Geral/Opinião Boa prosa Esvaziado pela ausência de muitos dos chamados colégios tradicionais da Cidade, e, possivelmente pelo temor de manifestações anarquistas, o Desfile do Sete de Setembro, ainda assim, contagiou a quem compareceu para assisti-lo. Destaque para o esforço da Prefeitura que colocou, na Avenida Goiás, como sempre ocorre, em todas as administrações, uma espécie de divulgação de seus trabalhos, secretaria por secretaria. Mas, o que chamou a atenção, mesmo, foi a presença da Banda Marcial de Leopoldo de Bulhões cidade vizinha a Anápolis. A banda, treinada pelo Sargento PM Juvenil Martins, arrancou aplausos de toda a multidão. Crianças, jovens e adultos deram um verdadeiro show de competência. Longe vai o tempo em que as datas cívicas eram lembradas com respeito e sentimento patriótico. Hoje, nos desfiles, em geral, muitos dos que, ainda, participam, se apresentam de forma desleixada e irreverente, com roupas e adereços inadequados, aparência que não lembra, em nada, a importância da data. Tudo em nome da tal liberdade de expressão. E, ai de quem criticar. Corre o risco de ser processado. Outra coisa lamentável é a ausência de estabelecimentos educacionais que vivem do lucro. Têm mais preocupação em faturar o dinheiro das famílias, do que investir na preparação de cidadãos. São estabelecimentos que não gastam um tostão para incentivar seus alunos a participar das festas cívicas. Talvez seja por isto que este País esteja do jeito que está. [email protected] Problema crônico Dificuldade urbana que desafia governos em, praticamente, todas as cidades, a ocupação das calçadas públicas por comércios em geral, está se agravando, mais, a cada dia que passa em Anápolis. E, não é só no centro da Cidade, onde, definitivamente não se trafega pelos passeios públicos tomados por camelôs, notadamente aos sábados pela manhã. O problema se alastra nas principais avenidas, cujas calçadas viraram extensões de estabelecimentos comerciais, garagens e outros negócios particulares. Lamentável... Contrato milionário É de R$ 2 milhões o contrato assinado entre a Prefeitura, através da Companhia Municipal de Trânsito e Transportes e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Ele tem a duração de um ano (1º de setembro de 2013 e 31 de agosto de 2014). Na verdade, trata-se da prorrogação do contrato que se extinguiu no final de agosto. O processo leva o número 000028736/2010. O número do contrato é 9912261033 e a finalidade, segundo consta no documento, é “Prestação de Serviços de Postagem”. Incoerência? No dia seis de setembro a Presidente Dilma Rousseff ocupou uma rede de rádio e televisão para fazer uma espécie de exortação aos brasileiros, e brasileiras. E, aproveitou para falar sobre os feitos de seu governo, abordando, praticamente, todos os setores. Num dos parágrafos, ela disse, em alto e bom tom, que a inflação fora de- belada, que tudo estava sob controle e que a economia nacional estaria de volta aos eixos. Cinco minutos depois, o Jornal Nacional (Rede Globo) entrou no ar e, coincidentemente, a primeira chamada foi sobre a inflação. E dizia a apresentadora: “A inflação volta a disparar...”. Quem estaria com a razão? Igualdade? O último censo do IBGE confirmou o que todo mundo já sabia. A população de afrodescendentes é bem maior do que a chamada branca no Brasil. Mesmo assim, não se vê, na prática, estas pessoas ocupando os espaços que lhe são de direito. Por exemplo: quantos generais afrodescendentes existem no Exército Brasileiro? E, quantos almirantes na Marinha e, brigadeiros na Aeronáutica? As emissoras de televisão, que vivem abordando o assunto com salas de debates, companhas e outros tipos de comunicação, têm quantos afrodescendentes fazendo papel principal em suas novelas? E, quantos deles são apresentadores de telejornais? Quantos ministros; quantos governadores; quantos senadores, quantos prefeitos e quantos deputados brasileiros são afrodescendentes? Quem souber, que responda. Onipresença É possível a alguém prestar atendimento no serviço público em duas cidades ao mesmo tempo? É a pergunta que mais tem sido feita ultimamente em Anápolis. Tudo por conta de determinada pessoa que recebe salário na Capital e recebe, também, salário em Anápolis. Os times A rigor, faltam quatro meses para o início do Campeonato Goiano de 2014, o que, na opinião de muita gente, é um tempo muito curto para quem pretende montar times competitivos. Nos últimos anos quase todos os clubes goianos, incluindo os de Anápolis, organizaram suas equipes a poucos dias do início do Campeonato. Deu no que deu... Os times do interior foram meros coadjuvantes no certame. E se, as providências não forem adotadas em tempo hábil, corre-se o mesmo risco. O que as torcidas esperam das diretorias é mais agilidade na formação das comissões técnicas e dos plantéis. Samuel Vieira [email protected] Divórcio é traumático também para filhos adultos E la é uma típica mulher de classe média brasileira: 34 anos, três filhos para criar, tentando dar a educação mais apropriada, cumprindo uma jornada de 40 horas semanais como administradora de uma empresa de rápido crescimento e passando por todos os mecanismos de fuga, culpa, desafios, na árdua tarefa de equilibrar as exigências domésticas com a proeminente carreira. O que ela não poderia imaginar é que seus pais, depois de 38 anos de casado, resolveriam se divorciar. A separação deles naturalmente não se deu num vácuo, mas foi resultado do desgaste e dos embates diários que ultimamente vinham travando em casa: luta pelo poder, acusações, indiferença... O distanciamento era visível e as irritações mútuas, constantes. Os eventos mais corriqueiros se transformavam em grandes disputas. As críticas eram cada vez mais corriqueiras, raramente sorriam juntos, andavam de mãos dadas ou se beijavam. Devagar, foram construindo um universo paralelo, vivendo sob o mesmo teto, mas sepa- rados emocionalmente. Ainda assim, ninguém acreditava que um dia viessem a se separar, e todos tinham esperança de que acertariam as diferenças e retomariam a caminhada num nível um pouco mais civilizado, infelizmente o divórcio se concretizou de forma dolorida. Foi muito estranho verificar o quanto o divórcio se tornou traumático para a família. Apesar de ser uma mulher madura, estar casada e ter três filhos para cuidar, no dia imediato à separação, ela percebeu que as coisas seriam bem mais complicadas do que ela imaginava. Os pais ficaram desorientados, apesar de terem tomado juntos a decisão, e para ela, que tinha o hábito de levar diariamente os filhos à casa dos avós, agora percebera que este lugar não mais existia. De repente, viu que seus filhos estavam com um terrível humor, e ela, profundamente entristecida, sem que associasse diretamente a separação dos pais à sua tristeza. Sentiu-se só, teve raiva dos pais, amargurou-se e finalmente entendeu que o divórcio não era traumático apenas para filhos pequenos, mas afeta profundamente a emoção de pessoas adultas, já que altera toda a estrutura familiar. Ela descobriu que as duas pessoas em quem buscava conforto e segurança, agora não eram mais bons ouvintes pelas dificuldades que eles mesmos enfrentavam para a readaptação ao novo estilo de vida. Os diálogos caminhavam quase sempre para a questão da separação dos dois, e ela que sonhara em ver os filhos crescendo ao lado dos avós, não sabia mais que atitude tomar. Amigos antigos, agora ao convidarem para uma festa de aniversario, tinham que optar a quem chamariam. A perda da família original não fazia sentido e ela se sentiu terrivelmente só. Atualmente as coisas estão mais assentadas em sua mente, e as emoções mais organizadas, afinal de contas, a vida deve continuar, de um jeito ou de outro, mas para esta mulher ficou a nítida impressão que, de fato, não existe divórcio amigável e sem conflitos, principalmente quando filhos e netos estão envolvidos. 3 A nossa Base Aérea Puxão de orelha NILTON PEREIRA Anápolis, de 13 a 19 de setembro de 2013 Lembro-me, perfeitamente, da primeira vez em que fui à Base Aérea de Anápolis. Era uma tarde de setembro de 1971. Estava acompanhando o jornalista Godofredo Sandoval Batista, que iria fazer uma matéria para o extinto jornal Cinco de Março. Na verdade, de Base Aérea, mesmo, não tinha quase nada. Apenas montanhas de terras, muitas máquinas e centenas de operários trabalhando a todo vapor. Era a materialização do projeto de se instituir um sistema de defesa para, dentre outras coisas, proteger o espaço aéreo da Capital da República. Obra fantástica. Fomos recebidos pelo, então, Coronel Fleury que, gentil, e pacientemente, nos explicou como estava sendo desenvolvido o projeto. Daquela tarde em diante, passei a conviver, mais, com o tema Base Aérea de Anápolis, até que ouvi, em determinada noite, o ronco dos primeiros aviões que ali estavam sendo montados por uma equipe de técnicos franceses. Passaram-se os anos, as décadas e, a Base Aérea virou uma espécie de símbolo de Anápolis. Era, e é, uma de nossas principais referências. Por causa dela, Anápolis recebeu muitos e importantes benefícios. De cara, uma grande clientela para o comércio da Cidade, pois milhares de pessoas, entre militares e seus familiares, chegaram em curto espaço de tempo, passando a interagir com a comunidade local. Vinham do Rio de Janeiro, do Nordeste, do Sul, de todos os cantos do Brasil. Muitas destas pessoas aqui se casaram, constituíram famílias e estão, até hoje, fazendo parte do PIB de Anápolis. Os militares se integraram, perfeitamente, à sociedade anapolina. Eu mesmo sou membro honorário da Base, por indicação do saudoso Major Oséias e do, então, Coronel Gildo, à época, comandante daquela unidade. Guardo, ainda, na lembrança, quando da primeira edição dos Portões Abertos. Foi a maior concentração pública já vista em Anápolis. Uma fila interminável de veículos foi formada desde a Vila Jaiara, até o interior da Base. A entrada era pela BR 153. Esta promoção é mantida até os dias de hoje. Aquela unidade da FAB possibilitou, ainda, o ingresso de milhares de jovens anapolinos que ali serviram à Pátria, sem contar o reforço técnico e científico trazido para Anápolis pelos seus oficiais, técnicos e outros profissionais que, dentre outras atividades, lecionavam nas escolas e nas faculdades anapolinas. Por conta da Base Aérea, muitos outros avanços foram carreados para Anápolis. Avanços fundamentais para que este Município se impusesse como um dos mais importantes de todo o interior brasileiro. A vinda da Base Aérea dividiu a história de Anápolis em antes e depois dela. Mas, por que estou escrevendo isto? Simplesmente porque estou notando uma espécie de esvaziamento da Base Aérea de Anápolis. De cara, estão anunciando a desativação dos Mirage e a chegada de outros modelos de aviões, também, usados e, pasmem, de qualidade operacional considerada inferior. Então, para que a mudança? E, tem mais... Corre de boca em boca que muitos pilotos e outros oficiais já teriam sido transferidos para outras bases em diferentes pontos do País. É verdade que o Ministério da Defesa anunciou que a substituição dos Mirage por outros aviões, também, desfasados, seria provisória. Como, também, é verdade que se anunciou a transferência do Parque Tecnológico da Aeronáutica e a instalação de uma bateria antiaérea naquela unidade. Mas, pelo sim, pelo não, é bom que nossas autoridades e nossas lideranças, principalmente os políticos mais ligados ao Governo Federal, deem uma olhada nisso com carinho. Muitos de nós sabemos o que a Base Aérea representou para Anápolis durante todos estes anos. Muitos, entretanto, não sabem avaliar o prejuízo que seria a sua desativação, ou, quem sabe, a diminuição de sua importância. Está dado o recado. (Nilton Pereira). Antônio de Deus Professor Universitário Se fosse tão simples... A ntes das lamparinas de querosene, eram as candeias de azeite, que iluminavam o interior das casas e criavam a atmosfera de sonho, trazendo à tona as lembranças e renovando o prazer de narrar e ouvir as lendas e os “causos” que aquecem os corações e fortalecem os laços familiares. Depois, veio a luz elétrica para irradiar sua abundante claridade nos lares, nos bares, nas ruas. Com a eletricidade veio também o radio, que substituiu os contadores de histórias. Desde então, multiplicaram-se rapidamente os meios que reduziram a fadiga na execução das tarefas e aumentaram o conforto nas residências e nos escritórios. E as inovações da indústria despertaram o interesse das crianças e dos jovens, influenciando o desabrochar das vocações, particularmente aquelas identificadas com a investigação científica e o uso das novas tecnologias. A propósito, foi Juscelino Kubitschek, o presidente que incentivou a instalação das primeiras montadoras de automóveis no país, que também construiu um grande número de universidades. Em Goiás, a instalação do Distrito Agro Industrial de Anápolis, nos anos setenta, foi um evento marcante da nova fase de expansão da indústria em nossa região. Agora, a prefeitura de Anápolis, depois do governador, divulga um projeto de cria- ção de parque tecnológico. A notícia é alentadora, mas seu autor peca pela insinuação da simplicidade com que se dariam a instalação e a consolidação do projeto concebido pela administração municipal. Além do mais, ao afirmar que “pretendem não somente gerar emprego e renda, mas criar um empresariado a partir do alunato que cursa as graduações e especializações”, a notícia veicula o equivoco que supõe como insuficiência o que, de fato, deveria ser considerado a principal finalidade do projeto. Observa-se que tal equívoco denuncia uma visão irrealista que oculta o fato dos cursos de graduação e pós-graduação não comportarem conteúdos de empreendedorismo – deficiência do ensino superior brasileiro já assinalada até pelo presidente do CNPq. A superficialidade e a incoerência do diagnóstico sugerem a pouca familiaridade com essa modalidade de empreendimento público. Por isso, mencionam o MIT como “espaço destinado a empresas de pequeno e médio porte” e ignoram que o Vale do Silício extrapola o conceito de parque tecnológico e apoia-se numa extensa e complexa rede de atividade científica que suscita empreendimentos de alta tecnologia com extraordinário poder de inovação. A inconsistência do projeto reflete a dificuldade da esquerda política de lidar com os desafios que supõem a participação da iniciativa privada. Auspiciosa exceção reside no CNPq com a compreensão de que ciência e eficiência não têm partido nem ideologia. O empresariado, cauteloso, jamais deveria suspeitar de que os governantes acenam com meras concessões ao setor privado quando suas iniciativas deveriam revestir-se de sincera confiança no poder realizador dos empreendedores mais talentosos e determinados. O pragmatismo do prefeito e o bom senso com que tem definido as prioridades de sua gestão conferem-lhe autoridade para propor iniciativas de qualquer natureza em nome dos interesses de sua comunidade. Assinale-se que com tal autoridade poderia propor até mesmo que os partidos de esquerda revejam seus programas para eliminar o propósito de implantar o socialismo. E, assim, o comprometimento, sem ambiguidades, dessas agremiações com os fundamentos e o dinamismo da economia de mercado favoreceria a percepção das reais possibilidades de consecução de novos projetos, com reflexo positivo na empregabilidade e destinados a produzir os meios que tornem a vida de todos mais confortável e enriquecida com novas experiências e a compreensão da diversidade.