Diretoria de Pesquisas
Gerência de Pecuária
PROPOSTA DE REFORMULAÇÃO DA PESQUISA DA PECUÁRIA
MUNICIPAL 2013
Revisão de variáveis, conceitos e inclusão de variáveis da aquicultura
Gerência de Pecuária - GEPEC
Novembro de 2013
Octávio Costa de Oliveira
Eng. Agrônomo
Gerente
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REFORMULAÇÃO DA PPM 2013
Objetivos
A Pesquisa da Pecuária Municipal - PPM - iniciou-se em 1945 no Ministério da
Agricultura e foi transferida para o IBGE em 1973. Desde então, foi reformulada
duas vezes, em 1981 e em 1989. Na última reformulação foram retiradas as
categorias de idade de bovinos e suínos e o levantamento de preços dos efetivos
animais.
As reformulações ocorridas atenderam à necessidade de adequação da
capacidade de obtenção dos dados de maneira subjetiva, com redução do
detalhamento das variáveis, cujo conteúdo é mais adequado em pesquisas diretas ao
produtor. Consultas aos supervisores estaduais de agropecuária foram feitas para
avaliação das inclusões e exclusões propostas pela COAGRO. A Embrapa Suínos e
Aves também foi consultada sobre a avicultura e suinocultura na PPM.
A atual proposta visa, além da eliminação de variáveis de difícil obtenção
subjetivamente, a atualização de nomes e conceitos, e a inclusão das variáveis da
aquicultura, fruto de acordo celebrado pelo IBGE com o Ministério da Pesca e
Aquicultura em 25/09/2013.
Alterações na pesquisa
Até 2013 (ano-base 2012), as variáveis pesquisadas eram:
Efetivos (12)
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•
•
•
Bovino
Bubalino
Eqüino
Asinino
Muar
Suíno
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•
•
•
Caprino
Ovino
Galos, frangas, frangos e pintos
Galinhas
Coelhos
Codornas
•
•
•
Mel de abelha (t)
Casulos do bicho-da-seda (t)
Lã (t)
Produção (6)
•
•
•
Leite produzido (1 000 litros)
Ovos de galinha (1 000 dúzias)
Ovos de codorna (1 000 dúzias)
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Eng. Agrônomo
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Efetivos
Entre os efetivos, com a modernização da pecuária nos últimos vinte anos, houve
uma perda de importância econômica dos animais para transporte e tração, como os
asininos e muares. Desde a década de 2000, o abandono destas criações voltadas
para trabalho e transporte acentuou-se. especialmente no Nordeste, uma vez que
foram substituídas por motocicletas e outros veículos na zona rural, implicando num
cenário de de animais sem dono vagando pelos municípios.
Além da perda de importância destes efetivos, deve-se considerar a dificuldade
de obtenção de estimativas devido à ausência de cadastros e de efetivo controle de
vacinação, como ocorre com bovinos. Com isso, há um forte reajuste em anos
censitários, como ocorreu especialmente em 1996, o que indica que as estimativas
anuais da PPM não estão adequadas (Figuras 1 e 2). Outro problema resultante
desta dificuldade de obtenção é a repetição de dados municipais, o que agrava o
reajuste nos anos censitários.
Outro efetivo animal que tem pouca importância nacional é o de coelhos, cujo
efetivo foi inferior a 210 mil cabeças em 2012. A participação da carne de coelho
na alimentação brasileira é insignificante, e muitas criações são voltadas ao mercado
de animais domésticos ("pet shop"), o que se configura fora do escopo da pecuária.
A perda da importância da atividade pode ser vista pela série histórica 1990-2012
(Figura 3), com o encolhimento do rebanho em 2012 para menos de 30% do
existente em 1990.
O efetivo de perus, cuja carne tem tido um grande aumento de consumo no
Brasil, seja em cortes ou em embutidos, tem uma produção concentrada em poucos
municípios e integrada a um restrito número de empresas agroindustriais. Se por um
lado uma cadeia organizada e integrada facilita a identificação de fontes de
informação, por outro lado se corre o risco de não termos dados da produção em
caso de recusa das empresas em divulgar suas produções, devido à possibilidade de
desidentificação na divulgação em nível municipal.
Octávio Costa de Oliveira
Eng. Agrônomo
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Figura 1. Evolução do efetivo de asininos na PPM. Brasil. 1990-2012.
Figura 2. Evolução do efetivo de muares na PPM. Brasil. 1990-2012.
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Figura 3. Evolução do efetivo de coelhos na PPM. Brasil. 1990-2012.
Os animais de ciclo curto. como as aves e, em menor grau, os suínos, por sua
vez, têm aumentado a sua participação no consumo nacional de carnes e nas
exportações. A produção de animais vivos para abate destas espécies, entretanto,
não é pesquisada na PPM, e sim os seus efetivos em 31/12 do ano-base.
Os efetivos animais são informações de caráter mais estrutural e, portanto mais
adequados a animais de ciclo longo, como animais de grande e médio porte, e
animais destinados à reprodução. Efetivos de pintos e galos são de pouca relevância
na atividade, sendo preferível estatísticas sobre a produção anual de pintos de corte
ou de frangos de corte. De maneira similar, os efetivos de matrizes de suínos são de
fundamental importância para estimar a produção de leitões e suínos para abate.
Porém, a exclusão dos efetivos totais destas espécies não é considerado adequado
pela Embrapa Suínos e Aves, por fornecerem a distribuição espacial total dos
rebanhos ou plantéis destes animais, e não apenas a distribuição das matrizes.
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O atual nome "porcas criadeiras" não é usual na suinocultura moderna e deve ser
substituído.
No efetivo de galinhas, há uma diferença conceitual e de nomenclatura que não
deveria existir, em princípio. As galinhas na PPM são assim conceituadas: "Aves
adultas, independentemente de raça ou aptidão econômica, destinada à produção de
ovos, independente do destino da produção (consumo, industrialização ou
incubação)".
Na POG, usa-se a variável "Galinhas poedeiras", com o seguinte conceito:
"total de galinhas e frangas que se encontravam em fase de postura.".
Ou seja, na PPM as galinhas são apenas as aves adultas; Na POG, são galinhas e
frangas em postura. Apesar das diferenças, as duas variáveis são tratadas como
uma só na crítica da POG x PPM, onde o total de galinhas poedeiras dos
estabelecimentos da POG fazem parte do efetivo de galinhas da PPM.
Da mesma forma que as galinhas, os efetivos de codornas deveria restringir-se
apenas às aves para postura, já que as destinadas para abate têm ciclo curto. Isso
significa rever o nome e o conceito desta variável para manter a padronização da
avicultura na pesquisa
Em vista do acima exposto, propõe-se as seguintes alterações no quadro de
efetivos da PPM 2013:
Exclusões dos efetivos
1. asininos
2. muares
3. coelhos
4. outros porcos e porcas
5. galos, frangas, frangos e pintos
Inclusões de efetivos
1. Galináceos - animais da espécie Gallus gallus, conhecidos como galos,
galinhas, frangas, frangos, pintos, pintainhas.
2. Suínos - Total de animais da espécie Sus scrofa, conhecidos como porcos.
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Alterações de nomes
1. De "Porcas criadeiras" para "Matrizes de suínos"
Com estas alterações, os efetivos totais das espécies pesquisadas seriam
registrados, e para suínos e aves destacaríamos as categorias referentes às fêmeas
em produção (galinhas e matrizes de suínos).
Alterações de conceitos
1. Matrizes de suínos - Fêmeas de suínos da espécie Sus scrofa destinadas à
reprodução, ainda que não tenham reproduzido.
2. Galinhas - Fêmeas da espécie Gallus gallus em produção de ovos,
independente
do
destino
da
produção
(consumo,
industrialização
ou
incubação).
3. Codornas - Aves da espécie Coturnix coturnix, destinadas à produção de ovos
ou de carne, independente de sexo ou idade. Também chamadas de codorniz.
O termo "poedeiras", segundo informantes da POG, restringe-se à aves de
postura de ovos para consumo. Galinhas que produzem ovos para incubação são
denominadas "Galinhas matrizeiras". Assim, optou-se pelo termo "Galinhas" para
designar tanto as galinhas poedeiras como a galinhas matrizeiras, na PPM e na POG.
Quanto às codornas, como não há como diferenciar as aves destinadas à postura
daquelas destinadas ao abate em uma pesquisa subjetiva com poucas fontes de
informação, optou-se por manter o conceito atual que se refere ao efetivo total da
espécie.
Produtos de origem animal
Idealmente, a produção de animais vivos para abate deveria ser levantada em
uma pesquisa estatística da produção pecuária. Suínos para corte prontos para abate
(cevados), frangos de corte e bovinos de corte para abate produzidos no ano.
As estatísticas atualmente disponíveis refletem apenas a produção destes
animais destinados ao abate fiscalizado, através da Pesquisa Trimestral do Abate de
Animais do IBGE, em nível estadual. Não há estatística da produção total destes
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animais em nível municipal. Avaliamos que a inclusão destes dados na PPM é de
difícil obtenção sem cadastros ou registros administrativos, e não deve ser efetivada
neste momento.
A produção de leite de búfala e de leite de cabra, não obstante o aumento de
produção e consumo de produtos lácteos nos últimos anos (mussarela de búfala,
queijo de cabra, leite de cabra em pó, etc), apresenta dificuldades para coleta de
estatísticas anuais, conforme avaliação dos supervisores estaduais de agropecuária
consultados pela COAGRO. Estas produções merecem avaliações posteriores para
possível inclusão na PPM.
O universo de produtos atualmente pesquisados pela PPM foi avaliado como
sendo recomendável a sua manutenção, mesmo com baixo valor de produção total e
espalhamento geográfico, como lã e casulos do bicho da seda, pois são dados de
fácil obtenção e de importância para alguns municípios.
Aquicultura
A maior alteração na lista de produtos pesquisados pela PPM é a inclusão de
produtos oriundos da aquicultura. O recente convênio entre o IBGE e o Ministério da
Pesca e Aquicultura (MPA) prevê o levantamento da produção de peixe, de camarão,
de moluscos e outros produtos aquícolas, seja de água doce ou salgada, de formas
jovens ou adultas.
A inclusão da aquicultura, atividade até então não pesquisada pelo IBGE, requer
um esforço de levantamento de cadastros e de fontes de informação, treinamento e
revisão de questionários, além de visitas técnicas para capacitação da equipe de
planejamento, viagens de supervisão de coleta de dados e apoio de técnicos
estaduais do MPA. Estas ações estão contempladas no acordo.
Dada a dificuldade de iniciar a coleta de dados de uma nova atividade através de
uma pesquisa subjetiva, se optou por priorizar as espécies a serem pesquisadas e/ou
divulgadas. A presente proposta especifica apenas as principais espécies criadas,
identificadas pelo Censo Agropecuário 2006 (IBGE) e Censo Aquícola 2008 (MPA).
A lista de espécies pode ser ampliada, se julgado conveniente, mas não
necessariamente divulgada. Avaliação de qualidade dos dados, em conjunto com
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técnicos do MPA, pode resultar na agregação de informações de produção de
espécies não corretamente identificadas.
Na discussão sobre o que levantar na PPM, acordou-se que a produção não
comercial, voltada para lazer (pesque-pagues, hotéis, etc.) não será objeto de
investigação. Peixes e camarões ornamentais também não serão investigados.
Entende-se por aquicultura a atividade de cultivo de organismos cujo ciclo de vida
em condições naturais se dá total ou parcialmente em meio aquático. Na PPM,
somente os organismos animais são considerados. Considera-se como cultivo de
organismos aquáticos a intervenção humana no processo de criação para aumentar a
produção do lote cultivado.
O cultivo e colheita de organismos aquáticos pode ser em seu habitat natural ou
em unidades de criação especialmente construídos, por exemplo, lagoas, gaiolas,
canetas, caixas ou tanques. A produção pode ocorrer em águas públicas, como em
rios, barragens e represas, ou no litoral.
A aquicultura pode ser tanto continental (água doce) como marinha (água
salgada), sendo esta última chamada de maricultura.
Conteúdo do questionário
Na aquicultura, manteve-se a mesma estrutura dos demais produtos da pecuária.
Investiga-se a quantidade produzida no ano (em kg para animais adultos, e em
milheiros para formas reprodutivas) dos organismos aquícolas. Considerar como
produção a quantidade total de produtos resultantes da despesca (retirada do
ambiente aquático), sem beneficiamento ("in natura"), com exceção da carne de rã.
Na piscicultura são listadas as principais espécies cultivadas. Espécies de peixe de
menor ocorrência são agregadas em "Outros peixes". Outros produtos aquícolas não
especificados no questionário terão apenas o valor da produção registrados em
"Outros produtos aquícolas".
A produção de alevinos por espécie não parece ser uma alternativa viável neste
momento, devido à possível dificuldade de levantamento por espécie de criadores
diversificados, e se optou pela obtenção da produção total (agregada).
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O questionário discrimina 17 espécies de peixes, considerando-se a agregação de
espécies híbridas, e uma variável agregando os dados das demais espécies "outros
peixes". A alternativa de deixar campos abertos para registro da espécie foi
descartada, pois podem ocorrer nomes regionais que exigiriam longos e exaustivos
trabalhos de codificação. Outras espécies não listadas devem ser registradas em
"Outros peixes" e especificadas no campo de Observações do questionário.
Outra variável
Área de pastagem
Uma demanda estatística na pecuária é a estimativa anual da área de pastagem.
Esta variável só é levantada nos censo agropecuários e está ligada à taxa de lotação
animal (nº de cabeças/área), especialmente na bovinocultura de corte, onde
predomina a pecuária extensiva. A dinâmica das pastagens, ora cedendo área para
lavouras temporárias como cana-de-açúcar, soja e grãos, ora avançando em
fronteiras agrícolas e associada a desmatamento, tem despertado interesse da
comunidade científica, de governos e de vários setores da sociedade.
Dada a relação intrínseca com os efetivos de bovinos, o levantamento desta
variável caberia no escopo da PPM. Entretanto, em geral não existem cadastros e
fontes de informação qualificadas em nível municipal, havendo casos isolados de
cadastros de institutos de defesa sanitária (AC), de economia agrícola (SP) e outras
instituições. A taxa de lotação sofre variações locais dependendo da existência de
confinamentos, criações semi-extensivas, complementação alimentar com feno e
silagem resíduos agroindustriais, uso de plantas forrageiras como palma forrageira,
cana de açúcar, etc.
Em uma pesquisa subjetiva, sem a existência de fontes qualificadas com
conhecimento técnico das realidades regionais, o levantamento da estimativa da
área de pastagem caberia ao técnico do IBGE na rede de coleta ou à supervisão
estadual de agropecuária do IBGE. De fato, a melhor opção seria a existência de
participantes no GCEA para analisar estimativas existentes e estimar a área onde
não houvesse estimativa oriunda de fontes municipais. Em consulta aos supervisores
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estaduais de agropecuária, a maioria alegou ser uma variável difícil de captar neste
momento, apesar de todos concordarem com a
sua relevância. Por este motivo,
esta proposta não inclui esta variável na pesquisa.
A construção de cadastros de produtores agropecuários, em andamento no
Ministério da Agricultura, poderá ser uma fonte de registros administrativo num
futuro
próximo,
caso
a
operação
siga
com
êxito.
Aliás,
a
busca
de
acordos/convênios com o Ministério da Agricultura deve ser uma meta da COAGRO
para melhorar as estatísticas da PPM. Existem informações de produção de leite
entregue à indústria láctea, em nível municipal, bem como cadastro de granjas de
corte, incubadoras, pecuaristas e outros elementos que são de importância para
balizar as estimativas nos GCEAs.
CONCLUSÃO
Com estas alterações, considera-se que a PPM está mais atualizada, com
conceitos harmonizados e com uma maior relevância ao incluir uma atividade em
franca expansão, a aquicultura.
Nos próximos anos deve-se avaliar a possibilidade de inclusão dos efetivos de
perus e do leite de búfala, que podem ser relevantes na pesquisa. A introdução da
área de pastagem merece maiores estudos.
A produção de animais vivos para abate, apesar de relevante, não é adequada em
nível municipal, sendo mais apropriada uma nova pesquisa com nível de divulgação
estadual.
AGRADECIMENTOS
Agradeço as contribuições e sugestões dos servidores da COAGRO Roberto
Augusto Soares Pereira Duarte, Maxwell Merçon Tezolin Barros de Almeida, Breno
Augusto Campolina Barbosa, da servidora de SP Paula Marques Meyer e do
pesquisador Marcelo Miele, da Embrapa Suínos e Aves.
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Anexos
Questionário - frente
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verso
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proposta de reformulação da pesquisa da pecuária