APRESENTA
WORKSHOP
PRÁTICAS CURATORIAIS CONTEMPORÂNEAS
PENSAMENTOS, PROCESSOS E MATERIALIZAÇÕES
Intenso debate tem pautado a agenda de curadores, artistas, críticos e
historiadores da arte quanto ao que caracterizaria o pensamento
curatorial contemporâneo. A emergência do curador-autor nos anos de
1970 e sua ascensão a uma posição central no sistema das artes nos
leva a especular sobre as possibilidades de expansão e desconstrução
da curadoria a partir de novas dinâmicas de trabalho. Este workshop,
portanto, propõe a criação de um evento expositivo estruturado em
atos – os quais ganharão corpo através de exercícios de curadoria
associativa –, tomando como princípio a emancipação crítica no campo
artístico, onde a hierarquia dos sujeitos e a subordinação a regras
específicas devem ser amplamente relativizadas. Vale dizer que não se
está aqui, necessariamente, propondo um novo modelo de trabalho
mas, sim, buscando debater horizontalmente as diversas motivações e
estágios do processo curatorial.
Trazer a público em um mesmo espaço (urbano, expositivo, impresso ou
virtual) obras de arte que constituam em seu conjunto não apenas uma única
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constelação de sentido, mas que permitam à audiência estabelecer novas
conexões semânticas como decorrência do confronto entre a experiência
sensorial e sua própria bagagem cultural – quer seja crítica, afetiva, política,
histórica ou filosófica –, representa um dos maiores desafios ao curador de
arte em princípios do século XXI. Realizar exposições, pois, constitui apenas
uma de suas atividades, uma vez que a formação do pensamento curatorial
não apenas precede a escolha de uma determinada abordagem conceitual,
de artistas, suas obras, e a consequente distribuição das mesmas no
espaço, como também pode (e deve) se estender para além da abertura do
evento. Neste sentido, a exposição deve ser compreendida como um
dispositivo para a construção de novas relações que extrapolam seu próprio
fim, já que a instituição ou espaço político e geográfico no qual ela acontece,
o orçamento disponível para sua realização, a relação com artistas,
colecionadores ou galerias, a produção de textos/publicações e, finalmente,
o contato do público com as obras, são questões de base que se impõem ao
curador contemporâneo.
Ao considerar a miríade de preocupações de ordem conceitual e prática
inerentes à atividade curatorial, bem como a necessária interlocução entre o
curador e os demais agentes envolvidos no processo de desenvolvimento de
uma exposição (gestores, arquitetos, produtores e o público em geral), este
workshop pretende explorar criticamente as várias etapas do projeto – desde
sua concepção à sua realização –, promovendo a reflexão e o debate acerca
dos diversos elementos que lhe são constitutivos, quais sejam: formação do
pensamento curatorial contemporâneo; pesquisa curatorial; formulação de
ideias e hipóteses a serem exploradas conceitualmente; studio visits; escolha
de artistas, obras e definição das ações paralelas à exposição; arquitetura e
ocupação de espaços expositivos; produção de textos críticos e curatoriais;
montagem da exposição; e articulação de programas públicos e/ou
educativos. Partindo de um modelo de curadoria associativa e experimental,
no qual os integrantes do workshop contribuirão para as decisões
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decorrentes das proposições conceituais e de um rol preliminar de artistas
previamente estabelecidos, iremos repensar, em conjunto, a prática
curatorial contemporânea.
O workshop apresenta como premissa curatorial a investigação das noções
de segunda natureza e suas possibilidades de exploração no campo
artístico. Entende-se por segunda natureza um conjunto de elementos
culturais – hábitos, convenções, linguagens e tecnologias – de tal forma
incorporados pelo homem ao ponto de se tornarem imprescindíveis à sua
existência ou mesmo assumirem autonomia na arquitetura sócio-política. A
plasticidade de nosso horizonte científico faz do futuro seara fértil para a
elocubração de novos mundos cujas possibilidades estéticas e filosóficas
desenham-se ou transformam-se tal qual exercícios da ficção científica em
seu afã premonitório ou mesmo revolucionário. Em que medida é possível
antecipar eventos culturais, políticos, científicos ou sociais, isto é, to see
what is coming?
São eixos norteadores dos 12 módulos do workshop:
1 – Noções de segunda natureza;
2 – A plasticidade no horizonte estético e filosófico;
3 – Ficção científica e tecnologia;
4 – Política e arquitetura social.
O evento expositivo será estruturado em atos:
1° ato: performance em espaço público e ou expositivo;
2° ato: exposição;
3° ato: lançamento de catálogo e publicação online;
4° ato: cine-debate / seminário; e
5° ato: visitas guiadas com curadores e/ou curadores associados durante o
período da exposição.
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CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Data
Ação
29/04
1. Apresentação e debate dos objetivos dos curadores e intenção
dos participantes;
2. Introdução à estruturação e dinâmica do workshop – práticas
curatoriais contemporâneas: processos e materializações;
3. Introdução ao conceito do evento expositivo: “A segunda
natureza”;
4. Apresentação da bibliografia indicada / organização do
seminário.
06/05
1. Reflexões sobre o pensamento curatorial contemporâneo;
2. Exposições seminais do século XX: o contexto nacional e
internacional; a metodologia espacial de Harald Szeemann; os
desafios do minimalismo e da Land Art; a cultura do mainstream
e a espetacularização de evento expositivos.
20/05
1. Apresentação dos conceitos norteadores do evento expositivo;
2. Seminário a partir da bibliografia indicada;
3. Proposição de exercício de indicação de artistas a partir do
contexto local.
27/05
1. Palestra com convidado;
2. Apresentação da produção dos artistas pré-selecionados.
03/06
1. Encontro com artistas pré-selecionados para o evento:
apresentação da produção artística e obra;
2. Apresentação do exercício de argumentação curatorial e
apresentação de sugestões de outras produções artísticas: o
contexto local.
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07/06
(Sábado)
Visitas a ateliês
10/06
1. Definição final da lista de artistas;
2. Organização da publicação: texto crítico e curatorial, online e
impressa.
01/07
(T)
1. Entrega de textos críticos para a publicação online;
2. Introdução à arquitetura expositiva;
3. Estratégias de ocupação do espaço Largo das Artes e
planejamento de montagem.
12/07
(Sábado)
Montagem da exposição.
15/07 (T)
Abertura do evento (atos 1, 2 e 3) e lançamento do catálogo e
publicações online.
1° ato: performance espaço público;
2° ato: exposição;
3° ato: lançamento do catálogo e publicação online.
17/07
(Q)
Abertura do evento (atos 4 e 5)
4° ato: cine-debate
5° ato: seminário
Reflexões sobre o processo de trabalho; compartilhamentos do
registro do trabalho; avaliação de resultados; organização das
visitas guiadas durante o período do evento.
Jantar de confraternização.
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PERÍODO
10 módulos ǀ 29 de abril à 17 de julho de 2014
HORÁRIO
Terças-feiras ǀ das 19h às 22h
Sábados (somente em 07/06 e 12/07) ǀ 10h às 16h
LOCAL
Rua Luís de Camões, 2 – Sobrado
Largo de São Francisco
Centro ǀ Rio de Janeiro ǀ RJ
INVESTIMENTO
R$ 1.200,00 ǀ Vagas limitadas
(O pagamento poderá efetuado em 3 parcelas de R$ 400,00)
COORDENAÇÃO / CURADORIA
Bernardo José de Souza ǀ Michelle Sommer
BERNARDO JOSÉ DE SOUZA
É curador de arte, professor universitário e escreve para publicações sobre
cultura visual. Curador do Espaço da 9º Bienal do Mercosul | Porto Alegre
(2013), entre 2005 e 2013 foi Coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia da
Secretaria de Cultura da Prefeitura de Porto Alegre. Bacharel em
Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
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Sul e especialista em fotografia e moda pelo London College of Fashion –
University of the Arts, atualmente é membro dos conselhos curadores do
Museu de Arte Contemporânea | RS e da Fundação Vera Chaves Barcellos.
Nos últimos dez anos, vem desenvolvendo uma série de projetos no campo
das artes visuais, incluindo exposições, festivais de cinema, seminários,
publicações e programas educativos, alguns dos quais em parceria com
instituições como o KW Instituto de Arte Contemporânea, o Instituto Goethe e
o Instituto Inhotim. Neste período, foi curador das exposições “O Riso e a
Melancolia” (Paul McCarthy, Joshua Okon, Terence Koh, Yves Klein, Guto
Lacaz, William Wegman, Thomas Hoepker e Katia Prates); “A Realidade à
Sombra da Ficção” (Jeff Wall, Philip Lorca DiCorcia e Ant Farm); “Projeto
Black” (Isaac Julian, Jason Evans e Steve McQueen); “Além do Apartheid:
sexo, raça e política na África Contemporânea” (William Kentridge, David
Goldblatt, Cameron Platter, Dan Halter, Nontsikelelo Veleko e Athi Patra
Ruga); “Beleza Imperfeita: em busca de uma nova estética” (Martín Sastre,
Jem Cohen, Bruce LaBruce, Melissa Duarte e o coletivo AVAF); “Projeto
Berlim” (Thomas Demand); “Ásia, a Nova Onda Oriental” (Apichatpong
Werasethakul, Beat Streuli e outros); “Do Lixo ao Luxo: hibridismo e
reciclagem cultural” (Chiara Banfi e Jonathan Caouette); “O Discreto Charme
da Burguesia” (Cecil Beaton, Luiz Buñuel); e Segurança: o público e o
privado na esfera contemporânea, com Elaine Tedesco. Realizou, ainda, as
exposições “Jogo de Dados” - Rafael Assef; “Entre” - Amilcar Paker;
“Inefável” - Maurício Ianês; “Cris Bierrenbach”; e foi curador de cinco edições
do projeto “Videoarte nos Jardins do DMAE”, com projeções ao ar-livre (em
estruturas especialmente desenvolvidas por arquitetos) de obras dos artistas
Miranda July, Hussein Chalayan, Julian Rosefeldt, Gilbert & George, Vito
Aconcci, Paul McCarthy, Gordon Matta Clark, Bruce Nauman, Jerôme Bel, do
coletivo Superflex, entre outros. Como curador independente, realizou as
exposições “Ponto de Fuga” (Cristiano Lenhardt, Luiz Roque, Gustavo Jahn
e Melissa Dullius), na Galeria Ecarta; “Guy Bourdin”, no Museu de Arte
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Contemporânea do RS; Mutatis Mutandis (Paulo Roberto Leal, Vera Chaves
Barcellos, Felipe Moraes, Daniel Steegmann, Luiz Roque, Eduardo
Haesbaert, Rick Castro, Grupo Ío e Marion Velasco), no Largo das Artes;
entre outras. Mais recentemente, organizou o seminário “RODA - Rodadas
de Debates Sobre Arte”, com os conferencistas Samuel McAuliffe, Storm
Jense van Rensburg, Susanne Pfeffer e Elaine Tedesco.
Atualmente é professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing,
tendo lecionado no curso de Pós-Graduação em Cinema Expandido da
Pontifícia Universidade Católica do RS, no curso de Graduação em Design
de Moda da FEEVALE e ministrado cursos de extensão na Escola de Design
da UNISINOS e no SENAC Moda São Paulo. Foi colaborador das revistas
Vogue, URBE, VOX e do Jornal Folha de São Paulo.
MICHELLE SOMMER
Doutoranda em História, Teoria e Crítica de Arte pelo Programa de Pósgraduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
na área de concentração relações sistêmicas da arte, com pesquisa voltada
às práticas curatoriais e espaciais em exposições de arte contemporânea.
Mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo Programa de Pósgraduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, na área de Cidade, Cultura e Política Pública, tendo
desenvolvido pesquisa sobre territorialidade negra urbana e configurações
sócio-espaciais, que foi publicado em formato livro em 2011. Graduou-se em
Arquitetura e Urbanismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul.
Em 2013, foi coordenadora de museografia da 9a Bienal do Mercosul / Porto
Alegre; professora de projeto arquitetônico da Faculdade de Arquitetura da
UniRitter; realizou estágio docente na disciplina de Laboratório de
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Museografia no Instituto de Artes (UFRGS) e acompanhou o
desenvolvimento e implantação da exposição La Invención Concreta /
Colección Patricia Phelps de Cisneros - Reflexões em torno da abstração
geométrica latino-americana e seus legados, no Museu Reina Sofia, em
Madri.
De 2009-2012 foi parecerista do Ministério da Cultura para análise de
projetos culturais nas áreas de arquitetura / espaços museais, patrimônio e
artes visuais. Ao longo da sua trajetória profissional, esteve diretamente
envolvida,(através do gerenciamento, produção executiva e arquitetura) em
mais de quinze exposições, entre elas: duas bienais do mercosul (2013 e
2007, essa última em itinerância nacional) e na concepção da exposição
Horizonte Expandido (Santander Cultural / Porto Alegre / 2010), com artistas
seminais da Land Art, muitos deles até então não exibidos em contexto
nacional: Bruce Naumam, Marina Abramovic, Victor Grippo, Bas Jan Ader,
VALIE EXPORT, Ana Mendieta, Chris Burden, Dennis Oppenheim, Dan
Graham, Vito Acconci, Helio Oiticica, Allan Kaprow e Joseph Beuys, Gordon
Matta-Clark e Robert Smithson.
Atualmente é integrante do grupo “Ferramentas de Organização Cultural”,
iniciativa promovida pela 31ª Bienal de São Paulo que oferece a curadores,
críticos e agentes culturais oportunidades de intercâmbio sobre o estado
atual da produção artístico-cultural. É curadora independente e
pesquisadora.
PALESTRANTE CONVIDADO
Rodrigo Guimarães Nunes é PhD em filosofia pelo Goldsmiths College,
University of London, e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC-Rio). É colaborador de diversas publicações nacionais e
internacionais, como Radical Philosophy, Mute, Le Monde Diplomatique,
Serrote, The Guardian e Al Jazeera; no momento, está editando um dossiê
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sobre os protestos brasileiros para a revista francesa Les Temps Modernes.
Seu livro The Organisation of the Organisationless. The Question of
Organisation After Networks (Londres: Mute), que busca repensar a questão
da organização política à luz dos movimentos dos últimos anos, será
publicado em 2014. Como organizador e educador popular, tem participado
de diferentes iniciativas ativistas, como as primeiras edições do Fórum Social
Mundial e a campanha Justice for Cleaners (Londres). Foi professor visitante
na University of London, University of East London, Universidade Federal da
Paraíba, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Universidade
Federal do Mato Grosso. Foi membro do coletivo editorial da revista
Turbulence. É líder do grupo de pesquisa Materialismos - Correlacionismo,
Ontologia e Ciência na Filosofia Contemporânea (CNPq).
PÚBLICO-ALVO
Profissionais e estudantes que desenvolvem atividades relacionadas às
práticas curatoriais: curadores, artistas, educadores, produtores e críticos de
arte.
BIBLIOGRAFIA INDICADA
HARAWAY, Donna. Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano /
organização e tradução Tomaz Tadeu – 2. ed. – Belo Horizonte: Autêntica
Editora, 2009.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Editora 34: São Paulo, 2013.
MALABOU, Catherine. The future of Hegel: plasticity, temporality and dialetic.
Routledge: London, 2005.
MARINCOLA, Paula. What Makes a Great Exhibition? Questions of Practice.
Philadelphia: Philadelphia Exhibitions Initiative, 2007.
SMITH, Terry. Thinking Contemporary Curating. Independent Curators
Internacional (ICI), New York: 2012.
SMITHSON, Robert. The Collected Writings. Ed. Jack Flam. The MIT Press,
1996.
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TSCHUMI, Bernard. Architecture Concepts: Red is Not a Color. NY: Rizzoli,
2012. p. 16-177.
O’NEILL, Paul. The Culture of Curating and the Curating of Culture(s). The
MIT Press: London, 2012.
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