JOÃO MENDONÇA
Nas restantes freguesias pertencentes à Região Demarcada os valores
ainda são mais baixos. A vocação comercial dos vinhos do Douro Superior,
muito mais recente do que aquela que tradicionalmente existia a jusante do
Cachão da Valeira, só assumiu relevo após o período filoxérico, quando se
arrotearam novas áreas de vinha para substituir aquelas que tinham sido dizimadas pela praga. Até então, a vinha secundava outras culturas, nomeadamente os cereais que seriam a principal ocupação do solo cultivado, e também
a olivicultura.
A julgar pelos relatos de viajantes e referências das numerosas corografias
dos séculos XVIII e XIX1, assim como pela presença de topónimos em municípios vizinhos (freguesia de Almendra em Foz Côa) as amendoeiras, assim
como outras árvores frutícolas de feição mediterrânea teriam uma presença
igualmente significativa.
Na actualidade, quer a olivicultura, quer a fruticultura da amêndoa, constituem as produções dominantes em termos de área de SAU, atendendo a que as
características climáticas favorecem estas duas espécies vegetais. Os menores
índices pluviométricos conferem ao clima características marcadamente mediterrâneas, atingindo-se valores de precipitação anual semelhantes aos que se
verificam no interior alentejano ou no Algarve (da ordem dos 400 a 500 mm de
precipitação, em média, ao longo do ano).
Na Serra do Reboredo, de direcção predominante Oeste-Este, e autentica
linha divisória de águas entre o Sabor e o Douro, a aridez é um pouco mais atenuada, verificando-se Invernos mais frios mas não tão secos quanto os que
existem nas zonas mais abrigadas dos vales. Nas freguesias da parte oriental do
concelho (Cardanha, Larinho, Felgar, Souto da Velha, Carviçais) a olivicultura
e os pomares de amendoeira voltam a ter grande importância relativa face ao
total da área de SAU (Gráfico 2) ainda que os seus valores em termos absolutos sejam pouco representativos.
Outrora, as aldeias serranas sustentavam uma economia local, mas nos últimos anos entrou em nítido retrocesso. Primeiro assistiu-se à diminuição dos
cultivos tradicionais (cereais de sequeiro, sumagre) em detrimentos da oliveira.
Hoje a perda tende a atingir mesmo os cultivos economicamente mais rentáveis. Com a excepção de alguns casos pontuais, o mesmo tem ocorrido um
pouco por todo o Douro Superior.
Nos restantes locais, quer por razões orográficas, quando os declives não
permitem qualquer cultivo, quer por abandono das terras, surgem as coberturas
vegetais espontâneas do Douro, tão características pela riqueza dos seus grupos
florísticos. São de destacar bosques de zimbros (“Juniperus oxycedrus”) e manchas descontínuas de quercíneas perenifólias: azinheiras (“Quercus rotundifolia”) e sobreiros (“Quercus suber”).
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REBANDA, 2003: 260.
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