Escola Secundária de Silves Professora: Paula Torres As duas características topográficas notáveis dos oceanos são as margens continentais e os riftes. As margens continentais são descritas como passivas ou activas. As margens activas encontram se ao longo das fronteiras entre placas onde os sismos e/ou vulcões são comuns. As margens passivas não estão associadas às fronteiras entre placas e delas resultam poucos sismos e/ou vulcões. O perfil da margem continental inclui a plataforma continental, o talude continental e a rampa continental. A plataforma continental é uma plataforma extensa e de baixo declive que vai desde a costa ao limite do talude. Na plataforma, há acumulações espessas de sedimentos pequenos e grandes. Em comparação, o talude continental é uma descontinuidade em relação à plataforma e tem declive elevado. Os sedimentos no abrupto talude continental são, maioritariamente, lama macia, por isso são mais finos do que os sedimentos encontrados na plataforma. Quando o talude começa a horizontalizar, passa a chamarse rampa continental, composta por acumulações espessas de sedimentos que caíram da plataforma. Os sedimentos largados pelas correntes turbidíticas formam leques submarinos profundos na base do talude. Perto de 78% dos sedimentos do fundo estão encurralados dentro destas três zonas, que são mais espessas e mais contínuas ao longo das margens continentais passivas. Os canhões submarinos localizam-se nestas margens passivas e são vales muito encaixados e profundos. A maior parte está localizada na parte superior e mais abrupta do talude. Os canhões, que se prolongaram perpendicularmente à plataforma, cruzam a plataforma e o talude. Alguns chegam a cruzar a rampa continental. Alguns canhões submarinos encontram se ao largo da foz de alguns rios grandes. Como este canhões submarinos atravessam os sedimentos mais macios à superfície e as camadas mais fortes por baixo, eles expõem uma variedade de rochas diferentes tipo e idades. Quando os sedimentos, tais como a areia, silte e outras partículas finas, ficam suspensos na água devido aos movimentos da corrente, a água torna-se turva. Correntes turbidíticas, movimentos ao longo do talude de águas com sedimentos, vão desgastando continuamente muitos canhões submarinos. Estas correntes acontecem quando a areia e a lama na plataforma continental se soltam, talvez devido ao facto de hidratos gasosos se liquidificarem, a um declive muito acentuado, ou a um sismo. Assim, misturam-se com a água de modo a formarem uma suspensão densa. Como Grupo: Hélia Guerreiro, Filipa Sena e João Martins Escola Secundária de Silves Professora: Paula Torres estes sedimentos suspensos actuam como se fossem uma avalanche e descem o declive, vão causando erosão e acumulam ainda mais sedimentos. Pensa-se que este processo de erosão é a força maior por detrás do surgimento dos canhões submarinos. À medida que as correntes de água turva vão perdendo o seu momento linear, vão depositando os seus sedimentos como leques submarinos profundos nas bases dos canhões submarinos. Estes depósitos, chamados turbiditos, caracterizam-se por uma diminuição do tamanho dos sedimentos da base para o topo, conhecido por diferenciação por estratificação gradada. Os canhões submarinos portugueses apresentam um nítido controlo estrutural na sua localização. A localização do Canhão de Portimão e seu traçado rectilíneo encontram-se associados à falha de Portimão e, provavelmente, este canhão drena para a bacia mais profunda os sedimentos transportados pelo rio Arade, cuja localização do seu segmento terminal também se encontra associada à Falha de Portimão. O canhão de Portimão interfere ainda com as correntes contorníticas Eeanadas do estreito de Gibraltar, parcialmente escoando sedimentos de deriva paralela à costa para a bacia mais profunda. Embora a Falha de Portimão tenha certamente controlado a sedimentação da Bacia Algarvia desde, pelo menos, o Jurássico inferior, o início da formação do Canhão de Portimão data provavelmente do Pliocénico (aproximadamente 5 a 3 milhões de anos). O Canhão de São Vicente apresenta-se segmentado em troços condicionados estruturalmente por falhas ou por superfície estrutural monoclinal e o seu segmento mais a jusante encontra-se paralelo ao declive maior da topografia que, por sua vez, também está condicionada por tectónica activa no presente, no planalto submarino a tecto da Falha de Marquês de Pombal. Embora a falha que controla o segmento mais a montante e o intermédio seja de idade Mesozóica (se não paleozóica, mesmo), o início da formação do Canhão de São Vicente deverá datar do Pliocénico. O sistema de canhões Lisboa-Setúbal apresenta-se mais complicado que os anteriores. Na realidade, este trecho da margem continental portuguesa encontra-se alcandorado na bordadura do Esporão da Estremadura, que desenha um arco côncavo virado a SW, para a Planície Abissal do Tejo, para onde drenam vários vales submarinos, ou canhões. Neste sistema encontram-se paleo-canhões e canhões activos, estes últimos de idade PlioQuaternária e os mais antigos provavelmente Oligocénica-Miocénica inferior. Grupo: Hélia Guerreiro, Filipa Sena e João Martins Escola Secundária de Silves Professora: Paula Torres O Canhão da Nazaré deve a sua localização à Falha da Nazaré. Esta estrutura, provavelmente da mesma idade que a Falha de Portimão, já condicionou a sedimentação Jurássica (se não mesmo a Triásica) nesta região. Contudo, não existem dados que sugiram que a idade do canhão da Nazaré seja mais antigo que os anteriormente descritos, i.e. com início da sua formação provavelmente no Pliocénico. O Canhão do Andarax, localizado no sul de Espanha, deve provavelmente a sua localização à existência de uma falha de desligamento activa, a Falha de Almeria, associada à tectónica recente que afecta o orógeno Bético. Observam-se tributários de direcção N-S, perpendicular à margem continental e segundo a maior inclinação do talude. Contudo, no seu trecho final, o canhão do Andarax revela a existência de meandros imaturos, maduros e já abandonados, associados apenas à dispersão da carga sedimentar numa zona desprovida de controlo estrutural e com declive menos acentuado. Grupo: Hélia Guerreiro, Filipa Sena e João Martins