UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UMA COMPREENSÃO PSICOPEDAGÓGICA SOBRE O FENÔMENO
BULLYING E SUA INFLUÊNCIA NA APRENDIZAGEM ESCOLAR
IRACY DE SOUZA MONTEIRO ROCHA
ORIENTADOR(A):
PROFa. MARIA DA CONCEIÇÃO MAGGIONI POPPE
MANAUS
JANEIRO / 2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UMA COMPREENSÃO PSICOPEDAGÓGICA SOBRE O FENÔMENO
BULLYING E SUA INFLUÊNCIA NA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Trabalho monográfico apresentado como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia Institucional.
POR: IRACY DE SOUZA MONTEIRO ROCHA
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, presente nesta caminhada, ora ao
meu lado, ora carregando-me no colo, que
tem sustentado-me em todos os momentos
de vitórias e de desafios, A professora e
amiga, Psc.Simone Russo, que pela primeira
vez apresentou-me o tema proposto desta
monografia, A mestra Maria Almerinda Matos
que foi a grande incentivadora da iniciação a
pesquisa, minhas grandes amigas Ma. Gleny
Barbosa e Lilianny Carvalho que são sempre
poços de abastecimento de minha autoestima e dividem comigo as mesmas
angústias relacionadas aos nossos jovens
adolescentes e seu futuro. Aos meus
pacientes e alunos do Centro Literatus, que
me impulsionam a buscar a cada dia um novo
motivo para erradicar da nossa sociedade a
discriminação, o preconceito e as brincadeiras
de mau gosto.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Carlos Augusto e Walmira,
motivadores e apostadores irrestritos dos
meus ideais, Aos meus filhos, Lucas e Ana
Clara que souberam com seu amor e alegria
abrandar meu coração nos momentos de
ausência no lar, Aos meus filhos Pedro
Augusto e Thiago que cedo partiram de nossa
convivência, porém deixando a maior
mensagem de Deus para nossa família, a de
que o amor tudo supera e que nossa família
teria amor suficiente para gestar outras
crianças no coração, Ao meu dedicado
esposo Petrarco pela abdicação de sua
própria
formação
acadêmica
e
na
compreensão de repartir sua esposa com os
livros e as inúmeras atividades as quais se
envolvia em nome de um ideal particular, Aos
meus sogros Pedro e Sebastiana pelo
acolhimento filial a que sempre me
dedicaram, fortalecendo ainda mais nossa
família. Aos meus queridos irmãos Rudá e
Ubiratã,
minhas
cunhadas,
sobrinhos,
sobrinhas, amigas pessoais e toda minha
grande família pelo apoio, preocupação e
torcida em toda minha jornada profissional.
5
EPÍGRAFE
“Não existe um caminho para a paz.
A paz é o caminho”.
(Mahatma Gandhi apud Von Cristina, 2003 p.7 )
6
RESUMO
Este trabalho trata de uma discussão acerca do Fenômeno Bullying e sua
influência na aprendizagem, devido grande repercussão de episódios de
violência escolar, que vem causando comoção pública e manifestações de
psicólogos, pedagogos,advogados, sociólogos e sociedade civil, para uma
reflexão mais abrangente acerca dos danos causados na aprendizagem, após
a exposição de vítimas, agressores ou observadores às ocorrências
agressivas. Sendo assim, a ausência de um olhar mais critico e as poucas
ações preventivas sobre o fenômeno, podem repercutir significativamente no
desenvolvimento intelectual e afetivo do individuo, tendo como conseqüência o
fracasso escolar. A fim de alcançar a construção de uma sociedade mais
aberta
a
novos
modelos
de
aprendizagem,
onde
as
intervenções
psicopedagógica sejam mais valorizadas e reconhecidas como tal, faz-se
necessário refletir sobre as questões que dizem respeito ao tema proposto,
sob a perspectiva de quem vivencia o cotidiano escolar sem interfaces,
portanto uma compreensão psicopedagógica efetiva que assista a demanda
escolar, que possibilite suporte ao professor e a família, provavelmente
reduziria consideravelmente o bullying na aprendizagem.
Palavras –
Prevenção.
Chave:,
Bullying,
Violência,
Aprendizagem,
Adolescência,
7
METODOLOGIA
Salienta-se os constructos desenvolvidos para o entendimento dos
elementos concernentes ao trabalho do Psicopedagogo como importante
recurso facilitador no processo de aprendizagem e suas vicissitudes, bem
como a influência negativa do Fenômeno Bullying, as situações, problemas,
fatos e fenômenos que o circundam, evidencia-se a utilização de uma
abordagem eminentemente analítica, o qual denomina monografia, que Santos
(2002) define através de um estudo aprofundado onde o objetivo é o tema,
oriundo de um problema delimitado, sem que se despreocupe com as
interpretações propostas genéricas do trabalho como um todo, constituído de
um conjunto de partes planejadas e antecipadamente ordenada desde o
projeto.
Tendo como objetivo geral promover uma reflexão psicopedagógica
sobre o fenômeno bullying e sua influencia na aprendizagem, e objetivos
específicos, descrever o fenômeno bullying; Relacionar o fenômeno bullying às
dificuldades de aprendizagem e Promover uma reflexão sobre o trabalho
preventivo do psicopedagogo no contexto escolar, abordados em capítulos
sistematicamente elaborados, onde o presente estudo desenvolveu como
metodologia a Abordagem qualitativa do tipo bibliográfico, a construção do
conhecimento trata-se de uma monografia de compilação que é a incorporação
sistemática do material coletado, na visão de Lakatos e Marconi (1991), que irá
promover a investigação, neste caso a necessidade é de um estudo através de
obras literárias de vários autores sobre o assunto escolhido, expondo assim
inúmeras visões, possibilitando a organização de uma coleta de dados no
maior número possível de obras publicadas sobre a temática, demonstrando
os pontos de vista existentes e/ou as idéias que se apresentam harmônica ou
antagonicamente de forma clara e didática, bem como oportunizando a
exposição de opiniões pessoais (tipo de pesquisa), A amostra será concluída
através da interpretação sistemática do referencial teórico, por meio da
investigação literária de teóricos como Aberastury, Wallon, Rodrigues,
8
Winnicott, Klein e Rogers, além das fontes atuais específicas sobre o tema,
como os autores Fante, Beaudoin, Outeiral, Patto, Souza, Fernandez, Weiss,
Bossa, perpassando pelas obras de organizadores como Papalaia, Delgado e
Fadiman. Dados coletados a partir de material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos investigados e explorados com o
objetivo de responder a problemática relativa ao tema, em acervos particulares,
bibliotecas de instituições públicas e particulares, além de busca on line.
A amostra foi concluída através da interpretação sistemática do
referencial teórico, por meio da investigação literária de teóricos como
Moscovici, Zimermam, Wallon, Rodrigues, Winnicott, Klein e Rogers, além das
fontes atuais específicas sobre o tema, como os autores Taylor, Weiss, Fante,
Rangé, Fonseca, Patto, Stenberg e Fernandez perpassando pelas obras de
organizadores como Outeiral, Papalaia, Delgado, Osório, Cunha e Fadiman.
Na elaboração e análise deste material utilizou-se o Método Dedutivo,
onde se inicia com formulações gerais, buscam-se posições que as sustentem
ou neguem, apontando-se, ao final, as conclusões a que se chegou.
Segundo Viegas (1999), o conceito “método”, tem sua origem das
expressões gregas meta e odos, entende-se como o percurso ou caminho para
se atingir um fim determinado, investigando, demonstrando a verdade dos
fatos ou fenômenos.
O procedimento de construção foi realizado a partir da compilação dos
pressupostos teóricos, autores que se dedicaram à pesquisa do tema
Fenômeno Bullying e sua influência na aprendizagem, concomitantemente aos
temas que irremediavelmente se vinculam a este, que registram resultados de
pesquisas de campo,
buscando abrir novos horizontes no desmistificar e
quebrar paradigmas do ato e termo ainda permeado de preconceitos que
abrange especificamente o tema escolhido do trabalho de conclusão de curso.
Sendo o Fenômeno Bullying um tema recente, delimitou-se o tema
referindo-se a sua influencia na aprendizagem escolar, dado o tempo restrito,
9
principalmente quanto ao prazo institucional para apresentação do trabalho,
que objetivou contribuir para construção de uma nova cultura pela paz, em
particular a adesão em programas interdisciplinares como ação preventiva do
psicopedagogo no âmbito escolar.
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12
CAPÍTULO I ................................................................................................. 16
O FENOMENO BULLYING .......................................................................... 16
1.1– Caracterizando o Fenômeno Bullying........................................... 19
1.2– Compreendendo a Adolescência normal e patológica .................. 27
1.2.1 Definição ...................................................................................... 27
1.2. 2 Características ............................................................................. 28
1.2. 3 Síndrome normal da adolescência .............................................. 31
1.2.4 Busca de si mesmo e da identidade............................................. 33
1.2.5 Tendência grupal .......................................................................... 37
1.2.6 Necessidade de intelectualizar e fantasiar ................................... 38
1.2.7 As crises religiosas ....................................................................... 39
1.2.8 A deslocalização temporal............................................................ 40
1.2.9 A evolução sexual desde o auto-erotismo até a heterossexualidade
.............................................................................................................. 42
1.3. Atitude social reivindicatória ........................................................... 43
1.3.1 Contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta
.............................................................................................................. 45
1.3.2 Separação progressiva dos pais .................................................. 46
1.3.3 Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo .............. 47
CAPÍTULO II ................................................................................................ 49
AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E BULLYING ............................ 49
2.1– O conceito de aprendizagem ......................................................... 51
11
2.2– As dificuldade de Aprendizagem .................................................. 52
2.3– A construção do individuo como um todo .................................... 55
CAPÍTULO III ............................................................................................... 57
REFLEXÃO PSICOPEDAGÓGICA SOBRE O FENÔMENO BULLYING E
SUA INFLUÊNCIA NA APRENDIZAGEM .................................................... 57
CONCLUSÃO ............................................................................................... 62
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................... 65
12
INTRODUÇÃO
A abordagem realizada nesta pesquisa, refere-se ao Fenômeno
Bullying
e sua influencia na aprendizagem, devido grande repercussão de
episódios de violência escolar, que vem causando comoção pública e
manifestações de psicólogos, pedagogos,advogados, sociólogos e sociedade
civil, para uma reflexão mais abrangente a cerca dos danos causados na
aprendizagem, após a exposição de vítimas, agressores ou observadores às
ocorrências agressivas.
O interesse da pesquisa oportunizaria uma visão holística no que se
refere
à temática, dada a uma crescente preocupação mundial, vinte anos à
frente da preocupação nacional sobre o fenômeno Bullying e sua grave
conseqüência na aprendizagem.
No Primeiro Capítulo “O Fenômeno Bullying”, teremos como objetivo
conceituar o fenômeno e suas vicissitudes, retratando-o através dos olhares de
vários estudiosos do assunto, onde apresentaremos o complexo palco da
adolescência e suas crises existenciais, cuja instabilidade emocional neste
processo maturacional, oportuniza a intrusão dolorosa e impiedosa das ações
do Bullying, com conseqüências danosas na esfera pedagógica e social.
Através do Segundo Capitulo “As dificuldades de aprendizagem e o
Bullying”, será desenvolvido uma abordagem literária no que concernem os
elementos básicos da aprendizagem, considerando as dificuldades de
aprendizagem como um dos mais complexos e polêmicos no âmbito escolar,
tendo em vista que grande parte dos teóricos
sua conceituação,
mostram-se divergentes frente
que Sá sua identificação; devido esta dicotomia fez-se
necessário o prévio conhecimento teórico que nos preparasse para tal desafio,
bem como uma visão holística da multiplicidade de elementos norteadores do
estudo, a contribuição deste estudo trará à luz a crítica reflexiva, pautado no
13
inter-relacionamento escola/família/aluno e no vínculo firmado entre ambos
concomitantemente.
É importante enfatizar ainda que, a adolescência como um período de
rápidos acontecimentos em todos os aspectos, físico, emocional, psicológico,
social e espiritual, torna esta fase a mais rápida e dinâmica, do
desenvolvimento humano.
Simplesmente normatizar e estabelecer padrões
nesta fase, têm colocado a adolescência numa condição de características e
aspectos extremamente dolorosos, em virtude deste fenômeno está inserido
em um cenário de mutações vertiginosas, típico do mundo contemporâneo, em
que a sociedade e a cultura sofrem intensas mudanças e transformações de
paradigmas e valores que incidem poderosamente na existência dos
adolescentes. A violência e a agressão na atualidade representada por uma
geração de adolescentes, estão relacionadas às ações de gangs, dos francoatiradores de escola, dos queimadores de mendigos, dos homicidas de grupos
étnicos ou simplesmente dos agressores intrafamiliares.
Neste contexto, a escola abriga uma hostilidade exagerada que remota
às idades mais precoces, onde a família, professores e cidadãos comuns
acreditavam que agressões ou reações violentas eram apenas “travessuras
próprias da idade’’, e que hoje tal processo socializador sugere um padrão de
conduta punitivo frente as diferenças e a diversidade. Sendo assim a ausência
de um olhar mais critico, desinformação e as poucas ações preventivas sobre
o fenômeno Bullying e sua influencia na aprendizagem, podem repercutir
significativamente no desenvolvimento intelectual e afetivo do individuo, tendo
como conseqüências o fracasso escolar.
Neste sentido o Terceiro Capitulo “Reflexão Psicopedagógica sobre o
Fenômeno Bullying e sua influencia na Aprendizagem”, buscou pontuar a
importância de se clarificar concretamente no âmbito escolar, a desmistificação
do fenômeno, minimizando a omissão e a conivência destes comportamentos
maléficos.
14
Ao
iniciarmos o trabalho fez-se necessário incluirmos o quanto
as
reflexões que precedem o estudo foram de impressionante fascínio, na
construção sistemática das estratégias desenvolvidas em prol de dividirmos e
delimitarmos os pontos primordiais e indubitavelmente indispensáveis para a
compreensão de tal abordagem, o qual justifica-se de forma ímpar, a
existência de um serviço de intervenção psicopedagógica que compreendesse
as influências do fenômeno bullying na aprendizagem entre alunos do ensino
médio, não só a nível de observação, mas no apoio, na orientação e
prevenção dos problemas oriundos da falta de informação, formação e
orientação de toda comunidade escolar.
Percebeu-se ainda neste capitulo que,
pais e/ou cuidadores e a
sociedade como um todo, devem estar atentos as variáveis externas que se
associam às condições internas do adolescente em plena evolução psíquica,
pois diferente do que se pensava há alguns anos atrás, simultaneamente com
as inúmeras variáveis, o cérebro adolescente, longe de ser algo simples, passa
também, por um período de desenvolvimento surpreendentemente complexo e
crucial nesta fase, reconhecendo que este é apenas o início de uma recente
descoberta na busca incessante de entender e ajudar o adolescente no ápice
seu desenvolvimento, contribuindo para desmistificação da caracterização do
estigma do “aborrecente”.
A fim de alcançar a construção de uma sociedade mais aberta a novos
modelos de aprendizagem, onde as intervenções psicopedagógicas sejam
mais valorizadas e reconhecidas como tal, faz-se necessário refletir sobre as
questões que dizem respeito ao tema proposto, sob a perspectiva de quem
vivencia o cotidiano escolar sem interfaces, portanto uma compreensão
psicopedagógica efetiva que assista a demanda escolar, que possibilite
suporte
ao
professor
e
a
família,
que
provavelmente
reduziria
consideravelmente o bullying na aprendizagem.
Ressalta-se, no entanto que além das motivações acadêmicas que
possibilitaram este trabalho, foi sem sombra de dúvida a motivação pessoal
15
que norteou e trilhou os caminhos deste trabalho de conclusão de curso, visto
que me apresento como profissional da educação preocupada com os rumos
da violência disfarçada como fator preponderante nas dificuldades de
aprendizagem, bem como no fortalecimento dos rótulos na adolescência.
16
CAPÍTULO I
O FENOMENO BULLYING
...como reagirá o indivíduo cuja mente está afetada por esses “víruspsiquicos”, ao se deparar com novas situações humilhantes, olhares
ameaçadores ou de desaprovação, seja na família e no trabalho, seja
nas interações sociais? Que futuro aguarda esse individuo, exposto
que foi às diversas situações constrangedoras, que teve a memória
infestada por esses registros “doentios”?
( FANTE, 2005, p.193)
Atualmente, um dos temas que vem despertando cada vez mais, o
interesse de profissionais das áreas de educação e saúde, em todo o mundo,
é sem dúvida, o do bullying escolar. Termo encontrado na literatura psicológica
anglo-saxônica, que conceitua os comportamentos agressivos e anti-sociais,
em estudos sobre o problema da violência escolar.
Sócias (apud FANTE, 2005), considera o fenômeno antigo e ao mesmo
tempo novo, por ser um mal-estar que se apresenta de forma oculta, no
desconhecimento, na indiferença, em fim na desvalorização do Outro,
advindos de comportamentos inadequados aprendidos e internalizados pelo
sujeito ao longo de seu desenvolvimento, em seu contexto social, repercutindo
em seu emocional e intelectual, transformando-os em presas fáceis para essa
prática.
Todos os dias, alunos no mundo todo sofrem com um tipo de violência
que vem mascarada na forma de “brincadeira”. Estudos recentes revelam que
esse comportamento, cresce e envolve, de forma quase epidêmica, em
números cada vez maiores, estimulando a delinqüência e induzindo a outras
formas de violência explícita, como a intolerância no transito, as agressões a
homossexuais, prostitutas ou mendigos, homicídios por motivos fúteis,
estupros, vandalismo e destruição do patrimônio público, dentre outros.
17
Ao estimular a delinqüência, o fenômeno Bullying produz em larga
escala, cidadãos estressados, deprimidos, com baixa auto-estima, capacidade
de auto-aceitação e resistência a frustração, reduzindo a capacidade de auto –
afirmação e de auto - expressão, tendo como agravante, a interferência
drástica no processo de aprendizagem e de socialização, que se estende suas
conseqüências para o resto da vida, além de propiciar o desenvolvimento de
sintomatologias de estresse, de doenças psicossomáticas, de transtornos
mentais e de psicopatologias graves como maníacos, psicopatas, anti-sociais,
suicidas, fóbicos e obsessivos, podendo chegar a um desfecho trágico, como
os casos famosos como o massacre de Columbaine e Remanso.
Segundo Fante (2005) Bullying é um problema que afeta as nossas
escolas, comunidades e toda a sociedade, promovendo a violência moral,
intimidação, preconceito e intolerância, tal comportamento não está restrito a
nenhum tipo de instituição, seja pública ou privada, sendo assim a única forma
de evitá-lo é havendo uma ação preventiva do psicopedagogo, uma ampla
discussão com pais, professores e alunos e a orientação particular de casos
observados.
As crianças e adolescentes em idade escolar, ou a maioria delas está
em contato com atos violentos em todas as esferas de seu relacionamento,
comportamentos de pressão, opressão, intimidação, gozação, perseguição são
comuns em seu dia-a-dia. Porem nem todos estes acontecimentos podem ser
caracterizados como bullying, alguns episódios esporádicos e brincadeiras
próprias de cada faixa etária, mesmo com comportamentos inadequados não
trazem conseqüências para a auto-estima das crianças e fazem parte seu
desenvolvimento e de sua socialização.
De acordo com Lopes(1998), os estudos e pesquisas sobre o tema
iniciaram na Noruega entre 1978 a 1993 pelo Professor Dan Olweus da
Universidade de Bergen e com a Campanha Nacional Anti-Bullying nas
próprias escolas norueguesas. Na década de 70, mesmo não ocorrendo
interesse maior sobre o assunto Olweus continuou investigando, até meados
18
dos anos 80, quando o suicídio de alunos jovens na faixa de 10 a 14 anos
oportunizaram indicações das ações do fenômeno, reiniciando as discussões
nas instituições de ensino.
Pesquisadores de todo o mundo atentam para este fenômeno, que
toma, cada vez mais, aspectos preocupantes quanto ao seu crescimento e por
atingir faixas etárias inferiores, relativas aos primeiros anos de escolaridade,
Fante (2005) afirma que estima-se que em torno de 5% a 35% de crianças em
idade escolar estão envolvidas, de alguma forma, em atos de agressividade e
de violência na escola.
Lopes(2008) pontua, na edição 4, da revista Mente e Cérebro: Olhar
Adolescente, que baseado nos dados dos mais diversos países seguramente
afirma que o fenômeno está presente em todas as escolas de todo o mundo.
No Brasil, o bullying ainda é pouco pesquisado, comentado e estudado, motivo
pelo qual, não se tem indicadores que forneçam uma visão global para que se
possa compará-lo aos demais países, a não ser dados de alguns estudos
fornecidos pela ABRAPIA e UNESCO.
Encontram-se ainda segundo Lopes (2008)
e Fante (2005) como
reflexo de trabalhos europeus, algumas pesquisas sobre o Bullying escolar
em Santa Maria (RS), o trabalho realizado pela professora Marta Canfield e
seus colaboradores (1997) em quatro Escolas Públicas, No Rio de Janeiro, as
pesquisas dos Profs. Israel Figueira e Carlos Neto(2000 – 2001) em duas
escolas Municipais, em São José do Rio Preto e região (2000 –2002),
pesquisas realizadas junto à quase mil e quinhentos alunos do Ensino
Fundamental e Médio em Escolas Públicas e Privadas, pela professora
Cleodelice Aparecida Zonato Fante e seus colaboradores
Tratando-se de um problema mundial que de certa forma ocorre em
todas as escolas, Fante (2005) pontua que vem se disseminado largamente
nos últimos anos e que só recentemente vem sendo estudado em nosso país,
que apresenta as taxas de prevalência de bullying entre 5% a 35% dos alunos
estão envolvidos no fenômeno.
19
As causas desse tipo de comportamento abusivo são inúmeras e
variadas, na ótica de Taylor e Beaudoin (2006) Devendo-se à carência afetiva,
à ausência de limites e ao modo de afirmação de poder e de autoridade dos
pais sobre os filhos, por meio de “práticas educativas” que incluem maus-tratos
físicos e explosões emocionais violentas dentre outros.
Sendo a escola um espaço educacional entre a família e a sociedade,
como fala Tiba (2006), a formação fica dificultada quando os limites são pouco
desenvolvidos em casa e a sociedade é facilitadora da transgressão quando
pouco faz para a preservação da cidadania
1.1– Caracterizando o Fenômeno Bullying
Sem termo equivalente na língua portuguesa, define-se universalmente
como “um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, adotado
por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento”.
Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que
magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que
hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos, levando-os à
exclusão, além de danos físicos, psíquicos, morais e materiais.
O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que
não se deixa confundir com outras formas de violência, Isso se justifica pelo
fato de apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave,
seja a propriedade de causar “traumas” ao psiquismo de suas vítimas e
envolvidos, possui ainda a propriedade de ser reconhecido em vários outros
contextos, além do escolar: nas famílias, nas forças armadas, nos locais de
trabalho (denominado de assédio moral), nos asilos de idosos, nas prisões,
nos condomínios residenciais, enfim onde existem relações interpessoais,
sendo uma ação com aplicabilidade mundial, ressalta-se abaixo alguns termos
e conceitos:
20
•
Origem inglesa: adotada em muitos países para definir o desejo
consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob
tensão, termo usado pela literatura Psicológica anglo-saxônica nos
estudos dos comportamentos agressivos, anti-sociais e violência
escolar.
•
Noruega e Dinamarca: Mobbing
•
Suécia e Finlândia: Mobbning
•
França: harcèlement quotidién
•
Itália: prepotenza ou bullismo
•
Japão: yjime
•
Alemanha: agressionen unter shulern
•
Espanha: acoso y amenaza entre escolares
•
Portugal: maus-tratos entre pares
•
Brasil: adotou-se o termo que de maneira geral é empregada na maioria
dos outros países como bullying.
•
Tradução:
enquanto
nome
bully
(valentão,
tirano),
como
verbo(brutalizar, tiranizar,amedrontar)
Estudiosos com Taylor e Beaudoin (2006) deste comportamento cruel
intrínseco nas relações interpessoais onde os mais fortes convertem os mais
frágeis em objetos de diversão através de brincadeiras que disfarçam o
propósito de maltratar e intimidar, do prazer mórbido que os colegas sentem
em maltratar o outro e de vê-lo sofrer e, com isso, se sentirem "poderosos" e
"donos" do colega, também da humilhação perante as risadas e da exclusão
declarada dos grupos que marca o ano escolar do começo ao fim acreditam
que não existe regra definida para ser um alvo de bullying, todos são alvo em
potencial, basta qualquer diferença, ter alguma dificuldade, ser o melhor aluno
21
da sala, raça, cor ou mesmo, ser uma pessoa mais sensível, todos podem ser
escolhidos e não basta estar integrado em um ano escolar pois, no ano
seguinte, por qualquer razão, o integrado pode ser o escolhido.
A escola é palco para atores que treinam a convivência em sociedade,
onde acredita-se necessário certa agressividade para sobrevivência do
indivíduo, portanto, é nessa pequena sociedade que desenvolve-se as mais
inacreditáveis ações que são fortalecidas pela tolerância excessiva quanto a
indisciplina, passividade diante das brigas ou brincadeiras infantis.
Os tipos de “bullying”
classificados,
entre os adolescentes são identificados e
como “vítima típica”, que serve de bode expiatório para um
grupo; “vítima provocadora”, aquele que provoca determinadas reações contra
as quais não possui habilidades para lidar; “vítima agressora”, que reproduz os
maus-tratos sofridos; “agressor”, aquele que vitimiza os mais fracos;
“expectador”, aquele que é testemunha dos maus-tratos, porém não se expõe.
O bullying pode se manifestar causado pelos adolescentes, mas pode
estar presente na relação de pais e filhos e entre professor e aluno, podendo
ser observado por exemplo na conduta dos adultos que ironizam, ofendem,
expõe as dificuldades perante o grupo, excluem, fazem chantagens, colocam
apelidos preconceituosos e têm a intenção de mostrar sua superioridade e
poder, usando deste comportamento freqüentemente.
Fante (2007), em entrevista a Revista Mente e Cérebro: Olhar
Adolescente, pontua que entre os pares, as agressões vão da agressão real
como a violência física, sexual, moral e psicológica, até a violência virtual. As
atitudes prepotentes, são dominadoras e cruéis, nos mais variados contextos,
meninos e meninas deliberadamente atormentam, perseguem, intimidam,
discriminam,
hostilizam,
humilham,
amedrontam
e
molestam
outros
semelhantes, abrindo as portas para a delinqüência juvenil, pois a intensidade
do fenômeno e o agravamento dos episódios aumentam conforme o grau de
escolaridade. Acreditava-se segundo Fante, este tipo de comportamento seria
próprio do sexo masculino, entretanto com a crescente divulgação do tema e o
22
surgimento de novas pesquisas, constatou-se comum também entre as
meninas, embora os meninos empreguem mais a força física, perseguição,
trotes
e a intimidação psicológica para submeter os mais fracos ao seu
domínio. Já as meninas agem de maneira mais sutil e perversa, valendo-se da
calúnia, difamação, fofoca, exclusão,,conspiração e manipulação afetiva, social
e de relacionamentos, onde nem sempre as palavras são empregadas, sendo
substituídas por olhares ameaçadores, gestos, sorrisos dissimulados e
maliciosos.
Constantini (2004), verbaliza que, na Itália, assim como em muitos
países
Europeus,
registra-se
a
difusão
entre
os
adolescentes
de
comportamentos ligados ä agressividade e uma crescente dificuldade de
intervenção pelos educadores. Meninos e meninas, no uso de sua força física
ou habilidade
psicoemocional, utilizam várias artimanhas para se tornar
populares ou disfarçar sua insegurança, rotulam e perseguem aqueles que
consideram diferentes, constrangendo-os com zoações, apelidos pejorativos
que aos poucos vão excluindo cada vez mais.
A medida entre o abuso e um comportamento inadequado é avaliada de
acordo com a freqüência e a intensidade que ocorrem, pois marcam a autoestima, a personalidade e a vida de uma criança e de um jovem de tal forma
que aqueles que viveram situações de opressão revoltam-se contra seus
agressores e contra os expectadores causando verdadeiras tragédias,
inclusive contra a própria vida, devido a continua exposição a exclusão e
desvalorização, pois de acordo com Fante (2007), em entrevista para a Revista
Mente e Cérebro: Olhar Adolescente, o agressor necessita do estado de
confusão e medo, e da sensação de impotência da vitima, do silencio dos que
estão ao seu redor, bem como da ausência de intervenção da família e da
escola.
Segundo Tiba (2005), além das ações descritas anteriormente,vem
ocorrendo
o CYBER BULLYING que é outra forma manifestação que vem
crescendo muito entre os adolescentes, acontecendo com muita freqüência na
23
internet: Os sites de ódio, os blogs, sala de bate-papo e orkut com mensagens
negativas e injuriosas sobre uma pessoa ou um grupo, preconceitos contra
raças e
religiões, sendo assim esta problemática apresenta muitas
implicações do ponto de vista da prática educativa e social, onde suas
diferentes manifestações têm preocupado de forma especial pais e
educadores.
Em decorrência dos dados extremamente relevantes, Fante (2005) foi
motivada a pesquisar e estudar, o que possibilitou identificar a existência de
uma doença psicossocial expansiva, desencadeadora de um conjunto de
sinais e sintomas, a qual denominamos SMAR - Síndrome de Maus-tratos
Repetitivos.
O portador dessa síndrome possui necessidade de dominar, de subjugar
e de impor sua autoridade sobre outrem, mediante coação; necessidade de
aceitação e de pertencimento a um grupo; de auto-afirmação, de chamar a
atenção para si, possui ainda, a inabilidade de expressar seus sentimentos
mais íntimos, de se colocar no lugar do outro e de perceber suas dores e
sentimentos.
Esta
Síndrome
apresenta
rica
sintomatologia:
irritabilidade,
agressividade, impulsividade, intolerância, tensão, explosões emocionais, raiva
reprimida, depressão, stress, sintomas psicossomáticos, alteração do humor,
pensamentos suicidas. É oriunda do modelo educativo predominante
introjetado pela criança na primeira infância, sendo repetidamente exposta a
estímulos agressivos, aversivos ao seu psiquismo, a criança os introjeta
inconscientemente
ao
seu
repertório
comportamental
e
transforma-se
posteriormente em uma dinâmica psíquica “mandante” de suas ações e
reações. Dessa forma,pontua Fante (2005) se tornará predisposta a reproduzir
a agressividade sofrida ou a reprimi-la, comprometendo, assim, seu processo
de desenvolvimento social.
As conseqüências para as “vítimas” desse fenômeno são graves e
abrangentes, promovendo no âmbito escolar o desinteresse pela escola, o
24
déficit de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo
e a evasão escolar. No âmbito da saúde física e emocional, a baixa na
resistência
imunológica
e
na
auto-estima,
o
stress,
os
sintomas
psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e o suicídio.
Para os “agressores”, ocorre o distanciamento e a falta de adaptação
aos objetivos escolares, a supervalorização da violência como forma de
obtenção de poder, o desenvolvimento de habilidades para futuras condutas
delituosas, além da projeção de condutas violentas na vida adulta. Para os
“espectadores”, que é a maioria dos alunos, estes podem sentir insegurança,
ansiedade, medo e estresse, comprometendo o seu processo sócioeducacional.
Tanto vítimas, quanto agressores ou expectadores, de certa forma lidam
com este tipo de violência, como se esta fosse importante para passar por
essa etapa da adolescência, dada imagem solitária própria da idade, ou da
excessiva necessidade de pertença a um determinado grupo. No entanto
vítimas podem desenvolver uma grande incapacidade de defesa, pouca
determinação ou desconfiança no seu semelhante, assim como o expectador
poderá crer que o correto está no ataque ao outro para defender-se da
violência ou tornar-se indiferente aos outros, além disso o agressor acarreta
para si um futuro de onipotência, resistência a frustração, bem como o limiar
da delinqüência juvenil.
Este fenômeno comportamental atinge a área mais preciosa, íntima e
inviolável do ser, a sua alma, envolve e vitimiza a criança, na idade escolar,
tornando-a refém de ansiedade e desconfiança, que interferem negativamente
nos seus processos de aprendizagem devido à excessiva mobilização de
emoções de medo, de angústia e de raiva reprimida, a forte carga emocional
traumática da experiência vivenciada, registrada em seus arquivos de
memória, podendo aprisionar sua mente a construções inconscientes de
conexões
de
pensamentos
desorganizados,
que
interferirão
no
25
desenvolvimento
da
percepção
de
si
mesmo
e
da
auto-estima,
comprometendo sua capacidade de superação na vida.
Dependendo do grau de sofrimento vivido pela criança ou jovem, este
poderá sentir-se ancorado em construções de pensamentos inconsientes de
vingança e de suicídio, ou manifestar determinados tipos de comportamentos
agressivos ou violentos, prejudiciais a si mesmo e à sociedade, isto se não
houver intervenção diagnóstica, preventiva e psicoterápica, além de esforços
interdisciplinares conjugados, por toda a comunidade escolar. Nesse sentido
podemos citar as recentes tragédias ocorridas em escolas, como por exemplo,
Columbine (E.U.A.); Taiuva (SP); Remanso (BA), Carmen de Patagones (ARG)
e Red Lake (E.U.A.).
Esta forma de violência é de difícil identificação por parte dos familiares
e da escola, uma vez que a “vítima” teme denunciar os seus agressores, por
medo de sofrer represálias e por vergonha de admitir que está apanhando ou
passando por situações humilhantes na escola ou, ainda, por acreditar que não
lhe darão o devido crédito, sua denúncia ecoaria como uma confissão de
fraqueza ou impotência de defesa. Os “agressores” se valem da “lei do
silêncio” e do terror que impõem às suas “vítimas”, bem como do receio dos
“expectadores”, que temem se transformarem na “próxima vítima”.
O que potencializa definitivamente uma pessoa a se tornar alvo é a
fragilidade emocional associada a diferença de padrão, estar fora do padrão
exige um fortalecimento dos recursos emocionais para enfrentar as reações
dos colegas e, muitas vezes, o indivíduo acaba sucumbindo e se abatendo, o
que gera um empobrecimento de sua auto-estima e o impede de procurar
ajuda ou reagir, Com isso, a insociabilidade e a passividade aumentam
fazendo despencar tanto o rendimento escolar, quanto a freqüência e interesse
na escola.
Este quadro pode levar os jovens a desenvolverem uma série de
doenças emocionais ou físicas devido ao stress a que estão expostos
diariamente entre elas: depressão, síndrome do pânico, gastrite, colite, asma,
26
bronquites e distúrbios alimentares, sendo assim
a situação vivida no
ambiente escolar e de lazer é capaz de contaminar, ou mesmo, inviabilizar
todos os desdobramentos que as relações grupais são capazes de favorecer
como, por exemplo, o desempenho escolar, as escolhas futuras e a profissão.
Zawadski e Middelton (2002) pontuam que a tragédia de Columbine,
ainda choca, por que nos alerta sobre os anos de tormentos que um jovem
pode passar, para agir de forma tão violenta e intencional, como se algo
tivesse desencadeado nesses garotos a urgência de descarregar sua
agressividade mal-situada em outras crianças, em um ato ultimo de violência.
A exemplo de jovens americanos, o Brasil também na tragédia de
Taiuva(SP), surpreende-se com a transformação promovida pela violência a
moral ao qual como alerta Picchia (2008) em entrevista a revista Psique
Especial, ciência e vida, alguns indivíduos se submeteram por um longo
período.
Normalmente os jovens não buscam ajuda dos adultos, faz-se
importante a escola e a família estar atenta para indicadores comuns de
identificação da ação do Bullying, como a Resistência inexplicável em ir para a
escola, Medo e ansiedade incomuns, Distúrbios do sono ou pesadelos,
Queixas físicas vagas, tais como dor de cabeça ou estomago,especialmente
nos dias de aula, Pertences que são perdidos ou chegam em casa avariados,
Atrasos constantes no retorno da escola para casa, dentre outros.
Como relata Chalita (2008), é apavorante chegar à escola e não saber o
que se vai encontrar, já que as ofensivas independem de qualquer reação ou
manifestação da vítima, que não escolheu ser gorda, magra, alta ou baixa, ter
orelhas grandes ou nariz torto. Na mente infantil, salienta, paira a certeza de
que cada dia é mais um dia de tortura e zombaria, mais um dia de exposição
ao ridículo.
O medo para estes jovens, é vivido no silencio da impotência, e o desejo
de libertar-se traduz-se através do ódio, da raiva contida, do desejo de reagir,
27
de destruir o outro ou a si próprio, pois quando a diversidade não é acolhida, a
desigualdade é legitimada.
1.2– Compreendendo a Adolescência normal e patológica
1.2.1 Definição
Na atualidade questiona-se a concepção da adolescência, inspirada por
correntes da psicanálise, como uma etapa necessariamente marcada por
conflitos, turbulências e crises. Sendo considerada como um momento crucial
do desenvolvimento do indivíduo, aquele que marca não só a aquisição da
imagem
corporal
definitiva,
como
também,
a
estruturação
final
da
personalidade, sendo uma idade não só com características biológicas
próprias, mas com uma psicologia e até mesmo uma sociologia peculiar
(OSÓRIO1992).
É importante destacar, contudo, que tanto do ponto de vista biológico e
psicológico quanto sob a perspectiva legal, existem definições distintas para as
faixas de idade relativas a esses dois segmentos, que irá variar em muitos
aspectos para alguns teóricos, quanto ao início e término da adolescência, não
havendo um consenso entre os diversos autores a respeito do período de
tempo coberto por cada uma destas faixas. De acordo os estudos
desenvolvidos na área da adolescência, fala-se em números aproximados que
definem e identificam o período ou idade cronológica da ocorrência desta fase,
levando-se em consideração fatores biopsicossociais do ambiente aonde o
fenômeno ocorre.
Há muitas definições estabelecidas, embora nem todas as sociedades
possuam este conceito de adolescência, baseando-se sempre nas diferentes
idades para definir este período. No entanto, vários autores e pesquisadores
definem a adolescência de acordo com os estudos das suas abordagens
28
teóricas, havendo muita disparidade de pontos de vista quanto ao início e
término da adolescência com uma vasta amplitude na definição desta fase,
suscitando diversos problemas de definição como, se a adolescência deve
começar com as mudanças do crescimento evolutivo e com o atingimento da
puberdade,
sendo
improcedente
fixar
idades
específicas
para
este
desenvolvimento físico, pois a idade cronológica geralmente é um indicador
falho da identidade biológica, especialmente na adolescência, devido às
grandes
diferenças
individuais
que
caracterizam
este
período
de
desenvolvimento (WEINBERG, 1999).
Frente a vigente dicotomia de definições que envolvem os limite entre os
extremos científicos e os fenômenos existenciais do indivíduo na sua evolução,
buscou-se, não se fixar a um período cronológico preestabelecido dentro de
um fenômeno, tomar como referência os termos do processo psicológico, em
face das limitações no emprego de outros elementos, diante disso a
adolescência começa hipoteticamente para alguns autores com as reações
psicológicas do jovem e suas mudanças físicas da puberdade que se prolonga
até uma razoável resolução de sua identidade pessoal. “O que acontece com
a maioria das pessoas jovens, em que estes eventos ocorrerão principalmente
entre as idades de 11 e 21 anos” Campos, D. (2001, p. 15).
Portanto a adolescência consiste, em um processo de intensas
transformações, internas e externas, que envolvem não apenas o individuo em
si, mas o contexto em que está situado, em especial, ao qual está vinculado
afetivamente (VIVARTA, 2004)
1.2. 2 Características
No decorrer do desenvolvimento humano as mudanças ocorrem durante
toda a vida e, cada etapa tem a sua importância nesse processo, onde as
transformações decorrentes desses fenômenos se refletem na forma que cada
29
indivíduo busca para se adaptar a estas mudanças, de acordo com a sua
condição interna e externa de personalidade.
Sendo a adolescência uma etapa caracterizada como uma fase de
transição, marcada pela passagem do estado infantil para o estado adulto, em
que ocorrem significativas mudanças biológicas, psicológicas e sociais, que
trazem ao indivíduo alterações quantitativas, marcadas num determinado
momento pelo surgimento de uma atividade hormonal que desencadeia as
características sexuais, o aumento de peso, altura, novo vocabulário e etc; As
alterações qualitativas irão se referir à estrutura cognitiva, como o
desenvolvimento marcado pelo aparecimento de novos fenômenos que
refletem no jeito de sentir, pensar e se comportar do indivíduo como um todo,
(OUTEIRAL, 2005).
Essencialmente ancorado em conceitos da psicanálise o autor acima
citado, coloca que as transformações que afetam o organismo nessa fase da
vida se constituem em uma das fontes mais fortes de angústias para os
adolescentes. Isto por que eles se vêem em uma situação contraditória, pois
perdem o corpo a que estavam acostumado, estando em um período de vida
turbulenta e um dos mais criativos momentos para rupturas radicais com tudo
que conheciam em termos existenciais e sociais.
Estes fenômenos se refletem no comportamento do jovem como um
todo, e a capacidade do adolescente para lidar com tais fenômenos,
dependerá de vários aspectos que podem, de acordo com o ambiente que o
indivíduo esteja, gerar conflitos e dificuldades para se adaptar ou lidar com o
novo. Neste sentido Levisky (apud OUTEIRAL, 2005, p. 87) coloca que “A
adolescência é um processo fundamentalmente psicossocial, desencadeado,
impelido concomitantemente às alterações biológicas, que são características
deste período”.
Na adolescência, estas mudanças muitas vezes são vistas e vividas
como catastróficas, e o adolescente se questiona sobre como lidar com tudo
isso, que está ocorrendo dentro e fora de si, e vários outros questionamentos.
30
Estas situações ou crises geram grandes confusões internas. Desta maneira,
Rivier (apud OUTEIRAL, 2005, p. 89), afirma que “em qualquer que seja o
contexto sociocultural, a adolescência será sempre um período de crise e de
desequilíbrio”.
Porem vale ressaltar que neste turbilhão de fenômenos, o cotidiano
segue com todas as exigências sociais, educacionais e familiares, então ao
mesmo tempo que para alguns a angustia está direcionada para esta
experiência, para os demais tais registros científicos, não passam de
predicados que são pólos influenciadores para a quebra das regras e
imposições institucionais, concomitantemente com a ausência de limites,
descaso e impotência da família, no momento em que o jovem mais precisa
de direcionamento e estabilidade afetiva.
No entanto, estas mudanças corporais e comportamentais possibilitam
aos adolescentes escreverem sua própria história, a partir da visão que estes
têm de si mesmo, o que torna mais significante a qualidade de como se vive e
se percebe estas transformações. É nesta fase também, que o indivíduo nas
suas experiências se define como pessoa, com o início psicológico do
fenômeno
da
adolescência,
desenvolvimento
cognitivo
e
“caracterizado
com
a
por
uma
consolidação
aceleração
do
formação
da
da
personalidade”. (KAPLAN; SADOCK. 1997, p. 61).
Com
este
movimento
multifacetário
do
individuo,
as
relações
estabelecidas, as frustrações, crises e dificuldades tem um valor afetivo muito
maior que em outras etapas da vida, pois são possibilidades geradas e
gerenciadas por eles mesmos, com objetivos e enfoques nem sempre
planejados, porem com energia corporal e psíquica imbuídas no desejo da
conquista e do desafio.
31
1.2. 3 Síndrome normal da adolescência
De acordo com as idéias de Aberastury e Knobel, (1981) este subcapitulo comenta a crise experienciada pelos jovens no desenvolvimento de
uma adolescência normal, que se constitui dentro de um processo evolutivo
estabelecido, sobre o aprendizado vivenciado pelo jovem num período
caracterizado como síndrome normal da adolescência, no sentido da
necessidade intrínseca do ser humano de exteriorizar os seus conflitos de
acordo com sua estrutura e suas experiências.
A personalidade não se estabelece sem passar por um certo grau de
desequilíbrio de condutas que devem ser consideradas inerentes a evolução
normal desta etapa da vida, frente a um mundo tão mutável e a um indivíduo
que em plena construção que apresenta uma série de atitudes também
mutáveis, tais condutas se manifestam de forma muito especial, que de
maneira alguma podem ser comparadas com o que seria a verdadeira
normalidade no adulto.
O conceito de normalidade apresenta complexidade, pois geralmente
varia em relação ao meio sócio-econômico, político e cultural, se firmando
como normalidade sobre as pautas de adaptação da sociedade, sendo
portanto resultante e determinado em função das normais sociais vigentes de
forma implícita ou explícita deste meio. Neste prisma, Anna Freud (1958 apud
ABERASTURY; KNOBEL 1981, p. 27) pontua que:
É muito difícil assinalar o limite entre o normal e o patológico na
adolescência, e considera que, na realidade, toda a comoção deste
período da vida deve ser considerado como normal, assinalando
também que seria anormal a presença de um equilíbrio estável
durante o processo adolescente.
32
O adolescente exterioriza seus conflitos nesta fase da vida, de acordo
com a sua estrutura e suas experiências; passando por desequilíbrios e
instabilidades extremas apresentando períodos de introversão, alternando com
audácia, timidez, descoordenação, urgência, desinteresse ou apatia, que se
sucedem ou são concomitantes com conflitos afetivos, crises religiosas,
oscilação de condutas sexuais dirigidas para o heteroerotismo e até
homossexualidade ocasional. Estas características são comuns e possíveis de
serem vistas em diferentes culturas e dentro dos diferentes marcos sócioeconômicos de vida.
A maior ou menor anormalidade desta etapa deve-se, em grande
parte, aos processos de identificação e de luto que tenha podido
realizar o adolescente. Na medida em que tenha elaborado os lutos,
que são em última instância os que levam à identificação, o
adolescente verá seu mundo interno mais fortificado e, então, esta
normal anormalidade será menos conflitiva e, conseqüentemente,
menos perturbadora, (ABERASTURY; KNOBEL, 1981p. 28).
Neste sentido, os aspectos supracitados são oportunidades essenciais
para conflitos entre os pares, principalmente no âmbito escolar , dada as
diferenças individuais, as exigências dos grupos, clãs e gangs, onde na região
norte pode ser conhecido como galera, principalmente nas comunidades de
baixa renda, sendo imperativo o acompanhamento desta fase com extremo
cuidado, cautela e sabedoria, diante de suas peculiaridades.
33
1.2.4 Busca de si mesmo e da identidade
A identidade do adolescente se caracteriza pelas mudanças de relações
do indivíduo, e essas muitas situações de mudanças que se produzem nesta
fase, influem nas características de como é nesse momento a busca de si
mesmo, fazendo com que o indivíduo dê um novo passo para se estruturar, na
preparação para a vida adulta, dentro de um continuum de sua identidade.
Tem-se que reconhecer que a identidade é uma característica de cada
momento evolutivo, sendo a adolescência um momento do desenvolvimento,
uma etapa a mais neste processo, deve-se tentar observar, quais são as
características fundamentais que aparecem neste período vital, pois sabemos
que a criança entra na adolescência com dificuldades, conflitos e incertezas
que se magnificam neste momento vital, para em seguida surgir à maturidade
estabilizada com determinado caráter e personalidade adulta.
A idéia de si mesmo implica algo muito mais amplo em todas as etapas
do desenvolvimento. É o conhecimento da individualidade biológica e social, do
ser psicofísico em seu mundo circundante, tem características especiais em
cada idade evolutiva, sendo a conseqüência final da adolescência um
conhecimento de si mesmo como entidade biológica no mundo, o todo
biopsicossocial de cada ser nesse momento da vida.
O corpo e o esquema corporal são uma resultante intrapsíquica da
realidade do sujeito, ou seja, é a representação mental que o sujeito tem do
seu próprio corpo como conseqüência de suas experiências em contínua
evolução. Esta noção do indivíduo vai se estabelecendo desde os primeiros
movimentos dinâmicos de dissociação, projeção e introjeção que permitem o
conhecimento do seu eu e do mundo exterior, sendo de fundamental
importância os processos de luto com relação ao corpo infantil perdido.
Embora este venha acontecendo com características diferentes desde o
começo da vida, se cristalizando de uma maneira muito significativa e especial
na adolescência.
34
A conquista de um autoconceito vai se desenvolvendo à medida que
o sujeito vai mudando e vai se integrando com as concepções que
muitas pessoas, grupos e instituições têm a respeito dele mesmo, e
vai assimilando todos os valores que constituem o ambiente social.
Concomitante mente vai se formando este sentimento de identidade,
como uma verdadeira experiência de autoconhecimento; Sherif e
Sherif (1965 apud, ABERASTURY; KNOBEL, 1981 p. 31).
Na busca da identidade, o adolescente recorre às situações que se
apresentam como mais favoráveis no momento. Uma delas é a uniformidade,
que proporciona segurança e estima pessoal. Ocorre aqui o processo de dupla
identificação em massa, onde todos se identificam com cada um, o que explica
em parte o processo grupal do qual participa o adolescente. E em certas
ocasiões também pode levar ao que;
Erikson (1956 apud ABERASTURY; KNOBEL 1981, p. 32), chamou
de identidade negativa, baseada em identificações com figuras
negativas mais reais, onde na cabeça do adolescente de maneira
fantasiosa, para ele é preferível ser alguém perverso, indesejável, à
não ser nada.
Isto constitui uma das bases dos problemas das turmas de
delinqüentes, dos grupos de homossexuais, dos adeptos as drogas e etc. A
realidade costuma ser mesquinha ao proporcionar figuras com as quais pode
fazer identificações positivas e então, na necessidade de ter uma identidade,
recorre-se a esse tipo de identificação anômala mais concreta.
35
A possibilidade da desconformidade com a personalidade adquirida e
o desejo de conseguir outra por meio da identificação projetiva. Esta
pode ser mobilizada pela inveja, um dos sentimentos mais
importantes que entram em jogo nas relações de objeto; Pode
acontecer aqui a “identificação com o agressor”, na qual o
adolescente adota as características de personalidade de quem
atuou agressiva e persecutoriamente com ele. (GRINBERG;1961
apud, ABERASTURY; KNOBEL, 1981 p. 33)
Existem
também
problemas
de
pseudo-identidade,
expressões
manifestas do que se quisera ou pudera ser e que escondem a identidade
latente, a verdadeira. A angústia que se desperta nesta fase, vinculada com o
transtorno da percepção do descurso do tempo, pode levá-los a iniciar
precocemente sua vida genital ou a substitutos socializados desta, ainda antes
de ter aceito a sua identidade genital, como se não pudessem esperar para
que esta chegue. Esta pressa pode ser interpretada como uma forma maníaca
de procurar a identidade adulta, sendo possível chegar a aquisição de
ideologias que são somente defesas ou, em muitos casos, tomadas
emprestadas aos adultos, as que não estão autenticamente incorporadas ao
ego.
Desta forma, o adolescente pode adotar diferentes identidades, como as
identidades transitórias, que são as adotadas durante um certo tempo, como
os períodos de machismos dos rapazes ou da precoce sedução histérica das
moças ou um adolescente muito sério, muito adulto;. As identidades ocasionais
são as que se dão frente a situações novas, como por exemplo, no primeiro
encontro com um parceiro, o primeiro baile; e as identidades circunstanciais
são as que conduzem a identificações parciais transitórias que costumam
conduzir o adulto, surpreendido, às vezes, frente às mudanças na conduta de
um mesmo adolescente que recorre a este tipo de identidade, como quando o
pai vê seu filho adolescente, conforme o vêem no colégio, no clube, e não
como ele habitualmente o vê na sua relação com ele mesmo.
36
Na adolescência, tudo isso acontece com uma intensidade muito
marcante, e a situação mutável que significa a adolescência, obriga a
reestruturações permanentes externas e internas que são vividas como
intrusões dentro do equilíbrio conquistado na infância e que obrigam o
adolescente, no processo de conquistar a sua identidade, a tentar refugiar-se
ferreamente
em
seu
passado,
enquanto
tenta
também
projetar-se
intensamente no futuro, realizando um verdadeiro processo de lutos pelo qual,
no início, nega a perda de suas condições infantis e tem dificuldades em
aceitar as realidades mais adultas que lhe vão impondo, entre as quais se
encontram fundamentalmente as modificações biológicas e morfológicas do
seu próprio corpo.
Todas as mudanças que vão se sucedendo, são percebidas não só no
exterior corporal, mas como uma sensação geral de caráter físico, criando uma
grande preocupação. Às vezes a ansiedade é tão grande que surgem às
desconformidades com a própria identidade, que se projeta então ao
organismo, com as insatisfações com os aspectos físicos e com a aparência.
Portando deparam-se com a não aceitação do outro, com importância
destoante da realidade, ocasionando serios danos na auto-estima, bem como
sentimentos
de
rejeição
direcionados
aos
indivíduos
emocionalmente
fragilizados.
A busca incessante de saber qual a identidade adulta que se vai
constituir é angustiante, e as forças necessárias para superar estes micro-lutos
e os lutos ainda maiores da vida diária obtêm-se das primeiras figuras
introjetadas que formam a base do ego e do superego deste mundo interno do
ser. Para (ABERASTURY; KNOBEL, 1981 p. 35), “um bom mundo interno
surge de uma relação satisfatória com os pais internalizados e da capacidade
criativa que eles proporcionam”. O que possibilita uma boa conexão interior,
facilitando para um bom reajuste emocional e o estabelecimento da identidade
adolescente, condições estas essenciais para vida em comunidade, na
constituição de relações saudáveis, onde o beneficio da aceitação dos valores
e defeitos mútuos são equilibrados, adequados e tranqüilos.
37
1.2.5 Tendência grupal
O espírito grupal surge da uniformidade que o adolescente busca como
mecanismo de defesa, dentro de um processo de superidentificação em
massa, onde todos se identificam com cada um, com seus capricho e modas.
Por isso, inclina-se às regras do grupo, sendo o grupo o continente para as
ansiedades existenciais do adolescente.
No grupo, o jovem encontra um reforço muito necessário e significativo
para os aspectos mutáveis do ego que se produz nessa fase da vida, dos quais
ele não pode participar de modo ativo. Desta maneira, o fenômeno grupal,
adquire uma grande importância, pois o jovem transfere ao grupo grande parte
da dependência que anteriormente se mantinha com a família e com os pais
em especial, constituindo assim a transição necessária no mundo externo para
alcançar a individualização adulta.
[...] Na medida em que, pela necessidade de cristalizar suas
identidades adultas e afirma-se como indivíduos autônomos, deixam
de utilizar os pais ou sub-rogados desse, como modelos de
identificação, tem os adolescentes necessidade de buscar novas
pautas identificatórias no seu grupo de iguais, cujos lideres tomam
provisoriamente o lugar das imagos parentais idealizadas
[...]
(OSÓRIO, 1992, p. 20).
Assim como o grupo é instrumento necessário para interação e
integração do individuo, o fenômeno grupal também é facilitador das condutas
neuróticas e psicóticas de diferentes naturezas, que aparecem de maneira
normal na adolescência conforme as circunstâncias e as condições internas do
sujeito, quando surgem os comportamentos de desafeto, de crueldade, de
indiferença e de falta de responsabilidade, que são típicas das psicopatias, e
inseguranças, medos, idéias persecutórias, típicas das neuroses, encontradas
38
como mecanismos de defesa frente à culpa e ao luto pela infância perdida que
não pode ser elaborada, sendo este um momento circunstancial e transitório
que se submete à retificação pela experiência.
No entanto é neste momento que a escola sendo local impar para
agregar valores, aquisição de habilidades relacionais solidárias e formação
para a família na prevenção da inabilidade paterna e materna no manejo com o
jovem, que se percebe a fragilidade do conhecimento do desenvolvimento
humano e suas vicissitudes, ocorrendo os excesso e arbitrários regimentos
disciplinares das escolas, que nada contribuem para com este processo
positiva e preventivamente.
Depois que o indivíduo passar pela experiência grupal, poderá começar
a separar-se da turma e assumir a sua identidade adulta, pois a experiência do
fenômeno grupal desempenha um papel de suporte, favorecendo a
instrumentação dos mecanismos defensivos utilizados pelo jovem nesta etapa
do desenvolvimento.
1.2.6 Necessidade de intelectualizar e fantasiar
A necessidade de intelectualizar e fantasiar acontece como uma das
formas típicas do pensamento do adolescente, como mais um mecanismo de
defesa do fenômeno da síndrome da adolescência, dentro da necessidade que
a realidade impõe de renunciar ao corpo, ao papel e aos pais da infância,
enfrentado pelo
adolescente como uma sensação de fracasso ou de
impotência frente à realidade externa, o que obriga o jovem a recorrer ao
pensamento para compensar as perdas que ocorrem dentro de si mesmo, e
que ele não pode evitar. “A função da intelectualização consistirá em ligar os
fenômenos instintivos com conteúdos ideativos e fazê-los assim acessíveis à
consciência e fáceis de controlar”; (ANA FREUD,1969 apud ABERASTURY;
KNOBEL, 1981, p. 39),
39
A incessante flutuação da identidade adolescente, que se projeta como
identidade adulta no futuro, adquire caracteres que costumam ser angustiantes
e que obrigam a um refúgio interior que é muito característico frente às
situações
do
momento,
sendo
absolutamente
fundamentais
para
compreensão, e para uma espécie de reajuste emocional do adolescente
frente a todos os choque do seu mundo interno mutável e do seu mundo
externo indomável e frustrante.
1.2.7 As crises religiosas
Fenomenologicamente
observa-se
que
o
adolescente
pode
se
manifestar com mudanças muito freqüentes e variáveis de posicionamentos
religiosos, como uma situação externa. É comum observar que um mesmo
adolescente passa, por períodos místicos ou por períodos de um ateísmo
absoluto, isto ocorre concomitante com as situações mutáveis e flutuantes do
seu mundo interno.
Quando o jovem entra nesta idade difícil, interroga-se a respeito do que
fazer com ele. A preocupação metafísica emerge então com grande
intensidade, e as tão freqüentes crises religiosas não são um mero reflexo
caprichoso do místico, mas sim, tentativas de solucionar a angústia que vive o
ego na sua busca de identificações positivas e do confronto com o fenômeno
da morte definitiva dos pais e também a aceitação da possível morte dos
mesmos. O que nos explica como o adolescente pode chegar a ter tanta
necessidade de fazer identificações projetivas com imagens muito idealizadas,
que lhe garantam a continuidade da existência de si mesmo e de seus pais
infantis.
A figura de uma divindade, de qualquer tipo pode representar para o
jovem, uma saída mágica ou também, ser uma atitude compensadora e
defensiva. Este misticismo pode chegar a alcançar níveis delirantes, com uma
atitude extrema numa forma de deslocamento ao intelectual religioso, com
40
mudanças concretas e reais que ocorrem a nível corporal e no plano da
atuação familiar e social. Sendo de fundamental importante na construção
definitiva de uma ideologia e dos valores éticos e morais, que o indivíduo
passe por algumas idealizações persecutórias, que as abandone por objetos
idealizados egossintônicos, para depois sofrer um processo de desidealização
que possibilite construir novas e verdadeiras ideologias de vida.
1.2.8 A deslocalização temporal
O pensamento do adolescente frente ao tempo e ao espaço adquire
características muito especiais do ponto de vista das condutas observáveis,
sendo possível dizer que o adolescente vive com uma certa deslocalização
temporal, convertendo o tempo em presente ativo, numa tentativa de manejá-lo
parecendo vivenciar a sua expressão de conduta no processo primário com
respeito ao tempo.
As urgências são enormes e as postergações são, muitas vezes
irracionais. Este problema deve ser estudado e psicodinamicamente,
analisando na medida em que o sujeito vai amadurecendo, ode o indivíduo se
inicia como ser unicelular absolutamente dependente de um meio e se
desenvolve e se diferencia progressivamente, indo da indiferenciação mais
primitiva à discriminação. Muitos dos eventos que o adulto pode delimitar e
descriminar são para o adolescente equiparáveis, equivalentes ou coexistentes
sem maior dificuldades. São verdadeiras crises de ambigüidade, que podem
ser consideradas como uma das expressões de conduta mais típicas do
período da adolescência.
Quando o adolescente se nega a passagem do tempo, pode conservar
a criança que era, como um objeto morto-vivo. Isto está relacionado com o
sentimento de solidão tão típico desta etapa, que apresentam períodos em que
se encerram em seus quartos, isolam-se e retraem-se. Estes momentos de
41
solidão costumam ser necessários para que fora possa ficar o tempo passado,
o futuro e o presente, convertido assim em objetos manejáveis. A verdadeira
capacidade de estar só é um sinal de maturidade que somente se consegue
depois
destas
experiências
de
solidão,
às
vezes
angustiantes,
da
adolescência.
Quando isso ocorre, a noção temporal do adolescente é de
características fundamentalmente corporais ou rítmicas, isto é, são
baseadas no tempo de comer, de defecar, de brincar, de dormir, de
estudar etc. sendo este denominado de tempo vivencial ou experiencial
(ABERASTURY; KNOBEL 2005, p. 43).
À medida que vão se elaborando os lutos típicos da adolescência, a
dimensão
temporal
adquire
outras
características.
Adquirindo-se
a
conceituação do tempo, que implica a noção discriminada de passado,
presente e futuro, com a aceitação da morte dos pais e a perda definitiva do
seu vínculo com eles e a própria morte.
A percepção e descriminação do temporal é uma das tarefas mais
importantes da adolescência, vinculada com a elaboração dos lutos típicos
desta idade. Sendo isto o que permite que o jovem saia da modalidade de
relação narcisista e da ambigüidade que caracterizam a sua conduta. E
quando este pode reconhecer um passado e formular projetos de futuro com
capacidade de espera e elaboração no presente, supera grande parte da
problemática da adolescência.
A capacidade de conceituar o tempo está estreitamente vinculada com a
busca da identidade adulta na adolescente, o que constitui a incorporação do
tempo numa qualificação da administração de uma nova percepção do tempo
a nova etapa da vida, como mais uma das muitas mudanças que o jovem tem
que elaborar frete as obrigações e cobranças desta nova fase. (MOM apud
ABERASTURY; KNOBEL, 1981)
42
1.2.9 A evolução
heterossexualidade
sexual
desde
o
auto-erotismo
até
a
Na evolução do auto-erotismo à heterossexualidade que se observa no
adolescente, pode-se descrever características especiais que se apresentam
nesta fase do desenvolvimento, onde há mais um contato genital de caráter
exploratório de aprendizagem e preparatório, do que a verdadeira genitalidade
procriativa. Ao ir aceitando sua genitalidade, o adolescente inicia a busca do
parceiro de maneira tímida, mais intensa, num período em que começam os
contatos superficiais, com carinhos mais íntimos.
O amor aproximado também é um fenômeno que adquire características
significativas na adolescência, apresentando todos os aspectos dos vínculos
intensos, porém frágeis, das relações interpessoais do adolescente.
Freud
(1948
estabeleceu
apud
a
ABERASTURY;
importância
das
KNOBEL
mudanças
1981,
puberais
p.
45),
para
a
reinstalação fática da capacidade genital do sujeito. Assinalou,
também, que
as mudanças biológicas da puberdade são as que
impõem a maturidade sexual ao indivíduo, intensificando-se então
todos os processos psicobiológicos que se vivem nesta idade.
Assim podemos ver o fenômeno da evolução do auto-erotismo a
heterossexualidade, como uma atividade lúdica que leva à aprendizagem,
através do outro sexo, a partir do tocar, beijar, jogos, esportes, que constitui
também uma forma de exploração. Existe nesse momento a curiosidade
sexual, expressa no interesse pelas revistas pornográficas, tão freqüentes na
adolescência. O exibicionismo e o voyerismo se manifestam na vestimenta, no
43
cabelo, no tipo de dança, etc. o que constitui, também, uma forma de
exploração
Neste período evolutivo a importância das figuras parentais reais é
enorme, pois a cena primária é positiva ou negativa conforme as
primeiras experiências e a imagem psicológica que proporciona os
pais externos (ABERASTURY; KNOBEL 1981, p. 46).
As mudanças biológicas que têm lugar na adolescência, produzem
grande ansiedade e preocupação, porque o adolescente deve assistir
passivamente e impotentemente as mesmas. A tentativa de negar a perda do
corpo e do papel infantil, especialmente, provoca modificações no esquema
corporal que se tenta negar na elaboração dos processos de luto normais da
adolescência.
1.3. Atitude social reivindicatória
O processo da adolescência não depende apenas do próprio
adolescente, como uma unidade isolada num mundo que não existe; visto que
a constelação familiar é a primeira expressão da sociedade que influi e
determina grande parte da conduta dos adolescentes, pois as primeiras
identificações são as que se fazem com as figuras parentais, mas não há
dúvidas de que o meio em que se vive determinará novas possibilidades de
identificação, futuras aceitações de identificações parciais e incorporação de
uma grande quantidade de pautas sócio-culturais e econômicas. Determinando
que a posterior aceitação da identidade está forçosamente determinada por um
condicionamento entre indivíduo e meio que é preciso reconhecer.
44
Se unirmos os mecanismos projetivos e esquizo-paranóides típicos
do adolescente e a sociedade na qual o adolescente vive, podemos
ver que é toda a sociedade que intervém muito ativamente na
situação conflitiva do adolescente, (STONE; CHURCH, apud
ABERASTURY; KNOBEL 1981, p. 51).
O adolescente apresenta uma conduta que é o resultado final de uma
estabilidade biológica e psíquica, e a cultura modifica enormemente as
características exteriores do processo, ainda que as dinâmicas intrínsecas do
ser humano sigam sendo as mesmas. Neste fenômeno, o
básico
psicodinâmico-biológico do indivíduo se exterioriza de diferentes maneiras, de
acordo com os padrões culturais, e compreender estes padrões pode ser de
inestimável importância para determinar certas pautas exteriores de manejo da
adolescência, mas compreender a adolescência em sim mesma é essencial
para que estas pautas culturais possam ser modificadas e utilizadas
adequadamente quando os adolescentes falham.
Na medida em que o adolescente não encontre o caminho adequado
para a sua expressão vital e para a aceitação de uma possibilidade de
realização, não poderá jamais ser um adulto satisfeito. A tecnificação da
sociedade, o domínio de um mundo adulto incompreensível e exigente, a
burocratização das possibilidades de emprego, as exigências de uma
industrialização mal canalizada e uma economia mal dirigida criam uma divisão
de classes absurda e ilógica que o individuo tenta superar mediante crises
violentas, que podem se comparar as verdadeiras atitudes de caráter
psicopático da adolescência.
É então, a parte sadia da sociedade, que se refugia e se sustenta na
segurança de uma adolescência ativa, que canaliza as reivindicações lógicas
que a própria sociedade precisa para um futuro melhor. Para compreender
algumas destas mudanças, devemos levar em consideração as dinâmicas
psicológicas, que estão determinadas não somente pelas realidades sócio-
45
econômicas do mundo em que vivemos, mas também pelas necessidades
psicológicas de uma adolescência.
A juventude revolucionária do mundo tem em si o sentimento místico da
necessidade de mudança social. E o adolescente como compensação,
encontra na realidade social frustrante, uma imagem espetacular do seu
superego cruel e restritivo; e a parte sadia do seu ego se põem a serviço de
um ideal que permite modificar estas estruturas sociais coletivas e surgem
assim grandes movimentos de conteúdos valiosos e nobres para o futuro da
humanidade.
1.3.1 Contradições sucessivas em todas as manifestações da
conduta
A conduta do adolescente está dominada pela ação, que constitui o
modo de expressão, típico deste momento da vida, em que até o pensamento
precisa tornar-se ação para poder ser controlado. Os adolescentes não podem
manter uma linha de conduta rígida, permanente e absoluta, pois têm uma
personalidade
permeável,
que
recebe
tudo
e
que
também
projeta
enormemente, é uma personalidade na qual os processos de projeção e
introjeção são intensos, variáveis e freqüentes.
Isto faz com que não possa ter uma linha de conduta determinada, o
que já indicaria uma alteração da personalidade do adolescente, pois há uma
normal anormalidade, de uma instabilidade permanente do adolescente. É o
mundo adulto quem não suporta as mudanças do adolescente, quem não
aceita que o adolescente possa ter identidades ocasionais, transitórias,
circunstanciais, e exige dele uma identidade adulta, que logicamente não tem
por que ter. “Estas contradições, com a variada utilização de defesas, facilitam
a elaboração dos lutos típicos da vida e caracterizam a identidade
adolescente”, (ABERASTURY; KNOBEL 1981, p. 56).
46
1.3.2 Separação progressiva dos pais
Uma das tarefas básicas concomitantes à identidade do adolescente é a
de ir separando-se dos pais, o que esta favorecido pelo determinismo que as
mudanças biológicas impõem neste momento cronológico do indivíduo. O
aparecimento da capacidade executora da genitalidade impõe a separação dos
pais. A intensidade e a qualidade da angustia com que se dirige á relação com
os pais e a separação desta estará determinada pela forma em que realizou e
elaborou a fase genital prévia de cada indivíduo, à qual logicamente, somar-seão, as experiências infantis anteriores e posteriores, e a atual da própria
adolescência.
Muitas vezes, os pais negam o crescimento dos filhos e os filhos vêem
os pais com as características persecutórias mais acentuadas. Se a figura dos
pais aparece com papeis bem definidos, numa união amorosa e criativa, a
cena primaria diminui seus aspectos persecutórios e se converte no modelo do
vinculo genital que o adolescente procurará realmente.
A presença internalizada de boas imagens como papeis bem
definidos, e uma cena primária amorosa e criativa, permitirá uma boa
separação dos pais, e facilitará ao adolescente a passagem à
maturidade, para o exercício da genitalidade num plano adulto
(ABERASTURY; KNOBEL 1981, p. 57).
Por outro lado, figuras parentais não muito estáveis nem bem definidas
em seus papeis podem aparecer ante o adolescente como desvalorizadas e
obrigá-lo a procurar identificações com personalidades mais consistentes e
firme, pelo menos num sentido compensatório ou idealizado. Nestes
momentos, a identificação com ídolos, de diferentes tipos, cinematográficos,
desportivos, etc., é muito freqüente. Em certas ocasiões, podem acontecer
47
identificações de caráter psicopático, onde por meio da identificação introjetiva
o adolescente começa a viver os papeis que atribui ao personagem com o qual
se identificou.
Grande parte da relação com os pais esta dissociada e estes são vistos
então como figuras muito más ou muito boas, o que logicamente depende
fundamentalmente de como foram introjetadas estas figuras nas etapas prégenitais. As identificações se fazem, então, com substitutos parentais nos
quais se podem projetar cargas libidinosas, especialmente em seus aspectos
idealizadores. É assim como aparecem relações fantasiadas com professores,
heróis reais e imaginários, companheiros mais velhos, que adquirem
características parentais, e podem começar a estabelecer relações que nesse
momento satisfazem mais.
1.3.3 Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo
Os fenômenos de depressão e luto acompanham o processo
identificatório da adolescência. Um sentimento básico de ansiedade e
depressão acompanhará permanentemente, como base do fenômeno da
adolescência. No que diz respeito a estes fenômenos, a quantidade e a
qualidade da elaboração dos lutos da adolescência determinarão a maior ou
menor intensidade desta expressão e destes sentimentos.
O ego realiza tentativas de conexão prazerosas, às vezes
desprazerosa, nirvânica com o mundo, que nem sempre se
consegue, e a sensação de fracasso frete a esta busca de
satisfações pode ser muito intensa e obrigar o indivíduo a ser refugiar
em si mesmo (ABERASTURY; KNOBEL 1981 p.58).
48
Com isto ocorre o retorno a si mesmo autismo, que e tão singular no
adolescente e que pode dar origem a esse sentimento de solidão tão
característico dessa típica situação de frustração e desalento e desse
aborrecimento que costuma ser uma característica distintiva do adolescente. O
adolescente se refugia em si mesmo e no mundo interno que foi formado
durante a sua infância, preparando-se para a ação, onde elabora e reconsidera
constantemente suas vivenciais e seus fracassos.
Diante da importância que envolve os aspectos do desenvolvimento e
da natural turbulência da adolescência as considerações sobre o aparecimento
de alterações comportamentais que venham interferir de maneira significativa
na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral do adolescente neste
período da vida, requerem atenção cuidadosa, pois os estados depressivos,
não somente os sintomas depressivos, apresentam-se com grande freqüência
nos adolescentes, que são tão suscetíveis à depressão quanto os adultos.
49
CAPÍTULO II
AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E BULLYING
“O ato de aprender é um processo dinâmico que se dá em
partes, cuja soma se torna uma conquista”
(Souza, 1996).
Devido a dicotomia dos conceitos entre as abordagens teóricas faz-se
necessário pressupor o conhecimento prévio de alguns conhecimentos no que
concerne o desenvolvimento e aprendizagem de
modo que se observa a
interligação entre os mesmos, visto que a aprendizagem ocorre desde a tenra
idade, a
partir da formação que recebe,
como diz Souza(1996) das
experiências vivenciadas por si mesmo, ora de fracasso, ora de sucesso como
processo evolutivo de homem.
Mas considerando as inúmeras divergências a cerca da conceituação da
aprendizagem e tendo em vista que poderemos enumerar alguns conceitos
que proporcionarão a demonstração indubitavelmente útil a compreensão das
aprendizagens e tendo em vista a importância das abordagens teóricas para a
construção do conhecimento, Moreira, (1999) cita inúmeros teóricos que
tentavam explicar o ato de aprender; Watson previa o principio da freqüência e
recentividade na ótica do comportamentalismo; Na teoria neuropsicológica por
exemplo Hebb propõe a aquisição de processos mediadores aprendidos em
decorrência da
apresentação do mesmo estímulo; Skiner acreditava na
aprendizagem pelo reforço positivo ou negativo; Brunner na aprendizagem por
descoberta; Segundo Piaget a aprendizagem ocorre por assimilação e
acomodação;
Vigotsk parte da primícias que aprendizagem está ligada ao
contexto social e cultural;
50
De acordo com as correntes de estudos abordados o conceito de
aprendizagem não procede uma única definição, porém é de suma importância
perceber o individuo em toda sua dimensão; em uma visão de Roger (1986) a
aprendizagem transcente e englobadora ocorre de forma cognitiva, afetiva e
psicomotora centrada no aluno, fazendo um comparação
com a teoria
Walloriana (apud Delgado 2003) ira perceber uma expressiva semelhança
visto que para Wallon a pessoa é global e contextualizada dado ênfase a
afetividade como coadjuvante no sucesso evolutivo. Sua visão propõe que o
conhecimento é construído pela criança em integração com o meio em que
vive e ao contexto cultural e afetivo, pois a criança é vista como um ser global
e contextualizado não estático e está com constantes alterações qualitativas
em relação ao desenvolvimento completo (físico, psíquico, social e afetivo) e é
por meio dessas relações com o ambiente sócio-cultural e da maturação
biológica que acriança se desenvolve e aprende.
Os conflitos na visão de Wallon era ocorrer por causa dos desencontros
entre as crianças e o ambiente externo (adulto, escola, sociedade...) pois irá se
deparar os diversos variáveis que lhe estimularão a aceitação ou resistências
frente a determinadas situações, daí a
aprendizagem ocorrem com
mais
facilidade com acriança que aprende a partir de suas experiências
reformulando os conceitos que já existem (contextualidade), significando novas
aquisições de aprendizagem, caso contrário irá ocorrer as dificuldades de
aprendizagem, tanto por determinação do contexto sócio-cultural, afetivo ou
cognitivo.
Fazendo uma comparação com abordagem
Rogeriana
(1983)
podemos identificar certas afinidades entre as duas teorias dada visão teórica
humanista de Roger no que concerne a aprendizagem transcendente e
englobadora.
51
2.1– O conceito de aprendizagem
Devido a dicotomia dos conceitos entre as abordagens teóricas faz-se
necessário pressupor o conhecimento prévio de alguns conhecimentos no que
concerne o desenvolvimento e aprendizagem de
modo que se observa a
interligação entre os mesmos, visto que a aprendizagem ocorre desde a tenra
idade, a
partir da formação que recebe,
como diz Souza(1996) das
experiências vivenciadas por si mesmo, ora de fracasso, ora de sucesso como
processo evolutivo de homem.
Mas considerando as inúmeras divergências a cerca da conceituação da
aprendizagem e tendo em vista que poderemos enumerar alguns conceitos
que proporcionarão a demonstração indubitavelmente útil a compreensão das
aprendizagens e tendo em vista a importância das abordagens teóricas para a
construção do conhecimento, Moreira, (1999) cita inúmeros teóricos que
tentavam explicar o ato de aprender; Watson previa o principio da freqüência e
recentividade na ótica do comportamentalismo; Na teoria neuropsicológica por
exemplo Hebb propõe a aquisição de processos mediadores aprendidos em
decorrência da
apresentação do mesmo estímulo; Skiner acreditava na
aprendizagem pelo reforço positivo ou negativo; Brunner na aprendizagem por
descoberta; Segundo Piaget a aprendizagem ocorre por assimilação e
acomodação;
Vigotsk parte da primícias que aprendizagem está ligada ao
contexto social e cultural;
De acordo com as correntes de estudos abordados o conceito de
aprendizagem não procede uma única definição, porém é de suma importância
perceber o individuo em toda sua dimensão; em uma visão de Roger (1986) a
aprendizagem transcente e englobadora ocorre de forma cognitiva, afetiva e
psicomotora centrada no aluno, fazendo um comparação
com a teoria
Walloriana (apud Delgado 2003) ira perceber uma expressiva semelhança
visto que para Wallon a pessoa é global e contextualizada dado ênfase a
52
afetividade como coadjuvante no sucesso evolutivo. Sua visão propõe que o
conhecimento é construído pela criança em integração com o meio em que
vive e ao contexto cultural e afetivo, pois a criança é vista como um ser global
e contextualizado não estático e está com constantes alterações qualitativas
em relação ao desenvolvimento completo (físico, psíquico, social e afetivo) e é
por meio dessas relações com o ambiente sócio-cultural e da maturação
biológica que acriança se desenvolve e aprende.
Os conflitos na visão de Wallon era ocorrer por causa dos desencontros
entre as crianças e o ambiente externo (adulto, escola, sociedade...) pois irá se
deparar os diversos variáveis que lhe estimularão a aceitação ou resistências
frente a determinadas situações, daí a
aprendizagem ocorrem com
mais
facilidade com acriança que aprende a partir de suas experiências
reformulando os conceitos que já existem (contextualidade), significando novas
aquisições de aprendizagem, caso contrário irá ocorrer as dificuldades de
aprendizagem, tanto por determinação do contexto sócio-cultural, afetivo ou
cognitivo.
Fazendo uma comparação com abordagem de Rogeriana
(1986)
podemos identificar certas afinidades entre as duas teorias dada visão teórica
humanista de Roger no que concerne a aprendizagem transcendente e
englobadora.
2.2– As dificuldade de Aprendizagem
Para justificar parte do tema, no desvendar das alterações e influencias
maléficas do Bullying no desenvolvimento escolar, podemos dizer que
são
inúmeros os elementos que podem levar o individuo atuar, aprender ou se
comportar de forma diferente da normalidade, dentro da vasta literatura sobre
educação
iremos
alterações, bem
encontrar
as mais variadas denominações destas
como, diversas conceituações
além de interligações ou
53
derivações concomitantes,
ao
falarmos disto estaremos automaticamente
adentrando nas vias das dificuldades de aprendizagens que estarão ligadas a
fatores internos e externos, os quais poderiam levar ao fracasso escolar tão
utilizado no meio pedagógico como reação a algo que não vai bem (reativa)
ainda associando-o aos problemas de aprendizagem que são
na
maioria
sintomático (patologia).
Segundo Fonseca (1995) as dificuldades de aprendizagem representam
um dos maiores desafios educacionais e clínicos, dada grande demanda de
crianças apresentando problemas e sendo rotuladas no âmbito escolar são
muitos os esforços no campo das dificuldades em conceituar de forma integral
o tema por médicos, psicólogos e professores.
Para Souza (1996) as dificuldades são tão generalizadas que impedem
o diagnóstico preciso das crianças, rotulando-as ou considerando-a portadora
de distúrbios de aprendizagem.
As dificuldades podem estar vinculadas segundo Mutschele (2001) a
causas físicas, sensoriais, neurológicas, emocionais, intelectuais, sociais, ou
geradas no meio o que irá diferencia-la dos distúrbios de aprendizagem que
segundo Kirk (2002) se refere a etiologia no que diz respeito às anormalidades
no cérebro e ao comportamento no que se refere às deficiências de percepção
e incapacidades.
As divergências nos diagnósticos e a inabilidade
de alguns
profissionais, bem como a incapacidade de alguns professores em diferenciar
dificuldades de aprendizagem e distúrbios de aprendizagem levam a rotulação
indiscriminada do indivíduos com problemas ou em processo de fracasso
escolar, sem levar em conta as potencialidades e a sua condição única de ser
humano, estigmatizando-o para o resto de sua vida, tirando dele a sua
capacidade de mudar sua condição e sua auto-estima.
Fernandez (2000) cita que somos responsáveis por um “crime” similar
ao de confundir um desnutrido com um anorexico pelo fato de ambos estarem
54
mal-alimentados, ou seja um desnutrido não come porque não tem comida já
um anorexico não come por causa complemente diferentes, então as soluções
são diferentes, com esta ilustração fazemos uma relação com os problemas de
aprendizagem que podem muitas vezes terem sidos desencadeados pelo
fracasso escolar, daí a difícil tarefa do diagnóstico, pois o fracasso escolar
afeta o individuo em sua totalidade, a criança sofrerá por conta da
subestimação que sente em não corresponder as expectativas de pais e
professores, ainda sob esta perspectiva perdoa tudo menos o fracasso, o
fracasso sendo o oposto do êxito é o lema imposto da família e da escola rumo
ao aluno; sendo uma resposta reativa a situação escolar
precisa-se trabalhar
professores / escola / alunos para vivenciarem juntos este desafios, sem
duvida todos sofrem e são vítimas da iatrogênia da instituição e são
indubitavelmente a personificação do que é escola para a criança; não
partimos deste estudo para a delegação de algozes e sim da prática de
formação de formadores.
No desvendar dos estudos despertou-se o interesse em perceber as
diferenças entre o fracasso escolar e o problema de aprendizagem os quais
respondem a ordem de causas independentes e ao mesmo tempo quase que
semelhantes uma embicada na outra, sendo que para fracasso escolar
pressupõe-se relevância da própria estrutura familiar e individual daquele que
fracassa e próprios do sistema escolar porém um pode derivar do outro, sendo
que no primeiro a
modalidade de aprendizagem do sujeito não se torna
patologia e quando se constitui
um problema de aprendizagem (inibição
cognitiva ou sintomas) a moda de aprendizagem se altera bem como para
Winnicott (1975 apud MACHADO) o fracasso escolar não tão somente pode
ser explicado pelos mecanismos intrapsiquicos da criança (sintomáticas) ou
por suas relações familiares, o ambiente escolar (reativo) também deve ser
considerado assim como a intercomunicação com o mundo externo em uma
troca significativa que não pode ser expressa em termos de mecanismos ainda
assim acentua a importância da aprendizagem criativa e do uso positivo da
agressividade, e da descoberta do mundo e de si mesmo, cabendo então um
papel continuo de desenvolvimento humano que perdurará pelo resto da vida.
55
2.3– A construção do individuo como um todo
No que concerne o papel de todos os que lidam com a criança e o
adolescente em seu
processo de desenvolvimento, é imperativo alertar a
importância da família e da escola como apoio fundamental ao sucesso
escolar.
À família cabe cuidar de suas múltiplas e indivisíveis necessidades e
aspiração como pontua Souza (1996), como a necessidade de afeto,
segurança, motivação, harmonia familiar etc. A influência
da famílias para
Mutschele (2001) dispõe das melhores condições e recursos eficazes para
educar, quando bem estruturada, a bem da verdade munida dos laços de
amor, confiança, compreensão e solidariedade, o grupo familiar é ideal para o
processo educacional, é dever da família educar seus filhos e acompanha-lo
em todos os passos e atividades acadêmicas, fatores como ausência de um
dos pais, nível cultural, formação religiosa, situação financeira instável, falta de
amor, discriminação racial, desnutrição, negligência ou super proteção são
influencias negativas que podem alterar o rendimento escolar e levar a
distúrbios de comportamento como isolamento, baixo rendimento, angustia,
ansiedade, agressividade, medo, valentia , exibicionismo que estão ligados as
dificuldades escolares.
Cabe a escola ser extensão da família, com a função aperfeiçoadora,
proporcionando ao aluno um ambiente adequado que possibilite aprendizagem
e as experiênciações, bem como apresente-se metodologicamente, capacitada
com recursos e profissionais que sejam instrumentos fomentador da
aprendizagem. A escola completa a família diz Mutscheler (2001), a escola
dissociada da família não cumpre seu papel educativo.
Em decorrência desta problemática educacional, percebem-se varias
críticas às escolas, na visão de Souza (1996), falta de profissionais da área,
56
incompreensão do professor, inabilidade do professor em crer na capacidade
do aluno, inadequação metodológica, espaço que seja motivador a criatividade
e a experimentação,
são alguns dos fatores que o autor menciona como
condições para os fracassos escolares.
Ao cabe professor a incondicional importância de conhecer seu aluno
amplamente e não apenas por suas capacidades intelectuais, mais um sua
dimensão humana, saber identificar antes de rotular os
problemas e
dificuldades de seus alunos, para encontrar estratégias para modifica-lo, e
promover a qualidade das relações interpessoais. O professor é peça
fundamental no ensino – aprendizagem, é de fundamental importância que
conheça seu aluno e que seja capaz de promover a aprendizagem, de investir
resta aprendizagem, além de estar preparado para identificar os problemas e
encontrar estratégias para modificá-lo.
Vallejo
(1999)
propõe
uma
qualidade
de
relação
interpessoal
manifestadas através da confiança e atenção mutua, comunicação, dedicação,
tempo e interesse expressados do aluno, o ambiente seguro criado em sala de
aula é necessário para aprender e internalizar o que se vai aprendendo.
Ao aluno cabe a dedicação pois esta influencia as condutas do
professor, pois nenhuma criança que ser a personificação do fracasso, e por
estar vinculada aos fatores familiares, escolar e da própria fase evolutiva,
vivencias buscando em suas vivências pessoais as motivação necessárias a
sua auto estima e auto realização. O aluno também faz parte desta interação,
sem sua cooperação e dedicação o relacionamento com os outros e consigo
mesmo causará um impacto negativo sobre todos, sobretudo em suas atitudes.
Muitas vezes o próprio aluno sente-se excluído e rotulado sem o ser, por
simples dedução, pois a afetividade humana é condicionada pelas influências
externas que são causadas por determinados tipos de condutas, porém o
individuo que tem sua necessidade emocional satisfeita fica feliz e tem poucos
problemas, pois este sentimento lhe proporciona segurança, a certeza de ser
querido, que tem coragem e auto-confiança
57
CAPÍTULO III
REFLEXÃO PSICOPEDAGÓGICA SOBRE O FENÔMENO
BULLYING E SUA INFLUÊNCIA NA APRENDIZAGEM
A violência entre alunos constrói-se em torno
de
duas
lógicas
complementares:
de
um
lado,
encenação ritual e lúdica de uma violência verbal e
física; de outro, engajamento pessoal em relações de
força.
(Peralva apud Candau, 2001, p.32)
A Auto-reprodução da violência dá-se pela cultura da violência que se
difunde na dimensão ritual e lúdica, ocorrida paralelamente no mundo do
adulto com reflexos no mundo dos jovens, traduzindo o quão frágil são as
relações de controle entre as gerações, exercidas pelos adultos no universo
infantil, que segundo Candau (2001) situam-se além dos muros da escola, mas
que afeta efetivamente a vida escolar, cabendo aí à instituição buscar recursos
e alternativas rumo a transformação das relações.
Em reportagem no jornal Ä Critica (2008), “Violência escolar no Brasil é
alarmante”, uma pesquisa divulgada pela Organização não governamental
Plan, revela em 70% de alunos pesquisados a estatística da violência no
ambiente escolar, onde afirma que o Bullying é comum em todo o mundo, e no
Brasil será o centro das atenções em campanha para 2009, devido as
conseqüências psicossociais e sua prática ser a mais presente nas pesquisas.
As estratégias elaboradas para suprir as necessidades oriundas da falta
de limites no processo educativo da família, do desenvolvimento de posturas
mais acertivas e canalizadoras aos propósitos da aprendizagem no âmbito da
58
escola, sugerem de certa forma um transbordamento de elementos de gestão
de conflitos, porém segundo Candau (2001) essas idéias se referem a
competência relacional que enfatizam a construção precária de um papel
profissional. No campo destes conflitos, uma das particularidades dizem
respeito à avaliação dos resultados escolares e às notas, pois atinge segundo
Peralva, (apud Candau 2001), a construção da imagem positiva do sujeito em
relação a si mesmo, gerando portanto um sentimento de injustiça, vivenciado
como uma agressão à personalidade do sujeito, provocando reações
defensivas, de isolamento e apatia, bem como ofensivas, de agressão,
depredação e insulto.
Evidencia-se no entanto que muito além da aplicabilidade pedagógica
e seus instrumentos avaliativos ou motivacionais, a escola está atravessada
pelos elementos influenciadores, de um campo obscuro ainda para muitos
educadores, a cerca do seu público alvo, seu envolvimento com as vicissitudes
sociais, a impotência da família, distorções de valores e novas condutas
norteadoras embasadas nas diferenças sociais e econômicas do pais.
Nessa
perspectiva
pode-se
compreender
que
tais
atos
de
manifestações para jovens de baixa-estima, vinculam a escola a repetidos
fracassos em uma sociedade marcada pelo individualismo, que tenta
estabelecer limites e construir regras disciplinares.
Sendo possível nos remeter a uma reflexão sobre a perda de status da
educação escolar e do magistério que constitui um dos fatores de uma crise de
identidade da escola, e um pensar sobre o fortalecimento do papel do
psicopedagogo e da redefinição dos vínculos entre a escola e a sociedade.
Constantini (2004), argumenta a dificuldade dos educadores em
responder a estas questões, valendo-se de métodos ineficazes, desenvolvendo
atitudes de incomunicabilidade com o adolescente, sem perceber que precisa
adequar suas ferramentas educacionais a uma sociedade que está mudando
rapidamente e que a agressividade juvenil deve ser combatida no lugar onde é
produzida, na escola.
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A escola, segundo Constantini (2004) é o espaço social aparentemente
democrático, em que em inúmeros casos a razão é usada para o mal e não
para a aprendizagem, e não raro, estes ambientes são responsáveis pela
deficiência relacional entre os alunos, pois não preparam seu alunado para
lidar com situações magoantes, e há quem diga ainda que abriga o problema
da falta de preparo das equipes pedagógicas que não se atualizam sobre o
assunto, pois a maior parte das escolas desconhece o que é Bullying ou pelo
menos sabem como lidar com o problema, sendo assim uma preocupação, o
crescimento desassistido das atitudes violentas desta natureza.
Diante disso, a tarefa de Educar volta efetivamente à escola, mas sua
realização plena não pode apenas depender do professor e sim de uma ação
conjunta, de uma equipe multidisciplinar, onde primeiramente a assistência
psicopedagógica promova mudanças de comportamento e de mentalidades
com pontua Chalita (2008), tais iniciativas devem ocorrer no âmbito escolar,
pois esta é lugar de erradicar a ignorância, transmitir conhecimento e melhorar
atitudes, sendo assim, casos que extrapolam as orientações e medidas
preventivas devem ser encaminhadas aos profissionais externos como
psicólogos, psiquiatras ou órgãos judiciais e policiais,
devendo ainda ser
efetuadas apoio e mudanças no seio da família, .onde o trabalho conjunto
Família / Escola opera a totalização das expectativas.
Sabendo-se das conseqüências graves e abrangentes do Bullying,
Zawadski (2007), que para as vítimas promove no âmbito cognitivo, o
desinteresse pelos estudos, desatenção, fadiga, problemas de aprendizagem,
baixo rendimento, reprovação e evasão escolar, levando em conta ainda as
queixas
referentes a saúde,
queda da resistência imunológicas, doenças
psicossomáticas diversificadas e dores generalizadas; para o agressor
desadaptação ao ambiente escolar, desvalorização dos objetivos escolares,
supervalorização da violência, e desenvolvimento de condutas delinqüentes; e
para o expectador, a sensação de insegurança constante que compromete
seu desenvolvimento socioeducacional, é oportuno salientar, que tais vivencias
60
incidem na formação de valores e na construção do caráter, que repercutirá
no cotidiano da escola como um todo.
Sendo o Fenômeno Bullying um elemento originário da junção de vários
outros fenômenos, como por exemplo o comportamento aprendido, a
exposição a episódios de violência, personalidade ou mesmo a ausência de
limites, o contexto deste comportamento é alvo de grande reflexão, devido uma
demanda de questões arraigadas no processo retrógado do sistema
educacional, espaço este formatado, rígido e inflexível, onde faz-se eminente e
emergencial a quebra de conceitos cristalizados de métodos e instrumentos
obsoletos, e a conscientização de um trabalho psicopedagógico pautado no
desenvolvimento de habilidades interpessoais
e grupais, bem como a
comunicação como elemento humanizador, para solucionar os dilemas
existenciais, e não apenas a reprodução do conteúdo programático ou ato de
informar conceitos e opiniões.
Segundo Chalita (2008)
a qualidade da educação também inclui
proteção , cuidado e responsabilidade com as crianças e jovens expostos à
violência, ação esta que não poderia estar desvinculada do projeto pedagógico
da escola, através de aulas, projetos interdisciplinares, campanhas ou temas
transversais que fortaleçam o conceito de respeito e de amizade entre os
integrantes do processo educativo, pois a escola é um campo de
possibilidades na arte de ensinar e de aprender, de conviver e de viver em
harmonia, como exercício da cidadania.
Diante disso o papel do psicopedagogo no ambiente escolar, tem dupla
missão, enquanto uma elabora e desenvolve a prevenção entre os pares,
através de medidas coletivas ou individuais, outra conserva para si um olhar
atento aos traumas remanescentes, que vão acumulando-se, impedindo a
aprendizagem, a percepção e a participação efetiva no cotidiano escolar,
daqueles que envolveram-se nos episódios direta ou indiretamente, pois o
trabalho psicopedagógico precisa preparar um espaço acolhedor na escola,
61
em que as relações de amizades sejam construídos como um exercício para a
vida, com ética, respeito e cuidado com o outro.
Piñon (apud Chalita 2008), fala da irrenunciável vocação para a vida,
onde o Bullying é uma ferramenta grosseira de desconstrução e de
apequenamento, que para combatê-lo espera-se que os professores sejam
reverenciados por seus alunos, dos pais espera-se que não pequem por
omissão diante da dor do filho e espera-se ainda a crença em uma
aprendizagem constante, real, que faz a vida ter sentido e faz os sujeitos terem
dignidade.
62
CONCLUSÃO
A década de 90 intensificou no mundo as questões envolvendo a
educação para a paz, baseada em princípios
que garantam a dignidade
humana, bem como o respeito às diferenças, a superação das situações de
exclusão, a solidariedade entre os povos e o diálogo como instrumento de
negociação.
Repensando sobre estas questões nos remete ao Fenômeno Bullying e
sua influência na aprendizagem, temática esta que surgiu da emergente
necessidade de um trabalho psicopedagógico Institucional efetivo, que visasse
ações e estratégias aplicadas ao desenvolvimento da convivência pacífica no
âmbito escolar, com o intuito de mudanças de atitudes, diálogo global e
reflexões sobre o contexto escolar.
Sendo assim a escola como ambiente que congrega um número
expressivo de crianças e jovens contabiliza atualmente os danos da violência
velada. O corpo docente e a comunidade escolar como um todo precisa
partilhar seu espaço, pois estando interligados promovem preventivamente
para gerações futuras a concretização da conscientização da tolerância e do
respeito mútuo.
A compreensão interventiva do psicopedagogo poderá propor através de
programas transversais ou interdisciplinares, a construção ou o resgate do
conjunto de valores, atitudes e comportamentos fortalecidos pela indulgência e
solidariedade, no intuito de estabelecer limites seguros que resguarde-se as
vicissitudes pedagógicas, pois o cotidiano escolar quando atingido pelas ações
maléficas do Bullying, reverbera aí todas as dificuldades comuns ao ambiente
que compões o universo docente e discente.
Ainda nesta diretriz a equipe de professores e a família são fontes
inesgotáveis de possibilidades e de saberes, onde nos leva crer que a
63
psicopedagogia atuaria amplamente na prevenção dos distúrbios disciplinares,
dificuldades de aprendizagem, adaptação escolar e concomitantemente
evasão escolar e reprovação dos conteúdos pedagógicos.
Portanto a mutua convivência e a troca de experiências são capazes de
modificar destinos, e o serviço de psicopedagogia indubitavelmente seria o elo
de ligação entre os seguimentos sociais e comunitários que são base para a
estrutura
pedagógica
do
estudante,
devido
suas
necessidades
e
peculiaridades inerentes a cada faixa etária de idade, que estão suscetíveis às
influências
das ações do Bullying, ações estas que ocorrem sem serem
percebidas, mascaradas em forma de brincadeiras infantis ou próprias da
idade, que minam e interferem no desenvolvimento biopsicossocial e afetivo do
indivíduo.
Muito mais que criar mecanismos e instrumentos que atuem no ambiente
escolar, o psicopedagogo deverá sinalizar através dos projetos políticos
pedagógicos e do regimento escolar caminhos reais que valorizem o indivíduo
e viabilize a adoção de novas perspectivas de unificar os saberes e a
organização.
Levando em conta que as dificuldades escolares deixaram de ser as
matérias de exatas e se direciona para o outro palco que é a convivência, que
caracteriza como o maior desafio para a juventude, em uma sociedade onde a
intolerância justifica ações brutais junto às minorias e chocam a todos nós pais,
educadores ou profissionais, que nos perguntamos, por sonhamos com um
mundo harmonioso e não sabemos como construí-lo?
As leis são claras e necessárias, mas insuficientes quando se trata de
combater a intolerância, que tem como origem a ignorância, o orgulho e
sentimento de superioridade e apresentam-se como fator preponderante de
influencias negativas no processo de aprendizagem e nos rótulos durante o
desenvolvimento evolutivo e formação de personalidade da criança e do
adolescente.
64
A educação sendo um processo contínuo que se prolonga durante a vida,
não começa e nem termina na escola, essas noções se aprendem no seio da
família desde a infância e são reforçadas ou reprimidas na escola, por isso a
importância deste ambiente apresentar como meta a valorização da
diversidade, dividindo-se si o mesmo espaço com várias raças, culturas,
religiões e portadores de necessidades especiais a fim de integrar gerações
que irão a posteriori herdar a nossa sociedade.
Diante disso percebe-se a função de manutenção, catalisadora e
facilitadora no desenvolvimento psicossocial, afetivo e pedagógico dos mais
variados grupos, na forma que se alcance o objetivo científico que comprove
por si só a autenticidade do trabalho psicopedagógico no processo da
aprendizagem.
Com isso a sugestão de criar grupos operativos pedagógicos e um
programa Anti-Bullying, que saneiem todos os espaços e as interfaces
escolares, mediados e orientados pelo serviço psicopedagógico, onde estariam
abrigados
indivíduos
preocupados
em
crescer
como
ser
humano,
oportunizaria-se a escolha para si de uma nova fórmula de viver a vida e
transformá-la em algo maior, que se possa reverenciá-la através das
experiências compartilhadas e da convivência mútua.
65
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Bang Bang! Você Morreu (Bang Bang! You’re Dead), EUA, 2001 - (filme)
Tiros em Columbine (Bowling for Columbine), EUA, 2002 - (filme)
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