Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 PROJETO “PINTANDO A CARA”: A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E INCLUSÃO SOCIAL1 Project "A Face Painting": University Extension as a Mechanism of Human Development and Social Inclusion Josiane Peres GONÇALVES2 Ana Maria CORREA 3 RESUMO: Este estudo tem por finalidade apresentar uma análise sobre influência de um projeto de extensão que, através de atividades relativas à pintura facial e ludicidade, busca contribuir com o processo de desenvolvimento integral do ser humano, segundo a perspectiva da inclusão social. A metodologia caracteriza-se como abordagem qualitativa, evidenciada através de pesquisa bibliográfica para demarcar o objetivo pertinente ao histórico do projeto “Pintando a Cara”, discutindo as experiências e a relevância do projeto enquanto meio desenvolvimento humano. Desta forma, torna-se relevante a necessidade de mencionar as parcerias alcançadas pelo projeto e como são organizadas as atividades práticas. Os resultados obtidos indicam o comprometimento do projeto com questões sociais, como a inclusão e a segregação familiar. A ação evidencia um projeto que tem muito a acrescentar na vida de todos os envolvidos: sejam aqueles que mantêm, organizam, planejam e executam as atividades propostas, ou ainda aqueles para as quais as atividades são direcionadas. Palavras-chave: Extensão; Desenvolvimento Humano; Inclusão Social. ABSTRACT: This study aims to present an analysis of the influence of an extension project that, through activities related to facial paint and playfulness, seeks to contribute to the process of integral development of the human being, from the perspective of social inclusion. The methodology is characterized as qualitative approach, evidenced by literature search to demarcate relevant to the history of the project "Painting the Face" objective, discussing the experiences and the importance of design as a medium human development. Thus, it is relevant to mention the necessity of partnerships achieved by the project and how they are organized practical activities. The results indicate the commitment of the project with social issues such as inclusion and family segregation. The action reflects a project that has a lot to add in the lives of all involved: are those who maintain, organize, plan and execute the proposed activities, or those for which the activities are directed. Keywords: Extension; Human Development; Social Inclusion. 1 O Projeto de Extensão “Pintando a Cara”, é financiado pelo Ministério da Educação Secretaria de Educação Superior (MEC/SESu), por meio do Edital Proext 2014. 2 Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Câmpus de Naviraí (UFMS/CPNV). Coordenadora do Projeto de Extensão “Pintando a Cara”. 3 Aluna do 8º Semestre do Curso de Pedagogia da UFMS/CPNV. Bolsista de Extensão MEC/SESu – Proext 2014. Vivências. Vol. 11, N.20: p.274-281, Maio/2015 274 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 INTRODUÇÃO A extensão universitária é uma prática imprescindível para a formação dos estudantes de graduação e ainda é uma forma de estreitar relações entre a instituição de ensino superior e a sociedade na qual está inserida. Entre as diversas possibilidades de implementação de um projeto de extensão, surgiu o interesse em trabalhar com atividades que fossem interessantes para os participantes, como a pintura facial e ludicidade, priorizando o desenvolvimento das principais habilidades humanas e contribuindo com o processo de inclusão social. Dessa forma, surgiu o Projeto “Pintando a Cara” como uma proposta de extensão destinada a colaborar com a formação de acadêmicas do curso de Pedagogia, para que relacionem teoria e prática, bem como contribuir com o trabalho educativo desenvolvido por importantes entidades da cidade de Navirai – MS, que atendem crianças, adolescentes e até adultos, que são vítimas de alguma forma de exclusão social. O presente trabalho tem a pretensão de expor algumas considerações sobre as vivências do projeto, assim como seus objetivos, fundamentação, procedimentos empregados e principais resultados obtidos nos quatro anos de existência. O encaminhamento baseia-se na abordagem qualitativa procurando evidenciar a relevância do projeto enquanto recurso de desenvolvimento humano. Refletindo todo o contexto do presente trabalho, percebe-se que os estudos teóricos, a atenção com o planejamento das atividades práticas, as parcerias obtidas ao longo destes quatro anos e a preocupação em integrar os envolvidos desta ação ao contexto social atual, faz com que cada vez mais o projeto adquira credibilidade perante toda a comunidade. CONTEXTUALIZAÇÃO E OBJETIVOS DO PROJETO “PINTANDO A CARA” As pessoas veem a universidade como uma das principais formas de formação humana e profissional e quando a procuram em geral estão mais preocupados com o ensino. Porém, as universidades não deve se preocupar somente com as aulas do ensino de graduação, mas também com outras atividades que são relevantes para a formação dos estudantes, como é o caso dos projetos de extensão. De acordo com Cabral (2002, p. 8): A extensão universitária é eixo chave do ensino universitário comprometido com os problemas da sociedade, é um campo especializado de intervenção para a construção do saber. Teoria e prática são elos indissolúveis na produção de conhecimento que podem ser efetivadas pelos alunos fortalecendo a formação universitária e ao mesmo tempo, busca trazer respostas a problemas sociais existentes na sociedade. A Lei nº 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, no seu Art. 43, que trata das disposições e finalidades da educação superior, diz que a educação superior tem por escopo desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão na universidade, projetando sua integração com a comunidade na qual está inserida, através de ações que prestem serviços especializados à comunidade, estabelecendo assim uma relação de reciprocidade, contribuindo com a construção e reconstrução da sociedade. (BRASIL, 1996). Neste contexto, e partindo do pressuposto de que o ser humano para sobreviver precisa aprender e apropriar-se de novos conhecimentos e ainda desenvolver suas habilidades, surgiu a necessidade iniciar uma proposta de extensão, tanto para contribuir com a sociedade, quanto com a formação de estudantes de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Naviraí (UFMS/CPNV). Assim, em 2011 surgiu o Projeto de Extensão que inicialmente intitulava-se “Pintando a Cara, Soltando a Voz” em parceria com o Rotary Club Integração de Naviraí, com a finalidade de Vivências. Vol. 11, N.20: p.274-281, Maio/2015 275 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 desenvolver atividades relativas à pintura facial, música e ludicidade a grupos diferenciados de crianças e adolescentes, visando contribuir com o processo de desenvolvimento integral dos participantes, especialmente em seus aspectos psicossocial. Inicialmente, o projeto baseava-se em estudos teóricos no campus, além de planejamento e avaliação das atividades práticas que eram realizadas semanalmente com crianças e adolescentes do Projeto Maranatha, entidade não governamental que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ainda, em 2011 o Projeto “Pintando a Cara” recebeu a proposta para participar das paraolimpíadas das APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), evento que reuniu APAEs de toda a região do Cone Sul do Estado de Mato Grosso do Sul. Devido à participação neste evento, surgiu o convite para que o projeto de extensão fosse desenvolvido na APAE de Naviraí no ano de 2012. Assim, no segundo ano de existência do Projeto, que passou a ser denominado de “Pintando a Cara 2ª Edição”, as atividades práticas eram realizadas semanalmente em duas entidades, ou seja: APAE de Naviraí e Projeto Maranatha, além de permanecer os encontros semanais no campus para estudos e planejamentos. Paralelamente, o Projeto era constantemente convidado para participar e contribuir com a realização de algum evento esportivo, cultural e até na área da saúde, como é o caso de Campanha de Pesagem realizada na Semana Crianças, sendo atendido um público que ultrapassou 500 crianças. Tornando-se cada vez mais conhecido no município de Naviraí, o referido projeto de extensão passou a receber convites para ser desenvolvido em outras entidades. Como não era possível atender a todos, no ano de 2013 o Projeto “Pintando a Cara 3ª Edição” fez a opção pelo atendimento em mais uma entidade, devido sua especificidade e relevância. Trata-se do Lar da Criança Amor e Fraternidade de Naviraí que abriga menores segregados de suas famílias. Também foi feita a pareceria com a Gerência Municipal de Educação (GEMED) de Naviraí para participar e contribuir com a realização de eventos diversos na área da Educação. No ano de 2014, o projeto de extensão que passou a ser denominado apenas de “Pintando a Cara” foi contemplado com financiamento do Ministério da Educação Secretaria de Educação Superior (MEC/SESu) por meio do edital Proext 2014, sendo possível contar com a colaboração de nove bolsistas de extensão e ainda obter recursos para aquisição de material permanente. Vale ressaltar que desde o início, quando o projeto de extensão que não contava com financiamento interno ou externo, tornou-se parceiro do Rotary Club Integração de Naviraí, que sempre contribuiu com a aquisição de material de consumo, especialmente tintas e pinceis para a realização da pintura facial. Assim, no ano de 2014 as ações extensionistas do projeto “Pintando a Cara” continuam sendo desenvolvidas mensalmente na APAE e Lar da Criança de Naviraí e semanalmente no Projeto Maranatha. O motivo pelo qual foram privilegiadas as três entidades mencionadas, diz respeito às suas especificidades em demonstrar a real preocupação com os problemas sociais, principalmente em relação àqueles que se encontram em situação de risco ou que fazem parte de grupos que sofrem algum tipo de exclusão social. Segundo Paulon, Freitas e Pinho (2005, p. 7), “A inclusão social deixa de ser uma preocupação a ser dividida entre governantes, especialistas e um grupo delimitado de cidadãos com alguma diferença e passa a ser uma questão fundamental da sociedade.” Dessa forma, considerando o estilo de público atendido, o Projeto “Pintando a Cara” passou a trabalhar segundo a perspectiva da inclusão social tendo, por meio de suas ações, o objetivo de contribuir com o processo de desenvolvimento destas crianças, adolescentes e até adultos, no caso da APAE, em suas dimensões, física, cognitiva, emocional e social. No que se refere ao processo de desenvolvimento do potencial humano, que necessita de oportunidades para acontecer, Davis e Oliveira (1994) afirmam que se trata de um artifício do qual o indivíduo constrói ativamente, nas relações que constitui com o ambiente físico e social, as suas características. Nesta perspectiva o Projeto “Pintando a Cara” tem a pretensão nuclear de Vivências. Vol. 11, N.20: p.274-281, Maio/2015 276 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 proporcionar momentos de aprendizagem e recreação por meio de atividade lúdicas e artísticas em que seja possível estimular o desenvolvimento integral dos envolvidos. Ademais, a acuidade da atividade lúdica e artística foi reconhecida pela legislação e em 1959 a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), redigiu a Declaração Universal dos Direitos da criança, que no Art. 7º afirma que toda criança terá o direito de brincar e divertir se, cabendo à sociedade e às autoridades públicas garantir a ela o cumprimento pleno desse direito. A Constituição do Brasil (1988) assegura no Art. 227 o direito à educação e ao lazer as crianças brasileiras. Tal direito é completado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que no Art. 4º destaca: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização e à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2010, p. 12) A ação lúdica e artística é determinada pelo prazer e pela alegria, pode ser desenvolvida por meio de muitas atividades, entre elas: o teatro, a pintura, o desenho, o jogo e a brincadeira. Segundo Almeida (2003), a ludicidade é uma ação inerente ao ser humano, seja criança, jovem ou adulto e aparece sempre como uma forma de transição em direção ao conhecimento. Para tanto, pode-se afirmar que iniciativas em incentivam crianças, adolescentes e adultos a participar de projetos que colaboram com a formação integral do ser humano, são importantes tanto para a própria pessoa, quanto para a constituição da vida em sociedade. METODOLOGIA Partindo do princípio de que a Universidade faz parte de um contexto que é histórico e social, e que ao mesmo tempo em que exerce influência é também influenciada pela sociedade na qual está inserida, é possível afirmar que obrigatoriamente ele deve promover ações que possibilite a maior aproximação com os outros segmentos da sociedade. Dessa forma, a universidade não deve priorizar somente as atividades de ensino, mas também envolver os acadêmicos em outras situações de aprendizagem, que contribuam tanto com a formação dos mesmos, quanto com a formação de outros grupos sociais diversos. Nesse sentido, Severino (2011, p. 32) salienta: [...] a extensão tem grande alcance pedagógico, levando o jovem estudante a vivenciar sua realidade social. É por meio dela que o sujeito/aprendiz irá formando sua nova consciência social. A extensão então cria um espaço de formação pedagógica, numa dimensão própria e insubstituível. E para melhor entender como foi desenvolvida a proposta de extensão, é oportuno explicar como se deu o procedimento metodológico. Para Minayo (2003), a metodologia é o caminho do pensamento a ser seguido, ocupando um lugar essencial na teoria. Trata-se basicamente do conjunto de técnicas a ser adotada para construir uma realidade, que no caso do presente trabalho, foi realizado por meio de abordagem qualitativa. Para Severino (2011), quando se fala em abordagem qualitativa cabe trazer à baila um conjunto de metodologias, envolvendo, possivelmente, diferentes referências epistemológicas. Neste sentido, para o desenvolvimento do projeto “Pintando a Cara”, a metodologia constituída sempre foi: estudos teóricos, planejamento das atividades práticas e desenvolvimento dessas mesmas atividades em instituições diferenciadas (envolvendo a pintura facial, música e atividades lúdicas diversificas). É importante destacar que o planejamento sempre foi uma preocupação para evitar o improviso e o não atendimento dos objetivos propostos. E além de se Vivências. Vol. 11, N.20: p.274-281, Maio/2015 277 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 planejar coletivamente nos encontros semanais realizados no campus, sempre se assumiu o compromisso de enviar antecipadamente às entidades parceiras, os planejamentos por escrito. Quanto à relevância do planejamento, Dessbesel e Strieder (2013) consideram que o ato de planejar é entendido como um conjunto de ações coordenadas entre si, que convergem para o alcance de uma finalidade. Ou seja, é um artifício de senso, método e coordenação da atitude docente, juntando a atividade escolar e a problemática do contexto social. Também Gomes (2011, p. 4) faz a seguinte referência sobre o planejamento: A ideia de planejamento é discutida amplamente em nosso cotidiano, planejamos ações que desenvolveremos em nosso dia, planejamos como será nossa casa, como será as nossas férias. No ambiente educacional não poderia ser diferente o planejamento é a base sólida do sucesso das ações tanto intra como extra-sala de aula. Além do mais, o planejamento do Projeto “Pintando a Cara” sempre esteve pautado na expressão de uma proposta que refletisse a visão integral do projeto, pensando com vistas o desenvolvimento e a inclusão social dos envolvidos. E para a para melhor organizar as atividades, no ano de 2014, o projeto de extensão mantém a seguinte organização: - Todas as sextas-feiras as atividades práticas são desenvolvidas no Projeto Maranatha, no horário das 07h às 10h; - Na última sexta-feira de cada mês as atividades acontecem na APAE de Naviraí, de 09h às 11h com as turmas do período matutino e das 13:h30min às 16h30min com as turmas do período vespertino. - No último sábado de cada mês as mesmas atividades são realizadas no Lar da Criança de Naviraí, no horário das 8h às 11h; - Todas as quintas-feiras são realizadas reuniões no campus da UFMS com as alunas de Pedagogia que fazem parte do projeto, para planejamento das atividades práticas e realização de estudos teóricos, no horário de17h às 19h; - Esporadicamente o projeto é desenvolvido durante a realização de eventos esportivos, culturais, ou promovido pela Gerência Municipal de Educação de Naviraí. Por meio das ações extensionistas promovidas pelo “Pintando a Cara” são atendidos crianças, jovens e adultos de três instituições diretamente ligadas à inclusão social, sendo que a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) é uma entidade não governamental que atende crianças, jovens e adultos com algum tipo de necessidade especial. O Lar da Criança e Adolescente Amor e Fraternidade atende crianças e adolescentes segregados de suas famílias e que foram vítimas de abandono. O Projeto Maranatha atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Também há a parceria com o Rotary Club Integração de Naviraí, entidade não governamental que presta serviços humanitários e é mantenedor do projeto no que diz respeito a aquisição de materiais de consumo para as atividades práticas. E Parceria com a GEMED durante a realização de eventos educacionais. Enfim, são ações conjuntas reunindo diversos seguimentos em uma comunidade integrada para o mesmo fim. RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto de extensão “Pintando a Cara” tem apresentado ao longo de seus quatro anos de existência alguns aspectos positivos que devem ser ressaltados. Tais aspectos referem-se tanto à formação das alunas de Pedagogia da UFMS; a formação de crianças e adolescentes que fazem Vivências. Vol. 11, N.20: p.274-281, Maio/2015 278 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 parte das entidades parceiras; e ainda pela interação e parceria entre cinco importantes instituições ou entidades de Naviraí. Uma das evidências sobre a boa aceitação do Projeto refere-se aos inúmeros convites recebidos para participar em eventos culturais, esportivos ou da área da saúde e que muitas vezes não é possível atender devido às diversas atividades que são realizadas constantemente. É o caso, por exemplo, da VIII Olimpíadas Estadual das APAEs de Mato Grosso do Sul, ocorrido em Sidrolândia no mês de junho de 2012, e que não foi possível participar devido a outros compromissos, porém outros convites foram surgindo e sempre que possível o Projeto “Pintando a Cara” se faz presente. É o caso, por exemplo, do “Dia da Pesagem” realizada pela Unidade de Saúde da Família do Jardim Paraíso, em que foram atendidas mais de 500 crianças. As alunas que fazem parte do Projeto realizaram atividades lúdicas diversificadas e pintura facial, incentivando as crianças a participar desse momento importante de acompanhamento do processo de desenvolvimento infantil. Em 2013 o Projeto foi convidado a se fazer presente no “Dia do Abraço”, evento ocorrido em praça pública em que foram contabilizados mais de 1.600 abraços a um público diversificado que incluía crianças, jovens, adultos e idosos. O referido evento contou com a participação de autoridades locais, inclusive do prefeito da cidade, e foi interessante constatar que pessoas de todas as faixas etárias interagiam com suas “caras pintadas”. Também em 2013 aconteceu o “1º Arraiá do Projeto Pintando a Cara” no Lar da Criança Amor e Fraternidade de Naviraí, sendo um momento importante que reuniu as famílias das alunas de Pedagogia da UFMS, alguns professores da universidade e as crianças institucionalizadas. Entre tantas atividades relevantes, destaca-se a quadrilha que contou com a participação das crianças, juntamente com as alunas, estando todas vestidas com trajes típicos. Considerando que no ano de 2013, além da pintura facial, as atividades lúdicas desenvolvidas com os participantes das entidades parcerias eram sobre as brincadeiras tradicionais, foi então realizado o 1º Campeonato de Pipas no campus da UFMS de Naviraí. Nesse momento, não foi a vez da sociedade se fazer presente no espaço universitário, sendo reunidas pessoas de diversas idades que, juntamente com suas famílias, brincaram e soltaram pipas durante uma manhã do mês de agosto. A entrada era um quilo de alimento não perecível, cuja arrecadação foi doada para duas entidades parceiras: Maranatha e Lar das Crianças. Também foi um momento importante para reunir representantes das diversas entidades parceiras do “Pintando a Cara” e devido ao bom resultado do evento, em agosto de 2014 foi realizada a segunda edição do campeonato de pipas, tento também resultado muito positivo. É importante destacar que as situações vivenciadas pelo Projeto sempre tiveram o propósito de integrar outros segmentos da sociedade à Universidade, buscando através de parecerias, contribuir com o processo de formação humana. Neste sentido Luckesi (2011) salienta: [...] temos por obrigação buscar o máximo possível de compreensão das determinações de nossa ação para que possamos propor fins e meios mais sadios para o ser humano, seja no que se refere aos efeitos imediatos ou subsequentes, seja no que se refere aos efeitos individuais ou coletivos. Afinal, somos individual e coletivamente, resultados de nossa ação. (LUCKESI , 2011, P. 123). No que se refere às atividades planejadas e desenvolvidas pelo “Pintando a Cara” durante os encontros realizados nos espaços das entidades parceiras, na APAE e Lar da Criança, como são contatos mensais, procura-se priorizar acontecimentos do período, como folclore, copa do mundo, festa junina, etc. No caso do Projeto Maranatha, em que as atividades são desenvolvidas semanalmente, a cada ano procurou-se priorizar algum tipo de ações específicas: música e ludicidade (2011); brincadeiras tradicionais (2012); teatro (2013); confecção de dobraduras (2014). A pintura facial, principal identidade do projeto, ocorre em todas as ações extensionistas, estando relacionada com as atividades desenvolvidas: se faz a dobradura de determinado animal ou Vivências. Vol. 11, N.20: p.274-281, Maio/2015 279 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 objeto, a mesma figura é pintada no rosto dos participantes; se o trabalho é com teatro, é feita a pintura facial para caracterizar ou se desenha os principais personagens da história na face das crianças; em épocas específicas como primavera e Páscoa, por exemplo, são feitas pinturas temáticas; em alguns momentos as pinturas são livres e são feitas de acordo com a solicitação dos participantes, como acontece com os grandes eventos, em que se costuma atender aos pedidos de crianças, adolescentes e adultos. Em relação aos eventos externos, diversos são realizados especialmente durante a Semana da Criança, como aconteceu em 2013 em um bairro de periferia da cidade em que foram atendidas mais de três mil crianças. Além de música, apresentações artísticas, brinquedos diversos como pulapula, escorregador, entre outros, as alunas do projeto “Pintando a Cara” realizaram a pintura facial em um número expressivo de participantes, que formavam longas filas enquanto aguardavam a vez para fazer a pintura de sua preferência. Também a GEMED nos dois últimos anos promoveu alguns eventos em escolas e outros envolvendo diversos segmentos da sociedade, como por exemplo, duas edições do evento “Comunidade em Ação” que, juntamente com a Gerência de Assistência Social, atendeu mais de quatro mil pessoas com prestação de serviço de interesse da população. Outro evento da GEMED foi com alunos do Programa “Mais Educação” que prioriza atendimento escolar em tempo integral a crianças de condições socioeconômicas desfavorecidas. Nesses momentos as alunas de Pedagogia da UFMS/CPNV que participam do “Pintando a Cara”, colaboram com a organização e especialmente com a realização de pintura facial e desenvolvimento de atividades lúdicas. Para finalizar, é importante mais uma vez destacar sobre a contribuição do Projeto para o processo de formação profissional das alunas de Pedagogia, as quais adquirem experiências diversificadas que contribuem para o aprendizado inerente ao desafio de ser professor na atualidade. Além da prática pedagógica, as alunas aprendem sobre a importância de se planejar com antecedência as atividades para então ser desenvolvidas nas entidades parcerias. Esse processo é importante, porque acordo com Luckesi (2011), a ação intencional sobre a realidade não pode se caracterizar como uma ação qualquer, mas sim uma prática que conduza a resultados satisfatórios para o ser humano, dentro da perspectiva de totalidade. Dessa forma, é possível concluir que todos os grupos envolvidos na ação de extensão são beneficiados, tanto pela oportunidade de construção de novos saberes, quanto pela possibilidade de trocas de experiências significativas, devido ás especificidades de cada uma das instituições parceiras, bem como das pessoas que fazem parte do Projeto. E o mais importante é que todos ensinam e ao mesmo tempo aprendem e ainda contribuem com o processo de desenvolvimento humano segundo a perspectiva de inclusão social. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. BRASIL, Ministério de Educação e Cultura. 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