TETE: TETE: O "ESCANDALO" GEOLÓGICO 1% -1OIM PREPARA CONFERÊNCIA NACIONAL a l.. o lk= MAR DEPOSITANDO O SEU DINHEIRO NO BANCO EVITA QUE SEJA DEVORADO PELO FOGO ou.. ROUBADO OU... ARRASTADO PELAS ÁGUAS ORGANIZE A VIDA DA SUA FAMILIA ABRINDO UMA CONTAoo -"DEPOSITO PARA GUARDAR AS SUAS POUPANÇAS MONTEPIO DE MOÇAMBIQUE A NOSSA CAPA: Zipa - os últimos seis meses Olmoe le~e ~ne: Mredeli Mea.dhs.ea: Cheh da Redeço hltesino: LuIs Dvid; R.d.,ç&s: Albino M.geie, Alves G.es., Antfnio Matesse. Celene da Slva. Carla Cordoso. Luta Oevid, Mendes de Oliveira. Narciso Cestanheiee: Seeeetédri da Redesçeo: Of1lil Tenbe: Fer4fla: Rieedo RsNgl, Kok Nem, Neite Ussene, Atrindo Afoene (sol.boredor>; MaquetiaçIlo: E elnio Aldase; C~r ,^,eedente Intlnesiosei.: Wlfeed Brcle.tt, Pietro Petruchi. Auguste Cnichiglie (Ango.); Ser. rad. Aoderreak (Fr.nçe) rony Avigr.e (Tenzenie) Jos4 8sptisfe (Ingleterre); Colaboração edtorial com e reviste #Tercer Mundos Propi*dad.d: Tempográfica Oficinas, Redacç5o e Serviços Comerciais: Av. Ahmed Sekou Touré, 1078-A e 8 (PNédho Inviciel. TeIs. 24191/213: C.P. 2917 Maputo, Repóblica Popular de Moçambique. Cerca de vinte meses após a formação do ZIPA, as actividades militares do braço armado do Povo, zimbabweano estendem-se por dois terços do território do Zimb a b w e, abrangendo uma população calculada em 4 milhões de pesPaís minúsculo, Timor Leste graças a um processo de luta popular Nenhuma outra Província foi alvo de um estudo tão sistemático, de um virar deentranhas para pôr os segredos da natureza a nu e com base neles desenvolver o colonialismo em Moçambique, c o m o sucedeu em Tete. As técnicas de investigaçao cientfisoas e atingindo as forças do regime rodesiano em rdgiões de grande concentraçao populacional. Página ............... 20 prolongada contra os invasores indonésios começa a ganhar a dimensã do grande problema. Ao assunto referimo-nos na Página ............... 27 ca mais avançadas foram ali postas em movimento e as verbas mais «pesadas» atribuidas à Missao de Fomento. Página .............. 38 PODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES. PROVINCIA DE MAPUTO: Namaacha, Manhiça, Moamba, Incoluae. Xinavane ç Boane; PROINCIA DE GAZA: XaeiXa, Ch;cualacuala. Chibuto, Chókwé. Mass;g;r, Manjacazo- Caniçado. Mabalane e, Nhamavila; PROVINCIA DE INHAMBANE: Inhambane, Ouissico.Zavala, Maxixe, Homoine, Morrumbene, Mambone. Pande e Mabote; PROVINCIA DE MANICA: Chimoio, Espungabera e Manice: PROVINCIÁ DE SOFALA: Beira, Dondo e Marromeu; PROVINCIA DE TETE: Tete. Songo, Angónia, Mutarara, Zóbué, Moatize e Mágoé: PROVINCIA DE ZAMBGZIA: Quelimane, Pebane, Gilé, ile, Mqanai da Costa, Nema£rra. Ch;nde, Luabo, Alto Molocué. Lugela, Gúrué, Mocuba e Macuse; PROVINCIA DE NAMPULA: Nampul, Nacala, Angoche, Lubo, Murrupula, Meconta e Mossuril; PROVINCIA DE CABO DELGADO: Pemba, Mocímboa da Praia e Montepuez: PROVINCIA DO NIASSA: Lichinga e Marrupa. EM ANGOLA: Luanda. Lubango. Huambe. Cabinda. Benguela e Lobito. EM PORTUGAL: Lisboa. CONDIÇOES DE ASSINATURA: P, ovíncias de Maputo, Gata e Inhambane: 1 ano (52 números) - 760$00; 4 meses (26 números) - 380$00; 3 meses (13 números) - I9$00. Outras províncias, por via aérea: 1 ano (52 números) -840$00; 6 meses (26 números) -420$00; 3 meses (13 números) - 210$00. O pedido de assinatura deve ser acompanhado da impot&ncia respectiva. 1 PÁGINA POR PÁGINA Cartas dos leitores....... 2 Semana nacional ..... .... 6 Maputo tem novo GovernadorSegurança social será conquista dos trabalhadores -PCUS oferece 800 livros à FRELIMO Semana internacional. .....9 «0 socialismo foi traído em Portugal» -Abatido avião angolano A «explosão demográfica» no Brasil - Estados Unidos «importam» crianças da Colômbia. Jornais e revistas ...... 12 Factos e crítica' ....... 14 Conversações Vietname-Estados Uni dos em impasse . ...... . 18 ZIPA: os últimos seis meses . . 20 Timor Leste-0 poder da luta . 27 Pretória e Telavive são o mesmo 34 Teta: O «escfindalo» geológico . 38 «Para os patrões o mar é doce» . 46 Estrutura do 1.* Seminário Nacional da Informação ....... 52 1.Conferncia Nacional da Juventude ....55 Como age o inimigo.. .... 58 Última página .. . . . . 64 .Anaeisac e ctri~a Nós todos temes direito de apreaenta as noss criticas e dávidas. Mas em poucas palavras queria dizer ou pedir dentro das possibilidades fazerm análise at~s de lançarmos as nossa criticas ao público. Há os que desafiam nas revistas, as vozes podemos conhecer que s as contradições pessoaia. Há outros que criticam antes de perguntar o pr6prio praticante se isso está correcto ou nIo. Ainda há os que critieam porque o companheiro apareceu na revista TEMPO dua ou três vezes e aosm dds bem coafirinativoe quer- crit i o a fulano, isto mio está correcto. Um leitor deve sentir um cargo pesado perante o seu rviço, oferecer ao Povo o que é real. ma*dveo coampro~nte a noes 1hhs Ao clontái todos .6^ leitoras em vez dC sermos leitore eremos XICONHOCAS.- escdpe-me ao dizer hso. Evitemos as mentiras. Evitemos envergonhar o5 tros em vez de criticá-los. Não confundir criticar o fazer pesco de alguém. Analisar o trabalhso evitar os erros no futuro. Aqui "o toquei. o nome de aigiuém mas sim é critica geral. Evitar confusões dentro do nesseo trabalho. saibms contrlbuir ao máximo a esta Jov~ República o que dia após outro está caminhando ao Socialismo. Ainda não tenho experi#ncia cabal para tal, *o falei mal apresento as minhas desculpas à todos camaAbel Crisnto Mateus Nandhenga (GAGOLO) C.P.M. Praia CABO DELGADO Onde eto as cat? 4 . 1.- vez que me dirijo para a v/ revista da qual sou um leitor assí. duo, pelo que, tenho acompanhado toda a v/ comp~zl o até ao momento. Antes de maio uma observaçao: esta crítica é especialmente dirigida aos trabalhadores dos Correios Telégrafos e Telefones, SECÇ1O DE CORRESPONDÊNCIAS: Gosto muito de escrever aos meus familiares e demais amigos espalhados em Moçambique e no Estrangeiro. Desta forma sou obrigado a ir diariamente aos correios, donde reebo também orrePondência. Ora acontece que nesta troca de correspondência, tem havido problemas tais como a falta das respostas nas minhas etas e vice-versa, o que me leva a reclamação constante diante destes serviços. Pois nmo hd dúvida nenhuma que as cartas são depositadas nos correios, uma vez que os meus correspondentes por outras cartas comprovam isso. Ora pergunto eu, que é feito dessas correspondências? Onde estão e qual é os seus destinos? Isto para não falar em cartas registadas que embora não sejam tão frequentes, também extraviam-se. As cartas ou seja correspondências, so as formas mais eficazes para se conversar, trocar impressões, ou mesmo tratar de negócios, a grande distânC?'. Julgo que os responsáveis desta secção deveriam ser mais rígidos, mais severoa, na vigilância dos novos trabalhadores que assumiram agora o lugar, e :upn ai.' 355 - ala. 2 a1 ÷ tFMPO W0 355 - a" .2 wIl^V ý*1 -V mesmo para os mais antigos que às vezes escrevem de tal forma, que é impossível de se perceber, mas julgo que não é motivo de se pôr em qualquer Caixa Postal que lhes convier. Mas quando assim suceder, sou dá opinião que deveriam remeter novamente ao remetente. Na minha caixa postal tenho recebido várias cartas de Morrumbala, Milange, Mocuba, etc, estando eu a residir em Quelimane. Já agora, e como errar é humano, apelo às pessoas que receberem correspondências que não lhes pertençam, o favor de devolverem à mesma repartição, que com toda a certeza irão dar o caminho certo. Viva a Vigilância! V)Va ai boa Compreensão! Abaixo aos Enganos! Harune Hassam )escoeorüamos o JO-anid - Rovek Já não é carro cobrador-de impostos. Nós dscoloWnizamo-lo. -Já não é terror quando entra na povoação Já não é Land-Rover do induna e do sipaio. É velho e conhece todas as picadas que pise. É experiwnte este carro britãnico Seguro aliado do chicote explorador. Mas nós descolonizamo-lo: No matope e no areal Sua tracção às quatro rodas Garante c h e g a d a às machambas mais distantes Às cooperativas dos camponeses. Entra na aldeia e no centropiloto ruge militante nas mãos seguras do condutor Obedece fiel a todas as manobras Mesmo incompleto por falta de peças. - Descolonizámos o Land-Rover Com nossos produtos Compramos o combustível que censome. Com nossa inteligência Concertamos avarias que surgem Com nossa luta Transformámos em amigo este inimigo. Nós descolonizadores Libertámos o Land-Rover Porque também ficou independente afinal: Transformaram-se os objectivos que servia E hoje é militante mecânico Um desviado reeducado Uma prostituta reconvertida em nos sa companheira. Descolonizamo-la e com ela casamos E não haverá divórcio. De Tete a Cabo Delgado Do Niassa a Gaza Da sede provincial ao círculo Este jeep saúda quando passa O Caterpillar seu irmão Outro descolonizado fazedoi do es tradas E cruza-se com o Berliet atarefado Ex-pisador de minas, Elos aprehderam com a G-3 Menina vanguardista na mudança de rumo A primeira a saber e a gostar A diferença antagónica Entre a carícia libertadora das biossas mãos E o aperto sufocante o opressor do inimigo que servia. As mãos dos operários que o fabricam São iguais às mãos do operário da nossa terra. Essas mãos inglesas que a criam Um dia saberão que ajudaram a fazer a revolução E vão levantar o punho fechado de solidariedade. Ruge este militante nas picadas da Zambézia. Galga as difíceis estradas de Sofala. Passa pelos pomares de Manica Pelo milho de Gaza Pelas palmeiras de Inhambane E na cidade de Maputo descansa. Transporta pelo país Os olhos dos estrangeiros amigos Que querem conhecer de perto a nossa produção. - Descolonizámos uma arma do inimigo Descolônizámos o Land-Rover! Aquelas quatro rodas e um motor potente Aquela cabine dos mecanismos de comando Aquelas linhas da carroçaria irmanadas ao medo Já não afugentam o povo: Homens mulheres e crianças do campo Fazendo sinal ao condutor Pedem boleia. Nós descolonizámos o Land-Rover Por isso o povo dele já não foge. A.M. Ctíticas e sugestões Em Angoche lemos a revista Tempo a partir da quinta-leira e só esperando a outra daí por (8) oito dias. Certo. Certo porque a revista é semanal e temos que recebêla uma vez por semvna, mas se esta é lida (distribuida) eP Nampula na sexta-feira ou sábado' consoante a chegada do aviào, porque só chega na quarta-feira à noite em Angoche? Porque não no domingo ou segunda-feira nas localidades que são servidas por carreiras terrestres? Por causa da burocracia. Achamos que se tudo for bemplanificado, as populações destas zonas não esperariam até quinta-feira, havendo carreiras diárias para essas diversas localiddes. A população pode e deve ser s rvida' condignamente, já que o transporte da revista não atrasa o bom andamento das ditas carreiras, não ocupa espaço de carga nem de passageiro. Pensamos que a Cia. de Transportes BoaViagem quando solicitada, há-de compreender que deve apoinr outras estruturas, sendo esta Estatal deve colaborar. 0r a nossa sugestdo neste assunto é: logo que a revista é leantada no aeroporto as que tem o destino para fora de Nampula sejam d ep&sitadas ns terminais das carrei-as terrestres ou ferroviárias para naquele d,. ou no seguinte sigam aos seus destino.R TEMPO N 355 -pig. 3 a fim de atisfaze, o interesse de laro massas que est4 o esperando. Assim se processa com o jornal Noticias. CONTRA O BURoCáATISMO A UTA CONTINUA Henrique Henriqes Marivate N.R. - Este é ui enfrentan distribuio ram toma das que minimizar focados po dos problemas que os o sector de ýo. No entanto, for las algumas medipensamos poderão os inconvepientes lo leitor. 0 quê que 40 passa com os S~ c i de da Beia? ttibaismo ou xiconhoq mo? Caros camarad. leitores, gostaria imenso que me pub'ioassem esta minha pequena carta num das vossas p~ginas da conhecida re sta (TEMPO). O problema que se ~e em causa é o seguinte: foi no di, 9 de Setembro de 1976, o meu BJ. c<ducara a sua validade e após esta contactar com os serviços destinados a estes efeitos no Registo Criminal ,Beir. Lá deparei-me om o Sr. General Xiconhoca munido de papéis no seu gabinete (Guiché) tendo-me dado um impresso a pteencher, selar e efectuar todos os pagamentos necessrios a tipo urgente e salvo meu erro, nessa data já era 13 de putubro do mesmo ano. 1 Findo este trabal -me um talão datad para levantamento , dias foram .asandc da, o Bilhete ainda vêsdo'pelo arquivo ( a sua informaço, m eu voltasse em Janm o o indivduo deua 5 de Novembro to referido B.I. Os até à data mrarcanão tinha sido ene Maputo segundo zndou-me para que Iiro. a .. a -- ..L*.,.o Na realidade, segundo a sua terminaç~f fui o no guiché já estava substituido por outro empregado, mas também de espirito ingrato, e este quando lhe perguntei se o meu B.L tinha chegado, respondeu de modo (Xiconhoca) Ndo sei! Eu então perguntei que qual sera a pessoa indicada para isso o este repetiu a mesma palavra (já disse que nio sei e mais nada Ok? Vi-me bastante arrasca e decadente, evidentemente passaram, os meses de Janeiro, Fevereiro, Março; s no dia 4 de Abril é, que lá fui para o mesmo assunto, no momento da entrega do talão o empregado Xicônhoca nem sequer procurou onde tenho visto os outros a Procurarem limitou-se a dizer que ainda "do tinha chegado. Como nessa altura estava preparado"Para me deslocar ao Maputo, disse que iria constatar ao .-quivo. O dito Xiconhoca nem me deu satisf~eo alguma; poucos dias depois segui para, o Maputo e aproveitei a oportunidade de chegar até ao arquivo, quando lá cheguecinformei como a coisa acontecera e dirigiram-me à sala de Bilhetes exteriores. Ora, após ter seguido a minha expliaço, foi imediatamente se o meu nome constava no livro de todas ais enumerações de receitas pedidas, levou quase 15 minutos a procurar a partir de 1 de Setembro a 30 de Outubro mas infelizmente nada apareceu, o que deu-me entender que aqueles dois ditadores de requerer a outros Xiconhocas. Agora eu pergunto: ?erá que estes indivíduos merecem estarem ao serviço Público? Merecem trabalhar para o Povo? Mas como é que serd possível se eles são divieionistas, dividem o povo para atender o João e António que são tios dái Maria. São produtores da confusão no seio das massas, conturbadores do apoio popular, individuos de dentes compridos até aos pés azagados. Ernesto F. Saute BEIRA voz da ,4Aic eí~*~ Unidos desespetados bantoches e a os do imperiaLismo i 0nacionae Todas as noites somos inmultados pelos laaio8 desesperados do imperialismo internacional. Os seus patrões imperialistas e8tao neste momento preocupados com a revolta geral dos povos de todo o mundo em protestos pela sua liberdade, pela recusa sistemdtica de exploração do homem pelo homem, de opressão, de escravidão e da dominação colonial e que lutam pea sua independência total Eles procuram neste momento todas as formas, a fim de impedir esta onda da paz. Entdo é prestada ajuda de construção duma emissora e outros investimentos aos lacaios renegados em Moçambique e inimigos. Inimigos do povo moçambicano encabeçados por Jorge Jardim tais como Domingos Arouca, João Maria Tudela, Miguel Murrupa, Wills Kadewele, Manuel António e mais outros que formaram primeiramente a «Organização da África Livre» e vieram a formar mais tarde a FUMO com o objectivo de falar mal do nosso partido a FRELIMO, e seus dirigentes, a fim de fazer desacreditar o Povo moçambicano dizendo que a FRELIMO não é o Partido das massas e que ou seus dirigentes não esto para servir o Povo moçambicano, para que o Povo se revoltasse contra o nosso governo revoluciondrio e estabelecer um governo fantoche e neocolonial. Mas com esta minha carta quero dizer claramente a todo o Povo maçambicano que estes lacaios criados ou muleques do imperialismo internacional nada querem trazer aqui em Moçambique e que não são libertadores .do Povo moçambicano. Eles sempre ladram em todas as noites insultando os nosso> "dirigentes da FRELIMO e do Governo, mas o certo é que eles querem implantar de novo a. exi)lorarAo do ho m Iwr~j W< -, . q gq pelo homem, a dissinação racial, social e cultural no nosso pais. Devemos estar todos certos de que eles são cem por cento fantoches e inimigos da liberdade dos povos e são grandes exploradores. Eu estou certo que todo o povo moçambicano sabe que, o que fala a rádio da .«Voz da África Livre ou Rádio Quizumba são mentiras e sabe também qual é o objectivo destas mentiras. Para quem quer a paz e a liberdade ninguém as acredita, -Menos aqueles que colaboraram com a PIDE.DGS e os que participaram no exército fantoche do Jardim GE, GEP e OPV e que não querem emendar e integrarem-se nesta nova vida da revolução, que ainda desejam massacrar o po e roubar os seus bens. Só esses é que podem ainda desacreditar a PRELIMO e o Governo moçambicano revolucionário, acreditando os seus antigos patrões, os Jardins. Camaradas estou certo que estes são lacaios do imperizlismo internacional porque nós podemos ver além daquilo que saiu na Revista Tempo n.' 834, página 3, «cartas dos leitores». Eu adianto que a Rodésia e o seu governo apoiou activamente o governo colonial fascista português a lutar contra a FRELIMO quer em material quer em pessoal E só hoje é que Smith aceita alojar o movimento ou umwz organiza, fão para libertar o povo à sua independência política, social, económica e cultural na Rodésia? Se dizem que antes da morte do 1.0 Presidente Camarada Eduardo Chivambo Mondlane a FRELIMO era uma organização que servia as mssas, então pergunto eu: Será que o governo de Smith mais «de rático» de todo mundo não estava ainda para deixar um lugar à FRELIMO na Rodésia, que começaria com facilidades à luta asmada nas Províncias de Tete, Manica e Sofala e a de Gaza? Ao contrário foi naquele momento que o governo de Smith da Rodésia intensificava a sua boa ajuda ao governo português para aniquilar os guerrilheiros da FRELIMO. Quem quer libertar Moçambique afinal? O Jorge Jardim que além daquilo que foi falado na Revista n.° 334 página 3. é cem por cento estrangeiro, vortuauês aue nem em Portuaal tem campo para o seu alojamento? O Domingos Arouca, um latifundiário que explorou e discriminou o nosso povo na Província de Inhambane? Quem é o Miguel Murupa? O que participou activatmente no plano dos Simangos para acabar com a democracia popular existente na FRELIMO desde a sua fundação e queria substituir o governo colonitl português a explorar o povo nas, zonas libertadas e -muita outra coisa que ele fez na FRELIMO, tendo finalmente desertado da FRELIMO para os seus patrões caetanos e que r 'issou a viver bem na cidade da Beirt falando mal da FRELIMO enquanto o povo moçambicano continuava a ser expiorado, espezinhado, oprimido, massarado etc., e ele a ver tudo isso. Porquê então não ia formar esta organização libertadora lá na Rodísia »iaquele suomento em que o Povo era. explorado e domindo pelos estrangeiro8,.se queria que o povo vivesse livre de todas as formas de descriminação e exploração? Serdque naquele tempo o Smith não estaiw na Rodésia? Pois gostava daquilo que os portugueses faziam ao nosso povo. E hoje o povo moçambicano conquistou a sua liberdade e o senhor Mrrupa anda a ladrar que o Povo de Moçambique não está livre e ladra ainda contra o povo e a sua liberdade. E você K,2dewele que liberdade pode trazer ao moçambicano? A liberdade para uma só tribo? Se quando estava na FRELIMO teve sempre problemas tribais quando estava como Secretário Provincial da FRELIMO em Niassa não queria atender os problemas e dificuldades dos ajauas, macuas e outras tribos, limitando apenas a atender os Nyanjas que são da sua tribo e era um grndeambicioso quanto a5 poder. E vocês senhores João Maria Tudela e Manuel António respectivamente estrangeiros o agentes da PIDE/DGS que liberdade querem trazer aqui no nosso pais j livre? O certo é que fiquem todos a saber que o povo moçambicano de novo grita «já estamos livre» de todas as fornm do sistema colonial, fascismo, imperialismo e neocolonialismo e estamos apenas neste momento ,- lutar contra todas as suas sequelas para construir melhor um Moçambique novo, forte e vrósinero e construir a sociedade revolucionária socialista. O povo moçambicano está farto de ouvir -ts mentiras da vossa rádio Quizumba. Esta vossa liberdade que sempre os senhores libertadores gritam - o povo não quer. Pois não quer ser libertado pela segunda vez, nós já estamos livres. Se nhores libertadores! Fiquem a saber que a vossa rádio Quizumba não está segura porquze o Zimbabwe ou Rodésia ldo é do vosso patrão lan Smith. 1 dos Zimbabweanos que lutam neste momento pela sua independência total e sem dúvida nenhuma darão um assalto final ao regime do vosso patrão lat Smith um dia qualquer. É certo, o Ian Smith e qualquer outro grupinho reaccionário está na Rodésia em trânsito, e vocês irão para onde naquela altura? Olhem senhores libertadores! Vocês tiveram muita vergonha er'. as criticas do povo moçambicano ao reeusar-vos. Uma delas foi de vos criticar o nome da vossa organização (organização da África Livre) que não tinha sentido nenhum perante à Áfric e vieram a mudar para Fumo (Frente Unida de Moçambique) o que para mim significa a união dos exploradores, dos fantoches e lacaios do imperialismo internacionaL Senhores libertadores! quero que me respondam às minhas perguntas: Quantos países da África e do resto do mundo foram colonizados pelos países socialistas em particular a União Soviética, para esta vir agora neocolonizar a África, enquanto todos os povos do mundo gritam e lutam pela sua liberdade e Paz? Se alguns pases do Ocidente falam, a razão é porque foram colonizadores em muitos países do mundo. Contudo, os senhores que se intitulam de libertados fiquem a saber que serão sempre detectados e espezinhados pelo povo revolucionário de Moçambique. Todo o povo moçambicano deseja a paz, está vigilante de Rovuma vto Maputo para detectar os vossos agentes em qualquer ponto de Moçambique. Nelinho Chilenje Mavago - NIASSA TIEMPO N 30 -14 & SEMANA A SEMANA MAPUTO TEM NOVO GOENADOR A sa chgad~ 4 a Maputo o Govfflnado José Moiane rcebendo boas-vind s A semelhança do que já havia acon. tecido com a chegada do novo Gover. nador de Manica ýaquela província, a população de Maputo conheceu horas de festa no passado fim de semana. Tratava-se de receber o novo Governador da Província há dias nomeado pelo Presidente Samora. O novo Governador é o quadro e combatente veterano José Moiane, desde pouco depois da Proclamação de Independêncio até agora Governador da Província de Manica. Um compromisso importante foi firmado logo á chegada. Por um lado, nas suas mensagens de boas-vindas, as poPulações disseram:, «Todos es esforços serão feitos no sentido de apoiar o novo Governador do Maputo». Por .,utlo o novo Governador respondeu: «A população do Maputo tem uma experiência nova e rica, embora dura e dolorosa. 1 essa experiênícia que eu que. ro aprender com a população de Maputo. «E, noutro passo: «A população de Maputo eu direi apenas que sou um quadro. Existem nesta PtOtocaeutros que,dros e eu venho apoiar o trabalho que TEMPO N,* 355 -pág 0 eles, juntamente com as populações, têm vindo a desenvolverm. Este compromisso, e o método de trabalho preconizado pelo Governador Maiana em declarações logo à sua che. gada de que «há uma necessidade de os quadros que aqui operam me indicarem os problemas existentes, pois só assim estaremos em condições de nos engajarmos no trabalho colectivo, e a6 trabalhando colectivamente estaremos também em condições de esmagar a reacção, a indisciplina co desemprego, para que possamos realmente eliminar as lacunas deixadas pelo colonialismo», cram uma situação favorável ao desenvolvimento de um bom trabalho. A nomeação em si é um passo organizativo importante. Primeiro, porque dando sequência ás novas orientações implicará a constituição do Governo Provincial, depois, e essencialmente, porque libertará as estruturas centrais (em particular os ministérios) das tarefas de governar simultaneamente a Província do Maputo, como tem acontecido na prática até aquk A sua chegada ao Maputo, no passa. do slbedo, o Governador José Moiana foi recebido no Aeroporto por Oscar Monteiro Membro do Comité Central e Ministro de Estado na Presidndia, e ou tros responsáveis do Partido e do Governo. Aguardavam-no dezenas de pessoas que lhe ofereceram actividades culturais. Domingo o novo Governador foi apresentado à população de cidade do Ma. puo num comício. Durante o comício, o novo governador disse, a determinado passo: «Em todas as ProvTncias sbemos que em Maputo já há sossego, embora existam ainda muitas dificuldades. Sãbemos também que isso result de um bom trabalho dos grupos dinamizadores. Com a criação dos Conselhos de Produ. ção acelerou-se bastante o trabalho e a produção» - realçou. itando outras vitórias e conquistas já alcançadas pela população da Província de Maputo, o novo Governador acrescentou que está sendo desenvolvido intensamente o processo de criação de aldeias e bairros comunais. «base fundamental da orgnaização do nosso Povo e da produção». <Principalmente depois do Terceiro Congresso, sentimos que a ProvTncia de Maputo também já abalou a sabotagem económica, abalou os inimigos do nosso Povo. A preocupação delas era esconder os géneros de primeira necessidade Para semear o descontentamento no seio do Povo, me os grupos dinamizadores e a população conseguiram em parte eliminar muitas dessas manobras. Isso indica o dinamismo do Povo, como estão organizadas as estruturas, o nosso trabalho. eu penso que já temos uma base, mas devemos fazer uma análi§e das tarefas já desenvolvidas. Havemos de aprender das nossas vitórias e dos nossos fracassos. l assim que havemos de concentrar as nossas forças para melhor podermos avançar». Mais adiante José Moiane salientou que apesar das conquistas já alcançadas, muito há ainda e realizar, sendo por lko necessário consolidar ainda mais a unidade, para uma luta vitoriosa pelo liquidação dos males deixadob pelo col 45 Moiane no comício em qu foi apresentado à população da capital: «Vim Aprender as experiências das pop*fa~ôes de Maputo, colaborar convoco na realiw~o colectiva das tarefas que se *os põem». lonialismo e que ainda se fazem sentir no nosso seio. «Ainda não acabámos com o alcoolismo, o banditismo, o desemprego, a prostituição, a ignorância e muitos outros vícios e vestígios herdados do colonia,lismo. Temos, por isso, necessidade de aumentar e consolidar a nossa unidade. Quando estamos unidos e organizados, nenhum inimigo nos vai atacer». E, noutro passo: «Cabe também a todos nós manter a vigilância para que haja boa ligação com o exterior, com os países amigos que nos querem apoiar nesta fase decisiva de edificação das bases materiais e ideológicas para a construção do Socialismo». A necessidade de a população- conhecer os seus bairros, participar de uma forma unida e organizada nos trabalhos colectivos para a manutenção da higiene em todos os sectorãs públicos, para a melhoria constante das condições de vida do Povo, foi outro dos aspectos que o Governador da Província de Maputo fez notar à população. Recordou também a situação difícil que hoje se vive no nosso Pais que «faz fronteira com países que não concordam com a opção política do Povo moçambicano», razão por que, quer através de agressões físicas quer ainda através de propaganda Ideológica, pretendem criar um clima de instabilidade no seio das classes operária e camponesa moçambicanas que, heroicamente, têm sabido apoiar a luta justa dos povos ainda sob dominação desses regimes racistas e opreassores. A terminar José Moiane explicou que era uma particularidade da luta revolucionária «arrecadar pequenas conquistas», exemplificando a boa conservação dos hotéis, onde se alojam muitos dos nossos visitantes e com e limpeza da cidade. Dando cumprimento ao Artigo 32.* da Constituição da República Popular de Moçambique, que determina que «todos os cidadãos têm direito à essistência, em caso de incapacidade e na velhice», e que «o Estado promove a criação de organismos que garantam o exéroIcio deste direito», o Ministério do Trabalho dá os primeiros passs no sentido de se criarem condiçõe para que a segurança social seja efectiemente uma realidade em MoçoMqus. «Quando encontrarmos sujidade num hotel, isso é irresponsabilidade dos elementos que lá se encontram a trabalhar e essa irresponsabilidade deve ser combatida. Deixando a cidade suja, não estamos a defender as nossas conquistas», Na mesma noite o Governador foi homenageado com um jantar oferecido em sua honra pelo Gabinete Provincial. Assim, um despacho deste Ministério, publicado no Boletim da República do passado dia 7, determina que «havendo necessidade de se conhecerem todos os esquemas de previdência existentes em Moçambique, as empresas, serviços ou outros organismos, públicos ou privados, que possuam esquemas de protecção aos trabalhadores e suas famílias em casos de velhice, invalidez. Morte, doença, acidentes, matemidadq ou outros, devem enviar ao Ministério TEMPO N,° 355 -pég. 7 SEGURANÇA SOCIAL SERÁ CONQUISTA DOS TRABALHADORES do Trabalho - Junta de Acção Social no Trabalho - até ao dia 31 de Agosto de 1977, um documento que explique, pormenorizadamente, os esquemas, de preferência uma cópia dos estatutos por que se rege». Entretanto, no passado dia 14, o Ministério do Trabalho divulgou uma nota a propósito do referido despacho, que a seguir publicamos na Integra: mUnm despacho do Ministério do Trab~ho. publicado no Boletim da RepúbiicM número 77-1 Série, de 7 de Julho de 1977, determina que, «havendo necessidade de se conhcerem todos os sque. mes de previdência exletentes em Moçamblué. as empresas, serviços ou outros organismos, públicos ou privados, que possuem esquemas de protecção aos trabalhadores e suas famílias, em casos de velhice. Invalidez, morte. doença, acidentes, matemidade ou outros, devem enviar ao Ministério do Tra. balho - Junta da Acção Social no Trabalho - até ao dia 31 de Agosto de 1977, um documento que explique, pormenorizadamente, o (s) esquema (), da prefer4ncia uma cópia dos estatutos por que s rege». Acrescenta ainda o referido despacho, que deveroo também ser fornecidas ou*am informações, destacando-se: - Data em que o esquema foi ~eti- A sua evolução no tempo; -~elementos estaliticos vários; - Ista cOm os nomes dos trabalha. dores abrangidos, por nacionalidade, indicando as quotas pagas por ceda um - O montante de penss pagas no último mês, assim como de subsídios; - Indicação se o squema é próprio, isto é, se é processado intemamen. te s e constituído numa companhia nacional ou no estrangeiro. É ao Ministério do Trabalho que cabe «Organizar um sistema de previdência (Ou sgurança social, que é o mesmo), capaz de fazer face s situações de in. validez, reforma, doença e outras situa. çes de carênciaa», conforme refere o Artigo 32.,% número 7. do Decreto número 1175. A segurença social, ou seja, o conjunto dos esquemas de protecção social dos trabalhadores, erá uma conquista dos trabaNwlh r moçambicanos. Com efeito, é o aumento da produção, a TEMPO N., 355 - pãg. 0 elevação do nível de organização das classes trabalhadoras e das suas unidades de produção, e o estabelecimento de novas relações de trabalho, baseadas no poder da aliança operárJo-camponesa, que determinarão a implementação de,um sistema nacionaldeprovidência. Os benefícios sociais devem corresponder ao nível de desenvolvimento económico da nossa sociedade, e eles serão tanto mais elevados quando avançarmos na construção do socialismo. Vejamos 6 que sepasa actualmente com os esquemas de previdência existentes em Moçambique, e que se localizam principalmente ao nível do Estado e de grandes empresas multinacionais, com sede no estrangeiro. Esta herança do coloniaglsmo revela-nos que apenas a burguesia colonial tinha protecção social em casos de carênêia, como a veIhice, invalidez e morte, pois ao aparelho de estado colonial só eia tinha aos. o. Quanto s sucursais de monopólios no nosso país, tinham possibilidade de oferecer esquemas de previdência aos trabalhadores, devido aos grandes lucros que obtinham à custa da exploração de. senfrada dos mesmos, e como uma forma de iludir os trabalhadores, tentan. do fazer-lhes crer que o emprego nessas grandes empresas multinacionais era uma coisa boa. Os benefcios de segurança social de. vem abranger, progressivamente, todos os trabalhadores moçambicanos, e não este ou aquele indivíduo, esta ou aquea empresa ou serviço. A Constituição de República Popular de Moçambique re. fere, no seu Artigo 32.-. que todos os cidadãos tên direito a assistência em caso de incapacidade e na velhice», e que «o Estado promove a criçio de organiamos que garantam o exercício deste direito». PCUS OFERECE 800 LIVROS A FRELIMO «Ê um gesto de solidariedade do -nosso Partido para com o Comité Central da FRELIMO», afirmou o Embaixador da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas no nosso Pais ao fazer a entrega de oitocentos livros de literatura polítca, que constituem uma ajuda importante ao trabalho de preparação de quadros políticos, em curso wa fase presente da revolução moçambicana. A imagem refere-se ao acto da entrega dos oitocentos livros, predominantemente, obras de Lenine, oferecidos pelo CC do PCUS ao CC da FRELIMO e à Escola do Partido. ãM0Ik IANA A SÉM4ýý ANA A SEM, "0 SOCIALISMO FOI TRAIDO E Portugal tornou-se um assunto central de debate no seio das diferentes tendências de esquerda não comuuista de França. O assunto tem origem no 25 de Abril de 1974, mas o debate tem-se alimentado em cada uma das diversas peripécias encadeadas na curta história do pósfascismo português. O problema levantou-se por ocasião do último congresso do Partido Socialista FranCês, em 17 de Junho último. Subindo à tribuna para apresentar a moção da tendência de esquerda, o jovem deputado Jean Pierre Chevenement surpreendeu toda a assistência atacan. do, não o chefe do seu partido, François Miterrand, mas Mário Soares, primeiro ministro português e dirigente do Partido Socialista. Chevenement exclamou: «O socialismo foi traido em Portugal», provocando assim o abandono da delegação portugue. sa, em sinal de protesto. A resposta não veio imediatamente. Nem da parte de Miterrand, nem pela parte dos portugueses. Mas alguns dias depois, por ocasião de uma visita a Portugal, François Miterrand escrevia no seu jornal (o semanário «L'Unité», órgãg oficial do PSF) - «Não, em Portugal o socialismo não foi traido». Mas, sem dúvida, uma tal -profissão d6 fé não pa. receu muito convincente. Assim, esta semana, (que começou a 10 de Julho) três semanários da esquerda francesa publicam documentos relativos a este assunto. O «L'Unité», publica uma longa carta de Jean Pierre Chevenement oxplicando porque razão na sua opinião, o socialismo «à moda de Mário Soares» traiu o socialismo internacional o porqu3 razão a resposta de François Miterrand lhe parece pouco séria. O «Politique Hebdo», que reflecte muitas vezes as posiçoes da esquerda revo lucionária, dá a palavra a uma grande figura francesa, Claude Bourdet, conhecidodepois da .epopeia da resistência contra o nazismo. Bourdet vai ainda mais longe que Che venement pois, citando os autores americanos Phillip Agee (ex-agente da CIA). Victor Marchetti e John Marks, dá a entender que Mário Soares, cujas ligações com a social-democracia da Alemanha Federal e' Willy Brandt são bem conhecidas, colabora com a CIA. Os amigos de Mário Soares não fal. tem no entanto em Paris, e um deles, o chefe de redacção da revista«Nou. vaI Observateur», toma vivamente a sua defesa. Várias páginas incluindo a primeira são preenchidas por uma carta a «um socialista encolerizado», que é evidentemente Chevenement. Jean Daniel. conhecido pelo seu esti1 PORTUGAL" lo elegante, vai até às origens da «revolução dos cravos» para tentar mostrar que o seu amigo Soares fez tudo o que foi necessário para defender a democracia, bastante frágil, perante as tentativas repetidas dos fascistas e dos comunistas para ocupar o poder e restabelecoer a ditadura. Daniel não diz no entanto que o seu semanário'tinha tomado es mesmas posições para defender o general Spínola antes da partida deste, pera o Brasil. Apostamos.que o assunto não vai ficar por aqui e que na próxima semana veremos o despoletar de defesas e acusações por ou contra a «Revolução Portuguesa», coincidindo com o momento em que as terras do Alentejo são entregues por Mário Soares aos latifundiários. A VIÃO DE TRANSPORTES ANGOLANO ABATIDO PELOS SULAFRICANOS -mortas 12 pessoas - Na sua escalada de agressões contra a República Popular de Angola, os racistas sul-africanos abateram no passado dia 12, um avião angolano de transporte «Antonov-26», quando este se preparava para aterrar em Kuangar, dentro do território deste país, tendo causado a morte a doze pessoas. Um comunicado do Ministério da Defesa da RPA, divulgado no dia 14 em Luanda, dá conta daquela agressão, acrescentando que mais actos de viola: ções e provocações se têm verificado na fronteira sul de Angola. Assim, o referido comunicado cita ainda que Calueque foi submetida a forte bombardeamento da artilharia inimiga no dia 13 de Jplho, não se sabendo, por enquanto, o número de vítimas causado pela agressão. O Ministério da Defesa da RPA regista ainda outras violações e provoca. ções desencadeadas durante o sps passado pelos racistas sul-africanos, como por exemplo: No dia 3 de Junho, violação do espaço, aéreo angolano na zona do Marco I1 e em Roçadas; e bombardeamento à vila de Mucusso. No dia 6. novo bombardeamento sobre Mucusso. No dia 14, artilharia lançou granadas sobre território angolano. No dia 17, tropas do regime racista sul-africano atacaram perto da vila de Kuangar. No dia 21, as forças Armadas Populares de Libertação de Angola repeliram forças agressoras conjuntas da Africa do Sul, UNITA e ELP, que atacaram Kuangar. Finalmente houve troca de tiros sobre a fronteira, na mesma área de Kuangar. a 28 do mês de Junho. A terminar, o comunicado da RPA salienta que não há argumento nenhum que justifique tais actos de agressão praticados pelos assassinos sul-africanos, tanto mais que An gola não faz fronteira dom a República de Africa do Sul, e acrescenta. «Eles, os racistas, ocupam ilegalmente a Nemibia, devem retirar-se de lá». TEMPO N.° 355 -pg.B A "EXPLOSAO DEMOGRÁFICA" NO BRASIL No momento em que todas as difi. sua vez, interessados nos lucros, flnan. culdades económicas surgem demons- ciam «pesquisas, e custeiam viagens de trando a falência do <milagre brasileiro», fundadores da BENFAM a congresmos. o problema da «explosão demogréfica *A BENFAM, desde 1965, vem agindo volta é tona, como uma das justificatio no país, no sentido de divulgr spro. vas do fracasso da política económica mover o chamado <Planejamento Famida ditadur. llar. Desde então c~m recursos cada quem realmente interesse o contró1e forçado da natalidade. Através de uma propagandl intensiva que utiliza até filmes as mulheres são levadás aos postos da Benfam. Seus cartazes ilustrados porém, não advertem quanto aos possíveis perigos de efeitos colaterais que podem provocar estes medicamentos; ao contrério, toda a orientação é dada, no sentido de não Interromper o tratamento mesmo é conetatação de certas anomalias, Até o anticoncepcional Anaciclyn, que foi prol. Clínica de planejamento familiar em São Paulo: uma das inciiatvas que se antecipam ao programa federat Dentro desta yisão, a nova política de natalidade que, seesboça no pal, sob o eufemismo de «Planejamento Familiar», vai aos poucos tomando corpo e através de convénios com a sociedade Civ4 para o Bem Estar Familiar, (BENI-AM), o contrôle vai sendo posto em execução, A BENFAM, é patrocinada pela Fede. ração Internacional de Planejamento Familiar (IPPF), com sede em Londres. Além de receber auxílios provenientes de diversas organizações dos peiars in. dustrializados, a IPPF conta como, apoio de Fundações como a Rockfeller e a Ford. Os laboratórios Farmacêuticos, por TEMPO N,* 355 -pãg. 10 vez maiores, conseguiu-e espalhar rapidamente pelo interior, e hoje conta com 75 postos, onde é feita a distribui. ção de pílulas anti-concepcionaia e a aplicação do discutido DIU (dispositivo intra uterino). Em 1971, reconhecida como Utilidade Pública Federal, a Benfam, pesou a receber ajuda dos governos e a estabele. cer convénios com as Secretarias Estaduais, abrindo dea forma o caminho para a implementação a nível nacional do criminoso plano da ditadura. Basta que e tome um contacto mais. Intimo com a Benfam, para s saber a bido nos Estados Unidos por provocar câncer e atrofia nos ovários, foi distribuido sem vacilar, e o «stock» con4enado, acabou sendo totalmente cbnsumido. Sem assistência médica, a Ben. fam também aplica o DIU, que pode provocar lesões no colo do útero, prejudicando seriamente a saúde de mulher. No Nor 1lte, a pobreza e a miséria, bestam por si só como ponto de referência para o inicio da Campanha. Na pequena cidade de Igapó, nesta região, o único posto de saúde, possui maior quantidade de anti-concepcionais do que todos os outros medicamentos juntos. iANA A SEM, A contraceÇão mais usada O quadro apresentado pelo regime de força, assume dia a dia aspectos dos mais dramáticos. 0O desemprego e a marginalidade, circundam as grandes cidades; o analfabetismo, a delinquéncia e a mortalidade infantil, atingem taxas exorbitaítes. A fome e a miséria se abatem sobre os trabalhadores, e sua insatisfação cres-cente torna cada novo nascimento, uma ameaça pqtencial para a ditadura; a este perigo ela responde com o contrôle da natalidade, visando com isso perpetuar a sua política-de desnacionalização da economia. CÉSAR MILTON o A Colômbia tem uma das maiores taxas de natalidade do mundo: 2 mil nascimentos diários. O país é rico e relativamente poucb povoado-mas são multas as vozes a clamar contra a «explosão demográfica». Face é situação desesperada em que se encontram milhares de casais, que não sabem como hão-de dar de comer a seus filhos, está sendo criada uma «válvula de escape» para o aumento populacional: a exportação de crianças para os Estados Unidos da América do Norte. Segundo uma agência de adopção, de crianças, em Miami, Estados Unidos, mais de 700 casais norte-americanos iê importaram este ano bebés da Colômbis. O Miami Herald estima em mil o número de crianças que serão compradas este ano, a um preço que varia entre 3 e 4 mil dólares. É sabido que se multiplicam as agências especializadas no assurto procuram a criação do «tipo desejado» e promovem a adopção. Na maioria dos casos, diz o jornal americano, a adopção é transaccionada ainda durante a gravidez da mãe. Recentemente ficou conhecido o caso do casal Wright. Não podendo ter filhos, Gail Wright procurou nada menos de 36 agências espoecializadas em todos os Estados UnM LSomente.quatro, no entanto, deram resposta às condições exigidas e e pediram um prazo de cinco anos para «fazer a entrega». São in dicações que dão a dimensão da «procura» em face da «oferta», Mas Gail Wright não desanimou-viajou directamente para Bogotá, capital da Colômbia e foi comprar em pessoa a criança que desejava. Ao embarcar para os Estados Unidos declarou sem rir: «Sabemos que 'para muita gente pode parecer (sic) um negócio sujo, mas não se trata de comprar crianças, mas de pagar por sua adopção.» Valencia Zea, advogado de uma destas sinistras agéncias de adopção de crian ças, não acha, ao contrériQ de Gail Wright,que o negócio «posse parecer sujo» Entrevistado por um jornal americano declarou que «a Colômbia tem dois produtos que excedem sua capaci:dade de consumo: café e bebés», argumentando a seguir que os bebés eram um produto de exportação quase tão rendoso como o café. Indagado sobre se não tinha dúvidas a respeito da moralidade do «negócio». Valencia Zea foi, cínico: «A Colômbia produz uma quantidade excessiva de bebés e a exportação, nestas condições, é um bem, pois o bebé tem melhores condições de desenvolvimento nos Estados Unidos onde será educado por uma verdadeira família». Na verdade, como já foi afirmado a Colômbia não sofre absolutamente de excesso de população, mas sim do mel que aflige todos os países submetidos ao imperialismo norte-americano - a concentração de riqueza nas mãos de uma minoria, que jóga a maior parte da população numa situação desesperadora, cujo um dos aspectos é a agora tornada pública venda de crianças. Quando o povo colombiano se libertar do imperialismo, que tipo de justiça podem esperar estes negociantes de. crianças? César Milton TEMPO N,' 3W 6 -911 ESTADOS UNIDOS IMPORTA" CRIANÇAS DA COLOMBIA ANA A SEM, Pinochet e Banzer: a mesma linguagem Hitlar e Mussolhu estierem tio isUficadose< sobreudo tio e s!etnun -I gados, que o que as dizi em SaE não tadvma q se rqti. m Roum. Se Hitior dizia la, bir, bla.», Mu~sSpouco depois, dizia bia, bl.,», Se Hitier ladrva, MusiL, dentro da pouo tempo. também drka, E assim, mais ou menos, stá suced do com os chefes fascistas que hoje temos por obra a graça da CIA e do imperialismo -naAmérica Latpn. Pnoche Banzer fizerem declaraçes similare em menos de vinte o quatro hora ma mia. ção s elei41õs no Chile e na Sovia. O Hitlar chileno disse a 7 de Junho: «Pasam-m muitos anos antes que tenham do eloiçes no Chile. A democracia na sue forma tradcional jé não é apicével no Chile», E o Mussolini boliviano, prante as questes formuladia por agu perido iurguass pam que *o evogum o d. TEMPO N 355 -g, auto o ro~be a activ~dd p~lic na 1UiVIa o se convqe d dias 8 de amo: Percam s esperançs os que querem o retomo à demoao foa. Quer dizer: nao Pnochet nem Ben rio permitir, tio pouco, o exercido da -dmoorac burguesa. Penam :cnimw e gowvnar pelo nodo fuait, au tmiinamene mtando e reprimindo, torurando a ditando probl Pinc Banzar estio um para o outro. Além de declarados fascists so descarados demagogos. Pinochet~dss:«Estamosomprenlados agora em dar stituclnãade ao pais . E Banr disso: «O meu governo está criando una nova ordem insttuciona,. Nem um nem outro explicou em que aos b~ a lnstltucoilozaçoconabida palassuascabeça cavernais, Neste caso filo a pode afirma que Pinochet o Barzar são o mesmo pescoço com diferentes colares. são o m pescoço e tim o memo o~r, ma~de in USA, que lias colocou a CA, Amboa devem reordor. mo um ensinaenmmo de hIstéria qm mmH itar nm tuNEi deN paeem mm de modo natuni e que as su~ di taduras fascists casra. Porque os povoe julgam eonderm os crinma, <a, Grma. Cuba) Angola: As ameaças imperialista do exterior P - Falou-se multo nestes últimos mee nos pianos de agrssio conta Ango, la, do plano «Cobra 77»,. Como o camafada Ministro encar esta situçlio? R- N6s tomamos em conaderaçlio a posalbklidado duma agressão de grande envergadura. O problema é de saber como vai ser conduzido pelo Zaire e pela Africa do Sul, os dois pases da «linha da frente do Imperialismo» contra Angola, Todavia. estamos preparados para qualquer eventualidade. Por outro lado, multiplicam-se provocações, as agresaas~ armadas e os actos de sabotagem contra a nossa economia, com vista a «destabilizar» a República Popular de Angola. Além disso, está a ser conduzida uma campanha propagandística, habilmente orquestada pela r.dio e pela imprensa de muitos paises oci. dentais, campanha que visa demonstrar á opinião pública mundial que foi a RPA quedisparou o «Primeiro golpe», para depois justicar a «resposta». É um velho truque do imperialismo. Mas na medida em que una parte da opini§o pública internacional vai caindo nesta armadilha, é necessário desmascará-la e denunciá-la, P-A Impresa do Ocidente salientou que, denunciando a última agresslo a Cabinda, o porta-voz da RPA, pela primeira voz no prosseguimento dos ataques dos últimos tempos, falou de «tropa de Zaire>, e nãlo de bandos de Holden ou do FLEC. R - Não é una distinção Importante. Desde a altura da segunda guerra de libertação de Angola em 1970/76, os soldados do exército regular do Mobutu e os «lamentos do Holden Roberto, que sobre muitos aspectos já silo mais zalrensas do que angolanos, estão a operar em perfeita simbiosi. A diferença porém é irrlevante. P -Angola, em suma. continua cons. tuir o alvo principal da agressvidade ih. perialita o Africa Austral. R -A agredssivIdde do h qisramo não é revolta somente contra Ango, mas contra todos os países africanos progressistas, como vimos nos casos de Benn, CongoBrazzavlle, de Zámbia e de Moçambique. Existe um plano geral. As forças imperialistas estio a atacar Angola, em prime" o lugar porquenãoacitem a nossa opção socialita. Em sgundo lugar porque nlo aceitaram a derrota do Zaire e da Africa do Sul na sgun de Gurr de Libeação. Em terceiro lugar porque a RPA constitui a base de rectaguarde fundamental para o Movimento de Ubertação de Nemíbia, SWAPO, o qual damos todo o apoio poselvel. P - Durante a Conforáncia de Naçõe Unidas em Maputo o representante dos Estados Unidos, Adrew Young, fez ume Intervenço que suscitou perplexidade e reacções contraditórias entre os participentes, Que pans de intervenção no contexto da politica geral de adminitação Cortar em Africa? P- Penso que a intervenção de Andrew Young não trouxe elementos subatancialmente novos, isto é também a opinião de muitas delegações, sobretudo africenas, que estiveram presentes na Conferéncla, com as quais tive uma troca de impresses sobre este assunto. P - Nessa mesma Conferáncia, o reIpresentante cubano advertiu que «Toda a agressão a Angola, será considerada uma agressão a Cuba». Pode comentar as relações entre Cuba e Angola? R- As relações entre a RPA e Cuba sãlo definidas pelos acordos bilaterais entre os dois governos, No que diz respeito a Gooperação entre dois povos, pode-se acrescentar que o contigent militar cubano'diminuiu. Entretanto continua a preparar o nosso quadro militar, contribuindo para consolidar a noqs" estrutura de defesa nacional, Todavia estamos preparados a dar uma resposta*conjunta no caso de uma eventual agressão. P - Angola tem amigos em partes muito longínquas do mundo, salienta um en gajamanto internacionalista fora do comum, Mas por outro lado poderia dizer-se que, em Africa, a RPA encontra-se numa situação difícil diria quase de isolamento. sobretudo em relação aos paíss africanos do sub-continente Austral? R - Diria cerco mis que isolamento. eamose crds porque partilhamos 0 maior parte das nossas ffltras com os regimes hostis do Zeire do Mobutu e de Africa do Sul de Voretr, que continuamente estão- a fomentar ataques c a nés. Sé há um pais fronteiriço com o qual as nossas relaçõe estio a melhorar gradunalmente, a . Este pOlo, fez umgosto de boa vizinhança, que nésiuito temos apreciado, quando baniu toda a actividade de UNITA de Jonas Savimbi, que a Z~mba apoiou durante a segunda guerra angolana, Insisto com o termo cerco mais que Isolamento. De facto não é verdade que estamos Isolados em Africa: a último cimeira dos países de «Un da Frente» tev ugar em Luanda, e na capital engolana teve também lugr nos meados de Junho pasado, a sessão do Comitá de Ubertação de OUA. Não á por acaso nem se trata de uma normal rotação de capitais: trata-se de uma opção política de muitos paíass africanos progressistas, (Entrevista a Paulo Jorge-Ministro dos Neg6cios Estrangeiros de RPA concedida a Giuseppe Morosini-Publicada em Rinascita. Semanário do Partido Comunista Italiano em 8/6/77). Venda de corvetas portuguesas à Colômbia motiva especulações UMA NOTICIA publicada na revista ospanhola «£mbio 1S% na qual se referia como sendo um facto consumado a vende de quatro navios de guerra portugueses á Africa do Sul, por intermédio da Colémbia provocou, na última semana. assinalável agitação nos meios militares do nosso pais. «tCâmbio 16» transcrevia palavras do subdirector de construção naval da Empresa Nacional Bzan. segundo o qual as corvetas forem construídas em Espanha por encargo portuguás e nós nada poderemos fazer se eles decidirem vendá-las a -outro pais, sja el qual fora. Mais adiante o articulista afirma que Portugal. enquanto viveu sob um regime totalitário «foi base central do trãfico de armas na Europa e agora parece voi. tar a sé-lo». O PORQUI DESTES NAVIOS A principal dúvida levantada pl psshve venda dests baros adm do fec to de as eemd te recenta. Assim dei. foi entregue em 18 de Robi em l8 de ao Cerquein em o «ONv oeCan do eumo ano. T sistenma de rea ça-foguetes de mrinos. além de na de tiro. Deis ta: por que quer ! navios? O QUE PENSAM AS AUTORIDADI Fontes ~rimeas ram-os, fa menh1 tipó de navios dei Marinha portuguesa, em que terminou a efeito, eie foram o truldos atendendo águas e da costa do. neste moment patrulhamento da o serem muito grande ções da NATO quenos. Segundo a vios que, neste rios se tomem a Po ra patrulha o fragat Quanto á possibi cio poder vir a ben muito embora tal nj mentido, adiantaram pouco prováveL mon sé internos como medida provocaria, .nos que, efectivan clações entre Por América Latina (pc que é citada pelo io termediário no nega uma possivel vend dados de Marinha no despacho norn gundo o qual é crie ra esse efeito, co tantes dos Ministár ças e do Comércio um elemento daM respectivo chef do (In TEM construçãio bmsten. «Bptis- de Andrao de 1974; o «João ,o da 1975; o «Afon1 de Junho de 1976 o . em 28 de Outuiro ios sm possuam um ulto-senesvel, lanwprflcio e anti-ubrgrsos no eista. -ão da pargunta felougai vender estes ao EMGFA efim de ontem, que este xou de interessar à a partir do momento guerra colonial. Com icomendados e consis caracteristicas das Africa Austral. s~ Ineficazes, quer no a portuguesa - por q - quer nas ope. por serem muito pamesma fonte, os namoent, meia necesá ugi sio lanchas pa. as. Idade de este negóficar a Africa do Sul, nos tenha sido dasque esta hipótese é ca dos conflitos não internacionais que a Contudo afirmaramient, existem negoe um pais da drá ser a Colémbia ~bio 16» como ncio), tendo em vista dessas quatro univenda que é referida tivo nc 94/77, suma comissio pa. tituida por represenos da Defesa, Finene Turismo, além de na edesgnr Pelo presso», Portugal) w366 -pão.1 FACTOS E CRITICA M'KONDEDZI: Líquidar os tabus sociais da Lepra A palavra «lepra» fez estremecer a humanidade durante séculos. Na falta de conhecimentos científicos sobre as origens e causas da doença a superstição e o obscurantismo deram falsas respostas e falsas soluções. Na Europa e na Ásia os leprosos eram tidos como pessoas amaldiçoadas por Deus ou pelos deuses. Se. alguém fosse detectado como tendo sido atingido pela doença era alvo das seguintés «medidas»: a) Apedrejamento até à morte;, b) Expulsão da comunidade passando a viver em lugares Isolados; c) Morte pelo fogo bem como a destruição, também pelo fogo de todos os seus haveres; Quando havia epidemias, quando havia fome, quando havia secas, muito comumente atribuiam-se essas calamidades aos leprosos. Dai surgia uma verdadeira caça a esses bodes expiatórios da ignorância humana e uma vez encontrados sofriam os m a i o r e s horrores de tortura física até à morte. Os leprosos, quando não eram mortos eram mantidos sem o mínimo contacto com as pessoas fisicamente sãs. Este isolamento foi ao ponto de serem obrigados a usar um sino nas pernas ou no pescoço (como se faz com os bois e com as cabras) para que ao andarem dessem sinal da sua proximidepossibilitando desse modo o afastamento (fuga) daqueles que tinham medo do contágio, e da maldição supersticiosa. Era frequente os leprosos viverem todos juntos nas montanhas e nos vales recebendo a alimentação de parentes ou pessoas caridosas que depositavam os géneros num local onde estes doentes os iam buscar sem que, no entanto viss TEMPO N 355 - Pá*. 14 o rosto daqueles que os alimentavam. Segundo a Biblia de entre os grandes milagres de Cristo contam-se várias curas a leprosos. Na realidade a ignorância total das causas da doença fizeram dela um bom campo de realização de curas miraculosas (?) Se de facto Cristo curou leprosos com uma simples palavra, «levanta-te e anda» uma simples oração, uma simples benção, não admira que multidões fossem atrás pois realizava aquilo que a ciência não conseguia e, como dissemos acimat era a superstição e o obscurantismo que respondiam erradamente às angustiadas perguntas que a humanidade de então fazia sobre a lepra. Estes milagres de Cristo, que aliás também foram feitos pelos profetas e pelos apósjolos (segundo a Bíblia) propagandeados por todo o mundo pela religião cristã vieram tomar ainda mais obscura a lepra. Um dos grandes actos caridosos dos cristãos é, de facto, prestar assistência aos leprosos. Não cabe aqui discutir a autenticidade dos milagres atribuidos a Cristo e aos seus continuadores. Estamos numa época em que só a ciência faz milagres. Importa, isso sim, dizer que o cristianismo, o maometismo, a igreja, em suma, foi uma das grandes responsáveis pela criação de inúmeros tabus sociais em relação aos leprosos. E cmo em muito ramos Onde a igreja meteu a sua colherada obscurantista, tinha que ser a Ciência, neste caso a Medicina, a dar as respostas correctas e urgentes sobre as razões, as causas daquela «doença malditN W~z . dos amaldiçoa.os». Sabe-se hoje que é um produto da subnutrl0, ~~Ad à ausência de higiene. Moçambique sendo um pais onde grande parte da população passa fome e ignoraainda as mais elementares regras de higiene tem, por isso grande incidência de leprosos que não será nem maior nem menor que a da maioria dos países do Terceiro Mundo dominados pelo colonialismo e imperialismo ou recém libertados dessa canga. Os leprosos do nosso país viviam, regra geral, em gafarias ou leprosarias religiosas. Essas instituições recebiam assistência monetária e em géneros de senhoras bem (tipo Movimento Nacional Feminino) que nas tardes de lazer e entre o almoço e o chá iam fazer descarga de consciência. É esta caridade (sentimento paternalista e reaccionário) que veio substituir o horror irracional que envolvia os leprosos em muitas partes do mundo. O leproso passou a ser já não um amaldiçoado por Deus ou pelos deuses mas um «pobre coitado», um «infeliz», um «desgraçado». Dai a movimen. tação de toda uma acção social-cristã alicerçada ha piedade: um indivíduo que tivesse lepra no nosso país, por exemplo, era conduzido às instituições próprias e ali ficava a vegetar. Significativamente todas essas instituições estavam ligadas a ordens religiosas. Davam-lhe de comer, davam-lhe vestuário, davam-lhe uns bolos pelo Natal-mas sempre havia para ele um olhar acompanhado pelos restos do milenar horror à lepra. Lentamente o doente criava o complexo de que era um inútil. Depois vendo os benefícios dessa situação tomava-se num oport-nista, 'num parasita consciente. Se coeia e dormia sem ter necessidade de trabalhar que mais desejaria? De facto, a criação de uma meaUadl deformada, subservisnte, que infalivelmente conduzi là morte da personalidade individual foi o resultado da carida caridade da bgxrguIla dar <ia comer a quem tem fome em vez de fazer de quem tem fome o produtor de seus próprios ens de consumo; dar de vestir aos nús em vez de torná-los produtores dos bens com que vão comprar a roupa; enfim, proteger os leprosos é criar-lhes inúmeros complexos e vícios em vez de curá-los cientificamente. É de ciência médica que tratar um doente não é só ministrar-lhe os medicamentos. É também libertar-lhe o espírito, os complexos «as manias». III No acampamento situado junto ao local onde se erguerá a futura aldeia comunal de M'kondedzi em Tete é principalmente com os resultados da caridade cristã que Na realidade o milenar horror, a marginalização do leproso, continuami Em Mkondedzi combate-se essa marginaliz~à . Os trezentos e cinquenta doentes que ali se encontram não estão postos à margem da sociedade mas nela se integram. Assim, todo o doente têm lá pelo menos um parente: máe, irmão, marido, mulher. Portanto são famílias (70 ao todo) que se empenham agora na cons, truço, de um# aldeia comunal (onde vai funcionar um hospital) enãoleprosos aedificar a aldeia. Alis, há-casos em que em virtude de haver um leproso na família toda ela passou a ir viver em M'kondedzi. Mais raros são os casos de indivíduos abandonados. Muito obscurantismo cai em Umà família de M'kondedzi. Em todo o acampamento há mais de três centenas de familias. A aldeia que se vai construir não é uma aldeia de leprosos mas destinase a combater os tabus sociais da lepra. lutam os responsáveis. Transferidos de uma gafaria onde recebiam um tipo de apoio igual ao descrito atrás eles têm dificuldade em produzir para eles mesmos. São 350 leprosos. Um deles viveu 20 anos na gafaria todos os dias a comer sem esforço. Outros viveram menos anos mas os efeitos não foram menos marcantes. Paralelamente ao trabalho de dignificação destas três centenas e meia de doentes da lepra está o combate aos tabus sociais que envolvem ainda hoje os indivíduos afectados por aquele mal. Se séculos atrás na Europa e Asia (ignoramos qual o comportamento africano em relação ao leproso) os doentes eram mortos, queimados ou levados a viverem nas montanhas e vales hoje, em muitas sociedades ditas civilizadas, eles são internados em gafarias. M'k0ndedzi: 1) O espírito !parasitário do leproso. Ali ele trabalha; 2) A caridadel cristã (apesar de ser um padre da Ordem de Burgos quem lida directamente na construção da aldeia); 3) A ideia de que a lepra é contagiosa. Na verdade são raros os casos de lepra contagiosa de tal maeira que uma mãe leprosa pode amamentar o seu filho; 4) A ideia generalizada de que um leproso é coisa para se internar numa gafaria e esquecer lá. No ponto 2 revelamos ser um religioso da Ordem de Burgos quem orienta as obras de MIkondedZ. Talvez consciente das suas limitações, disse-nos da necessidade de se destacar um elemento do Partido que ,possa conduzir a trasormação 6oral e política dos doentes. É que para além de muitos outros vícios há uma incidência particular de alcoolismo no acampamento onde a quando da nossa visita vimos um doente embriagado - e era a meio da manhã - e vimos uma outra família que mui tranquilamente fabricava «pombe» que é uma aguardente fortíssima à base de farelo e açúcar destilados. Parece-nos, no entanto, muito impor tante dizer que é o desespero que leva aqueles indivíduos ao alcoolismo. Digamos que não é «cómodo» ser leproso. Mas voltando ao nosso tema central:para além das pessoas não doentes que se encontram em Mlcondedzi, todas elas parentes dos afectados, irão viver ali cinco mil famílias com o andar dos tempos. Para que isso se torne possivel já está montada a estrutura material: a construção de um poço de captação de água e respectivo reservatório, a construção de uma escola, a abertura da machambas e, principalmente, a construção de uma represa que garante, neste momento 30 a 40 mil metros cúbicos de água permanente para irrigação. IV Por isso M'kondedzi é uma boa lição. Em Moçambique há em cada mil pessoas oito a dez doentes de lepra sendo a grande maioria da Zanéi, Nampula o Cabo Delgado ou seja das províncias mais povoadas e onde a miséria e a fome atingem graus muito particulares. É necessário, pois, criar mais M'kondedzis. Porque a marginalização e o espírito ~e formado pela caridade não afcta apenas os leprosos mas tabnm os mendigos que existem- em todas as cidades moçambicanas com excepção de Nampula (única onde há estruturas para a sua recuperação) a criação de aldeias orientadas pelo Partido onde esses mendigos sejam alvo de um trabalho político quê os leve a ganhar de novo a sua personalidade de homens é uma tarefa importante. Para terminar este apontamento vamos transcrever do no 13 do boletim «A Saúde em Moçambique» a seguinte opinião: Durante o regime colonial era frequente a existência de grupos de senhoras burguesas que proTEMPO N 355 -~. 15 moviam a assistência social através da concessão de subsídios, ranchos, roupas, sem que da parte do Diminuído Físico fosse exigido qualquer espécie de trabalho. Esta atitude levou que à volta das cidades se aglomerasse um grande número de doentes de lepra vindos de outras Províncias para beneficiarem d a s dddivas atribuídas, habituando-se à mendicidade e ao parasitismo. Esta situação encontrase espalhada por quase todas as cidades, vendo-se neste momento grande número de pedintes que devido ao desaparecimento desse grupo pro. curam subsistir através de pedidos e esmolas. Ao analisar esta situação, pensamos que não vai ao encontro do principio de que «não hd inúteis ou invdlidos numa Sociedade Revoluciondria. ». - Assim, pensamos que é urgente o regresso dessas pessoas aos seus locais de origem, sendo feito principalmente um inquérito para tevantamento .d a situação Haviamos sido alertados para estranhas frases que têm vindo a ser pronunciadas por certos professores - uns primários, outros secundários - perante os seus alunos que ns maior parte dos casos a que nos referimos têm pouca idade, são crianças. Uma criança dos seus 8 anos nos contou o que lhe dissera o seu professor de ginástica, não a ele directamente, mas à sua turma, «aos meninos da minha aula». «Ele disse que os meninos mal comportados se continuarem a ser indisciplinados vão para a reeducação». Depois contou-nos, na inocência bem característica da sua idade, que os «indisciplinados» tinham sido apresentados perante todos os seus colegas e então anuncado que «se voltarem», Iam para a reeducação. TEMPO N.* 355 --Pãg. 1S O alcoolismo é um dos cancros de M'kondedzi. A angústia de uma doença tão envolvida por mitos, a despersonalia do doente através da caridae, levam ao adormeci. mento da personalidade iadlvldual e à necessidade de fugas artificais. global de cada um deles, para per. mitir traçar da melhor forma a maneira como essas pessoas poderão, nos seus locais de origem, ser integradas em trabalhos produtivos. Para além desta situação específica à volta das cidades, hd em certas zonas do Pais outros hdbitos caritativos, também de influência religiosa e do mesmo modo prejudiciais -é o caso das esmolas dos muçulmanos à sexta. -feira, que levam a movimentos migratórios dos doentes de lepra para os locais onde existem muçulmanos e onde vão mendigar essa esmola. Assim, hd que se desenvolver simultaneamente um trabalho de consciencialização a essas pessoas. através das estruturas políticas, com vista e pôr fim à continuação deste tipo de mentalidade, que traz como consequência hdbitos e vícios de cardcter paternalista, humilhante e de invalidez. Será desnecessário dizer que dissemos à criança para não acre ditar porque a reeducação não era para ela. Qe a própria escola era onde ela estava a ser educada, e que as crianças não precisam de ir para a reeducação, pois elas quando estão na escola estão já a aprender a viver educadas, estão a aprender a disciplina, estão a aprender a história do seu povo, dos seus pais, estão a aprender a ser servidores do povo. Perante isto não há reeducação: possível para as crianças que estão na escola. Há contudo uma definição muito concreta sobre quem vai para a reeducação: só poderão ser .enquadrados num processo de reeducação nos chamados Campos de Reeducação os maiores de 16 anos. Por aqui, estamos já claros que as crianças da escola não'vão para os Campos de Reeducação. Não vão, isto é muito claro. Mas porque é que existem estas pessoas que dizem às crianças que se «continuarem a ser indisciplinadas vão para a reeducação?» Porque é que surgem estes comportamentos que contradizem as próprias normas e regras de funcionamento da nossa Justiça, e neste caso concreto o próprio Ministério da Educação e Cultura? Pensamos que a resposta é evidente: querem de forma objectiva desvirtuar o verdadeiro sentido da Reeducação, querem desvirtuar uma conquista da Luta Armada - foi a Luta Armada que nos ensinou a reeducar aqueles que manifestam o comportamento do inimigo. Contudo sejamos claros: as nossas crianças não manifestam os comportamentos do Inimigo. E, não manifestam, ou pelo menos não deviam manifestar, porque estão enquadradas dentro de um processo de educação revolucionária. Por Isso também, existe essa norma de que só há reeducação para os maiores-de 16 anos - as crianças e os jovens até aos dezasseis anos devem estar na escola, devem estar a ser educadas. As tais pessoas qúe fazem ameaças com a reeducação, so precisamente aquelas que não acreditam na Reeducação. No caso que aqui apresentamos trata-se de traumatizar as crianças influenciando-as que a reeducação é como urna cadeia, é um castig, - ir para a reeducação é para os criminosos. É isto que pretendem. E mais: o comportamento destes professores corresponde à sua mentalidade burguesa da Justiça, à mentalidade burguesa da educação. Equivale dizer, que para tais professores os método« coercivos como a palmatória, a régua, o ponteiro sobre as mãos, as pernas ou as costas das crianças devem continuar a ser utilizados. Quer dizer, para essas pessoas a educação deve ser repressiva, deve ter unicamente o sentido de dominação dos diabretes que são as crianças consideradas como seres potencialmente criminosos, e não como os futuros trabalhadores, os continuadores da Revolução, que realmente s.o. Não confundamos os comportamentos da burguesia. Reeducação e escola Nenhum progresso em Paris ESTAgOS UNI CVEIRSACOES VIETNAME IS ANGEM um IMPASSE O Vietname socialista está determinado a seguir uma política estrangeira NãoAlinhada e independentQ. Os seus dirigentes pretendem manteí- um equilíbriolLeste-Oeste correcto e é do interesse dos Estados Unidos encorajar tal tendência. Tudo indica que os Estados Unidos efectuem um erro de avaliação no que respeita ao Vietname. Em vez de apertar uma mão de amizade generosamente estendida, o Congresso fez o máximo para a cortar ao nível do cotovelo. As conversações EUA-Vietnamitas em PariO sobre a normalização das suas relações perderam virtualmente o seu significado. Basicamente porque os Estados Unidos como super-potência assumiu a posição de ditar os termos de tal normalização. As declarações do Presidente Carter respeitantes aos seus objectivos foram tomadas pelos vietnamitas como base que possibilitaram que a reunião de Paris, pudesse ter lugar. Mas os americanos querem tudo à sua maneira - os seus delegados algo embaraçados - explicando que o Congresso lhes amarrou as mãos. Eles gostariam de ter a bandeira das estrelas e faixas esvoaçando sobre uma sua embaixada em Hanói e levados nos seus carros diplomáticos de um ao outro extremo do pais mas não estão preparados - os seus delegados dizem não terem poderes - para oferecer a mínima satisfação ao Vietname Socialista. Seja qual for o ngulo de que se veja a situação, através da óptica do Acordo de Paris de 1973, ou qualquer outra forma, existem três principais questões entre os dois países. (Q) Os americanos desaparecidos em combate - o que na realidade significa a localização e recuperação loscorpos dos pilotos cujos aviões se despenharam enquanto tentavam exterminar o povo vletnanita e destruir a sua economia (2) Indemnizaçóões '- registadas pela formulação no Acordo de Paris da promessa dos EUA de fazer uma «geTEMPO N, 355 -pág. 1 nerosa contribuição para tratar das feridas de guerra», começando com um pagamento de 3,25 biliões de dólares segundo compromiOso assumido por Nixon. (3) NonaUzaçáo das relações diplomáticas. A posição americana nas negociações é a de que s e j a m cumpridos os pontos (I) e (3) mas não o ponto (2)., «Mesmo supondo que a normalização das relações seja tão vantajosa para nós, como é para os Estados Unidos», isse Phan, Hien, vice-ministro do s Negócios Estrangeiros da República Socialista do Vietname, que chefia a nizaçes numa quantidade igual à votada. Se os senadores compreenderam o grave erro que cometiam é difícil de avaliar. Os Estados Unidos já se tinham distinguido na era Nixon-Klssinger ao tentarem bloquear a ajuda da UNICEF ao Vietname do Norte onde havia 50.000 crianças com tímpanos rebentados pela explosão das bombas norte-americanas e todas as escolas em ruinas. Afortunadamente esta tentativa dos Estados Unidos foi derrotada e podem-se ver algumas boas escolas na me tade norte do Vietname construidas com a ajuda da UNICEF. A De ars..ceveo..so.orrspndnt delegação do seu país. «o que na verdade não é o caso - Isso representaria meio ponto para cada. O cumprimento do ponto (I) traria a pontuaçãO americana.para 1,5 e o não cumprimento do ponto (2) levaria a pontuação para 2,5 contra 0,5 a seu favor. Isto é absolutamente inaceitável para nós». Enquanto as negociações estavar na fase de progressão, o Cpngresso dos Estados Unidos passou legislação banindo qualquer forma de ajuda económica ao Vietname por instituições (Banco Mundial, etc) em que os Estados Unidos e s t ã o representados. E mesmo que tal ajuda fosse votada os Estados Unidos reduziriam as suas contribuições a tais orga«honra» Ocidental está até certo ponto salva no Vietname pela ajuda fornecida por países como a Suécia, Holanda, Alemanha Federal. Até o Japão prosseguiu no sul do país com projectos financiados pelas Indemnizações a fornecer pela II Guerra Mundial. A Austrália financia igualmente alguns projectos de criação de gado no norte e uma modesta instalação hidro-eléctrica no sul. Mas o responsável máximo - os Estados Unidos - dizem que não pagarão um cêntimo! Toda a história das relações Estados Unidos - Vietname é uma história de erros de avaliação e de oportunidades perdidas. Erros de avaliação no a p o i o à contrarevolução, oportunidades perdidas por não conseguirem um acordo em termos razoáveis, mesmo favoráveis, para os legitimos interesses americanos. E este estúpido capitulo da história está para ser repetido. Ironicamente os vietnamitas têm de pagar várias vezes as peculiaridades do sistema americano. Durante um certo tempo - por exemplo os bombardeamentos de Natal - eram Nixon e Kissinger que tomavam decisões por detrás do Congresso americano - um pouco antes era Johnson a manobrar o Congresso para que este lhe desse o famoso «cheque em branco» em relação ao inexistente incidente do «Golfo de Tonquim». Agora é um Congresso dos EUA a defender decididamente os seus direitos contra uma repetição da «diplomacia secreta» ao renegar os compromissos assinados por um anterior presidente e amarrando as mãos do actual. Em todos os casos ,ao povo vietnamita sempre calhou o «lado sujo da moeda». «Não podemos ignorar a nossa opinião pública» é uma afirmação frequente da obviamente embaraçada delegação de Carter às negocraçes de Paris. Como se o Vietname não tivesse uma opinião pública! «Ah, mas vocês têm uma imprensa controlada», é o argumento. O Vietname possui pelo menos uma imprensa responsável- que não se empenha numa campanha de propaganda anti-americana. A opinião pública é expressa de diferentes modos--e quem pode provar que as impulsivas instruções de um chefe de redacção são os melhores meios de expressão? Através de reuniões diárias nas propriedades agrícolas e fábricas, a opinião pública pelo menos expressa tão explícita e efectivamente como através das colunas de editoriais do Washington Post ou outros dos principais jornais norte-americanos. Como poderia um quadro do Partido Comunista ou da Frente Patriótica justificar perante os membros de base dessas organizações, a presença da bandeiia americana em Hanói. Ou grandes investimentos em tempo e esforços para localizar corpos de americanos e nem um cêntimo americano para ajudar a reparar os muitos biliões çde dóla. res de prejuízos - para não mencionar a perda irreparável das suas famílias! Este ponto de vista foi bastante energicamente apresentado por Phan Hien aos s eu s interlocutores americanos. Evidentemente não há qualquer possível resposta. Terão ainda os vietnamitas de suportar as dificuldades originadas pela complexidade de relações entre os sectores legislativo e executivo do governo dos EUA? Pareceria que sim, pelos argumentos apresentados nas conversações de Paris. «É vosso problema não nosso», replica Phan Hien com muita razão. As conversações foram adiadas - sém qualquer data ou local para o seu recomeço. Os americanos propuseram Hanói como próximo local de reunião talvez para se furtarem à embaraçadora situação de publicidade d e P a r i s. Entretanto Cyrus Vance visitará Pequim e Phan Hien visitará Canberra. Não que os problemas EUA-Vietname possam alguma vez ser resolvidos em Pequim (ou Moscovo) como descobriu Henry Kissinger. Mas não se realizarão quaisquer novas reuniões até à conclusão destas visitas. Nem há certeza alguma de que Hanói será o próximo local de conversações! O Vietname Socialista está determinado a seguir urna politica estrangeira NãoAlinhada e independente. Os seus dirigentes pretendem manter um equilíbrio Leste-Oeste correcto e é do interesse dos Estados Unidos encorajar tal tendência. Tudo indica que os Estados Unidos efectuem um erro de avaliação no que respeita ao Vietname. Em vez de apertar uma mão de amizade generosamente estendida, o Congresso fez o máximo .para a cortar ao nivel do cotovelo. O que é difícil de compreender para os vietnamitas é que um Presidente não seja capaz de forçar uma orientação política publicamente declarada através de um Congresso em que o seu partido político possui uma esmagadora maioria. Desenvolvimentos económicos, alguns deles em que os Estados Unidos poderiam ter participado, não podem esperar enquanto o Congresso arrasta os pés. O resultado parece ser mais uma oportunidade perdida de dimensões estratégicas em que os Estados Unidos, mais que o Vietname, é o perdedor! TEMPO N, 355 -pg. 19 OS ÚLTIMOS SEIS MESES. TEMPO N 3»5 -Plg. 20 Força8 do ZIPA treinando com morteiros. Hoje, cerca de vinte meses após a formação do ZIPA. as actividades militares do braço armado do povo zimbaCombatentes zimbabwenos num campo de treino. bweano estendem-se por dois terços do território -do Zimbabwe, abrangendo uma população calculada em 4 milhões de pessoas e atingindo as forças do regime ýodesiano em regiões de grande concentração populacional. -As regiões de Kariba, Gokwe, Karoi, Urungwe, Bindura, Sinoia, Mazoe, Shamva, Centenary e Mukoko no nordeste do pais; -Inyanga, Marange, Malsetter, Rusape, Tanda, Vumba, Birchenough Bridge, Chipinga, Odzi e Mount Seidq, no (este: -Chiredzi, Sabi Valley. Bikita, Gutu, Ndanga, Nyajena, Chibi, Mashaba, Nuanetsi, Belingwe. Gwanda, e Bcda Bala no sul: - e Mrewa, Wedza, Buhera, Selukwe, Que Que, Gatooma e Enkeledoom na zona central do pais. Todas estas áreas são actualmente consideradas «zonas operacionais» pelo regime de Smith onde vigoram leis repressivas como o recolher obrigatório para as populações. Estas e outras informações importantes estão contidas num comunicado de guerra divulgado em Maputo a semana passada pela Frente Patriótica-organização política do ZIPA-comunicado esse referente às operações de guerrilha entro os meses de Janeiro e Maio desTEMPO N.° 355 -pãg. 21 O comunicado divulga que neste período os combatentes do ZIPA abateram 851 soldados do regime de Smith, feriram algumas centenas, efectuaram 61 «ataques relâmpagos», 35 emboscadas, 65 operações de sabotagem e 50 «raids». Por outro lado, foram abatidos sete aviões de guerra, 58 veículos destruidos, 34 agentes distritais do regime capturados. No referente a acqmpamentos militares do inimigo o comunicado diz que foram destruidos 4. Durante o mesmo periodo o ZIPA capturou um machimbombo e largas quantidades de material de guerra e dinheiro. ALGUMAS OPERAÇÕES Uma breve descrição de algumas operações militares dão uma ideia geral da extensão territorial das actividades do ZIPA e.do tipq de alvos atingidos. Por exemplo, no dia 29 de Janeiro combatentes do ZIPA atacaram o acampamento militar rodesiano de Mount Darwin abatendo mais de vinte soldados inimigos. Um outro acampamento, Nyamapanda, situado na zona operacional nordeste, foi atacado por duas unidades do ZIPA tendo sido mortos 5 soldados inimigos. Os aeroportos militares rodesianos têm sido escolhidos como alvos importantes a atingir porque é a partir deles que são coordenados os «raids» aéreos (de avião e helicóptero). Um desses aeroportos, o de Houtberg Farm, perto de Mount Selina na zona leste do país, foi atacado no dia 22 de Maio. Todo o «stock» de gasolina do aeroporto foi incendiado calculando-se o prejuizo em mais de 500 mil dólares. (A unidade do ZIPA que fez esse ataque tinha atacado dois dias antes na mesma zona - Chikore - um contigente de tropas rodesianas matando doze entre os quais Graig Paul Aprendendo a muniejar <mti-aéTeas gara intensificajr a lu.ta arTm 3da. TEMPO N,ó 355 - Pia. 22 Clark, La z ar u s Marindapanze, Leonard Machimbirike Robert Lee e January Samharu). Um ataque à base militar de Nyamapanda, efectuado no dia 27 de Abril teve particular repercussão na altura. Cinquenta tropas rodesianas foram mortas. Segundo o comunicado esta base é de grande importância estratégica para os rodesianos pois é dai que são montadas algumas das incursões rodesianas ao nosso território. Grande parte dos ataques do ZIPA são emboscadas, algumas delas resultando na morte de muitos soldados rodesianos. O comunicado indica várias dessas em boscadas. A 10 de Março forças do ZIPA operando na zona de Ku dyawarara emboscaram uma patrulha inimiga de trinta soldados protegida por quatro helicópteros, três bombardeiros e três camiões. Um destes camiões foi destruído e nove soldados rodesia nos foram mortos; ficaram feridos quinze. Oito dias antes vinte combatentes do ZIPA embosca ram soldados inimigos na estrada de Mutsago, área de Marange. Dos combates de quinze minutos que se seguiram resultou a morte de treze soldados inimigos. Cinco ficaram feridos e um camião foi destruido. No dia 27 de Fevereiro combatentes do ZIPA embosca ram uma patrulha inimiga na área de Chendambuya. Um helicóptero enviado para apoiá-la foi abatido tendo os seus quatro tripulantes morrido. Doze dias antes na área de Chesa o ZIPA emboscou um grupo de soldados rodesianos matando dez e ferindo al guns. No dia 2 de Março na área ,de Marange, distrito de Umtali, o ZIPA atacou uma patrulha de vinte e, cinco soldados inimigos que tinham o apoio aéreo de dois helicópteros e dois bombardeiros «Camberra». 16 desses soldados foram mortos e um dos bombardeiros abatido. Uma outra emboscada no dia 6 de Março na área de Kadiki resultou na morte de dez soldados inimigos. Um foi capturado assim como vário material de guerra. Sete dias depois, Bridge, sete soldados rodesianos incluindo o seu comandante Philip Edward Nicholas, foram mortos. Dez ficaram feridos e um camião que carregava explosivos explodiu. Nalguns destes encontros os combatentes do ZIPA tiveram de lutar não só contra soldados rodésianos mas também contra mercenários de vários países, particularmente, da África do Sul. (O número de sul-africanos envolvidos no exército rodesiano tende a aumentar. Só o presidente d a «S o u t h African Rhodesia League» com sede em Pretória, Sydney Morrisey, está presentemente a tentar recrutar mil sulafricanos para g u a r d a r pontes e fazendas rodesianas. Outras já estão defendidas por australianos e mercenários vindos da Nova Zelândia). .Estes são alguns exemplos que ilustram toda a actividade do ZI PA nos últimos meses divulgados pelo comunicado da passada semana. Mas a actividade do ZIPA não é somente militar. Ela é tam bém política, virada para a mobilização e recrutamento de novos combatentes para a luta armada. O TRABALHO POLíTICO NO SEIO DOS ESTUDANTES Desde 1973 que a ZANU, um dos dois movimentos que inte gram a Frente Patriótica, tem vindo a realizar um trabalho de mo bilização e recrutamento no seio das escolas, com incidência especial sobre as zonas rurais. É ex plicada a história do Partido, os Comandante Tongogara e Robert Mugabe num campo de guerrilheiros. TEMPO N 355 -pág. 23 seus objectivos, a história de todo o movimento nacionalista no Zimbabwe. Hoje o s combatentes acrescentam a história da FRELIMO e do MPLA nos seus contactos com os estudantes. Por outro lado, e este pormenor é bastante importante, os militantes da ZANU explicam também como sur" TEMPO N. 355 - pág. 24 giu o ZIPA e a Frente Patriótica com o fim de consolidarem a unidade nacional. Em zonas como Bikita, Zaka, Chibi e Belingwe no sudeste; Chipinga, Tambara e Chicore no leste; e Mwera, Bohera, Wedza e Mondoro nas regiões centrais, existem muitas escolas quer governamentais quer missões. É em escolas como as que existem nessas zonas que os combatentes do ZIPA fazem já um elevado grau de mobilização. Para conhecermos alguns pormenores sobre este trabalho, como ele é feito, falámos com Rugare Gumbo, responsável de Informação da ZANU. uenuncza aos jantoenes. Abel Muzorewa do UANC e o 'hefe tribal Chiram. Rugare Gumbo explicou-nos que após trabalho prévio numa determinada região onde existe uma ou mais escolas, e na altura em que é possível (pouca presença de tropas rodesianas na área) os com batentes convocam uma reunião com os estudantes. Em primeiro lugar ouvem as opiniões sobre o sistema educacional rodesiano, o que eles sentem por estarem sub. metidos a um sistema de ensino racista, e só depois iniciam a explicação sobre a-luta armada e o tipo de sociedade que se deve construir no Zii~abwe após a independência. Os estudantes - que chamam aos guerrilheiros Kana Mukoma que literalmente quer dizer irmão mais velho-são os mais receptivos à luta e nos últimos quatro anos muitos milhares deles têm abandonado a Rodésia para se juntarem aos combatentes e engrossarem as fileiras do movimento de libertação. Só nos últimos seis meses cerca de dois mil estudantes, entre as idades de 11 e 20 anos, se juntaram ao ZIPA que hoje é quase todo composto por jovens. Uma -das tarefas dos combatentes é distribuir no 'seio dos estudantes (e também das populações) panfletos e livros sobre processos revolucionários de todo o mundo para melhor compreenderem o imperialismo. São pequenos livros por exemplo sobre Cuba, sobre a FRELIMO (textos do Presidente Samora). Por sua vez os estudantes distribuem-nos nas povoações contribuindo assim para um trabalho de massas. Os livros dos clássicos do Marxismo assim como de Ho Chi Min, Mao Tse Tung, são distribuídos principalmente pelos estudantes universitários em Salisbúria e por alguns sectores estudantis liceais da capital e de outros centros urbanos. Todos estes livros e panfletos assim como as'publicações ofiTEMPO N. 355 pãg. 2 m ciais da ZANU, são levadas pelos Esse trabalho de denúncia é guerrilheiros para dentro do Zim- feito essencialmente através de babwe. Brevemente haverá uma «Voz do Zimbabwe», programa rauma pequena publicação em lín- diodifundido a partir de Maputo gua Shona para as áreas rurais pela Frente Patriótica, e através especificamentede caricaturas que os guerrilheiros levam para dentro do país, esA DENúNCIA DOS FANTOCHES tas caricaturas - algumas das quais reproduzimos aqui - são Uma das tarefas actuais mais depois distribuidas pelas células importantes no campo do esclare- do movimento nas zonas urbanas, cimento político é a denúncia dos especialmente, sendo a tarefa desfantoches, Ian Smith tenta pre- tes espalhá-las pelas populações sentemente usar velhos e novos suburbanas. fantoches a fim de assegurar a sóbrevivência do seu regime. São eles os chefes tribais como Chirau, o bispo Abel Muzorewa e Ndabanlngi Sithole, este último aéabado de chegar a Salisbúria ao Tim daquilo que se pensa ter sido mais uma jogada do impe rialismo do que do próprio Ian Smith. TEMPó N4-U- á55 OS QUE SAO PRESOS PELO ZIPA No decorrer das suas operações militares o ZIPA tem capturado agentes do regime. Alguns deles m o s t r a m-s e verdadeiramente aterrorizados ao serem capturados porque, como vêm a explicar lan Smith e Ndabaningi Sithole (acabado de chegar a Salisbúria já depois de ter sido denunciado pelo presidente Kaunda como colaborador da polícia secreta sul-africana). Debaixo do altar pode-se ler: «Alor do fiel servente». Estas caricaturas são distribudas pelos combatentes, do ZIPA nas áreas rurais mas também ^%'s cidades, particularmente nos subúrbios de Salisbúria, Umtali, e Buzawayo. mais tarde, são levados a acreditar no que o regime rodesiano diz sobre os guerrilheiros. Todos os dias, meses após meses, ouvem dos seus instrutores, dos jornais, da Rádio e da televisão que os combatentes zimbabweanos são uns criminosos, uns terroristas que não querem a paz. Pouco a pouco tudo Isso entralhes na cabeça e passam a acreditar realmente. Perguntámos a Ruga r e Gumbo o que é que o ZIPA fazia deles uma vez capturados e ele respondeu-nos que são levados a aprender a história da luta do povo zimbabweano, seu próprio povo, o porquê da luta. Dissenos ainda que muitos deles, particularmente aqueles que são mais pobres e aceitaram ser agentes porque não tinham dinheiro, dão mostras de aceitarem a transformação. Timor Leste O PODER DA LUTA 0 © Partido Trabalhista Australiano reconhece a FRETILIN e condena a agressão indonésia @ Países membros da ASEAN estabelecem acordos militares entre si 0 Japão envolvido na agressão a TimQr Leste 0 Indonésia preocupada com a sua dependência em relação ao J a p ã o? * Corrida do imperialismo às matérias primas indonésias 0 Alemanha Feder'al constrói centrais nucleares na Indonésia * FRETILIN controla a maior parteda sua pátria 0 Onde a solidariedade não chega fisicamente 0 Até quando as potêncips esconderão a Luta em Timor Leste? TEMPO N.- 355 -pg. 27 Povo maubere airmnado conýtra os invasores indonédjs. Aspecto do jornal ditado por um grupo de apoio de trabalhadoresautralianos à Luta de Timor Leste. A foto que se vê no jornal (que tem quatro páginas e é edit'rdo quinzenalmente) refere-se a um contacto de rádio entre o referido grupo de apoio e a Rádio Maubere. O Partido Trabalhista da Austr~l aab0 de reconhecer a FRETILIN e condenar a invasio indondsia. Pais pequeno, minúsculo até, Timor Leste graças a um processo de lu ta popular prolongada contra os invasores indonésios começa a ganhar a dimensão do grande problema. Há algumas semanas atrás o Partido Trabalhista Australiano reconheceu a FRETILIN, e condenou a invasão indonésia à República Democrática de TImor Les TEMPO N 355 te. Este acontecimento, que toma lugar 19 meses após a invasão merece pois, ser bem pesado, Trata-se como muito bem parece à primeira vista de uma atitude a que os trabalhistas australianos se viram forçados tomar numa altura em que se encontram fora do Governo e portanto na oposição. O mesmo Partido que havia fechado os olhos à invasão é forçado a abri-los quando a Luta de Timor Leste merece a atenção dos trabalhadores australianos. Situar a atitude dos trabalhis-. tas australianos está ainda para além dos aspectos já focados.'Lenin em Junho de 1913 caracterizava da seguinte forma este Partido: «0 Partido Trabalhista Australiano até não reivindica ser um Partido Socialista. De facto ele é um Partido Liberal ãurguês, e os chanados liberais na Austrália são realmente conservadores.,.. na Austrália o Partido Trabalhista fez o que em outros países é feito pelos conservadores». As palavras de Lenin àcerca do Partido que agora acaba de reconhecer a FRETILIN permanecem perfeitamente actualizadas, com o simples senão de que o Partido Trabalhista e n c o n t r a-se agora muito mais dependente das multinacionais e dos capitalistas. É camo Lenin dizia «um Partido liberal burguês». Contudo convém-nos ver as razões porque é então reconhecida a FRETILIN pelo P.T.A.. Só encontramos uma resposta concreta na Luta Armada de resistência. É aí de facto onde encontramos a resposta para o procedimento dos trabalhistas australianos: o reconhecimento de que os indonésios estão condenados ao fracasso e à derrota. É a própria burguesia australiana que o reconhece, que reconhece a força da Luta Armada de resistência - e não esqueçamos que os soldados australianos que estavam no Vietname sairam de lá «muito airosamente». Este primeiro passo da burguesia australiana para tentar lavar as mãos que quase empurraram, e se não empurraram, serviram para tapar os olhos à invasão indonésia, é pois significativo. Porém, ele é ainda o primeiro passo que Identifica e de certo modo desenha, a oficialização de uma derrota da indonésia iniciada há precisamente um ano atrás quando a FRETILIN depois de tomar uma série de localidades e vilas da sua pátria passou definitivamente à ofensiva. No entanto, as burguesias no Poder no Sudeste asiático (na Tailândia, Filipinas, Malásia, Singapura, Indonésia e mesmo na Austrália) reservam ainda algumas esperanças na 4nvasão indonésia a Timor Leste. 11, , ý, A ASEAN E OS TRATADOS MILITAES A ASEAN (organização a que pertencem os países atrás mencionados qom excepção da Austrália) reu*ie-se no próximo mês de Agosto em Kuala Lumpur na Malásia. A Conferência tem traçados como objectivos, estudar formas de cooperação económica entre os seus paises membros, e ainda estudar Sob a camuflagem da paz para o O4eano Indico, problemas militares. Como convidados assistirão a Austrália e o Japão. Não é sem razão que se assiste entre os países membros da ASEAN de há dois anos para cá a constantes tratados militares e a permanentes manobras militares entre os seus exércitos. Isto coincide de forma clara com a derrota imperialista na Indochina, e com o desenvolvimento da Luta Armada pelos nacionalistas dos próprios países membros da ASEAN (1). De outro lado está a invasão indonésia demonstrando o poder agressivo deste pais e a obediência da sua burguesia aos interesses imperialistas. Depois temos o apoio: Os Estados Unidos mesmo depois da sua derrota na Indochina continuam a manter peritos militares seus nos países da ASEAN. «Notamos muitos acordos militares leitos na nossa zona Malindo (Malásia-Indonésia); Filindo (FilipinasIndonésia) e ainda acordos entre a Indonésia Tailândia e Malásia» domo nos dizia um militante da FRETILIN há algum tempo. Encontramos talvez na crise capitalista mundial um dos factores que explicam a multiplicação destes acordos militares. É que este conjunto de países do Sudeste Asiático sob a dependência do imperialismo constituem uma das principais fontes de matérias primas para a, indústria americana, japonesa, e até europea. De outro lado explica-se os acordos militares no seio da ASEAN como forma de reforçar a entreajuda entre as burguesias no poder no sudeste asiático. É um facto que a Luta Armada incen deia já todos os países membros da ASEAN, e que face aos regimes déspotas da área as massas tra lhadoras aumentam a ameaça de uma viragem total ao nível do Poder. Timor Leste, a sua Luta Armada de resistência e n q u a d r a-se dentro d e s t a área. Daí que os acordos militares entre os países membros da ASEAN tenham já sido utilizados como tentativa para calar o povo maubere. De facto, os tratados militares têm per mitido um melhor bloqueio naval para isolar totalmente a FRE TILIN e Timor Leste de contactos com o exterior. Mapa do Sudeste Asi4tico. Entre os países da ASEAN (Tailândia, Malásia, Singapura, Filipin~s e Indonésia), têm sido estabelecidos constantes acordos militares para fazer face às lutas de libertação nacionais na zo~z. TEMPO N.. 355 -- p. n Tal como o Brasil na América Latina a Indonésia surge-nos naquela área como o peão avançado do imperialismo. Daí que todos os membros da ASEAN sejam cegos e mudos pa: ra a integração de TimorLeste na Indonésia no que são acompanhados pelas potências capitalistas. «A Indonésia não tem objecções a fazer contra exercícios militares, desde que eles funcionem em bases bilaterais ou trilaterais... » como o afirmou Adam Malik, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia numa entrevista. Nela, e depois de, recusar admitir a existência de uma resistência organizada pela FRETILIN em Timor Leste acabou dedicando duas das três páginas da sua entrevista ao problema de Timor Leste (2). ENVOLVIMENTO DO JAPÃO O Japão, em 1974 surge em Timor Leste como autor de uma proposta para um investimento de cerca de seis milhões de contos ao nivel da construção de infraestruturas portuárias e rodoviárias, das telecomunicações e do. turismo. Hoje após a in /asáo indonésia, o Japão reaprece-nos utilizando os canais dÇ Wetar e Ombai (em águas ter itoriais de Timor Leste) para passagem dos seus monstruoso$ petroleiíros carregados com pet óleo indoné sio. O envolvimento do Japão embora indirecto é 1emasiado evidente. OJapão éo principal pais a apoiar a Indonésia, quer através de ajudas materiais e empréstimos, como ainda em investimentos ao nível da indústria. O povo explorado da Indonéaia: produzir matérias pritas para as grandes pote'C a, ou i morrer na guerria de agteaaao a Timor Leste. TEMPO ,N, 355 -p~. 30 Prin *pal cliente do petróleo indonésio o Japão consome cerca de 45 por cento da produção deste país, éxnbora em 1975 tenha atingido o escalão dos 67 por cento. Para alen do petróleo os japo neses são Qs principais clientes das matérias primas quer da Indonésia quer los países membros da ASEAN. S n ã o, recordemos -que entre 196 e 1976 este país investiu na Ind nésia dois biliões e 15 milhões de dólares (aproxito traduz que a dependência da Indonésia em relação à pontência capitalista que é o Japão é demasiado flagrante. De tal forma que uma revista indonésia editada em francês, intulada «Les Echos», de Fevereiro deste ano afirmava que «o Japão ocupa.o primeiro luqar nos mercados indonésios do petróleo, madeira, estanho e pescas. Esta dependência constitui uma das fragilidades das trocas indonésias». (3) A DECADÊNCIA DO REGIME DE SUHARTO A própria revista «Les Echos» a que nos referimos anteriormen te, nos dá em parte a resposta pa ra a «preocupação» que ela mesmo faz veicular. É uma revista escrita em francês para dar a co nhecer aos capitalistas franceses em que sectores da economia in donésia eles devem investir os seus capitais - é preciso não esquecer a potencialidade de mão Crianças mauberes. A luta em Timor Leste isolada do apoio que a solidariedade internacional lhe poderia d~w em medi4camentos (que faltam), em médicos (que não há nenhum para socorrer os feridos de 'guerra), em 'níaterfal escolar para as crianças (que apesar de tudo continuam indo à escola), dizíamos continua a sobreviver contando com as própria forças. madamente 67 milhões de contos!!!): os japoneses compram metade da produção da madeira da indonésia, um quarto da produção de estanho (de que a Indonésia é o terceiro produtor mundial) e a grande parte dos excedentes da pesca. Por outras palavras, é bem evidente que a Indonésia não passa de um armazém de matérias primas das fábricas japonesas. E isTrata-se da própria Indonésia alarmada com a sua dependência em relação ao Japão, pais que ostenta de forma opulenta e defende a burguesia indonésia? Pensamos que não é esta a razão porque o regime fascista e agressor de Shuarto se alarma com o Japão, pais que a apoia na agressão ao povo de Timor Leste, e na exploração ao próprio povo indônésio. de obra que o pais oferece com os seus mais de 130 milhões de habitantes. A data altura «Les Echos» dão a conhecer a realidade do neo-colonialismo, a realidade de um pais neo-colonial com quase trinta anos de Independência. «As matérias primas constituem a quase totalidade das exportações da Indonésia. Os produtos manufacturados são a grande parte das importações. O p r o d u t o nacional TEMPO N., 355 - P9q. M bruto (,PNB) só atingiu dificilmente os dez por cento após trinta anos de Independência». Para terminar a lição que dá sobre a dependência em que se mantem a Indonésia, a revista - por es tranho que pareça feita com informação fornecida pelo próprio regime de Suharto - revela ainda: «o desenvolvimento industrial faz-se em parte pelo investimento d e capitais estrangeiros nas empresas» indonésias. C o m o resultado verificamos que a França realizou em Março deste ano uma grandiosa feira em Djakarta onde expôs as suas máquinas, as máquinas que a Indonésia deve comprar para melhor poder exportar as suas matérias primas. Não é demais acrescentar que a companhia petrolífera francesa «TOTAL» acaba de investir cerca de 220 milhões de dólares em prospecção de petróleo, e que a ajuda francesa em 1976 atingiu os 17 milhões de dólares. A par da França aýsistimos a uma corrida entre as grandes potências. A Alemanha Federal começou já os projectos para a construção de centrais nucleares na Indonésia. Os Estados Unidos para além de terem investido mais de um bilião de dólares no período entre 1967 e 1976 têm vindo a fornecer regularmente o mate rial de guerra com que a Indonésia agride o povo maubere. A par da corrida para colocar a Indonésia cada vez mais dependente do imperialismo, assiste-se ao agravamento de uma crise interna do próprio regime, caracterizada por dezenas de milhares de cidadãos presos nas cadeias fascistas, e por uma agressão assassina contra o povo de Timor Leste. O regime de Suharto é ainda caracterizado pela corrupção. O seu próprio Ministro dos Negócios Estrangeiros reconhece-o na entrevista que deu a dez de Junho deste ano (2): «...eu não direi que ela (Malik referia-se à corrupção no seio do regime de Suharto) podo.r± acabar. Impossível! Basta olhar para o caso Lockeed no Japão». É neste âmbito que cabe colocar a interrogação sobre porque é que aagressão a Timor Leste continua sendo consentida por um certo número de países bem determinado, e porque é que a FRETILIN e a República Democrática de Timor Leste começam a preocupar de uma forma cada TEMPO N. 355 - P9. 32 Nicolau Lobato (primeiro da direita) Vice-Pre$cdente da FRETILIN e Primeir Ministro da RDTL que recentemente através &ia rddio Maubere concedeu uma em trevista à revista «Tr'i-Continental» da OSPAAL. vez mais evidente esses mesmos países. A resposta vem-nos em parte da afirmação que nos fez Roque Rodrigues, Membro do Comité Central da FRETILIN: «este o nosso grande pecado: possuir petróleo». A outra parte da resposta vem-nos da realidade da heróica Luta Armada Popular prolongada contra os invasores indonésios em Timor Leste. O PODER DA LUTA Timor Leste começa a ganhar a dimensão do grande problema na sua área. Podemos apontar vários factores: a sua importância estratégica na ligação e n t r e os oceanos Pacífico e tndico através dos estreitos de Omba e Wetar; a importância estratégica que assume no Oceano Indico face ao cerco de bases militares que os imperialistas ai montam; a importância que pode vir a assumir como base para a libertação dos povos do Sudeste Asiático; a importância queam a eploração petrolíferada zona urna vez que nas suas águas territoriais se encontra um dos jazigos mães; fundamentalmente o desenvolvimento que a Luta Armada conseguiu impor face ao maior bloqueio que um povo de quase um milhão de habitantes sofre. É exemplar a Luta em Timor Leste. O seu desenvolvimento é, como já o afirmámos anteriormente, a explicação do reconhecimento que acaba de lhe, ser concedido pelo Partido Trabalhista Australiano. Ouvimos há dias a primeira cas sete gravada com uma emissão da rádio maubere. Sabíamos que ela tinha sido m o n t a d a exclusivamente com as próprias forças do povo maubere, contudo n u n c a supuséramos que a sua qualidade pudesse ser tão boa: «A l6 Austrália! A l ô Darwin! Atenção camarada Fernando Campos e família. Graclano e família encontram-se bem junto ao povo maubere a resistir heróicamente na montanha contra os vândalos agreoes.. » Esta uma das men, que ouvimos. Ela agora transformada em palavras, coloca- da ne te texto, perde toda a sua força, as sugere bem a vida e a força d uma Luta que mobiliýa, contrari mente ao que os indonésios gost vam de fazer crer, todo o povo e Timor Leste junto à FRETILI Na mes a cassete ouvimos os comunicado de guerra e uma entrevista do, i e ePresidente d a FRETILIN e Primeiro Ministro de Timor Leste, Nicolau Lobato, à revista «Tri-Çontinental» editada em Havana' (Cuba) pela OSPAAL (4). É a erteza de uma luta que continua ýa ofensiva e que obrigou os invasores fascistas indonésios a diminuir o tempo de comissão militar dlo seu exército a três meses em Moçambique o tempo de comissão militar dos soldados portugueses em zona de guerra era de entre um e dois anos! Isto representa de uma maneira clara a razão porque continua em funcionamento a Rádio Maubere, apesar de todos os esforços militares dos agressores para fazerem calar o único contacto que tem a FRETILIN com os seus militantes no exterior. Dentro deste contexto está também a actual situação militar em Timor Leste. Reduzidos aos seus aquartelamentos em meia dúzia de localidades o exército indonésio acaba de perder o controlo .ias áreas que circundavam Bau,au a segunda cidade do país. A iolta de Bobonaro junto à fronteira, a situação também é contro lada pela FRETILIN, ficando as tropas invasoras reduzidas à utilização permanente de fogo de morteiro para evitarem que a cidade seja tomada. lif#raoia: entender a ut opreaseo a Timor. A par da crescente defensiva que se desenha por parte dos indonésios, existe a desmoralização das suas tropas. Recentemente in formava a rádio Maubere que um capitão do exército fascista tinha sido preso em Dili por ter mostrado a sua insatisfação com a guerra que a Indonésia estava a impor em Timor Leste. O mesmo capitão afirmara que «nem nos próximos vinte anos a Indonésia pode extinguir a resistência do povo de Timor Leste». Começa pois a surgir entre as tropas indonésias a mesma moral que afectava os soldados americanos no Vietname, ou os soldados portugueses na Guiné Bissau, e em Moçambique: «a guerra estd perdida», como eles diziam. ONDE A SOLIDARIEDADE NAO CHEGA FISICAMENTE É um facto que todo o evoluir da Luta de resistência em Timor Leste, depois de 19 meses de total bloqueio após a invasão do país, foi feito sem que a solidariedade internacional chegasse fisicamente até junto ao resistente povo maubere. Nenhuma ajuda no campo da saúde onde não há um médico sequer; nenhuma ajuda no campo da educação onde há grande falta de professores; nenhuma ajuda em medicamentos para: fazer face ao problema dos feridos de guerra; nenhuma ajuda em material de comunicação para uma rádio que sendo a única, trás ao mundo a verdade de uma Luta heróica. A solidariedade não pode chegar fisicamente dentro de Timor Leste. Ela só se pode manifestar no apoio à frente externa da FRETILIN, o que sendo importante não é tudo. No entanto, assistimos ao desenvolvimento crescente da Luta em Timor Leste: depois de dois anos de tamanho bloqueio não estaria viva uma única pessoa caso a produção não tivesse sido organizada, caso o Comité Central da FRETILIN não tivesse sabido transformar a sua Luta numa Luta Popular Prolongada. A Luta em Timor Leste é a prova mais que concreta que a libertação de um povo não se faz com a solidariedade internacional, mas basicamente com as próprias forças que um povo organiza para se libertar. A solidariedade é um elemento importante, mas não o fundamental. Timor Leste provou-o, prova-o. Diríamos mesmo que um dos principais campos de solidariedade - sem contar com o que vem de alguns países socialistas, e a totalidade dos países que se libertaram pela via da Luta Armada foi criado pela própria Luta Armada. Falamos da solidariedade que a FRETILIN conquistou e n t r e os trabalhadores australianos. O processo de permanente recusa entre os estivadores dos portos e trabalhadores de carga dos aeroportos australianos, em carregar e descarregar navios e aviões indonésios é um dos seus resúltados. É resultado da grande fonte de mobilização que constitui a rádio maulýere entre o povo australiano graças ao qual, a imprensa australiana se vê obriga da a publicar quase diariamente as vitórias da Luta em Timor Leste. E este factor constitui talvez a pedra básica para que a Indonésia não tenha no campo internacional conseguido fazer valer o seu ponto de vista de que o problema Timor «é uma questão interna da Indonésia» - é que o seu aliado australiano é o primeiro a abrigar no seio da sua imprensa as verdades sobre oscrimes da Indonésia em Timor Les te. E, foi face a estas vitórias-que o senado americano recentemente se viu obrigado a incluir na sua agenda de trabalhos o problema de Timor Leste. Evidentemente que o problema acabou sendo posto de lado. É que a política de Carter de fazer valer os direitos h u m a n o s torna-s e secundária quando estão em causa os inte resses económicos das multinacionais norte-americanas. Aconteceu isso agora em relação a Timor Leste. Resta é saber até quando as potências poderão esconder o reconhecimento da Luta em Timor Leste... Por quanto tempo poderão calar esta mensagem que ouvimos da rádio Maubere feita por um maubere aos seus familiares em Portugal?!! «0 paizinho e a mãezinha tém andado doentes. Andamos juntos. O pai apesar de idade e da aloença que o incomoda anda sempre com a sua arma G.3 e seis carregadores sempre prontos para qualquer eventualdade»!!! e TEMPO N.° 355 -Ipági. Ul o Entrevista com Khalid El' $hiekh, do Departament Poli PRETÓRIA E TELA VIVE SÃO O MESMO Porque têm as mesmas caractersticas -são racistas, expansionisýas e agressores os regimes de Pretória e Telavive s 1o o mesmo. Ambos servem as mesmos interesses - o interesses imperialistas. Israel, ao Norte do Cóntinente, a Africa do Sul, na parte Austral. P - Como tém evoluído as demarches para! a evenual realização da uma conlerência em Genebra para discutir a questão palestina? R - Sobre hipótese de realização dessa conferência, devemos dizer que isso não é para nós de importância irmediata. Desde 1973, depois da guerra de Outubro, que tem havido muitas propostas nesse quadro - resoluções do Conaelho de Segurança, propostas da ONU, depois as propostas de Kissinger - mas elas não levaram a nenhum avanço significativo. A posição oficial da OLP - que foi reconfirmada na 30.a sessão do Conselho Nacional da Palestina realizado em 1 Março último no Cairo - é muito clara quanto a essa questão. Defendemos ^J uma vez mais, em primeiro lugar, o direito de participarmos nessa ou em qualquer outra conferência que discuta a questão palestina Ora para a conferência de Genebra não fomos convidados. As partes organizantes - os EUA, a URSS ainda não nos convidaram. Por isso não se pós ainda a questão se vamos ou não. Só depois de nos convidarem poderemos discutir e decidir. TEMPO N.* 3-6 -p q. 34 O segundo ponto importante é que nós exigimos à partida questSes fundamentais para a nossa eventual participação. Isso .para Genebra ou qualquer outra conferência. Primeiro precisamos de conhecer a agenda das conversações. Não podemos Ir para uma conferência assim mesmo, só por ir. As condições pelo nosso lado estão criadas. Por decisão do Conselho Nacional Palestino, o Comité Executivo da OLP tem representatividade para representar a OLP e o Povo palestino em qualquer conferência internacional que vise defender os interesses do Povo palestino e a paz. Essa é a condição fundamental, e já a temos. Defendendo o princípio de não fugirmos a participar em qualquer conferência que, respeite e s s a s exigências preliminares e tendo um órgão a quem confiamos representatividade estão criadas todas as condições pelo nosso lado. A questão central é essa: nós não somos apologistas da guerra. Mas não a abondonaremos enquanto não forem conseguidos os motivos porque fazemos a guerra conquistar os direitos nacionais fundamentais do nosso Povo. Portanto todas as conferências que KAalid EI.Shieh, do Departameto PolUo da OLP, se possam realizar que não caminhem exactamente no mesmo sentido estão condenadas ao fracasso. Enquanto não conseguirnros conquistar os direitos nacionais do Povo palestno não pararemos a luta armada. Pessoalmente eu não acredito que possa sair dessa conferência algo de sério e que contribua efectivamente para a resolução dessa questão central. Isto porque a actuação prática do imperialismo não é a de ajudar o nosso Povo, nunca foi. P- Quais as perspectivas perante a nomeação do novo governo de Israel? 1 1 / 1 CO daOrganização de ,Ibertação a Pd,3 esÍtina omoatenrea a oUr: m~ntrermos a t4a armada até onquistarmos os direito* na~ fundmentais do Povo palkr tino. Líbano: Estamos certos de que o que se passou no Líbano foi uma maquM1ção entre o Imperialismo e os regimes árabes reaccionários para tentarem aniqilar as forças progressistas e revolucionárias da regido. R - Perspectivas no setido de se caminhar para a paz.não vemos nenhumas, antes pelo contrário. Primeiro, tanto este governo, como o anterior, os partidos que eles dizem representar, não têm qualquer interesse em defender os interesses do nosso Povo. Depois, o actual Partido israelita no poder é bem conhecido por nós pelo seu fanatismo, racismo e terrorismo. O próprio líder do Partido e actual chefe do governo é bem conhecido pelo Povo palestino, pela sua actuação directa nos massacres contra o nosso Povo. Ele dirigiu e conduziu pessoalmente muitos dos piores massacres. Por isso não podemos acreditar que esses homens possam trazer quaisquer perspectivas de paz, contribuir de algum modo para se chegar à paz, mas antes pelo contrário, vão continuar fazendo tudo por exterminar o nosso Povo, que tem sido o seu obJectivo sempre. Há talvez um único pormenor digno de considerar. As contradições no seio do próprio imperialismo. Temos dito muitas vezes: Israel sem o apoio dos Estados Unidos não é nada (mesmo com esse apoio a sua situação política, económica, deteriora-se cada vez mais). Perante as insinuações da nova administração norteamerica de mudança da sua política externa o novo governo israelita «advertiu» que «não admitiria interferências nos assuntos internos de Israel». Que pode significar isso? A prática o dirá... P -Podia referir-se aos traços fundamentais do Conselho Nacional Palestino. R - Essa reunião foi muito importante, primeiro porque já não realizávamos uma reunião desse tipo há três anos, embora tivéssemos a prática de o reunirmos uma vez por ano. (Não nos reunimos por causa da situação no Libano). Depois, e essencialmente, pelas importantes decisões nele tomadas. A reunião teve o seu início a 19 de Março e nela participaram 194 membros, representativos. Nele se discutiu a evolução da situação militar, política, social, financeira, educacional, etc... todos os aspectos relacionados com a vida do nosso Povo e com a nossa luta. O debate foi organizado em dez sub-comités que debateram exaustivamente todas estas questões. Das resoluções poderemos salientar algumas entre as mais importantes. Em relação à questão fundamental da unidade nacio->al. Todos os grupos que constituem a OLP concordaram em reforçar a unidade nacional actuando a todos os níveig com um programa comum. A nível militar as forças de cada um e todos os grupos aceitaram integrar o Exército Ngcional da Palestina, sob o comando supremo do Camarada Yasser Arafat, Presidente do Comité ExeTEMPO N 355 pg. 35 Combatentes palestinos junto a uma bomba (que não exptodiu) lançada pelas tropas racistas e fascistas de Israel. Pelo material usado é fácil de ver que o extermínio do Povo palestino é objectivo claro do Imperialismo e do regime sionista, seu lacaio. Sionismo e Apartheid são duas earas do racismo. Os métodos de repressão usados pelo regime de Pretória são os mesmos usados pelo regime de Telavive. TEMPO N 355 - pãg. 38 cutivo da Organização. Essa plataforma de unidade nacional vai até ao aspecto financeiro. O comité político adoptou uma declaração dando ênfase à continuação da via da luta armada, deu ao Comité Executivo representatividade para qualquer Conferência Internacional e reafirmou o programa de 10 pontos adoptado no Conselho Nacional de 1974. Também pelo Comité político foi reafirmado o não reconhecimento do regime sionista de Israel. Estes foram os pontos mais importantes. Podemos dizer que foi um grande sucesso, embora quando realizámos o Conselho já esperássemos ir encontrar e reafirmar a unidade nacional. P - Tem-se assistido a um comprometimento cada vez maior de alguns regimes drabes com o imperialismo. Muito recentemente assistimos ao envolvimento egípcio no conflito interno do Zaire, como parte integrante da. actuação imperialista em África. Como encara a OLP isso? R - É um facto. Infelizmente desde a Guerra de Outubro de 1973 que houve uma divisão no movimento nacional árabe. Isso significa um recuo e perturbou naturalmente as nossas relações com certos estados árabes. Nós não podemos aceitar esse comprometimento porque sabemos que os Estados Unidos, mais própriamente o Imperialismoéo inimigo principal do nosso Povo bem como de todos os po4os. Como dissemos acima é o governo dos Estados Unidos o maior suporte de Israel. Quer no aspecto militar, de fornecimento de material de guerra, armas e munições, quer no aspecto financeiro Quando vemos regimes como o egípcio aproximaram-se de Washington isso causa-nos muita apreensão. Temos sofrido directamente as consequências dessa política. No posição é que, só podemos dizer que teria sido melhor que essas forças tivessem sido colocadas na fronteira com Israel.... Para nós a situação no Zaire é muito clara - trata-se de um conflito interno entre o movimento revolucionário e o regime reaccionário no poder. Achamos a intervenção externa como uma atitude muito perigosa, porque afecta a unidade e integridade dos estados africanos. Pensamos que o Egipto e todos os países árabes têm a obrigação de proteger a desenvolver a solidariedade dos países árabes para com os estados africanos. Para isso a não interferência em assuntos internos é um princípio fundamental. Por isso condenamos essa intervenção, não podemos criar desenA nível ideológico, consideram-se ambos «os eleitos por deus», «a raça superior». Na ONU, ao ser considerado racismo o sionismo, o problema foi bem equacionado. Por isso as relaçSes entre eles são estreitas. Isto desde a sua origem (que teve seis semanas de diferença entre a criação de um e de outro) e em particular de há uns tempos para cá. Relações comerciais, de fabricação e comércio de armas, etc. Depois de visita de Vorster a Telavive no ano passado - onde eles assinaram um acordo de acção comum - que essa colaboração assume aspectos mais graves. Agora fabricam aviões de guerra a jacto do mesmo tipo (Mirage) armas nucleares do mesmo tino. Neste momento são consArma de origem israelita capturada pelos combatentes do ZIPA, brAço armado da Frente Patriótica do Zimbabwe, prova bem o compromisso e a colaboração entre o regime sionista e os rogime. racistas da Africa AustrzL Líbano foi flagrante, e é muito claro para nós, que o que aconteceu foi uma maquinação conjunta do imperialismo e dos estados reaccionários árabes para aniquilar o movimento progressista da região. Nós desaprovamos totalmente essas ligações e lutamos contra isso mas, a nossa posição no mundo árabe é muito sensível. Temos muitos inimigos e não podemos lutar contra todas essas frentes de uma só vez. Quanto à questão do envolvimento egípcio no Zaire a nossa tendimento entre Africa e o mundo árabe, que também é Africa. P - E, como encara a aproximação TelavivelPretória? R- Os regimes de Pretória e de Telavive são o mesmo. Porque eles têm as mesmas caracteristicas- são racistas, expansionistas e agressores. Por isso cometem as mesmas atrocidades brutais, os mesmos crimes, as mesmas mortes, os mesmos massacres. Vorster segue a mesma linha que os dirigentes sionistas. truidos em Israel 25 barcos de guerra para Pretória. Em Pretória estão técnicos militares israelitas a treinar pilotos sul-africanós nos Mirages e noutras armas sofisticadas. Pretória - onde existe a maior comunidade sionista - é o maior centro de treinamento de tropas de Telavivé. As relações são cada ve mais estreitas em todas as actividades. Isto porque servem ambos os regimes os mesmos interesses - os interesses imperialistas. Israel no Norte do Continente, Pretória no Sal. TEMPO N: 355 -pãg. 37 O "ESCANDALO" GEOLOGECO Quado o governo colonial criou em 1958 a Mio de Fomento do Plano do Zambeze tinha instituído uma ponta de lança com o objectivo de estudar todas TEMPO N- 355- pág. 38 as potencialidades econômicas da Provinda de Te te. Na verdade, nenhuma outra província foi alvo de um estudo, tão sistemático, de um virar de entraPARTE I I II Em Tete são raras 4 montanhas que terminam em pico. A grande maioria termina em cabeço ou mesmo em planaltos. Nelas nota-se um avançado grau de erosão das vertentes. Miis algumas centenas de anos, e se não houver interferência humanA, elae ficarão nuas de 'ýgetaffio. nhas para pc r os segredos da naturêza a nu e para ýom base neles desenvolver o colonialismo em Moçar ique. As técnicas de iestigaçao científica mais avançadas foram postas em movimento em Tete. As verbas mais «pesadas» foram atribuidas à Missão de Fomento. Quando dz anos mais tarde é criado o Gabinee do Plano do Zanbeze (GPZ) as 'nte: ções não eram meramente coloniais. anbém eram estratégico-militares: deWido ao avanço da luta armada de libeOação nacional o governo português pr$ tendeu construir uma barreira human :G ideológica e económica com a execuç ão da primeira parte dos Em Tete, fala de geologia é, te mow .nto. A n fundamentalnmen$, falar de miMavuze, explora nas. As mais co ýecidas são as nhla de Urânio minas de carvão e Moatize cuja já parou as actii exploração está tregue à Com- Furancungo exis panhia Carbonff de Moçambi- mina de oiro eno que, uma emprsa de capitais Em relação Em mistos. Nenhumj'ýutro filão mi- que agora está ei neral está em xploração nes- de Moatize que estudos desenvolvidos ao longo de dez anos de mvestigação e planficação cujo ponto mais alto foi a construção da barragem hidro-eléctrica de C a hora-B a ss a. a construç«o de aldeamentos sob a orientação da GPZ que se encarregou de cortar as estacas e o capim necessário à sua edificação e, numa see unda e t a p a pretendia-se povoar o valeo Zambeze com um m i1h d o de colonos portugueses Com a derrota militar do colonialismo oplano ruiu mas os estudos fica-, ram. Um deles é o relativo & natureza geológica de Tete. nna de urânio de da pela Compade Moçambique, widades. Perto de te também uma errada. o carvão o filão mn exploração é o se prolonga até (Minjoua) cuja exploração em pleno pode vir a atingir a ordem dos dois milhões de toneladas de carvão por ano. Mas existe carvão mineral na bacia CGúc ecucu que se estende por 150 quilóme tros ao longo do rio Zambeze. Outra bacia carbonifera é a de Sanangoé-Mefidezi. TEMPO N, 355 -IO- U Ezistem jazigos de ferro no distrito de Fingud e no distrito da Angónia calculadas em qwztro milhões de toneladas. Também existem em Muendi no nordeste da província. Nesta regido, e também na zona norte, foram detectados jazigos de ferro titanado calculado8 em 200 milhões toneladas que possibilitariam umaexploração da ordem das 700 toneladas anuais. Qual é o valor económico do carvão? Ela é uma das fontes de energia mais utilizadas do mundo e está intimamente ligada às máquinas a vapor e ao aquecimento de fornos para fundição de ferro e construção de aço. . um mineral que tem alta colocação no mercado internacional e nem pe lo facto de haver muitos países no mundo que executam a sua exploração nos seus territórios lhe tira o grande valor comercial que tem. Mas adiante falaremos das minas de Moatize. Em Tete também existem jazigos de ferro no distrito de Fingué e no distrito de Angónia calculadas em quatro milhões de toneladas. Também existem em Muedi, no nordeste da província. Nesta região e também na zona norte foram detectados jazigos de ferro titanado calctlados em 200 milhões de toneladas que possibilitariam uma exploração da ordem das 700 toneladas por ano. Outros filões menores foram encontrados em Mechedua, Txizita, Inhantipissa e Massamba. INDÚSTRIA PESADA Estes dois elementos (carvão e ferro) aliados à fenomenal ener TEMPO N.* 355 - pâg. 40 gia desenvolvida no complexo Cahora-Bassa fazem com que Tete seja o único local onde, de facto se pode montar uma Indústria pesada de grandes dimensões eiýi Moçambique. A linha férrea Beira-Moatize, que neste momento escoa o carvão, ampliada com um conjunto de ramais, garante o transporte através do porto da Beira. Aliás, este foi um dos estudos levados a cabo pelo Gabinete do Plano do Zambeze que tinha projectado a construção de uma siderurgia na margem esquerda do rio Zambeze (Matundo) numa planície existente junto à foz do Rovubué, afluente daquele rio. Pelo que sabemos este projecto não foi abandonado pelo governo moçambicano. Importa acrescentar estes elementos: Tete também se caracteriza pelo fraco desenvolvimento das forças produtivas. Para além dos trabalhadores das minas de Moatize e dos trabalhadores de algumas empresas agrícolas nada mais de significativo, existe em termos de produção, mão de obra. Em 'Cahora-Bassa, no Songo, estarão permanentes cerca de dois mil e quinhentos a três mil trabalhadores divididos por várias especialidades todas elas tendentes à manutenção do compleiFo. A sede provincial tem neste riomento uma fábrica de cerâmica, que emprega reduzida mão de obra, uma fábrica de iefrigerantes automatizada e uma fábrica de mobiliário decorativo. Para além disso tem oficinas de reparação de viaturas que desempenham uma função meramente subsidiária. Uma siderurgia em Tete permitiria um grande salto económico e político da província que é o mesmo que dizer do país. Contribuiria para estabilizar a inconstância tradicional da mão de obra, não especializada e não empregue na agricultura a qual é essencialmente migratória ou parasitária. Re4uziria o desemprego que é um dos grandes cancros sociais de Tete principalmente depois do fim da guerra. Uma siderurgia não funciona sem um complexo de apoio técnico (serralharia, electricidade, mecânica, etc.). Daria uma nova vida à cidade de Tete condenada a ser um centro urbano morto pois é fundamentalmente um centro de comerciantes e trabalhadores da função pública - muitos destes à espreita de uma transferência ou de um novo emprego na Beira e Maputo. É que não foi nenhum factor económico que deu origem a Tete (cidade) mas factores administrativos de que as duas fortalezas de S. Tiago são eloquente testemunho. Com o início da construção da barragem de Cahora-Bassa, com a concentração de militares portugueses durante a guerra, ela conheceu uma falso desenvolvimento e uma actividade social sem bases sólidas. Terminada a construção da barragem, terminada a guerra, Tete caiu no marasmo. Ainda com possibilidades de industrialização existe na província crómio e níquel no monte Exiza, manganês no Mazoé (150 mil toneladas) cobre no Chidué, Mazoé Um fenômeno vem-8e registando em Moatize. Esse fenómeno é o aumento da produção uma vez que com a independéncia nacional abriram-e para a companhia mercados que tradicionalmente lhe estavam fechados. TEMPO N, 355 - pág. 41 Senangué, Messaca, ouro no Luenha e no Cazula. Mas a riqueza mineralógica de Tete não termina asu. Tem filões de corindon, magnezite, brilo, etc. Uma anedota diz que quando Deus fez o mundo andava com um cestó onde havia todos os minerais. Depois de espalhar ferro aqui, oiro acolá, cobre mais além, aconteceu que chegou a Tete já cansado. Então ali despejou todo o cesto que trazia e por isso Tete ganhou toda a riqueza mineralÓ gica que a caracteriza. TEMPO Nf 355 -pg. 42 Na verdade se toda aquela variedade de filões pertence ao nosso pais deve-se aos conflitos fronteiriços entre os colonialistas portugueses e ingleses. Estes exigiram grandes extensões de território aos portugueses devido ao planalto de Salisbúria onde se julgava haver ouro e cujo jazigo parecia prolongar-se até às actuais fronteiras com a Rodésia em Manica. Como compensação foi permitido a Portugal alargar a fronteira de Tete, prolongando-a pelas «Rodésias» (do norte e do sul). Foi assim que Moçambique adelgaçou em va fronteiriça ti Tete ganhando de um cavalo. engano británic subterrânea de Zâmbia ou na A explicação geológica de Te formações prof reza sofreu na milhares de ani, actividade geoló nas da Africa 0 xos nas zonas 4 a África Austr4j mica numa cur ica e alongou em o mapa o perfil e não fora este toda a riqueza ete estaria ou na Iésia... i grande riqueza está nas transidas que a Natuiea região. Há s houve grande ica em certas zoiental com refletransição para É sabido que o II 1 Engenheiro Heriques Jorge Pontes, responsável pelo complexo mineiro de Moatize: «Estamos d estudar a abertura de um novo sistema de explorfção a céu aberto com'uma produção de dois milhões de toneladas anuais. Portanto, a partir de 1980 pensamos que atingiremos três milhões de toneladas de carvão anuais». Vista aérea do complexo carbonífero de Moatize onde se processa neste momento a exploração de três minas. Inicialmente, entre 1925 e 1948, a carbonífera funcionou sob a direcção de uma concessionária, a Societé Geologique et Minerale du Zambeze. Era uma multinacional com capitais belgas. Presentemente esta empresa possui 51% de capitais de origem moçambicana. carvão mineral também chamado carvão de pedra, é de origem vegetal. Surgiu do soterramento de grandes extensões florestais dm~ . do à actividade vulcânica. Nouttos locais a fundição e arrefecimento da rocha a grandes temperaturas deu origem aos vários minerais que enriquecem aquela província. Para melhor compreensão do que se passou na região de Tete (com prolongamentos na actual Zâmbia) é importante acrescentar quea causa da existência de minérios é fundamentalmente a mesma que deu origem ao Lago Niassa cuja depressão apareceu devido a um «afundamento» da terra tendo sido o vácuo preenchldo pela água dos rios e das chuvas. Uma das provas da actividade vulcânica registada em Tete está hoje na existência de nascentes térmicas numa das quais, a de Boroma, no mesmo local a água de um lado sai quente da rocha enquanto do outro lado um fio quido é constituído por água gelada. Outra das provas é a existência de mercúrio na província que é um metal liquido. Em Tete são raras as montanhas que terminam em pico. A grande maioria termina em cabeço ou mesmo em planaltos. Quando uma montanha termina em pico é sinal de que é nova (geologicamente nova) pois o vento e a chuva não tiveram «tempo» de desgastar-lhe recurvando-a ou tornando-a plana. Quando ela termina em planalto é sinal de que o vento e a chuva tiveram «tempo» de desgastá-la pelo que essa montanha é velha. São assim as montanhas de Tete onde, aliás, se nota um avançado grau de erosão das vertentes. Mais algumas centenas de anos, e se não houver interferência humana, elas ficarão nuas de vegetação. Enfim, em Tete existem embondeiros como aliás existem em todo o norte moçambicano. Um embondeiro é uma árvore gigantesca, de tronco enorme, ramificaçoes curtas e folhas miúdas. É uma árvore da época terciárla, «irmãu dos grandes monstros vegetais que existiram há milhares de anos. MOATIZE Um dos aspectos particulares da economia moçambicana são as minas de carvão de Moatize. A empresa que faz a sua exploração é a Companhia , Carbonifera de Moçambique que deu origem a uma pequena vila e cujas actividades determinaram a criação da linha férrea Beira-Moatize. Inicialmente, entre 1925 e 1948 a carbonifera de Moatize funcionou sob a direcção de uma concessionária, a Societé Geologique et Minerale du Zambeze. Era uma multinacional com capitais belgas. A partir de 1948 terminou a concessão e nasceu então a Companhia Carbonifera de Moçambique. Presentemente esta empresa possui 51% de capitais de origem moçambicana (para não dizermos moçambicanos uma vez que o Estado não subscreve a totalidade dos 51% em acçSes'). Os restantes 49/* são, como nos foi dito, «indefinidos» o que subentende participação de capitais estrangeiros. Todavia, ali vai-se registando uma TEMPO N:, 355 - pág. 43 gradual absorção pelo Estado moçambicano poisem 1973, 60% do capital era estrangeiro e só 40% poderia ser considerado «moçambicano». Um fenómeno vem-se registando em Moatize. Esse fenómeno é o aumento da produção uma vez que com a lndependfmcia nacio nal abriram-se para a companhia mercados q u e tradicionalmente lhe estavam fechados como é o caso da República Popular Democrática da Coreia com a qual ~oi firmado um contrato de fornecimento de carvão num total de du zentas mil toneladas. Mas os clientes fixos da carbonifera isto é, aqueles cujos contratos se estendem por alguns anos(susceptíveis de renovação) são o Japão, que compra carvão de Moatize desde 1969/1970, e a Roménia que após um ano de vendas experimentais este ano firmou um contrato de fornecimento por quatro anos. Sob o aspecto do aumenco da produção o engenheiro responsável d a q u e 1 e complexo carbonifero, Henrique Jorge Pontes dir-nos-ia que »a partir da independência a nossa produção aumentou muitissimo porque tivemos acesso a mercados que nos estavam fechados. Além disso encontrámos da parte do Governo de Moçambique apoio na resolução de determinadas questões. Isso permitiu-nos duplicar a produção desde princípios de 1975 para cd. Até 1973 não fazíamos mais do que trezentas mil toneladas e Jd hd dois anos que nos estamos aproximando das seiscentas mil toneladas anuais. Este ano a nossa meta eram as seiscentas mil toneladas mas devido a um acidente que tivemos (rebentamento da mina Chipanga 6 no ano passado) não a vamos atingir. Em relação aos planos de alargamento ainda mais profundo da extracção de carvão o mesmo engenheiro disse-nos que havia duas fases: primeiro «aumentar a produção proveniente do subterrneo até a um nível de 900 a um milhão de toneladas anuais com aumentos, também anuais, da or dem das 500 toneladas. Pensamos que em 1979/1980 teremos ating* do, a partir dos trabalhos subterrâneos, cerca de um milhão de toneladas. Simultaneamente estamos a estudar a abertura de um novo sistema de exploração a céu aberto com uma produção de dois milhões de toneladas anuais. Portanto, a partir de 1980 pensamos que atingiremos três milhões de toneladas de carvão das quais dois milhões obtidas de minas completamente diferentes das minas em que temos estado a trabalhar (sistemas e pessoal completamente diferentes) o que exige investimentos muitissimo grandes. Tw do isso estd a ser estudado até pelo próprio Governo moçambicano. Os estudos tecnológicos serão feitos aqui e pensamos que certamente dentro deste ano uma decisão serd tomada relativa a esse plano». A fim de que, dentro de doi anos se possa substituir com mão de obra moçambicana o trabalho técnico de alguns estrangeiros que prestam serviço no interior das minas foi formada na Companhia Carbonifera uma escola de capatazes de mina Eles têm que conhecer todas as profissõea ezercidas nas galerias: carpint4ia, serralharia, mecânica, ete. Na foto, dois dos candidatos a capatazes de mina -TEMPO N. 35 - plg. 44 Actualmente a mina mais profunda é a Chipanga 3 onde se trabalha a duzentos metros de profundidade. Mas como as camadas são inclinadas a quinze graus parase chegar a esses duzentos metros é preciso andar cerca de um quilómetro e meio a descer. Na foto, aspecto da entrada de uma mina vendo-se um mineiro a sair transportado pela correia de descarga. AS CHIPANGAS «Chipanga» é o nome dado a cada uma das minas de Moatize. A «Chipanga 1» e a «Chipanga 2» já há mais de catorze anos que encerraram. A «Chipanga 3» funciona há cerca de três anos depois de longo período de inactividade. A «Chipanga 4» está em funcionamento mas a «Chipanga 5» esgotou o filão pelo que encerrou. A «Chipanga 6» foi a mina que resgistou o grande desastre dos fins de 1976 que pelo seu volume de vitimas mobilizou a solidariedade internacional e enlutou centenas de famílias. Continua paralisada. A «Chipanga 7» funciona em pleno e está em abertura uma oitava, a «Chipanga 8». «Portanto, diz-nos o responsável da carbonifera, temos três poços (Chipanga 3, a 4 e a 7) dois a funcionar normalmente e um a 25%. Um quarto po.ço (Chipanga 8) deve entrar em produção em fins deste mês de Junho e princípios do mês que vem. Actualmente a mina mais profunda é a Chipanga 3 onde temos trabalhos a duzentos metros de profundidade em relação à superfície. Mas como as nossas camadas são inclinadas a quinze graus para chegarmos a esses duzentos metros temos de andar cerca de um quilómetro e meio a descer». São estas três minas e uma quarta que neste momento talvez tenha entrado em actividade que movimentam toda uma actividade na superfície e no interior das Chipangas. Mil quatrocentos e cinquenta trabalhadores ganham o seu pão ali.«Quarenta são estrangeiros e todos os outros moçambicanos. De entre eles novecentos e cinquenta trabalham dentro das minas e quatrocentos e cinquenta fora das minas. Dentro dos quatrocentos e cinquenta que trabalham fora das minas cerca de cento e cinquenta são trabalhadores a quem se pode dizer que têm uma certa especialização: motoristas, serralheiros, mecânicos, ajudantes de mecânico, condutores de central, etc. todos estes serviços que não fazem parte de uma mina propriamente dita mas que exigem uma certa especialização porque nós àqui além das minas de carvão temos que ter um complexo para dar apoio às minas. Dos novecentos e cinquenta que trabalham dentro das minas cerca de quinhentos têm uma especialização. Não é uma especialização adquirida na escola mas uma especialização adquirida na prática. Dentre e s s e s podemos considerar com nível profissional cerca de 100 a 200. São os electricistas, os mecânicos e os chamados capatazes de fogo. São os salvadores, os homens que têm maior responsabilidade numa mina. Deles depende a vida dos trabalhadores dentro da mina». A fim de que dentro de dois anos se possa substituir com mão de obra moçambicana o trabalho técnico de a í g u n s estrangeiros que prestam serviço no interior das minas, foi formada na Companhia Carbonifera uma escola de capatazes de mina. Eles têm que conhecer todas as profissões exercidas nas galerias: carpintaria, serralharia, mecânica, etc. Fazem uma aprendizagem teórica e prática e para além da idade minima de 21 anos têm que ter como habilitações a 6.a classe. CARVÃO E O SEU ESCOAMENTO De entre os produtores mundiais de carvão contam-se os Estados Unidos, a Austrália, a Alemanha, o Canadá, a Inglaterra, a União Soviética, a China e a Roménia. Moçambique, não sendo neste momento um grande produtor tem condições para se tornar num dos mais importantes pois os jazigos de carvão em Tete ainda não estão todos explorados e pode-se mesmo dizer que a sua exploração está ainda numa fase inicial. Só as camadas a arrancar a céu aberto permitem trabalho para 50 anos de extracção. O carvão é, por isso, uma das gruides riquezas nacionais e poderá vir a estar intimamente ligado na manutenção de altos fornos siderúrgicos. O escoamento do carvão de Moatize é actualmente feito através da linha férrea Beira-Moatize e na Beira é carregado para os navios no cais mineral. Esta é a via mais económica se bem que alguns defendam que o transporte fluvial seria ainda mais barato (descendo o Zambeze até à foz). Esta hipótese implica novos investimentos na criação de condições para tal. Outra das opiniões afirma que se poderia fazer uma linha férrea que ligasse Moatize a Nacala através do Malawi. Este segundo ponto exige também a criação de um cais mineral em Nacala e grandes somas na construção da linha férea o que nao pode ser comportado pela venda da actual produção. Toda e qualquer alteração em profundidade exige que se ponha em exploração novos jazigos de carvão que, sendo rentáveis, permitiriam a realização de grandes obras de transformação das vias de escoamento. É verdade que a localização,das minas, a mais de seiscentos quilómetros do, porto exportador, toma o carvão ligeiramente mais caro do que seria se essa distância fosse mais reduzida e se mais filões viessem suportar a criação das tais novas vias. TEMPO N* 355 -pãg. 45 4~ 4~$44;4 444 j44~4./*..4~44444444 444444444 4 ~,ç,4', 44 ~4 ,j. 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Em contrapartida os pescadores pobres, que não possuem nem rede nem barco mas apenas a sua força lde trabalho, animam-se em conversas pelo fim da tarde, agitados discutem a possibilidade de vir a flelhorar as suas vidas. Como surgiu esta nova situação? Tudo começou quando o responsável do Partido explicou aos proprietários e empregados as vanta gens que existiam na formação de cooperativas de pesca. Mais do que ceder os seus meios de pesca para a formação 'da cooperativa, os proprietários das lanchas e redes estão renitentes porque pressentem que, com as cooperativas, termina para sempre o negócio rendoso que a super-exploação da mão de obra lhes proporcionava. A formaço de uma primeira cooperativa de pesca em Mocímboa da Praia - zona extremamente rica em pesca, principalmente de camarão e lagosta -não está sendo uma tarefa fácil. Porém, a luta dos pescadores pobres, se bem canalizada e ajudada, será umfl estímulo e um exemplo para a transformação da vida do litoral moçambicano. Em Mocimboa pesca-se camarão com a água pelo joelho. É efectivamente uma riqueza. A lagosta e outros crustáceos assim como boasi espécies de pei xe existem também em quantidade e podem garantir não só o abastecimento de peiXe ao distrito como à própria província de Cabo 0 elgado. No que respeita ao camarão a fartura é týo evidente que pode estar ali uma grande fonte do divisas com a exportação daquele valioso pescado. Todavia, o sucesso da pesca er4 Cabo Delgado está intimamiente ligado à organização colectiva dos pescadores que em cooperativas de pesca artesanal ou empresas estatais de pesca poderão ver as suas vidas e a do próprio pais transformarem-se Para darmos uma pequena ideia das dificuldades e manobras que ali se verificam para a formação da primeira cooperativa iremos ei seguida transcrever sem comentários um diálog travado entre o repórter da «Tempo» e vários $escadores, proprietários e empregados, numa amhurada junto à praia dos pescadores em Mocimboa.[ Sem conhecermos ao princípio qdem eram os pa trões e empregados a linguagem e la indumentária cedo nos revelaram. Foi um diálogo caloroso ao meio da manhã num dos últimos dias do mês deMaio. De ma coisa ficámos certos «para os patrões o mar é doce» - como afirmou Urálbu Kuepere, uni pescador pobre de Mocimboa. TEMPO N, 355 - pág. 47 5de AO LADO: A rede que seguram não lhes pertence. Metade da pescaria é sempre p~ & patrio. O que resta é dividido por todos os pescadores que participaor'mwuela faina. EM BAIXO: Os donos das lanchas habituados a explorar a mão de obra de outros pescadoreo ficam renitentes em formar a cooperativa. Na imagem o dono de uma lancha. UMA COOPERATIVA NAO NASCE SEM LUTA Um dono da lancha: O trabalho vai bem só temos encontrado difIculdades porque os barcos não têm motor. Entregamos o peixe quando ele já está podre. Pescador:-Aqui há muitas maneiras de pescar, há gamboa, tem à rede, tem anzol, tem de apanhar polvo, tem de cesto, conforme aqui não temos uma única maneira de pescar. Repórter: Quem faz parte de Cooperativa de pesca? É composta por pescadores de rede, anzol ou quê? Dono da lancha: Qualquer pode fazer parte da cooperativa. Aqueles que fomos contados noutro dia éramos pescadores de anzol, de rede e de gamboa e os que têm embarcações. A cooperativa ainda vai Qer formada, ainda só deram os nomes. Repórter: Quantas pessoas já escreveram o nome na cooperativa? Dono da lancha:-inscreveram-se 32 pessoas. Neste número há pescadores de rede, de gamboa e donos das lanchas. Repórter: Quando o camarada responsável do Partido veio cá paTEMPO N, 355 -pág. 48 ra discutir a formação da cooperativa, houve a i g u n s pescadores com um bocado de dinheiro e por que eram donos dos barcos não queriam entrar na cooperativa. Porquê? Sualé Ali (dono de uma lancha): Eu tenho lancha outros pescadores não têm lancha. Como é que há-de ser juntada a cooperativa, perguntámos nesse dia. Repórter: Mas com certeza vos disseram que o barco, ou melhor o dono do barco não ia perder o seu dinheiro e se um dia saísse da cooperativa havia de devolver o dinheiro com que ele entrou, neste caso o preço do barco não é? Não acha que só unidos é que poderão avançar? Vocês disseram que não têm motor. Mas primeiro vocês vão unir todos e pescar só a vela. Com o dinheiro que vão ganhar aqui, vão depois comprar o motor, não é? Saulé Ali: Sim é verdade mas eu sou o dono da lancha há muitos, anos. Eu próprio pesco e tenho dois empregados. O PREÇO DA EXPLORAÇÃO Dono da lancha: Quando regressamos com o peixe do mar tiramos o peixe todo. E quando vendemos tiramos uns peixes por causa da lancha e outra metade damos aos pescadores. Repórter: Vamos lá saber. Supunhamos q u e o s pescadores trouxeram 30 peixes, por exemplo. Primeiro o patrão da lancha tira 10 peixes para o pagamento do barco e depois ficam 20 peixes. Desses 20 peixes como é que dividem? Dono da lancha: Quando tem 1W peixes... Repórter: Não... eu disse que por exemplo pescaram 30 peixes. Dono da lancha: estou a contar na mesma os 30 peixes. Não tiramos 10 peixes para a lancha... Repórter: tiram quantos, então? Dono da lancha: -Quando apanhamos 10 peixes tiramos dois, quando apanhos 20 tiramos 4 e assim sempre. Repórter: Portanto quando pescam 10 peixes tiram 2 para a lancha, ficam então 8 peixes e estes 8 peixes como é que vocês dividem com os seus trabalhadores? Dono da lancha: Por exemplo quando arranjamos 100 escudos com esses 8 peixes esse dinheiro a gente divide com os pescadores e o dono da lancha... Repórter: Aqui em Mocimboa da Praia hd muitos pescadores não h:4? Pescador: Aqui hd centenas de pescadores. Repórter: Mas os donos das lanchas são muitos? São muitos os que têm lanchas? Pescador: há muitos. Repórter: Mas' por exemplo aqui entre estas 32 pessoas que se inscreveram para a cooperativa quantas pessoas têm lancha? Pescador: Ainda não sabemos quantos têm lanchas. Repórter: E quando pescam mesmo muito a população compra o peixe? Pescador: Pode pescar o mais que pescar e não chegar para a opulação. A população compra tudo. PARA O PATRÃO EMPREGADO 2 SEMPRE PREGUIÇOSO Abdala Chaúlle (dono da lancha): Esta coisa da cooperativa astd.custar a formar porque os OuWros pescadores só querem dlnheiro só para comer, não têm força para trabalhar, não querem trabalhar. É por isso quando os responsáveis dizem é preciso fazer cooperativas nós não estamos a gostar porque estes pescadores não vão trabalhar! Repórter: Há muitos trabalhadores que não querem trabalhar? - Mas os donos das lanchas por exemplo quando saem com esses pescadores seus empregados vêem que eles não trabalham? Então porque é que não querem trabalhar? Repita lá o que disse faz favor? Abdala Chaúle: Quando vamos à pesca por exemplo hoje arranfamos peixe. Chego aqui vendo e amanhã os pescadores já não querem sair até acabar o dinheiro que gAaram! TEMPO N 356 - pig. 4S Repórter: Quer dier que o pro Abdal: 4d~.o da Iafl): 9 blema então é com os pqscacotes isso mesmo/ que não querem trabalhar, nd -t aq ~m pes dono da lancha... Quad 08 1 Reótr eéaqiagmps cadores num dia têm dinheiro não C perto aria o ege ar? querem trabalhar mais. Quer dli- u <'er l8 com ele! zer esses pescadores não querem Peeador: às*o au /em! ir para a cooperativa porque abem que vão trabalhar todos os ep1r Um cooperativa co..~a, é 1880? se é p~l favorecer uiqi A vend, das espécies pescadas está garantida. A quantidade de camartio existen" te em Mocímboa da Praia aponta para a necessidade da formqaço de cooperqtiva. e empresas estatais de pesca, visando atd a própria exportação. TEMPO No 355 - pãg. 50 grupo de pessoas não uma única pessoa A cooperativa também preteríde juntar as pessoas mais pobres para elas poderem oru1I: zar-se e melhorar assim as a vidas. Quer dizer os pobres quando estio separados, desunidos fl-. cam sempre pobres, mas quando se juntam começam a pouco e Pouc criar riqueza. Quando uma, pesso com lah junta aos pescadores pobres eles todos juntos vÃo criar ainda mais riqueza, melhores condiç'es de vida, não é verdade? Mas é preciso trabalhar, o que é que pensa sobre a formação desta cooperativa? Assane Faque (que era pescador) :Se eu por exemplo tiver lancha e rede e chega ali uma pessoa que não tem nada e depois fica dono também das coisas que eu comprei então demora a fazer a cooperativa. Tempo: Então você prefere ficar pobre a vida inteira? Não quer melhorar a sua vida, quer trabalhar sempre para outra pessoa, para o patrão? Assane Faque: Nós queremos ser ricos, eu por exemplo tenho a minha lancha... Repórter (interrompendo e oucadores): Então você não é pesvindo gargalhadas de outros pescador, você é patrão! Eu disse que queria falar com um pescador que seja empregado para saber se aquilo que o outro patrão disse deles de não quererem trabalhar é verdade! Amarati N'Guzi (pescador, não possue lancha nem rede, alis trabalha com a rede de um patrão) avança para responder: - Euvim de Pemba para trabalhar aqui e como não arranjava outro serviço tive de começar a pedir serviýo de pescador. Desde que comecei a trabalhar quando apanho muitos peixes com a rede ponho esse peixe na lancha. Seja que quantidade for, uma parte, metade, é para ser distribuido por todos os pescadores da lancha e a outra metade para o dono da lancha. Mas acontece sempre que mesmo quando a venda toda rende mil escudos, o dono da lancha só nos d 15 escudos, sempre... OITO ANOS SEM DESCANSO Repórter: Então não é verdade o que estava aqui a dizer o dono Donos das lanchas e pescadores sem meios pouco antes da reunião com o reporter. Da reunião ficou bem patente que uma cooperativa não noace sem luta. Em baizo: A pesca do camarao é feita geralmente por mulheres. da tanha. Diga l isso ao seu pa- Repórter: (falando para todos o trão aqui, diga! 0 dono da lancha para o patrão em particular): O disse hd pouco que dava metade, pescador N'Guzi disse trabalha dividia em partes iguais para ele para você hd 8 anos e nunca fale seus empregados, mas parece tou é verdade? que não é assiml Amarati NGuzi (pescador) Na pesca de rede, a rede também é de um patrão, a gente nem pode alugar essa rede mas quem arranja somos nós, na pesca de rede é assim, metade da pescaria vai sempre para o patrão o resto é dividido por todos os pescadores que tomam conta da rede e isso não dd nada. O patrão não pode mentir estd aqui! Repórter: Isto de facto é uma grande exploraçdo. Oiça N'Guzi aqui hd bocado este patrão, dono da lancha, disse e você ouviu que os pescadores s ã o preguiçosos quando tm dinheiro vão beber em vez de ir trabalhar. É verdade isto? Amarati N'Guzi: Iá oito anos que trabalho para este meu patrão aqui. Pergunta lã a ele se a~ vez já faltei. Só faltei uma vw ou~ utavêumo, doente. Dono da rede: 9 sim! Repórter: Oiça N'Guzi! Você durante estes 8 anos que estd a trabalhar a sua vida jd melhorou os seus filhos estão na escola e andam bem vestidos? (Risos de todos os pescadores pobres, olhando uns para os outros) Amarati N'Guzi: Só arranjo dinheiro para comida. Durante estes 8 anos só tenho arranjado dinheiro para alimentação. Repórter: Mas o dono da rede como vive, como veste? Onde est o dono da tua rede? É este aqui? Mesmo ao lado do repórter está o dono bem vestido com o tradicional fato branco e sapatos. Chama-se Samati Faqui e vive numa casa boa maticada ali perto em frente dele Amarati N'Guzi roupa velha e rota, descalço. Repórter, (dirigindo-se aos pes cadores pobres): Então a Cooperativa é uma coisa boa ou md? Amarati N'Guzi: Eu não posso dizer na prótica porque ainda não começou a cooperativa. Mas se é aquilo que o responsdtel do Partido explicou hd-de ser boa coisa. Também compreendo que os patrões não estão a querer a coope rativa porque estd ser combatida a exploração deles. Vai acabar com essa coisa de eles pagarem só com um pouco de peixe. Os donos das lanchas e das redes muitos não estão a querer aceitar porque esido acostumados a fazer exploração contra nós. Repórter: Você jd comprou hd muitos anos a sua rede não? Samati Faqul: Comprei a rede nova no ano passado. Repórter: E agora com essa rede põe outros homens a trabalhar para si não é? Repórter (dirigindo-se aos pescadores pobres) - vocês com dinheiro que os donos das redes vos pagam podem comprar algum dia uma rede para vocês? (Novamente risos dos pescadores pobres) -Não chega nem para comer - dizem quase em coro. Repórter: Por isso companheiro o problema estd aqui. Vocês têm de se unir para formar a cooperativa e conseguir melhorar a vossa vida. A cooperativa é muito importante para acabar com a exploração que fazem aos pobres. Moçambique é um pais onde a maioria é pobre. Se os pobres se unirem e trabalharem com força podem derrubar aqueles que agora lhes estão a explorar. Temos agora um Partido que nos vai ajudar nesta luta. Uraibu Kuepere (pescador pobre): Eu penso que a gente se tiver ajuda podemos fazer a nossa cooperativa. Para os patrões o mar é doce! Em Mocímboa da Praia há centenas e centenas de pescadores sem lanchas e sem redes. Com uma boa mobilização e ajuda há campo fértil para a formação rápida e vantajosa de várias cooperativas de Pesca. T TEMPO N.* 355 - pâg. I1I ESTIUTURA 1.0 SEMINARIO NACIONAL DA IHIOMACIAD. A partir desta semana passamos a divulgar junto do leitor como se está a desenrolar o 1.' Seminário Nacional da Informação. Iniciamos esta série de trabalhos com a divulgação da estrutura do Seminário e alguns dos assuntos gerais mais importantes que nele se debatem. 1 -A COMISSAO DE DINAMIZAÇÃO Esta comissão é composta por: -3 elementos do gabinete de estudos do Ministério da Informação um dos quais preside a todas as reuniões que a envolvam; - 2 jornalistas da «TEMPO»; -2 do jornal «NOTICIAS»; - 3 da Rádio Moçambique; -2 da Agência de Informação de Moçambique (AIM); -1 do jornal «NOTICIAS DA BEIR-A»; -2 elementos do Instituto Nacional de Cinema (INC); - 1 do Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD); - 1 da Direcção Nacional de Publicidade e Propaganda (DNPP). As tarefas principais desta Co missão são as seguintes: a) orientar os trabalhos preparatirios do Seminário; b) dinamizar a discussão em todos os Orgãos de Informação (O. I.) distribuindo textos de base e provocando o debate entre os jornalistas; c) reunir quinzenalmente com os responsáveis dos Grupos de Trabalho e mensalmente com todos os jornalistas desses Grupos de Trabalho para análise conjunta e coordenação; d) recolher os documentos finais dos Grupos de Trabalho e levá-los a plenários de jornalistas para aprovação; e) organizar encontros entre os jornalistas e profissionais de informação nacionais e estrangeiros assim como encontros entre os jornalistas e responsáveis do Partido e Governo; f) produzir o documento «Informação e Transição para o Socialismo na República Popular de Moçambique» pondo-o depois à discussão entre os jornalistas. 2- OS GRUPOS DE TRABALHO Há dez Grupos de Trabalho constituídos por elementos de cada O. 1. com um responsável cada, nomeado pela Comissão de Dinamização, cuja tarefa é coordenar o andamento dos trabalhos e dirigir as reuniões. Estes Grupos de Trabalho reunem duas ou mais vezes por semana. Os temas em estudo são os seguintes: GRUPO A- Aspectos formais e linguísticos; Línguas nacionais; Acessibilidade da linguagem. GRUPO B - Recrutamento e For mação profissional; Formação política; Contacto com as massas trabalhadoras. GRUPO C - Publicidade; Problemas financeiros; Distribuição; Racionalização de meios humanos e materiais. GRUPO D - Aceitação Popular da Informação. GRUPO E - Organização Nacional de Jornalistas; Estatuto dos jornalistas; Estatuto das redacções; Especialização ou Polivalência dos jornalistas. GRUPO F -Luta Ideológica e de' mocratização das estruturas. GRUPO G - Jornalismo e Crítica; Informação e Mobilização; Informação e Reconstrução Nacional; Crítica e Auto-crítica. GRUPO H - Coordenação e n t re os Orgãos de Informação e ReTEMPO N.° 355 - phg. 52 Uma das reuniões gerais de trabalhadores, quando era discutida a «TEMPO» lações com as Estruturas do Par tido e Estado. GRUPO I - Informação e Transição para o socialismo na RPM (grupo constituído pelos elementos da Comissão de Dinamização). GRUPO J -Informação e propaganda. A tarefa principal dos Grupos de Trabalho é reunir informações sobre os temas usando todos os meios ao seu alcance. Estes grupos podem convocar plenários de jornalistas sempre que necessário. Depois de redigidos os documentos estes têm ainda que ser aprovados por todos os jornalis tas reunidos em plenário. Os textos saidos dos Grupos de Trabalho- cuja data limite para aprovação é 15 de Agosto constitui rão os documentos- base do Seminário. Por outro lado, cada jornalista pode apresentar trabalhos individuais que, se aprovados pela Comissão de Dinamização, passarão a ser também textos de base para o seminário. 3- AS REUNIÕES GERAIS DE TRABALHADORES DA INFORMAÇAO As terças-feiras ao meio-dia os trabalhadores dos O.I. (jornalistas e demais trabalhadores) reunem para discutir este ou aquele 0.1. Já foram discutidos 4: Rádio Moçambique, «Notícias», «Tempo» e «AIM». Nestas reuniões cada 0.1 apresenta o seu relatório aos outros 0.1. e recebe as críticas destes em relação ao seu trabalho e também em relação ao relatório. Estas são as intervenções colectivas. Há também intervenções individuais. Sempre que necessário a Reunião Geral de Trabalhadores pode convocar mais do que uma reunião sobre um determinado 0.1. Por exemplo, já houve três reuniões sobre o jornal «Noticias» estando prevista para breve uma quarta reunião. A Rádio Moçambique, por sua vez, pediu -mais uma Reunião Geral porque, como foi o primeiro 0.1. a ser discutido, as críticas não foram suficientemente protundas. Esta segunda reunião realizar-se-á no princípio do mês que vem. 4-AS REUNIÕES EM CADA ÕRGAO DE INFORMAÇÃO Cada 0.1. reune duas ou mais vezes por semana para: a) redigir o seu relatório; b) discutir os outros 0.1.; c) analisar os relatórios dos outros 0.1.; e, d) aprofundar os temas dos Grupos de Trabalho. 5 -PLENÁRIOS DE JORNALISTAS Estes plenários, efectuados à noite, são convocados para discutir os assuntos mais específicos da profissão e, em breve , a Comissão de Dinamização fará um convite a elementos das várias estruturas do Partido e Estado pa ra assistirem a estes plenários. ALGUNS TEXTOS DE BASE Sã,) estes alguns dos textos de base para o Seminário: - Reunião entre o Presidente Samora e os jornalistas rea lizada em Agosto de 1975. - Discursos do ministro da informação, Jorge Rebelo, na abertura do Seminário e um outro proferido na abertura da 1." conferência africana de cooperaço cinematográfica. - Lenine: A Função da Imprensa; Sobre o Significado do Materialismo Militante. - Mao Tse Tung: Palestra aos Redactores do Diário XansiSul-Luan; Contra o Estilo de Cliche do Partido; Contra o Culto do Livro. - Citações de Marx e Engels. - «Sobre o Liberalismo» e «Sobre a Crítica»: série de artigos do jornal «Notícias da Beira» em Abril/Maio deste ano. e TEMPO N.° 355 -pg. 53 04 SEMINARIO NACIONAL DA INFORMAÇÃO LEITORES E E OUVINTES: as vossas criticas são indespensáveis, enviem-nas para: Comissao de Dinamnizaç&o do 1.0 Seminário Nacional da Informação Ministério da Informaç&o Av. Ho Chi Min, 103.. Maputo. 1~ TEMPO N 355 -pg. 14 9 1.' CONFERENCIA NACIONAL IA JDVENTUDE gerd realizada em lezembro deste ano a primeira Conferência Nacioa da Juventude, conforme aie~ziou Zacarias Kupelà4 Secretário Nacional da OrganIzação da Juventu e Moçambicana durante uma conferênia, de impiiensa que concedeu durante o ltimo fim de seman4. Durante o período que antecede à realização da Conferência Naciona, a Organizaçao'da Juventude promoverá uma inte.sa campanha de sensibilização da juventude através das estruturas do Partido, as sim como realizará tio nível de todo o pais reuniões onde possa. recolher as principais preocupações e problemas que afect9m actualmente a Juventude. Na Conferência d imprensa que deu aos ergãos de informação nacio*ais, o Secretário Geral da OJM fez uma breve anális' sobre os principais problemas i que afectam a criaç4o das estruturas da Organização da Juventude pok. todo o pais, e ainda sobre os i planos quw. deverã 8er postos em prática a curto 9 actual plano de acção da Or g ão da Juventude na prea de preparação da anferência Nacional da Juventw de caracterízar-se-ã pela senslbiliSza o do povo, e particularmente d4 juventude, para as questões liaàa Organização da Juventudl, criação das suas estruturas ao níVel de todo o pais. A este nivel o lSecretariado da OM considerciu que seria necessário desenvol vEr desde já, «e através das es trituras do Partido, iremos formkr activistas no trabalho prdWc£, como a criação de brigada dd jovens que, da Nação irão à pi ovíncia. desta ao distrito e às AI Comunais, cooperativas, pa'a participarem com as popW a4ões no trabalho do dia a dia». trerindo a importância deste traiho Zacarias Kupela acres tou que através deste trabalho :fer neawi NacJuiL < o&, jovens que participarem na ao abctirts entre b das de activação e sensibilia. tternoderiam «aumentar a8 A Organização da Juveintude não será uma organização para os jovens deste ou daquele sector, mas para todos os jovens moçambicanos dos quais a maioria se encontram nos locais de trabalho haeásmnáis esõsclu Zacarias Kupela, Secretário Geral da Organização: «na Organização há lugar para tqdos os joveanjovens patriotas e anti-imperialistas». seus conhecimentos, conhecer os problema reais do povo e, ao mesmo tempo, transmitirlhes as preocupações do Partido». Sobre outras formas de preparação da Conferência Nacional foram referidas «cursos semanais ou quinzenais, que os jovens representando estruturas da juventude de diferentes sectores, vão-se reunir para desenvolver um estudo político. Além destes cursos, haverá seminários, sessões culturais e outras actividades». A OJM Contrariamente ao que nçuitas pessoas, e neste caso concreto, muitos jovens pensavam que iria ser, foi claramente reafirmado que a Organização da Juventude Moçambicana seria uma organização de toda a juventude - uma verdadeira Organização de Massas como o decidiu o III Congresso - e não como pensavam alguns, uma organização comanda da e dedicada especialmente a englobar os estudantes, os jovens que frequentam as escolas. É que os jovens, essencialmente pelo processo de discriminação de que eram alvos durante o período colonial-capitalista encontramse principalmente ao nivel do campo, encontram-se nas fábricas, encontram-se nos locais de trabalho. Daí que a OJM defina que para se ser seu membro é apenas necessária a participação do jovem na Organização: «jovens que sintam que Moçambique é a sua pátria, que sintam que a Luta de Libertação Nacionaäl, os sacrifícios consentidos pelo nosso povo para que o nosso pais fosse Independente, jovens dispostos a valorizar as conquistas revolucionárias, o trabalho já iniciado». Referindo-se às dificuldades que a OJM tem encontrado no seio dos jovens sobre a compreensão destes problemas, Zacarias Kupela afirmou que «ainda existe uma compreensão errada no seio doí jovens que pensam que na OJl só irão participar aqueles que vãí às reuniões do Grupo Dinamiza dor, ou tomam parte nos traba lhos-que o Partido tem vindo realizar. Mas nós dizemos que, m Organização há lugar para todo os jovens -jovens patriotas e an ti-imperialistas». «Outra dificuldade que temos que nunca existiu uma organiz ção da juventude no nosso pai A nossa experiência baseia-se , sencialmente no estudo da pr pria experiência da FRELIMO, o da Organização da *Mulher Mq çambicana». Contudo, foi referid, que já existe trabalho desenvolv do. «Os jovens participam nas br gadas de mobilização das populc ções na construção de Aldeias C munais, apoiam a formação d cooperativas agrícolas, a alfabet zação e educação sanitária, alé de outras actividades». TEMPO N.* 355 - p g. 56 Ainda entre as dificuldades en contradas foram apontadas a nível organizacional e de estruturação a falta de tarefas concretas para a organização da juventude nas cooperativas agrícolas, nas esw colas, nas Aldeias Comunais, locais de trabalho. Também a definição de métodos de trabalho e de ligação entre as estruturas da célula à Província e desta à nação foram apontadas entre as dificuldades. Contudo foi dito que as deficiências são diferentes de província para província donde nasce a «necessidade de conhecermos tais problemas, antes de traçarmos o plano de acção que cor respondesse precisamente às preocupações da juventude moçambicana, e à situação em que vivem os jovens de todo o país». DESPERTAR Uma segunda fase da preparação da Conferência Nacional da Juventude, que se realiza como já referimos em Dezembro deste ano será caracterizada pela realização de Conferências ao nível dos Distitos. Nessas Conferências serão discutidos e analisados documentos de base para facilitar a participação produtiva dos jovens nas próximas conferências provinciais - que serão feitas a partir de 15 de Outubro até meio de Novembro. Sobre os problemas que o Secretariado Nacional da OJM enfrenta na presente fase, Zacarias Kupela referiu que são «muitos problemas de vária ordem». «Primeiramente, a questão de quadros: activistas da juventude para desenvolverem várias tarefas, definidas no Plano de Acção. Sendo a OJM uma organização democrática de massas, é necessário que haja uma participação democrática, maciça da juventude nas tarefas de que o Partido nos incumbiu. Por isso, uma das nossas maiores preocupações é procurar a forma de engajar um número cada vez mais crescente de jovens nas tarefas do próprio secretariado, nas estruturas provinciais e distritais; a nível de células, dos locais de trabalho». «Outra questão: Ainda não foi leito um trabalho de divulgação dos programas de trabalho con- Até à realização da Conferência Na cional a Organização da Juventude realizará trabalho de sensibilização junio aos jovens para a criação das estruturas da Organização a todos os niveis. creto, a nível das populações e, em particular, a nível da juventude. Os jovens, por isso, têm deparado com a dificuldade de não puderem assumir a importância da sua participação. Tendo em conta que existem -muitos vestígios da sociedade tradicional e colonial que nós herdámos muitos jovens encontram-se ainda alienados pelo sistema. Só através de um trabalho político profundo, através da realização de várias tareias concretas, tais como actividades culturais, colóquios, seminários outros tipo de ocupação se poderá fazer despertar a consciência da juventude, para que participe nas tarefas da fase presente do nosso Pais». «Podemos também mencionar outro problema: É que, a nível dos locáis de trabalho e de residência, não existem estruturas capazes de enquadrar jovens de todas as camadas sociais e de todas as actividades, dificultando assim a nossa organização». «.z necessário que haja jovens dinâmicos, jovens que se preocupem realmente com as questões da nossa organização, que façam compreender aos outros qual o seu papel na Revolução, que os tragam para a organização, para que esta tenha um número sempre crescente de membros». Finalmente aquele responsável da OJM falou-nos sobre as formas a serem utilizadas para divulgação da actividade da juventude moçambicana a nível internacional. «No plano 'internacional, também foi estabelecida uma forma de divulgar a luta do Povo moçambicano, eem particular a actividade da juventude. Informámos, por meio de cartas,, outras orgaiizações sobre a criação da OJM, suas tarefas e plano de acção». «Podemos dizer que esta foi a nossa primeira preocupação, no plano diplomático: estabelecermos contactos com organizações nacionais e internacionais progressistas e revolucionárias, tanto em países socialistas como capitalistas». «Temos também a preocupação de participar em seminários e conferências regionais e internacionais, cujos temas digam, principalmente, respeito à luta dos povos ainda oprimidos do Mundo e à luta contra o capitalismo e o imperialismo». TEMPO N 355 - phg. 57 COMO AGE O 0 Análse política da sitaão oconomica e social do Pais em C <unicado do Conselho de Mnistros suma s~o 1a 4, dCo-slh da Mint. rigda pdoP. sedo dia 16 um comunicado em quý se faz a anlseglobal das a ecol Dada a Importáncla deste doumento, a que nos roferiemos eais p de Ministros decidiu que seja obj",to de estudo em todos o* a~es nom Pública, empresas estas e empOesas sob contrdol do Estado. t o seguinte o texto i-tegral $1 referido Comunicado. Sob a direcçio do PresideI lugar uma sessão alargada d< tros, a que estiveram presente do Conselho de Ministros, os G víncias. A reunião teve por objec anãlise global da situação do P No decurso da sessão foi particular de cada uma das Pri gnostlcados os principais pro tam nesta fase histórica da foram profundamente debatid I- SITUAÇÃO Lte da Repúblca teve 1 Conselho de Minis,além dos membros )vernadores das ProIvo proceder a uma Lis. xaminada a situação )víncias, e foram dia)lemas que se suscL Fida nacional e que >o analisados. iente da República, foi emitido no pasõmlca e social do Pais. wmenor na mltima Páginan, o Conseofo amínte no Apareho de Estado e Função ACTUAL No exame a que se procedi gnadamente, que: -u constatou-se desi1. Quanto ao abastecimento: a) carências graves de produtos essenciais k vida das populações (produtos alimentares básicos, de higiene, rtigos de vestuario, medicamentos e roups hospitalares, etc.), sobretudo nos maiors centros urbanos e nas zonas rurais ondo por vezes facilitam infiltrações e recrutaeto de agentes do inimigo; b) carência de outros 1 s e produtos indispenságeis ao funclonpmento e desenvolvimento da economia (sementes, adubos alfaias, matérias-primas para Indústrias, equipamentos, peças e so ressalentes, etc); c) falhas graves no lun ionamento de estruturas e serviços conxos com o abastecimento (BRIs, desalfaI degamento de produtos, despacho de me oas, etc); d) sabotagem económc* persistente e ge ralizada, traduzida en destruição e abandono de empresas, eqt4pamentos ou estabelecimentos, mano b as de especulação é aÇnbarcamento, fuga de divisas, desvio de bens para o exterior, tc; TEMPO 1-o 355 .-pãg. I e) dlflc )ofalta 1 ~l ildades no escoamento e comercializaLe produtos; de transportes e de Infr ruturas s adequadas. 2. Quanto ao funcionamento das estu4as do Estado Manifests e falhas no funcionamento e artlculaglIds div Drsas estruturas (centrais, provinciais. dtritaise cais) que se revelam, nomeadamente: IN IMIGO a deficiências na pronta nfor~ , entre os diversos níveis de.estruturas, das decises tomadas; b) falta de inserção adequada das estruturas provinciais no processo de elaboração do plano; c) atraso na estruturação dos governos provinciais, e falta de representação ad2quada dos Ministérios ao nível das Províncias e distritos; d) subsistência de métodos de trabalho colo nial e de espírito burocrático e de rotina na solução dos problemas, o que faz com frequentemente eles só encontrem resposta adequada quando tratados ao nível dos próprios Ministros; e) dificuldades na mobilização dos recursos financeiros para os fins a que foram ou po dem ser afectados, devidas em grande parte à pesada burocracia e métodos de controlo inadequados que tornam dificil a sua utilização em tempo oportuno. 3. Quanto aos quadros: a) infiltração no selo do aparelho de Estado, .e nas empresas, de elementos sabotadores, indisciplinados e indisciplinadores, falta de interesse pelo trabalho e pelo aumento de conhecimentos profissionais e científicos; b) elitismo em certos sectores, designadamente nas InstItuições de crédito; c) chocantes diferenças salariais e mobilidade extrema e descontrolada de pessoas; d) ambição. desenfreada pelos lugares, particularmente pelos deixados vagos pela salda de estrangeiros, oportunismo e procura de privilégios e benefícios materiais; e) falta de espírito de austeridade e esbanjamento de bens; 1) ausência de uma permanente inventariação dos quadros existentes que permita promover de um modo continuo o seu melhor aproveitamento; g) necessidade de os Ministérios intensificarem o apoio às Províncias; h) obstruções ao exercício da autoridade das 1-ovas estruturas. 4. Outras deficiências e problemas: Constatou-se que, frequentes vezes, alguns problemas podem ser resolvidos lançando mão de soluções populares, em que foi tão fértil e rica a experiência da luta de libertação nacional. Muitas estruturas rejeitam aquela experiência e revelam falta de iniciativa e Imaginação na superação das dificuldades, permanecendo passivas sob a Invocação de falta de meios ou recursos adequados, quando tantas vezes essas dificuldades seriam ultrapassadas contando com as próprias forças e recorrendo à mobilização e .a p o i o das populações (caso típico é o do escoamento e distribuição de Produtos e mercadorias). Yoi ainda examinada a existência de campanhas ~acçes declaradamente subversivas que, multas delas, se inscrevem no plano de desestabilização da República Popular de Moçambique orquestrada do exterior. 11-ANALISE DA SITUAÇAO ACTUAL Uma vez detectados os problemas que enfrenta mos nos vários sectores, importa agora fazer um estudo das suas causas concretas do modo a conhecermos a sua origem e melhor podermos ultrapas,sá-los. Como chegámos a esta situação? Recordemos, como referência meramente pontual, alguns antecedentes históricos: Em 25 de Abril de 1974, o colonialismo português, à beira do colapso militar em algumas das suas frentes de guerra, sofria os efeitos duma crise económica estrutural do' capitalismo mundial, fortemente agudizada pelo desenvolvimento das lutas de libertação. 0 25 de Abril foi, pois, e sobretudo, uma desesperada tentativa de contrariar o impetuoso avanço do processo revolucionário em curso nas colónias em luta, propondo-se encontrar, soluções de tipo neocolonial que salvaguardassem os interesses colonial-capitalistas seriamente ameaçados. A essa luz se deverão interpretar as várias tentativas desenvolvidas, quer pelos governos que em Portugal se seguiram ao 25 de Abril, quer pelo go. verno provisório instalado em Moçambique, tentativas essas frustradas pela correcta actuação da FRELIMO e pelas negociações que conduziram aos Acordos de Lusaka. Com a tomada do poder pela FRELIMO, desvaneceram-se algumas das esperanças do capitalismo implantado no nosso Pais, que, levado a mudar de táctica, se lançou numa guerra económica destinada a provocar o caos económico e social, procurando tirar o máximo partido da partilha do poder que caracterizou o Governo de Transição. Após a proclamação da independência e as imediatas primeiras medidas de nacionalização, perdidas todas as esperanças de «recuperar» a FRELIMO, o capitalismo intensificou a sua agressividade, e passou a jogar abertamente na desestabilização nterna. A realização do III Congresso, pelas decisões nele tomadas e clarificação das nossas opções fundamentais, constituiu um golpe profundo nos sectores remanescentes da burguesia colonial e na Incipiente burguesia nacional. Agudizase a luta de classes. É neste contexto que se impõe uma análise e reflexão da situação do nosso Pais, e dos métodos que o inimigo põe em prática. Tal análise demonstra que existe uma verdadeifa acção concertada contra o nosso poder e as nossas conquistas revolucionárias, que encontra terreno fãci nas nossas Insuficiências de capacidade em meios humanos e materiais para a realização de todas TEMPO N,° 355 - P-g. M as tarefas de defesa da nossa soberania e da reconstrução nacional e, simultaneamente, para detectar e neutralizar todas as manobras de sabotagem do inimigo. Assinale-se que o aparelho de Estado que herdámos, pela sua natureza, estruturas e métodos de trabalho, porque concebido para defender interesses capitalistas, não nos permite um combate enérgico contra as manobras do capitalismo, e retarda a nossa capacidade de resposta às iniciativas do inimigo. Devemos assim, distinguir claramente essas nossas insuficiências e incapacidades, da acção directa ou indirecta do inimigo externo ou dos seus agentes InteMos. 2. Acção do inimigo A causa principal das nossas dificuldades são as acções deliberadas, directa ou indirectamente, contra a nossa economia, desenvolvidas pelo inimigo externo e seus agentes no nosso seio. O objectivo do inimigo nas acções que desenvolve é impedir que o Povo moçambicano ganhe a grande batalha da produção, que permitirá criar as condições materiais para o triunto da revolução. São produtos básicos, matérias-primas e sobressalentes que importamos, mas que não chegam por alegadas razões apresentadas pelos fornecedores estrangeiros e capitalistas sediados no nosso País. São produtos que chegam, mas deteriorados ou ttalmente inutilizados, pelos inimigos do nosso poder. São máquinas e equipamentos que, delibera~a mente, são enviados incompletos ou com deficiências técnicas. São notas falsas que se introduzem no Pais com o fim de desorganizar o nosso sistema financeiro. São bilhetes de passagens aéreas falsos fabricados para obter criminosamente divisas. São documentos que se roubam com o objectivo de receber, no estrangeiro, o valor de mercadorias que constituem nossas exportações. TEMPO N.- 36 -P4. 80 É a subfacturação e sobrefacturação como práticas generalizadas. São manifestações de indisciplina fomentadas nos hQspitais, nas escolas, nas unidades de produção e nas diversas instituições em geral. Estas acções conduzidas pelo capitalismo internacional, são realizadas concertadamente com o sector capitalista ainda forte que existe no nosso Pais e que, sabendo-se ameaçado pelo avanço da revolução, aumenta a sua agressividade sabotando sistematicamente o nosso processo de reconstrução e de desenvolvimento. Na p r íá t i ea, esta sabotagem manifesta-se, na sua forma subtil, na demora ou recusa de transporte de produtos para os centros consumidores; no desinteresse pela compra de produtos aos camponeses, alegando os mais diversos motiv os, como a falta de fixação de preços pelo Governo; no açambarcamento de produtos essenciais, na prática e na sabotagem da nossa jovem estrutura comercial em organização, ao mesmo tempo que se destroem os circuitos de comercialzação deixados pelo colonialismo. As agressões do regime racista e ilegal de Smith, que procura sobretudo alvos civis, bens e meios de produção, inserem-se nesta acção global do imperialismo para desestabilizar o nossos poder. Mas estas agressões não são actos isolados de um regime desesperado. Estamos a assistir à aplicação de um vasto plano que corresponde à táctica actual do imperialismo contra os governos populares, os governos que realizam os interesses do povo. Segundo os novos métodos, o imperialismo combina a agressão, a subversão, a sabotagem económica e a desorganização geral. Diminui a produção, criando indisciplina no seio das empresas, recusando-se ou atrasandose a fornecer máquinas e peças sobressalentes, desorganiza a rede de transportes, estimula o esbanjamento e o desperdício. De uma maneira geral o imperialismo procura atingir as condições de vida das massas, criar dificuldades de abastecimento, funda. mentalmente procura criar descontentamento no seio do povo. Por outro lado, com toda esta acção, articula-se uma campanha psicológica dirigida a fomentar a desunião no seio das populações, a fomentar a passividade, a indisciplina, o descrédito dos trabalhadores nas suas próprias capacidades e na direcção do nosso Estado da aliança operário-camponesa. Esta campanha psicológica tem assumido as mais diversas formas: O boato mais irracional, de que é exemplo significativo o da nacionalização das crianças, que procurava levar a instabilidade ao seio da família, atingindo sobretudo as camadas pequeno-burguesas; As campanhas na rádio e na Imprensa dirigidas do exterior, distorcendo ou cobrin do de falsidades e de insultos à Revolução moçambicana e os seus dirigentes, com vista a gerar uma atmosfera de interrogação e dúvida permanentes no seio da população; Campanhas tendentes a provocar o êXodo de técnicos qualificados; O lançamento e difusão de panfletos; O apelo a valores reaccionários da tradição feudal-colonial. Em suma, toda uma acção de propaganda contra-revolucionária destinada a criar uma situação de intranquilidade social e a retirar todo o conteúdo profundamente popular às conquistas e benefícios da Revolução. Esta situação que enfrentamos deriva da acção do imperialismo internacional e enquadra-se na sua estratégia global contra os países progressistas do mundo. A experiência dos Povos mostra-nos que o imperialismo utilizou idênticos processos para derrubar governos populares com vista a atrasar a marcha irreversível da revolução. No Chile, sob o Governo da Unidade Popular de Salvador Allende, o imperialismo instigou greves como a dos transportadores, promoveu o açambarcamento, a especulação e o mercado negro, provo, cou a falta de produtos essenciais, ao mesmo tempo que lançava uma guerra psicológica e toda uma campanha de propaganda e de boatos para desestabilizar a situação do Pais e provocar uma situação de insatisfação e descontentamento da população. O inimigo conseguiu assim a fonte de recrutamento para o golpe final. No Congo o imperialismo utilizou métodos semelhantes instaurando um estado de crise nos abastecimentos, desorganizando a economia e finanças do Estado e fomentando o tribalismo. Esta situação inscrevia-se num plano geral reaccionário de derrube do governo revolucionário, de que conseguiu realizar uma parte - o assassinato do Presidente Marien N'Gouabi. A mesma arma foi utilizada em Angola, onde se açambarcaram e se esconderam produtos essenciais, onde se bloqueou o pagamento de salários durante meses ao exército, onde se fomentou o tribalismo e o racismo, a par da utilização de uma campanha ultra-esquerdista sob a direcção de elementos reaccionários nacionais e estrangeiros. No Benim desencadeou-se uma agressão militar directa vindo do exterior. Em Cabo Verde e em S. Tomé detectaram-se movimentos reaccionários desenvolvendo actividades golpistas. Acções idênticas se têm vindo a verificar noutros países progressistas africanos como em Madagáscar. Devemos, pois, colher as lições devidas das experiências desses países. Devemos aumentar a nossa vigilância, o nosso controlo sobre as estruturas e os próprios elementos que as compõem. Devemos estar prontos para neutralizar e esmagar a reacção, defendendo as nossas conquistas. 2. De como insuficiências nossas se tornam acçáo inimiga a) Ao nível geral Verifica-se que se tenta planificar, existem boas Ideias, mas, por falta de instrumentos adequados, não se consegue no geral concretizar e pôr em execução algumas dessas ideias, que por muitos também não são suficientemente assumidas. Falta o sentido de programação das tarefas do dia-a-dia, tem-se um conhecimento insuficiente dos meios de que dispõe, falta a definição clara do que deve ou não constituir prioridades em cada sector. A falta de uma definição correcta das prioridades faz com que certas tarefas não prioritárias nos absorvam, em detrimento de outras tarefas que o são. Dispersamps energias que nos seriam úteis para as tarefas realmente importantes. A falta de organização e programação do traba lho, a falta de implantação de métodos de trabalho adequados e a ausência de responsabilidade e controlo na execução das tarefas, são factores que contribuem para a baixa de produtividade e constituem brechas utilizadas pelo inimigo. A falta de uma reflexão profunda daquilo que pro. gramámos e não realizámos, exige que, como método, examinemos porque se não cumpriu o que estava programado. Devemos se intransigentes no princípio de que se devem sempre estabelecer prioridades. Isto permite-nos organizar correctamente o escalonamento das tarefas, executá-las de acordo com os meios de que dispusermos, fazer o controlo da sua, execução e, finalmente, responsabilizar órgãos de indivíduos. Por outro lado, porque temos insuficiências que não assumimos, corremos a invocar que muitos dos erros que cometemos são fruto da acção do inimigo. Mas são as nossas acçóes que, algumas vezes, ob jectivamente se tornam em acções inimigas, pois prejudicam o nosso combate. Poderíamos Ilustrar ist com o seguinte exemplo: quando o inimigo, nas vésperas do III Congresso, criou condições para a carência de produtos que levou ao aparecimento de bichas anormais, alguns responsáveis pelo sector nem sempre souberam observar profundamente o fenómeno, analisá-lo e actuar imediatamente. Esta atitude poderia ter permitido ao inimigo desenvolver a acção para atingir o efeito por ele desejado, enquanto aqueles responsáveis se satisfaziam a imputar-lhe as culpas caracterizando a sua acção como facto natural no processo revolucionário em curso. Na realidade, podemos dizer que, ao fazer isto, está-se objectivamente a colaborar com o inimigo, através da passividade, por se ter menosprezado um problema do Povo que não foi assumido corectamente pelas estruturas directamente responsáveis. Nesse caso a não identificação profunda das es truturas responívels pela resolução 'directa dos problemas, cornos interesses do Povo e a consequen. te minimlzação da acção do inimigo leva a que, embora involuntariamente, aquelas estruturas sirvam os interesses do inimigo. TEMPO N 355 6- pá. l Podemos apontar ainda um outro exemplo elucidativo: recentemente, houve um desastre no Cais de Minério da Matola que custou ao Pais cerca de 180 mil contos de prejuízos. Neste caso, persistiam métodos de trabalho e estruturas de tipo colonial que ainda não tinham sido removidos. A análise profunda da situação levou à constatação de que o desastre ocorreu porque existiam cond~ propícias para a sua verificação. Se tivéssemos tomado a atitude simplista de. im putar o facto apenas a uma acção do inziigo, a consequência seria a de punir ieramenteos respon sáveis directos do desstre sem remover totalmente as suas causas. Estas foram, sim, o embrião da situação que originou o desastre, nomeadamente: a ausência de uma boa organização e métodos de trabalho correctos, a ausência de autoridade e da &sciplna como consequência da falta do Partido no local. A Correcta análise desta situação levou não só à punição dos culpados mas, sobretudo, à tomada de medidas profundas de organização daquele sector de trabalho com reflexos positivos em sectores atns. Com grande esforço cuja necessidade nem sempre é profundamente ponderada, aplicamos a maior par. te do nosso tempo e energias, a concentrar esforços, capacidades e recursos materiais e humanos de organização, ao nivel das estruturas centrais. Relegamos para um plano secundário a organização dos sectores ao nível da base, a estruturação de canais de informação recíproca entre a base - onde os problemas concretos se põem na realidade e continuam por resolver - e o topo que programa e planifica isoladamente. Com este pocedimento retiramos às estruturas de bage a responsabilidade e a capacidade de iniciativa que lhe permitiriam solucionar os seus próprios problemas, ainda que tivessem de contar somente com as suas próprias forças. Por outro lado a nível local ainda não foi assumido o princípio de que problemas locais devem, tanto quanto possível, ter solução local, de acordo com as potencialidades, capacidqdeo e recursos regionais, evitando-se a prática de t~linsferir sempre a sua solução para estruturas superiores. Isto resulta do facto de, muitas vezes, confundirmos a Nação com as estruturas do Governo central. A estrutura, as tarefas e os problemas da Nação são o sorriátório das estruturas, das tarefas e dos problemas existentes à escala nacional. b) Ao nível do Aparelho de Estado A análise da situação no Aparelho de Estado demonstra-nos, sem margem para dúvidas, que ele está infiltrado por inimigos d nosso poder. Existe em larga escala apatia e desinteresse pelos problemas do povo, exiti , o liberalismo, a falta de sentido de X, lidade, o desrespeito pelas estruturas, o elitismo, o paternalismo, falta de espírito de austeridade, o esbanjamento dos bens do Povo que assumem, cada vez mais, o aspecto de verdadeira sabotagem contra os nossos objectivos e princlorá TEMPO N,° 356 - pãg. e2 Há elementos no seio do Aparelho de Estado apostados em criar e desenvolver o descontentamento popular, em separar a Direcção Central do Povo, utilizando para isso os métodos e processos rotineiros- e burocrático-legais. Não fizemos um trabalho sistemático para fazer face a esta situação. Verificamos, pois, que o esboroamento de autoridade criado pelo colonialismo e acentuado na sua fase final pelo Governo Provisório ainda não foi eficazmente combatido. Esta situa. ção é agravada pelo facto de estarmos a des. mantelar o aparelho de Estado colonial criando novas estruturas, mas mantendo os mesmos processos e métodos de trabalho. Muitas vezes tem sido referida a neces-sidade de aumentar o espírito de austerida'de e combater o esbanjamento dos bens do Estado. Devemos confessar que ainda não conseguimos preencher e criar estruturas e métodos novos que nos permitam iniciar de uma maneira eficaz esse combate. O departamentalismo continua a existir e manifesta-se em todos o# M~lstérios e Serviços. Tem origem na visão individualista e compartimentada dos problemas, de que muitas vezes somos vitimas. É também consequência de não termos superado totalmente o tipo de estrutura, organização e métodos coloniais. Aliado a essas insuficiências e a par da grande falta de quadros com que lutamos, verificamos que se faz ainda sentir a necessidade de uma coordenação geral no que respeita à formação de quadros. Cada sector forma os seus quadros indepidemente de esforços idênticos noutroê sectores. IR -MEDIDAS A TOMAR' Perante esta situação, é urgente tomar medidas que lhe ponham cobro. Estamos todos claros que, a manter-se este estado, estaremos a contribuir para que o relaxamento e a indiferença dêem azo a uma acção inimiga, que destrua todas as nossas conquistas tão durante obtidas. Assim, consideram-se necessárias as seguintes medidas: 1. Intensificar a impa .ç do Partido tanto no aparelho do Estado como nos outros sectores. A linha politipa da RELIM deve estar presente em todM as actividades nacionais, em todos os nistérýs, em todos os serviços, em todas as empresas estatais. Devemos reforçar a nossa vigilância revolucionária para detectar e punir todos os nossos inimigos que connosco coabitam. 2. Reforçar o estudo político, colectivo e organizado, em todos os sectores de trabalho, particularmente nas estruturas do Aparelho de Estado Conhecermos profundamente a Ideologia mar xista-leninista, adaptá-la às nossas realidades, é possuirmos o instrumento principal que nos guiará no nosso combate constante e consequente contra as acçes inímigas. Acelerar a organização das aldeias e bairros comunais e cooperativas, como forma de combate à especulação económica, ao boato, à acção do inimigo. 4. Formar, a nivel do aparelho de Estado, Conselhos de Controlo'da Produtividade que, à seme llança dos conselhos de produção nas empresas velem pelo aumento da produtividade nos ser viços do Estado. Esses conselhos deverão estudar e propór à direcção métodos correctos de avaiação da produtividade dos trablhadores da função pública, tendo em conta a especificidade das tarefas que ele realiza no seu sector. 5. Para que a Comissão Nacional de Abastecimento possa realizar cabalmente as tarefas que lhe foram cometidas, torna-se necessário dinamizar o cumprimento das funções que cabem à sua Comissão de Defesa da Economia, nomeadamente as funções de Inspecção e controlo da actividade, das empresas. 6. A Comis~o Nacional de Abastecimento foi alargada às Províncias devendo urgentemente criar ramicaçõ para: a) resolver o problema de abastecimeto a nível das províncias; b) resolver o problema do escoamento da produção nas províncias; c) resolver o problemna do desalfandegamento rápido das matérias-primas e meios de produção que estão à espera de B R's; d) estabelecer, em colabo r entre os Ministérios e Governadorec 'P, as prioridades e quantidades na. l de.,produtos a importar. 7. Para a solução de muitos problemas que as Províncias enfrentam, e muitos deles não são resolvidos porque não existe a ligação necessra Minlstérios/Prqlvncias, deverá ser acelerada a formação dos Governos Provinciais e a designa ção dos Representantes provinciais dos Ministérios. Dinamizar, a nível dos Mn~st6rlos e a nível das Províncias, a actividade de Ni*cIos de Planlfèàçao que, aldm de ýprogra cont 1rm (execução das tarefa que abdtn aos diversos (sectores, deverão controlar os métodos de trabalho e propor correcções, se necessário. 9. Para que a planificação de actividades nacionais tenha efectivamente um carácter nacional deverá coordenar-se a participação das estruturas regionais na planificação central - por exemplo, na elaboração do Plano de Actividades dos Ministérios. 10. Devemos acelerar as medidas concretas de formação de quadros, evitando dispersar as nos sas forças e coordenando essas actividades. Os programas de formação de quadros devem ser correctamente elaborados, tendo em conta as nossas capacidades humanas e materiais. li. As acções de sabotagem e Indisciplina no nosso seio devem ser severamente punidas, o que pressupõe a elaboração de novos textos legais. Assim deveremos: a) Acelerar a publicação de Normas de trabalho e disciplina da funçãoý pública e dos trabalhadores em geral; b) Aplicar penas severas para actos de sabotagem, graduadas conforme a gravidade de cada caso. 17. Como método de trabalho, devemos sistematizar sempre as nossas experiências pois elas correm o risco de se perder. Elas são a fonte da nossa inspiração. 13.- 2 urgente materializar as conquistas da Independência implementando o princípio de dar prioridade às zonas libertadas e às regiões fronteiriças. Os benefícios materiais devem chegar a essas zonas. Devemos Interessar-nos permanentemente pelos problemas do Povo, não menosprezando os pequenos problemas. IV - CONCLUSÃO Temos consciência de que, com estas medidas, se forem rigorosamente cumpridas por todos nós, estaremos a dar passos mais largos para que o nosso poder e as nossas vitórias se consolidem. Trata-se de uma guerra prolongada, esta, a do de. senvolvimento. Programemos sempre as tarefas que temos de realizar. Apuremos os nossos métodos de trabalho. Intensifiquemos o estudo, para conhecer e neutra lizar melhor as manobras do inimigo. Reforcemos a vigilância revolucionária em todos oý sectores S6 assim aumentaremos a nossa capacidade d realização dos objectivos que traçamos. As,4n iii, terializaremos as directivas do III Coiwrcêsou da FPXLIMO. TEMPO N 355 - pt9. 3 Quando a ferida demora a sarar é porque está infectada, A análise feita pelo Conselho de Ministros sobre «como age o inimigo» tanto ao nível interno como externo mostra-nos que a ferida existe; mostra-nos como é necessário arrancar as crostas à ferida, fazer sangrá-la, para então lhe dar o tratamento adequado. É no; dado neste documento do Conselho de Ministros a acção do inimigo. não de forma irracional, mas nas verdadeiras dimensões que assumem as posições da burguesia em tanto que tal, em que tanto que uma camada social que se constitui ao nível -interno em coordenação com as acções inimigas vindas do exterior. Encontra-se essa acção nas bichas, nas faltas de transportes, nos métodos de trabalho com que constan temente deparamos tanto nas instituições de Estado como nas próprias empresas, onde reina a ambição pela conquista dos privilégios da burguesia colonial; o. esbanjamento, etc. É isto que encontramos quando vamos a um guichê de uma repartição e somos atendidos por um funcionário de cigarro na boqa que nos oferece um tratamento idêntico ao que o administrador colonial dava aos camponeses quando pagavam o seu imposto; é o elitismo que encontramos na arrogância com que somos tratados .quando viajamos de avião; é a tristeza por que somos envolvidos quando encontramos um nosso colega que foi operário engolido pelo poder de ser TEMPO N,. 355 - pág. 04 administrador ou responsável a ganhar o ordenado que nós próprios criámos com o nosso trabalho; é o sistema de cunhas e amiguismo que encontramos entre os antigos colegas e amigos que agora se encontram fisicamente separados a exercer diferentes tarefas; é o funcionário que nos diz «você não pode ir morar nessa zona porque não tem categoria social ..»; é o roubo descarado dos fundos do Banco de Solidariedade; é a utiliação do método 'colonial do «deixa andar» que nos custam a sebotagem económkp, o volumoso roubo de divisas, a destruição de máquinas, a baixa de produção; é o esquecimento que anda na cabeça de certos funcionários sobre as dificuldades e os condicionalismos em que vivem as populações das zonas libertadas e das zonas fronteiriças com a Rodésia; é a maneira com que são assumidas as agressões racistas ao nosso pais - é lá na fronteira não é aqui na cidade onde eu vivo numa boa casa e posso fazer açambarcamento, e onde vou comprar um bom carro e uma aparelhagem quando o fulano for embora para Portugal e eu ocupar o seu lugar e receber o seu vencimento. É esta ferida que tem de ser tratada. É esta ferida que está carregada -da pus. Nunca é demais recordar os exemplos da Luta Armada. Esses mesmos exemplos que são internacionalmente esquecidos porque eles recordam aos defensores da ideologia burguesa o sacrifício da Luta Armada, o Poder do Po vo. Lembramos o exemplo de somente COMO AGE O INIMIGO uma emana em Cabo Delgado, se ter transportado cerca de 800 toneladas de cajú a pé e nas costas do povo, por caminhos que somados ýdavam multas dezenas de quilómetros sob o fogo das armas do exército colónial, Mas, transportou-se: e só se trabalhava da parte da noite .. Por isto, encontramos a presente análise do Governo, que é dirigido e foi nomeado pela FRELIMO. Não é esta a primeira vez que a FRELIMO na sua h!s tória encontra a acção do inimigo interno em coordenação, e outras vezes em colaboração, com o inimigo externo, com o imperialismo -trata-se ao fim e ao cabo da própria evolução da Luta de Classes. Não se pode tratar os aliados internos do inimigo da mesma forma que tratamos aqueles que se desviam, ou que têm apenas um comportamento errado. Pela presente análise vê-se claramente que as posições assumidas em certos sectores da nossa vida pelas pessoas que são postas em causa, assumem já uma posição de classe-a da burguesia interna. Por isso mesmo os aliados internos do inimigo devem ser vistos e tratados como o inimigo: são o inimigo. Ora, é neste contexto que surge a análise do Conselho de Ministros sobre «como age o inimigo». Os aspectos centrais, a defesa intransigente da Luta pela conquista de melhores condições de vida para o povo, para a aliança operário-camponesa, voltam a ser reafirmados, são eles que estão em causa. As medidas foram apontadas e são claras. O processo de as implementar também foi indicado: organizar o estudo sensibilizar todas as estruturas, mobilizar os trabalhadores dos sectores que apoiam a conquista e consolidação do Poder pelas classes trabalhadoras para a aplicação do tratamento que a ferida necessita. Litografia, Tipografia, Encadernação e Embalagem Av. Ahmed Sekou.Touré. 1078-A e B (Prédio Invicta). Telefones 26191/2/3 C.P. 2917 MAPUTO produzir economizar depositar para desenvolver Moçambique Aumentar a produtividade é PRODUZIR mais em menos tempo. ECONOMIZAR é evitar despesas desnecessárias, gastar mènos do que ganhamos. DEPOSITAR é garantir a segurança das nossas economias. As economias de cada um depositadas no INSTITUTO DE CRÉDITO DE MOCAMBIQUE transformam-se na força que contribue para a reconstrução nacional. ................