Ressuscitação cardiopulmonar: uma abordagem prática. Trabalho realizado na UTI da Disciplina de Clínica médica da UNIFESP, São Paulo. Parada cardiorrespiratória (PCR) é a parada súbita da circulação sistêmica de atividade ventricular útil e ventilatória. A ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é o conjunto de procedimentos realizados após uma PCR com o objetivo de manter artificialmente a circulação de sangue arterial ao cérebro e outros órgãos vitais até a volta da circulação espontânea (RCE). A PCR é caracterizada pela perda de consciência, ausência de respiração e ausência de pulso central. Na PCR é feita a avaliação do de consciência, através da comunicação com a vítima em tom mais alto de voz e contato vigoroso com a vítima tocando os ombros. A ausência de respiração é constatada através do sentido de ver, ouvir e sentir onde é feita a abertura das vias aéreas e avaliação da saída do ar. O pulso é avaliado através da palpação de grandes artérias (femoral ou carotídeo). O tipo de parada é definido através da monitoração do ritmo cardíaco, etapa que define o correto tratamento a ser seguido. Assistolia é uma modalidade de PCR definida pela ausência de qualquer atividade ventricular contrátil e elétrica em pelo menos duas derivações do eletrocardiograma é considerado o ritmo final de todos os mecanismos de PCR e de pior prognóstico. Fibrilação ventricular caracteriza-se pela ausência de atividade elétrica organizada, resultando na ineficiência total do coração em manter a ejeção adequada de sangue. A FV pode evoluir através de três fases; elétrica (susceptível a desfibrilação), hemodinâmica (etapa de perfusão cerebral e coronária, onde as compressões torácicas são fundamentais) e metabólica (fase onde células já podem estar deflagradas). Taquicardia ventricular sem pulso é a sequência rápida de batimentos ectópicos ventriculares acima de 100 batimentos por minuto, chegando à ausência de pulso arterial palpável por deterioração hemodinâmica. Atividade elétrica sem pulso se caracteriza pela ausência de pulso, na atividade elétrica organizada. As causas da PCR são diversas de acordo com a idade. As causas mais frequentes são: trombose, intoxicação, trauma, hipóxia, hipovolemia e outras. Os procedimentos básicos para a abordagem inicial do paciente seguem uma sequência de atendimentos conhecida como A,B,C e D. Abrir vias aéreas: elevação do queixo e inclinação da cabeça. Boa ventilação: ver, ouvir e sentir, observar elevação e depressão do tórax. Circulação: verificar pulso de grandes artérias. Déficit neurológico/Desfibrilação: avaliar nível de consciência da vítima. Monitoração da vítima e aplicação do choque caso haja presença de FV e TV sem pulso. O suporte avançado de vida (SAV) inclui os recursos e equipamentos para monitoração cardíaca, fármacos, desfibriladores, ventilação e cuidados após ressuscitação. A FV e TV sem pulso são tratadas com desfibrilação elétrica, aplicando choque de 120-200J (bifásico) ou 360J (monofásico) caso não haja retorno do ritmo normal as manobras de ressuscitação com compressões torácicas e ventilação. O fracasso no primeiro choque recomenda a intubação orotraqueal que irá garantir a qualidade da ventilação. A monitoração e tratamento de pacientes vítimas de RCE são essenciais nas primeiras horas e sequencialmente até a reabilitação dos pacientes. O tratamento vai desde a administração de medicamento, oferta de O2 e análise de exames solicitados. Disfunção miocárdica pós ressuscitação é frequentemente encontrado em sobreviventes de parada cardíaca, portanto o tratamento deve ser imediato e o paciente é instalado em uma unidade de terapia intensiva onde ele é monitorizado. A hipotermia terapêutica é utilizada para controlar a temperatura central do paciente a fim de reduzir em até 25% o metabolismo celular cardiocerebral atenuado e lesão hipóxica-isquêmica, utilizando bolsa de gelo, infusão gelados na artéria carótida. O método de resfriamento é definido de acordo com a monitoração da temperatura de forma central. As compressões torácicas são essenciais na ressuscitação cardiocerebral e garante a melhor sobrevida dos pacientes vítimas de PCR. A recuperação do paciente está associado a abordagem inicial do paciente, método de tratamento e recuperação, portanto é primordial a presença de uma equipe treinada e informada que vai garantir a sobrevivência das vítimas de PCR.