Campos dos Goytacazes (RJ) – sexta-feira, 09 de janeiro de 2009 Leptospirose: risco também para animais Pesquisas desenvolvidas pela Uenf na área de sanidade animal serão apresentadas em instituições de ensino da Europa Em tempos de enchentes, a leptospirose é um risco não só para os seres humanos, mas sobretudo para os animais de criação, como cães, bovinos e caprinos. E o que é pior: mesmo depois de curados ou quando não desenvolvem os sintomas, os animais podem se transformar em potenciais disseminadores da doença no ambiente. Estas e outras questões serão tema de duas palestras que o professor Márcio Folly, do Laboratório de Sanidade Animal (LSA) da Uenf, apresentará este mês em instituições de ensino da Europa. No dia 20/01, o professor fala sobre “Diagnóstico das principais doenças infecto-contagiosas dos animais domésticos no Brasil” na Escola Nacional de Veterinária d’Alfort, perto de Paris, na França, para professores e estudantes de graduação em Medicina Veterinária. E no dia 26/01, o mesmo tema será apresentado a médicos veterinários e técnicos de nível médio e superior da Escola Profissional de Laboratórios do Cantão de Fribourg, na Suíça. — Vamos levar até lá os resultados das pesquisas da Uenf na área de sanidade animal e falar da importância do diagnóstico tanto para a medicina humana quanto veterinária. Assuntos sobre os quais temos muita experiência no Brasil, mas que não são muito conhecidos na Europa — diz o professor Folly, que também aproveitará a oportunidade para discutir a possibilidade de futuros intercâmbios de alunos entre as instituições européias e a Uenf. Segundo o professor, todos os mamíferos são suscetíveis à leptospirose, embora alguns sejam mais resistentes. Nas pesquisas realizadas pela Uenf, foi detectada a bactéria leptospira em bovinos, caprinos, cães e seres humanos sediados no Norte Fluminense, mas a maioria não apresentava os sintomas. Em vacas e cabras, uma sintomatologia característica da leptospirose é o abortamento no terço final da gestação — o que muitas vezes pode confundir com outra enfermidade comum a estas espécies: a brucelose. — Como a bactéria necessita de água para sobreviver, é nos períodos de chuva que ela aparece mais. Portanto, nesta época o risco de os animais contraírem a leptospirose é grande, bem como de se tornarem portadores assintomáticos, como é o caso dos roedores e cães — diz Folly, acrescentando que, enquanto os seres humanos adquirem a leptospirose através do contato com a água, os animais herbívoros podem contraíla também pela ingestão de gramíneas contaminadas pela bactéria, que penetra no corpo pela mucosa oral. A bactéria é lançada no ambiente através da urina de animais contaminados. Nos ambientes urbanos, os ratos são os principais disseminadores da leptospira, que tem a capacidade de penetrar ativamente na pele íntegra ou nas mucosas. Em sua fase aguda, a doença pode causar, nos animais, os seguintes sintomas: icterícia (conjuntiva amarelada), hematúria (presença de sangue na urina), fraqueza e febre alta. Assim como em humanos, se não for tratada, a leptospirose pode levar à morte. Controle de roedores é importante Segundo o professor Márcio Folly, a desratização é uma ação importante para evitar a leptospirose No entanto, o controle dos roedores é difícil, porque esbarra em problemas típicos dos centros urbanos, como acúmulo de lixo em terrenos baldios, beiras de estradas e de rios, pobreza e más condições de habitação. Para mudar este quadro, a ação das autoridades sanitárias não basta: é preciso que a população também passe por um processo educativo. Outra alternativa é a vacinação dos animais de criação, mas esta deve levar em conta os sorovares (tipos da bactéria) que são prevalentes na região. Se um cão, por exemplo, for vacinado com um sorovar de leptospira que não existe na região, pode contrair a doença. Identificar os tipos de bactéria existentes no Norte Fluminense tem sido um dos trabalhos do grupo de pesquisa do professor Folly na Uenf. — Já identificamos os principais sorovares e vamos orientar os médicos veterinários para que estes possam agir junto aos proprietários de animais — diz Em pesquisa realizada em propriedades de vacas e cabras leiteiras da região, foi demonstrado que a maioria possuía um ou mais animais soro-reagentes com um ou mais sorovares diferentes uns dois outros. Os bovinos foram estudados numa micro-região de Itaperuna (RJ) na beira de um rio onde sempre há enchentes. Os caprinos foram estudados em várias regiões do Estado do Rio de Janeiro sendo a maioria na região Norte Fluminense. Sorova- res semelhantes encontrados em bovinos e trabalhadores rurais levantaram a hipótese de que possa estar havendo contaminação entre estes animais e os seres humanos. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO (UENF) Assessoria de Comunicação Social (ASCOM) Av. Alberto Lamego, 2.000 - Parque Califórnia - Campos (RJ) Telefones: ASCOM: (22) 2726-1449 / 2733-4462 (22) 9219-3592 – Gustavo Smiderle REITORIA: (22) 2726-1595 Disque-UENF: 0800 025 2004 (ligação gratuita) Jornalistas: Gustavo Smiderle e Fúlvia D´Alessandri Projeto Gráfico: Felipe Moussallem Estagiários: Neriton Toledo, Thaís Bereta E-mail: [email protected]