MEMORIAL
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Anais do II Simpósio Capixaba de
Memória Institucional
TEXTOS
Andréa Cristina de Barros Queiroz
Anaximandro Oliveira Santos Amorim
Rosilda Adelaide Rufo
Thaís da Silva Mello Ecard Pinto
Rafael de Jesus
André Luiz Ataide
VITÓRIA - ES
2013
Dossi Editora
Copyright 2013 by Ministério Público do Estado do Espírito Santo. Memorial
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada
a fonte.
ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO DO PROJETO
Memorial do Ministério Público do Estado do Espírito Santo
Equipe:
Nícia Regina Sampaio – Coordenadora
Paulo José da Silva e Simone da Silva Ávila – Agentes de Apoio Administrativo
Arthur Lamborghini Ferreira e Victor Augusto Lage Pena – Estagiários
DIAGRAMAÇÃO E CAPA: Sérgio Marvila
REVISÃO: Herbert Farias
FOTOGRAFIAS: MP-ES; Garoto; TRE-ES.
,035(66­2'RVVL(GLWRUD*Ui¿FD/WGD(33
TIRAGEM: 700 exemplares
(',725'RVVL(GLWRUD*Ui¿FD
Catalogação na fonte Biblioteca Pública do Estado do Espírito Santo
S61A Simpósio Capixaba de Memória Institucional. (2 : 2012 : Vitória, ES).
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional / organização do
Memorial. Ministério Público do Estado do Espírito Santo / textos de Andréa
Cristina de Barros Queiroz e outros / revisão de Herbert Farias / prefácio de Paulo
José da Silva e Simone da Silva Ávila. – Vitória, ES : MP-ES, 2013.
64 p. : il ; 15 x 22 cm
ISBN: 978-85-65245-02-9
– Ministério Público – Espírito Santo (Estado) – História – Simpósios. 2. Bandes
– Espírito Santo (Estado) – História – Simpósios. 3. Chocolates Garoto – História
– Simpósios. 4. Grupo Águia Branca – História – Simpósios. 5. Justiça Eleitoral
– Espírito Santo (Estado) – História – Simpósios. I. Memorial. Ministério Público
do Estado do Espírito Santo. II. Queiroz, Andréa Cristina de Barros. III. Amorim,
Anaximandro Oliveira Santos. IV. Rufo, Rosilda Adelaide. V. Pinto, Thaís da Silva
Mello Ecard. VI. Jesus, Rafael de. VII. Ataide, André Luiz. VIII. Título.
CDD. 981.52
Rua Procurador Antônio Benedicto Amancio Pereira, 121
Edifício Edson Machado – Santa Helena – Vitória/ES – CEP. 29050-265
Telefone: (27) 3194 4500 – www.mpes.gov.br
SUMÁRIO
Mensagem ..................................................... ................................5
Agradecimentos
Prefácio
.........................................................................7
......................................................................................9
A Memória Institucional: uma questão de identidade e de políticas
de preservação e de disseminação dos seus acervos ...............13
Andréa Cristina de Barros Queiroz
Centro de Documentação e Memória Bandes: um relato ...........21
Anaximandro Oliveira Santos Amorim
Centro de Documentação e Memória da Chocolates Garoto:
Memória Empresarial, uma chave de oportunidades .................31
Rosilda Adelaide Rufo
Thaís da Silva Mello Ecard Pinto
Centro de Memória Águia Branca:
uma história de 65 anos do Grupo Águia Branca ......................41
Rafael de Jesus
Os 80 anos da Justiça Eleitoral no Espírito Santo .................... 51
André Luiz Ataide
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
MENSAGEM
Compreender, guardar e registrar a memória do Ministério
Público significa também compreender, guardar e
registrar a memória do Estado Democrático de Direito no
Estado Brasileiro.
Após uma breve visita à história da democracia no país,
percebe-se que a proeminência do Ministério Público
acontece quando há uma abertura para o exercício pleno
da cidadania, representado pelo acesso aos direitos
fundamentais como saúde, educação e meio ambiente,
entre outros.
A Constituição Cidadã, de 1988, delimitou como
atividade finalística do Ministério Público defender a
ordem jurídica e do regime democrático, dos direitos e
garantias assegurados na Carta Maior, além de zelar
pelo efetivo respeito aos poderes públicos e aos serviços
de relevância pública.
Assim, os registros históricos revelam que a escolha do
Ministério Público como o defensor, por excelência, dos
direitos fundamentais foi acertada. Muitos avanços foram
alcançados, contudo ainda não foram consolidados.
Dessa forma, para que o rumo da história se processe
sem retrocessos e violação a direitos conquistados,
é necessário sempre um revisitar aos fatos passados,
identificando os melhores acertos e os maiores erros.
Nesse viés, o Memorial do Ministério Público pretende
atuar como elo entre o passado e o futuro, sendo um
instrumento libertário e de construção de um Estado de
bem-estar social.
5
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Por fim, convém salientar que, em meio a tantos sinais
que apontam para a desconstrução e violação de direitos
e garantias, os registros históricos da Instituição apontam
para um sentido oposto, na medida em que põem em
relevo as vitórias conquistadas pelo Ministério Público
em parceria com a sociedade e que devem permanecer
na memória coletiva, reconhecidas como valor essencial
e impulsionador de novas conquistas.
Nícia Regina Sampaio
Promotora de Justiça
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Ministério Público do Estado do Espírito Santo
AGRADECIMENTOS
Na realização do II Simpósio Capixaba de Memória
Institucional, contamos com a colaboração de diversos
setores do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES):
Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf),
Assessoria de Comunicação (ASCM), Cerimonial e o
Serviço de Suporte Administrativo (SSAD).
O Ceaf, ao qual o Memorial atualmente está vinculado,
IRL UHVSRQViYHO SHOR GHVHQYROYLPHQWR GR SURMHWR JUi¿FR
referente ao material de divulgação (fôlder e cartaz),
pela recepção dos participantes e pela confecção dos
FHUWL¿FDGRV$$VVHVVRULDGH&RPXQLFDomRIRLSDUFHLUDQD
divulgação do Simpósio, vinculando notas sobre o evento
no site e na intranet da instituição, e enviando releases
para a imprensa local. Ao Cerimonial, coube a condução do
evento e ao SSAD, a viabilização do coffee break servido
aos participantes.
O apoio das instituições que apresentaram seus centros
de documentação e memória foi primordial para o sucesso
do evento. O Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo
(Bandes), a Chocolates Garoto, a Águia Branca Participações
e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) disponibilizaram
fôlderes e material de expediente para compor, junto a um
exemplar dos Anais do I Simpósio Capixaba de Memória
Institucional, a pasta entregue a todos os participantes.
Um agradecimento especial ao professor Antônio Luiz
Mattos de Souza Cardoso, chefe do Departamento de
Biblioteconomia da Ufes, pelo empenho na divulgação do
Simpósio aos alunos dessa Universidade.
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Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Ao Instituto Goia, que, em parceria com a Prefeitura de
Vitória, realiza o Projeto Visitar no centro da cidade, somos
gratos pela disponibilização de material de divulgação
(cartões-postais, calendário e mapa) do Centro Histórico
de Vitória.
À então dirigente do Ceaf e coordenadora do Memorial,
Nícia Regina Sampaio, por incentivar esse evento como
meio de preservar a história institucional e aproximar o MPES da sociedade. À atual dirigente do Ceaf, Sabrina Coelho
Machado Fajardo, e ao procurador-geral de Justiça, Eder
Pontes da Silva, nosso agradecimento por terem tornado
possível a publicação destes anais.
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Ministério Público do Estado do Espírito Santo
PREFÁCIO
O Memorial do Ministério Público do Estado do Espírito
(MEMP) concebeu o Simpósio Capixaba de Memória
Institucional buscando o diálogo com outras instituições e
organizações que possuem, ou pretendem constituir, centros
de documentação e memória. Esse Simpósio, criado com o
objetivo de fazer parte do calendário acadêmico e cultural do
estado do Espírito Santo, tem como meta o enriquecimento
da discussão sobre a identidade e o papel do Ministério
Público no estado e a criação de uma interface entre ele,
empresas, universidade, instituto histórico e demais setores
governamentais e da sociedade em geral.
Nesta segunda edição do evento, no dia 25 de outubro de
2012, debatemos a importância do desenvolvimento de programas de preservação da memória institucional e abrimos
um espaço para as empresas apresentarem suas experiências bem-sucedidas nesse campo.
O II Simpósio Capixaba de Memória Institucional foi realizado
no Auditório Promotor Deo Schneider, da Procuradoria-Geral
de Justiça, e teve a participação de membros, servidores e
colaboradores do Ministério Público, instituições públicas e
SULYDGDVSUR¿VVLRQDLVHDFDGrPLFRVGHFLrQFLDVKXPDQDV
jurídicas e da informação.
A conferência e as comunicações proferidas e divulgadas
nestes anais têm o intuito de contribuir para a ampliação
GR DFHUYR ELEOLRJUi¿FR VREUH D 0HPyULD H D +LVWyULD QDV
LQVWLWXLo}HV$OpP GH HQULTXHFHU D SURGXomR KLVWRULRJUi¿FD
capixaba, esta publicação oportuniza àqueles que não
participaram do evento o acesso ao tema debatido.
Estes anais apresentam, em seu primeiro capítulo, o texto
A Memória Institucional: uma questão de identidade e
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Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
de políticas de preservação e de disseminação dos seus
acervos, de Andréa Cristina de Barros Queiroz. A autora é
doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), onde atua como diretora da Divisão de
Memória Institucional do Sistema de Biblioteca e Informação
(SiBI/UFRJ).
O texto trata da memória como construção feita no presente
a partir de vivências e experiências ocorridas num passado
que se deseja lembrar ou esquecer. Essa memória subjetiva
e seletiva nos remete a uma dimensão coletiva, social e, por
extensão, institucional. Nesse sentido, são apresentadas
as ações desenvolvidas na UFRJ em prol da organização,
preservação e divulgação dos acervos da instituição,
visando contribuir para a produção do conhecimento gerado
na universidade.
O segundo capítulo trata do Centro de Documentação e
Memória (CDM/Bandes) como espaço destinado ao estudo,
à pesquisa e à preservação do acervo e da memória do
Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A. Essa
comunicação, apresentada pela gerente de Inovação
Institucional responsável pelo CDM/Bandes, Vanessa Vaillant
Beltrame Colodetti, está representada nesta publicação por
meio do artigo intitulado Centro de Documentação e Memória
Bandes: um relato, escrito pelo pesquisador Anaximandro
Oliveira Santos Amorim.
O tema Centro de Documentação e Memória da Chocolates
Garoto: Memória Empresarial, uma chave de oportunidades,
foi discorrido pela assessora de Imprensa e supervisora
da Memória Empresarial Garoto, Rosilda Adelaide Rufo. O
capítulo com essa apresentação, que tem a coautoria de Thaís
da Silva Mello Ecard Pinto, estagiária de Arquivologia lotada
na Assessoria de Comunicação Corporativa da Chocolates
Garoto (Arquivo-Geral), relata as atividades dessa empresa
para a criação do seu CDM e analisa sua importância
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Ministério Público do Estado do Espírito Santo
na instituição e seus produtos e serviços prestados à
comunidade, à empresa e aos seus stakeholders.
O quarto capítulo traz a comunicação Centro de Memória
Águia Branca: uma história de 65 anos do Grupo Águia
Branca, do analista de Comunicação Rafael de Jesus. Criado
para ser um espaço para preservação do acervo histórico do
Grupo Águia Branca e de relacionamento com seus públicos
estratégicos, esse centro de memória tem como objetivos
difundir o conhecimento, contribuir na formação acadêmica
de jovens e adultos, ampliar o relacionamento do grupo
com a comunidade local e fortalecer a imagem positiva da
empresa.
Completa estes anais o relato do projeto de exposição
GH GRFXPHQWRV IRWRJUD¿DV H PDWHULDLV GH JUDQGH YDORU
histórico, em comemoração aos 80 anos da Justiça Eleitoral
no Brasil, apresentado no Simpósio pelo diretor-geral do
TRE-ES, Alvimar Dias Nascimento. O texto Os 80 anos
da Justiça Eleitoral no Espírito Santo, escrito pelo analista
judiciário/arquivista do Tribunal Regional Eleitoral (TREES), André Luiz Ataíde, descreve a concepção e realização
dessa exposição pela Comissão de Preservação e Memória
GD-XVWLoD(OHLWRUDO&DSL[DEDLQVWLWXtGDFRPD¿QDOLGDGHGH
criar meios de preservar o material histórico produzido e
recebido no âmbito dessa Egrégia Corte e com a intenção
de montar um centro de memória.
Paulo José da Silva
Simone da Silva Ávila
Agentes de Apoio Administrativo
CEAF-Memorial
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Ministério Público do Estado do Espírito Santo
A MEMÓRIA INSTITUCIONAL: UMA QUESTÃO
DE IDENTIDADE E DE POLÍTICAS DE
PRESERVAÇÃO E DE DISSEMINAÇÃO DOS
SEUS ACERVOS
Andréa Cristina de Barros Queiroz*
A Memória Institucional
Michel de Certeau (2002, p.77) salientou que os lugares
permitem e interditam as produções da história, tornando
possíveis certas pesquisas em função de conjunturas e
problemáticas comuns e, por outro lado, impossibilitando
outras. Por sua vez, os grupos, classes e indivíduos
também estão em constante disputa pelo poder. As
relações entre poderes, muitas vezes, definem o que
será lembrado e o que deverá ser esquecido. Seja como
for, é no âmbito da noção de poderes que se define o
que ficará registrado em livros e programas escolares,
por exemplo, tornando-se “memória histórica”, ou a
denominada “história oficial”.
A memória, dessa forma, está diretamente ligada aos
mecanismos de controle e dominação de alguns grupos sobre
outros. A evocação da memória também está vinculada a
um tempo presente. Mesmo remetendo a uma lembrança do
passado, é a necessidade presente que norteia a evocação
memorialística. Nesse sentido, é pertinente termos a
consciência de que os interesses do presente norteiam e
GH¿QHP R WUDEDOKR GH UHPHPRUDomR HRX FHOHEUDomR GR
passado.
* Doutora em História Social (PPGHIS/UFRJ); diretora da Divisão de
Memória Institucional – SiBI/UFRJ; Prof.ª Dr.ª do Curso de História da
Universidade Unigranrio. E-mail: [email protected].
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Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
A “rememoração” [...] proporciona o sentimento da
distância temporal; mas ela é a continuidade entre
presente, passado recente, passado distante, que
me permite remontar sem solução de continuidade do
presente vivido até os acontecimentos mais recuados
da minha infância (RICOUER, 1996, p.8).
Para Paul Ricoeur, existe uma distinção entre rememoração
(parte de um processo de elaboração individual) e
comemoração (trabalho de construção de uma memória
coletiva). A mediação entre a memória individual e a coletiva
passaria, então, a produzir uma identidade narrativa, inscrita
no tempo e na ação. De acordo com Ricoeur, como a
memória possui caráter seletivo, ocorre uma manipulação
desta em função da utilização deliberada do esquecimento.
Os usos dessa seleção da memória coletiva encontramse, portanto, nesse processo de rememoração social, cuja
intenção é justamente a de impedir o próprio esquecimento.
Lembramos que as utilizações sociais da memória são
visíveis nesse fenômeno das comemorações que, em
todas as partes do mundo, vêm se impondo como um
ritual nacional. Consagrando o universalismo dos valores
de uma comunidade, as comemorações buscam, nessa
³UHPHPRUDomR´GHDFRQWHFLPHQWRVSDVVDGRVVLJQL¿FDo}HV
GLYHUVDVSDUDXVRGRSUHVHQWH&RPHPRUDUVLJQL¿FDHQWmR
reviver de forma coletiva a memória de um acontecimento
considerado como ato fundador, a sacralização dos grandes
valores e ideais de uma comunidade constituindo-se no
objetivo principal. A comemoração tem por objetivo demonstrar
que o acontecimento “rememorado”, por seu valor simbólico,
pode se reportar ao devir. As comemorações buscam, pois,
nessa reapropriação do acontecimento passado, um novo
regime de historicidade, projetando-o em direção ao futuro.
Para a historiadora Verena Alberti (2004, p. 33), as formas de
concepção do passado também são formas de ação, já que
“conceber o passado não é apenas selá-lo sob determinado
14
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
VLJQL¿FDGR FRQVWUXLU SDUD HOH XPD LQWHUSUHWDomR FRQFHEHU
R SDVVDGR p WDPEpP QHJRFLDU H GLVSXWDU VLJQL¿FDGRV H
desencadear ações”.
Assim, ressaltamos que memória e identidade são conceitos
intrinsecamente ligados, constituindo-se mutuamente num
processo no qual a primeira dá substrato à segunda. Através
de uma constante seletividade de elementos, a memória
busca a legitimação do que deve prevalecer na lembrança e
por isso também é objeto de constante disputa de poderes.
Isso também vale para a memória institucional. Se é verdade
que uma instituição é constituída por uma complexa rede de
relações estabelecidas, não somente nos papéis e registros
R¿FLDLV PDV H VREUHWXGR DWUDYpV GDV SUiWLFDV KDELWXDLV
fundamentadas em valores e normas adotadas pelos sujeitos
que as constituem e nela atuam, é também sabido que a
identidade compartilhada é um poderoso fator de coesão de
grupos (BOURDIEU, 2001, p. 37).
1DV LQVWLWXLo}HV R GLVFXUVR R¿FLDO SURGX] GHWHUPLQDGRV
VLJQL¿FDGRV UHODFLRQDGRV j FRQVWUXomR GH XPD LGHQWLGDGH
institucional e através dele podemos perceber a atuação dos
diversos grupos implicados nesse processo, bem como a
relação destes com os diversos tipos de memórias que se
perpetuam ou se apagam. O discurso a que nos referimos
extrapola a noção de textos, documentos, objetos e falas.
Refere-se também à relação que os sujeitos estabelecem
com o meio social e ao processo histórico em curso. Para
Pollak (1992), a memória, em todos os níveis, é um fenômeno
construído social e individualmente e por isso, tem ligação
direta com o sentimento de identidade.
Seja como for, reconhecemos a importância da construção
HGDFHOHEUDomRGDPHPyULDLQVWLWXFLRQDOSRLVHODVHD¿UPD
diante da necessidade de se estabelecer uma identidade não
apenas da própria instituição, mas da ação dos diferentes
sujeitos que participaram desse processo; e que tem no
passado o seu lugar de construção, e no presente a tarefa
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Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
individual, e ao mesmo tempo coletiva, de preservação,
salvaguarda e difusão dessa memória, ou melhor, dessas
memórias.
E nesse momento, estabelece-se um diálogo entre as
diferentes memórias em disputa dentro de uma instituição
e os “lugares de memória” por ela produzidos. Estamos nos
referindo ao conjunto de iniciativas de registro dos dados
coletados em atividades de pesquisa e/ou no recolhimento de
materiais didáticos, relatos, documentos, móveis, utensílios,
HTXLSDPHQWRVHQ¿PWXGRRTXHIRLSURGX]LGRSHORVVXMHLWRV
que constituíram e constituem uma dada instituição que,
percebidos em sua dimensão histórica, são inventariados em
conjuntos coerentes, sendo em seguida socializados para a
consulta do público interessado. Dessa forma, tais acervos
tornam-se depositários da história da instituição, passando a
compor o seu patrimônio cultural.
Como destacou Andreas Huyssen (2000, p. 72), “sem
memória, sem a leitura dos restos do passado, não pode
haver o reconhecimento da diferença [...], nem a tolerância
das ricas complexidades e instabilidades pessoais e culturais,
políticas e nacionais”. Por isso mesmo, é necessário que
se reforce junto às instâncias superiores de governo, às
agências de fomento e até mesmo aos empresários a
importância da salvaguarda da memória das instituições,
bem como da necessidade de viabilizar recursos materiais
importantes à recuperação, à preservação e à disseminação
de informações sobre esses acervos memorialísticos, uma
vez que eles traduzem não somente o legado históricopolítico-cultural da instituição, mas de toda a sociedade que
dialoga e interage com tais instituições.
As políticas institucionais de preservação e de
disseminação de seus acervos – a Universidade Federal
do Rio de Janeiro
O equacionamento entre a consciência da necessidade de
preservação e os recursos materiais viabilizados para tal
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Ministério Público do Estado do Espírito Santo
QHFHVVLGDGHDLQGDpXPGHVD¿RDVHUVXSHUDGR(QWUHWDQWR
temos a consciência de que, ao nos colocarmos como
defensores e “guardiões” de acervos memorialísticos,
assumimos grande responsabilidade perante as futuras
gerações. O direito à memória é um direito de cidadania.
Por tudo percebemos a necessidade de se estabelecer
SROtWLFDVGH¿QDQFLDPHQWRVWDQWRS~EOLFRVTXDQWRSULYDGRV
para a salvaguarda dos patrimônios e acervos materiais e
imateriais, tão espalhados e fragmentados na Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
Como entidade pública, a universidade tem, entre suas
funções, assegurar à sociedade o direito de acesso a todas
as informações sobre sua origem, trajetória e funcionamento,
UHD¿UPDQGRGHVVDIRUPDDVXDLPSRUWkQFLDHVWUDWpJLFDQD
construção de saberes e da cidadania. A organização, a
preservação e a divulgação dos acervos contribuem para
pesquisas que tenham como objeto de estudo a produção
do conhecimento gerado na universidade, grosso modo, e,
por conseguinte, para a compreensão da construção e da
WUDMHWyULD GR SHQVDPHQWR FLHQWt¿FR FXOWXUDO H WHFQROyJLFR
de nosso país.
Com a criação do Grupo de Pesquisa em Memória, História
e Documentação e do Projeto Memória, Documentação
e Pesquisa, desde 2006, dentro da Divisão de Memória
Institucional (DMI) do Sistema de Bibliotecas e Informação
(SiBI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
estabeleceu-se o objetivo comum de preservação, análise e
difusão dos acervos que fazem parte da história e da memória
da UFRJ. Dessa maneira, foram feitos levantamentos sobre
esses acervos, sobre os “lugares de memória” onde eles
estão organizados e sobre como estão disponibilizadas
essas informações ao público.
3RUWDQWR D ¿P GH VH PDQWHU XP FRQWtQXR GLiORJR HQWUH D
preservação desses acervos e a difusão das pesquisas já
existentes, a Divisão de Memória Institucional promove
anualmente a série de seminários Memória, Documentação
17
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
e Pesquisa, que visa, além da divulgação do acervo e
patrimônio institucional, uma análise da produção técnicoFLHQWt¿FDGHQWURHIRUDGDXQLYHUVLGDGHHDRUJDQL]DomRHP
livro das conferências e palestras apresentadas nessa série,
que podem ser consultadas e baixadas da página da DMI/
UFRJ (www.sibi.ufrj.br/Projeto/memoria.html).
Com a contribuição de uma equipe interdisciplinar de pesquisa, formada por pesquisadores, docentes e discentes da
8)5-HEROVLVWDVGHLQLFLDomRFLHQWt¿FDIRUDPIHLWRVROHYDQtamento e a análise de diferentes acervos documentais da
XQLYHUVLGDGH HVFULWRV LPSUHVVRV PDQXVFULWRV LFRQRJUi¿FRVHFDUWRJUi¿FRVEHPFRPRRSDWULP{QLRDUWtVWLFRFXOWXUDO
e arquitetônico, e as pesquisas relativas à constituição do
acervo de História Oral da UFRJ, buscando fazer um levantamento dos diversos gestores que comandaram a universidade, bem como dos diferentes servidores que moram ao
redor do campus da Cidade Universitária da Ilha do Fundão
e que participaram literalmente de sua construção.
Retomamos a dimensão de que as memórias individual e
coletiva sempre se fazem em algum lugar, que lhes imprime
uma referência. Assim, os lugares constituem-se representações importantes na memória dos indivíduos e da sociedade. Assim como as mudanças empreendidas nesses locais
sempre acarretam mudanças na percepção da realidade e
das vidas, que se inscrevem nesses “lugares”.
Por tudo isso, há a necessidade de se compreender como se
constituem os “lugares de memória” dentro das instituições,
sejam arquivos, museus, bibliotecas, centros culturais e
núcleos de memória, entre outros, e como eles organizam os
seus acervos e promovem a sua disseminação dos mesmos.
Com isso, podemos tomar esses lugares e seus acervos
não somente como fontes para a história institucional, mas
também como objetos de pesquisa.
Portanto, no trabalho que desenvolvemos na DMI/UFRJ
LGHQWL¿FDPRV FHUFD GH WULQWD ³OXJDUHV GH PHPyULD´ GHQWUR
18
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
da instituição, e, como a demanda pela memória é diária,
esses dados podem ser alterados no instante de nossa fala.
Contudo, há que se ter cuidado com essa chamada “sedução
pela memória” (HUYSSEN, 2000), pois ela pode gerar uma
explosão de memórias comercializadas, que trazem à tona
os excessos produzidos com o boom de informações na era
digital. Disso decorre outra demanda, principalmente quando
o que está em jogo são os usos das novas tecnologias para o
armazenamento e preservação desses acervos, e o posterior
acesso do público na leitura e manuseio desses suportes em
que os acervos serão arquivados.
Referências
ALBERTI, Verena. Ouvir contar: textos em história oral. Rio
de Janeiro: FGV, CPDOC, 2007.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo:
Centauro, 2006.
HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura,
monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
FERREIRA, Marieta de Moraes. História oral,
comemorações e ética. Projeto História. Ética e História
oral, São Paulo, n. 15, p.157-164, abr. 1997.
OLIVEIRA, Antonio José B. de; QUEIROZ, Andréa C. B.;
MELLO, Paula M. A. M. Projeto Memória da UFRJ. Rio de
Janeiro, 2009. (Mimeo)
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos
Históricos. Rio de Janeiro. v. 5, n.10, p.200-212, 1992.
XAVIER, Libânia Nacif. Iniciativas de preservação da
memória institucional na UFRJ. [199-]. Mimeo.
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Ministério Público do Estado do Espírito Santo
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E MEMÓRIA
BANDES: UM RELATO
Anaximandro Oliveira Santos Amorim*
Resumo:
O presente artigo tem como objetivo tecer um relato, ainda que breve,
do Centro de Documentação e Memória Bandes. O CDM-Bandes é um
espaço destinado ao estudo, à pesquisa e à preservação do acervo e
da memória do Bandes. O CDM é responsável por manter a memória
da instituição, preservar as fontes de interesse histórico, além de primar
pela disseminação do conhecimento acumulado dentro da empresa.
Inaugurado em dezembro de 2010, o CDM reúne documentos históricos
e conta a história da instituição, tendo como pano de fundo a história
do desenvolvimento do Espírito Santo. Seu espaço físico se constitui
de uma exposição permanente sobre o desenvolvimento do Bandes e
do estado, documentos de caráter museológico, expostos em vitrines,
um arquivo com estudos, teses, pesquisas e outros documentos que
remontam ao planejamento do desenvolvimento do estado, além de sala
de projeção e de uma biblioteca técnica com amplo espaço para leitura,
todos abertos ao público para visita e pesquisa.
Palavras-chave: Centro de Documentação e Memória, Bandes, memória
institucional, acervo.
1 - Introdução
Durante muitos anos, as corporações não se preocuparam
FRP D SUHVHUYDomR GD VXD KLVWyULD 7XGR R TXH ¿FDYD
“obsoleto” se tornava “velho” e deveria ser “descartado”.
Muitas empresas perderam documentos, hoje considerados
* Técnico Bancário/Pesquisador da Gerência de Informação do Banco de
Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).
21
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
importantíssimos, por causa, sobretudo, da chamada
doutrina da “Qualidade Total”, máxima dos anos 1990, que
estimulava tal pensamento.
Com o tempo, no entanto, percebeu-se a importância
da preservação da chamada “Memória Empresarial”,
que nada mais é do que uma ferramenta de gestão, um
mecanismo para compreensão da empresa no seu contexto
(STROHNSCHOEN: s/d). Assim, e mais precisamente a
SDUWLU GR ¿QDO GD GpFDGD SDVVDGD R PRYLPHQWR HP SURO
do resgate dessa memória pugnou pela recuperação das
muitas histórias institucionais, como forma, até mesmo, de
manter viva a identidade corporativa e situar o colaborador
nesse estado de coisas, fortalecendo as instituições. Como
EHPD¿UPDRKLVWRULDGRUIUDQFrV0DXULFH+DPRQD0HPyULD
Empresarial tem como responsabilidade “a constituição,
a guarda e a exploração da memória coletiva com uma
¿QDOLGDGH SUHFLVD FRPSUHHQGHU PHOKRU R SDVVDGR SDUD
viver o presente e preparar o futuro”.
Inaugurado em dezembro de 2010, o Centro de Documentação
e Memória Bandes (CDM) é um espaço destinado ao estudo,
à pesquisa e à preservação do acervo e da memória do
Bandes, além de primar pela disseminação do conhecimento
acumulado dentro da empresa (PORTAL: 2012).
Seu espaço físico se constitui de uma exposição permanente
sobre o desenvolvimento do Bandes e do estado, documentos
de caráter museológico, expostos em vitrines, um arquivo
com estudos, teses, pesquisas e outros documentos que
remontam ao planejamento do desenvolvimento do estado,
além de sala de projeção e de uma biblioteca técnica com
amplo espaço para leitura, todos abertos ao público para
visita e pesquisa (PORTAL: 2012).
$¿QDORSDWULP{QLRKLVWyULFRTXDQGRQmRWUDQVIRUPDGRHP
ruínas, transforma-se em conhecimento que diferencia as
22
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
instituições frente aos seus concorrentes, mostrando para a
sociedade o que elas têm de genuíno, singular.
2 - Por que criar um CDM no BANDES?
Criado em 20 de fevereiro de 1967 pela Lei Estadual
nº 2.279, ainda com o nome de Codes (Companhia de
Desenvolvimento do Espírito Santo), e transformado em
banco em 1969 pela Lei Estadual nº 2.413 daquele ano
(RELATÓRIO: 1970), o Bandes padeceu com um problema.
Após quase meio século de existência e muita história a ser
contada, os colaboradores, sobretudo os mais antigos do
banco, perceberam que a memória institucional estava se
acabando, seja com a aposentadoria dos empregados mais
antigos, seja pelo turn over dos mais novos, que acabavam
tendo pouco contato com a história do banco. Além disso,
percebia-se que a identidade da instituição ia se perdendo, o
que, a longo prazo, pode contribuir para o enfraquecimento
da corporação, além de vários problemas daí decorrentes.
A solução adotada para manter viva a história institucional e
fortalecer a identidade do banco foi a criação de um CDM,
o Centro de Documentação e Memória, a reboque do que já
vinha acontecendo em outras instituições, tais como Vale,
Votorantim, Garoto e Águia Branca, num movimento de
resgate à memória institucional.
3 - O CDM-BANDES
Inaugurado em dezembro de 2010, o CDM-Bandes foi
construído no 1º andar do Edifício Caparaó, onde funciona
o Bandes. A aquisição revestiu-se de simbolismo, visto que
esse foi o último andar adquirido pelo banco (presente no
imóvel desde 1971) (RELATÓRIO: 1972), totalizando a
ocupação completa dos 13 andares do imóvel. E foi por
causa disso, dentre outros fatores, que se pensou em instalar
ali um Centro de Documentação e Memória.
23
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
O CDM-Bandes reúne documentos históricos e conta a
trajetória da instituição, tendo como pano de fundo a história
do desenvolvimento do Espírito Santo. Ali, podem-se
encontrar 19 painéis, sendo 17 deles luminosos, que contam
não apenas a saga do banco, mas também da economia
capixaba, sobretudo a partir da década de 1960, uma vez que
as duas histórias encontram-se intimamente imbricadas, o
que reforça ainda mais a importância do local. Há aí também
oito totens, com exposição de documentos importantes para
a história da empresa, como o primeiro balanço contábil e
a primeira “carta-patente”, além de livros e demais objetos;
é possível encontrar ali também uma galeria de fotos de
todos os presidentes da instituição, todos eles homens de
importância na história econômica do Espírito Santo.
Mas engana-se quem pensa ser o CDM-Bandes tão somente
um local de preservação documental. O espaço conta com
um diferencial fundamental em relação aos outros centros: a
chamada “agregação de conhecimento”. É que o local também
tem uma biblioteca institucional, transformando-se em um
espaço destinado ao estudo, à pesquisa e à preservação
do acervo e da memória do Bandes. Para tanto, conta com
um bibliotecário e uma estagiária de Biblioteconomia, para
auxiliar na ciência da informação, além de um pesquisador,
dentre seus colaboradores de carreira, que tem por objetivo
dar apoio ao estudante, seja interno ou externo, durante as
pesquisas sobre temas pertinentes ao banco.
Seu espaço físico se constitui de uma exposição permanente
sobre o desenvolvimento do Bandes e do estado, documentos
de caráter museológico, expostos em vitrines, um arquivo
com estudos, teses, pesquisas e outros documentos que
remontam ao planejamento do desenvolvimento do estado,
além de sala de projeção e de uma biblioteca técnica com
amplo espaço para leitura, todos abertos ao público para
visita e pesquisa.
Para poder concretizar tudo isso, o CDM conta com o
seguinte acervo (PORTAL: 2012):
24
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
‡0DLVGHWtWXORVHQWUHOLYURVWpFQLFRVHVWXGRV
PRQRJUD¿DVGLVVHUWDo}HVHSHVTXLVDV
‡3HULyGLFRVSDUDHPSUpVWLPRMRUQDLVGLiULRV estaduais e interestaduais à disposição para leitura;
‡+LVWyULFRGDVSHoDVGHFRPXQLFDomRFRPRI{OGHUHV
anúncios, campanhas e brindes institucionais;
‡%ROHWLQVLQIRUPDWLYRVUHODWyULRVGHDGPLQLVWUDomRH
documentos internos, entre outros.
4 - As ações do CDM-BANDES
Objetivando a criação de um espaço de pesquisa que não
seja estático, mas que proponha ações para a circulação de
pessoas, principalmente pesquisadores interessados em se
utilizar do local, o CDM-Bandes trabalha basicamente com
dois eixos, quais sejam, atividades e eventos. As atividades
são as seguintes (PORTAL: 2012):
‡ $WHQGLPHQWR D SHVTXLVDGRUHV FRPR GLIHUHQFLDO
o Centro de Documentação e Memória conta com
um pesquisador residente, cujo trabalho é, além
de estudar os documentos históricos da instituição,
dar suporte a estudantes, professores ou demais
pessoas interessadas em efetuar pesquisas dentro
das dependências do Bandes, no acervo do banco,
sobre o banco ou sobre assuntos relacionados direta
ou indiretamente com o acervo e o banco.
‡ ,QIRUPDWLYRV
a) O InfoBandes é realizado às quartasfeiras, contém informações selecionadas dos
cadernos de informática de diversos jornais
online e é enviado via e-mail aos colaboradores
e posteriormente arquivado eletronicamente e
trimestralmente gravado em CD e/ou DVD. O
25
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Informativo é dividido em três grandes áreas, a
saber: Gestão de TI, Sistemas e Aplicativos e
Produtos e Periféricos;
b) O Bandes Informa é promovido de 15
HP GLDV FRP D ¿QDOLGDGH GH LQIRUPDU RV
FRODERUDGRUHVGHQRYDVDTXLVLo}HVELEOLRJUi¿FDV
do Bandes e novos materiais que entraram no
acervo da biblioteca. Com uma sinopse de cada
livro e com o sumário dos principais artigos
das revistas, é encaminhando via e-mail para
os colaboradores do Bandes e posteriormente
arquivado eletronicamente e trimestralmente
gravado em CD e/ou DVD;
c) O Clipping Jurídico se dá às sextas-feiras, com
base na leitura e seleção de materiais com foco
em legislação e tributos, publicados no jornal
Valor Econômico/Legislação & Tributos (caderno),
sites da OAB (oab.org.br) e Universo Jurídico
(uj.com.br). É encaminhado via e-mail para os
colaboradores do setor jurídico do Bandes e
posteriormente arquivado eletronicamente e
trimestralmente gravado em CD e/ou DVD;
d) O Arrob@ é realizado às terças-feiras, com
base na leitura e seleção de materiais com foco
voltado para o universo do agronegócio. Entrega,
semanalmente, informações e notícias atuais,
com o objetivo de auxiliar no trabalho dos técnicos
do Bandes. É encaminhado via e-mail para os
colaboradores do setor de crédito rural do Bandes
e posteriormente arquivado eletronicamente e
trimestralmente gravado em CD e/ou DVD.
‡ %LEOLRWHFD R &'0 FRQWD FRP XP HVSDoR SDUD OHLWXUD H
estudos, apresentando títulos constantemente renovados e
à disposição, além de um bibliotecário chefe e uma estagiária
26
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
de Biblioteconomia treinados para atender às demandas dos
colaboradores e dos pesquisadores de fora da instituição.
‡ 5HFHELPHQWR DYDOLDomR H FDGDVWUR GH DFHUYR SHULRGLFDmente, sempre com as novas aquisições, sendo reportado
via boletim quinzenalmente.
5 - Os eventos do CDM-BANDES
Os eventos são os seguintes (PORTAL: 2012):
‡&LQHEDQGHVSURJUDPDGHDSULPRUDPHQWRGRVFRODERUDGRUHV
SRU PHLR GH FXUWDVPHWUDJHQV ¿OPHV LQVWLWXFLRQDLV RX
mesmo sketches GH ¿OPHV VREUH WHPiWLFDV HVSHFt¿FDV
como “liderança”, “trabalho de equipe” e outros relacionados
D5HFXUVRV+XPDQRVRXD¿QV
‡5RGDGH/HLWXUDSURJUDPDGHLQFHQWLYRjOHLWXUDSRUPHLRGH
apresentação quinzenal de trinta minutos da vida e obra de
um escritor brasileiro ou estrangeiro, morto ou vivo, e debate
de um texto desse mesmo autor. Há também minipalestras
de autores locais, expondo suas obras ou falando sobre
WHPDVHVSHFt¿FRVFRPRIRUPDGHHQULTXHFHUDLQGDPDLVR
programa.
‡ 9LVLWDV PRQLWRUDGDV SURJUDPD UHFHSWLYR GH DOXQRV GRV
ensinos médio e superior com objetivo de fazer conhecer o
Centro de Documentação e Memória e o banco, graças a uma
exposição do acervo permanente, como forma de não apenas
divulgar o trabalho da instituição, mas servir como atividade
de extensão das instituições de ensino. As visitas guiadas
sempre culminam com uma palestra, nas áreas de gestão,
empregabilidade ou qualquer outro tema congênere. Nas
visitas técnicas, os alunos têm a oportunidade de conhecer
a história do banco, coadunada com a história econômica do
estado. A visita pela exposição complementa os conteúdos de
27
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
GLVFLSOLQDVFRPR+LVWyULDH*HRJUD¿DGR(VStULWR6DQWR3DUD
muitos desses alunos, ter uma instituição como o Bandes
de portas abertas para recebê-los é uma oportunidade única
de conhecer o funcionamento de uma importante empresa
para a economia estadual. Nas palestras os alunos também
podem conhecer as oportunidades de crédito que o Bandes
oferece, sobretudo para empreendedores informais e de
micro e pequenos negócios. Assim, eles são estimulados a
desenvolver um espírito empreendedor. As visitas mostram
que o acesso ao crédito é possível, por meio do Bandes, um
instrumento de desenvolvimento do estado.
6 - Conclusão
De março a junho de 2012, com a efetivação do programa
de visitas guiadas, passaram pelo CDM mais de 800
alunos de turmas de ensino médio e deste com técnico
integrado. Principais cursos das escolas: Ensino Médio
com técnico integrado de Logística, de Recursos Humanos
e de Administração de Empresas, e Ensino Médio normal.
Essencial atentar-se também para a importância de retirar
os alunos da sala de aula, tornando o aprendizado mais
GLQkPLFR LQWHUDWLYR H DVVLP PDLV H¿FD] 'HVWDTXH SDUD
nosso acervo, com mais de 1700 títulos à disposição para
pesquisa e de portas abertas para esses alunos (esquema
open doors). Ademais, saliente-se o acontecimento de
algumas visitas noturnas, em caráter especial e fora do
horário normal de funcionamento, para atender à demanda
de alunos que trabalham o dia todo e não podem comparecer
em horário comercial, demonstrando o compromisso do
CDM-Bandes com o aprendizado.
7 - Referências
BANDES. Relatório 1972. Vitória, 1972.
BANDES. Relatório 3 anos da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo. Vitória, 1970.
28
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
PORTAL DE INOVAÇÃO. CDM. Disponível em: http://
inovacao/dotnetnuke/CDM/tabid/169/Default.aspx. Acesso
em 23 ago 2012.
STROHNSCHOEN, Ana Maria. Um estudo sobre como
algumas empresas da região trabalham seu histórico:
o que pode ser memória institucional no contexto destas
práticas. Belo Horizonte, Compós, s/d.
29
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E
MEMÓRIA DA CHOCOLATES GAROTO:
MEMÓRIA EMPRESARIAL, UMA CHAVE DE
OPORTUNIDADES
Rosilda Adelaide Rufo*
Thaís da Silva Mello Ecard Pinto**
Chocolates Garoto - História
Fundada em 1929 pelo imigrante alemão Henrique
Meyerfreund, a Chocolates Garoto possui duas fábricas
localizadas no bairro Glória, em Vila Velha, com cerca de
3.500 colaboradores diretos e 14 mil empregos indiretos.
Com 83 anos de história, a empresa detém um sólido
portfólio. Entre os produtos destacam-se os ovos de Páscoa,
bombons, tabletes e coberturas de chocolate para uso
culinário.
Esses produtos estão presentes em mais de 400 mil pontos
de vendas em todo o Brasil e são exportados para mais de
50 países. Dentre muitos projetos executadas pela empresa,
pode-se destacar o Centro de Documentação e Memória.
Centro de Documentação e Memória-História
Segundo Paulo Nassar, jornalista, escritor e diretor-executivo
da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial
(Aberje), o conjunto de acervos históricos, que abrange
* Especialista em Comunicação, Bibliotecária e Arquivista. Assessora de
Imprensa e supervisora da Memória Empresarial Garoto.
**Graduanda em Arquivologia na Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES). Estagiária da Assessoria de Comunicação Corporativa
Chocolates Garoto (Arquivo-Geral).
31
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Figura 1 - Empresa Chocolates Garoto
documentos relacionados ao desenvolvimento das pessoas,
das cidades, dos negócios e da comunicação empresarial,
deve ser preservado e colocado à disposição da sociedade
(NASSAR, 2010).
Pensando nisso, e atendendo a um antigo anseio da
FRPXQLGDGHGHWHUDFHVVRDRVUHJLVWURVGHXPDVLJQL¿FDWLYD
parte da história do Espírito Santo e do chocolate no Brasil,
foi criado o CDM – Centro de Documentação e Memória – da
empresa Chocolates Garoto. Sua missão é resgatar, ordenar e
divulgar ao público interno aos consumidores e à comunidade
a memória da Chocolates Garoto, garantindo a preservação
de seu patrimônio documental e o registro perene da evolução
da empresa.
Assim, faz-se necessária a existência de um ciclo de ações
baseado em atrair, reter e desenvolver atitudes, valores e
reconhecimentos dentro e fora da empresa, que alimentarão
as informações e exposições apresentadas no CDM. A
ação de atrair baseia-se na exposição da empresa, no
fortalecimento da relação com a comunidade e na agregação
32
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
de valor ao negócio. Reter tem por objetivo proporcionar um
reconhecimento das áreas e um bom relacionamento com
os gestores. E por último a ação de desenvolver refere-se à
pesquisa e novos produtos.
1 - CRIAÇÃO
A criação do CDM ocorreu em 1999, em comemoração aos
70 anos da Chocolates Garoto. Contou com a consultoria da
Memória & Identidade de São Paulo e ainda com uma equipe
de historiadores, bibliotecários e arquivista, que atuaram
no levantamento das informações necessárias. Dentre
as atividades dessa equipe, destacam-se: a reunião da
documentação existente em diversos setores da empresa,
organização e disponibilização para consultas e visita ao
ORQJRGHXPDQRHODERUDomRGHXPSODQRGHFODVVL¿FDomR
baseado na estrutura da empresa e criação de um banco
GHGDGRVHVSHFt¿FRSDUDR&'0(VVH&'0ID]SDUWHGH
um moderno conceito de memória empresarial, que alia a
divulgação institucional e a prestação de serviços/produtos
ao público interno e externo. Seu sucesso é comprovado
por um público de mais de 285 mil pessoas, entre turistas,
pesquisadores, estudantes e outros interessados que já
visitaram o local em 13 anos.
1.1 - Espaço físico e programação para visitação
2HVSDoRFRQWDFRPXPSUR¿VVLRQDOTXHDSUHVHQWDDKLVWyULD
da empresa de forma expositiva e por meio de vídeos, além
de uma exposição permanente que percorre décadas de
história brasileira, expondo, por meio de peças museológicas
e documentos históricos, a evolução da Garoto desde a sua
fundação. Os horários de visitas são: segunda-feira, das 13h
às 16h30 e de terça a sexta-feira, das 8h às 16h30. As visitas
são gratuitas e só precisam ser agendadas para grupos com
mais de 20 pessoas.
33
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Figura 2 - Centro de Documentação e Memória
1.2 - Público e usuário
Localizado na matriz da fábrica, em Vila Velha, Espírito Santo,
o CDM está aberto à visitação pública. Em números, de 1999
a 2012, o CDM recebeu 152.316 visitantes e 132.874 alunos
de escolas públicas e particulares. Além da comunidade,
atende aos setores da empresa que solicitam informações
LPSRUWDQWHVSDUD¿QVMXUtGLFRVSHVTXLVDHGHVHQYROYLPHQWR
estratégico e estudantes que estão fazendo trabalhos
escolares ou acadêmicos sobre determinados assuntos
relacionados à empresa.
Figura 3
Escolas visitando o CDM
34
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
1.3 - Tipos de material para consulta e exposição
oferecidos pelo CDM
O CDM tem um acervo textual formado por documentos
de valor histórico, correspondentes a diferentes fases
da empresa, desde a fundação até os dias atuais; acervo
IRWRJUi¿FR FRQVWLWXtGR SRU LPDJHQV GH YiULRV SHUtRGRV HP
diversos suportes (negativos, positivos, slides e cromos);
acervo audiovisual estruturado com vídeos institucionais,
clippings eletrônicos, propagandas, CDs etc; acervo
museológico formado por máquinas e equipamentos,
embalagens de produtos, mostruários etc.; e banco de
depoimentos composto pelo registro de entrevistas com
funcionários, ex-colaboradores e outras pessoas que, direta
ou indiretamente, participaram da trajetória da empresa.
Figura 4 - Acervo do CDM
35
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
1.4 - Catalogação e classificação do acervo
Para gerenciar suas informações, o CDM utiliza uma base
de dados própria – Sistema CDM. Essas informações são
FODVVL¿FDGDV FRP EDVH HP XP SODQR GH &ODVVL¿FDomR
especialmente desenvolvido para atender à necessidade da
organização. Segue um exemplo desse plano:
GRUPO: MARKETING
Séries:
Marketing de produto
Lançamento e relançamento de produtos (fotos; audiovisual)
Promoções especiais (fotos; audiovisual)
Campanha publicitária (fotos)
Catálogos de produtos
Promoção em Pontos de Venda – PDV (fotos)
Material promocional (Boston, cartaz, display)
Embalagens
Ações de Marketing
Pesquisa de mercado
Participação em feiras (fotos)
Serviços de atendimento ao consumidor
Receitas
Figura 5 - Sistema CDM
36
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
2. ATIVIDADES, DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Dentre as atividades do CDM, pode-se elencar:
‡(ODERUDomRGHOLYUR
‡0DQXWHQomRGHXPDKHPHURWHFDVDODGHOHLWXUD
‡(ODERUDomRGHYtGHRLQVWLWXFLRQDO
‡&ULDomRGR(VSDoR&XOWSDUDRFRODERUDGRU
(acesso à cultura);
‡3HVTXLVDHGLYXOJDomRHPGLYHUVRVVHWRUHVGDHPSUHVD
‡'HVHQYROYLPHQWRHDOLPHQWDomRGR%DQFRGH'DGRV
‡7UDQVIHUrQFLDGHGRFXPHQWRVVREJXDUGDGR$UTXLYR*HUDO
‡6XSRUWHLQIRUPDFLRQDODGLYHUVDViUHDVGDHPSUHVD
como: marketing, comunicação, jurídico, desenvolvimento de
produtos, exportação, etc.
‡$WHQGLPHQWRDVROLFLWDo}HV
‡'HVHQYROYLPHQWRGHSHU¿OKLVWyULFRGRVSURGXWRV
‡$WHQGLPHQWRDYLVLWDQWHVWXULVWDVHSHVTXLVDGRUHV
‡$OLPHQWDomRHPDQXWHQomRGRDFHUYRGRFXPHQWDOKLVWyULFRGD
Chocolates Garoto;
‡3URJUDPDGH,QWHJUDomRGR&RODERUDGRU±3,&
‡ $WHQGLPHQWR D GHPDQGDV GD LPSUHQVD IRWRV KLVWyULFR GH
produto, etc.);
‡ $WHQGLPHQWR j FRPXQLGDGH H HPSUHVDV 1RYHOD &KRFRODWH
com Pimenta, exposição em Shopping);
‡$WXDOL]DomRGHsite;
‡6XSRUWHLQIRUPDFLRQDOjFan page Garoto, Talento e Serenata;
‡$SRVHQWDGRULDVHKRPHQDJHQVGHFRODERUDGRUHV
‡7UDWDPHQWR GH GRFXPHQWDomR TXH SUHVHUYD D PHPyULD
empresarial da empresa, em diferentes suportes;
‡$WHQGLPHQWRjiUHDGHYHQGDV
‡(PSUpVWLPRVGHPDWHULDODHVFRODVHPSUpVWLPRVLQWHUQRV
37
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
‡([SRVLo}HV
$OpPGHVVDVDWLYLGDGHVDOJXQVSURMHWRV¿]HUDPSDUWHGRseu
desenvolvimento, como: pilares da marca, criação do Livro de
80 anos Garoto; exposições temáticas (50 Anos da Findes,
10 Anos de Talento, 50 Anos do bombom Serenata de Amor,
exposição do desenvolvimento da cidade de Vila Velha através
da exposição da Corrida Dez Milhas Garoto e Garotada);
Elaboração de dossiês; Participação no Almanaque dos anos
80; retrospectiva Garoto 2004; aniversários da empresa;
criação de fôlderes (Páscoa, Colonização do Solo EspíritoSantense, Talento, Serenata etc).
Diante dessas ações, o CDM e, consequentemente, a
Chocolates Garoto, destacou-se e recebeu premiação em
eventos como o Prêmio Aberje 2000 e Prêmio Marketing
Best GH 6XVWHQWDELOLGDGH 3RUpP GHVD¿RV FRPR D
comunicação, o desenvolvimento de produtos e equipe,
a fomentação da memória empresarial diariamente na
empresa, o desenvolvimento da cultura, o ambiente promissor
e inovador, a inspiração e o engajamento são encontrados
SHORFDPLQKR&RQWXGRDVXSHUDomRGHVVHVGHVD¿RVJHUD
oportunidade de desenvolver novas atividades e projetos
que somam ao desenvolvimento da empresa.
Uma chave de oportunidades...
O gerenciamento e a disseminação inteligentes de todas as
informações obtidas e, por conseguinte, do conhecimento
gerado e incorporado pela empresa a partir dos processos
de inovação tornam-se um diferencial estratégico. Desse
modo, o Centro de Memória da Chocolates Garoto, além
de ser um espaço interativo, oferece informação, cultura e
conhecimento aos visitantes e usuários, contando com um
quadro de pessoal formado não apenas por especialistas
WpFQLFRV PDV WDPEpP SRU SUR¿VVLRQDLV HVSHFLDOL]DGRV HP
trabalhar a informação de maneira criativa. Nesse contexto
é que surgem dentro da empresa os novos agentes do
38
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
conhecimento. Assim, oportunidades de crescimento
empresarial também são agregadas ao desenvolvimento
da Chocolates Garoto por meio do CDM. Dentre essas
oportunidades, destacam-se: responsabilidade social, que
proporciona visitas ao espaço; responsabilidade ambiental,
com a criação de cartilha e desenvolvimento de atividades
relacionadas ao meio ambiente; qualidade de produtos e
serviços; credibilidade junto a diversas áreas da empresa;
inovação e desenvolvimento de projetos que aumentam a
credibilidade da memória empresarial.
(Q¿P D KLVWyULD GD HPSUHVD SUHFLVD HVWDU VHPSUH
atualizada para atender à realidade no contexto em que está
inserida, e para isso ações precisam ser efetivadas com a
¿QDOLGDGHGHWUD]HUVHPSUHj³PHPyULD´GRVFRODERUDGRUHV
e da comunidade a importância da instituição. A Chocolates
Garoto e o CDM trabalham para isso.
39
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
CENTRO DE MEMÓRIA ÁGUIA BRANCA:
UMA HISTÓRIA DE 65 ANOS DO
GRUPO ÁGUIA BRANCA
Rafael de Jesus *
Em 2006 o Grupo Águia Branca completou 60 anos. É a
história de uma empresa familiar que, com apenas um ônibus,
iniciou as atividades no interior do Espírito Santo. Hoje,
com forte atuação nas áreas de transporte de passageiros,
logística, comércio de veículos e infraestrutura, o grupo é
formado por 14 empresas e atua principalmente nos estados
da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo e Paraná.
Composto por mais de 15 mil colaboradores e considerado um
dos maiores conglomerados de logística do Brasil, o Grupo
Águia Branca tem na disseminação da memória empresarial
XP GH VHXV JUDQGHV GHVD¿RV $ GLVWULEXLomR JHRJUi¿FD H
a organização dos negócios em unidades autônomas são
IDWRUHVTXHGL¿FXOWDPRFRQKHFLPHQWRPDLVDPSORGR*UXSR
e, consequentemente, a percepção da imagem corporativa.
Nesse contexto, foi proposto um projeto que visava utilizar
a memória empresarial como ferramenta de comunicação,
permitindo dar início à transformação desse cenário e
fortalecer o relacionamento da corporação com seus públicos
estratégicos (funcionários, fornecedores, clientes, parceiros,
comunidades e formadores de opinião).
Por outro lado, também se tornava necessária a organização
adequada dos registros históricos, de forma a permitir o
acesso ao acervo e disponibilizar informações institucionais
FRQ¿iYHLVDSHVTXLVDGRUHVHRXWURVLQWHUHVVDGRV
* Historiador. Analista de Comunicação do Grupo Águia Branca.
41
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Assim, baseado nos valores culturais do Grupo Águia
%UDQFD QDV UHODo}HV GH SDUFHULD H FRQ¿DQoD QD WUDGLomR
familiar e na solidez dos negócios, o “Projeto 60 anos” pôs
em prática, em 2006, um conjunto de peças e ações de
comunicação corporativa, sendo o Centro de Memória o
principal componente desse projeto.
Nos anos subsequentes, consolidou-se o espaço e
incrementaram-se novas ações de comunicação para sua
atualização. Dessa forma, organizo o presente escrito em
três seções: implantação, consolidação e renovação.
1- IMPLANTAÇÃO
O “Projeto 60 anos” foi iniciado em agosto de 2005, quando
o Conselho de Administração aprovou o orçamento e as
diretrizes para as ações relacionadas à data comemorativa.
A primeira providência tomada foi uma ampla campanha
com o intuito de resgatar documentos, imagens, materiais e
¿OPHVUHODWLYRVjKLVWyULDGR*UXSRÈJXLD%UDQFD$FLRQLVWDV
e funcionários foram convocados para contribuir na formação
do acervo corporativo, que viria compor o Centro de Memória
Águia Branca.
Paralelamente, foi dado início a outras atividades para
organização do acervo e preparação do showroom, tendo
como parceiros o designer Ronaldo Barbosa e o historiador
Cassius Rodrigues.
42
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
A partir dessa organização, uma extensa pesquisa foi feita,
visando aprimorar os textos sobre a história do grupo. Em
paralelo, também foram selecionadas as imagens mais
relevantes para a exposição institucional (showroom).
1.1 - Banco de depoimentos
Visando complementar a narrativa sobre a história da
ÈJXLD%UDQFDHLGHQWL¿FDURVSULQFLSDLVIDWRVRFRUULGRVQRV
últimos anos, foram gravados 41 depoimentos em vídeo
(26 horas). Concederam entrevistas os acionistas, diretores
e funcionários antigos. Atualmente, os depoimentos estão
disponíveis para consulta no Centro de Memória e são
importantes fontes de pesquisa e instrumentos para a
disseminação da cultura da empresa.
1.2 - Organização do acervo
A seleção dos materiais históricos obedeceu a duas etapas:
avaliação dos materiais já coletados anteriormente e resgate
de novos materiais. Em seguida, foi feito o tratamento
e organização das peças, o que permitiu traçar um plano
GH FODVVL¿FDomR DUTXLYtVWLFR HVSHFt¿FR SDUD D ÈJXLD
Branca. Os materiais foram separados em seis grandes
DFHUYRV DXGLRYLVXDO ELEOLRJUi¿FR LFRQRJUi¿FR SHULyGLFR
museológico e textual.
Visando à preservação do acervo, o cuidado e a vigília são
constantes. O armazenamento e o manuseio são feitos de
acordo com as atuais técnicas arquivísticas. Nesse sentido,
os itens são guardados em compartimentos de materiais
alcalinos e o contato com o meio externo é restrito. Um
armário deslizante comporta todo o acervo atual, incluindo
espaço para reserva técnica.
1.3 - Banco de dados
$ SDUWLU GR SODQR GH FODVVL¿FDomR GR $FHUYR +LVWyULFR IRL
possível realizar a indexação dos materiais. Um software foi
utilizado para possibilitar o cadastro e a consulta dos itens.
43
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
1.4 - Espaço físico
O local escolhido para abrigar o Centro de Memória foi o
térreo do principal prédio administrativo do Grupo Águia
Branca, em Cariacica (ES), onde está concentrado o maior
contingente de funcionários.
Com área de 200 m², o espaço foi projetado para permitir
visitas de grandes grupos e causar impressão de imponência,
sendo ao mesmo tempo aconchegante.
O espaço reúne um miniauditório com capacidade para 40
pessoas, uma sala de acervo, vitrines com maquetes da
frota e documentos antigos, terminais web para consultas e
painéis informativos.
Na ala externa do Centro de Memória, está em exposição
um ônibus antigo. Trata-se de um Chevrolet 1954, que
operava no interior do ES nas décadas de 50 e 60. Esse
YHtFXOR HUD LGHQWL¿FDGR SHOR Q~PHUR R TXH RULJLQRX R
apelido “Meia Dúzia”.
1.5 - Memória itinerante
Considerando a grande dispersão do quadro de funcionários
do grupo, foi planejada uma exposição que pudesse repercutir
o Centro de Memória nas “pontas” - locais onde se exerce
basicamente o trabalho operacional e há pouco contato com
informações institucionais.
Nesse sentido, o Centro de Memória foi recriado dentro de um
ônibus chamado de “Memória Itinerante”. Os colaboradores
eram o público-alvo, mas clientes e parceiros também
puderam ser envolvidos.
A exposição circulou nos principais pontos de atuação e
onde há maior concentração de funcionários, sendo visitada
por 6,5 mil pessoas, durante sete meses (agosto/2006 a
fevereiro/2007). Foram contempladas 45 localidades em seis
44
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
estados, perfazendo mais de 10.000 km rodados e 1.250
apresentações.
2 - DE PORTAS ABERTAS
Depois de tudo pronto, no dia 10 de agosto de 2006 foram
abertas as portas do Centro de Memória Águia Branca.
Na ocasião, fundadores e diretores do grupo receberam
autoridades, empresários, clientes e parceiros. O evento
também contou com a presença do prefeito de Cariacica e do
governador do estado do Espírito Santo, que descerraram a
placa inaugural com os fundadores do grupo. Planejada com
VR¿VWLFDomRDIHVWDWHYHDSDUWLFLSDomRGHFRQYLGDGRV
Na saída, todos receberam uma revista comemorativa dos
60 anos.
Na semana seguinte, o público interno foi prestigiado
com um café da manhã especial, que reuniu as principais
lideranças do grupo. Somente após esse evento, o espaço
IRLGH¿QLWLYDPHQWHDEHUWRjYLVLWDomR
3.- CONSOLIDAÇÃO
De portas abertas, novas oportunidades foram criadas para
divulgação e movimentação do Centro de Memória. As
principais se referem ao atendimento e à organização do
acervo.
3.1 - Integração de novos funcionários
Por tratar-se de espaço que guarda e apresenta informações
corporativas sobre o Grupo Águia Branca, o Centro de
Memória tornou-se por excelência lugar de ambientação de
novos funcionários das empresas próximas à sede.
8PDGDV¿QDOLGDGHVGR&HQWURGH0HPyULDÈJXLD%UDQFDp
o atendimento interno às áreas, com informações históricas
e atuais. As principais áreas às quais prestamos esse
serviço são Comunicação, Diretoria, Qualidade e Recursos
Humanos.
45
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Durante o treinamento, os novos funcionários conhecem a
história do grupo, dados atuais, curiosidades e assistem ao
¿OPHKLVWyULFR
3.2 - Visitas escolares
Para atender às escolas, foi formado um programa de visitas
DR &HQWUR GH 0HPyULD HVSHFt¿FR SDUD DOXQRV GH  H 
séries de escolas situadas nas comunidades vizinhas à sede
administrativa do grupo, no município de Cariacica (ES). Em
cinco anos de atividade, 6.500 estudantes foram atendidos.
O programa tem como objetivos:
‡DPSOLDURUHODFLRQDPHQWRHQWUHRJUXSRHDFRPXQLGDGH
local;
‡GLIXQGLUFRQKHFLPHQWRVREUHDHPSUHVD
‡FRQWULEXLUSDUDDIRUPDomRGRVSDUWLFLSDQWHV
‡YDORUL]DURFRQWH[WRVRFLRHFRQ{PLFRGH&DULDFLFD
‡SURPRYHUDUHÀH[mRVREUHRVYDORUHVFXOWXUDLVHPTXHD
Águia Branca acredita;
‡LQFHQWLYDURHPSUHHQGHGRULVPRGRVMRYHQV
‡GLYXOJDURVVHUYLoRVSUHVWDGRVSHOR&HQWURGH0HPyULD
Águia Branca;
‡ FRQKHFHU D RSLQLmR H D SHUFHSomR GRV MRYHQV VREUH D
empresa.
Associado ao programa de visitas, é promovido o concurso
de redação “Águia Branca dá asas à sua imaginação”. Cada
um dos três primeiros colocados ganhou um computador.
3.3 - Concursos culturais
A primeira ação cultural e promocional do Centro de Memória
foi o Concurso de Depoimentos, que ocorreu em 2006. Com
o objetivo de reunir relatos históricos sob o ponto de vista
dos funcionários, ex-funcionários e prestadores de serviços,
46
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
o concurso premiou as melhores redações nas categorias
“Valores Culturais”, “Marcos da História”, “Comédia e
Curiosidades”, “Amor e Amizade” e “Relacionamento com o
Público Externo”.
(PIRLIHLWRR&RQFXUVRGH)RWRJUD¿DVHQRDQRVHJXLQWH
os funcionários foram convidados a criar a logomarca do
espaço. O vencedor recebeu o prêmio em dinheiro, além de
ter a sua marca exposta em todos os materiais do espaço.
3.4 - Atendimento a estudantes
Por atuar como centro de informações, o Centro de Memória
vem atraindo a atenção de pesquisadores e curiosos em
geral. Nesse aspecto, um número crescente de estudantes
universitários busca informações sobre os negócios do grupo
e processos de gestão.
Em seis anos de funcionamento, foram orientados 156
trabalhos acadêmicos sobre o Grupo Águia Branca, entre
PRQRJUD¿DVGHFRQFOXVmRGHFXUVRHGLVVHUWDomRGHPHVWUDGR
3.5 - Visitas técnicas
As visitas de universitários são programadas de acordo com
os objetivos de cada turma. As visitas começam no Centro
de Memória e são incrementadas com palestras técnicas
nas áreas de interesse dos alunos, que muitas vezes são
ministradas pelos próprios acionistas do grupo. Em alguns
casos há também a visita in loco, especialmente nos setores
operacionais.
47
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Após a reformulação do programa, o atendimento de grupos
passou de quatro para 14 anualmente.
4 - RENOVAÇÃO
4.1 - Novo banco de dados e banco de imagens
Atendendo às necessidades atuais de interação e rapidez
de acesso, reestruturou-se o banco de dados que gerencia
o acervo do Centro de Memória. Entre outras melhorias,
a ferramenta tornou a consulta dos relatórios de registros
H HPSUpVWLPRV PDLV H¿FLHQWH H SHUPLWH HP SDUDOHOR D
organização de banco de imagens a partir dos cadastros
efetuados.
4.2 - Site História Coletiva
O Projeto História Coletiva visa reorganizar a forma de
apresentação da história do grupo, tornando-a mais
atrativa. Imagens, conteúdos informativos e depoimentos
sobre a trajetória do grupo passaram a ser agrupados
cronologicamente por décadas e disponibilizados para
consulta na internet por meio de um site interativo e didático,
vinculado ao site Memória Águia Branca.
4.3 - Novo programa de visitas técnicas
Para melhor atendimento do público universitário, o programa
GHYLVLWDVWpFQLFDVIRLUHIRUPXODGRWHQGRSURJUDPDomR¿[DH
dias pré-determinados.
O novo processo otimizou os atendimentos, capacitando
funcionários e ampliando o público atendido.
Tipos de programação:
1ª opção:
1h30min: Visita às áreas técnicas;
1h: Visita ao Centro de Memória / apresentação do grupo;
1h: Palestra técnica.
48
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
2ª opção:
1h: Visita ao Centro de Memória / apresentação do grupo;
1h: Palestra técnica;
1h: Palestra técnica.
Temas das palestras:
Prêmio Qualidade, Projetos, Logística e Gestão da Empresa
Familiar.
O trabalho continua ...
O trabalho de Memória é contínuo. Adequações são
necessárias para atender a novas realidades, e com isso
demonstramos nossa importância para os processos da
empresa e da comunidade.
0XLWDV Do}HV DLQGD VmR QHFHVViULDV D ¿P GH WRUQDU D
memória cada vez mais presente na vida de todos, visando
à valorização do trabalho e da nossa própria história.
49
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
OS 80 ANOS DA JUSTIÇA ELEITORAL
NO ESPÍRITO SANTO
André Luiz Ataide *
1 - APRESENTAÇÃO
No dia 21 de novembro de 2012, foi promovida, no Salão
Nobre do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, uma
H[SRVLomRGHGRFXPHQWRVIRWRJUD¿DVHPDWHULDLVGHJUDQGH
valor histórico, em comemoração aos 80 anos da Justiça
Eleitoral no Brasil.
A abertura do evento ocorreu no Plenário do TRE-ES, tendo
como destaque inicial o lançamento, por parte dos Correios,
do selo comemorativo dos 80 anos da Justiça Eleitoral do
Espírito Santo.
Foto 1: - Selo comemorativo criado pela Comissão de Preservação e Memória do Espírito Santo em homenagem aos 80
anos da Justiça Eleitoral no Brasil.
Logo após o lançamento do selo, o presidente do TRE-ES deu
início à exposição, convidando os servidores ali presentes
para participarem do coquetel de abertura do evento.
A efetivação dessa exposição coube à Comissão de
Preservação e Memória da Justiça Eleitoral Capixaba, criada
* Analista Judiciário/Arquivista do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES).
51
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
por meio do Ato nº 470, de 3 de setembro de 2012, para
preservar todo material histórico produzido e recebido no
âmbito desta Egrégia Corte, com a intenção futura de criar um
Centro de Memória para a Justiça Eleitoral do Espírito Santo.
O evento, levado a efeito no Salão Nobre do TRE-ES, foi
restrito a servidores e funcionários, que puderam observar
fatos marcantes da história das eleições no estado, assim
como no Brasil.
Para que o evento pudesse relatar com clareza a história
das eleições, a Comissão de Memória resgatou documentos
do Arquivo Central do TRE-ES (de 1945 até os dias atuais),
contando ainda com a colaboração do Arquivo Público do
Espírito Santo, detentor de documentos relativos ao período
de 1932 a 1937, assim como com a grande colaboração do
Centro de Memória da Assembleia Legislativa do Espírito
6DQWR JXDUGLmR GH YDVWR DFHUYR GH IRWRJUD¿DV TXH PXLWR
contribuíram para a exposição.
Com os documentos em mãos, a Comissão de Memória
criou uma linha do tempo, iniciando-se em 1932, data da
instalação da Justiça Eleitoral no Brasil, até os dias atuais.
-iFRPDVIRWRJUD¿DVUHVJDWDGDVIRLSRVVtYHOPRQWDUSDLQpLV
H[SRVLWRUHV FRP GHVWDTXH SDUD DV IRWRJUD¿DV GH WRGRV RV
presidentes do TRE-ES, de servidores antigos, da primeira
sede do Tribunal, da primeira mulher eleita deputada no
estado, entre outros.
A exposição também contou com o apoio do Setor de Material
e Patrimônio do TRE-ES, o qual disponibilizou diversos
materiais históricos que ajudam a entender como eram
prestados os serviços eleitorais antigamente, dentre os quais
destacamos: as primeiras urnas manuais feitas de lona, a
primeira urna eletrônica do estado, móveis antigos utilizados
nas primeiras sessões do tribunal, carimbos antigos e cabina
de votação, dentre outros.
Todas as informações garimpadas pela Comissão de Memória
foram digitalizadas, resultando, com o apoio do Setor de
52
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
Informática do Tribunal, em um site comemorativo dos 80
anos da Justiça Eleitoral, que pode ser acessado por qualquer
cidadão em busca de conhecimento mais apurado da história
das eleições: http://www.tre-es.jus.br/80anos/.
Foram confeccionadas camisas comemorativas dos 80 anos
da Justiça Eleitoral, passíveis de aquisição antes mesmo do
evento. Vários servidores usaram a camisa comemorativa
no dia do evento.
Foto 2: Camisas comemorativas dos 80 anos da Justiça Eleitoral
Foto 3 - Visita à exposição
53
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Foto 4 - Leitura dos documentos nos expositores
Foto 5 - 3DLQpLVIRWRJUi¿FRV
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Ministério Público do Estado do Espírito Santo
Foto 6 - Lançamento do site comemorativo
1D DYDOLDomR ¿QDO GD &RPLVVmR GH 0HPyULD R HYHQWR IRL
considerado um sucesso.
2 - LINHA DO TEMPO: HISTÓRIA DAS ELEIÇÕES NO
ESPÍRITO SANTO
A Comissão de Preservação, em suas diversas pesquisas
em fontes documentais, traçou uma linha do tempo com os
assuntos mais marcantes que foram destaque no cenário
eleitoral e no âmbito do TRE-ES, desde a criação da Justiça
Eleitoral no Brasil, em 1932, e sua extinção em 1937, com
o advento do Estado Novo por Getúlio Vargas, passando
pelo período sem a presença da Justiça Eleitoral, de 1937
a 1945, na qual o estado foi representado pelo interventor
federal Punaro Bley, e pela reinstalação em 1945, até os
dias atuais;
‡ – Criação da Justiça Eleitoral do Espírito Santo. Primeira sede instalada na Rua José de Anchieta, nº 110,
55
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Vitória-ES, sendo seu primeiro presidente o desembargador Octavio de Carvalho Lemgruber;
‡ – Extinta a Justiça Eleitoral no Espírito Santo em
função da instalação do Estado Novo por Getúlio Vargas. Em 10 de novembro de 1937, ocorreu a última sessão do TRE-ES, ministrada pelo presidente desembargador João Manoel de Carvalho.
‡D – Getúlio Vargas nomeia Punaro Bley como
LQWHUYHQWRUQRHVWDGR%OH\¿FRXQRSRGHUHQWUHH
1945. Investiu na saúde, criando hospitais e leprosários.
6DQHRX DV ¿QDQoDV GR HVWDGR HP VLWXDomR UXLP GHpois dos governos republicanos. Focalizou a agricultura como a principal produção capixaba. Nomeado por
decreto do Governo Provisório, o capitão João Punaro
Bley foi empossado no cargo de interventor federal no
estado em 1937.
‡ – Reinstalação da Justiça Eleitoral do Espírito
Santo, mediante ata nº 01, de 12/6/1945, por meio da
Resolução nº 01, de 12/6/1945, quando o estado foi dividido em 23 zonas eleitorais.
‡ – Divulgação dos resultados das primeiras eleições após a reinstalação da Justiça Eleitoral do Espírito
Santo. Nas eleições para presidente da República, foi
eleito o candidato Eurico Gaspar Dutra.
‡ – A Resolução nº 1.094 de 06/6/1947, criou o
1º Regimento Interno no TRE-ES. Foi eleita a primeira
mulher capixaba no parlamento estadual: Judith Leão
Castelo Ribeiro. Ocupou o cargo de deputada estadual
de 1947 a 1951.
‡ – Promovida no TRE-ES a Sessão Solene nº 106,
de 4 de novembro de 1949, em comemoração e homenagem ao centenário de nascimento de Rui Barbosa,
com discussões sobre sua vida e obra.
56
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
‡ – Por meio do Recurso Eleitoral nº 1.524, de
1950, ocorreu pela primeira vez nas eleições capixabas a divulgação do nome do governador e do vice-governador em uma mesma cédula. Até então essa
prática era proibida. Havia uma eleição para governador e outra para vice.
‡ – Duas importantes sessões solenes no TRE-ES:
sessão extraordinária ocorrida em 5/6/1963 em homenagem à memória do Papa João XXII; e sessão extraordinária no dia 25/11/1963 em homenagem à memória
do presidente dos Estados Unidos John Kennedy.
‡ – Mudança do título eleitoral;
‡ – Aprovação da Constituição de 1988 e redemocratização do país após o regime ditatorial;
‡ – Lançamento da urna eletrônica nos municípios
do estado do Espírito Santo com mais de 200 mil eleitores. Primeira experiência com a urna eletrônica em
Vitória;
‡ – Lançamento do Sistema Biométrico nos municípios de Viana e Castelo;
‡ – Lançamento do selo comemorativo dos 80 anos
da Justiça Eleitoral do Espírito Santo.
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Comissão de Preservação e Memória da Justiça Eleitoral
Capixaba, criada com o propósito de preservar e divulgar
a memória eleitoral, avalia o resultado do evento efetivado
nessa Egrégia Corte como muito positivo.
Primeiro é importante destacar o empenho, na execução dos
trabalhos, dessa comissão, que, com muita competência e
dedicação, conseguiu cumprir todas as fases do projeto,
57
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
que compreendeu a busca por documentos e informações,
elaboração de documentos internos, compra de materiais por
meio de licitação, designJUi¿FRHGLYXOJDomRHQWUHRXWUDV
WDUHIDV7XGRLVVRUHVXOWRXHPXPGLDJUDWL¿FDQWHSDUDWRGRV
os membros, pois muitos foram os elogios dos participantes.
Junto ao sucesso da comissão, também destacamos a
participação dos servidores deste tribunal que sempre se
mostravam prestativos e ansiosos em conhecer as novidades.
O maior exemplo dessa participação está na utilização
das camisas comemorativas. Mais do que a celebração, o
evento marca o início de uma nova postura institucional,
em especial, quanto à importância da preservação do seu
patrimônio histórico, seja ele documental, material ou oral.
O grande objetivo, a partir de agora, é não deixar que esse
evento caia no esquecimento e fazer com que a referida
Comissão tenha atuação constante dentro do tribunal,
visando à criação de um centro de memória para a Justiça
Eleitoral capixaba.
3UHVHUYDUDPHPyULDGHXPDVRFLHGDGHQmRVLJQL¿FDDWUHOi
la ao passado e impedir o seu desenvolvimento, mas sim
FRQVHUYDU VHXV SLODUHV FRQVWLWXLQWHV D ¿P GH QmR SHUGHU
conhecimentos e identidades.
58
Ministério Público do Estado do Espírito Santo
ANEXO I
Cartaz do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
59
Anais do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
ANEXO II
Participantes do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
Participantes do II Simpósio Capixaba de Memória Institucional
60
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
EDER PONTES DA SILVA
Procurador-Geral de Justiça
ELDA MÁRCIA MORAES SPEDO
Subprocuradora de Justiça Administrativa
JOSEMAR MOREIRA
Subprocurador de Justiça Judicial
FÁBIO VELLO CORRÊA
Subprocurador de Justiça Institucional
MARIA DA PENHA DE MATTOS SAUDINO
Corregedora-Geral do Ministério Público
MARIA BEATRIZ RENOLDI MURAD VERVLOET
Chefe de Gabinete do Procurador-Geral
LUCIANA GOMES FERREIRA DE ANDRADE
Secretária-Geral
LUCIANO DA COSTA BARRETO
Chefe de Apoio ao Gabinete
DAYSE MARIA OSLEGHER LEMOS
Gerente-Geral
SABRINA COELHO MACHADO FAJARDO
Promotora de Justiça | Dirigente do Centro
de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional
Coordenadora do Memorial
COLÉGIO DE PROCURADORES DE JUSTIÇA
Eder Pontes da Silva – Presidente
José Adalberto Dazzi
Sérgio Dário Machado
Catarina Cecin Gazele
José Marçal de Ataíde Assi
Heloísa Malta Carpi
Célia Lúcia Vaz de Araújo
Antônio Carlos Amancio Pereira
Domingos Ramos Ferreira
Eliezer Siqueira de Sousa
Gabriel de Souza Cardoso
Elda Márcia Moraes Spedo
José Maria Rodrigues de Oliveira Filho
Fernando Franklin da Costa Santos
Valdeci de Lourdes Pinto Vasconcelos
Maria da Penha de Mattos Saudino
Carla Viana Cola
Ivanilce da Cruz Romão
Alexandre José Guimarães
Mariela Santos Neves Siqueira
Adonias Zam
Elias Faissal Junior
Eloíza Helena Chiabai
Sócrates de Souza
Licéa Maria de Moraes Carvalho
Elcy de Souza
Fernando Zardini Antonio
Fábio Vello Corrêa
José Cláudio Rodrigues Pimenta
Andréa Maria da Silva Rocha
Josemar Moreira
Maria Elizabeth de Moraes Amancio Pereira
Maria Auxiliadora Freire Machado
CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Membros natos
Eder Pontes da Silva – Presidente
Maria da Penha de Mattos Saudino – Corregedora-Geral
Membros eleitos
José Adalberto Dazzi
Fábio Vello Corrêa
MINISTÉRIO PÚBLICO
DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
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