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ANÁLISE DO TEMPO MÉDIO DAS SEQUÊNCIAS OFENSIVAS DAS SELEÇÕES
SEMIFINALISTAS DA COPA DO MUNDO FIFA® 2014
Lucas Dias Mantovani / NUPEF – UFV
Henrique Bueno Américo / NUPEF – UFV
Rodrigo de Miranda Monteiro Santos / NUPEF – UFV
Israel Teoldo da Costa / NUPEF – UFV
[email protected]
Resumo: O objetivo do estudo foi comparar o tempo médio das Sequências Ofensivas das
4 equipes semi-finalistas da Copa do Mundo FIFA 2014® entre o primeiro e segundo tempo
de jogo. A amostra do estudo foi composta por 28 jogos das 4 seleções semi-finalistas da
Copa do Mundo FIFA 2014®, em que foram análisados o tempo de duração de cada
Sequência Ofensiva. Foi utilizado o teste One-Way ANOVA para comparar a média do
tempo de posse de bola em cada tempo de jogo. Os resultados apontaram que a equipe
brasileira apresentou diferença no tempo médio de posse de bola entre cada um dos
tempos. O estudo concluiu que o tempo de posse de bola tem sido um importante indicador
de performance e que equipes com maior tempo e constância de posse de bola tendem a
ser melhor sucedidas.
Palavras-chave: Análise notacional; Sequência Ofensiva; Tempo médio
Introdução: O estudo do jogo de futebol não é recente, tendo sido iniciado com anotações
manuais e evoluindo até programas computacionais. Os estudos realizados nessa área
recebem diferente denominações, entre elas: Observação do Jogo, Análise do jogo e
Análise Notacional, sendo Análise de Jogo a expressão mais utilizada na literatura
(GARGANTA, 1997).
A análise de jogo tem demonstrado que o futebol tem sofrido alterações nos seus padrões
de jogo com o passar dos anos, se tornando cada vez mais complexo. Hughes e Bartlett
(2002) mostram que houve uma diminuição na média de gols por jogo na Copa do Mundo
FIFA®, mostrando um aumento de complexidade nos confrontos, e que estudos tem
apontado como indicadores de performance as o número de finalizações e o tempo de
posse de bola.
A posse de bola é a capacidade de manter a bola sob domínio da equipe sem perdê-la para
o adversário, permitindo que a equipe que a detenha controle a estrutura e o ritmo do jogo,
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sendo que, equipes bem sucedidas desfrutam de tempos médios mais longos que equipes
menos bem sucedidas (SHAFIZADEH et al., 2012).
Um estudo realizado por Lago Peñas e Delal (2010) com 380 jogos da primeira divisão do
Campeonato Espanhol 2008-2009, apontou que as equipes com melhor desempenho
tinham um maior tempo de posse de bola (proporção do tempo que a equipe tinha a posse
de bola enquanto a bola estava em jogo) e eram mais estáveis em seu padrão de jogo
(apresentavam pouca variação do tempo de posse de bola por jogo).
Estudos (LAGO-BALLESTEROS; LAGO-PEÑAS, 2010; LAGO-PEÑAS; DELLAL, 2010;
SHAFIZADEH et al., 2012) têm apontado que a posse de bola pode ser um fator
determinante para a performance.
Assim, o objetivo deste estudo foi comparar o tempo médio das Sequências
Ofensivas das 4 equipes semifinalistas da Copa do Mundo FIFA 2014® entre o primeiro e
segundo tempo.
Métodos: A amostra deste estudo foi composta por 2378 ações ofensivas ocorridas em 28
jogos das 4 seleções semifinalistas (Alemanha, Argentina, Brasil e Holanda) da Copa do
Mundo FIFA 2014®. Analisou-se a duração das Sequências Ofensivas de cada cada equipe
no primeiro e segundo tempo por jogo.
Sequência Ofensiva é a ação decorrida entre o primeiro contato com a bola da equipe em
posse, e o momento do último contato realizado pelo mesmo ou por outro jogador de sua
equipe na mesma posse de bola (GARGANTA, 1997). Para caracterizar a fase ofensiva a
equipe deveria deter a posse de bola, cumprindo um dos três critérios definidos por
Garganta (1997) que são: 1) realizar pelo menos três contatos consecutivos com a bola; 2)
realizar um passe positivo; 3) realizar um remate enquadrado à baliza. Recorreu-se à
análise de vídeos, realizada por pesquisadores treinados através do software Windows
Media Player. As sequência ofensivas foram registradas em uma planilha do software
Excel. Utilizou-se análise descritiva para obtenção de média e desvio padrão do tempo
médio das Sequências Ofensivas do primeiro e segundo tempo de cada equipe. Para
verificar a distribuição dos dados foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov, e para a
comparação do tempo utilizou-se o teste One-Way ANOVA. O software utilizado para os
procedimentos estatísticos foi o SPSS 20.0 para Windows. Adotou-se um nível de
significância de p<0,05.
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Resultados: A Tabela 1 apresenta os valores de média e devio padrão do tempo (em
segundos) de posse de bola de cada uma das equipes no 1º e 2º tempo de jogo.
Alemanha
Argentina
Brasil
Holanda
1º tempo
22±22
21±17
18±14
18±17
2º tempo
21±19
19±13
15±13
20±19
p
0,420
0,067
0,004*
0,660
*p<0,05
Os resultados mostram que houve diferença na duração das sequências ofensivas entre o
primeiro e segundo tempo da seleção brasileira. O tempo médio de posse de bola da
seleção brasileira diminuiu enquanto as demais equipes mantiveram seu tempo médio de
posse de bola.
A seleção brasileira apresentou a menor média de tempo de posse de bola no primeiro
tempo, assim como a seleção holandesa, e a menor média geral no segundo tempo.
Estudos têm indicado que o tempo de posse de bola pode ser um indicador de performance
no futebol (HUGHES; BARTLETT, 2002; LAGO-PEÑAS; DELLAL, 2010; SHAFIZADEH et
al., 2012).
O estudo realizado por Lago-Peñas e Delal (2010) mostra que as equipes bem sucedidas
da primeira Divisão do Campeonato Espanhol 2008-2009 mantinham a posse de bola por
tempo superior e tinham menor variabilidade do tempo de posse de bola por jogo. Assim
como neste estudo, as equipes bem sucedidas (entre as três melhores colocadas do
torneio) tinham um maior tempo médio de posse de bola. Além disso, essa média se
manteve sem variação entre um tempo de jogo e outro; enquanto a equipe com a pior
colocação obteve menor tempo médio de posse de bola, também tendo sido observada
diferença nessa média entre os tempos de jogo. O fato de a seleção brasileira ter
apresentado um menor tempo médio e uma diferença de posse de bola entre primeiro e
segundo tempo, pode ser uma das razões para que a equipe tenha sido a pior colocada
dentre as equipes analisadas.
Conclusão: Conclui-se que as equipes bem sucedidas não variaram o tempo médio de
posse de bola entre os dois tempos de jogo enquanto a equipe com pior colacação obteve
uma variaçã na média. Mesmo que o processo de manutenção da posse de bola seja
dinâmico, os resultados apontam que uma equipe pode ser mais bem sucedida que outra
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se obtiver um maior tempo de posse de bola e mantiver uma média semelhante entre o
primeiro e segundo tempo que suas adversárias.
REFERÊNCIAS
GARGANTA, J. Modelação táctica do jogo de Futebol: Estudo da organização da fase
ofensiva em equipas de alto rendimento 1997. 318 p. (Doutorado). Faculdade de
Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto 1997. 318 p.
HUGHES, M. D.; BARTLETT, R. M. The use of performance indicators in performance
analysis. Journal of sports sciences, v.20, n.10, p.739-54. 2002.
LAGO-BALLESTEROS, J.; LAGO-PEÑAS, C. Performance in team sports: Identifying the
keys to success in soccer. Journal of Human Kinetics, v.25, p.85-91. 2010.
LAGO-PEÑAS, C.; DELLAL, A. Ball possession strategies in elite soccer according to the
evolution of the match-score: the influence of situational variables. Journal of Human
Kinetics, v.25, p.93-100. 2010.
SHAFIZADEH, M.; GRAY, S.; SPROULE, J.; MCMORRIS, T. An exploratory analysis of
losing possession in professional soccer. International Journal of Performance Analysis
in Sport, v.12, n.1, p.14-23. 2012.
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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