10 Big data O impacto do big data nas organizações As novas tecnologias estão a ser utilizadas maioritariamente para fazer a monitorização do desempenho do negócio e a análise de tendências. Em Portugal, começam a surgir projectos-piloto departamentais para estudar melhor o alcance Carlos Marçalo | [email protected] e o real valor da nova informação que entra nas empresas G ANALISAR TODA A INFORMAÇÃO POR UM CUSTO INFERIOR A grande diferença da tecnologia de big data relativamente a outras ferramentas de analítica de negócio tradicionais reside no facto de o big data permitir processar e analisar informação que não está estruturada na organização a uma velocidade muito superior comparativamente a outras tecnologias de business analytics, e ainda por um custo inferior. Na prática, trata-se da maior fatia de informação existente numa organização, que Semana Informática | 14 a 20 de Maio de 2014 Timóteo Figueiró, research and consulting manager da IDC Portugal Vítor Gordo randes organizações, bancos, seguradoras, operadores de telecomunicações, cadeias de retalho, investigadores e entidades públicas como as finanças ou a segurança social sempre lidaram e trataram grandes quantidades de dados. Podemos então questionar se o big data constitui de facto um hype ou se é apenas uma buzzword inventada para vender mais tecnologia. Na verdade, trata-se de uma nova tecnologia que está no centro da transformação digital das empresas e que permite uma maior e uma melhor compreensão dos negócios. Esta nova gama de tecnologias possibilita a análise de dados não utilizados pelas organizações. É informação não-estruturada, logo é desconhecida para a organização. Muitos desses dados não são criados pelas próprias empresas, mas pelos seus clientes. De acordo com estudos de mercado, cerca de 85% desses dados têm impacto no negócio e nas operações de uma empresa. Foi com esta mensagem que Timóteo Figueiró, research and consulting manager da IDC Portugal, abriu o Big Data & Analytics Forum, realizado pela IDC na passada semana na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa. Para a empresa analista de mercado, as tecnologias de big data representam uma nova geração de ferramentas desenhadas para, de um modo económico, extrair valor a partir de grandes volumes de dados provenientes de uma variedade de origens, possibilitando a sua captura e análise a elevada velocidade. Para ser big data, uma organização deverá considerar duas de quatro componentes – volume, velocidade, variedade e valor. As ferramentas de big data não são muito diferentes de outras ferramentas de análise de dados. Primeiro, há a produção de conteúdo e de dados; segue-se a recolha desses dados e depois o seu processamento e análise. O ciclo termina com a introdução dessa informação nas diferentes unidades de negócio e na gestão da empresa. não é utilizada pelo simples facto de essa mesma organização não conseguir processá-la nem analisá-la. É por este motivo que as tecnologias de big data são consideradas mais democráticas do que outros modelos tradicionais, visto que expandem e disseminam a informação de negócio por um maior número de utilizadores dentro da organização. Uma análise ao crescimento do universo digital em exabytes permite concluir que a sociedade actual está num processo galopante de criação de informação. A ligação de um maior número de pessoas em todo o mundo e também de máquinas e sensores que criam dados fez com que passássemos de 130 exabytes em 2005 para 1227 exabytes de informação em 2010. Em dois anos esse valor mais do que duplicou, existindo 2837 exabytes em 2012. Os estudos de mercado estimam que em 2015 haverá 8591 exabytes de dados e em 2020 esse valor deverá chegar aos 40 026 exabytes. Perante esta escalada de dados, as organizações estão a iniciar uma transformação das suas infra-estruturas tecnológicas, com o intuito de armazenarem e depois tratarem todo esse conteúdo digital. A IDC prevê que o mercado mundial de ferramentas de big data represente cerca de 13 mil milhões de dólares (9,5 mil milhões de euros). Mas, quando as ferramentas de big data são utilizadas com outras relacionadas com analítica de negócio, o valor deste mercado passa para os 113 ml milhões de dólares (83 mil milhões de euros). ESTADO DO BIG DATA NAS ORGANIZAÇÕES PORTUGUESAS O big data é utilizado maioritariamente para executar tarefas de uma forma mais eficiente e por um menor custo e também para realizar tarefas que antes era impossível levar a cabo, aumentando desta forma o valor da organização a longo prazo. A empresa analista de mercado identifica cinco fases diferenciadas do modelo de adopção de maturidade do big data (ver caixa). Em Portugal, a maioria das organizações que estão a trabalhar com estas tecnologias encontra-se na segunda fase, denominada oportunista. Nesta fase, os objectivos de adopção estão relacionados com uma estratégia departamental. É adquirida e implementada tecnologia específica adequada ao objectivo mas esta não está integrada com outras tecnologias; trata-se de uma adopção localizada, em que as equipas possuem algumas com- petências, mas há uma ausência de coordenação corporativa e o suporte para os projectos é gerido no âmbito departamental. Na fase de adopção oportunista, verifica-se maior ênfase na análise de dados, em detrimento do acompanhamento, da preparação e dos processos de suporte à decisão. Neste caso, as TI e os restantes departamentos colaboram na definição e no financiamento dos projectos. ◗ CINCO FASES DE MATURIDADE DO BIG DATA 1. Ad hoc – Acesso à informação e realização da prova de conceito ou projecto-piloto em departamentos ou unidades de negócio. 2. Oportunista – Análise de dados e implementação funcional. 3. Repetitiva – Visão retrospectiva e adopção persistente noutros departamentos da organização. 4. Gerida – Visão prática e utilização corporativa coordenada. 5. Optimizada – Previsão corporativa e melhoria e aprendizagem contínuas.