Artigos
Pânico: Aspectos Psicanalíticos • 27
Marco Aurélio C. Albuquerque
Resumo
O presente trabalho busca traçar e discutir as origens intrapsíquicas das crises de pânico, sintoma encontrado em pacientes que
buscam tratamentos analíticos ou psicoterapias de orientação analítica, seja como motivo de busca do tratamento ou como um
evento durante o tratamento. Nele é feita brevemente a diferenciação entre o modelo psiquiátrico sobre o pânico, visto como um
transtorno, e a teoria psicanalítica, com ênfase na abordagem do pânico como sintoma merecedor de investigação analítica.
Discutem-se assim as diferentes visões etiológicas, estratégias de tratamento e prognóstico.
Palavras-chave
Pânico; Etiologia do pânico
Abstract
Panic: Psychoanalytic Aspects
This work wants to trace and discuss the intrapsychic origins of panic crisis, symptom found in patients of analytic treatment or
psychodynamic psychotherapy, as a cause of seeking treatment or as an event during it. A differentiation is made about
psychiatric model of panic disorder and the psychoanalytical theory, with its emphasis in the approach of the panic as a symptom.
Different etiologic visions, treatment strategies and prognosis are discussed.
Key-words
Panic; Etiology of panic.
Figurações da Inveja – o Ódio ao Esforço • 49
Suad Haddad de Andrade
Resumo
A autora intitula ódio ao esforço à dificuldade de se desenvolver empenho em atividade importante, seja ela física ou psíquica.
Considera essa dificuldade como uma defesa perversa ligada diretamente à emergência da inveja. Ela acarreta a negação de
aspectos da realidade externa e interna. Não é o objeto real que é invejado, mas o objeto idealizado, dotado de extraordinários
recursos e que ao ser reintrojetado mantém dentro do self um objeto interno com características extremamente onipotentes. Sua
principal característica é não ter que fazer qualquer esforço para conquistar o que deseja: tudo pode e deve ser fácil e tranqüilo.
Qualquer esforço é odiado e desprezado. Essa incapacidade de se empenhar acarreta inevitavelmente falta de firmeza, de
decisão, de entusiasmo e de autoconfiança. São pessoas queixosas e insatisfeitas que se sentem lesadas diante de qualquer
dificuldade.
Palavras-chave
Perversão; Inveja; Cisão do ego; Objeto interno; Idealização.
Abstract
Configurations of Envy – the Hate to the Effort
The author defines hate towards the effort as the difficulty of committing to an important activity, either physical or psychic. She
considers this difficulty as a perverse defense directly linked to the envy emergence. It brings about the denial of aspects of the
external and internal reality. It is not the real object that is envied, but the idealized object, endowed with extraordinary resources
and that, when it is re-introjected, keeps within the self an internal object with extremely omnipotent characteristics. Its main
characteristic is that no effort is required to conquer what one desires: everything can and must be easy and peaceful. Any effort
is hated and despised. This incapacity of committing to anything inexorably brings about lack of self-confidence and enthusiasm,
decision, and determination. These people are plaintive and unsatisfied, feeling injured before any difficulty.
Key-words
Perversion; Envy; Splitting of the ego; Internal object; Idealization.
Associações Livres e Pensamento Onírico de Vigília • 65
Antonino Ferro
Resumo
O autor, inspirando-se nos conceitos sobre o funcionamento mental postulados por Bion, considera as associações livres como
um “derivado narrativo” do pensamento onírico de vigília e as rêveries como um acesso direto às imagens deste pensamento
onírico. O material clínico é utilizado para colocar em evidência como tais “derivados narrativos” podem ser utilizados pelo
analista como sinalizações que continuamente o paciente fornece sobre o próprio funcionamento mental no interior do campo
analítico, sinalizações que permitem ao analista modular sua atividade interpretativa de forma que esta seja fator de
transformação, e não de perseguição.
Palavras-chave
Pensamento onírico; Sonho; Associação livre; Interpretação; Revêrie.
Abstract
Free Association and the Oneiric Thought of Vigil
The author, inspired by the concepts on mental functioning postulated by Bion, considers the free associations as a “narrative
derivative” of the paradoxical sleep thought in vigil and the reveries as a direct access to the images of this paradoxical sleep
thought. The clinical material is used to evidence how such “narrative derivatives” can be used by the analyst as signals, which
are continuously provided by the patient, about his own mental functioning in the inside of the analytical field; signals that allow the
analyst modulating his interpretative activity in order to make it a factor of transformation instead of a persecution one.
Key-words
Oneiric thought; Dream; Free associaiton; Interpretation; Revêrie.
Novas Perspectivas sobre as Fantasias Inconscientes • 81
James S. Grotstein
Resumo
O autor propõe novas perspectivas sobre as fantasias inconscientes. Procura demonstrar que os Sistemas Cs. e Ics. não
funcionam em conflito, mas de modo complementar como oposições binárias. O Sistema Ics. tem dois maiores componentes, o
Ics. não reprimido e o Ics. reprimido ou dinâmico, sendo o primeiro o Ics. platônico inato, e o último, o domínio das memórias
reprimidas das experiências reais. O autor postula que o último é o depósito do processamento mental via sonhos e fantasias
que se originam das atividades do primeiro. Os Sistemas Ics. e Cs. funcionam como braços opostos e cooperativos para
interceptar “O” (a Verdade Absoluta sobre a Realidade Última). A formação da fantasia inconsciente, i.e., o funcionamento da
função alfa, constitui o pensamento inconsciente. Os “atores” que desempenham as fantasias inconscientes são fantasmas ou
demônios diversificados (ambos positivos e negativos) que representam um papel dramático esperando que, enquanto isso,
alguém esteja lá para interpretar a sua pantomima, de modo que eles possam, como a esfinge em Oedipus Rex, ficar livres e
retornar ao repertório. A interpretação psicanalítica da fantasia inconsciente os confirma e os completa, portanto, não
desacreditando-os meramente. Sonhos e fantasias inconscientes são o nosso “serviço silencioso”.
Palavras-chave
Fantasia inconsciente; Função alfa; Inconsciente; Evoluções de “O”; Sonho.
Abstract
Some New Perspectives on Unsconscious Phantasies
The author proposes some new perspectives on unconscious phantasies. He tries to demonstrate that Systems Cs. and Ucs. do
not function conflictually but rather complementarily as binary oppositions. System Ucs. has two major components, the
unrepressed Ucs. and the dynamic or repressed Ucs., the former of which is the inherent platonic Ucs. and the latter of which is
the domain of repressed memories of actual experiences. The author postulates that the latter is the storehouse for mental
processing via dreams and phantasies that originate from the activities of the former. Systems Ucs. and Cs. function as
cooperative oppositional pincers to intercept “O” (the Absolute Truth about Ultimate Reality). Unconscious phantasy formation,
i.e., the workings of alpha functioning, constitutes unconscious thinking. The “actors’ who enact unconscious phantasies are
variegated phantoms or demons (both positive and negative) who perform a dramatic role hoping all the while that someone is
there who can interpret their pantomime so that they can, like the sphinx in Oedipus Rex, be released and return to repertory.
Psychoanalytic interpretation of unconscious phantasy confirms and completes them, not merely discrediting them. Dreams and
unconscious phantasies are our “silent service”.
Key-words
Unsconscious phantasy; Alpha-function; Unconscious; Evolutions of “O”; Dream.
O Processo Psicanalítico na Adolescência: Metapsicologia e Clínica • 107
Luis Kancyper
Resumo
Na adolescência, múltiplos jogos de forças se contrapõem dentro de um campo dinâmico: os movimentos paradoxais do
narcisismo nas dimensões intra-subjetiva e intersubjetiva e as relações de domínio entre pais e filhos e entre irmãos. Através da
descrição do processo analítico de um adolescente com duração de cinco anos, o autor mostra seu começo, sua fase
intermediária e sua finalização. São enfocados, através do caso clínico: a base metapsicológica do processo; o trabalho com as
auto-imagens narcisistas e com os complexos edípico e fraterno; a questão do filho-progenitor e do irmão-progenitor; o
reordenamento identificatório; a confrontação geracional; e a ressignificação de traumas anteriores.
Palavras-chave
Adolescência; Processo psicanalítico; Fronteiras geracionais; Complexo fraterno; Clínica; Metapsicologia; Ressignificação
Abstract
The Psychoanalytical Process in the Adolescence: Metapsychology and
Clinic
In the adolescence, multiples games of power oppose to each other within a dynamic field: the paradoxical movements of the
narcissism in the intra and intersubjective dimensions and the relations of ascendancy between parents and children and among
siblings. Through the description of the 5-year analytical process of an adolescent, the author portrays its beginning, intermediate
phase and its end. The clinical case focuses on the metapsychological base of the process; the work with the narcissistic selfimages and with the oedipal and fraternal complexes; the issue of the son-forefather and the brother-forefather; the rearrangement of the identity; the confrontation between generations; and the new significance for previous traumas.
Key-words
Adolescence; Psychanalytic process; Gerational frontiers; Fraternal complex; Clinic; Metapsychology; Resignification.
A Universalidade do Complexo de Édipo • 147
Paulo Marchon
Resumo
O autor faz uma breve referência à lei de Seleção Natural de Darwin e suas consequências nos diferentes modos de
relacionamento de algumas espécies animais. Estuda mais demoradamente os gorilas, utilizando as pesquisas de Jane Goodall.
Ela e outros pesquisadores mostraram que, nos grandes símios e em outras espécies animais, as uniões incestuosas seriam
raras. Detalha a célebre divergência entre Malinowski e Jones, com dados mais recentes trabalhados pelo grande antropólogo
Meyer Fortes e enfatiza a engenhosa hipótese do antropólogo Godelier em relação à interdição do incesto.
Palavras-chave
Complexo de Édipo; Incesto; Etologia; Antropologia
Abstract
The universality of the Oedipus Complex
The author briefly reports Darwin’s Natural Selection Theory and its implications in the different types of relationships among
some animal species. He pays closer attention to gorillas, using research conducted by Jane Goodall. She and other researchers
have shown that big apes and other animals rarely have incestuous practices. He details the famous divergence between
Malinowski and Jones with more recent data by the great anthropologist Meyer Fortes and emphasises the ingenious hypothesis
by the anthropologist Godelier concerning the interdiction of incest.
Key-words
Oedipus complex; Incest; Ethology; Anthropology.
O Ateliê do Psicanalista • 171
Renato Trachtenberg
Resumo
O autor parte do encontro mítico entre o bebê e a mãe, descrito como o conflito estético por D. Meltzer, para referir-se à fundação
dos espaços públicos e privados na mente humana. As noções de mistério e segredo advindas desses es182 paços primordiais
irão configurar, junto com os mesmos, as diferentes possibilidades de relação do sujeito com o mundo (interno e externo). Entre
essas possibilidades se insere a relação do homem com os seus objetos estéticos, especialmente com a obra de arte. Contando
com esse “instrumental”, o autor se refere a um espaço mental, por ele denominado ateliê, uma espécie de sala interna de
análise, onde é gestado o sonho. Nessa dimensão estética da psicanálise, o próprio sonho, por sua vez, é um ateliê: espaço de
geração e expansão da criatividade, lugar de misteriosos renascimentos.
Palavras-chave
Espaço; Estético; Sonho.
Abstract
The Atelier of the Psychoanalyst
The author departs from the mythical encounter between the baby and his/her mother, described by D. Meltzer as the aesthetic
conflict, to refer to the foundation of public and private spaces in the human mind. The notions of mystery and secret resulting
from these cardinal spaces will configure, along with them, the different possibilities in the relationship between the subject and
the world (internal and external). The relation between men and their aesthetic objects, especially works of art, is among such
possibilities. Counting with these “instruments”, the author refers to a mental space he has named “atelier”, a type of internal
analysis room, where dreams are conceived. In this aesthetic dimension of psychoanalysis, the dream itself, on its part, is an
atelier: a space for generating and expanding creativity, the venue of mysterious regenerations.
Key-words
Space; Aesthetic; Dream.
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