29revita08_N.qxd 6/28/2012 9:09 PM Page 1 TA - F E I R A E F I M D E S E M A N A , E-8 S29E EX30 DE JUNHO E 1º DE JULHO DE 2012 DOCUMENTO ESPECIAL Jornal do Commercio PORTO MARAVILHA Oportunidades também para micro e pequenos negócios ANA BEATRIZ THIEME A Vantagens comparativas da região O programa de revitalização da região do porto do Rio, por sua abrangência e sofisticação, atende às mais diferentes demandas de empresários e executivos, segundo especialistas. “Não existe, em lugar nenhum da América Latina, um projeto da magnitude do Porto Maravilha”, afirma Antonio Carlos Dias, da Rio Negócios. “É a própria natureza dele que tem atraído empresas, de todos os portes, a se instalarem pela região.” Ele destaca, por exemplo, toda a gama de serviços públicos, como limpeza urbana, iluminação pública, manutenção de vias, praças e passarelas, que será prestada pela concessionária Porto Novo, conforme previamente firmado em contrato, pelo período de 15 anos. A localização privilegiada do porto, ao lado do aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, e cerca de cinco quilômetros distante do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, é também fator s oportunidades geradas com o projeto Porto Maravilha não se restringem grandes negócios. O estímulo aos micro e pequenos empreendedores, que antes já ocupavam a região, é também uma das vertentes do plano estratégico para a zona portuária do Rio. Com esse objetivo, a Cdurp, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RJ), planeja, para o segundo semestre deste ano, uma segunda rodada de negócios entre as grandes empresas, atualmente instaladas na área, com os pequenos empreendedores. O objetivo do encontro, segundo o Sebrae, é garantir que a economia que se instalou no porto – formada pelas novas companhias que chegaram à região, somadas às que já existiam no local – gere negócios e estimule o desenvolvimento econômico e social da área. Na primeira rodada, realizada em abril, sete grandes empresas, consideradas âncoras – Tishman Speyer, Consórcio Porto Rio, Porto Novo, Light, Bunge, Kreimer e Píer Mauá – participaram. Já do lado das micro e pequenas empresas, foram 71 participantes, que ofertaram os mais diversos produtos e serviços, desde o fornecimento de uniformes e serviços de gráfica a locação de equipamentos e escritórios de construção civil. A estima- FLÁVIA GUERRA, coordenadora do projeto Porto Maravilha Cidadão do Sebrae imbatível de atratividade. “Isso sem falar do visual totalmente diferenciado que as empresas ali instaladas terão, com toda a visão da Baía de Guanabara”, acrescenta Dias. Dias destaca ainda outras vantagens, como as medidas de incentivo oferecidas pela prefeitura, para incentivar a ocupação da região. Elas incluem, por exemplo, isenção de impostos como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto de Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso (ITBI) e o Imposto Sob Serviços (ISS). Há, ainda, a redução de 5% para 2% da alíquota do ISS, medida válida para as atividades de hotelaria, educação e entretenimento. A redução, contudo, não vale para as empresas instaladas nas avenidas Rio Branco e Presidente Vargas. Com a redução, a região do porto se coloca no mesmo patamar de São Paulo, onde a alíquota é de 2%. Outra vantagem oferecida pe- As grandes empresas que se instalam na área têm muitas demandas, que vão desde o fornecimento de papel até softwares” tiva do Sebrae é que R$ 5 milhões em negócios tenham sido gerados no ocasião, pelo período de seis meses. “As grandes empresas que se instalam na área têm muitas demandas, que vão desde o fornecimento de papel até softwares. Há muitas oportunidades de negócio, geradas pela economia da própria obra”, conta a coordenadora do projeto Porto Maravilha Cidadão do Sebrae, Flávia Guerra. Ela prevê superação dos nú- meros nesta segunda rodada que já é preparada, tanto em número empresas participantes, quanto em volume de negócios fechados. “Estamos conversando com cada empresa, levantando todo o tipo de demanda que possuem”, la prefeitura é a remissão de dívidas de IPTU passadas para imóveis de interesse histórico, cultural ou ecológico, desde que restaurados no prazo de até 36 meses. Atualmente, a região está ocupada por diversas frentes de obras do Porto Maravilha, que envolvem desde detonações de antigos imóveis e intervenções no trânsito a serviços públicos, como os assumidos pela concessionária, que incluem limpeza urbana, iluminação pública e manutenção de vias. Silva, da Cdurp, estima que, durante o segundo semestre de 2013, quando a maioria das obras públicas já estiver concluída, as obras de empreendimentos imobiliários privados ganharão mais volume. “Dessa forma, é possível prever que, em 2016, os empreendimentos comerciais e imobiliários privados já tenham sido concluídos e a região já esteja funcionando a pleno vapor, com pessoas circulando pela área revitalizada”, estima. afirma, que estima até 15 grandes companhias participantes no próximo evento, previsto para ocorrer em outubro, segundo o Sebrae. A rodada é, contudo, apenas uma das iniciativas de estímulo aos pequenos empreendedores neste cenário de oportunidades. Flávia estima que a região abrigue, aproximadamente, 30 mil pequenos negócios – dos quais 10 mil são formais e 20 mil, informais. Dos 30 mil pequenos empreendimentos, ela acredita que a maioria deles (cerca de 70%) envolvam atividades relativas a comércio e serviços, enquanto o restante esteja inserido no setor industrial. Segundo a coordenadora do projeto, há outras estímulos, promovidos pelo Sebrae, que vão desde a capacitação de empresários, por meio de consultorias e orientações, até um mutirão para a formalização dos pequenos negócios. “A chegada das novas empresas impõe um perfil diferente de clientes para estes novos negócios”, explica. “Será um momento de grande transição, não apenas para a região, mas também para os pequenos empreendedores, que terão de aprender a gerir melhor suas atividades e lidar com as novas oportunidades que surgirão daqui para frente”, acrescenta. Valorização intensa do metro quadrado SREBECCA MELLO A profunda transformação na zona portuária do Rio de Janeiro começa a aparecer e a região já pode ser considerada a mais nova fronteira do mercado imobiliário da cidade. A expectativa é de que dure pelo menos 10 anos o processo migratório para a área do porto, que já comemora o primeiro empreendimento lançado, importantes obras de retrofit – renovação de edifícios antigos – e estimativa de lançamentos até o final de 2013. “O Porto Maravilha é uma realidade que se estende às regiões do seu entorno”, diz José Conde Caldas, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi). O primeiro momento da revitalização contempla os empreendimentos corporativos. De acordo com Conde Caldas, há uma demanda muito grande das empresas para acomodar suas instalações em um único local. Devido à falta de terrenos na cidade, grandes empresas se viram obrigadas a desmembrar suas sedes em braços operacionais espalhados por diferentes bairros. Elas também têm interesse em retornar da Barra da Tijuca para acomodações próximas ao Centro, tendo em vista facilitar o deslocamento de funcionários. As companhias agora contam com duas boas localizações para montar estrutura na cidade, a Barra da Tijuca e o porto. No entanto, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e o Porto de Itaguaí fazem com que a demanda para a região portuária seja maior, pela proximidade com a Ponte Rio-Niterói e a Avenida Brasil – principais vias de acesso ao município. O presidente da Ademi esti- Prédios antigos se beneficiam com retrofit CONDE CALDAS Empreendimentos residenciais no segundo momento da revitalização ma que os primeiros lançamentos do Porto fiquem numa faixa entre R$ 12 mil e R$ 14 mil o metro quadrado para aluguel. “Dentro de cinco anos,o valor pode subir para R$ 20 mil já que o investidor de imóveis vai puxar o preço”, disse. O primeiro empreendimento do Porto Maravilha foi lançado em abril e conta com 19 andares voltados para a área corporativa. O Porto Brasilis está localizado no marco zero da revitalização, na Rua São Bento, esquina com a Avenida Rio Branco, na Praça Mauá. O edifício foi desenvolvido pelo Fundo Americano e adquirido pela Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) – fundo de pensão dos funcionários da petrolífera. Por outro lado, o início da revitalização da região portuária no campo imobiliário ficou por conta da demolição do Moinho Marilu, na Avenida Rio de Janeiro. O terreno de 13 mil quadrados foi adquirido pela Tishman Speyer para a construção do Port Corporate. Como apon- ta o presidente da Ademi, o segundo momento da revitalização do Porto Maravilha contemplará os empreendimentos residenciais. Os projetos urbanísticos idealizados pela prefeitura para a recuperação da região aquecerá a procura. A estrutura também levará a uma simbiose de comercial e residência no mesmo empreendimento. “A expectativa é de alcançar 5 mil unidades por ano e quase 30 mil para os próximos anos”, estima José Conde Caldas. Para uma revitalização completa da região portuária, as incorporadoras estão utilizando a técnica de retrofit para modernizar construções antigas e tombadas. O presidente da Ademi, José Conde Caldas, lembra que o local é repleto de casarões e prédios antigos, o que se fez necessário um projeto para a inclusão dessas estruturas para o Porto Maravilha. “Nada vai ficar para trás”, afirmou. Grande modelo de retrofit do Porto Maravilha é o edifício histórico A Noite, o primeiro arranha-céu da America Latina. O prédio tem 83 anos e pertence à União, que cedeu a instalação para o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). As empresas saíram do edifício para dar espaço à restauração arquitetônica, que irá se estender para as instalações elétricas e cabeamento telefônico. A antiga sede da TV Tupi, no Edifício Venezuela, deu espaço para o agora Edifício Verde. A São Carlos Empreendimentos e Participações investiu R$ 14 milhões em retrofit para fazer as melhorias necessárias na construção. O prédio alugará espaço para escritórios comerciais, com previsão de entrega para novembro deste ano. Como parte do projeto do Porto Maravilha, a obra está atendendo os requisitos de sustentabilidade e preservação de recursos naturais para ter o selo do Green Building Council. O projeto do Porto Maravilha abrange uma área muito grande e desapropriações, tanto públicas como privadas, serão necessárias para se atender o prazo para a conclusão da revitalização. As Ruas do Livramento e da Gamboa, ambas no bairro da Gamboa, passaram pelas principais desapropriações de utilidade pública por causa da ocupação dos antigos casarões. O advogado Ventura Alonso Pires, da Pires & Gonçalves, especialista em desapropriações, explica que a lei determina que o interesse público se sobrepõe ao particular. Além da Gamboa, Saúde e Santo Cristo – bairros do entorno do Porto Maravilha – que são beneficiadas diretamente pelo aquecimento da revitalização do porto, a recuperação da região transformou São Cristóvão em um fantástico modelo. O avanço dos setores de óleo e gás e petroquímico torna toda o bairro adjacente num excelente investimento. De acordo com pesquisa da Ademi, sobre unidades lançadas no município, São Cristóvão saltou de zero lançamento comercial em 2010 para 512 em 2011. A expectativa é de novo aumento para este ano. O presidente da Ademi, José Conde Caldas, frisa que este é o momento do Rio de Janeiro, com muitas pessoas chegando e a demanda em clara tendência de crescimento.