UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS FACULDADE NACIONAL DE DIREITO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO (PPGD/FND/UFRJ) NOELLE COELHO RESENDE FORMAÇÃO JURÍDICA E DIREITOS HUMANOS: Uma análise da Produção de Conhecimento, Pesquisa e Extensão Universitária. RIO DE JANEIRO 2011 NOELLE COELHO RESENDE FORMAÇÃO JURÍDICA E DIREITOS HUMANOS: Uma análise da Produção de Conhecimento, Pesquisa e Extensão Universitária. Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Direito da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Direito. Orientadora: profª Dra. Miriam Krenziger A. Guindani RIO DE JANEIRO 2011 Resende, Noelle Coelho. Formação Jurídica e Direitos Humanos: Uma análise da Produção de Conhecimento, Pesquisa e Extensão Universitária / Noelle Coelho Resende – 2011. 219 f. Orientadora: Miriam Krenzinger A. Guindani. Dissertação (mestrado em Direito) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, Faculdade de Direito. Bibliografia: f. 137-144 1. Direitos Humanos – Dissertação. 2. Educação em Direitos Humanos. 3. Formação Jurídica Universitária. 4. Extensão Universitária. I. Guindani, Miriam Krenzinger A.. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas. Faculdade de Direito. III. Título. CDD 341.27 NOELLE COELHO RESENDE FORMAÇÃO JURÍDICA E DIREITOS HUMANOS: Uma análise da Produção de Conhecimento, Pesquisa e Extensão Universitária. Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Direito da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Direito. Aprovado em ___________________________________________ Miriam Krenzinger A. Guindani, Doutora Universidade Federal do Rio de Janeiro – Orientadora ___________________________________________ Juliana Neuenschwander Magalhães, Doutora Universidade Federal do Rio de Janeiro ___________________________________________ Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva, Doutora Universidade Federal do Rio de Janeiro ___________________________________________ Jadir Anunciação de Brito, Doutor Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro DEDICATÓRIA A minhas amigas e meus amigos, que permeiam os meus dias com a mais linda criatividade, a mais crua sensibilidade, os pensamentos mais impensáveis e a mais insensata loucura. Por todos os dias me confrontarem com o inesperado e me ajudarem a pensar fora do eixo. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiro e de forma inesquecível à minha avó, Iracilda Lima Coelho, que com todas suas limitações, me mostrou que uma mulher, da época e lugar que for, pode sempre lutar para não ser enxergada como uma pessoa menos capaz e limitada a uma época ou lugar. Pode sempre lutar para determinar os rumos de sua vida. Aos meus pais. A minha mãe, que percorreu duros caminhos para superar a visão que tinha dos outros e a que os outros tinham dela (e determinavam a sua própria). Assim me mostrou que podemos nos reinventar a cada dia. Ao meu pai, que com sua racionalidade e determinação cunhou em mim meus primeiros grandes objetivos. Hoje os revejo todos os dias, porém eles permanecem comigo. A ambos, por terem provocado em mim minhas primeiras grandes fissuras. Ao meu irmão, pelos eternos desentendimentos e discordâncias, que me fazem conviver com a diferença todos os dias, e me mostram que nossas maiores lutas estão dentro de nós mesmos. Mas acima de tudo, pela amizade de absolutamente todos os dias de minha vida. Aos animais que habitam meu coração e minha casa e que desde pequena me ensinaram que a sensibilidade e compreensão do outro deve estar sempre além do que podemos facilmente entender. Que apenas assim se constrói o verdadeiro respeito. A todos os meus amigos, que – cada um de sua maneira – mais próximos ou mais distantes, me escutaram e me fizeram ouvir, mudando sempre os rumos dos meus pensamentos. Entre eles, Renan Araújo, Rodrigo Konder, Bernardo Jacob, Bruna Albertini, Cesar Miranda, Luiz Henrique “Museu”, Alexandra Estrella, Frederico Fiori, Clara Buturini, Natália Rosa, Fernanda Sereno e Amanda Boa. Todos de alguma forma abriram caminhos diferentes e desconhecidos e me confrontaram com a necessidade de mudar, argumentar, criar, construir e destruir. A alguns deles, agradeço de forma específica. A Maria Carolina Henriques, pela parceria desde os oito anos de idade, por compartilhar confidências e sonhos infantis e adultos, e por isso ser, muito mais que uma amiga, uma irmã de coração. A Erica Rosa, por todas as divagações e desconcentrações, que abriram espaço para minhas próprias divagações e desconcentrações, por me tirar do eixo e pelo amor incondicional. A Gabriela Alcofra dos Santos, pela parceria nos primeiros passos no Direito, pela amizade e companheirismo que cresceram nas diferenças e se solidificaram nas semelhanças e alianças. Como todas as melhores amizades. A Carol Butturini de Carvalho, pelo eterno abraço, pelos dias e pelas madrugadas de conversas, pelo espaço para expor minhas mais secretas loucuras, por ser minha alma gêmea de confusões, medos, alegrias e esperanças – de vida e pensamentos. A Julia Lopes Pacheco, o mais novo presente em minha vida, lindo, fluido, sólido, repleto de pensamentos e percepções trocadas em simples olhares, preto e branco e colorido. A Sylvia Vaz, pelo enorme carinho, pelas lindas palavras, pela compreensão, e por toda a falta de sentido e loucura que a iluminam. A Pedro França, por oito anos de amor e amizade, por crescer junto, por permear meus dias com sons, fotos, imagens e movimento. Por me ajudar, assim, a cultivar outros sonhos e caminhos. A Frederico Pinheiro, por seu carinho incomparável, compreensão, amizade e amor. Por acreditar em mim e me permitir acreditar nele desde o primeiro dia em que o conheci. A Marianna Olinger, uma amizade inesperada e extremamente peculiar (como qualquer amizade com pessoas peculiares obrigatoriamente é) que marcou meu último ano e minha vida de forma perene. A Daniel Costa Lima, pelos pensamentos e reflexões, carinho e inspiração. Pela identificação mutante e mutável, mas eterna. Por fim, a minha irmã, Patrícia Rangel, por ser absolutamente tudo, por me confrontar com minhas limitações, defeitos e arrogâncias, por ser parceira em todos os momentos felizes, alegres, tristes, difíceis e desoladores, independente de diferenças e distâncias, por ter me ajudado a trilhar o caminho que agora percorro e pelo amor incondicional trocado todos os dias. Nesse caminho dos Direitos Humanos, agradeço primeiramente a Melisanda Trentin pelo apoio e amizade nos primeiros árduos e desanimadores passos. É emocionante ver os rumos que foram traçados desde que nos conhecemos. A Paula Kapp, Gisele Martins, Marilia Assad, Renata Trajano e Fernanda Pradal, por estarem ao meu lado em tantos projetos, e por mostrarem que os desafios profissionais são possíveis de serem enfrentados ao lado de pessoas lutadoras, honestas e dedicadas. A Moniza Rizzini, que mais que uma nova companheira de trabalho, significou uma ajuda imensurável na reta final deste trabalho. A Ariane Gontijo pela troca e inspiração contínua no último ano, pelo ouvido atento, o olhar compreensivo e a crescente parceria e amizade. A Pâmela Chagas Pinto, que começa a trilhar seus passos no terreno árido da formação jurídica e com seu dedicado trabalho foi essencial para o desenvolvimento dessa pesquisa. Mais do que companheiras de trabalho se tornaram verdadeiras amigas e estão sempre em meus pensamentos. Agradeço as/os companheiras/os de mestrado Flávia Martins, Cristiane Igreja, Marcus Vinicius Matos e Miguel Mesquita, porque nos desafios e na luta com nossos medos, angústias e limitações, nós encontramos verdadeiras parcerias. Agradeço especialmente à professora Juliana Neuenschwander Magalhães, por garantir uma abordagem crítica e inspiradora aos Direitos Humanos no mestrado, e por permear com arte a compreensão (ou não compreensão) dos mesmos. A professora Sayonara Grillo, pelo carinho, paciência e estímulo, durante as aulas de Seminário na construção da proposta de pesquisa. Agradeço também a todas/os as/os companheiras/os que integram as equipes do Instituto de Estudos da Religião, do Núcleo Interdisciplinar de Ações para Cidadania e do Programa de Pós-Graduação da Faculdade Nacional de Direito, que com seu esforço e dedicação possibilitam que os mesmos existam e desenvolvam um trabalho ético, sério, dedicado e eficiente. Agradeço por fim, a duas pessoas sem as quais esse trabalho não existiria hoje. A Pedro Strozenberg, inspirador na luta pelos Direitos Humanos, por sua gentileza, informalidade, sensibilidade e compreensão sobre os tempos e necessidades de cada um. A Miriam Krenzinger A. Guindani, que abriu as mais diversas portas, profissionais e mentais, e que me orientando, tantas vezes me desorientou, com a percepção de que apenas abrindo espaços desorientados, podemos permitir que alguém – com suas próprias pernas – possa caminhar e se orientar. RESUMO RESENDE, N. C. Formação Jurídica e Direitos Humanos: Uma Análise da Produção de Conhecimento, Pesquisa e Extensão Universitária. 2011. 219 fls. Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade Nacional de Direito, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. O trabalho desenvolvido tem como objetivo central compreender como se constitui atualmente a formação jurídica universitária no que tange a Educação em Direitos Humanos, a partir da análise do ensino, pesquisa e extensão universitária no Direito. No âmbito da proposta construída, considerando a importância da percepção da formação no campo dos Direitos Humanos de forma integral e inter-relacionada, a extensão universitária se constitui como espaço privilegiado de diálogo entre as demais atividades. O pressuposto teórico da pesquisa é construído a partir de uma perspectiva crítica e complexa dos Direitos Humanos e do Direito (Costas Douzinas, Luis Alberto Warat, Antonio Carlos Wolkmer, Zigmund Bauman, Urich Beck), que orienta o desenvolvimento de todo o estudo proposto e promove uma permanente reflexão e reconstrução das análises construídas. Para a construção da pesquisa foi inicialmente traçado um panorama geral normativo e de desenvolvimento de políticas públicas em Direitos Humanos e Educação em Direitos Humanos, e foram, então, analisados diversos dados acerca da produção de conhecimento (SciELO, Revista SUR e Revista SEDH), do desenvolvimento de pesquisas (CNPq) e de programas/projetos de extensão universitária (Universidades Federais). Por fim, considerando a extensão universitária como eixo de integração entre ensino e pesquisa, e campo privilegiado de aprofundamento da análise proposta, foi definido como unidade de pesquisa o Núcleo Interdisciplinar de Ações para Cidadania da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NIAC/UFRJ). A partir do pressuposto teórico construído, os dados coletados foram analisados e problematizados com base em categorias centrais e idéias- chave mapeadas e identificadas durante a pesquisa, com o intuito de construir uma análise crítica sobre o quadro geral atual existente no âmbito da formação jurídica universitária em Direitos Humanos. Através da problematização de todas as informações coletadas e da análise da unidade de pesquisa específica selecionada para o aprofundamento da percepção acerca da Educação em Direitos Humanos no Direito – a partir da percepção da extensão universitária como campo de integração entre as diversas atividades que compõem a formação – foram construídos possíveis caminhos de reflexão para o problema proposto pela pesquisa: “como estão sendo contemplados e trabalhados os Direitos Humanos, na formação jurídica, no campo da produção de conhecimento, da pesquisa e da extensão universitária?”. Palavras-chave: Educação em Direitos Humanos; Formação Jurídica Universitária; Extensão Universitária. ABSTRACT RESENDE, N. C. Legal Teaching and Human Rights: An Analysis of Knowledge Production, Research and University Extension. 2011. 219 fls. Dissertation (MSc in Law) – National Faculty of Law, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011 This research‟s main objective is to understand how Legal Teaching is currently implemented in regards to the Education in Human Rights, and from the analysis of knowledge production, research and university extension in Law Schools. Amidst this proposal and considering the importance of observing legal teaching in the field of Human Rights in an integral and inter-related way, university extension programs constitute a privileged space of dialogue when compared to other activities. The theoretical assumption of the research is constructed from a critical and complex perspective in Human Rights and Legal Teaching (Costas Douzinas, Luis Alberto Warat, Antonio Carlos Wolkmer, Zigmund Bauman, Urich Beck), which guides the development of the proposed study and promotes a permanent reflection and reconstruction of the analysis built. To construct this research, first, a normative and public policy development overview of Human Rights and Education in Human Rights was undergone, secondly, various data were analyzed, from knowledge production databases (SciELO, SUR Magazine and SEDH Magazine), to research development (CNPq) and university extension programs/projects (Brazilian Federal Universities). Finally, considering university extension to be a point of integration between teaching and research, and as a privileged field to expand the proposed analysis, the Interdisciplinary Center for Citizenship Action from the Federal University of Rio de Janeiro (NIAC/UFRJ) was defined as the research‟s focus. From the theoretical assumption elaborated, the data collect was contextualized and analyzed based upon central categories and key-ideas mapped and identified throughout the research, in order to build a critical analysis of the general framework of the current Human Rights‟ curriculum within Law Schools. Through the analysis of all information collected and of the research center selected to expand the perception regarding the Human Rights Educaction in Law Schools – through the perception that the university extension is a field of integration between various activities that comprise an University education – different paths were built to reflect upon the problem proposed by the research: “How is the theme of Human Rights being addressed and dealt with in Law Schools, in the field of knowledge production, research and university extension?” Key-words: Education in Human Rights; Legal Studies; University Extension. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ALERJ CAPES CFCH/UFRJ CNEDH CNPq CRFB/88 ESS FAPERJ FASE FAU FND IDP IES IP ISER IUPERJ FDV FDSM FURG LDB MACKENZIE MEC MJ NEDH NIAC/UFRJ PEDH PNDH III PNE PNEDH PPGD/FND PR-5 PROIPADI PUC-Rio PUC/SP SciELO SEASDH SEDH/PR SUR UEA UEB Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Escola de Serviço Social Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Núcleo de Direitos Humanos da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Faculdade Nacional de Direito Instituto Brasiliense de Direito Público Instituições de Ensino Superior Instituto de Psicologia Instituto de Estudos da Religião Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro Faculdades Integradas de Vitória Faculdade de Direito do Sul de Minas Universidade Federal do Rio Grande Lei de Diretrizes e Bases da Educação Universidade Presbiteriana Mackenzie Ministério da Educação Ministério da Justiça Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação em Direitos Humanos Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania da Universidade Federal do Rio de Janeiro Plano Estadual de Direitos Humanos Plano Nacional de Direitos Humanos Plano Nacional de Educação Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Programa de Pós-Graduação da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro Programa de Intervenção, Avaliação e Diagnóstico em Psicologia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Pontifícia Universidade de São Paulo Scientific Eletronic Library Online Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República Revista Internacional de Direitos Humanos Universidade do estado do Amazonas Universidade do Estado da Bahia UEMS UEPB UERJ UFAC UFAL UFBA UFC UFCG UFGD UFERSA UFES UFF UFJF UFMA UFMG UFMS UFOPA UFPB UFPE UFPI UFPR UFRGS UFRJ UFRN UFS UFSC UFSM UFU UFV UNB UNEB UNEMAT UNESCO UNICAP UNIR UNIRIO UNIVILLE UniCEUB UNICSUL UNIFIEO UNIFOR UNIGRANRIO UNIPAM UNIRITTER UNISINOS UNIVERSO UNOCHAPECO Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul Universidade Estadual da Paraíba Universidade Estadual do Rio de Janeiro Universidade Federal do Acre Universidade Federal de Alagoas Universidade Federal da Bahia Universidade Federal do Ceará Universidade Federal de Campina Grande Universidade Federal de Grande Dourados Universidade Federal Rural do Semi-Árido Universidade Federal do Espírito Santo Universidade Federal Fluminense Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Federal do Maranhão Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal de Ouro Preto Universidade Federal do Oeste do Pará Universidade Federal da Paraíba Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal do Piauí Universidade Federal do Paraná Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio Grande do Norte Universidade Federal do Sergipe Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Maria Universidade Federal de Uberlândia Universidade Federal de Viçosa Universidade de Brasília Universidade do estado da Bahia Universidade do Estado de Mato Grosso United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization Universidade Católica de Pernambuco Universidade Federal de Rondônia Universidade Federal do estado do Rio de Janeiro Universidade da Região de Joinville Centro Universitário de Brasília Universidade Cruzeiro do Sul Centro Universitário FIEO Universidade de Fortaleza Universidade do Grande Rio Centro Universitário de Patos de Minas Centro Universitário Ritter dos Reis Universidade do Vale do Rio dos Sinos Universidade Salgado de Oliveira Universidade Comunitária da Região de Chapecó URCA USP Universidade Regional do Cariri Universidade de São Paulo SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................................15 1 PANORAMA GERAL: EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E DIREITO .... 31 1.1 Reflexões Iniciais e Algumas Perguntas .........................................................................33 1.2 Panorama Geral: Educação em Direitos Humanos ......................................................37 2 PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO: SCIELO, SUR E SEDH/PR .............................51 2.1 Mapeando Direitos Humanos: Produção Acadêmica em Direitos Humanos no Direito ......................................................................................................................................54 3 DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM DIREITOS HUMANOS NO DIREITO ...............................................................................76 3.1 Grupos de Pesquisa: Diretório CNPq .............................................................................78 3.2 Extensão Universitária em Universidades Federais ......................................................94 4 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: O NUCLEO INTERDISCIPLINAR DE AÇÕES PARA CIDADANIA (NIAC/UFRJ) ................................................................................... 107 4.1 Núcleos de Extensão Universitária – Primeiras Impressões: UFMG e UFPB ............107 4.2 O Núcleo Interdisciplinar de Ações Para a Cidadania (NIAC/UFRJ) ..................... 112 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................123 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 137 ANEXO A ................................................................................................................................145 ANEXO B ............................................................................................................................. 148 ANEXO C ............................................................................................................................. 153 ANEXO D ............................................................................................................................. 157 ANEXO E ............................................................................................................................. 170 ANEXO F ............................................................................................................................. 172 ANEXO G ............................................................................................................................. 178 ANEXO H ............................................................................................................................. 180 15 INTRODUÇÃO Perguntar-se como começar de forma constante é a possibilidade de poder sair de qualquer rotina. É a arte que esconde todo o começo. Luis Alberto Warat Escrever é essencialmente se voltar para as profundezas de si e simultaneamente de tudo que nos cerca. É, portanto, um exercício de constante diálogo entre nossas mais inquietantes incertezas, nossas mais fluidas e mutáveis verdades, e nossa capacidade de sentir, absorver e refletir sobre nossos diversos – e contraditórios – olhares. Assim, a cada letra, palavra e frase, construímos, desconstruímos e reconstruímos nossa própria e permanentemente indefinida identidade. Escrever é essencialmente, portanto, o diálogo do Eu com o Outro. Uma dissertação de mestrado, apesar de todas as peculiaridades, especificidades e formalidades necessárias, é fundamentalmente um ato de escrever. Portanto, assim como a produção de um relato pessoal, a escrita em um diário, o desenvolvimento de um conto ou a inspiração para um romance, coloca-nos cara a cara com nossos maiores medos, fissuras, rachaduras, incertezas e – principalmente – limitações. A disposição para essa escrita requer, portanto, coragem para revirar a si mesmo pelo avesso, para descobrir, para olhar, apontar e falar, para ver o mundo com os olhos de alguém que vê a si mesmo e que se assumindo mutável e inconstante, pode assumir tudo como mutável e inconstante. A escolha do tema de estudo, portanto, muito mais que uma simples escolha, deve ser sempre uma disposição interna de curiosidade e descoberta. Deve ser algo que comova, mova, remova e impulsione. O tema proposto me toca de maneira pessoal e profunda. Tendo cursado a graduação em Direito na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), entre os anos de 2003 e 2007, sinto que minha formação jurídica foi a entrada em um mundo árido. Foram cinco anos em que me perdi um pouco mais a cada dia. Saí da faculdade com pouca vontade de exercer qualquer atividade ligada diretamente ao Direito. No início de 2008, encontrei-me na possibilidade de trabalho no campo dos Direitos Humanos e na vida acadêmica em espaços pouco permeados pela noção tradicional de Direito. O Direito 16 parece cada vez mais excluir de si a verdadeira noção da alteridade, e sem a noção do outro, não construímos a noção de nós mesmos. Construímos realidades invisíveis e imutáveis. O tema desse trabalho, portanto, configura-se como uma mobilização íntima originada na minha formação jurídica, onde o caráter excessivamente dogmático, árido e não-reflexivo do curso de Direito proporcionou questionamentos constantes. Minha própria percepção sobre a trajetória traçada na UERJ só se configurou de forma mais clara ao final do curso, com o início da atuação no Núcleo de Direitos Humanos da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), onde pude mais livremente estudar e refletir sobre os Direitos Humanos através do contato inicial com temas, produções e pesquisas com abordagens polêmicas, controversas e críticas. A entrada para o Programa de Pós-Graduação da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGD/FND/UFRJ) proporcionou um espaço rico para o estudo dos Direitos Humanos e para o exercício de uma postura crítica frente à realidade da formação jurídica. O início da atuação no Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania (NIAC/UFRJ) proporcionou o trabalho, ao longo dos últimos dois anos, no Projeto Pacificar1 (convênio com o Ministério da Justiça - MJ), na Revisão do Plano Estadual de Direitos Humanos2 (convênio com a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos - SEASDH) e na atual implantação do Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação em Direitos Humanos – NEDH 3 (convênio com a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República – SEDH/PR). 1 A primeira função exercida no âmbito do NIAC/UFRJ foi de supervisora do Projeto Pacificar. O projeto teve como objetivo principal fomentar uma cultura jurídica diferenciada a partir do trabalho com as formas alternativas de resolução de conflitos. Foram desenvolvidas atividades de formação, pesquisa e de atendimento voltadas para a reflexão acerca do acesso à justiça e das formas alternativas, com ênfase na mediação de conflitos. 2 O projeto teve como objetivo primordial, revisar e qualificar as propostas existentes no Plano Estadual de 2002, a partir da sistematização de diversos debates públicos no campo dos Direitos Humanos (primordialmente conferências, planos e programas – nacionais e estaduais), da participação de múltiplos segmentos do poder público e da sociedade civil e da revisão por consultores especialistas na temáticas abrangidas 3 O NIAC/UFRJ foi uma das três universidades contempladas pelo edital de 2010 da SEDH/PR para implementação/fortalecimento de Núcleos de Educação em Direitos Humanos. A presente dissertação configura uma das três linhas de pesquisa propostas para a consolidação do Núcleo. As outras duas universidades são a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Universidade Federal de Goiás (UFG). Em fevereiro de 2011, teve início a implantação do Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação em Direitos Humanos, através de convênio com a SEDH/PR, no âmbito do NIAC/UFRJ. O projeto possui uma linha de pesquisa direcionada para o estudo do tema proposto nessa dissertação. Dessa forma, são garantidas a continuação e a qualificação da pesquisa aqui desenvolvida.Cumpre ressaltar a importância da 17 Concomitante à entrada no mestrado, ocorreu a minha aprovação em processo seletivo do Instituto de Estudos da Religião (ISER) para a função de coordenadora do núcleo do projeto Balcão de Direitos (2009) do Morro da Providência. No início de 2010, assumi na mesma instituição a função de pesquisadora em Direitos Humanos, atuando em diversos projetos na área. O estudo teórico proporcionado pelo mestrado e as atividades práticas desenvolvidas vêm permitindo e promovendo uma constante reflexão crítica acerca do papel dos Direitos Humanos na formação jurídica, no âmbito da educação para os Direitos Humanos no ensino jurídico, assim como de sua função como ferramenta de intervenção social. Por sua vez, a rotina das diversas atividades e projetos e a aproximação com as outras áreas (Psicologia, Serviço Social e Arquitetura) que compõem o NIAC/UFRJ permitiram refletir sobre a percepção dos Direitos Humanos pelo Direito. A construção da hipótese e das premissas da pesquisa elaborada para a dissertação do mestrado se dá a partir do trabalho prático de campo e se qualifica através do constante estudo teórico sobre os conceitos que permeiam as atividades desenvolvidas no campo dos Direitos Humanos. A construção da proposta de pesquisa possui como referência pressupostos teóricos de análise complexa (BAUMAN, 2001; BECK, 2008; SENNETT, 2009; RORTY, 2010) e crítica do Direito (WOLKMER, 2008; WARAT, 2009), dos Direitos Humanos (DOUZINAS, 2009; SANTOS, 2006; FLORES, 2004), e da educação em Direitos Humanos (CANDAU, 2009; SOUSA JUNIOR, 2010; FEITOSA, 2007), construídos por diversos autores dos campos em questão e é desenvolvida a partir da busca por realizar uma reflexão aprofundada sobre os temas, considerando a constatação das ambigüidades e paradoxos dos próprios Direitos Humanos (DOUZINAS 2009, SOARES & GUINDANI, 2010). Foi este subsídio teórico que permitiu a construção das ponderações sobre os dados levantados e eventuais recomendações ou sugestões relacionadas às temáticas trabalhadas. Os autores foram utilizados de forma dinâmica, e este fato está claro tanto nas referências explícitas como nas implícitas. aluna da graduação em Direito da FND/UFRJ e estagiária bolsista do NEDH, Pâmela Chagas Pinto, para a concretização da pesquisa proposta. 18 Nessa ótica, a partir de agosto de 2009, iniciou-se o desenvolvimento da pesquisa, proporcionando críticas e reflexões permanentes, questionando constantemente as verdades reafirmadas nos temas debatidos. Entende-se que qualquer construção teórica – nesse caso essencialmente no campo de compreensão dos Direitos Humanos – não deve pautar-se em uma verdade permanente e dominante. Para além do estudo do problema proposto – como estão sendo contemplados e trabalhados os Direitos Humanos, na formação jurídica, no campo da produção de conhecimento, da pesquisa e da extensão universitária? – a reflexão crítica acerca da complexidade, fluidez e impermanência que permeiam todas as construções humanas baseia o desenvolvimento deste trabalho, proporcionando a associação de idéias diversas e pautando a produção de um conhecimento em constante auto-reflexão. A dissertação elaborada analisa, portanto, a abordagem construída no campo dos Direitos Humanos na formação jurídica no Brasil, a partir de um levantamento sobre a produção de conhecimento, o desenvolvimento de pesquisas e a organização de projetos/programas de extensão universitária no Direito. A extensão universitária, no âmbito da análise desenvolvida, é compreendida como campo privilegiado de estudo por se constituir como ferramenta para a formação integral do aluno (agregando atividades de ensino e pesquisa) e como instrumento de intervenção social no campo da efetivação dos Direitos Humanos. Nesse sentido, o NIAC/UFRJ é trazido como unidade de pesquisa exemplificativa para a complementação da análise proposta nesse estudo. A escolha do Núcleo como unidade da pesquisa empírica foi baseada não somente na minha inserção como pesquisadora do programa, mas também na percepção acerca de seu potencial como campo fértil de estudo para as indagações levantadas pela pesquisa. Qualquer pesquisa convive com a existência de expectativas sobre seu desenvolvimento e sobre as supostas conclusões que serão alcançadas. A inserção do pesquisador na unidade de análise pressupõe um maior cuidado com a abordagem realizada e tem que ser constantemente pensada para que as expectativas e vontades não desvirtuem de forma exagerada as possibilidades da pesquisa. A metodologia construída para o desenvolvimento da pesquisa foi permeada, nesse sentido, pela reflexão sobre a inserção da pesquisadora no campo estudado. 19 Através da pesquisa bibliográfica aprofundou-se a base conceitual (histórica, filosófica e política) sobre os Direitos Humanos, educação em Direitos Humanos, ensino universitário e crítica ao Direito. A análise proposta na pesquisa parte do pressuposto inicial geral sobre a abordagem e construção acrítica e não reflexiva acerca dos Direitos Humanos no ensino jurídico e da conseqüente necessidade de problematização da mesma. Para a construção do referencial crítico de análise no campo dos Direitos Humanos foram utilizados diversos autores que abordam a temática a partir de diferentes perspectivas e conceituações. No intuito de iniciar a exposição e construção da base teórica de análise que permeou o trabalho apresentado, expõem-se aqui algumas reflexões iniciais que serão retomadas, ressignificadas e complementadas ao longo de toda a dissertação. Conforme já mencionado, o pressuposto teórico da complexidade permeia a presente pesquisa no sentido de permanentemente estimular a revisão e reconstrução dos conhecimentos adquiridos. Ademais, o pensamento teórico da complexidade é base para a própria compreensão acerca da narrativa construída pelos Direitos Humanos. A construção da base teórica da complexidade parte da compreensão da sociedade contemporânea como um fenômeno em constante mutação, flexível e instável. Nesse contexto, é necessário pensar em como se dá a compreensão e a mobilização para os Direitos Humanos dentro da lógica da flexibilidade (BECK, 2008; SENNETT, 2009), da não construção ou construção frágil das relações de confiança. Como se podem buscar objetivos de longo prazo em uma sociedade de curto prazo? Como se podem manter relações sociais duráveis? Como pode um ser humano manter e desenvolver uma narrativa de identidade e história de vida em uma sociedade composta por fragmentos? (RORTY, 2010, p. 40) Outra questão importante na análise dos Direitos Humanos é a de que a atual insegurança gerada por uma sociedade permeada pelo risco, pelas relações frágeis e passageiras, impede que os indivíduos realizem projeções para o futuro. Essa possibilidade é essencial para que se cultive uma vontade transformadora do próprio presente. Na sociedade contemporânea, a disposição para repensar a condição humana é marcada pelo colapso da confiança e pela queda da vontade de mobilização política, social e coletiva (BAUMAN, 2001). O objetivo constante desse trabalho é encarar a essência paradoxal – não aceitá-los como algo lógico e imutável – dos Direitos Humanos, que se revela permanentemente na 20 impossibilidade de perceber a extensão dos mesmos enquanto concretização, sendo percebidos apenas enquanto objeto de reivindicação. (MAGALHÃES, 2010). A autora Lynn Hunt (2007) traz alguns aportes históricos interessantes sobre a construção da noção de universalidade dos Direitos Humanos. Inicia a sua reflexão questionando o processo de afirmação dos Direitos Humanos, como direitos universais - em uma época em que imperava o regime de escravidão – assim como a necessidade reiterada de afirmar a sua pretensa auto-evidência (HUNT, 2007). A afirmação de auto-evidência se constitui como crucial para a história dos Direitos Humanos. Porém os Direitos Humanos, afirmados como universais, naturais, iguais para todos, só ganham sentido quando são considerados dentro de seu conteúdo político. São Direitos Humanos em sociedade. A análise histórica realizada pela autora promove a reflexão sobre o que significa afirmar, na atualidade, a característica de universalidade dos Direitos Humanos, em um mundo permeado e marcado por um número imensurável de diferenças. Como seria possível pensar em um núcleo fixo de Direitos Humanos que fossem efetivamente adequados para a compreensão das diversas realidades culturais e sociais? A Revolução Francesa, mais do que qualquer outro acontecimento, revelou que os direitos humanos têm uma lógica interna. Quando enfrentaram a necessidade de transformar seus nobres ideais em leis específicas, os deputados desenvolveram uma espécie de escala de conceptibilidade ou discutibilidade. Ninguém sabia de antemão que grupos iam aparecer na discussão, quando surgiriam e qual seria a decisão sobre o seu status. Porém, mais cedo ou mais tarde, tornou-se claro que conceder direitos a alguns grupos (aos protestantes, por exemplo) era mais facilmente imaginável do que concedê-los a outros (as mulheres). (HUNT, 2007, p. 150) Nesse contexto, o que é de fato, a humanidade que consideramos o fundamento dos Direitos Humanos? Os Direitos Humanos, com suas pretensões universalistas, não podem fornecer respostas para todas as questões que se apresentam atualmente. Com certeza não poderão fornecer respostas caso seja mantida a atual forma majoritária e simplista de se pensar e refletir os Direitos Humanos. Negar os paradoxos intrínsecos a determinado conceito é retirar do próprio a possibilidade de refletir a realidade que pretende revelar ou analisar. Uma análise da perspectiva histórica dos Direitos Humanos revela que tanto o conceito de „direito‟ quanto de „humano‟ são conceitos construídos em sociedade e que determinam quem é “digno” de possuir quais direitos (COIMBRA et al, 2008). Essa 21 reflexão pode levar à percepção de que o que consideramos como direitos universais e indivisíveis são muitas vezes afirmações de direitos para uns – os considerados em determinado momento como dignos de serem portadores de direito, ou seja, “humanos” – e a negação reiterada para outros. A possibilidade de se refletir sobre o processo histórico que determina, com base em práticas sociais, as dinâmicas de afirmação dos Direitos Humanos e dos sujeitos desses direitos abre caminho para o trabalho a partir dos paradoxos constitutivos dos Direitos Humanos. A constatação dos limites dos Direitos Humanos poderia nesse sentido ser um caminho para superação de alguns desses mesmos limites. Dessa forma, pode-se compreender a afirmação de alguns autores que julgam que a revelação dos Direitos Humanos está em sua violação. Assim é que a afirmação histórica de Direitos Humanos é muito mais do que a conquista de certos direitos em determinada época e realidade social. É uma afirmação de que direitos podem ser reconhecidos dentro de determinada dinâmica social e quem poderá ser portador desses direitos consagrados como universais. Nesse sentido é importante refletir sobre a abordagem desenvolvida por Flavia Piovesan (2007). Para a autora, considerando a historicidade dos Direitos Humanos, a concepção contemporânea destes estaria fundada na Declaração Universal de Direitos Humanos – DUDH (1948) e reiterada na Declaração de Direitos Humanos de Viena (1993). Os Direitos Humanos se constituiriam como paradigma referencial ético orientador da ordem internacional contemporânea. O valor da dignidade humana deveria, portanto, orientar o constitucionalismo local, regional e global. A autora traz, ainda, alguns desafios para a efetivação dos Direitos Humanos na ordem internacional, a partir da lógica da universalidade, indivisibilidade e diversidade. O aporte teórico desenvolvido por ela se constitui como importante para a reflexão proposta no trabalho, pois revela a necessidade de cuidado reiterado no que tange à análise sobre a constituição e efetividade dos Direitos Humanos. Apesar de desenvolver um estudo de importância imprescindível para os Direitos Humanos, especialmente no que tange ao âmbito internacional de Direitos Humanos, a autora muitas vezes reitera conceitos como o da universalidade e indivisibilidade sem promover uma análise mais aprofundada sobre os seus paradoxos constitutivos. 22 No âmbito dessa discussão, Amartya Sen (1999) expõe algumas questões relacionadas à temática dos Direitos Humanos, no que tange ao papel da cultura ocidental na desvalorização e submissão de outras culturas e construções sociais. Sobre esse aspecto, o autor faz uma reflexão sobre a trajetória de construção de alguns valores asiáticos, para desconstruir a noção de autoritarismo comumente ligada a eles. Os argumentos que sustentam essas visões, segundo Amartya Sen, são baseados em interpretações arbitrárias e restritas. A noção e valorização da liberdade não perpassam apenas a cultura ocidental. Não existe uma fórmula para a preservação ou não de valores e hábitos culturais, no entanto, a possibilidade de preservação de uma cultura esta ligada diretamente à capacidade potencial das pessoas participarem de discussões públicas sobre o assunto. Os diferentes segmentos da sociedade devem ser ativos nas discussões e a reflexão sobre Direitos Humanos, em sentido amplo, está envolvida nesse raciocínio. Para o autor, é essencial perceber a importância de determinada cultura, assim como sua limitação e os valores de outros hábitos culturais. Amartya Sen trabalha uma noção complexa de diálogo intercultural, trazendo a valorização das diferenças culturais, para além do que geralmente afirmamos como cultura ocidental, oriental, asiática. Deseja qualificar e aprofundar a noção de multiplicidade cultural dentro das culturas usualmente reconhecidas e perante suas múltiplas influências. Nesse âmbito o autor Boaventura de Sousa Santos (2006) trabalha a noção de multiculturalismo emancipátorio como alternativa para a construção de uma concepção de Direitos Humanos atenta às diversas práticas sócio-culturais e para um equilíbrio entre competência global e legitimidade local – construção de política contra-hegemônica de Direitos Humanos. O diálogo intercultural deve partir da idéia de que a construção cultural em si é um processo de diálogo entre culturas. Não existe uma cultura que tenha se constituído de forma fechada e mesmo que as interpenetrações e trocas se dêem de forma assimétrica, todo o processo histórico e cultural é um processo de troca. A complexidade dos direitos humanos reside em que estes podem ser concebidos e praticados, quer como forma de localismo globalizado, quer como forma de cosmopolitismo subalterno e insurgente; por outras palavras, quer como globalização hegemônica, quer como globalização contra-hegemônica. (SANTOS, 2006, p. 441) Para Boaventura, “a forma como os Direitos Humanos se transformaram, nas duas últimas décadas, na linguagem da política progressista e quase em sinônimo de 23 emancipação social causa alguma perplexidade” (SANTOS, 2006, p. 433) e seu objetivo é compreender como e em que condições os Direitos Humanos podem ser colocados verdadeiramente a serviço de uma política progressista e emancipatória. Próximo à linha trabalhada por Boaventura, Joaquim Herrera Flores (2004) aborda o conceito de Direitos Humanos a partir da análise de três dimensões conceituais: a dimensão filosófica, dimensão teórico-política e dimensão filosófico-jurídica. A dimensão filosófico-jurídica parte da idéia de que a visão liberal individualista dos Direitos Humanos funciona como pressuposto ideológico no campo da produção jurídica. O termo Direitos Humanos funciona para a imposição de uma concepção liberal individualista da idéia de humanidade, como se expressasse a essência abstrata de pessoa. E o termo “direitos” funciona como se os Direitos Humanos pudessem ser garantidos por si mesmos, sem a necessidade de outras instâncias. Mantém a idéia de cultura jurídica como algo separado do conjunto de relações sociais, políticas jurídicas e econômicas. Cuando hablamos desde la convencion de los derechos humanos es mucho más necessário desvelar y enjuiciar criticamente los rasgos patriarcales de la cultura jurídica; es decir, los supuestos, hipotesis y ficciones que imponen um único punto de vista, uma lectura particular y parcial de la realidad como si fuera la única y la universal (FLORES, 2004, p.35) Em cima de todo o exposto, o autor defende que os Direitos Humanos funcionam como um contexto de narração estabelecendo processualmente as relações entre o mundo normativo e o mundo material, entre limites da realidade e as demandas ético-culturais. Esse contexto de narração pode conduzir a um posicionamento passivo ou de resistência dependendo de nossos compromissos interpretativos. A antropóloga Rita Segato (2006) traz a importância dos Direitos Humanos como forma de transformação da sensibilidade, através da possibilidade pedagógica oferecida pelo discurso legal na abertura de formas de moralidade e sensibilidade éticas desconhecidas. O impulso ético nos torna seres críticos e políticos. É a ética que faz com que o inevitável seja visto como evitável – que aquilo que parece automático seja na realidade reconhecido como construído e possível de ser modificado permanentemente. Os Direitos Humanos têm que ter como base o impulso ético, para serem normatizações capazes de se adequar à permanente reconstrução e diversidade da sociedade. Do impulso ético depende a própria expansão dos Direitos Humanos. 24 “O sujeito ético seria, se nos inspirássemos nessa perspectiva, o ser em movimento, aberto ao futuro e a transformação, o ser exigido por uma vontade infatigável de transmutar valores e minar certezas, o ser que duvida e suspeita” (SEGATO, 2006, p. 224). No esteio da reflexão crítica sobre a percepção atual dos Direitos Humanos e as potencialidades inseridas em processos que percebam e aceitem os paradoxos constitutivos desse conceito, Luis Alberto Warat (2009) traz uma concepção diferenciada para os Direitos Humanos, a partir da contribuição da filosofia surrealista para sua percepção e compreensão. A alteridade precisa ser compreendida a partir da sensibilidade para a convivência humana. O mundo deve ser compreendido em termos de coexistência, e não de existência, para que possamos passar da lógica de dominação que subjuga o outro, para um caminho possível de emancipação. Assim os direitos humanos devem deixar de ser vistos a partir de uma perspectiva exclusivamente normativista. Uma representação problemática carregada de lugares comuns da própria concepção de direitos do homem somados aos provenientes do próprio subparadigma jurídico da modernidade. Uma representação da questão muito mais preocupada em convencer do que em apresentar. Os subparadigmas modernos estiveram sempre mais preocupados em representar soluções sem fendas do que me mostrar os abismos de uma razão que ignorou sempre suas próprias incompletudes, insuficiências e des-razões. (WARAT, 2009, pp. 131-132). A construção da base de análise crítica dos dados levantados foi complementada e qualificada a partir do estudo do trabalho desenvolvido por Luiz Eduardo Soares e Miriam Krenzinger A. Guindani (2010) no âmbito da compreensão das concepções construídas no campo dos Direitos Humanos nas Ciências Sociais. A partir do levantamento desenvolvido, estes concluem que os autores brasileiros que trabalham o tema se dividem essencialmente entre (considerando a permanente inter-relação entre os autores e as abordagens): - Aqueles que reconhecem a importância dos Direitos Humanos como ferramenta apropriada por grupos sociais para a resistência política, social e cultural. Esses autores, no entanto, se mantêm permanentemente críticos e céticos acerca dos Direitos Humanos; - Aqueles que desenvolvem pesquisas sobre as violações perpetradas no campo dos Direitos Humanos, assim como as lutas sociais e as políticas públicas direcionadas a efetivação dos mesmos; 25 - O surgimento e concretização dos Direitos Humanos nos arranjos nacionais e internacionais, pensando as possibilidades de sua efetivação no sistema global em relação com os sistemas nacionais de proteção. A construção da base crítica de análise do levantamento de dados proposto nesta dissertação e de reflexão sobre a hipótese e os pressupostos construídos será permanentemente norteada pelos referenciais teóricos pesquisados em diálogo com as categorias de análise construídas por SOARES & GUINDANI (2010). Compreende-se que uma abordagem crítica para a educação em Direitos Humanos não pode prescindir da reflexão e problematização inter-relacionada e dialogada entre as três categorias abordadas, e esta compreensão direcionará a pesquisa aqui proposta. Cumpre ressaltar, que toda a análise construída pressupõe, a partir dos autores trabalhados, a impossibilidade de definição fechada de uma concepção rígida sobre os Direitos Humanos e a compreensão de sua natureza intrinsecamente paradoxal. “O paradoxal, o aporético, o contraditório não são distrações periféricas esperando para serem resolvidas pelo teórico. O paradoxo é o princípio organizador dos direitos humanos”. (DOUZINAS, 2009) A hipótese construída para o desenvolvimento da pesquisa é a de que o conceito de Direitos Humanos ampla e irrestritamente disseminado nos dias atuais como categoria de análise e instrumento de intervenção social carece de uma reflexão crítica aprofundada. Essa ausência de uma análise mais aprofundada é marcante especificamente na área da formação jurídica e pode ser constatada através da análise da produção acadêmica, da pesquisa e da extensão em Direitos Humanos no Direito. Parte-se de alguns pressupostos específicos para a construção do problema da pesquisa apresentado: 1) A necessidade de qualificação do estudo no campo dos Direitos Humanos na formação jurídica, pois estes não podem ser concebidos apenas como um conceito dado, simples e aceito. Devem ser constantemente problematizados e ressignificados; 2) A ausência significativa de pesquisas empíricas, que privilegiem a inserção no campo e a não-valorização da extensão universitária na área do Direito, especialmente no que tange aos Direitos Humanos, dificultaria a análise critica destes últimos e sua inserção qualificada na formação jurídica. 26 3) O reconhecimento do papel central exercido pela extensão universitária para a formação acadêmica integral (pensando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa, e extensão) e seu impacto potencial na reflexão sobre a formação jurídica atual, especificamente no que tange ao campo dos Direitos Humanos. Os objetivos do trabalho se constituíram em: a) refletir criticamente sobre as concepções que compõem o estudo dos Direitos Humanos no campo da formação jurídica; b) realizar um levantamento acerca da compreensão sobre os Direitos Humanos na formação jurídica universitária a partir da produção acadêmica, das pesquisas, e dos projetos/programas de extensão em Direitos Humanos existentes na área do Direito; c) analisar o Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania (NIAC/UFRJ) no que tange ao impacto na formação jurídica dos alunos e professores do Direito, para construir uma percepção acerca do papel da extensão universitária a partir de seu potencial para repensar a formação jurídica universitária no campo dos Direitos Humanos. Tabela 1: Objetivos do Trabalho e Fontes Utilizadas para o Desenvolvimento. Objetivos Fontes Utilizadas a) Construção de uma abordagem crítica -Levantamento e análise bibliográfica de para a reflexão acerca das concepções diversos autores/as que trabalham o tema presentes no campo dos Direitos Humanos. dos Direitos Humanos nas diferentes áreas do conhecimento; -Análise de diferentes instrumentos legais no campo da educação em Direitos Humanos. b) Levantamento sobre a atual compreensão -Produção acerca dos Direitos Humanos na formação Revista em Direito. de SUR Conhecimento: SciELO; e Direitos Revista de Humanos da SEDH/PR; -Desenvolvimento de Pesquisas: Diretório CNPq; -Programas e Projetos de Extensão Universitária: Registro das Universidades 27 Federais. c) Núcleo Insterdisciplinar de Ações para -Levantamento, Cidadania (NIAC/UFRJ). através de roteiro de pesquisa, de informações referentes ao histórico, estrutura e funcionamento do Núcleo; -Aplicação de questionário com alunos de graduação, pós-graduação e professores do Direito. A pesquisa foi iniciada em agosto de 2009 a partir, como já afirmado anteriormente, da minha inserção no NIAC. Iniciou-se, concomitantemente, o estudo teórico acerca da construção e utilização das diferentes concepções de Direitos Humanos; assim como a operacionalização destes na Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/88) e nos principais documentos relacionados às políticas públicas de Direitos Humanos em nível nacional e estadual (Plano Nacional de Direitos Humanos – PNDH III – e Plano Estadual de Direitos Humanos – PEDH). Nesse âmbito foram utilizadas, também, as principais fontes normativas e de políticas públicas no campo da educação em Direitos Humanos (ex. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos – PNEDH, Plano Nacional de Extensão Universitária e Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Direito). O conhecimento e aprofundamento dos conceitos teóricos, além da importância fundamental e estrutural para a análise proposta, possibilita o estudo crítico sobre o levantamento realizado nos campos da produção do conhecimento, pesquisa e extensão e permeará todo o desenvolvimento da dissertação. A metodologia adotada para o desenvolvimento da dissertação exigiu os seguintes procedimentos: 1) Levantamento e análise bibliográfica de temas relacionados aos Direitos Humanos, educação em Direitos Humanos, ensino universitário, e crítica ao Direito; 28 2) Levantamento e análise das principais leis e documentos relacionados aos temas estudados – Constituição Federal de 1988, Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH III), Plano Estadual de Direitos Humanos do Rio de Janeiro (versão em processo de revisão), Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Plano Nacional de Educação, Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, Plano Nacional de Extensão Universitária; 3) Levantamento sobre a produção acadêmica em Direitos Humanos no Direito nas fontes citadas: SciELO; Revista SUR e Revista de Direitos Humanos da SEDH/PR. Levantamento dos grupos de pesquisa na área do Direito em Direitos Humanos no Diretório do CNPq. Levantamento dos programas de extensão universitária em Direitos Humanos na área do Direito nas Universidades Federais; 4) Elaboração e aplicação de questionários com gestores de programas de extensão universitária reconhecidos nacionalmente: Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade de Brasília (UNB) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O objetivo foi captar a percepção destes sobre o conceito de Direitos Humanos e de extensão universitária, e o impacto desta no ensino jurídico. Esta etapa teve o intuito de problematizar o espaço da extensão universitária e dialoga diretamente com o estudo da unidade específica da pesquisa; 5) Análise do NIAC/UFRJ: histórico, estrutura, metodologia de funcionamento, atividades desenvolvidas, metas atingidas, projetos executados, princípios norteadores, formas de financiamento, entre outros (análise institucional do programa) através da elaboração e aplicação de roteiro para levantamento de dados; 6) Elaboração e aplicação de questionário com professores, alunos de pósgraduação e alunos de graduação do Direito que atuam/atuaram no programa. O objetivo foi captar a percepção dos mesmos sobre o impacto do programa formação universitária e na compreensão dos Direitos Humanos. 29 7) Sistematização, análise e revisão dos dados coletados em diálogo permanente com o levantamento bibliográfico realizado. O desenvolvimento da pesquisa e a realização dos procedimentos supracitados foram acompanhados de especial atenção para os esforços de revisão dos conceitos discutidos a partir da experiência profissional acumulada, redefinindo-se permanentemente a direção da própria pesquisa e de retomada crítica e reflexiva sobre a produção teórica abrangida pelo tema debatido, assim como sua influência para a permanente revisão das premissas e da hipótese construída. Importante salientar que as etapas de coleta de dados previstas para a pesquisa se construíram de maneira dinâmica e contínua. Dessa forma, as etapas descritas, apesar de previstas para ocorrer em determinados períodos (conforme cronograma apresentado na qualificação do projeto), entrecruzaram-se continuamente, qualificando-se mutuamente. É desse modo, que o levantamento bibliográfico preliminar norteou o levantamento dos dados previstos sobre produção, pesquisa e extensão. Esses por sua vez qualificaram a discussão teórica no campo dos Direitos Humanos, educação em Direitos Humanos e ensino universitário. A aplicação dos questionários com os atores descritos na metodologia, por sua vez, possibilitou a reflexão sobre os dados coletados. Além das etapas metodológicas e fontes descritas na introdução do presente trabalho, foram utilizados ao longo da construção do mesmo, trechos de fragmentos da memória referentes a episódios vividos ou observados pela autora da pesquisa. Esses se relacionam, subsidiam e estão inseridos no âmbito das reflexões propostas e são frutos das experiências e trabalhos desenvolvidos no campo dos Direitos Humanos. Os relatos representam momentos, instantes e pequenas realidades presenciadas ou de alguma forma vivenciadas. Além das diversas rupturas que possibilitaram, além do choque, da tristeza e da indignação permanente com as mais diversas violações, desrespeitos e exclusões, esses – e tantos outros - momentos permitiram iniciar a reflexão acerca da apropriação do pensamento crítico sobre os Direitos Humanos pelo Direito. Especificamente, como a formação vivenciada no ensino jurídico é capaz – ou não – de traduzir, experimentar, vivenciar e debater de forma reflexiva e crítica as teorias e temas centrais no âmbito dos Direitos Humanos. 30 Como fundamento mesmo do que aqui se escreve, não é possível fornecer respostas prontas ou escrever verdades imutáveis. A consciência sobre esta impossibilidade permeou o trabalho construído e foi fundamento do objetivo de, mais do que afirmar certezas, propor caminhos para a construção de reflexões e problematizações em relação ao campo da educação em Direitos Humanos na formação jurídica universitária no Direito. 31 1 PANORAMA GERAL: EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E DIREITO Fragmentos da Memória – Identidades e Lentes Opacas Ela estava sentada na varanda. Era impressionante todas aquelas crianças, sentadas, em pé, pulando, cochichando, paradas. Sempre paradas. Não iam para lugar nenhum. Todos os dias que ela subia aquelas escadas – já havia parado para contar os degraus? Aquilo parecia interminável – lá no topo, na varanda da casa, elas estavam. Mas naquele dia aquela menina sentada chamou sua atenção. Seu olhar ia de um canto para o outro, poder-se-ia pensar que ela observava tudo ao seu redor. Mas seu olhar era fundo, vazio, perdido. Aquele olhar que apenas quem nunca é olhado tem. É diferente, tem cru, nu, latente a sensação da invisibilidade. É em si um paradoxo: uma olhar invisível. Ela tinha ido trabalhar aquele dia com sua câmera fotográfica. Gostava de levá-la às vezes, registrar alguns momentos e lugares. Gostava especialmente por causa das crianças. O início da relação com aqueles meninos e meninas havia sido difícil. Quem está acostumado a não ser visto, vê em qualquer olhar uma ameaça. Ela sabia disso e a câmera, captando a inquestionável curiosidade infantil, era uma porta de entrada para a vida daquelas crianças. E foi assim que ela conheceu a história, ou um fragmento da história, daquela menina de sete anos. Sua câmera, como um espelho, captou um momento de sua existência, um momento que escapava a sua própria existência e que qualquer reflexo só poderia ser fragmentado e despedaçado. Como, aliás, eram todas aquelas vidas. A menina pediu que ela tirasse fotos suas, era impressionante como mais que qualquer outra, aquelas crianças gostavam de ver suas imagens nas fotos. Fez poses, sorrisos, caretas, caras e bocas. E olhando a sua imagem, a cada novo registro, começou a contar. As palavras silenciosas, travadas, envergonhadas revelavam uma história que poucas palavras poderiam simbolizar e significar. Precisava que outros olhares revelassem e refletissem para ela aquela pequena história. “Eu estava na barriga da minha mãe. Eu não era ninguém ainda, nem ia ao colégio. Meu irmão mais velho tinha dezesseis anos e ia sempre ao colégio, minha mãe me disse. Não lembro o nome dele. A gente já morava aqui. Um dia, ele estava voltando da escola e um desses policiais o abordou. Dizem que não deu para o meu irmão falar nada, 32 estava uniformizado, subindo essas escadas. Foram dezesseis tiros, a mesma idade dele. Um tiro pra cada ano. Eu estava na barriga da minha mãe”. Há uma paz que atormenta silenciosamente. Das narrativas sem história, das palavras mortas que nada escrevem, dos símbolos incapazes de significar. Quando sua vida começa? Há uma luta silenciosa que acalma, quando os passos são símbolos, as palavras narram o silêncio, quando se descobre morte. De abril a junho de 2009, o fotógrafo francês JR expôs na Casa França Brasil, no Rio de Janeiro seu trabalho “28 Milímetros – Mulheres da Providência”, trazendo imagens, vídeos e relatos de diversas mulheres residentes no Morro da Providência. Como um dos cenários centrais dessa exposição, cuja inauguração foi palco para o lançamento do livro com o mesmo título, estava a casa de uma família, desmontada no morro e remontada na Casa França Brasil. Essa família ganhou uma nova casa, financiada pelo projeto do fotógrafo. Um dos claros objetivos da exposição era servir como denúncia das situações vivenciadas pelos moradores daquela localidade através do relato das mulheres que traziam histórias de violações, abusos, desrespeito e exclusão. Nesse sentido, a escolha daquela casa como cenário para o trabalho era óbvia. A casa pertencia a uma família nordestina composta por sete filhos e a mãe. Os filhos mais velhos, nascidos no nordeste, não possuíam certidão de nascimento e nenhuma criança freqüentava a escola. Esses, no entanto, são dramas comuns. O que chamava a atenção naquela família, além da precariedade do local de moradia, era que eles se comunicavam em um dialeto próprio, impossível de ser compreendido por pessoas de fora. Todos da família pareciam se compreender completamente, eles produziam sons e gesticulavam entre si. Era o cenário da mais completa exclusão. Era o não reconhecimento em uma das barreiras mais primitivas, a própria linguagem. Isso, em uma favela da região central do Rio de Janeiro. Atrás da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos. A família era atriz principal de um espetáculo do qual estava profunda e inexoravelmente excluída. *** 33 Com definições diversas, com abordagens diferenciadas, com legislações específicas, os Direitos Humanos estão presentes como linguagem aceita e disseminada de representação de justiça e respeito ao ser humano. Mas no fim das contas, do que estamos falando? O que são os Direitos Humanos? O que é um ser humano? Como se constituem um indivíduo e sua identidade? Como os Direitos Humanos reconhecem ou não as peculiaridades da formação da identidade humana? Os Direitos Humanos pertencem ao ser humano pelo simples fato de ser humano? São construtos históricos, sendo o resultado das mais diversas lutas sociais pelo reconhecimento da dignidade humana? Se forem afirmações históricas, são universais ou estão restritos ao âmbito da sociedade que os reconheceu como essenciais? Qual o sentido, fundamento dos Direitos Humanos? O que significa dizer que os Direitos Humanos pertencem a todos os indivíduos sem restrições? O que garante o tão falado respeito universal aos Direitos Humanos? Uma avalanche de questionamentos deveria sempre surgir quando se aborda a discussão acerca dos Direitos Humanos. A única possibilidade de compreendê-los parece ser cada vez mais assumir a complexidade de sua compreensão. Superar noções prontas, respostas simples, definições estáticas, dualidades empobrecidas e assumir o caráter essencialmente paradoxal dos Direitos Humanos (DOUZINAS, 2009). Assumir que toda e qualquer conclusão, qualquer afirmação feita deve estar sempre aberta a ser desconstruída e em seguida reconstruída. Que qualquer conhecimento, quando relacionado a algo tão intrinsecamente mutável como o ser humano, deve ser em si, sempre, também mutável. 1.1 Reflexões Iniciais e Algumas Perguntas Quando se aborda a discussão acerca da educação em Direitos Humanos, muito mais do que compreender e definir os Direitos Humanos, a proposta deveria ser permanentemente discuti-los, debatê-los, desconstruí-los, e reconstruí-los no esforço permanente de não se afirmar verdades imutáveis e prontas. No esforço permanente de afirmar essencialmente a ausência de qualquer essência. Talvez a maior efetividade, o grande ganho dos Direitos Humanos, possa ser o espaço aberto de permanente participação, contestação, luta, mobilização e mudança, muito mais do que concebê-los como direitos 34 afirmados em Constituições e Tratados Internacionais, muito mais do que uma resposta pronta a situações de desrespeito, violações e exclusões, muito mais do que uma disputa entre universalismo e relativismo, entre proteção internacional e soberanias nacionais, muito mais do que um mero instrumento de barganha política. Isso, no entanto, depende da possibilidade de superação de uma visão simplista em relação aos mesmos, onde estes figuram sempre como resposta pronta e justificativa para toda e qualquer situação e da possibilidade de assumir a incompletude, as limitações, os paradoxos intrínsecos dos Direitos Humanos (DOUZINAS, 2009). Talvez esse possa ser um caminho para que o século em que vivemos, diferentemente do século que passou, não seja também marcado por um avanço incontestável na suposta e quase fictícia e ilusória afirmação dos Direitos Humanos acompanhado das mais incontestáveis e inaceitáveis violações dos mesmos (SANTOS, 2008). É nesse sentido que se afirma a importância de se pensar a educação para os Direitos Humanos em todos os âmbitos de formação. Da escola à universidade, dos espaços formais aos espaços informais de formação, a educação para os Direitos Humanos deve estar presente. E se o objetivo for verdadeiramente encarar a complexidade do tema proposto, esta não pode figurar apenas como uma disciplina a ser cursada, como conteúdo de determinada matéria ou como mero crédito a ser cumprido. Deve fazer parte da lógica intrínseca da formação proposta, transitando por diversos espaços, permeando os mais diferentes debates, figurando transversalmente os espaços de formação, integrando as diferentes temáticas e proporcionando uma reflexão permanente de temas centrais à formação humana (SOUSA JUNIOR, 2009). A educação para os Direitos Humanos, muito mais do que um espaço definido de transmissão de conteúdo sobre temas recorrentes, sobre direitos afirmados, sobre debates repetidos indeterminadas vezes, sobre legislações nacionais e internacionais, sobre processos históricos de lutas decoradas, inventadas e repetidas, deve ser um espaço de ruptura, de desafio, de polêmica, de criatividade, de desconstrução, de inovação, de permanente construção. E se necessário, de negação da própria lógica, conceito e alcance dos Direitos Humanos. No âmbito do ensino universitário, a educação para os Direitos Humanos tem que significar o contato permanente com a realidade social, a discussão constante de temas 35 centrais e atuais, a possibilidade verdadeira de desafiar noções transmitidas reiteradamente e aceitas cegamente e de contestar permanentemente o conhecimento transmitido para criar novos conhecimentos e em seguida contestá-los novamente (SANTOS & ALMEIDA FILHO, 2008). Uma educação para os Direitos Humanos não pode ser construída apenas através de manuais, da repetição de conteúdos sobre seus fundamentos, sobre sua construção histórica, sobre como se constituem os sistemas nacionais e os sistemas internacionais, sobre polêmicas baseadas em argumentos acerca de universalismo ou relativismo. A educação em Direitos Humanos só poderá ser um espaço de debate constante se a estrutura de construção e transmissão do conhecimento mudar. Se, ao invés de serem produzidos graduandos capazes de ouvir e absorver conteúdos transmitidos, forem formados estudantes universitários capazes de formular, criar e debater conteúdos construídos coletivamente e de forma participativa. Se, ao invés de estar preocupada em formatar estudantes, a universidade estiver preocupada em criar espaços de formação sensível, criativa e contestadora (WARAT, 2009). Nesse contexto, é indispensável pensar os Direitos Humanos através do aporte das mais diversas disciplinas: antropologia, filosofia, educação, ciência política, sociologia, serviço social, comunicação, entre outras. Repensar a educação em Direitos Humanos na universidade passa não apenas por repensar a própria universidade e a construção e transmissão do conhecimento, mas também por repensar os próprios Direitos Humanos. A complexidade inerente à tarefa proposta só poderá ser enfrentada através da construção de olhares complexos e críticos. Nesse cenário, o papel do Direito, do ensino jurídico é fundamental (CANDAU, 2009). Uma pequena pausa e as perguntas começam a surgir rapidamente: Mas onde está o Direito nesse cenário? O que o Direito pode (deve) fazer? Onde estão os debates, as produções acadêmicas, as reflexões de estudiosos, pesquisadores e “operadores” do Direito sobre os assuntos mais centrais do debate sobre Direitos Humanos no Rio de Janeiro e no Brasil? E sobre a educação em Direitos Humanos? O que estamos discutindo, debatendo no ensino jurídico universitário? Considerando a centralidade da reflexão e do debate sobre os Direitos Humanos na atualidade, debater o espaço ocupado pelo Direito nesse cenário é central e urgente. Sem 36 desconsiderar a essencialidade e imprescindibilidade da abordagem interdisciplinar sobre a temática dos Direitos Humanos (e sobre todos os grandes temas da atualidade), é preocupante o fato de as principais análises sobre tantos temas polêmicos estarem distantes dos debates no ensino jurídico especificamente, mas também na área jurídica como um todo. O Direito parece se excluir do seu habitat natural: a realidade social. Repete discursos prontos, traz reflexões ultrapassadas, constrói manuais a partir desses mesmos discursos e reflexões, exclui da sala de aula (terreno primeiro – ou ao menos deveria ser – da construção de pensamentos e discussões inspiradoras) o debate sobre os temas mais polêmicos e atuais e, acima de tudo, o Direito parece, na maioria das vezes, excluir de si mesmo o potencial da criatividade, do pensamento livre, do questionamento, das idéias inovadoras (WARAT, 2009). Essas características que, na atualidade, constituem o Direito – a falta de pensamentos fora do padrão, de estudos e pesquisas inovadoras, a quase inexistência de espaços para o debate livre, fora do eixo, sem regras impostas e limitações prédeterminadas, a impossibilidade de exercer a criatividade – são prejudiciais para todas as áreas por ele abrangidas, mas são especialmente perversas no que tange ao debate sobre Direitos Humanos. Na conferência de encerramento do Seminário de Direito e Cinema de 2006, Luis Alberto Warat abordou o aprendizado do Direito (desde a trajetória na graduação) como perda de sensibilidade. A inserção no mundo jurídico resultaria na perda da capacidade de pensar de forma diferente, na padronização de percepções, opiniões e respostas, na transformação do jurista, na analogia utilizada pelo autor, em um pingüim. A concepção dominante em termos de educação é sedentária, começando pelo aluno que é condenado a ficar quieto, a renunciar a qualquer indicador de sua pulsão de errância e a receber passivamente o saber do professor, sem aventuras, sem surpresas, ou procurar caminhos paralelos. Com professores sedentários em seu próprio discurso, que não procuram escutar outras vozes, nem sequer na interação na sala de aula. Professores, na maioria, autistas, impossibilitados de qualquer esboço mínimo de alteridade. Não existe nenhuma possibilidade de ter uma educação para e a partir dos Direitos Humanos. Já dissemos que, sem alteridade, toda fala de Direitos Humanos termina em piada ou drama. (WARAT, 2009, p. 135). Isso influencia diretamente nos debates que vemos hoje no mundo jurídico, ou melhor, na ausência desses debates. Onde está o Direito na discussão dos grandes temas da atualidade? Existe espaço para respostas inovadoras? O Direito e seus principais atores se 37 incubem de repetir sempre o que está posto, de reiterar um discurso óbvio e imediatista, de avaliar, compreender e reproduzir as situações de forma superficial, abandonando a necessidade de tornar complexa a análise dos temas mais polêmicos. O discurso do Direito é capaz de se desalinhar do discurso do poder dominante e abrir as portas e as mentes para um Direito mergulhado e encharcado pela nossa realidade? A realidade nua e crua. Dos Direitos Humanos? Nem se fala. O que qualquer olhar – que admita enxergar o que está colocado – pode ver são Direitos exclusivos de determinados segmentos, igualdade de papel, autoritarismos, opressões dissimuladas no respeito aos Direitos Humanos, são fissuras, rupturas, precipícios entre a ideologia tradicional dos Direitos Humanos e a realidade. Os Direitos Humanos, na maioria das vezes, como recurso retórico, sustentando a perpetuação das mais desumanas barbaridades. A importância da afirmação (sensível e legal) dos Direitos Humanos é imensurável. Mas isso está colocado. Assumir as ambigüidades, as rupturas, os desafios, a complexidade de se pensar Direitos Humanos é um esforço ainda minoritário e tímido. O Direito não pode se ausentar desse esforço. Repete-se, portanto, o questionamento inicial. Qual é o espaço ocupado pelo Direito, e essencialmente pelo ensino jurídico, no âmbito da educação em Direitos Humanos? A formação jurídica universitária está sendo capaz de problematizar, criticar, inovar e formar pessoas aptas a discutir e debater os temas centrais da atualidade e que tocam essencialmente a realidade humana? Esses são questionamentos que abrem o trabalho proposto e que nortearão todo o estudo teórico desenvolvido e todo o levantamento empírico realizado no âmbito da produção acadêmica, pesquisa e extensão universitária no Direito. 1.2 Panorama Geral: Educação em Direitos Humanos. Para aprofundar a reflexão sobre a formação em Direitos Humanos no ensino jurídico e sobre a própria compreensão dos Direitos Humanos e sua apropriação pelo Direito ao longo dos próximos capítulos, compreende-se necessário entender o espaço da educação em Direitos Humanos, no ensino superior no Brasil e especificamente no Rio de Janeiro. 38 Com esse intuito serão apresentados alguns documentos centrais que norteiam a concepção do tema e a elaboração de políticas públicas nacionais e estaduais. São eles: a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, as Diretrizes Curriculares Nacionais para Graduação em Direito, o Plano Nacional de Educação de 2001 (PNE), o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos de 2010 (PNDH III), o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos de 2006 (PNEDH), o Plano Estadual de Direitos Humanos do Rio de Janeiro (PEDH), e o Plano Nacional de Extensão Universitária de 2001. O objetivo é traçar um panorama de como esses documentos concebem o tema da educação em Direitos Humanos e qual a abordagem feita sobre a temática no que tange ao ensino superior. Não é foco dessa exposição apresentar os documentos internacionais que norteiam a análise da temática proposta. No entanto, é imprescindível reconhecer a importância e o impacto do contexto internacional na consolidação normativa nacional e na construção das políticas públicas no campo dos Direitos Humanos. No que tange ao tema específico do presente trabalho, cumpre destacar que no âmbito da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos de 1993 foi instituída a Década das Nações Unidas para a Educação em Matéria de Direitos Humanos (1995-2004). Um dos objetivos da proclamação da Década da Educação em Direitos Humanos foi pensar um caminho estruturado para o desenvolvimento e aprofundamento de programas educativos – de forma sustentável e abrangente – que tenham como norte pensar a educação em Direitos Humanos nos âmbitos locais, regionais nacionais e internacional. Os caminhos traçados a partir de sua instituição são, portanto, essenciais para a compreensão das leis, planos e programas criados no campo dos Direitos Humanos (e que abordam a temática da educação) e especificamente da educação em Direitos Humanos no Brasil, e que são aqui apresentados. No âmbito da Década, pede-se que os governos, as organizações internacionais, as instituições nacionais, as organizações não governamentais, as associações profissionais, todos os sectores da sociedade civil e todos os indivíduos estabeleçam parcerias e concentrem os seus esforços na promoção de uma cultura universal de direitos humanos, através da educação, formação e informação públicas em matéria de direitos humanos. (A Década das Nações Unidas para Educação em Matéria de Direitos Humanos 1995/2004. Lições para Vida, 1998, p. 3)4 4 Cf. A Década das Nações Unidas para Educação em Matéria de Direitos Humanos 1995/2004. Disponível em: http://www.gddc.pt/direitos-humanos/serie_decada_1_b.pdf . Acessado em: Dezembro de 2010. 39 Inicialmente e de forma breve, é necessário contextualizar o quadro normativo estabelecido pela Constituição de 1988 no campo dos Direitos Humanos. Este é um tema repetidamente discutido, analisado e documentado e este não será um espaço para uma descrição pormenorizada desse documento. Cumpre, no entanto, reafirmar que a Constituição materializou e tornou central, no ordenamento brasileiro, o tema dos Direitos Humanos. A abrangência e prioridade concedida e afirmada pela Constituição em relação ao tema o revela como pilar central do Estado brasileiro (PIOVESAN, 2010). A importância é inegável e permeia diversos e inúmeros artigos constitucionais. O respeito aos Direitos Humanos se torna eixo orientador da legislação brasileira, das políticas públicas e das relações internacionais brasileiras a partir de 1988. Os avanços legais e institucionais que ocorrem desde esse marco reafirmam a importância dos Direitos Humanos no ordenamento jurídico. A Constituição abre seu texto 5 afirmando o respeito à dignidade humana como fundamento do Estado Democrático de Direito brasileiro (artigo 1º, inciso III). Eleger o respeito à dignidade humana como fundamento do Estado brasileiro, introduzindo o texto constitucional, significa fundá-la como parâmetro norteador e interpretativo de todo o texto, assim como de todo o ordenamento jurídico brasileiro. Os Direitos Humanos, instrumento primeiro de concretização da dignidade humana são destacados como essenciais para a reconstrução e permanente construção da democracia brasileira. Nos artigos seguintes os Direitos Humanos permeiam os objetivos elencados (artigo 3º) e explicitamente figuram como princípio norteador das relações internacionais (art 4º, II). O “Título II” é inteiramente dedicado aos Direitos e Garantias Fundamentais e em seus cinco capítulos prevê direitos individuais e coletivos, direitos sociais, direitos da nacionalidade e direitos políticos. Assim como a compreensão aprofundada acerca dos Direitos Humanos exige uma abordem crítica e complexa, a análise do texto constitucional deve sempre ser problematizada, especificamente no que tange à distância entre o conteúdo afirmado em seus artigos e a efetividade e concretização prática dos mesmos. Apesar dessa análise não 5 Cf. Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm . Acessado em: Dezembro de 2010. 40 ser objeto do presente trabalho é imprescindível afirmar que esta é essencial e indispensável, ainda mais se for considerado o fato do Direito Constitucional ser um dos principais campos onde a temática dos Direitos Humanos é abordada no ensino jurídico. O tema da educação é retomado no capítulo III “Da Educação, da Cultura e do Desporto”, na Seção I “Da Educação”. Do artigo 205 ao artigo 214, a Constituição delineia e detalha a educação como Direito Humano, especificando diversos parâmetros e regras para seu cumprimento e efetivação. No artigo 206 determina que o ensino será ministrado a partir de princípios como “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” (inciso II), “pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas...” (inciso III). No artigo 207 a Constituição destaca a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na formação universitária. Essa concepção é basilar para o trabalho aqui proposto. Em relação à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (1996)6, no que tange à educação superior, se estabelece, entre outros objetivos, que esta deverá estimular o desenvolvimento do espírito científico e o pensamento reflexivo; estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, criando uma relação de reciprocidade com a comunidade e promover a extensão. A lei não trata objetivamente da educação em Direitos Humanos no que se refere ao ensino superior, tocando, no entanto, em questões referentes à importância das IES dialogarem com a comunidade e os problemas sociais regionais e nacionais. A Resolução (CNE/CES N° 9) que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para Graduação em Direito 7 (2004) destaca a importância da construção de um projeto pedagógico organizado e consistente para o ensino jurídico que abranja considerações sobre os conteúdos curriculares, estágio supervisionado, avaliação, perfil do formando, atividades complementares, entre outros (art. 2º). Destaca-se aqui, entre os itens contemplados na resolução acerca da construção do projeto pedagógico, aqueles que se relacionam diretamente com a análise proposta e remetem à reflexão acerca da educação em Direitos Humanos no ensino jurídico. A 6 Cf. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em: Dezembro de 2010. 7 Cf. Diretrizes Curriculares Nacionais para Graduação em Direito, de 2004. Disponível em: http://www.newtonpaiva.br/NP_conteudo/file/cursos/res_2004_09_CES.pdf. Acesso em: Dezembro 2010. 41 resolução afirma que o projeto pedagógico deverá abranger “formas de realização da interdisciplinaridade” (§ 1°, IV); “modos de integração entre teoria e prática” (§ 1°, V); “modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver (§ 1°, VII); e o “incentivo à pesquisa e à extensão, como necessário prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica” (§ 1°, VIII). O artigo 3º afirma que deve ser garantida uma formação humanística e axiológica dialogada com a construção de uma postura crítica e reflexiva e com uma forma de aprendizagem dinâmica e autônoma. Essas são questões centrais para a reflexão sobre o tema proposto. No artigo 5º são delineados três eixos que devem orientar de forma interligada, em conjunto com o acima exposto, o projeto pedagógico do Direito. São eles: Eixo de Formação Fundamental, que determina a integração do Direito com outras áreas do saber; Eixo de Formação Profissional, que contempla a contextualização do Direito “às mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais do Brasil e suas relações internacionais”, além de determinar a inclusão de conteúdos essenciais sobre Direito Constitucional, Administrativo, Penal, Civil, entre outros. Não há menção específica aos Direitos Humanos como conteúdo obrigatório; e Eixo de Formação prática, que tem por objetivo relacionar teoria e prática na formação jurídica. O Plano Nacional8 de Educação9 (2001) traz como objetivos a elevação do nível de escolaridade da população, a melhoria na qualidade do ensino nos diversos níveis, a redução das desigualdades sociais e regionais no que tange à educação pública (acesso e permanência) e à democratização da gestão do ensino público. Estabelece como prioridade a garantia do ensino fundamental entre sete e catorze anos, assim como para aqueles que não tiveram acesso na idade apropriada, a ampliação do acesso nos outros níveis de ensino, a valorização dos profissionais da educação e o desenvolvimento de sistemas de informação e avaliação para todos os níveis e modalidades de educação. 8 O Plano Estadual de Educação do Rio de Janeiro (2007) não foi elencado previamente entre os documentos analisados, por não possuir dados relevantes no que tange a temática estudada. Cumpre notar, que no âmbito da educação superior, o Plano não faz menção a formação para os Direitos Humanos, mas valoriza e destaca a importância da pesquisa e da extensão no ensino superior. Cf. Plano Estadual de Educação do Rio de Janeiro, de 2007. Disponível em http://comte.com.br/wpcontent/uploads/2010/08/plano-estadual-de-educacao-do-riode-janeiro.pdf. Acesso em Dezembro de 2010. 9 Cf. Plano Nacional de Educação, de 2001. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm. Acesso em: Dezembro de 2010. 42 No que tange à educação superior, o Plano Nacional de Educação levanta a questão do crescimento das instituições privadas de ensino superior, definindo que a manutenção das atividades típicas da universidade – ensino, pesquisa e extensão – não será eficiente e qualificada se não houver fortalecimento do setor público de ensino. O plano problematiza outras questões, referentes ao acesso e diferenças regionais, recursos destinados à educação superior, qualidade do ensino e questões burocráticas. A afirmação das diretrizes para a educação superior é delineada a partir da compreensão da centralidade desta na produção de conhecimento, desenvolvimento científico, tecnológico e humanitário. A diretriz básica, definida para o ensino superior, é a autonomia universitária exercida nos âmbitos: didáticocientífico, administrativo e da gestão financeira e patrimonial. O Plano, assim como a Constituição destaca a importância da integração entre ensino, pesquisa e extensão universitária. Os objetivos e metas definidos pelo Plano para a educação superior se constituem em torno das diretrizes propostas e não há referência específica à educação para os Direitos Humanos. O único objetivo que tangencia essa abordagem é o que prevê a inclusão nas diretrizes curriculares de cursos de formação para docentes de “temas relacionados às problemáticas tratadas nos temas transversais, especialmente no que se refere à abordagem tais como: gênero, educação sexual, ética (justiça, diálogo, respeito mútuo, solidariedade e tolerância), pluralidade cultural, meio ambiente, saúde e temas locais”. (objetivo 12). O terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos de 201010, por sua vez, destina um eixo orientador à temática da educação em Direitos Humanos (eixo orientador V: “Educação e Cultura em Direitos Humanos). O primeiro (1996) 11 e o segundo (2002) 12 Programas Nacionais de Direitos Humanos traziam tópicos intitulados respectivamente “Educação e Cidadania. Bases para uma cultura de Direitos Humanos” e “Educação, Conscientização e Mobilização”, nos quais era abordada explicitamente a questão da educação em Direitos Humanos. O terceiro programa inova e avança significativamente em relação aos anteriores por razões que merecem serem destacadas. 10 Cf. Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos, de 2010. Disponível em: http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf . Acesso em: Dezembro de 2010. 11 Cf. Primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos, de 1996. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/pp/pndh/textointegral.html. Acesso em: Dezembro de 2010. 12 Cf. Segundo Programa Nacional de Direitos Humanos, de 2002. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/pp/edh/pndh_2_integral.pdf. Acesso em: Dezembro de 2010. 43 O PNDH III é resultado de um amplo processo de consulta pública que ocorreu ao longo do ano de 2008 e culminou na 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, envolvendo representantes do poder público, de organizações da sociedade civil e de movimentos sociais em um total de duas mil pessoas. Durante o ano, foram realizadas diversas conferências estaduais, além das etapas preparatórias, que envolveram conferências municipais e conferências livres, mobilizando catorze mil participantes ao todo. Desde o início da construção do processo de elaboração do PNDH III, alguns desafios foram centrais para o seu desenvolvimento: a necessidade de se superar a segmentação e divisão das propostas no campo dos Direitos Humanos, ou seja, a necessidade de se pensar um modelo que organizasse os temas de forma transversal e dialógica. A urgência de se apresentar propostas capazes de serem efetivadas, estruturando o Plano em objetivos, ações e responsáveis (e parceiros) e a imprescindibilidade de se construir uma estratégia de monitoramento dessas ações. O primeiro desafio teve como resposta a organização dos debates para a construção do Programa (e do próprio Programa) em seis eixos orientadores que não segmentam temas (mulheres, questões raciais, criança e adolescente, entre outros), mas dialogam os temas entre si, transversalizando os mesmos ao longo de todo o documento a partir de orientações centrais. São eles: Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil; Desenvolvimento e Direitos Humanos; Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdade; Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência; Educação e Cultura em Direitos Humanos; e Direito à Memória e à Verdade. O segundo desafio passa pela necessidade de consolidar o Programa Nacional de Direitos Humanos em uma política de Estado e não de governo, garantindo assim o comprometimento do poder público com sua efetivação, independente da orientação político partidária no poder. A efetividade das ações previstas no Programa depende também que este seja capaz de influenciar a elaboração das diretrizes do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária anual. O terceiro e último desafio aqui listado – porém longe de ser o último desafio para a consolidação, efetividade e concretização de uma política pública de Direitos Humanos no Brasil – se refere ao monitoramento da execução do Programa. Uma resposta eficaz para 44 esse desafio, que é verdadeiramente um desafio para as políticas públicas de forma geral, é a criação de um Sistema Nacional de Indicadores de Direitos Humanos. O desenvolvimento de indicadores em Direitos Humanos é uma atividade ainda incipiente, porém já existem alguns estudos, pesquisas e publicações sobre essa temática. O monitoramento proposto deve ser sempre participativo – atualmente já estão sendo realizadas reuniões entre a sociedade civil, através do Fórum Nacional de Entidades de Direitos Humanos (FENDH), e o poder público para debater o monitoramento das ações e o desenvolvimento de Planos anuais de metas relacionadas às ações previstas no PNDH III. O Conselho Nacional de Direitos Humanos (Projeto de Lei nº 4715/1994) tem, também, o intuito de figurar como um espaço privilegiado de monitoramento das políticas públicas no campo dos Direitos Humanos13. No que tange especificamente à educação em Direitos Humanos, o Programa dedica um eixo orientador ao conteúdo, fazendo o diálogo com a cultura e a comunicação (Eixo Orientador V “Educação e Cultura em Direitos Humanos”), totalizando cinco diretrizes e onze objetivos estratégicos. Relacionados diretamente à educação em Direitos Humanos são quatro diretrizes e nove objetivos estratégicos que transitam em diferentes temas: política nacional de educação em Direitos Humanos, implementação do PNEDH, inclusão da temática nos diferentes níveis da educação formal, assim como nos espaços de educação informal, e promoção da educação em Direitos Humanos no serviço público. A diretriz 19, no objetivo estratégico II, trata da inclusão da temática nas instituições de ensino superior, prevendo, entre outras questões, em suas ações programáticas: a inclusão nas diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação; elaboração de metodologias transdisciplinares e interdisciplinares; a elaboração de relatórios sobre a inclusão da temática incluindo critérios como cursos de pós-graduação com áreas de concentração em Direitos Humanos, grupos de pesquisa, teses e dissertações, instituições vinculadas aos Direitos Humanos com as quais os docentes e pesquisadores tenham vínculo, núcleos e comissões que atuem em Direitos Humanos, projetos de extensão em Direitos Humanos. 13 As reflexões acerca do PNDH III tiveram como base artigo publicado na revista da SEDH/PR nº 4, intitulado “Programa Nacional de Direitos Humanos: efetivar direitos e combater a desigualdade”, de autoria de Luciana Pivato, Alexandre Ciconello e Darci Frigo. 45 No objetivo estratégico II são previstas ações de incentivo a transdisciplinaridade e transversalidade nas atividades acadêmicas em Direitos Humanos e as ações programáticas abordam questões como o incentivo a cursos de graduação, de formação continuada e programas de pós-graduação em Direitos Humanos; fomentar núcleos de Educação em Direitos Humanos nas Instituições de Ensino Superior (IES), criação no âmbito do CNPq e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) da área “Direitos Humanos” como campo transdisciplinar e recomendar as agências de fomento o financiamento de atividades de ensino, pesquisa e extensão em Direitos Humanos; implementar programas de fomento à extensão universitária em Direitos Humanos. A leitura do Programa no que tange à educação em Direitos Humanos no ensino superior revela um cenário promissor. As ações previstas, se implementadas e executadas qualificadamente abrirão um espaço para o aprofundamento da formação na área dos Direitos Humanos com possibilidade de revisão e reformulação do currículo na graduação em Direito, com incentivo às ações interdisciplinares e transdisciplinares na temática, com incentivo aos programas de pós-graduação, e com ênfase ao estímulo de ações de ensino, pesquisa e extensão. Nada disso, no entanto, surtirá efeito se as ações nunca saírem do papel ou se forem implementadas sem o enfrentamento permanente da complexidade das questões presentes no campo dos Direitos Humanos, sem constantes discussões, debates, abordagens múltiplas, críticas sérias, formulações e reformulações do conhecimento acerca da educação e dos Direitos Humanos. A inserção da perspectiva complexa e crítica na educação em Direitos Humanos deve estar presente desde a discussão, formulação e implementação das diversas ações no campo trabalhado. O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos14 é fruto de uma articulação institucional entre o poder público (compreendendo os três poderes) e a sociedade civil organizada. Participaram dessa articulação para a concretização do PNEDH também organismos internacionais e instituições de educação superior.15 14 Cf. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos , de 2007. Disponível em: http://www.Direitoshumanos.gov.br/promocaodh/edh. Acesso em: Dezembro de 2010. 15 Em 2006, o Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ (CFCH/UFRJ) foi selecionado – através de processo licitatório da SEDH/PR em parceria com a United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) – para desenvolver um trabalho de sistematização das propostas recebidas nos encontros estaduais, consolidá-las e apresentá-las ao CNEDH, além de coordenar um seminário nacional no 46 A criação, através da Portaria nº 98/2003 da SEDH/PR, do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos (CNEDH) foi o marco inicial de elaboração do PNEDH. Composto por representantes da sociedade civil, instituições públicas e privadas e organismos internacionais, o Comitê elaborou uma primeira versão do documento lançada em dezembro de 2003 pela SEDH/PR e o Ministério da Educação (MEC). Ao longo dos anos de 2004 e de 2005, respectivamente, foram realizados encontros, fóruns e seminários (internacionais e nacionais) para a divulgação e debate do documento e encontros estaduais para a coleta de contribuições da sociedade civil e do governo para a qualificação do mesmo. No total, o processo de consulta agregou mais de cinco mil pessoas. A versão final do PNEDH está estruturada em objetivos gerais, linhas gerais de ação, educação básica, superior, não-formal, educação dos profissionais dos sistemas de justiça e segurança, e educação e mídia. No que tange a educação superior, como veremos em seguida, apesar de ser um documento anterior, as propostas – de forma geral – estão alinhadas com o PNDH III. Entre os objetivos gerais elencados no Plano, os que possuem impacto direto no tema aqui estudado determinam a orientação de políticas educacionais para a constituição de uma cultura de Direitos Humanos, o estabelecimento de objetivos, diretrizes e linhas de ação para a elaboração de programas e projetos na área da educação em Direitos Humanos, e o estímulo à reflexão, estudo e pesquisa na temática. Em relação às linhas gerais estabelecidas, destaca-se, no âmbito do desenvolvimento normativo e institucional, a orientação para a apresentação “aos órgãos de fomento à pesquisa e pós-graduação de proposta de reconhecimento dos Direitos Humanos como área de conhecimento interdisciplinar, tendo, entre outras, a educação em Direitos Humanos como sub-área”. Em relação à produção de informação e conhecimento, duas linhas apontadas se relacionam diretamente com a pesquisa aqui desenvolvida e com o Núcleo de Educação em Direitos Humanos implantado no NIAC/UFRJ: o estímulo e realização de estudos e pesquisas para subsidiar a educação em Direitos Humanos e o incentivo à sistematização e divulgação de práticas na temática. Ainda nas linhas gerais do Rio de Janeiro para a realização de um debate em cima do trabalho construído, e por fim, formular a versão prévia do PNEDH. Após ser analisado e revisado pelo CNEDH, o documento foi distribuído no Congresso Interamericano de Educação em Direitos Humanos em Brasília (setembro de 2006) e, então, foi disponibilizado na internet para consulta pública. O CNEDH concluiu a versão definitiva do documento. 47 Plano, por fim no que se refere à formação e capacitação de profissionais, prevalece a orientação por oportunizar ações de ensino, pesquisa e extensão na formação de profissionais das diversas áreas e o incentivo a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade na abordagem da temática. No que tange às ações programáticas previstas especificamente no âmbito da educação superior, essas abordam as seguintes determinações: que a temática da educação em Direitos Humanos subsidie a formulação das diretrizes curriculares, que sejam fomentados e apoiados por editais púbicos, programas, projetos e ações nas instituições de ensino superior, que sejam criadas, pelas agências de fomento, linhas de apoio à pesquisa, ensino e extensão em educação em Direitos Humanos, o levantamento das ações de ensino, pesquisa e extensão através de pesquisas realizadas em nível nacional pelas Instituições de Ensino Superior (IES), para a estruturação e manutenção de cadastro interativo, a elaboração de metodologias de caráter transdisciplinar e interdisciplinar, o apoio a núcleos, fóruns, comissões e centros de pesquisa e extensão em Direitos Humanos e a proposição de um Fundo Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão para apoiar projetos em educação em Direitos Humanos a serem implementados pelas IES. O PEDH (2002), no âmbito da educação em Direitos Humanos, e especificamente no que se refere ao ensino superior, aborda as seguintes questões: a necessidade de permear toda a rede escolar – educação básica ao ensino superior – através de abordagem transversal nas diversas disciplinas com o estudo dos Direitos Humanos (objetivo 16); a importância de garantir a formação de professores direcionada ao ensino disciplinar e a construção de abordagens interdisciplinares em Direitos Humanos (objetivo 17); o desenvolvimento de material didático e metodologia específica para a implementação dos objetivos no campo da educação em Direitos Humanos. O Plano encontra-se em processo de revisão 16 e, assim como em relação ao Programa Nacional, dois grandes desafios colocados para esta proposta são o de construir 16 O PEDH atualmente passa por um processo de revisão e atualização coordenado por uma equipe do NIAC/UFRJ. No final de 2009 o Núcleo participou de um edital público da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), aberto para a concorrência de Universidades Federais através de Núcleos de Direitos Humanos. Após uma prorrogação no prazo de inscrições para o envio de proposta, não havendo outros concorrentes para o projeto, o NIAC/UFRJ foi selecionado. Ainda no primeiro semestre de 2010 teve início o projeto de revisão. Este consistia em algumas etapas envolvendo a sistematização de diferentes documentos nacionais e estaduais no campo dos Direitos Humanos que tivessem sido resultado de consultas e debates públicos e democráticos (PNDH III, Planos Nacionais temáticos, PEDH I, Planos 48 um plano que integre e dialogue as diferentes temáticas no campo dos Direitos Humanos e o de pensar uma estrutura capaz de elaborar ações verdadeiramente concretizáveis e monitoráveis ao longo do tempo. Ou seja, assim como no nível nacional, o maior desafio é pensar a construção de uma verdadeira política pública de Estado no campo dos Direitos Humanos. O Plano Nacional de Extensão Universitária17 (2000/2001) parte do principio de que a “extensão universitária é a atividade acadêmica capaz de imprimir um novo rumo à universidade brasileira e de contribuir significativamente para a mudança da sociedade”. O Plano é construído a partir do entendimento da extensão universitária como campo de produção de conhecimento dialogado com as principais questões locais, regionais e nacionais, e como campo de compreensão e intervenção nas mesmas, para afirmar a extensão como espaço privilegiado para mudanças na própria instituição e na realidade onde esta se encontra inserida. Entre os objetivos apresentados, destaca-se aqui a necessidade de garantir a relação bidirecional entre universidade e comunidade; o estímulo a atividades inter, multi e transdisciplinares; o estímulo para relações em rede no desenvolvimento de programas interinstitucionais de extensão; garantir a participação da universidade no desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento de políticas públicas. O Plano elenca oito áreas temáticas de atuação para as ações de extensão, estando entre elas a área “Direitos Humanos”. Não há menção específica no Plano acerca da educação em Direitos Humanos. A importância da afirmação jurídico-institucional dos Direitos Humanos e da educação em Direitos Humanos, assim como de sua inserção através de planos e programas de Estado, é imensurável e não será aqui contestada. Porém, não pode ser concebida como um ponto final teórico ou prático. Um olhar, ainda que desatento, é capaz de perceber que a avalanche de incorporação dos Direitos Humanos em documentos internacionais e nacionais e a amplitude que estes ganharam, permeando quase todos os âmbitos da vida social, não acompanhou, necessariamente, o crescimento da aplicabilidade dos mesmos, o estaduais temáticos, entre outros); a realização de encontros públicos para a apresentação e qualificação da proposta concluída; organização das informações coletadas nos encontros e consulta a consultores especialistas temáticos e gerais para a revisão e concretização do documento. 17 Cf. Plano Nacional de Extensão Universitária , de 2000/2001. Disponível em: <http://proex.epm.br/projetossociais/renex/plano_nacional.htm> Acesso em Dezembro 2010. 49 alcance de justiça social, de respeito e inclusão e o fim das formas mais cruéis de discriminação, opressão, dominação e exclusão. Compreende-se, nesse âmbito de reflexão, que existe um longo percurso entre a afirmação normativa dos Direitos Humanos no campo internacional, sua apropriação pelos documentos e leis nacionais e sua efetivação e concretização em termos de políticas públicas e planejamento de ações integradas. Considerando o marco de 1993 como proclamação da Década da Educação em Direitos Humanos e o ano de 2003 como marco da primeira versão do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, compreende-se como é recente a normatização específica desta temática tanto no âmbito internacional como no nacional. Faz-se necessário, portanto, considerar que existe um longo caminho a ser trilhado. Sendo assim, o objetivo da exposição construída neste capítulo foi nortear a análise acerca da educação em Direitos Humanos que foi construída nos capítulos subseqüentes, levando sempre em consideração que a própria normatização da temática é recente e que este fator deve ser considerado para a compreensão acerca de sua apropriação no campo da formação universitária e especificamente no Direito. Este fato não impede, pelo contrário, reafirma a necessidade de se considerar a importância do desenvolvimento de uma abordagem crítica em relação aos Direitos Humanos e à educação em Direitos Humanos. Portanto, apesar da importância da afirmação reiterada dos Direitos Humanos em diversos documentos, é necessário repensar os próprios Direitos Humanos. Longe de se conceber uma resposta plausível para tamanha empreitada, é possível, talvez, elaborar alguns caminhos de reflexão permeados por críticas, por construções permanentes e renovação constante. Pela possibilidade de contestar o alcance, as dimensões, definições e possibilidades dos Direitos Humanos (DOUZINAS, 2009). Nesse contexto, é indispensável que o Direito assuma seu papel. O Direito não pode continuar perpetuando uma postura elitista, legalista, distanciada da realidade social, incapaz de provocar debates, discussões, de analisar criticamente os temas mais atuais, de mobilizar e articular os diferentes segmentos sociais, e de debater com governos, sociedade civil, e movimentos sociais (WOLKMER, 2004). É preciso que o Direito seja força motora de mudanças sociais e que esteja inserido em um debate sério, crítico e comprometido com os Direitos Humanos. Essencialmente, que esteja comprometido em debater os próprios 50 Direitos Humanos, em compreender seus mutáveis significados e sentidos, seus indeterminados efeitos e possibilidades, suas múltiplas facetas, em contestá-los como instrumentos massificados e aceitos (WARAT, 2009), em destruir e reconstruir seus sentidos, em torná-los, muito mais que afirmações fixas e prontas, conquistas paradoxais e complexas. É nesse sentido que se coloca aqui que é necessário pensar a educação para os Direitos Humanos no ensino jurídico. Essa tem que ser uma educação contestadora e aberta à contestação, ela deve ser capaz de estimular nos alunos uma postura crítica e desafiadora, deve sempre estar aberta ao diálogo, propor debates polêmicos, deve haver espaço para criatividade e sensibilidade, para pensamentos inovadores, fora do eixo. O que temos hoje no ensino jurídico? Pode-se apenas afirmar que o desafio não é pequeno. 51 2 PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO: SCIELO, SUR E SEDH/PR Fragmentos da Memória - Tardes Ensolaradas Estava me preparando para sair de casa, a idéia do programa era simples. Como muitos sábados, após acordar com alguma calma e comer alguma coisa, ia colocar minhas duas cadelas vira-latas nas respectivas coleiras e sair para dar uma volta. Ir até a Praia Vermelha, tomar água de coco, um pouco de sol, esticar as pernas. Dessa vez havia combinado com um amigo para irmos juntos. Ele me esperaria na Avenida Pasteur, em um posto de gasolina. Como sempre, o passeio começou com alguma algazarra, colocar as coleiras nas cadelas é quase vencer uma guerra. É armado um verdadeiro campo de batalha, cadelas pulando, arranhando, latindo, uma dona descontrolada querendo assumir um papel de liderança, e finalmente, com alguns esforços que não precisam ser relatados as cadelas indignadas se sentam, ainda ansiosas e razoavelmente aflitas, e me deixam colocar as coleiras. Rotina diária e eu tenho que assumir: não tenho nenhum talento para a liderança. Era uma manhã de um sábado ensolarado. Existem coisas que a gente não espera que aconteçam. De tão absurdas nem cruzam nossa mente. E realmente não deveriam cruzar, porque na realidade, não deveriam, não poderiam acontecer. Já falei que trabalho com Direitos Humanos? Ando pensando muito sobre o que significa trabalhar com Direitos Humanos, penso nos projetos desenvolvidos por diversas Organizações Não-Governamentais (ONGs) – das quais faço parte de uma –, dos professores universitários, doutores, mestres, discutindo o sentido, o alcance, a universalidade e a indivisibilidade dos Direitos Humanos. Dos núcleos das universidades, voltados a produzir e pesquisar sobre Direitos Humanos. Eu mesma, mestranda em Direito, linha de pesquisa, Direitos Humanos, objeto da dissertação, Direitos Humanos. Nada poderia ter me preparado para a cena que eu veria em seguida. E olha, não vou dizer que não vi cenas parecidas antes. Trabalhei um ano coordenando um núcleo de assessoria jurídica e mediação de conflitos no Morro da Providência. Então, eu estava descendo com minhas cadelas, virei a esquina onde fica o senhor que há anos vende coco para o pessoal da vizinhança, e me deparei com a cena. Vi um 52 carro da Polícia Militar vindo na minha direção. Claro que o carro não vinha na minha direção, logo percebi que ele vinha na direção de um jovem, magro, alto, sem camisa, dirigindo uma bicicleta. Na janela do carro, uma daquelas „Blazers‟ da Polícia Militar (PM), um policial meio corpo para fora, fuzil apontado. O jovem na bicicleta já andava bem devagar emparelhado com o carro, nada se assemelhava a uma fuga de um criminoso extremamente perigoso e resistindo ou reagindo à abordagem policial. Nada se assemelhava a uma situação de perigo para a população ao redor ou para os policiais que faziam a abordagem. Tirando claro o policial, meio corpo pra fora com o fuzil apontado. O jovem, sem camisa, claramente desarmado. Só ouvi o estouro. Depois disso tudo aconteceu rapidamente. Eu mesma não vi o momento em que recolheram o corpo, não anotei o numero da viatura, não fiz nada. Fiquei preocupada com coisas que não podem passar pela cabeça nessas horas. Liguei para o meu amigo que me esperava e falei rapidamente o que havia acontecido, ou o que consegui entender da cena naquele momento. Os policiais executaram um garoto no meio de todo mundo que dirigia uma bicicleta e não oferecia nenhuma resistência. Não estava armado. No mesmo momento chegava ao posto onde ele estava um casal correndo – tinham tido uma bicicleta furtada próximo à trilha na Praia Vermelha. Quebra-cabeça montado. Execução sumária, na minha cara. Registro, sem dúvida nenhuma, intitularia: Auto de Resistência. *** Importante retomar e aprofundar a perspectiva que se pretende construir quando se afirma a necessidade de consolidação de uma abordagem crítica e contestadora na formação jurídica, especificamente no que diz respeito à educação para os Direitos Humanos. É nesse sentido, que se utiliza aqui, como referências teóricas, autores que trabalham as temáticas abordadas a partir de uma perspectiva reflexiva e crítica, como Antonio Carlos Wolkmer, Luiz Alberto Warat, no campo da crítica ao ensino jurídico; Costas Douzinas, Boaventura de Sousa Santos, Joaquin Herrera Flores, na discussão sobre Direitos Humanos; Boaventura de Sousa Santos, Naomar Almeida Filho, Vera Candau, José Geraldo de Sousa Júnior, Maria Luiza Feitosa, no que tange a problematização do ensino universitário e da educação 53 em Direitos Humanos; entre tantos outros citados ao longo desta dissertação. A perspectiva utilizada para a análise dos dados levantados e a construção da reflexão teórica em cima do problema colocado pretende, portanto, diferenciar-se de uma abordagem tradicional ou histórica no campo dos Direitos Humanos, sendo este movimento fundamento e base da própria hipótese da pesquisa. Ainda hoje se configura marcante a visão que conceitua, interpreta e estuda os Direitos Humanos como algo que diz respeito ao homem por sua natureza específica e supostamente universal ou a partir de uma construção histórica (baseada no estudo de lutas e momentos considerados centrais e na afirmação das diversas gerações de direitos). O objetivo constante desse trabalho é considerar a essência paradoxal – não aceitá-los como algo lógico e imutável – dos Direitos Humanos (DOUZINAS, 2009), que se revela permanentemente na impossibilidade de perceber a extensão dos mesmos enquanto concretização, sendo percebidos essencialmente enquanto objetos de sua própria violação e como instrumentos de reivindicação e luta (MAGALHÃES, 2010). Nesse sentido é importante retomar algumas reflexões e questionamentos apresentados anteriormente. Os Direitos Humanos podem funcionar, também, como ferramenta para sua própria violação? A afirmação de que somos todos iguais e que por assim sermos devemos ser considerados portadores de direitos universalmente reconhecidos, abre espaço para as mais diversas violações desses pretensos direitos universais? Reconhecer a essência paradoxal dos Direitos Humanos pode ser um caminho para a percepção de suas reais limitações e possibilidades de efetivação. Se os Direitos Humanos são mais facilmente reconhecidos em sua própria violação, ou são unicamente reconhecidos na presença destas, (MAGALHÃES, 2010) é necessário pensar sobre a dinâmica de ambigüidades construída no âmbito desses direitos. Nesse contexto, o que é de fato a humanidade que consideramos o fundamento dos Direitos Humanos? Os Direitos Humanos, com suas pretensões universalistas, não podem fornecer respostas para todas as questões que se apresentam atualmente. Negar o paradoxo intrínseco a determinado conceito é retirar do próprio a possibilidade de refletir a realidade que pretende revelar ou analisar. Em primeiro lugar, não é teoricamente possível e nem politicamente conveniente buscar uma definição teórica convencional para os Direitos Humanos, no sentido da construção de uma teoria jurídica em sentido estrito. Os Direitos Humanos compreendem um “nome”, disposições legais, instrumentos jurídico-processuais, 54 recursos políticos e de discurso; constituem e perpassam instituições estatais e da sociedade civil, insuflam atitudes, valores e relações sociais. Ou seja, fazem parte de uma complexa construção intelectual e política, cuja dimensão histórica nos mostra que se trata de um processo extremamente conflituoso e, em grande medida interminável. Face a ele, definições e teorias têm aparecido sempre afirmações unilaterais e incompletas, de uso parcial e estratégico. Assim, como ressalta Boaventura, a construção dos Direitos Humanos está inserida no processo mesmo de diálogo e luta política, sem que possamos ou devamos esperar construções unitárias ao final. (KOERNER, 2002, p. 108) 2.1 Mapeando Direitos Humanos: Produção Acadêmica em Direitos Humanos no Direito Assumir e vivenciar os paradoxos que perpassam a construção da noção de Direitos Humanos é um caminho possível para a compreensão de seus limites e possibilidades, de seu funcionamento na sociedade contemporânea e de possíveis alternativas para sua compreensão e efetivação. Esses são os sentidos contemplados quando se aborda no presente trabalho a existência de concepções críticas no campo dos Direitos Humanos e que se pretende mapear, constatando-os ou não, no que tange a educação em Direitos Humanos na formação jurídica. Partiu-se do pressuposto, para a construção da hipótese da pesquisa, de que as formas de abordagem majoritária dos Direitos Humanos na formação jurídica não consideram os seus paradoxos intrínsecos e constitutivos. No livro intitulado „Carne e Pedra. O Corpo e a Cidade na Civilização Ocidental‟ (SENNETT, 2008), muito mais do que contar uma história sobre a relação entre o espaço urbano e o corpo humano, o autor conta a história de múltiplas fissuras e rupturas, fragmentações e segregações, dialogando de forma complexa com a construção da identidade e subjetividade humanas através da análise da constituição do espaço urbano. Através dos diversos cenários retratados, é impossível não remeter à reflexão construída para a própria reflexão sobre Direitos Humanos e questionar como pensar e construir concepções acerca destes que não considerem de forma crítica e reflexiva a complexidade das relações humanas no mundo contemporâneo. É importante, portanto, perceber e considerar a complexidade das relações sociais que permeiam o mundo contemporâneo (BECK, 2008) para que qualquer análise, independente do campo no qual se insere, possa também ser permeada por tal 55 complexidade. Nesse sentido, os Direitos Humanos, pela centralidade e importância adquiridas ao longo das últimas décadas, não podem deixar de serem permeados por um olhar crítico e complexo. No campo específico do Direito, o pensamento jurídico crítico propõe um debate, a partir, da discussão teórico-prática sobre outros referenciais epistemológicos, da modificação de valores na busca de uma visão mais pluralista, e do reconhecimento de que os paradigmas jurídicos predominantes não são capazes de traduzir a complexidade e as transformações sociais. O pensamento crítico pretende repensar e romper a dogmática lógico-formal dominante gerando um processo de esclarecimento, autoconsciência, emancipação, transformação da realidade. É, portanto, um “profundo exercício reflexivo de questionar o que está normatizado e oficialmente consagrado (no plano do conhecimento, do discurso e do comportamento) em uma dada formação social e a possibilidade de conceber outras formas não alienantes diferenciadas e pluralistas de prática jurídica”. (WOLKMER, 2009) (...) o „discurso crítico‟ não pode ter nenhuma pretensão de completude, nem pode pretender falar alternativamente em nome de nenhuma unidade ou harmonia, já que está em processo permanente de elaboração (...) realiza análises fragmentadas e transformáveis, próprias de um processo de produção de um novo conhecimento científico. (WARAT, 1988, pp. 35-36 apud WOLKMER, 2009, p. 22) Pensar a educação em Direitos Humanos de maneira crítica e reflexiva requer, portanto, despir esse campo de certezas absolutas e concepções fechadas e imutáveis. É necessário que qualquer verdade afirmada possa ser em seguida contestada e modificada, é necessário que em qualquer verdade haja, então, espaço para a dúvida permanente, sendo superada qualquer concepção de certeza perene e excludente. (BECK, 2008). 56 Como afirmado na introdução a este trabalho, mais do que a escolha de um tema para a pesquisa, o estudo aqui proposto e desenvolvido representa uma mobilização interna profunda originada durante o curso de graduação na faculdade de Direito e consolidada com a entrada no mestrado e o trabalho no campo dos Direitos Humanos. Porém, o desenvolvimento de uma hipótese não pode basear-se em crenças e percepções intimas, e se a ligação pessoal ao tema é um risco no que tange a imparcialidade no desenvolvimento da pesquisa, pode também ser um benefício se a mesma for elaborada com a seriedade e os cuidados necessários. Como então trabalhar o problema de pesquisa: „como estão sendo contemplados e trabalhados os Direitos Humanos, na formação jurídica, no campo da produção de conhecimento, da pesquisa e da extensão universitária?‟ A metodologia utilizada nessa pesquisa baseia-se no pressuposto de que através da análise da atual produção acadêmica, das pesquisas desenvolvidas e dos programas e projetos de extensão universitária existentes no Direito, é possível traçar um panorama acerca da abordagem construída no que tange aos Direitos Humanos no ensino jurídico. No campo da produção acadêmica, optou-se pela análise de artigos produzidos por autores ligados ao Direito, por entender que esses refletem de forma atual e dinâmica a produção no mundo jurídico. Eles foram considerados no âmbito desse trabalho como resultado direto da construção acadêmica no Direito e das mais recentes pesquisas, estudos e debates desenvolvidos18. A partir dessa opção metodológica foram selecionadas três fontes de busca consideradas centrais tanto pela regularidade e reconhecida qualidade das publicações, como pelo espaço ocupado no campo dos Direitos Humanos. São elas: SciELO (Scientific Eletronic Library Online ) 19, a Revista Internacional de Direitos Humanos – SUR20 e a Revista de Direitos Humanos da SEDH/PR21. 18 O levantamento desenvolvido será complementado a partir da análise de capítulos de livros e periódicos no âmbito da pesquisa a ser concluída pelo NEDH/NIAC/UFRJ. 19 Cf. Portal Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Disponível em: http://www.scielo.org. Acesso em: 10 de Novembro de 2010. 20 Cf. Portal Revista Internacional de Direitos Humanos (SUR). Disponível em: http://www.surjournal.org. Acesso em: 10 de Novembro de 2010. 21 Cf. Portal Revista de Direitos Humanos da SEDH/PR. Disponível em: http://www.Direitoshumanos.gov.br/biblioteca/serie-revista-Direitos-humanos. Acesso em: 10 de Novembro de 2010. 57 Em relação ao SciELO, a partir do portal virtual da biblioteca, a pesquisa consistiu nos seguintes critérios para o levantamento: optou-se pela busca geral por artigos „pesquisa artigos‟, o método escolhido foi „integrada‟, utilizando-se a busca pela expressão-chave „Direitos Humanos‟ e a localização geográfica escolhida foi „Brasil‟. O critério para considerar a publicação como pertencente à área do Direito se baseou na vinculação do autor/a ou de pelo menos um dos autores/as (no caso de obra em co-autoria) ao Direito. Essa vinculação poderia se constituir pelo trabalho no campo do Direito (advogado, promotor, juiz, defensor público, etc), pelo exercício de função docente ou pela relação discente (graduação ou pós-graduação – lato ou stricto sensu) no Direito. No que se refere à Revista SUR e a Revista da SEDH/PR, por serem especificamente publicações do campo dos Direitos Humanos, o primeiro filtro descrito acima não foi necessário. Foram utilizados, então, os mesmos critérios para definir o artigo como sendo da área do Direito e foram considerados apenas autores nacionais ou com formação jurídica realizada no Brasil. No que tange ao conteúdo dos artigos, assim como dos grupos de pesquisa e programas/projetos de extensão, foram considerados aqueles que abordassem o conteúdo dos Direitos Humanos a partir de uma perspectiva geral, trabalhando entre outros aspectos sua conceituação, fundamentação e construção. Cumpre afirmar que isto não implica no não reconhecimento da importância de todas as temáticas específicas que compõem o campo de estudo e lutas dos Direitos Humanos, assim como o diálogo e a relação entre elas. A escolha metodológica decorreu do reconhecimento da pertinência da discussão conceitual e geral sobre Direitos Humanos com o problema de pesquisa e a hipótese proposta e da amplitude que demandaria o estudo de todos os temas afins ao campo dos Direitos Humanos. O recorte inicial realizado no portal virtual do SciELO, através da busca por „artigos‟, no método „integrada‟, pela expressão chave „Direitos Humanos‟ e na localização „Brasil‟ indicou como resultado duzentos e setenta e cinco (275) artigos. A etapa seguinte, que consistiu em delimitar os artigos relacionados ao Direito, utilizando os critérios explicitados acima – autor ou co-autor ligado ao Direito – restringiu o resultado para trinta e um (31) artigos. 58 Cumpre notar que a forma escolhida para a realização do levantamento da produção em Direitos Humanos poderia ter sido diferenciada, abrangendo, por exemplo, a análise completa de todos os periódicos, livros e capítulos de livros. Além da opção metodológica ter sido baseada no critério descrito acima, essa se deu, também, pelo reconhecimento da limitação temporal imposta à pesquisa. Assim optou-se pelo levantamento mais geral e abrangente – por „artigos‟, apesar das possíveis lacunas que deverão ser reanalisadas e complementadas na continuidade e qualificação do levantamento aqui desenvolvido. O levantamento realizado revela, no entanto, um quadro importante e significativo para a análise da produção jurídica no campo dos Direitos Humanos. Isso pode ser notado já no primeiro resultado aqui comentado: de duzentos e setenta e cinco (275) artigos categorizados pelo SciELO como produções em Direitos Humanos, apenas trinta e um (31) estão vinculados ao Direito de acordo com os critérios utilizados. Em relação à Revista Internacional de Direitos Humanos – SUR o levantamento foi desenvolvido a partir da análise dos doze (12) números já publicados e disponibilizados no portal virtual da revista. Por ser uma revista que contempla a publicação de autores de diferentes nacionalidades, inicialmente foram selecionados os artigos publicados por autores brasileiros ou cuja formação universitária tenha sido realizada no Brasil. Simultaneamente a esse primeiro recorte, foram selecionados os autores vinculados ao Direito, a partir dos critérios já explicitados. Os resultados preliminares revelam que dos noventa e cinco (95) artigos publicados pela SUR, apenas doze (12) são de autores brasileiros (ou com formação universitária no Brasil) e ligados ao Direito. A distribuição se dá da seguinte forma: Na primeira publicação da SUR são sete (07) artigos, sendo apenas três (03) considerados nos critérios desse levantamento, na segunda são nove (09) e um (01) considerado, na terceira edição constam também nove (09) artigos e apenas um (01) brasileiro relacionado ao Direito. Sucessivamente as seguintes quantidades se apresentam: na quarta edição, nove (09) e um (01), na quinta, sete (07) e nenhum, na sexta, sete (07) e dois (02), na sétima, seis (06) e nenhum, na oitava, oito (08) e dois (02), na nona, sete (07) e um (01), na décima, nove (09) e um (01), na décima primeira edição oito (08) e nenhum e na décima segunda, por fim, nove (09) e nenhum selecionado dentro dos critérios iniciais estabelecidos. 59 Por fim, foi feito o levantamento dos artigos da Revista de Direitos Humanos da SEDH/PR. Atualmente a revista está na quinta edição, e com exceção da última publicação, que possui nove (09) artigos, todos os números anteriores possuem sete (07) artigos, totalizando trinta e sete (37) trabalhos. Apesar de ser uma revista brasileira, também possui trabalhos de autores internacionais e, portanto, foram seguidos os mesmos procedimentos descritos para o levantamento realizado na revista SUR. Foram concomitantemente selecionados os trabalhos de autores brasileiros e vinculados ao Direito. Assim como na SUR, por ser a revista da SEDH/PR considerada uma publicação do campo dos Direitos Humanos, todos os trabalhos foram considerados para a análise. Como resultado desse primeiro recorte foram selecionados apenas quinze (15) artigos, sendo dois (02) da primeira edição, quatro (04) da segunda, três (03) da terceira, um (01) da quarta, e por fim, cinco (05) da edição atual. Considerando as três fontes utilizadas para o levantamento dos dados, entre quatrocentos e sete (407) artigos analisados, apenas cinqüenta e oito (58) estão vinculados à área jurídica (ANEXO A). Conforme mencionado anteriormente, o levantamento relacionado à produção acadêmica baseou-se metodologicamente na pesquisa desenvolvida por Miriam Krenzinger A. Guindani e Luiz Eduardo Soares no trabalho intitulado “Direitos Humanos e Ciências Sociais no Brasil” de 2010. Neste trabalho a análise dos resultados encontrados é estruturada a partir de determinados eixos centrais que serão utilizados como norteadores para as observações preliminares e parciais referentes aos resultados levantados na presente pesquisa no tange à produção acadêmica. Através da leitura, observação e análise das concepções centrais construídas pelos diversos autores pesquisados e da percepção acerca da delimitação do objeto trabalhado dentro do amplo campo temático em questão, foram identificadas três abordagens referentes à conceituação e estudo dos Direitos Humanos (SOARES & GUINDANI, 2010): 1) autores que desenvolvem uma perspectiva crítica e cautelosa (foco do levantamento detalhado) no que se refere à construção e compreensão dos Direitos Humanos, mas que não deixam de reconhecer sua importância enquanto instrumento de resistência. Foram destacadas durante a análise do levantamento pesquisas empíricas que abordassem a questão dos Direitos Humanos a partir de uma discussão geral sobre sua concepção ou efetivação. Conforme explicitado na descrição da metodologia, isso se deu 60 pelo reconhecimento da importância para a reflexão sobre os Direitos Humanos e da quase inexistência no Direito deste tipo de análise. 2) desenvolvimento de pesquisas e análises sobre o tema, focado na compreensão dos diversos campos de luta envolvidos na discussão sobre Direitos Humanos e nas múltiplas formas de violação dos mesmos. Nesse âmbito estão inseridos os trabalhos que tratam de temáticas específicas que compõem o campo estudado e que, apesar da importância que representam na luta pela promoção e proteção dos Direitos Humanos, por não proporem especificamente uma análise acerca de seus fundamentos e conceituação não foram analisados de forma aprofundada neste trabalho. Ou seja, apesar da centralidade da compreensão dessas temáticas, de forma majoritária as mesmas são construídas sem uma reflexão e compreensão sobre o „pano de fundo‟ da discussão crítica dos Direitos Humanos essencial para sua análise e compreensão. 3) por último, destaca-se a abordagem que trabalha a análise da configuração institucional (política e normativa) dos Direitos Humanos no cenário nacional e internacional. Esta se revela, majoritariamente, uma análise mais tradicional calcada em exposições que consideram os Direitos Humanos a partir de características como universalidade, indivisibilidade e interdependência, sem qualquer reflexão e ponderação crítica, tendo destaque o Direito Internacional dos Direitos Humanos. Nesse campo foram destacados pela pesquisa estudos sobre as políticas públicas nacionais em Direitos Humanos, pelos mesmos motivos destacados no que se refere às pesquisas empíricas. Para o estudo proposto os artigos levantados foram então classificados de acordo com a perspectiva a partir da qual os Direitos Humanos são abordados em seu conteúdo, considerando a construção – ou não – de uma abordagem crítica acerca de sua concepção. Uma análise crítica sobre a produção no campo dos Direitos Humanos deve inicialmente considerar dois parâmetros: a quantidade e amplitude incontestáveis e a passividade teórica-prática através da qual o tema é tratado. A primeira característica é resultado direto do contingente de direitos afirmados no campo em questão e de violações referentes a esses e a segunda é resultado direto de um desenvolvimento teórico fundado amplamente na aceitação universal de suas premissas, por estarem estas supostamente fundadas e configurarem respostas a monstruosas atrocidades cometidas contra os seres humanos 61 (MENDEZ, 2004). O empobrecimento intelectual advindo da ausência de reflexões questionadoras, criativas e polêmicas é latente e claro. Nascidos como resposta política, contingente e concreta a um acontecimento monstruoso, impensável a priori, tal como o Holocausto, seu desenvolvimento teórico esteve marcado por um extraordinário consenso universal baseado no repúdio mundial ao plano insano de aniquilação em massa de um povo. O enorme consenso político promoveu amplo consenso teórico e este último, objetivamente, o empobrecimento intelectual de seu desenvolvimento. (MENDEZ, 2004, p. 7). O foco, portanto, dos artigos destacados para análise mais aprofundada no âmbito desta pesquisa está relacionado com a primeira abordagem descrita. A divisão proposta não é, no entanto, estanque e inflexível e não implica na inexistência de possíveis inter-relações existentes entre as abordagens elencadas. Compreende-se que a construção de uma análise complexa e aprofundada no campo da Educação em Direitos Humanos deve, exatamente, considerar a inter-relação entre estas abordagens, evitando estudos estanques e problematizando os diversos âmbitos de análise englobados pelos Direitos Humanos. Dessa forma, cumpre salientar, que os artigos destacados para análise nesta pesquisa compreendem, em diversos momentos, as três abordagens centrais destacadas. Todas as obras foram lidas pormenorizadamente e houve um esforço permanente em evitar arbitrariedades e o engessamento da divisão proposta. A partir da análise dos temas e idéias-chave trabalhadas no âmbito das produções pesquisadas, da consideração das abordagens que nortearam a análise aqui proposta e que estão acima explicitadas e do foco considerado pela pesquisa (construção de uma concepção crítica no campo dos Direitos Humanos) passa-se a expor os resultados levantados, destacando-se os trabalhos que desenvolvem uma perspectiva crítica e cautelosa no que se refere à construção e compreensão dos Direitos Humanos. Conforme foi afirmado anteriormente, a estruturação da análise desenvolvida, a partir das três abordagens identificadas (SOARES & GUINDANI, 2010) identificadas no campo da produção de conhecimento em Direitos Humanos no Direito, teve como objetivo nortear a reflexão acerca da construção e estruturação da abordagem crítica neste âmbito e, nesse sentido, foram destacados os artigos aqui detalhados. Os demais artigos levantados nesta etapa da pesquisa, e que dizem respeito à produção de conhecimento no campo dos Direitos Humanos no Direito, mas que não foram selecionados no último recorte de análise proposto, dizem respeito de forma mais direta e específica às duas outras abordagens de 62 análise identificadas (desenvolvimento de pesquisas e análises sobre o tema, focado na compreensão dos diversos campos de luta envolvidos na discussão sobre Direitos Humanos e nas múltiplas formas de violação dos mesmos e análise da configuração institucional (política e normativa) dos Direitos Humanos no cenário nacional e internacional) e não tocam diretamente a questão da discussão e construção crítica da concepção acerca dos Direitos Humanos. Apesar de serem discussões e temáticas de extrema importância e relevância que integram, dialogam e compõem o campo dos Direitos Humanos, não discutem a conceituação, fundamentação e compreensão desses especificamente. De uma forma geral, os temas presentes e desenvolvidos nestes artigos – considerando todos os analisados nas três fontes de pesquisa utilizadas – abordam as seguintes questões: direitos LGBTTT, gênero, sexualidade e direitos reprodutivos, HIV/Aids, discussão acerca da questão indígena, conflitos agrários, proteção ao meio ambiente, memória e verdade, violência policial, questões relacionadas à migração, ações afirmativas e políticas inclusivas no campo da educação, garantia do direito à educação, direitos autorais, acesso à medicamentos, discussões específicas no campo da proteção internacional dos Direitos Humanos e análise dos diversos mecanismos ligados ao direito internacional, evolução histórica e normativa dos Direitos Humanos, entre outras temáticas relacionadas ao campo das duas abordagens traçadas. É inegável a importância e a relevância destas temáticas para o debate no campo dos Direitos Humanos, assim como a inter-relação destas com a construção de uma abordagem crítica no campo da educação em Direitos Humanos, porém não se encontram no foco da análise proposta nesse trabalho. Isso, no entanto, não exclui o reconhecimento da inter-relação entre o foco do levantamento proposto – autores que desenvolvem uma perspectiva crítica e cautelosa no que se refere à construção e compreensão dos Direitos Humanos – e as demais abordagens presentes no campo dos Direitos Humanos e identificadas durante o levantamento da produção de conhecimento nas três fontes delineadas. A estruturação de apresentação do resultado a partir dos temas centrais identificados e das idéias-chave trabalhados pelos autores, por sua vez, não exclui o reconhecimento permanente da interligação entre os temas estudados e as análises desenvolvidas. Essas relações foram pontuadas ao longo da 63 análise proposta e são, exatamente, o reconhecimento dessa inter-relação existente e a afirmação da impossibilidade de desenvolver estudos estanques e isolados entre os diversos aspectos que compõem a complexidade do campo dos Direitos Humanos, que possibilitam a construção de uma reflexão crítica em termos de Educação em Direitos Humanos. Nessa perspectiva, no que tange ao SciELO, dos trinta e um (31) artigos considerados foram destacados dez (10), em relação à Revista SUR, foram destacados quatro (04) dos doze (12) artigos considerados e, por fim, em relação à Revista da SEDH, dos quinze (15) artigos considerados, foram selecionados três (03) artigos22. No âmbito desta análise, pelos motivos afirmados anteriormente, destacou-se a presença de pesquisas empíricas, de produções referentes à discussão da realidade social e à construção de políticas públicas no campo dos Direitos Humanos e de estudos no campo específico da educação em Direitos Humanos. Os temas centrais que surgiram na análise das produções estudadas se dividiram entre: 1) a discussão acerca da concepção e compreensão dos Direitos Humanos, problematizando a possibilidade ou impossibilidade de sua conceituação; 2) a problematização dos Direitos Humanos, a partir da constatação da complexidade das relações sociais e políticas no mundo globalizado; 3) a discussão sobre as dinâmicas relativas ao sistema internacional de proteção e promoção dos Direitos Humanos; 4) a problematização de questões ligadas diretamente à realidade social e à construção de políticas públicas no campo dos Direitos Humanos; e, por fim, 5) a discussão específica no campo da educação em Direitos Humanos. Importante reafirmar que esta divisão não é estanque, os temas muitas vezes se entrecruzam nas obras analisadas, assim como, as abordagens delineadas para a construção deste estudo. A divisão temática considerada para os artigos analisados dentro da primeira abordagem proposta, estrutura-se, portanto, da seguinte forma: Tabela 2: Análise Consolidada da Produção de Conhecimento. Fontes Analisadas/ SciELO Revista SUR Revista SEDH Temas 22 Alguns artigos analisados e destacados na pesquisa apareceram em mais de uma fonte pesquisada. Essa repetição será destacada no momento de exposição de seus conteúdos. 64 Centrais 1) Concepção e - A Reconstrução dos - Pesquisa Direitos compreensão Humanos e dos Direitos Humanos: a Direitos Contribuição de Humanos Justiciabilidade: Pesquisa Hannah Arendt; no Tribunal de Justiça do - Pesquisa Direitos Rio de Janeiro. Humanos e Justiciabilidade: Pesquisa no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro; - Ordem Política e Sujeito de Direitos no Debate sobre Direitos Humanos; - Emancipação Política, Direito de Resistência e Direitos Humanos em Robespierre e Marx. 2) - Direitos Humanos e complexidade Globalização das relações Econômica: Notas para sociais e uma Discussão; políticas no - Direitos Humanos, mundo Cidadania e globalizado Globalização Desarraigamento e a Proteção dos Migrantes no Direito Internacional dos Direitos Humanos. 65 3) Dinâmicas - O contrário dos - Apenas os Estados- relativas ao Direitos Humanos Membros Podem Fazer a sistema (Explicitando Zizek). ONU Funcionar; internacional - Os sessenta anos da de proteção e Declaração Universal: promoção dos atravessando um mar de Direitos contradições. Humanos 4) Realidade - Direitos Humanos e - Reflexões acerca da - Programa Social e Tratamento Igualitário: Sociedade Civil e dos Nacional de construção de Questões de Direitos Humanos Direitos Políticas Impunidade, Dignidade Humanos: Públicas e Liberdade; Efetivar Direitos - Reflexões acerca da e Combater as Sociedade Civil e dos Desigualdades Direitos Humanos 5) Educação - Educação em em Direitos Direitos Humanos Humanos: Desafio às Universidades; - O Eixo Educador do PNDH III Em relação ao primeiro tema (a discussão acerca da concepção e compreensão dos Direitos Humanos), portanto, o recorte final do levantamento desenvolvido resultou em quatro (04) artigos, considerando as três fontes utilizadas na pesquisa, e se destacam aqui as idéias centrais trabalhadas nos mesmos. “A Reconstrução dos Direitos Humanos: a Contribuição de Hannah Arendt” (SciELO), de Celso Lafer, discute a contribuição da citada pensadora para a reflexão sobre os Direitos Humanos, a partir da noção da dicotomia 66 inserida nos conceitos trabalhados. O autor problematiza a necessidade de não absolutização de realidades ontologicamente complexas e em conclusão à reflexão proposta no trabalho, o autor afirma não ser possível construir um „sistema‟ fechado para os Direitos Humanos. Tal proposta harmoniza-se com a sua visão de raposa perante um mundo percebido centrifugamente, pois a importância dos juízos reflexivos e raciocinantes deriva da relação problemática entre o universal e o particular que a ruptura tornou evidente. Em síntese: precisamente porque o juízo, no mundo contemporâneo, não pode ser reduzido a uma fórmula inequívoca de subsunção é que se pode falar no seu peso e na sua responsabilidade. (LAFER, 1997, p. 64). De autoria de José Ricardo Cunha (entre outros co-autores), o artigo intitulado “Pesquisa Direitos Humanos e Justiciabilidade: Pesquisa no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro” (SciELO e Revista SUR), relata o resultado de uma pesquisa realizada no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acerca da concepção dos juizes no que tange aos Direitos Humanos. A pesquisa contemplou duas esferas, uma teórica, onde foram trabalhados alguns atores no campo dos Direitos Humanos e outra prática que contemplou a aplicação dos questionários com juízes (acerca do nível de formação para os Direitos Humanos e o nível de aplicação dos mesmos – com foco na aplicação da normatividade internacional). Foi analisado o perfil dos juizes, a formação específica em Direitos Humanos (40% nunca estudaram Direitos Humanos), a concepção acerca desses, a indivisibilidade dos mesmos, a aplicação das normas de Direitos Humanos, a constitucionalidade das ações afirmativas, os sistemas de proteção da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), e a utilização específica de normas de Direitos Humanos, com variáveis como o tipo de vara, a cor/etnia ou raça do juiz em questão. Por fim, a partir do resultado parcial de cada variável, o estudo proposto cruza todos os dados levantados. Algumas constatações merecem destaque: Evidenciou-se, ao longo da pesquisa, um instigante paradoxo: se, por um lado, os juízes demonstram concepções arrojadas acerca dos Direitos Humanos e da aplicabilidade, em tese, de suas normas garantidoras, por outro, poucos são os que efetivamente aplicam normas que versem sobre tais Direitos, mormente em se tratando da utilização específica dos Sistemas de Proteção Internacional dos Direitos Humanos da ONU e da OEA. Isso pode ser justificado a partir da constatação de que 40% dos juízes nunca estudaram Direitos Humanos, e apenas 16% deles sabem como funcionam o Sistema de Proteção dos Direitos Humanos interamericano e o das Nações Unidas. Mesmo assim, a grande maioria, 73% dos magistrados, afirma que, se houvesse oportunidade, gostaria de participar de cursos sobre Direitos Humanos. (CUNHA et al, 2005, p. 169). 67 Importante notar que o artigo tangencia a área de educação para Direitos Humanos, utilizando a formação para os Direitos Humanos dos juízes como variável da pesquisa e destacando a importância desta na efetivação dos mesmos, além de ser o único artigo analisado que desenvolve pesquisa empírica acerca dos Direitos Humanos. No trabalho a “Ordem Política e Sujeito de Direitos no Debate sobre Direitos Humanos” (SciELO), Andrei Koerner, apresenta diferentes posições conceituais e políticas acerca das principais polêmicas sobre os Direitos Humanos nos anos noventa. Os eixos utilizados para organizar as informações trabalhadas pelo autor foram: a relação entre ordens interestatais e estatais e a relação entre sujeitos e normas. Trata dos diversos movimentos de afirmação dos Direitos Humanos no plano internacional durante a década de noventa, contrastando os mesmos com a grande e perversa violação de Direitos no período citado. A análise construída pelo autor baseia-se na impossibilidade de definição de uma concepção absoluta no campo dos Direitos Humanos e foi neste trabalho utilizada para subsidiar a construção da perspectiva crítica utilizada nesta análise. O texto aborda, também, questões relativas ao terceiro tema destacado nesta categorização. Porém, por outro lado, a situação política internacional mostra como essas relações estão ainda indefinidas, dada a proteção internacional seletiva dos Direitos Humanos, submetida aos interesses geopolíticos das principais potências, assim como as reações de suas lideranças e de grupos políticos fundamentalistas, nacionalistas e defensores de outros particularismos, que contestam mudanças mais profundas no campo dos Direitos Humanos. (KOERNER, 2002, p.89). De autoria de Thamy Pogrebinschi, o trabalho intitulado “Emancipação Política, Direito de Resistência e Direitos Humanos em Robespierre e Marx” (SciELO) utilizando o embate teórico – as possíveis aproximações e divergências – entre os dois autores citados no título, para abordar o uso do arcabouço teórico de Marx, expressamente no que tange a sua utilização para a defesa atual dos Direitos Humanos e de sua universalidade. A hipótese da autora é pela impossibilidade de utilizar o pensamento de Marx nesse sentido. Após abordar alguns elementos centrais do trabalho teórico de Marx e Robespierre, construindo os mesmos em torno de dois eixos específicos de análise – emancipação política e resistência – e confrontando temas específicos no campo dos Direitos Humanos, a autora demonstra que a produção teórica em questão, apesar de se aproximar no que tange ao conteúdo que os Direitos Humanos podem assumir, diverge no que se refere à forma que estes efetivamente assumem. 68 Em relação ao segundo tema (problematização dos Direitos Humanos, a partir da constatação da complexidade das relações sociais e políticas no mundo globalizado) o recorte final do levantamento desenvolvido resultou em três (03) artigos. O primeiro artigo destacado, “Direitos Humanos e Globalização Econômica: Notas para uma Discussão” (SciELO), de autoria de José Eduardo Faria, discute a questão da globalização, suas características e o impacto na noção tradicional de soberania, abordando respostas céticas para questões de democracia e Direitos Humanos no cenário desenhado. Num ordenamento com tais características, por isso mesmo, a idéia de interesses gerais e universais já não consegue mais exercer o papel de princípio totalizador destinado a compor, integrar e harmonizar os distintos interesses específicos. Ela pode até continuar preservada retoricamente nos textos legais, sobrevivendo aos processos de deslegalização e desconstitucionalização, mas já não tem mais o mesmo peso simbólico e funcional detido à época do advento do Estado constitucional, da democracia representativa e das declarações de Direitos. (FARIA, 1997, p.48) O artigo “Desarraigamento e a Proteção dos Migrantes no Direito Internacional dos Direitos Humanos” 23 (SciELO), de Antônio Augusto Cançado Trindade, aborda questões como a globalização, o progresso econômico, a abertura de fronteiras e o não acompanhamento do acesso pela grande parte dos seres humanos aos progressos materiais do último século. Trata de questões como a necessidade de situar o ser humano acima do mercado, dos bens, produtos e serviços. Trabalha em cima da crescente e paradoxal incapacidade dos Estados de protegerem seus cidadãos, apesar dos avanços econômicos e tecnológicos, e o conseqüente crescimento do fenômeno da migração forçada. O autor trabalha, então, a questão do migrante e do refugiado no que diz respeito diretamente à noção de identidade e de pertencimento – ligada a discussão acerca dos Direitos Humanos – e a conseqüente perenidade da condição de refugiado para o indivíduo, utilizando, entre outros, o pensamento de Hannah Arendt. O autor passa, por fim, a analisar o quadro normativo de proteção aos direitos (Nações Unidas e sistema Latino Americano) dos migrantes e refugiados, para constatar suas flagrantes lacunas e insuficiências. O trabalho tangencia dessa forma, também, o primeiro e o terceiro temas delineados nesta análise. No artigo intitulado “Direitos Humanos, Cidadania e Globalização” (SciELO), de autoria de J. A. Lindgren Alves, é trabalhado o impacto da globalização nos conceitos de 23 O artigo encontra-se publicado no SciELO em versão na língua inglesa. 69 soberania e cidadania, abordando as diferenças entre países e segmentos populacionais globalizadores e a massa de excluídos resultantes do processo de globalização, com ênfase na esfera criminal e nos processos de criminalização, especialmente da pobreza. Traz o surgimento e fortalecimento, com a queda da identificação com o Estado Nacional, da identificação comunitária – religiosa, de gênero, de etnia. Pontua que esse processo apesar de fortalecer a luta por reconhecimento pode ter efeitos perigosos para a cidadania no caso de radicalismos, intolerância e exclusão do outro. Tocando na discussão proposta no primeiro tema, problematiza que a impossibilidade de concretização efetiva dos Direitos Humanos faz com que esses funcionem como disfarces para sua própria violação. No que tange ao terceiro tema (a discussão sobre as dinâmicas relativas ao sistema internacional de proteção e promoção dos Direitos Humanos) o recorte final do levantamento desenvolvido resultou em três (03) artigos. O primeiro aqui destacado, “O contrário dos Direitos Humanos (Explicitando Zizek)” (SciELO), de J.A. Lindgren Alves, é iniciado com o caminho de reflexão traçado por Slajov Zizek, pontuando algumas ponderações sobre o propósito teórico do autor e abordando alguns supostos „avanços‟ no que tange ao respeito aos Direitos Humanos, especialmente no âmbito internacional. Pondera algumas seletividades arbitrárias no processo internacional de responsabilização por violações aos Direitos Humanos sem, no entanto, deixar de reconhecer sua importância e significado. O artigo trabalha, também, questões relativas ao mundo globalizado, onde a função do Estado passa cada vez mais a se restringir à garantia de funcionamento das empresas multinacionais, norteado por determinações de órgãos como o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Relaciona-se, assim, com o segundo tema destacado. Que quereria dizer Zizek com “o oposto dos Direitos Humanos”? A conhecida e desgastada reiteração da inexistência de Direitos universais na medida em que estes são criações históricas, originárias de uma cultura específica? Ou, de maneira prosaica, menos principista, a habitual violação sistemática – não seria melhor dizer “sistêmica”? – desses Direitos fundamentais, que sem dúvida existem e são de todos? Tratar-se-ia de frase pour épater do mais novo enfant terrible das ciências sociais? Seu autor não é, com efeito, pensador irreverente de país um tanto exótico que, não contente de unir Lacan, Hegel e Kant em análises anti-capitalistas, libertárias, supostamente anacrônicas, insiste em não separar a cultura pop e a filosofia ocidental mais erudita? (ALVES, 2002, p.93). A partir dessas análises o autor pondera e reflete acerca da expressão inicial de Zizek que norteou a crítica proposta no texto. Para o autor, a idéia não é aceitar esses fatos 70 como um caminho para a deterioração dos Direitos Humanos, mas sim para a reflexão em cima dos paradoxos constitutivos dos mesmos. Nesse sentido, o artigo relaciona-se com o primeiro tema abordado problematizando a concepção acerca dos Direitos Humanos. Abordando o problemático funcionamento do Conselho de Segurança, Sergio Vieira de Mello, no artigo “Apenas os Estados-Membros Podem Fazer a ONU Funcionar” (Revista SUR) levanta ponderações acerca da relação (ou a ausência desta) entre o Conselho de Segurança da ONU e a Comissão de Direitos Humanos da mesma organização e sua complexa relação com a análise dos Direitos Humanos. Estrutura sua exposição a partir dos seguintes eixos: terrorismo não-estatal, limites de crescimento dos Direitos e pactos de Direitos, religião, interesses de Estado e resultados práticos em Direitos Humanos. A título de conclusão o autor afirma que: Ao lidar com Direitos Humanos, lidamos com o poder que se manifesta no cotidiano. Opomo-nos, é verdade, a muitas formas de poder e a abusos de poder, mas também, inevitavelmente, recorremos ao poder. Posso conceber motivos estratégicos para fingir que as coisas se processam de outro modo – temos, sem dúvida, essa capacidade –, mas também posso pensar que não há razão para acreditar que as coisas sejam diferentes. (...) Ora, se nossas regras e debates não protegem os fracos, então que valor têm, qual a importância de encontros como este? É claro que não pretendo sugerir que trabalhar pelo avanço dos Direitos Humanos constitua um mero exercício de poder, pois o movimento pelos Direitos Humanos não se resume a ganhar ou perder. Trata-se de um projeto aberto. Não posso jamais me dar ao luxo de cantar vitória, nem vocês. Ao contrário, precisamos renovar nosso compromisso com essa luta e certamente não podemos anunciar o fim de coisa alguma. Se existe algo que podemos anunciar, é apenas o início. (VIEIRA DE MELLO, 2004). De autoria de Paulo Sérgio Pinheiro, o artigo intitulado “Os sessenta anos da Declaração Universal: atravessando um mar de contradições” (Revista SUR) apresenta os avanços no campo dos Direitos Humanos no século XX, especificamente no que tange a afirmação normativa e luta pela defesa e promoção dos mesmos, mas também o enorme contingente de violações perpetradas e de pessoas em completa situação de exclusão. Traz o Estado como aquele que possui a função precípua de proteção dos Direitos Humanos, mas que é simultaneamente o agente das maiores violações dos mesmos. Na segunda parte do artigo, o autor analisa dois órgãos da ONU: Comissão Interamericana de Direitos Humanos e Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, trazendo algumas reflexões sobre seus respectivos funcionamentos, abrindo caminhos de reflexão e ponderação na temática proposta. 71 Referente ao quarto tema (a problematização de questões ligadas diretamente à realidade social e à construção de políticas públicas no campo dos Direitos Humanos) o recorte final do levantamento desenvolvido resultou em três (03) artigos. O trabalho intitulado “Reflexões acerca da Sociedade Civil e dos Direitos Humanos” (SciELO e Revista SUR), uma co-autoria entre Oscar Vilhena Vieira e A. Scott Dupree, inicialmente são analisados os possíveis motivos que levam os indivíduos a respeitarem ou não os Direitos Humanos, abordando a questão da exclusão, da invisibilidade e da “demonização” dos que lutam pela defesa dos Direitos Humanos. A segunda parte do artigo analisa o papel da sociedade civil na promoção e defesa dos Direitos Humanos. Por fim, pensando no aprofundamento da discussão acerca dos Direitos Humanos, os autores levantam três vertentes de atuação: comunicação e educação, abordagem proativa e implantação de redes de diálogo. Depois de refletir sobre os possíveis motivos para o respeito ou desrespeito aos Direitos Humanos, os autores passam por algumas definições e problematizam sua conceituação. Passam então a analisar a importância da sociedade civil na luta pelos Direitos Humanos, salientando que o respeito aos direitos não passa apenas por seu reconhecimento na esfera formal, e que a sociedade civil, como instrumento de diálogo, tem a função precípua de refletir, criar e inovar acerca das condições para sua efetivação. O artigo faz uma reflexão sobre o papel da sociedade civil na defesa dos Direitos Humanos, o que não é comum na área jurídica, assim como aborda a questão da educação para a promoção dos Direitos Humanos. No artigo “Direitos Humanos e Tratamento Igualitário: Questões de Impunidade, Dignidade e Liberdade” (SciELO), de José Reinaldo de Lima Lopes, o autor faz um apanhado inicial acerca dos Direitos Humanos com base na realidade social brasileira após o marco da redemocratização, centrando a análise nos critérios de impunidade e autonomia. Apesar de não construir propriamente uma abordagem crítica acerca da formulação e fundamentação dos Direitos Humanos, o autor trabalha com algumas questões vinculadas à reflexão prática sobre os Direitos Humanos que podem ser interessantes para a problematização ligada à realidade social. Uma co-autoria entre Alexandre Ciconello, Darci Frigo e Luciana Pivato, o artigo “Programa Nacional de Direitos Humanos: Efetivar Direitos e Combater as 72 Desigualdades” (Revista da SEDH) foi mais detalhadamente comentado no capítulo anterior, no âmbito da análise do PNDH III. É aqui destacado por refletir não apenas acerca da importância da integração entre as diversas temáticas relacionadas aos Direitos Humanos no que se refere à construção de políticas públicas, como por trazer a importância de vincular a construção dessas políticas ao planejamento orçamentário. Aborda, também, a necessidade de monitoramento e de pensar o PNDH III como política de Estado. Esses são todos temas centrais para a reflexão aprofundada acerca da efetividade dos Direitos Humanos. Em relação ao quinto tema (discussão específica no campo da educação em Direitos Humanos) o recorte final do levantamento desenvolvido resultou em dois (02) artigos. De autoria de José Geraldo de Sousa Junior, o artigo “Educação em Direitos Humanos: Desafio às Universidades” (Revista da SEDH) aborda o espaço destinado às universidades no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, destacando o reconhecimento de seu papel como produtora de conhecimento e inovação tecnológica, assim como dando ênfase à integração entre ensino, pesquisa e extensão. A educação em Direitos Humanos aparece como princípio ético-politico norteador da formulação e da crítica às práticas nas instituições de ensino superior e o autor destaca o papel da universidade, através da mediação dos Direitos Humanos, na reflexão crítica sobre o debate da sociedade. Aborda a questão da mercadorização do ensino superior, problematizando o debate sobre a organização mundial do comércio, a questão do acesso à universidade pública, redesignação da base epistemológica da formação, relata a experiência do Núcleo de Estudos para a Paz e os Direitos Humanos. Do mesmo autor, o artigo “O Eixo Educador do PNDH III” (Revista da SEDH) já foi previamente mencionado e utilizado no capítulo anterior. Ele foi selecionado nessa etapa da pesquisa, pois além de abordar a temática da educação em Direitos Humanos a partir do PNDH III, o faz não apenas no que tange ao eixo norteador específico a ela relacionado, mas refletindo acerca de todo o conteúdo do plano a partir de uma lógica pedagógica e educadora. Relaciona-se, dessa forma, com o tema anterior tratado nesta análise. Retomando a apresentação e análise desses resultados, considerando, no que tange à análise temática proposta anteriormente, a inter-relação entre as definições temáticas 73 construídas, e com o intuito de organizar a totalidade dos dados trabalhados se expõem que: no que tange ao levantamento desenvolvido no SciELO, como já foi citado, dos duzentos e setenta e cinco (275) artigos sobre Direitos Humanos, apenas trinta e um (31) são produções ligadas a área jurídica, sendo que somente dez (10) artigos são simultaneamente do Direito e construídos a partir de uma perspectiva crítica, com apenas cinco (05) realmente abordando a problemática da definição, conceituação e construção dos Direitos Humanos. No que tange a educação em Direitos Humanos, apenas dois (02) artigos abordam a temática, sendo que um deles possui um viés de análise prática – relacionando com a realidade brasileira – e o outro trabalha o tema em cima dos resultados de uma pesquisa empírica. No total, são quatro (04) artigos que revelam uma análise prática e um (01) que desenvolve pesquisa empírica. Constata-se que dos noventa e cinco (95) artigos publicados pela Revista SUR, apenas doze (12) estão relacionados a autores brasileiros vinculados ao Direito. Desses nenhum aborda diretamente e de forma crítica a discussão sobre Direitos Humanos. Dois (02) deles (já elencados no âmbito do SciELO) abordam, apesar de não de forma central, a questão da educação em Direitos Humanos, sendo um vinculado a uma reflexão mais prática, ligada a realidade social e outro fruto de uma pesquisa empírica. Os outros dois (02) que foram selecionados no último recorte abordam a questão dos Direitos Humanos a partir de um olhar voltado para a realidade prática. Dentre as publicações da Revista da SEDH/PR contendo trinta e sete (37) artigos, apenas quinze (15) relacionam-se ao Direito e são de autoria de autores brasileiros. Dentre estes quinze (15), somente três (03) foram considerados para o recorte final proposto, sendo dois (02) deles vinculados à temática de educação em Direitos Humanos, dialogando com o PNEDH e com o PNDH III e um (01) deles destinado a discutir a formulação do PNDH III em um campo tanto teórico como prático, problematizando questões metodológicas de construção de políticas públicas a partir de uma percepção integrada dos Direitos Humanos. A leitura de todos os trabalhos levantados como produção sobre Direitos Humanos no Direito nas fontes de pesquisa delimitadas revela em linhas gerais que alguns autores desenvolvem uma abordagem crítica e reflexiva frente à temática proposta (como observado essa abordagem é significativamente minoritária), outros constroem suas 74 reflexões a partir de análises e pesquisas específicas relacionadas às diversas temáticas ou à discussão geral no campo dos Direitos Humanos dialogando as mesmas com a análise sobre sua efetivação/violação, e por fim outros trabalhos e autores abordam a questão dos Direitos Humanos a partir da observação sobre sua institucionalidade (e as diversas características envolvidas nesta) no campo nacional e/ou internacional. Se for considerado o número inicial de trabalhos levantados, constata-se que aqueles ligados ao Direito e que possuem uma construção crítica e reflexiva, representam uma pequena parcela do total encontrado. Como comentado anteriormente, mesmo acerca desses é necessário problematizar que construção crítica é essa e como ela verdadeiramente dialoga e confronta abordagens tradicionalmente construídas. Constata-se, portanto, que refletir acerca de uma concepção crítica no campo dos Direitos Humanos é em si um trabalho essencialmente complexo e que envolve movimentos de avanço e retrocesso, reconsiderando-se permanentemente as conclusões e afirmações construídas. Assim como em relação aos Direitos Humanos em si, a construção de uma análise crítica deve ser permanentemente problematizada. Por exemplo, um número grande de autores que têm como foco de seus estudos os Direitos Humanos reconhece o seu caráter etnocêntrico predominante. O desafio é pensar como o questionamento acerca do universalismo dos Direitos Humanos pode ser construído de forma a não reproduzir os discursos existentes no âmbito dessa discussão, que acabam por constantemente reiterar o próprio etnocentrismo criticado. O que equivaleria dizer que um etnocentrismo inconsciente de si e bem intencionado (liberal) é criticado por outro etnocentrismo bem intencionado e inconsciente de si (populista), ambos inscritos em linhagens européias tradicionais e consagrados por obras canônicas e autores de elevada estirpe intelectual. (...) Respeitar o outro desse modo, a partir dos valores descritos e dos conceitos referidos, corresponde, paradoxalmente, a reproduzir narrativas lendárias e clichês políticos filosóficos bicentenários. (SOARES & GUINDANI, 2010, p.17). Conclui-se, dessa forma, que as questões elencadas podem – ou não – estar abordadas de forma crítica. Os resultados da pesquisa demonstraram, a partir da construção inicial do que se compreende como abordagem crítica no trabalho aqui proposto que no Direito, em geral o campo dos Direitos Humanos carece de tal reflexão e abordagem. Os trabalhos majoritariamente se inserem em uma abordagem tradicional histórico-normativa dos Direitos Humanos. 75 A análise – e o pequeno contingente de produção acadêmica considerada crítica a partir da perspectiva construída para o estudo – até aqui revela essencialmente a inadequação presente no campo do Direito no que tange ao estudo e compreensão dos Direitos Humanos. Envolve os conceitos estritos e restritos de sujeito de direitos, norma jurídica, validade normativa, sistema normativo, hierarquia, proteção estatal e sistema internacional, reduzindo e impedindo a complexificação resultante da relação e do diálogo com as mais diversas dimensões sociais e políticas, da abertura para a polêmica e para o reconhecimento da inerente incompletude, insuficiência, mutabilidade e ausência dos Direitos Humanos (Koerner, 2002, 2003). Essas são considerações preliminares sobre os dados até agora levantados. Conforme foi explicitado na introdução à dissertação, a reflexão teórica e as diversas etapas da pesquisa se influenciaram mutuamente e, dessa forma, as ponderações sobre todos os resultados levantados serão retomadas e aprofundadas conjuntamente nas considerações finais do trabalho desenvolvido. 76 3 DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM DIREITOS HUMANOS NO DIREITO Serão, inicialmente, retomadas e pontuadas algumas reflexões no campo de discussão da educação em Direitos Humanos que auxiliarão um duplo movimento aqui proposto. O aprofundamento e a problematização da análise preliminarmente desenvolvida e, a partir destes, a consolidação de subsídios para a construção de considerações e observações finais sobre a mesma (paradoxalmente ao que poderia indicar as expressões „consolidação‟ e „finais‟, qualquer observação aqui mencionada deve ser essencialmente contestável, contestada e provisória). Esse duplo movimento que se iniciou desde o primeiro capítulo, com a análise dos documentos levantados, aprofundou-se no segundo capítulo no âmbito da produção acadêmica, continua neste e pretende construir caminhos de diálogo entre o levantamento e o estudo teórico, estruturando permanentemente reflexões complementares e dialogadas que continuamente questionam e subsidiam possíveis conclusões advindas da pesquisa desenvolvida. A construção de um espaço crítico deve sempre considerar que o Direito, como os demais campos voltados à compreensão, tradução, interpretação e análise da realidade social, não é neutro, sendo este um pressuposto básico para se pensar as dinâmicas existentes no campo jurídico e especificamente, no presente caso, na educação em Direitos Humanos no Direito (WOLKMER, 2009). Esta é uma questão que não pode ser desconsiderada, sob o risco de se corroborar, em nome da crítica, com visões tradicionais e dominantes. A tarefa não é simples, e a análise até aqui construída mostra – mais especificamente através do conteúdo dos trabalhos analisados – que a construção de uma perspectiva essencialmente crítica, ou seja, que inova e contesta em essência as suposições e verdades reiteradamente e cegamente afirmadas, é trabalho complexo e desafiador. Nesse sentido, Luis Alberto Warat (WARAT, 1984) defende que o espaço crítico do direito deve ser marcado por permanente desconstrução e reconstrução. A crítica jurídica (e nesse campo a construção crítica da educação em Direitos Humanos) não pode partir, nem construir parâmetros de análises fixos e imutáveis, devendo ser composta por concepções complexas e problematizadas. Através de uma construção crítica seria, então, possível desenvolver uma compreensão do saber jurídico dominante capaz de questionar e 77 problematizar esse mesmo saber, com bases que não reafirmem e corroborem com compreensões que reproduzam e consolidem as relações de poder do próprio Direito. Segundo Warat, o espaço gnoseológico coberto pelo discurso jurídico crítico tem muitas similitudes e cumplicidades com as crenças epistêmicas que mantêm a elaboração do saber jurídico tradicional. Essa relação de conivência, que questiona, mas não destrói uma racionalidade jurídica impregnada de crenças e mitos, consagra uma “teoria crítica” que não tem significação e não está comprometida com a verdade. (WOLKMER, 2009, pp. 29-30). Considerada a importância da perspectiva crítica na construção e desenvolvimento da noção de educação em Direitos Humanos na área do Direito, afirma-se que esta precisa ser transversal às diferentes disciplinas (como forma de construir e dialogar essa perspectiva), fundada em base interdisciplinar e interdiscursiva, e deve ser composta por elementos teóricos e práticos (e nesse âmbito ressalta-se a importância da extensão universitária e da pesquisa). Deve ter como objetivo a qualificação crítica do discurso dos Direitos Humanos e do Direito e como elemento processual a permanente reflexão sobre o papel e função da universidade e acerca da lógica e dos pressupostos que estruturam e organizam o ensino superior. A abordagem dos Direitos Humanos na formação jurídica deve passar por construções teóricas e práticas nas mais diversas matérias e disciplinas e a se constituir a partir do olhar de diferentes estruturas de conhecimento – filosofia, sociologia, antropologia, educação, comunicação, ciência política, história. Apenas a construção de um conhecimento transversal, interdisciplinar e aberto pode promover a constante construção de abordagens essencialmente críticas e reflexivas, pela permanente construção, desconstrução e reconstrução dos saberes e percepções instituídas (FEITOSA, 2007). Uma verdadeira adequação aos novos tempos passa por processos de maturação e de discussão, interna e externa, que desconstrói paradigmas e se ergue sobre bases móveis, pluralistas e dialogadas, sem prejudicar-se em contemporaneidade ou aptidão. A proposição final é de reflexão. É preciso que se efetivem sistemáticas educacionais entrelaçadas e dinâmicas, pluralistas e fundamentalmente inclusivas, capazes de estabelecer vínculos duradouros entre o universo da pesquisa acadêmica e o mundo exterior, sem, com isso, abrir mão da qualidade. (FEITOSA, 2007, pp. 276-277) Para pensar a importância do Direito, da educação em Direitos Humanos e, essencialmente, dos Direitos Humanos como possíveis ferramentas de transformação (e aqui não corroborando com visões simplistas e simplificadas sobre as potencialidades e 78 limites dos Direitos Humanos, mas ao contrário, permanentemente questionando sua fundamentação e ampla aceitação), através da possibilidade pedagógica oferecida pelo discurso legal na abertura de formas de moralidade e sensibilidade éticas desconhecidas, é essencial construir uma abordagem crítica sólida e, ao mesmo tempo permanentemente mutável (paradoxal como os próprios Direitos Humanos). Nesse contexto, faz-se necessário analisar e compreender os temas que estão sendo privilegiados no âmbito do desenvolvimento de pesquisas na área do Direito na temática dos Direitos Humanos, dando continuidade ao levantamento desenvolvido no capítulo anterior e construindo o cenário no que tange à abordagem dos Direitos Humanos na formação jurídica . É nesse sentido que está inserida a próxima fase da pesquisa proposta, cujos resultados são apresentados a seguir. 3.1 Grupos de Pesquisa: Diretório CNPq Em relação ao levantamento sobre as pesquisas existentes no campo dos Direitos Humanos no Direito, foi utilizado o Diretório do CNPq24, por ser o registro oficialmente reconhecido pela CAPES. A busca foi feita por „Grupos‟, utilizando a expressão „Direitos Humanos‟. Na grande área foi selecionada a opção „Ciências Sociais Aplicadas‟ e na área do grupo „Direito‟. Os resultados foram analisados e, inicialmente, descartados grupos que nitidamente não estavam vinculados à temática dos Direitos Humanos, apesar de terem aparecido no primeiro filtro aplicado. No que tange aos grupos de pesquisa, conforme explicitado anteriormente, a forma de busca disponibilizada pelo Diretório do CNPq já permite o recorte específico para o Direito. A busca pela expressão-chave „Direitos Humanos‟ nas „Ciências Sociais Aplicadas‟ e no „Direito‟ revelou como resultado a existência de duzentos e três (203) grupos de pesquisa. A análise preliminar desse resultado revelou que muitos dos grupos indicados não se inseriam de fato no campo dos Direitos Humanos. Dessa forma, para qualificar o levantamento inicial, foram aplicados mais três filtros de análise, considerandose os grupos que expressamente mencionassem a referência aos Direitos Humanos em seu título, na descrição do grupo ou na descrição das linhas de pesquisa vinculadas ao grupo. 24 Cf. Portal do Diretório do CNPq. Disponível em: http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/. Acesso em: 20 de Janeiro de 2011. 79 Após esse segundo recorte, foram considerados noventa e nove (99) grupos de pesquisa no Direito vinculados aos Direitos Humanos e registrados no CNPq. Os noventa e nove (99) grupos de pesquisa selecionados (ANEXO B) foram então analisados detalhadamente e organizados a partir das mesmas abordagens propostas no capítulo anterior: 1) grupos que apresentam uma perspectiva crítica e cautelosa (foco do levantamento detalhado) no que se refere à construção e compreensão dos Direitos Humanos, mas que não deixam de reconhecer sua importância enquanto instrumento de resistência. Foram destacados, também, aqueles que desenvolvem pesquisas empíricas e os especificamente inseridos no campo da Educação em Direitos Humanos; 2) desenvolvimento de pesquisas e análises sobre o tema, focado na compreensão dos diversos campos de luta envolvidos na discussão sobre Direitos Humanos e nas múltiplas formas de violação dos mesmos; 3) grupos que trabalham a análise da configuração institucional (política e normativa) dos Direitos Humanos no cenário nacional e internacional. Nesse campo foram destacados pela pesquisa estudos sobre as políticas públicas nacionais em Direitos Humanos, pelos mesmos motivos destacados no que se refere às pesquisas empíricas. Assim como no capítulo anterior, foram destacados nesse campo aqueles grupos que se inserem na primeira abordagem, por ser o objetivo do trabalho a reflexão acerca da construção de concepções críticas no campo dos Direitos Humanos. Aqui, também, evitouse análises estanques e buscou-se considerar a inter-relação entre as temáticas. Nesta análise, utilizou-se os seguintes parâmetros: tanto a descrição do grupo de pesquisa, quanto das linhas de pesquisa a ele vinculadas, deveriam estar baseadas em alguma reflexão ou problematização acerca dos parâmetros tradicionalmente aceitos dos Direitos Humanos, em estudos baseados em críticas às violações dos Direitos Humanos que problematizassem a temática, na referência a autores (os grupos citam, por exemplo, o trabalho com as referências teóricas de Karl Marx, Hannah Arendt, pensadores da Escola de Frankfurt, Boaventura de Sousa Santos, entre outros) reconhecidamente críticos como parâmetro teórico para o grupo; no desenvolvimento de pesquisas empíricas que permitam a problematização do conteúdo dos Direitos Humanos com base na análise da realidade. 80 Além dos parâmetros estabelecidos para a análise, foram consideradas, também, características como interdisciplinaridade, preocupação com a integração entre ensino, pesquisa e extensão, referências a impactos para programas de pós-graduação, referências a publicações e, claro, assim como no estudo realizado na etapa anterior, foram destacados os grupos que se dedicam à pesquisa em educação em Direitos Humanos. A análise proposta poderá futuramente ser qualificada a partir do contato individualizado com cada grupo de pesquisa levantado, para o conhecimento detalhado do trabalho desenvolvido25. No entanto, o reconhecimento da limitação temporal e de recursos para a conclusão do estudo proposto exigiu a opção por determinados critérios metodológicos que garantissem o acesso aos dados necessários para a análise da hipótese trabalhada. Organizou-se a exposição dos resultados, também, a partir dos temas centrais trabalhados no capítulo anterior: 1) a discussão acerca da concepção e compreensão dos Direitos Humanos, problematizando a possibilidade ou impossibilidade de sua conceituação; 2) a problematização dos Direitos Humanos, a partir da constatação da complexidade das relações sociais e políticas no mundo globalizado; 3) a discussão sobre as dinâmicas relativas ao sistema internacional de proteção e promoção dos Direitos Humanos; 4) a problematização de questões ligadas diretamente à realidade social e à construção de políticas públicas no campo dos Direitos Humanos e, por fim; 5) a discussão específica no campo da educação em Direitos Humanos. Tanto a utilização das mesmas abordagens, como dos mesmos temas centrais, não se deveu a uma escolha arbitrária e pré-definida, mas a partir – utilizando-se as informações disponíveis nessa etapa da análise – do reconhecimento da presença majoritária dessas também no que tange aos grupos de pesquisa. Da mesma maneira que em relação aos artigos analisados, tentou-se ao máximo evitar classificações arbitrárias e análises engessadas, aprofundando as mesmas de forma a considerar nuances e detalhes existentes na formulação dos grupos. Dos noventa e nove (99) grupos selecionados para essa segunda etapa do levantamento, trinta e seis (36) estão vinculados a universidades federais e apenas 25 Esse aprofundamento da análise poderá ser construído no âmbito do NEDH criado no NIAC/UFRJ e que desenvolve diversas pesquisas no campo da Educação em Direitos Humanos. 81 dezessete (17) foram, de acordo com os critérios detalhados, considerados dentro da primeira abordagem delineada. Passaremos a analisar esse resultado – destacando algumas características centrais dos grupos selecionados – tendo sempre em consideração que, apesar da limitação da fonte utilizada, foram analisadas todas as informações disponibilizadas pelos responsáveis de cada grupo no Diretório do CNPq. No que tange ao âmbito estadual, dos noventa e nove (99) grupos selecionados, quinze (15) estão vinculados a universidades estaduais. Desses, sete (07) foram considerados nesta etapa. Por fim, quarenta e oito (48) estão vinculados a universidades privadas. Nessa etapa, foram selecionados vinte (20) grupos. No total foram analisados pormenorizadamente quarenta e quatro (44) grupos de pesquisa. Antes de detalhar a exposição dos resultados encontrados, apresenta-se abaixo o resumo da análise desenvolvida. Tabela 3: Análise Consolidada dos Grupos de Pesquisa. Fontes Analisadas/ Universidades Universidades Universidades Federais Estaduais Privadas 1 08 03 08 2 X X 03 3 X 01 01 4 06 01 04 5 02 03 04 Temas Centrais Em relação ao primeiro tema exposto (a discussão acerca da concepção e compreensão dos Direitos Humanos), o recorte final resultou em dezenove (19) grupos de pesquisa. Vinculado à Universidade Federal do Acre (UFAC), o grupo “Direito, Sociedade e Meio Ambiente”, tem como objetivo expresso aprimorar a produção de conhecimento dentro do ensino jurídico, além de pretender se vincular ao programa de mestrado em Direito como linha de pesquisa. O grupo menciona, também, a importância de integração 82 entre ensino, pesquisa e extensão, a importância da construção de diálogo com outros grupos de outras universidades, e da reflexão crítica sobre o Direito a partir de um olhar interdisciplinar. Suas linhas de pesquisa possuem relação direta com os Direitos Humanos. O grupo intitulado “Direito, Política e Integração Econômica” da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), destaca como objetivo central o estudo crítico do conceito de cidadania – compreendida a partir do quadro geral dos Direitos Fundamentais, possuindo como eixos de análise o Direito Internacional dos Direitos Humanos e a Ciência Política. Destacam-se as publicações, trabalhos de pós-graduação e de graduação vinculados ao grupo e, também, a linha de pesquisa intitulada “Práticas Políticas e Instrumentos de Proteção e Defesa dos Direitos Humanos e da Cidadania”. Na mesma universidade, o grupo “Marxismo e Direito” utiliza o aporte da teoria marxista para refletir sobre a fundamentação e efetivação dos Direitos Humanos. Enfatiza a importância da abordagem inter e transdisciplinar para a reflexão sobre os Direitos Humanos. Entre as linhas de pesquisa vinculadas ao grupo destaca-se a direcionada especificamente a discutir criticamente a fundamentação dos Direitos Humanos: “Marx e os Direitos Humanos”. Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) o grupo “Direitos Humanos e Decisão Jurídica” destaca a publicação de artigos e a produção de trabalhos de graduação e pós-graduação no Direito. Uma de suas linhas de pesquisa, “Direitos Humanos, Sociedade e Decisão”, compreende a relação dos Direitos Humanos com a vida em sociedade, a partir de marcos da sociologia. O grupo “Filosofia dos Direitos Humanos”, da Universidade Federal do Ceará (UFC), aborda o questionamento acerca da possibilidade de serem afirmados valores pretensamente universais no mundo atual, problematizando a questão do universalismo dos Direitos Humanos e destacando a discussão sobre multiculturalismo. Estão vinculadas ao grupo duas linhas de pesquisa, que apesar de não possuírem no cadastro a descrição detalhada, dada a inserção da descrição geral em uma discussão crítica acerca da fundamentação e efetivação dos Direitos Humanos, podem ser também destacadas. São elas: “Direitos Humanos, Pluralismo Cultural e Soberania do Povo” e “Fundamentação Filosófica dos Direitos Humanos”. O grupo “Sociologia e Política Constitucional” desenvolve o estudo dos fenômenos sociais ligados ao Direito Constitucional tendo como um dos eixos de análise os Direitos Humanos, e sendo a análise 83 construída a partir de uma perspectiva crítico-prospectiva. Destaca-se a linha de pesquisa “Sociologia Constitucional e Direitos Humanos”. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o grupo “Teoria do Direito e Democracia e Literatura” caracteriza-se como um espaço de abordagem interdisciplinar para refletir criticamente sobre conceitos como direito e justiça, sendo utilizado o aporte da literatura para a compreensão do próprio Direito. Integrado por diversos alunos de pósgraduação, tem destaque publicações e apresentações de trabalhos em variados eventos. Através da linha “Direitos Humanos e democracia” são problematizados grandes temas contemporâneos sob a ótica dos Direitos Humanos. Também desenvolvendo trabalhos no campo das expressões artísticas, o grupo “Direito e Cinema” da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vinculado ao PPGD/FND/UFRJ, tem como objetivo analisar o cinema a partir de sua compreensão como espaço de construção de expectativas normativas na forma de imagens, tendo como uma de suas discussões centrais a reflexão sobre os Direitos Humanos a partir do aporte teórico do multiculturalismo. O grupo tem uma significativa produção acadêmica e organiza desde 2005 o Seminário Internacional de Direito e Cinema. No âmbito das universidades estaduais, o grupo “Direitos Humanos no Estado Democrático de Direito, Interdisciplinaridade e Efetivação Possível” da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), utiliza uma base analítica interdisciplinar para aprofundar a discussão e o conhecimento no campo dos Direitos Humanos, tendo como questões norteadoras (explicitadas em suas linhas de pesquisa): multiculturalismo, direito à memória e à verdade, interação entre sociedade civil e Estado na efetivação dos Direitos Humanos, e neoconstitucionalismo. Cumpre destacar a abordagem do grupo ao tema da educação em Direitos Humanos através da linha de pesquisa “Pesquisa e Desenvolvimento de Material Pedagógico e Didático para Educação em Direitos Humanos”. Na Universidade do Estado da Bahia (UEB) o grupo “Olhos D´Água - Direitos Humanos, Ética, Capital Social, Desenvolvimento e Cidadania” objetiva, além da discussão e aprimoramento do conhecimento no campo dos Direitos Humanos, repensar o Direito, através de estudos e pesquisas, para a construção de uma prática emancipatória que busque garantir a formação cidadã dos diversos atores envolvidos no processo da educação 84 superior. O grupo possui, ainda, uma linha específica para a pesquisa em educação em Direitos Humanos. Devido à importância da conceituação proposta no grupo, destaca-se parte da mesma: Nessa perspectiva, busca desenvolver atividades que busquem uma prática coletiva, não-hierarquizada, dialógica, inter, multi e transdisciplinar, contínua e transformadora, de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão adequada a um projeto pedagógico universitário de caráter não-dogmático e não-tecnicista, mas ético-humanista, pautado pela aproximação das linguagens entre agentes e usuários, prezando pela complementaridade, autonomia, auto-gestão e pluralismo jurídico em relação à comunidade. O grupo “Democracia, Justiça e Direitos Humanos - Estudos da Escola de Frankfurt” da Universidade de São Paulo (USP) possui como objetivo “investigar os referenciais teóricos da teoria crítica, segundo uma perspectiva interdisciplinar, com ênfase nos expoentes da Escola de Frankfurt”. As pesquisas desenvolvidas resultaram em diversas publicações, participações em congressos e na contemplação do grupo com bolsas de estudos através de diferentes agências de fomento. As seis linhas de pesquisa vinculadas ao grupo, a partir de diferentes abordagens, contemplam o tema dos Direitos Humanos de forma crítica e reflexiva. Em relação às universidades privadas, no âmbito da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC/SP) o grupo “Capitalismo Humanista” parte da teoria do capitalismo humanista para fundamentar novas análises sobre o Direito, tendo como um dos parâmetros centrais os Direitos Humanos. Realiza eventos, debates e publicações para a divulgação dos resultados dos trabalhos. O grupo “Clínica de Direitos Humanos” da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) tem expressamente como primeiro objetivo a realização de análise crítica sobre os Direitos Humanos. Na sua descrição, passa a listar outros objetivos na área dos Direitos Humanos, mencionando possíveis parcerias com a sociedade civil e entidades governamentais, desenvolvimento de atividades para estimular a discussão na sociedade do tema dos Direitos Humanos (ex: Cine Debate) e a realização atividades que integrem ensino, pesquisa e extensão. Possui uma linha de pesquisa específica para educação em Direitos Humanos. O grupo “Direitos Fundamentais: Instrumentos de Concretização” da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) prioriza o intercâmbio entre diversos pesquisadores com vivências diversificadas no campo de produção de conhecimento, no 85 intuito de refletir sobre os Direitos Humanos e sua efetivação. Na linha de “Interpretação dos Direitos Fundamentais” expressamente objetiva a problematização dos mesmos. Na Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECO), o grupo “Direitos Humanos e Cidadania” tem como objetivo, através das linhas propostas para o desenvolvimento de pesquisas, estimular o debate crítico e reflexivo acerca dos Direitos Humanos, considerando seus múltiplos significados e a centralidade da atuação universitária nessa temática. Pretende estimular a participação cidadã dos mais diversos atores envolvidos na universidade, assim como produzir material didático pedagógico para a disseminação do conteúdo dos Direitos Humanos em atividades comunitárias. O grupo, dessa forma, se relaciona diretamente com a educação em Direitos Humanos. O grupo intitulado “Direitos Humanos e Fundamentais: Eficácia e Fundamentação”, do Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER), não disponibiliza uma descrição geral, porém as linhas de pesquisa a ele vinculadas permitem compreender uma preocupação com a efetivação dos Direitos Fundamentais (através da análise de mecanismos de proteção dos mesmos) e com o desenvolvimento de novas justificativas (ou a crítica às justificativas já existentes) no campo da fundamentação dos Direitos Humanos. O grupo “Direitos Humanos, Educação, Ética e Diversidade”, da Faculdades Integradas de Vitória (FDV), apesar de não disponibilizar uma descrição, possui produção acadêmica ligada ao mesmo e descrita na introdução deste, que permite constatar a existência de uma preocupação reflexiva. A linha de pesquisa a ele vinculada menciona a importância da integração com mestrado e graduação e da interdisciplinaridade. O grupo de “Estudos Jurídicos Marxistas”, do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM), utiliza o referencial teórico marxista para desenvolver a base de análise da realidade jurídica brasileira (com ênfase para a região de Patos de Minas – MG). Destacam-se as produções e publicações do grupo no âmbito da proposta desenvolvida e a linha de pesquisa “Crítica aos Fundamentos dos Direitos Humanos”. No Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), o grupo “Jurisdição Constitucional e Direitos Fundamentais” prevê a leitura crítica de diversos textos científicos no campo de análise. Cita alguns marcos teóricos, mas não fornece maiores informações sobre o trabalho do grupo. 86 Em relação ao segundo tema (problematização dos Direitos Humanos, a partir da constatação da complexidade das relações sociais e políticas no mundo globalizado), o recorte final resultou em três (03) grupos de pesquisa. Na Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL), o grupo “Direitos Humanos no Âmbito da Globalização” objetiva o aprofundamento do conhecimento cientifico no âmbito dos Direitos Humanos a partir de uma perspectiva interdisciplinar. Foram destacadas as linhas de pesquisa “O Direito como Fato Histórico e Social: a Experiência Jurídica e a Preservação dos Direitos Fundamentais” que aborda a questão do pluralismo jurídico e “A proteção dos Direitos Humanos e as Novas Tecnologias” que trata de novos desafios para os Direitos Humanos no mundo contemporâneo. Em relação ao grupo “Fundamentação Ética dos Direitos Humanos” da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), os diversos trabalhos elencados indicam a presença de criatividade e reflexão na abordagem dos Direitos Humanos. Ademais, a linha de pesquisa vinculada ao grupo “Sociedade, Novos Direitos e Transnacionalização” estabelece que: Ao lado do objetivo teórico - estudo da fundamentação ética dos Direitos Humanos - pretende-se analisar criticamente a contribuição da antropologia contemporânea para o entendimento do multiculturalismo, as relações sobre o debate da fundamentação dos Direitos Humanos e a prática do/no Estado democrático de Direito e, ao mesmo tempo, criar condições teóricas que justifiquem a prática de instituições internacionais, como o Tribunal Penal Internacional. No Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) o grupo “Internacionalização do Direito” destaca o trabalho em rede com outras universidades brasileiras e internacionais, sendo seu propósito estudar o processo de internacionalização do Direito, tendo como norte o processo da globalização e os efeitos deste no Direito. É abordada a insuficiência da atual teoria jurídica para explicar diversos fenômenos contemporâneos, devendo a abordagem para a compreensão destes ser complexa e multidisciplinar. É composto por professores e alunos vinculados a programas de pós-graduação stricto senso e graduação no Direito. Destaca-se a linha de pesquisa “Cultura e Identidade” que trabalha o tema dos Direitos Humanos a partir do multiculturalismo. 87 No que tange ao terceiro tema (a discussão sobre as dinâmicas relativas ao sistema internacional de proteção e promoção dos Direitos Humanos), o recorte final resultou em dois (02) grupos de pesquisa. O grupo “Clínica de Direitos Humanos e Direito Ambiental”, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), compreende o trabalho com casos que envolvam Direitos Humanos, especificamente no âmbito internacional (no sistema das Nações Unidas e no Sistema Interamericano). Destaca-se por agregar pesquisa à prática jurídica e por possuir uma linha de pesquisa destinada a capacitação e qualificação dos discentes no tema dos Direitos Humanos, estando, dessa forma, vinculada expressamente a temática da educação em Direitos Humanos. O grupo “Direito e Relações Internacionais, Segurança e Reforma do Estado” , da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), tem como objetivo a formação de conhecimento em diversas temáticas, incluindo de forma geral o campo dos Direitos Humanos. Em uma de suas linhas de pesquisa, traz a importância dos debates voltados para a compreensão de diversos temas críticos afetos ao campo dos Direitos Humanos (“Direitos Humanos, Democracia e Segurança Internacional”). Reforça a necessidade de formação de pesquisadores e o diálogo com graduação e pós-graduação. Referente ao quarto tema (a problematização de questões ligadas diretamente à realidade social e à construção de políticas públicas no campo dos Direitos Humanos), o recorte final resultou em onze (11) grupos de pesquisa. O grupo “Análise de Estruturas de Violência e Direito”, da UFPB, aborda a reflexão sobre os Direitos Humanos a partir da perspectiva de violação dos mesmos em caso de violência psíquica ou física. Tem como fundamento, expresso na descrição do grupo, desenvolver pesquisas empíricas e interdisciplinares para alcançar conclusões complexas e consistentes. Possui uma linha de pesquisa chamada “Proteção de Direitos Humanos e Fundamentais” direcionada ao estudo no âmbito da Corte e Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O grupo “Cultura, Direito e Sociedade”, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), afirma que o Direito deve estar vinculado às lutas sociais, políticas e culturais, mencionando a necessidade dos alunos serem capazes de se posicionar frente à realidade social e destacando o fomento à criação de espaços públicos de debates e de formação de 88 redes com outros atores. Destaca-se também a linha de pesquisa “Políticas Públicas: Direitos Humanos vs. Serviços Públicos” que expressamente faz referência à necessidade de uma reflexão crítica no campo em questão. Na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), o grupo “Grupo de Estudo em Direitos Humanos e Políticas Públicas” se direciona ao estudo dos Direitos Humanos e Políticas Públicas e menciona ainda a importância da interdisciplinaridade e da integração entre ensino, pesquisa e extensão. O “Núcleo de Pesquisa sobre Políticas de Prevenção da Violência e Acesso à Justiça e Educação em Direitos Humanos”, da UFRJ, é o grupo de pesquisa que compreende vários estudos desenvolvidos no âmbito do NIAC/UFRJ. Contempla, essencialmente, uma perspectiva crítica acerca dos Direitos Humanos, do fenômeno da violência e das formas alternativas de resolução de conflitos. Com a atual implantação do Núcleo Interdisciplinar de Educação em Direitos Humanos (NEDH), o grupo passa a contar com uma linha de pesquisa específica para essa temática. Na Universidade de Brasília (UNB), o grupo “O Direito Achado na Rua” é reconhecido por sua abordagem crítica dos Direitos Humanos. Já apresentou os resultados das pesquisas em diversos eventos e tem publicações em âmbito nacional e internacional, sendo sua matriz epistemológica o pluralismo jurídico. Todas as linhas de pesquisa merecem destaque devido a sua relevância para a discussão e reflexão sobre os Direitos Humanos. No campo da educação em Direitos Humanos, a linha “Educação para os Direitos Humanos e Cidadania” pretende construir pautas pedagógicas para a cidadania no ensino universitário. O grupo “Pragmatismo e Direitos Humanos”, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), utiliza a filosofia pragmatista para pensar a aplicabilidade dos Direitos Humanos, através da análise das decisões judiciais com base em pesquisas teóricas e empíricas (sendo o foco de estudo o estado de Alagoas). Na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o grupo “Estado, Direitos Fundamentais e Legitimação Judicial” desenvolve uma abordagem empírica acerca das decisões judiciais que tratam de temas afetos aos Direitos Humanos para a reflexão constante e crítica do papel do judiciário na efetivação dos mesmos. No âmbito das universidades privadas, o grupo “Cidadania e Direitos Fundamentais”, do Centro Universitário FIEO (UNIFIEO), se caracteriza pela 89 interdisciplinaridade, pelo diálogo com outro grupo de pesquisa e pela vinculação a linhas de pesquisas do programa de mestrado, sendo todos relacionados ao estudo dos Direitos Fundamentais. Tem como objetivo a elaboração de uma cartilha de Direitos Humanos para o município de Osasco (âmbito de inserção do grupo) – no intuito de aproximar a comunidade, especificamente a rede escolar, da discussão acerca dos Direitos Humanos – que já está em fase de publicação. Em uma de suas linhas de pesquisa, “Efetivação Jurisdicional dos Direitos Fundamentais”, pretende analisar a efetivação prática dos mesmos no que tange ao município citado. O grupo “Direitos Humanos, Cidadania e Estado”, da Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO), tem como base da construção do grupo a crítica ao dogmatismo-positivista do ensino jurídico e ao distanciamento entre as instâncias jurídicas e a realidade social, a reflexão sobre a efetivação dos Direitos Humanos e os diversos âmbitos envolvidos no estudo problematizado dos mesmos. As suas linhas de pesquisa se inserem em uma reflexão problematizada do campo em questão, considerando o objetivo geral determinado pelo grupo. O “Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Direitos e Diversidades: Gênero, Etnia, Raça e Religião”, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE), valoriza a abordagem interdisciplinar e transdisciplinar, o intercâmbio entre diferentes instituições e a importância de integrar ensino, pesquisa e extensão. Apesar de abordar temáticas específicas do campo dos Direitos Humanos, destacam-se as linhas de pesquisa “Acesso à Justiça e Efetividade dos Direitos Fundamentais”, “Cultura de Rua, Memória, Trabalho e Reconhecimento” e “Estado, Cidade e Democracia” que priorizam a importância da atuação do advogado na compreensão da realidade social. Na UniCEUB, o grupo “Padê: Estudos em Raça, Gênero e Direitos Humanos”, a partir, de uma perspectiva sociológica, histórica e antropológica, traz a importância da compreensão do conceito de alteridade para a reflexão sobre a construção de políticas públicas que garantam a efetividade dos Direitos Humanos considerando as particularidades da sociedade brasileira. Em relação ao quinto tema (discussão específica no campo da educação em Direitos Humanos), o recorte final resultou em nove (09) grupos de pesquisa. O “Centro de Estudos e Pesquisas Jurídicas da Amazônia”, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), apesar de possuir um âmbito mais focado no estudo em 90 temáticas ligadas a Amazônia, possui uma linha de pesquisa – “Direitos Humanos e Formação de Professores” – que merece destaque por se vincular à temática da educação em Direitos Humanos no que tange a formação de professores. O grupo “Direitos Humanos, Desenvolvimento Regional e Práticas de Acesso à Justiça”, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), apesar de mais restrito ao âmbito de questões do estado da Paraíba, foi aqui incluído devido à inserção da temática de educação em Direitos Humanos em uma de suas linhas de pesquisa. O “Núcleo de Direitos Humanos”, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), se destaca pela atuação na área da educação em Direitos Humanos, através do desenvolvimento de cursos sobre o tema para comunidade científica e para sociedade em geral. O grupo “Educação, Direitos Humanos e Desenvolvimento Regional”, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), possui a descrição referente às atividades do grupo muito restrita e pouco clara para o acesso a informações mais detalhadas sobre os estudos desenvolvidos. O mesmo foi selecionado devido a sua inserção no campo da educação em Direitos Humanos, através da linha de pesquisa a ele vinculada “Educação, Cidadania e Direitos Humanos”. No caso do grupo “Teoria do Direito, Educação Popular e Economia Solidária”, da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), seu destaque pautou-se por seu trabalho no âmbito da educação popular voltada para a formação para os Direitos Humanos, direcionada à mobilização social em prol da efetivação dos Direitos Fundamentais (linhas de pesquisa “Educação Popular” e “Sociologia Jurídica e Educação Popular”). O grupo “Cultura de Paz e Valores Humanos”, da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), possui como referência a educação em valores humanos a partir de uma perspectiva transdisciplinar, seguindo as orientações da ONU/UNESCO, MEC, MJ e SEDH/PR, conforme explicitado na descrição do próprio grupo. Possui uma linha direcionada a “Formação em Valores Humanos”. Nesta mesma universidade, o grupo “Direitos Humanos no Brasil: Sustentabilidade, Função Social da Empresa, Economia Solidária, Consumo, Cidadania e Democracia” foi selecionado devido à linha de pesquisa vinculada a ele intitulada “Direitos Humanos, Educação e Consumo” que pretende desenvolver princípios metodológicos e pedagógicos em educação em Direitos 91 Humanos, considerando o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos e pensando os âmbitos da educação formal e popular. O “Grupo de Estudo e Pesquisa de Direitos Humanos Fundamentais”, da Universidade Regional do Cariri (URCA), tem como destaque sua abordagem acerca da formação em Direitos Humanos. Valoriza o incentivo ao desenvolvimento de pesquisas, possui vínculo com o curso de especialização de Direitos Humanos Fundamentais, prevê a introdução dessa linha de pesquisa na formação dos profissionais do Direito e a formação de um “Programa de Pesquisa e Desenvolvimento para a Capacitação de Pequenos Grupos Acadêmicos na Área das Ciências Sociais Aplicadas”. O “Grupo de Pesquisa e Estudos em Direitos Humanos”, da Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM), é destinado à formação de alunos de graduação, especialização e mestrado, a partir de debates em temas de Direitos Humanos, portanto, está diretamente ligado a área de educação em Direitos Humanos considerando o objetivo proposto. Assim como em relação aos artigos analisados, reafirma-se aqui a necessidade de considerar a inter-relação entre as abordagens constatadas a partir da análise do conteúdo disponível, assim como, entre as temáticas centrais consideradas para a organização do estudo proposto. Portanto, a análise do levantamento dos grupos inseridos na primeira abordagem orienta a sua organização a partir das idéias-chave identificadas em termos de temáticas centrais, mas não desconsidera o permanente diálogo entre essas. Isso fica claro, mesmo considerando a escassez de dados detalhados disponíveis, através da leitura da descrição dos grupos e linhas de pesquisa. Essa relação permanente entre perspectivas e temas no campo dos Direitos Humanos é essencial para a reflexão acerca da construção de uma abordagem crítica no que tange à Educação em Direitos Humanos. A partir de todos os dados descritos acima sobre os grupos de pesquisa em Direitos Humanos no Direito registrados no Diretório do CNPq e da inter-relação entre os temas centrais identificados, podem-se desenvolver algumas constatações gerais. Em relação às universidades federais, dos dezessete (17) grupos, três (03) deles desenvolvem pesquisas empíricas no campo dos Direitos Humanos, três (03) valorizam a importância da integração entre ensino, pesquisa e extensão, seis (06) destacam a importância de uma abordagem interdisciplinar, seis (06) estão vinculados a programas de pós-graduação e valorizam a atuação dos alunos da graduação, cinco (05) expressamente 92 afirmam a importância da produção acadêmica (através de publicações e participações em congressos), sete (07) relacionam a atuação do grupo com a análise da realidade social e a intervenção na mesma a partir do instrumental dos Direitos Humanos, dez (10) realizam algum tipo de reflexão conceitual crítica específica no que tange aos fundamentos dos Direitos Humanos, dois (02) problematizam o ensino jurídico, e cinco (05) se vinculam de alguma forma ao tema de educação em Direitos Humanos. Em relação às universidades estaduais, dos sete (07) grupos de pesquisa, apenas um (01) grupo descreve o desenvolvimento de pesquisas empíricas, um (01) aborda a importância da perspectiva interdisciplinar, um (01) valoriza expressamente a importância da produção acadêmica do grupo, somente um (01) vincula o trabalho do grupo à reflexão acerca da realidade social e instrumentalização dos Direitos Humanos, dois (02) desenvolvem uma reflexão crítica no que tange a fundamentação dos Direitos Humanos, um (01) problematiza o atual ensino jurídico e cinco (05) grupos abordam a temática da educação em Direitos Humanos. Nenhum menciona a integração entre ensino, pesquisa e extensão e nem o vínculo com pós-graduação e graduação como uma preocupação central para o grupo. Por fim, os seguintes dados foram observados no que se refere às instituições de ensino superior privadas: dos vinte (20) grupos destacados, nenhum relata a realização de pesquisas empíricas, seis (06) valorizam a abordagem interdisciplinar, dois (02) levantam a importância da integração entre ensino, pesquisa e extensão, quatro (04) mencionam o vínculo com programa de pós-graduação e a importância da participação de alunos da graduação, cinco (05) trabalham a questão do diálogo com a realidade social através do instrumental dos Direitos Humanos, treze (13) constroem uma abordagem crítica acerca dos próprios Direitos Humanos e sua compreensão e sete (07) trabalham a temática da educação em Direitos Humanos. Nenhum dos grupos menciona o desenvolvimento de publicação e participação em eventos. No que tange aos dados analisados nesse capítulo, diferentemente do capítulo anterior onde foi possível ter contato com o conteúdo da produção analisada viabilizando uma consideração mais específica sobre as abordagens construídas pelos autores, a forma de registro dos grupos de pesquisa não permite uma compreensão clara, aprofundada e detalhada sobre suas características. Este fato corroborou para tornar mais limitada a 93 análise construída, tendo sido necessário utilizar informações muitas vezes lacunosas para a construção de algumas considerações sobre a constituição, desenvolvimento e trabalho dos grupos. Todos os cuidados possíveis foram tomados, evitando-se, ao máximo, conclusões precipitadas e fechadas e utilizando-se todos os dados disponíveis nas descrições dos grupos e das linhas de pesquisa aos mesmos vinculadas. A ausência de um sistema de registro que permita o acesso a informações mais detalhadas, como a vinculação dos alunos de graduação e pós-graduação de outras faculdades, a ligação do grupo com programas de pós-graduação, as atividades específicas desenvolvidas, o vínculo com programas/projetos de extensão, a produção acadêmica vinculada ao grupo, a participação em jornadas e congressos, assim como o número de publicações, além de uma descrição que permita compreender detalhadamente os pressupostos teóricos discutidos e a abordagem construída pelo grupo no que diz respeito à compreensão dos Direitos Humanos, empobrece de forma séria e comprometedora a compreensão e avaliação relacionada à produção em termos de pesquisa universitária – e conseqüentemente em relação à formação como um todo – no campo dos Direitos Humanos na área jurídica. Revela, também, uma possível não valorização do campo da pesquisa no Direito, em relação a discussão, reflexão e estudo dos Direitos Humanos. A ausência destas informações mais detalhadas não impede, no entanto, algumas considerações advindas das informações disponibilizadas. Se poucos são os grupos que demonstram uma preocupação acerca da interdisciplinaridade em suas descrições gerais e específicas (linhas), raros são aqueles que efetivamente demonstram a presença de interdisciplinaridade em suas atuações (por exemplo, através de referências explícitas a autores, à presença de alunos de outras faculdades, a produções de caráter interdisciplinar). No que tange à integração entre ensino, pesquisa e extensão, da mesma forma, se poucos são os grupos que mencionam esta preocupação explicitamente, mais raros ainda foram aqueles que, através de uma análise cruzada (demonstrada no final do presente capítulo) entre os dados do capítulo anterior (com base no autor/co-autor da produção) e os referentes à pesquisa e extensão, revelaram uma ligação entre as atividades de formação universitária. Assim como mencionado em relação aos artigos analisados, poucos são os grupos que desenvolvem propostas de pesquisas empíricas e poucos são aqueles que abordam a temática da educação em Direitos Humanos. Cabe destacar, também, a 94 praticamente inexistente referência ao trabalho em rede com outros grupos e outras universidades. As considerações acerca dos dados levantados em relação aos grupos de pesquisa registrados no CNPq serão retomadas, em conjunto com as reflexões proporcionadas pela análise da produção de conhecimento e da extensão universitária no campo dos Direitos Humanos no Direito, na conclusão desta dissertação. Passa-se neste momento à exposição da pesquisa desenvolvida no que tange à análise sobre a extensão universitária. 3.2 Extensão Universitária em Universidades Federais A universidade não pode se imaginar proprietária de um saber pronto e acabado, que vai ser oferecido à sociedade, mas, ao contrário, exatamente porque participa dessa sociedade, a instituição deve estar sensível a seus problemas e apelos, quer através dos grupos sociais com os quais interage, quer através das questões que surgem de suas atividades próprias de ensino, pesquisa e extensão. Plano Nacional de Extensão Universitária A reflexão sobre o papel social da universidade deve se orientar a partir da percepção desta como espaço essencial e democrático de difusão de ciência, arte, tecnologia e cultura no sentido da emancipação dos sujeitos envolvidos, direta ou indiretamente, no espaço universitário. A legitimidade da universidade deve se construir em consonância com a compreensão desta como um espaço crítico de reconhecimento, inclusão e reflexão das mais variadas formas de compreensão e relação com o mundo. O que acontece quando, submissos e enredados nas tramas da sociedade competitiva e do pensamento conservador, deixamos sobreviver a universidade da mediocridade e do conformismo? Quantas inteligências sensíveis tem sido rejeitadas, fagocitadas ou desviadas de promissoras carreiras científicas ou artísticas por esta velha universidade? Cada pessoa, rica, negra, índia, de baixa renda, branca, imigrante, classe média, oriental, ou não, tem algum diferencial de talento e capacidade criativa, que cabe à sociedade, por meio dessa „maravilhosa invenção chamada universidade‟, como escreveu Kant, descobrir e cultivar, para o desenvolvimento econômico, social e cultural da própria sociedade. (SANTOS; ALMEIDA FILHO, 2008, p. 167). 95 No caminho de reflexão e reconstrução da universidade, é essencial que a mesma integre-se com a sociedade e construa canais de diálogo permanentes com os mais diversos atores sociais. Este movimento deve englobar todas as atividades e todos os setores envolvidos nos fazeres e processos universitários. Os caminhos de reconfiguração e reconstrução das atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de convergirem e se construírem de forma integrada, devem se dar em diálogo com a complexidade do mundo atual e com os preceitos de uma cidadania ética, compromissada, engajada e responsável (PERNALETE; ORTEGA, 2010). A complexidade e a crítica devem se dar não como resposta ou solução para a atuação universitária no mundo contemporâneo, mas como permanente desafio para sua mutável construção. O Plano Nacional de Extensão Universitária (2000/2001), elaborado pelo Fórum de Pró-Reitores das Universidades Públicas e pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação e do Desporto, inicia a exposição de seu conteúdo com uma citação de Boaventura de Sousa Santos (1998) que aborda em cinco linhas questões referentes à complexidade de saberes, legitimidade da universidade e configuração das atividades de extensão relacionadas e em diálogo com as atividades de pesquisa e ensino. A citação dá o tom e orienta a leitura do documento que pretendeu problematizar o espaço da extensão universitária enquanto produtora de conhecimento, enquanto relação com a sociedade e espaço de integração com as demais atividades envolvidas na formação universitária na construção de um conhecimento autônomo, engajado e emancipador. O Plano afirma a necessidade de desdobramento em planos regionais e define as áreas temáticas de desenvolvimento dos programas/projetos/atividades de extensão da seguinte forma: 1) Comunicação, 2) Cultura, 3) Direitos Humanos, 4) Educação, 5) Meio Ambiente, 6) Saúde, 7) Tecnologia e 8) Trabalho. O recorte do levantamento realizado se referiu a área temática de Direitos Humanos. O documento parte da superação da compreensão acerca da extensão como „terceira função‟ da universidade afirmando-a como: (...) filosofia, ação vinculada, política, estratégia democratizante, metodologia, sinalizando para uma universidade voltada para os problemas sociais com o objetivo de encontrar soluções através das pesquisas básica e aplicada, visando realimentar o processo ensino-aprendizagem como um todo e intervindo na realidade concreta. (PLANO NACIONAL DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2000/2001). 96 O Plano, mais do que contextualizar e normatizar a extensão universitária, pretendeu problematizar o papel da universidade frente às questões contemporâneas e nesse sentido afirma a mesma como “atividade acadêmica capaz de imprimir um novo rumo à universidade brasileira e de contribuir significativamente para a mudança da sociedade”. Nesse contexto, o conhecimento produzido através das atividades de extensão deve ser um conhecimento democrático construído com base no diálogo entre saberes populares e acadêmicos e conseqüência da abertura da universidade para o confronto com a realidade e para a participação de atores externos ao seu ambiente. Como princípios básicos da extensão, o Plano elenca a importância da universidade não se estruturar a partir da noção de posse de um conhecimento pronto, acabado e imutável, que deve ser oferecido à sociedade; de estar em contato com movimentos sociais e problematizar as noções de desigualdade e exclusão; de garantir a difusão de saberes, afirmando que a formação do profissional deve estar relacionada com sua permanente inserção e interação com a sociedade. A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade. A Extensão é uma via de mão-dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da praxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento. Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como conseqüências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade. Além de instrumentalizadora deste processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social. (PLANO NACIONAL DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2000/2001). O processo de repensar as atividades e a legitimidade universitária deve passar pela consideração sobre a centralidade das atividades de extensão universitária, considerando a união entre ensino e pesquisa, na construção e aprofundamento da democracia e da luta contra todos os tipos de opressão, discriminação, preconceito e exclusão. A universidade deve permanentemente, assim como se movimenta no sentido de interrogar a sociedade, movimentar-se no sentido de auto-interrogação sobre o conhecimento produzido e difundido. A extensão como espaço em contato perene com a sociedade, deve se configurar 97 como espaço de reflexão crítica e autoquestionamento (SANTOS; ALMEIDA FILHO, 2008). O objetivo dessa sessão, dando continuidade às análises já construídas, é mapear a quantidade de programas e/ou projetos de extensão universitária – em universidades federais – existentes em Direitos Humanos e vinculados ao Direito. A partir dos resultados encontrados, pretendia-se, inicialmente, aprofundar o estudo analisando os programas/projetos, considerando a preocupação com a integração entre ensino, pesquisa e extensão, interdisciplinaridade, integração com programas de pós-graduação e cursos de graduação, entre outras. A seguir estão expostas as dificuldades encontradas e os resultados alcançados. Devido à amplitude de dados e a descentralização das informações referentes à extensão, optou-se por recortar a pesquisa ao âmbito das universidades federais. Foram considerados tanto programas quanto projetos de extensão e o levantamento inicial foi feito a partir dos portais virtuais das universidades federais com recorte nacional. Nessa etapa foram identificadas diversas dificuldades para o acesso a dados atuais e detalhados acerca desses programas e projetos que exigiram a busca por outras fontes de informação. Esta se configurou como a etapa com menor acesso a dados atualizados e descritivos em relação ao objeto de análise, o que dificultou a reflexão sobre o mesmo em relação à hipótese da pesquisa. Mesmo com o recorte proposto, o acesso a dados atualizados e detalhados foi extremamente limitado (por sua vez, a própria dificuldade de acesso torna-se dado relevante da pesquisa). Diante dos resultados levantados, uma análise pormenorizada e detalhada torna-se impraticável e a qualificação desses dados exigiria tanto mais tempo quanto mais recursos financeiros para propor outras etapas metodológicas para o acesso aos dados desejados. Ambos não são possíveis para a presente proposta. Antes de iniciar a exposição dos dados, será relatado o caminho traçado para o levantamento dos mesmos, assim como todos os obstáculos percorridos. Inicialmente foram consultadas todas as páginas eletrônicas das universidades federais (através de links disponibilizados no site do MEC). A busca foi realizada tanto no âmbito específico da extensão universitária (através das Pró-Reitorias de Extensão) como nas páginas referentes aos cursos de graduação e pós-graduação no Direito. Nessa etapa, foi constatado que poucas universidades possuíam um registro atualizado e detalhado sobre os programas e 98 projetos desenvolvidos. As páginas eletrônicas específicas das faculdades de Direito, em sua maioria, também não mantém registro dos programas e projetos de extensão universitária ligados à área jurídica. Em relação a todas que não disponibilizavam esse cadastro ou disponibilizavam informações defasadas e pouco detalhadas no mesmo, foi feito contato através do correio eletrônico com as Pró-Reitorias de Extensão e de Graduação. Poucas Pró-Reitorias retornaram esse contato com informações que pudessem subsidiar a pesquisa. Em seguida, através da página virtual do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão, foi feito contato pelo correio eletrônico com diversos integrantes que compõem o mesmo. Devido à significativa ausência de respostas e através de contato feito com a Pró-Reitora de Extensão da UFRJ, foi realizada uma consulta a professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e integrantes do Fórum. Esses orientaram sobre a necessidade de realizar contato com cada Pró-Reitoria de Extensão para ter acesso aos relatórios de extensão na área temática desejada (Direitos Humanos), movimento este que já havia sido iniciado através do contato por correio eletrônico. Nesse momento da pesquisa, com o início da execução do projeto de implantação do Núcleo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação em Direitos Humanos no NIAC/UFRJ, agrega-se uma aluna de graduação como pesquisadora bolsista no âmbito do presente trabalho. Essa aluna passa então a seguir diversas etapas de levantamento de dados designadas para a concretização da análise sobre a extensão. A primeira e a segunda etapa descritas acima são repetidas (consulta nos portais virtuais e contato por correio eletrônico com as Pró-Reitorias de Extensão e Graduação). A partir da indicação de algumas respostas recebidas por correio eletrônico, solicitando que a consulta requerida fosse feita através do Sistema de Informação e Gestão de Projetos (SIGProj)26, esse foi o passo seguinte realizado para a coleta de dados. No entanto, através do SIGProj encontrou-se muitas informações desatualizadas, além de poucas informações detalhadas sobre os programas e projetos cadastrados, o que impediu que esses resultados pudessem ser utilizados em sua totalidade. 26 O Sistema de Informação e Gestão de Projetos (SIGProj) tem como objetivo auxiliar o planejamento, gestão, avaliação e a publicização de projetos de extensão, pesquisa, ensino e assuntos estudantis desenvolvidos e executados nas universidades brasileiras. Cf. Portal SIGProj. Disponível em: http://sigproj1.mec.gov.br/?goTo=home&plataforma=0. Acesso em: 04 de Fevereiro de 2011. 99 Com a limitação dos dados coletados e as dificuldades enfrentadas, optou-se por realizar contato telefônico com todas as universidades federais que possuem curso de graduação em Direito. Esse contato foi direcionado, simultaneamente, às secretarias de graduação dos cursos de Direito, às Pró-Reitorias de Graduação, e às Pró-Reitorias de Extensão. O PPGD/FND/UFRJ, através de autorização de sua coordenadora, disponibilizou o telefone da Secretaria para a realização desses contatos. Foram encontradas dificuldades no que tange a presença de um responsável que pudesse fornecer as informações requisitadas e a própria existência dessas informações de maneira organizada. Foram registradas todas as respostas obtidas e, em outros momentos distintos, realizados novos contatos. Por fim, foi realizada, em relação aos programas/projetos que possuíam esse dado disponível, busca complementar através dos nomes dos respectivos coordenadores/as. A lista de todos os programas/projetos e o resultado de todas as etapas percorridas para a coleta de dados estão expostos nos ANEXOS C e D, e será abaixo apresentado o resultado consolidado no que tange aos programas/projetos mapeados: a) no Direito; b) na temática dos Direitos Humanos; e c) Em Direitos Humanos no Direito27. Cumpre notar que alguns dos programas/projetos listados nos itens a e b, podem dizer respeito a programas/projetos em Direitos Humanos no Direito, porém foram considerados neste item apenas aqueles cuja informação era precisa o suficiente para afirmar essa relação. Como será constatado, são diversas as lacunas existentes28 acerca das informações necessárias para uma análise sólida e pormenorizada sobre a extensão nas universidades federais. Importante notar que as etapas descritas foram seguidas no que se refere a todas as universidades e os resultados expostos priorizam as fontes com dados mais atuais e relevantes. As lacunas refletem a dificuldade de acesso ou a própria inexistência de relatórios e registros atualizados, qualificados e específicos sobre as atividades de extensão. 27 No caso de haver essa informação disponível, foi a mesma priorizada na construção da tabela apresentada. O resultado completo do levantamento encontra-se em anexo, onde podem ser observados outros detalhes acerca do levantamento desenvolvido. 28 É importante destacar dois casos significativos que representam a defasagem de informações existente: No caso da UFPB, central para esta pesquisa, pois possui um dos Núcleos de Extensão em Direitos Humanos mais reconhecidos no Brasil, assim como foi uma das três universidades selecionadas para a implantação (ou fortalecimento) do Núcleo de Educação em Direitos Humanos, através das fontes utilizadas, não foi possível afirmar a existência de programas/projetos em Direitos Humanos no Direito. E o caso da UFRJ onde o vínculo dos programas/projetos mapeados com a faculdade de Direitos, através das fontes pesquisadas, não pode ser afirmado. Essa informação é lacunosa em relação à realidade, dada a existência do NIAC/UFRJ e da recente implantação do NEDH. Esses casos são exemplificativos da defasagem de informações existentes no campo da extensão universitária. 100 Fica esse dado como primeira e importante informação no âmbito dessa pesquisa, pois denota uma desorganização ou ainda desvalorização do papel da extensão na formação jurídica universitária. Tabela 4: Análise Consolidada dos Programas/Projetos de Extensão Universitária. Programas e/ou Projetos Direito Direitos Humanos / Universidades Direitos Humanos no Direito UFAC 03 X X UNIR X 04 X UFPA X X 06 UFMS 01 X X UFGD 06 X X UFG29 X X 02 UNB 02 X X UFPI 08 X X UFC 13 X X UFRN X X 04 UFERSA X X 01 UFCG 06 X X UFPE X X 03 UFAL X 03 X UFS X X 02 UFBA 02 X X UFPR 09 X X UFSC 03 X X FURG 04 X X 29 Através de pesquisa complementar pelo edital de seleção do ano de 2010 da SEDH/PR foi possível localizar a implantação do projeto “Consolidação e Fortalecimento do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos: Educação, Direitos Humanos e Cidadania”. Este projeto é um dos três selecionados (UFRJ e UFPB) pela SEDH/PR para implementação de Núcleos de Educação em Direitos Humanos. Não é possível afirmar, no entanto, se esse se encontra vinculado ao Direito na respectiva universidade através das informações disponíveis. 101 UFSM 03 X X UFRGS X 04 X UFES 01 X X UFF 01 X X UNIRIO 01 X X UFRJ 10 X X UFU X X 03 UFV 04 X X UFJF 02 X X UFMG X X 28 UFOP X X 08 Conforme relatado nas considerações iniciais do presente capítulo, as informações coletadas a partir do levantamento realizado são essencialmente precárias, lacunosas, imprecisas e impeditivas de uma análise aprofundada em relação à constituição, consolidação e execução dos programas/projetos de extensão universitária. Sendo assim, se o caminho traçado até aqui se baseou em não afirmar certezas e provocar reflexões a partir dos dados observados, mais verdade ainda se torna essa orientação no que se refere a esta etapa. Dada a ausência de informações precisas e aprofundadas, seria uma irresponsabilidade em termos de uma pesquisa que se pretende séria e ética afirmar observações fechadas e conclusões precisas em cima dos dados disponibilizados. Ao contrário do que foi constatado em relação à produção de conhecimento e pesquisa, a partir dos dados disponíveis, não é possível afirmar as principais abordagens construídas no âmbito da extensão universitária no que tange à concepção acerca dos Direitos Humanos. Destaca-se aqui, no entanto, pelos resultados observados, a quase completa ausência de programas/projetos que se vinculem a temática da educação em Direitos Humanos no Direito. Outra questão possível de ser relatada a partir dos dados levantados até o presente momento é a pequena integração entre as produções analisadas, os grupos de pesquisa e os programas/projetos de extensão. Uma análise cruzada a partir dos nomes dos autores, dos integrantes dos grupos e dos programas/projetos, revela pouca relação entre os artigos e os grupos de pesquisa e entre os grupos de pesquisa e os 102 programas/projetos de extensão. Não foi possível mapear nenhuma relação entre os artigos e os programas/projetos de extensão e conseqüentemente nenhuma relação entre os três âmbitos de análise. Deve-se levar em conta, nesse sentido, que a existência de informação lacunosas prejudicou a análise proposta. Tabela 5: Análise Cruzada de Produção de Conhecimento, Grupos de Pesquisa e Programas/Projetos de Extensão Universitária. Programas e Projetos de Extensão / Grupos de Pesquisa Direito Constitucional Contemporâneo - UFRJ Núcleo de Pesquisa sobre Políticas de Prevenção da Violência e Acesso à Justiça e Educação em Direitos Humanos – UFRJ Projeto Maré/NIAC – UFRJ X Formação de Agentes Comunitários - UFRJ Programa Pólos de Cidadania UFMG X X Programa Pólos de Cidadania – UFMG Artigos / Grupos de Pesquisa O Direito Achado na Rua – UNB Sociedade, Tempo e Direito – UNB X Educação em Direitos Humanos: desafio às universidades – José Geraldo de Sousa Junior UnB - 2009 O Eixo Educador do PNDH-3 – José Geraldo de Sousa Junior UNB, USP 2010 ______________ ______________ X X ______________ X X Considerando a baixa consistência das informações coletadas é apenas possível afirmar a necessidade de se pensar formas mais efetivas de registro e organização sobre as atividades desenvolvidas no âmbito da extensão universitária. Essa é a única forma de se garantir o acesso a informações atuais e densas que permitam uma análise e avaliação do quadro geral nacional da extensão em Direitos Humanos no Direito. Apenas a partir do 103 acesso a essas informações podem-se afirmar as suposições que constituíram a hipótese da pesquisa, porém a ausência das mesmas é indicativo significativo da desvalorização da extensão no Direito. É necessário o acesso a informações precisas para que, a partir de dados substanciais, se possa analisar a situação atual e propor importantes caminhos de reflexão no que tange à integração entre ensino, pesquisa e extensão; à vinculação entre graduação e pós-graduação no desenvolvimento destas atividades; à troca, intercâmbio e formação de rede entre as diversas iniciativas no campo da extensão; à interdisciplinaridade e efetivo diálogo entre os diversos ramos do conhecimento para a concretização de uma formação qualificada e diversificada; ao espaço ocupado pela universidade e sua importante função social como produtora de conhecimento qualificado e como instrumento de intervenção e mudança social, e por fim – e central para a análise proposta – à produção de conhecimento criativo, reflexivo, inovador, mutável, contestador e essencialmente crítico no campo dos Direitos Humanos no Direito. O Plano Nacional de Extensão Universitária traz diversos objetivos e metas que corroboram essas considerações traçadas. Considerando, como afirmado anteriormente, que as diversas atividades ligadas à formação universitária dialogam entre si e considerando que a extensão é um espaço privilegiado para esse diálogo, pois pode agregar simultaneamente atividades de ensino e pesquisa, a valorização desse espaço é essencial para pensar a construção de uma formação jurídica crítica, preocupada em contestar as formas de produção de saber e poder dominantes, e em se aproximar, compreender a complexidade e intervir na realidade social. O conhecimento universitário, durante o século XX, se constituiu majoritariamente de forma estanque, disciplinar e descontextualizada em relação à realidade social. Ao longo da última década, no entanto, essa forma de produção de conhecimento vem sendo contestada e desestabilizada com a ênfase na importância de se pensar a universidade a partir da relação entre ciência, conhecimento e sociedade, repensando a hegemonia e legitimidade universitárias. O processo de repensar o conhecimento produzido pela universidade – especificamente nesse caso pelo Direito – deve ter como um dos eixos centrais a valorização da extensão como forma de participação e construção de coesão social, de aprofundamento de processos democráticos (internos e externos à universidade) e 104 de luta contra as mais diversas formas de exclusão, injustiça e segregação sociais e culturais. A universidade pode se constituir como espaço capaz de incorporar e refletir as mais diversas formas de ver o mundo, produzindo um conhecimento crítico, aberto, flexível, democrático e participativo, possuindo a extensão universitária papel crucial nessa construção, na reflexão sobre a institucionalidade e a função social da universidade. A resistência tem de envolver a promoção de alternativas de pesquisa, de formação, de extensão e de organização que apontem para a democratização do bem público universitário, ou seja, para o contributo específico da universidade na definição e solução coletivas dos problemas sociais, nacionais e globais. (SANTOS; ALMEIDA FILHO, 2008, p. 45). A universidade de forma geral e, portanto, também a formação jurídica de forma específica, precisa sempre se repensar, construir espaços de redefinições, de reconhecimento de responsabilidades, de construção crítica de suas funções sociais, de reformulação, desconstrução e reconstrução das formas de produção de conhecimento. Para isso precisam ser pensadas formas éticas de gestão, de redefinição das atividades de ensino, pesquisa e extensão, de integração e articulação entre elas, de relações interdisciplinares, de formação a partir da constatação e enfrentamento da complexidade do mundo contemporâneo (PERNALETE; ORTEGA, 2010). A universidade – e nesse âmbito especificamente o Direito – poderia, então, assumir uma postura crítica permanente de auto-reflexão e auto-avaliação. Apenas nesse contexto é possível refletir criticamente sobre a construção e consolidação de uma educação jurídica em Direitos Humanos capaz de dialogar e considerar os mais diversos aportes de outros ramos de conhecimento, capaz de se considerar em permanente construção e redefinição, capaz de englobar discussões polêmicas e qualificadas, capaz de relacionar e integrar atividades de ensino, pesquisa e extensão, de ser transversal e criativa. Capaz, essencialmente, de ser fonte e espaço de questionamento não apenas dos próprios Direitos Humanos, mas da formação e cultura jurídica como um todo. Fragmentos da Memória - Territórios Conhecidos 105 Na penúltima semana do mês de novembro de 2010, o Rio de Janeiro acompanhou uma operação policial que teve como legenda ser um marco na história da cidade no combate ao crime organizado representado pelo tráfico de drogas nas favelas cariocas. Uma operação dita inovadora e paradigmática. Essa foi a opinião divulgada na mídia e reverberada por grande parte da população. Os sites de comunicação virtual, como facebook e twitter, traziam majoritariamente opiniões de seus usuários refletindo a mesma divulgada na grande mídia. Acompanhei todo o episódio não apenas com interesse acadêmico, mas com uma grande preocupação pessoal. Dia e noite com a televisão ligada nos canais que transmitiam a invasão e nas páginas da internet que davam informação e debatiam o assunto. Além do medo de uma carnificina iminente, ficou a frustração com a crença ainda majoritária das pessoas de que aquilo era um momento novo no combate ao crime organizado (parecia mais um episódio de uma novela que já vivemos há anos na cidade) e com as opiniões que iam desde estarmos vivendo um “Tropa de Elite 3” até a comoção geral pedindo para que se fuzilasse todos aqueles jovens, como se fossem estes os reis e os perpetuadores do narcotráfico no Rio de Janeiro e no Brasil. Um olhar um pouco mais cuidadoso pode enxergar a situação vivida naqueles dias e as conseqüências que se propagarão pelo tempo, de uma outra forma. Difícil acreditar que o que foi transmitido sobre a ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão corresponda completamente a realidade. Isso está longe de significar que se é a favor da impunidade, da violência ou do domínio de território por grupos armados criminosos. Significa apenas, que uma situação complexa que se perpetua por décadas, deve ser enxergada e analisada com a complexidade que lhe corresponde. As denúncias de abuso policial, de mortes não registradas, de corrupção e de violência, contidas nos relatos dos moradores nos dias seguintes à ocupação e que continuam até hoje desmentem a versão contada na grande mídia e confirmam o conhecido, a rotina vivida nesses territórios. A segurança pública estadual sai como grande vitoriosa em realizar uma ocupação limpa e sem “banho de sangue”. Porém, existem mortes que são discretas, que não necessitam de um fuzil estourando, que acontecem no dia a dia, de forma silenciosa, profunda, rotineira e duradoura. Dessas mortes ninguém fala. Ou fala pouco e de forma insuficientemente assertiva. Além das 106 mortes que ninguém realmente nunca fala. São de muitas dessas mortes que também se constituiu a ocupação do Complexo do Alemão, que ainda se constitui a realidade lá presente e que constitui há décadas a realidade das favelas do Rio de Janeiro. Alguma coisa mudou? Difícil acreditar. Em todos os espaços em que aparecem falas e relatos de moradores do Complexo do Alemão o que se escuta são denúncias incessantes e já conhecidas. O fato de não serem novidade não diminui sua gravidade e o terror nelas contido. No entanto, aponta para o óbvio: estamos em território conhecido. Não houve inovação, a ocupação do Alemão não foi uma quebra de paradigma para a atuação policial no Rio de Janeiro. Não se poderia esperar que a lógica de atuação corrupta e violadora de Direitos que permeia, integra e define majoritariamente as polícias mudaria da noite para o dia. São casas arrombadas com moradores dentro, casas revistadas mais de três vezes por dia, objetos roubados, ameaças de morte, violência, mortes. Mortes não computadas, corpos perdidos, mães querendo resgatar os corpos dos filhos. Envolvimento e acordos com traficantes, ocupação de espaços vazios e ilícitos, “arregos” vultuosos. Entre outras incontáveis violações, abusos e violências. Território conhecido. *** 107 4 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: O NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE AÇÕES PARA CIDADANIA (NIAC/UFRJ) No intuito de subsidiar a análise acerca da extensão universitária e a reflexão sobre a mesma como espaço para pensar a formação para os Direitos Humanos, foram valorizadas outras fontes de dados: os questionários de entrevista com gestores de alguns programas em âmbito federal e a própria análise qualitativa sobre o NIAC/UFRJ, dialogando todos os resultados encontrados e possibilitando a construção de uma análise mais densa e significativa. Após realizar a análise do levantamento no âmbito da extensão universitária e expor algumas considerações acerca dos dados obtidos, serão aqui considerados os resultados dos questionários aplicados com os gestores de programas de extensão da UFPB e da UFMG e a análise sobre a unidade específica da pesquisa, o NIAC/UFRJ. O objetivo, como o de todo o trabalho construído, não é propor soluções ou construir respostas para os questionamentos levantados, mas abrir caminhos de reflexão. Nesse sentido, a análise sobre a extensão universitária vem construir um espaço para pensar a abordagem dos Direitos Humanos na formação jurídica universitária. Caminho que sai da abstração em direção a uma problematização concreta e que por isso, revela um campo essencial para a reflexão sobre esses direitos. Um campo que nunca é, mas permanentemente – ao contrário – constrói-se a partir de ausências e conflitos que possibilitam mudanças e rupturas. 4.1 Extensão Universitária – Primeiras Impressões: UFMG e UFPB A metodologia construída para a pesquisa, no que se refere à análise acerca da extensão universitária nas universidades federais, previu o contato com programas de extensão consolidados e reconhecidos no campo dos Direitos Humanos e vinculados a faculdades de Direito. O objetivo dessa etapa foi conhecer, através do contato com gestores (professores ou alunos com função de gestão), a percepção acerca da contribuição da extensão universitária em Direitos Humanos para a formação jurídica nesse campo. Essa etapa não pretendeu ser exaustiva ou fornecer dados substantivos para traçar uma análise aprofundada 108 acerca dos programas em questão. Pretendeu, além de qualificar a compreensão no campo da educação em Direitos Humanos e especificamente da extensão universitária, subsidiar a análise da unidade de pesquisa – NIAC/UFRJ – e a reflexão acerca da contribuição da extensão universitária para a construção crítica da formação para os Direitos Humanos no ensino jurídico. Foram selecionadas, para essa etapa da pesquisa, três universidades que reconhecidamente possuem um trabalho consolidado no âmbito da extensão em Direitos Humanos e que possuem relação com o trabalho e a proposta desenvolvida pelo NIAC/UFRJ: A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), através do programa Pólos de Cidadania, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), através do Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru e a Universidade de Brasília (UNB), através de contato com representantes do Direito Achado na Rua. Em relação à primeira, o contato inicial foi feito com a coordenadora de um dos projetos vinculados ao programa, e a mesma, além de participar da pesquisa, indicou outros dois contatos para responderem aos questionamentos propostos. Em relação à UFPB, foram contatados dois professores ligados à extensão, tendo apenas um respondido ao questionário enviado. No que tange a UNB, apesar do contato inicial positivo e a disponibilidade dos envolvidos em participar da pesquisa, não houve retorno do questionário, mesmo após diversas tentativas. Todos os questionários de pesquisa (ANEXO E) foram aplicados através de contato por correio eletrônico e eram compostos por questões abertas referentes à percepção e compreensão sobre Direitos Humanos, à compreensão acerca da extensão universitária e à influência, importância e impacto da extensão na formação para os Direitos Humanos vivenciada no ensino jurídico. Em relação à conceituação dos Direitos Humanos, os entrevistados da UFMG – todos com função de coordenação no programa Pólos de Cidadania – embasaram suas respostas a partir de noções semelhantes, vinculando a conceituação dos mesmos à noção de dignidade humana, abrangendo as noções de autonomia crítica e inclusão sócio- cultural. Foi mencionada também a importância da conquista histórica dos Direitos Humanos a partir da percepção das três gerações (as mesmas sendo compreendidas de forma integrada) de direitos. 109 Destaca-se a resposta de entrevistado da UFPB que traz interessante ponderação crítica e reflexiva nesse âmbito: Parece-me que os Direitos Humanos são construções históricas, forjadas em lutas e complexos processos de avanços e condescendências, e que – com e apesar de todas as suas contradições – definem normativamente o que aparenta ser essencial a certa sociedade, em certo momento. Não sou um entusiasta dos Direitos Humanos, sou seu defensor por enxergar neles um campo de resistências e, por menores que sejam, conquistas para os sujeitos oprimidos. Não sou entusiasta porque compreendo a existência de funções históricas dissimuladoras constituintes dos Direitos Humanos na sociedade capitalista, funções estas que prejudicam estruturalmente o projeto societário em que acredito. De todo modo, como disse, explorar as contradições do discurso dos direitos é fundamental e defender os Direitos Humanos é parte disso. (UFPB) Sobre a formação em Direitos Humanos no âmbito do ensino jurídico de graduação, foi relatado que em geral é uma formação que não contempla reflexões críticas e problematizações relacionadas com a realidade social, girando em torno de exposições de leis, tratados e convenções. Especialmente no curso de Direito, os Direitos Humanos acabam sendo vistos como uma área „marginal‟ da formação jurídica, perpetuando muitas vezes um discurso vazio e, via de regra, ensinados no âmbito de uma disciplina expositiva e conceitual. Foi mencionado também que a abordagem aos Direitos Humanos é, em geral, apartada e isolada em relação às demais disciplinas. Quando perguntados sobre o que os levou a buscar a atuação na extensão universitária, os entrevistados de ambas as universidades relataram de forma central a necessidade de vincular o ensino na universidade com a realidade social e a possibilidade da extensão impactar em alguma transformação social. A partir dessas reflexões iniciais, foi perguntado aos entrevistados como os mesmos percebiam o espaço da extensão universitária para o debate e problematização de temas centrais relacionados ao campo dos Direitos Humanos. Todos relataram ser a extensão universitária um espaço possível e privilegiado para reflexões críticas, para a revisão de percepções estabelecidas através de debates, do trabalho com questões práticas e da discussão de casos. Além de ser um espaço para encontros de formação. Na experiência que tenho junto ao Programa Pólos de Cidadania – UFMG posso dizer que é possível o espaço para reflexões críticas, discussão de casos, revisão de percepções estabelecidas e tradicionais, porque é exatamente o que é feito lá. Temos grupos de estudos sobre temas específicos, grupos que se estabelecem a partir de uma reunião com todos os alunos participantes do programa, onde o tema é votado e passa-se a debruçar sobre ele. Por outro lado, todas as sextasfeiras há encontro na sede do programa de todas as equipes para, em um primeiro 110 momento, as discussões dos casos, em sistema de horizontalidade, inclusive em relação aos técnicos e ao professor coordenador. E, depois, formam-se os grupos de estudos. Em toda a atuação do Pólos há formação para Direitos humanos e há debate sobre tal educação e sobre tais direitos. (UFMG) Por fim, abordam-se aqui as respostas relacionadas com o impacto da atuação nas mais diversas atividades ligadas à extensão universitária no que tange à percepção, compreensão e atuação na temática dos Direitos Humanos, relacionada à formação neste campo vivenciada no curso de graduação em Direito. “O impacto é visível. Os alunos mudam suas formas de ver a sociedade. Passam a pensar em alternativas de inclusão social. Apontam para estratégias que atribuiriam efetividade aos Direitos Humanos”. (UFMG) Os entrevistados afirmaram que a inserção dos alunos em situações reais e na problematização da realidade social que os cerca, através do contato dialógico com a comunidade, propiciam o surgimento de percepções transformadoras no campo em questão. A extensão proporciona um olhar mais crítico e diferenciado, permeado por indagações e questionamentos. É na extensão que os/as estudantes se aproximam efetivamente dos debates sobre os Direitos Humanos. A atuação junto a comunidades e movimentos sociais e populares – quando politicamente orientada, como ocorre com a educação popular – demanda dos(as) estudantes uma inserção profunda nos temas concernentes aos Direitos Humanos. Dá-se como se a extensão popular convocasse os/as estudantes para as lutas pelos Direitos Humanos. A partir da extensão, eles(as) se comprometem. (UFMG) De forma geral, foi mencionada a importância de integrar o ensino, a pesquisa e a extensão, sendo esta última local privilegiado para a formação de docentes e discentes capaz de impactar os demais âmbitos da formação universitária. É da extensão popular que estão vindo os melhores ventos para a graduação e a pesquisa – isso se tomarmos em consideração este atual modelo apartado de “ensino, pesquisa e extensão”. Da extensão popular surgem os docentes e os estudantes que modificarão as dimensões do ensino e da pesquisa, isto porque a extensão popular se demonstra, dada a aproximação com os sujeitos em luta, um campo mais aberto à oxigenação. (UFPB) Cabe destacar uma problematização interessante feita pelo entrevistado da UFPB no que se refere tanto à concepção sobre os Direitos Humanos como à percepção da própria extensão universitária. A percepção que fundamenta o trecho, que será aqui descrito, deverá 111 nortear e permear qualquer reflexão acerca do papel da extensão na educação em Direitos Humanos. É preciso que se tenha em mente, ao ler estas respostas, que os Direitos Humanos e mesmo a extensão são campos de disputas.(...) Muitas práticas de extensão são bancárias e reprodutoras, assim como muitas “defesas de Direitos” são excludentes. Trata-se, portanto, de filtrar a orientação política em pauta. (UFPB) Antes de iniciar a apresentação e análise dos dados sobre o NIAC/UFRJ, é importante resgatar de forma breve algumas considerações traçadas pelo Plano Nacional de Extensão Universitária. Elas subsidiam a análise proposta, assim como encaminham algumas questões a serem abordadas nas considerações finais do trabalho. Abordar e compreender a importância da extensão universitária na reflexão sobre a universidade e na concretização de uma formação integrada e dialógica passa por reafirmar a necessidade da institucionalização de suas atividades (essa institucionalização requer a consideração das diversas questões e críticas pontuadas ao longo do capítulo anterior durante a exposição dos dados coletados) no que tange à construção de um espaço reconhecido, qualificado e valorizado, de um permanente esforço administrativo de gestão e de uma postura critica e reflexiva para pensar a integração entre ensino, pesquisa e extensão. Afirmar o compromisso social da universidade e a permanente necessidade de repensar suas atividades e inserções, passando pelo ensino – “novo conceito de sala de aula, que não se limite ao espaço físico da dimensão tradicional, mas compreenda todos os espaços, dentro e fora da universidade, em que se realiza o processo histórico-social com suas múltiplas determinações, passando a expressar um conteúdo multi, inter e transdisciplinar, como exigência decorrente da própria prática”, pela pesquisa – “reconhece-se um leque bastante diversificado de possibilidades de articulação do trabalho realizado na universidade com setores da sociedade. Assume interesse especial a possibilidade de produção de conhecimento na interface universidade/comunidade, priorizando as metodologias participativas e favorecendo o diálogo entre categorias utilizadas por pesquisados e pesquisadores, visando à criação e recriação de conhecimentos possibilitadores de transformações sociais, em que a questão central será identificar o que deve ser pesquisado e para quais fins e interesses se buscam novos conhecimentos” e pela extensão, como espaço privilegiado de integração entre ambos, de reformulação da 112 construção do conhecimento universitário e de reflexão sobre a universidade como instrumento de intervenção e transformação social. (PLANO NACIONAL DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2000/2001). 4.2 O Núcleo Interdisciplinar de Ações Para a Cidadania (NIAC/UFRJ) Para o conhecimento da estrutura e funcionamento do NIAC, foi utilizado um roteiro de levantamento de dados (ANEXO G) que abordou as principais questões estruturais e organizacionais do programa. Foram também analisados documentos de referência em relação ao mesmo e contatados os professores responsáveis pelas áreas envolvidas no programa e pelos projetos executados. Optou-se por não descrever, pormenorizadamente, no âmbito deste capítulo todas as informações obtidas no levantamento realizado. Esta escolha partiu do pressuposto de que a compreensão acerca dos detalhes específicos sobre a estrutura e funcionamento do NIAC/UFRJ, apesar de ser de extrema relevância para a compreensão do funcionamento de um programa de extensão universitária e de ter subsidiado a análise construída, poderia ser disponibilizada em anexo como dado complementar da pesquisa (todos os resultados podem ser observados no ANEXO H). Como poderá ser observado no documento anexo, o levantamento dos dados referentes à estrutura do programa resultou em relevantes informações. Foi necessário um esforço „investigativo‟, pois muitas dessas informações não se encontram registradas oficialmente e nem sistematizadas. Esse dado liga-se diretamente ao resultado encontrado no quadro nacional da extensão universitária e é importante informação de pesquisa. Serão expostas aqui apenas as questões centrais vinculadas diretamente à análise proposta acerca do impacto do NIAC/UFRJ na formação crítica para os Direitos Humanos. Serão, portanto, apresentados e analisados os dados obtidos através da aplicação de questionários abertos com alunos de graduação, pós-graduação e professores que integram ou integraram o programa, no que tange à Faculdade de Direito. Apesar do NIAC/UFRJ agregar as faculdades de Psicologia, Serviço Social e Arquitetura, devido à análise estar centrada no ensino jurídico e na formação em Direitos humanos, optou-se por desenvolver a pesquisa apenas com os integrantes vinculados a esta Faculdade. 113 O NIAC/UFRJ criado pela Pró-Reitoria de Extensão (PR-5), em abril de 2006, surge com o intuito de integrar e articular cinco (05) projetos de extensão e pesquisa existentes no âmbito da Faculdade Nacional de Direito (FND), do Instituto de Psicologia (IP), da Escola de Serviço Social (ESS) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Todos os projetos desenvolvidos situavam-se na temática de Direitos Humanos e o objetivo era dialogar e dar sistematicidade, pensando em formas interdisciplinares efetivas de gestão dos mesmos. Nos cinco anos de existência, as diversas atividades, ações e projetos desenvolvidos pelo programa, a partir de diferentes metodologias e respectivas especificidades, tiveram como eixo norteador a integração entre atividades de ensino, pesquisa e extensão. O programa é orientado a partir dos seguintes objetivos: articular e potencializar redes de acesso à justiça e promoção dos Direitos Humanos; prestar assessoria interdisciplinar aos movimentos de base, conselhos de direitos e fóruns locais; garantir a defesa dos direitos fundamentais, além da promoção, difusão e educação em Direitos Humanos (especialmente no que tange ao Bairro da Maré); prestar apoio psicossocial às vitimas ocultas da violência, especialmente às crianças e adolescentes; criar fóruns de discussão junto aos operadores sociais visando o fortalecimento dos mecanismos extrajudiciais de resolução dos conflitos e o desenvolvimento de práticas alternativas ao modelo de vitimização e criminalização da pobreza; prestar assessoria a entidades de representação comunitária e a moradores, em projetos de revisão e readequação de espaços de moradia, de uso coletivo, equipamentos públicos e comunitários. Os projetos que foram integrados, dando origem ao programa NIAC/UFRJ são: 1) Projeto Escritório Arquitetura; 2) Projeto Maré – Escritório Modelo Direito; 3) Projeto Psicologia – PROIPADI (Programa de Intervenção, Avaliação e Diagnóstico em Psicologia), que se dividia em dois (02) projetos: Psicoterapia e Avaliação Neuropsicológica; 4) Projeto Promoção do Acesso à Justiça e Redes de Prevenção da Violência - Grupo de Criminologia Crítica Aplicada e Núcleo de Pesquisa Associações Solidariedades e Política (NASP); 5) Projeto Psicologia e Justiça: Construção de Novos Processos. Ao longo dos cinco anos de existência do programa ocorreram mudanças nos projetos originais e foram desenvolvidos outros projetos e atividades. Além do Escritório 114 Interdisciplinar de Atendimento (Escritório de Cidadania), que funciona de forma permanente com estudantes e professores do Serviço Social, Psicologia e Direito, foram desenvolvidos os seguintes projetos no âmbito do NIAC/UFRJ: PROIPADI (Programa de Intervenção, Avaliação e Diagnóstico em Psicologia); Oficinas de Leitura e Escrita: a Aprendizagem da Língua Escrita e suas Dificuldades; Construindo um Processo de Escolhas mesmo quando Escolher não é um Verbo Disponível (em andamento); Subjetividade e Processos de Criminalização; Psicologia e Justiça: Construção de outros Processos (em andamento – representa a atuação da psicologia no atendimento do Escritório de Cidadania); Os Direitos da Cidadania e Promoção do Acesso à Justiça – Fórum de Criminologia Crítica Aplicada; Projeto Assessoria em Arquitetura e Urbanismo em Comunidades Populares – Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo (em andamento); Reprodução Sócio-Territorial na Maré (em andamento); Curso de Especialização em Segurança Pública, Cultura e Cidadania (segunda edição em andamento); Balcão de Direitos; Projeto Pacificar; Projeto de Revisão do Plano Estadual de Direitos Humanos (em andamento); Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão de Educação de Direitos Humanos (em andamento). No âmbito desses projetos o NIAC/UFRJ engloba ações de ensino, pesquisa e extensão, tendo seus diversos resultados sido apresentados nos últimos anos nas Jornadas de Iniciação Científica e Congressos de Extensão da UFRJ (além de outros eventos), gerado publicações e originado diversos trabalhos de conclusão de curso de graduação e pósgraduação. São alunos de graduação, pós-graduação e professores envolvidos nas atividades construídas e pensadas a partir de uma abordagem interdisciplinar, crítica e integrada. Os resultados que serão apresentados a seguir, relativos aos questionários de pesquisa aplicados, pretendem estruturar um caminho de compreensão acerca do impacto desse programa de extensão universitária, essencialmente no que diz respeito à percepção dos alunos no campo dos Direitos Humanos, a partir da opinião dos mesmos sobre o assunto abordado. Os questionários foram distribuídos, por correio eletrônico, para todos os professores, alunos de pós-graduação e alunos de graduação que fizeram ou fazem parte do programa, conforme indicado pelo levantamento realizado, e apesar de ter sido explicada a 115 importância da pesquisa para a compreensão específica do impacto do programa e para a compreensão mais geral sobre a relação entre a extensão universitária e a educação em Direitos Humanos no Direito, nem todos/as retornaram o contato realizado. A seguir apresentam-se os resultados coletados a partir do retorno dos questionários. Em relação aos alunos de graduação, foram coletados onze (11) questionários, na pós-graduação três (03) questionários e participaram da pesquisa três (03) professores do Direito (um dos professores que respondeu ao contato feito afirmou não se sentir confortável em participar da pesquisa). As principais questões abordadas se referiam a: compreensão acerca do significado da extensão universitária, o motivo que determinou a busca pela inserção na extensão, a compreensão acerca dos Direitos Humanos, a forma de abordagem em relação aos Direitos Humanos no curso de graduação, a forma de abordagem e as atividades desenvolvidas em relação aos Direitos Humanos no NIAC, o impacto do mesmo na compreensão sobre os Direitos Humanos e na percepção acerca da formação universitária da graduação nesse campo, e o impacto da atuação no NIAC nas escolhas acadêmicas e profissionais dos entrevistados. Foram utilizados como informações transversais que subsidiaram a análise dos dados, questões referentes à formação acadêmica, tempo de atuação no Núcleo, época de conclusão do curso de graduação, realização de outros cursos no campo dos Direitos Humanos e participação e atuação em outros programas de extensão ou trabalho no campo dos Direitos Humanos. As questões centrais apresentadas nortearam a pesquisa, havendo pequenas variações dependendo do grupo estudado (como pode ser observado nos modelos de questionário apresentados no ANEXO F). No que tange aos alunos de graduação, é importante notar que todos os participantes da pesquisa já concluíram sua atuação no NIAC (participaram da pesquisa desde alunos que estiveram presentes no processo de formação do programa até alunos que ingressaram no mesmo apenas no ano de 2010. Os períodos de saída variam desde 2008 até 2011, e o tempo de permanência entre nove meses e três anos). São todos alunos da UFRJ, sendo que sete (07) já concluíram o curso entre os anos de 2007 e 2010 e quatro (04) tem previsão de conclusão da graduação nos anos de 2011 e 2012. Os alunos, de uma forma geral, compreendem a extensão como um espaço para aprofundar questões teóricas aprendidas no curso de graduação, como possibilidade de unir 116 a teoria aprendida a uma atuação prática e de concretizar o diálogo entre sociedade e universidade. Ao definir a compreensão sobre o conceito de extensão universitária, apenas um aluno mencionou a importância da construção interdisciplinar. De um lado, a Universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade, democratizando e socializando o saber científico, fornecendo bens públicos e prestando serviços à sociedade. De outro lado, a Universidade recebe da comunidade influxos positivos como retroalimentação tais como a percepção de suas reais necessidades, seus anseios, aspirações como desafio para o seu equacionamento e também aprendendo com os saberes dessas comunidades. Ocorre, na realidade, uma troca de conhecimentos e valores, dinamizando dialeticamente os projetos culturais e os objetos civilizatórios dessa comunidade. Assim, a universidade deve planejar e executar as atividades de extensão respeitando e não violando esses valores e cultura, mas, de forma dialética, influenciando e sendo influenciada pela comunidade.30 Entre os motivos que levaram os alunos a buscarem a inserção no NIAC/UFRJ, estão o descontentamento com as perspectivas profissionais no Direito e a vontade de ter contato com um lado mais „humano‟ da profissão; a busca por um campo prático geralmente inexistente no Direito; a possibilidade de trabalhar junto com indivíduos de baixa renda possibilitando o acesso a direitos e serviços; e a chance de agregar atividades de ensino e pesquisa. Portanto, a busca pelo programa de extensão está relacionada com a possibilidade de construção de uma perspectiva crítica acerca do papel do Direito e da interação entre universidade e sociedade, assim como com a necessidade de uma efetividade prática para o conhecimento teórico acumulado. No que tange às definições e concepções sobre os Direitos Humanos, as respostas fornecidas pelos alunos abordaram dois eixos centrais: são direitos universais, inalienáveis e indisponíveis, ligados a essência humana e afirmados para a garantia de dignidade humana; e direitos relacionados às políticas públicas de promoção da cidadania, garantidos constitucionalmente e em documentos internacionais. Não foi possível identificar uma problematização específica no que tange à compreensão sobre os Direitos Humanos a partir das definições dadas. 30 Trecho do Projeto de criação do Núcleo de Prática Jurídica da FND, cuja elaboração foi coordenada pelo professor Ivan Garcia. 117 É importante, no entanto, considerar que o levantamento através de questionário online não permite uma maior indagação junto aos entrevistados e nesse sentido maior aprofundamento acerca das questões pontuadas. A compreensão dos mesmos acerca dos Direitos Humanos deve ser analisada em conjunto com os impactos da atuação no programa relatados no que se refere aos rumos acadêmicos e profissionais, à percepção sobre o ensino jurídico neste campo e à própria compreensão desses direitos. Em estreita relação com o questionamento anterior acerca da compreensão dos Direitos Humanos, em relação à abordagem conferida a esses durante a graduação no curso de Direito, sete (07) alunos afirmaram que o tema era tratado apenas de forma transversal em algumas disciplinas, sendo que alguns citaram a existência de uma matéria eletiva específica que nem sempre era oferecida. Um aluno destacou ter conhecido e aprendido sobre os Direitos Humanos em seu trabalho de militância na área e não ter o ensino jurídico contribuído em nada nesse campo. No que tange a forma de abordagem, quatro (04) alunos disseram especificamente haver apenas abordagem conceitual e expositiva, e apesar de cinco (05) alunos terem afirmado haver uma abordagem crítica, não foi possível constatar a existência desta na problematização feita pelos alunos no que tange às concepções no campo dos Direitos Humanos, tendo um deles ao descrever essa abordagem, relacionado-a à análise de leis, pactos e tratados. Dois (02) alunos não especificaram a forma de abordagem. Passando para a percepção mais específica relacionada ao programa de extensão, sobre o NIAC como espaço de discussão e formação no campo em questão, dez (10) alunos afirmaram que a temática dos Direitos Humanos era tratada durante reuniões e discussões de casos práticos, tendo um (01) aluno citado a existência de formação específica na temática. Um dos alunos entrevistados disse não ter tido nenhum contato com discussão e debate sobre Direitos Humanos. Considerando que a definição acerca dos Direitos Humanos explicitada pelos alunos é fruto não apenas de seu contato com a matéria na sala de aula, mas sim de sua experiência universitária como um todo e, nesse caso, da atuação específica no NIAC/UFRJ, é importante, também, ponderar o impacto da ausência de espaços qualificados de formação e debate sobre a temática na ausência de construção de perspectivas críticas e reflexivas. 118 Apesar da maioria dos alunos ter afirmado não existir um espaço especifico para formação e discussão no campo dos Direitos Humanos, quando questionados sobre a influência do programa em sua percepção sobre os Direitos Humanos, sete (07) afirmaram que suas percepções foram alteradas e que também determinou o interesse maior pelo tema, tendo dois (02) deles descrito outras experiências que influenciaram sua percepção, e apenas três (03) alunos relataram que o NIAC/UFRJ não alterou sua percepção sobre a temática. Um aluno relatou que na sua época de atuação no NIAC, no período de sua fundação e estruturação, o envolvimento sério e comprometido dos alunos e supervisores poderia ser questionado, o que afetou a qualidade do trabalho desenvolvido e acarretou a não alteração de sua percepção sobre os Direitos Humanos. Apesar da ausência relatada de uma organização metodológica específica para a qualificação da formação em Direitos Humanos, as respostas aos questionários revelam a ligação entre a atuação no NIAC/UFRJ e a mudança de visão, ganho de sensibilidade, mudança de percepção para as questões de Direitos Humanos e a relação com o Direito. Os alunos demonstram uma problematização do Direito com a realidade social, a necessidade de pensar questões relativas à exclusão e opressão, a distância entre a teoria ensinada em sala de aula e a aplicabilidade dos conceitos aprendidos, entre outras questões. A extensão se revela, assim, como espaço com potencial para a construção e aprofundamento da capacidade crítica no ensino universitário. Essas questões abordadas se referem diretamente ao impacto do NIAC nas escolhas acadêmicas e profissionais relatado pelos alunos. Dois (02) alunos afirmaram ter mudado sua percepção sobre o Direito, cinco (05) alunos afirmaram ter impactado a escolha do tema para a produção do trabalho de conclusão do curso, três (03) relataram que o envolvimento com o NIAC determinou a vontade de seguir carreira acadêmica, cinco (05) relataram impacto em escolhas profissionais (na própria universidade ou em outros trabalhos no campo dos Direitos Humanos), um (01) aluno afirmou ter proporcionado a construção de uma visão crítica da realidade. Apenas um (01) aluno disse não ter tido o NIAC nenhum impacto em suas escolhas. Em relação aos alunos de pós-graduação do Direito que participaram da pesquisa, os cursos de graduação foram feitos na UFF, na UFRJ e na PUC-RIO (todos com menos de cinco anos de conclusão), e os de mestrado, respectivamente, o primeiro na UFF e os outros 119 dois na PUC-RIO. Todos os três com previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2011. Sobre a percepção acerca da extensão universitária, os três afirmaram ser uma forma de realizar a função social da universidade, aproximando a mesma da sociedade e de situação práticas. Relataram ter procurado o NIAC/UFRJ devido à possibilidade de desenvolver um trabalho interdisciplinar e pela oportunidade de uma atuação de intervenção social. Em relação aos pontos centrais da pesquisa – concepção sobre os Direitos Humanos e a formação no ensino jurídico – os alunos compreendem os mesmos como direitos fundamentais inerentes à condição de ser humano, protegidos pelo Estado e pela ordem internacional, e direitos e liberdades básicas de todos os seres humanos. Constata-se aqui a semelhança com as definições dadas pelos alunos de graduação, devendo ser considerada a mesma ressalva feita anteriormente, acerca da forma de coleta de dados através de questionário online e a necessidade de análise conjunta com outras questões abordadas na pesquisa. Todos afirmaram que no programa de pós-graduação a temática foi abordada de forma específica, transversal e crítica. Sobre o espaço ocupado pelos Direitos Humanos na atuação no NIAC/UFRJ é afirmado pelos três (03) alunos haver momentos para a reflexão e debate sobre os casos atendidos, de forma crítica e reflexiva. Apenas um (01) deles disse existir espaços específicos de formação e um afirmou que o contato com os casos práticos e a realidade social possibilita o aprofundamento das questões teóricas. Todos relatam o impacto do NIAC/UFRJ em sua percepção sobre os Direitos Humanos, aumentando a abrangência, sensibilizando para determinadas questões, aprofundando os conhecimentos adquiridos. Mencionam nesse sentido a influência do curso de mestrado e de outras experiências no campo dos Direitos Humanos. Sobre o impacto do NIAC nas escolhas acadêmicas e profissionais e na revisão dos conhecimentos adquiridos na graduação, um (01) dos alunos afirmou ter o NIAC/UFRJ sido essencial na revisão do conhecimento adquirido no curso de Direito por ter sido esse exclusivamente teórico. Um (01) aluno relatou ter o NIAC/UFRJ sido responsável por sua permanência em carreira vinculada à temática, ter realizado o trabalho de conclusão de curso sobre o programa, e ter o programa determinado sua escolha por seguir o caminho 120 acadêmico, buscando um mestrado que possibilitasse o estudo na área. Por fim, um (01) aluno afirmou que o NIAC/UFRJ determinou a escolha do tema de dissertação do mestrado e proporcionou a revisão de seus conhecimentos no campo dos Direitos Humanos. Em relação aos professores que participaram da pesquisa, dois (02) são professores adjuntos e um (01) substituto da UFRJ. No que tange à definição da extensão universitária, os mesmos abordaram em suas definições a possibilidade de mediação entre teoria e prática, a troca de saberes entre universidade e comunidade e a possibilidade do atendimento de demandas sociais. Perguntados sobre o motivo que os levou a procurar o trabalho com a extensão, um (01) afirmou ter sido designação da Faculdade de Direito, um (01) um convite para suceder ao antigo coordenador da área jurídica e um (01) o fato de ainda quando aluno ter participado de um dos projetos que originou a formação do programa. Acerca da compreensão sobre os Direitos Humanos, definiram os mesmos como conceito jurídico no âmbito dos direitos fundamentais, como instrumentos para a reivindicação de lutas populares e emancipatórias, e papel político de resistência e ampliação de conquistas sociais, para a garantia da dignidade humana mínima de todos os indivíduos, ponderando a existência dos Direitos Humanos enquanto projeto e sua pequena efetividade prática. Acerca da percepção dos mesmos sobre a abordagem dos Direitos Humanos no curso de graduação mencionam haver uma disciplina específica (eletiva) e ser tratado de forma transversal em outras. Um (01) dos professores afirmou haver espaço para debates polêmicos na disciplina específica, enquanto os outros dois (02) afirmaram que o debate crítico acaba ficando por parte de iniciativas isoladas e pontuais de alguns professores. Sobre o espaço dos Direitos Humanos no NIAC/UFRJ, dois (02) professores afirmaram não haver espaços organizados e rotineiros, sendo reduzida a discussão sobre o tema, enquanto um (01) deles afirmou que as discussões são feitas em reuniões, encontros, formações e que perpassa as ações de forma geral no programa. Por fim, sobre o impacto do envolvimento no programa na formação para os Direitos Humanos dos alunos de graduação no Direito, foi dito que apesar da prática proporcionar um olhar diferenciado, a ausência de espaços de formação institucionalizados impede um aprofundamento qualificado. Foi afirmado, também, que o próprio contato com 121 a realidade social já possibilita a ampliação da reflexão crítica, que agregado ao diálogo entre teoria e prática tem o potencial de impactar a formação dos alunos. A forma de construção dos questionários deixa claro dois objetivos centrais dessa última etapa da pesquisa: o primeiro se refere à compreensão sobre a abordagem dos Direitos Humanos existente na graduação em Direito – nesse sentindo a visão dos alunos de graduação, pós-graduação e dos professores revelam uma percepção semelhante – e o segundo se refere especificamente à compreensão sobre o NIAC/UFRJ e seu impacto na compreensão acerca dos Direitos Humanos – o NIAC/UFRJ figura aqui como unidade exemplificativa do potencial representado pela extensão universitária no que diz respeito à formação em Direitos Humanos na área jurídica. Em relação ao primeiro, deve ser considerado que o universo representado pelos participantes é extremamente pequeno considerado o todo onde estão inseridos, porém o resultado encontrado se coaduna com os resultados dos levantamentos desenvolvidos nos capítulos anteriores. Em linhas gerais, como observado, os participantes relataram não haver uma formação crítica para os Direitos Humanos no ensino jurídico. Alguns dos alunos que disseram haver uma abordagem crítica e debate de assuntos polêmicos relataram de forma confusa o que compreendiam por abordagem crítica, trazendo conceitos que se coadunam com uma visão tradicional dos Direitos Humanos. A grande maioria das descrições acerca da conceituação e compreensão dos Direitos Humanos revelou uma visão tradicional sobre os mesmos. Em relação ao segundo objetivo essa perspectiva é alterada. Os participantes representam um contingente significativo dentro do universo de análise e o resultado pode ser considerado uma representação significativa sobre o NIAC/UFRJ como programa/projeto de extensão. Nesse sentido tem importante relevância a constatação dos impactos percebidos pela atuação do NIAC/UFRJ no que tange ao olhar sobre os Direitos Humanos, à reflexão acerca do papel do Direito, à necessidade de garantir uma perspectiva prática à teoria estudada no curso de graduação e às escolhas profissionais e acadêmicas dos alunos envolvidos no programa. Os dados apresentados revelam alguns aspectos importantes no âmbito da análise proposta e demonstram, simultaneamente, o potencial da extensão como espaço de reflexão, reformulação e reconstrução da produção de conhecimento na universidade, 122 especificamente no campo dos Direitos Humanos e o longo caminho a ser percorrido para tornar efetivo o espaço da extensão como um espaço qualificado, organizado e crítico no âmbito desta formação. A análise do NIAC/UFRJ traz alguns pontos significativos para pensar diretrizes para a extensão como um todo, e apesar das claras deficiências no que tange ao campo da formação para os Direitos Humanos, é um programa que progressivamente se estrutura no intuito de garantir uma formação qualificada e crítica e que integre ensino, pesquisa e extensão (conforme revela mais detalhadamente o levantamento realizado disponível em anexo). A „abertura ao outro‟ é o sentido profundo da democratização da universidade, uma democratização que vai muito além da democratização do acesso à universidade e da permanência nesta. Numa sociedade cuja quantidade e qualidade de vida assenta em configurações cada vez mais complexas de saberes, a legitimidade da universidade só será cumprida quando as atividades, hoje ditas de extensão, se aprofundarem tanto que desapareçam enquanto tais e passem a ser parte integrante das atividades de investigação e de ensino. 31 Encerram-se aqui as análises e observações preliminares em todos os campos propostos na metodologia da pesquisa construída. Os dados analisados, as percepções preliminares destacadas e as construções e reflexões teóricas propostas serão retomadas no âmbito das considerações finais deste trabalho. Serão, portanto, observados de forma agregada – complementando as relações entre eles já desenvolvidas ao longo de toda a pesquisa – sendo aprofundada a reflexão sobre os mesmos a partir dos referenciais teóricos críticos propostos – estes também aprofundados e complementados na conclusão do trabalho. As considerações desenvolvidas no campo da extensão universitária a partir dos resultados alcançados no presente capítulo em conjunto com a análise dos diversos documentos no campo das políticas públicas em educação em Direitos Humanos, da produção acadêmica e da pesquisa, subsidiaram as reflexões finais construídas em relação à hipótese de pesquisa elaborada. Ou seja, todos os dados levantados e todas as reflexões teóricas propostas foram considerados de forma dialógica e dinâmica no âmbito das considerações finais e subsidiaram a conclusão da análise proposta na pesquisa. 31 Trecho do Projeto de criação do Núcleo de Prática Jurídica da FND, cuja elaboração foi coordenada pelo professor Ivan Garcia. 123 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Sem falar que a história me desespera por ser simples demais. O que me proponho contar parece fácil e à mão de todos. Mas a sua elaboração é muito difícil. Pois tenho que tornar nítido o que está quase apagado e mal vejo. Com mãos de dedos duros enlameados apalpar o invisível na própria lama. Clarice Lispector Fragmentos da Memória - Lembranças: Mundos Internos Aquelas cenas passavam na sua cabeça como se fosse ontem. Em suas lembranças sua voz era mais jovem, a forma como ressoava em sua mente lembrava quem havia sido há oito anos e não conseguia lembrar de outra forma. Já fazia oito anos que aquilo havia acontecido? Com certeza aquele dia havia, discretamente, disfarçadamente, singelamente, mudado o rumo de sua vida. Não foi de cara que ela percebeu, demorou muito tempo. Aquela rotina. Faltava alguma coisa que ela não sabia explicar direito. Olhava aquelas pessoas, todas iguais, roupas iguais, cabelos iguais, falas iguais, pensava como tudo aquilo era inútil. E se questionava: porque havia estado ali desde sempre? Não poderia ter pedido para mudar, algo a prendia ali. Nem o ano que repetiu a fez perceber. Têm coisas que demoramos a acreditar. Poucos amigos, poucas idéias novas, poucas coisas a mobilizavam. Aquela angústia, a respiração curta sempre, o coração apertado. Ela chegou devagar, não a vi entrar nem parar ao lado da cama. Sacudindo o pó que estava em cima do lençol, bati de leve em seu rosto. Ela imediatamente refugou. Chegavam naquela bifurcação antes da rua Voluntários da Pátria, ela pequena pedia ao pai para não pegar a rua do cemitério São João Batista. Sem nunca perguntar o motivo, o pai escolhia sempre contra a vontade da menina. Durante cinco aterrorizantes minutos ela se perdia em pensamentos sobre a vida, a morte, eternidade, bondade, maldade, medo, solidão e os representava na forma de dezesseis sinais da cruz. Não sabia o motivo daquele número, mas os fazia pequenininhos, próximos ao peito, sem ninguém ver. Tudo aquilo não passava despercebido pela criança, ela sabia, sentia profundamente em seus ossos, seus músculos, que algo estava errado. Ou extraordinariamente certo. Buscou segurança e 124 consolo nas regras, criava figuras, reais e irreais, que ditavam o que era certo e errado, bom e mal, permitido ou proibido. Ela não lembra o nome dele, era um senhor que trabalhava para o Itamaraty. Era a semana de carreiras no colégio e todos aqueles alunos precisavam escolher profissões, tomar rumos na vida, ganhar dinheiro, enriquecer. Era aquilo que ela ouvia, qual profissão tinha o mercado mais promissor? Ela só pensava: “sei lá, diabos”. E aquele senhor veio falar da carreira diplomática e todos perguntavam na sala coisas como: “qual a concorrência para entrar”, “qual faculdade posso cursar para ser diplomata”, “quanto ganha?”, “quanto tempo até eu poder morar em Paris?”. E de novo ela pensava: “hein?”. Mas algo prendeu sua atenção aquele dia. Olhando para trás, admite que talvez tudo que ela precisasse naquela hora era de uma esperança. Esperança de que sua vida não fosse ser sempre rodeada por aquelas falas, aqueles pensamentos, aquela rotina. E aquele senhor começou a falar dos anos que você tinha que passar em determinados lugares, o que um diplomata podia fazer, e, de repente, o que ele dizia não tinha mais importância. Mundos internos, de novo, ela pensou. Aquelas palavras eram traduzidas para o que ela queria ouvir. E só uma coisa se repetia: “quero um trabalho no qual eu possa mudar o mundo”. Parece piada, mas não é. Tente considerar que aos dezessete anos ainda sonhamos, e, na verdade, não temos muita noção sobre nada. Algum dia temos? Bom – era isso – ia mudar o mundo. “Tá bom, e daí?” Ela pensava porque faziam as pessoas escolherem profissões aos dezessete anos. Morava com seu pai, o típico homem de carreira formal, engenheiro há vinte anos na mesma empresa, tão preocupado com dinheiro que economizava até nos centavos que dava para a filha pegar o ônibus para o colégio. Queria sempre o troco. Todas as vezes que lembrava daquela conversa se sentia uma completa idiota. Ele falou que ela podia fazer Direito e que talvez percebesse ao longo da faculdade que aquilo era bobagem e que o mercado para advogados era muito bom. Além dos concursos públicos, poderia ser juíza, promotora, procuradora...E a voz do pai baixava, desaparecia em mundos internos, distantes. Seu pai era uma figura a parte. Apenas aos vinte e seis anos ela seria capaz de o desmistificar verdadeiramente. Durante sua infância e boa parte de sua vida jovem, seu pai foi seu ídolo. Era o símbolo da vitória sobre as dificuldades da vida, do sucesso, da seriedade, das boas escolhas, de inteligência 125 e da capacidade de compreendê-la. A impossibilidade de ver seu pai nos mais crus de seus defeitos lhe custou a relação com sua mãe e custou, também, traços marcantes desagradáveis de sua personalidade. Naquela época sempre que estava triste ou perdida se enfurnava na sala de algum cinema. Amava cinema, fotografia, arte. Pensou que poderia fazer cinema, produzir documentários, denunciar os absurdos desse mundo. Como sua cabeça parecia um parafuso (tinha dado um tempo na análise, pois estava na fase de achar tudo uma besteira) decidiu juntar os dois. Colocou Direito em todas as universidades menos na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde optou por cinema. Pensou que decidiria depois. Acabou o ano de 2002. No inicio de 2003, duas amigas a convidaram para ir ao Fórum Social Mundial em Porto Alegre, o que coincidiu com o convite de um primo distante para o mesmo evento. Ele era filiado ao Partido Trabalhista (PT) e tinha um esquema de ônibus para ir e voltar bem barato. Pouco antes de ir saiu o resultado da primeira fase da UFF e ela havia passado. Foi feliz, era um sinal. Uma das palestras que se programou para assistir na intensa agenda do Fórum era do fotógrafo Sebastião Salgado. Sentia-se inspirada quando o telefone celular tocou. Era seu pai, havia saído o resultado da UERJ, aprovada. Aquela felicidade do outro lado da linha, aquela alegria, o orgulho e reconhecimento por tanto tempo esperados. Espelhos. O primeiro espelho que viu. Por um segundo, uma imagem que era seu todo e apenas uma parte. Fragmento de um segundo. Havia espelhos ao redor. Eles sempre a refletiam, completa e fragmentada. 'Minha liberdade é paradoxal'. Posso gritar o que quiser, mas nunca poderei mostrar quem sou. Você sabe de mim apenas um segundo e eu passarei todos os segundos do meu tempo - inteira e fragmentada. Procurando reflexos partidos. Nos cinco anos seguintes cursou a faculdade de Direito na UERJ. Iniciei, no ano de 2003, a graduação em Direito na UERJ e após algumas greves a conclui no início de 2008 (oficialmente 2007.2). Foram cinco anos que poderiam ter sido um piscar de olhos ou um século. A sensação ainda (talvez sempre será) é confusa para 126 mim. Eu pertencia e era permanentemente estrangeira. Tinha dias que eu poderia jurar que não falava a mesma língua que meus colegas, todos fluentes no bom português. Entrei um pouco perdida. Não sabia muito bem o que esperar, como seria a rotina na universidade, quais eram os possíveis rumos a seguir, como seriam as aulas. Mas eu tinha grandes expectativas, esperava ler grandes livros, ter aulas inspiradoras, ser sacudida, sair do eixo. Foram cinco anos difíceis, entre direito civil, comercial, tributário, entre professores ausentes, descomprometidos, entediantes, entre colegas de terno, papos de escritório, processos, concursos, entre discursos repetidos, cansados, parados. Perdime um pouco mais a cada dia. E aos poucos mundos internos se perderam, segui a rotina que estava colocada, quieta, deslocada, fragmentada. O contato com os Direitos Humanos? A disciplina de Direito Constitucional foi dada pelo mesmo professor nos quatro períodos, não lembro do tema ter sido abordado. Quando foi disponibilizada, cursei a eletiva de Direitos Humanos. Lembro que era uma professora contratada, mestranda em alguma coisa e pouco assídua. As aulas não me estimularam e não lembro mais a bibliografia trabalhada. Eram conceitos basilares e iniciais do campo dos Direitos Humanos. Nenhuma crítica, nenhuma polêmica, nenhum debate, nenhuma vontade. Nenhum de meus amigos mais próximos na faculdade entendia porque eu ainda ia de havaianas, all star, e que papo era aquele de Direitos Humanos. Nunca foi ao Fórum? Quando se formar vai ficar sem rumo, sem tailleur e sem sapato de bico fino. *** Ao longo de todos os capítulos, abordou-se o tema da educação em Direitos Humanos na formação jurídica a partir da metodologia construída para a pesquisa e dos dados que foram levantados e analisados. A pesquisa passou pela análise da educação em Direitos Humanos no âmbito nacional e estadual, contemplando diversos documentos centrais no campo das políticas públicas; pelo estudo sobre a produção de conhecimento em Direitos Humanos no Direito; pela compreensão do atual cenário referente ao desenvolvimento de pesquisas acadêmicas sobre esta temática na área jurídica, e por fim pela descrição da situação em que se encontra o desenvolvimento de programas e/ou projetos de extensão universitária em relação às universidades federais. 127 O trabalho teve como proposta central analisar, a partir do ensino, pesquisa e extensão, as concepções trabalhadas em relação aos Direitos Humanos na formação jurídica e as perspectivas existentes nesse âmbito, com ênfase nas abordagens críticas sobre o tema. Com esse intuito utilizou-se como referência diversos atores que foram abordados durante todo o trabalho e que possuem como pressuposto de teórico de estudo uma análise crítica no campo dos Direitos Humanos, do Direito e da Educação em Direitos Humanos. Ao longo de todo trabalho, a análise dos dados coletados e sua relação com a base teórica construída tiveram como norte o problema do estudo proposto - “como estão sendo contemplados e trabalhados os Direitos Humanos, na formação jurídica, no campo da produção de conhecimento, da pesquisa e da extensão universitária?” - e os pressupostos específicos iniciais traçados – 1) A necessidade de qualificação do estudo no campo dos Direitos Humanos na formação jurídica, pois estes não podem ser concebidos apenas como um conceito dado, simples e aceito. Devem ser constantemente problematizados e ressignificados; 2) A ausência significativa de pesquisas empíricas, que privilegiem a inserção no campo e a não-valorização da extensão universitária na área do Direito, especialmente no que tange aos Direitos Humanos, dificultaria a análise critica destes últimos e sua inserção qualificada na formação jurídica; 3) O reconhecimento do papel central exercido pela extensão universitária para a formação acadêmica integral (pensando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa, e extensão) e seu impacto potencial na reflexão sobre a formação jurídica atual, especificamente no que tange ao campo dos Direitos Humanos. Em todos os momentos foi utilizada como base para reflexão tanto as especificidades de cada campo problematizado – ensino, pesquisa e extensão – como a inter-relação e o diálogo entre eles. As análises específicas sobre os dados levantados, assim como as observações e sugestões relacionadas a cada campo da formação estudado foram desenvolvidas ao longo dos capítulos construídos. Essas análises tiverem como pano de fundo uma construção integrada entre esses campos, considerando-se que não existe formação universitária integral, sem se pensar a relação entre ensino, pesquisa e extensão, e que a extensão pode ser um espaço privilegiado de integração e diálogo. 128 Em relação à produção de conhecimento e aos grupos de pesquisa foram utilizados, essencialmente, três focos de análise voltados para a compreensão das concepções existentes em relação aos Direitos Humanos32: 1) autores que desenvolvem uma perspectiva crítica e cautelosa no que se refere à construção e compreensão dos Direitos Humanos, mas que não deixam de reconhecer sua importância enquanto instrumento de resistência; 2) desenvolvimento de pesquisas e análises sobre o tema, focado na compreensão dos diversos campos de luta envolvidos na discussão sobre Direitos Humanos e nas múltiplas formas de violação dos mesmos. Nesse âmbito estão inseridos os trabalhos que tratam de temáticas específicas que compõem o campo estudado; 3) análise da configuração institucional (política e normativa) dos Direitos Humanos no cenário nacional e internacional. Para a análise proposta no trabalho, foram então selecionados os artigos e grupos inseridos na primeira abordagem delineada, tendo o estudo específico destes revelado a existência de cinco principais temáticas abordadas no campo do estudo crítico dos Direitos Humanos: 1) Discussão acerca da concepção e compreensão dos Direitos Humanos, problematizando a possibilidade ou impossibilidade de sua conceituação; 2) Problematização dos Direitos Humanos, a partir da constatação da complexidade das relações sociais e políticas no mundo globalizado; 3) Discussão sobre as dinâmicas relativas ao sistema internacional de proteção e promoção dos Direitos Humanos; 4) Problematização de questões ligadas diretamente à realidade social e à construção de políticas públicas no campo dos Direitos Humanos; 5) Discussão específica no campo da educação em Direitos Humanos. Em relação à produção acadêmica, a análise dos artigos levantados revelou que majoritariamente estes se inserem nas segunda e terceira abordagens destacadas. Dos cinqüenta e oito (58) artigos referentes à área jurídica e inseridos na temática dos Direitos 32 Conforme destacado no desenvolvimento do trabalho, a análise proposta teve como questões-chave norteadoras as abordagens construídas para análise da produção em Direitos Humanos nas Ciências Sociais presentes na pesquisa desenvolvida por SOARES E GUINDANI (2010). Como já afirmado, no que tange a categorização das abordagens centrais no campo dos Direitos Humanos, o resultado aqui encontrado segue a linha do exposto no trabalho em questão. 129 Humanos, apenas dezessete (17) foram destacados, sendo que entre estes estavam presentes também aqueles que, apesar de não revelarem uma abordagem crítica na concepção dos Direitos Humanos como eixo central, relacionavam-se com a temática da educação em Direitos Humanos, com a análise de políticas públicas neste campo e com o desenvolvimento de estudos empíricos pelos motivos já explicitados. Reafirma-se que tanto as abordagens delineadas, quanto às temáticas centrais identificadas não se constroem de forma estanque, mas, ao contrário se relacionam e dialogam continuamente. Dessa forma, artigos relacionados à primeira abordagem, possuem também elementos que os vinculem às demais, assim como aqueles que não foram nesse estudo destacados podem em determinado momento possuir uma análise crítica referente a determinado tema. Foram aqui consideradas para este recorte, no entanto, as características centrais das produções analisadas. O estudo revela, portanto, que no campo dos Direitos Humanos no Direito, a produção de conhecimento se relaciona majoritariamente com a análise de temáticas especificas que o compõem e sua dinâmica de violação/efetivação e com o estudo da normatividade dos mesmos no âmbito nacional e internacional. São minoritárias a reflexão crítica específica e, também, a problematização acerca dos fundamentos e concepções dos Direitos Humanos, sendo praticamente inexistente o desenvolvimento de estudos empíricos e a análise do tema da educação em Direitos Humanos neste recorte. Considerando que o ensino jurídico no campo dos Direitos Humanos deve ser relacionado com o desenvolvimento de pesquisas e da extensão universitária, a análise desses dados encontrados deve ser considerada em conjunto com as demais informações coletadas. Pensar a produção acadêmica não se restringe à bibliografia trabalhada em sala de aula e as discussões pautadas neste espaço (apesar da centralidade destas para a construção de abordagens e reflexões problematizadoras), mas deve ser permanentemente referida de forma integrada as demais atividades que compõem a formação universitária. No âmbito das pesquisas desenvolvidas, apesar das lacunas nas informações coletadas, pelo Direito em Direitos Humanos, foi possível afirmar que a estruturação dos grupos de pesquisa analisados, no que tange às abordagens e idéias-chave, em linhas gerais, segue a percebida no estudo da produção de conhecimento. A análise dos mesmos agregou, no entanto, outras informações relevantes para o estudo proposto. Dos noventa e nove (99) 130 grupos levantados, quarenta e quatro (44) foram destacados como inseridos na primeira abordagem, estando inseridos nestes aqueles que apesar de não problematizarem a conceituação dos Direitos Humanos foram destacados por outros motivos já afirmados. Repetem-se aqui algumas considerações já delineadas. É minoritária a presença de estudos específicos direcionados a problematização das concepções e sentidos no campo dos Direitos Humanos, sendo praticamente escassa a presença de pesquisas especificas no que tange à educação em Direitos Humanos e ao desenvolvimento de análises empíricas. Outros dados revelados pela pesquisa merecem destaque: a escassa menção à importância da interdisciplinaridade, a quase inexistente preocupação com a integração entre ensino, pesquisa e extensão, a fragilidade da relação entre graduação e pós-graduação no campo da pesquisa e a quase inexistente problematização do ensino jurídico. Todos esses são fatores que possuem impacto direto na construção da percepção crítica e reflexiva no âmbito da formação jurídica. É necessário perceber, considerando a inter-relação entre as atividades da formação universitária, a importância do aprofundamento das reflexões propostas no campo da pesquisa e a aproximação com estudos empíricos e relacionados à análise e apropriação da realidade. Este movimento possibilita a problematização do campo da educação em Direitos Humanos, com o questionamento das concepções e abordagens neste âmbito, permitindo um impacto direto na produção de conhecimento referente à temática na formação jurídica. Essas são reflexões substanciais no campo da pesquisa, porém deve ser destacada também a necessidade de um sistema de organização das informações que possibilite uma compreensão maior acerca das características dos trabalhos desenvolvidos pelos grupos registrados no diretório do CNPq, com acesso a informações mais precisas sobre as pesquisas desenvolvidas. Atualmente são disponibilizadas apenas informações gerais sobre a descrição do grupo e das linhas de pesquisa, dependendo da iniciativa do próprio grupo a disponibilização de informações mais detalhadas sobre suas atividades, o que dificulta a apropriação das temáticas trabalhadas pelos mesmos. No que se refere à extensão universitária constatou-se uma imensa defasagem e desorganização do registro das atividades executadas no âmbito desta, consideradas como indicativa de não valorização da atividade de extensão. Indicou-se como possível caminho 131 de reflexão que as abordagens existentes neste campo de análise não se distanciam, inovam ou ousam em relação as já observadas. Este caminho foi construído considerando-se que as atividades ligadas à formação universitária se influenciam mutuamente e, considerando a inexistência de um incentivo especifico a qualificação da extensão universitária, esta não tem subsídios para incorporar avanços significativos em termos de aprofundamento de reflexões críticas no campo estudado. Considerando, como afirmado anteriormente, que as diversas atividades ligadas à formação universitária dialogam entre si e considerando que a extensão é um espaço privilegiado para esse diálogo, pois pode agregar simultaneamente atividades de ensino e pesquisa, a valorização desse espaço é essencial para pensar a construção de uma formação jurídica crítica. Nesse sentido, é importante reafirmar alguns dados levantados durante a análise do NIAC/UFRJ. Os alunos relataram que a busca pela inserção em atividades de extensão universitária esteve relacionada com ser esta um espaço possível de aproximação da realidade, por possibilitar a instrumentalização e reflexão acerca do conteúdo adquirido no âmbito do ensino e, também, por possibilitar a problematização do ensino jurídico e do Direito. Especificamente no campo dos Direitos Humanos, em suas respostas foi percebido o impacto desta nos rumos tomados pelos alunos, academicamente e profissionalmente, no ganho de sensibilidade para a compreensão da realidade para além do estudo teórico proporcionado pelo ensino jurídico, e na própria problematização deste estudo. Apesar de relatarem não haver um espaço especifico de aprofundamento da formação para os Direitos Humanos no âmbito da extensão no NIAC/UFRJ, as respostas possibilitaram a compreensão deste como importante espaço de reflexão crítica no campo dos Direitos Humanos. O reconhecimento desta importância impõe a necessidade de se repensar este espaço constantemente, buscando a qualificação das atividades desenvolvidas e o aprofundamento dos potenciais revelados. É necessário pensar em toda a análise proposta tendo em consideração o levantamento construído no âmbito do primeiro capítulo deste trabalho e a compreensão de que existe um longo percurso entre a afirmação normativa dos Direitos Humanos no campo internacional e nacional e sua efetivação. Portanto, considerando o marco de 1993 como 132 proclamação da Década da Educação em Direitos Humanos e o ano de 2003 como marco da primeira versão do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, entende-se como é recente a normatização específica desta temática tanto no âmbito internacional como no nacional. Este fato deve ser considerado para a compreensão acerca de sua apropriação no campo da formação universitária e especificamente no Direito, porém não impede, mas sim, reafirma a necessidade de se considerar a importância do desenvolvimento de uma abordagem crítica em relação aos Direitos Humanos e à educação em Direitos Humanos. A partir da afirmação de que a formação jurídica no campo dos Direitos Humanos só pode ser pensada a partir de um olhar integrado entre ensino, pesquisa e extensão, é possível traçar alguns caminhos de reflexão para o trabalho construído: - a necessidade, no âmbito das três atividades que compõe a formação, da abordagem dos Direitos Humanos a partir de um aporte teórico crítico e complexo como forma de problematizar a própria realidade. Deve-se considerar, nesse ponto, a importância da integração entre as abordagens trabalhadas para a análise construída no trabalho, assim como das diversas idéias-chave mapeadas no campo da produção acadêmica e da pesquisa; - a necessidade de aprofundamento do debate em torno de questões polêmicas que compõe o campo dos Direitos Humanos e de problematização do espaço do Direito nesse âmbito. A importância de pensar a formação para os Direitos Humanos de forma interdisciplinar, considerando, também, a integração entre graduação e pós-graduação; - a importância de qualificação do espaço da pesquisa e da extensão na formação jurídica. Este ponto passa não só pela reflexão acerca do conteúdo trabalhado em ambas, como da necessidade de investimento de recursos financeiros, administrativos e de organização e sistematização das informações existentes neste campo. Esse fato ficou claro na dificuldade de acesso e no teor das informações acessadas, tanto no campo da pesquisa, como da extensão. Nesse ponto, dois dados chamam a atenção e devem ser problematizados: a ausência quase total de pesquisas empíricas no Direito, sendo esta fundamental para a compreensão das demandas e dinâmicas sócias e para a reflexão sobre o conhecimento universitário a partir destas, e a não integração entre ensino, pesquisa e extensão revelada na análise cruzada dos dados levantados, sendo esta essencial para a reflexão sobre o conhecimento existente, não podendo, as mesmas serem consideradas como extrínsecas umas as outras, mas sim, como intrinsecamente conectadas; 133 - especificamente em relação à extensão universitária, e pensando esta como espaço privilegiado para a integração das atividades que compõem a formação universitária e como espaço de produção de conhecimento crítico, é necessário refletir sobre as formas de construção desse espaço, para que o mesmo seja capaz de problematizar o ensino universitário abrindo caminhos para a construção de um conhecimento criativo e contestador. Nesse sentido é central refletir sobre formas efetivas de integração e diálogo entre ensino e pesquisa a partir da reflexão sobre o espaço da extensão universitária; Ao longo da análise desenvolvida, constatou-se a urgente necessidade de acesso a informações precisas no intuito de aprofundar possíveis caminhos de reflexão no que tange à integração entre ensino, pesquisa e extensão, considerando permanentemente perspectivas interdisciplinares e de efetivo diálogo e cooperação entre os diversos ramos do conhecimento para a construção de uma formação criativa, reflexiva, inovadora, mutável, contestadora em Direitos Humanos no Direito. A importância dessas considerações se reforça ao se considerar o espaço da universidade e sua importante função social como produtora de conhecimento qualificado e como instrumento de intervenção e mudança social. Para essa breve construção final, reafirma-se a necessidade de pensar os campos estudados a partir de suas especificidades e semelhanças, tendo em consideração simultaneamente os espaços de reflexão e análise que se dão de forma isolada e aqueles que se integram, relacionam e dialogam. A formação para os Direitos Humanos não pode se reduzir à análise simplificada, unilateral de documentos nacionais e internacionais, e a repetição de discursos teóricos reducionistas, não reflexivos e estáticos. A limitação que se pretende superar é a da compreensão dos Direitos Humanos como algo desligado da esfera social de análise, permeado pelas especificidades históricas e culturais, especialmente no que tange ao estudo desenvolvido na esfera do Direito. É inegável o seu papel como força mobilizadora de mudanças, eles surgem como um espaço, uma linguagem propícia para a tradução do conflito e da necessidade de mudança. A importância do debate se dá exatamente nesse ponto. A reflexão critica sobre os Direitos Humanos e o reconhecimento de suas limitações não pretende destituí-los de sua importância, mas pensar suas possibilidades a partir das mais marcantes ambigüidades e paradoxos. 134 É, portanto, na perspectiva da integração e do diálogo para a reflexão sobre os Direitos Humanos na formação jurídica, que se expõem alguns desafios e orientações como conclusão a partir da análise conjunta de todo o trabalho realizado. É necessário pensar os Direitos Humanos, especialmente para sua reformulação no âmbito da formação jurídica como33: a) Campo em constante mudança, sintonizado com as questões contemporâneas já consolidadas ou emergentes; b) Campo reflexão crítica e autocrítica permanente; c) Campo onde deve ser afirmada a própria ausência dos Direitos Humanos, constatando-se essencialmente sua não essência e aceitando como eixo central de análise seus paradoxos, fissuras, ambigüidades, insuficiências e limitações; d) Campo de criação, permanente e fluida, fundada não em pressupostos eternamente repetidos e reafirmados, mas em criatividade, inovação e renovação, intelectual e prática trazendo mudanças para as produções no campo do ensino, da pesquisa e da extensão; e) Campo de desenvolvimento de pesquisas que corroborem para a auto-crítica, contestação e negação dos próprios pressupostos traçados, e que estimulem a constante desconstrução e reconstrução do ensino e das práticas de extensão; f) Campo de diálogo com a sociedade, no sentido forte e aberto da expressão diálogo provocando repercussões permanentes nas práticas de ensino e de pesquisa acadêmica; g) Campo de encontro das tradições culturais e disciplinares, dispostas a se reverem e redefinirem, em função do encontro e a partir dele; h) Campo de intervenções éticas e políticas, no sentido maior e mais radical destas categorias. A questão colocada, que mesmo em termos de conclusão do trabalho, permanece (espera-se que permanentemente) como questionamento é: Como pensar Direitos Humanos no ensino universitário? Como construir uma abordagem em relação aos mesmos, que não esteja orientada a repetir discursos prontos, ideologias opressivas e caminhos óbvios e 33 Baseado no projeto do Núcleo de Educação em Direitos Humanos, elaborado pela professora Miriam Guindani. 135 desgastados? Acredito não haver resposta para essa pergunta. E acredito que a não existência de respostas seja um caminho frutífero de reflexão. Assumir os Direitos Humanos como a própria ausência da possibilidade de assumir os Direitos Humanos talvez seja um caminho possível. Sua essência poderia ser então a ausência de qualquer essência e a resposta para os questionamentos em relação aos mesmos a ausência de qualquer resposta. E como os paradoxos que envolvem os próprios seres humanos e a construção permanente das identidades, os Direitos Humanos possam então não repetir histórias, ideologias, justificativas e respostas criadas, construídas e defendidas a partir de uma visão parcial e estreita, para então assumir o que talvez verdadeiramente sejam, o fato de não serem. “Mas os direitos humanos representam também um poderoso imaginário popular aberto a identidades diversas, a tradições heterogêneas e reprimidas. Os direitos humanos como um princípio de político popular expressam a indeterminação e a abertura da sociedade e da política. Eles minam a tentativa de policiar algumas identidades sociais e sancionam outras, e sua indeterminação significa que as fronteiras da sociedade são sempre contestadas e jamais coincidem totalmente com quaisquer cristalizações que o poder e as prerrogativas legais impõem. Os direitos humanos encerram não apenas um princípio de unidade e homogeneidade, mas também seu oposto, o primeiro simbolizado pela forma jurídica e o último pelas lutas das pessoas sob a mal definida bandeira da humanidade”. (DOUZINAS, 2009, p. 379) Terminando essa dissertação me veio um pensamento. O Direito e os Direitos Humanos me lembraram o livro “Todos os Homens são Mortais” da Simone de Beauvoir, porque, assim como a vida, elemento central no livro, esses só fazem sentido se tiverem a perspectiva da permanente incompletude e ausência. Caminhos. Fragmentos da Memória – Espelhos Andorinhas. A cena se repetia. A música passava por seus ouvidos, provocando todos os seus poros. Permanecia no chão, palavras imaginadas se formavam no vapor da porta, a água escorria em seu cabelo e as milhares de gotas passavam pelos dedos de seus pés. O rasgo na blusa pendurada. Um segundo no tempo, marcado. A grama, os passos, a calma. Pequenos rasgos. Colava as mãos e pés no vidro, reflexos marcados. Fragmentos. Grudada na parede. Vontade de encolher, fechar olhos e ouvidos. E aquela vontade de dilacerar. Desaparece a cada segundo, a cada padrão, nessa rotina, em cada olhar, em 136 todo esse medo. Na busca incessante por esses reflexos fragmentados, na incapacidade de fugir desses olhares. Nos risos alucinados, na alegria louca, na passividade irritante, na repetição cansada. Na sua impotência - chata, cansativa - impotência. Naquela casa, naquela varanda, elas sempre voltavam. Ela acordava devagar, pequena, seus pés demoravam a alcançar o chão. Na ponta dos pés seguia para a grama molhada de orvalho. Ainda cedo, aquele verde quase cegava seus olhos. Era a única cor no meio da neblina. Passava a mão nos cães que chegavam, sentia o sereno em seus pêlos. Sentava na beirada, sozinha, livre por um segundo. E sempre as via voltar. As andorinhas me olham e dizem: 'toda liberdade é paradoxal'. Esses sorrisos, toda essa euforia, me olham na cara e gritam: 'nós queríamos era estar chorando'. A tristeza com o único sorriso que pode ser verdadeiro, aquele que admite sempre sofrer, diz sem cerimônia: 'toda essa felicidade é mentirosa, pois não admite que é ela mesma também tristeza. Grita que é verdadeira, mas sempre me olha com lágrimas nos olhos'. Não deixava de surpreendê-la como naqueles registros de um segundo, um piscar, uma imagem, um pequeno fragmento - de vidas tão pequenas, fugazes, microscópicas havia mais vida, mais cores, mais verdade, mais coragem que tudo que a rodeava, que todas aquelas fugas cansadas e incansavelmente disfarçadas. Não estou nesse lugar, passos, pedras pintadas, pisadas. Essa intimidade intransigente, intransponível e ilimitada. Essa distância que atormenta, conforta e mata, aos poucos. Que passa vultos, sombras e sobras. De palavras não ditas, eternas, cravadas. De felicidade imensurável e muros de pedra. Sólidas e pintadas. Identidades. *** 137 REFERÊNCIAS ALMEIDA FILHO, Naomar de; SANTOS, Boaventura de Sousa. A Universidade no Século XXI: Para uma Universidade Nova. Coimbra: Edições Almedina, 2008. BACHELARD, G. A Formação do Espírito Científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999. BACHELARD, G. O Novo Espírito Científico. São Paulo: Abril Cultural, 1979. BAUMAN, Zigmund. Globalização: As Conseqüências Humanas.Tradução Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. ______. Comunidade: A Busca por Segurança no Mundo Atual. Tradução Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. ______. A Sociedade Individualizada. Tradução José Gradel. Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor, 2001. ______. Identidade. Tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor, 2004. ______.Confiança e Medo na Cidade. Tradução Eliana Aguiar. Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor, 2005. BECK, Ulrich. Qué es La Globalizacion. Tradução Bernardo Moreno. Buenos Aires. Ed. Paidos Ibérica, 2008. ______. 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Disponível em: http://comte.com.br/wpcontent/uploads/2010/08/plano-estadual-de-educacao-do-rio-de-janeiro.pdf Acesso em Dezembro 2010. 145 ANEXO A – ARTIGOS ANALISADOS (SCIELO, SUR, SEDH/PR) 1) A Reconstrução dos Direitos Humanos: a Contribuição de Hannah Arendt - Celso Lafer – Scielo – Estudos Avançados 11 – 1997 2) Ações Afirmativas da Perspectiva dos Direitos Humanos - Flavia Piovesan – Scielo – Cadernos de Pesquisa, Vol. 35 – 2005 3) Defesa dos Direitos Humanos: Sistemas Regionais - Helio Bicudo – Scielo – Estudos Avançados 17 – 2003 4) Direitos das Pessoas com Transtorno Mental Autoras de Delitos - Ludmila Cerqueira Correia, Isabel Maria Sampaio Oliveira Lima e Vânia Sampaio Alves – Scielo – Caderno Saúde Pública – 2007 5) Gênero, Direitos Humanos e Impacto Socioeconômico da Aids no Brasil - Rosa Maria Rodrigues de Oliveira – Scielo – Revista Saúde Pública – 2006 6) Direitos humanos e Globalização Econômica: Notas para uma Discussão - José Eduardo Faria – Scielo – Estudos Avançados 11 – 1997 7) Direitos Sociais, Econômicos e Culturais e Direitos Civis e Políticos - Flavia Piovesan – Scielo – Sur Revista Internacional de Direitos Humanos – 2004 8) Adolescência, Sexualidade e Reprodução: Construções Culturais, Controvérsias Normativas, Alternativas Interpretativas - Miriam Ventura e Sonia Corrêa – Scielo – Caderno Saúde Pública – 2006 9) O Contrário dos Direitos Humanos (Explicitando Zizek) - J. A. Lindgren Alves – Scielo – Rev. Bras. Polít. Int. 45 – 2002 10) Desarraigamento e a Proteção dos Migrantes no Direito Internacional dos Direitos Humanos - Antônio Augusto Cançado Trindade – Scielo – Rev. Bras. Polít. Int. 51 – 2008 11) Por uma Política Pública Nacional de Acesso à Justiça - Virgínia Feix – Scielo – Estudos Avançados 18 – 2004 12) Julgamento da Terra Indígena Raposa Serra do Sol: Todo Dia era Dia de Indio Erica Magami Yamada e Luiz Fernando Villares – Scielo – Revista Direito GV – 2010 13) Direitos Humanos, Cidadania e Globalização - J. A. Lindgren Alves – Scielo 14) Análise Psicossocial do Posicionamento de Adolescentes com Relação à Violência Policial - Ana Raquel Rosas Torres, Margareth Regina G.Veríssimo de Faria, Juliany Gonçalves Guimarães e Thalita Vargas Leite Martignoni – Scielo – Psicologia em estudo – 2007 15) Direitos Humanos e Justiciabilidade: Pesquisa no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro - José Ricardo Cunha – Scielo – Sur Revista Internacional de Direitos Humanos – 2005 16) Para um Direito Democrático da Sexualidade - Roger Raupp Rios – Scielo – Horizontes Antropológicos – 2006 17) O Papel dos Direitos Humanos na Política Democrática: Uma Análise Preliminar Andrei Koerner – Scielo – RBCS, Vol. 18 – 2003 18) Judicialização da Política Externa e Direitos Humanos - Estêvão Ferreira Couto – Scielo - Rev. Bras. Polít. Int. 46 – 2004 146 19) Reflexões Acerca da Sociedade Civil e dos Direitos Humanos - Oscar Vilhena Vieira e A. Scott DuPree – Scielo – Sur Revista Internacional de Direitos Humanos – 2004 20) Dilemas e Desafios da Proteção Internacional dos Direitos Humanos no Limiar do Século XXI - Antônio Augusto Cançado Trindade – Scielo – Rev. Bras. Polít. Int. 40 – 1997 21) Ordem Política e Sujeito de Direito no Debate sobre Direitos Humanos - Andrei Koerner – Scielo – Lua Nova nº 57 – 2002 22) A Necessidade de Proteção Internacional no Âmbito da Migração - Liliana Lyra Jubilut e Silvia Menicucci. O. S. Apolinário – Scielo – Revista Direito GV – 2010 23) Desafios Globais Contemporâneos: Cenário de Convergências no Direito Internacional - Ely Caetano Xavier Junior e Clarissa Brandão – Scielo – Revista Direito GV – 2009 24) Políticas Inclusivas e Compensatórias na Educação Básica - Carlos Roberto Jamil Cury – Scielo – Cadernos de Pesquisa, V. 35 – 2005 25) Emancipação Política, Direito de Resistência e Direitos Humanos em Robespierre e Marx - Thamy Pogrebinschi – Scielo – DADOS Revista de Ciências Sociais, Vol. 46 – 2003 26) Direitos Humanos e Tratamento Igualitário: Questões de Impunidade, Dignidade e Liberdade - José Reinaldo de Lima Lopes – Scielo – RBCS, Vol. 15 – 2000 27) Limites e Possibilidades do Exercício da Autonomia nas Práticas Terapêuticas de Modificação Corporal e Alteração da Identidade Sexual - Miriam Ventura e Fermin Roland Schramm – Scielo – Physis Revista de Saúde Coletiva – 2009 28) Acesso ao Aborto e Liberdades Laicas - Roberto Arriada Lorea – Scielo – Horizontes Antropológicos – 2006 29) Internacionalização e Ativismo Judicial: As Causas Coletivas - Fabiano Engelmann – Scielo – Lua Nova – 2006 30) A Soberania e os Direitos Humanos - Celso Lafer – Scielo – Lua Nova nº 35 – 1995 31) Direitos Sociais, Econômicos e Culturais e Direitos civis e Políticos - Flavia Piovesan - Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2004 – Ed. 1 32) Reflexões Acerca da Sociedade Civil e dos Direitos Humanos - Oscar Vilhena Vieira – Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2004 – Ed. 1 33) Apenas os Estados-Membros Podem Fazer a ONU Funcionar - Sergio Vieira de Mello – Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2004 – Ed. 1 34) O Direito Ao Reconhecimento para Gays e Lésbicas - José Reinaldo de Lima Lopes - Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2005 – Ed. 2 35) Direitos humanos e Justicibilidade: Pesquisa no Tribunal de justiça Do Rio De Janeiro - José Ricardo Cunha - Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2005 – Ed. 3 36) Povos Indígenas versus Petrolíferas: Controle Constitucional na Resistência Isabela Figeiroa - Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2006 – Ed. 4 37) Os Programas Sociais sob a Ótica dos Direitos Humanos: O Caso do Bolsa Família do Governo Lula No Brasil - Clóvis Roberto Zimmermann - Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2006 – Ed. 4 38) A Desigualdade e a Subversão do Estado de Direito - Oscar Vilhena Vieira - Sur Revista Internacional de Direitos Humanos – 2007 – Ed. 6 147 39) A Lei Autoral Brasileira como Elemento de Restrição à Eficácia do Direito Humano à Educação - Sergio Branco - Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2007 – Ed. 6 40) Acesso a Medicamentos e Propriedade Intelectual no Brasil: Reflexões e Estratégias da Sociedade Civil - Renata Reis - Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2008 – Ed. 8 41) Os Sessenta Anos da Declaração Universal: Atravessando um Mar de Contradições - Paulo Sérgio Pinheiro - Sur - Revista Internacional de Direitos Humanos – 2008 – Ed. 9 42) Direitos Humanos: Sessenta Anos de Conquista - Dalmo de Abreu Dallari – Revista Direitos Humanos da SEDH – 2008 – Ed. 1 43) Segurança Pública e Direitos Humanos - Ricardo Brisolla Balestreri - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2008 – Ed. 1 44) Direito à Memória e à Verdade - Marco Antônio Rodrigues Barbosa - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2008 – Ed. 1 45) Maioridade para os Direitos Humanos da Criança e do Adolescente - Carmen Silveira de Oliveira - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2008 – Ed. 1 46) Obama: uma Comissão da Verdade para os Torturadores? - Paulo Sérgio Pinheiro Revista Direitos Humanos da SEDH – 2009 – Ed. 2 47) A Superação da Cegueira de Gênero: mais do que um Desafio – um Imperativo Silvia Pimentel - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2009 – Ed. 2 48) Aos 30 anos, Anistia ainda é um Processo Inconcluso - Nilmário Miranda - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2009 – Ed. 2 49) Educação em Direitos Humanos: Desafio às Universidades - José Geraldo de Sousa Junior - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2009 – Ed. 2 50) Direitos Humanos e Meio Ambiente - Edson Ferreira de Carvalho - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2009 – Ed. 3 51) Direito à Memória e à Verdade - Belisário dos Santos - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2009 – Ed. 3 52) Programa Nacional de Direitos Humanos: Efetivar Direitos e Combater a Desigualdade - Luciana Pivato, Alexandre Ciconello e Darci Frigo - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2009 – Ed. 4 53) A Genealogia e o Legado de Viena - Paulo Sérgio Pinheiro - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2010 – Ed. 5 54) A Constitucionalidade do PNDH-3 - Flávia Piovesan - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2010 – Ed. 5 55) Caminho para uma Política Nacional de Direitos Humanos – Expectativas do Movimento Social com o PNDH-3 - Paulo César Carbonari - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2010 – Ed. 5 56) O Eixo Educador do PNDH-3 - José Geraldo de Sousa Junior - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2010 – Ed. 5 57) O Direito à Memória e à Verdade - Cezar Britto – Revista Direitos Humanos da SEDH – 2010 – Ed. 5 58) Prevenção e Mediação de Conflitos à Luz da Questão Agrária e dos Direitos Humanos no Brasil - Gercino José da Silva Filho - Revista Direitos Humanos da SEDH – 2010 – Ed. 5 148 149 ANEXO B – LISTA COMPLETA DE GRUPOS DE PESQUISA ANALISADOS 1. A efetividade dos Direitos Humanos – UFPEL (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0045601KR1CMT3) 2. Análise de Estruturas de Violência e Direito – UFPB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0083601AJR0X6E) 3. Centro de Estudos e Pesquisas Jurídicas da Amazônia – CEJAM – UNIR (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=75406016FR08HT) 4. Constituição e Processo – UFG (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0106601S18ICMT) 5. Constituição e Sociedade – UFRGS (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0192601JDDECOZ) 6. Controle penal, Direitos Humanos, Sistema de Justiça e Segurança Pública – UFSC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=00436013BKW6DN) 7. Cultura, Direito & Sociedade – UFMA (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=00016014DPY6F9) 8. Direito Constitucional Contemporâneo – UFRJ (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=02026019JV4CLX) 9. Direito e Cinema – UFRJ (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0202601S1DMU3F) 10. Direito Estado e Sociedade – UFRN (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0337601YDHXEKS) 11. Direito Internacional – UFRJ (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=02026018HT3AKD) 12. Direito internacional e soberania do Estado brasileiro: Perspectivas regional e universal – UFRN (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=03376013COX5E8) 13. Direito, Política e integração econômica – UFPB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0083601TGCJLW3) 14. Direito, Sociedade e Meio Ambientte – UFAC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=06226013BKOY5F) 15. Direitos Humanos – UFRJ (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0202601EOHQY7J) 16. Direitos Humanos, Desenvolvimento Regional e Práticas de Acesso à Justiça – UFCG (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4469601QW7SJGA) 17. Direitos Humanos e Decisão Jurídica – UFPE (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0021601IRLE2B7) 18. Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas: as teorias e a prática – UFS (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=00706013DPY5FR) 19. Filosofia dos Direitos Humanos – UFC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0089601IQZBLS1) 20. Fundamentação Político-Filosófica dos Direitos Humanos – GEFUNDH – UFU (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=00156014GQX6IS) 21. Fundamentos do Direito – UFPR 150 (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0103601MT3W6DN) 22. Grupo de Estudo em Direitos Humanos e Políticas Publicas – UFOPA (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=J2HF601DNU4FPW) 23. História da Cultura Jurídica – UFSC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0043601WB6L8RU) 24. Marxismo e Direito – UFPB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0083601NV4GQX7) 25. Laboratório de Direitos Humanos – UFAL (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0331601NDRUPYC) 26. Núcleo de Direitos Humanos (NDH) – UFERSA (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0217601RZ82CJT) 27. Núcleo de Pesquisa sobre Políticas de Prevenção da Violência e Acesso à Justiça e Educação em Direitos Humanos – UFRJ (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0202601CLX6ENH) 28. O direito achado na rua – UnB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0240601CJDP8DE) 29. Pluralismo jurídico, Direitos Humanos e cidadania na perspectiva da interculturalidade – UFSC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=00436016GPLUBU) 30. Direitos Humanos, Políticas Públicas e Desenvolvimento – UFMS (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0870601Q0BLS2E) 31. Pragmatismo Jurídico, Teorias da Justiça e Direitos Humanos – UFAL (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0331601GS19ICL) 32. Programa Pólos de Cidadania – UFMG (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0333601LS21AI3) 33. Sociedade, tempo e direito- UnB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0240601X6ENZ8G) 34. Sociologia e política constitucional – UFC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0089601Z6F9IQZ) 35. Teoria do direito e democracia e literatura – UFPR (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0103601X06K24E) 36. Transdisciplinaridade e ambiente – UFPB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=00836018GPJT0A) 37. Estado, Direitos Fundamentais e Legitimação Judicial – UEPB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=43196013CKT5FM) 38. Arquivos de Direitos Humanos – UERJ (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=03266018HT2AJV) 39. Clínica de Direitos Humanos e Direito Ambiental – UEA (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4311601N4FPW6I) 40. Direito Humanos, Poder Judiciário e Sociedade – UERJ (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0326601LS2DNU4) 41. Direitos privado, dignidade humana e direitos humanos – UNEB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=5842601GPX6IRZ) 42. Direitos Fundamentais e Acesso à Justiça – UEM (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0329601ENZ9GQ1) 43. Direitos Humanos e desenvolvimento sustentável – EUMS (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=08036015EMV7HO) 151 44. Direitos Humanos no estado democrático de direito, interdisciplinariedade e efetivação possível – UEMS (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0803601NZ8GPMV) 45. Educação, Direitos Humanos e desenvolvimento regional – UNEB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=5842601EOZ9GQM) 46. Grupo de Pesquisa Institucional em Direitos Humanos e Fundamentais – UESC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=3631601QZBLS2D) 47. Núcleo avançado de estudos da contemporaneidade – UESB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=7490601JS4ELV6) 48. Núcleo de estudos e pesquisas em direito, estado, Constituição e Direitos Fundamentais e Humanos – UEMS (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=08036011AM3C7G) 49. Olhos D´agua - Direitos Humanos, ética, capital social, desenvolvimento e cidadania – UNEB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=58426014FPW6IR) 50. TEDEPES - teoria do direito, educação popular e economia solidária – UNEMAT (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=8415601MT3FOV5) 51. Democracia, justiça e Direitos Humanos - estudos de escola de Frankfurt – USP (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0067601KU6FNWQ) 52. A análise pós-moderna da Teoria Geral do Estado – UNAMA (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4116601DLUOX5E) 53. Capitalismo humanista – PUC-SP (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=00716012BISMW3) 54. Cidadania e direitos fundamentais – UNIFIEO (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=2826601KTQ07S2) 55. Clínica de Direitos Humanos – UNIVILLE (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=5720601TY7HO16) 56. Constitucionalismo contemporâneo – UNISC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=5310601V5GQX7J) 57. Constituição, multiculturalismo e autonomia – PUC-Rio (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0111601NV4GPX6) 58. Cultura de paz e valores humanos – UNIVERSO (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0255601KT5FMW7) 59. Direito e cidadania – UNIVALI (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=56726012AJDNU4) 60. Direito e relações internacionais, segurança e reforma do estado – UNIFOR (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0072601Y71BIS3) 61. Direito internacional, desenvolvimento e energia – UGF (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0812601CMY7EO0) 62. Direitos do Homem, cidadania e questões sociais – Mackenzie (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0514601MHQX7JS) 63. Direitos Fundamentais e Novos Direitos – UNESA (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=2948601B5AMW23) 64. Direitos Fundamentais: instrumentos de concretização – UNICAP (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=1734601OCW0N2D) 65. Direitos Humanos – UNIFOR (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0072601Y6FR18H) 152 66. Direitos Humanos, cidadania e estado – UNIGRANRIO (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=1177601X4EZ6GS) 67. Direitos Humanos, Direito à Saúde e Família – UCSAL (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=15496012Y6MIHR) 68. Direitos Humanos e cidadania – UNOCHAPECO (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=44526010IKIEJY) 69. Direitos Humanos e cidadania – UNOESC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=6271601FP1AIRL) 70. Direitos Humanos e desenvolvimento – UNIJUI (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4234601X0M3RL0) 71. Direitos Humanos e desenvolvimento – UCAM (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0601601YAKR1CM) 72. Direitos Humanos e Fundamentais: eficácia e fundamentação – UNIRITTER (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4567601RU2BNW4) 73. Direitos Humanos e política criminal – UniCEUB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=30346014DLU6FN) 74. Direitos Humanos e relações sociais – UCDB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=2882601COY5FQ0) 75. Direitos Humanos, educação, ética e diversidade – FDV (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=3341601LV7GOX9) 76. Direitos Humanos no âmbito da globalização – UNICSUL (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=8077601S2DNU4X) 77. Direitos Humanos no Brasil: sustentabilidade, função social da empresa, economia solidária, consumo, cidadania e democracia – UNIVERSO (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=02556019LU2B5E) 78. Direitos Sociais e desenvolvimento humano – UNOPAR (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=8237601QRSLPN9) 79. Estado de Direito e Sociedade de Risco – PUC-Rio (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0111601OW5HQY7) 80. Estado, democracia constitucional e Direitos Fundamentais – FDV (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=3341601KDMUFPW ) 81. Fundamentação ética dos Direitos Humanos – UNISINOS (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0009601Z2ZFW3C) 82. Fundamentos da justiça e dos Direitos Humanos – UCP (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=1590601GS29JCT) 83. Fundamentos e fronteiras do Direito – UNIPAC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4493601ZLS1W5C) 84. Grupo de estudo e pesquisa de Direitos Humanos Fundamentais – URCA (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=8800601NHRY8J0) 85. Grupo de estudo e pesquisa em Direitos Humanos – UNIMEP (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=169660170CMOKK) 86. Grupo de estudos jurídicos marxistas – GEJUM – UNIPAM (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4359601MU3FOW5) 87. Grupo de pesquisa e estudos em Direitos Humanos – FDSM (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=J2NQ601U1A7HOX) 153 88. Internacionalização do Direito – UniCEUB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=3034601KT5EMVY) 89. Jurisdição constitucional e Direitos Fundamentais – IDP (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4615601KU6FNW8) 90. – IDP (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=5016601U4BLW6D) 91. Justiça, democracia e Direitos Humanos – PUC-PR (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0207601GFCBQ1S) 92. Justiça social e desenvolvimento local – UNISUAM (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=2019601KR1DMU3) 93. Mídia e Direitos Fundamentais – UNAMA (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4116601CLT2ENV) 94. NEDES - Núcleo de Estudo em Direito, Estado e Sociedade – FTC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4254601AHQ2CJT) 95. Novos Direitos – UNOESC (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=62716013BKEOV5) 96. Núcleo de estudos e pesquisas sobre direitos e diversidades: gênero, etnia, raça e religião (NEPEDD) – Mackenzie (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0514601X61AHR3) 97. Padê:estudos em raça,gênero e direitos humanos – UniCEUB (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=3034601T3AKV5C) 98. Pessoa Humana e Direito – PUCRS (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=00066012ENU4X7) 99. Teoria jurídica no novo milênio – UNIFRA (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=121160116G4H5S) 154 ANEXO C – LISTA COMPLETA DE PROGRAMAS/PROJETOS DE EXTENSÃO PROJETOS 1. Proteção Internacional dos Direitos Humanos – UFPA 2. Assistência Jurídica aos defensores de Direito Humanos do Estado do Pará - UFPA 3. Cartografia, hidrografia, meio ambiente e Direitos Humanos no “Arquipélago do Maguari ”entre os Municípios de Belém e Ananindeua NE do estado do Pará – UFPA 4. Projetos Diálogos Acadêmicos – UFPA 5. Teoria contemporânea do direito: difundindo os novos rumos do pensamento jurídico – UFG(http://www.proec.ufg.br/site/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper &Itemid=60) 6. Os instrumentos legais para o desenvolvimento econômico e cultural das comunidades tradicionais e coletividades agrícolas e quilombolas situadas no estado de Goiás – UFG (http://www.proec.ufg.br/site/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper&Ite mid=60) 7. Consolidação e fortalecimento do núcleo interdisciplinar de estudos e pesquisas em Direitos Humanos: educação, Direitos Humanos e cidadania – UFG (http://portal.mj.gov.br/sedh/editais/2010/Resultado_Projetos_Classificados_VIA_E DITAL_2010.pdf) 8. Revista Jurídica In Verbis - Edição 29 – UFRN (http://www.sigaa.ufrn.br/sigaa/public/extensao/consulta_extensao.jsf) 9. Lições de Cidadania em Ambientes de Privação de Liberdade – UFRN (http://www.sigaa.ufrn.br/sigaa/public/extensao/consulta_extensao.jsf) 10. Duas Vidas – UFRN (http://www.sigaa.ufrn.br/sigaa/public/extensao/consulta_extensao.jsf) 11. Futebol e Cidadania na UFRN - FC UFRN – UFRN (http://www.sigaa.ufrn.br/sigaa/public/extensao/consulta_extensao.jsf) 12. Investigação sobre as Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos – UFERSA (http://www2.ufersa.edu.br/portal/grupos/nudhema/1981) 13. Fortalecimento do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Educação em Direitos Humanos da UFPB – UFPB (http://portal.mj.gov.br/sedh/editais/2010/Resultado_Projetos_Classificados_VIA_E DITAL_2010.pdf) 14. Núcleo de Assessoria Jurídica Popular - Direito nas Ruas – UFPE (http://www.ufpe.br/proext/index.php?option=com_content&view=article&id=165: 2009-2010&catid=1&Itemid=108) 155 15. Núcleo de Assessoria Jurídica Popular – Movimentos Sociais – UFPE (http://www.ufpe.br/proext/index.php?option=com_content&view=article&id=165: 2009-2010&catid=1&Itemid=108) 16. SAJU - Serviço de Apoio Jurídico Universitário – Direito e Causa Social – UFPE (http://www.ufpe.br/proext/index.php?option=com_content&view=article&id=165: 2009-2010&catid=1&Itemid=108) 17. Núcleo de estudo sobre o estado e a Democracia – UFS 18. Núcleo de Extensão e Pesquisas em Relações Internacionais – UFS 19. Educação e trabalho para o exercicio da cidadania: Uma proposta de inclusão social utilizando as penas alternativa – UFF (http://www.proex.uff.br/) 20. Projeto Maré/NIAC – UFRJ (http://www.direito.ufrj.br/coordenacaoExtensao.php) 21. Formação de agentes comunitários em Direitos Humanos – UFRJ (http://www.direito.ufrj.br/coordenacaoExtensao.php) 22. Direito do consumidor e cidadania – UFU (http://www.siex.proex.ufu.br/buscarExterno) 23. Democracia e Justiça de Transição: Educação para os Direitos Humanos – UFU (http://www.siex.proex.ufu.br/buscarExterno) 24. Violência doméstica e a dignidade da pessoa humana – UFU (http://www.siex.proex.ufu.br/buscarExterno) 25. Medidas De Segurança E Direitos Fundamentais Dos Portadores De Sofrimento Mental – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 26. Cartilha: Acesso à Justiça do Trabalho e Formas de Resolução de Conflitos Trabalhistas – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 27. Orientação Jurídica de Pequena ou Média Complexidade – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 28. Capacitação de oficiais militares para a atuação como juízes na Justiça Militar Estadual – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 29. Núcleo Direito à Cidade – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 30. Núcleo de geração de trabalho e renda – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 31. Os efeitos da vila Viva Serra na condição socioeconômica dos moradores do aglomerado – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 32. Arte e cidadania no Jequitinhonha – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 33. Núcleo de mediação e cidadania – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 156 34. Centro de Estudos sobre o Brasil a Organização Mundial do Comércio – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 35. Vida e morte no trabalho - a importância da informação para o acesso à saúde – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 36. Sistematização e compartilhamento de documentação jurídica: a Legimática e o uso de rede social – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 37. O ECA na minha escola – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 38. Projeto Casa Verde - Criminologia e Execução Penal – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 39. O controle de convencionalidade dos atos jurisdicionais em matéria processual penal e penal a partir das normas da Convenção Interamericana de Direitos Humanos – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 40. Núcleo de formação e aperfeiçoamento para operadores do sistema socioeducativo aos adolescentes em conflito com a lei – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 41. Trupe a torto e a direito – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 42. Fortalecendo as escolas na rede de proteção à criança e ao adolescente na região metropolitana de belo horizonte – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 43. Assistência Jurídica e Judiciária – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 44. Regularização fundiária sustentável na Vila Acaba Mundo – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 45. Projeto de atendimento preferencial ao idoso – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 46. Paideia jurídica na escola - Educação em Direitos Humanos-Fundamentais como Formação de uma Consciência Jurídica Cidadã – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 47. Núcleo de Direito Aplicado – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 48. Assessoria jurídica comunitária – UFOP (http://www.proex.ufop.br/Paginas%20site/PROREITORIA%20DE%20EXTENSAO%20-%20PROJETOS.html) 49. Direito da Criança e do Adolescente – UFOP (http://www.proex.ufop.br/Paginas%20site/PROREITORIA%20DE%20EXTENSAO%20-%20PROJETOS.html) 157 50. Parceria entre o NDH-UFOP e o Pré-vestibular Comunitário Humanista – UFOP (http://www.proex.ufop.br/Paginas%20site/PROREITORIA%20DE%20EXTENSAO%20-%20PROJETOS.html) 51. Parlamento Jovem – UFOP (http://www.proex.ufop.br/Paginas%20site/PROREITORIA%20DE%20EXTENSAO%20-%20PROJETOS.html) 52. Incorporação Imobiliária: Uma análise de mercado imobiliário ouropretano – UFOP (http://www.proex.ufop.br/Paginas%20site/PROREITORIA%20DE%20EXTENSAO%20-%20PROJETOS.html) 53. Núcleo de Assistência Jurídica e Laboratório Jurídico (NAJOP) – UFOP (http://www.proex.ufop.br/Paginas%20site/PROREITORIA%20DE%20EXTENSAO%20-%20PROJETOS.html) 54. Pacificar - Centro de Mediação e Cidadania da UFOP – UFOP (http://www.proex.ufop.br/Paginas%20site/PROREITORIA%20DE%20EXTENSAO%20-%20PROJETOS.html) PROGRAMAS 1. Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular “Aldeia Kayapó” - UFPA 2. Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular (NAJUP) Isa Cunha – UFPA 3. Núcleo de educação integral – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 4. Programa pólos de cidadania – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 5. Programa de Extensão GEDI - Grupo de Estudos em Direito Internacional – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 6. Programa RECAJ - Resolução de Conflitos e Acesso à Justiça – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 7. Pontos em cidadania – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 8. Núcleo de Direitos Humanos da UFOP – UFOP (http://www.proex.ufop.br/Paginas%20site/PROREITORIA%20DE%20EXTENSAO%20-%20PROJETOS.html) EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS 1. Consolidação e fortalecimento do núcleo interdisciplinar de estudos e pesquisas em Direitos Humanos: educação, Direitos Humanos e cidadania – UFG (http://portal.mj.gov.br/sedh/editais/2010/Resultado_Projetos_Classificados_VIA_E DITAL_2010.pdf) 2. Fortalecimento do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Educação em Direitos Humanos da UFPB – UFPB (http://portal.mj.gov.br/sedh/editais/2010/Resultado_Projetos_Classificados_VIA_E DITAL_2010.pdf) 158 3. Paideia jurídica na escola - Educação em Direitos Humanos-Fundamentais como Formação de uma Consciência Jurídica Cidadã – UFMG (https://sistemas.ufmg.br/siex/PrepararPesquisarAcaoExtensao.do?clean=1) 4. Formação de agentes comunitários em Direitos Humanos – UFRJ (http://www.direito.ufrj.br/coordenacaoExtensao.php) 159 ANEXO D – DADOS SOBRE PROGRAMAS/ PROJETOS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Região Norte: A Universidade Federal do Acre (UFAC) conta com três programas/projetos vinculados ao Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas, sendo eles: „Biodiversidade e Biopirataria na Amazônia‟; „Direito e Gênero‟; e „Curso de Extensão de Procedimentos e Técnicas Para Levantamento de Informações sobre a Produção Familiar Rural Acreana‟. Não é possível afirmar o vínculo com a temática de Direitos Humanos. As informações foram passadas por correio eletrônico através de contato com a Pró-Reitoria de Extensão, tendo sido informado apenas o nome do coordenador de cada programa/projeto. O site da universidade e o SIGProj não disponibilizam nenhuma informação. Na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) foi informada a existência de quatro programas/projetos na linha Direitos Humanos, não sendo, no entanto, possível afirmar o vínculo com o Direito. São eles: „Direitos Humanos e Cidadania‟; „Mantas Térmicas de Baixo Custo: Aspectos Ambientais, Físicos e Qualidade de Vida‟; „Psicologia na Rua: possibilidades de Atuação Psicológica com Pessoas Vivendo em Situação de Rua‟; „Avaliação do Perfil SócioEconômico dos Consumidores Residenciais de Energia Elétrica em Porto Velho para Inclusão de Famílias com Baixa Renda na Tarifa Social de Energia Elétrica‟. Também nesse contato, realizado por correio eletrônico com a PróReitoria de Extensão foi informado apenas o nome do coordenador responsável pelo programa/projeto. A busca complementar através do nome do coordenador revelou que o primeiro programa listado possui vínculo com o Direito. A informação existente no SIGProj é divergente, constando apenas um programa/projeto na universidade e nenhum em Direitos Humanos. O site da universidade não disponibiliza nenhuma informação nesse âmbito. A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) requisitou em contato telefônico que fosse aguardada a resposta ao email enviado, porém não foi obtido esse retorno. No SIGProj estão cadastrados nove (09) projetos e sete (07) programas, sendo um deles em Direitos Humanos, intitulado “Escola de Arte da UFAM” 160 (não é possível saber a que faculdades está vinculado). Através da página de extensão da universidade é possível constatar a existência de dezessete (17) programas, no então, não há especificação sobre a linha temática e as faculdades vinculadas aos mesmos. A busca complementar através do nome dos coordenadores revelou que nenhum deles possui vínculo com o Direito. A Universidade Federal de Roraima (UFRR) solicitou através de contato telefônico com a Pró-Reitoria de Extensão que fosse aguardada a resposta à solicitação feita por correio eletrônico. Também através de contato telefônico, um responsável pela área do Direito ficou de enviar informações por email. Nenhum dos retornos se concretizou. Tanto através do SIGProj, quanto da página virtual da universidade, não é possível saber em relação a que temáticas e vinculados a que faculdades estão os programas/projetos registrados. A busca pelo nome dos coordenadores não revelou novos dados relevantes. Em relação à Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), a tentativa de contato telefônico não obteve sucesso e não houve resposta ao contato por correio eletrônico com a Pró-Reitoria de Extensão. Tanto no SIGProj, quanto na página eletrônica do departamento de extensão, não há programas/projetos cadastrados na temática em questão. A Universidade Federal do Tocantins (UFT), mesmo tendo sido solicitado por email dados específicos, apenas informou em linhas gerais que são desenvolvidos vinte e um (21) projetos, não tendo disponibilizado informações sobre a linha dos mesmos nem sobre as faculdades as quais estão vinculados. De acordo com o SIGProj, não existe nenhum projeto na linha temática de Direitos Humanos, e de acordo com o site da universidade, existem onze (11) projetos cadastrados, estando relacionados apenas os de execução contínua e os que se estenderiam até o ano de 2011. A busca pelo nome dos coordenadores não revelou novos dados relevantes. Em relação à Universidade Federal do Pará (UFPA), foi informado pela PróReitoria de Extensão, através de contato por correio eletrônico, que existem quatro (04) projetos e dois (02) programas em Direitos Humanos vinculados ao Instituto de Ciências Jurídicas. Informaram apenas os nomes dos coordenadores. 161 São eles: “Proteção Internacional dos Direitos Humanos”; “Assistência Jurídica aos defensores de Direito Humanos do Estado do Pará”; “Cartografia, Hidrografia, Meio Ambiente e Direitos Humanos no „Arquipélago do Maguari‟ entre os Municípios de Belém e Ananindeua NE do Estado do Pará”; “Projetos Diálogos Acadêmicos” (projetos) e “Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular Popular „Aldeia Kayapó‟”; “Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular (NAJUP) Isa Cunha” (programas). Tanto o site da universidade, quanto o SIGProj fornecem informações divergentes da informada por email. Em relação à Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), não obteve sucesso a tentativa de contato por correio eletrônico, nem o contato por telefone. No portal eletrônico da universidade não havia informações disponíveis. Segundo o SIGProj existe um programa na universidade em Direitos Humanos, não sendo possível saber com qual faculdade o mesmo está vinculado, chamado “Patrimônio Cultural da Amazônia: Experiências de Pesquisa e Gestão”. A coordenadora do programa é vinculada à faculdade de antropologia. Região Centro-Oeste: A tentativa de contato telefônico com a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) não obteve sucesso, através do correio eletrônico enviado, foi respondido solicitando que fosse consultado o SIGProj. Neste não consta nenhum projeto/programa de extensão no Direito. Em relação à Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), apesar de todo o caminho percorrido para o levantamento de dados, não foi obtida nenhuma resposta. O único dado levantado se refere ao SIGProj, que indica a existência de um projeto vinculado ao Direito, que, no entanto não está na temática de Direitos Humanos. No que tange à Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD), através do portal virtual foi possível levantar a existência de seis programas/projetos de extensão vinculados a faculdade de Direito, sendo eles: “Colóquios de Direito e Literatura: quinta às cinco”; “Direito e Cinema: um Diálogo Interdisciplinar Direito e Justiça Ambiental”; “A Paradiplomacia e o Mato Grosso do Sul: o 162 Potencial do Estado no Ambiente Internacional”; “Fins de Tarde em Meio à Diversidade: na Sala com as Travestis”; “Meio Ambiente do Trabalho – Prevenção e Controle da Saúde do Trabalhador”; “A reforma do CPC: Estudos Avançados”. O portal da universidade disponibiliza apenas o nome do coordenador do programa/projeto, não sendo possível afirmar a inserção dos mesmos na temática de Direitos Humanos. Através do correio eletrônico, a PróReitoria de Extensão orientou que fosse consultado o SIGProj. Neste a informação diverge da encontrada no site, sendo quatro (04) programas ligados ao Direito e nenhum na temática de Direitos Humanos. A Universidade Federal de Goiás (UFG) informou por correio eletrônico as ações de extensão, não sendo possível afirmar na listagem disponibilizada quais são projetos ou programas. No portal eletrônico da faculdade de Direito estão listados dois projetos na temática dos Direitos Humanos: “Teoria Contemporânea do Direito: Difundindo os Novos Rumos do Pensamento Jurídico” e “Os Instrumentos Legais para o Desenvolvimento Econômico e Cultural das Comunidades Tradicionais e Coletividades Agrícolas e Quilombolas Situadas no Estado De Goiás”. O SIGProj fornece informação divergente, porém não é possivel determinar se os seis (06) programas/projetos listados em Direitos Humanos estão vinculados ao Direito. Através de pesquisa complementar pelo edital de seleção do ano de 2010 da SEDH/PR foi possível localizar a implantação do projeto “Consolidação e Fortalecimento do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos: Educação, Direitos Humanos e Cidadania”. Este projeto é um dos três selecionados (UFRJ e UFPB) pela SEDH/PR para implementação de Núcleos de Educação em Direitos Humanos. Não é possível afirmar, no entanto, se esse se encontra vinculado ao Direito na respectiva universidade através das informações disponíveis. A Universidade de Brasília (UNB) informou, através de email enviado pela PróReitoria de Extensão, que existem dois projetos ligados ao Direito: “Direitos Humanos e Gênero: Capacitação em Noções de Direito e Cidadania – 163 Promotores Legais Populares” e “Atendimento às Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar”. Informaram apenas o nome dos coordenadores, não sendo possível identificar se estão vinculados à linha temática de Direitos Humanos. Segundo o portal eletrônico da UNB existem seis (06) projetos de extensão de ação contínua vinculados a temáticas dos Direitos Humanos, porém não é possível verificar sua vinculação ao Direito. De acordo com o site da faculdade de Direito, existem sete (07) projetos: “Fórum de extensão da FD”; “Justiça e Cidadania se Aprendem na Escola”; “Projeto Memória Institucional da FD/UnB – ProMI”; “Projeto Quilombolas”; Projeto Terceiro Setor”; “Promotoras Legais Populares”; “Universitários Vão à Escola”. Não há informação acerca de sua vinculação temática. O SIGProj fornece informação defasada e divergente das acima descritas. Região Nordeste: A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) solicitou, em contato telefônico, que fosse aguardada a resposta à solicitação feita por correio eletrônico. Após novo contato telefônico, os mesmo responderam através do email, que o registro disponível no SIGProj encontra-se atualizado. Neste são descritos seis (06) projetos e um (01) programa de extensão, porém não é possível afirmar sua vinculação com o Direito nem com a temática dos Direitos Humanos. A Universidade Federal do Piauí (UFPI) disponibiliza no portal eletrônico da faculdade de Direito a relação de seis (06) projetos e dois (02) programas, não especificando sua vinculação com a área temática de Direitos Humanos. São eles: Programa Núcleo de Prática Jurídica (Assistência Judiciária); Programa de Extensão Aprender Direito”; e “Projeto Centro de Assessoria Jurídica Popular de Teresina - Projeto Cajuína”; Projeto Escritório Modelo Roberto Lyra Filho; “Projeto Fundamentos de Direito”; “Projeto Jornadas e Colóquios Jurídicos” ; “Projeto Direito e Cidadania”; e “Projeto Memória da FADI”. A única informação referente aos programas e projetos disponibilizada é o nome do respectivo coordenador. 164 No portal virtual da Universidade Federal do Ceará (UFC) estão listado treze (13) projetos vinculados ao Direito e novamente o único dado disponibilizado é o nome do coordenador de cada projeto, não sendo possível afirmar a vinculação à temática aos Direitos Humanos. A lista disponibilizada é: “Academia de Letras”; “Associação Atlética da Faculdade de Direito”; “Centro de Assessoria Jurídica Universitária (CAJU)”; “Centro de Estudos de Direito Constitucional”; “Curso Pré-Vestibular Paulo Freire”; “Escritório Modelo Professor Alcântara Nogueira”; “Núcleo de Assessoria Jurídica Comunitária (NAJUC)”; “Núcleo de Estudos da Longevidade (NEL)”; “Núcleo de Estudos em Ciências Criminais (NECC)”; “Núcleo Interdisciplinar Direito e Dramaturgia”; “Núcleo Interdisciplinar em Direito e Literatura (NIDIL)”; “Núcleo Interdisciplinar Direito e Sétima Arte”; “Simulação da Organização das Nações Unidas (SONU)”. O SIGProj informa existirem na universidade vinte e três (23) projetos e três (03) programas em andamento, sendo apenas três (03) projetos ligados vinculados à temática dos Direitos Humanos, porém nenhum vinculado ao Direito. Através de contato por correio eletrônico, com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi recebida a orientação de que a busca fosse feita através do portal eletrônico da universidade. São quatro (04) projetos de extensão em Direitos Humanos no Direito ativos em 2011. “Revista Jurídica In Verbis - Edição 29”; “Lições de Cidadania em Ambientes de Privação de Liberdade”; “Duas Vidas”; “Futebol e Cidadania na UFRN”. Em relação à Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), não houve resposta aos emails enviados e não foi possível o contato por telefone. Através de consulta em portal virtual da universidade constatou-se a existência de um programa em Direitos Humanos no Direito, “Investigação sobre as Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos”. O SIGProj disponibiliza informação divergente, afirmando existirem cinco (05) projetos e um (01) programa de extensão na universidade e nenhum em Direitos Humanos. O portal eletrônico da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) está em construção. Através de contato telefônico foi solicitado que fosse aguardado o 165 contato da universidade em resposta ao email enviado. A UFPB é central para esta pesquisa, pois possui um dos Núcleos de Extensão em Direitos Humanos mais reconhecidos no Brasil, assim como foi uma das três universidades selecionadas para a implantação (ou fortalecimento) do Núcleo de Educação em Direitos Humanos 34 . Na página virtual da Pró-Reitoria de Extensão não é possível concluir quais programas/projetos estão vinculados ao Direito. E no SIGProj não consta nenhum projeto em Direitos Humanos vinculado ao Direito. A UFPB é um exemplo claro e grave acerca da desorganização das informações sobre a extensão universitária. Através da busca pelo edital de 2010 da SEDH/PR, foi constatada a implementação do projeto “Fortalecimento do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Educação em Direitos Humanos da UFPB”. Através das informações disponíveis não é possível afirmar a vinculação do mesmo ao Direito. No site da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), vinculados ao Centro de Ciências Jurídicas e Sociais, estão listados catorze (14) projetos de extensão. “Alfabetização de Adultos e Idosos: Estudar é Preciso”; “Aplicação dos Direitos e Garantias Fundamentais”; “Assessoria Jurídica às Administrações Municipais”; “Assistência Jurídica e Social às Mulheres Vítimas de Violência no Município de Sousa – PB”; “Caminhos para uma Melhor Profissionalização”; “Direito ao Alcance de Todos”; “Justiça Cidadã”; “Projeto de Info-inclusão na Cidade de Sousa-PB”; “Rotinas Trabalhistas e Assessoria às Organizações Sociais de Sousa-PB”; “Balcão de Informações Contábeis e Fiscais”; “Pequenas Empresas do Comércio de Sousa-PB: em Busca de uma Gestão Empreendedora Sustentável”; “Promotores Populares de Justiça: em Defesa do Direito da Criança e do Adolescente”; “Assistência Jurídica aos Presidiários em Sousa”; “Curso de Capacitação em Espanhol”. Através da pesquisa complementar pelo nome dos coordenadores dos mesmos foi possível afirmar a vinculação de seis deles ao Direito (destacados em itálico). Não é possível, no entanto, afirmar o vínculo com a temática dos Direitos Humanos. 34 http://portal.mj.gov.br/sedh/editais/2010/Resultado_Projetos_Classificados_VIA_EDITAL_2010.pdf 166 A página virtual da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) disponibiliza a lista de programas/projetos inseridos na temática Direitos Humanos e vinculados ao Direito. São ao todo três (03) projetos. “Núcleo de Assessoria Jurídica Popular - Direito nas Ruas”; “Núcleo de Assessoria Jurídica Popular – Movimentos Sociais”; “SAJU – Serviço de Apoio Jurídico Universitário – Direito e Causa Social”. A informação disponível no SIGProj é divergente, não constando nenhum projeto/programa em Direitos Humanos no Direito. Através do portal virtual da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que foi indicado para consulta após contato com a Pró-Reitoria de Extensão, existem três projetos ligados à linha Direitos Humanos: “Construção de uma Cultura de Educação em Direitos Humanos”; “Saberes e Prática” e “Naturalização dos Direitos das Crianças e Adolescentes”. Não há outras informações disponíveis sobre os mesmo. Segundo outro portal virtual da universidade consultado, não existem, em 2011, projetos ou programas em Direitos Humanos no Direito. As informações disponíveis no SIGProj são divergentes, afirmando a existência de dois (02) projetos em Direitos Humanos, nenhum no Direito. A Universidade Federal de Sergipe (UFS) informou, por correio eletrônico da Pró-Reitoria de Extensão, que existem dois projetos no Direito e na temática de Direitos Humanos. “Núcleo de Estudo sobre o estado e a Democracia” e “Núcleo de Extensão e Pesquisas em Relações Internacionais”. Em relação à Universidade Federal da Bahia (UFBA), a busca no portal eletrônico da mesma indicou a existência de dois projetos no Direito, porém não é determinada a linha temática dos mesmos. “Projeto SAJU: Serviço de Assistência Jurídica” e “Projeto Laboratório de Informática”. Os programas e projetos listados no SIGProj na temática de Direitos Humanos não coincidem com os registrados pela universidade como vinculados ao Direito. Região Sul: Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), conforme informação acessada em contato por correio eletrônico com a faculdade de Direito, existem oito (08) projetos e um (01) programa: “Direito ao Trabalho dos Surdos e Pessoas com 167 Deficiência”; “Cidade em Debate: Monitoramento da Copa 2014”; “A Prática Forense Previdenciária em Tempos de Virtualização Processual; “Agentes Penitenciários e Direitos Humanos”; “Preservação do Patrimônio Histórico de Antonina”; “A prática do Direito do Consumidor: para Além da Sala de Aula”; “Projeto de Extensão: Direito e Cidadania – a Luta pela Moradia Popular”; “Projeto de Extensão: SAJUP – Serviço de Assessoria Jurídica Universitária Popular” e “Programa de Extensão: Núcleo de estudos Internacional”. Só está disponibilizado o nome dos coordenadores e não é possível afirmar sua vinculação com a linha de Direitos Humanos. Em relação à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) existem três (03) projetos vinculados ao Direito. A informação está disponibilizada em portal eletrônico da universidade. São eles: “Grupo de Pesquisa Direito Ambiental na Sociedade de Risco” (que possui ações de extensão); “Projeto de Desenvolvimento Institucional” e “Núcleo de Mediação e Arbitragem do Centro de Ciências Jurídicas da UFSC”. Está disponibilizado apenas o nome do coordenador e não é possível determinar se os projetos estão vinculados à temática de Direitos Humanos. Segundo o SIGProj existem na universidade dois projetos em Direitos Humanos, não sendo afirmada sua vinculação ao Direito. Os títulos, no entanto, não coincidem. No que tange à Universidade Federal do Rio Grande (FURG), foi informado por contato telefônico com a Pró-Reitoria de Extensão, que as informações que constam no SIGProj estão atualizadas. Segundo o sistema, são três (03) projetos e um (01) programa de extensão desenvolvidos na Universidade, vinculado ao Direito, porém nenhum deles em Direitos Humanos. São eles: “Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares - INTECOOP 2009/2010” (programa); “Empoderando Mulheres: Educação e Promoção dos Direitos Humanos”; “Execução Penal”; “Assessoria Jurídica Popular para pesca - AJUPESCA” (projetos). A Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), através de contato por email, informou que não existe um registro digitalizado com as informações requeridas. Segundo alguns sites da universidade consultados existem vinte e dois (22) 168 projetos de extensão, não sendo nenhum em Direitos Humanos e não tendo como afirmar a vinculação ao Direito. O SIGProj, disponibiliza informações divergentes, afirmando existirem quinze (15) projeto e três (03) programas, sendo quatro (04) projetos na temática dos Direitos Humanos, não sendo possível afirmar, também, a vinculação ao Direito. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através do correio eletrônico, informou que existem três (03) programas/projetos de extensão vinculados ao curso de Direito. “O Direito e a Comunidade: a Pesquisa e Extensão Universitária como Fim do Hermetismo Jurídico”; “Projeto de Acompanhamento ao Egresso” e “Melhor Idade: Conhecendo o Estatuto do Idoso”. Está disponibilizado apenas o nome dos coordenadores dos mesmos e não é possível afirmar a inserção na temática dos Direitos Humanos. Dos programas e projetos listados no SIGProj como vinculados aos Direitos Humanos, nenhum coincide com a informação disponibilizada pela faculdade de Direito. Em relação à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), as informações levantadas no SIGProj indicam que existem três (03) projetos e um (01) programa vinculados aos Direitos Humanos, porém não é possível determinar a relação com o Direito. Região Sudeste: A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), no portal eletrônico da faculdade de Direito, informa a existência de apenas um (01) programa/projeto de extensão registrado, o “Núcleo de Práticas Jurídicas”, não havendo nenhuma informação específica disponibilizada. O site da Pró-Reitoria de Extensão disponibiliza como registro a existência de trinta e oito (38) programas/projetos de extensão vinculados à temática dos Direitos Humanos, não especifica, no entanto, quais são vinculados ao Direito. O “Núcleo de Práticas Jurídicas” não está englobado na lista disponibilizada. A Universidade Federal Fluminense (UFF) não retornou nenhum email de contato e através de contato telefônico não foi possível falar com a pessoa responsável pelas 169 informações. No portal virtual da Pró-Reitoria de Extensão existe o cadastro de doze (12) projetos, três (03) programas e seis (06) ações de extensão em Direitos Humanos, não sendo possível determinar o vínculo com a faculdade de Direito. Através da busca complementar pelo nome dos coordenadores foi possível determinar o vínculo de um (01) projeto com o Direito („Educação e Trabalho para o Exercício da Cidadania: Uma Proposta de Inclusão Social Utilizando as Penas Alternativas‟). Segundo o registro do SIGProj, que contém informações divergentes, não existe projeto ou programa de extensão em Direitos Humanos no Direito. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), informou através de contato por correio eletrônico do coordenador do Núcleo de Produção Acadêmica e Científica da Rural Seropédica, que não existem ainda nenhum programa ou projeto de extensão no curso de Direito, e que o mesmo foi criado há apenas três (03) anos. A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) informou por email da Pró-Reitoria de Extensão, que existe apenas um projeto no Direito, chamado “Assistência Jurídica Gratuita”, não informando, no entanto, se é vinculado a linha de Direitos Humanos. O SIGProj afirma não haver projetos ligados aos Direitos Humanos no Direito. Segundo o site da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) existem dez (10) programas/projetos de extensão universitária em andamento no Direito, não sendo possível determinar o vínculo com a temática de Direitos Humanos. “Projeto Maré/NIAC”; “Universitários pela Paz”; “Acesso à Justiça. Cidadania no Centro. Atuação do Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade Nacional de Direito”; “Assessoria Jurídica Universitária a Movimentos Sociais de Luta pela Terra e Assentamentos Urbanos no Estado do Rio de Janeiro”; “O Núcleo de Prática Jurídica e o Exercício da Cidadania pelos Cidadãos Carentes de Recursos Financeiros”; “Gringo Legal”; “Acompanhamento e diagnóstico socio-jurídico para fins de implementação de Políticas Urbanas em comunidade de baixa renda da área central do Município do Rio de Janeiro”; “Direito em Movimento. Acesso à Justiça para os moradores da Vila Residencial da UFRJ”; “Formação de Agentes Comunitários em Direitos Humanos”; e, por fim, “Assessoria Jurídica para a 170 Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares”. O SIGProj afirma não haver programas ou projetos de extensão ligados ao Direito e vinculados aos Direitos Humanos. O site da SEDH/PR informa sobre o início da implantação do Núcleo Interdisciplinar de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação em Direitos Humanos, com o qual o NIAC/UFRJ foi contemplado, sendo que este possui vínculo com a faculdade de Direito (essa informação não se encontra disponibilizada e seu conhecimento é fruto da inserção da pesquisadora no mesmo). A UFRJ é outro exemplo da defasagem de informações referentes à extensão universitária. De acordo com o portal virtual da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), existem quatro projetos de extensão vinculados ao Direito, sendo três ligados à temática de Direitos Humanos: “Direito do Consumidor e Cidadania”; “Democracia e Justiça de Transição: Educação para os Direitos Humanos”; “Violência Doméstica e a Dignidade da Pessoa Humana”. Não há informações detalhadas sobre os programas. A informação disponibilizada no SIGProj é divergente e não há como afirmar que os programas e projetos listados são vinculados ao Direito. Segundo o site consultado, na Universidade Federal de Viçosa (UFV) existem quatro projetos/programas de extensão no Direito, não sendo possível afirmar a vinculação à temática de Direitos Humanos. “Tutelando Conselhos – 2002”; “Themis: aluno cidadão”; “Projeto da Melhor Idade”; “Projeto Justiça para Todos”. A única informação disponibilizada em relação aos mesmos são os nomes dos coordenadores. Os programas ou projetos listados pelo SIGProj como vinculados aos Direitos Humanos, não coincidem com nenhum dos listados acima. A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), através de contato por correio eletrônico da Pró-Reitoria de Extensão, informou que existem dois projetos em andamento e vinculados ao curso de Direito. “Saiba seus Direitos” e “Bioética e Cidadania no Ensino Médio”. Não disponibilizou outras informações, não sendo possível afirmar a vinculação à temática de Direitos Humanos. Segundo o SIGProj não existem projetos/programas vinculados aos Direitos Humanos. De acordo com o portal virtual acessado para o levantamento referente à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), são vinte e oito (23) projetos e 171 cinco (05) programas na linha de Direitos Humanos vinculados à Faculdade de Direito. São eles: “Medidas de Segurança e Direitos Fundamentais dos Portadores de Sofrimento Mental”; “Cartilha: Acesso à Justiça do Trabalho e Formas de Resolução de Conflitos Trabalhistas”; “Orientação Jurídica de Pequena ou Média Complexidade”; “Capacitação de Oficiais Militares para a Atuação como Juízes na Justiça Militar Estadual”; “Núcleo Direito à Cidade”; “Núcleo de Geração de Trabalho e Renda”; “Os Efeitos do Vila Viva Serra na Condição Socioeconômica dos Moradores do Aglomerado”; “Arte e Cidadania no Jequitinhonha”; “Núcleo de Mediação e Cidadania”; “Centro de Estudos sobre o Brasil a Organização Mundial do Comércio”; “Vida e Morte no Trabalho - A Importância da Informação para o Acesso à Saúde”; “Sistematização e Compartilhamento de Documentação Jurídica: a Legimática e o Uso de Rede Social”; “O Eca na minha Escola”; “Projeto Casa Verde - Criminologia e Execução Penal”; “O Controle de Convencionalidade dos Atos Jurisdicionais em Matéria Processual Penal e Penal a partir das Normas da Convenção Interamericana de Direitos Humanos”; “Núcleo de Formação e Aperfeiçoamento para Operadores do Sistema Socioeducativo aos Adolescentes em Conflito com a Lei”; “Trupe a Torto e a Direito”; “Fortalecendo as Escolas na Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente na Região Metropolitana de Belo Horizonte”; “Assistência Jurídica e Judiciária”; “Regularização Fundiaria Sustentavel na Vila Acaba Mundo”; “Projeto de Atendimento Preferencial ao Idoso”; “Paideia Jurídica na Escola - Educação em Direitos Humanos-Fundamentais como Formação de uma Consciência Jurídica Cidadã”; “Núcleo de Direito Aplicado” (projetos); “Núcleo de Educação Integral”; “Programa Pólos de Cidadania”; “Programa de Extensão GEDI - Grupo de Estudos em Direito Internacional”; “Programa RECAJ - Resolução de Conflitos e Acesso à Justiça”; “Pontos em cidadania” (programas). Para ilustrar a desatualização e imprecisão do SIGProj, cumpre notar que em relação a UFMG, consta apenas um (01) projeto de extensão em Direitos Humanos no Direito. Por fim, o portal virtual da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) disponibiliza a informação de que existem sete (07) projetos e um (01) programa de extensão em Direitos Humanos no Direito. São eles: 172 “Assessoria Jurídica Comunitária”; “Direito da Criança e do Adolescente”; “Parceria entre o NDH-UFOP e o Pré-vestibular Comunitário Humanista”; “Parlamento Jovem”; “Incorporação Imobiliária: Uma análise de Mercado Imobiliário Ouropretano”; “Núcleo de Assistência Jurídica e Laboratório Jurídico (NAJOP)”; “Pacificar - Centro de Mediação e Cidadania da UFOP” (projetos). “Núcleo de Direitos Humanos da UFOP” (programa). Novamente, a informação disponibilizada pelo SIGProj é totalmente defasada. 173 ANEXO E – QUESTIONÁRIO NÚCLEO DE EXTENSÃO EM DIREITOS HUMANOS: Informações Pessoais: 1) Nome: 2) Instituição onde atua: 3) Tipo de vínculo: Informações Acadêmicas: 3) Graduação(curso/universidade): Início: Conclusão: Pós Graduação: - Mestrado (curso/universidade): Início: Conclusão: - Doutorado (curso/universidade): Início: Conclusão: -Pós-Doutorado (curso/universidade): Início: Conclusão: Informações sobre Extensão: 4) Programa de extensão em que atua: Data de entrada para o programa: Função no programa: (caso já tenha exercido mais de uma função, especifique) 5) Descreva brevemente a constituição do programa: histórico, faculdades que compõe o mesmo, atividades desenvolvidas, projetos executados, objetivos (e demais informações essenciais para a compreensão do programa). 6) Qual motivo a(o) levou a se envolver com a extensão universitária? Direitos Humanos e Extensão: 174 7) Descreva como você compreende o que são os direitos humanos. 8) Como você observa, no curso universitário (especificamente no que tange a graduação), a formação para os direitos humanos? 9) Como você definiria a forma de abordagem dos direitos humanos na graduação? É expositiva, conceitual ou crítica? Existem debates sobre questões atuais, polêmicas, temas controversos? 10) Qual a bibliografia trabalhada no curso sobre direitos humanos? 11) Na sua experiência na extensão universitária, como você compreende ser abordada a discussão sobre os direitos humanos? Há espaço para reflexões críticas, discussão de casos, revisão de percepções estabelecidas e tradicionais? Existe formação para os direitos humanos? 12) A partir das questões colocadas, como você avalia o impacto do programa de extensão na formação universitária dos alunos (graduação especificamente) no campo dos direitos humanos? 13) Na sua opinião, a experiência proporciona aos alunos de graduação um olhar diferenciado e uma atuação mais qualificada no campo dos direitos humanos? Explique. 14) Compreendendo a extensão como um espaço possível para a integração entre ensino, pesquisa e atividades de intervenção no campo dos direitos humanos, qual o impacto você identifica que a extensão possui para a formação na graduação? 15) Observações gerais: 175 ANEXO F – QUESTIONÁRIOS DIREITO NIAC/UFRJ: Graduação, Pós-Graduação e Professores. ALUNOS DE GRADUAÇÃO Informações Pessoais: 1) Nome: 2) Idade: 3) Local De Moradia: Bairro/Cidade Informações Acadêmicas: 3) Faculdade (curso): Início: Conclusão (ou previsão): 4) Outros Cursos realizados na área dos Direitos Humanos: 5) Outros Estagios/Extensão: 6) Outros trabalhos no campo dos direitos humanos, movimentos sociais, militância estudantil: Informações sobre Extensão: 7) Descreva como você compreende a extensão universitária. 8) Sobre o NIAC: Entrada: Saída (ou previsão): 9) Antes de procurar o NIAC, você conhecia outros programas de extensão? 10) Qual motivo a(o) levou a procurar o NIAC? 11) Qual atividade você exerce/exerceu no Núcleo (em quais projetos/atividades/pesquisas está/esteve inserida/o)? 12) Já participou de outros programas/projetos/atividades de extensão? Participa de alguma outra atividade/trabalho na área dos direitos humanos (mesmo que fora da universidade)? Direitos Humanos e Extensão: 13) Descreva como você compreende o que são os direitos humanos. 176 14) Durante o seu curso universitário como foi abordada a questão dos direitos humanos? Houve uma matéria específica (obrigatória ou eletiva)? Ou foi transversal a outras temáticas? 15) Como você definiria a forma de abordagem dos direitos humanos (caso tenha havido) no curso? Foi expositiva, conceitual ou crítica? Houve discussão sobre questões atuais, polemicas, temas controversos? 16) Qual a bibliografia trabalhada no curso sobre direitos humanos? 17) Durante sua experiência no NIAC, como é/foi abordada a discussão sobre os direitos humanos? Há/houve espaço para reflexões críticas, discussão de casos, revisão de percepções estabelecidas e tradicionais? Houve formação sobre a temática? 18) Em quais atividades relacionadas aos direitos humanos você está/esteve envolvida(o) no NIAC? Relate uma experiência marcante na sua atuação no NIAC. 19) Sua percepção/conceito/compreensão sobre os direitos humanos mudou durante a sua experiência no NIAC? Caso você tenha influencia de outros trabalhos na área do direitos humanos (dentro ou fora da universidade) explicite aqui. 20) A partir das questões colocadas, como você avalia o impacto do NIAC na sua formação universitária? Explicite o desenvolvimento de pesquisas ou trabalho de conclusão de curso que tenham sido influenciados pelo envolvimento com o NIAC. 21) A atuação no NIAC exerceu algum impacto/influência nas suas decisões/rumos profissionais e acadêmicos durante ou após sua saída do programa? 22) Observações Gerais: ALUNOS PÓS GRADUAÇÃO Informações Pessoais: 1) Nome: 2) Idade: 3) Local de moradia: bairro/região Informações Acadêmicas: 3) Graduação(curso/universidade) Início: Conclusão (ou previsão): 177 Outros estágios: Pós Graduação: Mestrado (curso/universidade): Início: Conclusão (ou previsão): Doutorado (curso/universidade): Início: Conclusão (ou previsão): 4) Outros Cursos realizados na área dos Direitos Humanos: 5) Outros trabalhos no campo dos direitos humanos, movimentos sociais, militância estudantil: Informações sobre Extensão: 5) Descreva como você compreende a extensão universitária. 6) Sobre o NIAC: (caso você tenha atuado no NIAC tanto na graduação quanto na pós graduação, por favor identifique de forma especifica os períodos). Entrada: Saída (ou previsão): 7) Antes de procurar o NIAC, você conhecia outros programas de extensão? Estava familiarizado com o conceito e os objetivos da extensão universitária? 8) Qual motivo a(o) levou a procurar o NIAC? 9) Qual atividade você exerce/exerceu no Núcleo (em quais projetos/atividades/pesquisas está/esteve inserida/o)? 10) Já participou de outros programas/projetos/atividades de extensão? Participa de alguma outra atividade/trabalho na área dos direitos humanos (mesmo que fora da universidade)? Direitos Humanos e Extensão: 11) Descreva como você compreende o que são os direitos humanos. Nas próximas perguntas, identifique especificamente o que foi abordado na graduação e na pós graduação (mestrado ou doutorado). 178 12) Durante o seu curso universitário como foi abordada a questão dos direitos humanos? Houve uma matéria específica (obrigatória ou eletiva)? Ou foi transversal a outras temáticas? 13) Como você definiria a forma de abordagem dos direitos humanos (caso tenha havido) no curso? Foi expositiva, conceitual ou crítica? Houve discussão sobre questões atuais, polemicas, temas controversos? 14) Qual a bibliografia trabalhada no curso sobre direitos humanos? Caso você tenha atuado no NIAC tanto na graduação quanto na pós graduação, responda as próximas perguntas especificando os períodos/atividades. 15) Durante sua experiência no NIAC, como é/foi abordada a discussão sobre os direitos humanos? Há/houve espaço para reflexões críticas, discussão de casos, revisão de percepções estabelecidas e tradicionais? Houve formação sobre a temática? 16) Em quais atividades relacionadas aos direitos humanos você está/esteve envolvida(o)? Relate uma experiência marcante na sua atuação no NIAC. 17) Sua percepção/conceito/percepção sobre os direitos humanos mudou durante a sua experiência no NIAC? Caso você tenha influencia de outros trabalhos na área do direitos humanos (dentro ou fora da universidade) explicite aqui. 18) A partir das questões colocadas, como você avalia o impacto do NIAC na sua formação universitária? Explicite o desenvolvimento de pesquisas ou trabalho de conclusão de curso que tenham sido influenciados pelo envolvimento com o NIAC. 19)A experiência no NIAC fez você rever sua formação em direitos humanos vivenciada durante a graduação? Qual o impacto você identifica que a extensão possui para a formação na graduação e na pós graduação? 20) A atuação no NIAC exerceu algum impacto/influência nas suas decisões/rumos profissionais e acadêmicos durante ou após sua saída do programa? 21) Observações gerais: PROFESSORES Informações Pessoais: 1) Nome: 2) Vinculação à UFRJ: Informações Acadêmicas: 179 3) Graduação(curso/universidade): Início: Conclusão: Pós Graduação: Mestrado (curso/universidade): Início: Conclusão: Doutorado (curso/universidade): Início: Conclusão: Pós-Doutorado (curso/universidade): Início: Conclusão: 4) Outros cursos realizados na área dos Direitos Humanos: Informações sobre Extensão: 5) Descreva como você compreende a extensão universitária. 6) Sobre o NIAC: Função: Entrada: Saída (ou previsão): 8) Qual motivo a(o) levou a entrar no NIAC? 9) No âmbito da sua função no Núcleo, quais atividades (em quais projetos está inserida (o)) você exerce? 10) Já participou de outros programas/projetos/atividades de extensão? Participa de alguma outra atividade/trabalho na área dos direitos humanos (mesmo que fora da universidade)? Direitos Humanos e Extensão: 11) Descreva como você compreende o que são os direitos humanos. 180 12) Como você observa, no curso universitário onde atua (especificamente no que tange a graduação), a formação para os direitos humanos? Existe uma matéria específica (obrigatória ou eletiva)? Ou é transversal a outras temáticas? 13) Como você definiria a forma de abordagem dos direitos humanos na graduação? É expositiva, conceitual ou crítica? Existem debates sobre questões atuais, polêmicas, temas controversos? 14) Qual a bibliografia trabalhada no curso sobre direitos humanos? 15) Na sua experiência no NIAC, como você compreende é abordada a discussão sobre os direitos humanos? Há espaço para reflexões críticas, discussão de casos, revisão de percepções estabelecidas e tradicionais? Houve formação sobre a temática? 16) Em quais atividades relacionadas aos direitos humanos você esteve envolvida(o)? Relate uma experiência marcante na sua atuação no NIAC. 17) Sua percepção/conceito sobre os direitos humanos mudou durante a sua experiência no NIAC? Caso você tenha influencia de outros trabalhos na área do direitos humanos (dentro ou fora da universidade) explicite aqui. 18) A partir das questões colocadas, como você avalia o impacto do NIAC na formação universitária dos alunos (graduação especificamente) no campo dos direitos humanos? 19) Na sua opinião, a experiência no NIAC proporciona aos alunos de graduação um olhar diferenciado e uma atuação mais qualificada no campo dos direitos humanos? Explique? 20) Qual o impacto você identifica que a extensão possui para a formação na graduação e na pós graduação? 21) Observações gerais: 181 ANEXO G – ROTEIRO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS NIAC/UFRJ LEVANTAMENTO DE DADOS DO NIAC: Sobre a construção inicial do NIAC: Data da Fundação: Quem foram os fundadores: Como era a estrutura inicial: -Faculdades envolvidas -Quantos professores -Quantos alunos – pós e graduação -Forma de financiamento /quantas bolsas Quais as principais mudanças estruturais e metodológicas aconteceram: Como foi e está inserida a faculdade de arquitetura no NIAC: Quais eram as atividades/projetos que existiam quando o NIAC começou suas atividades? Como o NIAC está inserido na estrutura da UFRJ? Histórico Institucional: Quantos professores de cada faculdade já estiveram envolvidos? Quantos alunos de cada faculdade já estiverem envolvidos: -Pós-graduação -Graduação Quantos desses alunos foram bolsistas e quantos foram voluntários? Quais as instituições financiadoras do NIAC (para a estrutura e para as bolsas do alunos que atuam no escritório). Quais projetos já foram desenvolvidos? Quais as formas de financiamento? -Quantas pessoas e quais as funções exercidas estiveram envolvidas nesses projetos – relacionar com cada faculdade integrante do NIAC: -Quantos professores e quais as funções exercidas estiveram envolvidos nesses projetos – relacionar com cada faculdade integrante do NIAC: Situação Atual: Qual a configuração atual? 182 -Quantos alunos de pós-graduação e suas funções (especificar por faculdade) -Quantos alunos de graduação e suas funções (especificar por faculdade) -Quantos professores e suas funções (especificar por faculdade) -Quantos profissionais e suas funções (especificar por faculdade) -Quantos são bolsistas e quantos são voluntarios (especificar por faculdade) Qual o vinculo dos alunos (a idéia é entender pq eles estão no NIAC – se é estagio obrigatorio, vontade própria, cumprimento de hora). Não é precisso falar com os alunos, apenas detalhar se a faculdade obriga ou se o aluno demonstra o interesse. Qual o vinculo dos professores(está dentro da carga horária ou é voluntário? Tem professor que é designado especificamente pra tuar no NIAC ou depende do interesse?) Quais as atuais instituições financiadoras? Quais os projetos/atividades extras alem do escritório são desenvolvidas hoje? quais os financiadores? Quantos casos foram atendidos até hoje? Quantos trabalhos foram apresentados, fruto de pesquisas sobre o NIAC, em JIC e CONEX? (especificar de qual faculdade – seso, psicologia, direito ou arquitetura, ou interdisciplinar) E em outros seminários, congressos etc. (especificar de qual faculdade – seso, psicologia, direito ou arquitetura, ou interdisciplinar – por alunos ou professores) Quantos artigos feito por alunos ou professores já foram publicados sobre o NIAC?(especificar de qual faculdade – seso, psicologia, direito ou arquitetura, ou interdisciplinar) Quantos trabalhos de conclusão de curso já foram feitos sobre o NIAC? (especificar de qual faculdade – seso, psicologia, direito ou arquitetura) Quantos grupos de pesquisa relacionados (formados por alunos/professores) ao NIAC existem no Cnpq? Como funcionam as seguintes atividades no NIAC? -Espaços de Planejamento -Espaços de Formação -Espaços de discussão de casos Existem documentos de referencia sobre o NIAC? Quais são? Qual são os fundamentos teóricos, éticos e políticos que norteiam a atuação do NIAC? 183 ANEXO H – RESULTADOS DO LEVANTAMENTO Data da Fundação: Programa começou a ser pensado em abril de 2006. Mas o “espaço físico” (escritório) inaugurado apenas em Julho de 2007. Quem foram os fundadores: Laura Tavares – Pró-Reitora da Pró Reitoria de Extensão (PR-5); Miriam Guindani – Profª da Escola de Serviço Social (ESS/UFRJ); Sylvio Ricart – Prof. Faculdade Nacional de Direito (FND); Marcos Silva – Prof. FND; Cristina Wigg – Profª do Instituto de Psicologia (IP); Pedro Bicalho – Prof. IP Como era a estrutura inicial: Faculdades envolvidas – ESS, FND, IP e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU); Quantos professores – 6 (seis); Quantos alunos – pós e graduação – Apenas 7 (sete) alunos de graduação; Forma de financiamento /quantas bolsas – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES) – Petrobrás: 7 bolsas Quais as principais mudanças estruturais e metodológicas aconteceram: Mudanças na Coordenação do Programa: 1ª Coordenadora – Miriam Guindani (SeSo) 2º Coordenador – Marcos Silva (Direito) 3º Coordenador – Pedro Bicalho (Psi) 4º Coordenador – Sylvio Ricart (Direito) 5º Coordenação colegiada (Arquitetura, Direito, Psi e SeSo) 6º Coordenador – Pedro Bicalho (Psi) *Projeto Psicologia: Desligamento do Programa Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão em Avaliação, Diagnóstico e Intervenção Psicológica (PROIPADI) em 2008, “por incompatibilidade entre a proposta política do NIAC com a posição epistemológica dos professores que compunham tal Programa”, segundo o coordenador da Psi. *Metodologia: Atualmente vem se desenvolvendo um esforço no sentido de rever a metodologia do atendimento em trio no Escritório da Cidadania, que passaria a ser feita apenas em dupla e o Serviço Social faria uma entrevista social. Após o relato do atendimento, haveria, diariamente uma discussão coletiva dos atendimentos, com os demais estagiários e supervisores presentes no dia. 184 *Projeto Reprodução Sócio-Territorial na Maré – Projeto que ocorre aos sábados sob a coordenação da Professora Gabriela, da ESS-UFRJ em parceria com o NIAC desde 2008/2. No entanto, não era um projeto do NIAC e passa a ser somente neste ano de 2011 a partir de articulações feitas pelo Charles Pessanha (professor do SeSo), que elaborou um projeto Cenpes para essa atividade. A bolsista de pós-graduação Larissa sempre fez parte desse projeto, cedida pelo NIAC, para supervisionar os alunos do projeto da Gabriela. Alguns bolsistas do Direito do NIAC (pós e graduação), bem como a profª Cristiane também atuavam junto a este projeto. Como foi e está inserida a faculdade de arquitetura no NIAC: A arquitetura possui um Projeto integrado ao NIAC (Projeto Assessoria em Arquitetura e Urbanismo em comunidades populares – Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo), que atende a demandas coletivas encaminhadas pelo Escritório da Cidadania (EC). Não participa dos primeiros atendimentos no escritório (acolhimentos/triagem), como as demais áreas. Conta com uma equipe composta por um professor coordenador e alunos bolsistas (graduação e pós-graduação) que desenvolvem projetos urbanos voltados a espaços ou edificações de caráter coletivo, em atendimento à demanda por Associações de Moradores e outros interessados. Estes atendimentos costumam acontecer de forma interdisciplinar, quando da necessidade de visita ao local onde o projeto será implementado, por exemplo. Quais eram as atividades/projetos que existiam quando o NIAC começou suas atividades? Projeto Escritório Arquitetura; Projeto Maré – Escritório Modelo Direito; Projeto Psicologia – PROIPADI (Programa de Intervenção, Avaliação e Diagnóstico em Psicologia): dividia-se em 2 projetos: Psicoterapia e Avaliação Neuropsicológica; Projeto Promoção do Acesso à Justiça - Grupo de Criminologia Critica Aplicada e PROIPADI; Projeto Promoção do Acesso à Justiça e Redes de Prevenção da Violência - Grupo de Criminologia Critica Aplicada e Núcleo de Pesquisa Associações Solidariedades e Política (NASP) Projeto “Psicologia e Justiça: construção de novos processos” (existe até hoje e nada mais é do que a Psicologia do Escritório, portanto é composto por toda a equipe de Psicologia que integra o Escritório, entre o coordenador, supervisores e estagiários). Como o NIAC está inserido na estrutura da UFRJ? 185 O NIAC é um programa de extensão da UFRJ situado na Divisão de Integração Universidade Comunidade (DIUC), que integra a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade (PR-5). Quantos professores de cada faculdade já estiveram envolvidos? Faculdade FAU FND IP ESS Total (preliminar) Número de Professores 3 15 5 5 30 Quantos alunos de cada faculdade já estiveram envolvidos: Pós-graduação Faculdade FAU FND IP ESS Total (preliminar) Número de Professores 2 9 7 8 26 Faculdade FAU FND IP ESS Total (preliminar) Número de Professores 10 52 27 48 134 Graduação Quantos desses alunos foram bolsistas e quantos foram voluntários? Faculdade FAU FND IP ESS Total (preliminar) Bolsistas 2 44 34 36 113 Voluntários 0 1 0 8 9 186 Quais as instituições financiadoras do NIAC (para a estrutura e para as bolsas do alunos que atuam no escritório). O NIAC conta com uma estrutura física, inaugurada em 2007, localizada na DIUC. Tal estrutura foi financiada não só com recursos da própria UFRJ, quanto da Petrobrás (via Cenpes). Nos períodos de renovação dos projetos CENPES e PIBEX, também é feito um planejamento no sentido de se adquirir livros e material de consumo, por exemplo. A mesma previsão ocorre quando o NIAC implementa projetos através de outros financiadores, como Ministério da Justiça, SEDH, entre outros. Nestes casos, a depender da verba, também é possível adquirir computadores, por exemplo, como no caso Balcão/Pacificar, em que foi possível adquirir novos computadores e um notebook. Com relação às bolsas: Atualmente: CENPES – Petrobrás; Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX / UFRJ); Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/UFRJ); Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; Ministério da Justiça: Financiamento dos Projetos Pacificar e Curso de Especialização em Segurança Pública; Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH): financiamento do Projeto Revisão do Plano Estadual de Direitos Humanos (PEDH/RJ); Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos – COPPETEC; Secretaria de Direitos Humanos (SEDH): Financiamento do Projeto Balcão de Direitos e Núcleo de Educação em DH; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Quais projetos (além do escritório) já foram desenvolvidos? Quais as formas de financiamento? Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão de Educação de Direitos Humanos – Financiamento: SEDH; Revisão do PEDH/RJ – Financiamento: SEASDH; Pacificar – Financiamento: Ministério da Justiça; Balcão – Financiamento: SEDH; Curso de Especialização em Seg. Pública, Cultura e Cidadania (2 edições) – Financiamento: Ministério da Justiça; Reprodução Sócio-Territorial na Maré – Financiamento: Cenpes; Projeto Assessoria em Arquitetura e Urbanismo em comunidades populares – Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo – FAU/UFRJ – Financiamento: verificar; Os Direitos da Cidadania e Promoção do Acesso à Justiça – Fórum de Criminologia Crítica Aplicada – Financiamento: verificar; 187 Projeto Os Direitos da Cidadania e Promoção do Acesso à Justiça – Financiamento: verificar. "Psicologia e Justiça: Construção de outros processos" (Extensão) – Cenpes; "Subjetividade e Processos de Criminalização" (Pesquisa) - Capes, CNPq, CNPq/PIBIC; "Construindo um processo de escolhas mesmo quando escolher não é um verbo disponível" - (Extensão) - Faperj, PIBEX; "Oficinas de Leitura e Escrita: a Aprendizagem da Língua Escrita e suas Dificuldades" – PIBEX; PROIPADI (Programa de Intervenção, Avaliação e Diagnóstico em Psicologia) - Cenpes, PIBEX. Quantas pessoas e quais as funções exercidas estiveram envolvidas nesses projetos Escritório da Cidadania35: Faculdade Professores FND ESS IP FAU Total (preliminar) 12 2 1 3 3 Alunos Graduação 47 44 24 10 Alunos PósGraduação 2 8 10 2 4 Total Geral (preliminar) 61 54 35 15 165 Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão de Educação de Direitos Humanos: Faculdade Coordenação Geral 0 1 1 Pesquisadores de Pós-Graduação 2 1 3 Função ES S IP FN D Coordenação Geral 2 0 0 Faculdade de Medicina 0 FND ESS Total (preliminar) Estagiários Monitores 1 3 4 Total Geral (preliminar) 8 Revisão do PEDH: 35 Faculdade de Educação 0 Extern o Total Geral (preliminar) 0 Com relação a este projeto, não foi considerada a função de coordenação, já que esta se alternou entre diferentes professores diversas vezes ao longo da existência do programa. 188 Coordenação de Grupo Temático Coordenação de Pesquisa Coordenação de mobilização Supervisão de Mobilização Facilitadores Bolsista de Pesquisa/Documentação Especialistas em áreas temáticas Editor e Revisor de Texto Monitoria de Apoio administrativo Monitoria de Manutenção de Site Total (preliminar) 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 0 2 0 4 2 0 0 0 0 0 0 3 2 2 1 1 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 9 5 7 1 1 2 ES S 1 0 IP PR-5 0 0 FN D 1 0 1 1 4 0 2 0 4 0 4 1 9 1 ES S 1 1 1 IP PR-5 Externo 0 0 0 FN D 1 1 1 1 0 0 0 0 0 3 0 2 0 0 Pacificar: Função Coordenação Coordenação Núcleo Formação Bolsista de Pesquisa Pós Bolsista de Pesquisa Graduação Total (preliminar) Total Geral (preliminar) 0 1 15 Balcão: Função Coordenação Geral Supervisão de Área Supervisão de núcleo sócio-jurídico e serviços itinerantes Monitoria Sênior Total Geral (preliminar) 29 189 Monitoria Junior Monitoria Junior Supervisão pedagógica Total (preliminar) 0 2 0 8 0 0 0 0 12 0 0 17 0 0 0 1 0 0 1 1 27 Curso de Especialização em Seg. Pública, Cultura e Cidadania (1ª edição) Função Coordenação Geral Apoio Pedagógico e Administrativo Total (preliminar) ES S 1 1 IP Total Geral (preliminar) 0 0 FN D 1 0 2 0 1 3 Curso de Especialização em Seg. Pública, Cultura e Cidadania (2ª edição) Função Coordenação Professores Banca de Seleção Serviço de Apoio Didático e Logístico Serviço de Apoio Administrativo Serviço de Apoio Didático e Monitoria Professores Orientadores Total (preliminar) ES S 4 IP 1 ES S 0 2 IP PR-5 0 1 FN D 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 3 1 3 1 8 0 17 1 Total Geral (preliminar) 1 1 27 Professores (ESPECSEG): FN D 13 PR-5 IFCS 4 Externo 2 11 Total Geral (preliminar) 35 Serviço Social (Reprodução sócio-territorial na Maré) Função Coordenação ES S 1 FN D 0 FAU 0 Total Geral (preliminar) 190 Supervisão de Estágio (só p/ SeSo), Pesquisa e Extensão Estagiários (que tb são pesquisadores e extensionistas) Total (preliminar) 1 0 0 5 1 1 7 1 1 9 PROIPADI Função IP Coordenação e Supervisão da equipe de avaliação neuropsicológica Supervisão da equipe de Psicoterapia Estagiários Total 1 Total Geral (preliminar) 1 5 7 7 Psicologia e Justiça: Construção de outros processos Faculdade Professores IP 1 Alunos Graduação 24 Alunos PósGraduação 10 Total Geral 35 Projeto Assessoria em Arquitetura e Urbanismo em comunidades populares – Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo – FAU/UFRJ Não foi possível coletar informações detalhadas. Os Direitos da Cidadania e Promoção do Acesso à Justiça – Fórum de Criminologia Crítica Aplicada Não foi possível coletar informações detalhadas. Quantos professores e quais as funções exercidas estiveram envolvidos nesses projetos – relacionar com cada faculdade integrante do NIAC: Escritório da Cidadania: 191 Faculdade FND ESS IP FAU Total (preliminar) Professores 12 2 1 3 18 Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão de Educação de Direitos Humanos: Função ES S 1 1 Coordenação Total Total Geral 1 Revisão do PEDH: Função ES S IP FN D Faculdade de Educação 0 0 Extern o 0 0 Faculdade de Medicina 0 0 Coordenação Geral Coordenação de Grupo Temático Coordenação de Pesquisa Coordenação de mobilização Especialistas em áreas temáticas Total (preliminar) 2 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 3 2 2 1 1 1 6 3 3 1 1 1 Pacificar: Ana Inês – Super. Acadêmica de Extensão (Coordenadora Núcleo formação) Juliana – prof. Direito (Coordenadora) Miriam – prof SeSo (Coordenadora) Total: 03 envolvidos Balcão: Função ES S IP FN D PR-5 Total Geral (preliminar) Total Geral (preliminar) 0 0 15 192 1 1 Coordenação Geral Total (preliminar) 0 0 1 1 1 1 3 Curso de Especialização em Seg. Pública, Cultura e Cidadania (1ª edição) Função ES S 1 1 Coordenação Geral Total (preliminar) FN D 1 1 Total Geral (preliminar) 2 Curso de Especialização em Seg. Pública, Cultura e Cidadania (2ª edição) Função Coordenação Professores Banca de Seleção Professores Orientadores Total (preliminar) ES S 4 ES S 0 2 IP PR-5 0 1 FN D 1 1 3 1 3 1 5 2 5 3 Total Geral (preliminar) 1 1 15 Professores (ESPECSEG)36: IP 1 FN D 13 PR-5 IFCS 4 Externo 2 11 Total Geral (preliminar) 35 Serviço Social (Reprodução Sócio-Territorial na Maré) Profª Gabriela (SeSo) - Coordenadora Total: 1 envolvido PROIPADI 36 Função IP Coordenação e Supervisão da equipe de avaliação neuropsicológica Supervisão da equipe de 1 Idem à nota nº 4. 1 Total Geral (preliminar) 193 Psicoterapia Total 2 2 Projeto Assessoria em Arquitetura e Urbanismo em comunidades populares – Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo – FAU/UFRJ Ubiratan – prof. FAU (coordenador). Não foi possível coletar outras informações. Os Direitos da Cidadania e Promoção do Acesso à Justiça – Fórum de Criminologia Crítica Aplicada Não foi possível coletar informações detalhadas. Situação Atual: Qual a configuração atual? Quantos alunos de pós-graduação e suas funções Arquitetura – o coordenador não respondeu à pesquisa; Direito – André Luiz Conrado Mendes – supervisor Escritório da Cidadania(EC) e pesquisador; Miguel Mesquita Fernandes – pesquisador NEDH; Noelle Coelho Resende – pesquisadora NEDH e assessoria técnica Revisão PEDH Psicologia – André Barroso Bento- supervisor de extensão e pesquisa; Bruno Giovanni de Paula Pereira Rossotti- supervisor de extensão e pesquisa; João Carlos Pivatto Lipke – supervisor de extensão e pesquisa; Kely Cristina Magalhães – supervisor de extensão e pesquisa Serviço Social – Fernanda Carneiro Soares – supervisora EC e pesquisadora Fernanda Kidulff – supervisora EC e pesquisadora Gisele Ribeiro Martins – supervisora EC, pesquisadora, apoio ESPECSEG e revisão PEDH Larissa Costa Murad – supervisora no Projeto de Reprodução Sócio-Territorial na Maré Paula Kapp Amorim – supervisora EC, pesquisadora e monitora ESPECSEG Quantos alunos de graduação e suas funções Arquitetura – Não foi possível coletar outras informações; Direito – Caroline Rocha dos Santos – estagiária EC e pesquisadora Eduardo Castelo Branco e Silva – estagiário interino EC e pesquisador Leandro Mattos Santana – estagiário EC Pâmela Chagas Feliciano – pesquisadora NEDH 194 Paulo José Gurjão –pesquisador Pedro Castello Branco Costa – estagiário EC Vinícius Fonseca – estagiário EC Total: 7 alunos Psicologia – Aline Pissinatti – estagiária EC e pesquisadora Ana Carolina Gomes Perez – estagiária EC e pesquisadora Ana Marcela da Silva Terra - estagiária EC, 52ª DP e pesquisadora Camila de Carvalho Machado – estagiária EC e pesquisadora Fernanda - estagiária EC Flávio Rangel - estagiário EC Laisa Reis – estagiária EC Marina Leorne – estagiária EC Tamara Albu – estagiária EC e pesquisadora Shanti – estagiária EC Total: 10 alunos Serviço Social – Ana Beatriz Martins Costa – estagiária EC e pesquisadora Elisabete Rodrigues da Costa – estagiária EC Fernanda Aguiar Gervásio de Oliveira – estagiária EC e pesquisadora Gizele Marques – estagiária EC e pesquisadora Luiza Santos – estagiária EC, apoio gestão Charles e pesquisadora Maíra Bastos – estagiária EC Marianna Souza – estagiária EC e pesquisadora Nathália Amarante – estagiária EC e pesquisadora NEDH Nívia Katica Melo e Silva – estagiária EC e pesquisadora NEDH Rachel de Souza da Costa e Oliveira – Apoio gestão NEDH Miriam e pesquisadora NEDH Wanderson Carneiro Magalhães – estagiário EC Mais 03 alunos (não foi possível coletar os nomes) Total: 14 alunos Total Geral (preliminar): 31 alunos Quantos professores e suas funções (especificar por faculdade) Arquitetura – 1 professor coordenador Direito – Cristiane Catarina Fagundes de Oliveira – supervisora; Ivan Simões Garcia – supervisor e coordenador; Rogério Barros Sganzerla – supervisor. Total: 3 professores (informação preliminar) Psicologia – Pedro Bicalho – coordenador; Jane Correa - coordenadora do projeto "Oficinas de Leitura e Escrita: a Aprendizagem da Língua Escrita e suas Dificuldades". Total: 2 professores 195 Serviço Social – Miriam Guindani – coordenadora de pesquisa; Charles – coordenador; Gabriela – coordenadora do projeto “Reprodução Sócio-Territorial na Maré”. Total: 3 professores Total Geral (preliminar): 8 professores Quantos profissionais e suas funções (especificar por faculdade) Serviço Social: Aline (Assistente Social supervisora de estágio e apoio logístico e administrativo (ESPECSEG). Quantos são bolsistas e quantos são voluntários (especificar por faculdade) Arquitetura - aguardando retorno coordenador; Direito – 9 bolsistas / 1 voluntário Psicologia – 14 bolsistas Serviço Social – 15 bolsistas Total: 37 bolsistas / 2 voluntários Qual o vínculo dos alunos Arquitetura – Não houve retorno do coordenador; Direito - a experiência no NIAC conta como estágio obrigatório. Trata-se de estágio curricular reconhecido pelo Escritório Modelo da UFRJ. Entretanto, os alunos podem vincular-se também apenas como extensionistas ou pesquisadores, caso já tenham concluído o estágio obrigatório ou já o realizam em outra instituição. Serviço Social – a experiência no NIAC conta como estágio obrigatório. Sendo assim, aqueles alunos que estejam vinculados desta forma, precisam cumprir uma carga horária semanal, de no mínimo 8h e ter o acompanhamento do assistente social supervisor. Entretanto, os alunos podem vincular-se também apenas como extensionistas ou pesquisadores, caso já tenham concluído o estágio obrigatório ou já o realizam em outra instituição. Psicologia – a experiência no NIAC não conta como estágio obrigatório. Os alunos participam por vontade própria das atividades de extensão e pesquisa. Qual o vínculo dos professores (está dentro da carga horária ou é voluntário? Tem professor que é designado especificamente pra atuar no NIAC ou depende do interesse?) Arquitetura – o coordenador não respondeu à pesquisa. Direito – Os professores de prática jurídica atuam no NIAC voluntariamente, exceto o coordenador que precisa comprometer-se com uma carga horária e recebe uma bolsa. Os demais professores não têm a carga horária reduzida por atuarem no NIAC. 196 Psicologia – Dentro da carga horária que se refere às atividades de coordenação e participação em atividades de extensão e pesquisa. A participação de professores no NIAC depende unicamente do interesse do professor e da compatibilidade de seu projeto com a proposta do Programa NIAC. Serviço Social – O professor necessita cumprir determinada carga horária em atividades de pesquisa e extensão. Não ocorre designação de professor e a participação no NIAC, por exemplo, está condicionada ao interesse do professor. Quais as atuais instituições financiadoras? Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) – Petrobrás; Programa Institucional de Bolsas de Extensão – PIBEX (UFRJ); Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC (UFRJ); Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; Ministério da Justiça (Projetos Pacificar e Curso de Especialização); Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos – SEASDH (Revisão do PEDH); Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos - COPPETEC Secretaria de Direitos Humanos –NEDH; Quais os projetos/atividades extras além do escritório são desenvolvidas hoje? quais os financiadores? Projeto Revisão PEDH: SEASDH Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão de Educação de Direitos Humanos: SEDH ESPECSEG: Ministério da Justiça Projeto Assessoria em Arquitetura e Urbanismo em comunidades populares – Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo – FAU/UFRJ. Não houve retorno sobre orçamento. Serviço Social (Reprodução Sócio-Territorial na Maré): CENPES "Psicologia e Justiça: Construção de outros processos" (Extensão) – Cenpes; 197 "Construindo um processo de escolhas mesmo quando escolher não é um verbo disponível" - (Extensão) - Faperj, PIBEX; Quantos casos foram atendidos até hoje? 1ºs atendimentos: 842 (até 01.03.11) Acompanhamentos registrados: 659 Quantos trabalhos foram apresentados, fruto de pesquisas sobre o NIAC, em JIC e CONEX? (especificar de qual faculdade – seso, psicologia, direito ou arquitetura, ou interdisciplinar) JIC: Arquitetura Direito Psicologia Serviço Social Direito e Serviço Social Direito, Psicologia e Serviço Social Total 0 0 10 13 8 1 32 CONEX: Arquitetura Direito Psicologia Serviço Social Direito e Serviço Social Psicologia e Serviço Social Direito, Psicologia e Serviço Social Total 4 5 11 15 10 2 6 53 TOTAL GERAL: 85 trabalhos apresentados. E em outros seminários, congressos etc. II Seminário Internacional Direitos Humanos Violência e Pobreza, 2008 (RJ) Direito Total 1 1 IV CONGRESSO BRASILEIRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2009, Dourados: Psicologia Serviço Social 1 1 198 Direito e Serviço Social Total 1 3 III Seminário Científico Teoria Política do Socialismo - Gyorgy Lukacs e a Emancipação Humana, 2009 (Marília/SP) Direito e Serviço Social37 Total 1 1 XII Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR), Belém. Integração Sulamericana, fronteiras e desenvolvimento urbano e regional, 2007. Arquitetura Total 1 1 X Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2008, Recife. Arquitetura Total 1 1 Diálogos entre Direito e Antropologia: primeiras aproximações interdisciplinares, 2009, Paraná. Direito Total 1 1 I Encontro Estadual dos Serviços de Psicologia das Instituições de Ensino Superior de Santa Catarina: possibilidades, limites e desafios. Florianópolis, 2009 Psicologia Total 2 2 XXI Encontro Regional de Estudantes de Direito e Encontro Regional de, 2008, Crato CE. Direito Total 1 1 XIV Encontro Nacional da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), 2007 Psicologia Total 37 Trabalho apresentado apenas por alunos. 1 1 199 XV Encontro Nacional da ABRAPSO, Maceió (2009) Psicologia Total 7 7 IX Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional (2009) Psicologia Total 1 1 V Congresso Norte Nordeste de Psicologia, 2007, Maceió. Psicologia Total 4 4 VI Congresso Norte-Nordeste de Psicologia, 2009, Belém. Psicologia Total 1 1 II Congresso Latinoamericano de Antropologia; Simpósio 29, 2008, San Jose. Arquitetura Total 1 1 XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS, 2010. Serviço Social Total 1 1 XIII Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social - ENPESS, 2010 Serviço Social Total 1 1 XI Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social - ENPESS, 2008, São Luiz MA. Serviço Social Total 1 1 II Seminário Regional de Estágio e Extensão: a prática profissional dos assistentes sociais vinculados às experiências de estágio e extensão, 2010, Niterói. (2010) Serviço Social Total 2 2 200 TOTAL GERAL: 31 trabalhos apresentados. Quantos artigos feitos por alunos ou professores já foram publicados sobre o NIAC? Arquitetura Direito Psicologia Total 1 1 2 4 Quantos trabalhos de conclusão de curso já foram feitos sobre o NIAC? Direito Psicologia Serviço Social Total 3 2 3 8 Quantos grupos de pesquisa relacionados (formados por alunos/professores) ao NIAC existem no CNPq? Apenas 01: Núcleo de Pesquisa sobre Políticas de Prevenção da Violência e Acesso à Justiça Como funcionam as seguintes atividades no NIAC? Espaços de Planejamento Espaços de Formação Espaços de discussão de casos É possível dar uma única resposta acerca dos três pontos, já que todos funcionam da mesma forma. Não há um planejamento/organização destes espaços, que acontecem conforme a necessidade/interesse dos envolvidos. Eventualmente ocorrem esforços no sentido de criar agendas para a realização destes encontros, mas que ainda não se institucionalizaram. Existem documentos de referência sobre o NIAC? Quais são? É possível citar a Cartilha “Nossos Direitos de Todos”, de 2008, que socializa os serviços existentes no bairro da Maré e adjacências e a página virtual do Programa (http://www.pr5.ufrj.br/niac/institucional.html). Além disso, há outros documentos, tais como aqueles referentes aos projetos implementados pelo NIAC que dão conta de significativas informações acerca do programa. São eles: Projeto Escritório Interdisciplinar de Ações para Cidadania: Formas Alternativas de Resolução de Conflitos (Pacificar); Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo – EP FAU – NIAC/Maré; 201 Os Direitos da Cidadania e Promoção do Acesso à Justiça – Núcleo Interdisciplinar de Ações para Cidadania NIAC; Os Direitos da Cidadania e Promoção do Acesso à Justiça – Fórum de Criminologia Crítica Aplicada - NIAC; Balcão de Direitos: Ações Interdisciplinares e Itinerantes de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos; Psicologia e Justiça: construção de outros processos Levantamento Produções Acadêmicas: - Monografias - 2010 Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania: a importância da extensão no processo de formação profissional. Autora: Gisele Ribeiro Martins Graduação em: Serviço Social Orientador: Miriam Krenzinger Azambuja Guindani. Assegurados dos Direitos: por uma cartografia do cárcere. Autores: Bruno Giovanni de Paula Pereira Rossotti; Anna Thereza Campos Graduação em: Psicologia Orientador: Pedro Paulo Gastalho de Bicalho. Desafios para construção de uma nova práxis extensionista na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Autora: Amanda Alves de Souza Graduação em: Direito Orientador: Marilson Santana. Possibilidades e limites para o desenvolvimento das dimensões da formação e prática profissional do Serviço Social no Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania (NIAC) Autor: Pablo Landes Graduação em: Serviço Social Orientadora: Miriam Guindani - 2009 Produção de Infâncias na Escola: Um estudo de demandas endereçadas ao Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania. 202 Autora: Kely Cristina Magalhães. Graduação em: Psicologia Orientador: Pedro Paulo Gastalho de Bicalho. Acesso à justiça via assessoria jurídica popular: a experiência do NIAC. Autora: Ludmila Ribeiro Paiva Graduação em: Direito Orientador: Luiz Eduardo de Vasconcellos Figueira. QUARTZOLIT: A FÁBRICA QUE VIROU MORADIA UM ESTUDO DE CASO DA OCUPAÇÃO NO COMPLEXO DA MARÉ. Autora: Natália Cardoso de Azevedo Graduação em: Serviço Social Orientador: Gabriela Maria Lema Icasuriaga. -2008 Prática Jurídica Interdisciplinar: o Saber Além das Fronteiras. Autor: Luiz Eduardo Chauvet Graduação em: Direito Orientador: Luiz Eduardo de Vasconcellos Figueira. - Capítulos de Livros Publicados Psicologia: CURI, T.V.; BICALHO, P.P.G. Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania: A Busca por Possibilidades de Encontros. In: FERNANDES, F.L. (Org.) Redes de Valorização da Vida, p. 111-127 (ISBN 9788598881058). Rio de Janeiro: Observatório de Favelas, 2009. - Artigos Publicados Psicologia: BARTALINI, C.P.B.; SASSO, N.K.; BICALHO, P.P.G. A Prática de „Orientar Vocações‟ e os Sentidos Atuais do Trabalho. In: Liinc em Revista, v.6, n.1, p.128-141 (ISSN 1808-3536). Rio de Janeiro: IBICT/ UFRJ, 2010. Psicologia: REISHOFFER, J.C.; BICALHO, P.P.G. Insegurança e Produção de Subjetividade no Brasil Contemporâneo. In: Fractal – Revista de Psicologia, v.21, n.2, p.425-444 (ISSN 1984-0292). Niterói: Departamento de Psicologia, Universidade Federal Fluminense, 2009. Direito: MENDES, A. L. C. . Assessoria juridica popular: repensando metodologias para substancializar direitos humanos. CSOnline (UFJF), v. 8, p. 27/ 8 (3)-45, 2009. Arquitetura: NUNES, Julieta . Apontamentos sobre a Maré - uma compreensão. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (ANPUR), v. 9, p. 53-68, 2007. - Artigos Aceitos para Publicação 203 BICALHO, P. P. G. ; REISHOFFER, J. C. ; KASTRUP, V. . Psicologia e Segurança Pública: invenção de outras máquinas de guerra. Psicologia e Sociedade (Impresso), 2010. BICALHO, P.P.G.; CASSAL, L.C.B.; MAGALHÃES, K.C.; GERALDINI, J.R. Formação em Psicologia, Direitos Humanos e Compromisso Social: a produção micropolítica de novos sentidos. In: Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ (ISSN 1983-5507). Seropédica: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (no prelo). - Livros Publicados GUINDANI, Miriam Krenzinger A (Org.) ; MATTA, F. (Org.) ; TRAVEZINI, T. (Org.) ; SOUSA, Ana I. (Org.). Nossos Direitos de Todos. 01. ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2008. v. 01. 124 p. - Textos em jornais de notícias/revistas Arquitetura: NUNES, Julieta ; BENETTI, P. C. . Escritório Público de Arquiteura e Urbanismo. Revista da FAU/UFRJ. Habitar a cidade: Favela, Rio de Janeiro, p. 32 - 37, 29 dez. 2008. - Publicação em cartilhas oficiais BICALHO, P.P.G. A Sexualidade como Direito Humano e as Instituições de Abrigamento e Internação. Cidadania no Enfrentamento à Homofobia, p.28-30. Brasil: Secretaria Especial de Direitos Humanos, 2010. IV CONGRESSO BRASILEIRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2009, Dourados Formas alternativas de resolução de conflitos: contribuições a partir de uma experiência em curso. Tipo de trabalho: Publicação do trabalho completo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Subsídios para a Reflexão de Novas Construções da Prática Interdisciplinar Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do trabalho completo nos anais do evento. Área: Serviço Social O Grupo enquanto potência: um dispositivo mutante. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do trabalho completo nos anais do evento. Área: Psicologia - III Congresso de Extensão da UFRJ (2006) A Psicologia enquanto prática de Orientação Vocacional: viabilizando escolhas e ampliando horizontes. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Serviço Psicologia 204 Intervenção psicológica em comunidades sem acesso à justiça e a concepção do EscritórioModelo: atuações do Núcleo de Criminologia. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Projeto Serviço Social na Defesa dos Direitos e do Acesso à Justiça. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social - IV Congresso de Extensão da UFRJ (2007) A Criminalização da Pobreza e seus Reflexos no Processo de Trabalho dos Profissionais do Sistema de Justiça Criminal. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Cartilha dos Direitos da Cidadania - o acesso à informação no projeto Serviço Social: os direitos da cidadania e promoção do acesso à Justiça. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Diagnóstico situacional das redes sociais de apoio no bairro Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo FAU/NIAC. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Arquitetura Fórum de Criminologia Crítica Aplicada - ações coletivas do NIAC - Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Direito, Psicologia e Serviço Social Justiça da Infância e Adolescência: uma Nova Inquisição? Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Direito, Psicologia e Serviço Social Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Psicologia, Direito e Serviço Social O Fórum de Criminologia Crítica Aplicada e a Busca por uma Democracia de Fato. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Psicologia. 205 Os desafios à formação qualificada em ações para cidadania: a experiência do campo de estágio. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Os Desafios da Interdisciplinaridade na Práxis Extensionista do Núcleo Interdisciplinar de Ações para Cidadania. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Pesquisa ação: a criminalização da pobreza e seus reflexos no processo de trabalho dos profissionais do sistema de justiça criminal. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Realidades da Maré: espaço urbano e confinamento. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Arquitetura Reflexões Metodológicas sobre a Atuação dos Estudantes no Primeiro Atendimento do NIAC. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Reformulação da Casa de Cultura - Museu da Maré - Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo - FAU/Niac. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Arquitetura - V Congresso de Extensão da UFRJ (2008) A importância da Assessoria Jurídica a presos provisórios. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação do resumo nos anais do evento. Área: Direito A linguagem das oficinas: o trabalho sócioeducativo em pauta no Serviço Social. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Analisar Demandas e Construir Autonomias: um Desafio à Prática Psi em um Escritório de Cidadania. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito As Vantagens do Escritório Modelo Jurídico Interdisciplinar face ao Escritório Modelo Tradicional na Garantia do Acesso à Justiça. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. 206 Área: Direito Conflitos e Impasses Éticos na Prática Interdisciplinar do Escritório de Cidadania/ NIAC. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia e Serviço Social Desafios para uma prática interdisciplinar Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito, Psicologia e Serviço Social *Trabalho premiado com Menção Honrosa. Diagnóstico da Ocupação do Morro do Timbau. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Diagnóstico Situacional das Redes Sociais de Apoio no Bairro Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social *Trabalho premiado com Menção Honrosa. Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo: intervenções na Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Arquitetura Ocupações e Ocupantes no Rio de Janeiro: demanda e possíveis ações extensionistas. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social O Grupo Terapêutico e seus Reflexos sobre o Devir-Psicologia. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Os Direitos da Cidadania e Promoção do Acesso à Justiça - Fórum de Criminologia Crítica Aplicada - NIAC. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Perfil e Políticas Sociais Direcionadas aos Egressos do Sistema Prisional: Reflexões e Contribuições de Redes de Proteção Social no Estado do Rio de Janeiro. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Subsídios para a Reflexão de Novas Construções da Prática Interdisciplinar Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social - VI Congresso de Extensão da UFRJ (2009) 207 1ª Conferência Livre dos Presos: Proposições Libertárias dos Privados da Liberdade Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia e Serviço Social *Trabalho premiado com Menção Honrosa. A Análise do Vocacional e a Criação de Processos de Singularização: uma Problematização do Conceito de Vocação e da Prática Tradicional do Psicólogo. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia A Cela do Seguro: proteção ou segregação? Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social A Família Homoafetiva e os entraves legais para a garantia dos direitos individuais aos homossexuais: um olhar a partir do NIAC. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito Balcão de Direitos: por uma pratica jurídica dialógica e emancipatória. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Conhecer para intervir: reflexões sobre um agir jurídico sensível as relações sociais. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito Construção de Alternativas para a Efetivação dos Direitos Humanos. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Construindo a Interdisciplinaridade na 52ª. Delegacia de Polícia: Novos Possíveis nas Práticas Privativas de Liberdade. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito, Psicologia e Serviço Social Extensão em Direito: uma análise crítica da assessoria popular em Valença. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Oficinas Temáticas para promoção dos DH. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Parentalidade: uma Demanda Jurídica? Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. 208 Área: Psicologia Perfil NIAC de Resolução de Conflitos. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Projeto Balcão de Direito e o Acesso à Cidadania por meio da documentação. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Valorização Cultural e Extensão universitária. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social - VII Congresso de Extensão da UFRJ (2010) A Experiência da Extensão Universitária na Revisão do Plano Estadual de Direitos Humanos Tipo de trabalho: Pôster e publicação de resumo em anais Áreas: Direito e Serviço Social *Trabalho premiado com Menção Honrosa. Cartografando (nas) Grades. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Área: Psicologia Grupo Terapêutico: um Dispositivo na Alteração dos Modos de Produção de Subjetividade na Experiência do NIAC. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Área: Psicologia Normatização da Infância: uma Análise de Narrativas apresentadas no Primeiro Atendimento do Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania (NIAC). Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Área: Psicologia O NIAC e a Questão da Violência Sexual. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Área: Psicologia Perfil das Demandas do NIAC e Avaliação das Práticas Restaurativas Sob a Ótica dos Usuários Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Área: Serviço Social Perfil dos Usuários do NIAC e a Construção de Alternativas de Acesso à Justiça na Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais 209 Área: Direito, Psicologia e Serviço Social Projetos de Prevenção da Violência no espaço escolar: Qualificação da Prática no Âmbito da Violência Intrafamiliar em Escolas Municipais da Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Áreas: Serviço Social - XXIX JIC (2007) A criminalização da pobreza e seus reflexos no processo de trabalho dos profissionais do sistema de justiça criminal. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Áreas: Serviço Social Diagnóstico situacional das políticas de prevenção de violência no Complexo da Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Áreas: Serviço Social Estudo comparativo dos mapas territoriais no centro do Rio de Janeiro. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Áreas: Direito e Serviço Social - XXX JIC (2008) A Dinâmica de Funcionamento e Organização das Ocupações no Rio de Janeiro. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Áreas: Direito e Serviço Social As Múltiplas Facetas da Violência refletidas nos Atendimentos Realizados no Escritório da Cidadania/NIAC. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Áreas: Serviço Social Diagnóstico Situacional das Redes Sociais de Apoio no Bairro Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Áreas: Serviço Social Discursos Conflitivos dos Atores Sociais Envolvidos na Questão Urbana. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Áreas: Direito e Serviço Social Egressos do Sistema Prisional. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais Áreas: Serviço Social Subsídio para reflexões sobre os novos caminhos interdisciplinares. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo em anais 210 Áreas: Direito e Serviço Social - XXXI JIC (2009) A Análise do Vocacional: Uma Aposta na Multiplicidade Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia A cela do seguro: proteção ou segregação? Um Estudo na 52ª de Nova Iguaçu. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Acupuntura e Psicologia Clínica Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia A Realidade como Construção Coletiva: Uma Intervenção da Psicologia na Extensão Universitária Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia “Assegurados” dos Direitos? Cartografando o Espaço de uma Carceragem Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia *Trabalho aprovado p/ 2ª fase Balcão de Direitos: Uma Construção Alternativa aos Serviços Jurídicos Tradicionais. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Da Invisibilidade Social à Promoção dos Direitos da Cidadania: Um Estudo pela Garantia do Registro Civil à População Carcerária da 52ª Delegacia de Polícia - Nova Iguaçu - Rio de Janeiro. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Diagnóstico das redes e instituições de apoio social e prevenção das violências no Complexo da Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Direitos Humanos e a Construção de Alternativas para sua Efetivação. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Formas Alternativas de Resolução de Conflitos e o Acesso à Justiça: Mapeamento de Experiências no Estado do Rio de Janeiro. 211 Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social 60+1. Observando a Produção de Direitos Humanos em um Escritório Modelo Interdisciplinar Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Homossexualidade e Psicologia: Análise de um Encaminhamento ao NIAC/ UFRJ Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: UMA ANÁLISE DO POSICIONAMENTO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB) E DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ) Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Na Emergência de Novos Possíveis: O Grupo Enquanto Potência Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia *Trabalho aprovado p/ 2ª fase O NIAC e as Formas Jurídicas na Questão da Interdisciplinaridade. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Prevenção da Violência nas Escolas Públicas da Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social Prevenção e Administração de Conflitos no Contexto Carcerário: o Caso da 52ª DP Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Áreas: Direito e Serviço Social * Trabalho aprovado p/ 2ª fase Subsídios para a Reflexão de Novas Construções da Prática Interdisciplinar Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social. *Trabalho aprovado p/ 2ª fase - XXXII JIC (2010) Contribuições à análise do perfil dos encarcerados do Rio de Janeiro. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social 212 Infâncias produzidas: Reflexões a partir dos atendimentos no Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania (NIAC). Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Normatização da Infância: uma análise de narrativas apresentadas no primeiro atendimento do Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania (NIAC). Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Perfil Niac de Formas Alternativas de Resolução de Conflitos: as contribuições e desafios destas técnicas no atendimento às demandas dos usuários. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social Perfil dos Usuários do NIAC e Rede de Serviços da Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito, Psicologia e Serviço Social Projetos de Prevenção da Violência no espaço escolar: mapeamento das experiências e da produção teórica no âmbito da violência intrafamiliar. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Serviço Social - III Seminário Científico Teoria Política do Socialismo - Gyorgy Lukacs e a Emancipação Humana, 2009 (Marília/SP) Assessoria Jurídica Popular: Teoria e Prática. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social - II Seminário Internacional Direitos Humanos Violência e Pobreza, 2008 (RJ) Escritório Modelo de Atendimento Interdisciplinar: O NIAC como modelo de uma nova práxis emancipatória. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de trabalho completo nos anais do evento. Área: Direito - X Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2008, Recife. Processos espaciais e território: o exemplo da Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de trabalho completo nos anais do evento. Área: Arquitetura - XII Encontro Nacional da ANPUR, Belém. Integração Sulamericana, fronteiras e desenvolvimento urbano e regional, 2007. 213 Apontamentos sobre a Maré: uma compreensão. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de trabalho completo nos anais do evento. Área: Arquitetura - XXI Encontro Regional de Estudantes de Direito e Encontro Regional de, 2008, Crato CE. ESCRITÓRIO MODELO DE ATENDIMENTO INTERDISCIPLINAR O NIAC COMO MODELO DE UMA NOVA PRÁXIS EMANCIPATÓRIA. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de trabalho completo nos anais do evento. Área: Direito - Diálogos entre Direito e Antropologia: primeiras aproximações interdisciplinares, 2009, Paraná. Educação Juridica Popular em Comunidades Quilombolas. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Direito - II Congresso Latinoamericano de Antropologia; Simpósio 29, 2008, San Jose. Homogeneidade e diferença: o exemplo da Maré. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Arquitetura - V Congresso Norte Nordeste de Psicologia, 2007, Maceió. Considerações acerca do papel do psicólogo no sistema penal do Rio de Janeiro. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Desafios do profissional de Psicologia frente ao atendimento de jovens envolvidos com o tráfico de drogas. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Orientação Vocacional sob a égide da Extensão Universitária: uma possibilidade de ação política em Psicologia. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Uma proposta de Orientação Vocacional para além da escolha de carreiras: uma análise de motivações socioculturais. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia - VI Congresso Norte-Nordeste de Psicologia, 2009, Belém. 214 A Diversidade Sexual e o Estigma: Análise de Encaminhamentos ao NIAC. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia - IX Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional (2009) Análise do Vocacional: uma aposta na educação enquanto construção coletiva. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia - XIV Encontro Nacional da ABRAPSO, 2007 Psicologia e Justiça: produção de novos processos. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia - XV Encontro Nacional da ABRAPSO, Maceió (2009) A Análise do Vocacional enquanto um Dispositivo Problematizador na Interface da Psicologia com a Educação. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia A Prática da Análise do Vocacional e a Construção do Processo de Escolha Profissional. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia As Armadilhas da Exclusão na Contemporaneidade: Violência, Modos de Subjetivação do Feminino e Histórias de Família. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Escolha Profissional e Mundo do Trabalho Contemporâneo em Debate. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Interdisciplinaridade e Psicologia: um olhar sobre a experiência do NIAC. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Isolados no Encontro: a Produção de Coletivos em uma Instituição Total. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia Verás que um filho teu não foge à luta: o treinamento militar produzindo máquinas guerreiras. 215 Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de resumo nos anais do evento. Área: Psicologia - I Encontro Estadual dos Serviços de Psicologia das Instituições de Ensino Superior de Santa Catarina: possibilidades, limites e desafios (ISSN 2175-3032). Florianópolis, 2009 Conversando sobre: Psicologia e Justiça. Tipo de trabalho: Apresentação oral. Área: Psicologia Psicologia e Justiça: a busca por possibilidades de encontros. Tipo de trabalho: Publicação de trabalho completo nos anais do evento. Área: Psicologia - XIII Simpósio de Pesquisa e Intercâmbio Científico em Psicologia. Instituição Promotora: ANPEPP. Local: Universidade de Fortaleza, BRASIL, 2010. GT Cotidiano e Práticas Sociais. BICALHO, P.P.G. Natureza: Debatedor. - XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS, 2010. CONFERÊNCIA LIVRE SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COM DE PRESOS DAS CARCERAGENS DO RIO DE JANEIRO. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de trabalho completo nos anais do evento. Área: Serviço Social - XIII Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social - ENPESS, 2010 Serviço Social e Política Criminal: contribuições ao debate da dimensão técnico-operativa a partir de uma pesquisa avaliativa. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de trabalho completo nos anais do evento. Área: Serviço Social - XI Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social - ENPESS, 2008, São Luiz MA. Políticas Urbanas e Habitação: uma construção interdisciplinar pautada na indissociabilidade Ensino/Pesquisa/Extensão. Tipo de trabalho: Apresentação oral e publicação de trabalho completo nos anais do evento. Área: Direito e Serviço Social - II Seminário Regional de Estágio e Extensão: a prática profissional dos assistentes sociais vinculados às experiências de estágio e extensão, 2010, Niterói. (2010) A representação social do Serviço Social no NIAC e a questão da interdisciplinaridade. Tipo de trabalho: Apresentação oral Área: Serviço Social 216 Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania da UFRJ: reflexões sobre as manifestações da violência a partir da experiência de estágio, extensão e pesquisa. Tipo de trabalho: Apresentação oral Área: Serviço Social Projetos de Pesquisa 2010 – Atual: Análise crítica dos projetos de prevenção da violência no espaço escolar: estudo dos indicadores de avaliação e de resultados das ações que promovam formas alternativas de resolução de conflitos 2010 – 2011: Pesquisa: Perfil dos usuários do NIAC e rede de serviços da Maré 2010 – 2011: Núcleo Interdisciplinar de Estudo, Pesquisa e Extensão de Educação de Direitos Humanos 2010 – Atual: PERFIL DOS USUÁRIOS DO NIAC E AS REDES SOCIAIS DE APOIO NO BAIRRO MARÉ 2010 – 2010: Revisão do Plano Estadual de Direitos Humanos do Rio de Janeiro 2009 – Atual: Presos Provisórios na Delegacia: por uma cartografia dos processos de criminalização 2009 – 2011: Escritório da Cidadania 2009 – Atual: Subjetividade e Processos de Criminalização 2009 – 2010: Psicologia e Justiça: construção de outros processos. 2008 – 2009: Balcão de Direitos: Ações Interdisciplinares e Itinerantes de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos. 2008 – Atual: Núcleo de Pesquisa sobre Políticas de Prevenção da Violência e Acesso à Justiça 2008 – Atual: Projeto Formas Alternativas de Resolução de Conflitos 2008 – Atual: Projeto Escritório Interdisciplinar de Ações para Cidadania: Formas Alternativas de Resolução de Conflitos. 2008 – Atual: Assistência Jurídica Popular 2007 – 2010: Projeto de Pesquisa: Diagnóstico situacional das políticas de prevenção da violência no Complexo da Maré 217 2007 - 2009 Projeto de Pesquisa: Os elementos constitutivos do Escritório Modelo Interdisciplinar de Atendimento em Direitos Humanos 2007 – 2009: Projeto de Pesquisa: Diagnóstico situacional das políticas de prevenção da violência no Complexo da Maré 2007 – 2009: A criminalização da pobreza e seus reflexos no processo de trabalho dos profissionais dos campos da Justiça Criminal e dos Direitos Humanos 2007 – 2008: Projeto Maré 2007 – Atual: Os Elementos Constitutivos do Escritório Modelo Interdisciplinar de Atendimento em Direitos Humanos 2006 – Atual: Psicologia e Justiça: construção de outros processos 2006 – Atual: Construindo um processo de escolhas mesmo quando 'escolher' não é um verbo disponível 2006 – Atual: Diagnóstico situacional das políticas de prevenção da violência no Complexo da Maré 08/2006 – Atual: Os Direitos da Cidadania e o Acesso à Justiça: Fórum de Criminologia Critica. 2006 – 2009: Projeto de Extensão: Reprodução Sócio-territorial em comunidades de baixa renda no Rio de Janeiro 2006 – 2007: Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania – NIAC Projeto Escritório Público de Arquitetura e Urbanismo FAU/NIAC – Projeto Maré Projeto de Pesquisa e Extensão Defesa dos Direitos e do Acesso à Justiça Organização de Eventos I Fórum de Criminologia Crítica Aplicada. 2007. II Fórum de Criminologia Crítica Aplicada - Tema: Criminalização da Pobreza. 2007. III Fórum de Criminologia Crítica "Aplicada". 2008. I Cine NIAC Juízo. 2008. IV Fórum de Criminologia Crítica Aplicada: Micropolíticas da Tortura. 2009. 218 I Conferência Livre de Segurança Pública das Carceragens da Polícia Civil do Rio de Janeiro 25 de julho de 2009 Etapas Preparatórias da I Conferência Livre de Segurança Pública das Carceragens da Polícia Civil do Rio de Janeiro 10, 11, 18 e 23 de julho de 2009. Curso “Mediação de conflitos e Direitos Humanos” ministrado pelo profº Pedro Strozenberg nos dias 24 e 29/01, 05, 12 e 19/02/09, na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ e na Escola de Enfermagem da UFRJ. Participantes: 18 pessoas. Curso com a temática “Diversidade, Eventos Críticos e Resolução Pacífica de Conflitos” ministrada pelo profº Luís Eduardo Soares nos dias 07 e 14/05/09. Participantes: 11 pessoas. Curso “Políticas Públicas no contexto da prevenção da violência”, ministrado pelas professoras Miriam Guindani e Laura Tavares. Nos dias 24 e 29/01 e 05/02/09. Participantes: 11 pessoas. Curso Gestão de Conflitos: Justiça Restaurativa, Mediação e outras formas alternativas. No segundo semestre o curso foi realizado em quatro edições: Curso Gestão de Conflitos com a presença Pedro Strozenberg realizado em 17/10/09 com 20 participantes, Curso Gestão de Conflitos com a presença da professora Miriam Guindani em 24/10/2009 , com 35 participantes, Curso Gestão de Conflitos com a presença de Pedro Strozenberg , com 40 alunos em 07/11/2009 e Curso Gestão de Conflitos ministrado na PUC-RIO com a participação das bolsistas de pós-graduação Noelle Coelho e Rafaela Selem e da advogada Sílvia Vieira (ISER) com a participação de cerca de 80 alunos em 27/11/2009. Território AtiVIDAde II. 2010. Levantamento Recursos Humanos NIAC Arquitetura: -Graduação Adiliane Rodrigues Lonato da Silva - [email protected] Adriano Martins Bernardo Soares Carolina Rezende Kroff – [email protected] Fábio Conde Oliveira - [email protected] Isabela Presto de Sousa - [email protected] Marcus Lima Jacques - [email protected] Paloma Monnerat Patrícia Cavalcante Cordeiro Thaís Cardoso 219 -Pós-Graduação Guilherme Vieira Gorini - [email protected] Maria Cecília Ramos Bodas -Professores Maria Julieta Nunes de Souza Pablo César Benetti Ubiratan da Silva Ribeiro de Souza - [email protected] Direito: -Graduação: Amanda Alves de Souza - [email protected]; (Bolsista) Amanda Cruz - [email protected]; Ana Carolina Brandão - [email protected]; (Bolsista) Ângela Bezerra Neves - [email protected]; (Bolsista) Beatriz - [email protected]; (Bolsista) Bruno Fernandes Pinto (Bolsista) Caroline Rocha dos Santos - [email protected]; (Bolsista) Clarissa Pires de Almeida Naback (Bolsista) Daniel Machado - [email protected]; (Bolsista) Débora (sem informações) Eduardo Castelo Branco e Silva - [email protected]; (Bolsista) Fábio Wanderley - [email protected] Fátima Gabriela Soares de Azevedo (Bolsista) Fausto Marques Pinheiro Junior - [email protected] (Bolsista) Heloísa Melino Moraes - [email protected] (Bolsista) Jefferson Luiz Costa - [email protected] (Bolsista) Jefferson Moura de Andrade - [email protected]; (Bolsista) Juliana Machado - [email protected] Larissa Lima Azevedo - [email protected]; (Bolsista) Leandro Mattos Santana - [email protected]; (Bolsista) Leonardo Campos Paulistano de Santana - [email protected] (Bolsista) Lucas Guimarães Rocha- [email protected] (Bolsista) Luciana - [email protected] Ludmila Ribeiro Paiva - [email protected] (Bolsista) Luiz Eduardo Chauvet - [email protected]; (Bolsista) Marcelo Correia Rodrigues - [email protected] (Bolsista) Maria Clara de Brito Araújo - [email protected] (Bolsista) Marina (sem informações) Natália Carolini Costa Oliveira - [email protected] (Bolsista) Nathália Brito Dumas - [email protected] (Bolsista) Otávia - 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Pública, Cultura e Cidadania.