Investigação – Projetos do Banco Mundial estão a provocar “rasto de miséria” POR SAÚDE GLOBAL 17/04/2015 Notícias ao minuto – O Banco Mundial desrespeita com frequência as suas próprias regras sobre a proteção de pessoas em detrimento dos projetos que patrocina e com consequências devastadoras para as populações mais vulneráveis, refere uma investigação hoje divulgada. Um trabalho de investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), do diário digital norte-americano The Huffington Post e 20 outros parceiros mediáticos concluiu que pelo menos 3,4 milhões de pessoas foram física e economicamente afetadas desde 2004, em particular através de deslocações forçadas, devido a projetos apoiados pelo Banco Mundial. Considerado o mais prestigiado credor dos países em desenvolvimento, o Banco Mundial financia anualmente centenas de projetos governamentais com o objetivo de “combater a propagação da pobreza através do apoio à construção de sistemas de transporte, centrais elétricas, barragens e outros projetos”, teoricamente dirigidos às populações mais pobres do planeta. No entanto, os trabalhos de investigação divulgados a partir de hoje pelo Huffington Post (http://projects.huffingtonpost.com/worldbank-evicted-abandoned) denunciam o “rasto de miséria” que os projetos patrocinados pelo Banco Mundial impuseram em diversas regiões do mundo. Barragens, centrais elétricas e outros projetos apoiados pela instituição financeira forçaram milhões de pessoas a abandonar as suas casas, as suas terras ou a colocar as suas vidas em perigo, sustenta a investigação. A primeira reportagem, hoje divulgada, relata as condições de comunidades indígenas do oeste do Quénia que dizem ter sido forçadas a abandonar as suas florestas ancestrais devido a um programa de conservação do Banco Mundial. Este projeto mediático também indica que o Banco Mundial e a International Finance Corp. (IFC, membro do Grupo Banco Mundial e a maior instituição de desenvolvimento global voltada para o setor privado nos países em desenvolvimento) financiaram governos e companhias acusadas de violações dos direitos humanos incluindo violação, rapto, assassínios e tortura. Em alguns casos, os credores continuaram a financiar estes responsáveis após terem sido divulgadas provas dos abusos. A investigação permitiu ainda detectar que entre 2009 e 2013 os credores do Grupo Banco Mundial canalizaram 50 mil milhões de dólares (47 mil milhões de euros) em projetos que resultaram num elevado risco de impactos sociais e ambientais “irreversíveis e sem precedentes”, e que duplicaram em relação ao anterior quinquénio. A equipa global coordenada pelo ICIJ congrega mais de 20 organizações mediáticas, incluindo o The Huffington Post, The Guardian, El País, Fusion, o GroundTruth Project, o Investigative Fund, a Agência Pública do Brasil ou oBalkanInsight.com, entre outras. Estas reportagens serão publicadas num “microsite” divulgado pelo Huffington Post e que também inclui fotografias e vídeos de comunidades deslocadas em todo o planeta. Neste projeto participaram 50 jornalistas de 21 países, que durante 11 meses investigaram o falhanço do Banco em proteger diversas populações do globo, marginalizadas em nome do progresso. Os organizadores sublinham que este trabalho implicou a análise de milhares de documentos do Banco Mundial, entrevistas a centenas de pessoas e reportagens no terreno em 14 países (Albânia, Brasil, Etiópia, Honduras, Gana, Guatemala, Índia Kosovo, Nigéria, Peru, Quénia, Sérvia, Sudão do Sul e Uganda). Referência: GLOBAL, Saúde. Investigação – Projetos do Banco Mundial estão a provocar “rasto de miséria”. 2015. Disponível em: <http://saudeglobal.org/2015/04/17/investigacao-projetos-do-banco-mundial-estao-aprovocar-rasto-de-miseria/>. Acesso em: 17 abr. 2015.