TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A questão toma por base um poema de Luís Delfino (1834-1910) e a reprodução de um mosaico da Catedral de Monreale. 1 Jesus Pantocrátor Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja De Monreale, feita em mosaico, a divina Figura de Jesus Pantocrátor: domina Aquela face austera, aquele olhar troveja. Módulo 46 - Exercício 14 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Quais são os impactos ambientais das sacolas plásticas? 05 10 15 20 25 30 35 Não: aquela cabeça é de um Deus, não se inclina. À árida pupila a doce, a benfazeja Lágrima falta, e o peito enorme não arqueja À dor. Fê-lo tremendo a ficção bizantina2. Os impactos ambientais de sacos e sacolas plásticas estão em todos os lugares, indo da poluição visual até a morte de animais. Se pensarmos que despejamos bilhões de sacolas plásticas no mundo todos os anos, teremos uma noção do tamanho do problema. Por serem leves, os sacos e sacolas plásticas voam com o vento, indo parar em árvores, arbustos, fios de alta tensão, gramados, beiras de estrada, rios, lagos, oceanos - ou seja, acabam poluindo as cidades e a natureza. Muitas sacolas plásticas acabam em bueiros nas cidades, agravando o problema das enchentes, pois impedem a drenagem das águas das chuvas. Sacos plásticos abandonados também são depósitos de água das chuvas e podem ajudar na proliferação do mosquito da dengue. Os sacos e sacolas que chegam até a natureza são confundidos com comida por animais, que os ingerem e morrem engasgados - tartarugas marinhas confundem as sacolas plásticas com águas-vivas. Outros animais menores morrem ao se enroscarem no plástico. Na índia, centenas de vacas morrem por ano ao ingerirem sacos plásticos com restos de alimentos. Estima-se que mais de cem mil mamíferos e pássaros morram por ano devido à ingestão de sacos plásticos - e sequer temos ideia de quantos peixes. O plástico leva centenas de anos para se degradar, então não é demais pensar que uma mesma sacolinha possa matar mais de um animal durante sua permanência na natureza. De alguma forma, também a produção de sacolas plásticas dá a sua contribuição para o aquecimento global, porque os processos de refino do petróleo e fabricação das sacolas consomem energia, água e liberam efluentes e emitem gases poluentes. 100 milhões de sacolas plásticas precisam de 1,5 milhão de litros de petróleo para serem produzidas e causam a emissão de 4,2 mil toneladas de CO2. Este criou o inferno, e o espetáculo hediondo Que há nos frescos3 de Santo Stefano Rotondo4; Este do mundo antigo espedaçado assoma... Este não redimiu; não foi à Cruz: olhai-o: Tem o anátema5 à boca, às duas mãos o raio, E em vez do espinho à fronte as três coroas de Roma. (Luís Delfino. Rosas negras, 1938.) (1) Pantocrátor: que tudo rege, que governa tudo. (2) Bizantina: referente ao Império Romano do Oriente (330-1453 d.C.) e às manifestações culturais desse império. (3) Fresco: o mesmo que afresco, pintura mural que resulta da aplicação de cores diluídas em água sobre um revestimento ainda fresco de argamassa, para facilitar a absorção da tinta. (4) Santo Stefano Rotondo: igreja erigida por volta de 460 d.C., em Roma, em homenagem a Santo Estêvão (Stefano, em italiano), mártir do cristianismo. (5) Anátema: reprovação enérgica, sentença de maldição que expulsa da Igreja, excomunhão. (Fonte: Campanha Saco é um Saco / Ministério do Meio Ambiente) Questão 01 Observe o trecho seguinte: "Por serem leves, os sacos e sacolas plásticas voam com o vento, indo parar em árvores, arbustos, fios de alta tensão, gramados, beiras de estrada, rios, lagos, oceanos - ou seja, acabam poluindo as cidades e a natureza." O uso da vírgula entre os termos destacados se justifica por: a) separar termos de mesmo sentido. b) indicar a inversão dos termos da oração. c) enumerar os termos com fins de demonstrar a extensão do problema. d) evitar o uso excessivo e repetitivo dos conectivos de diferentes valores semânticos. e) separar os adjuntos adverbiais de tempo e de lugar. Viva essa experiência. Questão 02 À árida pupila a doce, a benfazeja / lágrima falta. A inversão das posições usuais dos termos da oração, provocada pela necessidade de completar o número de sílabas e obedecer às posições dos acentos tônicos nos versos, por vezes dificulta a percepção das relações sintáticas entre esses termos. É o caso da oração 1 www.colegiocursointellectus.com.br 05 10 de verdade reconhecem, com frequência, as inovações que os falantes têm introduzido na língua e dão sua chancela a esses novos usos. Pergunte a um purista, por exemplo, se tanto faz usar "despercebido" ou "desapercebido". Ele vai dizer imediatamente que não, que cada uma das palavras tem sentido preciso e diferente. Mas no dicionário Houaiss a gente lê: "ante o emprego desses dois vocábulos como sinônimos por autores de grande expressão [...] a rejeição [da sinonímia] faz-se inaceitável". 1 Pior é quando eles querem reformar a língua a tapa, tentando impedir usos consagrados há séculos, presentes em todas as modalidades da língua, inclusive na melhor literatura. Bom exemplo é o de um desses supostos especialistas que, tornado célebre por sua 6 quase onipresença na mídia, tirou do colete a regra bisonha de que a expressão "risco de vida" está errada e que só podemos falar de "risco de morte". Pronto: foi o que bastou para todos os repórteres da televisão começarem a falar de "risco de morte". É mole? Xô, fantasma de Vaugelas! T'esconjuro! destacada, que ocupa o sexto e parte do sétimo versos. Em discurso não versificado, essa oração apresentaria usualmente a seguinte disposição de termos: a) A doce, a benfazeja lágrima falta à árida pupila. b) A doce, a benfazeja pupila falta à árida lágrima. c) Falta a lágrima a doce, a benfazeja à árida pupila. d) Falta à pupila a árida, a doce, a benfazeja lágrima. e) À pupila doce a lágrima, a árida, a benfazeja falta. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Quem são os puristas? 12 Puristas é quem defende a "pureza" da língua contra todas as formas inovadoras, sempre vistas como sinais de "decadência", "corrupção" e "ruína", não só da língua, mas também, muitas vezes, dos valores morais 4 da sociedade. O termo purista, não por acaso, surgiu na França no século XVII, no apogeu do regime absolutista, centralizado na figura de um rei todo-poderoso, de uma concepção de mundo e de sociedade doentiamente elitista, que só dava valor ao que vinha do topo do topo, da nata da nata. O pai do purismo é o escritor Vaugelas (pronuncia-se vojlá). Ah, sim, desculpe a intimidade: Claude Favre, barão 8 de Pérouges, senhor de Vaugelas (1585-1650)... Com esses títulos, evidentemente, ele só podia achar que a "boa linguagem" era a dos aristocratas. Ele escreveu, de 7 fato, que o uso correto do francês devia se inspirar na língua falada pela "parte mais sadia da Corte". 3 Então, não basta ser nobre, não basta ser aristocrata, é preciso ser mais nobre que a nobreza, mais aristocrata que a aristocracia... O espírito de Vaugelas se incorpora hoje em muitos paspalhos e sacanas que andam por aí atacando as "impurezas" do português brasileiro. 2 Hoje em dia, nenhum purista gosta de ser chamado assim, porque, com o tempo, o rótulo se tornou pejorativo. No entanto, com um grau maior ou menor de intolerância, esses que andam dando "dicas de português", escrevendo sobre a "falta de estilo" dos 13 outros, chamando os brasileiros de "asnos", "imbecis" ou, pior, de "caipiras" e "índios" (como se fossem xingamentos) são todos inegavelmente puristas. Uns se disfarçam com um aparente liberalismo, dizem que não se pode discriminar ninguém pela linguagem etc., mas, no final, sempre acabam pregando a obrigação de se usar as formas mais conservadoras naquilo que chamam de "padrão culto formal", que nunca se preocupam em explicar o que é. 9Outros usam 14 com um humor duvidoso, conquistam o leitor piadinhas sempre muito preconceituosas para nos convencer de que no Brasil se fala um português "de rua, de botequim ou de cama", como escreveu um deles. 11 A atitude irracional dos puristas fica evidente no absoluto desprezo que eles têm, não só pela linguística científica (o que é bem compreensível, sendo eles o que são), mas também pelo trabalho dos gramáticos e 10 dicionaristas profissionais. O purista sempre recorre a fórmulas como "segundo a tradição gramatical", "nos melhores dicionários" e coisas parecidas. Mas essa alegação é retórica vazia. Os gramáticos e dicionaristas 5 05 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Viva essa experiência. FONTE: BAGNO, Marcos. Revista Caros amigos - Seção: Falar brasileiro, p. 10 - agosto de 2009. Questão 03 A ordem direta dos termos da oração NÃO é utilizada em: a) "Hoje em dia, nenhum purista gosta de ser chamado assim..." (ref. 2) b) "Outros usam um humor duvidoso, conquistam o leitor com piadinhas..."(ref. 9) c) "O purista sempre recorre a fórmulas como 'segundo a tradição gramatical' (...)" (ref. 10) d) "A atitude irracional dos puristas fica evidente no absoluto desprezo que eles têm (...)" (ref. 11) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: POÇAS D' ÁGUA As poças d'água são um mundo mágico Um céu quebrado no chão Onde em vez de tristes estrelas Brilham os letreiros de gás Néon. (Mário Quintana, Preparativos de viagem, São Paulo, Globo, 1994.) Questão 04 Refletindo-se sobre a relação entre os termos da oração, pode-se afirmar que: a) o termo D'ÁGUA complementa sintaticamente o termo POÇAS. b) o termo MUNDO MÁGICO complementa sintaticamente o termo AS POÇAS D'ÁGUA. c) o termo EM VEZ DE TRISTES ESTRELAS complementa o termo BRILHAM. d) não há complementos verbais nem nominais. e) há simplesmente complementos nominais. Questão 05 Marque a alternativa que apresenta um verbo intransitido. a) As poças d'água são um mundo mágico b) Um céu quebrado no chão 2 www.colegiocursointellectus.com.br 55 60 65 70 c) Onde em vez de tristes estrelas d) Brilham os letreiros de gás Néon. alentando, cabidamente, por norteação - a conversa manuscrita. Aquela conversa me dava muitos arredores. Ô homem! Inteligente como agulha e linha, feito pulga no escuro, como dinheiro não gastado. Atilado todo em sagacidades e finuras - é de "fimplus"! "de tintínibus"... - latim, o senhor sabe, aperfeiçoa... Isso, para ele, era fritada de meio ovo. O que porém bem. Questão 06 Marque a alternativa em que constatamos um predicativo do sujeito com sentido metafórico. a) As poças d'água são um mundo mágico b) Um céu quebrado no chão c) Onde em vez de tristes estrelas d) Brilham os letreiros de gás Néon. (ROSA, João Guimarães. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.) NO MEIO DO CAMINHO No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Questão 07 Qual é a função sintática do termo destacado abaixo: UM CÉU quebrado no chão Onde em vez de tristes estrelas Brilham os letreiros de gás Néon. a) sujeito b) predicativo c) objeto direto d) objeto indireto e) complemento nominal Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.) Na segunda estrofe de seu poema, Drummond empregou duas vezes o verbo "esquecer". No verso 5, a preposição "de" está explícita; no verso 7, subentendida. Levando em conta o padrão culto de correção gramatical: Questão 08 Qual é a função sintática do termo destacado abaixo: As poças d'água são um mundo mágico Um céu quebrado no chão Onde em vez de tristes estrelas Brilham os LETREIROS de gás Néon. a) predicativo do objeto b) predicativo do sujeito c) sujeito simples d) complemento nominal e) objeto indireto Questão 09 Apresente um argumento sintático que justifique por que essas duas regências estão corretas. Questão 10 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 05 10 15 20 Reescreva os versos 7 e 8, conforme as seguintes determinações: - retire o advérbio de tempo; - substitua o verbo "esquecer" por seu antônimo, mantendo o pronome. - UAI, EU? Se o assunto é meu e seu, lhe digo, lhe conto; que vale enterrar minhocas? De como aqui me vi, sutil assim, por tantas cargas d'água. No engano sem desengano: o de aprender prático o desfeitio da vida. Sorte? A gente vai - nos passos da história que vem. Quem quer viver faz mágica. Ainda mais eu, que sempre fui arrimo de pai bêbado. Só que isso se deu, o que quando, deveras comigo, feliz e prosperado. Ah, que saudades que eu não tenha... Ah, meus bons maustempos! Eu trabalhava para um senhor Doutor Mimoso. Sururjão, não; é solorgião. Inteiro na fama olh'alegre, justo, inteligentudo - de calibre de quilate de caráter. Bom até-onde-que, bom como cobertor, lençol e colcha, bom mesmo quando com dor-de-cabeça: bom, feito mingau adoçado. Versando chefe os solertes preceitos. Ordem, por fora; paciência por dentro. Muito mediante fortes cálculos, imaginado de ladino, só se diga. A fim de comigo ligeiro poder ir ver seus chamados de seus doentes, tinha fechado um piquete no quintal: lá pernoitavam, de diário, à mão, dois animais de sela prontos para qualquer aurora. Vindo a gente a par, nas ocasiões, ou eu atrás, com a maleta dos remédios e petrechos, renquetrenque, estudante andante. Pois ele comigo proseava, me Viva essa experiência. Redija sua resposta numa única frase, com os termos da oração em ordem direta 3 www.colegiocursointellectus.com.br 15 20