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Caracterização do Jogo
Segundo Bota (2001) o jogo é uma atividade complexa, preponderantemente
motriz
e
emocional,
desenvolvida
espontaneamente
e
segundo
regras
preestabelecidas, com fim recreativo, desportivo e ao mesmo tempo de adaptação à
realidade social.
O mesmo autor afirma que jogo desportivo é “um conjunto de exercícios físicos
praticados sob a forma de jogo com um certo objecto (bola, disco, etc) de dimensões
diferentes, mediante o qual duas equipas ou dois adversários competem entre eles
sob certas regras de organização e desenvolvimento” (Bota 2001, pp.15).
O Andebol é um jogo desportivo coletivo praticado por duas equipas,
compostas por sete elementos cada (um guarda-redes e seis jogadores de campo),
cujos objetivos são introduzir a bola na baliza da equipa adversária (marcando golos) e
evitar que o mesmo aconteça na sua baliza ou que o adversário tome a posse da bola,
respeitando as regras do jogo.
O Andebol, segundo a definição de Teodorescu (1984), está incluído no grupo
dos Jogos Desportivos Coletivos, visto ser uma modalidade caracterizada por dois
processos de cooperação simultâneos:
 Processo de coordenação ofensiva cujos elementos desenrolam a sua ação
cooperativa em condições de luta com os adversários;
 Processo de coordenação defensiva, coordenam as suas ações para
desorganizar a cooperação dos adversários.
O andebol é um desporto coletivo, caracterizado pela atuação de duas equipas
em simultâneo no mesmo espaço, com objetivos antagónicos, num regime de “nãoadversidade”.
Este é um jogo de cooperação-oposição, e segundo Parlebas (citado por
Moreno, 1994), num jogo de cooperação-oposição ambas as equipas podem agir
sobre a bola, sem esperar que o adversário finalize a sua ação, procurando atingir o
objetivo final do jogo – marcar mais golos.
As características essenciais do Andebol e os elementos que o diferenciam dos
demais desportos coletivos são vários. É utilizada uma bola pequena cuja
característica mais importante é que pode ser manejada facilmente com uma mão. O
terreno de jogo é um retângulo de 40x20 metros, que permite que se jogue a bola de
uma extremidade à outra do campo com um só passe, o que marca em grande medida
a velocidade no desenvolvimento das distintas ações. A área de baliza tem a forma de
um semicírculo de 6 metros de raio, de uso exclusivo do guarda-redes. Este espaço é
dos que mais limita as ações dos jogadores, quer atacantes quer defensores e, por
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isso, condiciona a forma de jogar. Podem ser distinguidas duas linhas diferentes de
jogo, tanto no ataque como na defesa, que agrupam os jogadores que se encontram
em zonas comuns. A primeira linha de ataque é a linha dos 9 metros e a da defesa é a
de 6 metros. A segunda linha de ataque é a de 6 metros e a da defesa é a dos 9
metros. A baliza mede 3 metros de largura e 2 metros de altura, é defendida
diretamente pelo guarda-redes e à distância pelos restantes elementos defensores. O
jogo tem uma duração real de 60 minutos, dividida em duas partes de 30 minutos
cada. Entre cada parte o regulamento impõe um intervalo de 10 minutos. Apenas 7
jogadores podem estar em campo e as substituições dos mesmos ocorrem quando o
treinador entender, sem ser necessário avisar a equipa de arbitragem e sem
interrupção do jogo. Esta forma de substituição dá maiores possibilidades de
especialização em determinadas funções e também uma maior variedade de jogo
(Ribeiro, 2005).
Número de jogadores
14 jogadores: 7 jogadores em campo e
7 suplentes
Dimensões do campo
40m de comprimento e 20m de largura
Dimensões da bola
Perímetro: 58 a 60 cm; peso: 325 a
400g
Baliza
3m de largura por 2m de altura
Duração do jogo
60 minutos, divididos em 2 partes de
30 minutos. Com um intervalo de 10
minutos.
Equipa de Arbitragem
2 árbitros, 1 secretário e 1
cronometrista
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O Andebol é um jogo rápido e dinâmico, que exige a todos os participantes a
perfeição na realização das ações. O atleta vê-se permanentemente confrontado com
o problema da escolha e da solução motora mais adequada para resolver cada
dificuldade apresentada pelos seus oponentes (Czerwinski, 1993).
É uma modalidade que exige ao atleta várias capacidades das quais se
destacam uma apurada competência técnica, uma boa compreensão tática do jogo,
uma atitude mental centrada no rendimento e, para além disso uma excelente
condição física.
As disputas de bola são mais frequentes entre os 5 e os 15 metros, desde a
linha de baliza (Oliveira, 2003). Este espaço de jogo é onde se realiza a maioria das
ações, exigindo ao atleta elevados níveis de força e de velocidade de execução
(Garcia, 1994).
O jogo de andebol é também uma entidade multifatorial, que se desenvolve
num “contexto interativo e constantemente em mudança” (Cruz, 1996), não podendo
ser explicado pelo simples somatório das suas componentes, mas sim devendo ser
compreendidas em conjunto pois os “fenómenos básicos que as envolvem estão todos
interligados, inter-relacionados e interdependentes” (Capra, 1989).
O Andebol contemporâneo de alto nível é caracterizado por impor aos seus
praticantes uma elevada intensidade de esforço. Mas esta característica nem sempre
foi visível nesta modalidade. As alterações impostas às regras de jogo, em especial a
regra do lançamento de saída após golo e a marcação do jogo passivo (Agosto de
1997), promoveram uma maior rapidez e consequentemente maior espetacularidade,
traduzido no aumento do número de ações e deslocamentos efetuados com elevada
intensidade e aumento do tempo efetivo de jogo (Castanheira, 2004).
Para além destas características, o jogo de andebol desenvolve-se num meio
onde impera a instabilidade e a incerteza e onde emergem constantes apelos às
capacidades decisórias dos atletas, pois todos os problemas surgidos são de solução
múltipla.
Processo defensivo no Andebol
Se considerarmos o processo ofensivo como o conjunto de todas as ações que
ocorrem após a recuperação de bola, a sua manutenção, e termina com a perda da
posse de bola, consideramos como processo defensivo a série de ações que ocorrem
desde a perda da posse de bola, e termina com a sua recuperação. Tal como no
ataque, a defesa regula-se por determinados princípios em virtude dos quais, os
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jogadores dirigem e coordenam a sua atividade (individual ou coletiva) ao longo de
uma fase de defesa.
Teodorescu (1984), definiu os seguintes princípios da defesa:
 Defesa da baliza;
 Entrada na posse de bola;
 Adaptação da defesa à especificidade do ataque;
 Entreajuda;
 Obrigar o adversário a cometer erros e tirar partido desses mesmos em
proveito próprio.
Para além de princípios, existem fases do processo defensivo que representam
as diferentes etapas desde o momento da perda de bola até a sua recuperação. Estas
devem ser entendidas como estágios que se encadeiam sequencialmente ao longo da
defesa.
Se para o processo ofensivo a bibliografia existente é extensa, no que toca às
fases do referido processo (onde a opinião dos diversos autores é divergente), no
processo defensivo regista-se precisamente o contrário onde a bibliografia é escassa e
grande parte dos autores (Paulino, 1983; Prudente 1983; Teodorescu, 1984; Falkoski
& Fernandez, 1988; Cercel, 1990; Andrés, 1997; citado por Ribeiro, 2005) identifica as
seguintes fases defensivas:
 Recuperação defensiva;
 Zona temporária;
 Defesa organizada.
O velho conceito de defesa, resumindo a uma estrutura expectante e previsível,
que apenas procura proteger a baliza e adaptar-se ao ataque, está perfeitamente
ultrapassado. A evolução técnico-tática individual, o aumento da velocidade das ações
e o novo enquadramento filosófico do jogo, tornam inadiável o redimensionamento
deste conceito (Ribeiro & Volossovitch (2000).
Neste contexto, o novo ordenamento conceptual, pressupõe uma estrutura
defensiva:
 Extraordinariamente Ativa, com os jogadores sempre em movimento, numa
procura constante de superioridade numérica;
 Ofensiva, no sentido duma constante procura da bola e da assunção duma
filosofia de risco (liberdade e criatividade);
 Agressividade, no sentido de “incomodar” permanentemente os ataques,
impedindo-os de exprimirem a totalidade das suas capacidades técnico-táticas;
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 Imprevisível, no sentido de inviabilizar duma forma sistemática a adaptação ao
ataque.
Ribeiro & Volossovitch (2000), afirma sem qualquer hesitação, que estamos a
transitar da ortodoxia, para a heterodoxia defensiva onde as estruturas defensivas
estão cada vez mais ofensivas.
Processo ofensivo no Andebol
Para Queiroz (1986) e Garganta (1997), o processo ofensivo consiste no
desenvolvimento da fase de ataque, onde podemos considerar todas as ações que
ocorrem após a recuperação da posse de bola, a sua manutenção e termina com a
perda da posse de bola.
No desenvolvimento do ataque estabelecem-se um conjunto de princípios, nos
quais constam regras gerais, respeitantes ao comportamento e à coordenação das
ações dos atacantes, com vista à realização dos objetivos do ataque (Teodorescu,
1984).
Teodorescu (1984), definiu os seguintes princípios do ataque:
 Ataque à baliza contrária;
 Manutenção da posse de bola;
 Adaptação do ataque à especificidade da defesa e às particularidades dos
próprios jogadores;
 Obrigar a defesa a cometer erros e tirar partido deles.
Para além de princípios, ao observarmos analiticamente um jogo de andebol,
podemos escrever sequências de jogo e comportamentos táticos de cada uma dessas
sequências, que se designam como fases de jogo.
Através da análise da literatura, concluímos que, a grande maioria dos autores
estruturam o ataque em três fases, onde é referenciado a fase em que a equipa tenta
finalizar com um ou dois jogadores sem oposição após a recuperação da bola (contraataque). Posteriormente, a fase em que a equipa procura finalizar através de três ou
mais jogadores com oposição reduzida e desorganizada (ataque rápido). Finalmente a
fase em que existe uma organização do ataque de ações realizadas pelos jogadores
denominada por fase de ataque organizado ou planeado (Martini, 1980; Simões, 1980;
Cercel, 1980; Latiskevits, 1991 citado por Castanheira, 2004).
Outros autores dividem em quatro fases o ataque, onde para além da fase de
contra-ataque e da fase de ataque rápido, divide-se o ataque organizado em fase
preparatória e fase de finalização (Garcia, 1994; Ribeiro, 2000).
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Apesar das diferenças e diversas perspetivas apresentadas, parece existir
conformidade entres os diferentes autores, no que diz respeito aos dois métodos
clássicos de desenvolvimento do processo ofensivo: contra-ataque e ataque
posicional.
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