La tarea clínica com
adolescentes, hoy
Virginia Ungar
Ana Cláudia Menini
Fábio Bisol
Lisiana Saltiel
Adolescência
• Freud (1905) – propôs que na puberdade se subordina a
pré-genitalidade – que esteve “dormindo” no período da
latência – à genitalidade.
• Anna Freud (1958) incluiu a teoria do luto e do choque no
equilíbrio narcisista em sua compreensão da adolescência.
• Quando Melanie Klein (1932) estudou temas técnicos no
tratamento analítico durante ao período puberal, faltavam
ainda um par de anos para que submetesse sua teoria
sobre o processo de luto e da posição depressiva,
complementando em 1940 sua principal entrada com a
teoria das posições.
• Arminda Aberastury retoma o tema dos lutos e levanta que
o adolescente tem frente a si, a tarefa de processar os
lutos pelo corpo da infância, pelos pais da infância e pela
perda da condição de criança.
• Peter Blos (1981) se ocupou com as vississitudes do
complexo de Édipo e do ideal de ego e com o fundo da
teoria de Margaret Mahler em relação com o processo de
separação-individuação. Processos de identificação e
desidentificação
• Piera Aulagner (1991) sobre o processo de historização
que a adolescência põe em jogo, são essenciais quando se
pensa sobre a puberdade e a adolescência.
• Nada chega a comover tanto as estruturas infantis de um
analista no plano da
turbulência adolescente.
contratransferência
como
a
• A análise de crianças, é claro, também mobilizam nossos
aspectos mais primitivos e infantis, mas na minha
experiência (Ungar) isso é ainda mais forte na tarefa com
adolescentes.
• Entendo o desenvolvimento emocional humano como um
trabalho para um ego que, embora incipiente e não
integrado, é capaz de levar a cabo tarefas como a de
experimentar angustia, relacionar-se com seus objetos e
implantar mecanismos de defesa. Para que possa levar
adiante semelhante esforço, é preciso que conte com um
meio familiar – inserido em uma estrutura social – que
permita um sustento necessário, tanto físico como
mental.
• A vida psíquica inicia com um encontro fundador entre o
recém nascido e a mãe. Este postulado, assim enunciado,
pode parecer simples, porém é de uma enorme
complexidade pois cada um dos termos envolvidos está
sujeito a múltiplos fatores.
• O desenvolvimento implica uma complexa rede de
conflitos que o ser em evolução inevitavelmente deverá
enfrentar.
• Segundo Freud e Klein, é necessário atravessar por uma
neurose infantil – o que é considerado um organizador do
desenvolvimento – para montar um período de latência
que tem que ser desarmado pelo processo adolescente, o
qual, por sua vez, gera novas transformações para
finalmente chegar à subjetividade adulta.
• Donald Meltzer entende a adolescência como um estado
mental e propõe que na puberdade se produz o colapso da
estrutura latente, sustentada por um severo e obsessivo
splitting do self e dos objetos. Também considerou a
importância do grupo de pares no desenvolvimento do
adolescente; na adolescencia posição paranóide e depois
depressiva
• O grupo que chama “homossexual” em sentido descritivo,
que tem como função a contenção das confusões e
ansiedades paranóides, e como preocupação central, a
confrontação com os grupos do outro sexo e a rivalidade
com os do mesmo – “guerra dos sexos”;
• Seguindo o desenvolvimento, o adolescente entra no grupo
heterossexual com caracte´rísticas mais depressivas onde
encntra o amor objetal
• Meltzer considera que o adolescente se move entre três
mundos: dos adultos, das crianças do âmbito da família, e
no de seus pares.
• O jovem considera que o mundo adulto
detem o poder e as crianças são escravos
• Ao descubrir que seus pais não sabem
tudo, enfrenta uma severa perda da
identidade familiar
• Para encontrar seu lugar no mundo,
recorre aos seus pares na comunidade
adolescente
A problemática adolescente no mundo de
hoje
• A chamada transição adolescente implica justamente a
•
•
•
passagem do mundo da criança na família para o mundo
dos pares e dali para o mundo adulto.
O modelo da crise adolescente, absolutamente
necessária, desde sempre implicou o enfrentamento do
que já está estabelecido.
As instituições são forças externas normatizadoras do
sujeito e modeladoras da identidade, facilitando a
passagem da fase infantil para a fase adulta. Hoje em
dia ocorre grandes transformações nas instituições.
Os jovens que chegam aos consultórios são provenientes
de novas configurações familiares (famílias adotivas,
famílias monoparentais, pais homossexuais).
• O mundo externo é ameaçador para o jovem. Nas
condições atuais de insegurança um adolescente pode
sofrer violência de distintos graus: desde ser vítima de
roubo, sequestro ou estupro;
• O mundo adolescente expõe novas singularidades;
• O grupo de pares permanece tendo uma importância vital;
• Hoje existem novas formas de associação entre pessoas e
novos modos de identidade grupal;
• Com a irrupção dos meios de comunicação em massa
houveram modificações dos espaços onde se desenvolvem
os vínculos – espaços virtuais (computador, celular). Desta
forma, novas representações de Ideais de Ego são
construídos formando estereótipos a serem seguidos e
copiados.
• No ponto de vista da autora, os psicanalistas devem evitar
uma posição normativa que condena os modelos da época.
Devemos refletir sobre o que ocorre e tentar compreender;
• Desde Freud sabemos que a base da subjetividade, da
identidade, se encontra na sexualidade. Seguindo o
pensamento de Foulcault, convém pensar a sexualidade
como um ponto de passagem para acesso a relações de
poder. “A sexualidade emerge da interação do corpo com a
mudança da regulação social. Ou seja, não é o desejo e
depois a lei; mas que a lei e o desejo são inseparáveis;
• A idéia de repressão sexual própria da concepção vitoriana
da época de Freud, nos dias de hoje parece diluída. Talvez o
maior desafio para os psicanalistas seja de encontrar uma
descrição metapsicológica para os mecanismos que
prevalecem hoje;
Motivos de consulta mais freqüente
• Há dúvidas quanto a possibilidade de tratar
psicanaliticamente os adolescentes principalmente pela
difícil convivência entre o mundo adolescente e o do
adulto, ao qual o analista pertence;
• Os adolescentes que chegam para consultar, muitas vezes
são “trazidos” por pais preocupados, seja por dificuldades
na relação familiar, na escola, com os pares, por consumo
de drogas, transtornos alimentares, doenças corporais ou
isolamento. É necessário nestes casos fazer uma boa
avaliação do adolescente e da relação familiar, sem
apressar-se na indicação do tratamento, pois iniciar uma
análise para acalmar a angústia dos pais com um filho que
não quer se tratar pode ter um custo para o jovem de
anular uma possibilidade futura de pedir ajuda.
• São freqüentes atualmente as consultas de casos muito
graves trazidos pelos pais – quadros borderline que podem
facilmente chegar ao mundo da marginalidade (uso de
drogas ou violência de diversos tipos) – ou casos de
latência prolongada: meninos que ficaram fixados no
mundo das crianças na família. Permanecem em um
estado de “espera”, sustentados na teoria de que tudo o
que há que fazer é esperar que os pais os introduzam no
mundo adulto;
• Os motivos manifestos e profundos da consulta abarcam
uma grande variedade. Por este motivo é necessário que o
analista que trabalha com adolescentes tenha uma
especial plasticidade para adaptar seu próprio estilo a
estas variações, que por outro lado estão correlacionadas
ao processo que vive o adolescente.
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