UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
RAIMUNDA MARIA DE MELO
PERCEPÇÃO DO PAI SOBRE SUA PRESENÇA NO NASCIMENTO DO FILHO
NATAL
2011
1
Raimunda Maria de Melo
PERCEPÇÃO DO PAI SOBRE SUA PRESENÇA NO NASCIMENTO DO FILHO
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte para obtenção
de título de Mestre em Enfermagem.
Área de Concentração: Enfermagem na
Atenção à Saúde.
Linha de Pesquisa: Enfermagem no cuidado à
saúde da família em situação de gravidez,
parto, nascimento e puerpério em diferentes
níveis de complexidade.
Grupo de Pesquisa: Enfermagem na atenção
à saúde da população em diferentes fases da
vida.
Orientadora: Profª. Dra. Rosineide Santana de
Brito
NATAL
2011
2
Catalogação da Publicação na Fonte - UFRN
Biblioteca Setorial Especializada em Enfermagem Profª Bertha Cruz Enders
M528 Melo, Raimunda Maria de.
Percepção do pai sobre sua presença no nascimento do filho
/ Raimunda Maria de Melo. – 2011.
95 f.
Orientadora: Rosineide Santana de Brito.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de
Enfermagem, 2011.
1.Enfermagem obstétrica - Dissertação. 2. Humanização da assistência Dissertação. 3. Parto humanizado - Dissertação. I. Brito, Rosineide Santana
de. II. Título.
RN/UF/BS-Enf.
CDU 618.2-083(043.3)
3
Raimunda Maria de Melo
PERCEPÇÃO DO PAI SOBRE SUA PRESENÇA NO NASCIMENTO DO FILHO
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte para obtenção
de título de Mestre em Enfermagem.
Aprovada em: ____/____/____
___________________________________________________
Profª Drª Rosineide Santana de Brito (Presidente)
Departamento de Enfermagem da UFRN
___________________________________________________
Profª Drª Cleide Maria Pontes
Departamento de Enfermagem da UFPE
____________________________________________________
Profª Drª Akemi Iwata Monteiro
Departamento de Enfermagem da UFRN
______________________________________________________
Profª Drª Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho
Departamento de Enfermagem da UFRN
4
Dedico este estudo aos meus pais Manoel e Maria de Lourdes (In memorian).
Sem o carinho, esforço e incentivo de vocês eu não teria realizado mais um sonho. A você
minha mãe que mesmo não estando mais conosco, parece ser uma luz no meu caminho. Nesse
momento desejaria que estivesse acompanhando e comemorando comigo mais uma vitória na
vida. E a você meu pai querido que sempre se mostrou incansável, sempre me apoiando,
dedico-lhe com muito carinho esta dissertação.
Também dedico este estudo aos homens/companheiros que contribuíram para a consolidação
desta pesquisa, sem vocês não teria sido possível. A vocês devo respeito e admiração pela
atitude de acompanhar a sua respectiva parceira nesse momento tão importante para a vida do
casal.
5
AGRADECIMENTO ESPECIAL
A Deus, pai celeste que nunca me abandonaste. A ti Senhor agradeço pela vida e sabedoria.
A Professora Drª Rosineide Santana de Brito, minha orientadora, pessoa muito especial em
minha vida. Agradeço por estar sempre disponível, por acreditar na minha capacidade, pela
sinceridade e simplicidade, atributos pessoais que lhes confere o dom de ajudar seus
orientandos a encontrar os caminhos que conduzem ao conhecimento/ensino. Obrigada pela
preocupação e pelo cuidado com que me tratou durante esse tempo. Muito obrigada!
A Aldesandro, meu companheiro, agradeço por ter compreendido o motivo das minhas
ausências, bem como pelo apoio, carinho e amor que sempre me dedicou.
6
AGRADECIMENTOS
A meu pai pelo apoio e incentivo, obrigada por ter me guiado em busca do conhecimento, o
que foi determinante para que eu buscasse conquistar meus objetivos.
A meus irmãos Francisca, José Vicente, Gilson, João, Verônica e Manoel Filho, muito
obrigada pelo carinho, amor, admiração e incentivo.
A minha querida sobrinha Giovanna, bebê da titia, afago nos momentos de solidão.
As Professoras Drª Cleide Maria Pontes, Drª Akemi Iwata Monteiro e Drª Jovanka Bittencourt
Leite de Carvalho pela contribuição dada em prol da qualidade deste estudo.
A direção geral e direção acadêmica do Hospital Universitário Ana Bezerra, representadas
pelas enfermeiras e professoras Ms Maria Cláudia Medeiros Dantas R. Costa e Ms Simone
Pedrosa de Lima, obrigada pelo apoio e incentivo.
Aos funcionários do HUAB, pessoas queridas que encontrei nesse momento da minha vida,
muito obrigada por me ajudarem no momento da coleta de dados, bem como pelo carinho.
Aos funcionários do Departamento de Enfermagem da UFRN pela disponibilidade e amizade.
Aos amigos de mestrado, em especial a João Mário, Janile, Jaqueline, Vannucia, Fernando e
Jocely, pessoas com que compartilhei tanto os momentos felizes quanto as angustias e os
medos oriundos da vivência acadêmica.
A Leo e a Dany, pessoas queridas que sempre se disponibilizaram a mim ajudar.
A Adriana Suassuna, obrigada pelo incentivo e apoio nesse momento.
Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, obrigada pela oportunidade de cursar o
mestrado.
Aos Professores Dr. Francisco Arnoldo Nunes de Miranda e Drª Clélia Albino Simpson,
pessoas maravilhosas com quem compartilhei alguns momentos do mestrado.
Ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
(Reuni), pela confiança e concessão da bolsa no segundo ano do mestrado.
Enfim, a todos que torceram por mim e acreditaram na minha potencialidade.
7
RESUMO
MELO, Raimunda Maria de. Percepção do pai sobre sua presença no nascimento do filho.
2011. 95 f., Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Natal, 2011.
Diante do reconhecimento da importância do acompanhante no parto, o estudo teve como
objetivo analisar a percepção de homens quanto à sua presença na sala de parto durante o
nascimento de seu filho. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratório e descritivo de
natureza qualitativa. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob protocolo de nº 041/11. A coleta dos dados
foi realizada no Hospital Universitário Ana Bezerra em Santa Cruz/RN, Brasil. Participaram
da pesquisa homens/companheiros que estiveram presente na sala de parto no momento do
nascimento do filho. A coleta de dados ocorreu entre os meses de junho a agosto de 2011, por
meio de entrevista semiestruturada, após aquiescência da direção da instituição e assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos entrevistados. Os depoimentos foram
tratados de acordo com a análise de conteúdo segundo Bardin. Por meio da leitura exaustiva
dos depoimentos foram identificadas as unidades de registro que passando por um processo
de codificação e categorização deram origem a três categorias temáticas e seis subcategorias:
importância da presença do homem na sala de parto; percepção do homem acerca do processo
parturitivo e conhecimentos do homem relativos ao trabalho de parto e nascimento. A análise
dos resultados teve como base os princípios do interacionismo simbólico segundo Blumer. Os
resultados apontam que a unanimidade dos participantes expressou a importância do homem
estar presente em sala de parto e acompanhar o nascimento de seu filho, com isso,
recomendaram a presença de outros homens durante o processo da parturição de suas
respectivas companheiras. Os depoentes afirmaram que a sua presença na sala de parto os
levou a ter uma nova visão sobre a mulher. Ao acompanhá-la durante o trabalho de parto e
parto os depoentes compreenderam esses períodos como algo que conduz a companheira a
sofrimento físico e por envolver-se com a parturição passaram também a sentir os
desconfortos oriundos do trabalho de parto. Portanto, em uma abordagem interacionista os
entrevistados perceberam a sua presença na sala de parto como momento importante para a
mulher, criança e para ele próprio. Mediante os resultados se faz necessário valorizar a
presença do companheiro no contexto parturitivo, pois é o acompanhante ideal para a
parturiente, visto que a sua presença em sala de parto garante o estabelecimento da interação
com a mulher no momento em que ela mais precisa de apoio e de cuidados.
Palavras-chave: Enfermagem obstétrica; Humanização da assistência; Parto humanizado.
8
ABSTRACT
MELO, Raimunda Maria de. Perception about his father’s presence in the child’s birth.
2011. 95 f., Dissertation (Nursing Master) – Federal University of Rio Grande do Norte,
Natal, 2011.
Due of the importance of having a companion during labor, the study aimed to analyze the
perception of men about their presence in the Delivery Room during the birth of his son. It´s
an exploratory and descriptive qualitative approach, developed at University Hospital Ana
Bezerra, in Santa Cruz/RN, Brazil. The project was approved by the Ethics Committee in
Research of Universidade Federal do Rio Grande do Norte under protocol number 041/11.
The participants were men/partners who were present in the Delivery Room at the time of
birth. Data collection occurred from June to August 2011, through semi-structured interview,
after authorization by direction of the institution and signing the consent form by the
interviewees. The speeches were treated according to content analysis according to Bardin.
After exhaustive reading of the speeches were identified units of record through, a process of
coding and categorization originated three thematic categories and six subcategories: “The
importance of man's presence in the Delivery Room”; “Perception of the man on the
parturition process” and “Knowledge of man for to labor and birth”. The analysis was based
on the principles of Symbolic Interactionism, according to Blumer. The results revealed that
all participants expressed the importance of man be present in the Delivery Room, following
the birth of his son. Therefore, they recommended the presence of other men during the
process of parturition of their respective companions. The respondents said that their presence
in the delivery room has led to a new vision of the woman. After accompanying his partner
during labor and delivery, the interviewees understood these periods as something that leads
to physical suffering and the partner to be involved with childbirth also started to feel the
discomfort coming from labor. So, in an interactionist approach, respondents noted their
presence in the Delivery Room as a significant moment for women, child and himself. From
the results it is necessary to value a partner in the context of parturition, because he´s the ideal
companion for women, since his presence in the delivery room promotes the establishment of
interaction with her when she most needs support and care.
Keywords: Obstetrical nursing; Humanization of Assistance; Humanizing delivery.
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
HUAB - Hospital Universitário Ana Bezerra
OMS - Organização Mundial de Saúde
OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde
PAISM - Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher
PNAISM - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher
PHPN - Programa de Humanização do Parto e Nascimento
SUS - Sistema Único de Saúde
10
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO................................................................................................................12
2
REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................19
2.1 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ASSISTÊNCIA À MULHER NO PARTO.............19
2.2 HUMANIZAÇÃO E INTEGRALIDADE NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA
MULHER..................................................................................................................................22
3
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................................................30
3.1 TIPO DE ESTUDO............................................................................................................30
3.2 LOCAL DO ESTUDO.......................................................................................................30
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA..................................................................................32
3.4 COLETA DE DADOS.......................................................................................................32
3.5 TRATAMENTO DOS DADOS........................................................................................33
3.6 ANÁLISE DOS DEPOIMENTOS....................................................................................34
3.7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................................................................................36
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................38
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA..................................................38
4.2 AS CATEGORIAS TEMÁTICAS E SUBCATEGORIAS ...............................................39
4.2.1 Importância da presença do homem na sala de parto................................................39
4.2.1.1 Decisão de acompanhar a mulher em sala de parto......................................................39
4.2.1.2 Atitude do homem na sala de parto...............................................................................45
4.2.2 Percepção do homem acerca do trabalho de parto e parto.......................................50
4.2.2.1 O trabalho de parto como sofrimento...........................................................................50
4.2.2.2 Percebendo a assistência prestada à mulher quando presente na sala de parto.............54
4.2.3 Conhecimentos do homem relativos ao trabalho de parto e nascimento..................58
4.2.3.1 Sinais de trabalho de parto............................................................................................58
4.2.3.2 Choro do RN como sinal de vida..................................................................................61
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................65
REFERÊNCIAS..................................................................................................................68
APÊNDICES
ANEXOS
11
___________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
12
1 INTRODUÇÃO
A gestação constitui um episódio no qual leva à mulher vivenciar importantes
modificações fisiológicas, emocionais e psicossociais em determinada fase de sua vida.
Embora essas alterações digam respeito ao organismo feminino e a vida da mulher, traz
repercussões aos familiares, sobretudo aqueles que habitam com a gestante, em especial o seu
companheiro.
No contexto da gravidez, a dinâmica da relação afetiva do casal é marcada por
expectativas que envolve anseios e temores, especificamente, quando se trata do nascimento
do filho. Sobre esse assunto, Brito (2001) e Carvalho (2005) ressaltam que a gravidez, o
trabalho de parto e o parto trazem para a mulher sentimentos diversos, dentre eles o medo e a
insegurança que podem ser minimizados, quando o homem/companheiro encontra-se presente
nessas fases.
Esse entendimento considera que a presença do homem no momento do parto traduzse em apoio emocional e físico à parturiente. Além disso, favorece a corresponsabilização do
homem e da mulher com o processo parturitivo e nascimento do filho(a), que por sua vez fará
nascer um novo homem, um novo pai. Desse modo, compreende-se que o processo de
parturição relaciona-se diretamente com transformações emocionais e físicas, predispondo a
parturiente experimentar diversos sentimentos e sensações, tais como: medo, angústia, prazer,
tristeza e/ou alegria. (MALDONADO; DICKSTEIN, 2010).
Segundo Pereira e Moura (2008), o parto como um evento natural na vida
reprodutiva da mulher, deve ocorrer de modo fisiológico, livre de intervenções medicalizantes
que lhe negam o direito de participar ativamente desse fenômeno. Em conformidade com o
Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), o parto normal é aquele em que o concepto nasce pela
via vaginal, constituindo-se em um evento mais seguro para a mulher e criança. Enquanto
isso, o parto cesariano embora envolva riscos pode trazer benefícios para aqueles que o
vivenciam, dependendo de cada situação. Assim, é imprescindível que profissionais e
gestantes evitem escolha antecipada sobre o tipo de parto, pois isso não é questão de
preferência pessoal, e sim de necessidade.
Nesse sentido, cabe aos profissionais da saúde, principalmente ao enfermeiro,
incentivar a mulher a optar pelo parto vaginal, mesmo tendo uma cesárea anterior, orientá-la
desde o pré-natal sobre as formas alternativas de controle da dor, associada ao trabalho de
13
parto. É imperativo esclarecer que a cesárea é justificada mediante a presença de
intercorrências ou complicações que ponham em risco a vida da mãe e/ou do filho.
Com o intuito de incentivar a volta do parto normal, várias iniciativas tem sido
implementadas. Para o Ministério da Saúde é importante que se garanta à mulher uma
assistência de qualidade durante o parto. Isso sugere o alcance de satisfação das suas
necessidades nesse processo, quais sejam: o controle adequado da dor no trabalho do parto e a
garantia de um acompanhante de sua preferência, que pode ser o homem/companheiro, que
dará apoio emocional a mulher no processo da parturição. “O parto quando é vivenciado com
dor, angústia, medo e isolamento pode levar a distúrbios psicológicos, afetivos e emocionais
podendo influenciar no relacionamento mãe/filho, além de sua vida afetiva e conjugal”.
(BRASIL, 2003, p. 64).
Visto isso, é importante a mulher ser acompanhada por alguém que faça parte de seus
vínculos afetivos proporcionando-lhe confiança e ajuda no decorrer do trabalho de parto. A
presença confortante do companheiro, de um familiar próximo ou mesmo de uma amiga,
representa suporte psíquico e emocional para a parturiente. A pessoa que a acompanha nesse
momento está compartilhando medo e ansiedade como também, somando forças e
estimulando-a a superar os desconfortos advindos do processo da parturição. (BRASIL,
2003).
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996), admite que o apoio empático e
contínuo dos prestadores de serviços e de acompanhantes trazem benefícios para a parturiente
e o concepto, tais como: trabalho de parto mais curto, menos uso de medidas intervencionistas
como medicações e analgesia epidural, redução de Apgar menor que 7, menos cesarianas,
redução da ansiedade da parturiente e maior probabilidade da mulher continuar a amamentar
após as 6 semanas correspondente ao pós parto.
Todavia, na maioria das vezes, a mulher quando admitida em trabalho de parto é
afastada de seus familiares, concomitantemente, submetida a intervenções clínicas, sobre as
quais não recebe sequer algum esclarecimento. De modo geral, os profissionais tendem a
prestar assistência que se adéqua a protocolos da instituição hospitalar, deixando de lado os
desejos e anseios da parturiente. (DIAS; DESLANDES, 2006).
Segundo Carvalho (2005), por ocasião do nascimento do filho(a) o homem procura
atender as necessidades da companheira que está em trabalho de parto, dentre estas destacamse as de hidratação e de apoio. Além disso, sente inquietação por temer que algo possa dar
errado e, ao mesmo tempo, sente-se agradecido pelo fato de presenciar a chegada do filho.
14
Dessa forma, o homem/companheiro também vivencia momentos com emoções e
necessidades.
Entende-se que a atenção concedida à mulher e ao seu companheiro requer afeto e
cuidado, considerando o parto um estágio de transição e resolução da gravidez, no qual a
futura mãe precisa ser apoiada e compreendida, a fim de poder assumir uma posição de
sujeito ativo nesse processo. (BRASIL, 2001).
Sabe-se que o apoio dado a mulher pelo seu companheiro durante a fase parturitiva
ultrapassa os cuidados técnicos dispensados nas maternidades pelos profissionais de saúde,
pois envolve laços de vínculo e interesse para com o nascimento do filho. Assim sendo, faz-se
necessário que o homem, no âmbito da sala de parto, seja considerado agente ativo do
processo da parturição.
Entretanto, Maldonado (2002) ressalta o fato do pai também ficar excluído do
processo parturitivo, devido a fatores relacionados à própria estrutura organizacional que
presta assistência à mulher no processo do trabalho de parto. Quando isso ocorre, o homem
fica a mercê de informações repassadas por membros da equipe de saúde que anuncia o
nascimento do seu filho. Dessa forma, percebe-se a carência de acolhimento ao homem na
sala de parto. De acordo com o Ministério da Saúde (Brasil, 2006a), o ato ou efeito de acolher
expressa, sobretudo, uma ação que visa à aproximação com o outro. É uma atitude inclusiva
estabelecida por meio de interação entre sujeitos.
Ressalta-se que o acolhimento consiste em uma diretriz relevante prevista pela
Política Nacional de Humanização norteada pela ética, estética e política. (BRASIL, 2006a).
Esses princípios devem ser apreendidos por parte daqueles que militam na área da saúde e são
responsáveis direto por acolher a parturiente, seu companheiro e sua família no momento do
parto. Nesse propósito, a atitude de acolher o homem/companheiro no momento do
nascimento de seu filho(a) implica aproximação do profissional de saúde com o casal grávido.
Além disso, permite ao companheiro sentir-se corresponsável pelo nascimento.
Convém explicitar que a ética expressa no acolhimento refere-se ao compromisso
para com o outro, e a atitude de acolher em sua singularidade envolve o respeito às dores,
alegrias e modos de viver, sentir e estar na vida dos usuários. Enquanto isso, a estética
envolve relações e encontros entre os sujeitos no dia-a-dia, servindo de alicerce para o
respeito à vida humana. Por último, a política prevê o compromisso coletivo de criar laços
afetivos comprometendo-se com o outro, possibilitando o protagonismo dos diferentes
sujeitos. (BRASIL, 2006a).
15
Tendo em vista os benefícios advindos da presença do homem/companheiro no
contexto do parto, cabe aos profissionais de saúde acolher, incentivando-o desde o pré-natal
até a ocasião do nascimento, na perspectiva de minimizar medos e anseios possíveis de serem
experienciados pelo casal com o fenômeno do nascimento do filho(a).
O interesse pela temática, por parte da pesquisadora, iniciou-se quando ainda,
graduanda em enfermagem, tentava discutir com os enfermeiros das instituições que atendiam
a mulher durante a gestação e parto, sobre a importância da inserção do homem como agente
ativo durante o processo de parturição da sua companheira. Argumentava também, sobre a Lei
do Acompanhante, sancionada em abril de 2005, no entanto, esses profissionais afirmavam
que a instituição não tinha espaço físico adequado para atender esse tipo de solicitação.
Somava-se a esses argumentos, a questão dos gestores locais não empenhar-se em melhorar o
acolhimento a essas mulheres e aos seus companheiros.
Recorda-se que o início da vivência do exercício profissional da pesquisadora deu-se
mediante um contrato provisório como enfermeira preceptora de alunos do curso de
graduação em Enfermagem, da disciplina Enfermagem em Obstetrícia e Neonatologia,
especificamente, no alojamento conjunto e centro obstétrico de uma instituição privada, do
interior do estado do Rio Grande do Norte.
A partir dessa vivência, despertou-se, dentre outros aspectos, a importância do
homem/companheiro no momento do parto. Além disso, observou-se que a maioria das
parturientes ao chegar no setor, logo se dirigiam a enfermeira, a fim de pedir consentimento
para que o companheiro pudesse assistir a esse momento tão significativo na vida de ambos, o
nascimento do filho. Porém, quase sempre a resposta obtida era negativa, sob a justificativa de
que as normas da instituição não permitiam a presença de acompanhante. Entretanto, por vez
chegavam pais, proveniente de família abastada, sem restrições a sua entrada naquele local,
denotando discriminação social daquele homem.
Nesse aspecto, a presença do homem/companheiro durante o nascimento de seu filho
estava relacionado às questões socioeconômicas. Assim, o parto humanizado era para aqueles
que possuíam plano de saúde ou pagava pela assistência ao parto. Além disso, aquelas
mulheres que tinham a oportunidade de ter ao seu lado o companheiro, durante o processo
parturitivo, a evolução do trabalho de parto ocorria com muita afetividade e humanização,
fatores salutares que favoreciam um parto tranquilo e sem intervenções medicamentosas.
Diante essas questões, decidiu-se continuar a trilhar no âmbito da saúde reprodutiva, estudar a
inserção do homem/companheiro no contexto do parto e os benefícios provenientes para a
mulher e concepto.
16
À medida que várias buscas eram realizadas na literatura pertinente a essa área,
novos conhecimentos acerca dos benefícios advindos da presença do acompanhante na sala de
parto eram adquiridos. Todavia, sobre o objeto de estudo constatou-se escassez nas bases de
dados consultadas, como LILACS, SCIELO e Biblioteca Virtual da Saúde. Esse fato reforçou
ainda mais o interesse pela temática em apreço.
Nessa linha de pensamento, é oportuno ressaltar Behruzi et al (2010), quando
defendem a presença do companheiro como fator condicionante para um parto humanizado.
Esses autores ressaltam que alguns pais/companheiros, embora tenham participado de cursos
preparatórios durante o pré-natal de sua companheira, ainda assim, encontram barreiras
dificultando sua entrada na instituição hospitalar durante o processo de parturição. As mesmas
autoras dão relevo a preocupação de profissionais quanto à presença do companheiro durante
o parto, muitos alegam que seria um caos, permitir a todos os pais presenciar esse momento,
mesmo reconhecendo os benefícios para a parturiente advindos da presença do seu
companheiro.
Por outro lado, é concebido que mesmo diante dos benefícios para a parturiente, o
companheiro pode não querer compartilhar esse momento com a mulher, contrariando assim,
o preconizado pelos órgãos governamentais, quando se referem ao homem como
acompanhante na sala de parto. Tal fato, pode trazer transtornos conjugais frente ao desejo e
necessidade da parturiente de ter ao seu lado o cônjuge. Mediante esse entendimento, faz-se
necessário apreender percepções do homem/companheiro sobre sua presença no momento do
parto. Pois, admite-se que ao incentivá-lo a vivenciar essa fase, o profissional, sobretudo, o
enfermeiro, deve estar atento a acepção que o homem tem sobre sua presença durante o
nascimento do filho.
Baseando-se no exposto, pressupõe-se que o homem/companheiro considera
importante estar presente à sala de parto e compartilhar com a mulher a chegada do filho.
Contudo, receia vivenciar essa ocasião sob justificativas de ordem diversas, por exemplo:
medo, não gostar de ambiente hospitalar, não desejar ver sangue e devido ao horário de
trabalho. Entretanto, acredita-se que as causas apontadas mantem relação com o sentimento
de significância que o homem atribui a sua presença no momento do parto.
Sob essa ótica, questiona-se: qual a percepção do homem/companheiro acerca de sua
presença no momento do parto e nascimento de seu filho?
Espera-se que a resposta ao questionamento subsidie o planejamento e a
implementação de estratégias assistenciais, envolvendo o companheiro no contexto do
nascimento do filho. Além disso, acredita-se que essa pesquisa possa influenciar,
17
preferentemente os homens, para que estes se sintam responsáveis por apoiar a mulher nesta
fase de sua vida, considerando a gravidez e o parto eventos sociais que agregam a vivência
reprodutiva de homens e mulheres. Trata-se de um processo singular, uma experiência
especial para a mulher, seu parceiro, seus familiares e a comunidade. (BRASIL, 2001).
A relevância social da pesquisa é concebida a partir do momento em que os
resultados, oportunizam aos profissionais de saúde, melhor entendimento do direito da
parturiente a ter um acompanhante durante o processo parturitivo. Além do mais, poderá
subsidiar reflexão sobre a humanização da assistência à mulher, em cada estágio do trabalho
de parto, parto e puerpério imediato.
A pesquisa em realce, ainda oferece subsídio para os enfermeiros planejar suas
práticas de modo a favorecer a presença de homens/companheiros em sala de parto. Assim
sendo, será estabelecida uma relação terapêutica com a parturiente e seu companheiro, de
modo que a comunicação e a escuta ativa constituam eixos para o conhecimento de suas
queixas e anseios. Nesse sentido, a atenção à parturiente será respaldada pelos princípios da
humanização do parto e nascimento, na integralidade e demais princípios do Sistema Único
de Saúde (SUS). Isso favorecerá uma relação de empatia e preocupação com a parturiente e
seu companheiro.
Acredita-se que os resultados referentes à investigação em apreço venham desvelar
outras temáticas de interesse ao campo da enfermagem, sobretudo, a obstétrica na perspectiva
da humanização da assistência ao casal grávido.
No que diz respeito ao homem/companheiro, o estudo serve de incentivo para sua
participação efetiva não apenas durante o parto e nascimento, mas, sobretudo no ciclo
gravídico puerperal.
Buscando responder a questão pesquisada foi traçado o seguinte objetivo:
 Analisar a percepção do homem/companheiro quanto à sua presença na sala de
parto durante o nascimento de seu filho.
18
REVISÃO DE LITERATURA
19
2 REVISÃO DE LITERATURA
Neste item, dar-se ênfase aos aspectos envolventes na assistência a mulher no
processo parturitivo, bem como a humanização do pré-natal e nascimento.
2.1 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ASSISTÊNCIA À MULHER NO PARTO
Reportando-se ao longo da história o processo de parto fisiológico é considerado um
evento natural, mobilizador e marcante na vida da mulher e de sua família. (BRASIL, 2003;
GUALBA, 1998). Também pode ser definido como aquele sem intercorrência obstétrica e
neonatal, com baixo risco no início do trabalho de parto, permanecendo assim, durante todo o
processo, até a expulsão da criança da cavidade uterina. Esse nascimento acontece
espontaneamente, em apresentação cefálica, de vértice, entre 37 e 42 semanas de idade
gestacional. Desta forma, após o parto, mãe e concepto estarão em boas condições vitais.
(OMS, 1996).
Nesse entendimento, salienta-se que ao longo dos anos, o parto vem sendo
considerado como fenômeno relevante, porém, no período pré-histórico era tido como
solitário. Entretanto, há controvérsia a respeito dessa declaração, quando em achados
históricos relata-se acerca da presença do homem no parto, a fim de apoiar a mulher durante o
evento do nascimento. (CECAGNO; ALMEIDA, 2004).
Sobre esse assunto, Resende Filho (2005), expressa que a presença masculina no
parto dava-se através do costume de povos primitivos chamados Couvade. Nessa cultura o
homem representava um ser ativo no momento do nascimento, e as atividades que ficavam
sob sua incumbência eram: fazer compressão no abdome da parturiente, a fim de facilitar a
expulsão fetal, seccionar o cordão umbilical, além de acolher a criança em seus braços. O
cuidado prestado pelo homem à mulher tinha a finalidade de proteger e ajudar sua
companheira e o filho.
Cecagno e Almeida (2004), admitem que na Idade Média o nascimento de uma
criança era concebido como acontecimento natural, processo fisiológico que estava
intrinsecamente relacionado à mulher. Posteriormente, de acordo com Lima e Siebra (2006),
as mulheres em trabalho de parto passaram a ser acompanhadas por outras mulheres mais
velhas, as parteiras, que usavam ervas e orações para conduzir o trabalho de parto, revelando
assim sua experiência com a parturição.
20
A experiência das parteiras com o processo de parturição e a disponibilidade a
assistir a mulher nesse momento, era de fundamental importância, embora não dispusessem
de conhecimentos científicos para tanto. O parto acontecia no contexto domiciliar, a mulher
tinha o acompanhamento de seu companheiro que, embora não estivesse presente no quarto
onde ocorria o nascimento, estava sempre por perto para apoia-la, após o parto, achegando-se
da mulher e do filho. (CARVALHO, 2005).
As parteiras ou comadres conheciam empiricamente o processo de nascimento e
ajudavam as mulheres a parirem. Assim, a ocorrência do parto no contexto domiciliar oferecia
à mulher o privilégio de ter familiares por perto em um momento ímpar de sua vida.
(CARVALHO et al, 2009). Entretanto, com o surgimento da obstetrícia esse cenário mudou,
ocorrendo à introdução do homem/médico durante o parto. Isto se deu em virtude da criação
do parto fórceps obstétrico pelo médico Peter Chamberlen. É oportuno lembrar que
concomitante a instituição da presença do médico, no processo de parturição, acontecia a
expansão das parteiras tradicionais, a fim de promover maior conforto à mulher nesse
momento de sua vida. (REZENDE FILHO, 2005).
A partir da década de 1940, ocorreu a institucionalização do parto, objetivando
reduzir os índices de mortalidade materna e infantil. Com isso, o nascimento deixava de ser
um fenômeno natural em virtude da introdução de medicamentos para induzir o parto e
diminuir o tempo de ocorrência desse fenômeno. (BRUGGEMANN; PARPINELLI; OSIS,
2005).
Continuando nessa abordagem, em 1960, instalou-se no Brasil um modelo de
assistência à mulher no momento da parturição, cuja característica principal foi a
medicalização e uso abusivo de práticas invasivas. Esse modelo, apregoava o
intervencionismo e a cura. Dessa forma, o parto foi transferido da casa da mulher para um
ambiente hostil, o hospital, fazendo com que a parturiente e o feto perdessem o papel de
protagonistas nesse processo e assumissem a função de agentes passivos. (MAMEDE;
MAMEDE; DOTTO, 2007). Conforme o Ministério da Saúde o parto é visto como um
fenômeno não mais individual e subjetivo da mulher, mas um momento no qual o médico
decide o que é mais prático e adequado para aquela ocasião. (BRASIL, 2005a).
No Brasil, adotou-se o modelo tecnicista voltado para a assistência ao parto, fato
marcado pela adoção de novas tecnologias e procedimentos. Isso levou a mulher a deixar de
ser protagonista no momento do parto, passando a ser receptora de normas e rotinas fora do
padrão de humanização familiar, que outrora vivenciara. Diante do cenário no qual os
cuidados à mulher, durante os estágios do trabalho de parto, é marcado pela
21
institucionalização, percebe-se que o homem/companheiro e demais familiares ainda estão
afastados desse fenômeno (BRASIL, 2001).
No final do século XIX, ascende na sociedade vigente o modelo tecnicista adotado na
assistência obstétrica, cuja representação principal é o aumento de cesarianas. Nesse momento
histórico as taxas de mortalidade materna, já haviam caído consideravelmente, em virtude da
descoberta de medidas de antissepsia, anestesia e de melhorias nas técnicas de sutura,
representando importante conquista da obstetrícia moderna, pois contribuiu para a redução de
mortes maternas e perinatal (DIAS, 2008).
Com vista à melhoria da assistência a mulher no processo parturitivo, em 1985 a
Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
reuniram-se e, a partir de então, foi elaborada uma série de recomendações tendo como base
evidências científicas que dizem respeito à assistência ao parto normal. Na perspectiva de
efetivar o recomendado, a OMS publicou um guia para a assistência, estabelecendo algumas
prioridades a serem seguidas por aqueles que acolhem a parturiente. Nesse documento,
prioriza-se o cuidado humanizado ao parto, com o mínimo de intervenções possíveis, como
também, postula a presença do companheiro ou alguém de escolha da mulher para ficar ao seu
lado durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. (OMS, 1996).
As indicações da OMS (1996) embasam a prática profissional humanizada. Dessa
forma, salienta-se aqui, algumas recomendações contidas no guia Maternidade Segura:
 condutas consideradas úteis e que devem ser praticadas pelos profissionais de saúde plano individualizado à mulher, elaborado em conjunto com a mesma e comunicado
ao seu parceiro e à sua família, avaliação sobre o risco gestacional, ofertar líquidos à
mulher durante o trabalho de parto, respeito a privacidade e individualidade da
parturiente e respeito à escolha da gestante quanto ao seu acompanhante;

condutas prejudiciais ou ineficazes que devem ser eliminadas - uso de enema e
tricotomia, uso das posições decúbito dorsal e litotomia e administração de ocitocina;

condutas sem evidência científica que deveriam ser usadas com precaução até
que pesquisas comprovem o seu benefício para a mulher e o concepto -amniotomia
precoce, no primeiro estágio do trabalho de parto, pressão no fundo uterino no
estágio expulsivo e clampeamento precoce do cordão umbilical;

condutas utilizadas de forma inapropriadas - restrição hídrica e alimentar
durante o processo parturitivo, uso de analgesia peridural, toque vaginal frequente,
22
correção da dinâmica uterina com a utilização de ocitocina e exploração manual do
útero no pós parto imediato.
Mediado por essas recomendações surge um novo paradigma baseado em novas
relações entre profissionais e usuários. Soma-se a isso a necessidade de possibilitar à mulher e
ao seu acompanhante o direito a informação, e de decidir sobre as ações de saúde que lhes
serão direcionadas. Destarte então, a decisão sobre a assistência e procedimentos a serem
adotados deve ser compartilhados entre os envolvidos. Para tanto, faz-se necessário os
profissionais assumirem uma postura favorável ao resgate da humanização do parto e o
modelo tecnocrático de assistência seja superado. (DINIZ, 2001).
Considerando a relevância da humanização do parto, em 7 de abril de 2005, foi
sancionada no Brasil a Lei Nº 11.108, que trata do direito da mulher em ter um acompanhante
de sua escolha durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS). (BRASIL, 2005b). Nesse sentido, o suporte do companheiro ou de
alguém de escolha da parturiente é reconhecido pela OMS como uma evidência que reduz a
dor do parto. Assim sendo, constitui-se um método não farmacológico essencial ao bem estar
da mulher no processo da parturição. (OMS, 1996).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005a) e OMS (1996) a presença
do pai no nascimento da criança traz contribuições relevantes para o processo de parturição,
assim como, revela questões relacionadas ao exercício dos direitos reprodutivos tanto de
homens quanto de mulheres. Além disso, envolve mudança de concepções de gênero, pois a
introdução do homem na sala de parto evidencia desafio e possibilidade de construção de uma
assistência qualificada durante o nascimento, requerendo reflexão sobre uma perspectiva
respeitosa à vida humana. (CARVALHO, 2003).
2.2 HUMANIZAÇÃO E INTEGRALIDADE NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA MULHER
Nas primeiras décadas do século XX, as políticas nacionais de saúde pública
direcionadas à população feminina eram restritas à visão biológica, à gravidez e ao parto.
Demandas advindas do desenvolvimento populacional, apontavam mudanças significativas no
cenário da assistência à saúde da mulher, melhores condições de trabalho, lazer e vida social
ativa. (BRASIL, 2009).
Na década de 1970, a Secretaria Nacional de Programas Especiais do Ministério da
Saúde lançou o Programa de Saúde Materno Infantil, implantado pelas secretarias estaduais
23
de saúde. A mulher foi contemplada por tal programa que restringia-se ao ciclo gravídico
puerperal, além de dedicar-se a área de planejamento familiar. Porém, as atividades para esse
fim resumiam-se em aconselhamento e orientação quanto ao tempo de uma gestação para
outra. Após alguns anos, em 1978, o programa supracitado lança o Manual de Normas de
Identificação e Controle do Risco Obstétrico e de Infertilidade, o que marcou a efetiva
implantação do planejamento familiar no país, embora limitado a grupos de risco. (COSTA,
19--?).
No início dos anos 1980, o movimento de mulheres organizava-se no Brasil e
reivindicava assistência à saúde integral, contemplando da infância à velhice e não mais
enfocando, apenas o período reprodutivo. Requeria-se acesso à informação, aos meios
contraceptivos, ao conhecimento do seu próprio corpo, além de tratamento para infertilidade.
(COSTA, 19--?). Nesse contexto, em 1983, surgiu o Programa de Atenção Integral à Saúde da
Mulher (PAISM), criado pelo Ministério da Saúde representando, sobretudo, o marco legal de
uma nova e diferenciada abordagem à saúde da mulher, ou seja, atenção voltada para a
integralidade e equidade. (BRASIL, 1984).
O PAISM, prioriza ações básicas de assistência integral em todos os níveis de
atenção, dentre as quais destacam-se: o planejamento familiar, assistência pré-natal,
prevenção do câncer de colo do útero e de mama, doenças sexualmente transmissíveis, parto e
puerpério. Este programa representa, sobremaneira, a contrapartida do estado brasileiro ao
déficit de ações voltadas para a saúde da mulher. (BRASIL, 1984).
O PAISM fez cessar a abordagem demográfica e controlista sobre a saúde feminina.
Além disso, tornou-se a alavanca precursora na ruptura da concepção materno-infantil,
outrora existente. Propala um novo conceito de atenção à saúde integral da mulher. Nesse
modelo, a mulher é percebida não mais como objeto reprodutivo, mas como sujeito ativo no
cuidado de sua saúde, nos diferentes ciclos da vida. Por conseguinte, a reprodução humana é
entendida como um direito da mulher e não um dever. O programa em questão também
representa um avanço no âmbito da saúde, pois até então a saúde da mulher era vista apenas
sobre o ângulo da reprodução humana, deixando despercebido que há um corpo que não pode
ser fragmentado e todo um contexto que é meio/instrumento do seu processo saúde-doença.
(BRASIL, 1984; BRASIL, 2005b; NEGRÃO, 2008).
O conceito de assistência integral apregoado pelo PAISM envolve a oferta de ações
dirigidas ao atendimento das reais necessidades de saúde da mulher. Preconiza-se assim, todo
e qualquer contato que esse grupo vulnerável venha a ter com os serviços de saúde, seja
24
respaldado pelos eixos da atenção integral, promoção, proteção e recuperação da saúde.
(BRASIL, 2004).
Ainda ressalta-se que o PAISM foi criado na efervescência do Movimento Sanitário
Brasileiro (MSB), e tem como princípio basilar a integralidade da atenção, o qual constitui-se
base desse programa. Evidencia-se na proposta do PAISM que, pela primeira vez, o Estado
brasileiro oficializou a preocupação com o controle da natalidade e incluiu o planejamento
familiar entre suas diretrizes gerais. Tais diretrizes previam a capacitação de profissionais
para atender as demandas de saúde da população feminina, exigindo-se da equipe de trabalho
a compreensão do conceito de integralidade da assistência.
O programa dedicava dois itens ao planejamento familiar, ambos requeriam que a
equidade e a integralidade da atenção estivessem indissociáveis. O primeiro referia-se à
equidade do acesso a informações no tocante à saúde reprodutiva, enquanto o segundo
evidenciava ações relacionadas ao planejamento familiar, porém não resolveria os problemas
sociais e econômicos do país (BRASIL, 1984).
Concomitante aos direitos da mulher, o PAISM representa a instituição de um
atendimento digno, de qualidade e respaldado no princípio da integralidade da atenção que,
mais tarde, viera a ser incorporado aos princípios basilares do SUS. Esse programa destaca,
em parte, as aspirações da Reforma Sanitária Brasileira, bem como o ideário da VIII
Conferência Nacional de Saúde, em 1986. Desta feita, sua implantação representou grande
avanço no que concerne à atenção à saúde reprodutiva no Brasil. (BRASIL, 2009).
A implantação do referido Programa demandou a adoção de um novo paradigma de
atenção por parte dos trabalhadores da saúde, exigindo uma postura focada na integralidade
da atenção, nas necessidades dos sujeitos e na sua subjetividade. A atenção à saúde da mulher
vinha sendo respaldada na fragmentação dos sujeitos, impossibilitando um olhar para o todo,
ou seja, o sujeito, o processo saúde/doença que o envolve e o meio social que conduz a sua
vida. Esse programa passou a conceber a mulher enquanto ser que está envolvida por um
contexto determinante do seu processo saúde/doença. Assim, ele foi pioneiro, não apenas no
Brasil, mas no cenário mundial, a propor o atendimento integral à saúde reprodutiva das
mulheres, em detrimento de ações isoladas em planejamento familiar. (BRASIL, 1984).
O PAISM focaliza no seu arcabouço metodológico ações educativas, preventivas, de
diagnóstico, tratamento e recuperação da saúde, englobando assistência à mulher nas diversas
situações da vida respeitando as suas reais necessidades de saúde. (BRASIL, 1984; 2009).
Entretanto, alguns obstáculos incapacitaram a efetivação desse programa não correspondendo
ao esperado.
25
Visto isso, no ano 2000, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Humanização do
Parto e Nascimento (PHPN), por meio das Portarias GM/MS nº 569, 570, 571 e 572, tendo
como fio condutor o modelo de assistência embasado na humanização do pré-natal, parto e
nascimento. O PHPN tem como objetivo melhorar o acesso, a cobertura e a qualidade da
atenção pré-natal, assistência ao parto, puerpério e ao recém-nascido, na perspectiva dos
direitos humanos e cidadania. (BRASIL, 2002; BRASIL, 2010). Estabelece ainda, que
estados, municípios e serviços de saúde cumpram seu papel, propiciando a mulher o direito de
dar à luz e receber uma assistência humanizada, de qualidade e respaldada nos princípios do
SUS. (BRASIL, 2002).
Nesse contexto, o Ministério da Saúde conceitua atenção humanizada como um
fenômeno amplo e complexo que envolve saberes, práticas e atitudes que visem à promoção
do parto e nascimento seguro e saudável, bem como, a prevenção da morbidade e mortalidade
materna e perinatal. Esse conjunto articulado de ações deve iniciar no pré-natal e garantir que
a equipe de saúde tenha discernimento para realizar procedimentos benéficos à mulher e ao
feto, evitando assim, intervenções desnecessárias. Além disso, a garantia da privacidade e da
autonomia da mulher deve ser considerada. (BRASIL, 2010).
Preconiza-se que a humanização da atenção ao parto e nascimento seja norteada
pelos seguintes princípios e diretrizes (BRASIL, 2001; BRASIL, 2006):

resgate dos processos de gestação, do parto, do puerpério e do nascimento como
experiências humanas naturais e significativas, estimulando o envolvimento do
homem/parceiro, família e comunidade;

a mulher e sua família devem ser vistas pelos profissionais de saúde como centros da
atenção para as ações que envolvem o ciclo gravídico puerperal;

o respeito à autonomia, a privacidade e à fisiologia da gestação, parto, nascimento e
puerpério.
Visto isso, cabe aos profissionais, no âmbito do SUS e do sistema privado de saúde
atuar de forma que consolidem práticas e garantam atenção humanizada para as mulheres e
familiares. Nessa perspectiva, dentre alguns aspectos contidos na portaria GM/MS nº
569/2000, ressaltam-se a organização, a regulação e a disponibilidade de investimentos para a
assistência obstétrica e neonatal, de forma a promover o desenvolvimento de condições
favoráveis à humanização do parto e nascimento. (BRASIL, 2009).
No que diz respeito ao pré-natal, tem-se observado que os municípios aderentes às
práticas de humanização do parto e nascimento recebem incentivos financeiros, provenientes
do Ministério da Saúde. (BRASIL, 2009).
26
É impreterível ressaltar o conteúdo estabelecido pela portaria 569/2000/GM ao
estabelecer os seguintes direitos da gestante e recém-nascido:
toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer
da gestação, parto e puerpério; toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o
acesso à maternidade em que será atendida no momento do parto; toda gestante tem
direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada de forma
humanizada e segura, de acordo com os princípios gerais e condições estabelecidas
na prática médica; todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma
humanizada e segura. (BRASIL, 2002, p. 6).
A implantação do PHPN teve como princípio norteador a diminuição da morbidade e
mortalidade materna, utilizando, para isso, a humanização da assistência à mulher na vigência
do ciclo gravídico-puerperal. Conforme preconiza o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005a), o
pré-natal deve iniciar tão logo seja diagnosticada a gravidez, com o objetivo de fortalecer a
adesão da mulher a essa assistência e, consequentemente, prevenir os fatores de risco
gestacional.
Ainda, segundo o Ministério da Saúde, o número de consultas no pré-natal deve ser
igual ou superior a seis, visto que preconiza-se uma atenção de qualidade e humanizada a
mulher, cuja abordagem garanta a integralidade das ações durante o pré-natal, parto e
puerpério. Recomenda-se também, o monitoramento da atenção pré-natal e puerperal por
meio do Sistema de Informação sobre o Programa de Humanização no Pré-Natal e
Nascimento (SISPRENATAL), disponibilizado pelo DATASUS. Esse programa tornou-se
obrigatório nas unidades de saúde com o objetivo de avaliar a atenção a partir da assistência
prestada a cada gestante. (BRASIL, 2005a).
A humanização do pré-natal, parto e nascimento possui caráter complexo e
processual, assim, cabe à equipe de saúde acolher a mulher de forma digna, levando-a, ao
patamar de agente ativa no processo parturitivo. Entretanto, o Ministério da Saúde faz a
seguinte advertência: para a assistência humanizada concretizar-se é preciso reestruturar as
unidades de saúde com equipamentos necessários à assistência ao parto, incentivar a presença
de um acompanhante, devidamente preparado, além de mudanças de atitudes dos profissionais
de saúde e das gestantes. (BRASIL, 2002).
Sobre esse assunto, Lima e Siebra (2006, p. 82) salientam que
na humanização do atendimento ao parto, é importante que a mulher disponha de
uma equipe para apoiá-la e orientá-la de forma eficaz. Neste contexto, não podemos
deixar de ressaltar a importância do papel do enfermeiro, que tem o cuidar como
essência profissional. Este papel, entretanto, deve ser exercido com ética,
responsabilidade, competência e delicadeza, valorizando a mulher.
27
Para que haja verdadeiramente humanização na assistência ao parto torna-se
necessário superar a adoção de técnicas tradicionais, bem como normas e rotinas enraizadas
nas práticas de alguns trabalhadores de saúde. Reconhecer as necessidades dos sujeitos, sua
subjetividade e individualidade são gestos que primam pela humanização da assistência. É
imprescindível os profissionais estabelecerem vínculo com a parturiente e, com isso, perceber
suas necessidades e sua capacidade de lidar com o processo do nascimento (BRASIL, 2001).
O Ministério da Saúde ao denotar a real situação que envolve a saúde da mulher,
instituiu no ano de 2003 a Política Nacional de Humanização a qual agrupa princípios e
diretrizes, como o acolhimento, a ambiência e a escuta ativa. Fundamentada nesses preceitos,
em 2004, foi criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM),
voltada para a população feminina nos diversos ciclos de vida. Assim, essa política visa
abranger diferentes grupos sociais, incorporando aspectos que diz respeito a gênero, raça e
etnia, excedendo os limites da saúde reprodutiva. Dentre as estratégias da PNAISM a atenção
obstétrica e neonatal é prevista como qualificada e humanizada, devendo incluir a assistência
ao abortamento, de modo a evitar que a mulher seja submetida a condições inseguras de
saúde, além de garantir assistência às adolescentes. (BRASIL, 2004).
Em 2005, o Ministério da Saúde, por meio da portaria nº 1067, implantou a Política
Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal, esta constituiu um marco na atenção à saúde
direcionada à mulher, tendo por objetivo o desenvolvimento e ampliação de ações voltadas
para a promoção, prevenção e assistência à saúde de gestantes e recém-nascidos. Além disso,
visa garantir o acesso das gestantes a essas ações, bem como a melhoria da qualidade da
assistência obstétrica e neonatal, promovendo a organização e regulação no contexto do
Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2005c).
Nesse direcionamento, em 2011, o Ministério da Saúde com a Portaria 1.459 criou a
Rede Cegonha no âmbito do SUS. Trata-se de uma rede de cuidados que visa
assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e atenção humanizada durante o
ciclo gravídico puerperal. A portaria dispõe também sobre a garantia à criança do direito ao
nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudáveis. Dessa forma, o programa tem
como objetivo central a assistência à mulher e à criança em todos os níveis de atenção
constituídos no SUS. (BRASIL, 2011).
A proposta da Rede Cegonha está respaldada no conceito de atenção à saúde,
definida e organizada por serviços de saúde equitativos e integrais a uma população definida,
28
avaliando e prestando conta dos resultados clínicos e econômicos alcançados, bem como, das
mudanças ocorridas no estado de saúde do grupo populacional que recebeu cuidados sob a
dinâmica da rede. (OPAS, 2011).
De modo geral, pode-se observar a evidência histórica de que a saúde da mulher é
uma conquista adquirida mediante a organização da sociedade brasileira É notório o esforço
dos entes federados, ao implementar políticas públicas humanizadas em prol da assistência à
gestante e sua família. Por outro lado, percebe-se a necessidade de mudança de práticas e
atitudes daqueles que estão envolvidos na atenção obstétrica na perspectiva da qualidade da
assistência e na sua resolutividade.
29
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
30
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Compreende-se que a metodologia é o caminho do pensamento e da prática exercida
na abordagem dos fenômenos. Também pode ser entendida como o conjunto de técnicas que
permite a construção da realidade, bem como a criatividade do investigador. (MINAYO,
2008).
3.1 TIPO DE ESTUDO
Com o intuito de compreender a percepção de homens acerca de sua presença em
sala de parto durante o processo de parturição, a pesquisa em apreço constitui-se como
exploratória, descritiva e de natureza qualitativa.
Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) a pesquisa exploratória não requer a
elaboração de hipóteses, restringe-se na definição de objetivos e busca informações que
contemplem o objeto de estudo. Assim, a pesquisa exploratória, objetiva familiarizar-se com o
fenômeno, a fim de obter novas percepções e, ao mesmo tempo, descobrir novos conceitos.
Enquanto isso, a pesquisa descritiva presta-se a observar, registrar, analisar e
correlacionar fatos e/ou fenômenos sem manipulá-los. Esse tipo de investigação busca
conhecer a precisão e a frequência com que um fenômeno ocorre, bem como a sua relação
com outros, sua natureza e características afins. “Os estudos descritivos, assim como os
exploratórios, favorecem, na pesquisa mais ampla e completa, as tarefas da formulação clara
do problema e da hipótese como tentativa de solução [...]”. (CERVO; BERVIAN; SILVA,
2007, p. 62).
De acordo com Minayo (2008), a pesquisa qualitativa responde a perguntas que não
podem ser expressas em números, pois objetiva descrever significados, motivos, aspirações,
crenças, valores e atitudes de cada indivíduo. Nesse plano, a escolha pela pesquisa qualitativa
baseia-se em possibilidades de compreender valores culturais e representações de
determinados grupos sociais sobre um tema específico.
3.2 LOCAL DO ESTUDO
Os dados que subsidiaram esse estudo foram coletados no Hospital Universitário Ana
Bezerra (HUAB), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, localizado no município
de Santa Cruz/RN, na região do Trairi, há 121 km da capital do estado. A referida instituição
31
atende gestantes e crianças da região supracitada e adjacências, prestando atendimento às
mulheres provenientes de algumas cidades do estado da Paraíba. O seu rol de recursos
humanos compõe-se: de enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos ginecologistas,
obstetras, pediatras, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas, fonoaudióloga, entre outras
especialidades. Vale ressaltar que os diversos profissionais atuantes na copa, limpeza,
recepção e serviços gerais são contratados por uma empresa terceirizada especializada nesses
serviços.
Dentre os serviços prestados pelo HUAB destacam-se aqueles de atenção à saúde da
mulher e da criança, tais como:

ambulatório - pré-natal, ginecologia, atendimento pediátrico, puericultura, prevenção
do câncer ginecológico, nutrição, clínica geral e assistência odontológica;

enfermarias - pediatria, obstétrica, ginecologia (clínica e cirúrgica), clínica médica
feminina;

urgências obstétricas.
A escolha pela unidade hospitalar para ser lócus da pesquisa deveu-se ao fato da
mesma desenvolver o Programa de Humanização do Parto e Nascimento. Assim sendo, ao
homem/companheiro é permitido estar junto à mulher durante o trabalho de parto e parto.
Dessa forma, a unidade de saúde em apreço, ofereceu condições necessárias à coleta de
informações, as quais foram indispensáveis à realização do presente estudo.
É relevante enfatizar que o HUAB recebe acadêmicos de enfermagem, medicina,
farmácia e odontologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, permitindo a estes
um estágio prático e colaborativo, respaldado sob o prisma da humanização e qualidade da
assistência prestada à comunidade. Essa instituição, por destacar-se no estado do Rio Grande
do Norte, na assistência obstétrica, conquistou no ano 2000 o Prêmio Galba de Araújo.
Vale salientar que, o Prêmio Galba de Araújo, foi instituído pelo Ministério da Saúde
em 1998 e, representa uma das medidas importantes para instigar mudanças nas práticas
obstétricas no âmbito do SUS. Dessa forma, leva-se em conta os esforços e as ações
realizadas pelas instituições de saúde voltadas para a humanização do parto e nascimento.
(BRASIL, 1998).
O hospital em questão possui grande demanda de gestantes para atenção pré-natal e
parto, realizando em média 200 partos por mês. É notório o empenho, comprometimento e
ética dos profissionais que atuam na assistência materno-infantil dessa instituição. Assim
sendo, esses trabalhadores contribuem para o desenvolvimento e disseminação de práticas
32
obstétricas recomendadas pela OMS, entre as quais, o incentivo a participação do
homem/companheiro no contexto do parto e nascimento.
Dentre as condutas adotadas pelos trabalhadores do HUAB para incentivar o
companheiro a estar junto à mulher no processo parturitivo e nascimento, ganham destaque: a
visita do casal ao centro obstétrico ainda durante a gestação e acolhimento e valorização, por
parte dos profissionais, no tocante à presença do companheiro durante o parto.
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA
Participaram da pesquisa 12 homens/companheiros que estiveram presentes em sala
de parto e acompanharam o nascimento do filho. A inclusão destes no estudo obedeceu a
critérios específicos: homens acima de 18 anos de idade, acompanhante da mulher no parto
normal e que apresentaram condições favoráveis à compreensão da questão norteadora. Dessa
forma, aqueles que estavam com idade inferior a 18 anos, não assistiram ao parto da
companheira e não apresentaram condições para responder ao questionamento foram
excluídos do estudo.
O número de participantes foi estabelecido pelo critério de saturação dos dados, o
qual se refere à constatação de que os depoimentos não trazem novas informações. (POLIT;
BECK; HUNGLER, 2004).
3.4 COLETA DE DADOS
Na pesquisa delineada, a técnica adotada na coleta de dados consistiu em entrevista
semiestruturada, mediante um roteiro contendo questões sócio-demográficas com a finalidade
de caracterizar a população estudada e também a questão norteadora da pesquisa: como o Sr.
ver a presença do homem/companheiro na sala de parto no momento do nascimento de seu
filho? Ressalta-se aqui, as entrevistas duraram em média 40 minutos, sendo estas gravadas em
aparelho MP4 com aquiescência do entrevistado.
A entrevista deve ser compreendida como um encontro entre duas pessoas, face a
face, a fim de obter informações a respeito de um assunto que deseja-se compreender.
(MARCONI; LAKATOS, 2006). Segundo essas autoras, existem três tipos básicos de
entrevistas: a padronizada ou estruturada, na qual o roteiro norteador é previamente definido
pelo pesquisador; a despadronizada ou semiestruturada, que permite ao entrevistador explorar
33
mais amplamente as questões de pesquisa, desde que se tenha abertura para tal. Já o painel,
consiste em repetir perguntas aos mesmos entrevistados, objetivando comparar a evolução das
respostas.
Anteriormente à fase de coletar os dados, obteve-se autorização da diretora do
HUAB (ANEXO 1), parecer positivo do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (ANEXO 2) e anuência do entrevistado, mediante assinatura
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 3).
Informa-se que os princípios éticos envolvidos em pesquisas com seres humanos
foram respeitados, quais sejam: a autonomia dos sujeitos da pesquisa, a beneficência, a não
maleficência e a garantia da justiça e da equidade social em conformidade com a Resolução
196/96. (BRASIL, 1996).
Como forma de preservar o anonimato dos participantes foram
atribuídos nomes fictícios a eles.
A aproximação entre pesquisadora e entrevistado ocorreu após o parto, quando a
companheira era transferida para a unidade de puerpério. Nessa ocasião o homem já tinha
vivenciado o nascimento do filho, logo, era convidado a participar do estudo mediante
explicações quanto ao objetivo e importância de sua participação no mesmo. De acordo com a
positividade da resposta, a entrevista efetivou-se em uma sala reservada, tranquila sem
interferência de outrem. Desse modo, o entrevistado sentiu-se à vontade para responder aos
questionamentos. Salienta-se que os homens contatados mostraram interesse e não houve
nenhuma recusa em participarem da investigação.
3.5 TRATAMENTO DOS DADOS
Os depoimentos foram tratados em consonância com os preceitos da análise de
conteúdo de acordo com a técnica de análise categorial. Essa análise busca descobrir os
núcleos de sentido que estão contidos na comunicação e sua frequência de aparição representa
partes de maior significado para o objeto que se pretende analisar. (BARDIN, 2011).
Assim sendo, as entrevistas foram transcritos na íntegra logo após serem encerradas e
submetidos à leitura flutuante e exaustiva de modo a identificar as unidades de significados
contidas nas falas. Em seguida, fez-se referência aos índices e indicadores, ou seja, verificouse a ocorrência de repetição de palavras, expressões ou frases. Em seguida processou-se a
codificação, obedecendo à frequência com que cada palavra apareceu em realce. Para Bardin
(2011) a codificação constitui a fase em que os dados sofrem recorte, agregação e
34
enumeração, permitindo a representação do conteúdo dos depoimentos em determinado
contexto.
Uma vez codificados, os dados foram dispostos, originando três categorias temáticas
e seis subcategorias. Vale destacar que no presente estudo a categorização foi realizada
respeitando a semântica das unidades identificadas.
3.6 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados obtidos dos depoimentos foram analisados com base nos princípios do
interacionismo simbólico, proposto por Blumer (1969). Essa teoria tem suas raízes no Século
XIX, com George Herbert Mead, Charles Horton Cooley e W. I. Thomas, todavia, foi em
1937, que Herbert Blumer deu cunho ao termo intercionismo simbólico. (HAGUETTE,
2007).
Os precursores do interacionismo simbólico compartilham alguns pontos em comum:
a sociedade como processo, o indivíduo e sociedade estabelecem interação promovendo
influência um sobre o outro, auferindo destaque a valorização da subjetividade humana como
parte indispensável à formação do self social, bem como de seu grupo na sociedade. Nessa
discussão, a sociedade é entendida a partir de aspectos cooperativos que indivíduos criam
diante de relações com o outro. Visto isso, é através das relações estabelecidas entre humanos
que cada sujeito passa a perceber a intencionalidade de outrem e com isso, constrói respostas
embasadas em gestos simbólicos e passíveis de interpretações. (HAGUETTE, 2007).
Segundo Blumer, o interacionismo simbólico fundamenta-se em conceitos basilares.
O primeiro diz respeito à natureza do ser humano, que é agente da ação. O segundo revela que
a natureza da ação humana é consequência de um processo de interpretação. E o terceiro
apresenta a identificação da atividade humana como centro regulador da vida social.
(BLUMER, 1980).
O Interacionismo Simbólico é um referencial empregado para observação do
comportamento humano, cujo objetivo é desvelar a ação apreendendo o significado da
interação constituída entre indivíduos. (MATTOS, 2001). A interação social entre os sujeitos
se processa de forma contínua, permitindo aos atores interpretarem o mundo com o qual eles
interagem. Isso implica dizer que as ações em sociedade não podem ser apreendidas de forma
pré-estabelecida. (SANTOS, 19--?). A realidade do mundo com a qual os sujeitos interagem é
mutável e estende-se também as interações sociais.
35
De acordo com Blumer (1969), o interacionismo simbólico apoia-se na compreensão
das interações humanas, assim, tenta entender como os humanos interagem e interpretam a
realidade.
Com base nessa linha de pensamento vale destacar alguns conceitos relevantes para a
compreensão do interacionismo simbólico, segundo Blumer (1969):
 o símbolo é o conceito central da teoria interacionista. Símbolos são uma classe de
objetos sociais, usados para pensar, comunicar e representar, sem eles não ocorre
interação entre os sujeitos, são atribuídos a uma realidade vivenciada. Ressalta-se que
o ato de comunicar só é simbólico quando possui significação e intencionalidade. Os
símbolos são desenvolvidos através das interações estabelecidas socialmente;
 a self é um objeto que se origina na sociedade porque é definido mediante o processo
de interação com os outros. Além disso, se define como objeto porque tem relação
com aquele que interage. Segundo Mead interpretado por Haguette (2007) o self diz
respeito à interação do sujeito com o grupo social, bem como com ele próprio. O self
envolve duas fases analíticas: o eu e o mim.
O “eu” é o aspecto impulsivo,
desorganizado e não socializado da experiência humana. O “mim” é a representação
do outro aliado ao indivíduo. Desta forma, representa o consciente organizado do
humano, é o outro generalizado. O “mim” se funda da percepção dos outros acerca do
indivíduo;
 a mente representa a interação simbólica com o self a partir do momento em que as
interações humanas geram significados. O cérebro é necessário à mente, porém, ele
sozinho não constrói a mente. As interações que ocorrem no cerne da sociedade são
fundamentais a formação da mente. A mente é social quando se manifesta a partir do
instante em que o sujeito interage consigo mesmo por meio de símbolos, bem como,
surge da comunicação que o sujeito estabelece com os outros;
 a interação simbólica é o pilar da teoria interacionista, portanto, trata-se de um
conceito que para entendê-lo é preciso resgatar as três premissas do interacionismo
simbólico segundo Blumer (1969): o ser humano age com base nos sentidos que as
coisas tem para ele; o sentido das coisas surge da interação social estabelecida entre o
ser humano e outrem;
os sentidos atribuídos as coisas são manipulados e
transformados a partir dos processos interativos que os sujeitos estabelecem com as
coisas;
36
 enfim, a sociedade, é um processo dinâmico, originada através de consenso,
compreensões e, sobretudo, de sentidos compartilhados por meio das interações
estabelecidas. Assim sendo, o humano pode num processo de interação ser objeto de
suas próprias ações. Desta forma, a sociedade é o lócus onde o self se funde e
desenvolve suas potencialidades.
Dupas, Oliveira e Costa (1997) salientam que quando os indivíduos agem
coletivamente constroem uma sociedade. As autoras ainda evidenciam que através da
interação estabelecida com outros sujeitos é possível apreender o significado que o ser
humano confere a sua própria experiência. Para Brito e Enders (2011) a interação com o outro
acontece através de símbolos, ou seja, os sujeitos ao interagirem transmitem intenções para o
outro usando os gestos, e ao atingir um senso comum, um elemento linguístico se transforma
em símbolo. Os gestos para serem símbolos precisam ter significados para ambos os
envolvidos no processo interativo.
Dessa forma, os depoimentos dos participantes deste estudo tiveram seu conteúdo
expresso e interpretado e por fim analisados à luz do interacionismo simbólico proposto por
Blumer.
3.7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A discussão dos resultados teve como base os achados literários que envolvem a
assistência à mulher no parto, bem como, a humanização do pré-natal e nascimento.
37
RESULTADOS E DISCUSSÃO
38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA
A apresentação de dados sociodemográficos e reprodutivos dos depoentes objetiva
informar os leitores sobre aspectos característicos, porém sucintos dos atores sociais da
investigação.
A pesquisa contou com a participação de 12 homens que estiveram presentes à sala
de parto durante o nascimento do filho, com idade entre 22 e 45 anos de idade, predominando
a faixa etária de 22 e 29. Nesse sentido, os entrevistados encontravam-se na fase adulta,
levando a crer que estes têm maior responsabilidade com os aspectos inerentes à reprodução e
atividades trabalhistas. No que diz respeito ao número de filhos, 5 entrevistados afirmaram ser
pai pela primeira vez, os demais estavam assumindo a paternidade pela segunda vez.
No que concerne à renda familiar, ganhou destaque aqueles que recebiam de ½ a 1 ½
salário mínimo. Ressaltando que o valor do mesmo era de 545,00 reais. Os demais
entrevistados relataram que a sua renda era até 3 salários mínimos. Logo, evidenciou-se que
os participantes detinham uma renda baixa, característica da região onde foi realizada a
pesquisa, visto que parte da população vive de trabalho informal, especificamente da
agricultura familiar.
A profissão de agricultor sobressaiu-se entre os depoentes, porém outras foram
citadas, entre elas servente hospitalar, eletricista, técnico em agropecuária, balconista de
farmácia, agente de segurança penitenciária, servente de pedreiro e mecânico geral. Também
abordou-se o nível de escolaridade, merecendo realce o ensino fundamental completo, e uma
parcela mínima possuía nível médio.
Os homens pesquisados também estão apresentados aqui de acordo com o seu estado
civil. Nesse sentido, eles afirmaram conviver em união estável, sendo alguns casados. Quando
indagados sobre a experiência de já ter acompanhado o parto e nascimento de um filho,
apenas 2 responderam positivamente. Dessa forma, 10 participantes estavam vivenciando o
nascimento do filho pela primeira vez.
De modo geral, os dados retratam a realidade da população da região da qual os
entrevistados são provenientes. Contudo, admite-se que os mesmos apresentavam condições
favoráveis a sua presença em sala de parto, pois gozavam de perfeita condição de saúde e
apresentaram interesse em contribuir para esse estudo.
39
4.2 AS CATEGORIAS TEMÁTICAS E SUBCATEGORIAS
QUADRO 1 – Categorias temáticas e subcategorias. Natal/RN, 2011.
CATEGORIAS TEMÁTICAS
SUBCATEGORIAS
Importância da presença do homem Decisão de acompanhar a mulher em sala de parto
na sala de parto
Atitude do homem na sala de parto
Percepção do homem acerca do O trabalho de parto como sofrimento
processo parturitivo
Sentindo-se acolhido na sala de parto
Conhecimentos
do
homem Sinais de trabalho de parto
relativos ao trabalho de parto e
nascimento
Choro do RN como sinal de vida
Fonte: Dados da própria pesquisa
4.2.1 Importância da presença do homem na sala de parto
4.2.1.1 Decisão de acompanhar a mulher em sala de parto
Os depoimentos evidenciaram o fato dos participantes optarem por acompanhar a
mulher em sala de parto durante o nascimento do filho. Visto essa decisão ter partido deles,
admite-se que perceberam a importância da sua presença durante um evento considerado
importante para a vida do casal. O fato dos depoentes decidirem por acompanhar a mulher na
sala de parto decorre de um processo no qual foi estabelecido interação deles com eles
mesmos como pai e companheiro. Essa determinação, em alguns casos, foi incentivada pela
companheira, já que desejava estar com o companheiro presente no momento do parto.
Acho extremamente importante devido o apoio psicológico à mulher. A mulher
nesse momento precisa não só do apoio do marido, como a conversa, o diálogo com
40
a mulher, é de suma importância, tranquiliza mais a mulher. E, eu tenho certeza que
ela se sente 50% mais confortável com a presença do marido. (LUIS)
Minha esposa me incentivou. Eu não pensava muito nessa questão não. Ela já
falava para mim. Aí eu fiquei pensando, pensando, aí aceitei e não me arrependo
não. [...] Pra mim foi uma das melhores decisões que eu tomei em minha vida.
(GABRIEL)
A presença em sala de parto durante o nascimento do filho, faz com que o homem
sinta-se pai, permitindo aflorar sua sensibilidade ao ponto de perceber quão importante e
reconfortante é a sua presença para a companheira. Dessa forma, concebe-se que dar apoio e
estar junto da parturiente nesse momento foi para os entrevistados, envolver-se e
responsabilizar-se pelo nascimento. Conforme Ramires (1997), não é concebível que a
paternidade seja vista apenas do ponto de vista biológico.
O homem contemporâneo vem buscando construir uma paternidade ativa e isto
contribui para fortalecer sua vivência como pai e seu relacionamento com o filho que vai
nascer. Acredita-se que essa realidade o motiva a querer assumir um protagonismo cada vez
maior diante do fenômeno do parto. (BRANDÃO, 2009). Entretanto, a decisão masculina em
estar presente na sala de parto e acompanhar o nascimento do filho foi justificada pelo fato de
não haver outro familiar disponível para acompanhar a parturiente. Os depoentes, ainda
mencionaram a ansiedade de ver o filho imediatamente ao nascimento.
Eu acompanhei ela na sala de parto [...]. Não tinha outro familiar por perto e só eu
podia ficar aqui no momento do parto, aí foi o jeito eu participar [...]. (MANOEL)
[...] na hora me bate aquela ansiedade de ver logo, aí decidi. Também pensei que
ela gostaria que eu acompanhasse, aí tomei coragem e fui [...]. (JOSÉ)
Analisando as falas à luz do interacionismo simbólico, o companheiro/pai interage
com ele próprio, com a esposa e com o filho ainda no ventre materno, o que determina a sua
decisão de acompanhar o nascimento. Para Carvalho (2005), isso está vinculado à definição
que o homem atribui ao fenômeno do nascimento. Desta feita, ele define situações e passa a
agir em conformidade com o contexto no qual está inserido, ou seja, o nascimento do filho.
Eu acho muito importante a presença do homem nesse estágio, não apenas para
olhar meu filho ou minha filha nascer, mas para dar um suporte a mãe. (FELIPE)
41
A decisão de acompanhar o parto partiu de mim. Eu tinha vontade de acompanhar
ela. Eu tinha vontade de olhar a menina nascendo, mas é melhor a gente ficar do
lado dela mesmo, pegado na mão, porque é mais positivo pra ela, dá mais uma
força pra ela. [...] A pessoa acompanhando deixa ela muito mais a vontade,
confiante pra ganhar o bebê e ser tudo normal e não correr risco. (JOÃO)
Evidencia-se nos depoimentos que a decisão do homem em acompanhar a esposa
durante o trabalho de parto e parto ocorreu mediante a vontade de querer promover conforto e
disponibilizar apoio emocional a parceira. Sobre esse assunto, Lindner e Coelho (2006)
constataram que quando o homem decide participar do processo parturitivo ele está
vitalmente interessado e envolvido com o nascimento. Nesse sentido, traz-se as concepções de
Motta e Crepaldi (2005) que ressaltam a participação do homem no nascimento do filho como
um direito, cabendo a ele exercê-lo se assim o desejar. Dessa forma, entende-se que essa
participação não pode ser forçada e o apoio emocional a parturiente não deve ser visto como
uma tarefa obrigatória. No entanto, ele pode ser orientado a participar.
Outro fator que merece destaque, diz respeito à presença dos entrevistados como
possibilidade de a mulher não correr risco obstétrico e/ou a reduzir o coeficiente de
mortalidade materna.
Evita muitas coisas, evita de morrer, o marido influi muito estando perto da mulher.
[...] Aí a pessoa estando perto, ela fica vendo que você tá ao lado dela, aí corre tudo
bem. (JOÃO)
A fala desse entrevistado envolve aspectos intersubjetivos relevantes, isto é, o
cuidado com o outro. Essa maneira de se conceber tem raízes no âmago do depoente. Sob a
luz da interação simbólica pode-se denotar a emissão de respostas que supervalorizam a sua
presença na sala de parto. Os entrevistados perceberam que durante o parto os riscos são
iminentes, levando-os a reconhecer a necessidade de apoiar e passar segurança para a mulher,
e assim valorizaram a sua presença no cenário da parturição. Os aspectos elucidados nos
depoimentos corroboraram com a concepção de que a vivência do momento do parto é
intensa, porém os benefícios advindos da participação do acompanhante nesse processo são
incalculáveis. (ALEXANDRE; MARTINS, 2009).
Nessa discussão estudo mostra que a parturiente ao ser afastada da mãe, esposo ou
namorado, após a admissão na instituição, refere sentir solidão, tristeza e choro.
42
(RODRIGUES, 2004). Tratando-se desse assunto, Hotimsky et al (2002), afirmam que o
processo de dar à luz além de trazer solidão torna-se indicador de ampla vulnerabilidade para
a mulher. Essa situação tende a ser minimizada com a presença do companheiro na sala de
parto.
As respostas dos participantes desse estudo apresentaram consonância
com os
autores acima citados, quando referiram que sua presença na unidade de parto volta-se ao
apoio, deixando a mulher confiante para “ganhar o bebê”. Isso leva a refletir acerca da
importância de profissionais da saúde incentivarem a presença do acompanhante, desde o prénatal, fazendo com que pai e mãe sintam-se envolvidos com o processo reprodutivo.
Nesse sentido, a OMS (1996) recomenda que os serviços de saúde apoiem a
participação dos pais no ato do nascimento. Enfatiza também alguns benefícios para a
parturiente, oriundos da presença do acompanhante, quais sejam: menor tempo de trabalho de
parto, menos uso de medicamentos, redução de cesáreas, melhora na frequência do APGAR e
menor risco para desmame antes do bebê completar 6 meses de vida.
Conforme Jardim (2009) acompanhar a mulher durante o parto significa dar apoio,
estar junto e valorizar o contexto do processo de nascimento do filho, como também revelar a
satisfação paterna em poder compartilhar esse momento com sua companheira. Autores
acrescentam que o homem almeja estar presente em todas as etapas do processo parturitivo a
fim de assumir a posição de pai, ao mesmo tempo em que a mulher torna-se mãe. Além de
apoiar a companheira, esse é um momento crucial para ele, haja vista sentir-se participante
desse evento peculiar ao ser feminino. (ESPIRITO SANTO, BONILHA, 2000).
Contudo, a presença do homem em sala de parto não é resumida em oferta de apoio,
mas em compartilhar e corresponsabilizar-se com a experiência da parturição. Assim, é
necessário vivenciar o parto de forma completa, por inteiro, acreditando que a partir desse
fato, nascerá um novo homem, um novo pai. Vale ressaltar, que estar junto à mulher durante
os períodos clínicos do trabalho de parto envolve um processo de interação influenciando o
seu cotidiano.
A efetiva presença do companheiro no contexto do parto requer das unidades de
saúde condições apropriadas, desde recursos humanos aptos ao acolhimento desse homem, até
uma estrutura física com recursos e equipamentos adequados para a assistência ao casal.
(CARVALHO, 2005; CARVALHO; BRITO, 2011).
A unanimidade dos participantes expressou a importância do companheiro estar
presente em sala de parto e acompanhar o nascimento de seu filho, com isso, recomendaram a
presença de outros homens durante o processo da parturição de suas respectivas
43
companheiras. A decisão de vivenciar esse momento é importante para a mulher, criança e
para ele próprio, conforme as falas seguintes:
Todo homem tem que acompanhar a sua esposa porque é mais um voto de confiança
pra ela, para a sua esposa ficar bem. Tem que acompanhar ela na sala de parto, é
bem interessante e é bem uma ajuda pra ela que vai ganhar nenê. Ela fica bem
confiante e ocorre tudo bem. (JOÃO)
Eu recomendo que o homem vá que participe, porque é sua parceira de muito
tempo, de ter filho, é seu filho que tá nascendo, não é um filho estranho, é seu filho
que tá nascendo. Tem que ter o pensamento que não foi só ela que fez o filho, foi eu
e ela, eu sou responsável também, eu sou pai e ela é mãe. Tem que tá no meio
também. (ANDRÉ)
Os depoentes ao recomendarem outros homens a se fazerem presentes na sala de
parto demonstraram reconhecer a responsabilidade paterna desde o nascimento. Ademais,
participar do parto favorece a interação precoce com filho e estabelece um sentimento de
cuidado específico para com a mulher.
Os vínculos entre pai e filho são estabelecidos quando este ainda está no útero
materno. Rodrigues (2006) defende que no útero, o feto está apto a sentir, ouvir e distinguir a
voz paterna da materna. A paterna apresenta-se mais aguda e a materna mais grave. Após o
nascimento o bebê transforma a forma de ouvir, passando a distinguir a voz do pai e da mãe
que neste momento se apresentam aos seus ouvidos como grave e aguda, respectivamente.
É sabido que os vínculos entre pai e filho podem ser estreitados quando o homem
tem a oportunidade de vivenciar o parto junto com a mulher. Uma vez estabelecido esse
vínculo precoce ele será mais ativo e mostrar-se-á preparado e disposto a participar dos
cuidados com o bebê. Percebe-se que os sentidos atribuídos pelos entrevistados a sua presença
em sala de parto durante o parto e nascimento são manipulados e modificados através de
processos interativos e interpretativos utilizados por eles na situação em que se encontravam,
ou seja, cenário da parturição.
Ainda se reconhece que as concepções de gênero influenciaram a decisão do homem
em participar do parto, pois consideraram a sala de parto como ambiente estritamente
feminino. Esse entendimento está arraigado ao longo da histórica e culturalmente definido.
44
Como é um local pra ter filho tem que ser mulher, um local que tenha muita mulher
eu não queria tá ao lado dela [....]. Tinha interesse em ver. Como só tinha mulher
eu imaginava que tava tudo junto. (FELIPE)
O meu medo foi de não querer ver o nascimento porque ali é uma sala íntima, né?
(TADEU)
Os depoentes demonstraram interesse em participar do parto e nascimento, porém
deixaram evidente o receio de estar presente em um ambiente dito íntimo e feminino. Dessa
forma, observou-se a influência exercida por concepções sociais que estabelece diferenciação
entre ambiente masculino e feminino. Visto isso, cabe aos serviços de assistência ao parto
dispor de profissionais habilitados, a fim de desenvolverem ações com equidade entre
gêneros.
Nesse sentido, salienta-se que o incentivo a inclusão de homens nas ações de saúde
reprodutiva está explícito nos princípios norteadores do PAISM bem como nas diretrizes do
SUS, quais sejam, a universalidade, equidade e integralidade das ações de saúde. É
compreensível que a maternidade é de responsabilidade do casal, logo, a presença do homem
como acompanhante da mulher em todo o ciclo reprodutivo, deve ser incentivada. (BRASIL,
1984; OMS, 1996; GALASTRO; FONSECA, 2005). Mediante tal entendimento, é imperativo
a adoção de práticas incentivadoras à participação masculina durante a gestação, parto, pósparto e aleitamento materno não de forma impositiva, mas que valorize as suas diferenças,
singularidades, subjetividade, suas crenças, anseios e as necessidades de conhecimento sobre
os aspectos imbricados no ciclo gravídico puerperal.
Observa-se que o fato dos entrevistados terem relatado a sala de parto como lugar
apenas de mulher, leva a perceber a carência de informação sobre este ambiente. Visto isso,
aconselha-se que durante o pré-natal os profissionais de saúde incentivem a visita do casal a
maternidade, na qual a mulher será assistida por ocasião do parto. Nesse sentido se faz
necessário resgatar o enfoque sobre o ser masculino e feminino na busca de consolidação da
equidade entre gêneros, de forma que o homem possa acompanhar a mulher durante o parto e
não incorporar um pensamento machista de que sala de parto é lugar apenas de mulher.
De acordo com Galastro e Fonseca (2007) os estereótipos de maternidade e
paternidade cristalizados na sociedade são considerados como naturais ao longo dos tempos.
Nessa visão, o modelo de pai habitual é aquele que o homem provê, sustenta, protege e não
45
demonstra emoções. Enquanto isso, o modelo de maternidade é conduzido pela concepção de
que a mulher cuida e a condição de parir é a própria identificação do ser feminino.
De modo geral, os entrevistados reconheceram a influência das concepções de
gênero como entraves à participação em sala de parto, pois expressaram o desejo de que tabus
velados no contexto sociocultural de que homem não deve participar do parto sejam abolidos
do contexto social.
A gente tem que quebrar esse tabu de tá longe, de não assistir a mulher ter menino.
Tem que quebrar esse tabu. [...]. O homem é esse, a gente tem que quebrar esse
tabu de não querer assistir parto. Tem que ser um homem pra enfrentar todas as
coisas. (LUIS)
Segundo Nogueira (2006), tabus são ditos relacionados aos “profanos”, possuem
significado de proibição de que alguém venha a aproximar-se e tocar objetos, pessoas ou
lugares considerados sagrados. Portanto, estes dividem o mundo e os indivíduos,
qualificando-os em puros e impuros, sagrados e profanos. Essa autora, considera o parto como
evento sagrado, mas acrescenta mesmo sendo um fenômeno sacro, precisa ser vivenciado sob
a ótica do pai acompanhante.
Fica evidenciada a concepção dos depoentes de que o parto como fenômeno pode
reforçar a masculinidade e o conceito de gênero arraiga-se no meio social, visto que, segundo
eles, é preciso ser forte e corajoso para confrontar-se com esse momento.
4.2.1.2 Atitude do homem na sala de parto
Com relação a essa subcategoria, os homens revelaram com seus depoimentos
condutas que dizem respeito à atitude tomada por eles no contexto da sala de parto, mediante
a importância atribuída a sua participação na cena do parto.
Quando entrei na sala de parto, assim, fiquei calmo, porque se eu demonstrasse
outra coisa, aí. Eu tava um pouco, um pouco não, eu tava muito nervoso, mas eu
tinha que demonstrar para ela que tava calmo para ela não entrar em desespero,
essas coisas. Não tive orientação de nenhum profissional. Só que eu fiquei do lado
dela [...]. (MANOEL)
46
Aí, levamos ela pra uma sala, ficou eu e ela lá, chegou uma enfermeira plantonista
lá, deu os procedimentos, eu também já sabia, já comecei a fazer massagem nas
costas dela. E tinha a bola, a bola foi muito importante, quando ela sentava na bola
foi muito importante, agiliza mais o processo conclusivo. Sempre massageando,
brincando e conversando com ela, dizendo: vai dar tudo certo. (LUIS)
É constatado pelos depoimentos que os companheiros ao envolver-se no nascimento,
adotaram atitudes de zelo, passando a assumir os cuidados ao bem estar da parturiente.
Segundo Boff (1999, p.33), “cuidar é mais que um ato; é uma atitude.” O cuidar possui
abrangência de atenção, zelo e desvelo pelo ser cuidado. O cuidar do outro, traduz-se em
ocupação, responsabilidade e envolvimento afetivo entre o que cuida e quem é cuidado. Para
esse autor, a atitude é fonte, e como tal gera atos. Esses podem ser expressos em atitudes de
cuidado. Portanto, o cuidado é a própria essência humana.
Os participantes observaram que as atitudes de cuidado foram entremeadas por
sentimento de nervosismo diante do parto. Mesmo assim, demonstraram coragem e calma, a
fim de não deixar transparecer para sua mulher a angústia sentida naquele momento, diante do
desejo de mantê-la calma e tranquila. Embora um dos depoentes tenha relatado não ter sido
orientado pela equipe que o recebeu, comportou-se de maneira favorável a passar segurança
para sua mulher. Essa forma de agir leva ao entendimento de que ele respaldou-se em
concepções culturais nas quais o homem é considerado como forte e inabalável.
Os sentimentos emocionais referidos pelos homens evidenciam a magnitude da
parturição para o acompanhante. Desta feita, surgem sensações agradáveis e desagradáveis, o
que reforça o sentido desse momento como algo transitório na vida dos envolvidos.
(ALEXANDRE; MARTINS, 2009).
Vale ressaltar que os profissionais atuantes no hospital, cenário desse estudo, adotam
uma postura de incentivo à participação masculina durante o parto. Dessa forma, a parturiente
uma vez admitida na instituição, logo é acompanhada pelo parceiro, que junto a ela, apoiandoa no pré-parto, parto e pós-parto. Recebem também orientações sobre as atitudes a serem
tomadas frente à parturição e são convocados ainda a familiarizar-se com a sala de parto antes
do período expulsivo. Contudo, a falta de orientação ressaltada por um dos entrevistados. Tal
acontecimento leva a refletir sobre os fatores impeditivos dos profissionais a não orientarem
aquele homem para o momento específico da parturição de sua companheira.
Também identificou-se nas falas dos participantes o conhecimento sobre os
benefícios da bola de bobat, das massagens lombossacrais e do apoio emocional ao fazerem
uso de palavras positivas como “vai dar tudo certo”, durante o trabalho de parto e parto.
47
Eles demonstraram reconhecer que os exercícios praticados na bola pela mulher acelera o
trabalho de parto e o período expulsivo ocorre mais rapidamente. Assim sendo, a forma como
a paternidade é experienciada encontra-se em transformação e a participação do pai no âmbito
da sala de parto constrói-se cotidianamente. É imprescindível considerar que o pai está
envolvido emocionalmente na parturição e, simbolicamente, parindo junto à mulher.
A gente que se volta psicologicamente para a mulher naquele momento sente as
dores também, a gente sofre, a gente fica todo dolorido, fica com as pernas doendo,
é show, é show. Parir assim é importante demais. [...] Quando ela pari a gente tá
parindo também. (LUIS).
A experiência com o parto e nascimento resulta em homens comprometidos com a
saúde e a qualidade de vida de toda família. (TOMERELI et al, 2007). Dependendo do
contexto cultural, o evento do parto é apresentado como um momento exclusivamente
materno ou paterno, onde o pai desempenha papel simbólico mais importante. Na cultura
ocidental, vários estereótipos apresentam-se diante do parto, um deles consiste em considerar
que este evento é especificamente feminino. É um fenômeno dramático no qual a mãe se
separa da sua carne, de uma parte de si mesma, isto se configura no instante em que o cordão
umbilical é cortado. (PARSEVAL, 1986).
O depoente deixou transparecer o nível de envolvimento com o ato de parir, pois
além de atribuir ao parto um significado que envolve positividade, colocou-se numa posição
de parturiente também, isso reflete a importância da presença do homem naquele momento.
Mediante a esse fato, concebe-se haver um processo interacionista entre ele, a mulher e a cena
do parto, levando-o a vivenciar os desconfortos do trabalho de parto como se fosse inerente
também ao ser masculino. Dessa forma, estar presente no cenário da sala de parto passa a ter
o sentido de envolver-se e responsabilizar-se com esse fenômeno.
Eu fiquei inicialmente ao lado, segurando a mão dela e, quando começou mesmo o
processo de parto eu fui dar uma olhadinha ainda quando tava, quando apareceu a
parte dos ossos do crânio, aí fiquei receoso com medo de passar mal, aí me
posicionei ao lado mesmo [...]. Eu tava curioso, eu tava ansioso para ver meu filho.
[...] tentava confortar ela, fazia bastante massagem [...] e dando apoio moral
mesmo. (JOSÉ)
[...] Eu não fiquei na parte da frente, eu fiquei na de trás. Eu não vi nada da parte
do médico, pra tirar o menino, só vi a parte de lado. Naquela hora eu não pensava
48
em ver não, eu só queria ta perto dela, ta confortando ela no momento que ela tava
sentindo aquelas dores. [...] (ANDRÉ)
Admite-se que atitudes do companheiro frente ao trabalho de parto e nascimento são
voltadas para ajudar e confortar a parturiente. Nesse sentido, os entrevistados procuraram
posicionar-se de maneiras diversas, ora ao lado da mulher, segurando sua mão, gesto este, que
pode estar fundamentado na preocupação em passar segurança à sua companheira até a
resolução do parto. Ademais, tentaram promover conforto físico através das massagens
lombossacrais, as quais são reconhecidas pela OMS (1996), como um dos métodos não
farmacológicos para o alívio da dor.
O fato de um dos depoentes ter afirmado preferir ficar ao lado da companheira pode
estar relacionado com a posição adotada e a dilatação vaginal inerente ao parto. Acredita-se
que esteja condicionada ao sentimento de pudor da companheira, visto a posição ginecológica
poder desencadear na mulher constrangimento que a leve a não desejar o companheiro na sala
de parto, consequentemente, influenciá-lo a não visualizar o transcorrer do período expulsivo.
Eu com vergonha de tá olhando ela em cima de uma mesa, naquele estado todinho.
(ANTONIO)
Evidencia-se que o envolvimento do homem com a cena do parto impulsiona-o a
ultrapassar sua posição de acompanhante. Entretanto, com humildade e reconhecimento ao
saber médico, percebeu a importância de se adotar técnicas assépticas na assistência a
parturiente.
Eu queria até dá uma de médico, aí o médico disse peraí rapaz essa não é sua parte
não, você tá mexendo no canto errado aqui. Cadê a luva, cadê a sua luva. A gente
realmente tem que ter os cuidados, né? Pra que o nascimento seja correto, os
procedimento muito bem adotados. (LUIS)
O depoimento em apreço, retrata a autoridade profissional do médico quando na sala
de parto, ainda comum em instituições que atendem a mulher em condição de parturiente.
Convém destacar que atitude de poder, soberania e dominação na sala de parto tende a
contribuir para a não participação do homem no cenário parturitivo. Pois, uma atitude
impositiva pode implicar no afastamento de outros homens, considerando que a experiência
vivenciada tende a ser repassada para outrem em situação semelhante.
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Na sala de parto o médico ainda assume o papel de figura central, ao qual cabe
direcionar os procedimentos e o tempo de ocorrência do nascimento. Enquanto isso, a
parturiente é vista como paciente colaborativa, cabendo ao acompanhante à tarefa de
contribuir para permanência dela nessa condição. (NAKANO et al, 2007). Salienta-se que
quando um profissional de saúde age com soberania estará contribuindo com a
desumanização do parto e nascimento, precisando rever as atitudes norteadoras do seu
processo de trabalho.
Os entrevistados também expressaram a fé que orienta sua religiosidade.
Dizia muito a ela, tenha força, tenha paciência, se pegue com Deus que Deus vai
ajudar, por que a gente é cristão católico, sempre palavras de conforto pra
minimizar mais as dores que ela estava sentindo naquele momento. (ANTONIO)
Eu falava pra ela que o principal daquela hora era ela ter fé em Deus
primeiramente, que tudo vai acontecer como Jesus planeja, da forma que a gente
quer. Pedia a Deus que desse tudo certo, que ela tivesse a tranquilidade, e sempre
brincava com ela, vai dar tudo certo, vamos ter outro. [...] Eu dizendo a ela, vai dar
certo, vai dar certo, respire, faz força, faz bastante força. (LUIS)
Como anunciado nas falas a preocupação dos companheiros em promover conforto à
parturiente despertou nos mesmos a expressão da fé, no intuito de que os desconfortos
sentidos pela mulher fossem minimizados naquele momento. Ainda evidenciou-se o medo de
que algo viesse a dar errado. Nesse sentido, o estudo explicitou que os homens diante da
parturição deixaram aflorar sua religiosidade realçada na fé como algo impresso no seu
íntimo, ajudo-o a enfrentar as situações intrínsecas ao nascimento do filho, corroborando
assim com Carvalho (2005).
Apesar de mostrarem-se fortes e determinados, sendo sujeitos ativos no evento da
parturição, os companheiros sentiram-se impotentes em meio à diversidade de sintomas
oriundos do trabalho de parto. A interação deles na sala de parto, foi estabelecida diante da
impossibilidade de minimizar os desconfortos vivenciados pela parturiente.
[...] Era aquela dor grande e eu lá no meio. Eu via tudo aquilo e não podia fazer
nada. Na hora eu dizia tenha fé em Deus que vai dar tudo certo, se Deus quiser você
vai ter esse menino em paz. (ANDRÉ)
50
Considera-se que a condição de impotência referida pelo respondente estava atrelada
a carência de conhecimento sobre questões
relativas ao fenômeno do parto. Esse evento
envolve grande teor emocional tanto para a parturiente quanto para o acompanhante. Dessa
feita, é reconhecida a importância de incluir o homem nos grupos ou cursos de gestantes,
espaços para construção de conhecimentos e trocas de experiências, podendo influenciar a
participação do companheiro no momento do parto.
Nesse sentido, mesmo salientando a impossibilidade de tomarem decisões diante do
parto, os depoentes demonstraram atitudes que certamente ajudaram a parturiente a enfrentar
os desconfortos do trabalho de parto.
4.2.2 Percepção do homem acerca do processo parturitivo
4.2.2.1 O trabalho de parto como sofrimento
Ao acompanhar a mulher durante o trabalho de parto e parto, os depoentes
perceberam esses períodos como algo que conduz a mulher a sofrimento físico e por
envolverem-se com a parturição, passaram a sentir os desconfortos desse acontecimento.
Aí ela passou o domingo, a noite inteira acordada, ela sentindo dor, eu também não
consegui dormir. [...].Veio dá a luz na terça-feira de 1h30 da manhã. Aí eu fiquei
em dúvida se era pra ser cesárea. Ela sofreu muito. (MANOEL)
Quando ela tá sofrendo eu to sofrendo as dores. Quando ela ta sofrendo a gente não
fica bem, assim, a barriga dói, eu sinto que uma coisa também dói aqui na minha
barriga. (LUIS)
O sofrimento é considerado um fenômeno inseparável à existência humana, pois
relaciona-se com a dor física, moral, angústia, medo, tristeza, doença, fome, sede, frio, calor e
morte. (FAITANIN, 2006). Segundo Bezerra e Cardoso (2006), há um entendimento passado
de geração à geração de que o parto é momento de dor, podendo desencadear um sentimento
de medo nas gestantes, e assim dificultar o processo da parturição. Visto o parto simbolizar
sofrimento, deve-se respeitar a dor referida pelas parturientes de acordo com seus limites, pois
51
as mesmas precisam de ajuda e apoio, como também necessitam e depositam confiança nas
pessoas que delas cuidam.
Os depoimentos remetem a síndrome couvade ou choco, a qual é evidenciada quando
o homem age como se ele estivesse gestante. Envolvendo-se com o processo gestacional ele
passa a sentir desconfortos próprios ao ciclo gravídico puerperal. Pode ocorrer a frequência de
dores estomacais, lombares e renais. Alguns homens quando desenvolvem essa síndrome
chegam a apresentar um aumento do abdome, simulando uma gravidez. Vale ressaltar que na
sociedade contemporânea, a couvade é relacionada à mobilização de sentimentos, à fantasias
e desejos inconscientes em relação à gravidez. (REIS, 2003).
As concepções que envolvem o ato de parir como momento de dor já estavam
presentes desde os tempos remotos, o que se afirma no livro de Gênesis da Bíblia Sagrada ao
ressaltar “com dor terás filhos”. (BÍBLIA, Gênesis, 3: 16). A dor do parto para algumas
mulheres é intensa, sofrida, desgastante e aterrorizante, levando-a a optar pela analgesia e
cesárea, que na concepção delas poderiam aliviar o sofrimento. Isto fez com que a cesariana
tornasse uma solicitação frequente e praticada na obstetrícia, acarretando um problema de
saúde coletiva. (RUANO et al, 2007).
A presença do pai no parto coopera para que a dor da parturição se torne mais
suportável. Uma vez presente no parto, o homem deve valorizar os esforços da companheira e
ajudá-la também no puerpério. (DINIZ; DUARTE, 2004). Os depoentes foram enfáticos ao
afirmar que o sofrimento vivenciado pela companheira os conduziu a experienciar sofrimento
semelhante. As falas revelaram que os homens angustiaram-se ao presenciar o trabalho de
parto demorado, levando-os a ficar em dúvidas sobre qual tipo de parto seria mais
conveniente para sua esposa. Cabe então, aos profissionais de plantão, orientá-los sobre as
fases clínicas do parto, assim como dos procedimentos a serem adotados, pois cada trabalho
de parto é diferente do outro.
Analisando os depoimentos em uma abordagem interacionista, o parto como
sofrimento pode ter suas raízes em concepções culturais na qual está inserido, pois reconhecese que as percepções elaboradas por outros que vivenciaram a cena do parto são repassadas
para as gerações seguintes e a partir delas os homens passam a considerar o parto como
sofrimento.
Carvalho e Brito (2011) salientam que o homem acompanhante define o trabalho de
parto como sofrimento, o que o conduz a expressar compreensão, solicitude, tolerância e
apoio a fim de contribuir para o bem estar da parturiente. É sabido que o parto apresenta-se
como um momento de resolutividade da gestação, no qual tabus e significados relativos a esse
52
processo tendem a gerar nos homens acompanhantes insegurança e incerteza. Diante disso,
faz-se necessário um novo olhar para o companheiro durante o ciclo gravídico puerperal,
viabilizando cuidado e atenção para o casal, ao alívio das tensões e opressões evidenciadas
durante o trabalho de parto. Assim sendo, cabe aos profissionais de saúde, implicados na
assistência à mulher durante o ciclo gravídico-puerperal, traçar metas e ações voltadas para os
companheiros, de modo que, apoiem a mulher no processo de nascimento do filho.
(CARVALHO et al, 2009).
Ao estar presente no acompanhamento da fase ativa do trabalho de parto, onde as
contrações acontecem com mais frequência e a companheira necessita de apoio, os
entrevistados passaram a reconhecer esse momento crucial para percebê-la como figura
importante em sua vida.
O cara ver as dores, o sofrimento que uma mulher passa não é brincadeira não.
Para mim foi muito importante estar presente. Apesar de 45 anos, sei que eu já dei
muito desgosto a minha mãe, mas agora eu sei o que é uma mãe, reconheço.
(TADEU)
[...] eu acho que o homem não tem ideia do quanto que a mulher sofre. Aí a
presença dele, ele vai enxergá-la de um jeito diferente, acho assim. (MANOEL)
Ao presenciar o trabalho de parto e parto da companheira, os depoentes reportaramse ao passado e adotaram um novo olhar sobre sua própria mãe. Assim, revelaram novas
concepções tanto da mãe quanto da parceira a partir da experiência vivenciada. Essa mudança
é compreensiva quando leva-se em consideração a dinamicidade do processo interativo. A
interação dos entrevistados com a cena do parto demonstrou que o presente interage com o
passado e vice versa, promovendo mudanças de concepções.
Nessa abordagem, Alexandre e Martins (2009), afirmam que o homem ao assistir o
parto da companheira desenvolve sentimentos de valorização à vida da mulher e passa a
reconhecer seu papel de acompanhante no trabalho de parto e parto e ainda disponibiliza
apoio e segurança à mulher. Segundo Merighi e Gualda (2009), a tendência da assistência à
parturiente implica valorização da mulher, abordagem familiar e orientação para a saúde,
priorizando os aspectos preventivos, educativos e relacionais, como também a segurança da
mulher. Com esse entendimento, concebe-se que os homens ao vivenciar o processo de
53
nascimento passarão a reconhecer sua esposa como merecedora de esforço e dedicação como
mencionado pelos participantes deste estudo.
Os depoimentos denotaram que a visão dos entrevistados sobre sua respectiva
companheira modificou-se com o processo interativo estabelecido durante a vivência do parto
e nascimento. Convém referir que apesar das evidências científicas mostrarem que o uso de
ocitocina e outros métodos farmacológicos interferirem no processo fisiológico do parto, isso
ainda está arraigado na cultura medicalizante de alguns profissionais.
A aceleração do
trabalho de parto e parto levou o acompanhante a considerar que esse procedimento
contribuiu para o aumento da dor.
Depois de 8 cm não andou mais, foi o resto do dia todo ela sofrendo, aí teve que ir
para o soro acelerado, aí foi mais dolorido, só a misericórdia, foi muito dolorido,
muito forte [...]Durante o parto foi sofredor. (TIAGO)
Reconhece-se que mesmo nas instituições que adotam práticas humanizadas da
assistência à saúde, baseadas em evidências científicas, a transformação do modelo
assistencial na obstetrícia ainda representa um desafio urgente. Assim sendo, requerer
empenho tanto daqueles que assumem funções de gestão quanto dos profissionais militantes
nessa área da atenção à saúde. (VOGT et al, 2011). Mediante essa concepção, tem-se a
necessidade premente de valorizar, sentimentos e percepções da parturiente e do
companheiro, quando acompanhante em sala de parto, a fim de estabelecer interação empática
entre quem cuida e quem é cuidado. Nesse processo, reconhece-se que o homem ao cuidar da
companheira durante o processo parturitivo requer cuidado, pois também fica vulnerável
diante do trabalho do parto.
É sabido que o cuidador é sujeito de toda ação de cuidado, porém ocupa o espaço de
objeto quando é receptor ou almeja ser cuidado por outra pessoa. Constitui-se no regente de
uma ciranda que envolve-o em construções sociais e culturais, dicotomias de necessidades e
demandas, como também solicita aproximação de outros e mantém vínculos interpessoais.
(MARQUES; SELLI, 200-?). Concordando com Waldow (2001) o cuidado enquanto essência
humana, manifesta-se a partir de ações interativas, as quais estão calcadas em valores do ser
que cuida para com o ser que é cuidado, o qual, por sua vez, tende a exercer atitudes de
cuidador. Esse processo ocorre quando o indivíduo percebe a necessidade de cuidado e
responsabiliza-se, em certa medida, por seu próprio cuidar (WALDOW, 2001).
54
A presença do companheiro durante o trabalho de parto e parto, dando apoio
emocional e psicológico, constitui-se em desejo de algumas mulheres. Entretanto, por vezes,
os homens não querem ou ficam impossibilitados de acompanhá-las, durante a internação e
trabalho de parto e parto. (BESSA, 2002). Dessa forma, no contexto do nascimento os
profissionais envolvidos na atenção à parturiente devem estar atentos para os desejos,
dificuldades e necessidades dos atores que constituem o cenário da parturição.
4.2.2.2 Sentindo-se acolhido na sala de parto
Os homens ao assumirem o papel de cuidador na sala de parto receberam cuidados e
atenção da equipe que desenvolvia suas ações naquele local. Pois as concepções inerentes ao
acolhimento estiveram presentes nos discursos, quando os entrevistados associaram a
qualidade da assistência ao acolhimento recebido.
A assistência prestada a ela foi média pela demora do parto dela [...] poderia ter
sido agilizado alguma coisa, eu acho. [...] Não me orientaram, foi bom porque eles
contribuíram para o nascimento dela, mas acho que poderia ficar melhor, poderia
ser melhor.[...]. (MANOEL)
A assistência se eu for contar de uma a dez para mim foi dez, tanto na hora que a
gente chegou até o nascimento, até a saída da criança, foi ótima, foi muito bem os
profissionais, tanto da recepção quanto os profissionais lá dentro. Foram muito
legais na hora da visita, não tinha nenhum abuso, atendia muito bem, aliás,
atendem muito bem, pra mim foi ótimo. Me senti bem acolhido . (TADEU)
Eu acho que a assistência foi excelente, muito bom mesmo. Eu nunca fui em outra
maternidade ver, mas o que eu escuto de relato de algumas pessoas é o que passou
ou deixou de passar nas maternidades e o que eu passei foi muito interessante, fui
muito bem recebido, não só eu como pai, mas minha esposa. (FELIPE)
Considerar a assistência de qualidade significou, na concepção dos depoentes, a
atenção que os profissionais de saúde direcionaram à parturiente e eles próprios. Isso leva a
crer que foi estabelecido um vínculo terapêutico entre aqueles que estão sendo cuidados,
acompanhante e parturiente.
55
O Ministério da Saúde ressalta sobre acolhimento, ao discorrer que uma assistência
humanizada de qualidade no pré-natal, parto e puerpério é essencial para atenuar agravos
materno-fetais. Ademais, preconiza a inclusão de medidas de prevenção e promoção da saúde
em detrimento da assistência estritamente biológica e curativa. (BRASIL, 2005).
Os depoimentos deixaram transparecer que a forma como os entrevistados
conceberam a assistência prestada na sala de parto, relacionava-se com o tempo de duração do
trabalho de parto da sua companheira. Desse modo, admite-se que isso poderia ser
minimizado se informações detalhadas tivessem sido repassadas sobre as ações desenvolvidas
durante o processo parturitivo, sobretudo acerca da fisiologia do trabalho de parto. O
companheiro enquanto sujeito atuante na sala de parto carece de atenção, de ações
acolhedoras, que o inclua decisivamente no contexto do nascimento. Portanto, o homem,
enquanto ser singular requer direcionamentos específicos a ele na ocasião do nascimento do
filho.
O Ministério da Saúde reconhece a importância da presença do companheiro ou
acompanhante de escolha da gestante no momento do parto. Em 2000, regulamentou, por
meio da portaria nº 569 de 1º de junho de 2000, que as instituições de saúde devem
possibilitar à gestante o direito a ter um acompanhante no pré-parto e parto na perspectiva da
humanização da assistência. Nessa direção, foi aprovada a Lei 11.108/2005, que explicita o
companheiro como um dos possíveis acompanhantes da mulher, durante o pré-natal, parto e
puerpério imediato, desde que ela assim o deseje. (BRASIL, 2000; BRASIL, 2005).
No entanto, apesar dos esforços governamentais, percebe-se que a humanização da
assistência ao nascimento, como é preconizada pelo Ministério da Saúde, ainda não condiz
com a realidade de alguns hospitais brasileiros. Apesar dos profissionais terem claro os
aspectos da humanização, apontam dificuldades para mudar suas práticas assistenciais
voltadas para um atendimento humanizado e qualidade para a mãe, recém-nascido e família.
(SOUZA; GAÍVA; MODES, 2011).
Destaca-se que a assistência prestada à mulher no momento do parto no hospital
pesquisado, foi considerada pela maioria dos depoentes como excelente, com boa qualidade
do serviço prestado, tanto à parturiente quanto ao pai acompanhante. E, segundo eles, por já
terem informações prévias sobre o atendimento na referida instituição, foi fator condicionante
para que o casal buscasse esse serviço no momento do nascimento do filho.
56
A assistência foi muito boa. Todo mundo tratou ela muito bem, do começo até o fim.
[...] Ela foi muito bem tratada. Em nenhum momento ela foi descartada, foi muito
bem tratada. (PEDRO)
A assistência eu achei boa porque foram atenciosos com ela e comigo também, eu
achei boa a atenção. (MATEUS)
Os depoentes num processo simbólico, estabeleceram interações com os
profissionais e com a sala de parto que foi considerada um espaço acolhedor. Ao vivenciarem
o nascimento do filho, os entrevistados estabeleceram interação, dessa forma, exerceram o
papel ativo como acompanhante na sala de parto.
A partir do momento que você entra na sala de parto você fica muito a vontade.
Você ver ali pessoas trabalhando com competência, divulgando o seu papel
seriamente, porque você sabe que ali é uma vida que vai nascer. O desenvolvimento
deles ali, pra mim foi tudo. Se tivesse que dar uma nota de zero a mil, eu daria mil.
(GABRIEL)
Entrar na sala de parto pra mim foi natural [...]. Me sentia como tava em casa
[...]um atendimento, um aconchego. A gente é bem recebido, então isso influencia
muito a pessoa que está chegando, tanto o companheiro como a esposa, a mulher
que vai parir. Só me sentia bem, tranquilo, nada me constrangeu não, na sala de
parto não. Eu me sentia como dono do recinto, da sala de parto. Eu andava por
todo canto. [...] eu era dono da sala de parto. (LUIS)
Defende-se que a assistência realizada pela equipe de saúde influenciou nos
depoimentos dos participantes da pesquisa acerca do próprio cenário do parto. Com isso, ele
passou a interagir com a própria ambiência onde se deu o processo parturitivo. A ambiência
da sala de parto é fundamental para o estabelecimento de interações entre os diferentes
sujeitos implicados na promoção de saúde reprodutiva, sejam eles profissionais de saúde,
parturiente e seu acompanhante. Por ambiência entende-se um tratamento singular dado ao
espaço físico/espaço social, profissional e de relações entre sujeitos que deve promover uma
atenção embasada no acolhimento, na resolutividade e na humanização da assistência.
(BRASIL, 2006a).
A ambiência é um dos princípios da Política Nacional de Humanização e a ela estão
integrados a confortabilidade do espaço representada pelos diversos elementos do ambiente
57
que proporciona a interação das pessoas para garantir o seu conforto. Possibilita a valorização
de subjetividades, os encontros entre sujeitos e beneficia a otimização de recursos, o
atendimento humanizado, acolhedor e resolutivo. (BRASIL, 2006a). Nesse contexto, admitese a sala de parto enquanto ambiente físico e social deve favorecer a integração de todos os
elementos constitutivos da ambiência, possibilitando uma assistência de qualidade à mulher,
ao seu companheiro e a criança que vai nascer.
Eu me senti acolhido na sala de parto. Eu tava interagindo com o pessoal, eles
estavam me perguntando, me fazendo perguntas, algumas coisas. Então, naquele
momento eu senti que eu tinha alguma importanciazinha ali. Fui recebido bem pelos
médicos. (FELIPE)
O depoente revelou que ao ser acolhido e interagir com os profissionais na sala de
parto, percebeu a forma como a sua presença no nascimento é valorizada. Isso ganhou
significado a partir das relações sociais estabelecidas naquele momento. Assim, os
entrevistados depararam-se com um ambiente favorável a sua participação ativa durante o
fenômeno do parto. Nesse sentido, Perdomini (2010) ressalta a importância dos profissionais
de saúde que cuidam da parturiente reconhecerem o homem como participante no parto,
sempre que estiver exercendo papel de acompanhante da parceira.
A participação dos pais no nascimento está prescrita diante do conceito de
humanização do parto e no crescente envolvimento de homens no cuidado com os bebês. Os
benefícios atribuídos a sua presença na sala de parto, traduz-se em vantagens significativas
para a tríade mãe, pai e filho. Ao participar do parto, o homem sente-se ativo, evitando
sentimentos de exclusão, muitas vezes descritos pela intimidade estabelecida entre mãe e
filho. Além disso, permite uma proximidade com o recém-nascido, uma vez que assiste aos
seus primeiros momentos. A presença do homem na sala de parto contribui para uma maior
aproximação do casal, fortalecendo a relação afetiva. (BRANDÃO, 2009). Nessa lógica, fazse necessário empreender esforços para consolidar práticas de acolhimento, respaldadas em
atitudes inclusivas, em ação de aproximação, bem como estar com o outro, estabelecendo
relações intersubjetivas. (BRASIL, 2006b).
O acolhimento, na visão dos depoentes, foi restrito apenas ao ambiente da sala de
parto, mas perpassou por todo o contexto hospitalar, como é preconizado pelo Ministério da
Saúde.
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Me senti bem acolhido, e bem acolhido. Teve uma recepcionista da área de lá que
parece que a cara caiu do céu, me deu a maior força para mim ir assistir o parto.
[...]. (TADEU)
Conforme os respondentes da pesquisa o acolhimento diz respeito à atenção
recebida no serviço de saúde. Como foi percebido houve um encontro entre sujeitos e este foi
decisivo para o homem estar presente em sala de parto. Diante disso concebe-se que a
interação estabelecida entre a profissional e o acompanhante, desde a sua chegada à
instituição, foi favorável a inclusão paterna no cenário do nascimento do filho.
Considera-se como positivas as atitudes que visam colocar o homem como sujeito
participante, envolvido com o parto, as quais devem fazer parte do cotidiano dos serviços de
assistência obstétrica. É necessário pensar o cuidado não apenas para a parturiente, mas que
este seja estendido ao companheiro, pois o homem precisa ser visto como sujeito de direitos
assim como a parturiente.
4.2.3 Conhecimentos do homem relativos ao trabalho de parto e nascimento
4.2.3.1 Sinais de trabalho de parto
Os depoentes demonstraram conhecer o trabalho de parto e, mesmo não estando
respaldados cientificamente, reconheceram o tempo certo de procurar a maternidade, pois
com seus conhecimentos de mundo, era chegada hora da mulher dar a luz.
[...] Ela sangrou, ficou saindo uma secreção dela, aí eu levei ela pro hospital de
Serra Caiada, lá eles não fazem parto, eles encaminham para Santa Cruz ou para
Natal. Aí, chegando lá a médica examinou e disse que já tava no tempo dela dá a
luz ou já tinha passado. (MANOEL).
[...] ela começo a ter as dores por volta de 4:30h da manhã aí a gente foi pra o
hospital lá de São Bento, a unidade mista de lá, chegando lá o médico examinou, fez
o toque, aí disse que tava com 5cm e que podia encaminhar para Santa Cruz porque
ela já tava em trabalho de parto, aí encaminhou pra cá. (ANTONIO)
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Alguns homens narraram o momento em que a mulher começou a apresentar os
primeiros sinais de trabalho de parto. Considera-se como sinais de trabalho de parto:
contrações uterinas dolorosas e rítmicas, no mínimo 2 em cada 10 minutos, as quais se
estendem em todo o útero e varia de 50 a 60 segundos; colo uterino apagado e dilatação de
2cm em primíparas, enquanto nas multíparas colo semiapagado com 3 cm de dilatação;
formação da bolsa das águas e perda do tampão mucoso. (REZENDE FILHO, 2008).
Admite-se que quando os depoentes perceberam os sinais de trabalho de parto da sua
companheira eles passaram a envolver-se e a interagir com a mesma no contexto da
parturição. Assim sendo as atividades desenvolvidas por eles foram norteadas por atitudes
interativas diante do sentido que o nascimento do filho teve para eles.
Esse entendimento se respalda na concepção de que o sentido dado aos objetos para
uma pessoa surge a partir do modo como estes são definidos por outrem. Desta forma, para se
compreender a ação dos indivíduos faz-se necessário a compreensão do seu mundo de
objetos. (HAGUETTE, 2007).
No processo da parturição os conhecimentos dos entrevistados foram fundamentais
para o casal aguardar em casa a confirmação dos sinais precisos de trabalho de parto,
evitando, assim, as idas e vindas da parturiente ao hospital.
[... ]eu sempre dizia: a gente vai ter que esperar o momento adequado, a hora certa
porque a gente já conhece mais ou menos, né? As dores, no período de 10 minutos,
as dores freqüentes de 3 dores, aí é quando começa a agravar mais, aí a gente se
descolamos pro hospital. [...]pra gente chegar realmente no momento certo, pra
gente não ter problema em relação a ta indo e voltando do hospital. (LUIS)
Em contrapartida, dentre os depoentes, houve quem revelasse desconhecimento e/ou
inexperiência com o trabalho de parto. Esse fato desencadeou idas e vindas dos cônjuges do
domicílio ao hospital, sob argumentos de que ainda não estava na hora.
Chegando aqui, ainda não era um momento certo de ir pro hospital, aí voltamos pra
casa, continuaram as dores o dia todo, a noite toda a gente passou em claro. Foi um
trabalho de parto para mim também. [...] as dores aumentaram. Sim, a gente não
percebeu que a bolsa tinha estourado, a gente meio sem experiência não sabia, mas
a bolsa estourou. A gente imaginou que tivesse sido a bolsa, aí a gente veio pro
hospital logo cedo de manhã. (TIAGO)
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Dessa forma, evidenciou-se a preocupação e cuidado do entrevistado para com sua
mulher na ocasião do trabalho de parto, compartilhando cada momento. Nesse sentido, o
companheiro deixou-se envolver com o processo parturitivo, chegando a coloca-se na posição
do outro e considerar que também estava vivenciando tal experiência.
De acordo com os depoimentos os homens confortaram a companheira em trabalho de
parto e, para isso, lançaram mão do diálogo, ressaltando palavras reconfortantes e
encorajadoras.
[...] As dores sempre era um pouco compassada, aí eu sempre conversando com
ela, dizendo que ela era uma mulher forte, vamos botar esse menino pra fora que
daqui a 3 dias nós vamos pra casa. (TADEU)
Considera-se que o companheiro é a primeira pessoa a disponibilizar apoio a
mulher, pois ambos vivenciam o trabalho de parto, haja vista que o homem/pai está ligado
afetiva e emocionalmente à parturiente e ao filho que estar por chegar. Ressalta-se que o fato
dos entrevistados morarem no mesmo domicílio lhe conduziu a responsabilizar-se em
acompanhar a mulher até o hospital. Assim, é necessário que, ao chegar nessa instituição, o
mesmo seja incentivado a permanecer ao lado da companheira do pré-parto ao pós-parto.
Conforme o Ministério da Saúde, o parto natural e a presença de acompanhante são
direitos constitucionais de toda mulher. (BRASIL, 2011). Entretanto, mesmo diante de
esforços dos órgãos federados em viabilizar a garantia dos direitos da parturiente, do
companheiro e da família, muitas vezes o homem é impossibilitado de acompanhar sua
mulher, visto algumas instituições, ainda insistirem em adotar o modelo de saúde centrado na
medicina e não nas necessidades do usuário.
Diante dessa realidade torna-se imperativo que instituições e profissionais de saúde
façam valer a Lei 11.108 de 7 de abril de 2005 e portaria nº 2.418/GM de 2 de dezembro de
2005, as quais tratam do direito da mulher ter um acompanhante quando em trabalho de
parto, parto e pós-parto imediato nos hospitais públicos e conveniados com o SUS. Deste
modo, respaldado pela Medicina Baseada em Evidência a presença de acompanhante durante
esse momento possibilita a redução da duração do trabalho de parto, do uso de medicações
para alívio da dor, evita cesáreas desnecessárias e depressão pós-parto, além de constituir-se
em apoio para amamentação. (BRASIL, 2005).
61
4.2.3.2 Choro do RN como sinal de vida
O choro do recém-nascido ganhou destaque no contexto dos depoimentos. Para os
entrevistados o choro do neonato representa a vida. Ao presenciar o ato de nascer do filho e
escutar o seu choro, os pais se emocionaram e ressaltaram experienciar sentimentos de
felicidade, alegria e sensação de bem estar.
Foi uma emoção muito grande, um momento inesquecível, principalmente na hora
que a criança chora. Quando nasce ela ta sem respirara aí tem que esperar.
Quando chora é um sinal que ta respirando. Demorou 3 segundos a 5 segundos, foi
rápido. (MANOEL)
O momento do nascimento foi bom demais [...] ver ele nascendo é uma felicidade
grande, ansiedade também porque eu tava muito ansioso pra ver ele chorar. Daí
quando eu vi ele ali na caminha, vi ele chorar, o médico segurando ele, aí pronto,
foi uma emoção e junto com a felicidade imediata. [...]eu já vi em outras situações o
pessoal contar que a criancinha não chorou ou a criancinha quando nasce o médico
bate ou o médico bota de ponta cabeça pra ele chorar, pra daí limpar o pulmão.
(FELIPE)
O choro constitui-se em uma resposta fisiológica a uma determinada situação. Após
o nascimento, a atenção dos profissionais é voltada para a respiração do neonato. O recémnascido normal, respira e chora, logo após o nascimento. (REZENDE FILHO, 2008). O
primeiro choro é considerado fisiológico e favorece a oxigenação do sangue, a reorganização
dos sistemas cardiovascular e respiratório ajudando na conservação da homeostase. Daí,
representa um sinal de vitalidade. (BRANCO; BEHLAU; REHDER, 2005).
Estudos mostram que a mãe fica ansiosa para ouvir o choro da criança e mesmo que
os profissionais afirmem que o bebê nascera saudável, a expressão facial materna ainda
condiz com uma interrogação, que é minimizada quando ela escuta o filho chorar. O choro é
algo que sinaliza uma manifestação de vida, é uma representação de que a criança se faz viva
e que está salutar. (ROSA et al, 2010).
Os participantes expressaram conhecimentos sobre a necessidade do choro da
criança, logo após o nascimento. Portanto, deixaram claro o desejo que tinham de escutar o
62
choro do filho, o que simbolizava a vida da criança. Em tempos remotos, quando a
participação do homem no parto, restringia-a a ficar fora da cena da parturição, esperando o
evento do nascimento do seu filho, ouvir a criança chorar era um sinal de paz e início da
celebração da vida. (CAVALCANTE, 2007).
O nascimento e o choro da criança teve um valor simbólico para o pai. Segundo os
depoentes, foi algo inesquecível, levando-os a considerar que esses fenômenos ficarão
marcados em sua memória. Isto poderá repercutir na corresponsabilidade do homem para com
a criança, pois conceberam que ao presenciar o nascimento do filho e vê-lo chorar, estarão
mais presentes nas relações familiares. Demonstraram ainda o querer de cuidar da criança,
retirando parte da responsabilidade da mãe, que outrora cuidava sozinha do filho, e ao homem
cabia apenas a tarefa de provedor.
[...] é uma sensação ímpar, uma sensação muito boa de você pegar a sua criancinha
no colo e ver que ele ta ali até chorando mesmo, ta sadio, tudo isso é uma sensação
muito boa, boa demais até. (FELIPE)
Eu cheguei normal na sala de parto, só mudou a sensação quando eu vi a criança
chorar, me deu uma sensação de alegria, né? Por a gente ta vendo um filho da
gente nascer pela primeira vez, eu fiquei assim, eu me emocionei, mas não chorei.
Foi uma sensação de alegria, mas não cheguei a chorar não. (MATEUS)
A ansiedade de averiguar se o filho nasceu saudável foi conferida mediante o choro
expressado pelo neonato. Além disso, trouxe a certeza de que de simples companheiro passou
para a condição de companheiro e pai, trazendo-lhe contentamento, pois os discursos
revelaram que eles sentiram-se felizes e emocionados por presenciarem o nascimento do filho
pela primeira vez.
Relativo ao depoente que mencionou não ter chorado, leva-se a refletir sobre o
quanto o homem é sensível, todavia é obrigado a privar-se de expressar seus sentimentos
diante de uma sociedade que o considera como ser viril, devendo, portanto, assumir a
masculinidade por inteiro. Sobre esse assunto, Gomes (2008) destaca que a masculinidade é
um espaço simbólico, servindo para estruturar a própria identidade do homem no seio da
sociedade, assim são modelados comportamentos, atitudes e emoções a serem apreendidas
pelo ser masculino. Seguir tais modelos, serve para atestar a sua qualidade de homem, como
também a certeza de que não serão questionados por outrem que compartilhe desses símbolos.
63
Nesse contexto, é preciso que profissionais de saúde lidem com a cena do parto,
considerem o fenômeno do nascimento como algo repleto de emoções e reconheçam que os
envolvidos, companheiro e parturiente, podem e devem expressar sua sensibilidade. É
necessário possibilitar aos homens sentimentos acolhedores e não repressivos. Como seres
humanos, são dotados de subjetividade e sentimentos que, uma vez expressados diante do
cenário do nascimento do filho, carecem ser respeitados.
Os dados desta pesquisa permitem afirmar que a presença do homem no contexto da
sala de parto é de fundamental importância aos cônjuges, e de modo especial à companheira e
ao filho, pois favorece as relações interpessoais no âmbito do nascimento. O companheiro
adota atitudes de cuidado direcionadas à parturiente, confirmando o preconizado pelo
Ministério da Saúde.
Do ponto de vista da maioria dos depoentes, os profissionais da instituição onde foi
realizada a pesquisa em apreço tiveram uma atitude de acolhimento para com eles, focando
sobremaneira o trinômio companheiro, parturiente e filho. Da mesma forma, evidenciou-se
conhecimentos desse acompanhante acerca do processo da parturição, o que pode ter
influenciado sua decisão em se fazer presentes à sala de parto e adotar atitudes empáticas
diante da parturiente, contribuindo para um parto tranquilo e sem maiores intercorrência.
64
CONSIDERAÇÕES FINAIS
65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
descortinar
dessa
investigação
buscou
analisar
a
percepção
do
homem/companheiro quanto à sua presença na sala de parto, durante o nascimento de seu
filho. Para isso, recorreu-se a subsídios e metodologia apropriada afim de compreender as
respostas dos sujeitos sociais, atores ativos e participantes do estudo.
Em decorrência de sua participação no parto, os depoentes perceberam a importância
de sua presença no cenário da parturição, visto reconhecer, o seu poder ao apoiar, dando
incentivo a companheira em trabalho de parto. Outro ponto revelado nas falas dos
entrevistados, foi questão dos sentimentos vivenciados ao presenciarem o nascimento do
filho. Convém ressaltar, a não evidência de motivos que justificasse a participação dos
depoentes nesse evento.
Assim sendo, os dados permitem admitir que a interação dos companheiros com o
fenômeno do nascimento, ocorreu desde o período gravídico, fazendo com que os mesmos,
elaborassem um significado ao processo da parturição, levando-os a enaltecer a sua presença
naquele momento. Quando presente em sala de parto, o acompanhante interagiu
positivamente com a esposa, e o filho ainda no ventre materno, os profissionais e também
com a ambiência da sala de parto.
Considera-se que ao vivenciar o contexto do nascimento na sala de parto, os
companheiros interagiram de tal maneira que revelaram sentir os desconfortos do trabalho de
parto. Isto sinaliza, à necessidade do homem/companheiro ser receptor de cuidados nesse
momento. Dessa forma, deverão ser orientados quanto à conduta que devem adotar durante o
trabalho de parto e ter esclarecimentos sobre suas dúvidas e anseios dirimidos. Tratando-se
dos entrevistados, esses revelaram-se como sensíveis e cuidadosos. Entende-se que a
interação estabelecida com o binômio, mulher e filho desvelou a sintonia existente entre
aquele que cuida e quem é cuidado, esta consolida-se, a partir de gestos, atitudes e da
comunicação verbal e não-verbal entre os envolvidos.
Mediante à importância atribuída ao homem quando presencia a ocasião do
nascimento do filho, os participantes foram unânimes, e recomendaram que outros homens
deveriam acompanhar suas respectivas companheiras no parto.
Frente aos benefícios da presença do acompanhante na sala de parto, faz-se
necessário lançar um olhar especial para o acompanhante/pai no cenário parturitivo, pois o
companheiro merece ser visto como protagonista no parto e não apenas como expectador.
Para tanto, é preciso que os profissionais atuem na assistência obstétrica, sobretudo o
66
enfermeiro, e estejam atentos, considerando a singularidade do homem no contexto da
parturição. Espera-se que a pesquisa em apreço, possibilite a adesão de outros homens ao
cenário parturitivo e estes, reconheçam-se como sujeitos dotados de direitos e reivindiquem,
junto com à companheira, o seu lugar na sala de parto durante o nascimento do filho.
Os resultados levam a considerar que o pressuposto da pesquisa foi atendido em
parte. Os entrevistados atribuíram importância à presença na sala de parto, entretanto, não
referiram motivos que os levassem a não participar do nascimento do filho.
A presença do homem no processo parturitivo sob a ótica interacionista, ocorre de tal
forma que o significado atribuído a esse momento, supera quaisquer obstáculos que possa
impossibilitar a sua presença na sala de parto.
Embora esse estudo tenha desvelado uma face da percepção de homens, quanto a sua
presença em sala de parto, esta não se esgota em si, pois há possibilidades de modificar,
reajustar mediante outros estudos que abordem aspectos identificados nesta investigação.
Assim sendo, novas perspectivas do homem no contexto do processo paturitivo serão
desveladas, consequentemente, contribuirão à assistência aos cônjuges na sala de parto.
Impera-se nesse sentido, valorizar a presença do homem/companheiro no contexto
parturitivo, pois entende-se que ele é o acompanhante ideal para as parturientes que desejam
tê-lo por perto durante o parto, haja vista, sua presença em sala de parto, garante o
estabelecimento da interação com a mulher na ocasião em que ela precisa de apoio e
cuidados. Igualmente, permite a criação de laços afetivos com seu filho de forma precoce,
ainda durante o processo de nascimento.
67
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Gaúcha Enferm, dez ; v.28, n. 4, p. 497-504. 2007.
TORNQUIST, Carmen Susana. Paradoxo da humanização em uma maternidade no Brasil.
Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. v.19, p. 01-16. 2003.
VOGT, Sibylle Emilie et al. Características da assistência ao trabalho de parto e parto em três
modelos de atenção no SUS, no Município de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad.
Saúde Pública, v. 27, n. 9, p. 1789-1800, set. 2011.
WALDOW, Vera Regina. Cuidado humano: o resgate necessário. ed. 3. Porto Alegre: Sagra
Luzzatto, 2001.
WOLFF, Leila Regina; WALDOW, Vera Regina. Violência Consentida: mulheres em
trabalho de parto e parto. Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.138-151. 2008.
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APÊNDICES
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APÊNDICE 1
Roteiro de Entrevista
80
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
MESTRADO EM ENFERMAGEM
ROTEIRO DE ENTREVISTA Nº _________
1. Identificação:
Nome: __________________________________________________
Idade:_____anos
Renda Familiar: ___________ salário (os) mímino
Profissão: ______________________________
Nível de Escolaridade: Fundamental completo ( ) Fundamental incompleto ( ) Nível médio
incompleto ( ) Nível médio completo ( ) Superior
Estado civil: Casado ( ) União estável ( )
Nº de Filhos:
Acompanhamento de parto anterior? ( ) Sim. Quantos _____________
( ) Não
2. Questão norteadora da entrevista:
Como o Sr. ver a presença do homem/companheiro na sala de parto no momento do
nascimento de seu filho?
81
APÊNDICE 2
Ofício encaminhado à instituição onde a pesquisa foi realizada
82
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Campus Universitário, BR 101 - Lagoa Nova, CEP: 59072-970-Natal-RN-Fone/Fax(84)3215-3615
Ofício nº 48 /2011-PGENF/UFRN
Natal-RN, 17 de março de 2011.
Ilma. Sra. Maria Cláudia Medeiros Dantas Rubim Costa
Vimos através deste, solicitar de V. Sa., autorização para o desenvolvimento do estudo
intitulado: Percepção de homens/companheiros acerca da sua presença no nascimento do
filho. A responsável pela presente pesquisa é a Profª. Drª. Rosineide Santana de Brito,
docente do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFRN, juntamente com a
enfermeira mestranda Raimunda Maria de Melo.
A pesquisa busca analisar a percepção do homem/companheiro quanto à sua presença
na sala de parto durante o nascimento de seu filho, e descrever a compreensão do
homem/companheiro sobre sua presença na sala de parto durante o nascimento de seu filho.
Para isso, se faz necessário entrevistar homens que tenham vivenciado esse momento. Assim
sendo, o estudo não utilizará métodos invasivos para a coleta de dados.
Na certeza de contarmos com sua colaboração, agradecemos antecipadamente.
Atenciosamente,
___________________________________
Profº Dr. Francisco Arnoldo Nunes de Miranda
Coordenador do PPGENF/UFRN
A Diretora do Hospital Universitário Ana Bezerra
Maria Cláudia Medeiros Dantas Rubim Costa
83
APÊNDICE 3
Termo de Consentimento Livre de Esclarecimento
84
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
MESTRADO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE DE ESCLARECIMENTO
Santa Cruz/RN, ____ de _____ de 2011.
ESCLARECIMENTOS:
Este é um convite para você participar da pesquisa Percepção de
homens/companheiros acerca da sua presença no nascimento do filho que é coordenada
pela Profª. Dra. Rosineide Santana de Brito.
Sua participação é voluntária, o que significa dizer, que você poderá desistir a
qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou
penalidade.
Essa pesquisa procura: analisar a percepção do homem quanto à sua presença na sala
de parto durante o nascimento de seu filho.
O estudo justifica-se pelo fato de poder servir de subsídio para que os enfermeiros
possam planejar suas práticas de modo a favorecer a presença de homens/companheiros em
sala de parto, estabelecendo uma relação terapêutica com a parturiente e seu acompanhante,
onde a escuta ativa seja eixo para o conhecimento de suas queixas e anseios. Além disso,
oportunizará a reflexão acerca da humanização da assistência a mulher em cada estágio do
processo parturitivo.
Caso decida aceitar o convite, você será submetido a uma entrevista que buscará
compreender a percepção de homens quanto a sua presença em sala de parto durante o
nascimento de seu filho.
Os riscos envolvidos com sua participação são: submeter-se a questionamentos que
poderão ocasionar constrangimentos por tratar-se de questões relativas a aspectos subjetivos
inerentes ao processo reprodutivo, que serão minimizados por meio das seguintes
providências: a entrevista será realizada em sala reservada, de modo que os entrevistados
sintam tranqüilidade e seja respeitada a sua privacidade.
Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: ao participar da pesquisa
você estará contribuindo para a melhoria da assistência à mulher e ao homem durante o
nascimento de um filho.
As informações obtidas na entrevista serão gravadas em aparelho MP4 se você
consentir, e será garantido sigilo de suas respostas e seu nome não será identificado em
nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e as suas respostas só serão
utilizadas para fins científicos.
Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será
ressarcido, caso solicite.
Em qualquer momento, se você sofrer algum dano, legalmente comprovado,
decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização.
Você ficará com uma cópia deste Termo de Consentimento e toda a dúvida que tiver
a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para as pesquisadoras envolvidas:
Rosineide Santana de Brito (coodenadora da pesquisa) e Raimunda Maria de Melo
85
(mestranda), no Departamento de Enfermagem, Av. Campus Universitário, S/N – Lagoa
Nova, Natal/RN – CEP: 59072-970, telefone: 84-32153196 e 84-99061833.
Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de
Ética em Pesquisa da UFRN no endereço Praça do Campus, Campus Universitário, CP 1666,
Natal, 59.078-970, Brasil, e-mail [email protected] ou pelo telefone: 84-3215-3135.
Consentimento Livre e Esclarecido
Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e
benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa Percepção de
homens/companheiros acerca da sua presença no nascimento do filho.
Participante da pesquisa:
__________________________________
Pesquisadora:
__________________________________________
Raimunda Maria de Melo
Endereço: R. Francisca Gomes de Melo, 300, Centro, Severiano Melo/RN, CEP: 59856-000.
Telefone: 84-99061833
Comitê de ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Rua: Praça do Campus, Campus Universitário, CP 1666, Natal, 59.078-970, Brasil, e-mail
[email protected]. Telefone: 84-3215-3135
86
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
MESTRADO EM ENFERMAGEM
Santa Cruz/RN, ____ de _____ de 2011.
Eu, _______________________________________________ declaro que autorizo a
utilização de aparelho MP4 para fins de gravação de áudio durante minha entrevista para a
pesquisa intitulada Percepção de homens/companheiros acerca da sua presença no
nascimento do filho, realizada pela pesquisadora Raimunda Maria de Melo, mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
____________________________________
Assinatura do participante
_____________________________________
Pesquisadora
87
APÊNDICE 4
Carta de Apresentação
88
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM
Campus Universitário, S/N – Lagoa Nova, Natal/RN – CEP: 59072-970 Fone: 3215 3196
Natal, 21 de Março de 2011.
Ilma. Sra. Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa:
Estamos encaminhando para apreciação deste Comitê o projeto de pesquisa intitulado
Percepção de homens/companheiros acerca da sua presença no nascimento do filho, da
mestranda Raimunda Maria de Melo, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, sob a
orientação da Profª. Drª. Rosineide Santana de Brito, docente do Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem da UFRN.
Na certeza de contarmos com o empenho deste órgão, antecipadamente agradecemos.
Atenciosamente,
_____________________________________
Profª. Dra. Rosineide Santana de Brito
Orientadora da pesquisa
89
ANEXOS
90
ANEXO 1
Autorização das Instituições
91
92
ANEXO 2
Parecer do CEP
93
94
Download

APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS DADOS