1 BRASIL METAL NA TV Uma série completa sobre a indústria metalúrgica brasileira e a realidade de quem trabalha nela Programa é uma realização da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT e foi produzido pela TV dos Trabalhadores. Com 20 episódios, a série retrata o perfil de cada segmento deste ramo industrial: naval, automotivo, eletroeletrônico, aeroespacial, siderúrgico e bens de capital (máquinas e equipamentos). Mas, para além de indicadores de cada setor e da evolução em seus processos produtivos, Brasil Metal fala dos trabalhadores e trabalhadoras, suas histórias e o papel que desempenham nas lutas sindicais e sociais do país. Assista a todos os episódios no nosso canal no YouTube (Imprensa CNM/CUT) ou no site www.cnmcut.org.br/videos. A TV dos Trabalhadores agora tem transmissão digital. Para conferir como assistir à programação em sua cidade, acesse www.tvt.org.br 2 ÍNDICE • Com a Palavra – Paulo Cayres: Nós fazemos a nossa história.............................. 04 • Contrato Coletivo de Trabalho: mesmo trabalho, mesmos direitos..................... 06 • Macrossetor da Indústria da CUT fortalece a agenda sindical..............................10 • Ações aperfeiçoam intervenção sindical................................................................14 • Entrevista com Paulo Cayres: Solidariedade de classe e debate sobre indústria estão no DNA dos metalúrgicos da CUT........................................20 • Missão cumprida (direção da CNM/CUT avalia mandato).......................................25 • Perfil da categoria metalúrgica no Brasil..............................................................30 • Artigo de Vagner Freitas: CNM/CUT dá exemplo de que, unida, a classe trabalhadora conquista mais ...................................................................33 • Direção da CNM/CUT – Gestão 2011/2015...............................................................34 Expediente Brasil Metal é uma publicação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT. Diretor responsável: Paulo Cayres. Jornalista responsável: Solange do Espírito Santo (MTb 12.609/SP). Reportagem e redação: Shayane Servilha. Edição: Solange do Espírito Santo. Projeto e design gráfico: Cláudia Moretto. Fotos da Capa e Contracapa: Capa - Paulo Pinto/Fotos Públicas. Contracapa – Divulgação (trabalhadores), Dino Santos (bandeira da CUT), Tânia Rêgo/ABr (bandeira da CNM/CUT). CNM/CUT Secretaria: Cinthia Blikstein Baldassari * Eva Gomes de Sousa Ogata. Setor Administrativo e Financeiro: Bruno Oliveira * Celso Batista Nunes * Lia de Souza Araújo * Marcello Godoy * Coordenação: Vera Izuno. Assessoria: Jorge Rodrigo Nascimento Spínola * Mauro Sérgio Gaioto * Milena Leão * Renata Gnoli Paneque * Valter Bittencourt * Coordenação: Maria de Lourdes Tieme Ide. Assessoria da Presidência: Fernando da Silva Cardoso. Assessoria de Imprensa: Shayane Servilha * Solange do Espírito Santo. Subseção do Dieese: André Cardoso * Cristiane Ganaka. Apoio: Alessandra Alves Ferreira da Silva * Alexandre Brasil * Roberto Nogueira Contato Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT Rua Antártico, 480 • Jardim do Mar • CEP: 09726-150 São Bernardo do Campo • SP Telefone: 55 11 4122-7700 www.cnmcut.org.br Filiada ao eà 3 COM A PALAVRA Nós fazemos a nossa história Paulo Cayres* O s metalúrgicos e as metalúrgicas de todo o Brasil que se organizam na Central Única dos Trabalhadores sabem bem da sua responsabilidade histórica. Nos idos anos de 1970 e 1980, fomos nós que desafiamos a ditadura militar e inauguramos uma luta ampla de toda a sociedade pela democracia e por direitos sociais. Naquela ocasião, o Brasil já vivera o auge dos anos do milagre econômico, com altas taxas de crescimento. Entretanto, sem uma política de distribuição de renda, acabou entrando numa crise econômica, com alta da inflação e desemprego. Numa economia administrada por generais, os índices de inflação eram adulterados e os trabalhadores de todo país sentiam no bolso a carestia e, na pele, a mão forte da ditadura. Por meio do Dieese, construímos instrumentos e argumentos contra as mentiras do governo militar. Soubemos ousar e saímos às ruas desafiando a ditadura. Sindicatos sofreram intervenções, dirigentes foram presos e condenados pela então vigente lei de segurança nacional, as greves foram duramente reprimidas pelo Estado. Tudo isso, no entanto, não nos demoveu de nosso papel maior: lutar por um país democrático e por justiça social. 4 Dino Santos Ainda no final da ditadura, entramos no debate sobre qual projeto seria o melhor para a classe trabalhadora. Fundamos um partido de trabalhadores, fundamos a Central Única dos Trabalhadores e restabelecemos a democracia. Disputamos na sociedade as propostas da nova Constituição, escolhemos um lado nas eleições presidenciais de 1989 e lutamos contra a política neoliberal que desmontou o parque industrial brasileiro na década de 1990. Protagonizamos a resistência e apontamos caminhos para a classe trabalhadora. Enfim, instalou-se no país um conceito de Estado indutor do crescimento com distribuição de renda. Tudo isso acelerou o desenvolvimento. Milhões de pessoas saíram das faixas de pobreza e da miséria, o país saiu do mapa mundial da fome e assumiu um protagonismo nunca visto em sua história. Juntamente com Índia, China, Rússia e África do Sul, compusemos o bloco chamado BRICS, criando neste espaço um Banco para se contrapor aos ditames do FMI e do Banco Mundial. Descobrimos e desenvolvemos a tecnologia da prospecção em águas ultraprofundas conhecida como Pré-Sal, cujos dividendos serão empregados na educação e na saúde. Por tudo isso, incomodamos muito uma elite brasileira que sempre esteve a serviço dos gran- Roberto Desde então, o Brasil começou a mudar a sua cara, os pobres começaram a ser o foco da ação do governo, com valorização do salário mínimo, programas de distribuição de renda, obras de infraestrutura, ProUni, Pronatec, Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos, Bolsa Família, cotas nas universidades, Mais Médicos, conferências nacionais de diversos segmentos, como juventude, saúde, educação etc. Parizott i Inauguramos um novo século avançando e o ano de 2002 tornouse um marco no ascenso da luta dos movimentos populares. Nós, metalúrgicos e metalúrgicas, vivenciamos a experiência de eleger o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva como primeiro presidente operário neste país. des grupos econômicos mundiais. Começamos a dividir o bolo. As trabalhadoras domésticas agora têm registro em carteira e legislação própria que avança para extinguir de vez os ecos das senzalas; os aeroportos estão repletos de gente trabalhadora, que agora tem acesso a esse meio de transporte; as universidades estão cheias de filhos de operários e operárias, colocando um fim nos ciclos de miséria: o filho do pedreiro agora pode ser doutor, a filha da manicure pode ser doutora. Esse modelo incomoda muito a elite branca, machista e preconceituosa, que saiu do seu silêncio num ambiente econômico difícil neste início do segundo mandato de Dilma Rousseff. Embalada pela mídia tradicional, essa elite, de forma sistemática e massiva, age para derrubar não só a presidenta, mas também o projeto de justiça social e desenvolvimento soberano deste povo trabalhador. Esses setores querem mais. Querem que voltemos ao fundo das nossas senzalas e nos calemos diante de sua dominação; querem que nos recolhamos a um papel de submissão da classe trabalhadora frente a uma burguesia nacional que é submissa, por sua vez, aos interesses econômicos das grandes corporações. O nosso papel para o próximo período está dado. Façamos a nossa história, defendendo o projeto de um Brasil soberano e de uma classe trabalhadora soberana. Há que trilharmos mais uma vez os caminhos que somente a nossa ousadia e coragem podem nos dar. Precisamos apontar mais uma vez o caminho da justiça social, da autonomia da classe trabalhadora, da democracia e da construção de um país justo e fraterno. Ao ódio emanado de nossos detratores, apresentemos a nossa caminhada companheira. Aos ataques contra a democracia, apresentemos as nossas bandeiras de luta! Somos fortes, somos CUT! Viva a classe trabalhadora! Viva a Confederação Nacional dos Metalúrgicos e Metalúrgicas da CUT! *Paulo Cayres Presidente da CNM/CUT 5 Paulo de Souza Cont de Tr traba Para ex-presidente Lula, contrato coletivo representa evolução do sindicalismo A conquista do Contrato Coletivo Nacional de Trabalho (CCNT) é uma das principais bandeiras de luta dos metalúrgicos cutistas. O CCNT, reivindicação presente desde a fundação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, tem o objetivo de acabar com as distorções regionais de remuneração e direitos da categoria, estabelecendo uma mesma convenção coletiva para os metalúrgicos de todo o Brasil, a exemplo do já conquistado pelos bancários e petroleiros. Debates, estudos e deliberações sobre o tema têm sido frequentes nas ações da CNM/CUT, que culminaram com a 1ª Conferência Nacional de Negociação Coletiva, realizada em novembro de 2012. O evento reuniu mais de 180 dirigentes da categoria de todas as regiões do país e contou com a presença do ex-presidente 6 A luta em defesa dessa reivindicação foi um dos eixos estratégicos da Confederação definidos no último Congresso Nacional da categoria que norteou o trabalho da direção da entidade. da República, Luiz Inácio Lula da Silva. “O contrato coletivo de trabalho é resultado da evolução do movimento sindical e é essencial para contemplar as principais necessidades do conjunto da categoria”, disse Lula em sua intervenção. Durante a atividade, os sindicalistas avaliaram as cláusulas sociais consideradas fundamentais para a categoria em todas as bases. Para isso, a Subseção do Dieese da CNM/CUT estudou 41 convenções coletivas de trabalho e suas mais de 2.600 cláusulas. A partir da comparação das convenções e da troca de informações, na Conferência os dirigentes metalúrgicos aprovaram por unanimidade uma pauta mínima de cinco itens (leia no box à página 8) e uma estratégia para caminhar até o CCNT. Os itens, com a mesma redação, passaram a integrar as pautas de reivindicações de todas as campanhas salariais dos sindicatos de base cutista a partir de 2013. “Esta pauta contempla reivindicações que fazem parte da realidade de todos os sindicatos. Respeita as regionalidades existentes no conjunto da categoria”, explica o secretário geral e de Relações Internacionais da CNM/CUT, João Cayres. trato Coletivo Nacional Trabalho: mesmo alho, mesmos diretos dades de base têm total apoio da Confederação. O fundamental é continuar a luta para assegurar a uniformidade de direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras”, ressalta. Segundo o secretário, desde a Conferência, praticamente todos os sindicatos avançaram nas conquistas das cláusulas, mas a cre- che foi um dos pontos que mais teve destaque nas negociações. “Os companheiros perceberam que é uma conquista não apenas das mulheres, mas também para os pais e, acima de tudo, um direito das crianças. O direito à creche deve ser universal e a luta por ele, de toda a sociedade, independente de gênero”, assinala. Paulo de Souza De acordo com o secretário, o CCNT visa estabelecer os mesmos direitos em todo o país, para combater as desigualdades e a precarização do trabalho no ramo metalúrgico. “Trabalhador que exerce a mesma função deve ter os mesmos direitos. A empresa produz o mesmo produto e o preço dele é o mesmo no Brasil inteiro, mas os salários e os direitos são diferenciados. Não podemos ter um país com empregos subvalorizados e o Contrato minimiza este problema”, afirma o dirigente. Cayres destaca, porém, que o CCNT não substitui as negociações locais e específicas realizadas pelos sindicatos de base. “A ideia é que o Contrato garanta os pontos básicos para todos os trabalhadores. O papel do sindicato é conquistar, ampliar e avançar nestes direitos mínimos estabelecidos. E este trabalho nas enti- Pauta do CCNT foi aprovada por unanimidade por sindicalistas de todo o país 7 CNM/CUT Trabalhadores cutistas no setor naval conseguiram mesmo reajuste e caminham para o CCNT CNM/CUT, após diversas negociações junto com suas federações e seus sindicatos, conquistou em abril de 2014 o primeiro acordo coletivo nacional de trabalho de uma empresa do ramo metalúrgico, a ThyssenKrupp Elevadores. O acordo estabelece critérios únicos para o pagamento da Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR) aos dois mil metalúrgicos da base de 27 sindicatos da CUT em nove estados brasileiros. O contrato, assinado na sede da Confederação, em São Bernardo do Campo (SP), é válido por dois anos. O secretário geral João Cayres, que foi um dos principais intermediadores das negociações com a empresa e sindicatos, lembra que o acordo foi possível também graças ao trabalho da Confederação para articular redes sindicais de trabalhadores. Divulgação A Ele conta que, ao longo dos últimos anos, foram realizados inúmeros encontros de redes de plantas diferentes de uma mesma empresa, para o intercâmbio de ideias e identificação de problemas comuns. “A Rede Sindical na Thyssen foi fundamental para a conquista desse acordo nacional. Esse tipo de organização aumenta a interlocução entre trabalhador e empresa”, observa Cayres. “E um acordo nacional também facilita a vida dos em- presários porque a negociação fica mais prática. Com o Contrato Coletivo Nacional de Trabalho não será necessário negociar com cada sindicato ligado à CUT, mas sim com uma mesa única que representa todos eles. E o fundamental nesse processo é eliminar desigualdades de direitos e salários”, avalia. Setor naval A assinatura desse primeiro acordo foi um impulso para no- A pauta dos sindicatos rumo ao Contra Creche O direito será concedido a pais, mães, adotantes ou responsáveis e garantido para crianças de zero a seis anos. O reembolso do auxílio creche será de, no mínimo, 50% do piso salarial da categoria. Duração e distribuição da jornada Será fixada limitação semanal, mensal e anual da jornada de trabalho. Nos turnos de revezamento, será garantido número mínimo de folgas aos domingos, com critérios que contemplem condições 8 de vida para mulheres e estudantes. A implantação de turnos especiais só será feita mediante estudo prévio do Sindicato e a compensação de feriados prolongados será estabelecida por meio de votação secreta. Em caso de interrupção da jornada pela empresa, o período será remunerado e não poderá ser compensado. Demissões Todas as rescisões serão feitas no Sindicato. A empresa pagará multa de dois salários nominais A luta começa a dar frutos de Janeiro, Niterói (RJ), Pernambuco e Espírito Santo recebessem o mesmo reajuste de salário e garantissem também o direito ao vale alimentação e ao plano de saúde. Não há motivos para que os trabalhadores tenham direitos diferentes, porque as empresas do segmento são as mesmas em todo o país”, reforça o sindicalista. Para Edson, que também representa a CNM/CUT no Conselho do Fundo da Marinha Mercante – onde são discutidas as políticas para o segmento –, o acordo só foi possível devido à retomada da indústria naval nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. “As medidas tomadas desde 2003 foram essenciais no processo de mudança da nossa categoria. A Política Nacional de Fortalecimento do Setor Naval estimulou os investimentos na produção de petróleo e gás. Como consequência, foram gerados 68 mil novos postos de trabalho”, lembra o dirigente, reconhecendo que um dos grandes desafios será o de continuar garantindo os empregos e estímulo à indústria nacional. Crédito: CNM/CUT vas negociações nacionais por empresas ou setores do ramo metalúrgico. Em setembro de 2014, a Confederação e seus sindicatos assinaram protocolo que garante a construção do Contrato Coletivo Nacional de Trabalho do Setor Naval. O compromisso foi assumido pelos presidentes da CNM/ CUT, Paulo Cayres, e do Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval), Ariovaldo Santana da Rocha, na abertura do Seminário do Setor Naval, realizado na sede da entidade dos metalúrgicos. Segundo o coordenador do setor naval e secretário de Administração e Finanças da Confederação, Edson Rocha, a luta pelo acordo coletivo nacional começou por meio da reivindicação de piso salarial único, porque há grande diferença na remuneração dos metalúrgicos do setor. “Em 2015, vamos construir as cláusulas do CCNT do setor naval. Mas, desde a assinatura do protocolo, já conseguimos que os metalúrgicos de Rio Grande (RS), Rio Thyssen: acordo assinado vale para 2 mil metalúrgicos cutistas em 27 estados ato Coletivo depois de vencido prazo de 10 dias para a quitação das verbas rescisórias. Nas demissões por justa causa, o motivo será comunicado por escrito ao trabalhador e ao Sindicato e, no prazo de 20 dias após a demissão, será garantido o direito de defesa do trabalhador. CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) Será garantido o direito do Sindicato participar do processo eleitoral da CIPA e indicar o secretário ge- ral. O mandato será de dois anos, podendo haver reeleição; será garantida a estabilidade para o suplente. Também haverá eleição da CIPA em empresas com menos de 20 trabalhadores. Acesso ao local de trabalho Será garantido o acesso dos dirigentes das entidades de classe ao local de trabalho, para o desenvolvimento de todas as atividades sindicais, como assembleias, eleições do Sindicato e da CIPA e, inclusive, para campanhas de sindicalização. 9 CNM/CUT Macrossetor da Indústria da CUT fortalece agenda sindical Presidentes das cinco confederações entregam pauta do Macrossetor ao ministro Mauro Borges C riado em 2012, o Macrossetor da Indústria da CUT (MSI) tem sido um instrumento eficaz para otimizar a articulação de lutas das entidades cutistas do ramo, fortalecer a Central e para a intervenção conjunta nos fóruns de debate da política industrial brasileira. O MSI é coordenado pelos presidentes das entidades nacionais do ramo: Paulo Cayres, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Cida Trajano, da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Vestuário (CNTV), Siderlei Oliveira, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação (Contac), Cláudio Gomes, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Construção e Mobiliário (Conticom), e Lu Varjão, da Confederação Nacional dos Químicos (CNQ). Para articular as ações por ramo, a CUT também criou outros três macrosse- 10 Organização unifica atuação em torno de bandeiras comuns a trabalhadores do ramo e potencializa sua intervenção nos fóruns de política industrial. tores: serviço público, rurais e comércio e serviços. De acordo com o presidente da CNM/CUT, o MSI nasceu para fortalecer as lutas de cada categoria, unificar suas propostas e criar mais condições de contrapor a agenda dos trabalhadores à da Confederação Nacional da Indústria (CNI), particularmente no debate sobre a política industrial. “O Macrossetor intensifica a solidariedade das entidades cutistas e nos torna mais fortes, porque, no total, a indústria emprega 22,7% da mão de obra do país, o que soma 11,2 milhões de trabalhadores”, assinala o sindicalista. Outro objetivo importante do MSI foi o de qualificar a intervenção dos representantes dos trabalhadores nos fóruns de deliberação da política industrial brasileira, particularmente nos Conselhos de Competitividade do Plano Brasil Maior, a política industrial criada em 2011 pela presidenta Dilma Rousseff. “Os Conselhos têm representação tripartite (governo, empresários e trabalhadores) e nossa participação é fundamental para influenciar nas políticas públicas. Por isso, é preciso que a gente tenha uma pauta consistente, unificada e articulada”, pontua o presidente da CNM/CUT. Cayres ressalta também o objetivo das cinco Confederações sempre foi que as medidas cando, justamente para ter mais condições de defender a classe trabalhadora. “A IndustriALL é o nosso maior exemplo, com a fusão das federações internacionais de metalúrgicos, químicos e têxteis de todo o mundo, feita em 2012. A partir daí, a luta mundial dos trabalhadores na indústria ganhou respaldo muito maior”, acrescenta. Cayres avalia ainda que só com uma indústria forte é possível assegurar o crescimento da economia e o desenvolvimento social. Daí a necessidade de uma política industrial consistente. “Nenhuma nação conseguiu avançar em termos de políticas públicas e sociais sem ter uma indústria forte. O Estado é o principal indutor do crescimento industrial e precisa adotar medidas que prevejam proteção aos trabalhadores. Com o MSI, reafirmamos a necessidade das contrapartidas trabalhistas na formulação da política industrial e quais as nossas propostas para que a indústria seja o motor do desenvolvimento brasileiro”, destaca o dirigente metalúrgico. Fotos: Roberto Parizotti de desenvolvimento industrial sejam uma política de Estado e não de governo, que muda a cada eleição. “Queremos uma política com perenidade, que contemple os interesses dos trabalhadores e não apenas os do empresariado. Por isso, era preciso essa união no Macrossetor em nível nacional. A CNI é uma entidade única dos patrões e nós, trabalhadores, não tínhamos essa unificação por ramo”, explica Cayres. O presidente da Confederação lembra que entidades sindicais de vários países estão se unifi- “ Sérgio Nobre, secretário geral da CUT Nacional “ O Macrossetor da Indústria trouxe avanços importantes para a organização sindical. Possibilitou o fortalecimento das ações conjuntas, a construção de estratégias comuns em defesa do trabalho e renda e a tentativa de construção de um olhar mais complexo sobre a indústria. Para a CNQ, em especial, esta relação é bastante visível, uma vez que o ramo químico é base na cadeia produtiva de outros setores da indústria, exercendo uma dinâmica importante também no mercado de trabalho. Além disso, a partir do MSI conseguimos uma maior aproximação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, estabelecendo uma agenda de reuniões dos ramos da indústria da CUT com o ministro, para discussão de uma pauta comum dos (as) trabalhadores (as). “ O Macrossetor da Indústria veio para fortalecer a integração do sindicalismo cutista, a fim de garantir conquistas e ampliar avanços que se traduzam em melhoria das condições de vida e trabalho. Ao contrário dos europeus, que têm sindicatos de trabalhadores nacionais, o modelo sindical brasileiro é fragmentado. No Brasil, temos em torno de 14 mil sindicatos de trabalhadores por segmento. Já os empresários brasileiros são organizados em confederações e federações e levam pauta única ao governo. O Macrossetor é um espaço de interação entres as confederações para unificar as reivindicações comuns, que neste caso é do ramo da indústria. Desde a sua criação, há uma compreensão muito maior da indústria nacional e avanços expressivos. Com o Macrossetor, os trabalhadores levaram a sua pauta de negociação para o governo. Agora, temos uma força muito maior na hora da luta pela manutenção e ampliação dos nossos direitos. Lu Varjão, presidenta da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ/CUT) “ O Macrossetor consolida as lutas dos trabalhadores dos cinco setores, porque é inconcebível que ainda haja disparidade de direitos entre as categorias do ramo industrial. Além disso, a união possibilita a troca de experiências e, sobretudo, aperfeiçoa a luta em defesa dos empregos nacionais. Desde a criação do MSI, mantivemos e ampliamos os direitos dos trabalhadores de todos os setores envolvidos. O Macrossetor colocou sua pauta na mesa do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e dialogou diretamente com o governo para defender a indústria brasileira. Percebemos que cada setor lutando sozinho é forte, mas todos unidos somos imbatíveis. São os trabalhadores que movem o nosso país. “ “ Cláudio da Silva Gomes, presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom) 11 D Com MSI, demandas trabalhistas entram na pauta governamental “Foi a primeira vez na história que as cinco confederações de trabalhadores na indústria se reuniram com o ministro da Indústria e Comércio para debater propostas conjuntas para adoção de medidas estruturais para a indústria brasileira”, afirma Cayres. No início de 2015, para garantir a continuidade da agenda de debates com o governo, o presidente da CNM/CUT também entregou a pauta ao novo titular do MDIC, Armando Monteiro Neto. “É preciso continuar debatendo ações concretas para a garantia do emprego e para o fortalecimento da indústria nacional. O ministrou mostrou-se solícito com a causa dos trabalhadores e queremos seguir o diálogo. Queremos ser protagonistas na política industrial do Brasil e uma das reivindicações do MSI é garantir a continuidade dos Conselhos de Competitividade do Plano Brasil Maior”, avalia. CNM/CUT Divulgação esde a sua Roberto Parizottii criação, o MSI realizou cinco seminários estaduais (Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Amazonas). Nestes encontros, foram identificados os principais desafios que os cinco setores industriais e os trabalhadores enfrentam no plano nacional e regional. Ficou claro que há muitos desafios comuns, Paulo Cayres (microfone) no encontro nacional que criou o MSI, em 2012 com destaque para o combate à terceirização e à rotatividade, Ao longo de 2014, os coora dificuldade da organização no local de trabalho (OLT), baixos denadores do Macrossetor da salários, saúde e segurança e des- Indústria se reuniram três vezes com o então ministro do Desenlocamento das indústrias. As atividades – além de pro- volvimento, Indústria e Comércio por a articulação estadual das en- (MDIC), Mauro Borges, (duas tidades sindicais do ramo – mu- vezes em Brasília e uma em Guaniciaram a coordenação do MSI rulhos, na Grande São Paulo). para a formulação de propostas Nesses encontros, os dirigentes a serem consideradas na políti- das cinco confederações e da Seca industrial brasileira. Também cretaria Geral da CUT apresentahouve três atividades nacionais, ram ao titular do MDIC suas proque debateram mecanismos de postas para que as demandas dos proteção ao emprego, estratégias trabalhadores fossem garantidas para a intervenção e a comunica- na formulação da política industrial brasileira (leia no box). ção integrada. Encontros estaduais no RS e no AM analisam panorama regional da indústria 12 “ “ Fotos: Roberto Parizottii O Macrossetor da Indústria da CUT é um dos mecanismos de organização na busca de implementação de uma política econômica e industrial que atenda os interesses dos trabalhadores. A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) tem tido um papel importantíssimo na consolidação desse instrumento, por defender uma pauta única que atenda os interesses de todos, porque juntos somos mais fortes. A unificação dos trabalhadores e trabalhadoras de ramos distintos, mas do mesmo setor, é o caminho para garantir avanços nos direitos da nossa classe. “ Siderlei de Oliveira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação (Contac/CUT) “ Os Macrossetores da CUT, não só o da Indústria, foram os mecanismos de comunicação mais importantes criados pela Central, pois, por meio deles, foi construído um diálogo entre os diversos ramos. Infelizmente, no caso do nosso ramo, antes as Confederações não discutiam juntas uma política industrial para o país. Agora, o problema de um é problema de todos e a solidariedade entre nós é total. Há demandas específicas, mas têm mudanças que interferem em todas as categorias e a luta precisa ser única. Integrar um Macrossetor com os metalúrgicos é um crescimento para nós, do ramo da alimentação, porque essa categoria é exemplo de organização. Eles sempre lutaram a favor dos trabalhadores e de toda a sociedade. Cida Trajano, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria Têxtil, de Couro e Calçado (CNTV-CUT) Seminário nacional debate situação da indústria e pauta do Macrossetor ao governo Principais reivindicações ao governo • Implementar política econômica com foco na redução da taxa básica de juros incentivando o investimento produtivo; • Criar ferramentas tributárias que protejam a competitividade da indústria nacional; • Taxar as remessas de lucro das multinacionais, estimulando o reinvestimento produtivo no país; • Criar a exigência de contrapartidas sociais para desonerações fiscais, empréstimos e licitações públicas; • Implementar política de controle cambial, com ajuste gra- dual do câmbio, para patamares favoráveis ao desenvolvimento e fortalecimento da indústria nacional; • Incentivar empresas nacionais que agreguem valor, com vistas a melhorar sua competitividade internacional; • Ofertar mais e melhores programas de formação profissional com objetivo de proporcionar melhores condições salariais; • Incentivar a construção de centros de pesquisa e desenvolvimento através das universidades brasileiras; • Criar mecanismos de partici- pação para que os trabalhadores tenham assento no CADE (Conselho de Administração de Defesa Econômica); • Criar programa específico de proteção ao emprego. No que se refere ao funcionamento dos Conselhos de Competitividade do PBM: • Fazer valer o estatuto que rege a constituição e andamento dos trabalhos; • Garantir a paridade entre as bancadas; • Tornar os espaços tripartites permanentes. 13 14 N os últimos quatro anos a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT baseou suas ações em três grandes eixos: Contrato Coletivo Nacional de Trabalho (CCNT), Organização Sindical e Políticas Gerais. Os temas permearam o trabalho de cada secretaria da entidade. A compreensão é a de que a globalização exige cada vez mais preparo e conteúdo dos sindicalistas e que todas as ações acabam interligadas, tanto no cotidiano do chão da fábrica e das entidades de base, como em todas as esferas nacionais e internacionais relacionadas ao mundo do trabalho. Foi esse entendimento que norteou as secretarias e os eixos estratégicos foram pautados em quase todas as atividades, fossem elas de mulheres, jovens, raça, saúde, relações internacionais, saúde etc. Além disso, nos seminários, encontros, cursos e intercâmbios promovidos foram desenvolvidos percursos formativos, para que os temas em debate ecoassem com mais qualidade e Ações aperfeiçoam intervenção sindical Divulgação Roberto Parizotti Divulgação profundidade nas bases sindicais. Para a Confederação, a formação é uma ação transversal e contribui com o aperfeiçoamento do trabalho sindical. Na avaliação da direção, não poderia ser diferente, quando tudo exige mais preparo para participar dos fóruns de política industrial ou para se traçar estratégia sindical conjunta nos setores metalúrgicos, no ramo e nas lutas gerais assumidas pela CUT. Outro cuidado da Confederação foi procurar garantir em seus eventos e para os quais foi convidada – no Brasil e em outros países – a presença de metalúrgicos de todas as regiões e, na medida do possível, o cumprimento das cotas de inclusão referentes a gênero, juventude e etnia. Com esta concepção e prática, a CNM/CUT se aproximou mais das entidades de base e ganhou maior destaque no sindicalismo internacional. Hoje, os metalúrgicos da CUT são referência para organizações em todos os continentes. Confira nas páginas seguintes um resumo das principais ações nos últimos quatro anos. 15 16 Dino Santos Divulgação Representação re nos fóruns gov No MS, a filiação de novo sindicato de metalúrgicos à CUT Observatório Social De norte a sul do Brasil, nenhum sindicato de metalúrgicos cutistas deixou de ser visitado pela direção da CNM/CUT nos últimos quatro anos. A aproximação com as direções e com as bases sindicais permitiu que dirigentes nacionais tomassem contato com realidades locais distintas, apoiassem lutas específicas e envolvessem os sindicatos nas demandas gerais da categoria e nas campanhas e ações da CUT em defesa dos direitos da classe trabalhadora. Durante essas visitas, o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, participou de inúmeras assembleias e de encontros com representantes das CUTs Estaduais. Esse processo ampliou os laços de solidariedade entre a categoria e também trouxe mais sindicatos de metalúrgicos para a base cutista. Em quatro anos, 17 entidades se filiaram à Central e hoje a Confederação representa 85 sindicatos de base. Além disso, a CNM/CUT também procurou qualificar a intervenção dos metalúrgicos por meio de articulação setorial. Ao longo dos quatro anos, trabalhadores dos seis setores do ramo – automotivo, naval, bens de capital, aeroespacial e defesa, eletroeletrônicos e siderurgia – participaram de uma série de atividades, como seminários e cursos de formação, para aprofundar o conhecimento sobre o segmento ao qual estão ligados, trocar experiências sobre o que acontece nas diferentes fábricas e regiões e propor ações integradas para a intervenção sindical em lutas específicas, nas campanhas salariais e nos fóruns de discussão da política industrial. Com este preparo, os metalúrgicos da CUT participaram de cinco Conselhos de Competitividade do Plano Brasil Maior (a política industrial do governo Dilma Rousseff), que debateram medidas de fortalecimento da indústria nacional dos setores automotivo, defesa, eletroeletrônico e bens de capital. Desses fóruns saíram programas importantes como o Inovar Auto, que estabelece – entre outras medidas – conteúdo Trabalho com Redes Sindicais é estratégico para Confederação nacional mínimo na fabricação de veículos, e medidas de estímulo à produção e financiamento em diversos segmentos. Dada a importância da categoria nesses fóruns, o presidente da CNM/CUT foi escolhido para representar os trabalhadores no Conselho da Agência Brasileira contros com ministros para cobrar ações que garantam produção nacional e a manutenção de empregos. Redes Sindicais eal nas bases e vernamentais Plenária no Nordeste: CNM/CUT presente nas atividades regionais de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Já o secretário de Administração da entidade, Edson Rocha, integra o Conselho do Fundo da Marinha Mercante, que é o órgão formulador de políticas do setor naval brasileiro. Com isso, a Confederação assumiu o protagonismo junto aos Divulgação Divulgação Paulo Cayres é empossado no conselho da ABDI diversos organismos governamentais para negociar medidas que assegurem empregos e direitos dos trabalhadores, como no caso dos metalúrgicos do setor naval que, em 2015, têm se mobilizado para garantir seus postos de trabalho. Junto com os sindicatos, a direção da entidade nacional tem feito en- A organização dos metalúrgicos em redes sindicais em empresas multinacionais também foi outra estratégia acertada. A entidade manteve importantes parcerias com instituições estrangeiras para consolidar o intercâmbio de metalúrgicos de várias plantas de multinacionais instaladas no país, colaborando ainda para a organização nos locais de trabalho e, principalmente, para a luta por igualdade de direitos em todas as plantas de uma mesma empresa. Além de encontros nacionais, foram realizadas atividades internacionais, reunindo representantes dos trabalhadores de países europeus e latino-americanos. Ainda na lógica de buscar direitos iguais, algumas redes sindicais avançaram e passaram a reunir metalúrgicos e químicos que trabalham nas mesmas multinacionais. Hoje 20 redes sindicais estão articuladas na base metalúrgica cutista e em duas delas há participação dos químicos, o que amplia a atuação sindical para além de uma única categoria e contribui para o fortalecimento do Macrossetor da Indústria da CUT (leia à página 10). Graças a essa ação integrada, em várias multinacionais foram conquistados os Acordos Marco Globais, que estabelecem direitos únicos aos trabalhadores de todas as plantas espalhadas pelo mundo. Com esses acordos, é possível garantir parâmetros que assegurem trabalho decente à categoria, campanha mundial do movimento sindical abraçada pela Confederação. 17 A igualdade de oportunidades no centro das ações 18 Formatura da segunda turma do curso feito em parceria com Cesit Curso sobre Igualdade Racial impulsiona ações sobre o tema Saúde do trabalhador na pauta da Confederação Fotos:CNM/CUT Igualdade de direitos e oportunidades, independente de gênero, raça, condição física e opção sexual. Com esta visão, a CNM/CUT conduziu suas políticas permanentes, para que as lutas locais e regionais tivessem maior respaldo. Ao mesmo tempo, representantes das entidades de base e das federações estaduais e puderam opinar sobre as atividades promovidas pela Confederação, por meio dos coletivos nacionais formados para debater as diretrizes de algumas secretarias: Mulher, Formação, Saúde, Juventude e Igualdade Racial. Foram realizadas inúmeras atividades visando a formação continuada dos sindicalistas, para aperfeiçoar a intervenção de cada um em seus espaços de atuação, seja no chão da fábrica, nos sindicatos em todo o país e até nos conselhos tripartites dos fóruns de política industrial. É o caso, por exemplo, do curso de extensão universitária “Sindicalismo e Economia do Trabalho”, realizado em parceria com o Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade de Campinas (Unicamp) e ministrado para duas turmas, em 2011 e 2012 (na segunda, também com participação de dirigentes químicos), com um seminário de atualização, em 2014, que reuniu os trabalhadores formados nas duas etapas. A mesma lógica formativa foi adotada nas atividades sobre saúde do trabalhador. A Confederação realizou conferência nacional sobre o tema, além de propiciar Coletivo de Mulheres em reunião feita em Natal (RN) aos sindicalistas melhor preparo para compreender e cobrar o cumprimento da Norma Regulamentadora 12 (que trata da segurança em máquinas e equipamentos), por meio de seminários nacional e regionais. As ações de combate ao racismo também ganharam mais impulso desde 2011, com a criação da Secretaria da Igualdade Racial e a realização de curso de formação sobre o tema voltado para metalúrgicos de todo o país e que também contou com trabalhadores de outras categorias do ramo industrial. O assunto foi ainda destaque nos encontros e ações dos coletivos de mulheres, da juventude, de saúde e de formação, reforçando a luta pela igualdade de oportunidades, uma das principais bandeiras da entidade. E para que as ações da CNM/ CUT fossem disseminadas nas bases sindicais, os coletivos também realizaram seus encontros em outras regiões. Foi o caso do Coletivo Nacional de Mulheres Metalúrgicas, que fez suas reuniões em diferentes estados, para ampliar o contato com as realidades locais e as diversas experiências de atuação das trabalhadoras. Além disso, os dirigentes da Confederação passaram a representar a entidade e a CUT em conselhos sociais nacionais, como o de Saúde (Geordeci de Souza), Juventude (Leandro Soares) e do Serviço Social da Indústria (Loricardo de Oliveira), e em organismos como o Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (Christiane dos Santos). Divulgação Formação de jovens metalúrgicos na pauta internacional CNM/CUT Presença na Conferência de Mulheres Metalúrgicas no Canadá Metalúrgicas de Moçambique em visita ao Brasil CNM/CUT Nos últimos quatro anos, a CNM/CUT teve uma extensa agenda internacional, estreitando ainda mais os laços entre os metalúrgicos brasileiros e os trabalhadores no ramo industrial de todos os continentes. A Confederação apoiou integralmente a criação da IndustriALL Global Union, a federação mundial que unificou as entidades internacionais dos metalúrgicos, químicos e têxteis. E, junto com a nova federação e parceiros históricos – como o sindicato dos metalúrgicos da Alemanha (IG Metall), o sindicato canadense Unifor (antigo CAW), a Fundação Friedrich Ebert (FES), entre outros –, participou de fóruns que articularam lutas conjuntas. Teve ainda apoio decisivo para o desenvolvimento de ações no Brasil, como o trabalho de redes sindicais, por exemplo. A formação sindical também foi destaque no âmbito internacional e a CNM/CUT esteve à frente do programa que formou mulheres metalúrgicas de Moçambique. O programa teve três módulos e foi encerrado com a visita de uma delegação de metalúrgicas moçambicanas ao Brasil, para conhecer de perto a organização sindical da categoria e as lutas nacionais das mulheres trabalhadoras. A Confederação coordenou ainda a participação de jovens metalúrgicos da CUT em atividades de formação de novas lideranças na América Latina, promovidas por organizações internacionais e que propiciaram uma profunda troca de experiências sobre as prá- Divulgação Lutas da classe trabalhadora não têm fronteiras Com IF Metall, ação para direitos iguais na fabricação de caças suecos ticas sindicais em diversos países e como a juventude trabalhadora se insere nesse contexto. Além disso, os dirigentes da entidade representaram a categoria em congressos de trabalhadores de outros países e participaram de intercâmbios com o movimento sindical em todos os continentes. Estiveram presentes ainda em atividades de solidariedade a lutas contra ataques de multinacionais a trabalhadores – como no caso da Nissan em Canton (Mississipi, EUA), que adota práticas antissindicais contra o UAW (sindicato dos metalúrgicos nas montadoras) – e ameaças à integridade física de sindicalistas, principalmente em países da América Latina. Outro destaque foi a participação da CNM/CUT no processo que culminou com a compra, pelo governo brasileiro, de 36 aviões caças da empresa sueca Saab Scania, que garantiu a transferência de tecnologia para o Brasil e a geração de empregos em território nacional para parte da produção. A ação da Confederação e do sindicato dos metalúrgicos suecos IF Metall agora é para que sejam assegurados aqui os mesmos direitos trabalhistas que os da matriz europeia. Ainda no âmbito das relações internacionais, a Confederação recebeu a visita de sindicalistas de todos os continentes, o que demonstra a importância estratégica dos metalúrgicos da CUT e o reconhecimento de seu papel nas lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores em todo o mundo. 19 Solidariedade de classe sobre indústria estão dos metalúrgicos da O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Cayres, está encerrando o seu primeiro mandato à frente da entidade e, nesta entrevista, avalia as principais ações da direção no último quadriênio. Fala sobre o papel desempenhado pela CNM/CUT no debate sobre a política industrial, ao lado das outras Confederações que formam o Macrossetor da Indústria da CUT, e o destaque conquistado junto ao sindicalismo no Brasil e no exterior. Pontua, ainda, os desafios para os trabalhadores e a sociedade brasileira no próximo período. Paulo Cayres é metalúrgico na Ford no ABC e representa os trabalhadores na indústria junto à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Brasil Metal – Como avalia as ações da Confederação entre 2011 a 2015? Paulo Cayres – Entrei no corpo diretivo da CNM em 2007, como secretário de Formação. Naquela época, a composição da direção se dava com outras forças políticas e, por isso, representávamos um número maior de metalúrgicos, passando da casa de um milhão de trabalhadores. Quando assumi a presidência, em 2011, um dos grandes desafios era retomar o tamanho da Confederação, pois havíamos perdido sindicatos de base, em função da saída dessas forças da CUT. Assim, uma das metas era ampliar nossa repre- 20 sentação e conseguimos. Conquistamos 17 novos sindicatos nesta gestão e isso fez com que o número de trabalhadores representados voltasse a praticamente um milhão de metalúrgicos. Esse resultado é fruto do empenho de todos os secretários e diretores da Confederação. Para além das atividades das secretarias, todos trabalharam muito para que a CNM voltasse a crescer e ganhasse mais destaque no sindicalismo brasileiro e internacional. Um desafio para que isso acontecesse foi visitar todas as entidades de base. Estive presente nos 85 sindicatos filiados para aproximar ainda mais a CNM da realidade local. Brasil Metal – Isso estreitou o relacionamento da direção da CNM/CUT com os sindicatos? Paulo Cayres – Visitar cada sindicato e os locais de trabalho possibilitou um conhecimento muito grande aos diretores da CNM. Estive em todas as entidades, mas os secretários também conheceram a realidade de cada estado. Isso qualifica a intervenção do dirigente, porque ele não vai falar daquilo que ouviu dizer e sim daquilo que presenciou e vivenciou. Tornou mais fácil nossa intervenção e nosso olhar para os sindicatos, suas dificuldades e facilidades. Mas não fo- Paulo Cayres Roberto Parizotti e e debate no DNA a CUT 21 Divulgação Cayres em assembleia na base de Sapiranga (RS) ram simplesmente visitas. Sempre apresentávamos a política da Confederação e fazíamos um debate com as direções locais. E as visitas não terminaram em apenas uma rodada. A CNM esteve presente em todas as lutas que os sindicatos convocaram, com a minha presença ou a de outro dirigente. Posso afirmar com toda a certeza que, nesta gestão, não deixamos vácuo na representação da Confederação. Brasil Metal – No último Congresso foram estabelecidos três grandes eixos: Contrato Coletivo Nacional de Trabalho (CCNT), Organização Sindical e Política Industrial. Como a Confederação desenvolveu esses eixos estratégicos? Paulo Cayres – Desde a sua fundação, a CNM tem um acúmulo grande no debate sobre o Contrato Coletivo Nacional. Em 2012, nos 20 anos de fundação da entidade, fizemos uma Conferência Nacional sobre Negociação Coletiva, que contou com a participação do expresidente Lula e 180 sindicalistas de todo o país. Na ocasião, Lula nos desafiou a construir o contrato coletivo para todos metalúrgicos do Brasil. E este foi um dos eixos que mais avançamos. Ainda não temos um Contrato Coletivo Nacional para todos os metalúrgicos no Brasil. Mas avançamos e conquistamos um contrato nacional que assegura o mesmo valor de Participação nos Lucros e Resultados na ThyssenKrupp Elevadores [ver matéria na página 6]. 22 Brasil Metal – A luta pelo Contrato Coletivo tem os salários como prioridade? Paulo Cayres – Não só. O CCNT dialoga também com um dos outros eixos estratégicos da entidade, que é a organização no local de trabalho. Na Conferência, estabelecemos como um dos itens da pauta de reivindicações para o Contrato o direito de acesso ao local de trabalho. Outra reivindicação fundamental é a creche. Apesar de sermos um ramo predominantemente masculino, os companheiros entenderem que a creche não é um direito da mulher, mas sim um direito da criança. Foi muito interessante porque a pauta aprovada passou a nortear as campanhas das Federações e Sindicatos em todo Brasil. Não foi a CNM que ditou de cima para baixo, mas foram os sindicatos que determinaram suas prioridades e construíram a pauta do CCNT. A partir da Conferência, conseguimos o acordo com a Thyssen e depois avançamos para assegurar um contrato coletivo do setor naval. Já conseguimos garantir cláusulas iguais para os metalúrgicos de Rio Grande (RS), Espírito Santo e Niterói (RJ). Em Pernambuco, os patrões não se apresentaram, mas, com suporte da CNM, o sindicato conquistou os mesmos direitos. Com isso, já temos dois belos exemplos de que é possível construir o Contrato Coletivo Nacional. Brasil Metal – A luta pelo direito à organização no local de trabalho também é antiga. Houve avanços nos últimos quatro anos? Paulo Cayres – No tocante à organização no local de trabalho (OLT), debatemos o projeto ACE (Acordo Coletivo Especial), ideia que partiu do ABC e previa a organização dos Em Conferência, Lula desafia metalúrgicos a construírem o CCNT trabalhadores de forma mais efetiva. O ACE previa um aumento de sindicalização e respeito às negociações, porém não avançou por falta de acúmulo do próprio modelo sindical brasileiro. Mas não desistimos de continuar com o processo de organização no local de trabalho e debatemos com os sindicatos os melhores mecanismos para se chegar a isso, respeitando as regionalidades. A partir da experiência dos Comitês Sindicais de Empresas (CSEs) do ABC, avançamos e, com modelos próprios, já conquistamos Comitês no Rio Grande do Sul e em Belo Horizonte/Contagem (MG). Em São Paulo, os CSEs estão presentes em Sorocaba, Salto, Pindamonhangaba, Itu e Taubaté. Isso demonstra que estamos avançando nesse modelo. Brasil Metal – Qual é o papel da Confederação na formulação na política industrial brasileira? Paulo Cayres – Faz parte do DNA da Confederação Nacional dos Metalúrgicos discutir a indústria. Ganhamos novo impulso quando, no 11º Congresso Nacional da CUT, foi aprovada a organização dos trabalhadores por ramo. Assim, articulamos o Macrossetor da Indústria (MSI) e ampliamos a visão sobre o tema, passando a pensar não só por setor, mas em toda indústria. O Macrossetor surgiu para unificar os debates dos setores metalúrgico, químico, têxtil, de alimentação, da construção e madeira. A partir daí, realizamos encontros nacionais e estaduais. No caso dos regionais, começamos o debate em Pernambuco, depois fomos para o Rio Grande do Sul, Bahia, Paraíba e Amazonas. CNM/CUT Divulgação de autopeças também ganhou apoio, com a necessidade de conteúdo nacional nos carros. Além disso, com o Macrossetor abrimos mais espaço no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Fizemos seminários e audiências com ex-ministro Mauro Borges e analistas importantes sobre o papel da nossa indústria e o papel que o movimento sindical deveria exercer para ser sujeito ativo nesse processo. Agora, não tem mais volta. O Macrossetor vai sempre buscar interferir na política industrial do país. No início do ano, estivemos presentes na posse do atual titular do MDIC, Armando Monteiro, para assegurar a continuidade deste trabalho. Paulão em assembleia dos trabalhadores na construção em Três Lagoas (MS) bens de capital e o Macrossetor potencializou nossa intervenção. Além disso, a solidariedade de classe se fez mais presente entre nós, com a participação em mobilizações e atividades específicas das cinco categorias do ramo. Brasil Metal – Já há algum resultado concreto para os trabalhadores? Paulo Cayres – Nossa atuação nos Conselhos fez a diferença em propostas como o Programa Inovar Auto, que criou uma trava nas importações. Em 2012, chegamos a 850 mil veículos importados e, com isso, mais de 200 mil empregos deixaram de ser criados no Brasil. No geral, tivemos uma intervenção muito forte, que resultou no investimento das montadoras no Brasil e não apenas das que já estavam instaladas. Várias outras estão construindo fábricas aqui e o segmento Brasil Metal – Entre as ações permanentes, quais foram mais intensificadas na Confederação? Paulo Cayres – A CNM rearticulou a organização dos metalúrgicos em seis setores: naval, siderúrgico, automotivo, aeroespacial, bens de capital e eletroeletrônico. E para respaldar as ações focadas nos eixos aprovados no 8º Congresso, demos continuidade ao trabalho com redes sindicais. Algumas delas avançaram na lógica do Macrossetor e já unem metalúrgicos e químicos. Do ponto de vista das políticas permanentes, as secretarias já existentes – mulher, formação, políticas sociais e saúde – deram continuidade às suas ações, incluindo debates sobre Contrato Coletivo e política industrial na sua agenda. No 8º Congresso, desmembramos a Secretaria de Políticas Sociais, criando duas novas: Juventude e a Igualdade Racial. E, com isso, tivemos atuação mais intensa em relação aos dois temas. A Secretaria da Juventude apostou na formação de novas lideranças e participou de vários eventos internacionais. No que se refere à Igualdade Racial, o debate se aprofundou de tal forma Floriano Rios Percebemos as dificuldades regionais e começamos a estabelecer nossas propostas para a política industrial. Atuamos, principalmente, dentro do Plano Brasil Maior, o programa industrial apresentado pela presidenta Dilma Rousseff em seu primeiro mandato. Já participávamos também dos Conselhos de Competitividade dos setores automotivo, eletroeletrônico, aeroespacial e da defesa, siderúrgico e de Presidente da CNM entrega pauta ao ministro Armando Monteiro que criamos um modelo de formação específica para a Secretaria, que não abrangeu somente dirigentes da Confederação, mas também dos sindicatos de todo o país, através das parcerias com as Federações. Temos a consciência de que o Brasil tem uma dívida com os negros porque foi praticamente o último país a abolir a escravidão. Nenhum debate da Confederação é simplista, mas eu diria que o mais estratégico, o mais grave e o que deve ser de fato aprofundado, do ponto de vista de uma reparação social, é a questão da igualdade racial. Brasil Metal – Em relação à formação sindical, a CNM ampliou o trabalho no último mandato? Paulo Cayres – A CNM já tinha um histórico muito positivo de formação, inclusive através do Programa Integrar, que formava trabalhadores com o diploma do ensino fundamental, e tinha um programa para os dirigentes sindicais, por meio de convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A partir do último Congresso, estabelecemos convênio com o CAW, do Canadá, e com o IF Metall, da Suécia, e ministramos curso de formação em economia do trabalho para dirigentes de todo o país, em parceria com o Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho da Unicamp. Depois, já na lógica do Macrossetor, chamamos os químicos para a segunda turma do curso. Isso qualificou o debate sobre polí- 23 Dino Santos tica industrial. E por nossa experiência acumulada, estivemos à frente também de um curso de formação para mulheres metalúrgicas de Moçambique, que discutiu a questão de gênero e envolveu as Secretarias de Formação, da Mulher e de Igualdade Racial. Com esse curso, a Confederação, que foi constituída graças à solidariedade de entidades internacionais, devolveu essa solidariedade. Ainda precisamos evoluir muito, mas temos de olhar para aqueles que não estão onde nós estamos. E este olhar de solidariedade é o principal, é o DNA da nossa Central e da CNM. Brasil Metal – O trabalho em Moçambique é um exemplo do reconhecimento do papel da CNM no movimento sindical internacional? Atualmente, como está a participação da Confederação no sindicalismo mundial? Paulo Cayres – A presença da CNM hoje é extremamente importante no cenário internacional. O trabalho, ao longo dos anos, foi tão bem feito que a chamada para estar à frente dessa tarefa em Moçambique é o reconhecimento do papel da Confederação. A CNM é convidada para todos os eventos internacionais e a magnitude da entidade ficou clara quando a IndustriALL consultou nossa direção e escolheu o Rio de Janeiro para fazer o seu próximo congresso, em 2016, o que é motivo de muito orgulho. Que país não quer sediar o congresso da entidade que representa 50 milhões de trabalhadores de toda a indústria no mundo? Isso demonstra o estágio da Confederação, sem contar o papel fundamental que tivemos para a eleição de João Felício como presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI). Para nós, é extremamente 24 Luta pela reforma política deve entrar na pauta, diz Cayres importante elevar o nome do Brasil no cenário sindical mundial. Brasil Metal – O Brasil atravessa um momento delicado. Mesmo com a reeleição de Dilma Rousseff, há risco de perder conquistas dos últimos 12 anos. Qual será o desafio da CNM e dos metalúrgicos nos próximos anos? Paulo Cayres – O grande desafio da Confederação sempre foi ampliar os direitos. Mas, na atual conjuntura, é manter direitos. Por isso, temos de abraçar e estar junto de todas as lutas da Central Única dos Trabalhadores. Passar por dificuldades não nos assusta, porque a CUT nasceu em anos difíceis, em plena ditadura militar. Em 1992, quando criamos a Confederação, já havia eleição para presidente e, embora numa democracia, ainda tínhamos os ranços da ditadura presente no sistema político. Era um momento difícil e de crise. E neste cenário construímos a plataforma de direitos da classe trabalhadora. Avançamos em algumas regiões, conquistamos a redução de jornada, aumento real de salário e a organização no local de trabalho. Por isso, nossas conquistas não podem ser destruídas e o principal desafio é manter aquilo que conseguimos e ampliar os direitos dos trabalhadores. Brasil Metal – E como fica a questão do emprego? Paulo Cayres – Hoje temos um país com pleno emprego. No passado, o índice de desemprego chegava a 20%. Hoje, o índice é de 4,8%, número de primeiro mundo. O desafio é não deixar que o desemprego fuja do controle e comece a prejudicar toda a organização da classe trabalhadora. Com a estrutura do Macrossetor da CUT, com a nossa participação nos fóruns de política industrial, junto com empresários e o ministro da Indústria e Comércio, e até mesmo com a presidenta, será possível estancar o desemprego. Mas, como sempre, isso só vai acontecer a partir da intervenção e das lutas dos trabalhadores. Brasil Metal – Quais são as principais lutas sociais a serem abraçadas pela classe trabalhadora nos próximos quatro anos? Paulo Cayres – Como digo no artigo [publicado nesta revista à página 4], temos de defender o projeto que ajudamos a construir e que mudou a cara do país nos últimos 12 anos. Nesse contexto, para mim, a luta principal é a democratização dos meios de comunicação, antes mesmo da reforma política. O modelo de política está ultrapassado e não atende mais as demandas dos brasileiros. Mas essa reforma não é simplista como muitos pensam. Uma reforma política precisa ter um debate mais amplo na sociedade para que os brasileiros apontem qual é o modelo político que desejam. Não podemos deixar nas mãos dos deputados porque parte desta reforma fere os interesses deles. Será bem difícil a reforma acontecer se não for feita pela sociedade. E, por isso, precisamos de uma comunicação mais plural no Brasil, para que o debate sobre a estrutura política se dê de forma clara e democrática. Missão Cumprida Sindicalistas que estiveram à frente da direção da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT avaliam a atuação da entidade nos últimos quatro anos, a partir da realização do 8º Congresso da categoria, que aconteceu em abril de 2011. Para eles, além de cumprir com as resoluções aprovadas naquela ocasião, a entidade superou os desafios impostos pelas conjunturas política e econômica e se consolidou como a entidade representativa da categoria em todo o país e também junto ao movimento sindical internacional. Confira nas próximas páginas a avaliação dos secretários e diretores da Confederação sobre o trabalho realizado ao longo do seu mandato. 25 Felício presidente da CSI (Confederação Sindical Internacional), através da articulação com a CUT e federações internacionais. Além disso, o trabalho de redes sindicais foi importante para construção dos Acordos Marco Globais (AMGs), que asseguram direitos básicos aos trabalhadores, como o de organização sindical e de negociação coletiva. Rosilene Matos Vice-presidenta (Amazonas) João Cayres Secretário geral e de Relações Internacionais (ABC – SP) “ “ Fomos além do que foi deliberado no plano de lutas. Dentro do que foi detalhado, os secretários cumpriram com o planejado. Ampliamos a relação com os companheiros da América Latina e África. Mantivemos as relações com as entidades europeias e realizamos projetos importantes para trabalhadores do mundo todo. Elegemos João 26 “ A missão da CNM/CUT vem sendo cumprida por meio de muita luta. O setor naval viveu sua melhor fase nestes quatro últimos anos. Lutamos para recuperar a indústria naval depois de anos com os estaleiros em completo abandono por falta de obras. Hoje são mais de 80 mil trabalhadores diretos. Atualmente, os sindicatos de metalúrgicos de todo Brasil estão trabalhando em conjunto e graças às ações da CNM/CUT e a luta, agora, é pela manutenção dos empregos e investimentos no setor. “ “ Fábio Dias de Souza Vice-presidente (Feira de Santana – BA) “ “ Nestes quatros anos de mandato, a CNM conquistou mais sindicatos através de muito trabalho nas bases. Abraçou o projeto do Macrossetor da Indústria, que foi um dos maiores avanços dentro da CUT, pois possibilita a discussão da indústria no país com os sindicatos das demais categorias do ramo. Edson Carlos Rocha da Silva Secretário Administração e Finanças e coordenador do Setor Naval (Niterói – RJ) “ Neste mandato, o trabalho da Secretaria de Organização conseguiu criar uma sintonia maior entre os sindicatos e as redes sindicais de trabalhadores. A direção se empenhou em três principais aspectos: aumentou o contato com entidades sindicais internacionais, manteve o compromisso com o Contrato Coletivo Nacional de Trabalho (CCNT) e deu total apoio aos sindicatos nas campanhas salariais. Além disso, a CNM/CUT tem representado a categoria em diversos fóruns tripartites, influenciando as decisões com o objetivo de defender o emprego e a indústria nacional. Ubirajara de Freitas Secretário de Organização (Belo Horizonte/Contagem – MG) “ Foi um mandato que teve muita atuação em todo Brasil. O presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, visitou todos os sindicatos de metalúrgicos da CUT e isto foi o diferencial desta gestão. A direção esteve ao lado dos sindicatos e participou ativamente de cada conquista da categoria. Avançamos e conquistamos novos sindicatos em todo país. Foi uma gestão que cumpriu com todas as propostas do último Congresso e, mais do que isso, buscou ampliar sua atuação na política industrial do Brasil. “ A Confederação conquistou muitos benefícios para trabalhadores e trabalhadoras de todo país. Investimos em formação para os dirigentes e, principalmente, para as bases sindicais que serão nossos futuros representantes. Conseguimos aumentar a representatividade das trabalhadoras e dos sindicatos filiados à CUT. “ “ Flávio José Fontana de Souza Secretário de Políticas Sociais (Canoas – RS) “ Loricardo de Oliveira Secretário de Política Sindical (São Leopoldo – RS) “ Desde que a Confederação Nacional dos Metalúrgicos foi fundada, este foi o melhor mandato. Conseguimos alcançar os “ Esta gestão da CNM/CUT conquistou grandes vitórias. Conseguimos ampliar o número de metalúrgicas nos locais de trabalho. Em 2011, as mulheres ocupavam 15% e hoje este número chega a quase 20%. O único desafio não é ampliar a participação e direitos das mulheres, mas manter o que já conquistamos. A Confederação fez um trabalho em união com sindicatos e federações para acrescentar cláusulas importantes na pauta de reivindicações, como licença maternidade de 180 dias e a creche. Também fizemos um intercâmbio com mulheres de Moçambique para trocar experiências e reforçar a cooperação com metalúrgicas de outros países. Marli Melo do Nascimento Secretária de Mulheres (Campina Grande – PB) “ Esta gestão consolidou o nome da CNM e da CUT internacionalmente, inclusive den- tro da IndustriALL, entidade internacional que representa os trabalhadores metalúrgicos, químicos e têxteis em todo o mundo. Com relação à Juventude, consolidamos a Secretaria como ferramenta para se aproximar dos jovens e realizar políticas voltadas ao tema dentro dos sindicatos e federações. Conseguimos ocupar espaços de relevância, como no Conjuve (Conselho Nacional da Juventude), e participar de projetos internacionais importantes, que têm o objetivo de desenvolver a formação de jovens lideranças sindicais. Leandro Soares Secretário de Juventude (Sorocaba – SP) “ Os objetivos da CNM/ CUT sempre foram propor e formular ações formativas específicas para o ramo, levando em conta a conjuntura política e econômica. Além disso, a Secretaria de Formação fortaleceu as bandeiras históricas da CUT e garantiu unidade metodológica em todas suas ações. Nesta gestão, a formação foi transversal em todos os espaços políticos da Confederação, passando por setores e políticas gerais. Acredito que contribuímos para a construção de uma nova política industrial, para que esta seja sustentável, que respeite os nossos biomas e que também garanta emprego decente. “ “ Toda a direção da CNM/ CUT cumpriu com seu papel nesta gestão. Debatemos e participamos da construção da política industrial no país com mais força, a partir do Macrossetor da Indústria da CUT. Participamos e contribuímos com os dirigentes de sindicatos e federações nas lutas específicas de cada entidade. Fomos de norte a sul do Brasil fomentar a pauta dos trabalhadores e mostrar o quanto somos uma classe unida e forte. Geordeci Menezes de Souza Secretário de Saúde (Natal – RN) “ “ Christiane Aparecida dos Santos Secretária de Igualdade Racial (Pouso Alegre – MG) objetivos e fomos além do esperado, em defesa do trabalhador e na ampliação dos diretos. Em relação à Secretaria de Saúde, a CNM/CUT foi responsável por organizar a 4ª Conferência Nacional da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e representa a CUT na Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS). “ Iniciamos um trabalho intenso de planejamento e ações após a criação da Secretaria no último Congresso. O curso de combate ao racismo, promovido pela Secretaria de Igualdade Racial da CNM/CUT e ministrado em dois módulos, foi apenas o primeiro passo para levar o tema ao mundo sindical. Conseguimos importantes parcerias com as entidades voltadas ao movimento negro, o que contribuiu com o desenvolvimento da Secretaria. “ “ Michele Ida Ciciliato Secretária de Formação (Taubaté – SP) 27 “ Valter Sanches (ABC - SP): “Destaco como conquistas da atual gestão da CNM/CUT o seu protagonismo na política industrial, participando com propostas nos grupos tripartites do Plano Brasil Maior e o Programa Inovar Auto, além do ganho de vários novos Sindicatos de Metalúrgicos para o campo da CUT”. Kleber William de Souza (Timóteo – MG): “A CNM/CUT cumpriu todas diretrizes propostas no Congresso de 2011, superando desafios e se consolidando como protagonista dos metalúrgicos na formulação do projeto que defendemos para o país. Nossa participação nos Conselhos do Plano Brasil Maior foi decisiva para apontar caminhos para driblar a crise e para municiar os sindicatos e trabalhadores para o enfrentamento com os setores retrógrados e o patronato”. Maria Ferreira (Belo Horizonte/Contagem – MG): “A organização das mulheres na CNM/CUT foi uma das principais ações nestes últimos anos. Conseguimos aumentar o número de metalúrgicas na base e, principalmente, o número de mulheres dirigentes nos sindicatos. Por meio do trabalho com as redes sindicais, os Acordos Marco Globais também estão sendo implantados nas multinacionais e eles asseguram direitos básicos aos trabalhadores, como o de organização sindical e de negociação coletiva”. Roberto Pereira de Souza (Espírito Santo): “A qualificação dos dirigentes de sindicatos e de federações através dos cursos de formação foi uma das principais ações realizadas pela CNM/CUT. A Confederação também estreitou os laços com as entidades internacionais e prestou sua solidariedade em diversas campanhas em defesa do trabalhador mundo afora”. José Quirino dos Santos (João Monlevade – MG): “As demandas estipuladas no último Congresso foram cumpridas e superadas. O cenário político-econômico mudou e demandou mais trabalho para a CNM/CUT. O destaque desta direção foi a participação dos diretores nos conselhos tripartites do Plano Brasil Maior, que colocou a pauta dos trabalhadores na mesa dos patrões e do governo”. Adilson Faustino – Carpinha (Sorocaba – SP): “A CNM/CUT teve destaque na participação no Plano Brasil Maior, a política industrial do governo federal. Debatemos com o governo e empresários a pauta dos 28 metalúrgicos de todo Brasil. Através das redes sindicais, também fomentamos a troca de experiências entre sindicatos e entidades internacionais”. Ricardo Ferreira (Amazonas): “Foram muitas as ações que a Confederação conduziu nestes últimos quatro anos. Mas destaco aquelas que incluíram os metalúrgicos de todo o país, como por exemplo, as conferências sobre a NR 12 que destacaram a importância da saúde do trabalhador e os seminários do Macrossetor da Indústria”. Ervano da Silva Melo (Amazonas): “A CNM/CUT sempre se preocupou em ampliar os direitos dos trabalhadores. Hoje, pode-se dizer que nos tornamos protagonistas da política industrial do país. Somos uma entidade que consolidou seu espaço no movimento sindical nacional e internacional”. Benedito Sergio Irineu (Pindamonhangaba – SP): “A CNM/CUT se organizou e cumpriu o que foi decidido no último Congresso. A direção teve mais participação na luta em defesa dos direitos e empregos. Para mim, o maior destaque foi a criação e o trabalho da Secretaria de Igualdade Racial, que abriu o debate do tema na base”. Lírio Segalla (Porto Alegre – RS): “A CNM/CUT tem cumprido a missão de defender os trabalhadores desde quando foi criada. Mas esta gestão foi mais ousada e o nosso presidente fez um grande trabalho, com as visitas a todas as entidades de base. A Confederação sempre defendeu as bandeiras da CUT, que vêm de encontro aos anseios não só dos metalúrgicos, mas de toda a classe trabalhadora”. Mauri Antônio Schorn (Sapiranga – RS): “Foi um mandato positivo, pois avançamos no número de sindicatos de base cutista. Não posso deixar de ressaltar as visitas do presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, aos sindicatos de todo Brasil. O presidente fez questão de conhecer a realidade da base e isso deu mais suporte para ele defender os metalúrgicos de todo país”. Cícera Michele Silva Marques (ABC – SP): “O trabalho voltado às mulheres foi um dos principais destaques da Confederação. Realizamos um intercâmbio em Moçambique que fortaleceu a solidariedade entre as metalúrgicas. A troca de experiências com sindicados e federações ao longo do mandato também foi muito importante na luta pela ampliação de direitos”. Pedro Cícero Cassiano da Silva (Toledo – PR): “O maior destaque dessa direção foi a aproximação com os sindicatos. As visitas realizadas pelo presidente da Mauro Soares (ABC – SP): “A CNM/CUT se destacou com importantes atividades vinculadas à área da saúde. A Secretaria organizou diversos seminários regionais pelo país sobre a Norma Regulamentadora 12. Os seminários tiveram o objetivo de garantir a aplicação correta da norma pelas empresas e, consequentemente, a preservação da saúde do trabalhador”. Manuela Alencar (Natal – RN): “A Confederação sempre fez um trabalho para contemplar toda a categoria. Mas destaco nesta gestão as ações voltadas para as metalúrgicas. Realizamos encontros itinerantes do Coletivo de Mulheres Metalúrgicas em vários estados do país, para vivenciar a realidade das companheiras. Outra conquista da Secretaria foi a cláusula da creche na pauta de reivindicação dos sindicatos de todo país, mostrando que não é um direito da mãe ou do pai, mas sim da criança”. Catia Maria Braga Cheve (Amazonas): “A CNM/ CUT sempre buscou comunicar as lutas da categoria para os sindicatos e federações. Por isso, os encontros dos coletivos de juventude, mulher, saúde e formação da Confederação são importantes para informar e contribuir com a política industrial brasileira”. Antônio Marcos Martins (Timóteo – MG): “Nossa Confederação cresceu e colocou a pauta dos metalúrgicos em destaque. Colaboramos com as lutas dos sindicatos e fomos às ruas para ampliar os direitos dos trabalhadores. O Macrossetor da Indústria foi criado justamente para aumentar a parceria entre os ramos e lutar por melhores condições de trabalho. Juntos, somos mais fortes!” Adão Pereira de Brito (Itu – SP): “O maior destaque destes quatro anos é a participação internacional da CNM/CUT, que cresceu muito. Os outros países querem conhecer nossa realidade, em função do importante de trabalho da Confederação. E os metalúrgicos da CUT estiveram presentes em diversos debates referentes à classe trabalhadora e à política econômica do país”. Genivaldo Marcos Ferreira (Joinville – SC): “A primeira missão da CNM/CUT foi cumprida logo no início, com a visita do presidente a todos os sindicatos base e que, assim, conseguiu estreitar as relações com estas entidades. Além disso, ao longo destes quatro anos, a direção interveio e defendeu as questões re- lativas aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras em todo país”. Valdeci Henrique da Silva (Sorocaba – SP): “A Secretaria de Juventude, criada no 8º Congresso da categoria, foi muito importante para aprofundar o diálogo com a juventude metalúrgica. Este trabalho é necessário porque precisamos de novos representantes nos sindicatos e federações. Outro destaque foi a presença do presidente da Confederação em todos os sindicatos filiados à CUT no Brasil”. Vilmar Sizino Garcia (Jaraguá do Sul – SC): “A atual direção teve sempre um papel importante nos debates da classe trabalhadora. Para nós, de Santa Catarina, a CNM/CUT teve um papel fundamental na construção do nosso Departamento Estadual dos Metalúrgicos. Esse departamento é importante para que possamos representar os trabalhadores da região e implantar a política da nossa Central e da Conferação”. José da Silva Cavalcanti (Pernambuco): “As metas da CNM/CUT para esta gestão foram ousadas, mas todas conquistadas. O destaque é a política para alavancar o setor naval e que foi primordial para a criação de novos empregos. A Confederação conseguiu aumentar sua representatividade na indústria naval através de muita luta dos trabalhadores”. Shirley Aparecida Cruz (São Leopoldo – RS): “A CNM/CUT aumentou sua representatividade nos sindicatos e sua participação nos fóruns da política industrial do país. Avançamos em diversas secretarias, mas principalmente na de gênero, porque trouxemos mais mulheres para as direções e comitês de fábrica”. “ CNM/CUT foram importantes para conhecer a realidade de cada região. O trabalho de formação para dirigentes no início do mandato também foi fundamental para a nossa atuação dentro dos sindicatos” . Francisco Wil Pereira (Ceará): “A representatividade da CNM/CUT ficou mais forte na região Nordeste. Conseguimos ampliar o número de sindicatos dos metalúrgicos filiados à CUT. Com isso, o trabalho focado no Contrato Coletivo Nacional de Trabalho foi mais intensificado em todas as regiões”. José de Oliveira Mascarenhas (Niterói – RJ): “A CNM/CUT intensificou suas ações todos os setores do ramo metalúrgico, mas em especial no naval. No início dos anos 2000, nossa indústria naval praticamente não existia, e hoje estamos quase no pleno emprego no setor. A construção do contrato coletivo nacional do setor naval comprova toda a luta da Confederação para o avanço dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras”. 29 Perfil da categoria metalúrgica no Brasil Aqui, é apresentada uma síntese de estudo elaborado pela Subseção do Dieese da CNM/CUT, com indicadores sobre a evolução do emprego, sua distribuição setorial no ramo, por sexo, raça, faixa etária, escolaridade e remuneração média. Evolução do emprego - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2002 a 2013 2.446.272 2.032.473 1.646.318 1.345.001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Fonte: RAIS/MTE Elaboração: Dieese Distribuição do Emprego Metalúrgico por Setor * - Brasil, 2013 Automotivo 21,8% 1,4% Aeroespacial e Defesa 30,4% Siderurgia e Metalurgia Básica Fonte: MTE – RAIS Elaboração: Dieese * De acordo com a divisão setorial feita pela CNM/CUT 30 Eletroeletrônico 17,7% Máquinas e Equipamentos 24,3% Naval 2,8% 1,6% Outros Materiais e Transportes 2013 Distribuição dos (as) trabalhadores (as) por sexo - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2013 Mulheres Segmento Homens Total Nº % Nº % Aeroespacial e Defesa 5.719 16,51% 28.929 83,49% 34.648 Automotivo 97.520 18,32% 434.844 81,68% 532.364 Eletroeletrônico 157.432 36,31% 276.181 63,69% 433.613 Máquinas e equipamentos 82.150 13,83% 511.701 86,17% 593.851 Naval 5.962 8,76% 62.080 91,24% 68.042 Outros materiais de transporte 6.671 16,77% 33.105 83,23% 39.776 Siderurgia e metalurgia básica 109.896 14,77% 634.082 85,23% 743.978 Total Geral 465.350 19,02% 1.980.922 80,98% 2.446.272 Fonte: MTE – RAIS Elaboração: Dieese Distribuição dos (as) trabalhadores (as) por raça - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2013 Negro Segmento Aeroespacial e Defesa Não negro Não classificado Nº % Nº % Nº % 4.075 11,76% 29.847 86,14% 726 10% Total 34.648 Automotivo 122.586 23,03% 370.018 69,50% 39.794 7,47% 532.364 Eletroeletrônico 131.977 30,44% 275.414 63,52% 26.189 6,04% 433.613 Máquinas e equipamentos 138.799 23,37% 408.926 68,86% 46.125 7,77% 593.851 Naval 35.604 52,33% 27.354 40,20% 5.084 7,47% 68.042 Outros materiais de transporte 20.852 52,42% 17.818 44,80% 1.106 2,78% 39.776 Siderurgia e metalurgia básica 225.287 30,28% 465.357 62,55% 53.369 7,17% 743.978 Ramo Metalúrgico 679.180 27,76% 1.594.734 65,19% 172.323 7,04% 2.446.272 Fonte: MTE – RAIS Elaboração: Dieese Distribuição dos (as) trabalhadores (as) por escolaridade - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2013 Escolaridade Nº Faixa Etária Analfabeto % Nº Trab. 3.215 Fundamental Incompleto 224.551 Fundamental Completo 272.649 até 17 anos Médio Incompleto 23.445 203.097 de 18 a 24 anos 447.484 1.361.034 Médio Completo Superior Incompleto de 25 a 29 anos 461.326 103.936 Superior Completo 273.437 de 30 a 39 anos 784.115 3.520 Mestrado Doutorado de 40 a 49 anos 461.450 833 0,13% % 9,18% 11,15% 0,96% 8,30% 18,29% 55,64% 4,25% 18,86% 11,18% 32,05% 0,14% 0,03% 18,86% de 50 a 64 anos 65 anos ou mais não classificados 10,47% 0,50% 0,00% Fonte: MTE – RAIS / Elaboração: Dieese 256.124 12.322 6 31 Distribuição dos (as) trabalhadores (as) por faixa etária - Ramo Metalúrgico - Brasil, 2013 Faixa Etária Nº Trab. % até 17 anos de 18 a 24 anos de 25 a 29 anos de 30 a 39 anos de 40 a 49 anos de 50 a 64 anos 65 anos ou mais não classificados 23.445 447.484 461.326 784.115 461.450 256.124 12.322 6 0,96% 18,29% 18,86% 32,05% 18,86% 10,47% 0,50% 0,00% Fonte: MTE – RAIS / Elaboração: Dieese Remuneração por segmento do Ramo Metalúrgico segundo raça e sexo - Brasil, 2013 Raça/Sexo Aeroespacial e defesa Eletroeletrônico Máquinas e equipamentos Negro R$ ........ 3.266,56 R$.........2.714,22 R$ ........ 1.900,84 R$ ........2.316,73 Mulher R$ ...........2.416,82 R$ ...........1.766,08 R$ .......... 1.492,39 R$ ..........1.818,64 Homem R$ ...........3.409,56 R$ ...........2.919,56 R$ .......... 2.162,95 R$ .........2.382,56 Não negro R$ ........ 6.011,66 R$.........3.816,85 R$ ........ 2.998,91 R$ ........3.150,04 Mulher R$ ..........4.743,71 R$ ...........2.794,35 R$ .......... 2.134,47 R$ ..........2.535,15 Homem R$ ...........6.266,08 R$ ..........4.038,18 R$ .......... 3.474,74 R$ ..........3.254,78 Não classificado R$ ........ 3.716,09 R$.........3.412,73 R$ ........ 2.175,89 R$ ........2.511,14 Mulher R$ ...........2.604,48 R$ ...........2.345,55 R$ .......... 1.668,84 R$ ..........2.082,55 Homem R$ ..........3.991,12 R$ ...........3.764,41 R$ .......... 2.401,15 R$ ..........2.580,55 Total Geral R$ ........ 5.640,71 R$.........3.532,77 R$ ........ 2.614,92 R$ ........2.905,65 Raça/Sexo Naval Siderurgia e Outros materiais de transporte Metalurgia Básica Ramo Metalúrgico Negro R$ ........ 2.907,71 R$.........2.786,37 R$ ........ 2.101,75 R$ ........2.502,90 Mulher R$ ..........2.661,12 R$ ...........2.268,91 R$ .......... 1.682,58 R$ ..........1.949,43 Homem R$ ..........2.925,13 R$ ...........2.863,11 R$ .......... 2.154,43 R$ ..........2.639,39 Não negro R$ ........ 3.763,45 R$.........2.938,42 R$ ........ 2.547,13 R$ ........3.164,44 Mulher R$ ..........3.541,57 R$ ...........2.105,56 R$ .......... 2.097,24 R$ ..........2.396,67 Homem R$ ..........3.790,16 R$ ...........3.163,82 R$ .......... 2.634,94 R$ ..........3.350,33 Não classificado R$ ........ 3.080,51 R$.........3.841,20 R$ ........ 1.878,94 R$ ........2.287,45 Mulher R$ ..........2.343,62 R$ ...........2.382,30 R$ .......... 1.613,76 R$ ..........1.670,32 Homem R$ ...........3.193,13 R$ ...........4.130,45 R$ .......... 1.930,96 R$ ..........2.420,41 Total Geral R$ ........ 3.264,64 R$.........2.883,81 R$ ....... 2.364,36 R$ ........2.874,34 Fonte: MTE – RAIS / Elaboração: Dieese 32 Automotivo CNM/CUT dá exemplo de que, unida, a classe trabalhadora conquista mais Por Vagner Freitas, presidente da CUT Roberto Parizotti A prática de luta sindical solidária e coletiva, com objetivos que vão além das reivindicações por melhores condições de trabalho, renda e ampliação dos direitos dos (as) trabalhadores (as) da categoria, é uma das principais e mais nobres características dos (as) companheiros (as) da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT). A Confederação tem consciência da importância da unidade, da solidariedade de classe, do fortalecimento da luta de toda a classe trabalhadora e, por isso, prioriza a luta coletiva. Para os (as) metalúrgicos (as), todos (as) os (as) trabalhadores (as) têm de garantir empregos e salários decentes e se preparar para ampliar conquistas. A luta é pelo desenvolvimento do país com justiça e inclusão social, transporte, educação e saúde acessível e de qualidade, moradia para todos (as). Essa é para mim a melhor definição da atuação dos companheiros e companheiras da CNM/CUT, o primeiro ramo da Central Única dos Trabalhadores, junto com os bancários, a se estruturar nacionalmente, levando a organização, estratégias de luta e de enfrentamento ao capital para todo o Brasil. A Confederação vem dando à classe trabalhadora uma demonstração inequívoca de que, a partir do trabalho executado em suas bases, os (as) metalúrgicos (as) não só adquiriram como levaram aos quatro cantos do Brasil a consciência de que unida a classe trabalhadora consegue muito mais conquistas ─ além de preservar direitos ─ do que quando faz a luta avulsa, solitária. E é essa atuação cotidiana, determinada e eficiente da CNM/ CUT que fortalece e dá consistência à ação de toda a base sindical cutista, o que contribuiu para a Central impedir a aprovação de projetos prejudicais à classe trabalhadora, como a Emenda 3 e o Projeto de Lei 4330 (ambos tratam de terceirização), pela aprovação da Política de Valorização do Salário Mínimo, contra a retirada de direitos e por melhores salários e condições de emprego de metalúrgicos, professores, químicos, bancários e todas as categorias profissionais cutistas. Ser metalúrgico (a) é fazer parte de uma categoria que é símbolo da classe operária. Ser metalúrgico (a) brasileiro (a) e ser filiado à CUT é mais simbólico ainda. 33 Direção da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT Gestão 2011-2015 • Presidente: Paulo Aparecido Silva Cayres (ABC-SP) • 1ª Vice-Presidente: Rosilene Matos da Silva (Amazonas) • 2º Vice-Presidente: Fábio Dias de Souza (Feira de Santana-BA) • Secretaria Geral e Relações Internacionais: João Vicente Silva Cayres (ABC-SP) • Secretaria de Administração e Finanças: Edson Carlos Rocha da Silva (Niterói-RJ) • Secretaria de Formação: Michele Ida Ciciliato (Taubaté-SP) • Secretaria da Igualdade Racial: Christiane Aparecida dos Santos (Pouso Alegre-MG) • Secretaria de Juventude: Leandro Candido Soares (Sorocaba-SP) • Secretaria da Mulher: Marli Melo do Nascimento (Campina Grande-PB) • Secretaria de Organização: Ubirajara Alves de Freitas (Belo Horizonte/Contagem-MG) • Secretaria de Política Sindical: Loricardo de Oliveira (São Leopoldo-RS) • Secretaria de Políticas Sociais: Flávio José Fontana de Souza (Canoas-RS) • Secretaria de Saúde, Segurança no Trabalho e Meio Ambiente: Geordeci Menezes de Souza (Natal-RN) • Diretor Executivo: Kleber Wiliam de Souza (Timóteo-MG) • Diretor Executivo: Valter Sanches (ABC-SP) • Diretor: Adilson Faustino (Sorocaba-SP) • Diretor: Benedito Sérgio Irineu (Pindamonhangaba-SP) • Diretora: Cátia Maria Braga Cheve (Amazonas) • Diretora: Cícera Michele Silva Marques (ABC-SP) • Diretor: Ervano da Silva Melo (Amazonas) • Diretor: Francisco Wil Pereira (Ceará) • Diretor: Genivaldo Marcos Ferreira (Joinville-SC) • Diretor: Henrique Almeida Ribeiro (Juiz de Fora-MG) • Diretor: José da Silva Cavalcanti (Pernambuco) • Diretor: José Quirino dos Santos (João Monlevade-MG) • Diretor: Lírio Segalla Martins Rosa (Porto Alegre-RS) • Diretora: Maria Ferreira Lopes (Belo Horizonte/Contagem-MG) • Diretor: Mauri Antônio Schorn (Sapiranga-RS) • Diretor: Mauro Soares (ABC-SP) • Diretor: Paulo Dutra Gomes (Taubaté-SP) • Diretor: Pedro Cícero Cassiano da Silva (Toledo-PR) • Diretor: Ricardo de Souza Ferreira (Amazonas) • Diretor: Roberto Pereira de Souza (Espírito Santo) • Diretora: Shirley Aparecida Cruz (São Leopoldo-RS) • Diretor: Vilmar Sizino Garcia (Jaraguá do Sul-SC) • Conselho Fiscal: Adão Pereira de Brito (Itu-SP) • Conselho Fiscal: Antônio Marcos Martins (Timóteo-MG) • Conselho Fiscal: José de Oliveira Mascarenhas (Niterói-RJ) • 1ª Suplente Conselho Fiscal: Manuela Cristina de Alencar Silva (Natal-RN) • 2º Suplente Conselho Fiscal: Valdeci Henrique da Silva (Sorocaba-SP) • 3ª Suplente Conselho Fiscal: Ângela Batistello (Canoas-RS) Representantes das Federações na Direção da CNM/CUT • Jairo Carneiro (Rio Grande do Sul) • José Wagner Morais de Oliveira (Minas Gerais) • Marcos Paulo Medeiros da Cunha (Nordeste) • Oderi Gomes (Santa Catarina) • Valmir Braga (Rio de Janeiro/Espírito Santo) • Valmir Marques da Silva (São Paulo) 34 35 36