Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro, 18 / Julho/ 2011 Liminar impede devolução da VPNI no INSS, MS, Funasa, MPS e MTE Página 14 Luta nacional dos servidores tenta derrubar política de ‘reajuste zero’ de Dilma Mobilização nacional também defende direitos, entre eles a aposentadoria, ameaçados por projetos do governo; em Brasília, mesa de negociação não tem avanços e governo já atropela itens acordados. Páginas 8 e 9 FOTO: FERNANDO FRANÇA Saúde precisa se unir para deter ataque conjunto de Paes, Cabral e Dilma Páginas 3 a 7 FOTO : SAMUEL TOSTA A INDIGNAÇÃO É VERMELHA – Sindsprev cobra mudança de regime e passivos da Funasa Servidores do MPS querem carreira única com INSS Pá gin a 2 Página 15 CCJC da Câmara aprova PL que devolve dias descontados na greve do INSS Página 16 Servidores da saúde e da educação se uniram aos bombeiros, chamados de vagabundos pelo governador Sérgio Cabral Filho, para ocupar as escadarias da Alerj e fazer a maior passeata da cidade desde o ‘Fora Collor’ de 19 anos atrás. Movimento despertou a indignação da população com o governador, cuja popularidade despencou, não só pelo autoritarismo, mas pelo modo como trata os serviços públicos. Página s 10 e 11 !2 18 / JULHO / 2011 JORNADA DE 30 HORAS Sindsprev/RJ obtém liminar favorável às 30h das assistentes sociais sem redução salarial Decisão provisória beneficia assistentes sociais do INSS, do Ministério da Saúde, da DRT, da Funasa e da Fiocruz e fortalece a luta pela jornada de 30h Leia nesta edição: MS quer cooperação com Prefeitura para obras em Piedade Página 6 Rural condena lixão e questiona licença em Seropédica Página 13 Servidores elegem nova direção para Regional Sul do Sindsprev/RJ Página 12 ABR O Sindsprev-RJ obteve decisão provisória na Justiça que manda as administrações adotarem a jornada de 30 horas semanais para as assistentes sociais, de toda a base da categoria, sem redução da remuneração. A liminar é mais uma batalha vencida na luta desses servidores pelas 6 horas diárias e contribui com a campanha geral do sindicato e da categoria por esta jornada. O novo horário deve ser aplicado automaticamente pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, sem necessidade de solicitações individuais, informa o advogado Roberto Marinho Rocha, coordenador do Jurídico do sindicato. Segundo ele, a Advocacia-Geral da União já emitiu parecer sobre a aplicação da liminar, o que é usual nas ações contra a União, e o RH já teria informado que está processando as alterações no sistema de ponto para permitir o cumprimento da ordem judicial. A liminar foi concedida pela juíza Gilda Seixas, no mandado de segurança movido pelo departamento Jurídico do Sindsprev-RJ na Seção Judiciária do Distrito Federal (nº21478- 98.2011.4.01. 3400). Abrange todos os assistentes sociais, substituídos pelo sindicato na ação judicial, do INSS, Ministério da Saúde, FOTO: ANTONIO CRUZ Por Hélcio Duarte Filho Funasa, DRT e Fiocruz. Embora provisória, a decisão da magistrada é bastante contundente com relação ao direito deste setor da categoria à jornada de 30 horas, conforme determina legislação específica desrespeitada pelo Ministério da Previdência – que só aceita a jornada menor mediante enquadramento na tabela salarial reduzida. “A plausibilidade do direito vindicado se mostra evidente. Com efeito, o escopo da Lei n. 12.317/10 foi o de contemplar a categoria de Assistente Social com jornada diferenciada de trabalho, haja vista a peculiaridade que a atividade encerra, como, por exemplo, a necessidade de desenvolvimento de atividade fora do Dilma e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior: governo se recusou a cumprir a lei, agora terá que cumprir decisão da Justiça. ambiente de trabalho”, diz Gilda Seixas em seu relatório. Que prossegue: “Não prevalece a tese da autoridade impetrada no sentido de que o Assistente Social poderá continuar a exercer as suas atividades na jornada de 40 (quarenta) horas ou, então, pleitear a redução para 30 (trinta) horas, devendo-se, neste último caso, ser observada a adequação, também, na remuneração do servidor que efetuar esta opção”. Na avaliação da direção do sindicato, a decisão é mais um passo na campanha pela garantia deste direito. Mas, no que pese a relevância da liminar, não encerra esta luta, até porque a decisão é provisória. EDITORIAL Na Grécia ou no Brasil, o ‘público’ serve ao privado O público socorre o privado e, para isso, vai buscar recursos nos salários, nos benefícios sociais e na redução dos serviços à população. Eis a receita aplicada nos países da Europa e da América, em maior ou menor grau, por conta da crise decorrente da especulação financeira. Em alguns países, a dose do ‘remédio’ é inacreditável. É o caso da Grécia, onde o pacote de austeridade traçado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê cortes de tal magnitude que, comparado em termos relativos com o orçamento público no Brasil, significaria a redução dele em R$ 900 bilhões. O pacote foi aprovado por um Congresso cercado de manifestantes e ignorando pesquisas de opinião que indicam rejeição de 80% da população grega às medidas, que incluem reduzir salários, pensões e demitir servidores. Mas não há tempo para democracia. O que prevalece é a ‘ditadura’ do mercado, sustentada pelos aparatos econômicos e repressivos do Estado. Medidas similares estão em curso na Espanha, na Irlanda, em Portugal e na Itália... Nada tão distante do que se vê no Brasil e no Rio. Ao mesmo tempo em Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro - Rua Joaquim Silva, 98-A - Centro - RJ ! (21) 3478-8200 |fax: 3478-8233 que corta o orçamento em R$ 50 bilhões, congela salários de servidores e prepara projetos que podem sangrar as aposentadorias e pensões. O governo de Dilma Rousseff acena ainda com aportes de R$ 4 bilhões para uma rede de supermercado de propriedade de um financiador de sua campanha. Destina outros bilhões para empreiteiras premiadas com obras para a Copa do Mundo e defende uma Lei de Diretrizes Orçamentárias dura com os servidores e branda com a liberação de recursos para empresas contratadas para tocar obras que deveriam ser públicas. No Rio, o escândalo dos passeios do governador Sérgio Cabral Filho com empresários que mantêm negócios com o governo é só mais um episódio a ilustrar uma rotina: o público serve ao lucro privado. Alguém já disse que no capitalismo não há almoço grátis. O dinheiro que beneficia a festa dos banqueiros e empresários tem que sair de algum lugar – no caso, do bolso e dos direitos previdenciários, trabalhistas e sociais do trabalhador. Para derrotar essa política e defender os direitos ameaçados, toda luta é importante. Mas é imprescindível construir a resistência conjunta dos trabalhadores. Edição sob a respondabilidade dos Diretores da Secretaria de Imprensa | Redação: Hélcio Duarte Filho (MtbJP16379RJ), André Pelliccione (MtbJP193001RJ) e Olyntho Contente (MtbJP14173RJ) | Diagramação: Virginia Aôr (MtbJP18580RJ) | Fotografia: Fernando França e Niko | Tiragem: 15 mil | Impressão: Folha Dirigida http://www.sindsprevrj.org.br | [email protected] Servidores do MPS querem carreira única com INSS Em plebiscito realizado no dia 25 de maio deste ano, nas 29 juntas de recursos no país, os servidores do Ministério da Previdência Social (MPS) optaram pela luta por uma carreira única com os trabalhadores do seguro social (INSS). A outra opção (carreira específica do MPS) foi rejeitada pela categoria, apesar de a diferença de votos ter sido pequena em relação à proposta vencedora. A apuração aconteceu no auditório do ministério, em Brasília. O plebiscito foi uma iniciativa da Asips (Associação dos Servidores Integrados da Previdência Social), com apoio do Sindsprev/RJ e SindsepDF. Dirigente da Regional Centro do Sindsprev/RJ e servidor do MPS, Edilson ‘Mariano’ Gonçalves considerou contraditória a decisão dos servidores. “A decisão é soberana, mas nunca é demais lembrar que durante anos tentamos ir para a carreira do seguro social, e o próprio governo nos negou isto, alegando uma ‘inconstitucionalidade’ que nunca existiu. Para mim não procede o argumento de que uma carreira única vai fortalecer a nossa luta. Infelizmente, acho que será o contrário”, disse. AÇÃO VITORIOSA DO EX-INPS Mais de dois mil servidores procuraram o Sindsprev/RJ Cerca de 2.100 servidores assinaram a autorização para a ação de execução do passivo do PCCS que beneficia ex-celetistas do antigo INPS. O processo no qual o Sindsprev-RJ foi vitorioso trata do pagamento de diferenças relativas ao PCCS nos anos de 1988, 1989 e três meses de 1990. Transitado em julgado, está em fase de execução na 39ª Vara da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro. O Jurídico do Sindsprev já teve audiência com a juíza responsável pela execução da ação para tratar da questão. O sindicato busca garantias e condições para que esse processo transcorra do modo mais rápido possível. Mas não há previsão ainda de quando os pagamentos começam a ser realizados. Sindicalize-se 34788209 - 34788210 18 / JULHO / 2011 DESMONTE DA SAÚDE 3! Dilma, Cabral e Paes aceleram desmonte e privatização de hospitais O governo Dilma Roussef (PTPMDB) veio com disposição para FOTO: JOSÉ CRUZ-ABR Dilma prepara privatização -ABR Quem acompanha o dia-a-dia dos hospitais constata que se agravou ainda mais a situação dessas unidades, tanto na rede federal quanto na estadual e municipal. Ao mesmo tempo em que os governos Dilma Roussef, Sérgio Cabral Filho e Eduardo Paes aceleraram de forma articulada o sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS), passaram a tomar medidas mais efetivas para privatizá-lo, seja através de mudanças legislativas ou da ampliação da entrega pura e simples de novas ou antigas unidades públicas a grupos privados. O SUS é o maior sistema de saúde do mundo, criado para atender gratuitamente a toda a população, sem restrições. Este ano serão destinados ao seu funcionamento cerca de R$ 70 bilhões, somente em verbas federais, valor ainda insuficiente para atender com qualidade a todos os usuários, mas que desperta a cobiça dos grupos privados. Aliados destes grupos empresariais, potenciais financiadores de campanhas eleitorais, os governos federal, estadual e municipal promovem um verdadeiro ataque ao SUS para fazê-lo funcionar mal e justificar a sua entrega a empresas privadas. FOTO: WILSON DIAS FOTO: FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM -ABR Por Olyntho contente Presidenta Dilma Roussef (PT) Governador Cabral Filho (PMDB) Prefeito Eduardo Paes (PMDB) privatizar hospitais e outros setores do serviço público, o que Lula tentou implantar através das fundações de direito privado (projeto de lei 92/2007, que não foi votado no Congresso Nacional), mas não conseguiu. Dilma anunciou, logo no início de sua gestão, um corte geral no Orçamento da União de R$ 50 bilhões, tirando, só da Saúde, R$ 578 milhões. Suspendeu, também, a realização de concursos para todo o serviço público federal. No que diz respeito aos hospitais, as decisões só agravam a situação precária de falta de pessoal, uma realidade presente em todas as unidades. O corte orçamentário vai dificultar ainda mais a manutenção e aquisição de equipamentos e a reposição de materiais e medicamentos. As medidas tomadas por Dilma, que tornam mais difícil a situação de funcionamento dos hospitais federais, foram antecedidas pela edição da Medida Provisória 520, em 31 de dezembro, último dia do governo Lula. Esta MP cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, uma sociedade anônima controlada pela União, autorizada a privatizar a gestão dos hospitais universitários, contratar profissionais de saúde pelo regime celetista (sem concurso), realizar compras sem licitação e outras ações típicas de empresa privada, podendo fazer o mesmo com os hospitais federais da rede SUS. Ou seja, é a velha política de piorar o serviço prestado à população para justificar a sua privatização. O diretor do Sindsprev/RJ Júlio Tavares lembrou que a MP 520 deixou de vigorar porque tinha um prazo para ser transformada em lei, que se expirou, no Senado, em junho. Em julho, as preocupações manifestadas pelo dirigente do Sindicato se confirmaram, quando o governo reeditou a MP sob a forma do PL 1.749/2001, o que mostra a intenção da administração Dilma Roussef de entregar a gestão de hospitais públicos a empresa de economia mista Governador Cabral é “coveiro de hospitais” Aliado político de Lula e Dilma, Sérgio Cabral Filho (PMDB) em seus dois mandatos tem tornado ainda mais caótica a situação dos hospitais do estado, ao mesmo tempo em que vai privatizando-os parcialmente e aprovando leis para entregá-los por inteiro à iniciativa privada. A diretora da Regional Centro do Sindsprev/RJ Denise Nascimento lembra que Cabral aprofundou a política de seus antecessores, e que em suas administrações não realizou concurso público para admissão de novos servidores para o setor, não concedeu qualquer reajuste salarial e aumentou as terceirizações. Não satisfeito, fechou o hospital São Sebastião, cedeu o Iaserj Central para ser demolido pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), e passou o Hospital Pedro II ao município para ser administrado por uma Organização Social (O.S.), após um incêndio, decisões que lhe valeram o apelido de “coveiro de hospitais”. Apesar do grande crescimento da receita do estado, principalmente em função dos royalties do pré-sal, por um lado, e do aumento da população, por outro, Cabral tem mantido os gastos do setor saúde no mesmo patamar, sempre próximo ao mínimo exigido pela Constituição Federal. Nada mais. Mesmo com a necessidade urgente de concurso para admissão de novos profissionais, os gastos com a folha de salários da saúde têm se mantido constantes. Em 2009 foram empenhados (para serem gastos) R$ 1,186 bilhão com despesas de pessoal e encargos do setor e, em 2010, R$ 1,270 bilhão. O resultado é que faltam profissionais e se formam filas enormes em todos os hospitais. As consultas demoram meses até serem realizadas. Faltam, também, medicamentos, equipamentos vivem quebrados e elevadores não funcionam. Ao mesmo tempo em que não investe, Cabral vai terceirizando seto- res da saúde e preparando a privatização total dos hospitais. Aprovou, em 21 de novembro de 2007, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a lei que criou as fundações de direito privado para administrar os hospitais públicos da rede estadual. Mas não levou a iniciativa à frente. Em julho de 2009, aprovou a lei que permite que organizações sociais passem a gerir vários setores do serviço público, inclusive hospitais. Apesar dessas leis, Cabral e o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, vêm privatizando a rede pública de saúde através do que chamam de “Gestão Compartilhada”. Foi assim que entregaram o novíssimo Hospital Maternidade Heloneida Studart ao grupo Facility. Fizeram o mesmo com a maternidade do Hospital Rocha Faria. Ao mesmo tempo, colocaram nas mãos de empresas privadas todos os laboratórios dos hospitais estaduais. Criaram a Secretaria de Saúde e Defesa Civil, militarizando a saúde (desmembrada recentemente), colocando bombeiros em cargos de confiança nos hospitais, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e em todo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Leia também Pág. 4 Paes abandona hospitais públicos Pág. 5 Movimento social resiste à privatização da saúde Pág. 6 Niterói sofre com caos da saúde pública !4 18 / JULHO / 2011 DESMONTE DA SAÚDE Paes abandona hospitais públicos Por Olyntho Contente FOTO: FERNANDO DE FRANÇA Não por coincidência, Paes passou a contratar trabalhadores celetistas, sem a exigência constitucional do concurso público, dando início à privatização do SUS e beneficiando grupos privados. Foram mais de 4.500 via Organizações Sociais (O.S.), para o Programa de Saúde da Família e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e 1.400 através da Fiotec (fundação privada da Fundação Osvaldo Cruz). Enquanto o gasto com servidores estatutários caiu, em 2010 foram destinados R$ 651 milhões para o pagamento dessas O.S. Ou seja, mais da metade do que se gasta com 24 mil servidores. Os números demonstram que a Prefeitura tem recursos para investir nos hospitais públicos, mas não o faz por decisão política. “Não só as empresas, como consultores, vislumbraram na área da saúde pública um espaço para ganhar dinheiro. Obviamente, não estão interessados em privatizar os hospitais para melhorar os serviços”, argumentou o vereador. Protesto de servidores contra privatização FOTO: FERNANDO DE FRANÇA Terceirização FOTO: FERNANDO DE FRANÇA O prefeito Eduardo Paes (PMDB) segue a mesma linha dos governos estadual e federal, de sucateamento e privatização da saúde. A constatação é do vereador Paulo Pinheiro (PPSRJ). As contas da Prefeitura mostram o esvaziamento dos hospitais públicos, através da não realização de concurso. Paes também não faz os investimentos necessários para a reposição de equipamentos e insumos. O resultado é a queda da qualidade do atendimento nos hospitais. “O prefeito Eduardo Paes e o secretário municipal de saúde Hans Dohmann seguem um caminho vertiginoso para a terceirização e a privatização. O orçamento da saúde ano passado foi de R$ 2,5 bilhões, dos quais R$ 1,045 bilhão de gastos com pessoal. No ano anterior tinham gasto R$ 1,56 bilhão. Ou seja, mesmo com a inflação e o crescimento vegetativo da folha de salários, o gasto final diminuiu”, afirmou. Acrescentou que, em 2003, a saúde municipal tinha 28 mil servidores. Em dezembro de 2010, este número era de 24 mil. Vereador Paulo Pinheiro denuncia Preitura por esvaziamento proposital de hospitais Com desmonte da saúde, governos atingem a população A deputada Janira Rocha (PSOLRJ) frisou que o sucateamento dos hospitais públicos atinge principalmente a população pobre do estado, além dos servidores. “Os usuários do SUS estão sendo chacinados porque faltam condições de trabalho e atendimento devido ao boicote dos governos à rede pública de saúde”, afirmou. Segundo a parlamentar, os recursos para o setor existem, mas são desviados para outras finalidades. Ela acrescenta que há um processo criminoso de esvaziamento e privatização do SUS. “Já propusemos a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), tanto na Assembléia Legislativa (Alerj) quanto na Câmara dos Vereadores, para investigar essa situação. Mas essas iniciativas foram barradas pelas bancadas governistas nas duas Casas”, disse. Deputada Janira Rocha: ‘O SUS está sendo destruído para atender a grupos privados’ Economizando com a vida Janira criticou os governos Cabral e Paes por colocarem em prática uma política de atenção primária, através das UPAs e do Programa de Saúde da Família (PSF), sem dar-lhes as condições para que funcionem de forma efetiva, ao mesmo tempo em que sucateiam e abandonam as unidades hospitalares de média e alta complexidade. Com isto, o governador e o prefeito oferecem apenas o básico, mantendo os procedimentos mais caros cada vez mais distantes da população. Ou seja, priorizar apenas a atenção primária é mais barato. “Este é o fator determinante do investimento na atenção primária, ao mesmo tempo em que são sucateados e abandonados os grandes hospitais, responsáveis pelo atendimento de casos de média e alta complexidade”, denunciou. Janira argumentou que governos que agem desta forma com seus cidadãos tiram-lhes o direito à vida e os enganam, quebrando a espinha dorsal do SUS, que é o atendimento integrado entre as unidades. “O Sistema Único de Saúde foi concebido para funcionar com base na integralidade. Este princípio, entendido como um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços, em todos os níveis de complexidade, está sendo destruído pelos governos de forma irresponsável para atender a interesses de grupos privados poderosos e aos seus próprios”, afirmou. UPAs A parlamentar acrescentou que as UPAs (geridas por organizações sociais com recursos humanos precarizados ou militarizadas pelo Corpo de Bombeiros), anunciadas com estardalhaço como a grande estratégia do governo Cabral (depois pelo prefeito Eduardo Paes), para aliviar as emergências dos grandes hospitais, estão em situação semelhante a essas unidades. Segundo ela, em algumas UPAs o tempo médio de espera para atendimento é de cinco horas, como na de Botafogo. Em outras, a falta de qualidade no atendimento resulta na redução da procura da população, que não enxerga mais neste modelo a solução de seus problemas de saúde. Organizações Sociais: relações perigosas e brecha para fraudes A entrega da administração de hospitais e outros serviços públicos a Organizações Sociais (O.S.) ou fundações de direito privado abre brechas para fraudes. Isto porque, ao contrário dos hospitais e outros órgãos públicos, as O.S. não precisam realizar licitações para a compra de equi- pamentos, medicamentos ou realizar concurso para a contratação de mão-de-obra. Diminui também a fiscalização. Vale a pena destacar que, além de não pagar nada pelo uso das unidades de saúde e pelos servidores, as O.S. ainda recebem para administrá-las. E o dinheiro gasto por essas entidades pri- vadas com qualquer despesa sai dos cofres públicos. Um negócio de pai para filho. A deputada Janira Rocha (PSOL-RJ) lembra que um hospital gerido por O.S. significa falta de transparência, de controle social e inexistência de licitações. “Há margem para desvios de todos os ti- pos, além de estar ameaçada a prestação do serviço gratuito, imprescindível à população”, criticou. A parlamentar lembrou que são essas empresas, privilegiadas com recursos da saúde pública, que realizam doações vultosas para campanhas de políticos que representam seus interesses comerciais. 18 / JULHO / 2011 DESMONTE DA SAÚDE Movimento social resiste à privatização da saúde FOTO: FERNANDO DE FRANÇA Por Olyntho Contente Mobilizações do movimento social em todo o país foram se ampliando, em função do crescimento dos ataques ao Sistema Único de Saúde (SUS), seja através do sucateamento, para torná-lo inviável, seja pelo aumento da terceirização e aprovação de leis que autorizam a entrega da gestão dos hospitais públicos a grupos privados, travestidos de nomes como organizações sociais e fundações. Além da luta de servidores e usuários em defesa das unidades do SUS (federais, estaduais e municipais), foi formada em 2010 a Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, composta por movimentos sociais, fóruns de saúde constituídos nos estados, centrais sindicais, sindicatos, partidos políticos e projetos universitários. A Frente foi criada, inicialmente, como forma de trabalhar pela aprovação da Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.923, contra as Organizações Sociais (O.S.), pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Adin está em tramitação desde 1998. Uma decisão fa- Grande passeata em defesa do SUS toma centro do Rio, em abril dem administrar não apenas a rede de saúde, mas também outros setores. Mobilizações vorável seria um importante precedente para desmontar a “coluna vertebral” da privatização dos serviços públicos no Brasil, já que, onde existem, as O.S. po- Já existem Fóruns Contra a Privatização da Saúde em vários estados, formados por diversas entidades do movimento social, partidos políticos e 5! pesquisadores de universidades. Os fóruns do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Alagoas e da cidade de Londrina são os mais antigos. O Sindsprev/RJ participa do Fórum do Rio de Janeiro. No dia 7 de abril, o Fórum do Rio convocou uma passeata que lotou as ruas do Centro, denunciando os governos Dilma, Cabral e Paes pelos ataques feitos à saúde, e pelas leis que aprovaram para privatizar o SUS. A manifestação começou em frente à Associação Brasileira de Imprensa (ABI), na Rua Araújo Porto Alegre, seguindo até a Assembléia Legislativa do Estado (Alerj). Outro protesto, desta vez na sede administrativa da Prefeitura do Rio, o Piranhão, foi realizado no dia 22 de junho, sendo reprimido pela Guarda Municipal, por ordem do prefeito Eduardo Paes. Mas a violência não impediu a continuidade do movimento e de novas manifestações. Para a professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Maria Inês Bravo, para barrar a privatização da saúde e das demais políticas sociais é fundamental um amplo movimento que envolva os sindicatos e centrais, movimentos populares e partidos compromissados com a saúde pública. “As O.S. e fundações promovem a privatização de forma mascarada, beneficiando determinados grupos econômicos, desmontando o SUS e prejudicando, desta forma, a população”, afirmou. Defesa do SUS vira pauta de reivindicações Atos nos hospitais Como parte das mobilizações, têm sido realizados atos específicos em diversas unidades das redes federal, estadual e municipal. O do Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, no fim de junho, teve como eixo a exigência de concurso público imediato. A diretora do Sindsprev/RJ Cristiane Gerardo denunciou, durante a manifestação, que a falta de servidores era proposital e tinha como objetivo jogar a população contra os funcionários e justificar a privatização da unidade. Em ato no dia 14 do mesmo mês, açado por Eduardo Paes de ser fechado. A Prefeitura passou a gestão do Hospital Alice Tibiriçá para o controle de uma O.S., a Viva Comunidade, que restringiu o atendimento. Em sua campanha salarial, os servidores da rede de saúde do estado denunciam a privatização e lutam contra ela. Cabral fechou o Hospital Pedro II e o repassou para a Prefeitura do Rio para ser administrado por uma O.S.. Também entregou o Iaserj Central para ser demolido pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), mas os servidores vêm conseguindo barrar a ameaça. servidores e usuários denunciaram o sucateamento do Hospital da Piedade, pelo prefeito Eduardo Paes. Os servidores do Hospital Psiquiátrico Jurandir Manfredini fizeram assembléia para organizar a luta contra o total abandono da unidade pela Prefeitura. Também há mobilização no Hospital de Curicia, ameAto no Cardoso Fontes, hospital federal, denuncia a falta de servidores e precariedade do atendimento FOTOS: FERNANDO DE FRANÇA As seguidas mobilizações dos usuários e servidores dos hospitais públicos fizeram com que a defesa do SUS e a sua não privatização passassem a ser uma reivindicação com mais peso na pauta de um número crescente de categorias. A começar pela dos servidores federais, dos servidores da saúde e educação do estado e os do município do Rio de Janeiro. Durante ato conjunto de servidores federais e estaduais da saúde e das universidades federais em greve, em 5 de julho, o diretor do Sindsprev/RJ Júlio Tavares falou sobre a importância das mobilizações em defesa do SUS. “Nossa luta é em defesa do serviço público gratuito e de qualidade para toda a população. Serviço que os governos querem sucatear e privatizar. Precisamos construir uma real unidade de ação de todos os servidores, em todas as categorias. Vamos mostrar a Dilma, Cabral e Paes que temos dignidade, como os bombeiros já mostraram. Hoje a onda branca na saúde já é uma realidade”, afirmou. Ações barram O.S. Além da mobilização, os sindicatos estão movendo ações judiciais para impedir a realização de licitação para que as O.S. passem a administrar os grandes hospitais de emergência, como o Miguel Couto, Souza Aguiar, Salgado Filho, entre outros. O Sindsprev/RJ, Sindicato dos Enfermeiros, Sindicato dos Médicos e Conselho Regional de Medicina (Cremerj) conseguiram liminares suspendendo as licitações. O argumento é que a Lei Municipal 5.026/09, aprovada pela Câmara dos Vereadores em 19 de maio de 2009, e o Decreto 30.780/ 09 admitem que as organizações sociais atuem exclusivamente em unidades de saúde criadas a partir da data de aprovação da lei. !6 18 / JULHO / 2011 NITERÓI Niterói sofre com caos e sucateamento da saúde pública Hospital Carlos Tortelly (antigo CPN) Por André Pelliccione O absoluto descaso da Prefeitura com os servidores e a população usuária é o que marca a saúde pública em Niterói, onde a rede continua sucateada e são cada vez mais restritas as possibilidades de atendimento à população se- gundo os princípios do SUS (Sistema Único de Saúde). Falta de atendimento e acompanhamento ambulatorial; falta de especialidades como neurologia, endocrinologia, reumatologia, cirurgia de cabeça e pescoço; ausência de média e alta complexidade na rede pública; au- PIEDADE sência de unidades voltadas à saúde da mulher; precariedades de todo tipo. Assim é Niterói. “Se pacientes com trauma precisarem de cirurgia cardíaca na rede pública, terão que procurar outros municípios porque, em Niterói, isto é cada vez mais difícil. Temos uma Central de Leitos, mas não temos os leitos. No Hospital Antonio Pedro, o tomógrafo que havia foi pro beleléu”, critica a diretora da Regional Niterói do Sindsprev/ RJ, Maria Ivone Suppo. O também dirigente do Sindicato, FOTO : NIKO FOTO : NIKO FOTO : NIKO FOTO: FERNANDO FRANÇA Sebastião (Tão), Maria Ivone Suppo e Charles denunciam abandono da saude em Niterói Sebastião José de Souza (o Tão), completa a indignação. “A gestão do atual prefeito, Jorge Roberto Silveira (PDT), não se preocupa com a rede pública porque governa para a classe média e os ricos, esquecendo o povão que usa e precisa da rede pública de saúde. A prova é que, na gestão atual, o orçamento da saúde foi reduzido de 25% para 18%”, conclui. Demissão de RPAs O mais recente ataque da Prefeitura aos trabalhadores da saúde foi a demissão dos chamados RPAs, ou autônomos, que trabalham na rede municipal. Três mil RPAs estão ameaçados de demissão. “É um absurdo. A Prefeitura nunca fez os necessários concursos para repor pessoal. Agora, quer desfalcar os hospitais com a demissão dos RPAs, prejudicando a população usuária”, critica o também dirigente do Sindsprev/ RJ Charles Gonçalves dos Santos. ACS E ACE MS quer cooperação técnica com Sindsprev/RJ participará de audiência Prefeitura para obras na Piedade com Padilha sobre piso nacional Ato em defesa do Hospital da Piedade, em junho deste ano porque o Hospital foi sucateado. No centro cirúrgico, por exemplo, os focos [lustres especiais] estão caindo, e nas salas da clínica médica não há aparelho de pressão, ar condicionado ou computador”, afirma a diretora do Sindsprev/ RJ Maria Celina de Oliveira. Segundo ela, as verbas para as obras serão fiscalizadas por uma comissão, composta pelo próprio MS, Prefeitura e servidores da unidade. Ela explica que algumas das exigências para que o Piedade mantenha sua certificação como instituição de ensino são a existência de residência em medicina e enfermagem, o atendimento na rede SUS e que o Hospital defina, internamente, o seu perfil clínico. “São exigências também feitas pelos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação. Queremos que o Piedade se reerga. Além de reverter o sucateamento, os servidores da unidade lutam pelo direito democrático de eleição direta para direção geral, chefias de enfermagem e de serviços”, conclui Celina. FOTO: FERNANDO FRANÇA O Ministério da Saúde (MS) celebrará um ‘contrato de cooperação técnica’ com a Prefeitura do Rio, por meio do qual serão realizadas as obras de reforma exigidas para que o Hospital Municipal da Piedade mantenha sua certificação de ‘unidade de ensino’, conquistada em dezembro de 2010. Pelo contrato, o MS entrará com as verbas necessárias às obras, que incluem reforma dos centros cirúrgicos geral e da oftalmologia; reconstrução do Raio X; estruturação das salas da clínica médica; e reativação de equipamentos para exames de média/ alta complexidades, como tomógrafo. O contrato também prevê que o Hospital continue como ‘unidade municipal’. A intenção do Ministério foi comunicada aos servidores do Hospital da Piedade pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), durante assembleia da categoria realizada no dia 7 de julho, com presença de um representante da Prefeitura. Na véspera [6/07], a parlamentar se reunira com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para tratar do assunto. “Não desistimos da luta pela federalização da unidade, mas, se realmente acontecer o que o Ministério está dizendo, o Piedade será um hospital de ensino de primeiro mundo. O Ministério deu prazo de seis meses para realização das reformas, que realmente são urgentes FOTO: FERNANDO DE FRANÇA Por André Pelliccione Por André Pelliccione O Sindsprev/RJ participará, no dia 21/07, de audiência em Brasilia com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que discutirá o piso salarial nacional e o plano de cargos e carreira dos agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de controle de endemias (ACE). Da reunião também participará a CONACS (Confederação Nacional de Agentes Comunitários de Saúde). A Comissão Especial Parlamentar que discute o piso salarial no Congresso vem exigindo que a questão seja debatida em seminários com estados e municípios. A Comissão também atrela os recursos para o piso à Emenda Constitucional 29 (que vincula os recursos da saúde ao aumento do PIB - Produto Interno Bruto). Na opinião da diretora do Sindsprev/RJ Jane Amaral, a proposta da Comissão Parlamentar é um retrocesso. “Querem mais uma vez adiar a solução para as reivindicações dos ACS e ACEs. Por isso é essencial que a categoria continue mobilizada, pois só assim conquistará o piso e a carreira”, disse. Em junho, houve audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, em Brasília. A categoria reivindica piso salarial nacional de R$ 1.090,00 (ou dois salários mínimos) para os ACS e ACEs (a maioria das prefeituras para saláriominimo). Na Câmara dos Deputados tramitam dois projetos que beneficiam os ACS e ACEs: o PL nº 7495/2006, que regulamenta as atividades de ACS e ACE; e o PL 6.111/2009, que institui o piso salarial nacional. Jane Amaral, do Sindsprev/RJ, quer mobilização de ACS e ACE No Estado do Rio, a maioria das prefeituras ainda resiste a regulamentar a situação funcional dos ACS e ACE. Em São João de Meriti, Belford Roxo, Valença e São Gonçalo, por exemplo, os cargos foram criados mas a situação não avançou além disso. Em São Gonçalo, 600 ACS foram demitidos em julho. “O secretário Marcio Panisset alegou que todos os que passaram por processo seletivo deveriam primeiro ser demitidos para depois serem chamados. Enquanto isso, até hoje temos 21 aprovados do processo seletivo de 2001 que não tiveram suas carteiras assinadas”, afirma Jane. Em Belford Roxo, o Sindsprev reuniu-se em junho com o Procurador Geral do município, que informou ter pedido informações ao Ministério Público Estadual (MPE) para conhecer a posição daquele órgão sobre a regularização dos ACS e ACEs. Saúde Estadual define calendário de lutas por PCCS Por André Pelliccione 7! Prefeitura ‘prepara’ PAM Del Castillo para setor privado, ignora problemas e fomenta crise FOTO: FERNANDO DE FRANÇA Servidores da Saúde Estadual, em campanha salarial, definiram um calendário de lutas e mobilização pelo atendimento de suas reivindicações: PCCS já; concurso; incorporação de gratificações; condições de trabalho; reabertura imediata do Hospital Pedro II e do Instituto São Sebastião; defesa do IASERJ e não às Organizações Sociais e Fundações de Direito Privado. As deliberações foram aprovadas em assembléias nos dias 1º e 13 de julho, com presença da deputada Janira Rocha (PSOL). Os servidores da saúde também lutam pela criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Alerj, com o lema ‘Chega de Mortes, CPI da Saúde, Já’. O sucateamento e desmonte de unidades continua no Estado. No Hospital Carlos Chagas, por exemplo, o governo quer fechar o ambulatório e leitos da pediatria, prejudicando diretamente a população usuária. No Pedro II, ainda não há qualquer previsão para a reabertura do Hospital, sobrecarregando o Rocha Faria, na Zona Oeste. 18 / JULHO / 2011 SAÚDE SOB AMEAÇA Prefeitura quer instalar PSF em Del Castillo e entregá-lo para Organizações Sociais privadas Organizações Sociais são rejeitadas por servidores Por Hélcio Duarte Filho O PAM Del Castillo vive dias de incerteza. A Prefeitura segue tocando a obra que desalojou setores como a Pediatria e a Clínica Médica e prepara o terreno para a provável entrega do controle da unidade a uma Organização Social privada. Mas, como de costume, nem sequer informa aos servidores o que acontecerá com o tradicional posto, referência na região da Leopoldina e para onde é encaminhada boa parte dos pacientes que procuram as UPAs das imediações sem obter um atendimento adequado. Para complicar o quadro, a situação da direção da unidade está indefinida: o médico Paulo Braga pediu exoneração do cargo, mas permanece no posto não se sabe até quando. “Existe uma incerteza muito grande, o PAM continua com ausência de médicos, profissionais de enfermagem, o telhado continua chovendo, não consertaram, há toda uma incerteza”, relata Osvaldo Mendes, servidor do local e diretor do Sindsprev-RJ. Servidores acusam gestão da O.S. no Alice Tibiriçá de agir como ditadura e pedem saída de diretora FOTO: FERNANDO FRANÇA mais focado em núSob a administrameros e não na quação da Organização lidade. Um dos proSocial Viva Comuniblemas denunciados dade, a qualidade do é a instalação numa atendimento e o resmesma sala de árepeito aos profissioas de atendimento nais de saúde desdistintas, como diapencaram no Centro betes, gravidez, denMunicipal de Saúde gue e coleta de sanAlice Tibiriçá, em gue. Irajá. Quem afirma é o diretor do “A O.S. assuSindsprev-RJ Sidney miu a unidade mas Castro, que vem não deu a estrutura acompanhando a Luta é pelo fim da direção nas mãos da OS adequada para os luta local para que a trabalhadores”, cridireção da unidade tica Sidney. Nomeavolte às mãos de servidores efetivos do quadro. da pela Prefeitura, a enfermeira Adriana estaria ainSegundo denúncias, a representante da O.S. Viva da fazendo ela mesma avaliações de desempenho de Comunidade que assumiu a direção da unidade, servidores. Adriana Andréa dos Santos Silva, vem perseguindo Há denúncias de que notas dadas por chefias servidores e impondo condições de trabalho inacei- imediatas teriam sido rebaixadas por ela. “Será que táveis. “A O.S. vem para a unidade para perseguir ela não percebe que as notas baixas que está dando servidores, com atitudes arbitrárias e prepotentes, vá- para os servidores vão se refletir nos salários derios servidores querem sair porque não aguentam isso. les?”, pergunta o diretor do sindicato, para quem a “Não concordamos com a Organização Social, mas enfermeira não está se comportando como uma dise a OS está, tem que respeitar o servidor”, defende retora de unidade, mas agindo de forma antidemoSidney. crática e ditatorial. “Será que essa é a política das Além dos problemas nas relações de trabalho, a O.S. para tirar os servidores de dentro das unidatransferência da gestão para a OS, realizada pela Pre- des?”, diz o servidor, lembrando que a luta contra feitura sob protestos dos servidores, provocou uma as Organizações Sociais e pela saída da atual direqueda brusca nos padrões de atendimento, cada vez tora vai continuar. (HDF) A Prefeitura desativou uma ala do PAM onde funcionavam dez consultórios da Pediatria e de Pronto-Atendimento (SPA) para preparar o local para instalação de futura unidade do Programa de Saúde da Família. A legalidade da medida é questionada: a legislação não permite a construção de clínicas ou UPAs em áreas que levem à destruição de setores em funcionamento. Isto só poderia ocorrer nos espaços livres, sem interferência da obra nos serviços já oferecidos pelo PAM. A Pediatria foi transferida para uma ala pequena, abafada, sem estrutura. “Tiraram o conforto das crianças e colocaram num local totalmente insalubre”, critica Osvaldo. “Houve uma grande perda de qualidade no atendimento”, diz. Já o Pronto-Atendimento está na Emergência. “Por isso as filas enormes”, observa. Del Castillo é uma das unidades que a Prefeitura pretende entregar a Organizações Sociais. A Secretaria de Saúde chegou a marcar a licitação para escolha da O.S., mas a resistência dos servidores e decisões judiciais levaram à suspensão do processo. “É uma luta que precisa continuar e ser ampliada”, avalia o dirigente do sindicato. Auxiliar de enfermagem pode obter diploma de técnico com prova Auxiliares de enfermagem que atuem por pelo menos cinco anos em unidades de saúde, públicas ou privadas, podem obter o diploma de técnico na área prestando uma prova que é oferecida semestralmente pela Secretaria de Educação. Quem pede para publicar o lembrete é Paulo Murilo, dirigente da Regional Norte do Sindsprev/RJ. “Muita gente desconhece que existe essa possibilidade”, diz o servidor. Para prestar o exame, no entanto, é necessário fornecer comprovação de que trabalha há cinco anos na área – contracheque ou carteira de trabalho – e conseguir uma declaração de sua chefia ratificando a informação de que o profissional exerce funções inerentes às de técnico de enfermagem. As inscrições para prova precisam ser feitas pessoalmente, no setor de equivalência profissional da secretaria, que fica na rua D’Ajuda 5, 26º andar (em frente ao Edifício Av. Central, na av. Rio Branco, no Centro). É necessário levar CPF, carteira de identidade, diploma do 2º grau, o contracheque ou a carteira de trabalho comprovando os cinco anos e a declaração da chefia. O dirigente do Sindsprev faz apenas um alerta: “Os auxiliares de enfermagem tem a possibilidade de conseguir o diploma, mas isso não significa um enquadramento na nova função”, ressalta Paulo Murilo. (HDF) !8 18 / JULHO / 2011 CAMPANHA SALARIAL DO FUNCIONALISMO Unidade para superar 16 anos sem data-base e defender todos os direitos FOTO: JUNIOR ARAÚJO Após 3 marchas a Brasília, servidores apostam na ampliação das mobilizações conjuntas para derrubar os salários congelados e defender direitos ameaçados, como a aposentadoria e a estabilidade Por Hélcio Duarte Filho A dimensão do movimento que os servidores precisam construir pode ser medida pelo tempo do que se pretende superar: já são 16 anos desde a última vez em que o funcionalismo teve database e reajuste linear. É de olho nesse desafio, e no combate aos projetos que miram direitos da categoria, que os servidores públicos federais iniciaram a campanha salarial deste ano, que já teve três marchas a Brasília. Foi a partir da que reuniu quase 15 mil servidores no dia 13 de abril, que a ministra Miriam Belchior (Planejamento) recebeu representantes do funcionalismo e instalou a mesa nacional de negociações. Na pauta, a data-base com a reposição linear das perdas de 12 meses (o índice é 14,17%, que corresponde à soma da inflação pelo INPC com a variação do PIB) e a lista de projetos que afetam, para pior, a vida dos servidores. Caso do PLP 549/ 2009, que congela por dez anos os salários; do PL 1992/2007, que acaba com a aposentadoria integral; e da já caduca MP 520/2010, que cria empresa para gerir hospitais públicos. Marcha de 16 de junho a Brasilia: defesa da data-base e contra ameaças como a nova reforma da Previdência Negociação não avança As negociações, gerais e específicas, esbarram na escassa disposição do governo de Dilma Rousseff em ceder. Até o compromisso inicial de pôr os projetos em debate em marcha lenta no Congresso foi rompido. A MP 520, da privatização da saúde, passou na Câmara e o governo tentou fazer o mesmo no Senado: sem ir a voto no prazo, porém, caducou diante das ações políticas do funcionalismo e da Frente Contra a Privatização da Saúde, combinadas com a crise do escândalo que levaria à queda do ministro Palocci (Casa Civil). Mas o Planalto reapresentou a MP como projeto de lei (PL 1749/2011). “O governo faz oficina, faz debate, mas não interfere em nada [para parar] os projetos no Congresso”, critica Manoel Crispim, diretor do Sindsprev-RJ que participa das negociações representando a CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular). Para ele, o governo enrola muito e negocia pouco. Tendo a Cnesf (Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais) como uma das protagonistas e superando descompassos, o funcionalismo montou um comando de mobilização que há muito não se vê. Preservar e ampliar essa unidade, no entanto, é mais um desafio. O governo já sinaliza com a busca de acordos setoriais e o abandono do reajuste linear, um passo em direção à divisão que ajudou a deixar a categoria 16 anos sem data-base, o que precisa ser evitado. “Temos que buscar a unificação e construir a greve nacional do funcionalismo”, defende Júlio Tavares, diretor do Sindsprev-RJ. Estudo mostra que PLP 549 reduziria folha de servidores em 9,4 bi só em um ano Economista retroage limites do projeto e mostra que perda salarial poderá ser maior do que se imagina; em 10 anos, salários cairiam 30% No espaço de apenas um ano, de 2009 para 2010, a folha salarial do funcionalismo público federal teria de ser reduzida em R$ 9,4 bilhões caso estivesse em vigor o projeto que o governo quer aprovar para introduzir novos limites na Lei de Responsabilidade Fiscal (PLP 549/2009). É o que afirma estudo divulgado pelo economista Washington Luiz Moura Lima, que assessora sindicatos de trabalhadores. O funcionalismo defende a rejeição do projeto, aprovado no Senado e tramitando na Comissão de Finanças da Câmara. Defendida pela presidenta Dilma Rousseff, a proposta levará, na prática, ao congela- mento dos salários por dez anos. O projeto está em pauta na mesa de negociação instalada no Ministério do Planejamento, mas o governo mostra-se pouco disposto a revê-lo. Com PIB negativo, folha despenca O estudo do economista mostra o tamanho do impacto dos novos limites que o Planalto tenta traçar para despesas com pessoal. Retroagindose a aplicação do PLP 549 em dez anos, o tamanho da redução na folha seria, em 2010, de R$ 48 bilhões. As despesas da União com o funcionalismo deveriam estar 28,51% menores, passando de R$ 168,5 bilhões para R$ 120,4 bilhões. Os salários estariam, portanto, na média quase um terço inferiores aos atuais. “Fazer os cálculos retroativamente é a melhor maneira de verificar seus efeitos nocivos. O mais impressionante é que em apenas um ano a redução seria de R$ 9,4 bilhões”, escreveu o economista na apresentação do trabalho. O economista exemplifica o impacto no bolso: com a folha 28,51% menor, um servidor que ganhe R$ 1.000,00 teria uma redução de R$ 285,12, passando a R$ 714,88. Quem recebe R$ 4.000,00 perderia R$ 1.140,46, com o salário reduzido a R$ 2.859,541. O Tamanho do impacto em apenas um ano – 2009 para 2010 – devese ao fato de o PIB (Produto Interno Bruto) ter sido negativo em 2009. Na fórmula que o governo quer emplacar, a variação anual da folha não pode ser superior ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais 2,5% ou o crescimento do PIB, o que for m e n o r. C o m o o P I B foi negativo é ele que prevalece, para ser somado à variação do IPCA. (HDF) 18 / JULHO / 2011 FOTOS: JUNIOR ARAÚJO Acima, parte dos servidores da delegação do Sindsprev-RJ que estiveram na Marcha a Brasília, no dia 16 de junho. Governo não cede em nada nas negociações Também não há acordo no único ponto até agora em que o governo disse concordar em parte com os servidores: a não aprovação do PLC 248/1998, que regulamenta a demissão por insuficiência de desempenho. A posição de descartar o projeto, de autoria do então presidente Fernando Henrique Cardoso, foi bem recebida. Mas a opção a ele apresentada pelo Planejamento não agrada. O governo diz concordar em não usar a avaliação para demissões, mas quer aplicá-la para capacitações e realocações no trabalho. E para definir valores de gratificações variáveis. A base para isso seriam os artigos 140 a 163 da Lei 11.784/2008. Diante da objeção dos servidores, o Planejamento apresentou proposta alternativa. Não convenceu: “Ele só não usa o número da lei, mas coloca os mesmos elementos dela na proposta”, resume o servidor Paulo Barela, que participa das negociações pela CSPConlutas. (HDF) Pepe Vargas promete parecer favorável a servidores no PLP 549 Ao lado, os servidores caminham em direção ao Ministério do Planejamento, onde o secretário de Recursos Humanos recebeu uma comissão, mas não apresentou resposta sobre as reivindicações salariais No STF, relator diz que nada justifica não revisar os salários de servidores Julgamento de indenização por desrespeito à revisão salarial anual teve voto favorável do relator, mas está suspenso Os servidores obtiveram um voto favorável à luta pela revisão salarial do relator no julgamento, no Supremo Tribunal Federal, do direito da categoria à indenização, em decorrência do não cumprimento desta determinação constitucional por parte dos governos. O ministro Marco Aurélio de Mello reconheceu o direito dos autores do Recurso Extraordinário nº 565089 de serem indenizados por não terem tido os salários reajustados ao longo dos últimos anos. No entanto, a votação, iniciada na sessão do dia 9 de junho, acabou suspensa após o pedido de vista, para analisar o voto do relator, feito pela ministra Cármen Lúcia An- 9! tunes Rocha. Nenhum outro ministro além de Marco Aurélio apresentou seu voto. O recurso ao Supremo foi movido por policiais de São Paulo, mas a decisão terá posterior repercussão para todo o funcionalismo. O parecer bate de frente com decisões que têm prevalecido sobre o caso nos tribunais e abre novas perspectivas nesta batalha no campo judicial, embora a disputa ainda seja considerada difícil pelos advogados. A eventual vitória dos servidores fará, na prática, valer uma decisão anterior do próprio STF, em mandados de injunção, que reconhece o direito da categoria à revisão salarial anual, prevista na Constituição Federal. Voto reabre discussão jurídica Em seu voto, Marco Aurélio destaca que os autores do recurso não buscam aumentos, mas apenas a indenização pelo descumprimento do Estado de um dever jurídico, de ‘um comando constitucional’. A revisão geral anual está assegurada no artigo 37. O ministro observa que a correção monetária não é ganho ou lucro, mas um componente essencial do contrato do servidor com a administração pública. Marco Aurélio também descarta as alegações de que supostos impactos financeiros negativos nas contas públicas justificariam o desrespeito ao dispositivo constitucional. O ministro assinalou ainda que enquanto o comando constitucional diz o que deve ser feito, a sanção diz o que acontece quando isso não é respeitado – um e outro seriam inseparáveis. “Onde havia uma jurisprudência consolidada contra os servidores, houve um brilhante voto favorável e uma decisão coletiva do tribunal de aprofundar o debate”, analisou Pedro Maurício Pita Machado, um dos advogados que fez a defesa oral dos servidores no STF. (HDF) O deputado federal Pepe Vargas (PT-RS) promete apresentar parecer contrário ao projeto que fixa novos limites para as despesas da União com o funcionalismo e que pode levar ao congelamento dos salários por dez anos. Relator do PLP 549/2009, o parlamentar confirmou a decisão de propor a rejeição da proposta do governo, mas disse não ter como avaliar qual será o resultado da votação na Comissão de Finanças e Tributação ou no plenário da Câmara. “Não apresentei o relatório ainda. Não falei com cada um dos integrantes da Comissão [de Finanças] para saber a opinião deles. Eu não sei se o projeto será rejeitado pela comissão”, disse à reportagem, por telefone. Pepe Vargas disse que esse parecer não questionará o aspecto técnico da proposta. “O projeto tem adequação orçamentária. A razão [do parecer contrário] é que ele não tem mérito para prosperar, já existe um arcabouço que garante a responsabilidade orçamentária”, justificou. O deputado disse que mesmo que seu relatório seja aprovado na Comissão de Finanças, o projeto continuará tramitando e irá a plenário. “Projeto de lei complementar vai sempre a plenário. Nunca é conclusivo nas comissões”, disse. (HDF) Marcha dos Servidores ‘suspende’ votação de PL contra aposentadoria Servidores que foram a Brasília no dia 13 de abril, para a segunda marcha do ano da categoria à capital federal, ‘impediram’ que deputados da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público votassem o relatório do projeto que acaba na prática com o direito à aposentadoria integral de novos servidores (PL 1992/2007). A manifestação pela manhã antes da marcha, no Plenário 12 da Câmara, onde ocorria a sessão da comissão, foi considerada decisiva para que os deputados retirassem o projeto de pauta e aprovassem a realização de uma audiência pública para debater o tema. Apesar da primeira vitória parcial, os servidores ainda não têm muito a comemorar. “O governo tem maioria na comissão e está pressionando muito os deputados”, observa Antonio Augusto Queiroz, diretor de Documentação do Diap - Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. (HDF) ! 10 18 / JULHO / 2011 A SOLIDARIEDADE É VERMELHA Rio ‘veste’ vermelho, apóia bombeiros e expõe ‘ditadura Cabral’ FOTO : SAMUEL TOSTA aud FOTO : SAMUEL TOSTA proibiu o uso de fitas vermelhas dentro dos quartéis, mesmo amarradas aos carros particulares. Mas a humildade pouco característica com que Cabral teve que se apresentar à população já diz muito da mudança do clima político no estado após a prisão e posterior libertação dos 439 bombeiros que ocuparam o quartel. Provavelmente isso não teria sido possível nessas dimensões sem o apoio e a aliança de outros setores do funcionalismo, em especial a saúde e a educação. “É o momento de todo o funcionalismo vir para a rua e acompanhar o movimento dos bombeiros”, defendeu a servidora da saúde Shirley Coelho, da direção do Sindsprev-RJ. Passeata que levou milhares de pessoas a Copacabana, zona sul do Rio Por Hélcio Duarte Filho Solitário em meio à multidão, o rapaz distribui fitas vermelhas aos poucos carros que passam pela pista de dentro da av. Atlântica, em Copacabana. Não tem descanso. A todo instante, algum motorista pára e pede que ele amarre a fita no retrovisor ou na antena, o que faz com satisfação. Ao seu lado, na pista da praia, dezenas de milhares de manifestantes, vestindo vermelho, caminham em direção ao Posto 6, rumo ao final da avenida. Das janelas de parte dos apartamentos da povoada Copacabana, moradores estendem panos vermelhos em solidariedade aos bombeiros e em repúdio às medidas tomadas pelo governador do Rio, Sérgio Cabral Filho. A cena descrita acima aconteceu no dia 13 de junho de 2011, um domingo. Com as fitinhas vermelhas que se tornaram símbolo desta luta, ilustra a corrente de solidariedade e repúdio ao governo que tomou conta do Rio após Cabral ter chamado os bombeiros, que ocuparam o quartel central da corporação, de vândalos e mandado o Bope atacá-los e prendê-los. Neste ato em Copacabana, servidores da saúde e da educação, estes em greve, dentre outros setores, e muitos populares vestiram vermelho, se uniram aos bombeiros e fizeram a maior passeata política do estado desde o movimento “Fora Collor’, de 19 anos atrás. É razoável avaliar que algo entre 50 e 60 mil pessoas estiveram naquele ato, talvez o ápice de uma aliança que mobilizou o Rio e fez a po- pularidade do governador descer ladeira abaixo. As manifestações atraíram apoio popular que há muito não se via no Rio e delimitaram a posição da grande maioria da população: entre Cabral e os bombeiros, prevaleceram estes. A rapidez com que acabavam algumas dezenas de milhares de adesivos “Somos Todos Bombeiros” produzidos pela CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), entidade que deu total apoio ao movimento, dá certa dimensão do tamanho desse apoio, diretamente associado a duras críticas a um governador ‘ditador’ e comparado ao nazismo. ‘Discurso de Cabral caiu por terra’ Provavelmente de olho nas pesquisas de opinião não divulgadas ao público, Cabral, que já havia dito que não vai se opor à anistia aos manifestantes (já aprovada na Alerj e em tramitação no Congresso Nacional), deu entrevista na qual pede desculpas e diz ter errado ao chamá-los de vândalos. “Cabral viu que o seu discurso caiu por terra, vários meios de comunicação que são comprometidos com esse governo tiveram que mudar seu discurso”, disse a deputada estadual Janira Rocha (PSOL), que apoiou a luta do setor. É evidente que o governador joga para a platéia – afinal, para tentar conter a tropa propôs um reajuste pífio de 5% para profissionais que recebem os piores salários do país, e Servidores da saúde e educação se unem a bombeiros, defendem serviços públicos, promovem a maior passeata desde o Fora Collor e abalam popularidade do governo ‘Meu filho não é bandido’ Mães foram incansáveis nas vigílias pela libertação e na denúncia dos ataques de Cabral As mães tiveram uma participação especial na luta pela libertação e anistia aos bombeiros do Rio. Muitas compareceram todos os dias, logo após a prisão, ao acampamento nas escadarias da Assembleia Legislativa, que durou uma semana. Entre elas estava a técnica de enfermagem Juçara França Pereira, de 52 anos, mãe do cabo João Guilherme, de 21 anos, técnico de enfermagem do Samu, um dos 439 presos. A seguir, trechos da entrevista: Jornal do Sindsprev - O que achou das declarações do governador Sérgio Cabral com relação aos bombeiros? Juçara França Pereira - O governador cometeu injustiça, eles são concursados, são heróis. Meu filho trabalha socorrendo vidas. A única arma que eu sei que meu filho tem é uma maca, na qual ele transporta pacientes para os hospitais. É um rapaz estudioso, trabalhador. Não acho justo como o governador do Rio de Janeiro tratou a sua tropa, porque o Corpo de Bombeiros é a sua tropa. É seu funcionário e tem que ser tratado com carinho e com respeito. JS - O governador também disse que os bombeiros foram covardes em levar mulheres e crianças quando ocuparam o quartel... Juçara - eu não estava lá dentro para ver. Mas pelo que ouvi de meu filho isso é inverdade. As mulheres estavam acompanhando para uma passeata pacífica. Era uma passeata por melhorias de salários e de condições de trabalho. As famílias estavam acompanhando seus maridos e filhos na manifestação porque estamos tentando falar com o excelentíssimo governador há vários meses. Ele não recebe. Se ele tivesse recebido, essa tragédia jamais teria acontecido. JS - O que achou do apoio da população? Juçara - É só agradecimento à população do Rio de Janeiro, do Brasil todo. Porque é muito difícil você criar um filho com muito carinho e você ver seu filho chamado de vândalo, ele é uma criança. 18 / JULHO / 2011 11 ! FOTO : NIKO O movimento expôs o crescente desgaste do governo Cabral, que fechou o Hospital Pedro II, em Santa Cruz, não investe na educação, observa calado o caos nos transportes e os bueiros da Light explodirem nas ruas FOTO : NIKO FOTO: FERNANDO FRANÇA Manifestantes ocupam a frente da Alerj Janira: ‘discurso de Cabral caiu por terra’ Solidariedade manteve estrutura e moral de acampamento na Alerj Servidores e população apoiaram 8 dias de acampamento Trabalhadores de diversos setores se uniram aos bombeiros contra Cabral FOTO : SAMUEL TOSTA Manifestante protesta na marcha que levou milhares a Copacabana FOTO : SAMUEL TOSTA Libertados em Niterói, bombeiros chegam ao Rio e são recebidos com festa No Rio, a solidariedade é vermelha, cor símbolo do apoio popular à luta dos bombeiros. E foi ela a grande protagonista da luta que uniu servidores da saúde, da educação e de uma série de outros setores aos trabalhadores militares do Corpo de Bombeiros, num movimento que enfrentou e abalou a popularidade do governo de Sérgio Cabral Filho. Por oito dias da primeira quinzena de junho, manifestantes acamparam em frente à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando os 439 bombeiros que ocuparam o quartel central estiveram presos. Para manter a ‘praça’ habitável, infraestrutura mínima foi instalada para garantir, por exemplo, alimentação e limpeza. A comida sai da cozinha instalada sob quatro toldos de cinco metros quadrados cada, onde voluntários e bombeiros, homens e mulheres, preparam as refeições do dia. Os produtos são doações – de sindicatos ou individuais. “Um homem pela manhã passou aqui e deixou um saco de salsichas, a solidariedade é grande, toda hora alguém traz alguma coisa”, diz Cristiane Gerardo, servidora da saúde e dirigente do Sindsprev-RJ, enquanto ajuda nas refeições. No quarto dia de acampamento, terça-feira, o cardápio era macarrão com carne moída, à noite haveria sopa e, antes dela, um lanche para espantar a fome. A estimativa da cozinha era de que duas mil refeições haviam sido servidas no almoço. “A luta é única, é dignidade. Não tem como não ser solidário”, diz Ivone Suppo, servidora da saúde e diretora do Sindsprev, enquanto descasca batatas para a sopa de logo mais. A serventuária Ster Pereira pára antes de ir para o fórum para prestar apoio. Diz que muitos servidores se identificam com essa luta porque expõe inverdades ditas pelo governo, tão comum a outros setores. “Eles lutam por uma coisa dig- na”, diz, para logo depois abandonar o repórter e, celular em punho, filmar um dos muitos momentos em que se cantava o hino dos soldados do fogo – que teve um de seus versos cantado com mais força: “Nem um passo daremos atrás”. Acompanha o hino o som de parte da Banda da corporação, cujos integrantes se revezavam para estar ali todos os dias. Com a clarineta nas mãos, a musicista que por precaução prefere o anonimato explica como vê o momento: “Dentro da corporação era muita coisa contida, as pessoas tinham essa vontade há muito tempo de poder falar, se expressar, é como se tivesse aberto uma porta, como na hora do gol, do grito”, diz a sargenta. Na manhã do dia 11 de junho, sábado, quando os bombeiros presos foram libertados e atravessaram a Baia de Guanabara numa barca, a banda estava lá, na Praça XV, para recebê-los. O último dia de acampamento teve festa e lágrimas. Mães, familiares e amigos dos recém-libertos manifestantes também estavam lá. “Viva os heróis, Andrei, meu herói. Mamãe”, dizia o cartaz que Déa de Carvalho de Azevedo segurava nas escadarias da Alerj. Andrei é um salva-vida de 26 anos de Copacabana. Participou da ocupação, mas já estava saindo do quartel, atacado pelo Bope, quando decidiu voltar para ser preso e solidário com seus companheiros. “Ele achou que não era justo abandoná-los”, explica a mãe, que inicialmente ficou furiosa, mas depois teve orgulho do filho. Apreensiva, Lorena Andrade, de 19 anos, também aguarda os ‘heróis’. Estudante de educação física na UFF e amiga de Andrei, acampou todos os dias ali. “Não vejo nada a comemorar, o movimento não era para soltar ninguém, era por salário, por dignidade”, observa em tom crítico. Quando os ex-prisioneiros chegam marchando da Praça VX, coloca as mãos no rosto. Comovida, não sabe se ri ou se chora. ! 12 18 / JULHO / 2011 FOTO: FERNANDO DE FRANÇA COMPANHIA ATLÂNTICO E EMPRESAS DE EIKE ‘Amizades’ de Cabral com empresários põem sob suspeita licenças ambientais polêmicas FOTO : NIKO Apuração dos votos na sede da Regional Em junho, servidores escolheram nova direção da Regional Sul Com 249 votos válidos, foi eleita em junho a nova direção da Regional Sul do Sindsprev/RJ. Para a eleição se inscreveu apenas a Chapa ‘Consolidando a Luta’, composta por parte dos membros da atual direção da Regional. Todos os servidores da seguridade e seguro social associados ao Sindsprev/RJ e lotados nas unidades federais, estaduais e municipais da zona sul puderam votar, em urnas fixas nos hospitais de Ipanema, da Lagoa, no Instituto Pinel e Instituto de Cardiologia de Laranjeiras. Uma urna itinerante percorreu os demais pontos da base. A eleição aconteceu de 6 a 11 de junho e, além da nova diretoria da Regional, foram escolhidos os membros do Núcleo Sindical do Hospital de Ipanema. A Regional Sul tem nos últimos anos se destacado como uma das mais ativas de toda a base do Sindsprev/RJ, organizando campanhas e mobilizações dos servidores da seguridade e seguro social, em defesa do serviço público gratuito e universal. Moradores da zona oeste e movimentos sociais protestam na Alerj contra CSA, Vale e outras empresas Ao lado, o embaixador Líbio, Salén Ezubedi Em comemoração ao Dia da Libertação da África (25 de maio), o Movimento pela Reparação para o povo negro e os povos indígenas do Brasil (Morenind) e o Movimento Negro Unificado (MNU) realizaram, dias 27 e 28/05, um Seminário especial que debateu o tema da ‘Unificação da África e Diáspora Africana’. Realizada na sede da UnigranRio, em Duque de Caxias, a atividade foi apoiada pela Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ. Um dos destaques foi a participação do embaixador da Líbia no Brasil, Salén Omar Ezubedi, que apresentou a versão do governo Muamar Kadafi para a atual guerra civil que acomete aquele país africano. Em seu discurso, Salén buscou caracterizar o ataque dos EUA e países europeus à Líbia como ‘um ataque ao processo de unificação africana’. O Seminário foi a primeira de uma sequência de atividades que serão realizadas como preparação para a Conferência Panafricanista para a Unificação dos Povos da África e Diáspora Africana, prevista para acontecer em novembro deste ano, no Rio de Janeiro. “Na conversa conosco, Salém destacou a importância essencial da reparação para negros, negras e indígenas do Brasil, o que é verdade, pois reparação é uma bandeira coletiva, e não individual”, explicou o diretor da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ, Osvaldo Sergio Mendes. FOTO: FERNANDO DE FRANÇA Seminário debateu unificação da África e união panafricana Por Hélcio Duarte Filho Quatro dias após o empresário Eike Batista justificar o empréstimo de seu jato particular ao governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, alegando não ter negócios com o governo do Estado, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão ambiental fluminense, concedeu licença para construção do estaleiro da OSX do Complexo Industrial do Superporto do Açu, em São João da Barra (RJ). Empresa naval do empresário, a OSX marcou o início das obras já para julho. Empreendimentos de Eike também possuem isenções fiscais que superam R$ 75 milhões. As inexplicáveis relações íntimas de Cabral com grandes empresários ganharam repercussão após a queda do helicóptero, em Porto Seguro (BA), no dia 17 de junho, que causou a morte de sete pessoas, entre elas a namorada do filho do governador. Ao divulgar as primeiras notas sobre o caso, a assessoria de Cabral disse que ele havia se deslocado ao sul da Bahia por conta do acidente. Insustentável, a versão caiu logo depois, quando o governo teve que admitir que o governador fora ao local para participar de uma festa do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, que possui negócios com o governo do Rio que superam a cifra de R$ 1 bilhão. Para chegar a Porto Seguro, Cabral usou o jato de Eike. O escândalo põe sob suspeita outras concessões para empreendimentos polêmicos, algumas delas consideradas inadmissíveis por especialistas ambientais. É o caso da Companhia do Atlântico (TKCSA), siderúrgica alemã em parceria com a Vale, que está causando revolta na população de Santa Cruz. A empresa ocupa uma área superior aos bairros de Ipanema e Copacabana juntos. Ela tem provocado chuvas de fuligem cor de prata na região. O uso frequente de jatos de empresários pelo governador teve tanta repercussão negativa que Cabral tentou contornar a situação criando um código de ética para a administração pública do Rio. É curioso que, na mesma entrevista em que anunciou sua intenção, repetiu dados divulgados em comunicado da Delta para justificar os contratos com o Estado e a relação de Cavendish com o governador. O código, no entanto, nasce com a aparência escancarada de um artifício que busca frear a crise e a queda brusca de popularidade do governo. “A Constituição já determina a obediência aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade”, disse, ao jornal “O Globo”, Roberto Romano, professor de Ética e Política do Departamento de Filosofia da Universidade de Campinas (Unicamp), criticando a proposta. Comissão Especial foi criada para investigar Na Assembleia Legislativa, uma Comissão Especial foi criada para investigar as licenças e os impactos ambientais da siderúrgica, tendo como relatora a deputada Janira Rocha (PSOL), ex-dirigente do SindsprevRJ. Duas audiências públicas já foram realizadas na Alerj, sem que o governo tenha respondido por que concedeu a licença provisória. “Tudo o que nós pudermos fazer para que os problemas causados à população da Zona Oeste tenham fim nós vamos fazer. Vamos buscar formas de parar este crime que vem sendo praticado na região”, disse Janira. O sindicato apóia, por meio do Sindsprev Comunitário, a campanha contra os abusos da CSA. 18 / JULHO / 2011 13 ! MORROS DO BUMBA, ESTADO E OUTRAS FAVELAS SEROPÉDICA Mais de 1 ano após tragédia das chuvas, nada mudou em áreas de risco de Niterói Universidade condena lixão de Seropédica e estranha licença ambiental Por Hélcio Duarte Filho Mais de um ano depois, quase nada foi feito. Em abril, desabrigados e sobreviventes das chuvas do ano passado caminharam e cantaram pelas ruas de mesmo sob o medo de que uma nova tragédia aconteça. São poucas obras, apontadas como de fachada, que estão em curso nos locais atingidos. “Não queremos esmola, queremos Por Olyntho Contente Professores especialistas em meioambiente e geologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) condenaram, durante audiência pública tivar o lixão de Gramacho e levar todo o lixo da cidade do Rio de Janeiro para Seropédica. A professora Ana Cristina dos Santos, falando em nome do Fórum de Mobi- Niterói para marcar um ano da tragédia que matou mais de 170 pessoas só neste município fluminense. Nenhuma casa foi construída com o objetivo de abrigar quem ficou sem teto – as poucas que foram entregues já estavam em construção com outros objetivos antes dos desmoronamentos que varreram centenas de casas e barracos no Morro do Bumba e em outras comunidades. Sem resposta do Poder Público, muita gente retornou para suas antigas residências, uma grande política de habitação popular e dinheiro do aluguel social, que está sendo desviado”, explicou do carro de som o servidor Sebastião Souza, o Tão, líder comunitário do Morro do Estado, que teve três vítimas fatais, e dirigente do Sindsprev-RJ. Discursos duros contra a prefeitura e o poder público marcaram o ato, volta e meia intercalados com coros de “Fora, Jorge”, numa referência ao prefeito da cidade, Jorge Roberto Silveira (PDT). ”Quando chove, tenho medo sim”, diz moradora que voltou à área de risco A pensionista Arlete de Souza Cordeiro, de 57 anos, bem que tentou fugir da pedra que a ameaça, no Morro dos Marítimos, no Barreto. Por quatro meses, pagou um aluguel de R$ 200,00 na mesma rua de sua casa. Contava com a ajuda do aluguel social, do qual, um ano depois, não viu a cor. Sem condições de se manter com o salário mínimo que recebe do INSS, decidiu voltar à sua casa na área de risco. “Quando chove, tenho medo sim”, disse ao jornalista Hélcio Duarte Filho, da Redação do Sindsprev, durante a audiência pública sobre a tragédia na Câmara dos Vereadores de Niterói, da qual participou. Jornal do Sindsprev/RJ - A sra. não fica preocupada de morar numa área de risco? Arlete de Souza Cordeiro - Tenho preocupação sim, quando chove, tenho medo sim. O barro que está encostado na pedra já está soltando. A gente fica mal [quando chove], quase não dorme preocupado, sai toda hora para olhar a pedra. JS - Não tem nenhum esquema da prefeitura para avisar de perigo quando chove? Arlete - Creio que não tem. Ninguém avisa se está com perigo. Não tem ninguém para avisar. JS - Por que a sra. voltou? Arlete - Eu voltei por não ter condição de pagar o aluguel. Só tem um quarto que está mais fora da pedra, mas com o impacto da pedra que é grande eu acredito que vá atingir também. JS - Deve ser difícil dormir com uma pedra ameaçando cair em cima da cabeça... Arlete - Com certeza, com certeza que é difícil meu filho. E eu levei uns sete meses lutando para conseguir o laudo [da Defesa Civil]... mas mesmo sem o laudo meu nome saiu no jornal para receber, mas [disseram] que passou do dia... fica esse jogo de empurra. FOTO: FERNANDO DE FRANÇA FOTO: FERNANDO DE FRANÇA Protesto de moradores do Bumba, em Niterói: abandonados pela Prefeitura Plenário da Alerj durante audiência sobre o Lixão. No detalhe, Leonardo Morelli no dia 27 de maio na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a instalação do aterro sanitário na cidade de Seropédica, na Baixada Fluminense, classificado pelo governo Cabral Filho como um Centro de Tratamento de Resíduos (CTR). Eles defenderam a desativação do lixão. A audiência, convocada pela Comissão de Saúde e pela de Saneamento e Meio Ambiente da Alerj, foi presidida pela deputada Aspásia Camargo. O objetivo é desa- Deputada defende CPI para investigar esquema do lixão Durante a audiência pública, a deputada Janira Rocha (PSOL-RJ) defendeu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os reais motivos que levaram o governador Cabral Filho a contratar o consórcio Ciclo (Júlio Simões e Haztec) para instalar o lixão. “Além de ser um crime contra o meio ambiente, este projeto, segundo denúncias e estudos apresentados, passou por cima das exigências técnicas. Queremos saber quem são os responsáveis por isto”, afirmou. Segundo Leonardo Aguiar Morelli, da Defensoria Social, houve fraude na licitação para a contratação do consórcio e na concessão da licença para o funcionamento do CTR, por parte do Inea. Ele acrescentou que foi formado um poderoso esquema para tirar o lixo da cidade do Rio e escondê-lo fora da rota do turismo, para possibilitar a realização das Olimpíadas e Copa do Mundo. lização Contra o Aterro Sanitário, disse não entender como o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Inea) concedeu a licença ambiental, se o local onde está instalado o lixão é inapropriado. “Os licenciamentos foram vergonhosos. A região é de alto nível pluviométrico, propícia a inundações. O aterro encontra-se sobre o aquífero de Piranema, o segundo maior do país. Não há um controle adequado do chorume. Uma equipe multidisciplinar da UFRRJ, da qual faço parte, esteve no local no dia 6 de maio. Nossa análise demonstrou que a região será contaminada, inclusive o aquífero e o lençol freático que serve à população”, afirmou. O perigo se estende também ao Rio Guandu, que abastece o município do Rio de Janeiro. Governo mente sobre uso de alta tecnologia Ana Cristina denunciou não serem verdadeiras as informações do governo do estado e do Inea de que está sendo usada alta tecnologia de tratamento do lixo. Para ela, a solução é a desativação imediata do CTR, que não passa de um lixão adaptado. Ela responsabilizou Carlos Minc, secretário estadual de Meio Ambiente, por toda a situação. O professor Cícero Pimenteira afirmou ter constatado em visita ao CTR que a região estava alagada, os cursores de alerta sobre vazamento do chorume não estavam funcionando, o aterro não estava concluído, e que a manta metálica não é suficiente para proteger o aquífero do chorume. “É um lixão maquiado”, avaliou. ! 14 18 / JULHO / 2011 Liminar do Sindsprev/RJ impede devolução da VPNI do INSS, Saúde Federal, Funasa, MPS e MTE Por Olyntho Contente e André Pelliccione O Sindsprev/RJ conquistou mais uma importante vitória judicial. No dia 22/06, o juiz Jamil Rosa de Jesus Oliveira, da 14ª Vara Federal de Brasília, concedeu liminar em mandado de segurança coletivo movido pelo Sindicato, impedindo que o governo Dilma desconte — dos salários dos servidores do Ministério da Saúde, do Ministério da Previdência Social (MPS), INSS, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Funasa — os valores recebidos como complemento de salário mínimo, ou Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI), pela regra anterior, após o cálculo da verba ter sido modificado. O mandado (processo nº 0031872-67.2011.4.01.3400) foi movido no dia 8 de junho pelo Departamento Jurídico do Sindicato A devolução dos valores havia sido determinada pelo Secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Duvanier Paiva, no dia 19 de abril, com base na lei 11.784 (antiga MP 431), que em 2008 mudou a forma de cálculo do complemento do salário mínimo, passando a considerar não mais o vencimento-base, mas a remuneração total do servidor. Apesar de a Lei 11.784 ter começado a vigorar naquele ano, o governo continuou pagando o complemento da forma anterior, caracterizando erro da administração pública. No ofício circular número 2, expedido em 19 de abril, o MPOG orientou os chefes de RH dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, suas autarquias e fundações ‘a promoverem o levantamento dos valores e providenciar a devolução aos cofres públicos’. A decisão judicial O juiz Jamil Oliveira entendeu não ser cabível a devolução, pois a não aplicação da nova lei se deveu a erro da Administração. Para ele, prevalece FOTO: FERNANDO DE FRANÇA Anese faz denúncia ao MP sobre irregularidades orçamentárias na Aeronáutica Por Olyntho Contente 11ª Conferência Distrital de Saúde da AP 1.0 propõe maior controle sobre gestores e critica O.S. Medidas que apontam para maior efetividade do controle social, integração da rede pública de saúde e fiscalização das políticas do setor por parte de usuários e profissionais de saúde marcaram as principais deliberações da 11ª Conferência Distrital de Saúde da Área Programática 1 (AP 1.0), realizada dias 16, 17 e 18 de junho, no auditório do Hospital Municipal Souza Aguiar. A conferência, no entanto, só foi verdadeiramente concluída no dia 2 de julho, para eleição dos delegados da AP 1.0 à próxima Conferência Municipal de Saúde. Algumas das deliberações centrais da XI Conferência Distrital foram, entre outras: realização de auditoria para impedir desvios de recursos para a privatização, com participação do Tribunal de Contas do Município (TCM) e dos TRTs de cada Estado; instauração de comissão fiscalizadora paritária para acompanhar a prestação de contas dos programas do SUS; que a classificação de risco na porta das unidades seja feita exclusivamente por profissionais de saúde qualificados; reabertura do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, no Caju; e independência financeira do Conselho Distrital em relação ao Conselho Municipal. Algumas das moções aprovadas foram: apoio à luta da Afiaserj para impedir a demolição do Iaserj; repúdio ao conteúdo da Medida Provisória (MP) 520, que entregava a gestão dos hospitais universitários a uma entidade de direito privado; e apoio à luta da enfermagem pela jornada de 30h semanais. o entendimento do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região e o do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de que, em se tratando de verba de natureza alimentar (não podendo haver redução de salário) e presumindo-se a boa-fé do servidor, não se deve impor o ressarcimento dos valores recebidos. “Defiro a liminar, para determinar a suspensão do desconto de quaisquer valores efetuados nos vencimentos/proventos dos substituídos do impetrante [o Sindsprev/ RJ] a título de ressarcimento ao erário pelo recebimento de valores pagos pela Administração”, determinou. A Associação Nacional de Ex-Soldados Especializados (Anese) apresentou ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e ao 5º Ofício do Ministério Público Militar denúncia sobre indícios de desvio de verbas públicas na Aeronáutica. Caso os procuradores acatem a denúncia, abrirão inquérito para investigar. O mesmo foi feito pela Anese em Brasília. Lá, as investigações já estão em andamento. As irregularidades foram levantadas pelos dirigentes da Anese. Todas estão ligadas à área trabalhista e previdenciária. Uma delas é que os exsoldados especializados, que prestaram concurso público a partir de 1994 e foram irregularmente dispensados da Aeronáutica a partir de 2000, aparecem como se ainda estivessem na ativa, tanto no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) da Previdência Social quanto na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho. A Anese reivindica o retorno de todos aos seus postos e quer saber o destino dado aos salários. Aeronáutica sonega informações ao TCU A partir do ano 2000, 15 mil soldados especializados começaram a ser irregularmente dispensados da Aeronáutica, sob a alegação de que o concurso que prestaram a partir de 1994 para a Força Aérea Brasileira (FAB) “era temporário e para a prestação de serviço militar obrigatório”, apesar de o edital de convocação estabelecer, como condição para a participação no concurso, que estivessem quites com a obrigação. A Anese descobriu, no entanto, que as dispensas não foram oficialmente concretizadas e que o afastamento se deu apenas através de boletim interno da Instituição, não produzindo efeitos legais. A Anese sustenta que a publicidade do ato de demissão é uma obrigação constitucional. Segundo a associação, a Instrução regulamentadora nº 55 de 2007, do TCU, informa que a comunicação de demissão deve ser enviada ao órgão em sessenta dias, porém faz mais de oito anos que a Aeronáutica não comunica as demissões ao TCU. Este fato levou os dirigentes da Anese a suspeitar que os recursos referentes aos salários dos 15 mil ex-militares continuariam sendo recebidos pela Instituição, uma vez que o governo, fora dos quartéis, não tem conhecimento das demissões. Suspeita de desvio de recursos O vice-presidente da Anese, João Carlos Viegas do Amaral, adiantou ainda que os atos de nomeação e os de desligamento também não foram publicados no Diário Oficial da União (DOU). “A publicação no DOU é exigência para que qualquer decisão de órgãos federais seja considerada legal. Ou seja, as nomeações e dispensas oficialmente não existiram, senão internamente na Aeronáutica”. Luiz Carlos Oliveira, presidente da Anese, ressalta que, em contato com funcionários da Previdência Social e do MTE, foi informado que, oficialmente, os soldados especializados não foram desligados da Força. Outro fato que confirma a suspeita é que, em vários casos, nomes de concursados aparecem no CNIS ligados à Aeronáutica em datas anteriores à realização do concurso. 18 / JULHO / 2011 15 ! FUNASA Comissão do Sindsprev/RJ cobra mudança de regime, reajuste da Gacen/Gecen e passivos A Comissão de representantes dos celetistas da Funasa foi a Brasília nos dias 16 e 30 de junho, para cobrar, de parlamentares e governo, o atendimento das reivindicações da categoria. A Comissão esteve com o senador Lindbergh Farias (PT) e nos ministérios do Planejamento e da Saúde. O parlamentar informou já ter conversado com o secretário-geral da presidência, Gilberto Carvalho. Segundo Lindbergh, a consultoria jurídica do Ministério já teria uma formulação a apresentar. No Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a Comissão tratou especialmente do reajuste da Gacen e Gecen. Os representantes do Planejamento afirmaram que o ministério é favorável ao reajuste das duas gratificações, mas que isto, no entanto, ainda depende do aval da ministra Miriam Belchior (Planejamento) e da Casa Civil. Os servidores da Funasa querem um valor de R$ 990,00 para a Gacen e Gecen. Quanto à insalubridade, o Planejamento informou que o processo de revisão do adicional, impetrado pelo Sindsprev/RJ, está em análise pelo ministério, e que numa próxima reunião com a Comissão o governo deverá apresentar sua resposta. O valor da insalubridade foi reduzido pela Funasa devido a uma ação de inconstitucionalidade movida por entidades patronais no Supremo Tribunal Federal (STF), que provocou uma mudança na forma de cálculo: em vez de 20% do vencimento-base, passou a ser de 20% do salário-mínimo, causando grande prejuízo financeiro aos servidores. No Ministério da Saúde, a Comissão cobrou uma resposta objetiva sobre a chamada ‘quebra de contrato’, ocorrida em 2006. Segundo o chefe do RH do Ministério, Raphael Agnelo, o MS já pediu crédito suplementar para pagamento desse passivo, mas ainda depende de aprovação do Congresso Nacional. Agnelo informou ainda que o valor para o passivo está no ‘bolo’ de várias outras despesas extras já solicitadas pelo Ministério, e que a tramitação do projeto no Congresso será sumária, sem passar pelas comissões. A Comissão de representantes dos servidores celetistas da Funasa é composta por Robson Jordino, Lúcia Pádua, Isaac Loureiro e Octaciano Ramos (Piano). Em contatos anteriores com os ministérios do Planejamento e da Saúde, realizados este ano, a Comissão apresentou parecer elaborado pelo Departamento Jurídico do Sindsprev/ RJ, fundamentando legalmente a proposta de mudança de regime (de celetista para RJU). Em junho, os servidores da Funasa fizeram assembleia no Sindsprev/RJ, quando definiram um plano de mobilização por suas reivindicações. FOTOS : NIKO Por André Pelliccione Servidores da Funasa em assembleia no Sindsprev/RJ, realizada no mês de junho JURÍDICO/AÇÕES DA FUNASA Liminar suspende desconto previdenciário sobre férias O Sindsprev-RJ obteve decisão provisória na 12ª Vara Federal do Rio de Janeiro que suspende o desconto da contribuição previdenciária sobre a parcela de um terço de férias dos trabalhadores da Fundação Nacional de Saúde filiados ao sindicato. A ação ordinária com pedido de antecipação de tutela tem como base o fato de a cobrança previdenciária sobre o adicional de férias não resultar em benefício algum a mais para o servidor. Ela pede o fim da cobrança e a devolução do que foi descontado nos cinco anos anteriores, a contar da data do ajuizamento da ação (novembro de 2010). A liminar, concedida pela juíza Fabíola Utzig Haselof, tem efeito imediato na suspensão do desconto. Todos os associados ao Sindsprev da Funasa, estatutários e celetistas, são beneficiados pela decisão, que é provisória. A ação tramita sob o número 0020679-03.20 10.4.02.5101. Correção das parcelas da reintegração Parte das ações individuais pelo pagamento da correção monetária das parcelas salariais retroativas dos reintegrados já obtiveram decisões favoráveis no Juizado Especial Federal. Trabalhadores filiados ao Sindsprev que estão nessas ações já começam a receber a diferença relativa à atualização dos valores. As parcelas foram pagas em valores iguais, sem que fossem corrigidas mês a mês. O parcelamento foi referente aos salários não pagos de 1º de julho de 1999 a 31 de agosto de 2003. 28% dos estatutários O Jurídico do Sindsprev-RJ acompanha as ações de execução relativas ao passivo dos 28%. Alguns grupos de servidores já receberam por meio da emissão de RPVs (Requisições de Pequeno Valor). As ações reúnem grupos de servidores e foram ajuizadas no ano passado pelo sindicato, tendo como base uma ação civil pública movida pelo Ministério Público da União. Neste caso, o sindicato utilizou um recurso legal que permite a inclusão de ações de execução em decisões relativas a ações civis públicas, a partir da comprovação de que a demanda em questão está contemplada pela sentença do juiz. Ação de 3,17% dos estatutários está pronta para execução A ação pelo recebimento da diferença dos 3,17% da Funasa, referente aos servidores estatutários lotados no Rio entre janeiro de 1995 e dezembro de 2001, está em fase de execução (processo nº 970104158-5). A Funasa aceitou os cálculos apresentados pelo Sindsprev-RJ, mas acabou pagando posteriormente as duas últimas parcelas administrativas dos 3,17%. Assim, os contemplados com a ação somente têm direito à correção monetária e aos juros. A própria Funasa apresentou ao juiz da 8ª Vara Federal novos cálculos excluindo as duas parcelas. Caso o pagamento ocorresse com o valor original da execução, a Fundação ficaria autorizada a descontar as duas parcelas administrativamente do contracheque. Isto geraria transtornos como a redução da margem consignável. O Sindsprev optou por aceitar o desconto das parcelas por dois motivos: primeiro, o valor delas será deduzido dos cálculos de um modo ou de outro, já que não é possível recebêlo duas vezes; segundo, essa discussão poderia retardar inutilmente a execução. O departamento Jurídico requereu a expedição dos Ofícios Requisitórios de Pagamento, mas ainda não é possível prever quando a dívida começa a ser paga. ! 16 18 / JULHO / 2011 FOTO: JUNIOR ARAÚJO SERVIDORES DO INSS CCJC da Câmara aprova PL que devolve dias descontados na greve de 2009 no INSS Em agosto, Projeto irá à votação no plenário da Câmara e, depois, ao Senado Federal FOTO: JUNIOR ARAÚJO Servidores durante a marcha a Brasilia Por André Pelliccione, Helcio Duarte Filho e Olyntho Contente No dia 13 de julho, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou o texto do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nº 2.304/2009, que devolve aos servidores do INSS o desconto dos dias parados durante a greve de 2009 e anistia as multas aplicadas sobre as entidades sindicais durante aquela paralisação. Em agosto, após o recesso do Congresso Nacional, o PDL irá à votação no plenário da Câmara e, se for aprovado, seguirá para o Senado Federal. “A aprovação na CCJ foi mais uma importante vitória da categoria e do Sindsprev/RJ, que elaborou o projeto e esteve sempre presente no Congresso Nacional, fazendo as necessárias articulações para aprová-lo o mais rapidamente possível”, comemorou o diretor do Sindicato, Manoel Crispim, que frisa o empenho da deputada federal Fátima Bezerra (PT-RN) na aprovação do texto. Na semana de manifestações e caravana de servidores públicos federais a Brasília, de 13 a 17 de junho, a direção do Sindsprev-RJ já estivera com o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator do PDL 2.304 na CCJC, a quem solicitara empenho na aprovação da proposta. O resultado foi um parecer favorável de Odair, que então afirmou: ‘finalmente quanto ao mérito, somos de opinião que as proposições em análise se afiguram convenientes e oportunas, ao tempo que se torna mister a defesa do direito de greve dos servidores diante de tentativas de enfraquecê-lo ou inviabilizálo por instrumentos administrativos que se apresentam, desde o nascedouro, írritos e nulos’. Antes de chegar à CCJC, o PDL nº 2.304 foi aprovado em duas outras comissões da Câmara: a de Seguridade Social e Família (CSSF); e a de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP). “O PDL é de suma importância para todos os servidores do INSS, que foram injustamente descontados em seus salários durante a greve de 2009. Sua aprovação na CCJ tem mesmo um significado muito especial para todos nós”, conclui Crispim. Crispim, que representa o sindicato nas negociações, no ato geral dos servidores no Planejamento - 16 de junho, em Brasília GT DO SEGURO SOCIAL Fenasps defende retorno das 30h e incorporação da GDASS no GT do Seguro Social Por André Pelliccione Instaurado em maio deste ano, por meio da Portaria nº 238, do Ministério da Previdência Social (MPS), o Grupo de Trabalho (GT) da carreira do Seguro Social realizou sua mais recente reunião no dia 7 de julho, em Brasilia. Como nas anteriores, a Fenasps (Federação Nacional) reafirmou a urgência de imediata readoção das 30h semanais em dois turnos, como jornada mais adequada e racional ao funcionamento do próprio INSS, dados os problemas motivacionais e de saúde causados pela jornada de 40h imposta em 2009 pelo governo federal. Da parte dos representantes do governo (MPS e INSS) foi estabelecido o compromisso de discutir a proposta de retorno à jornada anterior. Outro item que vem sendo reafirmado pela Federação é o da necessidade de incorporação imediata da GDASS. Na reunião anterior (dia 9/06), contudo, os representantes do governo apresentaram algumas simulações com valores, critérios e parâmetros para criação de uma gratificação chamada de ‘Adicional de Qualificação’. Na ocasião, a Fenasps solicitou cópia do documento com a proposta apresentada, a fim de que seu jurídico e sindicatos de servidores pudessem analisá-lo detalhadamente. Mais um ponto debatido nas reuniões é o da viabilidade de os GTs do seguro social (INSS) e do MPS realizarem reuniões conjuntas. Neste pormenor, a Fenasps lembrou sua posição histórica, desde 2001, quando na época apresentou proposta de Plano de Carreira da Previdência Social em forma de PL, elaborada pelos componentes do GT/Fenasps e assessoria, e que contemplava todos os trabalhadores do MPS. Pro- posta que os sucessivos governos jamais aceitaram. O GT da carreira do seguro social é composto por dois representantes do MPS, cinco do INSS e seis das entidades de trabalhadores (2 da Fenasps; 2 da Anasps; e 2 da CNTSS). O GT é coordenado pela servidora Elisete Berchil da Silva Iwai, secretária-executiva adjunta do MPS. De acordo com a Portaria nº 238, o GT deverá concluir suas atividades no prazo máximo de 60 dias, contados a partir da primeira reunião (em 25 de maio), prorrogáveis desde que apresentada justificativa pertinente. A instalação do GT foi um dos compromissos assumidos pelo governo ao final da greve de 2009 no INSS, que mobilizou os servidores do Instituto em defesa da jornada histórica de 30h e outras reivindicações.