XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental IX- 009 - RS 100% ÁGUA - PANORAMA DO SANEAMENTO NO RIO GRANDE DO SUL Deisy Maria Andrade Batista(1) Engenheira Civil - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRGS/Porto Alegre, 1982. Coordenadora do Setor de Saneamento da empresa Beck de Souza Engenharia Ltda. Cecy Glória Oliveira Jornalista - Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS/Porto Alegre, 1966. Pósgraduação em Ciências Sociais e Política - Universidade de Lisboa/Portugal, 1967-1968. Especialização em Jornalismo Científico e Educativo – CIESPAL – Quito/Equador. Aperfeiçoamento profissional – Universidade Sofia/Japão, 1974-1975. Editora da Revista Digital Águaonline. Endereço(1): Avenida Protásio Alves, 7143/602 - Petrópolis - Porto Alegre - RS - CEP: 91310-003 - Brasil Tel: (0xx51) 351-7134 - e-mail: [email protected] RESUMO Na proposta do “RS 100% ÁGUA”- projeto contratado e desenvolvido pela Associação Gaúcha de Empresas de Obras de Saneamento (AGEOS) - está a idéia de consolidar os dados referentes ao Saneamento, Meio Ambiente e Saúde Pública - que estão dispersos entre mais de uma dezena de órgãos públicos estaduais e municipais - buscando, ainda, qualificar a informação com o cruzamento dos dados de modo a demonstrar a estreita vinculação entre essas interfaces. Assim, ao lado da descrição da infra-estrutura de Saneamento de cada município, na área urbana e rural, são fornecidos o Índice de Desenvolvimento Social (IDS), os dados sócio-demográficos, o potencial de atendimento médico-hospitalar instalado, o total de recursos alocados às internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde (SUS) - salientando o percentual de internações e recursos destinados às doenças de veiculação hídrica, na tentativa de evidenciar as relações de causa-efeito. Ou seja: “a premissa é de que onde estão as maiores carências no abastecimento de água e esgotamento sanitário registram-se os índices mais elevados de mortalidade infantil e os maiores dispêndios em hospitalizações por enteroinfecções”. A regionalização adotada foi a dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDES) com o objetivo de oferecer mais subsídios e elementos para que as próprias comunidades se mobilizem para a melhoria desse quadro, pois elas têm condições de priorizar os investimentos orçamentários através da votação regionalizada da proposta. A permanente comparação entre os índices dentro do próprio município, deste com os demais da região, e desta em relação às demais, permite identificar onde estão as maiores carências e urgência de investimentos, sempre visando à meta geral de levar água tratada a 100% da população do Rio Grande do Sul. PALAVRAS-CHAVE: Saneamento no RGS, Abastecimento de água, Esgotamento sanitário, Saúde Pública, Investimento em Saneamento. INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): “Saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social. Ou, o conjunto de ações que visam a controlar doenças, transmissíveis ou não, propiciando conforto e bem-estar, estando vinculado diretamente às condições de saúde da população e, caracterizando-se como um direito do cidadão”. "Saúde é um processo social em busca de qualidade e bem-estar de vida. O conceito saúde/doença é construído socialmente, de forma coletiva, com uma lógica complexa, onde se articulam visões sociais e ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental individuais, determinadas em grande parte pelas diferenças culturais, sendo portanto um conceito evolutivo, dinâmico e que não é o mesmo para toda a humanidade". Como demonstram os dados que serviram de base para o início dos trabalhos, ainda há cerca de 20% dos gaúchos consumindo água sem controle sistemático de qualidade. Esta condição precária de Saneamento ambiental é também um dos fatores preponderantes para que muitas regiões apresentem índices de mortalidade infantil muito acima da média do Rio Grande do Sul e tenham entre as principais causas de internações hospitalares em Pediatria - e por conseqüência, gastos elevados - as entero-infecções, doenças típicas da falta de boas condições de salubridade. Dos 467 municípios do Estado, 153 têm sistemas de abastecimento de água administrados pelas próprias municipalidades ou por entidades comunitárias. Alguns poucos estão com serviços bem estruturados e realizam análises periódicas sobre a qualidade da água de consumo. Na maioria, principalmente nas pequenas comunidades, esse controle é feito apenas esporadicamente e a precária infra-estrutura de canalização e captação (poços artesianos ou fontes) torna o sistema vulnerável a contaminações. Já na área rural as informações disponíveis permitem concluir que pelo menos metade dos cerca de 2 milhões de habitantes que ali residem enfrentam problemas com o abastecimento de água, seja pela precariedade dos sistemas ou pela crescente contaminação dos mananciais por agroquímicos utilizados nas lavouras. O trabalho foi dividido em duas partes: Parte 1 – Relatório Geral: apresenta um panorama geral da situação do Saneamento x Saúde na América Latina, Brasil e Rio Grande do Sul, além de reunir conceitos gerais e sintetizar dados disponíveis e trabalhos já realizados com ênfase no assunto. Tal relatório resultou da necessidade de mostrar a situação e indicadores da América Latina e do Brasil para poder comparar com o Estado. Como se trata de um projeto para ser apresentado e utilizado pelos COREDES foi preciso, também, decodificar a linguagem e esclarecer conceitos, como por exemplo: o que é saúde, o que é mortalidade infantil, quais são as doenças de veiculação hídrica, e termos técnicos da área de Saneamento. A necessidade se confirmou na ocasião da apresentação do primeiro Relatório Regional para a AGEOS – quando várias respostas para as questões levantadas constavam no Relatório Geral. Parte 2 – Relatório Regional: constituído de 22 volumes que contemplam cada um dos COREDES indicados na Figura 1 apresentada a seguir. Figura 1: Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDES). 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Alto Jacuí Campanha Central Centro-Sul Das Hortênsias Fronteira Noroeste Fronteira Oeste Litoral Médio Alto Uruguai Metropolitano Delta do Jacuí Missões Nordeste Noroeste Colonial Norte Paranhana-Encosta da Serra Produção Serra Sul Vale do Caí Vale dos Sinos Vale do Rio Pardo Vale do Taquari ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental METODOLOGIA EMPREGADA O diagnóstico da situação do saneamento dos municípios do Estado do Rio Grande do Sul propõe-se a estabelecer uma avaliação da situação atual dos serviços de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgotos sanitários na área urbana e rural. E, a partir deste cenário, apresentar soluções para a universalização destes serviços, dentro do conceito de atendimento de 100% da população. A magnitude deste propósito conduziu a um método de análise, que possibilite, de uma forma geral, identificar as situações mais críticas dentro de cada COREDE para formulação de um Programa de Saneamento, constituído pela indicação das principais obras necessárias para atingir a meta estabelecida, bem como a estimativa dos respectivos custos. Este Programa de Saneamento, de caráter geral, possibilitará, em um segundo momento, aprofundar a análise aqui estabelecida, particularizando-se e detalhando-se os estudos para cada uma das localidades envolvidas, de acordo com os sub-programas formulados, a saber: Sub-programa Área Urbana/Água A partir das seguintes informações relativas aos sistemas existentes de abastecimento de água, foram avaliadas as situações atual e futura, considerando-se critérios e indicadores gerais para a análise. • produção de água: capacidade instalada de captação e tratamento de água; • reservação: capacidade instalada de reservatórios; • distribuição: extensão de rede de distribuição de água; • micromedição: número ligações controladas e não controladas. Sub-programa Área Urbana/Esgoto A partir das seguintes informações relativas aos sistemas existentes de esgotamento sanitário, foram avaliadas as situações atual e futura, considerando-se critérios e indicadores gerais para a análise. • tratamento: capacidade instalada; • coleta: extensão de rede coletora de esgoto. Sub-programa Área Rural Trata-se de um Programa de grande alcance social, uma vez que poderá melhorar a qualidade de vida e as condições de saúde da expressiva parcela da população que vive e trabalha no campo e ainda carece de serviços de saneamento básico. Prevê a implantação de sistemas coletivos ou individuais de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, através de parcerias entre governo e comunidades rurais, onde cada um participa com atribuições específicas, definidas por ações de governo e ações das comunidades rurais envolvidas. O resultado de médio e longo prazo poderá ser aferido por indicadores do tipo aumento da expectativa de vida da comunidade e/ou da diminuição dos índices de mortalidade infantil. A população da área rural foi determinada descontando-se da população total do município, segundo as projeções realizadas para a condição atual e futura, aquelas determinadas para a área urbana. Projetando-se as condições atuais para a população futura foi possível avaliar a variação dos níveis de atendimento dos serviços de Saneamento, identificando-se as ações necessárias para serem atingidas as metas estabelecidas (100% de atendimento) e os recursos financeiros envolvidos na implementação das ações indicadas. Os investimentos necessários foram avaliados com base em levantamento de custos de obras realizadas, sendo adotados valores unitários médios definidos a partir de tratamento estatístico. Salienta-se, portanto que tais valores poderão ser diferentes de acordo com as particularidades de cada região bem como através de utilização de tecnologias alternativas de baixo custo. Ressalte-se ainda que o projeto prevê a retroalimentação de dados (atualização e complementação) a partir do debate com as próprias comunidades. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental ATIVIDADES E PROCESSOS DESENVOLVIDOS Inicialmente foi feito um debate preliminar sobre as formas de abordagem sendo realizadas várias reuniões com especialistas da área de saneamento, meio ambiente, saúde publica, economia, comunicação social, entre outros e, cada pessoa consultada, trazia mais dados e informações que exigiam alguma alteração na abordagem prevista inicialmente. Levando em conta tratar-se de um levantamento de dados prevendo cruzamento de vários tipos de informações foi consultado também o especialista da Organização Panamericana da Saúde que alertou para a complexidade da tarefa e número de indicadores que seriam necessários para a definição do quadro final. A itemização básica foi a seguinte: ⇒ CARACTERIZAÇÃO REGIONAL, aborda sucintamente aspectos demográficos, sócio-econômicos da região (COREDE), bem como recursos hídricos. ⇒ SITUAÇÃO DO SANEAMENTO NOS MUNICÍPIOS, apresenta para cada município e respectivos distritos a população (dados censitários/1996 e a projeção para os anos 2000/2010); histórico do saneamento dos municípios e dados dos sistemas existentes (abastecimento de água e esgotamento sanitário – área urbana e rural); é analisada a situação do abastecimento de água e esgotamento sanitário de municípios e distritos com população superior a 100 habitantes sendo propostas obras e estimados investimentos necessários para 100% de cobertura. Salienta-se que para obtenção de informações sobre a infra-estrutura de pequenos distritos também foram consultados jornais do interior (Figura 02). É apresentado um quadro resumo da região e de cada um dos municípios. ⇒ SANEAMENTO E SAÚDE – CONCLUSÕES E SUGESTÕES, a partir da correlação saneamento x saúde dos municípios e região, são indicados os municípios com prioridade de investimento na Região, além de sugestões e recomendações. ⇒ ANEXOS, onde são apresentadas informações gerais sobre Fontes de recursos; Fontes alternativas de abastecimento de água – qualidade da água; Poço tubular – orientação quanto ao projeto e execução. Figura 02: Notícia veiculada no Jornal do Comércio/Porto Alegre em 24/03/99. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental EXEMPLO: COREDE CAMPANHA MUNICÍPIO DE CANDIOTA - POPULAÇÃO Tabela 01: Dados distritais – Contagem IBGE/1996. População (1996) (hab) Local Urbana Rural Total 835 2.509 3.344 Candiota 1.692 170 1.862 Baú 0 319 319 Passo Real de Candiota 385 1.247 1.632 Seival Município 2.912 4.245 7.157 Tabela 02: Projeção do crescimento populacional 2000/2010. (*) População (2000) (hab) Local Urbana Rural Total 909 2.141 3.050 Candiota 1.841 145 1.986 Baú 272 272 Passo Real de Candiota 418 1.064 1.482 Seival Município 3.168 3.622 6.790 População (2010) (hab) Urbana Rural Total 1.098 1.448 2.546 2.224 98 2.322 184 184 506 719 1.225 3.828 2.449 6.277 (*) Projeção CORSAN A Tabela 03 apresenta as populações das sedes municipais e distritos cuja população urbana, na data do censo demográfico de 1996, resultou igual ou superior a 100 habitantes, bem como a população rural para enquadramento nos subprogramas da Área Urbana e da Área Rural, respectivamente. Tabela 03: População - Resumo. Local População (hab) - 2000 -Candiota 909 -Baú 1.841 -Seival 418 Total área urbana 3.168 Total área rural 3.622 Total do município 6.790 População (hab) - 2010 1.098 2.224 506 3.828 2.449 6.277 MUNICÍPIO DE CANDIOTA – SANEAMENTO - ANÁLISE E PROPOSTA DE SOLUÇÃO Tabela 04: Abastecimento de água. ÁREA URBANA – CANDIOTA Item Situação atual Situação futura 100% de cobertura 100% de cobertura Produção Suficiente Suficiente Reservação Suficiente Suficiente Rede ND ND Micromedição Observação INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA 100% DE COBERTURA Obra Quantidade/Unidade Estimativa de custo (US$) Produção Reservatórios Rede Hidrômetros 700 77.000,00 Total (US$): 77.000,00 ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Tabela 04: Abastecimento de água. (continuação). ÁREA URBANA – SEIVAL Item Situação atual Situação futura 100% de cobertura. 100% de cobertura Produção Suficiente Suficiente Reservação Suficiente Suficiente Rede ND ND Micromedição Observação INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA 100% DE COBERTURA Obra Quantidade/Unidade Estimativa de custo (US$) Produção Reservatórios Rede Hidrômetros 181 19.910,00 Total (US$): 19.910,00 ÁREA URBANA – BAÚ Item Situação atual Situação futura ND Produção ND Reservação ND Rede ND Micromedição Observação INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA 100% DE COBERTURA Obra Quantidade/Unidade Estimativa de custo (US$) Produção/ETA 7 l/s 59.815,00 Reservatórios 156 m3 134.316,00 Rede 4.893 m 102.753,00 Hidrômetros 541 59.510,00 Total (US$): 356.394,00 ÁREA RURAL População não atendida 811 hab INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA 100% DE COBERTURA Total (US$): 162.200,00 Tabela 05: Esgotamento sanitário. ÁREA URBANA – CANDIOTA Item Situação atual Situação futura Suficiente Suficiente Coleta Suficiente Suficiente Tratamento Observação INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA 100% DE COBERTURA Obra Quantidade/Unidade Estimativa de custo (US$) Rede Tratamento Total (US$): - ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Tabela 05: Esgotamento sanitário. (continuação) ÁREA URBANA – SEIVAL Item Situação atual Situação futura Suficiente Suficiente Coleta Suficiente Suficiente Tratamento Observação INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA 100% DE COBERTURA Obra Quantidade/Unidade Estimativa de custo (US$) Rede Tratamento Total (US$): ÁREA URBANA – BAÚ Item Situação atual Situação futura ND Coleta ND Tratamento Observação INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA 100% DE COBERTURA Obra Quantidade/Unidade Estimativa de custo (US$) Rede 4.337 m 412.015,00 Tratamento 6 l/s 88.960,00 Total (US$): 500.975,00 ÁREA RURAL População não atendida 811 hab INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA 100% DE COBERTURA Total (US$): 243.300,00 MUNICÍPIO DE CANDIOTA – RESUMO DOS INVESTIMENTOS PARA 100% DE COBERTURA - água: US$ 615.504,00 - esgoto: US$ 744.275,00 - total: US$ 1.359.779,00 COREDE CAMPANHA – CONCLUSÕES Tabela 06: Municípios e Estado do Rio Grande do Sul - Expectativa de Vida (1995/1997), Coeficiente de Mortalidade Infantil e Número de Leitos Hospitalares (1997). Expectativa Coeficiente de Nº de leitos Local de vida Mortalidade Infantil hospitalares (anos) (por mil nascidos vivos) 68,8 24,14 334 Bagé 70,2 21,09 80 Caçapava do Sul 14,29 Candiota 70,6 40,79 148 Dom Pedrito 51,02 Hulha Negra 31,01 36 Lavras do Sul ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Tabela 07: Municípios, COREDE e Estado do Rio Grande do Sul - Valor total das Autorizações de Internações Hospitalares (AIHs) pagas pelo SUS e para o grupo de doenças infecto-parasitárias (1997). Local Total (US$) Infecto-parasitárias (US$) % 2.910.782,69 196.530,84 6,75 Bagé 677.142,25 33.358,24 4,92 Caçapava do Sul 52.997,17 4.651,75 8,78 Candiota 741.466,90 45.677,66 6,16 Dom Pedrito 52.331,83 2.455,66 4,69 Hulha Negra 133.869,59 9.287,81 6,94 Lavras do Sul COREDE 4.568.590,43 291.961,96 6,39 ESTADO RS 243.112.543,73 13.852.276,96 5,70 Tabela 08: Municípios, COREDE e Estado do Rio Grande do Sul - Valor total das AIHs pagas pelo SUS para o grupo de doenças infecto-parasitárias selecionadas (1997). Local Total (US$) 99.494,17 Bagé 11.411,94 Caçapava do Sul 0,00 Candiota 24.925,57 Dom Pedrito 0,00 Hulha Negra 4.997,98 Lavras do Sul COREDE 140.828,66 ESTADO RS 5.042.931,04 ! Mortalidade infantil: 5 municípios têm índices acima da média estadual (15,87°°/oo) 1 município (Candiota) tem índice abaixo da média estadual. ! N° de leitos gerais da região: 598 = 1 leito hospitalar para cada grupo de 352 habitantes significando um potencial de atendimento hospitalar de 56,8%. Considerando apenas os leitos conveniados ao SUS - 514 - o potencial fica em 48,9%. Levando-se em conta que as estatísticas apontam uma média de ocupação de leito de cinco dias para tratamento das doenças preveníveis com Saneamento Básico pode-se inferir que à medida em que se ampliar o atendimento com água e esgoto pode-se paralelamente obter uma menor ocupação de leitos com essas doenças. Isto contribuirá para a melhoria do atendimento hospitalar adiando a aplicação de rcursos no aumento da capacidade da rede hospitalar da região. ! AIHs pagas pelo SUS para o grupo de doenças infecto-parasitárias: US$ 291.961,96/ano. ! % de investimento somente com internações hospitalares de doenças infecto-parasitárias selecionadas preveníveis com saneamento básico na Região: 48% ou US$ 140.828,66. ! Total de gastos com doenças infecto-parasitárias preveníveis com saneamento básico na Região: US$ 704.143,30 (*). Em 10 anos: US$ 7.041.433,00. (*)US$ 140.828,66/ano x 5, estimando-se agregados custos do atendimento ambulatorial deste elenco de problemas de saúde, os custos envolvidos com a falta ao trabalho (do trabalhador e de familiares, para auxílio no tratamento), dos custos do tratamento, da perda da qualidade de vida – afetada pelo quadro mórbido referido, e os custos veiculados ao sistema de securidade social – nos casos mais graves, de forma direta (pensões e aposentadorias) ou indireta (auxílio no tratamento de saúde, etc.), além do ônus gerado à coletividade por uma internação que poderia ter sido evitada (dificuldade de acesso ao leito, congestionamento do sistema de atenção à saúde, etc.). ! Do total necessário para que o abastecimento de água atenda a 100% da população da região, em 10 anos, ou seja US$ 18.312.863,00, o valor de US$ 7.041.433,00 representa 38%. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental ! Os gastos com doenças infecto-parasitárias representam os seguintes percentuais do total necessário para que a Região e cada um dos municípios possa dotar 100% da população com água tratada: 1. Região Campanha: 38% 2. Bagé: 51% 3. Dom Pedrito: 46% 4. Lavras do Sul: 38% 5. Caçapava do Sul: 15% 6. Candiota: 0% 7. Hulha Negra: 0% ! Em relação aos valores do PIB da região e dos municípios, seria possível, obter 100% de abastecimento de água, num prazo de 10 anos, se fossem investidos os seguintes percentuais: 1. Região Campanha: 0,23% do PIB da região ou US$ 1,8 milhão/ano 2. Bagé: 0,33% do PIB do município ou US$ 968 mil/ano 3. Dom Pedrito: 0,15% do PIB do município ou US$ 274 mil/ano 4. Lavras do Sul: 0,33% do PIB do município ou US$ 66 mil/ano 5. Caçapava do Sul: 0,38% do PIB do município ou US$ 374 mil/ano 6. Candiota: 0,03% do PIB do município ou US$ 61 mil/ano 7. Hulha Negra: 0,60% do PIB do município ou US$ 88 mil/ano ! Classificação dos municípios segundo o percentual da população total servida com água: 1. Região Campanha: 72% da população total 2. Candiota: 84% da população total 3. Bagé: 82% da população total 4. Dom Pedrito: 70% da população total 5. Lavras do Sul: 61% da população total 6. Caçapava do Sul: 47% da população total 7. Hulha Negra: 27% da população total Obs: não inclui 3.650 hab na área urbana com dados ND ! Classificação dos municípios segundo o percentual da população total servida com esgoto: 1. Região Campanha: 4% (coleta) e 2% (coleta e tratamento) da pop. total 2. Candiota: 61% da população total (coleta e tratamento) 3. Dom Pedrito: 15% da população total (coleta) 4. Caçapava do Sul: 4% da população total (coleta) 5. Bagé, Hulha Negra e Lavras do Sul: 0% da população total ! Classificação dos municípios segundo o percentual da população urbana servida com água: 1. Região Campanha: 88% da população urbana 2. Candiota: 100% da população urbana 3. Bagé: 96% da população urbana 4. Lavras do Sul: 90% da população urbana 5. Dom Pedrito: 78% da população urbana 6. Caçapava do Sul: 73% da população urbana 7. Hulha Negra: 54% da população urbana Obs: não inclui 3.650 hab na área urbana com dados ND ! Classificação dos municípios segundo o percentual da população urbana servida com esgoto: 1. Região Campanha: 7% (coleta) e 2% (tratamento) da pop. urbana 2. Candiota: 100% da população urbana (coleta e tratamento) 3. Dom Pedrito: 17% da população urbana (coleta) 4. Caçapava do Sul: 7% da população urbana (coleta) 5. Bagé, Hulha Negra e Lavras do Sul: 0% da população urbana ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 9 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental • O município de Candiota é o que tem o menor índice de mortalidade infantil (14,29°°/oo) e também o que apresenta a melhor cobertura em abastecimento de água e esgoto para as populações urbana e rural. • Já Hulha Negra, com o maior índice de mortalidade infantil (51,02°°/oo) é que apresenta o mais baixo índice de atendimento em água e esgoto para as populações urbana e rural. • Levando-se em conta os municípios da região que têm índices de mortalidade infantil acima da média do Estado, excetuando Bagé, todos os demais têm percentual significativo da população vivendo na zona rural: Caçapava do Sul (39,49%); Hulha Negra (55,33%); Dom Pedrito (49,38%) e Lavras do Sul (36,90%) - onde a infra-estrutura de Saneamento é precária. Este fato é mais um indicador da influência direta entre as condições de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto e os índices de saúde de uma população. • O município de Bagé embora tenha um sistema de produção de água suficiente para a demanda, enfrenta sérios problemas com a descontinuidade da produção por causa da baixa vazão dos mananciais em períodos de estiagem que têm se tornado freqüentes. Este fator pode estar influenciando nos índices elevados de mortalidade infantil (24,14º/oo) e gastos hospitalares com doenças infecto-parasitárias. • Salienta-se que o percentual da população total da região atendida com coleta (4%) e coleta e tratamento de esgotos (2%) indica a necessidade urgente de investimentos nessa área pela influência direta dessa cobertura nos índices de saúde. • Salienta-se, ainda, que a população urbana da região Campanha tem uma cobertura de abastecimento de água de 88%. Pela análise e indicadores de Saneamento e Saúde, os municípios com prioridade de investimento na região são: Hulha Negra, Dom Pedrito e Bagé COREDE CAMPANHA – SUGESTÕES Sugere-se ao próprio COREDE e às prefeituras municipais: 1. Melhoria e disponibilidade de dados relativamente à saúde; 2. Ampliação e detalhamento de dados sobre a infra-estrutura de Saneamento - cobertura, tipo de tratamento, periodicidade de exames qualitativos da água, horas de funcionamento do sistema, tipo de rede coletora, disposição final do esgoto tratado; 3. Estes mesmos dados devem ser disponibilizados para os sistemas alternativos de abastecimento (poços e fontes) e/ou coleta de esgoto; 4. Ênfase em programas de educação ambiental e uso racional da água na região, por causa da dificuldade dos mananciais; 5. Ênfase em programas de educação sanitária e qualidade da água para as populações que usam sistemas alternativos ou precários de abastecimento. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 10 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental PANORAMA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL O “RS 100% ÁGUA” apresenta as seguintes informações preliminares para o Estado do Rio Grande do Sul. Cobertura de água: 65% da população total 80% da população urbana Cobertura de esgoto: 15% da população total (coleta) 20% da população urbana (coleta) Dos 467 municípios, 155 possuem coeficiente de mortalidade infantil (CIM) superior a média estadual e 172 municípios possuem CIM igual a zero ou não disponível. Salienta-se que a maior parte dos municípios com CIM igual a zero são pequenos e com predominância de população rural, portanto com condição mais precária de saneamento, o que faz supor que o índice zero seja na verdade falta de informação. O COREDE Médio Alto Uruguai, que tem a menor cobertura da população total com abastecimento de água (30%) e menos de 1% da população servida com esgotamento sanitário, é o que tem a menor taxa de urbanização (apenas 43% da população reside na área urbana). Dos 30 municípios, 14 apresentam CIM superior a média estadual (atingindo 51,28°/oo no município de Dois Irmãos das Missões) e 9 municípios têm CIM igual a zero ou não disponível. O COREDE Vale do Rio Pardo, 2º em menor cobertura da população total em abastecimento de água (38%) e menos de 6% da população servida com esgoto, também é o 2º em menor taxa de urbanização (58%). Dos 24 municípios, 11 tem CIM superior a média do Estado (42,17°/oo no município de Boqueirão do Leão) e 8 municípios com CIM igual a zero ou não disponível. Mais dois COREDEs – Norte e Vale do Taquari, com características semelhantes aos mencionados anteriormente, ou seja, pequena cobertura em abastecimento de água (40%) e esgotamento sanitário (0%) e baixa taxa de urbanização, apresentam mais de 70% dos municípios com CIM igual a zero, não disponível ou bem superior a média estadual – 35,71°/oo (município de Mariano Moro/COREDE Norte) e 59,83°/oo (município de Progresso/COREDE Vale do Taquari). Já o COREDE Metropolitano Delta do Jacuí, com maior taxa de urbanização, apresenta a melhor cobertura da população total com água (85%) e esgoto (40% - coleta). Também é o COREDE que tem baixos índices de mortalidade infantil – o maior índice é de 22,64°/oo no município de Eldorado do Sul. Os COREDEs Vale do Rio dos Sinos e Fronteira Oeste - 2º e 3º lugar com maior taxa de urbanização, respectivamente - possuem alta cobertura da população total em abastecimento de água (cerca de 70%) e também registram baixos coeficientes de mortalidade infantil (19,38°/oo no município de Nova Hartz/Vale do Rio dos Sinos e 30,77°/oo no município de Manoel Viana/Fronteira Oeste). Quanto ao esgotamento sanitário, o COREDE Vale do Rio dos Sinos possui cerca de 5% de cobertura da população total e o COREDE Fronteira Oeste, 17% de cobertura da população total. Tais fatos são alguns dos indicadores da influência direta entre as condições de abastecimento de água e esgotamento sanitário e os índices de saúde de uma população. Tabela 09: Rio Grande do Sul - Resumo dos investimentos para 100% de cobertura. Área Urbana US$ 340 milhões Água Área Rural US$ 370 milhões Total US$ 710 milhões Área Urbana US$ 2 bilhões Esgoto Área Rural US$ 550 milhões Total US$ 2,55 bilhões Área Urbana US$ 2,34 bilhões Água e Esgoto Área Rural US$ 920 milhões Total US$ 3,26 bilhões ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 11 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS As principais instituições e órgãos consultados para a elaboração do trabalho estão indicados a seguir: Organização Mundial de Saúde (OMS); Organização Pan-Americana de Saúde (OPS); Fundação Nacional de Saúde; Secretaria da Saúde e Meio Ambiente (SSMA); Secretaria de Obras Públicas e Saneamento (SOPS); Fundação Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE); Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE); Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM); Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional (METROPLAN); Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN); Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (ASSEMAE); Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDES); Prefeituras Municipais Além das publicações abaixo relacionadas, também foram utilizadas diversas notícias e artigos veiculados em jornais e revistas do Brasil e exterior. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. DNPM/RS - MME, 1989. Mapa Geológico do Estado do Rio Grande do Sul, Escala 1:1.000.000 e Parte do Escudo Sul-Riograndense, Escala 1:600.000. FEE, 1997. Anuário Estatístico do Rio Grande do Sul. Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser. Porto Alegre/RS. FEE, 1997. Resumo Estatístico Municipal. Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser. Secretaria da Coordenação e Planejamento. Versão nov/1997. Porto Alegre/RS. FEPAM, 1992. Rio Grande do Sul/92 - Perfil Ambiental e Estratégias. GROSS, J. M., Monteiro, A. & MOTA NOVAES, L. E. S., 1998. Mármores e Granitos – Potencialidades da Metade Sul do Estado do Rio Grande do Sul. GEOLINKS/UFPEL. Porto Alegre/RS. 54 p. HAUSMAN, A., 1980. Mapa das Províncias Hidrogeológicas do Rio Grande do Sul, Escala 1: 1.000.000. IBGE, 1986. Levantamento de Recursos Naturais. Projeto RADAMBRASIL. Folha SH.22 – Porto Alegre e parte das Folhas SH.21 – Uruguaiana e SI.22 – Lagoa Mirim. V. 33. Rio de Janeiro. 791 p. IBGE, 1998. 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Porto Alegre,. 250 p. Rio Grande do Sul. Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente. 1998. Núcleo de Informação em Saúde. Estatísticas de Saúde: Mortalidade 1997. Porto Alegre. 264 p. 1º Diagnóstico Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento/1996. Téia Magalhães; Colaboração: Verônica Maria Bercht...[et al.] – Brasília: ASSEMAE – Fundação Nacional de Saúde, 45, lxiv p. IBGE. 1991.Censo Demográfico. Rio Grande do Sul. IBGE. 1996. Contagem da População. Rio Grande do Sul. IBGE. 1997. Divisão Territorial. Rio Grande do Sul do Brasil.. PUC/RS. 1996. Revista Análise. Klering, Luís Roque. PIB. IBGE. 1996. Cronologia dos Municípios do Estado do Rio Grande do Sul.. FEE, 1996. Índice de Desenvolvimento Social (IDS). Uma Estimativa para os Municípios do Rio Grande do Sul. Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser. Secretaria da Coordenação e Planejamento. Edição revisada. Março de 1996. Porto Alegre/RS. ASSEMAE, 1996. Saneamento: responsabilidade municipal – como fazer saneamento no seu município/André Monteiro Costa, Carlos Henrique de Melo. Brasília:, 32 p. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 12 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental 24. 25. 26. 27. 28. 29. OPS/OMS - 1997 - Guía Latino Americana de Tecnologias Alternativas en Agua y Saneamiento. Organización Panamericana de la Salud/Organización Mundial de la Salud. Unión Mundial para la Naturaleza. Agencia Española de Cooperación Internacional. Fundación Tecnológica de Costa Rica. OPS/OMS - 1997 - Taller Regional sobre Participación Comunitaria y Saneamiento Basico Rural. San José. Marzo- 1997. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. 1994 Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Departamento de Assistência ao Cooperativismo. Carta de Relevo e Sistema Rodoviário. Escala 1: 1.250.000. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. 1997. Secretaria de Agricultura e Abastecimento. 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