II Seminário Iniciação Científica – IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. RESPOSTA DO TOMATEIRO IRRIGADO A NÍVEIS DE REPOSIÇÃO DE ÁGUA NO SOLO* VIEIRA, T.A.1; SANTANA, M.J. de2; BARRETO, A.C. 2; BEIRIGO, J.D.C.3; SOUZA, S.S. de4 * Projeto financiado pelo CNPq. 1 Estudante de Agronomia do IFTM- Uberaba, bolsista FAPEMIG; email: [email protected] 2 Prof. IFTM- Uberaba, Dr. Engenharia Agrícola; e-mail: [email protected]; [email protected] 3 Estudante Tecnologia Irrigação e Drenagem – IFTM –Uberaba. 4 Estudante Engenharia Agronômica, IFTM –Uberaba, Iniciação científica. RESUMO O tomateiro é uma das culturas mais sensíveis ao déficit e ao excesso de água no solo. Estudos regionais deverão ser realizados determinando a eficiência do uso da água para diferentes cultivares. O objetivo do atual experimento é avaliar a produtividade do tomateiro do grupo italiano submetido aos níveis de reposição de água no solo, determinando a lâmina ótima física e a eficiência do uso da água. O experimento de campo foi conduzido em uma estufa modelo arco em um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos (níveis de reposição de água no solo de 70%, 100%, 130%, 160% e 190% da lâmina diária para elevar o solo à capacidade de campo), com quatro repetições (caracterizadas por canteiros com 14 plantas, sendo as quatro localizadas ao centro da área utilizadas como “úteis”). Foram realizadas quatro colheitas (um mês) e serão determinados a produção total, comercial e frutos refugos. Foram determinados altura das plantas e diâmetro do colo. Os dados serão tabulados e obtidas as análises de variância. Palavras-chave: Lycorpersicon esculentum, manejo irrigação, tomate italiano. INTRODUÇÃO O tomateiro (Lycorpersicon esculentum) é uma solanácea herbácea, com caule flexível, incapaz de suportar o peso dos frutos e manter a posição vertical. A forma natural lembra uma moita, com abundante ramificação lateral, sendo profundamente modificada pela poda. Nessa cultura mais de 60% das raízes localizam-se nos primeiros 10 cm do perfil do solo, em razão das lesões no transplante, que originam um conjunto de raízes laterais, superficiais. O tomateiro é exigente em temperaturas noturnas e diurnas com diferenças de 6°C a 8°C. As temperaturas ótimas são de 21°C a 28°C de dia e 15°C a 20°C de noite (FILGUEIRA, 2000). Em geral, as hortaliças têm seu desenvolvimento intensamente influenciado pelas condições de umidade do solo. A deficiência de água é, normalmente, o fator mais limitante à obtenção de produtividades elevadas e produtos de boa qualidade, mas o excesso também pode ser II Seminário Iniciação Científica – IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. prejudicial. A reposição de água ao solo por irrigação, na quantidade e no momento oportuno, é decisiva para o sucesso da horticultura (MAROUELLI et al., 1996). Cultivos realizados em ambiente protegido distinguem-se dos demais sistemas de produção a campo, principalmente pelo uso intensivo do solo e controle parcial de fatores ambientais. Assim, o manejo adequado do sistema solo-água-planta-ambiente é de fundamental importância para o sucesso de empreendimentos neste sistema de produção (CARRIJO et al., 1999). A utilização da irrigação em ambiente protegido é indispensável tornando o uso da fertirrigação, uma ferramenta que possibilita redução de custos e otimização da aplicação de água e fertilizantes. O tomateiro é uma das hortaliças mais exigentes em água, com consumo acima da média. No fruto maduro do tomateiro, a água participa com cerca de 93% a 95% dos seus constituintes (ALVARENGA, 2004). Dentre as dificuldades que os produtores têm encontrado, destaca-se a falta de informações específicas sobre a necessidade hídrica das culturas. Assim sendo, na maioria das vezes a irrigação nesses locais está sendo feita baseada somente na ação prática do irrigante, podendo resultar em aumento dos custos de produção e queda na produtividade, além do desperdício de água e energia elétrica. Existem equipamentos que auxiliam na informação correta do momento de reiniciar a irrigação, como é o caso do tensiômetro. No geral, as pesquisas que envolvem fatores como lâmina de água e fertilizantes, apontam recomendações vistas à produtividade física máxima. Também, não levam em conta o aspecto econômico, o que deve ser considerado, uma vez que o ótimo econômico nem sempre corresponde à máxima produtividade física. Por outro lado, valores de coeficientes são adotados de outras regiões não fornecendo informações do local de cultivo. Diante do exposto o objetivo do atual trabalho foi o de avaliar a produtividade do tomateiro do grupo italiano submetido aos níveis de reposição de água no solo, determinando a lâmina ótima física e a eficiência do uso da água. MATERIAL E MÉTODOS O experimento de campo foi conduzido na área experimental do setor de Olericultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Uberaba, MG. A cultivar implantada foi o San Marzano do grupo italiano. As colheitas foram realizadas (quatro) e os dados estão sendo tabulados e analisados. A condução da cultura seguiu os seguintes passos agronômicos: a) substrato e formação de mudas: o substrato para formação das mudas foi preparado com 50% de casca de arroz carbonizada e 50% de substrato comercial Plantmax. Foram utilizados 50 g de fertilizante 04-14-08 (NPK), em cada bandeja, conforme recomendação de Nannetti (2001); b) adubação de condução: foi realizada conforme recomendação da Comissão de II Seminário Iniciação Científica – IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999); c) condução das plantas: as plantas foram conduzidas em espaçamento de 0,55 x 0,75 m (fileira e planta respectivamente); conforme recomendado por Filgueira (2000). Capinas e pulverizações com produtos fitossanitários foram realizadas de acordo com a necessidade; d)colheita: as colheitas foram realizadas conforme recomenda Filgueira (2000). Foi instalado um termohigrômetro para obtenção diária das temperaturas e umidades máximas e mínimas. A curva de retenção de água no solo foi determinada coletando-se amostras deformadas, das camadas de 0-20 cm e 20-40 cm, sendo enviadas para o Laboratório de Relação Solo-Água-Planta do IFTM/UBERABA. Para tensões de 2, 4, 6, 8 e 10 kPa foi utilizada uma mesa de tensão modificada, e, para as tensões de 33, 100, 500 e 1500 kPa, a câmara de pressão de Richards. Com o aplicativo SWRC desenvolvido por Dourado Neto et al. (1995), foi obtida relação do potencial matricial com a umidade do solo (Equação 1), ajustada segundo o modelo de Genutchen (1980), que descreve a umidade do solo em função do potencial. θ (h) = θr + (θs − θr ) [1 − (αh)n ]m (1) em que: θ (h) = umidade do solo (g g-1) para um dado valor de h; θr = umidade residual do solo (g g-1) obtido pelo modelo; θs = umidade de saturação do solo (g g-1); α, n e m =parâmetros de ajuste do modelo; h = módulo potencial mátrico (kPa). Os valores da capacidade de campo do solo foram obtidos nas camadas de 0-20 e 20-40 cm conforme Bernardo (1996). Os valores foram de 21% e 21,5% respectivamente. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado contendo cinco tratamentos (níveis de reposição de água em função da lâmina para elevar o solo diariamente à capacidade de campo). Os tratamentos consistiram de 70%, 100%, 130%, 160% e 190% das lâminas obtidas por tensiometria. Foi instalada uma bateria de tensiômetros em cada parcela (tratamento 100%) em duas profundidades de instalação, 0,10 m e 0,30 m. Para aplicação dos tratamentos foi adotado um sistema de irrigação por gotejamento, sendo emissores do tipo in-line inseridos no tubo no momento da extrusão e distanciados entre si de 0,75 m (um emissor por planta). As variáveis avaliadas foram: diâmetro do colo e altura da planta, número de frutos com podridão apical, produção total, produção comercial e refugos e a eficiência do uso da água. II Seminário Iniciação Científica – IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. RESULTADOS PARCIAIS Os dados experimentais estão em fase de tabulação e análise. Em campo notou-se uma tendência visual de aumento da produtividade e dados vegetativos quando irrigou-se com níveis de reposição de 100%, 130% e 160%. As umidades relativas não influenciaram negativamente a condução da cultura. As baixas temperaturas no início da condução experimental proporcionaram uma redução no crescimento, o que resultou em possíveis quedas de produtividades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados serão analisados e submetidos ao teste F com 5% de significância e posteriormente estudados por meio de regressões. O software utilizado será o Sisvar for Windows 5.1. AGRADECIMENTOS Ao CNPq pelo apoio financeiro ao projeto. E a FAPEMIG pela bolsa cedida ao estudante. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, M.A.R. Tomate: produção em campo, em casa-de-vegetação e em hidroponia. Lavras:UFLA, 2004. 400p. BERNARDO, S. Manual de irrigação. 6a ed. Viçosa: Imprensa Universitária, 1996. 657p. CARRIJO, O. A.; SILVA, W. L. C.; MAROUELLI, W. A.; SILVA, H. R. Tendências e desafios da fertirrigação no Brasil. In:FOLEGATTI, M. V. (Coord.) Fertirrigação:citrus, flores, hortaliças. Guaíba:Agropecuária, 1999. cap.1, p.155-169. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Lavras, MG. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: (5a aproximação). Viçosa, Imprensa Universitária UFV, 1999. 359p. DOURADO NETO, D.; NIELSEN, D.R.; HOPANS, J.W.; PARLANGE, M.B. Programa SWRC (Version 1.00): Soil-Water Retention Curve (Software). Piracicaba: ESALQ; Davis: University of Califórnia, 1995. 2 disquetes. FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa, UFV, 2000. 402p. GENUTCHEN, M. T. van. A closed-form equation for predicting the hydraulic conductivity of unsaturated soils. Soil Science Society American Journal, Madison, v. 50, p. 288-91, 1980. II Seminário Iniciação Científica – IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009. MAROUELLI, W.A.; SILVA, W.L.C.; SILVA, H.R. Manejo da irrigação em hortaliças. 5 ed., Brasília:EMBRAPA, 1996. 72p. NANNETTI, D. C. Nitrogênio e potássio aplicados via fertirrigação na produção, nutrição e pós-colheita do pimentão. 2001. 184p.Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras.