da duplicidade do ato do trabalho, ela é duplamente explorada pelo capital: desde logo por exercer, no espaço público, seu trabalho produtivo no âmbito fabril. Mas, no universo da vida privada, ela consome horas decisivas no trabalho doméstico, com o que possibilita (ao mesmo capital) a sua reprodução, nessa esfera do trabalho não-diretamente mercantil, em que se criam as condições indispensáveis para a reprodução da força de trabalho de seus maridos, filhos, filhas e de si própria. Sem essa esfera da reprodução não-diretamente mercantil as condições de reprodução do sistema de metabolismo social do capital estariam bastante comprometidas, se não inviabilizadas (idem, p. 109). Cabe observarmos em retomada, a defesa da centralidade da categoria trabalho, citada anteriormente segundo Hirata, que em diálogo com Tumolo e Antunes, percebemos a necessidade de convergir suas perspectivas, compreendendo que mesmo o trabalho não diretamente mercantil, guarda 13 relações de proximidade – ao promover sua reprodução – do trabalho produtivo. Nessa articulação, encontramos importante reflexão nas conclusões de Nogueira (2004), quando a autora aponta o capitalismo como criador de determinadas condições para a emancipação – parcial – feminina e ao mesmo passo acentua sua exploração, estabelecendo relações de aparência harmônica entre a precarização e a condição feminina. Cria em tempo, formas diferenciadas de extração de trabalho excedente. Tal esclarecimento acerca das formas de exploração a qual a classe trabalhadora está exposta, dificilmente seria possível sem a apreensão da dimensão sexuada do mundo do trabalho. As relações entre gênero e classe nos permitem constatar que, no universo do mundo produtivo e reprodutivo, vivenciamos também a efetivação de uma construção social sexuada, onde os homens e as mulheres que trabalham são, desde a família e a escola, diferentemente qualificados e capacitados para o ingresso no mercado de trabalho. E o capitalismo tem sabido apropriar-se desigualmente dessa divisão sexual do trabalho (ANTUNES, 2005, p. 109). Considerando o debate até aqui empreendido e a constatação última de Antunes (op.cit.), faz-se fundamental correlacionar mais especificamente a demanda imposta por este sistema de metabolismo social, para a formação humana necessária à sua reprodução. Assim, discutiremos no próximo momento do texto, a relação da educação e mais especialmente da Educação Física, no âmbito da formação humana direcionada ao mundo do trabalho e à divisão sexuada deste. EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA NESSE CONTEXTO Tomaremos para o presente momento do texto, como referência principal a obra de Hajime Nozaki, especialmente seu estudo de doutoramento e demais artigos correlatos. Tal opção justifica-se: 1) pela importância ímpar de 14 suas reflexões ao campo da Educação Física e 2) pelo profundo debate que o autor realiza com demais autores e autoras da Educação. Para Nozaki (2004), evocar os anseios do capital, no que diz respeito aos modelos de formação humana para o mundo do trabalho, funciona como a base para a análise das mudanças no campo educacional brasileiro. Evidencia o autor, a estratégica importância do campo educacional para o avanço do capitalismo, recordando os ajustes político-estruturais – reformas e privatizações – que o Brasil presenciou nos anos noventa, estes emergidos da reestruturação do capital via globalização da economia, onde se percebe sua canalização para as reformas na educação. Levanta Nozaki (op.cit) que segundo as avaliações de Frigotto (In: Gentili, 1995), tal como nas décadas de 60 e 70 no Brasil, onde a Teoria do Capital Humano, proveniente do modelo de desenvolvimentismo econômico, impôs ideologicamente a centralidade da educação no processo de acumulação do capital, via aumento de produtividade, atualmente, a acumulação flexível recoloca a educação naquele mesmo papel, sobretudo a partir do interesse de maximização da exploração do trabalho, conseguida pelas inovações tecnológicas e pelas novas formas na sua base técnica. (p.05) Indica o autor em outro prisma, a possibilidade de se considerar Estado mínimo neoliberal como “minúsculo quando se trata de gerir os recursos públicos para a educação; no entanto mostra-se máximo, forte e centralizado quando diz respeito à condução de suas políticas para a formação do trabalhador” (idem). Desse contexto, Nozaki (2005), indaga-nos sobre a articulação da Educação Física no interior desse projeto dominante. Compreende-se a Educação Física como disciplina que historicamente10 desempenhou papel central na formação dos trabalhadores desde a fase de implementação capitalista e que passa a transformar-se paulatinamente em acordo com as transformações do mundo do trabalho, perdendo sob o ponto de vista imediato, sua centralidade na composição do projeto educacional dominante. Prossegue o autor (2005): Se considerarmos que, historicamente, ela era ligada, sob o ponto de vista dominante, a uma formação de um corpo disciplinado para obedecer subordinadamente, adestrado a repetições de exercícios, funcional ao 10 Para mais, ver SOARES (2001) e COLETIVO DE AUTORES (1992). 15 fordismo, percebemos que esta caracterização não é mais central para a demanda de formação do trabalhador de novo tipo para o capital, já que este precisa de um conteúdo no campo cognitivo e interacional, a fim de trabalhar com a capacidade de abstração, raciocínio lógico, crítica, interatividade, decisão, trabalho em equipe, competitividade, comunicabilidade, criatividade, entre outros. Na proporção em que a educação física parece não atuar para a formação de competências, não se torna imediatamente central na escola, como historicamente se colocou. Assim, tem sido secundarizada, mas apenas sob o ponto de vista imediato, do projeto pedagógico dominante, que, por sua vez, tem privilegiado outras disciplinas escolares (p. 04). Nessa trilha somos tomados por uma pergunta: levando em consideração as demandas postas à formação humana na especificidade da divisão sexual – ou de gênero – do trabalho, que vimos ser fundamental para a manutenção do capitalismo, como se articula a Educação Física no projeto educacional dominante? Da mesma forma que Nozaki afirmou em suas reflexões – sob outros aspectos11 – pensamos a integração dessa disciplina ao projeto dominante a partir de outras mediações. Para o presente momento – considerando suas possibilidades e limites – afirmamos que através da conservação da configuração hegemonicamente esportivizada – ou mesmo relacionada à Aptidão Física e Saúde – da disciplina: 1) Acentua-se a manutenção de espaços sociais diferenciados aos sexos, reforçando a configuração engendrada desde a educação familiar, com pequenos avanços permissivos à participação feminina – assim como nos esportes, no mundo fabril, mas em papel secundarizado; 2) Conserva-se com tal perspectiva metodológica, as práticas formatadoras dos arquétipos adaptados aos modelos de produção em superação, mas que para o conjunto das trabalhadoras, encontra-se na ordem do dia. Mesmo se considerarmos a possibilidade de uma requisição da polivalência das trabalhadoras, conforme Antunes (2005), tal qualificação, 11 Nozaki (2005) esclarece: Ao analisarmos mais detidamente a dualidade estrutural na educação, nos deparamos com um ensino privilegiado e outro direcionado para as massas – nas quais, realmente, reside o esvaziamento pedagógico da educação física. Se detivermos o olhar à educação das camadas médias da classe trabalhadora, mas, sobretudo, à da classe burguesa, presenciamos a educação física presente e valorizada, sendo oferecida como um artigo de luxo e atuando como um distintivo de classe na formação humana. Portanto, se a educação física não atende de forma imediata aos anseios de compor o novo quadro de formação humana de que o capital demanda, por outro lado, atua de forma mediata, ao tornarse um distintivo de classe, na escola, para os que podem consumi-la (p. 04). 16 assim como sua capacidade de multiatividade são apropriadas pelo capital segundo as experiências trazidas desde a esfera do trabalho reprodutivo, doméstico, ou ainda, como Jenson – citado por Hirata (2002) – ressalta: tais qualificações das trabalhadoras, são socialmente reconhecidas apenas como talentos próprios da natureza feminina. Nesse sentido passam a ser reforçadas pelo espaço escolar, não sendo adotadas como reais qualificações da mão de obra feminina. Cabe-nos, por fim ressaltar que as presentes reflexões encontram-se num status de problematização. Carecem ainda de aprofundamento teórico e empírico. Ainda como parte dessa problematização, admitimos a lacuna que deixamos, quanto às indagações sobre os limites e possibilidades superadoras desse quadro, que poderiam ser oferecidas pelo campo da Educação e Educação Física, especialmente nas suas vertentes críticas. Considerando finalmente, que uma vez admitida a perspectiva teóricometodológica de pesquisa adotada para esse texto, podemos afirmar que o presente trabalho buscou um questionamento da realidade, intencionado a “responder determinados interesses de classe” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 25) e assim, concordamos e concluímos com Antunes (op.cit.): No processo mais profundo de emancipação do gênero humano, há uma ação conjunta e imprescindível entre os homens e as mulheres que trabalham. Essa ação tem no capital e em seu sistema de metabolismo social a fonte de subordinação e estranhamento. Uma vida cheia de sentido, capaz de possibilitar o afloramento de uma subjetividade autêntica, é uma luta contra esse sistema de metabolismo social, é ação de classe do trabalho contra o capital. A mesma condição que molda as distintas formas de estranhamento, para uma vida desprovida de sentido no trabalho, oferece as condições para o afloramento de uma subjetividade autêntica e capaz de construir uma vida dotada de sentido (p. 110). REFERÊNCIAS ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 2006. _______________. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005. 17 BOTTOMORE, Tom. Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2001. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1992. FRIGOTTO, Gaudêncio. O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa educacional. 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