Autor: SIMONE DE PINHO BARBOSA
Título: PERMANÊNCIA DOS ENFERMEIROS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA
FAMÍLIA DE IPATINGA – MG: MOTIVAÇÕES E ADVERSIDADES
Data da defesa: 15/02/2008
Orientador: Profa. Dra. ADRIANA CAVALCANTI DE AGUIAR
RESUMO
O foco central desse estudo é a (im)permanência do enfermeiro no Programa
Saúde da Família (PSF), baseado na força de trabalho e nos fatores extrínsecos e
intrínsecos que levam a expansão desse fenômeno. Como objetivo geral propõe
compreender do ponto de vista dos profissionais enfermeiros do município de
Ipatinga (MG) fatores que facilitam e dificultam a sua permanência no PSF. A
coleta de dados se realizou por meio de entrevistas gravadas com 16 enfermeiros
que atuaram no PSF de Ipatinga durante os anos de 2002 a 2007 no intuito de
revelar o que os levou a sair de fato. Os dados foram analisados de acordo com
três categorias, quais são elas: perfil do enfermeiro do PSF; fatores que
influenciam o trabalho do enfermeiro e sua permanência no PSF, e o
distanciamento entre o trabalho prescrito e o trabalho real. Os resultados
encontrados foram enfermeiros com formação especifica para atuar no PSF, com
boas expectativas para a proposta de trabalho, optando atuar na área por
identificação com o eixo temático e em desenvolver trabalhos voltados para
comunidades. Os enfermeiros demonstraram total envolvimento com os trabalhos
realizados, porém relataram que, se por um lado sentiam-se capazes de enfrentar
os problemas, por outro, acabaram se deparando com realidades difíceis e com a
limitação em oferecer respostas para os problemas trazidos pela comunidade. Os
enfermeiros consideravam como principais fatores favoráveis ao PSF, o trabalho
em equipe quando o mesmo conseguia ser efetivado pelos seus membros, a
estrutura física para uma atuação mais digna e com privacidade e o vínculo com a
comunidade, vistos como formas de gratificação e reconhecimento. Consideraram
que as responsabilidades assumidas pelo enfermeiro do PSF ultrapassaram as
condições de sustentabilidade tornando pesado e cansativo o trabalho. Os fatores
considerados desfavoráveis para o PSF foram: acesso restrito a exames
laboratoriais, dificuldade de transporte e divisão territorial inapropriada.
Consideraram que a remuneração e o vínculo empregatício eram insatisfatórios
para mantê-los nas equipes do PSF, além das cobranças como exigências por
produtividade e a mudanças político-partidária. Relataram desgaste físico, mental
e até mesmo social, fomentando a evasão para outras opções de trabalho mais
dignas e favoráveis. Dessa forma os enfermeiros elegeram salários mais
compatíveis, vínculos empregatícios mais seguros e oferta de educação
permanente, como condições necessárias para estímulo à permanência no PSF.
Palavras-chave: enfermeiros, rotatividade, trabalho, Programa Saúde da Família.
ABSTRACT
The main focus of this study is (im)permanence of nurses on the Family Health
Program (FHP) based on work power and on extrinsical and intrinsical factors
which leads to the expansion of this phenomenon. The general goal is to
understand, from the town of Ipaginga’s professional nurses’ point of view, the
factors which facilitate or difficultate their permanence on FHP. The data gathering
was made through interviews recorded with 16 nurses who worked on Ipatinga’s
FHP from 2002 to 2007 in order to reveal what lead them to quit the program. The
data was analyzed according to three categories, which are: FHP nurse’s profile;
factors influencing their work and permanence on FHP; and the distance between
prescript work and practical work. The results revealed that nurses have specific
education to work on FHP with good expectations about the work proposal when
they mentioned that they’ve chosen to act in such area because of identification
with the theme axis and the perspective of developing a work focused on the
community. Nurses demonstrated great engagement to the work done, but
reported that, although capable of facing problems, they ended up dealing with a
hard cold reality and the limitation in offering proper responses to the problems
raised by the community. The professionals considered as main favorable factors
to the job whenever FHP teamwork could be done efficiently by its members,
physical infrastructure for a dignifying and private activity and community bonds,
seen as a gesture of gratitude and recognition. They considered that nurse’s
responsibility exceeded the sustainable conditions thus making work heavy and
tiresome. The main unfavorable factors considered were restricted laboratorial
exams access, difficult transportation and inappropriate territorial division. They
considered wage and work contract insufficient to keep them on FHP teams along
with professional and productivity demands and political-party changes. They
reported physical, mental and even social wasting contributing for evasion to other
work options with more favorable factors. Thus, nurses elected compatible wages,
secure work contracts, better work conditions and permanent education offering as
necessary conditions to stimulate their permanence on FHP.
Keywords: nurses, turnover, work, Family Health Program.
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