1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE ENGENHARIA CIVIL FABIO JOSÉ MACCARINI ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE ATERRO SOBRE SOLOS MOLES CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009. 2 FABIO JOSÉ MACCARINI ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE ATERRO SOBRE SOLOS MOLES Trabalho de conclusão de curso apresentado para obtenção do grau de engenheiro civil, no curso de Engenharia Civil, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: Prof. MSc. Adailton Antônio dos Santos CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009. 3 FÁBIO JOSÉ MACCARINI ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE ATERRO SOBRE SOLOS MOLES Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Engenheiro Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, com Linha de Pesquisa em Análise de Estabilidade de aterro sobre solo mole. Criciúma, 07 de Dezembro de 2009 BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________________________ Prof. M.Sc. Adailton Antônio dos Santos – Engenheiro Civil - (UNESC) - Orientador ____________________________________________________________________ Eng. Residende Gilberto de Andrade Souza (Consórsio 101 Sul) - Banca ____________________________________________________________________ Eng. Especialista Murilo da Silva Espíndola (UFSC) - Banca 4 ‘’Aos meus pais que sempre me apoiaram e me ajudaram nos momentos difíceis, aos amigos da faculdade que estiveram juntos nessa caminhada a minha noiva que soube me compreender na ausência por motivo de estudo e aos mestres que tiveram paciência em repassar seus conhecimentos.’’ 5 AGRADECIMENTO A Deus, por me conceder a dádiva da vida, sempre iluminando e guiando meus passos, e me fazendo crescer a cada dia ao superar os obstáculos encontrados durante esta jornada. Aos meus pais Zorinda e Luiz pelo incentivo e por não medirem esforços perante as minhas dificuldades. Aos mestres da graduação em especial ao orientador Prof. M.sc Adailton Antônio Santos pelo auxílio e dedicação para a realização desta pesquisa. As empresas de engenharia em específico a SOTEPA a qual me concedeu oportunidade de estagiar e aprimorar meus conhecimentos na área que tanto quero atuar e me especializar. Em especial a Fernanda da Silva Ferro, companheira, amiga e mulher que deu força e possibilitou a conclusão desse trabalho. 6 RESUMO Um dos maiores problemas na elaboração de um aterro sobre solos moles é a sua estabilidade quanto à ruptura global. A preocupação vai desde o tipo de solo mole até o tipo de material de aterro que será utilizado na obra. Por isso, para a implantação de um aterro sobre solos moles, deve ser realizado um estudo minucioso das características físicas, mecânicas e de resistência ao cisalhamento dos materiais de aterro e de fundação. Devido ao fato do local onde será construído o acesso para a implantação do viaduto 3 e 4 ser uma região de plantio de arroz, levantou-se a hipótese quanto ao risco de ruptura do solo de fundação. Visando sanar essa dúvida a presente pesquisa buscou informações quanto às características geotécnicas do subsolo, o que mostrava um solo com NSPT variando entre 0 e 2 golpes, características de solo muito mole. Com base nos boletins de sondagens fornecidos pelo consórcio criou-se um perfil estratigráfico para posterior dimensionamento quanto a análise de estabilidade global da obra. Nele averiguo-se as condições do solo até a profundidade de 10 metros. Visualizou-se ainda os ensaios de caracterização disponível do solo a ser utilizado no aterro, bem como foram definidos os parâmetros do solo de fundação através de correlações com o NSPT. Com base nos procedimentos de projeto do DNER-PRO 381/98 que leva em consideração a classe do aterro, definiu-se para a obra um FSadm≥ 1,4. Através da equação de capacidade de carga de Terzaghi (1943) e o Método de Spencer que se baseia no principio de equilíbrio limite, calculou-se o coeficiente de segurança quanto a ruptura global na seção adotada como seção critica. Na análise observouse a inviabilidade da execução do caminho de acesso sem a necessidade de reforço do solo de fundação. Pois o coeficiente de segurança mínimo não alcançou FSadm estipulado. Analisou-se dois tipos de soluções para reforço do solo de fundação, sendo elas o uso de geossintético e utilização de bermas de equilíbrio. A definição da solução geotécnica mais adequada, dentre as analisadas, foi feita com base na análise de estabilidade global, através do método de Spencer, a qual demonstrou que a solução com bermas de equilíbrio foi a única a atingir o FSadm estipulado. Com base nestes resultados foram levantados os custos para a implantação do caminho de acesso adotando esta solução. Palavras-Chave: Aterros Sobre Solos Moles; Análise de Estabilidade; Bermas de Equilíbrio. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Representação gráfica da resistência ao cisalhamento dos solos.............. 9 Figura 2: Atrito entre dois corpos no instante do deslizamento..................................20 Figura 3: Atrito entre materiais granulares.................................................................21 Figura 4: Resistência ao cisalhamento à coesão.......................................................22 Figura 5: Critérios de ruptura (a) Coulomb, (b) Mohr.................................................23 Figura 6: Análise do estado de tensões no plano de ruptura.....................................24 Figura 7: Momento e forças de equilíbrio...................................................................29 Figura 8: Fluxograma de prospecção geotécnica.......................................................31 Figura 9: Sondagem à Percussão com medida de torque.........................................34 Figura 10: Amostragem de SPT.................................................................................35 Figura 11: Equipamentos utilizados para ensaio de CPTU........................................38 Figura 12: Equipamentos utilizados para ensaio de CPTU........................................39 Figura 13: Localização Lote 28 Rodovia BR-101/SC.................................................50 Figura 14: Desvio da BR – 101 existente...................................................................51 Figura 15: Mapa geológico do litoral catarinense.......................................................53 Figura 16: Perfil estratigráfico padrão....................................................................... 55 Figura 17: Seção tipo adotado...................................................................................59 Figura 18: Curva de ruptura – Spencer......................................................................61 Figura 19: Curva de ruptura – Spencer......................................................................62 Figura 20: Curva de ruptura – Spencer......................................................................63 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Classificação das argilas segundo a consistência.....................................16 Tabela 2: Recomendações para fatores de segurança admissíveis..........................26 Tabela 3: Fatores de Segurança mínimo...................................................................27 Tabela 4: Quantidade mínima de ensaios geotécnicos..............................................32 Tabela 5: Potencialidades de amostra de CPT e CPTU............................................36 Tabela 6: Relação entre tensão admissível e NSPT..................................................41 Tabela 7: Índice de plasticidade e determinação de α...............................................42 Tabela 8: Principais tipos de geossintético.................................................................47 Tabela 9: Tabelas de Valores de δ para análises preliminares..................................49 Tabela 10: Parâmetros geotécnicos da areia.............................................................57 Tabela 11: Parâmetros geotécnicos da Brita graduada.............................................57 Tabela 12: Parâmetros geotécnicos do solo de fundação.........................................58 Tabela 13: Análise de estabilidade – Fatores de segurança......................................61 Tabela 14: Análise de estabilidade – Fs da solução..................................................62 Tabela 15: Análise de estabilidade – Fs da solução..................................................63 Tabela 16: Valor dos materiais do aterro...................................................................64 Tabela 17: Valor dos materiais do aterro...................................................................64 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas SC – Santa Catarina FS – Fator de Segurança LL – Limite de Liquidez LP – Limite de Plastidade NA – Lençol Freático DNER – Departamento Nacional de Estradas e Rodagens NBR – Normas Brasileiras Rodoviarias NSPT – Standard Penetration Test CPT – Cone Penetration Test CPTU – Piezocone Penetration Test EPS – Poliestileno Expandido IPEM – Instituto de Peso e Medidas IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológica RJ – Rio de Janeiro OCR – Reconhecimento Ótico de Caracteres INMETRO – Instituto Nacioanl de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial SICRO2 – Sistema de Custo Rodoviários 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................13 1.1 Tema de Pesquisa .............................................................................................13 1.2 Problema ...........................................................................................................13 1.3 Justificativa ........................................................................................................13 1.4 Objetivos............................................................................................................14 1.4.1 Objetivo Geral.................................................................................................14 1.4.2 Objetivos Específicos......................................................................................14 2 REFERENCIAL TEÓRICO ...............................................................................15 2.1 Solos..................................................................................................................15 2.1.1 Classificação dos solos...................................................................................15 2.1.2 Solo Granular..................................................................................................16 2.1.3 Solos Finos (Argilas e Siltes) ..........................................................................16 2.1.4 Solos Orgânicos .............................................................................................17 2.1.5 Solos Residuais e Solos Transportados .........................................................17 2.1.6 Solos Lateríticos .............................................................................................17 2.1.7 Solos Compactos e Aterros ............................................................................18 2.1.8 Solos Moles ....................................................................................................18 2.2 Resistência ao Cisalhamento dos Solos............................................................19 2.2.1 Atrito ...............................................................................................................20 2.2.2 Coesão ...........................................................................................................21 2.2.3 Critérios de Ruptura de Mohr – Coulomb .......................................................22 2.3 Estabilidades de Taludes...................................................................................24 2.4 Classes de Aterros.............................................................................................26 2.4.1 Classe I...........................................................................................................27 2.4.2 Classe II..........................................................................................................27 2.4.3 Classe III.........................................................................................................27 2.5 Ruptura Global...................................................................................................28 2.5.1 Métodos de Análises de Estabilidades ...........................................................28 2.5.1.1 Método de Spencer........................................................................29 2.6 Investigações Geotécnicas Para Estudos de Solos...........................................30 2.6.1 Investigações Geotécnicas de Campo............................................................31 2.6.1.1 Fase de Projeto Básico ..................................................................32 2.6.1.2 Sondagem a Percussão (SPT) ....................................................................33 2.6.1.2.1 Sondagem a Percussão com Medida de Torque ......................................33 2.6.1.2.2 Amostragem e SPT...................................................................................34 2.6.1.3 Ensaio de Piezocone (CPTU- CPT).............................................................35 2.6.1.4Ensaio de Palheta (Vane Test) .....................................................................39 2.6.2 Correlações para NSPT..................................................................................41 11 2.6.3 Investigações Geotécnicas de Laboratório .....................................................42 2.6.3.1 Ensaio Triaxial .............................................................................................42 2.6.3.2 Ensaio de Compressão Edométrico.............................................................43 2.7 Alternativas de Soluções para Solos Moles.......................................................43 2.7.1 Aterros Leves..................................................................................................44 2.7.2 Remoção de Solo Mole...................................................................................44 2.7.3 Bermas ...........................................................................................................44 2.7.4 Construção por Etapas ...................................................................................45 2.7.5 Pré-carregamento ...........................................................................................45 2.7.6 Geodrenos e Sobrecarga Temporária ............................................................45 2.7.7 Aterro Estaqueado ..........................................................................................46 2.7.8 Reforço com Geossintéticos ...........................................................................46 2.7.8.1 Características do Geossintético ..................................................................46 2.7.8.2 Propriedades Relevantes dos Geossintéticos .............................................47 3 METODOLOGIA...............................................................................................50 4 APPRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .................................................51 4.1 Características do Local ....................................................................................51 4.1.1 Local de Estudo ..............................................................................................51 4.1.2 Estudo Geológico............................................................................................52 4.1.2.1 Estudo Geológico Geral...............................................................................52 4.1.2.2 Geologia do Local ........................................................................................53 4.2 Caracterização Geotécnica do Solo de Fundação.............................................55 4.3 Análise de Estabilidade......................................................................................55 4.4 Perfil Estratigráfico Adotado na Análise.............................................................56 4.5 Parâmetros Geotécnicos ...................................................................................57 4.5.1 Solo de Aterro.................................................................................................57 4.5.2 Brita Graduada ...............................................................................................57 4.5.3 Solo de Fundação...........................................................................................58 4.5.4 Sobrecarga Atuante ........................................................................................58 4.6 Análise dos Resultados .....................................................................................59 4.7 Soluções para Viabilizar a Construção do Caminho de Acesso ........................61 4.7.1 Cálculo do Coeficiente de Segurança com Reforço .......................................62 4.8 Análise de Custo................................................................................................63 4.8.1 Custo do Reforço ............................................................................................64 4.8.2 Custo do Aterro...............................................................................................64 5 CONCLUSÃO...................................................................................................65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................68 ANEXO A – MAPA GEOLÓGICO.......................................................................71 ANEXO B – LOCAÇÃO DOS FUROS DE SONDAGENS ..................................73 ANEXO C – BOLETINS DE SONDAGENS ........................................................75 12 ANEXO D – PARÂMETROS GEÓTÉCNICOS DA AREIA .................................82 ANEXO E – PARÂMETROS MÉDIO DO SOLO .................................................84 APÊNDICE A –PERFIL ESTRATIGRÁFICO ......................................................86 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 Tema de Pesquisa Este trabalho tem como tema a análise de estabilidade de um aterro sobre solos moles: Estudo de caso. 1.2 Problema O problema consiste em viabilizar o acesso dos veículos de transporte de materiais para a execução do viaduto 3 e 4 do desvio Araranguá Santa Catarina (SC) na cidade de Maracajá, do lote 28 da duplicação da BR –101 Trecho Sul, que consiste em um aterro executado sobre solos moles. 1.3 Justificativa A obra supracitada encontra-se sobre solos moles, com baixos valores de suporte de carga. Levando em conta a importância do viaduto 3-4 da duplicação da BR –101 trecho sul, e a manutenção do acesso (aterro) para visitas técnicas e manutenções periódicas dos referidos viadutos, faz-se necessário analisar a estabilidade do aterro a ser construído. Sem os devidos estudos geotécnicos para verificar a possibilidade de haver uma ruptura do aterro e posteriormente criar uma estabilidade para tal, poderão ocorrer perdas econômicas tais como equipamentos; veículos de transporte; materiais pesados como vigas e pilares pré-moldados. 14 1.4 Objetivos 1.4.1 Objetivo Geral Verificar a estabilidade quanto à ruptura global do aterro que proporciona acesso ao viaduto que será executado no lote 28 de duplicação da BR-101 trecho Sul no Estado de Santa Catarina - SC. 1.4.2 Objetivos Específicos •Determinar a estratigrafia do solo de fundação; •Levantar informações já existentes sobre os parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo de aterro; •Determinar a coesão não drenada através das correlações com o NSPT; •Analisar a estabilidade do aterro pelo método de Spencer; •Definir, em caso de necessidade, as medidas que viabilizem a execução do aterro da pista do objeto de estudo; •Levantar os custos de implantação da solução adotada no presente trabalho. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capitulo será ilustrado e demonstrado a fundamentação teórica para melhor esclarecer os objetivos desse trabalho, bem como aumentar a compreensão do tema de estudo. 2.1 Solos Os solos são constituídos de um conjunto de partículas, água e gás. As partículas, de maneira geral, se encontram livres para se deslocar entre si. Em alguns casos uma pequena cimentação pode ocorrer entre elas, mas num grau extremamente muito baixo do que nos cristais de um metal ou nos agregados de um concreto. Soluções da Mecânica dos sólidos Deformáveis são frequentemente empregados para a representação do comportamento de maciços de solo, pela simplicidade das soluções e por serem referendadas pela comprovação do ajuste aproximado de seus resultados com o comportamento real dos solos, verificada experimentalmente em obras de engenharia. Em diversas situações, entretanto, o comportamento do solo só pode ser entendido pela consideração das forças transmitidas diretamente nos contatos entre as partículas, embora estas forças não sejam utilizadas nos cálculos e modelos. 2.1.1 Classificação dos solos Os sistemas de classificação baseados na composição dos solos mais empregados são o chamado Sistema Unificado de Classificação, desenvolvido a partir de uma proposta de Yazbekbitar (1995) apud in Casagrande (1948) para o U.S Bureal of Reclamation, e o sistema Rodoviário de Classificação, da American 16 Association of State Highway Officiais, empregados pelos órgãos rodoviários, inclusive no Brasil. A descrição dos diversos tipos de solos entra em um Sistema Unificado, nele o primeiro ponto a considerar é a porcentagem de material passando na peneira nº 200 (0,075 mm). Se esta porcentagem for inferior a 50%, o solo será considerado como solo granular, caso contrário, como solo Fino. 2.1.2 Solo Granular Os solos granulares podem ser definidos como pedregulhos ou areias, conforme a granulometria predominante. São considerados pedregulhos as partículas com diâmetros de 2,0 mm a 150 mm. Areias a granulometria fica entre 0,075 e 2,0 mm. 2.1.3 Solos Finos (Argilas e Siltes) Quando a porcentagem de material passado na peneira nº200 é superior a 50% (ou 35% no sistema rodoviário), o solo é considerado fino. Neste caso, ele será classificado como Argila ou como Silte. O estado dos solos siltosos é indicado pela sua compacidade. O estado das argilas é indicado pela sua consistência, definida por Pinto (2000) apud in Terzaghi & Peck (1948) como a resistência a compressão simples com a nomenclatura apresentada na Tabela 1 a seguir: Tabela 1: Classificação das argilas segundo a consistência. Consistência Resistência a Compressão Simples, KPa. Muito mole < 25 Mole 25-50 Consistência média 50-100 Rija 100-200 Muito rija 200-400 Dura Fonte: PINTO, 2000 apud TERZAGHI & PECK,1948. > 400 17 2.1.4 Solos Orgânicos São chamados solos orgânicos aqueles que contem uma quantidade apreciável de matéria decorrente da decomposição de origem vegetal ou animal, em vários estágios de decomposição. Geralmente em argilas ou areias finas, os solos orgânicos são de fácil identificação, pela cor escura e principalmente pelo seu odor característico. 2.1.5 Solos Residuais e Solos Transportados Solos residuais são aqueles formados a partir da decomposição das rochas que se encontram no próprio local em que se formaram. Para que eles ocorram é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a velocidade de remoção por agentes externos. Solos transportados são aqueles que foram levados ao seu atual local por algum agente de transporte. As características dos solos são função do agente transportador. 2.1.6 Solos Lateríticos O solo lateritico tem sua fração de argila constituído predominantemente de minerais cauliniticos e apresentam elevada concentração de ferro e alumínio na forma de óxidos e hidróxidos. 18 2.1.7 Solos Compactos e Aterros Aterros são depósitos de solo criados pelo homem. Quando simples deposito, sem acompanhamento tecnológico, os aterros são de constituição bem heterogênea e não devem ser utilizadas como material de apoio de fundação. Entretanto, aterros construídos com planejamento e controle, dentro de uma boa técnica pode se constituir camadas de adequada capacidade de suporte de carga. 2.1.8 Solos Moles Os solos moles têm baixa resistência, elevada compressibilidade e plasticidade, podendo ter a presença de matéria orgânica. Os solos moles têm a sua nomenclatura atribuída a consistência de solo predominante argiloso, com valor do NSPT entre 3 e 5, segundo a NBR 7250/82. Trata-se de solo sedimentar aluvial, com resistência ao cisalhamento extremamente baixa, saturado (NA elevado) relativamente homogêneo em toda a profundidade do depósito. São solos compressíveis (características relativa a sua capacidade de deformar). Os solos com consistência muito mole tem o NSPT entre 0 e 2, com as mesmas características dos solos moles, porém em condições de comportamento ainda mais desfavoráveis (MARANGON, 2006). Os depósitos de solos moles encontrados no litoral brasileiro possuem granulometria fina que se depositaram em ambientes marinhos. Do ponto de vista geológico, esses depósitos são bastante recentes, formados no Período Quartenário quando ocorreram pelo menos dois ciclos de sedimentação, um Pleistoceno e outro Holoceno (MASSAD, 2003). De acordo com o autor acima, após o Holoceno, o mar entrou em um processo continuo e lento de regressão, interrompido por rápidas oscilações negativas de seu nível. O conhecimento dessas oscilações negativas é importante sob o ponto de vista geotécnico, pois pode justificar o leve Pré-adensamento observado em algumas camadas superficiais desse tipo de solo (MACEDO, 2008). 19 As ocorrências de solos moles apresentam, em geral, três condições comuns: situam-se em zonas planas, são formados por solos finos (argilas) e orgânicos e apresentam baixa capacidade de condutividade hidráulica (CAPUTO, 1987). 2.2 Resistência ao Cisalhamento dos Solos Nos solos estão presentes os fenômenos de atrito e coesão, portanto, determina-se a resistência ao cisalhamento dos solos ( ), segundo a equação 1: = + . Tan ø (1) Onde “ ” é a resistência ao cisalhamento do solo, "c" a coesão ou intercepto de coesão, " " a tensão normal vertical e " ø " o ângulo de atrito interno do solo. Na Figura 1 apresenta-se graficamente está expressão. Figura 1: Representação gráfica da resistência ao cisalhamento dos solos Fonte: Das, 2007 Solos com textura arenosa dependem da forma dos grãos, granulometria e outros fatores como tensão normal, índice de vazios e etc. Solos argilosos, dentre os fatores citados acima se deve adicionar também a coesão. Como princípio geral, a resistência ao cisalhamento dos solos depende, predominantemente, da tensão normal ao plano de cisalhamento. 20 2.2.1 Atrito O atrito é função da interação entre duas superfícies na região de contato. A parcela da resistência devido ao atrito pode ser simplificadamente demonstrada pela analogia com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície plana horizontal. Conforme ilustra a Figura 2: Figura 2: Atrito entre dois corpos no instante do deslizamento Fonte: SANTOS, 2008 apud SANTOS, 2005 A resistência ao deslizamento ( ) é proporcional à força normal aplicada (N), segundo a equação 2: =N.ø (2) Onde “ø” é o coeficiente de atrito entre os dois materiais. Para solos, esta relação é escrita na equação 3: = σ . tg ø (3) Onde “ø” é o ângulo de atrito interno do solo, “σ” é a tensão normal e “ ” a tensão de cisalhamento. Nos materiais granulares (areias), constituídas de grãos isolados e independentes, o atrito é um misto de escorregamento (deslizamento) e de rolamento, afetado fundamentalmente o entrosamento ou embicamento dos grãos. Tal fato não invalida a aplicação da equação anterior a materiais granulares. A Figura 3 mostra os tipos de movimentos de materiais granulares quanto submetidos a esforços cortantes. Enquanto no atrito simples de escorregamento entre os sólidos 21 o ângulo de atrito “φ” é praticamente constante, o mesmo não ocorre com os materiais granulares, em que as forças atuantes, modificando sua compacidade e, portanto, acarretam variação do ângulo de atrito “φ”, num mesmo solo. Portanto, o ângulo de atrito interno do solo depende do tipo de material, e para um mesmo material, depende de diversos fatores (densidade, rugosidade, forma, etc). Por exemplo, para uma mesma areia o ângulo de atrito no estado compactado é maior do que no estado fofo (φ densa > φ fofa). Figura 3: Atrito entre materiais granulares Fonte: SANTOS, 2008 apud SANTOS, 2005 2.2.2 Coesão A resistência ao cisalhamento dos solos é essencialmente devido ao atrito. Entretanto, a atração química entre partículas (potencial atrativo de natureza molecular e coloidal), principalmente, no caso de estruturas floculadas, e a cimentação de partículas (cimento natural, óxidos, hidróxidos e argilas) podem provocar a existência de uma coesão real. Segundo Vargas (1977), de uma forma intuitiva, a coesão é aquela resistência que a fração argilosa empresta ao solo, pelo qual ele se torna capaz de se manter coeso em forma de torrões ou blocos, ou pode ser cortado em formas diversas e manter esta forma. Os solos que têm essa propriedade chamam-se coesivos. Os solos não-coesivos, que são areias puras e pedregulhos, esbarroam facilmente ao serem cortados ou escavados. Utilizando a mesma analogia empregada no item anterior, suponha que a superfície de contato entre os corpos esteja colada, conforme esquema da Figura 4. 22 Figura 4: Resistência ao Cisalhamento à Coesão Fonte: SANTOS, 2008 apud SANTOS, 2005 Nesta situação quando N = 0 existe uma parcela da resistência ao cisalhamento entre as partículas que é independente da força normal aplicada. Esta parcela é definida como coesão verdadeira. A coesão é uma característica típica de solos muito finos (siltes plásticos e argilas) e tem-se constatado que ela aumenta com: a quantidade de argila e atividade coloidal (Ac); relação de pré-adensamento; diminuição da umidade. A coesão verdadeira ou real definida anteriormente deve ser distinguida de coesão aparente. Esta última é a parcela da resistência ao cisalhamento de solos úmidos (parcialmente saturados), devido à tensão capilar da água (pressão neutra negativa), que atrai as partículas. No caso da saturação ou secagem total do solo a coesão aparente tende a zero. 2.2.3 Critérios de Ruptura de Mohr – Coulomb A aplicação de cargas no solo faz com que, em situações normais de carregamento, as partículas se rearranjem até se estabilizarem, gerando uma deformação. Entretanto, esta solicitação pode ser superior a que os fatores físicos e físico-químicos do solo podem suportar, as partículas se deslocam de forma a descaracterizar o formato original do maciço terroso. Definindo-se assim a ruptura do solo. Os critérios de ruptura mais utilizados para explicar o comportamento dos solos são o de Coulomb e de Mohr. O critério de Coulomb diz que não há ruptura se a tensão de Cisalhamento não passar o valor dado pela expressão c+f.s, sendo “c” e “f” as constantes do material e “s” a tensão normal existente no plano de cisalhamento, 23 onde a coesão é “c” e o coeficiente de atrito interno “f”, que pode ser expresso como a tangente do ângulo de atrito interno. O croterio de Mohr não rompe enquanto o circulo representativo das tensões istevir no interior da curva, que é a envoltória dos círculos relativos a estados de ruptura, observados experimentalmente para o material. A envoltória curvilínea é transformada em uma reta, para facilitar a compreensão. A definição da reta deve levar em consideração o nível de tensões do projeto em análise. Depois de traçar a reta defini-se o intercepto de coesão, coeficiente que expressa à resistência em função da tensão normal (PINTO, 2000).. Na Figura 5, a seguir, é notável a semelhança entre os critérios de Coulomb e Mohr, justificando a expressão critério de Mohr-Coulomb. Figura 5: Critérios de Ruptura (a) Coulomb, (b) Mohr Fonte: PINTO, 2000 Os critérios mencionados acima indicam a importância da tensão normal no plano de ruptura. O plano de ruptura ocorre num plano que faz um ângulo a igual a (45+ φ /2), com os planos principais em que estiver agindo a tensão normal indicada pelo segmento AB e a tensão cisalhante BC. No segmento DE observa-se a tensão cisalhante máxima, maior que BC. Neste plano, a tensão normal AD garante uma resistência ao cisalhamento superior a tensão cisalhante atuante como podemos conferir na Figura 6 (PINTO, 2000). 24 Figura 6: Análise do Estado de Tensões no Plano de Ruptura Fonte: ALBUQUERQUE, 2003, p.11 2.3 Estabilidades de Taludes O principal objetivo da análise de estabilidade de taludes é verificar a condição de segurança de um talude existente e a eventual necessidade de medidas preventivas ou corretivas, tais como obras de contenção (GEORIO, 2000). O grau de estabilidade de obras de engenharia é determinado por meio de métodos de análise de estabilidade. Grau este expresso de forma determinística, através de um fator de segurança (FS). Outra forma de obtenção do grau de estabilidade, ou seja, do fator de segurança, é através de técnicas probabilísticas. Os métodos para a análise da estabilidade de taludes, atualmente em uso, baseiam-se na hipótese de haver equilíbrio numa massa de solo, tomada como corpo rígido-plástico, na iminência de entrar em um processo de escorregamento. Daí a denominação geral de “métodos de equilíbrio limite” (MASSAD, 2003). Conhecendo-se as forças atuantes, são determinadas as tensões de cisalhamento induzidas, através das equações de equilíbrio. A análise é finalizada com a comparação dessas tensões com a resistência ao cisalhamento do solo em estudo. Por volta de 1916 os suecos desenvolveram os métodos de análise baseados no conceito de “equilíbrio – limite”. Os mesmos verificaram que as linhas de ruptura eram aproximadamente circulares e que o escorregamento se dava de tal modo que a massa de solo estabilizada se fragmentava em fatias ou lamelas, com 25 faces verticais. Já na década de 1930 Fellenius acrescentou o parâmetro de coesão na resistência ao cisalhamento do solo, além de considerar casos de solo estratificado (MASSAD, 2003). Referindo o mesmo autor, o estudo de estabilidade de taludes define-se o coeficiente de segurança F através da equação 4 abaixo. (4) Onde: s = resistência ao cisalhamento do solo; 2 = tensão cisalhante atuante. Para Georio, (2000) existem várias definições possíveis para o fator de segurança (FS), cada uma podendo implicar valores diferentes de FS. As definições mais usadas em análises de estabilidade de taludes são: - Fator de segurança relativo ao equilíbrio de momento: Considera-se a superfície de ruptura circular e é utilizado em análises de movimentos rotacionais, onde o FS é expresso pela equação 5 abaixo. (5) Mr = somatório dos momentos das forças resistentes; Ma = somatório dos momentos das forças atuantes ou solicitantes. Fator de segurança relativo ao equilíbrio das forças: consideram-se as superfícies planas ou poligonais e é aplicado em análises de movimentos translacionais ou rotacionais, tomando-se o FS pela equação abaixo. Onde: 26 Fr = somatório das forças resistentes; Fa = somatório das forças atuantes; Para valores de FS iguais a 1,0 tem-se a condição limite de estabilidade, ou seja, o conjunto encontra-se na iminência de ruptura. Um fator de segurança admissível (FSadm ) leva em consideração não só a geometria da obra analisada, mas também suas características referentes à finalidade da obra e às solicitações a que ela estará sujeita. A possível ruptura de uma obra de terra oferece riscos não só do ponto de vista econômico, mas também pode trazer conseqüências muito mais sérias, quando se trata do envolvimento de vidas humanas. Um fator de segurança admissível (FSadm) sugerido poderá ser o da Tabela 2 abaixo, de acordo com as conseqüências e perdas econômicas que esta ruptura ocasionaria. É necessário ressaltar que o valor de FSadm deve considerar as condições geométricas, carregamento e o uso futuro da referida contenção. Tabela 2: Recomendações para Fatores de Segurança Admissíveis RISCO DE PERDA DE VIDAS HUMANAS FS adm DESPREZÍVEL MÉDIO ELEVADO DESPREZÍVEL 1.1 1.2 1.4 Risco de perdas MÉDIO 1.2 1.3 1.4 econômicas ELEVADO 1.4 1.4 1.5 Fonte: GEORIO, 2000 2.4 Classes de Aterros Em um sistema de construção deve-se analisar o tipo de solo de fundação sobre o qual será executado. Esse solo deve passar por uma analise de forma a caracterizá-lo geotecnicamente e ao constatar problemas estabelecer métodos corretivos e construtivos adaptados os parâmetros do solo de fundação. Para efeito de investigação e projeto geotécnico de obras rodoviárias do DNER, os aterros são classificados como classes I, II, III, e possuem as seguintes características: 27 2.4.1 Classe I Enquadram-se nesta classe os aterros juntos a estruturas rígidas, tal como encontros de ponte e viadutos e demais interseções, além de aterros próximos a estruturas sensíveis como oleodutos. A extensão do aterro classe (I) deve ser pelo menos 50 metros para cada lado da interseção. 2.4.2 Classe II São os aterros que não estão próximos a estruturas sensíveis, porém são altos, definindo-se como altos, os que têm alturas maiores que 3 metros. 2.4.3 Classe III Os aterros classe III são baixos, isto é, com alturas inferiores a 3 metros e afastados de estruturas sensíveis. A Tabela 3 abaixo indica os fatores mínimos de segurança que devem ser atingidos nas análises referentes ao final da construção do aterro. Tabela 3: Fatores de Segurança mínimo Aterro Classe Fs mínimo I 1,4 II 1,3 III 1,2 Fonte: DNER – PRO 381/98 28 2.5 Ruptura Global A verificação quanto à ruptura global leva em consideração que toda a porção do terrapleno reforçado e o solo de fundação do maciço estão situados acima da superfície de ruptura. A análise da estabilidade global examina a segurança da estrutura reforçada em relação a um mecanismo de ruptura global. Para tanto, devem ser feitas algumas considerações com relação à influência da força atuante no conjunto: a) efeito da força no reforço; b) sentido da força em relação à superfície de ruptura; c) intensidade da força atuante. O coeficiente de segurança requerido para esta análise deverá atingir os valores de acordo com a Tabela 3. 2.5.1 Métodos de Análises de Estabilidades A maioria dos métodos utilizados para análises de estabilidade de taludes baseiam-se no critério de equilíbrio limite. Este critério admite uma superfície de ruptura, que é conhecida ou arbitrada a uma massa instável na eminência de entrar em colapso onde deverá ser satisfeito o critério de ruptura de Mohr-Coulomb e um coeficiente de segurança único ao longo da superfície de ruptura. Analisa-se o equilíbrio desta massa, assumindo-se valores para as forças atuantes e calculandose a força de cisalhamento resistente necessária. Esta força necessária é comparada com a resistência ao cisalhamento disponível, resultando em um coeficiente de segurança. Dos métodos existentes para análise de estabilidade que se baseiam no critério descrito no parágrafo precedente, pode-se citar: •Método dos Círculos de Atrito: analisa o equilíbrio de um corpo livre como um todo; 29 •Método Sueco: considera a linha de ruptura circular, divide o corpo livre em diversas lamelas verticais e considera o equilíbrio de cada lamela; •Método das Cunhas: considera um corpo livre subdividido em cunhas e analisa o equilíbrio entre elas e o restante do maciço, de forma que a cunha situada na parte inferior contribui para a estabilidade da superior, mobilizando-se as resistências ao cisalhamento nas superfícies de ruptura e de contato entre as cunhas. O método que será abordado no presente trabalho será o método sueco, representado pelo Método de Spencer. 2.5.1.1 Método de Spencer Esse método pode ser aplicado a qualquer tipo de solo, sendo indicado para taludes não homogêneos com superfície de ruptura circular. Fornece valores próximos aos de Bishop Modificado (BELLO, 2004). É assumido que a ruptura ocorre de um bloco de solo numa superfície cilíndrica (Figura 07). Considera-se, para cada fatia, uma resultante Q das forças que são paralelas entre si. Essa resultante atua no centro da base da fatia e forma, com a horizontal, um ângulo de inclinação constante. Examinando o momento de equilíbrio e as forças de equilíbrio duas expressões são obtidas para o fator de segurança (BELLO, 2004). Figura 7: Momento e Forças de Equilíbrio Fonte: BELLO, 2004 30 Para determinar o FSmin por esse método, calcula-se separadamente esse fator por meio da Equação 6 e do momento dessas forças em torno do centro da massa deslizante. Obtêm-se um fator de segurança que atende ao equilíbrio das forças (Fsf). E de outro que atende ao equilíbrio do momento (Fsm). O valor do fator é aquele correspondente ao valor ө que satisfaz as duas equações de equilíbrio mencionadas (BELLO, 2004). Arbitra-se um valor para ө e calcula-se o Fsf que satisfaz ∑Q=0. (6) Calcula-se o Fsm que satisfaz: ∑Q.cos(α - ө) = 0 Repete-se o processo com outros valores até que Fsf = Fsm = Fs 2.6 Investigações Geotécnicas Para Estudos de Solos Os solos moles possuem baixa capacidade de suporte, por isso deverão ter critérios rígidos durante a execução do aterro com uma programação de investigações geotécnicas de campo. O conhecimento do perfil do subsolo ao longo das áreas de interesse, bem como das características e dos parâmetros de compressibilidade e resistência ao cisalhamento das camadas de solos moles, constitui condição fundamental para o desenvolvimento do projeto (MACEDO, 2008). Projetos geotécnicos de qualquer natureza são normalmente executados com base em ensaios de campo, cujas medidas permitem uma definição satisfatória da estratigrafia do subsolo e uma estimativa realista das propriedades em projetos de fundações, estabilidade de taludes, estruturas de contenção, dimensionamento 31 de pavimentos, infra-estrutura de meio ambiente, entre outros (SCHNAID, 2000). A Figura 08 abaixo mostra o fluxograma para se estabelecer um projeto geométrico. PROBLEMA GEOTÉCNICO CONHECIMENTO DO SUBSOLO Prospecção SOLUÇÕES Embasamento Teórico Experiência Acumulada Figura 8: Fluxograma de Prospecção Geotécnica Fonte: O Autor A investigação geotécnica do solo é importante para desvendar alguns mistérios que se encontram abaixo da superfície e que não são visíveis. Nessa investigação é possível determinar à profundidade do solo, o tipo de solo, as características desse solo como a consistência, a profundidade do lençol freático, fornecer dados como as propriedades mecânicas e outros dados que, para este trabalho, não são relevantes. 2.6.1 Investigações Geotécnicas de Campo As investigações geotécnicas de campo devem compreender estudos de escritório a partir de documentação existente, incluindo: a) mapas topográficos, geológicos e pedológicos; b) interpretação de fotos aéreas; c) estudos geotécnicos existentes na região; d) bibliografia geológico-geotécnica existente. 32 2.6.1.1 Fase de Projeto Básico Em um projeto básico há necessidade de bem caracterizar os depósitos de solos moles identificando extensões, espessuras e propriedades geotécnicas. Um projeto básico com dados geotécnicos, quantidade e qualidade permite soluções de projeto bem estudadas e econômicas. Por estas razões, todos os esforços de investigação devem estar concentrados nesta fase. As investigações são feitas em duas etapas: a primeira, objetiva somente a obtenção do perfil geotécnico e constará simplesmente de sondagens a percussão segundo a norma ABNT NBR 6484, sendo pelo menos uma em cada depósito de solo mole. Quando o depósito tiver mais que 100 metros de extensão, as sondagens a percussão devem ser realizadas com intervalo não superior a 100 metros. Estes estudos permitirão elaborar um perfil geotécnico detalhado. A primeira fase é, em geral, suficiente para trechos de solos moles com menos de 3 metros de espessura, pois nesse caso é economicamente viável a remoção total da camada mole, eliminando-se totalmente o problema. Entretanto, sempre que a espessura exceder a 3 metros deve ser estudadas alternativas mais econômicas de se conviver com o solo mole. A segunda fase de investigação determina as propriedades dos solos moles. A quantidade mínima de ensaios é indicada na Tabela 4 logo abaixo: Tabela 4: Quantidade Mínima de Ensaios Geotécnicos Caráter Aterros Classes Ensaios Obrigatório I II ou Opcional Dois furos de cada lada da Furo para coleta de estrutura adjacente ao aterro ou, Dois furos a amostras e ensaios Obrigatório em caso de aterro muito alto (> cada 500m. de laboratório 8m) 3 furos Um EP a Um ensaio a cada 0,5m ao longo cada 05m ao Ensaio de Palheta Obrigatório das verticais. longo das verticais. Ensaio de piezocone sísmico (CPTUS) Obrigatório Ensaio de Opcional dilatômetro dependendo Marchetti do consultor Fonte: DNER-PRO 381/98 pg. 8 Um furo de cada lado da estrutura adjacente ao aterro. Um furo a cada 500m. Um furo de cada lado da estrutura adjacente ao aterro. Um furo a cada 500m. III Um furo a cada 1000m (1 km) Um furo por 1000m (1 km). Um furo por 1000m (1 km). Um furo por 1000m (1 33 2.6.1.2 Sondagem a Percussão (SPT) É o ensaio mais executado na maioria dos países, no Brasil foi normatizado pela ABNT pela NBR 6484 “Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio” (SPT- Standard Penetration Test). As amostras coletadas a cada metro são acondicionadas, etiquetadas e enviadas ao laboratório para análise táctil-visual do material por geólogo especializado. As amostras extraídas recebem classificação quanto às granulometrias dominantes, cor, presença de minerais especiais, restos vegetais e outras informações relevantes encontradas. A indicação da consistência ou compacidade e da origem geológica da formação, complementa a caracterização do solo. No relatório final constará a planta do local da obra com a posição das sondagens e o perfil individual de cada sondagem e/ou seções do subsolo; indicando a resistência do solo a cada metro perfurado, o tipo e a espessura do material e as posições dos níveis d’água. As vantagens do SPT é a coleta de amostras até grandes profundidades, também é fácil de encontrar equipamentos e peças em todo o país e fica barato onde existe concorrência. As desvantagens é que quando utilizado além dos limites, por exemplo, em solos moles a energia aplicada é alta e não existe a sensibilidade para solos saturados e moles, utiliza formulas empíricas sem consideração da complexidade do solo, necessita de motor e água, seja é dependente de fornecimento externo de energia e de água e é complicado e demorado para mobilizar e instalar. 2.6.1.2.1 Sondagem a Percussão com Medida de Torque As ferramentas utilizadas nesta etapa são: trado cavadeira (concha) e espiral trépano de lavagem, tubo de revestimentos e hastes de aço retilíneas, projetadas pela ABC Fundações com comprimentos padronizados, para facilitar o 34 controle visual e a fiscalização do processo durante a execução da Sondagem como podemos observar na Figura 09. Inicia-se a perfuração com trado cavadeira até 1,0 m, seguindo-se a instalação do tubo de revestimento com sapata cortante. O avanço, a trado, segue até o nível d’água. Após atingir o nível d’água freático, o processo de perfuração passa a ser por lavagem, utilizando o trépano de lavagem, bem como, bica, cruzeta, moto-bomba e caixa de lavagem com tela, desenvolvida pela ABC Fundações para auxílio na coleta de materiais. Figura 9: Sondagem a Percussão com Medida de Torque Fonte: http://www.insitu.com.br 2.6.1.2.2 Amostragem e SPT As amostras são coletadas a cada metro e nas mudanças de camada. As principais ferramentas utilizadas nessa etapa são: amostrador padrão e o bico do amostrador conforme Figura 10. Para garantir a integridade as amostras, a ABC Fundações desenvolveu o Sacador de Amostras. Estas, por sua vez, são acondicionadas em copos plásticos. As amostras que seguem para análise são coletadas do bico do amostrador, após sua cravação, sob a ação do martelo de 65 kg, em queda de uma altura de 75 cm. A ABC Fundações controla a massa do martelo através da pesagem periódica do mesmo em balança digital, a qual é aferida pelo IPEM, garantindo assim, a unidade do SPT estabelecido pelas Normas. 35 Figura 10: Amostragem de SPT Fonte: http://www.insitu.com.br 2.6.1.3 Ensaio de Piezocone (CPTU- CPT) Os ensaios de cone e piezocone, conhecidos pelas siglas CPT (Cone Penetration Test) e CPTU (Piezocone Penetration Test) respectivamente, vêm se caracterizando internacionalmente como uma das mais importantes ferramentas de prospecção geotécnica. Resultados de ensaios podem ser utilizados para determinação estratigráfica de perfis de solos, determinação de propriedades dos materiais prospectados, particularmente em depósitos de argilas moles, e previsão da capacidade de carga de fundações. Os procedimentos do ensaio CPT-CPTU é bastante simples, consistindo na cravação no terreno de uma ponteira cônica (60° de ápice) a uma velocidade constante de 20 mm/s. A seção transversal do cone é de 10cm2 e a área da luva é de 150cm2. O equipamento de cravação consiste de uma estrutura de reação sobre a qual é montado um sistema de aplicação de carga. Um sistema hidráulico é utilizado para essa finalidade, sendo o pistão acionado por uma bomba hidráulica acoplada a um motor de combustão. A penetração é obtida através da cravação contínua de hastes de comprimento de 1m, seguida da retração do pistão hidráulico para posicionamento de nova haste. À medida que se procede as cravações das hastes no solo, são feitas medidas a cada 2 cm de profundidade, dos seguintes valores: • Resistência à penetração da ponta (qc)(cone de área projetada de 10 cm2 e ângulo de vértice de 60°); • Resistência por atrito lateral, ou atrito local (fs)( luva com área lateral de 150 cm2); 36 • Poropressão (u2)(pedra porosa localizada na base do cone); • Ângulo de inclinação (TA); Estas grandezas são medidas através de instrumentação de precisão, devidamente calibrada, instalada na extremidade do conjunto, sendo as mesmas transmitidas à superfície por um sistema de ondas sonoras. Os sinais são coletados, transferidos e armazenados em um computador, podendo o resultado de o ensaio ser visualizado imediatamente na tela. Sendo assim, o ensaio fornece o registro contínuo da resistência à penetração, fornecendo uma descrição detalhada da estratigráfia do subsolo, informação essencial à composição de custos de um projeto de fundações, e a eliminação de qualquer influência do operador nas medidas de ensaio (qc, fs, u2). A Tabela 5 abaixo mostra as potencialidades de amostra de CPT e CPTU. Tabela 5: Potencialidades de amostra de CPT e CPTU Investigação CPT CPTU Perfil do solo Alta Alta Estrutura do solo Baixa Moderada a alta História de tensões Variação espacial das propriedades mecânicas Propriedades mecânicas Baixa Moderada a alta Alta Alta Moderada a alta Moderada a alta Características de adensamento - Alta Condições do nível d'água - Alta Potencial de liquefação Economia no custo das investigações Fonte: http://www.insitu.com.br Moderada Alta Alta Alta A seguir são listados os parâmetros geotécnicos passíveis de obtenção por meio do ensaio de CPT/CPTU: a) classificação do solo; b) estado de tensões in situ (K0); c) ângulo de atrito efetivo (φ'); d) módulo oedométrico (D); e) módulo cisalhante (Gmax); f) história de tensões (σ'p, OCR); 37 g) sensibilidade (St); h) resistência não-drenada (Su); i) condutividade hidráulica (k); j) Coeficiente de adensamento (Ch); l) peso específico aparente (γ); m) intercepto de coesão efetiva (c'); n) previsão da capacidade de carga e de recalque As aplicações do ensaio de cone CPT ou CPTU vêm crescendo cada vez mais e na literatura se encontra uma vasta correlação entre os resultados destes ensaios com os parâmetros geotécnicos de diferentes interesses. Vantagens e Limitações do Ensaio do CPTU Dentre as vantagens podemos destacar: a) penetração rápida (1m/min.), isto é, curto tempo de ensaio; b) perfil estratigráfico contínuo (cada 2 cm); c) ensaio padronizado (Norma Brasileira e Norma Americana) - confiável; d) alta precisão e repetibilidade; e) obtenção e processamento automático dos dados, isto é, sem interferência do operador; f) necessidade de apenas um operador; g) relação custo/benefício elevada. Dentre as limitações pode-se citar: a) a não coleta de amostras, como o SPT. b) necessidade de operador treinado; c) equipamento relativamente complexo; d) suporte técnico. Normas para o Ensaio de CPT/CPTU 38 A norma brasileira para a execução do ensaio é: - MB 3.406 - Solo - Ensaio de penetração de cone in situ (CPT) Existem também duas normas americanas: - ASTM-D-3441-95 (Standard Test Method for Deep, Quasi-Static, Cone and Friction-Cone Penetration Tests of Soil). - ASTM D-5778-95 (Standard Test Method for Performing Eletronic Friction Cone and Piezocone Penetration Testing of Soils). As Figuras 11 e 12 ilustram o equipamento utilizado na realização de ensaios de CPTU. Figura 11: Equipamentos utilizados para ensaio de CPTU Fonte: http://www.insitu.com.br 39 Figura 12: Equipamentos utilizados para ensaio de CPTU Fonte: http://www.insitu.com.br 2.6.1.4Ensaio de Palheta (Vane Test) O projeto sobre argilas moles ainda é feito com mais freqüência por métodos de calculo com tensões totais do que com tensões efetivas.. Para o projeto, um só parâmetro é necessário: a resistência não drenada. Embora facilmente definível, a fixação deste parâmetro para projeto é uma tarefa extremamente difícil. A escolha do ensaio a ser feito para sua definição. A adoção ou não de fatores de correção do seu valor, o confronto entre informações aparentemente conflitantes, entre outros, são questões que se apresentam ao projetista, em cada caso. (SCHNAID, 2000 apud in PINTO, 1992) O ensaio de palheta (“Vane Test”) é tradicionalmente empregado na determinação da resistência ao cisalhamento não-drenada, Su, de depósitos de argilas moles. Este ensaio, sendo possível de interpretação analítica, assumindo a hipótese de superfície de ruptura cilíndrica, serve de referencia a outras técnicas e metodologias, cuja interpretação requer a adoção de correlações semi-empíricas. Completamente, busca-se obter informações quanto à história de tensões do solo indicado pelo perfil da razão de sobre-adensamento (OCR). O ensaio de palheta foi desenvolvido na Suécia, em 1919, por John Olsson (Flodin & Brons, 1981). Ao termino da década de 1940 foi aperfeiçoado (Carlsson, 1948; Skempton, 1948; Cadling & Odenstad, 1948), assumindo a forma empregada ate hoje (Walker, 1983; Chandler, 1988). Em 1987 a ASTM realizou conferencia especifica sobre o tema, que pode servir de referencia internacional 40 (ASTM STP 1014). No Brasil o ensaio foi introduzido em 1949 pelo instituto de Pesquisa Tcnologica de São Paulo (IPT) e Geotecnica S.A (RJ) os primeiros estudos sistemáticos sobre o assunto datam das décadas de 1970 e 1980 (Costa Filhos e Outros,1977; Ortigão & Collet, 1987; Ortigão, 1988). Em outubro de 1989, o ensaio foi normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): MB 3.122 – Ensaio de Palheta in situ, e registrada no INMETRO como NBR 10.905. O ensaio de palheta visa determinar a resistência não-drenada do solo in situ, Su. Utiliza uma palheta de seção cruciforme que, cravada em argilas saturadas, de consistência mole e rija, é submetida ao torque necessário para cisalhar o solo por rotação, em condições não drenadas. É, portanto, necessário o conhecimento prévio da natureza do solo onde será realizado o ensaio, não só para avaliar sua aplicabilidade, como para posteriormente interpretar adequadamente os resultados (SCHNAID, 2000 apud in PINTO, 1992). Medições e Cálculos Após a introdução da palheta no interior do solo, na profundidade de ensaio, posiciona-se a unidade de torque e medição, são zerados os instrumentos e é aplicado imediatamente o torque com velocidade de 6º por minuto (MB 3.122). o intervalo de tempo Maximo admitido entre o fim da cravação da palheta e o inicio da rotação na mesma é de cinco minutos. Para determinar a resistência amologada (Sur), imediatamente após a aplicação do torque Maximo são realizadas dez revoluções completas na palheta e refeito o ensaio. O intervalo de tempo entre os dois ensaios deve ser inferior a cinco minutos. Com base no torque medido é possível determinar a resistência ao cisalhamento não-drenado do solo conforme a Equação 7 abaixo: (7) Sendo: T = torque Maximo medido (KN.m) D = diâmetro da palheta (m) 41 2.6.2 Correlações para NSPT Em alguns casos onde não é possível fazer análises em laboratórios para determinação da resistência a compressão e coesão do solo que se deseja analisar ou os resultados obtidos não são confiáveis é possível fazer uma correlação entre o no NSPT obtido para se chegar a resistência compressão simples e a coesão. A resistência qu é igual a 2c a Tabela 6 abaixo dá valores de qu, e portanto de c, em função de NSPT da argila, sugerido por (GUSMÃO FILHO, 2008 apud in BOWLES,1979). Tabela 6: Relação entre tensão admissível e N-SPT Tipo de solo Consistência SPT ARGILA c (kg/cm²) Muito mole <2 <0,25 < 0,125 Mole 2a4 0,25 a 0,5 0,125 a 0,250 Média 4a8 0,5 a 1,0 0,250 a 0,500 Rija 8 a 16 1a2 0,500 a 1,000 16 a 32 2a4 1,000 a 2,000 > 32 >4 > 2,000 Muito Rija Dura qu (kg/cm²) Fonte: GUSMÃO FILHO, 2008 apud Bowles, 1979 p. 168 Outra maneira de correlacionar à resistência do solo através do NSPT é utilizando a coesão não drenada. Que pode ser estimada pela equação 8: (8) Sendo α o valor de correlação para determinar a coesão não drenada através do NSPT. Segundo Pinto (2000) apud in Terzaghi e Peck (1948) o valor α pode ser adotado sendo igual a 15, mas esse valor depende da plasticidade da argila. Esta por sua vez influencia o índice de plasticidade do solo. Em função do índice de 42 plasticidade encontrado tem-se o solo com plasticidade baixa, media ou alta, permitindo assim se fixar o valor de α. É o que mostra a Tabela 7 abaixo: Tabela 7: Índice de Plasticidade e determinação de α Índice de Plasticidade Plasticidade α <8 Baixa 27 8 a 25 Média 13 > 25 Alta 8 Fonte: GUSMÃO FILHO 2008 apud SOWERS, 1962. 2.6.3 Investigações Geotécnicas de Laboratório A NBR 9820/97 define os parâmetros para a amostragem de solos. As amostras devem ter diâmetro mínimo de 100 mm e coletada com amostrador de pistão estacionário com acionamento mecânico ou hidráulico do tipo Osterberg. O objetivo é a obtenção de pelo menos uma amostra a cada dois metros para camadas com espessura maior ou igual a 3 metros e uma amostra a cada 0,5 metro para cada espessura menor do que 3 metros. Alguns ensaios característicos: a) caracterização completa (limite de liquidez, limite de plasticidade, umidade, peso específico, análise granulométrica por sedimentação, todos conforme as normas DNER e ABNT); b) ensaio de adensamento, conforme norma DNER-IE 005/94; c) ensaio triaxial UU (não consolidado, não drenado). 2.6.3.1 Ensaio Triaxial O ensaio a compressão simples é caso especial de ensaio Triaxial não drenado e não consolidado UU. Consiste na compressão axial do corpo de prova de solo em forma cilíndrica e com pressão de confinamento nula. O resultado deste 43 ensaio indica a resistência ao cisalhamento não drenado (Su) do solo (MACEDO, 2008). O ensaio consiste na aplicação inicial de um estado hidrostático de pressão e, a seguir, de acréscimo sucessivo de carregamento axial sobre o corpo de prova cilíndrico do solo. Para isto o corpo de prova é colocado dentro de uma câmara de ensaio, e envolto por uma membrana de borracha. A câmara é cheia de água, a qual se aplica uma pressão, que é chamada de pressão confinante. A pressão confinante atua em todas as direções, inclusive na direção vertical. O corpo fica sob um estado hidrostático de tensões. 2.6.3.2 Ensaio de Compressão Edométrico O ensaio de compressão edométrico é muito útil para a determinação da compressibilidade dos solos, não fornecendo informações referentes à resistência. Nele o solo é submetido a acréscimos sucessivos de tensão axial, não se permitindo deformação lateral. Este ensaio, que também é denominado ensaio de compressão confinada, é mais conhecido como ensaio de adensamento, por ser frequentemente aplicado com o objetivo de obter parâmetros referentes ao adensamento de solos saturados. 2.7 Alternativas de Soluções para Solos Moles Existem algumas alternativas para possíveis soluções de solos moles, a estabilidade pode ser assegurada por aterros leves, substituição total da camada mole, bermas de equilíbrio, construção por etapas, pré-carregamento ou sobrecarga temporária, geodrenos e sobrecarga temporária, geodrenos e sucção por drenos, aterro estaqueado e aterro reforçado com geossintéticos (DNER-PRO 381/98). 44 2.7.1 Aterros Leves O uso de materiais de construção leves deverá ser considerado uma alternativa viável para aterros classe I. Essa solução é tecnicamente viável se o aterro for alto e próximo a uma região produtora de material leve, como as usinas termelétricas que produzem o rejeito denominado cinza volante, madeireiras que produzem serragens e fabricas de EPS. O EPS tem a vantagem de apresentar um peso especifico leve, entre 1 e 1,5 kN/m³, mas o custo é alto. 2.7.2 Remoção de Solo Mole A remoção ou substituição do solo por material granular só deve ser considerada para depósitos inferior a 3 metros ou de baixa espessura. O comprimento não deve ser superior a 200 m. A camada de solo mole deve ser removida inteiramente, o DNER não aceita remoção parcial, pois essa solução é cara e de pouca eficiência.. Mesmo quando a substituição for uma solução viável, devem-se incluir nos custos os reflexos devido a criação de bota-fora e considerar os conseqüentes impactos ambientais provocados (DNER-PRO 381/98). 2.7.3 Bermas Para estabilizar e minimizar a inclinação de um talude de um aterro podese utilizar bermas de equilíbrio para tal, o que gera um aumento do fator de segurança contra a ruptura. As bermas de equilíbrio são plataformas laterais de contrapeso, construídas junto ao aterro principal responsável por criar um momento contrario ao de ruptura provocado pela carga do aterro (DNER/IPR, 2001). 45 2.7.4 Construção por Etapas A construção por etapas é feita por etapas sendo aterrado em duas ou três vezes. A primeira é construída acima da altura critica, para que seja estável, e depois passa por um período de repouso para que o processo de consolidação dissolva parte das poropressões e o solo ganhe resistência. Quando o ganho de resistência chegar aos níveis estabelecidos no projeto e que garantam a estabilidade, uma segunda camada de aterro pode ser executada (DNER-PRO 381/98). 2.7.5 Pré-carregamento Aplica-se uma sobrecarga temporária, entre 25 e 30% do peso do aterro para adiantar os recalques. O tempo de permanência da sobrecarga é determinando por estudos de adensamento e posteriormente verificando no campo através de equipamentos de observação de recalques e poropressões. Esta alternativa é ser eficaz em solos silto-arenosos, mas é pouco eficiente em solos argilosos de baixa permeabilidade, especialmente se a espessura da camada mole for grande. Nesse caso, esta alternativa só é eficaz se combinada com uso de drenos verticais ou geodrenos (DNER-PRO 381/98). 2.7.6 Geodrenos e Sobrecarga Temporária São elementos drenantes feito de materiais sintéticos com 100 mm de largura e 3 a 5 de espessura e com grande comprimento. São cravados verticalmente no terreno, formando uma malha, de forma a permitir a drenagem, e acelerar os recalques. Os geodrenos são alternativas técnicas que substituem os 46 antigos drenos de areia que, por sua vez não devem mais ser empregados (DNERPRO 381/98). 2.7.7 Aterro Estaqueado Consiste em transferir a carga do aterro diretamente a uma região do subsolo mais resistente, aliviando a camada mole e evitando os recalques. Consiste em um conjunto de estacas, geralmente pré-moldadas de concreto armado ou madeira tratada. O topo da estaca recebe um captel de concreto armado. As estacas são projetadas para transferir toda a carga do aterro para as camadas mais resistentes do terreno. 2.7.8 Reforço com Geossintéticos Os geossintéticos empregados em obras rodoviárias deverão atender as prescrições especificas do DNER e estar Catalogadas pela Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico do DNER (IPR/DNER). A principal referencia sobre o assunto é Palmeira (1995). O reforço atua na estabilidade do aterro e na redução de deslocamentos laterais, mas sem nenhuma influencia significativa nos recalques. 2.7.8.1 Características do Geossintético Geossintéticos são materiais sintéticos para aplicação em obras de engenharia, particularmente as geotécnicas e de produção ambiental. Os geossintéticos compreendem um conjunto de materiais polimérico com características e funções diferenciadas. Os polímeros mais comumente utilizados na confecção destes materiais são o polipropileno, o polietileno e o poliéster. Os 47 principais geossintéticos disponíveis, suas funções e características estão relacionadas na Tabela 8 abaixo: Tabela 8: Principais Tipos de Geossintéticos Tipo Geotêxtil Tecido Geotêxtil Não Tecido Geogrerlha Tiras Fios, Fibras, Micro-Telas Geomalhas Geodrenos Geomembranas Geocélulas Geocompostos Função característica Reforço Separação Drenagem Filtração Proteção x x X x x X x X x x x X X x x X X X x x x X Fonte: PALMEIRA, 1995 Os geotêxteis e as geogrelhas são os geossintéticos mais utilizados como elementos de reforços em solos de aterros e taludes íngremes ou estrutura de contenção. Os geossintéticos são fornecidos em rolos ou painéis, dependendo do tipo e dimensão do produto. 2.7.8.2 Propriedades Relevantes dos Geossintéticos Alguns requisitos básicos devem ser atendidos de modo que os geossintéticos possam ser utilizados como elementos de reforço em uma obra geotécnica, quais sejam: • Resistência a rigidez à tração; • Comportamento a fluência compatível; • Resistência a esforços de instalação compatível; • Grau de interação entre solo e reforço; • Durabilidade compatível com a vida útil da obra. 48 A tração dos geossintéticos deve ser obtida em ensaios realizados sob condições de deformação plana, sendo ensaio de tração de tira larga o mais comumente utilizado. Em vista disso, a resistência à tração de um geossintético ensaiado à tração plana é expressa em unidade de força por unidade de comprimento normal à direção solicitada, KN/m. O ensaio deve ser executado em condições padronizadas e o resultado obtido deve ser considerado com um valor índice uma vez que, dependendo do polímero utilizado na confecção do geossintético, os valores de resistência e rigidez à tração podem variar em função das condições do ensaio, particularmente da velocidade do ensaio. Geossintéticos à base de polipropileno e polietileno são mais sensíveis à velocidade de ensaio de fluência do que geossintéticos à base de poliéster ou poliamida. Em condições de campo, devido ao confinamento proporcionado pelo solo, a rigidez à tração obtida em ensaios de tração em geotêxteis, principalmente os não tecidos, pode ser significativamente superior à obtida em ensaios em isolamento (McGown ET al, 1982, Gomes, 1993, Tupa, 1994, Palmeira ET al, 1996). A rigidez obtida em ensaios de tração com confinamento por solo pode ser de 4 a 8 vezes maior que a obtida em isolamento, dependendo das características do geotêxtil, nível de deformação considerado e tensão normal confinante. Assim um geotêxtil aparentemente extensível em isolamento pode ser significativamente mais rígido quanto sob confinamento na obra. A fluência pode ser ou não relevante, dependendo do tipo e característica do elemento de reforço e vida útil da obra. É importante também observar que a fluência pode ser significantemente inibida pelo confinamento do geossintético na massa de solo (McGown et al, 1982). Fatores de redução aplicados sobre a resistência à tração índice do geossintético podem ser empregados de modo a se ter um comportamento seguro do reforço quanto à fluência ao longo da vida útil da estrutura. A resistência a esforços de instalação pode ser estimada através de ensaios apropriados (PALMEIRA, 1995). Devem ser evitadas práticas construtivas que provoquem danos mecânicos ao geossintético tais como, tráfego de veículos sobre a manta, material de aterro com arestas, pontas e cantos agressivos, etc. O grau de interação entre o solo e reforço, caracterizado pelo ângulo de atrito de interface (δ), é também avaliado através de ensaios com geossintéticos e 49 solos (cisalhamento direto ou arrancamento, por exemplo). É importante se identificar perfeitamente o mecanismo de interação entre solo e reforço. Os geotêxteis tipicamente interagem com os solos em contacto por atrito, ao passo que as geogrelhas interagem por atrito mas, predominantemente, por ancoragem dos seus membros transversais. A obtenção do ângulo de atrito entre solo e geotêxtil é relativamente fácil. Na falta de resultados de ensaios para a determinação de δ, e para análises preliminares, recomenda-se os valores apresentados na Tabela 9 abaixo (condições drenadas de cisalhamento). Tabela 9: Tabelas de Valores de δ para Análises Preliminares Tipo de solo Areias e siltes arenosos Siltes argilosos Geotêxtil Tecido Geotêxtil Não Tecido Geogrelhas ≤ 0.8ø ≤ 0.9ø (0.5 a 0.85)ø ≤ 0.7ø ≤ 0.8ø ≤ 0.5ø Fonte: PALMEIRA, 1995 Notas: ø – ângulo de atrito do solo obtido em condições de cisalhamento drenado. (*) – área sólida em planta menor que 85% da área total em planta e boa interação por ancoragem com o solo envolvente. 50 3 METODOLOGIA Dado a importância deste trabalho de estudo, faz-se necessário a uma pesquisa aprofundada sobre aterros em solos moles, em artigos e literaturas correspondentes ao mesmo. Dentre os assuntos pesquisados de maior importância como estabilidade global, tipos de solos, procedimentos de análises geotécnicas e geológicas, tipos de reforço de solos moles se adquiriu embasamento teórico para análise geral para a elaboração do trabalho em questão. De posse dos boletins de sondagens, foi estabelecido um perfil estratigráfico padrão para análise dos fatores de coeficiência. De posse da geometria do solo em questão realizou-se a análise de estabilidade global para a obtenção de um fator de segurança mínimo (FSmin) de acordo com a classe do aterro e do solo conforme Tabela 3 disposto neste trabalho. O FSmin adotado foi de 1,4. Para analise da estabilidade foi aplicado o método de Spencer, através do programa Slide do grupo Roc Science. A análise de estabilidade global feita na seção critica dotada no trecho de implantação do viaduto não obteve o FSmin estabelecido de 1.4, sendo assim foi feito a intervenção e fez-se o levantamento do custo para reforço do solo em questão. 51 4 APPRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS Neste capítulo serão mostradas as características do solo do local de estudo, a geologia do local, as características geotécnicas do solo de fundação, as análises de estabilidades, o perfil estratigráfico padrão, os parâmetros geotécnicos adotados para análises, as análises dos resultados e o custo para a implantação do caminho de acesso, objeto de estudo. 4.1 Características do Local 4.1.1 Local de Estudo O acesso ao viaduto 3 e 4, objeto de estudo, do lote 28 da BR 101 trecho Sul, encontra-se no município de Maracajá, Rodovia BR 101/SC, sub-trecho Tijucas/SC Divisa SC/RG, no segmento compreendido entre os Km 22+200 ao Km 24+400. As Figuras 13 e 14 ilustram a localização exata do lote 28 e também o local do acesso sobre solo mole. Figura 13: Localização Lote 28 Rodovia BR-101/SC Fonte: DENER – Departamento Nacional de Estrada e Rodagem. 52 Figura 14: Desvio da BR – 101 Existente Fonte: www.google.com.br/earth. 4.1.2 Estudo Geológico O estudo geológico foi realizado para o projeto de engenharia de duplicação da Rodovia BR 101/SC, sub-trecho Tijucas/SC – Divisa SC/RG, lote 28, no segmento compreendido entre os Km 387+000, acesso Centro à Criciúma até o Km 411 + 233,80, no Rio Araranguá. 4.1.2.1 Estudo Geológico Geral No lote 28 ocorre a formação de Palermo, representado por siltitos arenosos, cinza esverdeados e localmente amarelado, quando alterados, com camadas de arenito médio, na parte basal. Seguindo a formação Irati é constituída, na base, por siltitos e folhelhos cinza escuros e na porção superior por folhelhos cinza escuros, que intercala, em geral, duas camadas de folhelhos pretos, pirobetuminosos, associados a horizontes de calcários cinza escuro, dolomiticos, 53 podendo ter nódulos de siltex e fósseis de Mesosaurus brasilinsis. Sobre formação Irati ocorre a formação Serra Alta que compreende folhelhos, argilitos e siltitos cinza escuro a pretos, com fratura conchoidal localmente lentes e concreções calciferas. A formação Serra Geral ocorre com silts que se intercalam entre as rochas sedimentares das outras formações. Os sedimentos Quartanários se caracterizam por serem inconsolidados e devido a seu ambiente de formação, tende a constituir superfície planas, de baixas cotas, destacando-se lacustres, lacunares, com sedimentos argilosos com matéria orgânica e os areno-argilosos de origem marinha. Geotecnicamente tanto os solos derivados das rochas das formações Palermo, Irati e Serra Alta, atendem ser expansivos em seu horizonte C, diminuindo esta expansividade no horizonte B, que é de espessura reduzida, em torno de 1 metro. Os solos derivados dos sills de diabásio mostram um melhor comportamento geotécnico, com potencial para camada final de terraplanagem. Os solos marinhos areno argilosos também apresentam um bom comportamento geotécnico, podendo ser empregados como camada final de terraplenagem. Já os solos argilosos com a materia orgânica mostraram grande espessura alcançando 38 metros de profundidade no banhado do Maracajá, o que implica em serias dificuldades de projetos e executivas. 4.1.2.2 Geologia do Local O seguimento do Maracajá – km 403+750 ao km 411 + 233.8, chamado aqui de Banhado do Maracajá se constitui num dos pontos importantes do projeto, do lote 28, pois além de atravessar uma área com sérias dificuldades geológicas, geotécnicas e ecológicas, tem, em seqüência, que concordar com a travessia urbana da cidade de Araranguá, no lote 29. A grande espessura de argila mole determinou uma modificação geométrica e outras conseqüências, tais como ser interrompida, por ocasião das cheias, que ocorrem na região. 54 O problema do banhado do Maracajá decorre das condições geológico/ geotécnicas, devido a elevada espessura de argila mole, de baixa capacidade de suporte, o que determinou alterações de projeto, durante a implantação, no projeto geométrico, geotécnico, de terraplenagem e de drenagem. Analisando os perfis das sondagens, constata-se a seqüência deposicional dos sedimentos Quartanários, do Banhado do Maracajá: a) areia fina argilosa, marrom, com espessura da ordem de 1,00 a 3,0 metros; b) argila orgânica, cinza escura, muito mole, com espessura de até 27,0 metros; c) areia media fina, cinza a amarela ou argila com pedregulho, cinza escura, com espessura de 1,5 a 5,0 metros; d) seixo com matriz areno argila, com espessura de 1,5 a 3,0 metros; e) rocha (folhelho ou arenito). A Figura 15 logo abaixo mostra as formações geológicas do trecho em estudo: Figura 15: Mapa geológico do litoral catarinense Fonte: Carta de Solos – Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro – 1998 55 As legendas e a melhor visualização do mapa geológico estão no Anexo A. 4.2 Caracterização Geotécnica do Solo de Fundação A principal informação geotécnica fornecida foi a sondagem à percussão realizada na área destinada a implantação do viaduto 3 e 4 do lote 28 da BR-101. A sondagem realizada pela empresa Sotepa – Sociedade Técnica de Estudos de Projetos e Assessoria Ltda, constitui-se de 06 (seis) furos, nos quais foram realizados ensaios de SPT. A planta de locação dos furos de sondagens encontra-se no Anexo B. O solo de fundação onde será implantado o caminho de acesso, que possui 2000 metros de comprimento e 21 metros de largura, encontra-se situado, de acordo com os boletins de sondagens analisados, sobre uma variação de camada de argila muito mole intercalado com uma camada de Turfa com variação de cor entre marrom e preta. Até a profundidade de 10 metros, profundidade analisada neste trabalho, os resultados de SPT mostram n° de golpes variando entre 0 e 2 golpes. Caracterizando o solo de fundação como solos moles. Os boletins de sondagens encontram-se no Anexo C. 4.3 Análise de Estabilidade Para implantação do caminho de acesso destinado a viabilizar a construção do viaduto 3 e 4 mencionado anteriormente, se faz necessário verificar se o FSmin do aterro atende o FSadm estipulado para a obra. Estas análises foram feitas com base nas informações do perfil estratigráfico, da sobrecarga atuante, dos parâmetros geotécnicos dos solos de aterro e fundação, bem como da geometria do aterro objeto de estudo. As análises foram realizadas com auxílio do software Slide do grupo RocScience. 56 4.4 Perfil Estratigráfico Adotado na Análise Com base nos boletins de sondagens SP 133, SP 118, SP 88, SP 64, SP 49 e SP 34 fez-se o perfil estratigráfico do trecho de estudo, o perfil estratigráfico encontra-se no Apêndice A. Feito a análise verificou-se que o SP 64 possui o pior perfil de comportamento geotécnico até a profundidade de 10 metros, profundidade estudada, sendo assim elaborou-se o perfil estratigráfico adotado como solo de fundação do aterro. O perfil estratigráfico final obteve três camadas, a primeira de argila chegando até a profundidade de 2,4 metros, a segunda camada com presença de turfa com uma espessura de 1,70 metros e mais uma camada de argila chegando a profundidade de 10,0 metros. A Figura 16 mostra o perfil estratigráfico adotado como padrão para levantamento dos parâmetros necessários para análise deste trabalho. Figura 16: Perfil Estratigráfico Padrão. Fonte: O Autor. 57 4.5 Parâmetros Geotécnicos Os parâmetros geotécnicos adotados do solo de fundação presente no local tal como coesão, ângulo de atrito e peso especifico foram determinados através de correlações com os valores do NSPT do perfil estratigráfico padrão. 4.5.1 Solo de Aterro O solo de aterro que será utilizado como material para fazer o caminho de acesso foi extraído da jazida Mosquito. Os parâmetros do material em questão, que se encontram no Anexo D, foram fornecidos pelo consorcio Construcap Ferreira Guedes, responsável pela execução da obra. A Tabela 10 mostra os parâmetros geotécnicos da areia: Tabela 10: Parâmetros geotécnicos da areia. Уsat (KN/m³) Amostra У (KN/m³) 21,20 AREIA 19,80 C (KPa) Ø (º) 0,00 33,00 Fonte: O Autor. 4.5.2 Brita Graduada Para a brita graduada serão adotados os parâmetros de enrrocamento especificados na Tabela 11 abaixo: Tabela 11: Parâmetros geotécnicos da Brita graduada. Уsat (KN/m³) Amostra У (KN/m³) 22,00 BRITA GRADUADA 21,00 Fonte: O Autor. C (KPa) Ø (º) 0,00 42,00 58 4.5.3 Solo de Fundação Os dados de resistência obtidos para a análise do aterro sobre solo mole deste trabalho para a região de estudo apresentam duvidas quanto a sua integridade. Em virtude disso será usado uma correlação de NSPT, mencionado anteriormente. Os dados de У e Уsat foram extraídos da tabela de Parâmetros Médio do Solo de Ivan Joppert jr. que encontra-se no Anexo E. Para uma determinação adequada dos dados, o perfil estratigráfico foi novamente dividido de acordo com o NSPT, ficando assim subdivido em dois tipos de solos, o solo um e solo dois, o solo um com NSPT variando de 0 a 1 golpe e o solo dois com 2 golpes. O NSPT médio extraído do perfil padrão adotado do solo 1 foi de 0,75 golpes e o índice de plasticidade maior que 25. De acordo com a Equação 8 temos: O NSPT médio extraído do perfil padrão adotado do solo 2 foi de 2 golpes e o índice de plasticidade maior que 25. De acordo com a Equação 8 temos: A Tabela 12 mostra os parâmetros do solo de fundação. Tabela 12: Parâmetros geotécnicos do solo de fundação. Уsat (KN/m³) NSPT Amostra У (KN/m³) 0,75 11 SOLO 1 11 SOLO 2 Fonte: O Autor. 2 12 12 C=Cu (KPa) 9,37 Ø (º) 15,00 25,00 15,00 4.5.4 Sobrecarga Atuante De acordo com a NBR 7188/84 classe 45 a sobrecarga considerada no dimensionamento do aterro foi de 30 KN/m² e refere-se ao peso dos veículos de 59 transporte e montagens carregados com o material pré-moldado do viaduto (Vigas, pilares e Lajes). 4.6 Análise dos Resultados Foi considerada na análise de estabilidade a ruptura global, a seção de pior comportamento geotécnico, já mencionado anteriormente no perfil estratigráfico. A Figura 17 mostra a seção tipo para a análise dos coeficientes de segurança. Figura 17: Seção tipo adotado. Fonte: O Autor. De acordo com o DNER-PRO 381/98 a altura critica Hc dada pela Equação 9 abaixo: (9) Onde Cu é a resistência média não drenada da argila e у é o peso especifico do material do aterro. Logo: 60 Utilizando o fator de segurança (fs) de 1,4 o Hc fica: A altura equivalente da sobrecarga é determinado pela equação 10: (10) Logo: A altura total (Ht) é a soma do Hc(fs) com o H0, tem-se: Ht = Hc(fs) + H0 = 1,73 + 1,51 = 3,24 m Chegando-se ao FS a través da Equação 11 abaixo: (11) Logo, obtém-se o seguinte resultado: Através das equações mencionadas foi possível determinar FS aterro, que é de 0,75. A análise de estabilidade do talude do aterro em questão também foi realizada através do Método de Spencer, que se baseia na teoria de equilíbrio limite e de confiabilidade consagrada, aplicado com auxílio do software Slide. A Figura 18 abaixo mostra a curva de ruptura de Spencer e a Tabela 13 apresenta o valor de segurança obtido através da analise de estabilidade. 61 Figura 18: Curva de ruptura - Spencer Fonte: Slide Tabela 13: Analise de estabilidade – Fatores de segurança. Seção Fs calculado Fs admissível 1 0,793 1,40 Fonte: O Autor. A análise de estabilidade deixa claro, que se o aterro projetado for executado, poderá ocorrer a ruptura do solo de fundação. Conclui-se que é necessário adotar uma solução que viabilize a implantação. 4.7 Soluções para Viabilizar a Construção do Caminho de Acesso Para viabilizar a construção do caminho de acesso do viaduto 3 e 4 do lote 28 da BR 101, avaliou-se as soluções existentes para reforço de solo mole, e devido a necessidade de uma rápida construção e esforço solicitante do mesmo, descartou-se o uso de geodrenos e estacas. Optou-se em analisar a utilização de geossintéticos e a construção de bermas de equilíbrio para elevar o fator de segurança. As demais soluções para reforço de solos mole não se enquadram nas características da solicitação do aterro do caminho de acesso, objeto de estudo. 62 4.7.1 Cálculo do Coeficiente de Segurança com Reforço Para o reforço, foi lançado na interface do aterro com o solo de fundação um geossintético com resistência nominal ultima a tração longitudinal de 400 KN/m² para tentar atingir o FSadm. Com base nos dados existentes chegou-se ao seguinte resultado como mostra a Figura 19. Figura 19: Curva de ruptura - Spencer - Grupo Roc Science. Fonte: Slide. Como podemos ver, o fator de segurança obtido com o uso do geossintético melhorou, mais ainda não alcançou FSadm. A resistência a tração longitudinal do geossintético estipulada para o calculo do FSmim foi baixo em relação ao que se necessita, para um melhor resultado com geossintético é necessário aumentar a resistência a tração, mas isso implicaria em custo financeiro, já que quanto maior a resistência maior o valor do produto. A Tabela 14 mostra o resultado final da análise com FSmin calculado e o FSadm. Tabela 14: Analise de estabilidade – Fs da solução. Fs calculado sem Fs calculado com Seção Geogrelha Geogrelha 0,793 1 1,057 Fonte: O Autor. Fs admissível 1,4 Analisou-se então a estabilidade do aterro utilizando-se bermas de equilíbrio com comprimento de 28 metros para cada lado do caminho de acesso com 63 espessura de 1,20 metros. A Figura 20 Abaixo está representando os resultados da análise feita. Figura 20: Curva de Ruptura – Spencer. Fonte: Slide. A Tabela 15 mostra o resultado final da análise com o FSmin calculado com bermas e o FSadm. Tabela 15: Analise de estabilidade – Fs da solução. Fs calculado sem Fs calculado com Seção Bermas Bermas 0,793 1 1,402 Fonte: O Autor. Fs admissível 1,4 A utilização de bermas de equilíbrio fez com que o FSmin alcançasse a 1,402, sendo assim, a análise do resultado acima deixa claro que a solução satisfaz o FSadm estipulado para o caminho de acesso. Por motivo de segurança e garantia da obra, adotou-se essa solução para todo o trecho de implantação do viaduto, sendo que as distâncias entre os furos de sondagem eram muito distantes e nada garantiria que esse perfil não pudesse ser encontrado entre os furos de sondagens existentes com melhor NSPT. 4.8 Análise de Custo Abaixo está descrito o custo para a execução do aterro e do reforço que será utilizado na construção do acesso. 64 4.8.1 Custo do Reforço O reforço escolhido para a implantação no local, a berma de equilíbrio, com a área compreendida em toda a extensão do viaduto, que equivale a 112.000 m² e volume de 134.000 m³, e tem o custo estimado em 16,00 R$/m³ (SICRO2). A Tabela 16 abaixo mostra o custo final do reforço. Tabela 16: Valor dos materiais do aterro. Material un Quant. Berma de equilibrio m³ 134.000 Vlr unit. Vlr Total R$ 16,00 R$ 2.154.400,00 Fonte: O Autor. 4.8.2 Custo do Aterro O aterro a ser construído, será composto de areia e brita graduada. A altura do aterro foi estipulada em 1,50 metros de altura e a camada de brita graduada de 0,15 metros de acordo com a seção tipo mostrada anteriormente. O custo para a execução do aterro encontra-se na Tabela 17 abaixo: Tabela 17: Valor dos materiais do aterro. Material un Quant. AREIA m³ 63.000 BRITA GRAD. m³ 9.000 Fonte: O Autor. Vlr unit. R$ 16,00 R$ 38,00 Vlr Total R$ 1.008.000,00 R$ 342.000,00 O custo total para a implantação do caminho de acesso do aterro incluindo o reforço com bermas de equilíbrio é igual a R$ 3.504.400,00 (três milhões, quinhentos e quatro mil e quatrocentos reais). 65 5 CONCLUSÃO Levando em consideração os procedimentos do DNER-PRO 381/98 caracterizou-se o caminho de acesso como sendo um aterro classe I, para o qual é estipulado um FSadm≥1,4. Após análise feita com base nos boletins de sondagens até a profundidade de 10 metros, profundidade estudada, foi desenvolvido um perfil estratigráfico para melhor analisar o solo de fundação. Em mãos ao perfil estratigráfico determinou-se uma seção critica que caracterizou o boletim de sondagem SP 64 como sendo o furo de sondagem com o pior perfil geotécnico do trecho em estudo, subdividiu-se o perfil em dois tipos de solo, o solo 1 com NSPT variando de N= 0 e N= 1 e o solo 2 com NSPT = 2. Fazendo correlações através dos métodos de Terzaghi - Peck e Bowels chegou-se a uma coesão não drenada de 9,37 KN/m² para o solo 1 e 25,0 KN/m² para o solo 2, os dados de y e ysat foram estraido da tabela de Ivan Joppert jr o que nos deu um y e e ysat = 11KN/m³ para o solo 1, e para o solo 2 y e e ysat = 12KN/m³. Os dados como coesão, ângulo de atrito, peso especifico do material de aterro foram extraídos dos ensaios fornecidos pelo consorcio e os dados acima citado da brita graduada foram determinados através dos parâmetros de enrrocamento. De acordo com a NBR 7188/84 classe 45 a sobrecarga considerada no dimensionamento do aterro foi de 30 KN/m. Após levantado todos esses dados calculou-se o Fsmin da seção tipo através da equação de capacidade de cargas de Terzaghi chegando a um Fsmin = 0,75 e através do Método de Spencer pelo programa computacional Silde, do grupo Roc Science chegando-se a um Fsmin = 0,793 comprovando que os dois métodos se equivalem. Concluiu-se que é necessário adotar uma solução para viabilizar o caminho de acesso, objeto de estudo. Após analisar as alternativas de soluções para execução de aterros sobre solos moles e devido a necessidade e urgência da obra e outros fatores específicos, optou-se por se adotar como soluções reforço com geossintéticos ou bermas de equilíbrio. Após análise de estabilidade global verificou- 66 se ser satisfatória o uso de bermas de equilíbrio que chegou a um Fsmin de 1,402, que atende o FSadm admissível determinado para a obra. Sendo possível então fazer o levantamento dos custos para implantação do caminho de acesso. O custo para fazer o reforço com bermas chegou-se a R$ 2.154.400,00 e o custo do caminho de acesso com a camada de areia e a Brita graduada a R$ 1.350.000,00 totalizando o valor para a implantação do caminho de acesso em R$ 3.504.400,00. Fica como sugestão para trabalhos futuros: •Avaliar a estabilidade do caminho de acesso com base em parâmetros de resistência ao cisalhamento determinados através de ensaios triaxiais UU (Não consolidado-Não drenado); •Determinar as deformações que o aterro sofreria durante a construção do caminho de acesso. 67 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, Paulo. Fundações e Obras de Terra. Apostila utilizada para disciplina de Mecânica dos Solos do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Sorocaba. FACENS: 2003 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 7188: Carga Móvel em Ponte Rodoviária e Passarela de Pedestre, 1984. BELLO, Maria Isabela Marques da Cunha. 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Programa de Imagens por Satélite. Versão 4.0.209 (beta) GUSMÃO FILHO, Jaime Azevedo. Fundações de Pontes: Hidráulica e geotécnica – Recife (PE): Ed. Universitária da UFPE, 2008 328p 69 MASSAD, Faiçal. Obras de Terra: Curso básico de geotecnia. São Paulo: Oficina de textos, 2003. 170 p. MACEDO, Caroline Tetoni. Alternativas Geotcécnicas para Passagem Inferior Sobre Solo Moles em Paulo Lopes/SC: Estudo de caso. 2008. TCC (Graduação em Engenharia Civil. Área de Concentração: Geotecnia. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC MARANGON, Márcio. Mecânica dos Solos II – Notas de Aula, 192p. Versão 2006/2 Faculdade de Engenharia UFJF Disponível em: http://www.nugeo.ufjf.br/notas_aula/ms2_unid05%20P1.pdf Acesso em: 10 set. 2009 PINI. Fundações, Teoria e Pratica. São Paulo, 1998 2ª edição. PALMEIRA, E.M. Manual Técnico Sobre Solo Reforçado: Taludes e Estruturas de Contenção: Manual editado pela Rhodia S.A 1995 p. PINTO, Carlos de Sousa. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 aulas. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. 252 p. RIO DE JANEIRO, Secretaria Municipal de Obras. Fundação Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro (GEORIO). Manual Técnico de Encostas: Análise eInvestigação. 2 ed. Rio de Janeiro, 2000. 253 p. SCHNAID, Fernando. Ensaios de Campo e suas aplicações à Engenharia de Fundações. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. 189 p. SANTOS, Nicolas Coelho. Análise de Estabilidade de Aterro Reforçado Sobre Solo Mole: Estudo do caso. 2008. 138 f. TCC (Graduação em Engenharia Civil). Área de concentração: Geotecnia. Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ - Departamento de Estruturas e Fundações. Estabilidade de Taludes. Rio de Janeiro: 2007 VARGAS, Milton. Introdução a Mecânica dos Solos. São Paulo: Mcgraw-Hill do Brasil, 1977. 509 p. 70 SOLUÇÕES DE ENGENHARIA. Boletim Técnico – Estabilização de Solos, 2009 Disponível:<http://www.sasolucoesdeengenharia.com/boletins/Boletim_Tecnico_02__Estabilizacao_de_solos.pdf> Acesso em: 18 de Set. 2009 YAZBEKBITAR, Omar. Instituto de pesquisa tecnologica divisão de geologia: Curso de Geologia Aplicada ao Meio Ambiente – São Paulo 1995 71 ANEXO A – MAPA GEOLÓGICO LEGENDA Depósitos: Aluvionares, Lagunares, Colúvio Aluvionares, Marinhos, Turfáceos, Eólicos atuais a Subatuais Depósitos Marinhos Formação Serra Geral (Soleiras) km 000+000 km 387+000 km 4+000 km 391+000 Formação Rio do Rasto km 9+700 km 396+700 Formação Teresina km 15+000 Formação Serra Alta km 402+000 Formação Irati Formação Palermo km 24+241,11 km 411+233,80 Formação Rio Bonito MT 16º DRF ELABORAÇÃO DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM SEGMENTO: Km 387,0 a RODOVIA: BR-101/SC TRECHO: DIVISA PR/SC - DIVISA SC/RS Km 411,0 SUBTRECHO: TIJUCAS/SC (Rio Inferninho) -DIVISA SC/RS LOTE: (Rio Mampituba) ESTUDO GEOLÓGICO 28/SC PROJETO FINAL DE ENGENHARIA MAPA GEOLÓGICO Projetos, Supervisão e Planejamento Ltda Rodovia Existente Eixo Projetado Alternativa 3 (Contorno do Banhado de Maracajá) Fonte: Carta de Geologia- Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro - 1998 - 1:100.000 ESCALA VISTO DA D.T. APROVADO DNER FOLHA EG-01 73 ANEXO B – LOCAÇÃO DOS FUROS DE SONDAGENS 75 ANEXO C – BOLETINS DE SONDAGENS Amostrador SPT Diam. Externo = Perfuração 2" Data 1,00 m. A trado até = Diam. Interno = 1 3/8" Lavagem Início = 15/09/2008 Fim = 16/09/2008 = SP - 49 Sondagem nº : Revestimento = 2 1/2" Sem escala 1,960 m Sondador: EDSON DA SILVA Resistência a penetração do amostrador Cota da boca do furo = Prof. Cota da Nível (mts) camada d'água GRÁFICO Golpes / cm ---1º+2º cm -----2º+3º cm 0 5 10 15 20 25 DESCRIÇÃO EXPEDITA PROF. 30 35 40 45 50 0 Argila arenosa marrom. 1,960 1 1,00 0,960 1 45 1,00 Argila orgânica preta, consistência muito mole. 4,00 Turfa marrom, consistência muito mole. 4,80 Argila arenosa preta, consistência muito mole. 8,00 Argila arenosa preta, consistência mole. 9,00 Argila arenosa com veios amarelos, consistência média. 2 1 2,00 -0,040 3,00 -1,040 PRÓPRIO PESO 4,00 -2,040 PRÓPRIO PESO 5,00 -3,040 1 100 6,00 -4,040 1 100 7,00 -5,040 2 30 2 30 8,00 -6,040 3 30 4 30 45 3 4 5 6 7 8 9 10 9,00 -7,040 6 30 7 30 10,00 -8,040 6 30 7 30 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Prof. N.A = 0,00m. Cliente : CONSÓRCIO CONSTRUCAP / Obs.: SONDAGEM GEOLÓGICA A PERCUSSÃO FERREIRA GUEDES Responsável Técnico: ................................................................................................................... Folha nº Amostrador SPT Diam. Externo = Perfuração 2" Data 1,00 m. A trado até = Diam. Interno = 1 3/8" Lavagem Início = 04/11/2008 Fim = 06/11/2008 = SP - 133 Sondagem nº : Revestimento = 2 1/2" Prof. Cota da Nível (mts) camada d'água Sem escala 1,970 m Sondador: PEDRO FERREIRA DE SOUZA Resistência a penetração do amostrador Golpes / cm PROF. GRÁFICO Cota da boca do furo = ---1º+2º cm -----2º+3º cm 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 DESCRIÇÃO EXPEDITA 50 0 Argila preta com vegetação. 1,970 1 1,00 0,970 1 48 1,00 Argila preta, consistência muito mole. 4,00 Argila marrom, consistência muito mole. 5,00 Argila marrom, consistência mole. 6,00 Argila marrom, consistência muito mole. 7,00 Argila arenosa cinza, consistência média. 10,00 Argila arenosa cinza, consistência rija. 2 2,00 -0,030 2 51 3,00 -1,030 1 47 4,00 -2,030 2 30 2 30 5,00 -3,030 2 30 3 30 6,00 -4,030 2 30 2 30 6 7,00 -5,030 4 30 5 30 7 8,00 -6,030 5 30 6 30 3 4 5 8 9,00 -7,030 4 30 7 30 10,00 -8,030 7 30 10 30 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Prof. N.A = 0,00m. (INICIAL) Obs.: SONDAGEM GEOLÓGICA A PERCUSSÃO Responsável Técnico: ................................................................................................................... Folha nº Amostrador SPT Diam. Externo = Perfuração 2" Data 1,00 m. A trado até = Diam. Interno = 1 3/8" Lavagem Início = 05/11/2008 Fim = 05/11/2008 = SP- 118 Sondagem nº : Revestimento = 2 1/2" Prof. Cota da Nível (mts) camada d'água Sem escala 1,257 m Sondador: RAIMUNDO GEORGE AMORIM Resistência a penetração do amostrador Golpes / cm PROF. GRÁFICO Cota da boca do furo = ---1º+2º cm -----2º+3º cm 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 DESCRIÇÃO EXPEDITA 50 0 Turfa (não veio amostra). 1,257 1 1,00 0,257 2 30 2 30 1,00 Turfa (não veio amostra), consistência muito mole. 2,60 Argila cinza escura, consistência muito mole. 10,00 Argila cinza clara, consistência muito mole. 2 2,00 -0,743 2 30 2 30 3 3,00 -1,743 2 30 2 30 4 4,00 -2,743 2 30 2 30 5 5,00 -3,743 2 30 2 30 6,00 -4,743 1 30 1 15 7,00 -5,743 2 30 2 30 8,00 -6,743 2 30 2 30 9,00 -7,743 1 45 10,00 -8,743 2 30 6 7 8 9 2 30 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 TREPANAÇÃO 1º TEMPO DE 10 MINUTOS = 0,00cm 2º TEMPO DE 10 MINUTOS = 0,00cm 3º TEMPO DE 10 MINUTOS = 0,00cm 20 21 Prof. N.A = 0,00m. Cliente : CONSÓRCIO CONSTRUCAP / Obs.: SONDAGEM GEOLÓGICA A PERCUSSÃO FERREIRA GUEDES Responsável Técnico: ................................................................................................................... Folha nº Amostrador SPT Diam. Externo = Perfuração 2" Data 1,00 m. A trado até = Diam. Interno = 1 3/8" Lavagem = Início = 30/09/2008 Fim = 03/10/2008 SP - 88 Sondagem nº : Revestimento = 2 1/2" Prof. Cota da Nível (mts) camada d'água GRÁFICO Golpes / cm ---1º+2º cm -----2º+3º cm 1,520 1,00 0,520 2,00 3,00 4,00 -0,480 5,00 6,00 -3,480 7,00 -5,480 8,00 -6,480 9,00 -7,480 10,00 -8,480 -1,480 -2,480 -4,480 Sem escala 1,520 m Sondador: VILMAR PRANGER Resistência a penetração do amostrador Cota da boca do furo = 0 0 Argila escura. 1 2 30 1 1 1 1 2 50 2 2 2 1 20 2 30 30 30 30 2 3 45 30 30 1,00 1,60 Argila escura, consistência muito mole. Argila arenosa escura, consistência muito mole. 6,30 Argila orgânica cinza escura, consistência muito mole. 4 1 1 2 15 2 2 2 1 30 5 15 6 30 7 30 DESCRIÇÃO EXPEDITA PROF. 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 8 30 30 15 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 TREPANAÇÃO 37 1º TEMPO DE 10 MINUTOS = 0,00cm 2º TEMPO DE 10 MINUTOS = 0,00cm 3º TEMPO DE 10 MINUTOS = 0,00cm 38 39 Prof. N.A = 0,00m. Cliente : CONSÓRCIO CONSTRUCAP / Obs.: SONDAGEM GEOLÓGICA A PERCUSSÃO FERREIRA GUEDES Responsável Técnico: ................................................................................................................... Folha nº Amostrador SPT Diam. Externo = Perfuração 2" Data 1,00 m. A trado até = Diam. Interno = 1 3/8" Lavagem = Início = 18/09/2008 Fim = 19/09/2008 SP- 64 Sondagem nº : Revestimento = 2 1/2" 1,780 m Sondador: VILMAR PRANGER Resistência a penetração do amostrador Golpes / cm GRÁFICO Cota da boca do furo = Prof. Cota da Nível (mts) camada d'água ---1º+2º cm -----2º+3º cm Sem escala DESCRIÇÃO EXPEDITA PROF. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 0 Argila escura. 1,780 1 1,00 0,780 1 30 1 15 1,00 Argila escura, consistência muito mole. 2,40 Turfa com pedaços de madeira, consistência muito mole. 4,10 Argila orgânica cinza escura, consistência muito mole. 7,00 Argila cinza clara, consistência muito mole. 2 2,00 -0,220 1 30 1 15 3 4 3,00 -1,220 1 45 4,00 -2,220 1 30 5 1 15 6 5,00 -3,220 1 40 1 15 6,00 -4,220 1 40 1 15 7,00 -5,220 1 35 1 15 8,00 -6,220 1 35 1 15 9,00 -7,220 2 30 2 30 10,00 -8,220 2 30 2 30 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 TREPANAÇÃO 1º TEMPO DE 10 MINUTOS = 2,00cm 22 2º TEMPO DE 10 MINUTOS = 1,00cm 3º TEMPO DE 10 MINUTOS = 0,00cm 23 Prof. N.A = 0,00m. Cliente : CONSÓRCIO CONSTRUCAP / Obs.: SONDAGEM GEOLÓGICA A PERCUSSÃO FERREIRA GUEDES Responsável Técnico: ................................................................................................................... Folha nº Amostrador SPT Diam. Externo = Perfuração 2" Data 1,00 m. A trado até = Diam. Interno = 1 3/8" Lavagem Início = 13/11/2008 Fim = 14/11/2008 = SP - 34 Sondagem nº : Revestimento = 2 1/2" Prof. Cota da Nível (mts) camada d'água GRÁFICO Golpes / cm ---1º+2º cm -----2º+3º cm 1,532 1,00 Sem escala 1,532 m Sondador: PEDRO FERREIRA DE SOUZA Resistência a penetração do amostrador Cota da boca do furo = 0,532 0 5 10 15 20 25 35 40 45 50 0 Argila marrom com vegetais. 1 1 48 DESCRIÇÃO EXPEDITA PROF. 30 2 2,00 -0,468 1 40 3 3,00 -1,468 1 49 4 4,00 -2,468 2 50 5,00 -3,468 2 40 6,00 -4,468 2 30 1,00 Argila marrom com veios cinza, consistência muito mole. 3,00 Argila cinza escura, consistência muito mole. 9,00 Argila cinza escura, consistência mole. 10,00 Argila cinza com madeira, consistência mole. 5 6 2 30 7 7,00 -5,468 2 30 2 30 8,00 -6,468 2 30 2 30 9,00 -7,468 3 30 3 30 10,00 -8,468 3 30 3 30 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 Prof. N.A = 0,00m. Cliente : CONSÓRCIO CONSTRUCAP / Obs.: SONDAGEM GEOLÓGICA A PERCUSSÃO FERREIRA GUEDES Responsável Técnico: ................................................................................................................... Folha nº 82 ANEXO D – PARÂMETROS GEÓTÉCNICOS DA AREIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO Departamento de Engenharia Civil LABORATÓRIO DE MECÂNICA DOS SOLOS ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO Interessado: Consórcio Construcap-Modern-Ferreira Guedes Local: Jazida Mosquito - Araranguá / SC Amostra: Areia fina Laboratorista: Marciano Maccarini Responsável: Marciano Maccarini Data: 26/07/09 Observações Tensão Cisalante X Deformação Horizontal 20 101,6 0,005 1,6937 0,01 0,01 Observação: Amostra compactada na energia Proctor Normal 0,9 Tensão Cisalhante (kg/cm²) Altura das Amostras ( mm ): Largura das Amostras ( mm ): Velocidade ( cm/s ): Constante do Anel de Carga ( Kg/div. ): Constante do Ext. Horizontal ( mm/div. ): Constante do Ext. Vertical ( mm/div. ): 3 0,8 3 0,7 0,6 0,5 2 0,4 0,3 1 0,2 0,1 0 0 2 4 6 8 Deformação Horizontal ( % ) Deformação Vertical X Deformação Horizontal RESULTADOS Deformação Vertical (%) Densidade dos Grãos ( g/cm³ ): 2,60 Condições do Ensaio: INUNDADO 1 2 0,5 0 -0,5 0 Coesão ( kPa): 0,00 Ângulo de Atrito Interno ( º ): 33,0 Peso Específico Natural (kN/m³): 19,80 Peso Específico Saturado (kN/m³): 21,20 2 4 6 8 3 -1 -1,5 1 -2 -2,5 Deformação Horizontal ( % ) Tensão Cisalhante X Tensão Normal 1,600 Tensão Cisalhante (kg/cm²) 1,400 1,200 1,000 0,800 0,600 0,400 y = 0,6454x + 0,0051 R² = 0,9994 0,200 0,000 0,000 0,200 0,400 0,600 0,800 1,000 1,200 Tensão Normal (kg/cm²) 1,400 1,600 1,800 2,000 84 ANEXO E – PARÂMETROS MÉDIO DO SOLO Tabela n° 13 - Parâmetros médios do solo Tipo de solo Areia pouco siltosa I pouco argilosa I ~ Areia média e fina muito argilosa Argila porosa vermelha e amarela Argila siltosa pouco arenosa (terciário) Argila arenosa pouco siltosa Turfa I argila orgânica (quaternário) Silte arenoso ?OUCO argiloso (residual) Peso específico (g) Módulo de elasticidade Natural Saturado (tlm2) (t/m3) 0-4 2000 - 5000 5-8 Coesão efetiva (tlm3) Ângulo atrito efetivo (f) 1,7 1,8 25° - 4000 - 8000 1,8 1,9 30° - 9 - 18 5000 - 10000 1,9 2,0 32° - 19 -41 8000 - 15000 2,0 2,1 35° - 2: 41 16000 -20000 2,0 2,1 38° - 0-4 2000 1) 1,8 25° O 5-8 4000 1,8 1,9 28° 0,5 9 - 18 5000 1,9 2,0 30° 0,75 19-41 10000 2,0 2,1 32° 1,0 0-2 200 - 500 1,5 1,7 20° 0,75 3-5 500 - 1000 1,6 1) 23° 1,5 6 - 10 1000 - 2000 1,7 1,8 25° 3,0 > 10 2000 - 3000 1,8 1,9 25° 3,0 a 7,0 0-2 100 1) 1,8 20° 0,75 3-5 100-250 1,8 1,9 23° 1,5 6 -10 250 - 500 1,9 1,9 24° 2,0 11 - 19 500 - 1000 1,9 1,9 24° 3,0 20 - 30 3000 - 10000 2,0 2,0 25° 4,0 > 30 10000- 15000 2,0 2,0 25° 5,0 0-2 500 1,5 1) 15° 1,0 3-5 500 - 1500 1) 1,8 15° 2,0 6 - 10 1500 - 2000 1,8 1,9 18° 3,5 11-19 2000 - 3500 1,9 1,9 20° 5,0 > 20 3500 - 5000 2,0 2,0 25° 6,5 0- 1 40 - 100 1,1 1,1 15° 0,5 2-5 100 - 150 1,2 1,2 15° 1,0 5-8 8000 1,8 1,9 25° 1,5 9 - 18 1000 1,9 2,0 26° 2,0 19 - 41 15000 2,0 2,0 27° 3,0 2: 41 20000 2,1 2,1 28° 5,0 Faixa de STP (tf/m2) 86 APÊNDICE A –PERFIL ESTRATIGRÁFICO