XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" ESTUDO SOBRE A FUNÇÃO DIREÇÃO NO AGRONEGÓCIO DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO: O CASO DO ENGENHO PRIMAVERA LUCINALDO DE SOUZA E SILVA; FABIO DE OLIVEIRA MEDEIROS; MALQUIEL SILVA DE ANDRADE; TALES WANDERLEY VITAL; REJANE ANDREA DEIGA FERREIRA. UFRPE, RECIFE, PE, BRASIL. [email protected] POSTER ADMINISTRAÇÃO RURAL E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Estudo sobre a Função Direção no Agronegócio de Flores e Plantas Ornamentais no Estado de Pernambuco: O Caso do Engenho Primavera Grupo de Pesquisa: Administração Rural e Gestão do Agronegócio Resumo Esse artigo tem como objetivo apresentar o caso da gestão do Engenho Primavera, que atua na produção de flores e plantas ornamentais. No Brasil esse negócio tem acompanhado a tendência de crescimento e expansão do mercado mundial, inclusive no segmento de exportações. Destacando-se os principais cultivares desse mercado, como rosas, flores secas, gladíolos, bulbos, mudas de cordiline, dracenas, orquídeas, gerânios, crisântemos, folhagem, sementes de palmeiras e flores tropicais. Esse estudo utiliza a função direção como referência teórica, com vistas a extrair dessa função as contribuições oferecidas ao processo decisório e gerencial, bem como fazer a confrontação dos aspectos definidos na teoria com a vivência prática dos gestores rurais do Engenho Primavera. Os resultados colhidos em campo indicam que os gestores do engenho necessitam de apoio institucional mais abrangente, de linhas de créditos a taxas de juros mais acessíveis, apoios de órgãos de serviços a pequenas e médias empresas. O atendimento dessa necessidade tem o objetivo de capacitar esses gestores lhe proporcionando melhor entendimento de toda a cadeia produtiva do agronegócio floricultura, a fim de que eles possam se inserir no mercado e escoar toda a produção. Palavras-chaves: flores tropicais, floricultura, gestão de empresas, direção. 1 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Abstract This article has as objective to present the case of the function direction in the Device Spring, that acts in the production of flowers and ornamental plants. In Brazil this business has folloied the trend of growth and expansion of the world-wide market, also in the segment of exportations. Being distinguished the main ones to cultivate of this market, as roses, dry flowers, gladíolos, bulbs, dumbs of cordiline, dracenas, orquídeas, gerânios, we crisântemos, foliage, tropical seeds of palms and flowers. This study it uses the function direction as theoretical reference, with sights to extract of this function the contributions offered to the power to decide process, as well as making the confrontation of the aspects defined in the theory with the practical experience of the agricultural managers of the Device Spring. The harvested results and field indicate that the managers need more including institucional support, of credit facilities the taxes of accessible interests, supports of agencies of average small services and companies, as for example, the Sebrae, with intention to enable them to the agreement of all the productive chain of the agribusiness flowers, so that they can insert themselves in the market and drain all its production. Key Words: tropical flowers, flowers, management of companies, direction 1. INTRODUÇÃO As flores, sempre coloridas e alegres, perfumam e embelezam os nossos ambientes, contribuindo positivamente para a mudança na qualidade de nossas vidas. No Mundo, cresce acentuadamente o consumo de flores dos mais variados tipos e a ampliação do agronegócio de flores e plantas ornamentais torna-se uma realidade, na medida em que este setor econômico experimenta forte potencial de penetração nas cestas de consumo nacional e internacional (CHAVES, 2006). Dados do COMTRADE1 mostram que o comércio internacional de produtos da floricultura movimentou nos anos de 2002 a 2005 cerca de US$ 47 bilhões para as exportações e US$ 48 bilhões de importações. O crescimento médio nesse período ficou em torno de 11,6% e 11,2%, respectivamente. O comércio mundial de flores e plantas ornamentais está concentrado na União Européia, EUA (2º maior mercado) e Japão, enquanto que na Europa a Holanda detêm o mercado exportador de flores e folhagens, se configurando como o principal país distribuidor. A Colômbia também possui importante participação (é o maior exportador da América Latina), seguida pela Itália, Bélgica e Dinamarca. Segundo a COMTRADE, configuram-se como principais exportadores, no período de 2002 a 2005, a Holanda com 50,1% de participação do mercado, seguido pela Colômbia, Itália, Bélgica, Dinamarca e outros países. Na importação, a Alemanha se destaca como a principal compradora de produtos da floricultura, com 18,2% de participação, seguido pelos EUA, Inglaterra, França, Holanda e outros países. O segmento no Brasil A floricultura brasileira se desenvolveu ao redor dos mercados de consumo dos grandes centros urbanos. O espaço destinado à produção de flores e plantas ornamentais foi mais acentuado nas pequenas propriedades, uma vez que havia uma falta inevitável de oportunidades no setor agrícola, ocorrendo principalmente nos cinturões verdes das grandes cidades (AGRIANUAL, 2002). 1 Commodity Trade Statistic Database - United Nations 2 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" O início da produção de flores e plantas ornamentais em escala comercial se deu nos anos 50 com os imigrantes portugueses. Em 1960 ocorreu à entrada dos japoneses e no início da década de 70, aparecem os imigrantes holandeses, que deram um impulso maior à comercialização, implantando um sistema de distribuição pelo país inteiro. As CEASAS aparecem em 1988, com a finalidade de centralizar o mercado, atuando basicamente com a idéia de centros regionais de comercialização. A partir de 1989 surge o Veiling Holambra, que representa uma transformação representativa no mercado de distribuição e acaba influenciando o comportamento e as práticas do setor. Constata-se que o mercado interno apresentou taxas de crescimento de até 20% ao ano (CHAVES, 2006). Dados do IBRAFLOR (2002 e 2005) indicam um crescimento de 4,4% na área envolvida para a atividade de plantas e flores ornamentais no Brasil, ou seja, em 1999, chegava a 4.900 ha, passando para 5.118 ha em 2005. Desse total, menos de 26% referem-se a cultivos em estufas, 3% cultivos em telas, e a maior parte da produção, 71%, é realizada a céu aberto. O setor, que é constituído por pequenas propriedades, acaba gerando valores de R$322,3 milhões de reais por ano. Estima-se que a agrofloricultura2 seja responsável pela geração de um número superior a 120 mil empregos diretos, sendo 58 mil (48,3%) no âmbito da produção, 4 mil (3,3%) na distribuição, 51 mil (42,5%) no varejo e 7 mil (5,9%) em outras funções, principalmente as de apoio (AGROBRASIL, 2004). Segundo dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho, o setor de cultivo de flores, plantas ornamentais e produtos de viveiro no Brasil fechou o ano de 2005 com 16.531 empregados nesse setor, o que mostra um crescimento de 2,8% em relação ao ano de 2004 e uma expansão média de 4,3% desde 2000. As regiões que mais influenciam o setor são a Sudeste com 77,2% (cerca de 12.767 empregados), seguido pelo Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Em termos de expansão, destaca-se a região Norte do país; o Nordeste registra crescimento, principalmente na produção de flores tropicais; o Sudeste configura-se como principal centro produtor e consumidor; o Sul é dependente do fornecimento externo e no Centro-Oeste o cultivo comercial é bastante recente. Só o estado de São Paulo detém 74,5% da produção nacional. Mesmo assim, registra-se expansão por todo o país, com cultivos nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Ceará e, também, nas regiões centro-oeste e norte do país. A diversidade do clima, a disponibilidade abundante de terra, de água, de mão-de-obra barata e melhoria nas tecnologias agronômicas, deixa o país com grandes potencialidades de expansão da sua produção. Esses fatores, determinantes diretos da quantidade e da qualidade a ser produzida, podem tornar-se ganhos competitivos via preços mais baixos no mercado interno e no mercado externo, desde que ocorram melhoras nos canais de comercialização, na logística e no marketing estratégico para os produtos. O segmento em Pernambuco 2 Termo utilizado para designar todos os elos que compõe a cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais. 3 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" O cultivo de flores em Pernambuco teve início na região agreste há cerca de 30 anos. O clima favorável da região aliada às potencialidades visíveis no mercado despertou o interesse de diversos produtores. O estado tem o privilégio, pelas suas condições edafoclimáticas, de poder abrigar tanto as flores de clima tropical quanto às de clima temperado. O calor e umidade do litoral e Zona da Mata viabilizam o cultivo das flores tropicais; o micro-clima frio e a altitude existente nas regiões serrana do agreste propiciam o desenvolvimento das flores temperadas (CHAVES, 2006). A perspectiva do consumo no mercado de flores na Região Metropolitana do Recife tende a aumentar ao longo dos anos, fazendo com que aumente a necessidade de produção, e no nacional, o Estado de Pernambuco se apresenta como primeiro produtor nacional de flores tropicais e o quinto de flores de clima temperado. O estado apresenta ainda um grande potencial para o incremento na produção e na exportação de flores tropicais. Atualmente, cerca de 200 produtores exploram 235 hectares, sendo 180 hectares de flores tropicais e 55 de flores de clima temperado. Os produtores estão organizados em seis associações e uma cooperativa, movimentando recursos da ordem de R$ 36 milhões ao ano, gerando 800 empregos diretos e muitos indiretos. A produção de flores tropicais deu a Pernambuco a liderança na produção nacional (Helicônia sp., Zingiber sp., Alpinia sp., Anthurium sp., etc.) e está concentrada na região litoral-mata, distribuída num raio de até 150 km da capital. Um novo centro de produção de flores tropicais surgiu tendo como referência à cidade de Petrolina, a cerca de 600 km de Recife e situada no sertão semi-árido, onde se encontra o maior e mais moderno pólo de fruticultura irrigada do Brasil. As sofisticadas tecnologias de irrigação, a infra-estrutura logística de exportação e o forte apoio institucional local são os principais pontos fortes para o desenvolvimento deste novo centro de produção (XAVIER e FAVERO, 2005). A comercialização das flores, em sua grande maioria, ocorre, principalmente, na CEASA/OS e tem uma estrutura operacional localizada na cidade do Recife. O RECIFLOR Feira de Flores e Plantas da CEASA - foi criada em maio de 2000, com o objetivo principal de transferir os produtores e comerciantes de flores instalados na Praça Sérgio Loretto para as instalações da Central. Os principais clientes são pessoas que possuem floriculturas, funerárias, bufês e aqueles que adquirem flores para uso doméstico. A média de freqüência de compradores por feira gira em torno de 250 a 300 pessoas o que torna o local importante para esse tipo de negócio. Esse mercado centraliza o comércio de flores da Região Metropolitana do Recife e está numa localização estratégica. O Reciflor pode ser considerado como um espaço que apresenta as sazonalidades de demandas dos clientes, onde é registrada a expansão ou a retração de consumo a cada mês com efeitos sobre os produtos, os preços e os volumes comercializados (MEDEIROS, 2005). Uma outra região marcada pelo seu potencial de produção de flores, no Estado de Pernambuco, é a mesorregião Mata e a Microrregião Mata Meridional que compreende alguns municípios como Chã Grande, Ribeirão, Amaraji, Primavera, Cortês e Gravatá. Essa região, embora tenha se destacado como produtora de flores temperadas tem no engenho Primavera o exemplo de que é possível o cultivo de flores tropicais demonstrando que a região possui clima e solo favoráveis para a produção dessas variedades. 2. METODOLOGIA Os dados utilizados foram baseados em pesquisas bibliográficas, através de livros, periódicos, artigos, acesso à internet às páginas dos órgãos e associações responsáveis pelos estudos que envolvem o setor do agronegócio flores e plantas ornamentais, como também visitas ao Engenho Primavera, situado no Município de Amaraji, Pernambuco. 4 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" A aplicação do modelo no Engenho Primavera se deu através de um questionário elaborado baseado nesses conceitos da Função Direção de CHIAVENATO (2000). Estudo de Caso Segundo Yin (1989, p.23), estudo de caso “é um estudo empírico que investiga um fenômeno dentro de seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos, e no qual são utilizadas varias fontes de evidencia”. O trabalho se caracteriza como um estudo de caso, cujo enfoque principal é a análise empírica dos conceitos da função direção em uma empresa produtora de flores tropicais, de participação relevante a nível estadual, e que se destaca por atender vários empreendimentos de floricultura na região metropolitana, principalmente no município do Recife. Sua principal característica é o escoamento da sua produção no mercado de flores e plantas ornamentais, se confirmando, entre as demais, como uma relevante produtora de flores tropicais no estado. A Função Direção na Administração A direção é uma função essencial do processo administrativo. Segundo CHIAVENATO (2000) é ela que orienta e guia o comportamento das pessoas na direção dos objetivos a serem alcançados. É uma atividade de comunicação, motivação e liderança e refere-se a pessoas. Em sua abrangência, a direção ocorre em três níveis: nível global (direção), nível departamental (gerência) e nível operacional (supervisão). A direção é a função administrativa que vem após o planejamento e a organização. Uma vez estabelecido os objetivos da empresa através do planejamento e definido a organização como forma de por em prática as ações planejadas de forma organizada e departamentalizada, resta à direção fazer as coisas acontecerem da forma como elas foram planejadas com a velocidade esperada. Dessa forma, o papel da direção é “startar” o processo planejado. Assumir o nível das tarefas vistos na organização. É nessa etapa da administração que entram as pessoas, e são delas a responsabilidade de fazer com que as coisas saiam do papel e se torne realidade. Nesse aspecto é importante o registro de que essa dimensão esteja relacionada à capacidade de motivação e liderança dos protagonistas da empresa da forma como as pessoas, ou funcionários, são motivados a executarem e transformarem as ações do planejamento em algo concreto. A capacidade de dirigir está associada à condição dos administradores em interpretar e colocar em prática os planos da empresa. Mais importante que interpretar, entretanto, é saber instruir os funcionários, motivando-os para conquistar os objetivos da firma. Para BARBOSA (1983) de nada vale a elaboração de um bom planejamento e o estabelecimento de uma correta estrutura organizacional se não houver uma direção adequada. A direção se realiza sobre pessoas e não sobre máquinas, benfeitorias, terras ou animais. É preciso agir sobre os recursos humanos compreendendo suas reações e comportamento. O comportamento das pessoas dentro da empresa é que defini o bom êxito de cada tarefa realizada, e, conseqüentemente levando a uma eficiência do empresário na condução dos seus negócios. No caso das empresas rurais ou agroindustriais, a administração enfrenta o desafio de atenuar ou remediar a irregularidade natural do curso dos trabalhos, intensificando outras atividades conexas (beneficiamento ou industrialização dos produtos colhidos) ou reparando as benfeitorias. O principal papel do administrador rural é planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados, visando à maximização dos lucros, à permanente motivação e ao bem-estar de seus empregados. Tudo isso, torna-se de fundamental importância para que o empresário rural 5 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" entenda como é complexo executar ações de direção, uma vez que elas dependem de diferentes situações e das pessoas nelas envolvidas. Já a gestão administrativa nas empresas rurais, abrange dois aspectos principais: o processo produtivo, que se desenvolve no âmbito das empresas e as atividades comerciais, se desenvolvem entre as empresas e o ambiente externo (CALLADO, 2005). Portanto, a gestão agroindustrial deve considerar não somente os aspectos financeiros, mas também as demais questões de grande importância para formular, reformular ou avaliar o processo administrativo, bem como um meio para cumprir os fins produtivos e sociais da empresa. As ações administrativas nunca são iguais em todas as empresas (sejam elas empresas agroindustriais ou não), pois varia de acordo com inúmeras variáveis e não existem normas específicas de administração válidas para todas as situações e ocasiões possíveis, ou seja, dependendo das condições internas e externas da empresa, a ação administrativa pode assumir feições diferentes. 6 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" De acordo com LIKERT apud CHIAVENATO (2000) existem quatro sistemas administrativos, a saber: SISTEMAS ADMINISTRATIVOS Sistema Autoritário-coercitivo: sistema fechado, autoritário e fechado Sistema Autoritário-benevolente: sistema autoritário mais leve que o anterior Sistema Consultivo: Sistema mais inclinado para o lado participativo Sistema Participativo: sistema democrático por excelência CARACTERÍSTICAS 1. Processo decisório: totalmente centralizado; 2. Sistema de comunicação: ocorre verticalmente; 3. Relacionamento interpessoal: as relações entre as pessoas não são vistas com bons olhos; 4. Sistema de recompensas e punições: ênfase nas punições e nas medidas disciplinares. 1. Processo decisório: centralizado permitindo algumas delegações de decisões de pequeno porte; 2. Sistema de comunicação: ocorre verticalmente com retro-alimentação da cúpula em relação à base; 3. Relacionamento interpessoal: a relação entre as pessoas é tolerada; 4. Sistema de recompensas e punições: ênfase nas punições e nas medidas disciplinares dentro de um sistema menos arbitrário. 1. Processo decisório: Participativo e Consultivo; 2. Sistema de comunicação: verticalmente e horizontalmente; 3. Relacionamento interpessoal: as relações entre as pessoas é bem vinda e a confiança depositada nas pessoas é elevada; 4. Sistema de recompensas e punições: ênfase nas recompensas materiais com algumas punições eventuais. 1. Processo decisório: decisões totalmente delegadas; 2. Sistema de comunicação: ocorre em todos os sentidos; 3. Relacionamento interpessoal: trabalho quase todo realizado por equipes; 4. Sistema de recompensas e punições: ênfase nas recompensas simbólicas e sociais. 7 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO O Engenho Primavera O Engenho Primavera, situado no município de Amaraji, localizado na Região da Mata Sul do estado de Pernambuco (distante aproximadamente 98Km de Recife), possui 300 ha de área, dos quais uma boa parte dela é destinada a várias atividades, como plantação de cana-de-açúcar, pecuária de leite, fabricação de doces e produção de flores tropicais, colocando-o no setor de produção rural (agrícola). Dentre os vários segmentos citados, está o de flores tropicais. Para a produção desse tipo de cultura são destinados 4,0 ha do terreno. Esta atividade é realizada desde 1994, sendo ampliada a partir de 1999. Atualmente 20 espécies diferentes de flores tropicais são produzidas. Existem espécies que são perenes (produzidas o ano todo) e espécies que são sazonais (produzidas em uma determinada época do ano). A produção do engenho chega ao patamar de três mil hastes por mês. A maior parte da produção fica no mercado interno. A comercialização é feita através de pequenas lojas de floriculturas e no pequeno varejo. A empresa não possui nenhum ponto de venda. As vendas são efetuadas pelo telefone. As flores são produzidas sem que haja o pedido para venda, isso provoca sempre desperdício na produção. Todavia existe mercado, mas precisa ser trabalhado, em virtude de que não existe um hábito de se comprar flores todos os dias ou todas as semanas. As flores tropicais já estão penetrando no mercado local. Já existem diversos pontos de venda no Recife. A Direção da Empresa de Flores Tropicais fica a cargo da Sra Marcina Pontual, sua proprietária. A dona da empresa de produção rural não possui formação acadêmica, administração ou ciências agrárias. O negócio é gerido de acordo com a experiência adquirida através de familiares que eram fazendeiros e agricultores e a curiosidade pelos temas relacionados à floricultura. A Empresa conta ainda com a participação da filha, que é a responsável direta pelos contatos para as vendas das flores, e de quatro funcionários. Em relação aos funcionários, cada um deles desempenha a sua função na empresa. Dois se responsabilizam pela produção das flores (colheita, pós-colheita e beneficiamento), e dois funcionários se encarregam dos cuidados necessários à comercialização (limpeza das flores). Sistema de Direção no Engenho Primavera O Sistema de Administração identificado pela entrevista apontou para o “consultivo”, sistema que pende mais para o lado participativo do que para o lado autocrático e impositivo. Participativo, porque as decisões da Proprietária são delegadas aos diversos níveis hierárquicos, e consultivos porque a opinião e pontos de vista dos níveis inferiores são considerados pela dona do Engenho que detém a decisão final. Geralmente o funcionário mais antigo é levado para assistir às palestras, de modo que ele possa adquirir mais experiência e socializar com os outros funcionários. Durante o ano existem inúmeras feiras, seminários e palestras em diversas áreas, como combate ao fungo, doenças, oficinas de arranjo floral, cultivo, etc. Por outro lado, os funcionários, de um modo geral e segundo informações da dona do engenho, possuem sensibilidade para verificar se as plantas estão com problemas e comunicar imediatamente a dona. Além disso, dois dos funcionários têm mais autonomia e contribuem com idéias nos processos de trabalho, idéias essas que são geralmente consideradas pela Direção. 8 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" O Sistema de Comunicação é vertical no sentido descendente, entretanto muito mais voltado para a orientação do que para ordens específicas, propriamente ditas, como também ascendentes. A empresa desenvolve sistemas internos de comunicação para facilitar o seu fluxo. O Relacionamento Interpessoal se dá pela confiança depositada nas pessoas, embora não seja ainda completa e definitiva. No caso das Recompensas, não existe nada formalizado, entretanto a prática se dá no sentido de que quanto mais se vender flores, mais recursos serão distribuídos com mais e novas oportunidades profissionais (cursos, palestras, etc.). 4 – CONCLUSÕES A aplicação dos conceitos da função direção no sistema de administração do Engenho Primavera apresenta um direcionamento para o processo de gestão de pessoas e para o caráter participativo, conseqüentemente, essas ações aproximam-se do Sistema Consultivo apresentados na teoria. Portanto, a liderança ou direção da empresa é de responsabilidade da proprietária, que assume a responsabilidade pela condução e orientação da ação empresarial por meio da dinamização das atividades realizadas em todas as áreas e níveis da empresa. É uma função predominantemente voltada para a gestão das pessoas, já que elas representam os fatores econômicos que vivificam os demais recursos empresariais, como pode ser verificada nas análises procedidas no Engenho Primavera. 5 – REFERÊNCIAS AGRIANUAL 2001. Anuário da Agricultura Brasileira. Artigos especiais: Valter Udler Cromberg, FNP: São Paulo. p.337-340. AGRIANUAL 2002. Anuário da Agricultura Brasileira. Artigos especiais: Valter Udler Cromberg, FNP: Editora, p.353-354, 2002. AGROBRASIL. Balanço Brasileiro do Agronegócio. Ano 01. Nº 01. p. 96-103. Dezembro, 2004. ÁVILA, M.L., ÁVILA, S.S.A. - Administração Rural: Elementos de estudo na fazenda Córrego da Liberdade no Município de Ipiranga de Goiás. Disponível em www.presidentekennedy.br/recadm/edicao2/artigo04.pdf, Acesso em: 09 dez 2006. CALLADO, A.A.C., (Organizador) – Agronegócio. Atlas: São Paulo, 2005. CHAVES, R. - Economia de Pernambuco: Uma Contribuição para o Futuro: Perfil Econômico e Cenários de Desenvolvimento para a Cadeia Produtiva de Floricultura, 2006. CHIAVENATO, I. Administração – Teoria, Processo e Prática, 3º Edição, Pearson Education do Brasil: São Paulo, 2000. COMTRADE, Commodity Trade Statistic Database - United Nations, Disponível em http://comtrade.un.org/, Acesso em: 09 jan 2007. IBRAFLOR. Instituto Brasileiro de Floricultura. Relatório do Diagnóstico da Produção de Flores e Plantas Ornamentais Brasileira. São Paulo. IBRAFLOR. 2002. p.02. 9 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" IBRAFLOR. Plano estratégico para as exportações de flores e plantas ornamentais do Brasil – Relatório final. Janeiro 2005. MEDEIROS, F. O. Estudo da Cadeia Produtiva de Flores Temperadas no Município de Gravatá, Estado de Pernambuco: (segmento – Produção e Distribuição no Atacado). Monografia de conclusão do curso de Economia Rural da UFRPE. Recife, 2005. SEBRAE-PE. Floricultura em Pernambuco. Recife, 2002. (Série Agronegócio). XAVIER, P. F. M.; FAVERO, L. A. A competitividade da Cadeia Exportador de Flores Tropicais de Pernambuco. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 43, Ribeirão Preto, 2005. Anais... Ribeirão Preto: SOBER, 2005. CD. YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. Trad. Daniel Grassi – 2.ed. – Porto Alegre: Bookman, 2001. Cap. 5.p.131. 10 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural