TREINADORES - ARTIGOS A VELOCIDADE A VELOCIDADE por Sebastião Mota O objetivo do trabalho físico é melhorar a eficiência do treino e não fatigar os jogadores. é necessário, em primeiro lugar, velar por uma boa recuperação após os esforços realizados na competição. O basquetebol exige que a velocidade seja treinada prioritariamente antes de entrar num processo de fadiga provocado pelo trabalho aeróbio. Para o basquetebolista é determinante o tempo que leva a percorrer 10 metros, devendo por isso treinar-se os esforços explosivos. Propomos então, inverter a pirâmide de treino, partindo dos esforços explosivos para terminar nos esforços de resistência (fig.1). Como conclusão deste raciocínio, a força explosiva deve ser a base da preparação física e a resistência deve ser trabalhada em segundo lugar (Gilles Cometti 2002). Fig.1 A velocidade, a força e a resistência são as três grandes componentes nas quais assenta o treino da condição física no basquetebol, e que se devem associar, de forma a obtermos uma base que nos permita alcançar um bom nível de performance desportiva. Estas componentes principais, são complementadas pelo treino da coordenação geral e específica e pelos alongamentos. # A VELOCIDADE COMO QUALIDADE PREDOMINANTE NO BASQUETEBOL Encontramos as diferentes componentes desta qualidade física (velocidade de reação, de arranque e velocidade de aceleração) em todos os fatores do jogo. Elas são observadas em todos os tipos de desmarcação, no contra-ataque, no jogo de pernas defensivo, nos grandes percursos em drible, nas desmarcações dos jogadores sem bola e em todas as formas de lançamento. Mesmo nas qualidades cognitivas referentes ao basquetebol, como apreensão de informação, tomadas de decisão e poder de antecipação, vulgarmente conhecidas por "leitura de jogo", a velocidade é, senão a mais importante, uma das qualidades determinantes na qualidade do jogo ao mais alto nível. Assim, podemos concluir, que o basquetebol é antes de tudo, uma modalidade desportiva onde impera a velocidade. As dimensões do terreno de jogo (28m x 15m), as condicionantes temporais do regulamento e as ações táticas quer ofensivas quer defensivas, obrigam os jogadores a permanentes esforços rápidos com e sem bola. www.planetabasket.pt Outubro de 2013 TREINADORES - ARTIGOS A VELOCIDADE # OS PRINCÍPIOS A RESPEITAR NA CONSTRUÇÃO DE UMA UNIDADE DE TREINO DEDICADA À VELOCIDADE Duração dos esforços: 3 a 8 segundos; Distância percorrida: 10 a 50 metros; Nº de repetições: 4 a 6 por série; Nº de séries: 4 a 6; Recuperação entre as repetições: mínimo de 30 segundos (recuperação de mais de 50% das reservas de ATP); Recuperação entre as séries: 5 a 8 minutos; Natureza da recuperação: exemplo para 5 minutos: 2 minutos passivos, 3 minutos ativos (alongamentos, lances livres). Nota Importante: As unidades de treino dedicadas á velocidade necessitam de um aquecimento particularmente rigoroso, com alongamentos específicos antes, durante e no final da sessão para prevenir as possíveis lesões que possam surgir . # VELOCIDADE GERAL Conteúdo: corridas explosivas; Distâncias a percorrer: 10, 20, 30, 40 e 50 metros à velocidade máxima; Posição de partida: de pé , fletido , sentado , skipping baixo no mesmo lugar mais sprint, salto mais sprint, salto atrás mais sprint, etc. Sinais de reação: auditivos, visuais, tácteis , etc; Motivação: competição individual, por grupos, tempo cronometrado, marcas a bater individuais e coletivas, etc. # VELOCIDADE ESPECÍFICA SEM BOLA Estas sessões devem procurar reproduzir as situações vividas pelos atletas em jogo, respeitando sempre, os princípios metodológicos já enunciados. Exemplo nº1 Corrida "navette", ou suicídio, mas com os tempos de execução e de repouso adequados ao trabalho de velocidade. www.planetabasket.pt Outubro de 2013 TREINADORES - ARTIGOS A VELOCIDADE Exemplo nº2 Alternância deslocamentos defensivos, sprint. Exemplo nº3 Mudanças de direcção. Os cones são colocados 4 a 6 metros entre si. pedimos aos jogadores que passem perto dos cones com as pernas bem flectidas, acelarando sempre que ultrapassem os cones. # VELOCIDADE ESPECÍFICA COM BOLA O objetivo deste trabalho é nitidamente técnico-físico. pretende-se melhorar a técnica em regime de velocidade. A natureza da duração dos esforços e das recuperações é mais curta , para respeitar a especificidade da competição. Exemplo nº1 Conduzir a bola em drible, fazendo um mínimo de dribles. Termina com lançamento à escolha do treinador. www.planetabasket.pt Outubro de 2013 TREINADORES - ARTIGOS A VELOCIDADE Exemplo nº2 Passe longo. 2 jogadores, A1 e A2 . A1 passa a bola a A2 e continua a sprintar, sendo o responsável pela captura do ressalto ofensivo. A2 termina com lançamento à escolha do treinador. Exemplo nº3 Grupos de 2 jogadores, ir e vir com 4 passes cada campo, lançamento na passada e ressalto ofensivo (obrigatório). # REGRAS COMUNS DE FUNCIONAMENTO 1. Todos os exercícios devem ser realizados de forma competitiva, individual ou coletivamente; 2. Mínimo de 30 segundos de recuperação, de forma a que os exercícios se possam realizar com explosividade; 3. Insistir na precisão e qualidade do gesto técnico apesar do aumento da velocidade de corrida e da correspondente fadiga neuro-muscular. www.planetabasket.pt Outubro de 2013