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BRASIL
METAL
NA TV
Uma série completa
sobre a indústria
metalúrgica brasileira e
a realidade de
quem trabalha nela
Programa é uma realização da Confederação
Nacional dos Metalúrgicos
da CUT e foi produzido pela
TV dos Trabalhadores.
Com 20 episódios, a série retrata o perfil de cada
segmento deste ramo industrial: naval, automotivo, eletroeletrônico, aeroespacial, siderúrgico e
bens de capital (máquinas
e equipamentos). Mas,
para além de indicadores
de cada setor e da evolução em seus processos
produtivos, Brasil Metal
fala dos trabalhadores e
trabalhadoras, suas histórias e o papel que desempenham nas lutas sindicais
e sociais do país.
Assista a todos os
episódios no nosso canal no YouTube (Imprensa CNM/CUT) ou no site
www.cnmcut.org.br/videos.
A TV dos Trabalhadores agora tem transmissão digital.
Para conferir como assistir à programação em sua
cidade, acesse www.tvt.org.br
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ÍNDICE
• Com a Palavra – Paulo Cayres: Nós fazemos a nossa história.............................. 04
• Contrato Coletivo de Trabalho: mesmo trabalho, mesmos direitos..................... 06
• Macrossetor da Indústria da CUT fortalece a agenda sindical..............................10
• Ações aperfeiçoam intervenção sindical................................................................14
• Entrevista com Paulo Cayres: Solidariedade de classe e debate
sobre indústria estão no DNA dos metalúrgicos da CUT........................................20
• Missão cumprida (direção da CNM/CUT avalia mandato).......................................25
• Perfil da categoria metalúrgica no Brasil..............................................................30
• Artigo de Vagner Freitas: CNM/CUT dá exemplo de que, unida,
a classe trabalhadora conquista mais ...................................................................33
• Direção da CNM/CUT – Gestão 2011/2015...............................................................34
Expediente
Brasil Metal é uma publicação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT.
Diretor responsável: Paulo
Cayres. Jornalista responsável: Solange do Espírito Santo
(MTb 12.609/SP). Reportagem
e redação: Shayane Servilha.
Edição: Solange do Espírito
Santo. Projeto e design gráfico: Cláudia Moretto. Fotos
da Capa e Contracapa: Capa
- Paulo Pinto/Fotos Públicas.
Contracapa – Divulgação (trabalhadores), Dino Santos (bandeira da CUT), Tânia Rêgo/ABr
(bandeira da CNM/CUT).
CNM/CUT
Secretaria: Cinthia Blikstein Baldassari * Eva Gomes de Sousa Ogata. Setor
Administrativo e Financeiro: Bruno Oliveira * Celso Batista Nunes * Lia de
Souza Araújo * Marcello Godoy * Coordenação: Vera Izuno. Assessoria:
Jorge Rodrigo Nascimento Spínola * Mauro Sérgio Gaioto * Milena Leão
* Renata Gnoli Paneque * Valter Bittencourt * Coordenação: Maria de
Lourdes Tieme Ide. Assessoria da Presidência: Fernando da Silva Cardoso. Assessoria de Imprensa: Shayane Servilha * Solange do Espírito Santo.
Subseção do Dieese: André Cardoso * Cristiane Ganaka. Apoio: Alessandra Alves Ferreira da Silva * Alexandre Brasil * Roberto Nogueira
Contato
Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT
Rua Antártico, 480 • Jardim do Mar • CEP: 09726-150
São Bernardo do Campo • SP
Telefone: 55 11 4122-7700
www.cnmcut.org.br
Filiada ao
eà
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COM A PALAVRA
Nós fazemos
a nossa história
Paulo Cayres*
O
s metalúrgicos e as metalúrgicas de todo o Brasil
que se organizam na Central Única dos Trabalhadores sabem bem
da sua responsabilidade histórica.
Nos idos anos de 1970 e 1980, fomos nós que desafiamos a ditadura militar e inauguramos uma luta
ampla de toda a sociedade pela democracia e por direitos sociais.
Naquela ocasião, o Brasil já vivera o auge dos anos do milagre
econômico, com altas taxas de
crescimento. Entretanto, sem uma
política de distribuição de renda,
acabou entrando numa crise econômica, com alta da inflação e desemprego. Numa economia administrada por generais, os índices
de inflação eram adulterados e os
trabalhadores de todo país sentiam
no bolso a carestia e, na pele, a
mão forte da ditadura.
Por meio do Dieese, construímos instrumentos e argumentos
contra as mentiras do governo militar. Soubemos ousar e saímos às
ruas desafiando a ditadura. Sindicatos sofreram intervenções, dirigentes foram presos e condenados
pela então vigente lei de segurança nacional, as greves foram duramente reprimidas pelo Estado.
Tudo isso, no entanto, não nos demoveu de nosso papel maior: lutar
por um país democrático e por justiça social.
4
Dino Santos
Ainda no final da ditadura, entramos no debate sobre qual projeto seria o melhor para a classe
trabalhadora. Fundamos um partido de trabalhadores, fundamos a
Central Única dos Trabalhadores e
restabelecemos a democracia. Disputamos na sociedade as propostas
da nova Constituição, escolhemos
um lado nas eleições presidenciais
de 1989 e lutamos contra a política
neoliberal que desmontou o parque industrial brasileiro na década
de 1990. Protagonizamos a resistência e apontamos caminhos para
a classe trabalhadora.
Enfim, instalou-se no país um
conceito de Estado indutor do
crescimento com distribuição de
renda. Tudo isso acelerou o desenvolvimento. Milhões de pessoas saíram das faixas de pobreza
e da miséria, o país saiu do mapa
mundial da fome e assumiu um
protagonismo nunca visto em sua
história.
Juntamente com Índia, China,
Rússia e África do Sul, compusemos o bloco chamado BRICS,
criando neste espaço um Banco
para se contrapor aos ditames do
FMI e do Banco Mundial. Descobrimos e desenvolvemos a tecnologia da prospecção em águas ultraprofundas conhecida como Pré-Sal,
cujos dividendos serão empregados
na educação e na saúde.
Por tudo isso, incomodamos
muito uma elite brasileira que
sempre esteve a serviço dos gran-
Roberto
Desde então, o Brasil começou a mudar a sua cara, os pobres
começaram a ser o foco da ação
do governo, com valorização do
salário mínimo, programas de
distribuição de renda, obras de
infraestrutura, ProUni, Pronatec,
Minha Casa Minha Vida, Luz
para Todos, Bolsa Família, cotas
nas universidades, Mais Médicos,
conferências nacionais de diversos
segmentos, como juventude, saúde, educação etc.
Parizott
i
Inauguramos um novo século
avançando e o ano de 2002 tornouse um marco no ascenso da luta
dos movimentos populares. Nós,
metalúrgicos e metalúrgicas, vivenciamos a experiência de eleger
o companheiro Luiz Inácio Lula
da Silva como primeiro presidente
operário neste país.
des grupos econômicos
mundiais. Começamos a dividir o
bolo. As trabalhadoras domésticas
agora têm registro em carteira e
legislação própria que avança para
extinguir de vez os ecos das senzalas; os aeroportos estão repletos de
gente trabalhadora, que agora tem
acesso a esse meio de transporte;
as universidades estão cheias de
filhos de operários e operárias,
colocando um fim nos ciclos de
miséria: o filho do pedreiro agora
pode ser doutor, a filha da manicure pode ser doutora.
Esse modelo incomoda muito
a elite branca, machista e preconceituosa, que saiu do seu silêncio
num ambiente econômico difícil
neste início do segundo mandato
de Dilma Rousseff. Embalada pela
mídia tradicional, essa elite, de forma sistemática e massiva, age para
derrubar não só a presidenta, mas
também o projeto de justiça social
e desenvolvimento soberano deste
povo trabalhador.
Esses setores querem mais.
Querem que voltemos ao fundo
das nossas senzalas e nos calemos
diante de sua dominação; querem
que nos recolhamos a um papel
de submissão da classe trabalhadora frente
a uma burguesia nacional que é
submissa, por sua vez, aos interesses econômicos das grandes
corporações.
O nosso papel para o próximo
período está dado. Façamos a nossa história, defendendo o projeto
de um Brasil soberano e de uma
classe trabalhadora soberana. Há
que trilharmos mais uma vez os
caminhos que somente a nossa ousadia e coragem podem nos dar.
Precisamos apontar mais uma
vez o caminho da justiça social, da
autonomia da classe trabalhadora,
da democracia e da construção de
um país justo e fraterno. Ao ódio
emanado de nossos detratores,
apresentemos a nossa caminhada
companheira. Aos ataques contra
a democracia, apresentemos as
nossas bandeiras de luta!
Somos fortes, somos CUT!
Viva a classe trabalhadora! Viva a
Confederação Nacional dos Metalúrgicos e Metalúrgicas da CUT!
*Paulo Cayres
Presidente da CNM/CUT
5
Paulo de Souza
Cont
de Tr
traba
Para ex-presidente Lula, contrato coletivo representa evolução do sindicalismo
A
conquista do Contrato Coletivo Nacional
de Trabalho (CCNT) é uma das
principais bandeiras de luta dos
metalúrgicos cutistas. O CCNT,
reivindicação presente desde a
fundação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT,
tem o objetivo de acabar com as
distorções regionais de remuneração e direitos da categoria, estabelecendo uma mesma convenção coletiva para os metalúrgicos
de todo o Brasil, a exemplo do
já conquistado pelos bancários e
petroleiros.
Debates, estudos e deliberações sobre o tema têm sido frequentes nas ações da CNM/CUT,
que culminaram com a 1ª Conferência Nacional de Negociação
Coletiva, realizada em novembro
de 2012. O evento reuniu mais
de 180 dirigentes da categoria de
todas as regiões do país e contou
com a presença do ex-presidente
6
A luta em defesa dessa
reivindicação foi um dos
eixos estratégicos da
Confederação definidos
no último Congresso
Nacional da categoria
que norteou o trabalho
da direção da entidade.
da República, Luiz Inácio Lula
da Silva. “O contrato coletivo de
trabalho é resultado da evolução
do movimento sindical e é essencial para contemplar as principais necessidades do conjunto
da categoria”, disse Lula em sua
intervenção.
Durante a atividade, os sindicalistas avaliaram as cláusulas
sociais consideradas fundamentais para a categoria em todas as
bases. Para isso, a Subseção do
Dieese da CNM/CUT estudou 41
convenções coletivas de trabalho
e suas mais de 2.600 cláusulas.
A partir da comparação das
convenções e da troca de informações, na Conferência os dirigentes metalúrgicos aprovaram
por unanimidade uma pauta mínima de cinco itens (leia no box
à página 8) e uma estratégia para
caminhar até o CCNT. Os itens,
com a mesma redação, passaram
a integrar as pautas de reivindicações de todas as campanhas salariais dos sindicatos de base cutista
a partir de 2013. “Esta pauta contempla reivindicações que fazem
parte da realidade de todos os
sindicatos. Respeita as regionalidades existentes no conjunto da
categoria”, explica o secretário
geral e de Relações Internacionais
da CNM/CUT, João Cayres.
trato Coletivo Nacional
Trabalho: mesmo
alho, mesmos diretos
dades de base têm total apoio da
Confederação. O fundamental é
continuar a luta para assegurar a
uniformidade de direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras”,
ressalta.
Segundo o secretário, desde a
Conferência, praticamente todos
os sindicatos avançaram nas conquistas das cláusulas, mas a cre-
che foi um dos pontos que mais
teve destaque nas negociações.
“Os companheiros perceberam
que é uma conquista não apenas das mulheres, mas também
para os pais e, acima de tudo, um
direito das crianças. O direito à
creche deve ser universal e a luta
por ele, de toda a sociedade, independente de gênero”, assinala.
Paulo de Souza
De acordo com o secretário, o CCNT visa estabelecer os
mesmos direitos em todo o país,
para combater as desigualdades
e a precarização do trabalho no
ramo metalúrgico. “Trabalhador
que exerce a mesma função deve
ter os mesmos direitos. A empresa produz o mesmo produto e o
preço dele é o mesmo no Brasil
inteiro, mas os salários e os direitos são diferenciados. Não podemos ter um país com empregos
subvalorizados e o Contrato minimiza este problema”, afirma o
dirigente.
Cayres destaca, porém, que o
CCNT não substitui as negociações locais e específicas realizadas pelos sindicatos de base. “A
ideia é que o Contrato garanta os
pontos básicos para todos os trabalhadores. O papel do sindicato
é conquistar, ampliar e avançar
nestes direitos mínimos estabelecidos. E este trabalho nas enti-
Pauta do CCNT foi aprovada por unanimidade por sindicalistas de todo o país
7
CNM/CUT
Trabalhadores cutistas no setor naval
conseguiram mesmo
reajuste e caminham para o CCNT
CNM/CUT, após diversas negociações junto
com suas federações e seus sindicatos, conquistou em abril de
2014 o primeiro acordo coletivo nacional de trabalho de uma
empresa do ramo metalúrgico,
a ThyssenKrupp Elevadores. O
acordo estabelece critérios únicos
para o pagamento da Participação
nos Lucros e/ou Resultados (PLR)
aos dois mil metalúrgicos da base
de 27 sindicatos da CUT em nove
estados brasileiros. O contrato, assinado na sede da Confederação,
em São Bernardo do Campo (SP),
é válido por dois anos.
O secretário geral João Cayres,
que foi um dos principais intermediadores das negociações com
a empresa e sindicatos, lembra
que o acordo foi possível também
graças ao trabalho da Confederação para articular redes sindicais
de trabalhadores.
Divulgação
A
Ele conta que, ao longo dos
últimos anos, foram realizados
inúmeros encontros de redes de
plantas diferentes de uma mesma empresa, para o intercâmbio
de ideias e identificação de problemas comuns. “A Rede Sindical na Thyssen foi fundamental
para a conquista desse acordo
nacional. Esse tipo de organização aumenta a interlocução entre
trabalhador e empresa”, observa
Cayres. “E um acordo nacional
também facilita a vida dos em-
presários porque a negociação
fica mais prática. Com o Contrato Coletivo Nacional de Trabalho
não será necessário negociar com
cada sindicato ligado à CUT, mas
sim com uma mesa única que representa todos eles. E o fundamental nesse processo é eliminar
desigualdades de direitos e salários”, avalia.
Setor naval
A assinatura desse primeiro
acordo foi um impulso para no-
A pauta dos sindicatos rumo ao Contra
Creche
O direito será concedido a pais, mães, adotantes
ou responsáveis e garantido para crianças de zero a
seis anos. O reembolso do auxílio creche será de,
no mínimo, 50% do piso salarial da categoria.
Duração e distribuição da jornada
Será fixada limitação semanal, mensal e anual da
jornada de trabalho. Nos turnos de revezamento,
será garantido número mínimo de folgas aos domingos, com critérios que contemplem condições
8
de vida para mulheres e estudantes. A implantação
de turnos especiais só será feita mediante estudo
prévio do Sindicato e a compensação de feriados
prolongados será estabelecida por meio de votação
secreta. Em caso de interrupção da jornada pela
empresa, o período será remunerado e não poderá
ser compensado.
Demissões
Todas as rescisões serão feitas no Sindicato. A
empresa pagará multa de dois salários nominais
A luta começa a dar frutos
de Janeiro, Niterói (RJ), Pernambuco e Espírito Santo recebessem o mesmo reajuste de salário
e garantissem também o direito
ao vale alimentação e ao plano de
saúde. Não há motivos para que
os trabalhadores tenham direitos
diferentes, porque as empresas do
segmento são as mesmas em todo
o país”, reforça o sindicalista.
Para Edson, que também representa a CNM/CUT no Conselho do Fundo da Marinha Mercante – onde são discutidas as
políticas para o segmento –, o
acordo só foi possível devido à
retomada da indústria naval nos
governos de Luiz Inácio Lula da
Silva e Dilma Rousseff. “As medidas tomadas desde 2003 foram
essenciais no processo de mudança da nossa categoria. A Política
Nacional de Fortalecimento do
Setor Naval estimulou os investimentos na produção de petróleo
e gás. Como consequência, foram gerados 68 mil novos postos
de trabalho”, lembra o dirigente,
reconhecendo que um dos grandes desafios será o de continuar
garantindo os empregos e estímulo à indústria nacional.
Crédito: CNM/CUT
vas negociações nacionais por
empresas ou setores do ramo metalúrgico. Em setembro de 2014,
a Confederação e seus sindicatos
assinaram protocolo que garante
a construção do Contrato Coletivo Nacional de Trabalho do Setor
Naval. O compromisso foi assumido pelos presidentes da CNM/
CUT, Paulo Cayres, e do Sindicato Nacional da Indústria Naval
(Sinaval), Ariovaldo Santana da
Rocha, na abertura do Seminário
do Setor Naval, realizado na sede
da entidade dos metalúrgicos.
Segundo o coordenador do
setor naval e secretário de Administração e Finanças da Confederação, Edson Rocha, a luta pelo
acordo coletivo nacional começou por meio da reivindicação
de piso salarial único, porque há
grande diferença na remuneração
dos metalúrgicos do setor. “Em
2015, vamos construir as cláusulas do CCNT do setor naval. Mas,
desde a assinatura do protocolo,
já conseguimos que os metalúrgicos de Rio Grande (RS), Rio
Thyssen: acordo assinado vale para 2 mil metalúrgicos cutistas em 27 estados
ato Coletivo
depois de vencido prazo de 10 dias para a quitação das verbas rescisórias. Nas demissões por justa
causa, o motivo será comunicado por escrito ao trabalhador e ao Sindicato e, no prazo de 20 dias após
a demissão, será garantido o direito de defesa do
trabalhador.
CIPA (Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes)
Será garantido o direito do Sindicato participar do
processo eleitoral da CIPA e indicar o secretário ge-
ral. O mandato será de dois anos, podendo haver reeleição; será garantida a estabilidade para o suplente.
Também haverá eleição da CIPA em empresas com
menos de 20 trabalhadores.
Acesso ao local de trabalho
Será garantido o acesso dos dirigentes das entidades de classe ao local de trabalho, para o desenvolvimento de todas as atividades sindicais, como
assembleias, eleições do Sindicato e da CIPA e,
inclusive, para campanhas de sindicalização.
9
CNM/CUT
Macrossetor da Indústria da CUT
fortalece agenda sindical
Presidentes das cinco confederações entregam pauta do Macrossetor ao ministro Mauro Borges
C
riado em 2012, o Macrossetor da Indústria da CUT
(MSI) tem sido um instrumento
eficaz para otimizar a articulação
de lutas das entidades cutistas do
ramo, fortalecer a Central e para
a intervenção conjunta nos fóruns de debate da política industrial brasileira.
O MSI é coordenado pelos
presidentes das entidades nacionais do ramo: Paulo Cayres, da
Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT),
Cida Trajano, da Confederação
Nacional dos Trabalhadores no
Vestuário (CNTV), Siderlei Oliveira, da Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Alimentação (Contac), Cláudio Gomes, da
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Construção e Mobiliário (Conticom), e Lu Varjão,
da Confederação Nacional dos
Químicos (CNQ). Para articular
as ações por ramo, a CUT também criou outros três macrosse-
10
Organização unifica
atuação em torno de
bandeiras comuns a
trabalhadores do ramo e
potencializa sua
intervenção nos fóruns
de política industrial.
tores: serviço público, rurais e
comércio e serviços.
De acordo com o presidente da CNM/CUT, o MSI nasceu
para fortalecer as lutas de cada
categoria, unificar suas propostas
e criar mais condições de contrapor a agenda dos trabalhadores
à da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), particularmente
no debate sobre a política industrial. “O Macrossetor intensifica
a solidariedade das entidades
cutistas e nos torna mais fortes,
porque, no total, a indústria emprega 22,7% da mão de obra do
país, o que soma 11,2 milhões de
trabalhadores”, assinala o sindicalista.
Outro objetivo importante do
MSI foi o de qualificar a intervenção dos representantes dos
trabalhadores nos fóruns de deliberação da política industrial
brasileira, particularmente nos
Conselhos de Competitividade
do Plano Brasil Maior, a política
industrial criada em 2011 pela
presidenta Dilma Rousseff. “Os
Conselhos têm representação tripartite (governo, empresários e
trabalhadores) e nossa participação é fundamental para influenciar nas políticas públicas. Por
isso, é preciso que a gente tenha
uma pauta consistente, unificada
e articulada”, pontua o presidente
da CNM/CUT.
Cayres ressalta também o
objetivo das cinco Confederações sempre foi que as medidas
cando, justamente para ter mais
condições de defender a classe
trabalhadora. “A IndustriALL é
o nosso maior exemplo, com a
fusão das federações internacionais de metalúrgicos, químicos e
têxteis de todo o mundo, feita em
2012. A partir daí, a luta mundial
dos trabalhadores na indústria
ganhou respaldo muito maior”,
acrescenta.
Cayres avalia ainda que só
com uma indústria forte é possível assegurar o crescimento da
economia e o desenvolvimento
social. Daí a necessidade de uma
política industrial consistente. “Nenhuma nação conseguiu
avançar em termos de políticas
públicas e sociais sem ter uma
indústria forte. O Estado é o
principal indutor do crescimento industrial e precisa adotar
medidas que prevejam proteção
aos trabalhadores. Com o MSI,
reafirmamos a necessidade das
contrapartidas trabalhistas na
formulação da política industrial e quais as nossas propostas
para que a indústria seja o motor
do desenvolvimento brasileiro”,
destaca o dirigente metalúrgico.
Fotos: Roberto Parizotti
de desenvolvimento industrial
sejam uma política de Estado e
não de governo, que muda a cada
eleição. “Queremos uma política
com perenidade, que contemple
os interesses dos trabalhadores e
não apenas os do empresariado.
Por isso, era preciso essa união
no Macrossetor em nível nacional. A CNI é uma entidade única
dos patrões e nós, trabalhadores,
não tínhamos essa unificação por
ramo”, explica Cayres.
O presidente da Confederação
lembra que entidades sindicais
de vários países estão se unifi-
“
Sérgio Nobre, secretário geral
da CUT Nacional
“
O Macrossetor da Indústria trouxe
avanços importantes para a organização
sindical. Possibilitou o fortalecimento das
ações conjuntas, a construção de estratégias comuns em defesa do trabalho e
renda e a tentativa de construção de um
olhar mais complexo sobre a indústria.
Para a CNQ, em especial, esta relação é
bastante visível, uma vez que o ramo químico é base na cadeia produtiva de outros
setores da indústria, exercendo uma dinâmica importante também no mercado de
trabalho. Além disso, a partir do MSI conseguimos uma maior aproximação com o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio, estabelecendo uma agenda
de reuniões dos ramos da indústria da CUT
com o ministro, para discussão de uma pauta comum dos (as) trabalhadores (as).
“
O Macrossetor da Indústria veio para
fortalecer a integração do sindicalismo
cutista, a fim de garantir conquistas e ampliar avanços que se traduzam em melhoria das condições de vida e trabalho. Ao
contrário dos europeus, que têm sindicatos de trabalhadores nacionais, o modelo
sindical brasileiro é fragmentado. No Brasil, temos em torno de 14 mil sindicatos de
trabalhadores por segmento. Já os empresários brasileiros são organizados em confederações e federações e levam pauta
única ao governo. O Macrossetor é um espaço de interação entres as confederações
para unificar as reivindicações comuns,
que neste caso é do ramo da indústria.
Desde a sua criação, há uma compreensão muito maior da indústria nacional e
avanços expressivos. Com o Macrossetor,
os trabalhadores levaram a sua pauta de
negociação para o governo. Agora, temos
uma força muito maior na hora da luta
pela manutenção e ampliação dos nossos
direitos.
Lu Varjão, presidenta da Confederação
Nacional do Ramo Químico (CNQ/CUT)
“
O Macrossetor consolida as lutas dos
trabalhadores dos cinco setores, porque
é inconcebível que ainda haja disparidade de direitos entre as categorias do ramo
industrial. Além disso, a união possibilita a
troca de experiências e, sobretudo, aperfeiçoa a luta em defesa dos empregos
nacionais. Desde a criação do MSI, mantivemos e ampliamos os direitos dos trabalhadores de todos os setores envolvidos.
O Macrossetor colocou sua pauta na mesa
do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e dialogou diretamente
com o governo para defender a indústria
brasileira. Percebemos que cada setor lutando sozinho é forte, mas todos unidos
somos imbatíveis. São os trabalhadores
que movem o nosso país.
“
“
Cláudio da Silva Gomes,
presidente da Confederação
Nacional dos Sindicatos de
Trabalhadores nas Indústrias da
Construção e da Madeira (Conticom)
11
D
Com MSI, demandas trabalhistas
entram na pauta governamental
“Foi a primeira
vez na história que
as cinco confederações de trabalhadores na indústria se
reuniram com o ministro da Indústria e
Comércio para debater propostas conjuntas para adoção
de medidas estruturais para a indústria
brasileira”, afirma
Cayres.
No início de 2015, para garantir a continuidade da agenda de
debates com o governo, o presidente da CNM/CUT também entregou a pauta ao novo titular do
MDIC, Armando Monteiro Neto.
“É preciso continuar debatendo
ações concretas para a garantia
do emprego e para o fortalecimento da indústria nacional. O
ministrou mostrou-se solícito
com a causa dos trabalhadores e
queremos seguir o diálogo. Queremos ser protagonistas na política industrial do Brasil e uma das
reivindicações do MSI é garantir
a continuidade dos Conselhos de
Competitividade do Plano Brasil
Maior”, avalia.
CNM/CUT
Divulgação
esde a sua Roberto Parizottii
criação, o MSI
realizou cinco seminários estaduais (Rio
Grande do Sul, Bahia,
Pernambuco, Paraíba
e Amazonas). Nestes
encontros, foram identificados os principais
desafios que os cinco
setores industriais e os
trabalhadores enfrentam no plano nacional
e regional. Ficou claro
que há muitos desafios comuns,
Paulo Cayres (microfone) no encontro
nacional que criou o MSI, em 2012
com destaque para o combate
à terceirização e à rotatividade,
Ao longo de 2014, os coora dificuldade da organização no
local de trabalho (OLT), baixos denadores do Macrossetor da
salários, saúde e segurança e des- Indústria se reuniram três vezes
com o então ministro do Desenlocamento das indústrias.
As atividades – além de pro- volvimento, Indústria e Comércio
por a articulação estadual das en- (MDIC), Mauro Borges, (duas
tidades sindicais do ramo – mu- vezes em Brasília e uma em Guaniciaram a coordenação do MSI rulhos, na Grande São Paulo).
para a formulação de propostas Nesses encontros, os dirigentes
a serem consideradas na políti- das cinco confederações e da Seca industrial brasileira. Também cretaria Geral da CUT apresentahouve três atividades nacionais, ram ao titular do MDIC suas proque debateram mecanismos de postas para que as demandas dos
proteção ao emprego, estratégias trabalhadores fossem garantidas
para a intervenção e a comunica- na formulação da política industrial brasileira (leia no box).
ção integrada.
Encontros estaduais no RS e no AM analisam panorama regional da indústria
12
“
“
Fotos: Roberto Parizottii
O Macrossetor da Indústria da CUT
é um dos mecanismos de organização
na busca de implementação de uma
política econômica e industrial que
atenda os interesses dos trabalhadores.
A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) tem tido um
papel importantíssimo na consolidação desse instrumento, por defender
uma pauta única que atenda os interesses de todos, porque juntos somos
mais fortes. A unificação dos trabalhadores e trabalhadoras de ramos distintos, mas do mesmo setor, é o caminho
para garantir avanços nos direitos da
nossa classe.
“
Siderlei de Oliveira, presidente da
Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Indústria da
Alimentação (Contac/CUT)
“
Os Macrossetores da CUT, não só o
da Indústria, foram os mecanismos de
comunicação mais importantes criados pela Central, pois, por meio deles,
foi construído um diálogo entre os diversos ramos. Infelizmente, no caso do
nosso ramo, antes as Confederações
não discutiam juntas uma política industrial para o país. Agora, o problema
de um é problema de todos e a solidariedade entre nós é total. Há demandas específicas, mas têm mudanças
que interferem em todas as categorias
e a luta precisa ser única. Integrar um
Macrossetor com os metalúrgicos é
um crescimento para nós, do ramo da
alimentação, porque essa categoria é
exemplo de organização. Eles sempre
lutaram a favor dos trabalhadores e de
toda a sociedade.
Cida Trajano, presidenta da
Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Indústria Têxtil,
de Couro e Calçado (CNTV-CUT)
Seminário nacional debate situação da
indústria e pauta do Macrossetor ao governo
Principais reivindicações ao governo
• Implementar política econômica com foco na redução da
taxa básica de juros incentivando
o investimento produtivo;
• Criar ferramentas tributárias
que protejam a competitividade
da indústria nacional;
• Taxar as remessas de lucro
das multinacionais, estimulando o reinvestimento produtivo
no país;
• Criar a exigência de contrapartidas sociais para desonerações fiscais, empréstimos e licitações públicas;
• Implementar política de controle cambial, com ajuste gra-
dual do câmbio, para patamares
favoráveis ao desenvolvimento e
fortalecimento da indústria nacional;
• Incentivar empresas nacionais que agreguem valor, com
vistas a melhorar sua competitividade internacional;
• Ofertar mais e melhores programas de formação profissional
com objetivo de proporcionar
melhores condições salariais;
• Incentivar a construção de
centros de pesquisa e desenvolvimento através das universidades
brasileiras;
• Criar mecanismos de partici-
pação para que os trabalhadores
tenham assento no CADE (Conselho de Administração de Defesa Econômica);
• Criar programa específico de
proteção ao emprego.
No que se refere ao funcionamento dos Conselhos de Competitividade do PBM:
• Fazer valer o estatuto que
rege a constituição e andamento
dos trabalhos;
• Garantir a paridade entre as
bancadas;
• Tornar os espaços tripartites
permanentes.
13
14
N
os últimos
quatro anos a
Confederação
Nacional dos
Metalúrgicos da CUT
baseou suas ações em
três grandes eixos:
Contrato Coletivo
Nacional de Trabalho
(CCNT), Organização
Sindical e Políticas
Gerais. Os temas
permearam o trabalho
de cada secretaria da
entidade.
A compreensão é a
de que a globalização
exige cada vez mais
preparo e conteúdo
dos sindicalistas e que
todas as ações acabam
interligadas, tanto no
cotidiano do chão da
fábrica e das
entidades de base,
como em todas as
esferas nacionais e
internacionais
relacionadas ao
mundo do trabalho.
Foi esse
entendimento que
norteou as secretarias
e os eixos estratégicos
foram pautados em
quase todas as
atividades, fossem elas
de mulheres, jovens,
raça, saúde, relações
internacionais,
saúde etc.
Além disso, nos
seminários, encontros,
cursos e intercâmbios
promovidos foram
desenvolvidos
percursos formativos,
para que os temas em
debate ecoassem com
mais qualidade e
Ações
aperfeiçoam
intervenção
sindical
Divulgação
Roberto Parizotti
Divulgação
profundidade nas
bases sindicais. Para a
Confederação, a
formação é uma ação
transversal e contribui
com o aperfeiçoamento
do trabalho sindical.
Na avaliação da
direção, não poderia ser
diferente, quando tudo
exige mais preparo para
participar dos fóruns
de política industrial ou
para se traçar estratégia
sindical conjunta
nos setores
metalúrgicos, no ramo
e nas lutas gerais
assumidas pela CUT.
Outro cuidado da
Confederação foi
procurar garantir
em seus eventos e
para os quais foi
convidada – no Brasil
e em outros países –
a presença de
metalúrgicos de
todas as regiões e, na
medida do possível, o
cumprimento das
cotas de inclusão
referentes a gênero,
juventude e etnia.
Com esta concepção
e prática, a CNM/CUT se
aproximou mais das
entidades de base e
ganhou maior destaque
no sindicalismo
internacional. Hoje, os
metalúrgicos da CUT
são referência para
organizações em
todos os continentes.
Confira nas páginas
seguintes um resumo
das principais ações nos
últimos quatro anos.
15
16
Dino Santos
Divulgação
Representação re
nos fóruns gov
No MS, a
filiação de
novo
sindicato de
metalúrgicos
à CUT
Observatório Social
De norte a sul do Brasil, nenhum sindicato de metalúrgicos
cutistas deixou de ser visitado pela
direção da CNM/CUT nos últimos
quatro anos. A aproximação com
as direções e com as bases sindicais permitiu que dirigentes nacionais tomassem contato com realidades locais distintas, apoiassem
lutas específicas e envolvessem os
sindicatos nas demandas gerais da
categoria e nas campanhas e ações
da CUT em defesa dos direitos da
classe trabalhadora.
Durante essas visitas, o presidente da CNM/CUT, Paulo
Cayres, participou de inúmeras assembleias e de encontros com representantes das CUTs Estaduais.
Esse processo ampliou os laços de
solidariedade entre a categoria e
também trouxe mais sindicatos de
metalúrgicos para a base cutista.
Em quatro anos, 17 entidades se
filiaram à Central e hoje a Confederação representa 85 sindicatos
de base.
Além disso, a CNM/CUT também procurou qualificar a intervenção dos metalúrgicos por meio
de articulação setorial. Ao longo
dos quatro anos, trabalhadores dos
seis setores do ramo – automotivo,
naval, bens de capital, aeroespacial e defesa, eletroeletrônicos e
siderurgia – participaram de uma
série de atividades, como seminários e cursos de formação, para
aprofundar o conhecimento sobre
o segmento ao qual estão ligados,
trocar experiências sobre o que
acontece nas diferentes fábricas
e regiões e propor ações integradas para a intervenção sindical em
lutas específicas, nas campanhas
salariais e nos fóruns de discussão
da política industrial.
Com este preparo, os metalúrgicos da CUT participaram
de cinco Conselhos de Competitividade do Plano Brasil Maior
(a política industrial do governo
Dilma Rousseff), que debateram
medidas de fortalecimento da indústria nacional dos setores automotivo, defesa, eletroeletrônico e
bens de capital. Desses fóruns saíram programas importantes como
o Inovar Auto, que estabelece –
entre outras medidas – conteúdo
Trabalho
com Redes
Sindicais é
estratégico
para
Confederação
nacional mínimo na fabricação de
veículos, e medidas de estímulo à
produção e financiamento em diversos segmentos.
Dada a importância da categoria nesses fóruns, o presidente
da CNM/CUT foi escolhido para
representar os trabalhadores no
Conselho da Agência Brasileira
contros com ministros para cobrar ações que garantam produção nacional e a manutenção de
empregos.
Redes Sindicais
eal nas bases e
vernamentais
Plenária no
Nordeste:
CNM/CUT
presente nas
atividades
regionais
de Desenvolvimento Industrial
(ABDI). Já o secretário de Administração da entidade, Edson Rocha, integra o Conselho do Fundo
da Marinha Mercante, que é o
órgão formulador de políticas do
setor naval brasileiro.
Com isso, a Confederação assumiu o protagonismo junto aos
Divulgação
Divulgação
Paulo Cayres
é empossado
no conselho
da ABDI
diversos organismos governamentais para negociar medidas que assegurem empregos e direitos dos
trabalhadores, como no caso dos
metalúrgicos do setor naval que,
em 2015, têm se mobilizado para
garantir seus postos de trabalho.
Junto com os sindicatos, a direção
da entidade nacional tem feito en-
A organização dos metalúrgicos em redes sindicais em empresas multinacionais também foi
outra estratégia acertada. A entidade manteve importantes parcerias com instituições estrangeiras
para consolidar o intercâmbio de
metalúrgicos de várias plantas de
multinacionais instaladas no país,
colaborando ainda para a organização nos locais de trabalho e,
principalmente, para a luta por
igualdade de direitos em todas as
plantas de uma mesma empresa.
Além de encontros nacionais, foram realizadas atividades internacionais, reunindo representantes
dos trabalhadores de países europeus e latino-americanos.
Ainda na lógica de buscar direitos iguais, algumas redes sindicais avançaram e passaram a
reunir metalúrgicos e químicos
que trabalham nas mesmas multinacionais. Hoje 20 redes sindicais
estão articuladas na base metalúrgica cutista e em duas delas há
participação dos químicos, o que
amplia a atuação sindical para
além de uma única categoria e
contribui para o fortalecimento do
Macrossetor da Indústria da CUT
(leia à página 10).
Graças a essa ação integrada,
em várias multinacionais foram
conquistados os Acordos Marco
Globais, que estabelecem direitos únicos aos trabalhadores de
todas as plantas espalhadas pelo
mundo. Com esses acordos, é
possível garantir parâmetros
que assegurem trabalho decente
à categoria, campanha mundial
do movimento sindical abraçada pela Confederação.
17
A igualdade de oportunidades
no centro das ações
18
Formatura da segunda turma do
curso feito em parceria com Cesit
Curso sobre Igualdade Racial
impulsiona ações sobre o tema
Saúde do trabalhador na
pauta da Confederação
Fotos:CNM/CUT
Igualdade de direitos e oportunidades, independente de gênero,
raça, condição física e opção sexual. Com esta visão, a CNM/CUT
conduziu suas políticas permanentes, para que as lutas locais e
regionais tivessem maior respaldo.
Ao mesmo tempo, representantes das entidades de base e das
federações estaduais e puderam
opinar sobre as atividades promovidas pela Confederação, por
meio dos coletivos nacionais formados para debater as diretrizes
de algumas secretarias: Mulher,
Formação, Saúde, Juventude e
Igualdade Racial.
Foram realizadas inúmeras atividades visando a formação continuada dos sindicalistas, para aperfeiçoar a intervenção de cada um
em seus espaços de atuação, seja
no chão da fábrica, nos sindicatos
em todo o país e até nos conselhos
tripartites dos fóruns de política
industrial.
É o caso, por exemplo, do curso
de extensão universitária “Sindicalismo e Economia do Trabalho”,
realizado em parceria com o Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade de Campinas (Unicamp)
e ministrado para duas turmas, em
2011 e 2012 (na segunda, também
com participação de dirigentes
químicos), com um seminário de
atualização, em 2014, que reuniu
os trabalhadores formados nas
duas etapas.
A mesma lógica formativa foi
adotada nas atividades sobre saúde do trabalhador. A Confederação realizou conferência nacional
sobre o tema, além de propiciar
Coletivo de Mulheres em
reunião feita em Natal (RN)
aos sindicalistas melhor preparo
para compreender e cobrar o cumprimento da Norma Regulamentadora 12 (que trata da segurança
em máquinas e equipamentos), por
meio de seminários nacional e regionais.
As ações de combate ao racismo também ganharam mais impulso desde 2011, com a criação da
Secretaria da Igualdade Racial e a
realização de curso de formação
sobre o tema voltado para metalúrgicos de todo o país e que também
contou com trabalhadores de outras categorias do ramo industrial.
O assunto foi ainda destaque nos
encontros e ações dos coletivos de
mulheres, da juventude, de saúde
e de formação, reforçando a luta
pela igualdade de oportunidades, uma das principais bandeiras da entidade.
E para que as ações da CNM/
CUT fossem disseminadas nas
bases sindicais, os coletivos também realizaram seus encontros em
outras regiões. Foi o caso do Coletivo Nacional de Mulheres Metalúrgicas, que fez suas reuniões em
diferentes estados, para ampliar o
contato com as realidades locais e
as diversas experiências de atuação das trabalhadoras.
Além disso, os dirigentes da
Confederação passaram a representar a entidade e a CUT em
conselhos sociais nacionais, como
o de Saúde (Geordeci de Souza),
Juventude (Leandro Soares) e do
Serviço Social da Indústria (Loricardo de Oliveira), e em organismos como o Instituto Sindical
Interamericano pela Igualdade
Racial (Christiane dos Santos).
Divulgação
Formação de jovens metalúrgicos
na pauta internacional
CNM/CUT
Presença na Conferência de
Mulheres Metalúrgicas no Canadá
Metalúrgicas de Moçambique
em visita ao Brasil
CNM/CUT
Nos últimos quatro anos, a
CNM/CUT teve uma extensa
agenda internacional, estreitando
ainda mais os laços entre os metalúrgicos brasileiros e os trabalhadores no ramo industrial de todos
os continentes.
A Confederação apoiou integralmente a criação da IndustriALL Global Union, a federação
mundial que unificou as entidades
internacionais dos metalúrgicos,
químicos e têxteis. E, junto com a
nova federação e parceiros históricos – como o sindicato dos metalúrgicos da Alemanha (IG Metall),
o sindicato canadense Unifor (antigo CAW), a Fundação Friedrich
Ebert (FES), entre outros –, participou de fóruns que articularam
lutas conjuntas. Teve ainda apoio
decisivo para o desenvolvimento
de ações no Brasil, como o trabalho
de redes sindicais, por exemplo.
A formação sindical também
foi destaque no âmbito internacional e a CNM/CUT esteve à frente
do programa que formou mulheres
metalúrgicas de Moçambique. O
programa teve três módulos e foi
encerrado com a visita de uma delegação de metalúrgicas moçambicanas ao Brasil, para conhecer
de perto a organização sindical da
categoria e as lutas nacionais das
mulheres trabalhadoras.
A Confederação coordenou
ainda a participação de jovens metalúrgicos da CUT em atividades
de formação de novas lideranças
na América Latina, promovidas
por organizações internacionais
e que propiciaram uma profunda
troca de experiências sobre as prá-
Divulgação
Lutas da classe trabalhadora
não têm fronteiras
Com IF Metall, ação para direitos
iguais na fabricação de caças suecos
ticas sindicais em diversos países
e como a juventude trabalhadora
se insere nesse contexto.
Além disso, os dirigentes da
entidade representaram a categoria em congressos de trabalhadores de outros países e participaram
de intercâmbios com o movimento
sindical em todos os continentes.
Estiveram presentes ainda em atividades de solidariedade a lutas
contra ataques de multinacionais
a trabalhadores – como no caso
da Nissan em Canton (Mississipi,
EUA), que adota práticas antissindicais contra o UAW (sindicato
dos metalúrgicos nas montadoras)
– e ameaças à integridade física de
sindicalistas, principalmente em
países da América Latina.
Outro destaque foi a participação da CNM/CUT no processo
que culminou com a compra, pelo
governo brasileiro, de 36 aviões
caças da empresa sueca Saab Scania, que garantiu a transferência
de tecnologia para o Brasil e a geração de empregos em território
nacional para parte da produção.
A ação da Confederação e do sindicato dos metalúrgicos suecos
IF Metall agora é para que sejam
assegurados aqui os mesmos direitos trabalhistas que os da matriz europeia.
Ainda no âmbito das relações
internacionais, a Confederação
recebeu a visita de sindicalistas
de todos os continentes, o que demonstra a importância estratégica
dos metalúrgicos da CUT e o reconhecimento de seu papel nas lutas
em defesa dos direitos dos trabalhadores em todo o mundo.
19
Solidariedade de classe
sobre indústria estão
dos metalúrgicos da
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Cayres, está encerrando o seu
primeiro mandato à frente da entidade e, nesta entrevista, avalia as principais ações da direção no
último quadriênio. Fala sobre o papel desempenhado pela CNM/CUT no debate sobre a política
industrial, ao lado das outras Confederações que formam o Macrossetor da Indústria da CUT, e o
destaque conquistado junto ao sindicalismo no Brasil e no exterior. Pontua, ainda, os desafios para os
trabalhadores e a sociedade brasileira no próximo período. Paulo Cayres é metalúrgico na Ford no ABC
e representa os trabalhadores na indústria junto à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
Brasil Metal – Como avalia
as ações da Confederação
entre 2011 a 2015?
Paulo Cayres – Entrei no corpo diretivo da CNM em 2007, como secretário de Formação. Naquela época, a composição da direção se dava
com outras forças políticas e, por
isso, representávamos um número
maior de metalúrgicos, passando da
casa de um milhão de trabalhadores. Quando assumi a presidência,
em 2011, um dos grandes desafios
era retomar o tamanho da Confederação, pois havíamos perdido sindicatos de base, em função da saída
dessas forças da CUT. Assim, uma
das metas era ampliar nossa repre-
20
sentação e conseguimos. Conquistamos 17 novos sindicatos nesta
gestão e isso fez com que o número
de trabalhadores representados voltasse a praticamente um milhão de
metalúrgicos. Esse resultado é fruto
do empenho de todos os secretários
e diretores da Confederação. Para
além das atividades das secretarias,
todos trabalharam muito para que a
CNM voltasse a crescer e ganhasse
mais destaque no sindicalismo brasileiro e internacional. Um desafio
para que isso acontecesse foi visitar
todas as entidades de base. Estive
presente nos 85 sindicatos filiados
para aproximar ainda mais a CNM
da realidade local.
Brasil Metal – Isso estreitou o relacionamento da
direção da CNM/CUT com
os sindicatos?
Paulo Cayres – Visitar cada sindicato e os locais de trabalho possibilitou um conhecimento muito
grande aos diretores da CNM. Estive em todas as entidades, mas os
secretários também conheceram a
realidade de cada estado. Isso qualifica a intervenção do dirigente,
porque ele não vai falar daquilo que
ouviu dizer e sim daquilo que presenciou e vivenciou. Tornou mais
fácil nossa intervenção e nosso
olhar para os sindicatos, suas dificuldades e facilidades. Mas não fo-
Paulo Cayres
Roberto Parizotti
e e debate
no DNA
a CUT
21
Divulgação
Cayres em assembleia na base
de Sapiranga (RS)
ram simplesmente visitas. Sempre
apresentávamos a política da Confederação e fazíamos um debate com
as direções locais. E as visitas não
terminaram em apenas uma rodada.
A CNM esteve presente em todas as
lutas que os sindicatos convocaram,
com a minha presença ou a de outro
dirigente. Posso afirmar com toda a
certeza que, nesta gestão, não deixamos vácuo na representação da
Confederação.
Brasil Metal – No último
Congresso foram estabelecidos três grandes eixos:
Contrato Coletivo Nacional
de Trabalho (CCNT), Organização Sindical e Política
Industrial. Como a Confederação desenvolveu esses eixos estratégicos?
Paulo Cayres – Desde a sua fundação, a CNM tem um acúmulo
grande no debate sobre o Contrato
Coletivo Nacional. Em 2012, nos
20 anos de fundação da entidade,
fizemos uma Conferência Nacional sobre Negociação Coletiva, que
contou com a participação do expresidente Lula e 180 sindicalistas
de todo o país. Na ocasião, Lula
nos desafiou a construir o contrato coletivo para todos metalúrgicos
do Brasil. E este foi um dos eixos
que mais avançamos. Ainda não temos um Contrato Coletivo Nacional para todos os metalúrgicos no
Brasil. Mas avançamos e conquistamos um contrato nacional que
assegura o mesmo valor de Participação nos Lucros e Resultados
na ThyssenKrupp Elevadores [ver
matéria na página 6].
22
Brasil Metal – A luta pelo
Contrato Coletivo tem os
salários como prioridade?
Paulo Cayres – Não só. O CCNT
dialoga também com um dos outros
eixos estratégicos da entidade, que
é a organização no local de trabalho. Na Conferência, estabelecemos
como um dos itens da pauta de reivindicações para o Contrato o direito de acesso ao local de trabalho.
Outra reivindicação fundamental é a
creche. Apesar de sermos um ramo
predominantemente masculino, os
companheiros entenderem que a
creche não é um direito da mulher,
mas sim um direito da criança. Foi
muito interessante porque a pauta
aprovada passou a nortear as campanhas das Federações e Sindicatos
em todo Brasil. Não foi a CNM que
ditou de cima para baixo, mas foram
os sindicatos que determinaram
suas prioridades e construíram a
pauta do CCNT. A partir da Conferência, conseguimos o acordo com
a Thyssen e depois avançamos para
assegurar um contrato coletivo do
setor naval. Já conseguimos garantir cláusulas iguais para os metalúrgicos de Rio Grande (RS), Espírito
Santo e Niterói (RJ). Em Pernambuco, os patrões não se apresentaram,
mas, com suporte da CNM, o sindicato conquistou os mesmos direitos.
Com isso, já temos dois belos exemplos de que é possível construir o
Contrato Coletivo Nacional.
Brasil Metal – A luta pelo
direito à organização no
local de trabalho também
é antiga. Houve avanços
nos últimos quatro anos?
Paulo Cayres – No tocante à organização no local de trabalho (OLT),
debatemos o projeto ACE (Acordo
Coletivo Especial), ideia que partiu
do ABC e previa a organização dos
Em Conferência, Lula
desafia metalúrgicos a
construírem o CCNT
trabalhadores de forma mais efetiva. O ACE previa um aumento de
sindicalização e respeito às negociações, porém não avançou por
falta de acúmulo do próprio modelo
sindical brasileiro. Mas não desistimos de continuar com o processo de
organização no local de trabalho e
debatemos com os sindicatos os melhores mecanismos para se chegar a
isso, respeitando as regionalidades.
A partir da experiência dos Comitês
Sindicais de Empresas (CSEs) do
ABC, avançamos e, com modelos
próprios, já conquistamos Comitês
no Rio Grande do Sul e em Belo
Horizonte/Contagem (MG). Em São
Paulo, os CSEs estão presentes em
Sorocaba, Salto, Pindamonhangaba,
Itu e Taubaté. Isso demonstra que
estamos avançando nesse modelo.
Brasil Metal – Qual é o papel da Confederação na
formulação na política industrial brasileira?
Paulo Cayres – Faz parte do DNA
da Confederação Nacional dos Metalúrgicos discutir a indústria. Ganhamos novo impulso quando, no
11º Congresso Nacional da CUT, foi
aprovada a organização dos trabalhadores por ramo. Assim, articulamos o Macrossetor da Indústria
(MSI) e ampliamos a visão sobre
o tema, passando a pensar não só
por setor, mas em toda indústria.
O Macrossetor surgiu para unificar
os debates dos setores metalúrgico,
químico, têxtil, de alimentação, da
construção e madeira. A partir daí,
realizamos encontros nacionais e
estaduais. No caso dos regionais,
começamos o debate em Pernambuco, depois fomos para o Rio Grande
do Sul, Bahia, Paraíba e Amazonas.
CNM/CUT
Divulgação
de autopeças também ganhou apoio,
com a necessidade de conteúdo nacional nos carros. Além disso, com
o Macrossetor abrimos mais espaço
no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC). Fizemos seminários e
audiências com ex-ministro Mauro Borges e analistas importantes
sobre o papel da nossa indústria e
o papel que o movimento sindical
deveria exercer para ser sujeito ativo nesse processo. Agora, não tem
mais volta. O Macrossetor vai sempre buscar interferir na política industrial do país. No início do ano,
estivemos presentes na posse do
atual titular do MDIC, Armando
Monteiro, para assegurar a continuidade deste trabalho.
Paulão em assembleia dos
trabalhadores na construção
em Três Lagoas (MS)
bens de capital e o Macrossetor potencializou nossa intervenção. Além
disso, a solidariedade de classe se
fez mais presente entre nós, com a
participação em mobilizações e atividades específicas das cinco categorias do ramo.
Brasil Metal – Já há algum
resultado concreto para os
trabalhadores?
Paulo Cayres – Nossa atuação
nos Conselhos fez a diferença em
propostas como o Programa Inovar Auto, que criou uma trava nas
importações. Em 2012, chegamos
a 850 mil veículos importados e,
com isso, mais de 200 mil empregos
deixaram de ser criados no Brasil.
No geral, tivemos uma intervenção
muito forte, que resultou no investimento das montadoras no Brasil e
não apenas das que já estavam instaladas. Várias outras estão construindo fábricas aqui e o segmento
Brasil Metal – Entre as
ações permanentes, quais
foram mais intensificadas
na Confederação?
Paulo Cayres – A CNM rearticulou a organização dos metalúrgicos
em seis setores: naval, siderúrgico,
automotivo, aeroespacial, bens de
capital e eletroeletrônico. E para
respaldar as ações focadas nos eixos
aprovados no 8º Congresso, demos
continuidade ao trabalho com redes
sindicais. Algumas delas avançaram
na lógica do Macrossetor e já unem
metalúrgicos e químicos. Do ponto
de vista das políticas permanentes,
as secretarias já existentes – mulher,
formação, políticas sociais e saúde –
deram continuidade às suas ações,
incluindo debates sobre Contrato
Coletivo e política industrial na sua
agenda. No 8º Congresso, desmembramos a Secretaria de Políticas Sociais, criando duas novas: Juventude
e a Igualdade Racial. E, com isso,
tivemos atuação mais intensa em
relação aos dois temas. A Secretaria
da Juventude apostou na formação
de novas lideranças e participou de
vários eventos internacionais. No
que se refere à Igualdade Racial, o
debate se aprofundou de tal forma
Floriano Rios
Percebemos as dificuldades regionais e começamos a estabelecer
nossas propostas para a política industrial. Atuamos, principalmente, dentro do Plano Brasil Maior,
o programa industrial apresentado
pela presidenta Dilma Rousseff em
seu primeiro mandato. Já participávamos também dos Conselhos de
Competitividade dos setores automotivo, eletroeletrônico, aeroespacial e da defesa, siderúrgico e de
Presidente da CNM entrega pauta
ao ministro Armando Monteiro
que criamos um modelo de formação específica para a Secretaria, que
não abrangeu somente dirigentes
da Confederação, mas também dos
sindicatos de todo o país, através
das parcerias com as Federações.
Temos a consciência de que o Brasil tem uma dívida com os negros
porque foi praticamente o último
país a abolir a escravidão. Nenhum
debate da Confederação é simplista,
mas eu diria que o mais estratégico,
o mais grave e o que deve ser de fato
aprofundado, do ponto de vista de
uma reparação social, é a questão
da igualdade racial.
Brasil Metal – Em relação à
formação sindical, a CNM
ampliou o trabalho no último mandato?
Paulo Cayres – A CNM já tinha um
histórico muito positivo de formação, inclusive através do Programa
Integrar, que formava trabalhadores
com o diploma do ensino fundamental, e tinha um programa para
os dirigentes sindicais, por meio de
convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A
partir do último Congresso, estabelecemos convênio com o CAW,
do Canadá, e com o IF Metall, da
Suécia, e ministramos curso de formação em economia do trabalho
para dirigentes de todo o país, em
parceria com o Centro de Estudos
Sindicais e Economia do Trabalho
da Unicamp. Depois, já na lógica do
Macrossetor, chamamos os químicos para a segunda turma do curso.
Isso qualificou o debate sobre polí-
23
Dino Santos
tica industrial. E por nossa
experiência
acumulada,
estivemos à frente também
de um curso de formação
para mulheres metalúrgicas
de Moçambique, que discutiu a questão de gênero
e envolveu as Secretarias
de Formação, da Mulher e
de Igualdade Racial. Com
esse curso, a Confederação,
que foi constituída graças à solidariedade de entidades internacionais,
devolveu essa solidariedade. Ainda
precisamos evoluir muito, mas temos de olhar para aqueles que não
estão onde nós estamos. E este olhar
de solidariedade é o principal, é o
DNA da nossa Central e da CNM.
Brasil Metal – O trabalho
em Moçambique é um
exemplo do reconhecimento do papel da CNM
no movimento sindical internacional? Atualmente,
como está a participação
da Confederação no sindicalismo mundial?
Paulo Cayres – A presença da
CNM hoje é extremamente importante no cenário internacional. O
trabalho, ao longo dos anos, foi tão
bem feito que a chamada para estar
à frente dessa tarefa em Moçambique é o reconhecimento do papel da
Confederação. A CNM é convidada
para todos os eventos internacionais
e a magnitude da entidade ficou clara quando a IndustriALL consultou
nossa direção e escolheu o Rio de
Janeiro para fazer o seu próximo
congresso, em 2016, o que é motivo
de muito orgulho. Que país não quer
sediar o congresso da entidade que
representa 50 milhões de trabalhadores de toda a indústria no mundo?
Isso demonstra o estágio da Confederação, sem contar o papel fundamental que tivemos para a eleição
de João Felício como presidente da
Confederação Sindical Internacional (CSI). Para nós, é extremamente
24
Luta pela reforma política deve
entrar na pauta, diz Cayres
importante elevar o nome do Brasil
no cenário sindical mundial.
Brasil Metal – O Brasil atravessa um momento delicado. Mesmo com a reeleição de Dilma Rousseff, há
risco de perder conquistas
dos últimos 12 anos. Qual
será o desafio da CNM e
dos metalúrgicos nos próximos anos?
Paulo Cayres – O grande desafio da
Confederação sempre foi ampliar os
direitos. Mas, na atual conjuntura, é
manter direitos. Por isso, temos de
abraçar e estar junto de todas as lutas da Central Única dos Trabalhadores. Passar por dificuldades não
nos assusta, porque a CUT nasceu
em anos difíceis, em plena ditadura
militar. Em 1992, quando criamos a
Confederação, já havia eleição para
presidente e, embora numa democracia, ainda tínhamos os ranços da
ditadura presente no sistema político. Era um momento difícil e de
crise. E neste cenário construímos a
plataforma de direitos da classe trabalhadora. Avançamos em algumas
regiões, conquistamos a redução
de jornada, aumento real de salário
e a organização no local de trabalho. Por isso, nossas conquistas não
podem ser destruídas e o principal
desafio é manter aquilo que conseguimos e ampliar os direitos dos
trabalhadores.
Brasil Metal – E como fica a
questão do emprego?
Paulo Cayres – Hoje temos
um país com pleno emprego. No passado, o índice de
desemprego chegava a 20%.
Hoje, o índice é de 4,8%, número de primeiro mundo. O
desafio é não deixar que o
desemprego fuja do controle
e comece a prejudicar toda a
organização da classe trabalhadora. Com a estrutura do
Macrossetor da CUT, com a nossa
participação nos fóruns de política
industrial, junto com empresários
e o ministro da Indústria e Comércio, e até mesmo com a presidenta,
será possível estancar o desemprego. Mas, como sempre, isso só vai
acontecer a partir da intervenção e
das lutas dos trabalhadores.
Brasil Metal – Quais são as
principais lutas sociais a
serem abraçadas pela classe trabalhadora nos próximos quatro anos?
Paulo Cayres – Como digo no artigo [publicado nesta revista à página
4], temos de defender o projeto que
ajudamos a construir e que mudou
a cara do país nos últimos 12 anos.
Nesse contexto, para mim, a luta
principal é a democratização dos
meios de comunicação, antes mesmo da reforma política. O modelo
de política está ultrapassado e não
atende mais as demandas dos brasileiros. Mas essa reforma não é simplista como muitos pensam. Uma
reforma política precisa ter um debate mais amplo na sociedade para
que os brasileiros apontem qual é o
modelo político que desejam. Não
podemos deixar nas mãos dos deputados porque parte desta reforma
fere os interesses deles. Será bem
difícil a reforma acontecer se não
for feita pela sociedade. E, por isso,
precisamos de uma comunicação
mais plural no Brasil, para que o debate sobre a estrutura política se dê
de forma clara e democrática.
Missão Cumprida
Sindicalistas que estiveram à frente da direção da Confederação
Nacional dos Metalúrgicos da CUT avaliam a atuação da entidade
nos últimos quatro anos, a partir da realização do 8º Congresso
da categoria, que aconteceu em abril de 2011.
Para eles, além de cumprir com as resoluções aprovadas naquela
ocasião, a entidade superou os desafios impostos pelas conjunturas
política e econômica e se consolidou como a entidade representativa da
categoria em todo o país e também junto ao movimento sindical internacional.
Confira nas próximas páginas a avaliação dos secretários e diretores
da Confederação sobre o trabalho realizado ao longo do seu mandato.
25
Felício presidente da CSI (Confederação Sindical Internacional), através da articulação com
a CUT e federações internacionais. Além disso, o trabalho de
redes sindicais foi importante
para construção dos Acordos
Marco Globais (AMGs), que
asseguram direitos básicos aos
trabalhadores, como o de organização sindical e de negociação coletiva.
Rosilene Matos
Vice-presidenta
(Amazonas)
João Cayres
Secretário geral e de
Relações Internacionais
(ABC – SP)
“
“
Fomos além do que foi
deliberado no plano de lutas.
Dentro do que foi detalhado, os
secretários cumpriram com o
planejado. Ampliamos a relação
com os companheiros da América Latina e África. Mantivemos
as relações com as entidades
europeias e realizamos projetos
importantes para trabalhadores
do mundo todo. Elegemos João
26
“
A missão da CNM/CUT
vem sendo cumprida por meio
de muita luta. O setor naval
viveu sua melhor fase nestes
quatro últimos anos. Lutamos
para recuperar a indústria naval
depois de anos com os estaleiros em completo abandono por
falta de obras. Hoje são mais
de 80 mil trabalhadores diretos.
Atualmente, os sindicatos de
metalúrgicos de todo Brasil estão trabalhando em conjunto e
graças às ações da CNM/CUT e
a luta, agora, é pela manutenção
dos empregos e investimentos
no setor.
“
“
Fábio Dias de Souza
Vice-presidente
(Feira de Santana – BA)
“
“
Nestes quatros anos de
mandato, a CNM conquistou
mais sindicatos através de muito trabalho nas bases. Abraçou o
projeto do Macrossetor da Indústria, que foi um dos maiores avanços dentro da CUT,
pois possibilita a discussão da
indústria no país com os sindicatos das demais categorias
do ramo.
Edson Carlos Rocha da Silva
Secretário Administração e
Finanças e coordenador do
Setor Naval (Niterói – RJ)
“
Neste mandato, o trabalho
da Secretaria de Organização
conseguiu criar uma sintonia
maior entre os sindicatos e as
redes sindicais de trabalhadores. A direção se empenhou
em três principais aspectos:
aumentou o contato com entidades sindicais internacionais,
manteve o compromisso com o
Contrato Coletivo Nacional de
Trabalho (CCNT) e deu total
apoio aos sindicatos nas campanhas salariais. Além disso, a
CNM/CUT tem representado
a categoria em diversos fóruns tripartites, influenciando
as decisões com o objetivo de
defender o emprego e a indústria nacional.
Ubirajara de Freitas
Secretário de Organização
(Belo Horizonte/Contagem – MG)
“
Foi um mandato que teve
muita atuação em todo Brasil.
O presidente da CNM/CUT,
Paulo Cayres, visitou todos os
sindicatos de metalúrgicos da
CUT e isto foi o diferencial
desta gestão. A direção esteve
ao lado dos sindicatos e participou ativamente de cada conquista da categoria. Avançamos
e conquistamos novos sindicatos em todo país. Foi uma gestão que cumpriu com todas as
propostas do último Congresso e, mais do que isso, buscou
ampliar sua atuação na política
industrial do Brasil.
“
A Confederação conquistou muitos benefícios para
trabalhadores e trabalhadoras
de todo país. Investimos em
formação para os dirigentes e,
principalmente, para as bases
sindicais que serão nossos futuros representantes. Conseguimos aumentar a representatividade das trabalhadoras e dos
sindicatos filiados à CUT.
“
“
Flávio José
Fontana de Souza
Secretário de Políticas Sociais
(Canoas – RS)
“
Loricardo de Oliveira
Secretário de Política Sindical
(São Leopoldo – RS)
“
Desde que a Confederação
Nacional dos Metalúrgicos foi
fundada, este foi o melhor mandato. Conseguimos alcançar os
“
Esta gestão da CNM/CUT
conquistou grandes vitórias.
Conseguimos ampliar o número de metalúrgicas nos locais de
trabalho. Em 2011, as mulheres ocupavam 15% e hoje este
número chega a quase 20%. O
único desafio não é ampliar a
participação e direitos das mulheres, mas manter o que já conquistamos. A Confederação fez
um trabalho em união com sindicatos e federações para acrescentar cláusulas importantes
na pauta de reivindicações,
como licença maternidade de
180 dias e a creche. Também
fizemos um intercâmbio com
mulheres de Moçambique para
trocar experiências e reforçar a
cooperação com metalúrgicas
de outros países.
Marli Melo do Nascimento
Secretária de Mulheres
(Campina Grande – PB)
“
Esta gestão consolidou o
nome da CNM e da CUT internacionalmente, inclusive den-
tro da IndustriALL, entidade
internacional que representa
os trabalhadores metalúrgicos,
químicos e têxteis em todo o
mundo. Com relação à Juventude, consolidamos a Secretaria como ferramenta para se
aproximar dos jovens e realizar
políticas voltadas ao tema dentro dos sindicatos e federações.
Conseguimos ocupar espaços
de relevância, como no Conjuve
(Conselho Nacional da Juventude), e participar de projetos
internacionais importantes, que
têm o objetivo de desenvolver a
formação de jovens lideranças
sindicais.
Leandro Soares
Secretário de Juventude
(Sorocaba – SP)
“
Os objetivos da CNM/
CUT sempre foram propor e
formular ações formativas específicas para o ramo, levando
em conta a conjuntura política
e econômica. Além disso, a Secretaria de Formação fortaleceu
as bandeiras históricas da CUT
e garantiu unidade metodológica em todas suas ações. Nesta
gestão, a formação foi transversal em todos os espaços políticos da Confederação, passando
por setores e políticas gerais.
Acredito que contribuímos para
a construção de uma nova política industrial, para que esta
seja sustentável, que respeite os
nossos biomas e que também
garanta emprego decente.
“
“
Toda a direção da CNM/
CUT cumpriu com seu papel nesta gestão. Debatemos e
participamos da construção da
política industrial no país com
mais força, a partir do Macrossetor da Indústria da CUT. Participamos e contribuímos com
os dirigentes de sindicatos e
federações nas lutas específicas de cada entidade. Fomos de
norte a sul do Brasil fomentar a
pauta dos trabalhadores e mostrar o quanto somos uma classe
unida e forte.
Geordeci Menezes de Souza
Secretário de Saúde
(Natal – RN)
“
“
Christiane Aparecida
dos Santos
Secretária de Igualdade Racial
(Pouso Alegre – MG)
objetivos e fomos além do esperado, em defesa do trabalhador
e na ampliação dos diretos. Em
relação à Secretaria de Saúde, a
CNM/CUT foi responsável por
organizar a 4ª Conferência Nacional da Saúde do Trabalhador
e da Trabalhadora e representa a CUT na Mesa Diretora do
Conselho Nacional de Saúde
(CNS).
“
Iniciamos um trabalho intenso de planejamento e ações
após a criação da Secretaria no
último Congresso. O curso de
combate ao racismo, promovido pela Secretaria de Igualdade
Racial da CNM/CUT e ministrado em dois módulos, foi apenas o primeiro passo para levar
o tema ao mundo sindical. Conseguimos importantes parcerias
com as entidades voltadas ao
movimento negro, o que contribuiu com o desenvolvimento da
Secretaria.
“
“
Michele Ida Ciciliato
Secretária de Formação
(Taubaté – SP)
27
“
Valter Sanches (ABC - SP):
“Destaco como conquistas da
atual gestão da CNM/CUT o seu
protagonismo na política industrial, participando com propostas
nos grupos tripartites do Plano
Brasil Maior e o Programa Inovar Auto, além do ganho de vários novos Sindicatos de Metalúrgicos para o campo
da CUT”.
Kleber William de Souza (Timóteo – MG): “A
CNM/CUT cumpriu todas diretrizes propostas no
Congresso de 2011, superando desafios e se consolidando como protagonista dos metalúrgicos na formulação do projeto que defendemos para o país. Nossa
participação nos Conselhos do Plano Brasil Maior
foi decisiva para apontar caminhos para driblar a
crise e para municiar os sindicatos e trabalhadores
para o enfrentamento com os setores retrógrados e
o patronato”.
Maria Ferreira (Belo Horizonte/Contagem – MG):
“A organização das mulheres na CNM/CUT foi uma
das principais ações nestes últimos anos. Conseguimos aumentar o número de metalúrgicas na base e,
principalmente, o número de mulheres dirigentes nos
sindicatos. Por meio do trabalho com as redes sindicais, os Acordos Marco Globais também estão sendo
implantados nas multinacionais e eles asseguram direitos básicos aos trabalhadores, como o de organização sindical e de negociação coletiva”.
Roberto Pereira de Souza (Espírito Santo): “A qualificação dos dirigentes de sindicatos e de federações
através dos cursos de formação foi uma das principais
ações realizadas pela CNM/CUT. A Confederação
também estreitou os laços com as entidades internacionais e prestou sua solidariedade em diversas campanhas em defesa do trabalhador mundo afora”.
José Quirino dos Santos (João Monlevade – MG):
“As demandas estipuladas no último Congresso foram
cumpridas e superadas. O cenário político-econômico
mudou e demandou mais trabalho para a CNM/CUT.
O destaque desta direção foi a participação dos diretores nos conselhos tripartites do Plano Brasil Maior,
que colocou a pauta dos trabalhadores na mesa dos
patrões e do governo”.
Adilson Faustino – Carpinha (Sorocaba – SP): “A
CNM/CUT teve destaque na participação no Plano
Brasil Maior, a política industrial do governo federal.
Debatemos com o governo e empresários a pauta dos
28
metalúrgicos de todo Brasil. Através das redes sindicais, também fomentamos a troca de experiências
entre sindicatos e entidades internacionais”.
Ricardo Ferreira (Amazonas): “Foram muitas as
ações que a Confederação conduziu nestes últimos
quatro anos. Mas destaco aquelas que incluíram os
metalúrgicos de todo o país, como por exemplo, as
conferências sobre a NR 12 que destacaram a importância da saúde do trabalhador e os seminários do
Macrossetor da Indústria”.
Ervano da Silva Melo (Amazonas): “A CNM/CUT
sempre se preocupou em ampliar os direitos dos trabalhadores. Hoje, pode-se dizer que nos tornamos protagonistas da política industrial do país. Somos uma
entidade que consolidou seu espaço no movimento
sindical nacional e internacional”.
Benedito Sergio Irineu (Pindamonhangaba – SP):
“A CNM/CUT se organizou e cumpriu o que foi decidido no último Congresso. A direção teve mais participação na luta em defesa dos direitos e empregos.
Para mim, o maior destaque foi a criação e o trabalho
da Secretaria de Igualdade Racial, que abriu o debate
do tema na base”.
Lírio Segalla (Porto Alegre – RS): “A CNM/CUT
tem cumprido a missão de defender os trabalhadores
desde quando foi criada. Mas esta gestão foi mais
ousada e o nosso presidente fez um grande trabalho,
com as visitas a todas as entidades de base. A Confederação sempre defendeu as bandeiras da CUT, que
vêm de encontro aos anseios não só dos metalúrgicos,
mas de toda a classe trabalhadora”.
Mauri Antônio Schorn (Sapiranga – RS): “Foi um
mandato positivo, pois avançamos no número de sindicatos de base cutista. Não posso deixar de ressaltar
as visitas do presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres,
aos sindicatos de todo Brasil. O presidente fez questão
de conhecer a realidade da base e isso deu mais suporte para ele defender os metalúrgicos de todo país”.
Cícera Michele Silva Marques (ABC – SP): “O trabalho voltado às mulheres foi um dos principais destaques da Confederação. Realizamos um intercâmbio
em Moçambique que fortaleceu a solidariedade entre
as metalúrgicas. A troca de experiências com sindicados e federações ao longo do mandato também foi
muito importante na luta pela ampliação de direitos”.
Pedro Cícero Cassiano da Silva (Toledo – PR): “O
maior destaque dessa direção foi a aproximação com
os sindicatos. As visitas realizadas pelo presidente da
Mauro Soares (ABC – SP): “A CNM/CUT se destacou com importantes atividades vinculadas à área
da saúde. A Secretaria organizou diversos seminários
regionais pelo país sobre a Norma Regulamentadora
12. Os seminários tiveram o objetivo de garantir a
aplicação correta da norma pelas empresas e, consequentemente, a preservação da saúde do trabalhador”.
Manuela Alencar (Natal – RN): “A Confederação
sempre fez um trabalho para contemplar toda a categoria. Mas destaco nesta gestão as ações voltadas para
as metalúrgicas. Realizamos encontros itinerantes do
Coletivo de Mulheres Metalúrgicas em vários estados
do país, para vivenciar a realidade das companheiras.
Outra conquista da Secretaria foi a cláusula da creche
na pauta de reivindicação dos sindicatos de todo país,
mostrando que não é um direito da mãe ou do pai,
mas sim da criança”.
Catia Maria Braga Cheve (Amazonas): “A CNM/
CUT sempre buscou comunicar as lutas da categoria
para os sindicatos e federações. Por isso, os encontros
dos coletivos de juventude, mulher, saúde e formação
da Confederação são importantes para informar e
contribuir com a política industrial brasileira”.
Antônio Marcos Martins (Timóteo – MG): “Nossa
Confederação cresceu e colocou a pauta dos metalúrgicos em destaque. Colaboramos com as lutas dos
sindicatos e fomos às ruas para ampliar os direitos dos
trabalhadores. O Macrossetor da Indústria foi criado
justamente para aumentar a parceria entre os ramos e
lutar por melhores condições de trabalho. Juntos, somos mais fortes!”
Adão Pereira de Brito (Itu – SP): “O maior destaque destes quatro anos é a participação internacional
da CNM/CUT, que cresceu muito. Os outros países
querem conhecer nossa realidade, em função do importante de trabalho da Confederação. E os metalúrgicos da CUT estiveram presentes em diversos debates
referentes à classe trabalhadora e à política econômica
do país”.
Genivaldo Marcos Ferreira (Joinville – SC): “A
primeira missão da CNM/CUT foi cumprida logo no
início, com a visita do presidente a todos os sindicatos
base e que, assim, conseguiu estreitar as relações com
estas entidades. Além disso, ao longo destes quatro
anos, a direção interveio e defendeu as questões re-
lativas aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras
em todo país”.
Valdeci Henrique da Silva (Sorocaba – SP): “A Secretaria de Juventude, criada no 8º Congresso da categoria, foi muito importante para aprofundar o diálogo
com a juventude metalúrgica. Este trabalho é necessário porque precisamos de novos representantes nos
sindicatos e federações. Outro destaque foi a presença
do presidente da Confederação em todos os sindicatos
filiados à CUT no Brasil”.
Vilmar Sizino Garcia (Jaraguá do Sul – SC): “A atual direção teve sempre um papel importante nos debates da classe trabalhadora. Para nós, de Santa Catarina,
a CNM/CUT teve um papel fundamental na construção do nosso Departamento Estadual dos Metalúrgicos. Esse departamento é importante para que possamos representar os trabalhadores da região e implantar
a política da nossa Central e da Conferação”.
José da Silva Cavalcanti (Pernambuco): “As metas
da CNM/CUT para esta gestão foram ousadas, mas
todas conquistadas. O destaque é a política para alavancar o setor naval e que foi primordial para a criação de novos empregos. A Confederação conseguiu
aumentar sua representatividade na indústria naval
através de muita luta dos trabalhadores”.
Shirley Aparecida Cruz (São Leopoldo – RS): “A
CNM/CUT aumentou sua representatividade nos sindicatos e sua participação nos fóruns da política industrial do país. Avançamos em diversas secretarias,
mas principalmente na de gênero, porque trouxemos
mais mulheres para as direções e comitês de fábrica”.
“
CNM/CUT foram importantes para conhecer a realidade de cada região. O trabalho de formação para
dirigentes no início do mandato também foi fundamental para a nossa atuação dentro dos sindicatos” .
Francisco Wil Pereira (Ceará): “A representatividade da CNM/CUT ficou mais forte na região Nordeste. Conseguimos ampliar o número de sindicatos
dos metalúrgicos filiados à CUT. Com isso, o trabalho
focado no Contrato Coletivo Nacional de Trabalho foi
mais intensificado em todas as regiões”.
José de Oliveira Mascarenhas (Niterói – RJ): “A
CNM/CUT intensificou suas ações todos os setores do
ramo metalúrgico, mas em especial no naval. No início
dos anos 2000, nossa indústria naval praticamente não
existia, e hoje estamos quase no
pleno emprego no setor. A construção do contrato coletivo nacional do setor naval comprova
toda a luta da Confederação para
o avanço dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras”.
29
Perfil da categoria
metalúrgica no Brasil
Aqui, é apresentada uma síntese de estudo elaborado pela Subseção do Dieese da
CNM/CUT, com indicadores sobre a evolução do emprego, sua distribuição setorial
no ramo, por sexo, raça, faixa etária, escolaridade e remuneração média.
Evolução do emprego - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2002 a 2013
2.446.272
2.032.473
1.646.318
1.345.001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: RAIS/MTE
Elaboração: Dieese
Distribuição do Emprego Metalúrgico por Setor * - Brasil, 2013
Automotivo
21,8%
1,4%
Aeroespacial
e Defesa
30,4%
Siderurgia e
Metalurgia Básica
Fonte: MTE – RAIS
Elaboração: Dieese
* De acordo com a divisão setorial feita pela CNM/CUT
30
Eletroeletrônico
17,7%
Máquinas e
Equipamentos
24,3%
Naval
2,8%
1,6%
Outros Materiais
e Transportes
2013
Distribuição dos (as) trabalhadores (as) por sexo - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2013
Mulheres
Segmento
Homens
Total
Nº
%
Nº
%
Aeroespacial e Defesa
5.719
16,51%
28.929
83,49%
34.648
Automotivo
97.520
18,32%
434.844
81,68%
532.364
Eletroeletrônico
157.432
36,31%
276.181
63,69%
433.613
Máquinas e equipamentos
82.150
13,83%
511.701
86,17%
593.851
Naval
5.962
8,76%
62.080
91,24%
68.042
Outros materiais de transporte
6.671
16,77%
33.105
83,23%
39.776
Siderurgia e metalurgia básica
109.896
14,77%
634.082
85,23%
743.978
Total Geral
465.350
19,02%
1.980.922
80,98%
2.446.272
Fonte: MTE – RAIS
Elaboração: Dieese
Distribuição dos (as) trabalhadores (as) por raça - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2013
Negro
Segmento
Aeroespacial e Defesa
Não negro
Não classificado
Nº
%
Nº
%
Nº
%
4.075
11,76%
29.847
86,14%
726
10%
Total
34.648
Automotivo
122.586 23,03%
370.018 69,50%
39.794 7,47%
532.364
Eletroeletrônico
131.977 30,44%
275.414 63,52%
26.189 6,04%
433.613
Máquinas e equipamentos
138.799 23,37%
408.926 68,86%
46.125 7,77%
593.851
Naval
35.604 52,33%
27.354
40,20%
5.084
7,47%
68.042
Outros materiais de transporte 20.852 52,42%
17.818
44,80%
1.106
2,78%
39.776
Siderurgia e metalurgia básica 225.287 30,28%
465.357 62,55%
53.369 7,17%
743.978
Ramo Metalúrgico
679.180 27,76% 1.594.734 65,19% 172.323 7,04% 2.446.272
Fonte: MTE – RAIS
Elaboração: Dieese
Distribuição dos (as) trabalhadores (as) por escolaridade - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2013
Escolaridade
Nº
Faixa Etária Analfabeto
%
Nº Trab. 3.215
Fundamental Incompleto
224.551
Fundamental Completo
272.649
até 17 anos Médio Incompleto 23.445 203.097
de 18 a 24 anos
447.484 1.361.034
Médio Completo
Superior Incompleto
de 25 a 29 anos
461.326 103.936
Superior Completo
273.437
de 30 a 39 anos
784.115 3.520
Mestrado
Doutorado
de 40 a 49 anos
461.450 833
0,13%
%
9,18%
11,15%
0,96%
8,30%
18,29%
55,64%
4,25%
18,86%
11,18%
32,05%
0,14%
0,03%
18,86%
de 50 a 64 anos
65 anos ou mais
não classificados
10,47%
0,50%
0,00%
Fonte: MTE – RAIS / Elaboração: Dieese
256.124
12.322
6
31
Distribuição dos (as) trabalhadores (as) por faixa etária - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2013
Faixa Etária
Nº Trab.
%
até 17 anos
de 18 a 24 anos
de 25 a 29 anos
de 30 a 39 anos
de 40 a 49 anos
de 50 a 64 anos
65 anos ou mais
não classificados
23.445
447.484
461.326
784.115
461.450
256.124
12.322
6
0,96%
18,29%
18,86%
32,05%
18,86%
10,47%
0,50%
0,00%
Fonte: MTE – RAIS / Elaboração: Dieese
Remuneração por segmento do Ramo Metalúrgico segundo raça e sexo - Brasil, 2013
Raça/Sexo
Aeroespacial
e defesa
Eletroeletrônico
Máquinas e
equipamentos
Negro
R$ ........ 3.266,56
R$.........2.714,22 R$ ........ 1.900,84 R$ ........2.316,73
Mulher
R$ ...........2.416,82
R$ ...........1.766,08
R$ .......... 1.492,39
R$ ..........1.818,64
Homem
R$ ...........3.409,56
R$ ...........2.919,56
R$ .......... 2.162,95
R$ .........2.382,56
Não negro
R$ ........ 6.011,66
R$.........3.816,85 R$ ........ 2.998,91 R$ ........3.150,04
Mulher
R$ ..........4.743,71
R$ ...........2.794,35
R$ .......... 2.134,47
R$ ..........2.535,15
Homem
R$ ...........6.266,08
R$ ..........4.038,18
R$ .......... 3.474,74
R$ ..........3.254,78
Não classificado
R$ ........ 3.716,09
R$.........3.412,73 R$ ........ 2.175,89 R$ ........2.511,14
Mulher
R$ ...........2.604,48
R$ ...........2.345,55
R$ .......... 1.668,84
R$ ..........2.082,55
Homem
R$ ..........3.991,12
R$ ...........3.764,41
R$ .......... 2.401,15
R$ ..........2.580,55
Total Geral
R$ ........ 5.640,71
R$.........3.532,77 R$ ........ 2.614,92 R$ ........2.905,65
Raça/Sexo
Naval
Siderurgia e
Outros materiais
de transporte Metalurgia Básica
Ramo
Metalúrgico
Negro
R$ ........ 2.907,71
R$.........2.786,37 R$ ........ 2.101,75 R$ ........2.502,90
Mulher
R$ ..........2.661,12
R$ ...........2.268,91
R$ .......... 1.682,58
R$ ..........1.949,43
Homem
R$ ..........2.925,13
R$ ...........2.863,11
R$ .......... 2.154,43
R$ ..........2.639,39
Não negro
R$ ........ 3.763,45
R$.........2.938,42 R$ ........ 2.547,13 R$ ........3.164,44
Mulher
R$ ..........3.541,57
R$ ...........2.105,56
R$ .......... 2.097,24
R$ ..........2.396,67
Homem
R$ ..........3.790,16
R$ ...........3.163,82
R$ .......... 2.634,94
R$ ..........3.350,33
Não classificado
R$ ........ 3.080,51
R$.........3.841,20 R$ ........ 1.878,94 R$ ........2.287,45
Mulher
R$ ..........2.343,62
R$ ...........2.382,30
R$ .......... 1.613,76
R$ ..........1.670,32
Homem
R$ ...........3.193,13
R$ ...........4.130,45
R$ .......... 1.930,96
R$ ..........2.420,41
Total Geral
R$ ........ 3.264,64
R$.........2.883,81 R$ ....... 2.364,36 R$ ........2.874,34
Fonte: MTE – RAIS / Elaboração: Dieese
32
Automotivo
CNM/CUT dá exemplo de que,
unida, a classe trabalhadora
conquista mais
Por Vagner Freitas,
presidente da CUT
Roberto Parizotti
A
prática de luta
sindical solidária e coletiva, com
objetivos que vão além
das reivindicações por
melhores condições
de trabalho, renda e
ampliação dos direitos
dos (as) trabalhadores (as) da categoria,
é uma das principais
e mais nobres características dos (as) companheiros (as) da Confederação
Nacional dos Metalúrgicos da
CUT (CNM/CUT).
A Confederação tem consciência da importância da unidade, da solidariedade de classe, do
fortalecimento da luta de toda a
classe trabalhadora e, por isso,
prioriza a luta coletiva. Para os
(as) metalúrgicos (as), todos (as)
os (as) trabalhadores (as) têm de
garantir empregos e salários decentes e se preparar para ampliar
conquistas. A luta é pelo desenvolvimento do país com justiça e
inclusão social, transporte, educação e saúde acessível e de qualidade, moradia para todos (as).
Essa é para mim a melhor
definição da atuação dos companheiros e companheiras da
CNM/CUT, o primeiro ramo da
Central Única dos Trabalhadores, junto com os bancários, a se
estruturar nacionalmente, levando a organização, estratégias de
luta e de enfrentamento ao capital para todo o Brasil.
A Confederação vem dando à
classe trabalhadora uma demonstração inequívoca de que, a partir
do trabalho executado em suas
bases, os (as) metalúrgicos (as)
não só adquiriram como levaram aos quatro cantos do Brasil a
consciência de que unida a classe trabalhadora consegue muito
mais conquistas ─ além de preservar direitos ─ do que quando
faz a luta avulsa, solitária.
E é essa atuação cotidiana, determinada e eficiente da CNM/
CUT que fortalece e dá consistência à ação de toda a base sindical cutista, o que contribuiu para
a Central impedir a aprovação de
projetos prejudicais à classe trabalhadora, como a Emenda 3 e o
Projeto de Lei 4330 (ambos tratam de terceirização), pela aprovação da Política de Valorização
do Salário Mínimo, contra a retirada de direitos e por melhores
salários e condições de emprego de metalúrgicos, professores,
químicos, bancários e todas as
categorias profissionais cutistas.
Ser metalúrgico (a) é fazer
parte de uma categoria que é
símbolo da classe operária. Ser
metalúrgico (a) brasileiro (a) e
ser filiado à CUT é mais simbólico ainda.
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Direção da Confederação Nacional
dos Metalúrgicos da CUT
Gestão 2011-2015
• Presidente: Paulo Aparecido Silva Cayres (ABC-SP)
• 1ª Vice-Presidente: Rosilene Matos da Silva (Amazonas)
• 2º Vice-Presidente: Fábio Dias de Souza (Feira de Santana-BA)
• Secretaria Geral e Relações Internacionais: João Vicente Silva Cayres (ABC-SP)
• Secretaria de Administração e Finanças: Edson Carlos Rocha da Silva (Niterói-RJ)
• Secretaria de Formação: Michele Ida Ciciliato (Taubaté-SP)
• Secretaria da Igualdade Racial: Christiane Aparecida dos Santos (Pouso Alegre-MG)
• Secretaria de Juventude: Leandro Candido Soares (Sorocaba-SP)
• Secretaria da Mulher: Marli Melo do Nascimento (Campina Grande-PB)
• Secretaria de Organização: Ubirajara Alves de Freitas (Belo Horizonte/Contagem-MG)
• Secretaria de Política Sindical: Loricardo de Oliveira (São Leopoldo-RS)
• Secretaria de Políticas Sociais: Flávio José Fontana de Souza (Canoas-RS)
• Secretaria de Saúde, Segurança no Trabalho e Meio Ambiente: Geordeci Menezes de Souza (Natal-RN)
• Diretor Executivo: Kleber Wiliam de Souza (Timóteo-MG)
• Diretor Executivo: Valter Sanches (ABC-SP)
• Diretor: Adilson Faustino (Sorocaba-SP)
• Diretor: Benedito Sérgio Irineu (Pindamonhangaba-SP)
• Diretora: Cátia Maria Braga Cheve (Amazonas)
• Diretora: Cícera Michele Silva Marques (ABC-SP)
• Diretor: Ervano da Silva Melo (Amazonas)
• Diretor: Francisco Wil Pereira (Ceará)
• Diretor: Genivaldo Marcos Ferreira (Joinville-SC)
• Diretor: Henrique Almeida Ribeiro (Juiz de Fora-MG)
• Diretor: José da Silva Cavalcanti (Pernambuco)
• Diretor: José Quirino dos Santos (João Monlevade-MG)
• Diretor: Lírio Segalla Martins Rosa (Porto Alegre-RS)
• Diretora: Maria Ferreira Lopes (Belo Horizonte/Contagem-MG)
• Diretor: Mauri Antônio Schorn (Sapiranga-RS)
• Diretor: Mauro Soares (ABC-SP)
• Diretor: Paulo Dutra Gomes (Taubaté-SP)
• Diretor: Pedro Cícero Cassiano da Silva (Toledo-PR)
• Diretor: Ricardo de Souza Ferreira (Amazonas)
• Diretor: Roberto Pereira de Souza (Espírito Santo)
• Diretora: Shirley Aparecida Cruz (São Leopoldo-RS)
• Diretor: Vilmar Sizino Garcia (Jaraguá do Sul-SC)
• Conselho Fiscal: Adão Pereira de Brito (Itu-SP)
• Conselho Fiscal: Antônio Marcos Martins (Timóteo-MG)
• Conselho Fiscal: José de Oliveira Mascarenhas (Niterói-RJ)
• 1ª Suplente Conselho Fiscal: Manuela Cristina de Alencar Silva (Natal-RN)
• 2º Suplente Conselho Fiscal: Valdeci Henrique da Silva (Sorocaba-SP)
• 3ª Suplente Conselho Fiscal: Ângela Batistello (Canoas-RS)
Representantes das Federações na Direção da CNM/CUT
• Jairo Carneiro (Rio Grande do Sul)
• José Wagner Morais de Oliveira (Minas Gerais)
• Marcos Paulo Medeiros da Cunha (Nordeste)
• Oderi Gomes (Santa Catarina)
• Valmir Braga (Rio de Janeiro/Espírito Santo)
• Valmir Marques da Silva (São Paulo)
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Distribuição dos (as) trabalhadores