TETE:
TETE:
O "ESCANDALO"
GEOLÓGICO
1%
-1OIM PREPARA CONFERÊNCIA NACIONAL
a l..
o lk=
MAR
DEPOSITANDO
O SEU
DINHEIRO NO
BANCO
EVITA QUE SEJA DEVORADO PELO FOGO ou..
ROUBADO
OU...
ARRASTADO PELAS ÁGUAS
ORGANIZE A VIDA DA SUA FAMILIA ABRINDO UMA CONTAoo
-"DEPOSITO
PARA GUARDAR AS SUAS POUPANÇAS
MONTEPIO DE MOÇAMBIQUE
A NOSSA CAPA: Zipa - os últimos seis meses
Olmoe le~e ~ne: Mredeli Mea.dhs.ea: Cheh da Redeço hltesino: LuIs Dvid;
R.d.,ç&s: Albino M.geie, Alves G.es., Antfnio Matesse. Celene da Slva.
Carla Cordoso. Luta Oevid, Mendes de Oliveira. Narciso Cestanheiee: Seeeetédri
da Redesçeo: Of1lil Tenbe: Fer4fla: Rieedo RsNgl, Kok Nem, Neite Ussene,
Atrindo Afoene (sol.boredor>; MaquetiaçIlo: E elnio Aldase; C~r
,^,eedente
Intlnesiosei.: Wlfeed Brcle.tt, Pietro Petruchi. Auguste Cnichiglie (Ango.); Ser.
rad. Aoderreak (Fr.nçe) rony Avigr.e (Tenzenie) Jos4 8sptisfe (Ingleterre);
Colaboração edtorial com e reviste #Tercer Mundos Propi*dad.d:
Tempográfica Oficinas, Redacç5o e Serviços Comerciais: Av. Ahmed Sekou
Touré, 1078-A e 8 (PNédho Inviciel. TeIs. 24191/213: C.P. 2917 Maputo,
Repóblica Popular de Moçambique.
Cerca de vinte meses após a formação do ZIPA, as actividades militares do braço
armado do Povo, zimbabweano estendem-se por dois terços do território do Zimb
a b w e, abrangendo uma população calculada em 4 milhões de pesPaís minúsculo, Timor Leste graças a um processo de luta popular
Nenhuma outra Província foi alvo de um estudo tão sistemático, de um virar deentranhas para pôr os segredos da natureza a nu e com base neles desenvolver o
colonialismo em Moçambique, c o m o sucedeu em Tete. As técnicas de
investigaçao cientfisoas e atingindo as forças do regime rodesiano em rdgiões de grande concentraçao
populacional.
Página ............... 20
prolongada contra os invasores indonésios começa a ganhar a dimensã do grande
problema. Ao assunto referimo-nos na
Página ............... 27
ca mais avançadas foram ali postas em movimento e as verbas mais «pesadas»
atribuidas à Missao de Fomento.
Página .............. 38
PODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES.
PROVINCIA DE MAPUTO: Namaacha, Manhiça, Moamba, Incoluae. Xinavane
ç Boane; PROINCIA DE GAZA: XaeiXa, Ch;cualacuala. Chibuto, Chókwé.
Mass;g;r, Manjacazo- Caniçado. Mabalane e, Nhamavila; PROVINCIA DE
INHAMBANE: Inhambane, Ouissico.Zavala, Maxixe, Homoine, Morrumbene,
Mambone. Pande e Mabote; PROVINCIA DE MANICA: Chimoio, Espungabera
e Manice: PROVINCIÁ DE SOFALA: Beira, Dondo e Marromeu; PROVINCIA
DE TETE: Tete. Songo, Angónia, Mutarara, Zóbué, Moatize e Mágoé:
PROVINCIA DE ZAMBGZIA: Quelimane, Pebane, Gilé, ile, Mqanai da Costa,
Nema£rra. Ch;nde, Luabo, Alto Molocué. Lugela, Gúrué, Mocuba e Macuse;
PROVINCIA DE NAMPULA: Nampul, Nacala, Angoche, Lubo, Murrupula,
Meconta e Mossuril; PROVINCIA DE CABO DELGADO: Pemba, Mocímboa da
Praia e Montepuez: PROVINCIA DO NIASSA: Lichinga e Marrupa. EM
ANGOLA: Luanda. Lubango. Huambe. Cabinda. Benguela e Lobito. EM
PORTUGAL: Lisboa.
CONDIÇOES DE ASSINATURA:
P, ovíncias de Maputo, Gata e Inhambane: 1 ano (52 números) - 760$00; 4 meses
(26 números) - 380$00; 3 meses (13 números) - I9$00. Outras províncias, por via
aérea: 1 ano (52 números) -840$00; 6 meses (26 números) -420$00; 3 meses (13
números) - 210$00. O pedido de assinatura deve ser acompanhado da impot&ncia respectiva.
1
PÁGINA
POR PÁGINA
Cartas dos leitores.......
2
Semana nacional ..... .... 6 Maputo tem novo GovernadorSegurança social
será conquista dos trabalhadores -PCUS oferece
800 livros à FRELIMO
Semana internacional.
.....9
«0 socialismo foi traído em Portugal» -Abatido avião angolano A «explosão
demográfica» no Brasil - Estados Unidos «importam»
crianças da Colômbia.
Jornais e revistas ......
12
Factos e crítica' .......
14
Conversações Vietname-Estados Uni dos em impasse . ...... . 18
ZIPA: os últimos seis meses . . 20
Timor Leste-0 poder da luta . 27
Pretória e Telavive são o mesmo 34
Teta: O «escfindalo» geológico . 38
«Para os patrões o mar é doce» . 46
Estrutura do 1.* Seminário Nacional da Informação ....... 52
1.Conferncia Nacional da Juventude ....55
Como age o inimigo.. .... 58
Última página .. . .
. . 64
.Anaeisac e ctri~a
Nós todos temes direito de apreaenta as noss criticas e dávidas. Mas em poucas
palavras queria dizer ou pedir dentro das possibilidades fazerm análise at~s de
lançarmos as nossa criticas ao público. Há os que desafiam nas revistas, as vozes
podemos conhecer que s as contradições pessoaia. Há outros que criticam antes de
perguntar o pr6prio praticante se isso está correcto ou nIo. Ainda há os que
critieam porque o companheiro apareceu na revista TEMPO dua ou três vezes e aosm dds bem coafirinativoe quer- crit i o a fulano, isto mio está correcto.
Um leitor deve sentir um cargo pesado perante o seu rviço, oferecer ao Povo o
que é real. ma*dveo coampro~nte a noes 1hhs Ao clontái todos .6^ leitoras em
vez dC sermos leitore eremos XICONHOCAS.- escdpe-me ao dizer hso.
Evitemos as mentiras. Evitemos envergonhar o5 tros em vez de criticá-los.
Não confundir criticar o fazer pesco de alguém.
Analisar o trabalhso evitar os erros no futuro.
Aqui "o toquei. o nome de aigiuém mas sim é critica geral. Evitar confusões
dentro do nesseo trabalho. saibms contrlbuir ao máximo a esta Jov~ República o
que dia após outro está caminhando ao Socialismo. Ainda não tenho experi#ncia
cabal para tal, *o falei mal apresento as minhas desculpas à todos camaAbel
Crisnto Mateus Nandhenga (GAGOLO)
C.P.M. Praia
CABO DELGADO
Onde eto as cat?
4 . 1.- vez que me dirijo para a v/ revista da qual sou um leitor assí. duo, pelo que,
tenho acompanhado toda a v/ comp~zl o até ao momento. Antes de maio uma
observaçao: esta crítica é especialmente dirigida aos trabalhadores dos Correios
Telégrafos e Telefones, SECÇ1O DE CORRESPONDÊNCIAS:
Gosto muito de escrever aos meus familiares e demais amigos espalhados em
Moçambique e no Estrangeiro. Desta forma sou obrigado a ir diariamente aos
correios, donde reebo também orrePondência. Ora acontece que nesta troca de
correspondência, tem havido problemas tais como a falta das respostas nas minhas
etas e vice-versa, o que me leva a reclamação constante diante destes serviços.
Pois nmo hd dúvida nenhuma que as cartas são depositadas nos correios, uma vez
que os meus correspondentes por outras cartas comprovam isso. Ora pergunto eu,
que é feito dessas correspondências? Onde estão e qual é os seus destinos? Isto
para não falar em cartas registadas que embora não sejam tão frequentes, também
extraviam-se.
As cartas ou seja correspondências, so as formas mais eficazes para se conversar,
trocar impressões, ou mesmo tratar de negócios, a grande distânC?'. Julgo que os
responsáveis desta secção deveriam ser mais rígidos, mais severoa, na vigilância
dos novos trabalhadores que assumiram agora o lugar, e
:upn ai.' 355 - ala. 2
a1
÷
tFMPO W0 355 - a" .2
wIl^V ý*1 -V
mesmo para os mais antigos que às vezes escrevem de tal forma, que é
impossível de se perceber, mas julgo que não é motivo de se pôr em qualquer
Caixa Postal que lhes convier. Mas quando assim suceder, sou dá opinião que
deveriam remeter novamente ao remetente.
Na minha caixa postal tenho recebido várias cartas de Morrumbala, Milange,
Mocuba, etc, estando eu a residir em Quelimane. Já agora, e como errar é
humano, apelo às pessoas que receberem correspondências que não lhes
pertençam, o favor de devolverem à mesma repartição, que com toda a certeza
irão dar o caminho certo.
Viva a Vigilância!
V)Va ai boa Compreensão!
Abaixo aos Enganos!
Harune Hassam
)escoeorüamos o JO-anid - Rovek
Já não é carro cobrador-de impostos. Nós dscoloWnizamo-lo.
-Já não é terror quando entra na povoação
Já não é Land-Rover do induna e do sipaio.
É velho e conhece todas as picadas que pise.
É experiwnte este carro britãnico Seguro aliado do chicote explorador. Mas nós
descolonizamo-lo: No matope e no areal Sua tracção às quatro rodas Garante c h e
g a d a às machambas mais distantes
Às cooperativas dos camponeses. Entra na aldeia e no centropiloto ruge militante
nas mãos seguras do condutor
Obedece fiel a todas as manobras Mesmo incompleto por falta de peças.
- Descolonizámos o Land-Rover Com nossos produtos Compramos o combustível
que censome.
Com nossa inteligência
Concertamos avarias que surgem Com nossa luta Transformámos em amigo este
inimigo.
Nós descolonizadores Libertámos o Land-Rover Porque também ficou
independente afinal:
Transformaram-se os objectivos que servia
E hoje é militante mecânico Um desviado reeducado Uma prostituta reconvertida
em nos sa companheira. Descolonizamo-la e com ela casamos E não haverá
divórcio. De Tete a Cabo Delgado Do Niassa a Gaza Da sede provincial ao
círculo Este jeep saúda quando passa O Caterpillar seu irmão Outro
descolonizado fazedoi do es tradas
E cruza-se com o Berliet atarefado Ex-pisador de minas, Elos aprehderam com a
G-3 Menina vanguardista na mudança de rumo
A primeira a saber e a gostar A diferença antagónica Entre a carícia libertadora
das biossas mãos
E o aperto sufocante o opressor do
inimigo que servia. As mãos dos operários que o fabricam
São iguais às mãos do operário da nossa terra.
Essas mãos inglesas que a criam Um dia saberão que ajudaram a fazer a revolução
E vão levantar o punho fechado de solidariedade.
Ruge este militante nas picadas da Zambézia.
Galga as difíceis estradas de Sofala. Passa pelos pomares de Manica Pelo milho
de Gaza Pelas palmeiras de Inhambane E na cidade de Maputo descansa.
Transporta pelo país Os olhos dos estrangeiros amigos Que querem conhecer de
perto a nossa produção.
- Descolonizámos uma arma do inimigo
Descolônizámos o Land-Rover!
Aquelas quatro rodas e um motor potente
Aquela cabine dos mecanismos de comando
Aquelas linhas da carroçaria irmanadas ao medo
Já não afugentam o povo: Homens mulheres e crianças do campo
Fazendo sinal ao condutor Pedem boleia.
Nós descolonizámos o Land-Rover Por isso o povo dele já não foge.
A.M.
Ctíticas e sugestões
Em Angoche lemos a revista Tempo a partir da quinta-leira e só esperando a outra
daí por (8) oito dias. Certo. Certo porque a revista é semanal e temos que recebêla uma vez por semvna, mas se esta é lida (distribuida) eP Nampula na sexta-feira
ou sábado' consoante a chegada do aviào, porque só chega na quarta-feira à
noite em Angoche? Porque não no domingo ou segunda-feira nas localidades que
são servidas por carreiras terrestres? Por causa da burocracia.
Achamos que se tudo for bemplanificado, as populações destas zonas não
esperariam até quinta-feira, havendo carreiras diárias para essas diversas
localiddes. A população pode e deve ser s rvida' condignamente, já que o
transporte da revista não atrasa o bom andamento das ditas carreiras, não ocupa
espaço de carga nem de passageiro. Pensamos que a Cia. de Transportes BoaViagem quando solicitada, há-de compreender que deve apoinr outras estruturas,
sendo esta Estatal deve colaborar. 0r a nossa sugestdo neste
assunto é: logo que a revista é leantada no aeroporto as que tem o destino para
fora de Nampula sejam d ep&sitadas ns terminais das carrei-as terrestres ou
ferroviárias para naquele d,. ou no seguinte sigam aos seus destino.R
TEMPO N 355 -pig. 3
a fim de atisfaze, o interesse de laro massas que est4 o esperando. Assim se
processa com o jornal Noticias.
CONTRA O BURoCáATISMO
A UTA CONTINUA
Henrique Henriqes Marivate
N.R. - Este é ui
enfrentan distribuio ram toma
das que
minimizar focados po
dos problemas que os o sector de ýo. No entanto, for las algumas medipensamos
poderão os inconvepientes lo leitor.
0 quê que 40 passa
com
os S~ c i de
da Beia?
ttibaismo
ou xiconhoq
mo?
Caros camarad. leitores, gostaria imenso que me pub'ioassem esta minha
pequena carta num das vossas p~ginas da conhecida re sta (TEMPO). O
problema que se ~e em causa é o seguinte: foi no di, 9 de Setembro de 1976, o
meu BJ. c<ducara a sua validade e após esta contactar com os
serviços destinados a estes efeitos no Registo Criminal ,Beir.
Lá deparei-me om o Sr. General Xiconhoca munido de papéis no seu gabinete
(Guiché) tendo-me dado um impresso a pteencher, selar e efectuar todos os
pagamentos necessrios a tipo urgente e salvo meu erro, nessa data já era 13 de
putubro do mesmo ano.
1
Findo este trabal
-me um talão datad para levantamento , dias foram .asandc da, o Bilhete ainda
vêsdo'pelo arquivo ( a sua informaço, m eu voltasse em Janm
o o indivduo deua 5 de Novembro to referido B.I. Os até à data mrarcanão tinha
sido ene Maputo segundo zndou-me para que Iiro.
a .. a -- ..L*.,.o
Na realidade, segundo a sua terminaç~f fui o no guiché já estava substituido por
outro empregado, mas também de espirito ingrato, e este quando lhe perguntei se
o meu B.L tinha chegado, respondeu de modo (Xiconhoca) Ndo sei! Eu então
perguntei que qual sera a pessoa indicada para isso o este repetiu a mesma palavra
(já disse que nio sei e mais nada Ok?
Vi-me bastante arrasca e decadente, evidentemente passaram, os meses de
Janeiro, Fevereiro, Março; s no dia 4 de Abril é, que lá fui para o mesmo assunto,
no momento da entrega do talão o empregado Xicônhoca nem sequer procurou
onde tenho visto os outros a Procurarem limitou-se a dizer que ainda "do tinha
chegado. Como nessa altura estava preparado"Para me deslocar ao Maputo, disse
que iria constatar ao .-quivo. O dito Xiconhoca nem me deu satisf~eo alguma;
poucos dias depois segui para, o Maputo e aproveitei a oportunidade de chegar até
ao arquivo, quando lá cheguecinformei como a coisa acontecera e dirigiram-me à
sala de Bilhetes exteriores. Ora, após ter seguido a minha expliaço, foi
imediatamente se o meu nome constava no livro de todas ais enumerações de
receitas pedidas, levou quase 15 minutos a procurar a partir de 1 de Setembro a 30
de Outubro mas infelizmente nada apareceu, o que deu-me entender que aqueles
dois ditadores de requerer a outros Xiconhocas.
Agora eu pergunto: ?erá que estes indivíduos merecem estarem ao serviço
Público? Merecem trabalhar para o Povo? Mas como é que serd possível se eles
são divieionistas, dividem o povo para atender o João e António que são tios dái
Maria. São produtores da confusão no seio das massas, conturbadores do apoio
popular, individuos de dentes compridos até aos pés azagados.
Ernesto F. Saute
BEIRA
voz da ,4Aic
eí~*~
Unidos desespetados
bantoches e a os
do imperiaLismo
i 0nacionae
Todas as noites somos inmultados pelos laaio8 desesperados do imperialismo
internacional. Os seus patrões imperialistas e8tao neste momento preocupados
com a revolta geral dos povos de todo o mundo em protestos pela sua liberdade,
pela recusa sistemdtica de exploração do homem pelo homem, de opressão, de
escravidão e da dominação colonial e que lutam pea sua independência total Eles
procuram neste momento todas as formas, a fim de impedir esta onda da paz.
Entdo é prestada ajuda de construção duma emissora e outros investimentos aos
lacaios renegados em Moçambique e inimigos. Inimigos do povo moçambicano
encabeçados por Jorge Jardim tais como Domingos Arouca, João Maria Tudela,
Miguel Murrupa, Wills Kadewele, Manuel António e mais outros que formaram
primeiramente a «Organização da África Livre» e vieram a formar mais tarde a
FUMO com o objectivo de falar mal do nosso partido a FRELIMO, e seus
dirigentes, a fim de fazer desacreditar o Povo moçambicano dizendo que a
FRELIMO não é o Partido das massas e que ou seus dirigentes não esto para
servir o Povo moçambicano, para que o Povo se revoltasse contra o nosso
governo revoluciondrio e estabelecer um governo fantoche e neocolonial.
Mas com esta minha carta quero dizer claramente a todo o Povo maçambicano
que estes lacaios criados ou muleques do imperialismo internacional nada querem
trazer aqui em Moçambique e que não são libertadores .do Povo moçambicano.
Eles sempre ladram em todas as noites insultando os nosso> "dirigentes da
FRELIMO e do Governo, mas o certo é que eles querem implantar de novo a.
exi)lorarAo do ho m
Iwr~j W< -, . q
gq
pelo homem, a dissinação racial, social e cultural no nosso pais.
Devemos estar todos certos de que eles são cem por cento fantoches e inimigos da
liberdade dos povos e são grandes exploradores. Eu estou certo que todo o povo
moçambicano sabe que, o que fala a rádio da .«Voz da África Livre ou Rádio
Quizumba são mentiras e sabe também qual é o objectivo destas mentiras. Para
quem quer a paz e a liberdade ninguém as acredita, -Menos aqueles que
colaboraram com a PIDE.DGS e os que participaram no exército fantoche do
Jardim GE, GEP e OPV e que não querem emendar e integrarem-se nesta nova
vida da revolução, que ainda desejam massacrar o po e roubar os seus bens. Só
esses é que podem ainda desacreditar a PRELIMO e o Governo moçambicano
revolucionário, acreditando os seus antigos patrões, os Jardins.
Camaradas estou certo que estes são lacaios do imperizlismo internacional porque
nós podemos ver além daquilo que saiu na Revista Tempo n.' 834, página 3,
«cartas dos leitores». Eu adianto que a Rodésia e o seu governo apoiou
activamente o governo colonial fascista português a lutar contra a FRELIMO quer
em material quer em pessoal E só hoje é que Smith aceita alojar o movimento ou
umwz organiza, fão para libertar o povo à sua independência política, social,
económica e cultural na Rodésia? Se dizem que antes da morte do 1.0 Presidente
Camarada Eduardo Chivambo Mondlane a FRELIMO era uma organização que
servia as mssas, então pergunto eu: Será que o governo de Smith mais «de rático»
de todo mundo não estava ainda para deixar um lugar à FRELIMO na Rodésia,
que começaria com facilidades à luta asmada nas Províncias de Tete, Manica e
Sofala e a de Gaza? Ao contrário foi naquele momento que o governo de Smith da
Rodésia intensificava a sua boa ajuda ao governo português para aniquilar os
guerrilheiros da FRELIMO.
Quem quer libertar Moçambique afinal? O Jorge Jardim que além daquilo que foi
falado na Revista n.° 334 página 3. é cem por cento estrangeiro, vortuauês aue
nem em Portuaal tem
campo para o seu alojamento? O Domingos Arouca, um latifundiário que
explorou e discriminou o nosso povo na Província de Inhambane? Quem é o
Miguel Murupa? O que participou activatmente no plano dos Simangos para
acabar com a democracia popular existente na FRELIMO desde a sua fundação e
queria substituir o governo colonitl português a explorar o povo nas, zonas
libertadas e -muita outra coisa que ele fez na FRELIMO, tendo finalmente
desertado da FRELIMO para os seus patrões caetanos e que r 'issou a viver bem
na cidade da Beirt falando mal da FRELIMO enquanto o povo moçambicano
continuava a ser expiorado, espezinhado, oprimido, massarado etc., e ele a ver
tudo isso. Porquê então não ia formar esta organização libertadora lá na Rodísia
»iaquele suomento em que o Povo era. explorado e domindo pelos
estrangeiro8,.se queria que o povo vivesse livre de todas as formas de
descriminação e exploração? Serdque naquele tempo o Smith não estaiw na
Rodésia? Pois gostava daquilo que os portugueses faziam ao nosso povo. E hoje o
povo moçambicano conquistou a sua liberdade e o senhor Mrrupa anda a ladrar
que o Povo de Moçambique não está livre e ladra ainda contra o povo e a sua
liberdade. E você K,2dewele que liberdade pode trazer ao moçambicano? A
liberdade para uma só tribo? Se quando estava na FRELIMO teve sempre
problemas tribais quando estava como Secretário Provincial da FRELIMO em
Niassa não queria atender os problemas e dificuldades dos ajauas, macuas e outras
tribos, limitando apenas a atender os Nyanjas que são da sua tribo e era um
grndeambicioso quanto a5 poder. E vocês senhores João Maria Tudela e Manuel
António respectivamente estrangeiros o agentes da PIDE/DGS que liberdade
querem trazer aqui no nosso pais j livre?
O certo é que fiquem todos a saber que o povo moçambicano de novo grita «já
estamos livre» de todas as fornm do sistema colonial, fascismo, imperialismo e
neocolonialismo e estamos apenas neste momento ,- lutar contra todas as suas
sequelas para construir melhor um Moçambique novo, forte e vrósinero e
construir a sociedade revolucionária socialista. O povo moçambicano está farto de ouvir -ts mentiras da
vossa rádio Quizumba. Esta vossa liberdade que sempre os senhores libertadores
gritam - o povo não quer. Pois não quer ser libertado pela segunda vez, nós já
estamos livres. Se nhores libertadores! Fiquem a saber que a vossa rádio
Quizumba não está segura porquze o Zimbabwe ou Rodésia ldo é do vosso patrão
lan Smith. 1 dos Zimbabweanos que lutam neste
momento pela sua independência total e sem dúvida nenhuma darão um assalto
final ao regime do vosso patrão lat Smith um dia qualquer. É certo, o Ian Smith e
qualquer outro grupinho reaccionário está na Rodésia em trânsito, e vocês irão
para onde naquela altura? Olhem senhores libertadores! Vocês tiveram muita
vergonha er'. as criticas do povo moçambicano ao reeusar-vos. Uma delas foi de
vos criticar o nome da vossa organização (organização da África Livre) que não
tinha sentido nenhum perante à Áfric e vieram a mudar para Fumo (Frente Unida
de Moçambique) o que para mim significa a união dos exploradores, dos
fantoches e lacaios do imperialismo internacionaL
Senhores libertadores! quero que me respondam às minhas perguntas: Quantos
países da África e do resto do mundo foram colonizados pelos países socialistas
em particular a União Soviética, para esta vir agora neocolonizar a África,
enquanto todos os povos do mundo gritam e lutam pela sua liberdade e Paz? Se
alguns pases do Ocidente falam, a razão é porque foram colonizadores em muitos
países do mundo. Contudo, os senhores que se intitulam de libertados fiquem a
saber que serão sempre detectados e espezinhados pelo povo revolucionário de
Moçambique. Todo o povo moçambicano deseja a paz, está vigilante de Rovuma
vto Maputo para detectar os vossos agentes em qualquer ponto de Moçambique.
Nelinho Chilenje
Mavago - NIASSA
TIEMPO N 30 -14 &
SEMANA A SEMANA
MAPUTO TEM NOVO GOENADOR
A sa chgad~ 4 a Maputo o Govfflnado José Moiane rcebendo boas-vind s
A semelhança do que já havia acon.
tecido com a chegada do novo Gover.
nador de Manica ýaquela província, a população de Maputo conheceu horas de
festa no passado fim de semana. Tratava-se de receber o novo Governador da
Província há dias nomeado pelo Presidente Samora. O novo Governador é o
quadro e combatente veterano José Moiane, desde pouco depois da Proclamação
de Independêncio até agora Governador da Província de Manica.
Um compromisso importante foi firmado logo á chegada. Por um lado, nas suas
mensagens de boas-vindas, as poPulações disseram:,
«Todos es esforços serão feitos no sentido de apoiar o novo Governador do
Maputo».
Por .,utlo o novo Governador respondeu:
«A população do Maputo tem uma experiência nova e rica, embora dura e
dolorosa. 1 essa experiênícia que eu que. ro aprender com a população de Maputo.
«E, noutro passo: «A população de Maputo eu direi apenas que sou um quadro.
Existem nesta PtOtocaeutros que,dros e eu venho apoiar o trabalho que TEMPO
N,* 355 -pág 0
eles, juntamente com as populações, têm vindo a desenvolverm.
Este compromisso, e o método de trabalho preconizado pelo Governador Maiana
em declarações logo à sua che. gada de que «há uma necessidade de os quadros
que aqui operam me indicarem os problemas existentes, pois só assim estaremos
em condições de nos engajarmos no trabalho colectivo, e a6 trabalhando
colectivamente estaremos também em condições de esmagar a reacção, a
indisciplina co desemprego, para que possamos realmente eliminar as lacunas
deixadas pelo colonialismo», cram uma situação favorável ao desenvolvimento de
um bom trabalho.
A nomeação em si é um passo organizativo importante. Primeiro, porque dando
sequência ás novas orientações implicará a constituição do Governo Provincial,
depois, e essencialmente, porque libertará as estruturas centrais (em particular os
ministérios) das tarefas de governar simultaneamente a Província do Maputo,
como tem acontecido na prática até aquk
A sua chegada ao Maputo, no passa. do slbedo, o Governador José Moiana
foi recebido no Aeroporto por Oscar Monteiro Membro do Comité Central e
Ministro de Estado na Presidndia, e ou tros responsáveis do Partido e do Governo.
Aguardavam-no dezenas de pessoas que lhe ofereceram actividades culturais.
Domingo o novo Governador foi apresentado à população de cidade do Ma. puo
num comício.
Durante o comício, o novo governador disse, a determinado passo: «Em todas as
ProvTncias sbemos que em Maputo já há sossego, embora existam ainda muitas
dificuldades. Sãbemos também que isso result de um bom trabalho dos grupos
dinamizadores. Com a criação dos Conselhos de Produ. ção acelerou-se bastante o
trabalho e a produção» - realçou. itando outras vitórias e conquistas já alcançadas
pela população da Província de Maputo, o novo Governador acrescentou que está
sendo desenvolvido intensamente o processo de criação de aldeias e bairros
comunais. «base fundamental da orgnaização do nosso Povo e da produção».
<Principalmente depois do Terceiro Congresso, sentimos que a ProvTncia de
Maputo também já abalou a sabotagem económica, abalou os inimigos do nosso
Povo. A preocupação delas era esconder os géneros de primeira necessidade Para
semear o descontentamento no seio do Povo, me os grupos dinamizadores e a
população conseguiram em parte eliminar muitas dessas manobras. Isso indica o
dinamismo do Povo, como estão organizadas as estruturas, o nosso trabalho. eu
penso que já temos uma base, mas devemos fazer uma análi§e das tarefas já
desenvolvidas. Havemos de aprender das nossas vitórias e dos nossos fracassos. l
assim que havemos de concentrar as nossas forças para melhor podermos
avançar».
Mais adiante José Moiane salientou que apesar das conquistas já alcançadas,
muito há ainda e realizar, sendo por lko necessário consolidar ainda mais a
unidade, para uma luta vitoriosa pelo liquidação dos males deixadob pelo col
45 Moiane no comício em qu foi apresentado à população da capital: «Vim
Aprender as experiências das pop*fa~ôes de
Maputo, colaborar convoco na realiw~o colectiva das tarefas que se *os põem».
lonialismo e que ainda se fazem sentir no nosso seio.
«Ainda não acabámos com o alcoolismo, o banditismo, o desemprego, a
prostituição, a ignorância e muitos outros vícios e vestígios herdados do
colonia,lismo. Temos, por isso, necessidade de aumentar e consolidar a nossa
unidade. Quando estamos unidos e organizados, nenhum inimigo nos vai atacer».
E, noutro passo:
«Cabe também a todos nós manter a vigilância para que haja boa ligação com o
exterior, com os países amigos que nos querem apoiar nesta fase decisiva de
edificação das bases materiais e ideológicas para a construção do Socialismo».
A necessidade de a população- conhecer os seus bairros, participar de uma forma
unida e organizada nos trabalhos colectivos para a manutenção da higiene em
todos os sectorãs públicos, para a melhoria constante das condições de vida do
Povo, foi outro dos aspectos que o Governador da Província de Maputo fez notar
à população. Recordou também a situação difícil que hoje se vive no nosso Pais
que «faz fronteira com países que não concordam com a opção política do Povo
moçambicano», razão por que, quer através de agressões físicas quer ainda
através de propaganda Ideológica, pretendem criar um clima de
instabilidade no seio das classes operária e camponesa moçambicanas que,
heroicamente, têm sabido apoiar a luta justa dos povos ainda sob dominação
desses regimes racistas e opreassores.
A terminar José Moiane explicou que era uma particularidade da luta
revolucionária «arrecadar pequenas conquistas», exemplificando a boa
conservação dos hotéis, onde se alojam muitos dos nossos visitantes e com e
limpeza da cidade.
Dando cumprimento ao Artigo 32.* da Constituição da República Popular de
Moçambique, que determina que «todos os cidadãos têm direito à essistência, em
caso de incapacidade e na velhice», e que «o Estado promove a criação de
organismos que garantam o exéroIcio deste direito», o Ministério do Trabalho dá
os primeiros passs no sentido de se criarem condiçõe para que a segurança social
seja efectiemente uma realidade em MoçoMqus.
«Quando encontrarmos sujidade num hotel, isso é irresponsabilidade dos
elementos que lá se encontram a trabalhar e essa irresponsabilidade deve ser
combatida. Deixando a cidade suja, não estamos a defender as nossas conquistas»,
Na mesma noite o Governador foi homenageado com um jantar oferecido em sua
honra pelo Gabinete Provincial.
Assim, um despacho deste Ministério, publicado no Boletim da República do
passado dia 7, determina que «havendo necessidade de se conhecerem todos os
esquemas de previdência existentes em Moçambique, as empresas, serviços ou
outros organismos, públicos ou privados, que possuam esquemas de protecção aos
trabalhadores e suas famílias em casos de velhice, invalidez. Morte, doença,
acidentes, matemidadq ou outros, devem enviar ao Ministério
TEMPO N,° 355 -pég. 7
SEGURANÇA SOCIAL SERÁ CONQUISTA DOS TRABALHADORES
do Trabalho - Junta de Acção Social no Trabalho - até ao dia 31 de Agosto de
1977, um documento que explique, pormenorizadamente, os esquemas, de
preferência uma cópia dos estatutos por
que se rege».
Entretanto, no passado dia 14, o Ministério do Trabalho divulgou uma nota a
propósito do referido despacho, que a
seguir publicamos na Integra:
mUnm despacho do Ministério do Trab~ho. publicado no Boletim da RepúbiicM
número 77-1 Série, de 7 de Julho de 1977, determina que, «havendo necessidade
de se conhcerem todos os sque.
mes de previdência exletentes em Moçamblué. as empresas, serviços ou outros
organismos, públicos ou privados, que possuem esquemas de protecção aos
trabalhadores e suas famílias, em casos de velhice. Invalidez, morte.
doença, acidentes, matemidade ou outros, devem enviar ao Ministério do Tra.
balho - Junta da Acção Social no Trabalho - até ao dia 31 de Agosto de 1977, um
documento que explique, pormenorizadamente, o (s) esquema (), da prefer4ncia
uma cópia dos estatutos
por que s rege».
Acrescenta ainda o referido despacho,
que deveroo também ser fornecidas ou*am informações, destacando-se:
- Data em que o esquema foi ~eti- A sua evolução no tempo;
-~elementos estaliticos vários;
- Ista cOm os nomes dos trabalha.
dores abrangidos, por nacionalidade, indicando as quotas pagas por
ceda um
- O montante de penss pagas no
último mês, assim como de subsídios;
- Indicação se o squema é próprio,
isto é, se é processado intemamen.
te s e constituído numa companhia nacional ou no estrangeiro.
É ao Ministério do Trabalho que cabe
«Organizar um sistema de previdência (Ou sgurança social, que é o mesmo),
capaz de fazer face s situações de in.
validez, reforma, doença e outras situa.
çes de carênciaa», conforme refere o Artigo 32.,% número 7. do Decreto número
1175.
A segurença social, ou seja, o conjunto dos esquemas de protecção social dos
trabalhadores, erá uma conquista dos trabaNwlh r moçambicanos. Com efeito, é
o aumento da produção, a
TEMPO N., 355 - pãg. 0
elevação do nível de organização das classes trabalhadoras e das suas unidades de
produção, e o estabelecimento de novas relações de trabalho, baseadas no poder
da aliança operárJo-camponesa, que determinarão a implementação de,um sistema
nacionaldeprovidência. Os benefícios sociais devem corresponder ao nível de
desenvolvimento económico da nossa sociedade, e eles serão tanto mais elevados
quando avançarmos na construção do socialismo.
Vejamos 6 que sepasa actualmente com os esquemas de previdência existentes em
Moçambique, e que se localizam principalmente ao nível do Estado e de grandes
empresas multinacionais, com sede no estrangeiro. Esta herança do coloniaglsmo
revela-nos que apenas a burguesia colonial tinha protecção social em casos de
carênêia, como a veIhice, invalidez e morte, pois ao aparelho de estado colonial
só eia tinha aos.
o. Quanto s sucursais de monopólios no nosso país, tinham possibilidade de
oferecer esquemas de previdência aos trabalhadores, devido aos grandes lucros
que obtinham à custa da exploração de. senfrada dos mesmos, e como uma forma
de iludir os trabalhadores, tentan. do fazer-lhes crer que o emprego nessas grandes
empresas multinacionais era uma coisa boa.
Os benefcios de segurança social de. vem abranger, progressivamente, todos os
trabalhadores moçambicanos, e não este ou aquele indivíduo, esta ou aquea
empresa ou serviço. A Constituição de República Popular de Moçambique re.
fere, no seu Artigo 32.-. que todos os cidadãos tên direito a assistência em caso de
incapacidade e na velhice», e que «o Estado promove a criçio de organiamos que
garantam o exercício deste direito».
PCUS OFERECE 800 LIVROS A FRELIMO
«Ê um gesto de solidariedade do -nosso Partido para com o Comité Central da
FRELIMO», afirmou o Embaixador da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas no nosso Pais ao fazer a entrega de oitocentos livros de literatura
polítca, que constituem uma ajuda importante ao trabalho de preparação de
quadros políticos, em curso wa fase presente da revolução moçambicana. A
imagem refere-se ao acto da entrega dos oitocentos livros, predominantemente,
obras de Lenine, oferecidos pelo CC do PCUS ao CC da FRELIMO e à Escola do
Partido.
ãM0Ik
IANA A SÉM4ýý
ANA A SEM,
"0 SOCIALISMO FOI TRAIDO E
Portugal tornou-se um assunto central de debate no seio das diferentes tendências
de esquerda não comuuista de França.
O assunto tem origem no 25 de Abril de 1974, mas o debate tem-se alimentado
em cada uma das diversas peripécias encadeadas na curta história do pósfascismo português.
O problema levantou-se por ocasião do último congresso do Partido Socialista
FranCês, em 17 de Junho último.
Subindo à tribuna para apresentar a moção da tendência de esquerda, o jovem
deputado Jean Pierre Chevenement surpreendeu toda a assistência atacan. do, não
o chefe do seu partido, François Miterrand, mas Mário Soares, primeiro ministro
português e dirigente do Partido Socialista.
Chevenement exclamou: «O socialismo foi traido em Portugal», provocando
assim o abandono da delegação portugue. sa, em sinal de protesto.
A resposta não veio imediatamente. Nem da parte de Miterrand, nem pela parte
dos portugueses. Mas alguns dias depois, por ocasião de uma visita a Portugal,
François Miterrand escrevia no seu jornal (o semanário «L'Unité», órgãg oficial
do PSF) - «Não, em Portugal o socialismo não foi traido». Mas, sem dúvida, uma
tal -profissão d6 fé não pa. receu muito convincente.
Assim, esta semana, (que começou a 10 de Julho) três semanários da esquerda
francesa publicam documentos relativos a este assunto.
O «L'Unité», publica uma longa carta de Jean Pierre Chevenement oxplicando
porque razão na sua opinião, o socialismo «à moda de Mário Soares» traiu o
socialismo internacional o porqu3 razão a resposta de François Miterrand lhe
parece pouco séria.
O «Politique Hebdo», que reflecte muitas vezes as posiçoes da esquerda revo
lucionária, dá a palavra a uma grande figura francesa, Claude Bourdet,
conhecidodepois da .epopeia da resistência contra o nazismo.
Bourdet vai ainda mais longe que Che venement pois, citando os autores
americanos Phillip Agee (ex-agente da CIA). Victor Marchetti e John Marks, dá a
entender que Mário Soares, cujas ligações com a social-democracia da Alemanha
Federal e' Willy Brandt são bem conhecidas, colabora com a CIA.
Os amigos de Mário Soares não fal. tem no entanto em Paris, e um deles, o chefe
de redacção da revista«Nou. vaI Observateur», toma vivamente a sua defesa.
Várias páginas incluindo a primeira são preenchidas por uma carta a «um
socialista encolerizado», que é evidentemente Chevenement.
Jean Daniel. conhecido pelo seu esti1 PORTUGAL"
lo elegante, vai até às origens da «revolução dos cravos» para tentar mostrar que o
seu amigo Soares fez tudo o que foi necessário para defender a democracia,
bastante frágil, perante as tentativas repetidas dos fascistas e dos comunistas para
ocupar o poder e restabelecoer a ditadura. Daniel não diz no entanto que o seu
semanário'tinha tomado es mesmas posições para defender o general Spínola
antes da partida deste, pera o Brasil.
Apostamos.que o assunto não vai ficar por aqui e que na próxima semana
veremos o despoletar de defesas e acusações por ou contra a «Revolução
Portuguesa», coincidindo com o momento em que as terras do Alentejo são
entregues por Mário Soares aos latifundiários.
A VIÃO DE TRANSPORTES ANGOLANO ABATIDO PELOS SULAFRICANOS
-mortas 12 pessoas
- Na sua escalada de agressões contra a República Popular de Angola, os racistas
sul-africanos abateram no passado dia 12, um avião angolano de transporte
«Antonov-26», quando este se preparava para aterrar em Kuangar, dentro do
território deste país, tendo causado a morte a doze pessoas.
Um comunicado do Ministério da Defesa da RPA, divulgado no dia 14 em
Luanda, dá conta daquela agressão, acrescentando que mais actos de viola: ções e
provocações se têm verificado na fronteira sul de Angola.
Assim, o referido comunicado cita ainda que Calueque foi submetida a forte
bombardeamento da artilharia inimiga no dia 13 de Jplho, não se sabendo, por
enquanto, o número de vítimas causado pela agressão.
O Ministério da Defesa da RPA regista ainda outras violações e provoca. ções
desencadeadas durante o sps passado pelos racistas sul-africanos, como por
exemplo: No dia 3 de Junho, violação do espaço, aéreo angolano na zona do Marco I1 e em Roçadas; e
bombardeamento à vila de Mucusso. No dia 6. novo bombardeamento sobre
Mucusso. No dia 14, artilharia lançou granadas sobre território angolano.
No dia 17, tropas do regime racista sul-africano atacaram perto da vila de
Kuangar. No dia 21, as forças Armadas Populares de Libertação de Angola
repeliram forças agressoras conjuntas da Africa do Sul, UNITA e ELP, que
atacaram Kuangar. Finalmente houve troca de tiros sobre a fronteira, na mesma
área de Kuangar. a 28 do mês de Junho.
A terminar, o comunicado da RPA salienta que não há argumento nenhum que
justifique tais actos de agressão praticados pelos assassinos sul-africanos, tanto
mais que An gola não faz fronteira dom a República de Africa do Sul, e
acrescenta. «Eles, os racistas, ocupam ilegalmente a Nemibia, devem retirar-se de
lá».
TEMPO N.° 355 -pg.B
A "EXPLOSAO DEMOGRÁFICA"
NO BRASIL
No momento em que todas as difi. sua vez, interessados nos lucros, flnan.
culdades económicas surgem demons- ciam «pesquisas, e custeiam viagens de
trando a falência do <milagre brasileiro», fundadores da BENFAM a
congresmos. o problema da «explosão demogréfica *A BENFAM, desde 1965,
vem agindo
volta é tona, como uma das justificatio no país, no sentido de divulgr spro. vas do
fracasso da política económica mover o chamado <Planejamento Famida ditadur.
llar. Desde então c~m recursos cada
quem realmente interesse o contró1e forçado da natalidade.
Através de uma propagandl intensiva que utiliza até filmes as mulheres são
levadás aos postos da Benfam. Seus cartazes ilustrados porém, não advertem
quanto aos possíveis perigos de efeitos colaterais que podem provocar estes
medicamentos; ao contrério, toda a orientação é dada, no sentido de não
Interromper o tratamento mesmo é conetatação de certas anomalias, Até o anticoncepcional Anaciclyn, que foi prol.
Clínica de planejamento familiar em São Paulo: uma das inciiatvas que se
antecipam ao programa federat
Dentro desta yisão, a nova política de natalidade que, seesboça no pal, sob o
eufemismo de «Planejamento Familiar», vai aos poucos tomando corpo e através
de convénios com a sociedade Civ4 para o Bem Estar Familiar, (BENI-AM), o
contrôle vai sendo posto em execução,
A BENFAM, é patrocinada pela Fede. ração Internacional de Planejamento
Familiar (IPPF), com sede em Londres. Além de receber auxílios provenientes de
diversas organizações dos peiars in. dustrializados, a IPPF conta como, apoio de
Fundações como a Rockfeller e a Ford. Os laboratórios Farmacêuticos, por
TEMPO N,* 355 -pãg. 10
vez maiores, conseguiu-e espalhar rapidamente pelo interior, e hoje conta com 75
postos, onde é feita a distribui. ção de pílulas anti-concepcionaia e a aplicação do
discutido DIU (dispositivo intra uterino).
Em 1971, reconhecida como Utilidade Pública Federal, a Benfam, pesou a receber
ajuda dos governos e a estabele. cer convénios com as Secretarias Estaduais,
abrindo dea forma o caminho para a implementação a nível nacional do criminoso
plano da ditadura.
Basta que e tome um contacto mais. Intimo com a Benfam, para s saber a
bido nos Estados Unidos por provocar câncer e atrofia nos ovários, foi distribuido
sem vacilar, e o «stock» con4enado, acabou sendo totalmente cbnsumido. Sem
assistência médica, a Ben. fam também aplica o DIU, que pode provocar lesões
no colo do útero, prejudicando seriamente a saúde de mulher.
No Nor 1lte, a pobreza e a miséria, bestam por si só como ponto de referência
para o inicio da Campanha.
Na pequena cidade de Igapó, nesta região, o único posto de saúde, possui maior
quantidade de anti-concepcionais do que todos os outros medicamentos juntos.
iANA A SEM,
A contraceÇão mais usada
O quadro apresentado pelo regime de força, assume dia a dia aspectos dos mais
dramáticos.
0O desemprego e a marginalidade, circundam as grandes cidades; o
analfabetismo, a delinquéncia e a mortalidade infantil, atingem taxas exorbitaítes.
A fome e a miséria se abatem sobre os
trabalhadores, e sua insatisfação cres-cente torna cada novo nascimento, uma
ameaça pqtencial para a ditadura; a este perigo ela responde com o contrôle da
natalidade, visando com isso perpetuar a sua política-de desnacionalização da
economia.
CÉSAR MILTON
o
A Colômbia tem uma das maiores taxas de natalidade do mundo: 2 mil
nascimentos diários. O país é rico e relativamente poucb povoado-mas são multas
as vozes a clamar contra a «explosão demográfica».
Face é situação desesperada em que se encontram milhares de casais, que não
sabem como hão-de dar de comer a seus filhos, está sendo criada uma «válvula de
escape» para o aumento populacional: a exportação de crianças para os Estados
Unidos da América do Norte. Segundo uma agência de adopção, de crianças, em
Miami, Estados Unidos, mais de 700 casais norte-americanos iê
importaram este ano bebés da Colômbis. O Miami Herald estima em mil o
número de crianças que serão compradas este ano, a um preço que varia entre 3 e
4 mil dólares. É sabido que se multiplicam as agências especializadas no assurto procuram a criação do «tipo desejado» e promovem a adopção. Na maioria dos
casos, diz o jornal americano, a adopção é transaccionada ainda durante a
gravidez da mãe.
Recentemente ficou conhecido o caso do casal Wright. Não podendo ter filhos,
Gail Wright procurou nada menos de 36 agências espoecializadas em todos os
Estados UnM LSomente.quatro, no
entanto, deram resposta às condições exigidas e e pediram um prazo de cinco anos
para «fazer a entrega». São in dicações que dão a dimensão da «procura» em face
da «oferta», Mas Gail Wright não desanimou-viajou directamente para Bogotá,
capital da Colômbia e foi comprar em pessoa a criança que desejava. Ao embarcar
para os Estados Unidos declarou sem rir: «Sabemos que 'para muita gente pode
parecer (sic) um negócio sujo, mas não se trata de comprar crianças, mas de pagar
por sua adopção.»
Valencia Zea, advogado de uma destas sinistras agéncias de adopção de crian ças,
não acha, ao contrériQ de Gail Wright,que o negócio «posse parecer sujo»
Entrevistado por um jornal americano declarou que «a Colômbia tem dois
produtos que excedem sua capaci:dade de consumo: café e bebés», argumentando
a seguir que os bebés eram um produto de exportação quase tão rendoso como o
café. Indagado sobre se não tinha dúvidas a respeito da moralidade do «negócio».
Valencia Zea foi, cínico: «A Colômbia produz uma quantidade excessiva de bebés
e a exportação, nestas condições, é um bem, pois o bebé tem melhores condições
de desenvolvimento nos Estados Unidos onde será educado por uma verdadeira
família».
Na verdade, como já foi afirmado a Colômbia não sofre absolutamente de excesso
de população, mas sim do mel que aflige todos os países submetidos ao
imperialismo norte-americano - a concentração de riqueza nas mãos de uma
minoria, que jóga a maior parte da população numa situação desesperadora, cujo
um dos aspectos é a agora tornada pública venda de crianças.
Quando o povo colombiano se libertar do imperialismo, que tipo de justiça podem
esperar estes negociantes de. crianças?
César Milton
TEMPO N,' 3W 6 -911
ESTADOS UNIDOS IMPORTA" CRIANÇAS DA COLOMBIA
ANA A SEM,
Pinochet e Banzer: a mesma linguagem
Hitlar e Mussolhu estierem tio isUficadose< sobreudo tio e s!etnun -I gados, que
o que as dizi em SaE não tadvma q se rqti. m Roum.
Se Hitior dizia la, bir, bla.», Mu~sSpouco depois, dizia bia, bl.,»,
Se Hitier ladrva, MusiL, dentro da pouo tempo. também drka,
E assim, mais ou menos, stá suced do com os chefes fascistas que hoje temos por
obra a graça da CIA e do imperialismo -naAmérica Latpn. Pnoche Banzer fizerem
declaraçes similare em menos de vinte o quatro hora ma mia. ção s elei41õs no
Chile e na Sovia. O Hitlar chileno disse a 7 de Junho: «Pasam-m muitos anos
antes que tenham do eloiçes no Chile. A democracia na sue forma tradcional jé
não é apicével no Chile», E o Mussolini boliviano, prante as questes formuladia
por agu perido iurguass pam que *o evogum o d.
TEMPO N 355 -g,
auto o ro~be a activ~dd p~lic na 1UiVIa o se convqe d
dias 8 de amo:
Percam s esperançs os que querem o retomo à demoao foa. Quer dizer: nao
Pnochet nem Ben rio permitir, tio pouco, o exercido da -dmoorac burguesa.
Penam :cnimw e gowvnar pelo nodo fuait, au
tmiinamene mtando e reprimindo, torurando a ditando probl Pinc
Banzar estio um para o outro. Além de declarados fascists so descarados
demagogos. Pinochet~dss:«Estamosomprenlados agora em dar stituclnãade ao
pais . E Banr disso: «O meu governo está criando una nova ordem insttuciona,.
Nem um nem outro explicou em que aos b~ a lnstltucoilozaçoconabida
palassuascabeça cavernais, Neste caso filo a pode afirma que Pinochet o Barzar
são o mesmo pescoço com diferentes colares. são o m pescoço e
tim o memo o~r, ma~de in USA, que lias colocou a CA, Amboa devem reordor.
mo um ensinaenmmo de hIstéria qm mmH itar nm tuNEi deN paeem
mm de modo natuni e que as su~ di taduras fascists casra. Porque os povoe
julgam eonderm os crinma, <a, Grma. Cuba)
Angola:
As ameaças imperialista do exterior
P - Falou-se multo nestes últimos mee nos pianos de agrssio conta Ango, la, do
plano «Cobra 77»,. Como o camafada Ministro encar esta situçlio?
R- N6s tomamos em conaderaçlio a posalbklidado duma agressão de grande
envergadura. O problema é de saber como vai ser conduzido pelo Zaire e pela
Africa do Sul, os dois pases da «linha da frente do Imperialismo» contra Angola,
Todavia. estamos preparados para qualquer eventualidade. Por outro lado,
multiplicam-se provocações, as agresaas~ armadas e os actos de sabotagem contra
a nossa economia, com vista a «destabilizar» a República Popular de Angola.
Além disso, está a ser conduzida uma campanha propagandística, habilmente
orquestada pela r.dio e pela imprensa de muitos paises oci. dentais, campanha que
visa demonstrar á opinião pública mundial que foi a RPA quedisparou o
«Primeiro golpe», para depois justicar a «resposta». É um velho truque do
imperialismo. Mas na medida em que una parte da opini§o pública internacional
vai caindo nesta armadilha, é necessário desmascará-la e denunciá-la,
P-A Impresa do Ocidente salientou que, denunciando a última agresslo a Cabinda,
o porta-voz da RPA, pela primeira voz no prosseguimento dos ataques dos
últimos tempos, falou de «tropa de Zaire>, e nãlo de bandos de Holden ou do
FLEC.
R - Não é una distinção Importante. Desde a altura da segunda guerra de
libertação de Angola em 1970/76, os soldados do exército regular do Mobutu e os
«lamentos do Holden Roberto, que sobre muitos aspectos já silo mais zalrensas do
que angolanos, estão a operar em perfeita simbiosi. A diferença porém é
irrlevante.
P -Angola, em suma. continua cons. tuir o alvo principal da agressvidade ih.
perialita o Africa Austral.
R -A agredssivIdde do h qisramo não é revolta somente contra Ango, mas contra
todos os países africanos progressistas, como vimos nos casos de Benn, CongoBrazzavlle, de Zámbia e de Moçambique. Existe um plano geral.
As forças imperialistas estio a atacar Angola, em prime" o lugar porquenãoacitem
a nossa opção socialita. Em sgundo lugar porque nlo aceitaram a derrota do Zaire
e da Africa do Sul na sgun de Gurr de Libeação. Em terceiro lugar porque a RPA
constitui a base de rectaguarde fundamental para o Movimento de Ubertação de
Nemíbia, SWAPO, o qual damos todo o apoio poselvel.
P - Durante a Conforáncia de Naçõe Unidas em Maputo o representante dos
Estados Unidos, Adrew Young, fez ume Intervenço que suscitou perplexidade e
reacções contraditórias entre os participentes, Que pans de intervenção no
contexto da politica geral de adminitação Cortar em Africa?
P- Penso que a intervenção de Andrew Young não trouxe elementos
subatancialmente novos, isto é também a opinião de muitas delegações, sobretudo
africenas, que estiveram presentes na Conferéncla, com as quais tive uma troca de
impresses sobre este assunto.
P - Nessa mesma Conferáncia, o reIpresentante cubano advertiu que «Toda a
agressão a Angola, será considerada uma agressão a Cuba». Pode comentar as
relações entre Cuba e Angola?
R- As relações entre a RPA e Cuba sãlo definidas pelos acordos bilaterais entre os
dois governos, No que diz respeito a Gooperação entre dois povos, pode-se
acrescentar que o contigent militar cubano'diminuiu. Entretanto continua a
preparar o nosso quadro militar, contribuindo para consolidar a noqs" estrutura de
defesa nacional, Todavia estamos preparados a dar uma resposta*conjunta no
caso de uma eventual agressão.
P - Angola tem amigos em partes muito longínquas do mundo, salienta um en
gajamanto internacionalista fora do comum, Mas por outro lado poderia dizer-se
que, em Africa, a RPA encontra-se numa situação difícil diria quase de
isolamento. sobretudo em relação aos paíss africanos do sub-continente Austral?
R - Diria cerco mis que isolamento. eamose crds porque partilhamos 0
maior parte das nossas ffltras com os regimes hostis do Zeire do Mobutu e de
Africa do Sul de Voretr, que continuamente estão- a fomentar ataques c a nés. Sé
há um pais fronteiriço com o qual as nossas relaçõe estio a melhorar
gradunalmente, a . Este pOlo, fez umgosto de boa vizinhança, que nésiuito temos
apreciado, quando baniu toda a actividade de UNITA de Jonas Savimbi, que a
Z~mba apoiou durante a segunda guerra angolana, Insisto com o termo cerco
mais que Isolamento. De facto não é verdade que estamos Isolados em Africa: a
último cimeira dos países de «Un da Frente» tev ugar em Luanda, e na capital
engolana teve também lugr nos meados de Junho pasado, a sessão do Comitá de
Ubertação de OUA. Não á por acaso nem se trata de uma normal rotação de
capitais: trata-se de uma opção política de muitos paíass africanos progressistas,
(Entrevista a Paulo Jorge-Ministro dos Neg6cios Estrangeiros de RPA concedida
a Giuseppe Morosini-Publicada em Rinascita. Semanário do Partido Comunista
Italiano em 8/6/77).
Venda de corvetas portuguesas à Colômbia motiva especulações
UMA NOTICIA publicada na revista ospanhola «£mbio 1S% na qual se referia
como sendo um facto consumado a vende de quatro navios de guerra portugueses
á Africa do Sul, por intermédio da Colémbia provocou, na última semana.
assinalável agitação nos meios militares do nosso pais.
«tCâmbio 16» transcrevia palavras do subdirector de construção naval da
Empresa Nacional Bzan. segundo o qual as corvetas forem construídas em
Espanha por encargo portuguás e nós nada poderemos fazer se eles decidirem
vendá-las a -outro pais, sja el qual fora. Mais adiante o articulista afirma que
Portugal. enquanto viveu sob um regime totalitário «foi base central do trãfico
de armas na Europa e agora parece voi. tar a sé-lo».
O PORQUI
DESTES NAVIOS
A principal dúvida levantada pl psshve venda dests baros adm do fec
to de as eemd te recenta. Assim dei. foi entregue
em 18 de Robi em l8 de ao Cerquein em o «ONv oeCan do eumo ano. T
sistenma de rea ça-foguetes de mrinos. além de na de tiro. Deis ta: por que quer !
navios?
O QUE PENSAM
AS AUTORIDADI
Fontes ~rimeas ram-os, fa menh1 tipó de navios dei Marinha portuguesa,
em que terminou a efeito, eie foram o truldos atendendo águas e da costa do. neste
moment patrulhamento da o serem muito grande ções da NATO
quenos. Segundo a vios que, neste rios se tomem a Po ra patrulha o fragat
Quanto á possibi cio poder vir a ben muito embora tal nj mentido, adiantaram
pouco prováveL mon sé internos como medida provocaria, .nos que, efectivan
clações entre Por América Latina (pc que é citada pelo io termediário no nega
uma possivel vend dados de Marinha no despacho norn gundo o qual é crie ra
esse efeito, co tantes dos Ministár ças e do Comércio um elemento daM
respectivo chef do
(In
TEM
construçãio bmsten. «Bptis- de Andrao de 1974; o «João ,o da 1975; o «Afon1 de
Junho de 1976 o . em 28 de Outuiro ios sm possuam um
ulto-senesvel, lanwprflcio e anti-ubrgrsos no eista.
-ão da pargunta felougai vender estes
ao EMGFA efim de ontem, que este xou de interessar à a partir do momento
guerra colonial. Com icomendados e consis caracteristicas das Africa Austral. s~
Ineficazes, quer no a portuguesa - por q - quer nas ope. por serem muito pamesma
fonte, os namoent, meia necesá ugi sio lanchas pa. as.
Idade de este negóficar a Africa do Sul, nos tenha sido dasque esta hipótese é ca
dos conflitos não internacionais que a
Contudo afirmaramient, existem negoe um pais da drá ser a Colémbia ~bio 16»
como ncio), tendo em vista dessas quatro univenda que é referida tivo nc 94/77,
suma comissio pa. tituida por represenos da Defesa, Finene Turismo, além de na
edesgnr Pelo
presso», Portugal) w366 -pão.1
FACTOS
E CRITICA
M'KONDEDZI: Líquidar os tabus sociais da Lepra
A palavra «lepra» fez estremecer a humanidade durante séculos. Na falta de
conhecimentos científicos sobre as origens e causas da doença a superstição e o
obscurantismo deram falsas respostas e falsas soluções. Na Europa e na Ásia os
leprosos eram tidos como pessoas amaldiçoadas por Deus ou pelos deuses. Se.
alguém fosse detectado como tendo sido atingido pela doença era alvo das
seguintés «medidas»:
a) Apedrejamento até à morte;, b) Expulsão da comunidade passando a viver em
lugares Isolados;
c) Morte pelo fogo bem como a destruição, também pelo fogo de todos os seus
haveres;
Quando havia epidemias, quando havia fome, quando havia secas, muito
comumente atribuiam-se essas calamidades aos leprosos. Dai surgia uma
verdadeira caça a esses bodes expiatórios da ignorância humana e uma vez
encontrados sofriam os m a i o r e s horrores de tortura física até à morte.
Os leprosos, quando não eram mortos eram mantidos sem o mínimo contacto com
as pessoas fisicamente sãs. Este isolamento foi ao ponto de serem obrigados a
usar um sino nas pernas ou no pescoço (como se faz com os bois e com as cabras)
para que ao andarem dessem sinal da sua proximidepossibilitando desse modo o
afastamento (fuga) daqueles que tinham medo do contágio, e da maldição
supersticiosa. Era frequente os leprosos viverem todos juntos nas montanhas e nos
vales recebendo a alimentação de parentes ou pessoas caridosas que depositavam
os géneros num local onde estes doentes os iam buscar sem que, no entanto viss
TEMPO N 355 - Pá*. 14
o rosto daqueles que os alimentavam.
Segundo a Biblia de entre os grandes milagres de Cristo contam-se várias curas a
leprosos. Na realidade a ignorância total das causas da doença fizeram dela um
bom campo de realização de curas miraculosas (?) Se de facto Cristo curou
leprosos com uma simples palavra, «levanta-te e anda» uma simples oração, uma
simples benção, não admira que multidões fossem atrás pois realizava aquilo que
a ciência não conseguia e, como dissemos acimat era a superstição e o
obscurantismo que respondiam erradamente às angustiadas perguntas que a
humanidade de então fazia sobre a lepra. Estes milagres de Cristo, que aliás
também foram feitos pelos profetas e pelos apósjolos (segundo a Bíblia)
propagandeados por todo o mundo pela religião cristã vieram tomar ainda mais
obscura a lepra. Um dos grandes actos caridosos dos cristãos é, de facto, prestar
assistência aos leprosos. Não cabe aqui discutir a autenticidade dos milagres atribuidos a Cristo e aos seus continuadores. Estamos numa época em que só a
ciência faz milagres. Importa, isso sim, dizer que o cristianismo, o maometismo, a
igreja, em suma, foi uma das grandes responsáveis pela criação de inúmeros tabus
sociais em relação aos leprosos. E cmo em muito ramos Onde a igreja meteu a
sua colherada obscurantista, tinha que ser a Ciência, neste caso a Medicina, a dar
as respostas correctas e urgentes sobre as razões, as causas daquela «doença
malditN W~z . dos
amaldiçoa.os».
Sabe-se hoje que
é um
produto da subnutrl0, ~~Ad à
ausência de higiene. Moçambique sendo um pais onde grande parte da população
passa fome e ignoraainda as mais elementares regras de higiene tem, por isso
grande incidência de leprosos que não será nem maior nem menor que a da
maioria dos países do Terceiro Mundo dominados pelo colonialismo e
imperialismo ou recém libertados dessa canga. Os leprosos do nosso país viviam,
regra geral, em gafarias ou leprosarias religiosas. Essas instituições recebiam
assistência monetária e em géneros de senhoras bem (tipo Movimento Nacional
Feminino) que nas tardes de lazer e entre o almoço e o chá iam fazer descarga de
consciência. É esta caridade (sentimento paternalista e reaccionário) que veio
substituir o horror irracional que envolvia os leprosos em muitas partes do mundo.
O leproso passou a ser já não um amaldiçoado por Deus ou pelos deuses mas um
«pobre coitado», um «infeliz», um «desgraçado». Dai a movimen. tação de toda
uma acção social-cristã alicerçada ha piedade: um indivíduo que tivesse lepra no
nosso país, por exemplo, era conduzido às instituições próprias e ali ficava a
vegetar. Significativamente todas essas instituições estavam ligadas a ordens
religiosas. Davam-lhe de comer, davam-lhe vestuário, davam-lhe uns bolos pelo
Natal-mas sempre havia para ele um olhar acompanhado pelos restos do milenar
horror à lepra.
Lentamente o doente criava o complexo de que era um inútil. Depois vendo os
benefícios dessa situação tomava-se num oport-nista, 'num parasita consciente.
Se coeia e dormia sem ter necessidade de trabalhar que mais desejaria? De facto,
a criação de uma meaUadl deformada, subservisnte, que infalivelmente conduzi là
morte da personalidade individual foi o resultado da carida caridade da bgxrguIla
dar <ia
comer a quem tem fome em vez de fazer de quem tem fome o produtor de seus
próprios ens de consumo; dar de vestir aos nús em vez de torná-los produtores dos
bens com que vão comprar a roupa; enfim, proteger os leprosos é criar-lhes
inúmeros complexos e vícios em vez de curá-los cientificamente. É de ciência
médica que tratar um doente não é só ministrar-lhe os medicamentos. É também
libertar-lhe o espírito, os complexos «as manias».
III
No acampamento situado junto ao local onde se erguerá a futura aldeia comunal
de M'kondedzi em Tete é principalmente com os resultados da caridade cristã que
Na realidade o milenar horror, a marginalização do leproso, continuami
Em Mkondedzi combate-se essa marginaliz~à . Os trezentos e cinquenta doentes
que ali se encontram não estão postos à margem da sociedade mas nela se
integram. Assim, todo o doente têm lá pelo menos um parente: máe, irmão,
marido, mulher. Portanto são famílias (70 ao todo) que se empenham agora na
cons, truço, de um# aldeia comunal (onde vai funcionar um hospital)
enãoleprosos aedificar a aldeia. Alis, há-casos em que em virtude de haver um
leproso na família toda ela passou a ir viver em M'kondedzi. Mais raros são os
casos de indivíduos abandonados.
Muito obscurantismo cai em
Umà família de M'kondedzi. Em todo o acampamento há mais de três centenas de
familias. A aldeia que se vai construir não é uma aldeia de leprosos mas destinase a combater os tabus sociais da lepra.
lutam os responsáveis. Transferidos de uma gafaria onde recebiam um tipo de
apoio igual ao descrito atrás eles têm dificuldade em produzir para eles mesmos.
São 350 leprosos. Um deles viveu 20 anos na gafaria todos os dias a comer sem
esforço. Outros viveram menos anos mas os efeitos não foram menos marcantes.
Paralelamente ao trabalho de dignificação destas três centenas e meia de doentes
da lepra está o combate aos tabus sociais que envolvem ainda hoje os indivíduos
afectados por aquele mal. Se séculos atrás na Europa e Asia (ignoramos qual o
comportamento africano em relação ao leproso) os doentes eram mortos,
queimados ou levados a viverem nas montanhas e vales hoje, em muitas
sociedades ditas civilizadas, eles são internados em gafarias.
M'k0ndedzi:
1) O espírito !parasitário do leproso. Ali ele trabalha;
2) A caridadel cristã (apesar de ser um padre da Ordem de Burgos quem lida
directamente na construção da aldeia);
3) A ideia de que a lepra é contagiosa. Na verdade são raros os casos de lepra
contagiosa de tal maeira que uma mãe leprosa pode amamentar o seu filho;
4) A ideia generalizada de que
um leproso é coisa para se internar numa gafaria e esquecer lá.
No ponto 2 revelamos ser um religioso da Ordem de Burgos quem orienta as
obras de MIkondedZ. Talvez consciente das suas limitações, disse-nos da
necessidade de se destacar um elemento do Partido que ,possa conduzir a
trasormação 6oral e política
dos doentes. É que para além de muitos outros vícios há uma incidência particular
de alcoolismo no acampamento onde a quando da nossa visita vimos um doente
embriagado - e era a meio da manhã - e vimos uma outra família que mui
tranquilamente fabricava «pombe» que é uma aguardente fortíssima à base de
farelo e açúcar destilados. Parece-nos, no entanto, muito impor tante dizer que é o
desespero que leva aqueles indivíduos ao alcoolismo. Digamos que não é
«cómodo» ser leproso.
Mas voltando ao nosso tema central:para além das pessoas não doentes que se
encontram em Mlcondedzi, todas elas parentes dos afectados, irão viver ali cinco
mil famílias com o andar dos tempos. Para que isso se torne possivel já está
montada a estrutura material: a construção de um poço de captação de água e
respectivo reservatório, a construção de uma escola, a abertura da machambas e,
principalmente, a construção de uma represa que garante, neste momento 30 a 40
mil metros cúbicos de água permanente para irrigação.
IV
Por isso M'kondedzi é uma boa lição. Em Moçambique há em cada mil pessoas
oito a dez doentes de lepra sendo a grande maioria da Zanéi, Nampula o Cabo
Delgado ou seja das províncias mais povoadas e onde a miséria e a fome atingem
graus muito particulares. É necessário, pois, criar mais M'kondedzis. Porque a
marginalização e o espírito ~e formado pela caridade não afcta apenas os leprosos
mas tabnm os mendigos que existem- em todas as cidades moçambicanas com
excepção de Nampula (única onde há estruturas para a sua recuperação) a criação
de aldeias orientadas pelo Partido onde esses mendigos sejam alvo de um trabalho
político quê os leve a ganhar de novo a sua personalidade de homens é uma tarefa
importante. Para terminar este apontamento vamos transcrever do no 13 do
boletim «A Saúde em Moçambique» a seguinte opinião:
Durante o regime colonial era frequente a existência de grupos de senhoras
burguesas que proTEMPO N 355 -~. 15
moviam a assistência social através da concessão de subsídios, ranchos, roupas,
sem que da parte do Diminuído Físico fosse exigido qualquer espécie de trabalho.
Esta atitude levou que à volta das cidades se aglomerasse um grande número de
doentes de lepra vindos de outras Províncias para beneficiarem d a s dddivas
atribuídas, habituando-se à mendicidade e ao parasitismo. Esta situação encontrase espalhada por quase todas as cidades, vendo-se neste momento grande número
de pedintes que devido ao desaparecimento desse grupo pro. curam subsistir
através de pedidos e esmolas.
Ao analisar esta situação, pensamos que não vai ao encontro do principio de que
«não hd inúteis ou invdlidos numa Sociedade Revoluciondria. ».
- Assim, pensamos que é urgente o regresso dessas pessoas aos seus locais de
origem, sendo feito principalmente um inquérito para tevantamento .d a situação
Haviamos sido alertados para estranhas frases que têm vindo a ser pronunciadas
por certos professores - uns primários, outros secundários - perante os seus alunos
que ns maior parte dos casos a que nos referimos têm pouca idade, são crianças.
Uma criança dos seus 8 anos nos contou o que lhe dissera o seu professor de
ginástica, não a ele directamente, mas à sua turma, «aos meninos da minha aula».
«Ele disse que os meninos mal comportados se continuarem a ser indisciplinados
vão para a reeducação». Depois contou-nos, na inocência bem característica da
sua idade, que os «indisciplinados» tinham sido apresentados perante todos os
seus colegas e então anuncado que «se voltarem», Iam para a reeducação.
TEMPO N.* 355 --Pãg. 1S
O alcoolismo é um dos cancros de M'kondedzi.
A angústia de
uma doença tão
envolvida por mitos, a despersonalia do doente através
da caridae,
levam ao adormeci.
mento da personalidade
iadlvldual e à necessidade de fugas
artificais.
global de cada um deles, para per. mitir traçar da melhor forma a maneira como
essas pessoas poderão, nos seus locais de origem, ser integradas em trabalhos
produtivos.
Para além desta situação específica à volta das cidades, hd em certas zonas do
Pais outros hdbitos caritativos, também de influência religiosa e do mesmo modo
prejudiciais -é o caso das esmolas dos muçulmanos à sexta.
-feira, que levam a movimentos migratórios dos doentes de lepra para os locais
onde existem muçulmanos e onde vão mendigar essa esmola.
Assim, hd que se desenvolver simultaneamente um trabalho de consciencialização
a essas pessoas. através das estruturas políticas, com vista e pôr fim à continuação
deste tipo de mentalidade, que traz como consequência hdbitos e vícios de
cardcter paternalista, humilhante e de invalidez.
Será desnecessário dizer que dissemos à criança para não acre ditar porque a
reeducação não era para ela. Qe a própria escola era onde ela estava a ser
educada, e que as crianças não precisam de ir para a reeducação, pois elas quando
estão na escola estão já a aprender a viver educadas, estão a aprender a disciplina,
estão a aprender a história do seu povo, dos seus pais, estão a aprender a ser
servidores do povo. Perante isto não há reeducação: possível para as crianças que
estão na escola. Há contudo uma definição muito concreta sobre quem vai para a
reeducação: só poderão ser .enquadrados num processo de reeducação nos
chamados Campos de Reeducação os maiores de 16 anos. Por aqui, estamos já
claros que as crianças da escola não'vão
para os Campos de Reeducação. Não vão, isto é muito claro.
Mas porque é que existem estas pessoas que dizem às crianças que se
«continuarem a ser indisciplinadas vão para a reeducação?»
Porque é que surgem estes comportamentos que contradizem as próprias normas e
regras de funcionamento da nossa Justiça, e neste caso concreto o próprio
Ministério da Educação e Cultura?
Pensamos que a resposta é evidente: querem de forma objectiva desvirtuar o
verdadeiro sentido da Reeducação, querem desvirtuar uma conquista da Luta
Armada - foi a Luta Armada que nos ensinou a reeducar aqueles que manifestam
o comportamento do inimigo. Contudo sejamos claros: as nossas crianças não
manifestam os comportamentos do Inimigo. E, não manifestam, ou pelo menos
não deviam manifestar, porque estão enquadradas dentro de um processo de
educação revolucionária. Por Isso também, existe essa norma de que só há
reeducação para os maiores-de 16 anos - as crianças e os jovens até aos dezasseis
anos devem estar na escola, devem estar a ser educadas.
As tais pessoas qúe fazem ameaças com a reeducação, so precisamente aquelas
que não acreditam na Reeducação. No caso que aqui apresentamos trata-se de
traumatizar as crianças influenciando-as que a reeducação é como urna cadeia, é
um castig,
- ir para a reeducação é para os criminosos. É isto que pretendem. E mais: o
comportamento destes professores corresponde à sua mentalidade burguesa da
Justiça, à mentalidade burguesa da educação. Equivale dizer, que para tais
professores os método« coercivos como a palmatória, a régua, o ponteiro sobre as
mãos, as pernas ou as costas das crianças devem continuar a ser utilizados. Quer
dizer, para essas pessoas a educação deve ser repressiva, deve ter unicamente o
sentido de dominação dos diabretes que são as crianças consideradas como seres
potencialmente criminosos, e não como os futuros trabalhadores, os continuadores
da Revolução, que realmente s.o.
Não confundamos os comportamentos da burguesia.
Reeducação e escola
Nenhum progresso em Paris
ESTAgOS UNI
CVEIRSACOES VIETNAME IS ANGEM um IMPASSE
O Vietname socialista está determinado a seguir uma política estrangeira NãoAlinhada e independentQ. Os seus dirigentes pretendem manteí- um
equilíbriolLeste-Oeste correcto e é do interesse dos Estados Unidos encorajar tal
tendência. Tudo indica que os Estados Unidos efectuem um erro de avaliação no
que respeita ao Vietname. Em vez de apertar uma mão de amizade generosamente
estendida, o Congresso fez o máximo para a cortar ao nível do cotovelo.
As conversações EUA-Vietnamitas em PariO sobre a normalização das suas
relações perderam virtualmente o seu significado. Basicamente porque os Estados
Unidos como super-potência assumiu a posição de ditar os termos de tal
normalização. As declarações do Presidente Carter respeitantes aos seus
objectivos foram tomadas pelos vietnamitas como base que possibilitaram que a
reunião de Paris, pudesse ter lugar. Mas os americanos querem tudo à sua maneira
- os seus delegados algo embaraçados - explicando que o Congresso lhes amarrou
as mãos. Eles gostariam de ter a bandeira das estrelas e faixas esvoaçando sobre
uma sua embaixada em Hanói e levados nos seus carros diplomáticos de um ao
outro extremo do pais mas não estão preparados - os seus delegados dizem não
terem poderes - para oferecer a mínima satisfação ao Vietname Socialista.
Seja qual for o ngulo de que se veja a situação, através da óptica do Acordo de
Paris de 1973, ou qualquer outra forma, existem três principais questões entre os
dois países. (Q) Os americanos desaparecidos em combate - o que na realidade
significa a localização e recuperação loscorpos dos pilotos cujos aviões se
despenharam enquanto tentavam exterminar o povo vletnanita e destruir a sua
economia (2) Indemnizaçóões '- registadas pela formulação no Acordo de Paris da
promessa dos EUA de fazer uma «geTEMPO N, 355 -pág. 1
nerosa contribuição para tratar das feridas de guerra», começando com um
pagamento de 3,25 biliões de dólares segundo compromiOso assumido por Nixon.
(3) NonaUzaçáo das relações diplomáticas. A posição americana nas negociações
é a de que s e j a m cumpridos os pontos (I) e (3) mas não o ponto (2).,
«Mesmo supondo que a normalização das relações seja tão vantajosa para nós,
como é para os Estados Unidos», isse Phan, Hien, vice-ministro do s Negócios
Estrangeiros da República Socialista do Vietname, que chefia a
nizaçes numa quantidade igual à votada. Se os senadores compreenderam o grave
erro que cometiam é difícil de avaliar. Os Estados Unidos já se tinham distinguido
na era Nixon-Klssinger ao tentarem bloquear a ajuda da UNICEF ao Vietname do
Norte onde havia 50.000 crianças com tímpanos rebentados pela explosão das
bombas norte-americanas e todas as escolas em ruinas. Afortunadamente esta
tentativa dos Estados Unidos foi derrotada e podem-se ver algumas boas escolas
na me tade norte do Vietname construidas com a ajuda da UNICEF. A
De ars..ceveo..so.orrspndnt
delegação do seu país. «o que na verdade não é o caso - Isso representaria meio
ponto para cada. O cumprimento do ponto (I) traria a pontuaçãO americana.para
1,5 e o não cumprimento do ponto (2) levaria a pontuação para 2,5 contra 0,5 a
seu favor. Isto é absolutamente inaceitável para nós».
Enquanto as negociações estavar na fase de progressão, o Cpngresso dos Estados
Unidos passou legislação banindo qualquer forma de ajuda económica ao
Vietname por instituições (Banco Mundial, etc) em que os Estados Unidos e s t ã
o representados. E mesmo que tal ajuda fosse votada os Estados Unidos
reduziriam as suas contribuições a tais orga«honra» Ocidental está até certo ponto salva no Vietname pela ajuda fornecida
por países como a Suécia, Holanda, Alemanha Federal. Até o Japão prosseguiu no
sul do país com projectos financiados pelas Indemnizações a fornecer pela II
Guerra Mundial. A Austrália financia igualmente alguns projectos de criação de
gado no norte e uma modesta instalação hidro-eléctrica no sul. Mas o responsável
máximo - os Estados Unidos - dizem que não pagarão um cêntimo! Toda a
história das relações Estados Unidos - Vietname é uma história de erros de
avaliação e de oportunidades perdidas. Erros de avaliação no a p o i o à contrarevolução, oportunidades
perdidas por não conseguirem um acordo em termos razoáveis, mesmo
favoráveis, para os legitimos interesses americanos. E este estúpido capitulo da
história está para ser repetido. Ironicamente os vietnamitas têm de pagar várias
vezes as peculiaridades do sistema americano. Durante um certo tempo - por
exemplo os bombardeamentos de Natal - eram Nixon e Kissinger que tomavam
decisões por detrás do Congresso americano - um pouco antes era Johnson a
manobrar o Congresso para que este lhe desse o famoso «cheque em branco» em
relação ao inexistente incidente do «Golfo de Tonquim». Agora é um Congresso
dos EUA a defender decididamente os seus direitos contra uma repetição da
«diplomacia secreta» ao renegar os compromissos assinados por um anterior
presidente e amarrando as mãos do actual. Em todos os casos ,ao povo vietnamita
sempre calhou o «lado sujo da moeda».
«Não podemos ignorar a nossa opinião pública» é uma afirmação frequente da
obviamente embaraçada delegação de Carter às negocraçes de Paris. Como se o
Vietname não tivesse uma opinião pública! «Ah, mas vocês têm uma imprensa
controlada», é o argumento. O Vietname possui pelo menos uma imprensa
responsável- que não se empenha numa campanha de propaganda anti-americana.
A opinião pública é expressa de diferentes modos--e quem pode provar que as
impulsivas instruções de um chefe de redacção são os melhores meios de
expressão? Através de reuniões diárias nas propriedades agrícolas e fábricas, a
opinião pública pelo menos expressa tão explícita e efectivamente como através
das colunas de editoriais do Washington Post ou outros dos principais jornais
norte-americanos. Como poderia um quadro do Partido Comunista ou da Frente
Patriótica justificar perante os membros de base dessas organizações, a presença
da bandeiia americana em Hanói.
Ou grandes investimentos em tempo e esforços para localizar corpos de
americanos e nem um cêntimo americano para ajudar a reparar os muitos biliões
çde dóla. res de prejuízos - para não mencionar a perda irreparável das
suas famílias! Este ponto de vista foi bastante energicamente apresentado por
Phan Hien aos s eu s interlocutores americanos. Evidentemente não há qualquer
possível resposta. Terão ainda os vietnamitas de suportar as dificuldades
originadas pela complexidade de relações entre os sectores legislativo e executivo
do governo dos EUA? Pareceria que sim, pelos argumentos apresentados nas
conversações de Paris. «É vosso problema não nosso», replica Phan Hien com
muita razão. As conversações foram adiadas - sém qualquer data ou local para o
seu recomeço. Os americanos propuseram Hanói como próximo local de reunião talvez para se furtarem à embaraçadora situação de publicidade d e P a r i s.
Entretanto Cyrus Vance visitará Pequim e Phan Hien visitará Canberra. Não que
os problemas EUA-Vietname possam alguma vez ser resolvidos em Pequim (ou
Moscovo) como descobriu Henry Kissinger. Mas não se realizarão quaisquer
novas reuniões até à conclusão destas visitas. Nem há certeza alguma de que
Hanói será o próximo local de conversações!
O Vietname Socialista está determinado a seguir urna politica estrangeira NãoAlinhada e independente. Os seus dirigentes pretendem manter um equilíbrio
Leste-Oeste correcto e é do interesse dos Estados Unidos encorajar tal tendência.
Tudo indica que os Estados Unidos efectuem um erro de avaliação no que respeita
ao Vietname. Em vez de apertar uma mão de amizade generosamente estendida, o
Congresso fez o máximo .para a cortar ao nivel do cotovelo. O que é difícil de
compreender para os vietnamitas é que um Presidente não seja capaz de forçar
uma orientação política publicamente declarada através de um Congresso em que
o seu partido político possui uma esmagadora maioria.
Desenvolvimentos económicos, alguns deles em que os Estados Unidos poderiam
ter participado, não podem esperar enquanto o Congresso arrasta os pés. O
resultado parece ser mais uma oportunidade perdida de dimensões estratégicas em
que os Estados Unidos, mais que o Vietname, é o perdedor!
TEMPO N, 355 -pg. 19
OS ÚLTIMOS SEIS MESES.
TEMPO N 3»5 -Plg. 20
Força8 do ZIPA treinando com morteiros.
Hoje, cerca de vinte meses após a formação do ZIPA. as actividades militares do
braço armado do povo zimbaCombatentes zimbabwenos num campo de treino.
bweano estendem-se por dois terços do território -do Zimbabwe, abrangendo uma
população calculada em 4 milhões de pessoas e atingindo as forças do regime
ýodesiano em regiões de grande concentração populacional.
-As regiões de Kariba, Gokwe, Karoi, Urungwe, Bindura, Sinoia, Mazoe,
Shamva, Centenary e Mukoko no nordeste do pais;
-Inyanga, Marange, Malsetter, Rusape, Tanda, Vumba, Birchenough Bridge,
Chipinga, Odzi e Mount Seidq, no (este:
-Chiredzi, Sabi Valley. Bikita, Gutu, Ndanga, Nyajena, Chibi, Mashaba, Nuanetsi,
Belingwe. Gwanda, e Bcda Bala no sul:
- e Mrewa, Wedza, Buhera, Selukwe, Que Que, Gatooma e Enkeledoom na zona
central do pais. Todas estas áreas são actualmente consideradas «zonas
operacionais» pelo regime de Smith onde vigoram leis repressivas como o
recolher obrigatório para as populações.
Estas e outras informações importantes estão contidas num comunicado de guerra
divulgado em Maputo a semana passada pela Frente Patriótica-organização
política do ZIPA-comunicado esse referente às operações de guerrilha entro os
meses de Janeiro e Maio desTEMPO N.° 355 -pãg. 21
O comunicado divulga que neste período os combatentes do ZIPA abateram 851
soldados do regime de Smith, feriram algumas centenas, efectuaram 61 «ataques
relâmpagos», 35 emboscadas, 65 operações de sabotagem e 50 «raids». Por outro
lado, foram abatidos sete aviões de guerra, 58 veículos destruidos, 34 agentes
distritais do regime capturados. No referente a acqmpamentos militares do
inimigo o comunicado diz que foram destruidos 4. Durante o mesmo periodo o
ZIPA capturou um machimbombo e largas quantidades de material de guerra e
dinheiro.
ALGUMAS OPERAÇÕES
Uma breve descrição de algumas operações militares dão uma ideia geral da
extensão territorial das actividades do ZIPA e.do tipq de alvos atingidos. Por
exemplo, no dia 29 de Janeiro combatentes do ZIPA atacaram o acampamento
militar rodesiano de Mount Darwin abatendo mais de vinte soldados inimigos.
Um outro acampamento, Nyamapanda, situado na zona operacional nordeste, foi
atacado por duas unidades do ZIPA tendo sido mortos 5 soldados inimigos.
Os aeroportos militares rodesianos têm sido escolhidos como alvos importantes a
atingir porque é a partir deles que são coordenados os «raids» aéreos (de avião e
helicóptero). Um desses aeroportos, o de Houtberg Farm, perto de Mount Selina
na zona leste do país, foi atacado no dia 22 de Maio. Todo o «stock» de gasolina
do aeroporto foi incendiado calculando-se o prejuizo em mais de 500 mil dólares.
(A unidade do ZIPA que fez esse ataque tinha atacado dois dias antes na mesma
zona - Chikore - um contigente de tropas rodesianas matando doze entre os quais
Graig Paul
Aprendendo a muniejar <mti-aéTeas gara intensificajr a lu.ta arTm 3da.
TEMPO N,ó 355 - Pia. 22
Clark, La z ar u s Marindapanze, Leonard Machimbirike Robert Lee e January
Samharu).
Um ataque à base militar de Nyamapanda, efectuado no dia 27 de Abril teve
particular repercussão na altura. Cinquenta tropas rodesianas foram mortas.
Segundo o comunicado esta base é de grande importância estratégica para os
rodesianos pois é dai que são montadas algumas das incursões rodesianas ao
nosso território.
Grande parte dos ataques do ZIPA são emboscadas, algumas delas resultando na
morte de muitos soldados rodesianos. O comunicado indica várias dessas em boscadas. A 10 de Março forças do ZIPA
operando na zona de Ku dyawarara emboscaram uma patrulha inimiga de trinta
soldados protegida por quatro helicópteros, três bombardeiros e três camiões. Um
destes camiões foi destruído e nove soldados rodesia nos foram mortos; ficaram
feridos quinze. Oito dias antes vinte combatentes do ZIPA embosca ram soldados
inimigos na estrada de Mutsago, área de Marange. Dos combates de quinze
minutos que se seguiram resultou a morte de treze soldados inimigos. Cinco
ficaram feridos e um camião foi destruido. No dia 27 de Fevereiro combatentes do
ZIPA embosca ram uma patrulha inimiga na área de Chendambuya. Um
helicóptero enviado para apoiá-la foi abatido tendo os seus quatro tripulantes
morrido. Doze dias antes na área de Chesa o ZIPA emboscou um grupo de
soldados rodesianos matando dez e ferindo al guns. No dia 2 de Março na área ,de
Marange, distrito de Umtali, o ZIPA atacou uma patrulha de vinte e, cinco
soldados inimigos que tinham o apoio aéreo de dois helicópteros e dois
bombardeiros «Camberra». 16 desses soldados foram mortos e um dos
bombardeiros abatido. Uma outra emboscada no dia 6 de Março na área de Kadiki
resultou na morte de dez soldados inimigos. Um foi capturado assim como vário
material de guerra. Sete dias depois, Bridge, sete soldados rodesianos
incluindo o seu comandante Philip Edward Nicholas, foram mortos. Dez ficaram
feridos e um camião que carregava explosivos explodiu. Nalguns destes
encontros os combatentes do ZIPA tiveram de lutar não só contra soldados
rodésianos mas também contra mercenários de vários países, particularmente, da
África do Sul. (O número de sul-africanos envolvidos no exército rodesiano tende
a aumentar. Só o presidente d a «S o u t h African Rhodesia League» com sede
em Pretória, Sydney Morrisey, está presentemente a tentar recrutar mil sulafricanos para g u a r d a r pontes e fazendas rodesianas. Outras já estão
defendidas por australianos e mercenários vindos da Nova Zelândia).
.Estes são alguns exemplos que ilustram toda a actividade do ZI PA nos últimos
meses divulgados pelo comunicado da passada semana. Mas a actividade do ZIPA
não é somente militar. Ela é tam bém política, virada para a mobilização e
recrutamento de novos combatentes para a luta armada.
O TRABALHO POLíTICO NO
SEIO DOS ESTUDANTES
Desde 1973 que a ZANU, um dos dois movimentos que inte gram a Frente
Patriótica, tem vindo a realizar um trabalho de mo bilização e recrutamento no
seio das escolas, com incidência especial sobre as zonas rurais. É ex plicada a
história do Partido, os
Comandante Tongogara e Robert Mugabe num campo de guerrilheiros.
TEMPO N 355 -pág. 23
seus objectivos, a história de todo o movimento nacionalista no Zimbabwe. Hoje
o s combatentes acrescentam a história da FRELIMO e do MPLA nos seus
contactos com os estudantes. Por outro lado, e este pormenor é bastante
importante, os militantes da ZANU explicam também como sur" TEMPO N. 355
- pág. 24
giu o ZIPA e a Frente Patriótica com o fim de consolidarem a unidade nacional.
Em zonas como Bikita, Zaka, Chibi e Belingwe no sudeste; Chipinga, Tambara e
Chicore no leste; e Mwera, Bohera, Wedza e Mondoro nas regiões centrais,
existem muitas escolas quer governamentais quer missões. É em escolas como as que existem nessas zonas que
os combatentes do ZIPA fazem já um elevado grau de mobilização. Para
conhecermos alguns pormenores sobre este trabalho, como ele é feito, falámos
com Rugare Gumbo, responsável de Informação da ZANU.
uenuncza aos jantoenes. Abel Muzorewa do UANC e o 'hefe tribal Chiram.
Rugare Gumbo explicou-nos que após trabalho prévio numa determinada região
onde existe uma ou mais escolas, e na altura em que é possível (pouca presença de
tropas rodesianas na área) os com batentes convocam uma reunião com os
estudantes. Em primeiro lugar ouvem as opiniões sobre o sistema educacional
rodesiano, o que eles sentem por estarem sub. metidos a um sistema de ensino
racista, e só depois iniciam a explicação sobre a-luta armada e o tipo de sociedade
que se deve construir no Zii~abwe após a independência. Os estudantes - que
chamam aos guerrilheiros Kana
Mukoma que literalmente quer dizer irmão mais velho-são os mais receptivos à
luta e nos últimos quatro anos muitos milhares deles têm abandonado a Rodésia
para se juntarem aos combatentes e engrossarem as fileiras do movimento de
libertação. Só nos últimos seis meses cerca de dois mil estudantes, entre as idades
de 11 e 20 anos, se juntaram ao ZIPA que hoje é quase todo composto por jovens.
Uma -das tarefas dos combatentes é distribuir no 'seio dos estudantes (e também
das populações) panfletos e livros sobre processos revolucionários de todo o
mundo para melhor compreenderem o imperialismo. São pequenos livros por
exemplo sobre Cuba, sobre a FRELIMO (textos do Presidente Samora). Por sua
vez os estudantes distribuem-nos nas povoações contribuindo assim para um
trabalho de massas.
Os livros dos clássicos do Marxismo assim como de Ho Chi Min, Mao Tse Tung,
são distribuídos principalmente pelos estudantes universitários em Salisbúria e
por alguns sectores estudantis liceais da capital e de outros centros urbanos.
Todos estes livros e panfletos assim como as'publicações ofiTEMPO N. 355 pãg. 2
m
ciais da ZANU, são levadas pelos Esse trabalho de denúncia é guerrilheiros para
dentro do Zim- feito essencialmente através de babwe. Brevemente haverá uma
«Voz do Zimbabwe», programa rauma pequena publicação em lín- diodifundido a
partir de Maputo gua Shona para as áreas rurais pela Frente Patriótica, e através
especificamentede caricaturas que os guerrilheiros levam para dentro do
país, esA DENúNCIA DOS FANTOCHES
tas caricaturas - algumas das
quais reproduzimos aqui - são
Uma das tarefas actuais mais depois distribuidas pelas células importantes no
campo do esclare- do movimento nas zonas urbanas, cimento político é a
denúncia dos especialmente, sendo a tarefa desfantoches, Ian Smith tenta pre- tes
espalhá-las pelas populações sentemente usar velhos e novos suburbanas.
fantoches a fim de assegurar a sóbrevivência do seu regime. São eles os chefes
tribais como Chirau, o bispo Abel Muzorewa e Ndabanlngi Sithole, este último
aéabado de chegar a Salisbúria ao Tim daquilo que se pensa ter sido mais uma
jogada do impe rialismo do que do próprio Ian Smith.
TEMPó N4-U- á55
OS QUE SAO PRESOS PELO
ZIPA
No decorrer das suas operações militares o ZIPA tem capturado agentes do
regime. Alguns deles m o s t r a m-s e verdadeiramente aterrorizados ao serem
capturados porque, como vêm a explicar
lan Smith e Ndabaningi
Sithole (acabado de
chegar a Salisbúria já
depois de ter sido
denunciado pelo
presidente Kaunda como
colaborador da polícia secreta sul-africana).
Debaixo do altar pode-se
ler: «Alor do fiel
servente».
Estas caricaturas são
distribudas pelos
combatentes, do ZIPA nas áreas rurais mas também
^%'s cidades,
particularmente nos
subúrbios de Salisbúria,
Umtali, e Buzawayo.
mais tarde, são levados a acreditar no que o regime rodesiano diz sobre os
guerrilheiros. Todos os dias, meses após meses, ouvem dos seus instrutores, dos
jornais, da Rádio e da televisão que os combatentes zimbabweanos são uns
criminosos, uns terroristas que não querem a paz. Pouco a pouco tudo Isso entralhes na cabeça e passam a acreditar realmente. Perguntámos a Ruga r e Gumbo o
que é que o ZIPA fazia deles uma vez capturados e ele respondeu-nos que são
levados a aprender a história da luta do povo zimbabweano, seu próprio povo, o
porquê da luta. Dissenos ainda que muitos deles, particularmente aqueles que são
mais pobres e aceitaram ser agentes porque não tinham dinheiro, dão mostras de
aceitarem a transformação.
Timor Leste
O PODER DA LUTA
0 © Partido Trabalhista Australiano reconhece a FRETILIN e condena a agressão
indonésia @ Países membros da ASEAN estabelecem acordos militares entre si 0
Japão
envolvido na agressão a TimQr Leste 0 Indonésia
preocupada com a sua dependência em relação ao J a p ã o?
* Corrida do imperialismo às matérias primas indonésias
0 Alemanha Feder'al constrói centrais nucleares na Indonésia * FRETILIN
controla a maior parteda sua
pátria 0 Onde a solidariedade não chega fisicamente 0 Até quando as potêncips
esconderão a Luta em Timor Leste?
TEMPO N.- 355 -pg. 27
Povo maubere airmnado conýtra os invasores indonédjs.
Aspecto do jornal ditado por um grupo de apoio de trabalhadoresautralianos à
Luta de Timor Leste. A foto que se vê no jornal (que tem quatro páginas e é
edit'rdo quinzenalmente) refere-se a um contacto de rádio entre o referido grupo
de apoio e a Rádio Maubere. O Partido Trabalhista da Austr~l aab0 de
reconhecer a FRETILIN e condenar a invasio indondsia.
Pais pequeno, minúsculo até, Timor Leste graças a um processo de lu ta popular
prolongada contra os invasores indonésios começa a ganhar a dimensão do grande
problema.
Há algumas semanas atrás o Partido Trabalhista Australiano reconheceu a
FRETILIN, e condenou a invasão indonésia à República Democrática de TImor
Les TEMPO N 355
te. Este acontecimento, que toma lugar 19 meses após a invasão merece pois, ser
bem pesado, Trata-se como muito bem parece à primeira vista de uma atitude a
que os trabalhistas australianos se viram forçados tomar numa altura em que se
encontram fora do Governo e portanto na oposição. O mesmo Partido que havia
fechado os olhos à invasão é forçado a
abri-los quando a Luta de Timor Leste merece a atenção dos trabalhadores
australianos.
Situar a atitude dos trabalhis-. tas australianos está ainda para além dos aspectos já
focados.'Lenin em Junho de 1913 caracterizava da seguinte forma este Partido: «0
Partido Trabalhista Australiano até não reivindica ser um Partido Socialista. De
facto ele é um Partido Liberal ãurguês, e os chanados liberais na Austrália são
realmente conservadores.,.. na Austrália o Partido Trabalhista fez o que em outros
países é feito pelos conservadores».
As palavras de Lenin àcerca do Partido que agora acaba de reconhecer a
FRETILIN permanecem perfeitamente actualizadas, com o simples senão de que
o Partido Trabalhista e n c o n t r a-se agora muito mais dependente das
multinacionais e dos capitalistas. É camo Lenin dizia «um Partido liberal
burguês».
Contudo convém-nos ver as razões porque é então reconhecida a FRETILIN pelo
P.T.A.. Só encontramos uma resposta concreta na Luta Armada de resistência. É
aí de facto onde encontramos a resposta para o procedimento dos trabalhistas
australianos: o reconhecimento de que os indonésios estão condenados ao fracasso
e à derrota. É a própria burguesia australiana que o reconhece, que reconhece a
força da Luta Armada de resistência - e não esqueçamos que os soldados
australianos que estavam no Vietname sairam de lá «muito airosamente».
Este primeiro passo da burguesia australiana para tentar lavar as mãos que quase
empurraram, e se não empurraram, serviram para tapar os olhos à invasão
indonésia, é pois significativo. Porém, ele é ainda o primeiro passo que Identifica
e de certo modo desenha, a oficialização de uma derrota da indonésia iniciada há
precisamente um ano atrás quando a FRETILIN depois de tomar uma série de
localidades e vilas da sua pátria passou definitivamente à ofensiva.
No entanto, as burguesias no Poder no Sudeste asiático (na Tailândia, Filipinas,
Malásia, Singapura, Indonésia e mesmo na Austrália) reservam ainda algumas
esperanças na 4nvasão indonésia a Timor Leste.
11, , ý,
A ASEAN E OS TRATADOS MILITAES
A ASEAN (organização a que pertencem os países atrás mencionados qom
excepção da Austrália) reu*ie-se no próximo mês de Agosto em Kuala Lumpur na
Malásia. A Conferência tem traçados como objectivos, estudar formas de
cooperação económica entre os seus paises membros, e ainda estudar Sob a
camuflagem da paz para o O4eano Indico, problemas militares. Como convidados
assistirão a Austrália e o Japão.
Não é sem razão que se assiste entre os países membros da ASEAN de há dois
anos para cá a constantes tratados militares e a permanentes manobras militares
entre os seus exércitos. Isto coincide de forma clara com a derrota imperialista na
Indochina, e com o desenvolvimento da Luta Armada pelos nacionalistas
dos próprios países membros da ASEAN (1). De outro lado está a invasão
indonésia demonstrando o poder agressivo deste pais e a obediência da sua
burguesia aos interesses imperialistas. Depois temos o apoio:
Os Estados Unidos mesmo depois da sua derrota na Indochina continuam a
manter peritos militares seus nos países da ASEAN. «Notamos muitos acordos
militares leitos na nossa zona Malindo (Malásia-Indonésia); Filindo (FilipinasIndonésia) e ainda acordos entre a Indonésia Tailândia e Malásia» domo nos dizia
um militante da FRETILIN há algum tempo.
Encontramos talvez na crise capitalista mundial um dos factores que explicam a
multiplicação destes acordos militares. É que este conjunto de países do Sudeste
Asiático sob a dependência do imperialismo constituem uma das principais fontes
de matérias primas para a, indústria americana, japonesa, e até europea.
De outro lado explica-se os acordos militares no seio da ASEAN como forma de
reforçar a entreajuda entre as burguesias no poder no sudeste asiático. É um facto
que a Luta Armada incen deia já todos os países membros da ASEAN, e que face
aos regimes déspotas da área as massas tra lhadoras aumentam a ameaça de uma
viragem total ao nível do Poder.
Timor Leste, a sua Luta Armada de resistência e n q u a d r a-se dentro d e s t a
área. Daí que os acordos militares entre os países membros da ASEAN tenham já
sido utilizados como tentativa para calar o povo maubere. De facto, os tratados
militares têm per mitido um melhor bloqueio naval para isolar totalmente a FRE
TILIN e Timor Leste de contactos com o exterior.
Mapa do Sudeste Asi4tico. Entre os países da ASEAN (Tailândia, Malásia,
Singapura, Filipin~s e Indonésia), têm sido estabelecidos constantes acordos
militares para fazer face às lutas de libertação nacionais na zo~z.
TEMPO N.. 355 -- p. n
Tal como o Brasil na América Latina a Indonésia surge-nos naquela área como o
peão avançado do imperialismo.
Daí que todos os membros da ASEAN sejam cegos e mudos pa: ra a integração de
TimorLeste na Indonésia no que são acompanhados pelas potências capitalistas.
«A Indonésia não tem objecções a fazer contra exercícios militares, desde que
eles funcionem em bases bilaterais ou trilaterais... » como o afirmou Adam Malik,
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia numa entrevista. Nela, e depois de, recusar admitir a existência de uma resistência organizada pela
FRETILIN em Timor Leste acabou dedicando duas das três páginas da sua
entrevista ao problema de Timor Leste
(2).
ENVOLVIMENTO DO JAPÃO
O Japão, em 1974 surge em Timor Leste como autor de uma proposta para um
investimento de cerca de seis milhões de contos ao nivel da construção de infraestruturas portuárias e rodoviárias, das telecomunicações e do. turismo. Hoje após a in /asáo indonésia, o
Japão reaprece-nos utilizando os canais dÇ Wetar e Ombai (em águas ter itoriais
de Timor Leste) para passagem dos seus monstruoso$ petroleiíros carregados
com pet óleo indoné sio.
O envolvimento do Japão embora indirecto é 1emasiado evidente. OJapão éo
principal pais a apoiar a Indonésia, quer através de ajudas materiais e
empréstimos, como ainda em investimentos ao nível da indústria.
O povo explorado da Indonéaia: produzir matérias pritas para as grandes pote'C
a, ou i morrer na guerria de agteaaao a Timor Leste.
TEMPO ,N, 355 -p~. 30
Prin *pal cliente do petróleo indonésio o Japão consome cerca de 45 por cento da
produção deste país, éxnbora em 1975 tenha atingido o escalão dos 67 por cento.
Para alen do petróleo os japo neses são Qs principais clientes das matérias primas
quer da Indonésia quer los países membros da ASEAN. S n ã o, recordemos
-que entre 196 e 1976 este país investiu na Ind nésia dois biliões e 15 milhões de
dólares (aproxito traduz que a dependência da Indonésia em relação à pontência capitalista que é
o Japão é demasiado flagrante. De tal forma que uma revista indonésia editada em
francês, intulada «Les Echos», de Fevereiro deste ano afirmava que «o Japão
ocupa.o primeiro luqar nos mercados indonésios do petróleo, madeira, estanho e
pescas. Esta dependência constitui uma das fragilidades das trocas indonésias».
(3)
A DECADÊNCIA DO REGIME DE SUHARTO
A própria revista «Les Echos» a que nos referimos anteriormen te, nos dá em
parte a resposta pa ra a «preocupação» que ela mesmo faz veicular. É uma revista
escrita em francês para dar a co nhecer aos capitalistas franceses em que sectores
da economia in donésia eles devem investir os seus capitais - é preciso não
esquecer a potencialidade de mão
Crianças mauberes. A luta em Timor Leste isolada do apoio que a solidariedade
internacional lhe poderia d~w em medi4camentos (que faltam), em médicos (que
não há nenhum para socorrer os feridos de 'guerra), em 'níaterfal escolar para as
crianças (que apesar de tudo continuam indo à escola), dizíamos continua a
sobreviver contando com as própria forças.
madamente 67 milhões de contos!!!): os japoneses compram metade da produção
da madeira da indonésia, um quarto da produção de estanho (de que a Indonésia é
o terceiro produtor mundial) e a grande parte dos excedentes da pesca.
Por outras palavras, é bem evidente que a Indonésia não passa de um armazém de
matérias primas das fábricas japonesas. E isTrata-se da própria Indonésia alarmada com a sua dependência em relação ao
Japão, pais que ostenta de forma opulenta e defende a burguesia indonésia?
Pensamos que não é esta a razão porque o regime fascista e agressor de Shuarto se
alarma com o Japão, pais que a apoia na agressão ao povo de Timor Leste, e na
exploração ao próprio povo indônésio.
de obra que o pais oferece com os seus mais de 130 milhões de habitantes.
A data altura «Les Echos» dão a conhecer a realidade do neo-colonialismo, a
realidade de um pais neo-colonial com quase trinta anos de Independência. «As
matérias primas constituem a quase totalidade das exportações da Indonésia. Os
produtos manufacturados são a grande parte das importações. O p r o d u t o
nacional
TEMPO N., 355 - P9q. M
bruto (,PNB) só atingiu dificilmente os dez por cento após trinta anos de
Independência». Para terminar a lição que dá sobre a dependência em que se
mantem a Indonésia, a revista - por es tranho que pareça feita com informação
fornecida pelo próprio regime de Suharto - revela ainda: «o desenvolvimento
industrial faz-se em parte pelo investimento d e capitais estrangeiros nas
empresas» indonésias.
C o m o resultado verificamos que a França realizou em Março deste ano uma
grandiosa feira em Djakarta onde expôs as suas máquinas, as máquinas que a
Indonésia deve comprar para melhor poder exportar as suas matérias primas. Não
é demais acrescentar que a companhia petrolífera francesa «TOTAL» acaba de
investir cerca de 220 milhões de dólares em prospecção de petróleo, e que a ajuda
francesa em 1976 atingiu os 17 milhões de dólares.
A par da França aýsistimos a uma corrida entre as grandes potências. A Alemanha
Federal começou já os projectos para a construção de centrais nucleares na
Indonésia. Os Estados Unidos para além de terem investido mais de um bilião de
dólares no período entre 1967 e 1976 têm vindo a fornecer regularmente o mate
rial de guerra com que a Indonésia agride o povo maubere.
A par da corrida para colocar a Indonésia cada vez mais dependente do
imperialismo, assiste-se ao agravamento de uma crise interna do próprio regime,
caracterizada por dezenas de milhares de cidadãos presos nas cadeias fascistas, e
por uma agressão assassina contra o povo de Timor Leste. O regime de Suharto é
ainda caracterizado pela corrupção. O seu próprio Ministro dos Negócios
Estrangeiros reconhece-o na entrevista que deu a dez de Junho deste ano (2):
«...eu não direi que ela (Malik referia-se à corrupção no seio do regime de
Suharto) podo.r± acabar. Impossível! Basta olhar para o caso Lockeed no Japão».
É neste âmbito que cabe colocar a interrogação sobre porque é que aagressão a
Timor Leste continua sendo consentida por um certo número de países bem
determinado, e porque é que a FRETILIN e a República Democrática de Timor
Leste começam a preocupar de uma forma cada
TEMPO N. 355 - P9. 32
Nicolau Lobato (primeiro da direita) Vice-Pre$cdente da FRETILIN e Primeir
Ministro da RDTL que recentemente através &ia rddio Maubere concedeu uma
em trevista à revista «Tr'i-Continental» da OSPAAL.
vez mais evidente esses mesmos países.
A resposta vem-nos em parte da afirmação que nos fez Roque Rodrigues,
Membro do Comité Central da FRETILIN: «este o nosso grande pecado:
possuir petróleo». A outra parte da resposta vem-nos da realidade da heróica Luta
Armada Popular prolongada contra os invasores indonésios em Timor Leste.
O PODER DA LUTA
Timor Leste começa a ganhar a dimensão do grande problema na sua área.
Podemos apontar vários factores: a sua importância estratégica na ligação e n t r e
os oceanos Pacífico e tndico através dos estreitos de Omba e Wetar; a importância
estratégica que assume no Oceano Indico face ao cerco de bases militares que os
imperialistas ai montam; a importância que pode vir a assumir como base para a
libertação dos povos do Sudeste Asiático; a importância queam
a eploração
petrolíferada zona urna vez
que nas suas águas territoriais se encontra um dos jazigos mães;
fundamentalmente o desenvolvimento que a Luta Armada conseguiu impor face
ao maior bloqueio que um povo de quase um milhão de habitantes sofre.
É exemplar a Luta em Timor Leste. O seu desenvolvimento é, como já o
afirmámos anteriormente, a explicação do reconhecimento que acaba de lhe, ser
concedido pelo Partido Trabalhista Australiano.
Ouvimos há dias a primeira cas sete gravada com uma emissão da rádio maubere.
Sabíamos que ela tinha sido m o n t a d a exclusivamente com as próprias forças
do povo maubere, contudo n u n c a supuséramos que a sua qualidade pudesse ser
tão boa:
«A l6 Austrália! A l ô Darwin! Atenção camarada Fernando Campos e família.
Graclano e família encontram-se bem junto ao povo maubere a resistir
heróicamente na montanha contra os vândalos agreoes.. » Esta uma das men,
que ouvimos. Ela agora
transformada em palavras, coloca-
da ne te texto, perde toda a sua força, as sugere bem a vida e a força d uma Luta
que mobiliýa, contrari mente ao que os indonésios gost vam de fazer crer, todo o
povo e Timor Leste junto à FRETILI
Na mes a cassete ouvimos os comunicado de guerra e uma entrevista do, i e ePresidente d a FRETILIN e Primeiro Ministro de Timor Leste, Nicolau Lobato, à
revista «Tri-Çontinental» editada em Havana' (Cuba) pela OSPAAL (4). É a
erteza de uma luta que continua ýa ofensiva e que obrigou os invasores fascistas
indonésios a diminuir o tempo de comissão militar dlo seu exército a três meses em Moçambique o tempo de comissão militar dos soldados portugueses em zona
de guerra era de entre um e dois anos!
Isto representa de uma maneira clara a razão porque continua em funcionamento a
Rádio Maubere, apesar de todos os esforços militares dos agressores para fazerem
calar o único contacto que tem a FRETILIN com os seus militantes no exterior.
Dentro deste contexto está também a actual situação militar em Timor Leste.
Reduzidos aos seus aquartelamentos em meia dúzia de localidades o exército
indonésio acaba de perder o controlo .ias áreas que circundavam Bau,au a
segunda cidade do país. A iolta de Bobonaro junto à fronteira, a situação também
é contro lada pela FRETILIN, ficando as tropas invasoras reduzidas à utilização
permanente de fogo de morteiro para evitarem que a cidade seja tomada.
lif#raoia: entender a ut opreaseo a
Timor.
A par da crescente defensiva que se desenha por parte dos indonésios, existe a
desmoralização das suas tropas. Recentemente in formava a rádio Maubere que
um capitão do exército fascista tinha sido preso em Dili por ter mostrado a sua
insatisfação com a guerra que a Indonésia estava a impor em Timor Leste. O
mesmo capitão afirmara que «nem nos próximos vinte anos a Indonésia pode
extinguir a resistência do povo de Timor Leste».
Começa pois a surgir entre as tropas indonésias a mesma moral que afectava os
soldados americanos no Vietname, ou os soldados portugueses na Guiné Bissau, e
em Moçambique: «a guerra estd perdida», como eles diziam.
ONDE A SOLIDARIEDADE NAO
CHEGA FISICAMENTE
É um facto que todo o evoluir da Luta de resistência em Timor Leste, depois de
19 meses de total bloqueio após a invasão do país, foi feito sem que a
solidariedade internacional chegasse fisicamente até junto ao resistente povo
maubere. Nenhuma ajuda no campo da saúde onde não há um médico sequer;
nenhuma ajuda no campo da educação onde há grande falta de professores;
nenhuma ajuda em medicamentos para: fazer face ao problema dos feridos de
guerra; nenhuma ajuda em material de comunicação para uma rádio que sendo a
única, trás ao mundo a verdade de uma Luta heróica.
A solidariedade não pode chegar fisicamente dentro de Timor Leste. Ela só se
pode manifestar no apoio à frente externa da FRETILIN, o que sendo importante
não é tudo.
No entanto, assistimos ao desenvolvimento crescente da Luta em Timor Leste:
depois de dois anos de tamanho bloqueio não estaria viva uma única pessoa caso a
produção não tivesse sido organizada, caso o Comité Central da FRETILIN não
tivesse sabido transformar a sua Luta numa Luta Popular Prolongada.
A Luta em Timor Leste é a prova mais que concreta que a libertação de um povo
não se faz com a solidariedade internacional, mas basicamente com as próprias
forças que um povo organiza para se libertar. A solidariedade é um elemento
importante, mas não o fundamental. Timor Leste provou-o, prova-o. Diríamos mesmo que um dos
principais campos de solidariedade - sem contar com o que vem de alguns países
socialistas, e a totalidade dos países que se libertaram pela via da Luta Armada foi criado pela própria Luta Armada. Falamos da solidariedade que a FRETILIN
conquistou e n t r e os trabalhadores australianos.
O processo de permanente recusa entre os estivadores dos portos e trabalhadores
de carga dos aeroportos australianos, em carregar e descarregar navios e aviões
indonésios é um dos seus resúltados. É resultado da grande fonte de mobilização
que constitui a rádio maulýere entre o povo australiano graças ao qual, a imprensa
australiana se vê obriga da a publicar quase diariamente as vitórias da Luta em
Timor Leste. E este factor constitui talvez a pedra básica para que a Indonésia não
tenha no campo internacional conseguido fazer valer o seu ponto de vista de que o
problema Timor «é uma questão interna da Indonésia» - é que o seu aliado
australiano é o primeiro a abrigar no seio da sua imprensa as verdades sobre oscrimes da Indonésia em Timor Les te.
E, foi face a estas vitórias-que o senado americano recentemente se viu obrigado a
incluir na sua agenda de trabalhos o problema de Timor Leste. Evidentemente que
o problema acabou sendo posto de lado. É que a política de Carter de fazer valer
os direitos h u m a n o s torna-s e secundária quando estão em causa os inte resses
económicos das multinacionais norte-americanas. Aconteceu isso agora em
relação a Timor Leste. Resta é saber até quando as potências poderão esconder o
reconhecimento da Luta em Timor Leste...
Por quanto tempo poderão calar esta mensagem que ouvimos da rádio Maubere
feita por um maubere aos seus familiares em Portugal?!!
«0 paizinho e a mãezinha tém andado doentes. Andamos juntos. O pai apesar de
idade e da aloença que o incomoda anda sempre com a sua arma G.3 e seis
carregadores sempre prontos para qualquer eventualdade»!!!
e
TEMPO N.° 355 -Ipági. Ul
o Entrevista com Khalid El' $hiekh, do Departament Poli
PRETÓRIA
E TELA VIVE
SÃO O MESMO
Porque têm as mesmas caractersticas -são racistas, expansionisýas e agressores os regimes de Pretória e Telavive s 1o o mesmo. Ambos servem as mesmos
interesses - o interesses imperialistas. Israel, ao Norte do Cóntinente, a Africa do
Sul, na parte Austral.
P - Como tém evoluído as demarches para! a evenual realização da uma
conlerência em Genebra para discutir a questão palestina?
R - Sobre hipótese de realização dessa conferência, devemos dizer que isso não é
para nós de importância irmediata. Desde 1973, depois da guerra de Outubro, que
tem havido muitas propostas nesse quadro - resoluções do Conaelho de
Segurança, propostas da ONU, depois as propostas de Kissinger - mas elas não
levaram a nenhum avanço significativo. A posição oficial da OLP - que foi
reconfirmada na 30.a sessão do Conselho Nacional da Palestina realizado em 1
Março último no Cairo - é muito clara quanto a essa questão.
Defendemos ^J uma vez mais, em primeiro lugar, o direito de participarmos nessa
ou em qualquer outra conferência que discuta a questão palestina Ora para a
conferência de Genebra não fomos convidados. As partes organizantes - os EUA,
a URSS ainda não nos convidaram. Por isso não se pós ainda a questão se vamos
ou não. Só depois de nos convidarem poderemos discutir e decidir.
TEMPO N.* 3-6 -p q. 34
O segundo ponto importante é que nós exigimos à partida questSes fundamentais
para a nossa eventual participação. Isso .para Genebra ou qualquer outra
conferência.
Primeiro precisamos de conhecer a agenda das conversações. Não podemos Ir
para uma conferência assim mesmo, só por ir.
As condições pelo nosso lado estão criadas. Por decisão do Conselho Nacional
Palestino, o Comité Executivo da OLP tem representatividade para representar a
OLP e o Povo palestino em qualquer conferência internacional que vise defender
os interesses do Povo palestino e a paz. Essa é a condição fundamental, e já a
temos. Defendendo o princípio de não fugirmos a participar em qualquer
conferência que, respeite e s s a s exigências preliminares e tendo um órgão a
quem confiamos representatividade estão criadas todas as condições pelo nosso
lado.
A questão central é essa: nós não somos apologistas da guerra. Mas não a
abondonaremos enquanto não forem conseguidos os motivos porque fazemos a
guerra conquistar os direitos nacionais fundamentais do nosso Povo. Portanto
todas as conferências que
KAalid EI.Shieh, do Departameto
PolUo da OLP,
se possam realizar que não caminhem exactamente no mesmo sentido estão
condenadas ao fracasso. Enquanto não conseguirnros conquistar os direitos
nacionais do Povo palestno não pararemos a luta armada.
Pessoalmente eu não acredito que possa sair dessa conferência algo de sério e que
contribua efectivamente para a resolução dessa questão central. Isto porque a
actuação prática do imperialismo não é a de ajudar o nosso Povo, nunca foi.
P- Quais as perspectivas perante a nomeação do novo governo de Israel?
1
1
/
1
CO daOrganização de ,Ibertação
a Pd,3 esÍtina
omoatenrea a oUr: m~ntrermos a t4a armada até onquistarmos os direito* na~
fundmentais do Povo palkr
tino.
Líbano: Estamos certos de que o que se passou no Líbano foi uma maquM1ção
entre o Imperialismo e os regimes árabes reaccionários para tentarem aniqilar as
forças progressistas e revolucionárias da regido.
R - Perspectivas no setido de se caminhar para a paz.não vemos nenhumas, antes
pelo contrário. Primeiro, tanto este governo, como o anterior, os partidos que eles
dizem representar, não têm qualquer interesse em defender os interesses do nosso
Povo.
Depois, o actual Partido israelita no poder é bem conhecido por nós pelo seu
fanatismo, racismo e terrorismo. O próprio líder do Partido e actual chefe do
governo é bem conhecido pelo Povo palestino, pela sua actuação directa nos
massacres contra o nosso Povo. Ele dirigiu e conduziu pessoalmente muitos dos
piores massacres.
Por isso não podemos acreditar que esses homens possam trazer quaisquer
perspectivas de paz, contribuir de algum modo para se chegar à paz, mas antes
pelo contrário, vão continuar fazendo tudo por exterminar o nosso Povo, que tem
sido o seu obJectivo sempre.
Há talvez um único pormenor digno de considerar. As contradições no seio do
próprio imperialismo. Temos dito muitas vezes: Israel sem o apoio dos Estados
Unidos não é nada (mesmo com esse apoio a sua situação política, económica,
deteriora-se cada vez mais). Perante as insinuações da nova administração norteamerica de mudança da sua política externa o novo governo israelita «advertiu»
que «não admitiria interferências nos assuntos internos de Israel». Que pode
significar isso? A prática o dirá...
P -Podia referir-se aos traços fundamentais do Conselho Nacional Palestino.
R - Essa reunião foi muito importante, primeiro porque já não realizávamos uma
reunião desse tipo há três anos, embora tivéssemos a prática de o reunirmos uma
vez por ano. (Não nos reunimos por causa da situação no Libano).
Depois, e essencialmente, pelas importantes decisões nele tomadas.
A reunião teve o seu início a 19 de Março e nela participaram 194 membros,
representativos. Nele se discutiu a evolução da situação militar, política, social,
financeira, educacional, etc... todos os aspectos relacionados com a vida do nosso
Povo e com a nossa luta. O debate foi organizado em dez sub-comités que
debateram exaustivamente todas estas questões.
Das resoluções poderemos salientar algumas entre as mais importantes. Em
relação à questão fundamental da unidade nacio->al. Todos os grupos que
constituem a OLP concordaram em reforçar a unidade nacional actuando a todos
os níveig com um programa comum. A nível militar as forças de cada um e todos
os grupos aceitaram integrar o Exército Ngcional da Palestina, sob o comando
supremo do Camarada Yasser Arafat, Presidente do Comité ExeTEMPO N 355 pg. 35
Combatentes palestinos junto a uma bomba (que não exptodiu) lançada pelas
tropas racistas e fascistas de Israel. Pelo material usado é fácil de ver que o
extermínio do Povo palestino é objectivo claro do Imperialismo e do regime
sionista, seu lacaio.
Sionismo e Apartheid são duas earas do racismo.
Os métodos de repressão usados pelo regime de Pretória são os mesmos usados
pelo regime de Telavive. TEMPO N 355 - pãg. 38
cutivo da Organização. Essa plataforma de unidade nacional vai até ao aspecto
financeiro.
O comité político adoptou uma declaração dando ênfase à continuação da via da
luta armada, deu ao Comité Executivo representatividade para qualquer
Conferência Internacional e reafirmou o programa de 10 pontos adoptado no
Conselho Nacional de 1974. Também pelo Comité político foi reafirmado o não
reconhecimento do regime sionista de Israel.
Estes foram os pontos mais importantes. Podemos dizer que foi um grande
sucesso, embora quando realizámos o Conselho já esperássemos ir encontrar e
reafirmar a unidade nacional.
P - Tem-se assistido a um comprometimento cada vez maior de alguns regimes
drabes com o imperialismo. Muito recentemente assistimos ao envolvimento
egípcio no conflito interno do Zaire, como parte integrante da. actuação
imperialista em África. Como encara a OLP isso?
R - É um facto. Infelizmente desde a Guerra de Outubro de
1973 que houve uma divisão no movimento nacional árabe. Isso significa um
recuo e perturbou naturalmente as nossas relações com certos estados árabes.
Nós não podemos aceitar esse comprometimento porque sabemos que os Estados
Unidos, mais própriamente o Imperialismoéo inimigo principal do nosso Povo
bem como de todos os po4os. Como dissemos acima é o governo dos Estados
Unidos o maior suporte de Israel. Quer no aspecto militar, de fornecimento de
material de guerra, armas e munições, quer no aspecto financeiro
Quando vemos regimes como o egípcio aproximaram-se de Washington isso
causa-nos muita apreensão.
Temos sofrido directamente as consequências dessa política. No
posição é que, só podemos dizer que teria sido melhor que essas forças tivessem
sido colocadas na fronteira com Israel....
Para nós a situação no Zaire é muito clara - trata-se de um conflito interno entre o
movimento revolucionário e o regime reaccionário no poder. Achamos a
intervenção externa como uma atitude muito perigosa, porque afecta a unidade e
integridade dos estados africanos. Pensamos que o Egipto e todos os países árabes
têm a obrigação de proteger a desenvolver a solidariedade dos países árabes para
com os estados africanos. Para isso a não interferência em assuntos internos é um
princípio fundamental.
Por isso condenamos essa intervenção, não podemos criar desenA nível ideológico, consideram-se ambos «os eleitos por deus», «a raça superior».
Na ONU, ao ser considerado racismo o sionismo, o problema foi bem
equacionado.
Por isso as relaçSes entre eles são estreitas. Isto desde a sua origem (que teve seis
semanas de diferença entre a criação de um e de outro) e em particular de há uns
tempos para cá. Relações comerciais, de fabricação e comércio de armas, etc.
Depois de visita de Vorster a Telavive no ano passado - onde eles assinaram um
acordo de acção comum - que essa colaboração assume aspectos mais graves.
Agora fabricam aviões de guerra a jacto do mesmo tipo (Mirage) armas nucleares
do mesmo tino. Neste momento são consArma de origem israelita capturada pelos combatentes do ZIPA, brAço armado da
Frente Patriótica do Zimbabwe, prova bem o compromisso e a colaboração entre
o regime sionista e os rogime. racistas da Africa AustrzL
Líbano foi flagrante, e é muito claro para nós, que o que aconteceu foi uma
maquinação conjunta do imperialismo e dos estados reaccionários árabes para
aniquilar o movimento progressista da região.
Nós desaprovamos totalmente essas ligações e lutamos contra isso mas, a nossa
posição no mundo árabe é muito sensível. Temos muitos inimigos e não podemos
lutar contra todas essas frentes de uma só vez.
Quanto à questão do envolvimento egípcio no Zaire a nossa
tendimento entre Africa e o mundo árabe, que também é Africa.
P - E, como encara a aproximação TelavivelPretória?
R- Os regimes de Pretória e de Telavive são o mesmo. Porque eles têm as mesmas
caracteristicas- são racistas, expansionistas e agressores. Por isso cometem as
mesmas atrocidades brutais, os mesmos crimes, as mesmas mortes, os mesmos
massacres. Vorster segue a mesma linha que os dirigentes sionistas.
truidos em Israel 25 barcos de guerra para Pretória.
Em Pretória estão técnicos militares israelitas a treinar pilotos sul-africanós nos
Mirages e noutras armas sofisticadas. Pretória
- onde existe a maior comunidade sionista - é o maior centro de treinamento de
tropas de Telavivé.
As relações são cada ve mais estreitas em todas as actividades. Isto porque
servem ambos os regimes os mesmos interesses - os interesses imperialistas.
Israel no Norte do Continente, Pretória no Sal.
TEMPO N: 355 -pãg. 37
O "ESCANDALO"
GEOLOGECO
Quado o governo colonial criou em 1958 a Mio de Fomento do Plano do Zambeze
tinha instituído uma ponta de lança com o objectivo de estudar todas
TEMPO N- 355- pág. 38
as potencialidades econômicas da Provinda de Te te. Na verdade, nenhuma outra
província foi alvo de um estudo, tão sistemático, de um virar de entraPARTE
I I II
Em Tete são raras 4 montanhas que terminam em pico. A grande maioria termina
em cabeço ou mesmo em planaltos. Nelas nota-se um avançado grau de erosão
das vertentes. Miis algumas centenas de anos, e se não houver interferência
humanA, elae ficarão nuas de 'ýgetaffio.
nhas para pc r os segredos da naturêza a nu e para ýom base neles desenvolver o
colonialismo em Moçar ique. As técnicas de iestigaçao científica mais avançadas
foram postas em movimento em Tete. As verbas mais «pesadas» foram atribuidas
à Missão de Fomento.
Quando dz anos mais tarde é criado o Gabinee do Plano do Zanbeze (GPZ) as
'nte: ções não eram meramente coloniais. anbém eram estratégico-militares:
deWido ao avanço da luta armada de libeOação nacional o governo português pr$
tendeu construir uma barreira human :G ideológica e económica com a execuç ão
da primeira parte dos
Em Tete, fala de geologia é, te mow .nto. A n fundamentalnmen$, falar de miMavuze, explora nas. As mais co ýecidas são as nhla de Urânio minas de carvão e
Moatize cuja já parou as actii exploração está tregue à Com- Furancungo exis
panhia Carbonff de Moçambi- mina de oiro eno que, uma emprsa de capitais Em
relação Em mistos. Nenhumj'ýutro filão mi- que agora está ei neral está em
xploração nes- de Moatize que
estudos desenvolvidos ao longo de dez anos de mvestigação e planficação cujo
ponto mais alto foi a construção da barragem hidro-eléctrica de C a hora-B a ss a.
a construç«o de aldeamentos sob a orientação da GPZ que se encarregou de cortar
as estacas e o capim necessário à sua edificação e, numa see unda e t a p a
pretendia-se povoar o valeo Zambeze com um m i1h d o de colonos portugueses
Com a derrota militar do colonialismo oplano ruiu mas os estudos fica-, ram. Um
deles é o relativo & natureza geológica de Tete.
nna de urânio de da pela Compade Moçambique, widades. Perto de te também
uma errada.
o carvão o filão mn exploração é o se prolonga até
(Minjoua) cuja exploração em pleno pode vir a atingir a ordem dos dois milhões
de toneladas de carvão por ano. Mas existe carvão mineral na bacia CGúc ecucu
que se estende por 150 quilóme tros ao longo do rio Zambeze. Outra bacia
carbonifera é a de Sanangoé-Mefidezi.
TEMPO N, 355 -IO- U
Ezistem jazigos de ferro no distrito de Fingud e no distrito da Angónia calculadas
em qwztro milhões de toneladas. Também existem em Muendi no nordeste da
província. Nesta regido, e também na zona norte, foram detectados jazigos de
ferro titanado calculado8 em 200 milhões toneladas que possibilitariam
umaexploração da ordem das 700 toneladas anuais.
Qual é o valor económico do carvão? Ela é uma das fontes de energia mais
utilizadas do mundo e está intimamente ligada às máquinas a vapor e ao
aquecimento de fornos para fundição de ferro e construção de aço. . um mineral
que tem alta colocação no mercado internacional e nem pe lo facto de haver
muitos países no mundo que executam a sua exploração nos seus territórios lhe
tira o grande valor comercial que tem. Mas adiante falaremos das minas de
Moatize.
Em Tete também existem jazigos de ferro no distrito de Fingué e no distrito de
Angónia calculadas em quatro milhões de toneladas. Também existem em Muedi,
no nordeste da província. Nesta região e também na zona norte foram detectados
jazigos de ferro titanado calctlados em 200 milhões de toneladas que
possibilitariam uma exploração da ordem das 700 toneladas por ano. Outros filões
menores foram encontrados em Mechedua, Txizita, Inhantipissa e Massamba.
INDÚSTRIA PESADA
Estes dois elementos (carvão e ferro) aliados à fenomenal ener
TEMPO N.* 355 - pâg. 40
gia desenvolvida no complexo Cahora-Bassa fazem com que Tete seja o único
local onde, de facto se pode montar uma Indústria pesada de grandes dimensões
eiýi Moçambique. A linha férrea Beira-Moatize, que neste momento escoa o
carvão, ampliada com um conjunto de ramais, garante o transporte através do
porto da Beira. Aliás, este foi um dos estudos levados a cabo pelo Gabinete do
Plano do Zambeze que tinha projectado a construção de uma siderurgia na
margem esquerda do rio Zambeze (Matundo) numa planície existente junto à foz
do Rovubué, afluente daquele rio.
Pelo que sabemos este projecto não foi abandonado pelo governo moçambicano.
Importa acrescentar estes elementos: Tete também se caracteriza pelo fraco
desenvolvimento das forças produtivas. Para além dos trabalhadores das minas de
Moatize e dos trabalhadores de algumas empresas agrícolas nada mais de
significativo, existe em termos de produção, mão de obra. Em 'Cahora-Bassa, no
Songo, estarão permanentes cerca de dois mil e quinhentos a três mil
trabalhadores divididos por várias especialidades todas
elas tendentes à manutenção do compleiFo. A sede provincial tem neste riomento
uma fábrica de cerâmica, que emprega reduzida mão de obra, uma fábrica de
iefrigerantes automatizada e uma fábrica de mobiliário decorativo. Para além
disso tem oficinas de reparação de viaturas que desempenham uma função
meramente subsidiária. Uma siderurgia em Tete permitiria um grande salto
económico e político da província que é o mesmo que dizer do país. Contribuiria
para estabilizar a inconstância tradicional da mão de obra, não especializada e não
empregue na agricultura a qual é
essencialmente migratória ou parasitária. Re4uziria o desemprego que é um dos
grandes cancros sociais de Tete principalmente depois do fim da guerra. Uma
siderurgia não funciona sem um complexo de apoio técnico (serralharia,
electricidade, mecânica, etc.). Daria uma nova vida à cidade de Tete condenada a
ser um centro urbano morto pois é fundamentalmente um centro de comerciantes
e trabalhadores da função pública - muitos destes à espreita de uma transferência
ou de um novo emprego na Beira e Maputo.
É que não foi nenhum factor económico que deu origem a Tete (cidade) mas factores administrativos de que as duas fortalezas de S. Tiago são
eloquente testemunho. Com o início da construção da barragem de Cahora-Bassa,
com a concentração de militares portugueses durante a guerra, ela conheceu uma
falso desenvolvimento e uma actividade social sem bases sólidas. Terminada a
construção da barragem, terminada a guerra, Tete caiu no marasmo.
Ainda com possibilidades de industrialização existe na província crómio e níquel
no monte Exiza, manganês no Mazoé (150 mil toneladas) cobre no Chidué,
Mazoé
Um fenômeno vem-8e registando em Moatize. Esse fenómeno é o aumento da
produção uma vez que com a independéncia nacional abriram-e para a companhia
mercados que tradicionalmente lhe estavam fechados.
TEMPO N, 355 - pág. 41
Senangué, Messaca, ouro no Luenha e no Cazula. Mas a riqueza mineralógica de
Tete não termina asu. Tem filões de corindon, magnezite, brilo, etc.
Uma anedota diz que quando Deus fez o mundo andava com um cestó onde havia
todos os minerais. Depois de espalhar ferro aqui, oiro acolá, cobre mais além,
aconteceu que chegou a Tete já cansado. Então ali despejou todo o cesto que
trazia e por isso Tete ganhou toda a riqueza mineralÓ gica que a caracteriza.
TEMPO Nf 355 -pg. 42
Na verdade se toda aquela variedade de filões pertence ao nosso pais deve-se aos
conflitos fronteiriços entre os colonialistas portugueses e ingleses. Estes exigiram
grandes extensões de território aos portugueses devido ao planalto de Salisbúria
onde se julgava haver ouro e cujo jazigo parecia prolongar-se até às actuais
fronteiras com a Rodésia em Manica. Como compensação foi permitido a
Portugal alargar a fronteira de Tete, prolongando-a pelas «Rodésias» (do norte e
do sul). Foi assim que Moçambique
adelgaçou em va fronteiriça ti Tete ganhando de um cavalo. engano británic
subterrânea de Zâmbia ou na A explicação geológica de Te formações prof reza
sofreu na milhares de ani, actividade geoló nas da Africa 0 xos nas zonas 4 a
África Austr4j
mica numa cur ica e alongou em o mapa o perfil e não fora este toda a riqueza ete
estaria ou na Iésia...
i grande riqueza está nas transidas que a Natuiea região. Há s houve grande ica em
certas zoiental com refletransição para É sabido que o
II
1
Engenheiro Heriques Jorge Pontes, responsável pelo complexo mineiro de
Moatize: «Estamos d estudar a abertura de um novo sistema de explorfção a céu
aberto com'uma produção de dois milhões de toneladas
anuais. Portanto, a partir de 1980 pensamos que atingiremos três milhões de
toneladas de carvão anuais».
Vista aérea do complexo carbonífero de Moatize onde se processa neste momento
a exploração de três minas. Inicialmente, entre 1925 e 1948, a carbonífera
funcionou sob a direcção de uma concessionária, a Societé Geologique et
Minerale du Zambeze. Era uma multinacional com capitais belgas. Presentemente
esta empresa possui 51% de capitais de origem moçambicana.
carvão mineral também chamado carvão de pedra, é de origem vegetal. Surgiu do
soterramento de grandes extensões florestais dm~ . do à actividade vulcânica.
Nouttos locais a fundição e arrefecimento da rocha a grandes temperaturas deu
origem aos vários minerais que enriquecem aquela província. Para melhor
compreensão do que se passou na região de Tete (com prolongamentos na actual
Zâmbia) é importante acrescentar quea causa da existência de minérios é
fundamentalmente a mesma que deu origem ao Lago Niassa cuja
depressão apareceu devido a um «afundamento» da terra tendo sido o vácuo
preenchldo pela água dos rios e das chuvas.
Uma das provas da actividade vulcânica registada em Tete está hoje na existência
de nascentes térmicas numa das quais, a de Boroma, no mesmo local a água de
um lado sai quente da rocha enquanto do outro lado um fio quido é constituído
por água gelada. Outra das provas é a existência de mercúrio na província que é
um metal liquido.
Em Tete são raras as montanhas que terminam em pico. A grande maioria termina
em cabeço ou mesmo em planaltos. Quando uma montanha termina em pico é
sinal de que é nova (geologicamente nova) pois o vento e a chuva não tiveram
«tempo» de desgastar-lhe recurvando-a ou tornando-a plana. Quando ela termina
em planalto é sinal de que o vento e a chuva tiveram «tempo» de desgastá-la pelo
que essa montanha é velha. São assim as montanhas de Tete onde, aliás, se nota
um avançado grau de erosão das vertentes. Mais algumas centenas de anos, e se
não houver interferência humana, elas ficarão nuas de vegetação.
Enfim, em Tete existem embondeiros como aliás existem em todo o norte
moçambicano. Um embondeiro é uma árvore gigantesca, de tronco enorme, ramificaçoes curtas e folhas
miúdas. É uma árvore da época terciárla, «irmãu dos grandes monstros vegetais
que existiram há milhares de anos.
MOATIZE
Um dos aspectos particulares da economia moçambicana são as minas de carvão
de Moatize. A empresa que faz a sua exploração é a Companhia , Carbonifera de
Moçambique que deu origem a uma pequena vila e cujas actividades
determinaram a criação da linha férrea Beira-Moatize.
Inicialmente, entre 1925 e 1948 a carbonifera de Moatize funcionou sob a
direcção de uma concessionária, a Societé Geologique et Minerale du Zambeze.
Era uma multinacional com capitais belgas. A partir de 1948 terminou a
concessão e nasceu então a Companhia Carbonifera de Moçambique.
Presentemente esta empresa possui 51% de capitais de origem moçambicana (para
não dizermos moçambicanos uma vez que o Estado não subscreve a totalidade
dos 51% em acçSes'). Os restantes 49/* são, como nos foi dito, «indefinidos» o
que subentende participação de capitais estrangeiros. Todavia, ali vai-se
registando uma
TEMPO N:, 355 - pág. 43
gradual absorção pelo Estado moçambicano poisem 1973, 60% do capital era
estrangeiro e só 40% poderia ser considerado «moçambicano».
Um fenómeno vem-se registando em Moatize. Esse fenómeno é o aumento da
produção uma vez que com a lndependfmcia nacio nal abriram-se para a
companhia mercados q u e tradicionalmente lhe estavam fechados como é o caso
da República Popular Democrática da Coreia com a qual ~oi firmado um contrato
de fornecimento de carvão num total de du zentas mil toneladas. Mas os clientes
fixos da carbonifera isto é, aqueles cujos contratos se estendem por alguns
anos(susceptíveis de renovação) são o Japão, que compra carvão de Moatize
desde 1969/1970, e a Roménia que após um ano de vendas experimentais este ano
firmou um contrato de fornecimento por quatro anos. Sob o aspecto do aumenco
da produção o engenheiro responsável
d a q u e 1 e complexo carbonifero, Henrique Jorge Pontes dir-nos-ia que »a partir
da independência a nossa produção aumentou muitissimo porque tivemos acesso a
mercados que nos estavam fechados. Além disso encontrámos da parte do
Governo de Moçambique apoio na resolução de determinadas questões. Isso
permitiu-nos duplicar a produção desde princípios de 1975 para cd. Até 1973 não
fazíamos mais do que trezentas mil toneladas e Jd hd dois anos que nos estamos
aproximando das seiscentas mil toneladas anuais. Este ano a nossa meta eram as
seiscentas mil toneladas mas devido a um acidente que tivemos
(rebentamento da mina Chipanga 6 no ano passado) não a vamos atingir.
Em relação aos planos de alargamento ainda mais profundo da extracção de
carvão o mesmo engenheiro disse-nos que havia duas fases: primeiro «aumentar a
produção proveniente do subterrneo até a um nível de 900 a um milhão de toneladas anuais com aumentos,
também anuais, da or dem das 500 toneladas. Pensamos que em 1979/1980
teremos ating* do, a partir dos trabalhos subterrâneos, cerca de um milhão de
toneladas. Simultaneamente estamos a estudar a abertura de um novo sistema de
exploração a céu aberto com uma produção de dois milhões de toneladas anuais.
Portanto, a partir de 1980 pensamos que atingiremos três milhões de toneladas de
carvão das quais dois milhões obtidas de minas completamente diferentes das
minas em que temos estado a trabalhar (sistemas e pessoal completamente
diferentes) o que exige investimentos muitissimo grandes. Tw do isso estd a ser
estudado até pelo próprio Governo moçambicano. Os estudos tecnológicos serão
feitos aqui e pensamos que certamente dentro deste ano uma decisão serd tomada
relativa a esse plano».
A fim de que, dentro de doi anos se possa substituir com mão de obra
moçambicana o trabalho técnico de alguns estrangeiros que prestam serviço no
interior das minas foi formada na Companhia Carbonifera uma escola de
capatazes de mina Eles têm que conhecer todas as profissõea ezercidas nas
galerias: carpint4ia, serralharia, mecânica, ete. Na foto, dois dos candidatos a
capatazes de mina
-TEMPO N. 35 - plg. 44
Actualmente a mina mais profunda é a Chipanga 3 onde se trabalha a duzentos
metros de profundidade. Mas como as camadas são inclinadas a quinze graus
parase chegar a esses duzentos metros é preciso andar cerca de um quilómetro e
meio a descer. Na foto, aspecto da entrada de uma mina vendo-se um mineiro a
sair transportado pela correia de descarga.
AS CHIPANGAS
«Chipanga» é o nome dado a cada uma das minas de Moatize. A «Chipanga 1» e
a «Chipanga 2» já há mais de catorze anos que encerraram. A «Chipanga 3»
funciona há cerca de três anos depois de longo período de inactividade. A
«Chipanga 4» está em funcionamento mas a «Chipanga 5» esgotou o filão pelo
que encerrou. A «Chipanga 6» foi a mina que resgistou o grande desastre dos fins
de 1976 que pelo seu volume de vitimas mobilizou a solidariedade internacional e
enlutou centenas de famílias. Continua paralisada. A «Chipanga 7» funciona em
pleno e está em abertura uma oitava, a «Chipanga 8». «Portanto, diz-nos o
responsável da carbonifera, temos três poços (Chipanga 3, a 4 e a 7) dois a
funcionar normalmente e um a 25%. Um quarto po.ço (Chipanga 8) deve entrar
em produção em fins deste mês de Junho e princípios do mês que vem.
Actualmente a mina mais profunda é a Chipanga 3 onde temos trabalhos a
duzentos metros de profundidade em relação à superfície. Mas como as nossas
camadas são inclinadas a quinze graus para chegarmos a esses duzentos metros
temos de andar cerca de um quilómetro e meio a descer».
São estas três minas e uma quarta que neste momento talvez tenha entrado em
actividade que movimentam toda uma actividade na superfície e no interior das
Chipangas. Mil quatrocentos e
cinquenta trabalhadores ganham o seu pão ali.«Quarenta são estrangeiros e todos
os outros moçambicanos. De entre eles novecentos e cinquenta trabalham dentro
das minas e quatrocentos e cinquenta fora das minas. Dentro dos quatrocentos e
cinquenta que trabalham fora das minas cerca de cento e cinquenta são
trabalhadores a quem se pode dizer que têm uma certa especialização: motoristas,
serralheiros, mecânicos, ajudantes de mecânico, condutores de central, etc. todos
estes serviços que não fazem parte de uma mina propriamente dita mas que
exigem uma certa especialização porque nós àqui além das minas de carvão temos
que ter um complexo para dar apoio às minas.
Dos novecentos e cinquenta que trabalham dentro das minas cerca de quinhentos
têm uma especialização. Não é uma especialização adquirida na escola mas uma
especialização adquirida na prática. Dentre e s s e s podemos considerar com nível
profissional cerca de 100 a 200. São os electricistas, os mecânicos e os chamados
capatazes de fogo. São os salvadores, os homens que têm maior responsabilidade
numa mina. Deles depende a vida dos trabalhadores dentro da mina».
A fim de que dentro de dois anos se possa substituir com mão de obra
moçambicana o trabalho técnico de a í g u n s estrangeiros que prestam serviço no
interior das minas, foi formada na Companhia Carbonifera uma escola de
capatazes de mina. Eles têm que conhecer todas as profissões exercidas nas
galerias: carpintaria, serralharia, mecânica, etc. Fazem uma aprendizagem teórica
e prática e para além da idade minima de 21 anos têm que ter como habilitações a
6.a classe.
CARVÃO E O SEU ESCOAMENTO
De entre os produtores mundiais de carvão contam-se os Estados Unidos, a
Austrália, a Alemanha, o Canadá, a Inglaterra, a União Soviética, a China e a
Roménia. Moçambique, não sendo neste momento um grande produtor tem
condições para se tornar num dos mais importantes pois os jazigos de carvão em
Tete ainda não estão todos explorados e pode-se mesmo dizer que a sua
exploração está ainda numa fase inicial. Só as camadas a arrancar a céu aberto
permitem trabalho para 50 anos de extracção. O carvão é, por isso, uma das
gruides riquezas nacionais e poderá vir a estar intimamente ligado na manutenção
de altos fornos siderúrgicos.
O escoamento do carvão de Moatize é actualmente feito através da linha férrea
Beira-Moatize e na Beira é carregado para os navios no cais mineral. Esta é a via
mais económica se bem que alguns defendam que o transporte fluvial seria ainda
mais barato (descendo o Zambeze até à foz). Esta hipótese implica novos
investimentos na criação de condições para tal. Outra das opiniões afirma que se
poderia fazer uma linha férrea que ligasse Moatize a Nacala através do Malawi.
Este segundo ponto exige também a criação de um cais mineral em Nacala e
grandes somas na construção da linha férea o que nao pode ser comportado pela
venda da actual produção. Toda e qualquer alteração em profundidade exige que
se ponha em exploração novos jazigos de carvão que, sendo rentáveis,
permitiriam a realização de grandes obras de transformação das vias de
escoamento. É verdade que a localização,das minas, a mais de seiscentos
quilómetros do, porto exportador, toma o carvão ligeiramente mais caro do que
seria se essa distância fosse mais reduzida e se mais filões viessem suportar a
criação das tais novas vias.
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TEMPO N~ 355 - pág. 48
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Desde que um responsável do Partido esteve há tempos em Mocímboa da Praia, segunda cidade litoral de Cabo Delgado - os donos das lanchas não andam lá
muitos satisfeitos. Em contrapartida os pescadores pobres, que não possuem nem
rede nem barco mas apenas a sua força lde trabalho, animam-se em conversas
pelo fim da tarde, agitados discutem a possibilidade de vir a flelhorar as suas
vidas.
Como surgiu esta nova situação?
Tudo começou quando o responsável do Partido explicou aos proprietários e
empregados as vanta gens que existiam na formação de cooperativas de pesca.
Mais do que ceder os seus meios de pesca para a formação 'da cooperativa, os
proprietários das lanchas e redes estão renitentes porque pressentem que, com as
cooperativas, termina para sempre o negócio rendoso que a super-exploação da
mão de obra lhes proporcionava. A formaço de uma primeira cooperativa de
pesca em Mocímboa da Praia
- zona extremamente rica em pesca, principalmente de camarão e lagosta -não
está sendo uma tarefa fácil. Porém, a luta dos pescadores pobres, se bem
canalizada e ajudada, será umfl estímulo e um exemplo para a transformação da
vida do litoral moçambicano.
Em Mocimboa pesca-se camarão com a água pelo joelho. É efectivamente uma
riqueza. A lagosta e outros crustáceos assim como boasi espécies de pei xe
existem também em quantidade e podem garantir não só o abastecimento de
peiXe ao distrito como à própria província de Cabo 0 elgado. No que respeita ao
camarão a fartura é týo evidente que pode estar ali uma grande fonte do divisas
com a exportação daquele valioso pescado.
Todavia, o sucesso da pesca er4 Cabo Delgado está intimamiente ligado à
organização colectiva dos pescadores que em cooperativas de pesca artesanal ou
empresas estatais de pesca poderão ver as suas vidas e a do próprio pais
transformarem-se Para darmos uma pequena ideia das dificuldades e manobras
que ali se verificam para a formação da primeira cooperativa iremos ei seguida
transcrever sem comentários um diálog travado entre o repórter da «Tempo» e
vários $escadores, proprietários e empregados, numa amhurada junto à praia dos
pescadores em Mocimboa.[
Sem conhecermos ao princípio qdem eram os pa trões e empregados a linguagem
e la indumentária cedo nos revelaram.
Foi um diálogo caloroso ao meio da manhã num dos últimos dias do mês deMaio.
De ma coisa ficámos certos «para os patrões o mar é doce» - como afirmou
Urálbu Kuepere, uni pescador pobre de Mocimboa.
TEMPO N, 355 - pág. 47
5de
AO LADO: A rede que seguram não lhes pertence. Metade da pescaria é sempre
p~ & patrio. O que resta é dividido por todos os pescadores que
participaor'mwuela faina.
EM BAIXO:
Os donos das lanchas habituados a explorar a mão de
obra de outros pescadoreo ficam renitentes em formar a cooperativa. Na imagem
o dono de uma lancha.
UMA COOPERATIVA NAO NASCE SEM LUTA
Um dono da lancha: O trabalho vai bem só temos encontrado difIculdades porque
os barcos não têm motor. Entregamos o peixe quando ele já está podre.
Pescador:-Aqui há muitas maneiras de pescar, há gamboa, tem à rede, tem anzol,
tem de apanhar polvo, tem de cesto, conforme aqui não temos uma única maneira
de pescar.
Repórter: Quem faz parte de Cooperativa de pesca? É composta por pescadores de
rede, anzol ou quê?
Dono da lancha: Qualquer pode fazer parte da cooperativa. Aqueles que fomos
contados noutro dia éramos pescadores de anzol, de rede e de gamboa e os que
têm embarcações. A cooperativa ainda vai Qer formada, ainda só deram os
nomes.
Repórter: Quantas pessoas já escreveram o nome na cooperativa?
Dono da lancha:-inscreveram-se 32 pessoas. Neste número há pescadores de rede,
de gamboa e donos das lanchas. Repórter: Quando o camarada responsável do
Partido veio cá paTEMPO N, 355 -pág. 48
ra discutir a formação da cooperativa, houve a i g u n s pescadores com um
bocado de dinheiro e por que eram donos dos barcos não queriam entrar na
cooperativa. Porquê?
Sualé Ali (dono de uma lancha): Eu tenho lancha outros pescadores não têm
lancha. Como é que há-de ser juntada a cooperativa, perguntámos nesse dia.
Repórter: Mas com certeza vos disseram que o barco, ou melhor o dono do barco
não ia perder o seu dinheiro e se um dia saísse da cooperativa havia de devolver o
dinheiro com que ele entrou, neste caso o preço do barco não é? Não acha que só
unidos é que poderão avançar? Vocês disseram que não têm motor. Mas primeiro
vocês vão unir todos e pescar só a vela. Com o dinheiro que vão ganhar aqui, vão
depois comprar o motor, não é?
Saulé Ali: Sim é verdade mas eu sou o dono da lancha há muitos, anos. Eu
próprio pesco e tenho dois empregados.
O PREÇO DA EXPLORAÇÃO
Dono da lancha: Quando regressamos com o peixe do mar tiramos o peixe todo. E
quando vendemos tiramos uns peixes por
causa da lancha e outra metade damos aos pescadores.
Repórter: Vamos lá saber. Supunhamos q u e o s pescadores trouxeram 30 peixes,
por exemplo. Primeiro o patrão da lancha tira 10 peixes para o pagamento do
barco e depois ficam 20 peixes. Desses 20 peixes como é que dividem?
Dono da lancha: Quando tem 1W peixes...
Repórter: Não... eu disse que por exemplo pescaram 30 peixes.
Dono da lancha: estou a contar na mesma os 30 peixes. Não tiramos 10 peixes
para a lancha...
Repórter: tiram quantos, então?
Dono da lancha: -Quando apanhamos 10 peixes tiramos dois,
quando apanhos 20 tiramos 4 e assim sempre.
Repórter: Portanto quando pescam 10 peixes tiram 2 para a lancha, ficam então 8
peixes e estes 8 peixes como é que vocês dividem com os seus trabalhadores?
Dono da lancha: Por exemplo quando arranjamos 100 escudos com esses 8 peixes
esse dinheiro a gente divide com os pescadores e o dono da lancha...
Repórter: Aqui em Mocimboa da Praia hd muitos pescadores não h:4?
Pescador: Aqui hd centenas de pescadores.
Repórter: Mas os donos das lanchas são muitos? São muitos os que têm lanchas?
Pescador: há muitos.
Repórter: Mas' por exemplo aqui entre estas 32 pessoas que se inscreveram para a
cooperativa quantas pessoas têm lancha?
Pescador: Ainda não sabemos quantos têm lanchas.
Repórter: E quando pescam mesmo muito a população compra o peixe?
Pescador: Pode pescar o mais que pescar e não chegar para a opulação. A
população compra tudo.
PARA O PATRÃO EMPREGADO
2 SEMPRE PREGUIÇOSO
Abdala Chaúlle (dono da lancha): Esta coisa da cooperativa astd.custar a formar
porque os OuWros pescadores só querem dlnheiro só para comer, não têm força para trabalhar, não querem trabalhar. É por
isso quando os responsáveis dizem é preciso fazer cooperativas nós não estamos a
gostar porque estes pescadores não vão trabalhar!
Repórter: Há muitos trabalhadores que não querem trabalhar?
- Mas os donos das lanchas por exemplo quando saem com esses pescadores seus
empregados vêem que eles não trabalham? Então porque é que não querem
trabalhar? Repita lá o que disse faz favor?
Abdala Chaúle: Quando vamos à pesca por exemplo hoje arranfamos peixe.
Chego aqui vendo e amanhã os pescadores já não querem sair até acabar o
dinheiro que gAaram!
TEMPO N 356 - pig. 4S
Repórter: Quer dier que o pro Abdal: 4d~.o da Iafl): 9 blema então é com os
pqscacotes isso mesmo/ que não querem trabalhar, nd -t
aq ~m pes
dono da lancha... Quad 08
1 Reótr eéaqiagmps
cadores num dia têm dinheiro não C perto aria o ege ar?
querem trabalhar mais. Quer dli- u <'er l8 com ele! zer esses pescadores não
querem Peeador: às*o au /em! ir para a cooperativa porque abem que vão
trabalhar todos os ep1r Um cooperativa co..~a, é 1880?
se é
p~l favorecer uiqi
A vend, das espécies pescadas está garantida. A quantidade de camartio existen"
te em Mocímboa da Praia aponta para a necessidade da formqaço de cooperqtiva.
e empresas estatais de pesca, visando atd a própria exportação.
TEMPO No 355 - pãg. 50
grupo de pessoas não uma única pessoa A cooperativa também preteríde juntar as
pessoas mais pobres para elas poderem oru1I: zar-se e melhorar assim as a vidas.
Quer dizer os pobres quando estio separados, desunidos fl-. cam sempre pobres,
mas quando se juntam começam a pouco e Pouc criar riqueza. Quando uma,
pesso com lah junta aos pescadores pobres eles todos juntos vÃo criar ainda
mais riqueza, melhores condiç'es de vida, não é verdade? Mas é preciso trabalhar,
o que é que pensa sobre a formação desta cooperativa?
Assane Faque (que era pescador) :Se eu por exemplo tiver lancha e rede e chega
ali uma pessoa que não tem nada e depois fica dono também das coisas que eu
comprei então demora a fazer a cooperativa.
Tempo: Então você prefere ficar pobre a vida inteira?
Não quer melhorar a sua vida, quer trabalhar sempre para outra pessoa, para o
patrão?
Assane Faque: Nós queremos ser ricos, eu por exemplo tenho a minha lancha...
Repórter (interrompendo e oucadores): Então você não é pesvindo gargalhadas de
outros pescador, você é patrão! Eu disse que queria falar com um pescador que
seja empregado para saber se aquilo que o outro patrão disse deles de não
quererem trabalhar é verdade!
Amarati N'Guzi (pescador, não possue lancha nem rede, alis trabalha com a rede
de um patrão) avança para responder: - Euvim de Pemba para trabalhar aqui e
como não arranjava outro serviço tive de começar a pedir serviýo de pescador.
Desde que comecei a trabalhar quando apanho muitos peixes com a rede ponho
esse peixe na lancha. Seja que quantidade for, uma parte, metade, é para ser
distribuido por todos os pescadores da lancha e a outra metade para o dono da
lancha.
Mas acontece sempre que mesmo quando a venda toda rende mil escudos, o dono
da lancha só nos d 15 escudos, sempre...
OITO ANOS SEM DESCANSO
Repórter: Então não é verdade o que estava aqui a dizer o dono
Donos das lanchas e pescadores sem meios pouco antes da reunião com o
reporter. Da reunião ficou bem patente que uma cooperativa não noace sem luta.
Em baizo: A pesca do camarao é feita geralmente por mulheres.
da tanha. Diga l isso ao seu pa- Repórter: (falando para todos o trão aqui, diga! 0
dono da lancha para o patrão em particular): O disse hd pouco que dava metade,
pescador N'Guzi disse trabalha dividia em partes iguais para ele para você hd 8
anos e nunca fale seus empregados, mas parece tou é verdade? que não é assiml
Amarati NGuzi (pescador) Na pesca de rede, a rede também é de um patrão, a
gente nem pode alugar essa rede mas quem arranja somos nós, na pesca de rede é
assim, metade da pescaria vai sempre para o patrão o resto é dividido por todos os
pescadores que tomam conta da rede e isso não dd nada. O patrão não pode mentir
estd aqui!
Repórter: Isto de facto é uma grande exploraçdo. Oiça N'Guzi aqui hd bocado este
patrão, dono da lancha, disse e você ouviu que os pescadores s ã o preguiçosos
quando tm dinheiro vão beber em vez de ir trabalhar. É verdade isto?
Amarati N'Guzi: Iá oito anos que trabalho para este meu patrão aqui. Pergunta lã a
ele se a~
vez já faltei. Só faltei uma
vw ou~
utavêumo, doente.
Dono da rede: 9 sim!
Repórter: Oiça N'Guzi! Você durante estes 8 anos que estd a trabalhar a sua vida
jd melhorou os seus filhos estão na escola e andam bem vestidos?
(Risos de todos os pescadores pobres, olhando uns para os outros)
Amarati N'Guzi: Só arranjo dinheiro para comida. Durante estes 8 anos só tenho
arranjado dinheiro para alimentação.
Repórter: Mas o dono da rede como vive, como veste? Onde est o dono da tua
rede? É este aqui?
Mesmo ao lado do repórter está o dono bem vestido com o tradicional fato branco
e sapatos. Chama-se Samati Faqui e vive numa casa boa maticada ali perto em
frente dele Amarati N'Guzi roupa velha e rota, descalço.
Repórter, (dirigindo-se aos pes cadores pobres): Então a Cooperativa é uma coisa
boa ou md?
Amarati N'Guzi: Eu não posso dizer na prótica porque ainda não começou a
cooperativa. Mas se é aquilo que o responsdtel do Partido explicou hd-de ser boa
coisa. Também compreendo que os patrões não estão a querer a coope rativa
porque estd ser combatida a exploração deles. Vai acabar com essa coisa de eles
pagarem só com um pouco de peixe. Os donos das lanchas e das redes muitos não
estão a querer aceitar porque esido acostumados a fazer exploração contra nós.
Repórter: Você jd comprou hd muitos anos a sua rede não?
Samati Faqul: Comprei a rede nova no ano passado.
Repórter: E agora com essa rede põe outros homens a trabalhar para si não é?
Repórter (dirigindo-se aos pescadores pobres) - vocês com dinheiro que os donos
das redes vos pagam podem comprar algum dia uma rede para vocês?
(Novamente risos dos pescadores pobres)
-Não chega nem para comer
- dizem quase em coro.
Repórter: Por isso companheiro o problema estd aqui. Vocês têm de se unir para
formar a cooperativa e conseguir melhorar a vossa vida. A cooperativa é muito
importante para acabar com a exploração que fazem aos pobres. Moçambique é
um pais onde a maioria é pobre. Se os pobres se unirem e trabalharem com força
podem derrubar aqueles que agora lhes estão a explorar. Temos agora um Partido
que nos vai ajudar nesta luta.
Uraibu Kuepere (pescador pobre): Eu penso que a gente se tiver ajuda podemos
fazer a nossa cooperativa. Para os patrões o mar é doce!
Em Mocímboa da Praia há centenas e centenas de pescadores sem lanchas e sem
redes. Com uma boa mobilização e ajuda há campo fértil para a formação rápida e
vantajosa de várias cooperativas de Pesca.
T
TEMPO N.* 355 - pâg. I1I
ESTIUTURA
1.0 SEMINARIO NACIONAL
DA IHIOMACIAD.
A partir desta semana passamos a divulgar junto do leitor como se está a
desenrolar o 1.' Seminário Nacional da Informação. Iniciamos esta série de
trabalhos com a divulgação da estrutura do Seminário e alguns dos assuntos gerais
mais importantes que nele se debatem.
1 -A COMISSAO DE DINAMIZAÇÃO
Esta comissão é composta por: -3 elementos do gabinete de
estudos do Ministério da Informação um dos quais preside a todas as reuniões que
a envolvam;
- 2 jornalistas da «TEMPO»;
-2 do jornal «NOTICIAS»; - 3 da Rádio Moçambique;
-2 da Agência de Informação
de Moçambique (AIM);
-1 do jornal «NOTICIAS DA
BEIR-A»;
-2 elementos do Instituto Nacional de Cinema (INC);
- 1 do Instituto Nacional do
Livro e do Disco (INLD);
- 1 da Direcção Nacional de
Publicidade e Propaganda (DNPP).
As tarefas principais desta Co missão são as seguintes:
a) orientar os trabalhos preparatirios do Seminário;
b) dinamizar a discussão em todos os Orgãos de Informação (O. I.) distribuindo
textos de base e provocando o debate entre os jornalistas;
c) reunir quinzenalmente com os responsáveis dos Grupos de Trabalho e
mensalmente com todos os jornalistas desses Grupos de Trabalho para análise conjunta e coordenação;
d) recolher os documentos finais dos Grupos de Trabalho e levá-los a plenários de
jornalistas para aprovação;
e) organizar encontros entre os jornalistas e profissionais de informação nacionais
e estrangeiros assim como encontros entre os jornalistas e responsáveis do Partido
e Governo;
f) produzir o documento «Informação e Transição para o Socialismo na República
Popular de Moçambique» pondo-o depois à discussão entre os jornalistas.
2- OS GRUPOS DE TRABALHO
Há dez Grupos de Trabalho constituídos por elementos de cada O. 1. com um
responsável cada, nomeado pela Comissão de Dinamização, cuja tarefa é
coordenar o andamento dos trabalhos e dirigir as reuniões. Estes Grupos de
Trabalho reunem duas ou mais vezes por semana. Os temas em estudo são os
seguintes:
GRUPO A- Aspectos formais e linguísticos; Línguas nacionais; Acessibilidade da
linguagem.
GRUPO B - Recrutamento e For mação profissional; Formação política; Contacto
com as massas trabalhadoras.
GRUPO C - Publicidade; Problemas financeiros; Distribuição; Racionalização de
meios humanos e materiais.
GRUPO D - Aceitação Popular da Informação.
GRUPO E - Organização Nacional de Jornalistas; Estatuto dos jornalistas;
Estatuto das redacções; Especialização ou Polivalência dos jornalistas.
GRUPO F -Luta Ideológica e de' mocratização das estruturas.
GRUPO G - Jornalismo e Crítica; Informação e Mobilização; Informação e
Reconstrução Nacional; Crítica e Auto-crítica.
GRUPO H - Coordenação e n t re os Orgãos de Informação e ReTEMPO N.° 355 - phg. 52
Uma das reuniões gerais de trabalhadores, quando era discutida a «TEMPO»
lações com as Estruturas do Par tido e Estado.
GRUPO I - Informação e Transição para o socialismo na RPM (grupo constituído
pelos elementos da Comissão de Dinamização).
GRUPO J -Informação e propaganda.
A tarefa principal dos Grupos de Trabalho é reunir informações sobre os temas
usando todos os meios ao seu alcance. Estes grupos podem convocar plenários de
jornalistas sempre que necessário. Depois de redigidos os documentos estes têm
ainda que ser aprovados por todos os jornalis tas reunidos em plenário. Os textos
saidos dos Grupos de Trabalho- cuja data limite para aprovação é 15 de Agosto constitui rão os documentos- base do Seminário. Por outro lado, cada jornalista
pode apresentar trabalhos individuais que, se aprovados pela Comissão de
Dinamização, passarão a ser também textos de base para o seminário.
3- AS REUNIÕES GERAIS DE TRABALHADORES DA INFORMAÇAO
As terças-feiras ao meio-dia os trabalhadores dos O.I. (jornalistas e demais
trabalhadores) reunem para discutir este ou aquele
0.1.
Já foram discutidos 4: Rádio Moçambique, «Notícias», «Tempo» e «AIM».
Nestas reuniões cada 0.1 apresenta o seu relatório aos outros 0.1. e recebe as
críticas destes em relação ao seu trabalho e também em relação ao relatório. Estas
são as intervenções colectivas. Há também intervenções individuais.
Sempre que necessário a Reunião Geral de Trabalhadores pode convocar mais do
que uma reunião sobre um determinado 0.1. Por exemplo, já houve três reuniões
sobre o jornal «Noticias» estando prevista para breve uma quarta reunião. A
Rádio Moçambique, por sua vez, pediu
-mais uma Reunião Geral porque, como foi o primeiro 0.1. a ser discutido, as
críticas não foram suficientemente protundas. Esta segunda reunião realizar-se-á
no princípio do mês que vem.
4-AS REUNIÕES EM CADA ÕRGAO DE INFORMAÇÃO
Cada 0.1. reune duas ou mais vezes por semana para: a) redigir o seu relatório; b)
discutir os outros 0.1.; c) analisar os relatórios dos outros 0.1.; e, d) aprofundar os
temas dos Grupos de Trabalho.
5 -PLENÁRIOS DE JORNALISTAS
Estes plenários, efectuados à noite, são convocados para discutir os assuntos mais
específicos da profissão e, em breve , a Comissão de Dinamização fará um
convite a elementos das várias estruturas do Partido e Estado pa ra assistirem a
estes plenários.
ALGUNS TEXTOS DE BASE
Sã,) estes alguns dos textos de base para o Seminário:
- Reunião entre o Presidente
Samora e os jornalistas rea
lizada em Agosto de 1975.
- Discursos do ministro da informação, Jorge Rebelo, na abertura do Seminário e
um outro proferido na abertura da 1." conferência africana de cooperaço
cinematográfica.
- Lenine: A Função da Imprensa; Sobre o Significado do
Materialismo Militante.
- Mao Tse Tung: Palestra aos
Redactores do Diário XansiSul-Luan; Contra o Estilo de Cliche do Partido;
Contra o
Culto do Livro.
- Citações de Marx e Engels.
- «Sobre o Liberalismo» e «Sobre a Crítica»: série de artigos do jornal «Notícias
da Beira» em Abril/Maio deste
ano.
e
TEMPO N.° 355 -pg. 53
04 SEMINARIO NACIONAL
DA INFORMAÇÃO
LEITORES E E
OUVINTES:
as vossas criticas são indespensáveis, enviem-nas para:
Comissao de Dinamnizaç&o do 1.0 Seminário Nacional da Informação Ministério
da Informaç&o Av. Ho Chi Min, 103.. Maputo.
1~
TEMPO N 355 -pg. 14
9
1.' CONFERENCIA
NACIONAL
IA JDVENTUDE
gerd realizada em lezembro deste ano a primeira Conferência Nacioa da
Juventude, conforme aie~ziou Zacarias Kupelà4 Secretário Nacional da
OrganIzação da Juventu e Moçambicana durante uma conferênia, de impiiensa
que concedeu durante o ltimo fim de seman4. Durante o período que antecede à
realização da Conferência Naciona, a Organizaçao'da Juventude promoverá uma
inte.sa campanha de sensibilização da juventude através das estruturas do Partido,
as sim como realizará tio nível de todo o pais reuniões onde possa. recolher as
principais preocupações e problemas que afect9m actualmente a Juventude. Na
Conferência d imprensa que deu aos ergãos de informação nacio*ais, o Secretário
Geral da OJM fez uma breve anális' sobre os principais problemas i que afectam a
criaç4o das estruturas da Organização da Juventude pok. todo o pais, e ainda
sobre os i planos quw. deverã 8er postos em prática a curto
9 actual plano de acção da Or g
ão da Juventude na prea de preparação da
anferência Nacional da Juventw de caracterízar-se-ã pela senslbiliSza o do povo, e
particularmente d4 juventude, para as questões liaàa Organização da Juventudl,
criação das suas estruturas ao níVel de todo o pais. A este nivel o lSecretariado da
OM considerciu que seria necessário desenvol vEr desde já, «e através das es
trituras do Partido, iremos formkr activistas no trabalho prdWc£, como a criação
de brigada dd jovens que, da Nação irão à pi ovíncia. desta ao distrito e às AI
Comunais, cooperativas,
pa'a participarem com as popW a4ões no trabalho do dia a dia».
trerindo a importância deste traiho Zacarias Kupela acres tou que através deste
trabalho :fer neawi NacJuiL < o&, jovens que participarem na ao abctirts entre b
das de activação e sensibilia. tternoderiam «aumentar a8
A Organização da Juveintude não será uma organização para os jovens deste ou
daquele sector, mas para todos os jovens moçambicanos dos quais a maioria se
encontram nos locais de trabalho haeásmnáis
esõsclu
Zacarias Kupela, Secretário Geral da Organização:
«na Organização há lugar
para tqdos os joveanjovens patriotas
e anti-imperialistas».
seus conhecimentos, conhecer os problema reais do povo e, ao mesmo tempo,
transmitirlhes as preocupações do Partido».
Sobre outras formas de preparação da Conferência Nacional foram referidas
«cursos semanais ou quinzenais, que os jovens representando estruturas da
juventude de diferentes sectores, vão-se reunir para desenvolver um estudo
político. Além destes cursos,
haverá seminários, sessões culturais e outras actividades».
A OJM
Contrariamente ao que nçuitas pessoas, e neste caso concreto, muitos jovens
pensavam que iria ser, foi claramente reafirmado que a Organização da Juventude
Moçambicana seria uma organização de toda a juventude - uma verdadeira
Organização de Massas como o decidiu o III Congresso - e não como pensavam
alguns, uma organização comanda da e dedicada especialmente a englobar os
estudantes, os jovens que frequentam as escolas.
É que os jovens, essencialmente pelo processo de discriminação de que eram
alvos durante o período colonial-capitalista encontramse principalmente ao nivel
do campo, encontram-se nas fábricas, encontram-se nos locais de trabalho. Daí
que a OJM defina que para se ser seu membro é apenas necessária a participação
do jovem na Organização: «jovens que sintam que Moçambique é a sua pátria,
que sintam que a Luta de Libertação Nacionaäl, os sacrifícios consentidos pelo
nosso povo para que o nosso pais
fosse Independente, jovens dispostos a valorizar as conquistas revolucionárias, o
trabalho já iniciado».
Referindo-se às dificuldades que a OJM tem encontrado no seio dos jovens sobre
a compreensão destes problemas, Zacarias Kupela afirmou que «ainda existe uma
compreensão errada no seio doí jovens que pensam que na OJl só irão participar
aqueles que vãí às reuniões do Grupo Dinamiza dor, ou tomam parte nos traba
lhos-que o Partido tem vindo realizar. Mas nós dizemos que, m Organização há
lugar para todo os jovens -jovens patriotas e an ti-imperialistas».
«Outra dificuldade que temos que nunca existiu uma organiz ção da juventude no
nosso pai A nossa experiência baseia-se , sencialmente no estudo da pr pria
experiência da FRELIMO, o da Organização da *Mulher Mq çambicana».
Contudo, foi referid, que já existe trabalho desenvolv do. «Os jovens participam
nas br gadas de mobilização das populc ções na construção de Aldeias C munais,
apoiam a formação d cooperativas agrícolas, a alfabet zação e educação sanitária,
alé de outras actividades».
TEMPO N.* 355 - p g. 56
Ainda entre as dificuldades en contradas foram apontadas a nível organizacional e
de estruturação a falta de tarefas concretas para a organização da juventude nas
cooperativas agrícolas, nas esw colas, nas Aldeias Comunais, locais de trabalho.
Também a definição de métodos de trabalho e de ligação entre as estruturas da
célula à Província e desta à nação foram apontadas entre as dificuldades. Contudo
foi dito que as deficiências são diferentes de província para província donde nasce
a «necessidade de conhecermos tais problemas, antes de traçarmos o plano de
acção que cor respondesse precisamente às preocupações da juventude
moçambicana, e à situação em que vivem os jovens de todo o país».
DESPERTAR
Uma segunda fase da preparação da Conferência Nacional da Juventude, que se
realiza como já referimos em Dezembro deste ano será caracterizada pela
realização de Conferências ao nível dos Distitos. Nessas Conferências serão
discutidos e analisados documentos de base para facilitar a participação produtiva
dos jovens nas próximas conferências provinciais
- que serão feitas a partir de 15 de Outubro até meio de Novembro.
Sobre os problemas que o Secretariado Nacional da OJM enfrenta na presente
fase, Zacarias Kupela referiu que são «muitos problemas de vária ordem».
«Primeiramente, a questão de quadros: activistas da juventude para
desenvolverem várias tarefas, definidas no Plano de Acção. Sendo a OJM uma
organização democrática de massas, é necessário que haja uma participação
democrática, maciça da juventude nas tarefas de que o Partido nos incumbiu. Por
isso, uma das nossas maiores preocupações é procurar a forma de engajar um
número cada vez mais crescente de jovens nas tarefas do próprio secretariado, nas
estruturas provinciais e distritais; a nível de células, dos locais de trabalho».
«Outra questão: Ainda não foi leito um trabalho de divulgação dos programas de
trabalho con-
Até à realização da Conferência Na cional a Organização da Juventude realizará
trabalho de sensibilização junio aos jovens para a criação das estruturas da
Organização a todos os niveis.
creto, a nível das populações e, em particular, a nível da juventude. Os jovens, por
isso, têm deparado com a dificuldade de não puderem assumir a importância da
sua participação. Tendo em conta que existem -muitos vestígios da sociedade
tradicional e colonial que nós herdámos muitos jovens encontram-se ainda
alienados pelo sistema. Só através de um trabalho político profundo, através da
realização de várias tareias concretas, tais como actividades culturais, colóquios,
seminários outros tipo de ocupação se poderá fazer despertar a consciência da
juventude, para que participe nas tarefas da fase presente do nosso Pais».
«Podemos também mencionar outro problema: É que, a nível dos locáis de
trabalho e de residência, não existem estruturas capazes de enquadrar jovens de
todas as camadas sociais e de todas as actividades, dificultando assim a nossa
organização».
«.z necessário que haja jovens dinâmicos, jovens que se preocupem realmente
com as questões da nossa organização, que façam compreender aos outros qual o
seu papel na Revolução, que os tragam para a organização, para que esta tenha um
número sempre crescente de membros».
Finalmente aquele responsável da OJM falou-nos sobre as formas a serem
utilizadas para divulgação da actividade da juventude moçambicana a nível
internacional.
«No plano 'internacional, também foi estabelecida uma forma de divulgar a luta
do Povo moçambicano, eem particular a actividade da juventude. Informámos,
por meio de cartas,, outras orgaiizações sobre a criação da OJM, suas tarefas e
plano de acção».
«Podemos dizer que esta foi a nossa primeira preocupação, no plano diplomático:
estabelecermos contactos com organizações nacionais e internacionais
progressistas e revolucionárias, tanto em países socialistas como capitalistas».
«Temos também a preocupação de participar em seminários e conferências
regionais e internacionais, cujos temas digam, principalmente, respeito à luta dos
povos ainda oprimidos do Mundo e à luta contra o capitalismo e o imperialismo».
TEMPO N 355 - phg. 57
COMO
AGE
O
0 Análse política da sitaão oconomica e social do Pais
em C <unicado do Conselho de Mnistros
suma s~o 1a
4, dCo-slh da Mint.
rigda pdoP.
sedo dia 16 um comunicado em quý se faz a anlseglobal das a ecol
Dada a Importáncla deste doumento, a que nos roferiemos eais p de Ministros
decidiu que seja obj",to de estudo em todos o* a~es nom Pública, empresas estas
e empOesas sob contrdol do Estado.
t o seguinte o texto i-tegral $1 referido Comunicado.
Sob a direcçio do PresideI lugar uma sessão alargada d< tros, a que estiveram
presente do Conselho de Ministros, os G víncias.
A reunião teve por objec anãlise global da situação do P
No decurso da sessão foi
particular de cada uma das Pri gnostlcados os principais pro tam nesta fase
histórica da foram profundamente debatid
I- SITUAÇÃO
Lte da Repúblca teve 1 Conselho de Minis,além dos membros )vernadores das
ProIvo proceder a uma Lis.
xaminada a situação )víncias, e foram dia)lemas que se suscL Fida nacional e que
>o analisados.
iente da República, foi emitido no pasõmlca e social do Pais. wmenor na mltima
Páginan, o Conseofo amínte no Apareho de Estado e Função
ACTUAL
No exame a que se procedi gnadamente, que:
-u constatou-se desi1. Quanto ao abastecimento:
a) carências graves de produtos essenciais k vida das populações (produtos
alimentares básicos, de higiene, rtigos de vestuario, medicamentos e roups
hospitalares, etc.), sobretudo nos maiors centros urbanos e nas zonas rurais ondo
por vezes facilitam infiltrações e recrutaeto de agentes do
inimigo;
b) carência de outros 1 s e produtos indispenságeis ao funclonpmento e
desenvolvimento da economia (sementes, adubos alfaias, matérias-primas para
Indústrias, equipamentos, peças e so ressalentes, etc);
c) falhas graves no lun ionamento de estruturas e serviços conxos com o
abastecimento (BRIs, desalfaI degamento de produtos, despacho de me oas, etc);
d) sabotagem económc* persistente e ge
ralizada, traduzida en destruição e abandono de empresas, eqt4pamentos ou
estabelecimentos, mano b as de especulação é aÇnbarcamento, fuga de divisas,
desvio de
bens para o exterior, tc; TEMPO 1-o 355 .-pãg. I
e) dlflc )ofalta
1 ~l
ildades no escoamento e comercializaLe produtos;
de transportes e de Infr ruturas s adequadas.
2. Quanto ao funcionamento das estu4as do Estado
Manifests e falhas no funcionamento e artlculaglIds div Drsas estruturas
(centrais, provinciais. dtritaise cais) que se revelam, nomeadamente:
IN IMIGO
a deficiências na pronta nfor~ , entre
os diversos níveis de.estruturas, das decises tomadas;
b) falta de inserção adequada das estruturas
provinciais no processo de elaboração do
plano;
c) atraso na estruturação dos governos
provinciais, e falta de representação ad2quada dos Ministérios ao nível das
Províncias e distritos;
d) subsistência de métodos de trabalho colo nial e de espírito burocrático e de
rotina na solução dos problemas, o que faz com frequentemente eles só encontrem
resposta adequada quando tratados ao nível dos
próprios Ministros;
e) dificuldades na mobilização dos recursos
financeiros para os fins a que foram ou po dem ser afectados, devidas em grande
parte à pesada burocracia e métodos de controlo inadequados que tornam dificil a
sua
utilização em tempo oportuno.
3. Quanto aos quadros:
a) infiltração no selo do aparelho de Estado,
.e nas empresas, de elementos sabotadores, indisciplinados e indisciplinadores,
falta de interesse pelo trabalho e pelo aumento de conhecimentos profissionais e
científicos;
b) elitismo em certos sectores, designadamente nas InstItuições de crédito;
c) chocantes diferenças salariais e mobilidade
extrema e descontrolada de pessoas;
d) ambição. desenfreada pelos lugares, particularmente pelos deixados vagos pela
salda de estrangeiros, oportunismo e procura de
privilégios e benefícios materiais;
e) falta de espírito de austeridade e esbanjamento de bens;
1) ausência de uma permanente inventariação
dos quadros existentes que permita promover de um modo continuo o seu melhor
aproveitamento;
g) necessidade de os Ministérios intensificarem o apoio às Províncias;
h) obstruções ao exercício da autoridade das
1-ovas estruturas.
4. Outras deficiências e problemas:
Constatou-se que, frequentes vezes, alguns problemas podem ser resolvidos
lançando mão de soluções populares, em que foi tão fértil e rica a experiência da
luta de libertação nacional. Muitas estruturas rejeitam aquela experiência e
revelam falta de iniciativa e Imaginação na superação das dificuldades,
permanecendo passivas sob a Invocação de falta de meios ou recursos adequados,
quando tantas vezes essas dificuldades seriam ultrapassadas contando com as
próprias forças e recorrendo à mobilização e .a p o i o das populações (caso típico
é o do escoamento e distribuição de Produtos e mercadorias). Yoi ainda
examinada a existência de campanhas ~acçes declaradamente subversivas que,
multas
delas, se inscrevem no plano de desestabilização da República Popular de
Moçambique orquestrada do exterior.
11-ANALISE DA SITUAÇAO ACTUAL
Uma vez detectados os problemas que enfrenta mos nos vários sectores, importa
agora fazer um estudo das suas causas concretas do modo a conhecermos a sua
origem e melhor podermos ultrapas,sá-los.
Como chegámos a esta situação?
Recordemos, como referência meramente pontual, alguns antecedentes históricos:
Em 25 de Abril de 1974, o colonialismo português, à beira do colapso militar em
algumas das suas frentes de guerra, sofria os efeitos duma crise económica
estrutural do' capitalismo mundial, fortemente agudizada pelo desenvolvimento
das lutas de libertação.
0 25 de Abril foi, pois, e sobretudo, uma desesperada tentativa de contrariar o
impetuoso avanço do processo revolucionário em curso nas colónias em luta,
propondo-se encontrar, soluções de tipo neocolonial que salvaguardassem os
interesses colonial-capitalistas seriamente ameaçados.
A essa luz se deverão interpretar as várias tentativas desenvolvidas, quer pelos
governos que em Portugal se seguiram ao 25 de Abril, quer pelo go. verno
provisório instalado em Moçambique, tentativas essas frustradas pela correcta
actuação da FRELIMO e pelas negociações que conduziram aos Acordos de
Lusaka.
Com a tomada do poder pela FRELIMO, desvaneceram-se algumas das
esperanças do capitalismo implantado no nosso Pais, que, levado a mudar de
táctica, se lançou numa guerra económica destinada a provocar o caos económico
e social, procurando tirar o máximo partido da partilha do poder que caracterizou
o Governo de Transição.
Após a proclamação da independência e as imediatas primeiras medidas de
nacionalização, perdidas todas as esperanças de «recuperar» a FRELIMO, o
capitalismo intensificou a sua agressividade, e passou a jogar abertamente na
desestabilização nterna.
A realização do III Congresso, pelas decisões nele tomadas e clarificação das
nossas opções fundamentais, constituiu um golpe profundo nos sectores
remanescentes da burguesia colonial e na Incipiente burguesia nacional. Agudizase a luta de classes.
É neste contexto que se impõe uma análise e reflexão da situação do nosso Pais, e
dos métodos que o inimigo põe em prática.
Tal análise demonstra que existe uma verdadeifa acção concertada contra o nosso
poder e as nossas conquistas revolucionárias, que encontra terreno fãci nas nossas
Insuficiências de capacidade em meios humanos e materiais para a realização de
todas TEMPO N,° 355 - P-g. M
as tarefas de defesa da nossa soberania e da reconstrução nacional e,
simultaneamente, para detectar e neutralizar todas as manobras de sabotagem do
inimigo.
Assinale-se que o aparelho de Estado que herdámos, pela sua natureza, estruturas
e métodos de trabalho, porque concebido para defender interesses capitalistas, não
nos permite um combate enérgico contra as manobras do capitalismo, e retarda a
nossa capacidade de resposta às iniciativas do inimigo.
Devemos assim, distinguir claramente essas nossas insuficiências e incapacidades,
da acção directa ou indirecta do inimigo externo ou dos seus agentes InteMos.
2. Acção do inimigo
A causa principal das nossas dificuldades são as acções deliberadas, directa ou
indirectamente, contra a nossa economia, desenvolvidas pelo inimigo externo e
seus agentes no nosso seio.
O objectivo do inimigo nas acções que desenvolve é impedir que o Povo
moçambicano ganhe a grande batalha da produção, que permitirá criar as
condições materiais para o triunto da revolução.
São produtos básicos, matérias-primas e sobressalentes que importamos, mas que
não chegam por
alegadas razões apresentadas pelos fornecedores estrangeiros e capitalistas
sediados no nosso País. São produtos que chegam, mas deteriorados ou ttalmente
inutilizados, pelos inimigos do nosso poder.
São máquinas e equipamentos que, delibera~a mente, são enviados incompletos
ou com deficiências técnicas.
São notas falsas que se introduzem no Pais com o fim de desorganizar o nosso
sistema financeiro.
São bilhetes de passagens aéreas falsos fabricados para obter criminosamente
divisas.
São documentos que se roubam com o objectivo de receber, no estrangeiro, o
valor de mercadorias que constituem nossas exportações. TEMPO N.- 36 -P4. 80
É a subfacturação e sobrefacturação como práticas generalizadas.
São manifestações de indisciplina fomentadas nos hQspitais, nas escolas, nas
unidades de produção e nas diversas instituições em geral.
Estas acções conduzidas pelo capitalismo internacional, são realizadas
concertadamente com o sector capitalista ainda forte que existe no nosso Pais e
que, sabendo-se ameaçado pelo avanço da revolução, aumenta a sua agressividade
sabotando sistematicamente o nosso processo de reconstrução e de
desenvolvimento. Na p r íá t i ea, esta sabotagem manifesta-se, na sua forma
subtil, na demora ou recusa de transporte de produtos para os centros
consumidores; no desinteresse pela compra de produtos aos camponeses,
alegando os mais diversos motiv os, como a falta de fixação de preços pelo
Governo; no açambarcamento de produtos essenciais, na prática e na sabotagem
da nossa jovem estrutura comercial em organização, ao mesmo tempo que se
destroem os circuitos de comercialzação deixados pelo colonialismo.
As agressões do regime racista e ilegal de Smith, que procura sobretudo alvos
civis, bens e meios de produção, inserem-se nesta acção global do imperialismo
para desestabilizar o nossos poder.
Mas estas agressões não são actos isolados de um regime desesperado.
Estamos a assistir à aplicação de um vasto plano que corresponde à táctica actual
do imperialismo contra os governos populares, os governos que realizam os
interesses do povo. Segundo os novos métodos, o imperialismo combina a
agressão, a subversão, a sabotagem económica e a desorganização geral. Diminui
a produção, criando indisciplina no seio das empresas, recusando-se ou atrasandose a fornecer máquinas e peças sobressalentes, desorganiza a rede de transportes,
estimula o esbanjamento e o desperdício. De uma maneira geral o imperialismo
procura atingir as condições de vida das massas, criar dificuldades de
abastecimento, funda. mentalmente procura criar descontentamento no seio do
povo.
Por outro lado, com toda esta acção, articula-se uma campanha psicológica
dirigida a fomentar a desunião no seio das populações, a fomentar a passividade, a
indisciplina, o descrédito dos trabalhadores nas suas próprias capacidades e na
direcção do nosso Estado da aliança operário-camponesa.
Esta campanha psicológica tem assumido as mais diversas formas:
O boato mais irracional, de que é exemplo significativo o da nacionalização das
crianças, que procurava levar a instabilidade ao seio da família, atingindo
sobretudo
as camadas pequeno-burguesas;
As campanhas na rádio e na Imprensa
dirigidas do exterior, distorcendo ou cobrin do de falsidades e de insultos à
Revolução moçambicana e os seus dirigentes, com vista a gerar uma atmosfera de
interrogação e dúvida permanentes no seio da população;
Campanhas tendentes a provocar o êXodo de técnicos qualificados;
O lançamento e difusão de panfletos;
O apelo a valores reaccionários da tradição feudal-colonial.
Em suma, toda uma acção de propaganda contra-revolucionária destinada a criar
uma situação de intranquilidade social e a retirar todo o conteúdo profundamente
popular às conquistas e benefícios da Revolução.
Esta situação que enfrentamos deriva da acção do imperialismo internacional e
enquadra-se na sua estratégia global contra os países progressistas do mundo.
A experiência dos Povos mostra-nos que o imperialismo utilizou idênticos
processos para derrubar governos populares com vista a atrasar a marcha
irreversível da revolução.
No Chile, sob o Governo da Unidade Popular de Salvador Allende, o
imperialismo instigou greves como a dos transportadores, promoveu o
açambarcamento, a especulação e o mercado negro, provo, cou a falta de produtos
essenciais, ao mesmo tempo que lançava uma guerra psicológica e toda uma
campanha de propaganda e de boatos para desestabilizar a situação do Pais e
provocar uma situação de insatisfação e descontentamento da população.
O inimigo conseguiu assim a fonte de recrutamento para o golpe final.
No Congo o imperialismo utilizou métodos semelhantes instaurando um estado de
crise nos abastecimentos, desorganizando a economia e finanças do Estado e
fomentando o tribalismo.
Esta situação inscrevia-se num plano geral reaccionário de derrube do governo
revolucionário, de que conseguiu realizar uma parte - o assassinato do Presidente
Marien N'Gouabi.
A mesma arma foi utilizada em Angola, onde se açambarcaram e se esconderam
produtos essenciais, onde se bloqueou o pagamento de salários durante meses ao
exército, onde se fomentou o tribalismo e o racismo, a par da utilização de uma
campanha ultra-esquerdista sob a direcção de elementos reaccionários nacionais e
estrangeiros.
No Benim desencadeou-se uma agressão militar directa vindo do exterior. Em
Cabo Verde e em S. Tomé detectaram-se movimentos reaccionários
desenvolvendo actividades golpistas.
Acções idênticas se têm vindo a verificar noutros países progressistas africanos
como em Madagáscar.
Devemos, pois, colher as lições devidas das experiências desses países. Devemos
aumentar a nossa vigilância, o nosso controlo sobre as estruturas e os próprios
elementos que as compõem. Devemos estar prontos para neutralizar e esmagar a
reacção, defendendo as nossas conquistas.
2. De como insuficiências nossas se
tornam acçáo inimiga
a) Ao nível geral
Verifica-se que se tenta planificar, existem boas Ideias, mas, por falta de
instrumentos adequados,
não se consegue no geral concretizar e pôr em execução algumas dessas ideias,
que por muitos também não são suficientemente assumidas.
Falta o sentido de programação das tarefas do dia-a-dia, tem-se um conhecimento
insuficiente dos meios de que dispõe, falta a definição clara do que deve ou não
constituir prioridades em cada sector.
A falta de uma definição correcta das prioridades faz com que certas tarefas não
prioritárias nos absorvam, em detrimento de outras tarefas que o são. Dispersamps
energias que nos seriam úteis para as tarefas realmente importantes.
A falta de organização e programação do traba lho, a falta de implantação de
métodos de trabalho adequados e a ausência de responsabilidade e controlo na
execução das tarefas, são factores que contribuem para a baixa de produtividade e
constituem brechas utilizadas pelo inimigo.
A falta de uma reflexão profunda daquilo que pro. gramámos e não realizámos,
exige que, como método, examinemos porque se não cumpriu o que estava
programado.
Devemos se intransigentes no princípio de que se devem sempre estabelecer
prioridades. Isto permite-nos organizar correctamente o escalonamento das
tarefas, executá-las de acordo com os meios de que dispusermos, fazer o controlo
da sua, execução e, finalmente, responsabilizar órgãos de indivíduos.
Por outro lado, porque temos insuficiências que não assumimos, corremos a
invocar que muitos dos erros que cometemos são fruto da acção do inimigo. Mas
são as nossas acçóes que, algumas vezes, ob jectivamente se tornam em acções
inimigas, pois prejudicam o nosso combate.
Poderíamos Ilustrar ist com o seguinte exemplo: quando o inimigo, nas vésperas
do III Congresso, criou condições para a carência de produtos que levou ao
aparecimento de bichas anormais, alguns responsáveis pelo sector nem sempre
souberam observar profundamente o fenómeno, analisá-lo e actuar
imediatamente. Esta atitude poderia ter permitido ao inimigo desenvolver a acção
para atingir o efeito por ele desejado, enquanto aqueles responsáveis se
satisfaziam a imputar-lhe as culpas caracterizando a sua acção como facto natural
no processo revolucionário em curso.
Na realidade, podemos dizer que, ao fazer isto, está-se objectivamente a colaborar
com o inimigo, através da passividade, por se ter menosprezado um problema do
Povo que não foi assumido corectamente pelas estruturas directamente
responsáveis.
Nesse caso a não identificação profunda das es truturas responívels pela resolução
'directa dos problemas, cornos interesses do Povo e a consequen. te minimlzação
da acção do inimigo leva a que, embora involuntariamente, aquelas estruturas
sirvam os interesses do inimigo.
TEMPO N 355 6- pá. l
Podemos apontar ainda um outro exemplo elucidativo: recentemente, houve um
desastre no Cais de Minério da Matola que custou ao Pais cerca de 180 mil contos
de prejuízos. Neste caso, persistiam métodos de trabalho e estruturas de tipo
colonial que ainda não tinham sido removidos.
A análise profunda da situação levou à constatação de que o desastre ocorreu
porque existiam cond~ propícias para a sua verificação.
Se tivéssemos tomado a atitude simplista de. im putar o facto apenas a uma acção
do inziigo, a consequência seria a de punir ieramenteos respon sáveis directos do
desstre sem remover totalmente as suas causas. Estas foram, sim, o embrião da
situação que originou o desastre, nomeadamente: a ausência de uma boa
organização e métodos de trabalho correctos, a ausência de autoridade e da
&sciplna como consequência da falta do Partido no local.
A Correcta análise desta situação levou não só à punição dos culpados mas,
sobretudo, à tomada de medidas profundas de organização daquele sector de
trabalho com reflexos positivos em sectores atns.
Com grande esforço cuja necessidade nem sempre é profundamente ponderada,
aplicamos a maior par. te do nosso tempo e energias, a concentrar esforços,
capacidades e recursos materiais e humanos de organização, ao nivel das
estruturas centrais. Relegamos para um plano secundário a organização dos
sectores ao nível da base, a estruturação de canais de informação recíproca entre a
base - onde os problemas concretos se põem na realidade e continuam por
resolver - e o topo que programa e planifica isoladamente.
Com este pocedimento retiramos às estruturas de bage a responsabilidade e a
capacidade de iniciativa que lhe permitiriam solucionar os seus próprios
problemas, ainda que tivessem de contar somente com as suas próprias forças.
Por outro lado a nível local ainda não foi assumido o princípio de que problemas
locais devem, tanto quanto possível, ter solução local, de acordo com as
potencialidades, capacidqdeo e recursos regionais, evitando-se a prática de
t~linsferir sempre a sua solução para estruturas superiores.
Isto resulta do facto de, muitas vezes, confundirmos a Nação com as estruturas do
Governo central. A estrutura, as tarefas e os problemas da Nação são o sorriátório
das estruturas, das tarefas e dos problemas existentes à escala nacional.
b) Ao nível do Aparelho de Estado
A análise da situação no Aparelho de Estado demonstra-nos, sem margem para
dúvidas, que ele está infiltrado por inimigos d nosso poder. Existe em larga escala
apatia e desinteresse pelos problemas do povo, exiti , o liberalismo, a falta de
sentido de X,
lidade, o desrespeito pelas estruturas, o elitismo, o paternalismo,
falta de espírito de austeridade, o esbanjamento dos bens do Povo que assumem,
cada vez mais, o aspecto de verdadeira sabotagem
contra os nossos objectivos e princlorá TEMPO N,° 356 - pãg. e2
Há elementos no seio do Aparelho de Estado apostados em criar e desenvolver o
descontentamento popular, em separar a Direcção Central do Povo, utilizando
para isso os métodos e processos rotineiros- e burocrático-legais.
Não fizemos um trabalho sistemático para fazer face a esta situação. Verificamos,
pois, que o esboroamento de autoridade criado pelo colonialismo e acentuado na
sua fase final pelo Governo Provisório ainda não foi eficazmente combatido. Esta
situa. ção é agravada pelo facto de estarmos a des. mantelar o aparelho de Estado
colonial criando novas estruturas, mas mantendo os mesmos processos e métodos
de trabalho.
Muitas vezes tem sido referida a neces-sidade de aumentar o espírito de
austerida'de e combater o esbanjamento dos bens do Estado. Devemos confessar
que ainda não conseguimos preencher e criar estruturas e métodos novos que nos
permitam iniciar
de uma maneira eficaz esse combate.
O departamentalismo continua a existir
e manifesta-se em todos o# M~lstérios e Serviços. Tem origem na visão
individualista e compartimentada dos problemas, de que muitas vezes somos
vitimas. É também consequência de não termos superado totalmente o tipo de
estrutura, organização
e métodos coloniais.
Aliado a essas insuficiências e a par da
grande falta de quadros com que lutamos, verificamos que se faz ainda sentir a
necessidade de uma coordenação geral no que respeita à formação de quadros.
Cada sector forma os seus quadros indepidemente de esforços idênticos noutroê
sectores.
IR -MEDIDAS A TOMAR'
Perante esta situação, é urgente tomar medidas que lhe ponham cobro. Estamos
todos claros que, a manter-se este estado, estaremos a contribuir para que o
relaxamento e a indiferença dêem azo a uma acção inimiga, que destrua todas as
nossas conquistas tão durante obtidas.
Assim, consideram-se necessárias as seguintes medidas:
1. Intensificar a impa .ç do Partido tanto no
aparelho do Estado como nos outros sectores.
A linha politipa da RELIM deve estar presente em todM as actividades
nacionais, em todos os nistérýs, em todos os serviços, em todas as empresas
estatais. Devemos reforçar a nossa vigilância revolucionária para detectar e punir
todos os nossos inimigos que connosco
coabitam.
2. Reforçar o estudo político, colectivo e organizado, em todos os sectores de
trabalho, particularmente nas estruturas do Aparelho de Estado Conhecermos
profundamente a Ideologia mar xista-leninista, adaptá-la às nossas realidades, é
possuirmos o instrumento principal que nos guiará no nosso combate constante e
consequente contra as acçes inímigas.
Acelerar a organização das aldeias e bairros comunais e cooperativas, como forma
de combate à especulação económica, ao boato, à acção do
inimigo.
4. Formar, a nivel do aparelho de Estado, Conselhos de Controlo'da Produtividade
que, à seme llança dos conselhos de produção nas empresas velem pelo aumento
da produtividade nos ser viços do Estado. Esses conselhos deverão estudar e
propór à direcção métodos correctos de avaiação da produtividade dos
trablhadores da função pública, tendo em conta a especificidade
das tarefas que ele realiza no seu sector.
5. Para que a Comissão Nacional de Abastecimento possa realizar cabalmente as
tarefas que lhe foram cometidas, torna-se necessário dinamizar o cumprimento
das funções que cabem à sua Comissão de Defesa da Economia, nomeadamente
as funções de Inspecção e controlo da
actividade, das empresas.
6. A Comis~o Nacional de Abastecimento foi alargada às Províncias devendo
urgentemente criar
ramicaçõ para:
a) resolver o problema de abastecimeto a
nível das províncias;
b) resolver o problema do escoamento da
produção nas províncias;
c) resolver o problemna do desalfandegamento
rápido das matérias-primas e meios de produção que estão à espera de B R's;
d) estabelecer, em colabo r entre os Ministérios e Governadorec 'P, as
prioridades e quantidades na. l de.,produtos a importar.
7. Para a solução de muitos problemas que as Províncias enfrentam, e muitos
deles não são resolvidos porque não existe a ligação necessra
Minlstérios/Prqlvncias, deverá ser acelerada a formação dos Governos Provinciais
e a designa ção dos Representantes provinciais dos Ministérios.
Dinamizar, a nível dos Mn~st6rlos e a nível das Províncias, a actividade de
Ni*cIos de Planlfèàçao que, aldm de ýprogra cont 1rm (execução das tarefa que
abdtn aos diversos
(sectores, deverão controlar os métodos de trabalho e propor correcções, se
necessário.
9. Para que a planificação de actividades nacionais tenha efectivamente um
carácter nacional deverá coordenar-se a participação das estruturas regionais na
planificação central - por exemplo, na elaboração do Plano de Actividades dos
Ministérios.
10. Devemos acelerar as medidas concretas de formação de quadros, evitando
dispersar as nos sas forças e coordenando essas actividades. Os programas de
formação de quadros devem ser correctamente elaborados, tendo em conta as
nossas capacidades humanas e materiais.
li. As acções de sabotagem e Indisciplina no nosso seio devem ser severamente
punidas, o que pressupõe a elaboração de novos textos legais.
Assim deveremos:
a) Acelerar a publicação de Normas de trabalho e disciplina da funçãoý pública e
dos
trabalhadores em geral;
b) Aplicar penas severas para actos de sabotagem, graduadas conforme a
gravidade de
cada caso.
17. Como método de trabalho, devemos sistematizar sempre as nossas
experiências pois elas correm o risco de se perder. Elas são a fonte
da nossa inspiração.
13.- 2 urgente materializar as conquistas da Independência implementando o
princípio de dar prioridade às zonas libertadas e às regiões fronteiriças. Os
benefícios materiais devem
chegar a essas zonas.
Devemos Interessar-nos permanentemente
pelos problemas do Povo, não menosprezando os pequenos problemas.
IV - CONCLUSÃO
Temos consciência de que, com estas medidas, se forem rigorosamente cumpridas
por todos nós, estaremos a dar passos mais largos para que o nosso poder e as
nossas vitórias se consolidem.
Trata-se de uma guerra prolongada, esta, a do de. senvolvimento.
Programemos sempre as tarefas que temos de realizar. Apuremos os nossos
métodos de trabalho. Intensifiquemos o estudo, para conhecer e neutra lizar
melhor as manobras do inimigo. Reforcemos a vigilância revolucionária em todos
oý sectores
S6 assim aumentaremos a nossa capacidade d realização dos objectivos que
traçamos. As,4n iii, terializaremos as directivas do III Coiwrcêsou da FPXLIMO.
TEMPO N 355 - pt9. 3
Quando a ferida demora a sarar é porque está infectada, A análise feita pelo
Conselho de Ministros sobre «como age o inimigo» tanto ao nível interno como
externo mostra-nos que a ferida existe; mostra-nos como é necessário arrancar as
crostas à ferida, fazer sangrá-la, para então lhe dar o tratamento adequado.
É no; dado neste documento do Conselho de Ministros a acção do inimigo. não de
forma irracional, mas nas verdadeiras dimensões que assumem as posições da
burguesia em tanto que tal, em que tanto que uma camada social que se constitui
ao nível -interno em coordenação com as acções inimigas vindas do exterior.
Encontra-se essa acção nas bichas, nas faltas de transportes, nos métodos de
trabalho com que constan temente deparamos tanto nas instituições de Estado
como nas próprias empresas, onde reina a ambição pela conquista dos privilégios
da burguesia colonial; o. esbanjamento, etc.
É isto que encontramos quando vamos a um guichê de uma repartição e somos
atendidos por um funcionário de cigarro na boqa que nos oferece um tratamento
idêntico ao que o administrador colonial dava aos camponeses quando pagavam o
seu imposto; é o elitismo que encontramos na arrogância com que somos tratados
.quando viajamos de avião; é a tristeza por que somos envolvidos quando
encontramos um nosso colega que foi operário engolido pelo poder de ser
TEMPO N,. 355 - pág. 04
administrador ou responsável a ganhar o ordenado que nós próprios criámos com
o nosso trabalho; é o sistema de cunhas e amiguismo que encontramos entre os
antigos colegas e amigos que agora se encontram fisicamente separados a exercer
diferentes tarefas; é o funcionário que nos diz «você não pode ir morar nessa zona
porque não tem categoria social ..»; é o roubo descarado dos fundos do Banco de
Solidariedade; é a utiliação do método 'colonial do «deixa andar» que nos custam
a sebotagem económkp, o volumoso roubo de divisas, a destruição de máquinas, a
baixa de produção; é o esquecimento que anda na cabeça de certos funcionários
sobre as dificuldades e os condicionalismos em que vivem as populações das
zonas libertadas e das zonas fronteiriças com a Rodésia; é a maneira com que são
assumidas as agressões racistas ao nosso pais - é lá na fronteira não é aqui na
cidade onde eu vivo numa boa casa e posso fazer açambarcamento, e onde vou
comprar um bom carro e uma aparelhagem quando o fulano for embora para
Portugal e eu ocupar o seu lugar e
receber o seu vencimento.
É esta ferida que tem de ser tratada.
É esta ferida que está carregada -da pus.
Nunca é demais recordar os exemplos da Luta Armada. Esses mesmos exemplos
que são internacionalmente esquecidos porque eles recordam aos defensores da
ideologia burguesa o sacrifício da Luta Armada, o Poder do Po vo. Lembramos o
exemplo de somente
COMO AGE O INIMIGO
uma emana em Cabo Delgado, se ter transportado cerca de 800 toneladas de cajú
a pé e nas costas do povo, por caminhos que somados ýdavam multas dezenas de
quilómetros sob o fogo das armas do exército colónial, Mas, transportou-se: e só
se trabalhava da parte da noite ..
Por isto, encontramos a presente análise do Governo, que é dirigido e foi
nomeado pela FRELIMO. Não é esta a primeira vez que a FRELIMO na sua h!s
tória encontra a acção do inimigo interno em coordenação, e outras vezes em
colaboração, com o inimigo externo, com o imperialismo -trata-se ao fim e ao
cabo da própria evolução da Luta de Classes.
Não se pode tratar os aliados internos do inimigo da mesma forma que tratamos
aqueles que se desviam, ou que têm apenas um comportamento errado. Pela
presente análise vê-se claramente que as posições assumidas em certos sectores da
nossa vida pelas pessoas que são postas em causa, assumem já uma posição de
classe-a da burguesia interna. Por isso mesmo os aliados internos do inimigo
devem ser vistos e tratados como o inimigo: são o inimigo.
Ora, é neste contexto que surge a
análise do Conselho de Ministros sobre «como age o inimigo». Os aspectos
centrais, a defesa intransigente da Luta pela conquista de melhores condições de
vida para o povo, para a aliança operário-camponesa, voltam a ser reafirmados,
são eles que estão em causa.
As medidas foram apontadas e são
claras. O processo de as implementar também foi indicado: organizar o estudo
sensibilizar todas as estruturas, mobilizar os trabalhadores dos sectores que
apoiam a conquista e consolidação do Poder pelas classes trabalhadoras para a
aplicação do tratamento que a ferida
necessita.
Litografia, Tipografia, Encadernação e Embalagem
Av. Ahmed Sekou.Touré. 1078-A e B (Prédio Invicta). Telefones 26191/2/3 C.P.
2917 MAPUTO
produzir
economizar
depositar
para desenvolver Moçambique
Aumentar a produtividade é PRODUZIR mais em menos tempo. ECONOMIZAR
é evitar despesas desnecessárias, gastar mènos do que ganhamos.
DEPOSITAR é garantir a segurança das nossas economias. As economias de cada
um depositadas no INSTITUTO DE CRÉDITO DE MOCAMBIQUE
transformam-se na força que contribue para a reconstrução nacional.
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