Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 24 DESCRIÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESFORÇO FRENTE ÀS MODIFICAÇÕES DE REGRAS EM JOGOS-TREINO NO BASQUETEBOL. Murilo José de Oliveira Bueno¹ e Felipe Arruda Moura2 RESUMO O objetivo do estudo foi descrever se modificações de regras de drible em jogo treino de basquetebol podem influenciar na Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) de jogadores de basquetebol amador. Nove atletas amadores com idade média de 16 ± 2 anos, realizaram um jogo com regra modificada e um jogo tradicional. Para compreensão da percepção de esforço, foi utilizado o método de PSE. Foi encontrada uma tendência de o jogo tradicional ser menos intenso do que o jogo com regras modificadas. Concluímos que ambos os jogos foram de alta intensidade, indicando uma característica predominante para utilização em treinamento técnico e tático. Palavras-Chave: Jogos Reduzidos. Basquetebol, Percepção Subjetiva de Esforço, Desempenho Físico. ABSTRACT The aim of this study was to determine whether changes in the rules of the game dribbling basketball training can influence the subjective perceived exertion (PSE) and physical performance of amateur basketball players. We evaluated nine amateur athletes with a mean age of 16 ± 2 years, where they performed a basketball match modifying the rules and with a traditional game. To understand the perceiver exertion, we used the PSE method. There was a tendency for the traditional game to be less intense than the game with modified rules. We concluded that both games were high intensity, indicating a predominant feature for use in technical and tactical training. Key Words: Small-sided games, Basketball, Subjective Perception of Effort, Physical Performance. INTRODUÇÃO Modificações de regras e também jogos reduzidos vem sendo muito utilizados em treinos físicos, técnicos e táticos nos esportes coletivos. Modificações como espaço de jogo, número de jogadores e regras impostas aos jogadores podem influenciar a intensidade de jogo e no desenvolvimento de habilidades técnicas e táticas especificas (DELLAL, et al, 2011). Estudos no futebol vêm sendo realizados buscando compreender como determinado números de jogadores ou como determinados números de contatos com a bola em jogos reduzidos podem influenciar em diferentes variáveis fisiológicas, desempenho físico, técnico e tático (DELLAL, et al, 2011, JONES & DRUST, 2007) Dellal et. al (2011), buscaram compreender através de variáveis fisiológicas, atividades técnicas e físicas em jogadores amadores e profissionais de futebol, como diferentes jogos reduzidos podem influenciar na intensidade dos mesmos. Para isso realizaram jogos de 2X2, 3X3, 4X4 com número limitado de contatos com a bola durante os jogos, encontraram diferenças significativas de concentração de lactato sanguíneo e PSE nos jogos de 2X2 para os jogadores amadores em comparação com os jogadores profissionais. Nos jogos de 3X3 foi visto diferenças técnicas significativas em comparação aos jogadores 1-Pós-Graduando em Biomecânica e Fisiologia do exercício aplicados ao Treinamento pela faculdade Estácio de Sá – Ourinhos (SP), e-mail: [email protected]. 2 – Professor do Departamento de Ciências do Esporte – Universidade Estadual de Londrina. Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 25 amadores com jogadores profissionais, como também essa diferença foi vista nos jogos 4X4, sendo todos esses dados em jogos com numero de toques de bola limitados pelo técnico. Concluíram que jogos reduzidos podem influenciar nas melhoras físicas e técnicas de jogadores amadores, favorecendo principalmente a regra de 2 toques na bola por posse de bola. Um estudo realizado por Sampaio, Abrantes & leite, (2009), buscou investigar diferenças nas respostas de potência, freqüência cardíaca e percepção subjetiva de esforço em jogos reduzidos 3X3 e 4X4 no basquetebol, onde avaliaram oito atletas. Não encontraram diferenças significativas na frequência cardíaca em ambos os jogos (3X3, média 173.4±8.3 bpm/min; 4X4, média 164.7±16.2 bpm/min.), intensidade de exercício correspondente à 87±4% e 83±4% da frequência Cardíaca Máxima para ambos os jogos. Valores significativos não foram encontrados também na PSE para ambos os jogos (3X3, média 3.0±0.5; 4X4, média 4.1±0.8). Existem poucos estudos que analisaram jogos reduzidos ou modificações em jogos treinos no basquetebol, para buscar compreender como variáveis físicas se comportam em determinadas situações de jogo, deixando uma questão em aberto: será que modificação de regras de drible pode influenciar na Percepção Subjetiva de Esforço? Este trabalho teve como objetivo verificar se modificações de regras de drible em jogo treino de basquetebol podem influenciar na Percepção Subjetiva de Esforço de jogadores de basquetebol amador. Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 26 MATERIAIS E MÉTODOS Sujeitos. Este estudo teve seu delineamento metodológico estruturado como uma pesquisa documental, de opinião. Os pesquisadores deste estudo apenas fizeram uma consulta ao material de avaliação subjetiva de esforço, disponibilizados pelo técnico, após a realização dos treinamentos que se seguem. Nove atletas de basquetebol masculino amadores, com idade entre 14 a 21 anos, frequentaram normalmente sua rotina de treinamento. Em nenhum momento os pesquisadores sugeririam um procedimento experimental, cabendo aos mesmos apenas um registro das tarefas orientadas pelo técnico. Sete atletas eram de categoria Sub-16, categoria essa que permite atletas em competições com idade até 16 anos e dois atletas eram de categoria Sub-21, categoria que permite atletas com até 21 anos. Os sujeitos foram divididos pelo técnico em duas equipes com cinco atletas, com nível de desempenho físico e técnico equilibrado para cada equipe. Um dos times ficou com um jogador a menos, onde havia um atleta que acabara de entrar na equipe, mas que devido ao nível de aprendizado técnico ainda baixo participou da pesquisa apenas para completar as equipes e não foi documentado nesse estudo. As equipes permaneceram as mesmas nos dois jogos. Descrição dos jogos Todos os jogos foram realizados com as mesmas dimensões e números de jogadores permitidos pela regra (5X5), com duração de 10 minutos contínuos, onde todo o tempo os atletas foram recebendo incentivos verbais do técnico para que realizassem os jogos na maior intensidade possível. Para que a intensidade do jogo não diminuísse, quando a bola saía do perímetro de jogo, o técnico fazia reposição de bola. Quando houve reposição de bola após uma sexta convertida, os atletas tinham um tempo máximo de 5 segundos para ultrapassar a área defensiva para a área ofensiva. Foi realizado um jogo por dia, com um intervalo entre cada jogo de 48 horas e todos os jogos foram realizados no mesmo horário, entre as 17h30 min e 18h30 min. Foi realizado um jogo com a regra de drible modificada (Jogo 1), e um jogo tradicional (Jogo 2). Jogo 1: foi realizado um jogo onde os jogadores ao receber a bola não podiam driblar a bola e se deslocar em quadra, os jogadores poderiam somente passar ou arremessar à cesta. Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 27 Jogo 2: foi realizado um jogo sem alterações de regras de drible no basquetebol, mantendo o tempo contínuo. Vale ressaltar que, de acordo com o técnico, uma semana antes do experimento, os indivíduos realizaram um treino para a familiarização. Percepção Subjetiva de Esforço Antes e após cada jogo, o treinador questionava a seus atletas com relação à Percepção Subjetiva de Esforço (PSE), registrada pela tabela (Tabela 1) de percepção subjetiva de esforço de FOSTER et al (2001.): Tabela 1: valores da PSE, Adaptado de Foster (FOSTER et al, 2001). Índice 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Descritor Repouso Muito, Muito Fraco Fraco Moderado Um Tanto forte Forte XX Muito Forte XX XX Máximo Analise Estatística Os dados da PSE foram expressos em mediana, onde para todos os dados, foi adotado um nível de significância de p <0,05. Para a verificação da distribuição dos dados foi utilizado o teste de normalidade Lilliefors. Para a análise de diferenças pré e pós para cada jogo, da variável PSE, foi utilizado o teste de Wilcoxon pareado.. RESULTADOS A tabela 2 apresenta os resultados de mediana para as variáveis PSE, nas duas situações de jogo, podendo observar um aumento significativo pré e pós jogo nas duas situações de jogo. Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 28 Tabela 2. Valores de mediana da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) 1º Jogo 2º Jogo Pré Pós Pré Pós p-valor p-valor PSE 3 *7 0,0039 2 *6 0,0078 * Diferenças significativas pré e pós jogo. DISCUSSÃO O objetivo do presente trabalho foi relatar e analisar se jogos com modificações de regras no basquetebol podem influenciar na PSE em atletas amadores. Os resultados mostram que a PSE apresentou diferenças significativas pré e pós jogo. O jogo com regra de drible modificada mostrou-se um pouco mais intenso do que o jogo tradicional. Segundo a classificação de Foster et al (2001), para o Jogo 1, a mediana foi considerado “Muito Forte” pelos atletas e já para o Jogo 2 foi considerado um jogo “Forte”. Esses resultados foram parecidos com os resultados encontrados por Dellal et al. (2011), onde viram que mudanças de regras em jogos reduzidos e jogos livres em treinamento para jogadores de futebol profissional e amador são intensos mas que não se diferenciam na PSE, onde se torna mais intenso para jogadores amadores, principalmente com um número menor de jogadores nos jogos. CONCLUSÃO Os resultados do presente estudo sugerem que ambos os jogos foram de alta intensidade, indicando uma característica predominante para utilização em treinamento técnico e tático, sugerindo que outros estudos com maior número de sujeitos, espaço de jogo e análise técnica no próprio jogo possam ser feitos para melhor entendimento de jogos treino modificados e reduzidos. Revista Hórus, volume 7, número 1 (Jan-Mar), 2013. 29 REFERÊNCIAS DELLAL, A; CHAMARI, K; OWEN, A. L; WONG, D. P; LAGO-PENAS, C; HILLSHAAS, S. Influence of technical instructions on the physiological and physical demands of small-sided soccer games. European Journal of Sport Science. Vol. 11, 2011, pg. 341 – 346. DELLAL, A; HILLS-HAAS, S; LAGO-PENAS, C; CHAMARI, K. Small-sided games in soccer: amateur vs. professional players’ physiological responses, physical, and technical activities. Journal of Strength and Conditioning Research. Vol. 25, 2011, pg 2371 – 2381. DELLAL, A; LAGO-PENAS, C; WONG, D. P; CHAMARI, K. Effect of the Number of Ball Contacts Within Bouts of 4 vs. 4 Small-Sided Soccer Games. International Journal of Sports Physiology and Performance. Vol. 6, 2011, pg. 322 – 333. FOSTER, C; FLORHAUG, J. A; FRANKLIN, J; GOTTSCHALL, L; HROVATIN, L; PARKER, S; DOLESHAL, P; DODGE, C. A new approach to monitoring exercise testing. Journal Strength Cond. 2001, pg. 109 –115. JONES, S; DRUST, B. Physiological and Technical Demands of 4 v 4 and 8 v 8 Games in elite youth soccer players. Kinesiology. Vol. 38, 2007, pg. 150 – 156. SAMPAIO, j; ABRANTES, C; LEITE, N. Power, Heart Rate and Perceived Exertion Responses to 3x3 and 4x4 Basketball Small-sided Games. Revista de Psicologia Del Desporte. Vol. 18, 2009, pg. 463 – 467.