ESCOLA SUPEIROR DE GUERRA C. Alte (FN) GILMAR FRANCISCO FERRAÇO SITUAÇÃO DA FROTA MERCANTE BRASILEIRA EM APOIO ÀS OPERAÇÕES NAVAIS Rio de Janeiro 2013 GILMAR FRANCISCO FERRAÇO SITUAÇÃO DA FROTA MERCANTE BRASILEIRA EM APOIO ÀS OPERAÇÕES NAVAIS Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: CMG (RM1-FN) Carlos Antonio Raposo de Vasconcellos Rio de Janeiro 2013 C2013 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG. _________________________________ Assinatura do autor Biblioteca General Cordeiro de Farias Ferraço, Gilmar Francisco Situação da Frota Mercante Brasileira em apoio às operações navais / Contra-Almirante (FN) Gilmar Francisco Ferraço. - Rio de Janeiro: ESG, 2013. 96 f.: il. Orientador: CMG (RM1-FN) Carlos Antonio Raposo de Vasconcellos. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2013. 1. Mobilização Nacional. 2. Marinha Mercante. 3. Navios Mercantes. 4. Operações Militares. 5. Requisitos de Seleção e Adaptação. I. Título. A minha gratidão, em especial aos meus filhos e esposa, pela compreensão, como resposta aos momentos de minhas ausências e omissões, em dedicação atividades da ESG. às RESUMO Os navios mercantes fortalecem o Poder Naval e a Defesa Nacional. No passado, a mobilização desses meios para enfrentar um conflito armado era de forma lenta e progressiva. A rapidez dos atuais conflitos levou os Estados a se mobilizarem. Resultou, a criação, no Brasil, do Sistema Nacional de Mobilização. A mobilização dos navios mercantes está relacionada com o Poder Marítimo, e seu preparo à Marinha. Para coordenação dessas ações foi criado o Sistema de Mobilização Marítima. Para apoiar a Marinha é necessário que se tenha uma Marinha Mercante forte. Em 1986, havia 169 navios mercantes. A partir dai, iniciou-se um período de decadência. Em 1998, 42 navios. Com a reduzida frota mercante, a Marinha se encontra em situação difícil para mobilizá-la. Estados mais desenvolvidos além de a preservarem, estimulam o crescimento de suas Marinhas Mercantes, o que redunda em maior capacidade de mobilização. Quanto aos navios mercantes, requerem adaptações para às operações militares. Como demandam tempo, há necessidade de preparo, durante a paz. Para isso, há de se saber: quais os tipos de navios mercantes têm potencialidade de apoiar as operações militares; a capacidade de apoio da Marinha Mercante; quais os requisitos necessários para adaptá-los; e o preparo dos tripulantes para serem empregados em operações militares. A Marinha Mercante está em processo de recuperação. Como tal, é determinante que a Marinha indique, com urgência, os dados que facilitem a mobilização dos navios mercantes, de modo que os tornem adequados para o emprego do Poder Naval na Defesa dos Objetivos Nacionais. Palavras-chave: Mobilização Nacional. Navio Mercante. Marinha Mercante. Operações Militares. ABSTRACT Merchant ships strengthen the Naval Power and National Defense. In the past, the mobilization of these resources to face an armed conflict was slow and progressive. The rapidity of the current conflict has led states to take action. This resulted in the creation, of the National Mobilization System in Brazil. The mobilization of the merchant ships is related to the Sea Power and its preparation to the Navy. To coordinate these actions the System of Marine Mobilization was created. To support the Navy it is necessary to have a strong Merchant Navy. In 1986, there were 169 merchant ships. Thereafter a period of decline began. In 1988, there were 42 vessels. With a small merchant fleet, the Navy is in a difficult situation to mobilize it. The more developed, countries stimulate the growth of its Merchant Navy and its preservation, which results in greater mobilization capacity. As for merchant ships, require adaptations to military operations. As then demand time, there is need to prepare for peace. For this, it is necessary to know: what types of merchant ships have capacity to support military operations, the capability of support of the Merchant Navy, what requirements are needed to adapt them, and training of the crew to be employed in military operations. The Merchant Navy is in the process of recovery. As such, it is crucial that the Navy indicate urgently data to facilitate the mobilization of merchant ships, so as to make them suitable for the use of naval power in Defense of National Goals. Key words: National Mobilization. Merchant Ship. Merchant Navy. Military Operations. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CIABA Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar CIAGA Centro de Instrução Almirante Graça Aranha CMM Comissão de Marinha Mercante ComOpNav Comando de Operações Navais CLC Capitão-de-Longo-Curso DEN Diretoria de Engenharia Naval DGPM Diretoria-Geral do Pessoal da Marinha DPC Diretoria de Portos e Costas EMA Estado-Maior da Armada FA Forças Armadas FT Força Tarefa HE Hipótese e Emprego IMO International Maritime Organization LASH Lighter Aboard Ship LESTA Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário MB Marinha do Brasil MD Ministério da Defesa MAGTF Marine Air-Ground Task Force MEB Marine Expedicionary Brigade MM Marinha Mercante MPF Maritime Prepositioning Force MPSPRON Marine Prepositioning Force Squadron MSC Military Sea-Lift Command NDD Navio Desembarque Doca NUFORM Núcleos de Formação de Oficiais da Reserva da Marinha OCD Órgão Central de Direção PND Política Nacional de Defesa RFAS Royal Fleet Auxiliary Service RTM Regulamento do Tráfego Marítimo SINAMOB Sistema Nacional de Mobilização SISMOMIL Sistema de Mobilização Militar SIMOMAR Sistema de Mobilização Marítima SUNAMAN Superintendência Nacional de Marinha Mercante SISPEMM Sistema de Pessoal da Marinha Mercante STA Secretaria de Transporte Aquaviário TEU Twenty feet Equivalent Unit – unidade equivalente de vinte pés TOM Teatro de Operações Marítimo TPB Tonelada por Porte Bruto ZEE Zona Econômica Exclusiva SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 9 2 A MOBILIZAÇÃO NACIONAL....................................................................... 12 2.1 A IMPORTÂNCIA DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL......................................... 12 2.2 ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA MOBILIZAÇÃO DE NAVIOS MERCANTES................................................................. 14 2.3 A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE MOBILIZAÇÃO NACIONAL............... 15 2.4 A ATUAÇÃO DAS EXPRESSÕES DO PODER NACIONAL NA PREPARAÇÃO DA MOBILIZAÇÃO............................................................................... 2.5 17 A ESTRUTURAÇÃO DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL.................................... 19 2.5.1 Ações realizadas pelo SINAMOB visando à elaboração do Plano de Mobilização Nacional.................................................................................... 19 2.6 A ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE MOBILIZAÇÃO MILITAR................. 20 3 POTENCIALIDADE DE APOIO DA MARINHA MERCANTE........................ 23 3.1 A IMPORTÂNCIA DE SE TER UMA MARINHA MERCANTE FORTE........... 24 3.2 O FORTALECIMENTO DA MARINHA MERCANTE BRASILEIRA................ 25 3.3 A DECADÊNCIA DA MARINHA MERCANTE BRASILEIRA............................... 26 3.4 O SOERGUIMENTO DA MARINHA MERCANTE..................................... 29 3.5 NAVIOS MERCANTES EM APOIO ÀS OPERAÇÕES MILITARES............... 31 3.5.1 Emprego de navios mercantes norte-americanos..................................... 32 3.5.2 Emprego de navios mercantes britânicos.................................................. 33 3.5.3 Emprego de navios mercantes argentinos................................................. 34 3.6 NAVIOS MERCANTES COM POTENCIALIDADE DE APOIO ÀS OPERAÇÕES MILITARES.......................................................................................... 35 3.7 O PREPARO E A CONSCIENTIZAÇÃO DOS MARÍTIMOS DA MARINHA MERCANTE.................................................................................................... 37 3.8 REQUISITOS DE SELEÇÃO E DE ADAPTAÇÃO PARA NAVIOS MERCANTES.......................................................................................................... 40 3.8.1 Requisitos para selecionar os tipos de navios mercantes com potencialidade de apoio às operações militares................................................. 41 3.8.2 Tipos de adaptações que os navios mercantes podem receber.............. 41 3.8.3 Adaptações realizadas nos navios mercantes no último conflito armado no Atlântico Sul............................................................................. 43 3.8.4 Como o Poder Naval brasileiro vem se preparando para a mobilização..... 44 4 CONCLUSÃO ................................................................................................ 48 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 52 ANEXO A - ESTRUTURA DO SINAMOB........................................................ 56 ANEXO B - PRÉ-REQUISITOS PARA SELEÇÃO DE NAVIOS MERCANTES.. 57 ANEXO C - REUNIÃO INICIAL ENTRE MARINHA E TRANSPETRO PARA ADAPTAR NAVIO PETROLEIRO................................................ 58 ANEXO D - VISITA AO NAVIO TRANSPORTE ALMIRANTE GASTÃO MOTTA. 63 ANEXO E - ESCOLHA DO NAVIO MERCANTE A SER ADAPTADO............ 68 ANEXO F - REQUISITOS DE ADAPTAÇÃO DO NAVIO MERCANTE CANDIOTA 73 ANEXO G -REQUISITOS DE ADAPTAÇÃO DO PETROLEIRO PARA ABASTECER O NAVIO AERÓDROMO SÃO PAULO........................... 76 ANEXO H - ADAPTÇÃO DOS NAVIOS CLASSE CARAVELAS E CANDIOTA.. 78 ANEXO I -SITUAÇÃO ATUAL SOBRE A MOBILIZAÇÃO DE NAVIOS PETROLEIROS............................................................................ 80 ANEXO J - EVOLUÇÃO DA FROTA MERCANTE BRASILEIRA................... 87 ANEXO K - NAVIOS MERCANTES MOBILIZADOS NA GUERRA DAS MALVINAS................................................................................... 88 ANEXO L - AÇÕES DO SINAMOB NA BUSCA DE ELABORAR O PLANO DE MOBILIZAÇÃO NACIONAL.................................................... 89 9 1 INTRODUÇÃO A vitória sorri àqueles que antecipam o caráter da guerra, e não aos que esperam para se adaptar depois que ela ocorra. GIULIO DOHUET A História tem mostrado que, por ocasião dos conflitos armados, as Marinhas dos países beligerantes lançaram mão das suas Marinhas Mercantes para realizarem o apoio às forças navais. Observa-se, também, que a mobilização era uma ação que antecedia a declaração de guerra e se desenvolvia de forma lenta. Recentemente, as declarações de guerra caíram em desuso, passando as ações militares a se desenvolverem rapidamente, exigindo planejamento e preparo, ainda em tempo de paz. Para acompanhar a evolução e a rapidez com que são declaradas as guerras, o Poder Naval1 deverá se preparar adequadamente, de forma a garantir sua presteza. O Poder Naval é composto por meios complexos, que demandam altos custos de obtenção e de manutenção, se tornando bastante dispendioso dotá-lo de todos os meios necessários ao cumprimento de sua destinação constitucional. Tal fato, impõe que recorra ao Poder Marítimo2, para suprir suas necessidades, especificamente, quanto ao emprego de navios existentes na Marinha Mercante (MM). Os navios mercantes, por ocasião de suas construções, não foram concebidos com requisitos para operarem como navios de guerra. Contudo, para o caso de uma mobilização, verifica-se que se faça um planejamento minucioso do levantamento desses requisitos, de modo a minimizar custos e tempo, com o intuito de colocar os navios mercantes em estado operacional para a guerra. Esse planejamento deverá ocorrer, em tempo de paz, para que sejam determinadas as carências dos tipos de navios de guerra; os tipos de navios mercantes com potencialidade de prestar esse apoio; as adaptações que deverão 1 É o componente militar do Poder Marítimo, capaz de atuar no mar e nas águas interiores, visando a contribuir para a conquista e a manutenção dos objetivos identificados na PND (BRASIL. 2004 (a). p. 1-2). 2 É a capacidade resultante da integração dos recursos de que dispõe a Nação para utilização do mar e das águas interiores, quer como instrumento de ação política e militar, quer como fator de desenvolvimento econômico e social. Os elementos que constituem o Poder Marítimo são os componentes das expressões do Poder Nacional relacionados com a capacidade de utilização do mar e das águas interiores: Poder Naval; Marinha Mercante, as facilidades, os serviços e as organizações relacionadas com o transporte marítimo e fluvial; a infra-estrutura hidroviária; a indústria naval; a indústria bélica de interesse do aprestamento naval; a indústria de pesca; as organizações de pesquisa e desenvolvimento tecnológico de interesse para uso do mar, das águas interiores e de seus recursos; as organizações e os meios de exploração ou de explotação dos recursos do mar, de seu leito e de seu subsolo; e o pessoal que desempenha atividades relacionadas com o mar ou com as águas interiores e os estabelecimentos destinados à sua formação e ao seu treinamento (BRASIL, 2004a, p. 1-1). 10 ser feitas nos navios mercantes; e a capacitação do pessoal da Marinha Mercante com preparo adequado para guarnecer os navios mobilizados. Como o planejamento da mobilização envolve vários setores do Poder Nacional3, para que ocorra de forma ordenada, é mister que se tenha uma estrutura para coordenar e controlar as ações entre todos os componentes. Tal fato permitirá uma interação benéfica entre os setores envolvidos, de forma a aproveitar com eficiência suas potencialidades em proveito da prontificação dos meios, em menor tempo possível e de forma sinérgica. No Brasil, essa estrutura foi organizada de forma sistemática e montada para funcionar como o Sistema Nacional de Mobilização (SINAMOB), que tem como finalidade planejar, preparar e conduzir a mobilização nacional. Na área militar, caberá ao Ministério da Defesa, por meio do Sistema de Mobilização Militar (SISMOMIL)4, coordenar e interagir com as Forças Singulares5, para alcançar níveis de eficiência e eficácia no estabelecimento da mobilização militar. Em virtude da relevância que a mobilização nacional representa para o Estado, será apresentada inicialmente sua importância e a organização do SINAMOB, dando ênfase à mobilização militar, por meio da qual será permitida a requisição de navios mercantes pela Marinha do Brasil (MB). Posteriormente, será abordada a potencialidade de apoio da MM, às operações militares, apresentando sua situação atual no cenário brasileiro. Com a finalidade de enfatizar a importância de se ter uma MM adequada, tanto em quantidade como em diversidade de tipos de navios, de modo a atender às necessidades nacionais, serão elencados alguns exemplos de navios mercantes, que foram utilizados em apoio às suas Marinhas, como também, os tipos de navios mercantes que se devem ter para possibilitar tal apoio. E, por último, será apresentado como vem ocorrendo a preparação do pessoal da MM, visando seu emprego em conflitos armados. 3 É a capacidade que tem o conjunto dos homens e dos meios que constituem a Nação, atuando em conformidade com a vontade Nacional, para alcançar e manter os Objetivos Nacionais. São cinco as Expressões do Poder Nacional: política, econômica, militar, científica e tecnológica e psicossocial. (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2013, p. 36). 4 É a parcela do Poder Nacional, na sua Expressão Militar, integrante do SINAMOB, composto pelo Ministério da Defesa (MD) e pelas Forças Armadas. (BRASIL, 2010, p. 4-1). 5 As forças singulares brasileiras são: a Marinha, o Exército e a Força Aérea. 11 Os objetivos, desta monografia são: identificar a potencialidade de apoio da MM do Brasil, com a frota atualmente disponível, e quais são os requisitos que os navios mercantes devem dispor, de modo a capacitá-los ao emprego em operações militares. Daí resulta o seguinte problema: qual é a atual situação da frota mercante brasileira, para com as devidas adaptações, fazer frente às Operações Navais? 12 2 A MOBILIZAÇÃO NACIONAL O maior problema da mobilização nacional consiste em manter constantemente alertas os órgãos responsáveis pela sua preparação e a consciência da coletividade nacional para a inexeqüibilidade e as conseqüências funestas de qualquer improvisação em matéria de tamanha importância, complexidade e envergadura. GEN AURÉLIO DE LIRA TAVARES Neste Capítulo, será apresentada a importância da Mobilização Nacional para a defesa dos interesses e dos Objetivos Nacionais, focando exclusivamente no Poder Marítimo, mais precisamente na MM. Por oportuno, será descrita a organização do SINAMOB, uma vez que a Mobilização Nacional está intrinsecamente relacionada às Expressões do Poder Nacional. Como as atividades do preparo da MM se desenvolvem em coordenação e sob o controle da MB, que está diretamente relacionada à Expressão Militar do Poder Nacional, será verificado como o SISMOMIL coordena suas atividades entre as três Forças Singulares. Na ocasião, será abordado com maior ênfase o Sistema de Mobilização Marítima (SIMOMAR), uma vez que está relacionado com uma das tarefas subsidiárias da MB. O presente Capítulo terá como base as publicações oficiais que tratam da mobilização do Ministério da Defesa e do Estado-Maior da Armada, uma vez que serão apresentados conceitos, finalidades e propósitos, que permitirão dar uma visão detalhada da importância e como está estruturada a mobilização no nível nacional, especificamente em sua expressão militar. 2.1 A IMPORTÂNCIA DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL No passado, a decretação do estado de guerra obedecia um ritual de medidas políticas e diplomáticas, permitindo que fossem tomadas providências, de modo a se preparar para o conflito armado. Em seguida, era determinada a mobilização e, finalmente, culminava com a concentração estratégica. Ao iniciar a Segunda Guerra Mundial, ainda prevalecia a idéia de se estabelecerem linhas de obstáculos e as empregarem como forças retardadoras para ganhar o tempo necessário para a mobilização. Entretanto, a rapidez das primeiras operações mostrou que só esse recurso não era mais suficiente. 13 Atualmente, a passagem das ações políticas para o conflito armado ocorre com tal rapidez, que não permite mais que o “ritual” da diplomacia tome suas providências e, com isso, ganhe tempo para os Estados se prepararem para o conflito armado. Diante desta situação, a mobilização não pôde mais utilizar os mesmos prazos que constituíram, no passado, a condicionante essencial e a técnica de mobilizar, a que se subordinava seu preparo. Tais prazos passaram a ser muito curtos e, às vezes, instantâneos, fazendo com que determinadas medidas sejam tomadas antes e independente do ato de decretação da mobilização. Isto impõe à referida mobilização um caráter de atividade necessária, permanente, metódica e progressiva. Esta nova concepção levou o Estado a tomar medidas para implantar a Mobilização Nacional, uma vez que às Expressões do Poder Nacional estão envolvidas. No caso brasileiro, a importância da Mobilização Nacional está estampada na Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, atribuindo ao Estado a prerrogativa de legislar sobre o assunto. Art. 22, inciso nº XXVIII, afirma que compete à União legislar sobre “A Defesa Territorial, Defesa Aeroespacial, Defesa Marítima, Defesa Civil e Mobilização Nacional”. E, também, em seu Art. 84, inciso nº XIX, afirma que uma das atribuições do Presidente da República é “Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições decretar, total ou parcialmente, a Mobilização Nacional”. Esta importância também é observada na publicação Política Nacional de Defesa6 (PND), a qual define que para alcançar os Objetivos Nacionais de Defesa 7 devem ser observadas as diretrizes estratégicas. Sendo que, a 21ª Diretriz determina desenvolver o potencial de mobilização militar e nacional para assegurar a capacidade dissuasória e operacional das Forças Armadas (BRASIL, 2013). 6 É o documento condicionante de mais alto nível do planejamento de ações destinadas à defesa nacional coordenadas pelo Ministério da Defesa. Voltadas essencialmente para ameaças externas, estabelece objetivos e orientações para o preparo e o emprego dos setores militar e civil em todas as esferas do Poder Nacional, em prol da Defesa Nacional. (POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA, 2013). 7 Os Objetivos Nacionais de Defesa são: garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade territorial; defender os interesses nacionais e das pessoas, os bens e os recursos brasileiros no exterior; contribuir para a preservação da coesão e da unidade nacionais; contribuir para a estabilidade regional; contribuição para a manutenção da paz e da segurança internacionais; intensificar a projeção do Brasil no concerto das nações e sua maior inserção em processos decisórios internacionais; manter Forças Armadas modernas, integradas, adestradas e balanceadas, e com crescente profissionalização, operando de forma conjunta e adequadamente desdobradas no território nacional; conscientizar a sociedade brasileira da importância dos assuntos de defesa do País; desenvolver a indústria nacional de defesa, orientada para a obtenção da autonomia em tecnologias indispensáveis; estruturar as Forças Armadas em torno de capacidades, dotando-as de pessoal e material compatíveis com os planejamentos estratégicos e operacionais; e desenvolver o potencial de logística de defesa e de mobilização nacional (POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA, 2013). 14 Tais atos não têm, simplesmente, a intenção de mostrar a importância da mobilização, mas impõem, aos setores envolvidos, a obrigação de estudá-la e organizá-la, contribuindo com o País na defesa eficaz dos Objetivos Nacionais, por ocasião de sua eventual execução. 2.2 ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA MOBILIZAÇÃO DE NAVIOS MERCANTES No caso específico da mobilização de navios mercantes, é preciso definir que navios poderão ser requisitados para executar tarefas militares e quais permanecerão mantendo o fluxo marítimo indispensável à economia. Mesmo estes deverão estar aptos a efetuarem procedimentos específicos; a receber sistemas de comunicações adequados e pessoal capacitado requerido no conflito armado. Em tais navios, pequenas adaptações serão suficientes, não exigindo grandes dificuldades para a sua implementação. Acerca dos navios mercantes requisitados para dar apoio ao Poder Naval, a situação se torna mais complexa, uma vez que poderão exigir adaptações que demandam tempo para ser implementadas. Isso requererá planejamento prévio e cuidadoso. Os aspectos citados acima demonstram a necessidade de se fazer uma análise detalhada dos componentes do Poder Marítimo, de modo a se ter uma medida atualizada da capacidade das indústrias de construção naval; de equipamentos para navios e de reparos navais; das características dos navios mercantes existentes; e das possibilidades e condições legais de influir nos projetos de construção de novos navios. Tal análise, visa à elaboração de planos detalhados que permitam a implementação, cada vez mais rápida, das modificações necessárias à utilização dos vários tipos de navios mercantes em atividades de guerra. Como exemplo da importância que a mobilização representa para um Estado, vamos recorrer ao mais recente conflito armado ocorrido no Atlântico Sul, a guerra Falklands/Malvinas. Na ocasião, os britânicos deram uma impressionante demonstração de eficácia na mobilização de 45 navios mercantes (ANEXO K). A seguir, rapidamente, foram submetidos às indispensáveis obras de adaptação, sendo incorporados, em tempo oportuno, aos diversos grupamentos operativos. Salvo melhor juízo, o fato em si mostra que, numa democracia de livre empresa, em caso de conflito armado, também é possível usar corretamente os meios civis, mediante a adoção dos dispositivos legais e de 15 planejamento e preparo prévios, cuidadosos e apropriados. A tradição marítima dos britânicos, aliada à experiência adquirida em vários conflitos armados, facilitou a já consolidada cooperação entre militares e civis em operações de guerra no mar. Dentre vários exemplos, podemos destacar o fato de que as guarnições dos navios continuaram a ser de civis voluntários, durante todo o período de permanência na área de risco, que compreendia da ilha de Ascensão às Falklands/Malvinas. Os militares da Marinha, até então disponíveis, foram empregados apenas para completar as guarnições, de acordo com as necessidades específicas de cada navio. Sem esta cooperação, entre civis e militares, teria sido inviável a projeção do poder britânico a quase oito mil milhas de distância da Grã-Bretanha. 2.3 A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE MOBILIZAÇÃO NACIONAL Viu-se, anteriormente, o quanto é importante o planejamento para a mobilização nacional. Mas o quê se verifica, no caso brasileiro, é uma divergência entre essa importância e as medidas, efetivamente, empreendidas na busca da normatização e legalização das suas atividades. Essa situação é claramente evidenciada quando, ao buscarmos as origens da sua legalização, observa-se que, no passado, medidas muito tímidas foram tomadas para a sua implementação. Dentre elas, pode-se citar a elaboração da Doutrina Básica de Mobilização, aprovada em setembro de 1987, por meio da Exposição de Motivos nº 006, da então Secretaria-Geral do Conselho de Segurança Nacional; a elaboração do Manual de Mobilização Nacional, aprovado pelo Presidente da República, também, em 1987; e a Política Governamental de Mobilização Nacional e Diretrizes Governamentais de Mobilização Nacional, aprovada em maio de 1989, por meio da Exposição de Motivos nº 026, da Secretaria de Assessoramento da Defesa Nacional. Apesar de aprovados tais documentos, não foram transformados em Lei ou Decreto ou Medida Provisória, para auferirem força jurídica. Por outro lado, também, não foram revogados, levando o Ministério da Defesa (MD) a tomá-los como base para dar andamento às atividades de planejamento e normatização da Mobilização Nacional. Com a criação do MD, em 1999, entre várias outras tarefas, foi-lhe atribuída a de estabelecer Diretrizes Gerais para implantar o SINAMOB. Além disso, por ser um órgão governamental, afiançou-lhe de maior capacidade para articular com outros segmentos políticos do Estado, levando à retomada das negociações para 16 legalizar a Mobilização Nacional. A promulgação da Lei de Mobilização Nacional (Lei nº 11.631, de 27 de dezembro de 2007), permitiu ao MD evoluir na formulação do arcabouço legal que orienta as ações do Sistema Subsetorial de Mobilização Militar, sendo a Doutrina de Mobilização Militar o documento básico para o desenvolvimento, em todos os níveis, dos planejamentos de preparo e execução da Mobilização Militar. O MD para desencadear suas ações buscou a conceituação de Mobilização Nacional na Doutrina Básica de Mobilização Nacional: Conjunto de atividades empreendidas pelo Estado, ou por ele orientadas, desde a situação de normalidade, complementando a Logística Nacional, com o propósito de capacitar o Poder Nacional a realizar ações estratégicas, no campo da Segurança Nacional, para fazer face a uma situação de emergência, decorrente da iminência de concretização ou efetivação de uma Hipótese de Guerra. (BRASIL, 1987, p. 10). Por complementar as necessidades da logística militar 8, a mobilização requer maior capacidade do Poder Nacional, quando da transferência dos seus meios para serem empregados na Defesa Nacional. Para que essa capacidade seja efetiva, os órgãos representantes das Expressões do Poder Nacional devem se preocupar com o desenvolvimento de suas atividades durante o período de paz, para prover os meios com eficácia durante os períodos de crise. Nota-se, então, que as atividades da mobilização não ocorrem, somente, entre o tempo de paz até momentos antes de se deflagrar o conflito armado; continua ainda durante todo o tempo em que o conflito armado perdurar. Por ocorrerem em estados conjunturais distintos, apresentam características bem definidas, o que levou a subdividi-la em fase do preparo e fase da execução. O preparo está inserido no período de normalidade na vida do Estado e exige um planejamento adequado para assegurar sua eficácia, por ocasião de sua execução, que só ocorrerá após a decretação da mobilização, já em momento de crise aguda ou mesmo de conflito armado. Esta fase tem três finalidades: planejar todas as atividades relacionadas à sua execução; tomar medidas que incentivem e fortaleçam o Poder Nacional e facilitem a transformação do Potencial em Poder; e exercitar essas atividades, testando-as e corrigindo possíveis falhas (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2013, p. 114). 8 Conjunto de atividades relativas à previsão e à provisão dos recursos e dos serviços necessários à execução das missões das Forças Armadas (BRASIL, 2012, p. 38). 17 A grande influência que esta fase exerce no desenvolvimento do Estado, ao buscar atingir suas finalidades, promove, ordenadamente, a criação de recursos indispensáveis para o seu fortalecimento, potencializando o Poder Nacional, para prover as necessidades da mobilização. Para que o Estado e a mobilização se desenvolvam harmoniosamente, é imprescindível que esta seja planejada de acordo com o ritmo do desenvolvimento nacional, uma vez que o Estado, normalmente, não dispõe de todos os recursos para atendê-la. Portanto, a fase do preparo, ao mesmo tempo em que busca no poder do Estado seus recursos, para enfrentar uma crise política, faz com que o mesmo se desenvolva em tempo de paz, para possibilitar o movimento dos recursos que a mobilização requer para defender os Objetivos Nacionais. Ao ser decretado um conflito armado, conseqüentemente, a mobilização sai da sua fase de preparo, passando para a fase da execução, de modo que os recursos que foram desenvolvidos durante aquela fase, passem a compor o poder militar para que o Estado se fortaleça em termos de Defesa Nacional. Nesta fase, o Estado sofrerá as conseqüências do modo como se preparou para a mobilização, durante o tempo de paz, levando-o a ter maior ou menor desgaste para atender as necessidades de sua defesa. Esse desgaste é proporcional à capacidade de mobilização9 que o Estado desenvolveu. 2.4 A ATUAÇÃO DAS EXPRESSÕES DO PODER NACIONAL NA PREPARAÇÃO DA MOBILIZAÇÃO Ao buscar aperfeiçoar sua capacidade de mobilização o Estado poderá se valer de ações correntes ou emergenciais. As ações correntes, por serem continuamente realizadas, permitem programação orçamentária regular, mais ordenada e mais liberada de conjecturas. As ações emergenciais têm características de uma eventualidade e, portanto, menor previsibilidade. Levando-as a ter um caráter compulsório e acelerado na obtenção de recursos, o que requer, pela própria natureza emergencial, a transferência rápida de recursos dos vários campos do Poder Nacional e um esforço na transformação do potencial em poder. Além disto, tais ações deverão estar respaldadas por legislação adequada e efetivada por 9 É o grau de aptidão que tem uma Nação de, em tempo oportuno, passar de uma situação de paz para uma de guerra, com o máximo de eficácia e um mínimo de transtornos para a vida social. (BRASIL, 2010, p. 2-3). 18 atitudes de governo com responsabilidades e objetivos bem consolidados e com base em uma doutrina segura e atualizada. Essas medidas implicarão no comprometimento das diversas Expressões do Poder Nacional, levando-as a se prepararem de forma sistemática e permanente. O campo político atua, enfaticamente, na mobilização por meio das atividades do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, empreendendo medidas de ordem jurídico-institucional, em tempo de paz, com a finalidade de orientar e atribuir responsabilidades as demais Expressões do Poder Nacional. Em situação de conflito armado, buscará apoio da comunidade internacional e determinará uma nova redistribuição de sua capacidade econômica, denominada de “economia de guerra”, para satisfazer as prerrogativas do poder militar. Dentre as diversas atividades no campo político, cabe: Ao Poder Executivo - A condução, coordenação e fiscalização do processo administrativo e a atuação em nível internacional (BRASIL, 2010, p. 2-7); Ao Poder Legislativo - A adequação da legislação e a elaboração de novos instrumentos legais, a adoção de providências orçamentárias para a emergência e a criação de instrumentos que dêem respaldo aos atos do Executivo (BRASIL, 2010, p. 2-7). Ao Poder Judiciário - A dinamização do processo de aplicação das leis, dos princípios e das normas jurídicas, requeridos pela conjuntura (BRASIL, 2010, p. 2-7); e Aos partidos políticos - A adoção de medidas em apoio ao esforço nacional de Mobilização (BRASIL, 2010, p. 2-7). A Mobilização tem profundas repercussões nos campos econômico e da ciência e tecnologia. A primeira, por ser a fonte de provimento dos recursos a serem disponibilizados para atender a uma situação de conflito armado. A segunda, por capacitar o Estado com o desenvolvimento de novos meios. Esses dois campos interagem para prover os meios requeridos pela mobilização e, portanto, deverão ser orientados, em tempo de paz, pelo Estado. O campo psicossocial é o responsável por motivar a sociedade a criar uma mentalidade de apoio às atividades de mobilização. E por último, o campo militar buscará na mobilização o recompletamento das necessidades que ultrapassar a sua capacidade logística. Sendo as Forças Armadas as grandes utilizadoras dos meios disponibilizados pelo Poder Nacional. 19 2.5 A ESTRUTURAÇÃO DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL Feitas as considerações de caráter conceitual, verifica-se que o estudo das atividades da Mobilização Nacional conduz à incontestável necessidade de se edificar uma estrutura organizacional e funcional, com a finalidade de orientar e coordenar tais atividades. Essa estrutura cujo organograma é apresentado no ANEXO A, é conhecida como Sistema Nacional de Mobilização (SINAMOB), que é conceituado como: “conjunto de órgãos que, atuando de modo ordenado e integrado, objetiva planejar e realizar todas as fases da Mobilização e da Desmobilização Nacional” (BRASIL, 1987, p. 19). Para que a fase do preparo se inicie é necessário que o órgão central do SINAMOB, que é o MD, elabore a Política de Mobilização Nacional, expressando os objetivos da mobilização e estabelecendo as Diretrizes Governamentais de Mobilização (BRASIL, 1987, p. 22). Estas etapas vêm sendo executadas a partir de 16 de maio de 1989, com a Exposição de Motivos nº 26, que trata da formulação da Política e Diretrizes Governamentais de Mobilização Nacional. Somente, em 2003 foi criado o Projeto de Lei nº 2.272, que se transformou na Lei Ordinária nº 11.631, em 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre a Mobilização Nacional e cria o SINAMOB, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República. Em 2 de outubro de 2008, por meio do Decreto nº 6.592, que regulamenta o disposto na Lei nº 11.631, definiu os órgãos que integram o SINAMOB, que são: o Órgão Central, os Órgãos de Direção Setorial e o Comitê. O passo seguinte foi à elaboração, pelo MD, da Política de Mobilização Nacional, como também, o estabelecimento das Diretrizes Governamentais de Mobilização, as quais foram aprovadas pelo Decreto nº 7.294, de 06 de setembro de 2010, proporcionando que os órgãos e as entidades da administração pública federal possam realizar seus planejamentos, de modo que, concorram para o fortalecimento do SINAMOB. 2.5.1 Ações realizadas pelo SINAMOB visando à elaboração do Plano de Mobilização Nacional O Parágrafo único do Art 5º da Política de Mobilização Nacional determina que o MD, como órgão central do SINAMOB, consolide os planos setoriais 20 elaborados pelos órgãos componentes desse sistema em um Plano Nacional de Mobilização. Para que ocorra efetivamente a concretização desse plano, os órgãos e as entidades da administração pública federal deveriam considerar em seus planejamentos as ações que concorram para o fortalecimento do SINAMOB. Como os órgãos e as entidades da administração pública federal, que fazem parte dos subsistemas que compõe o SINAMOB, estão iniciando seus trabalhos no tocante a Mobilização Nacional, decidiu-se que o passo seguinte seria montar o Plano Setorial de Mobilização Militar, uma vez que na expressão militar do poder nacional, já há uma maior familiarização com o tema logística e mobilização. E, após a montagem da minuta desse plano, seria apresentada ao SINAMOB, que ao ser aprovado, servirá de modelo para os demais subsistemas montarem seus planos setoriais, de modo que, o MD possa montar o Plano Nacional de Mobilização (ANEXO L, p. 92). Nesse sentido, nos dois últimos anos, 2012 e 2013, saiu de uma fase essencialmente teórica e partiu para a prática, levando a adaptação da doutrina ao primeiro exercício de mobilização nacional, tendo como objetivo precípuo despertar em cada subsistema uma mentalidade de mobilização que permita associar investimentos em áreas econômicas, sociais e científica-tecnológica, articulando os planejamentos de mobilização com as atividades essenciais do Estado brasileiro, de modo a garantir a soberania e o desenvolvimento nacionais (ANEXO L, p. 93). O coroamento dessa preparação doutrinária ocorrerá com os órgãos dos subsistemas do SINAMOB, uma vez que participarão, efetivamente, do 1º exercício de mobilização nacional, a Operação de Adestramento Conjunto SUL, denominada Operação LANÇADOR 2013 (ANEXO L, p. 94). A participação dos subsistemas do SINAMOB permitirá debater os problemas militares simulados que serão apresentados, de modo que despertem nesses subsistemas e em suas respectivas áreas de competência, o levantamento de soluções voltadas para a sustentação da capacidade das Forças Armadas para o enfrentamento dos problemas militares levantados, contribuindo dessa forma que os subsistemas possam apresentar seus planos setoriais, para que o MD possa elaborar o Plano Nacional de Mobilização (ANEXO L, p. 94). 2.6 A ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE MOBILIZAÇÃO MILITAR A mobilização militar inicia-se com a expedição da Diretriz Ministerial de 21 Mobilização das Forças Armadas, pelo MD, com a finalidade de orientar o planejamento de cada Força, ativando, assim o SISMOMIL. Cada Estado-Maior das Forças Singulares elaboram e expedem suas, respectivas, Diretrizes de Mobilização e Planos de Mobilização com a finalidade de orientar seus escalões subordinados, atribuindo aos seus setores operativos a responsabilidade de levantar suas necessidades. As Unidades do setor operativo levantam suas necessidades, encaminhando-as ao Estado-Maior de sua Força, que consolida as Listas de Necessidades, por função logística e por classe de suprimento, levanta as Disponibilidades em suas áreas de atuação e informa, por meio do Plano de Mobilização, ao Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) as Listas de Necessidades, as Disponibilidades e as Listas de Carências, que as consolida e elabora o Plano de Mobilização Militar e informa as necessidades a Chefia de Logística (CHELOG) do MD. A coordenação e o controle dessas atividades são executados, no setor da Marinha, pelo Sistema de Mobilização Marítimo (SIMOMAR) que tem como propósito: facilitar a transição da Estrutura Naval de Paz para a de Guerra; possibilitar a estimativa dos custos para o preparo da Mobilização na MB; antecipar o estabelecimento de prioridades para o atendimento às necessidades 10 decorrentes das HE ; e estabelecer a estrutura, diretrizes e atribuições aos componentes do SIMOMAR (BRASIL, 2010, p. 5-2). No SIMOMAR, o órgão responsável pelas atividades a serem desenvolvidas pelo Poder Marítimo, especificamente, na Marinha Mercante, é a Diretoria de Portos e Costas (DPC), que orienta e controla seu preparo, para que possa prover os navios requeridos para apoiar as operações militares. Em decorrência desse fato, a MM deverá ser suficientemente forte para poder suprir essas necessidades, sem interferir com a demanda de navios utilizados no transporte comercial e, conseqüentemente, não paralisar o Estado. Pelo exposto, conclui-se que a Mobilização Nacional, na atualidade, é fator fundamental de integração e de desenvolvimento das Expressões do Poder Nacional, tornando-se vital para que o Estado alcance os Objetivos Nacionais. Para atender a essa finalidade, no entanto, terá que se preparar em tempo de paz, de modo a ter menor desgaste em prover os meios necessários em momento de 10 Hipóteses de Emprego (HE) - É a antevisão de possível emprego das Forças Armadas em determinada situação ou área de interesse estratégico para a Defesa Nacional. É formulada considerando-se o alto grau de indeterminação e imprevisibilidade de ameaças ao País (BRASIL, 2010, p. 2-2). 22 crise, o que exigirá coordenação entre todas as Expressões do Poder Nacional. Essa coordenação deverá ser feita por meio de um sistema que tenha uma estrutura para garantir seu funcionamento, como o SINAMOB. Dentro desse macro sistema, existem vários sistemas para tratar de assuntos específicos de determinada área, como é o caso do SIMOMAR, que coordena e controla as atividades do Poder Marítimo, no qual está inserida a MM, que com seus navios poderá prover o apoio às operações militares. 23 3 POTENCIALIDADE DE A POIO DA MARINHA MERCANTE A fragilidade dos meios de resistência de um povo acorda nos vizinhos mais benévolos veleidades inopinadas; converte contra ele os desinteressados em ambiciosos, os fracos em fortes, os mansos em agressivos. RUI BARBOSA Pôde-se verificar no Capítulo anterior a importância da mobilização na defesa dos Objetivos Nacionais, e quais os mecanismos utilizados para fortalecê-la. Como a finalidade deste trabalho é apresentar qual a capacidade da MM de apoiar as operações militares, o enfoque da mobilização passa a ser o Poder Marítimo. Alfred Mahan, em sua obra “Influence of Sea Power upon History”, procedendo a um exame dos elementos do Poder Marítimo, estabeleceu seis fatores básicos que contribuem para um maior ou menor grau de capacidade do Estado projetar-se como potência marítima: posição geográfica, conformação física, extensão territorial, grandeza da população, mentalidade do povo e caráter de governo (MAHAN, 1946, p. 40). Esses fatores condicionam e fundamentam as relações entre o Estado e o mar, e os elementos do Poder Marítimo, resultantes desse relacionamento, são a MM, a indústria de construção e reparos navais, os portos e terminais, a indústria de pesca, a Marinha de Guerra na forma do Poder Naval, com toda sua infra-estrutura de apoio, e, por último, mas não menos importante, o homem. Nesse contexto, o Poder Marítimo é o instrumento adequado de que dispõe o Estado para usar o mar em busca do progresso, do desenvolvimento e da Defesa Nacional. Tornando-o fator de projeção do Poder Nacional, resultante dos recursos de que dispõe o Estado para a utilização do mar, visando a conquista e a manutenção dos Objetivos Nacionais. A MM, como componente do Poder Marítimo, assume um papel de imprescindível importância no mundo de hoje, quer como instrumento de influência política, quer como instrumento do transporte marítimo. Para atingir essas finalidades requer um crescimento harmonioso dos seus meios e de sua infra-estrutura de apoio, que irão contribuir de forma imperativa para a consolidação do Poder Marítimo. 24 3.1 A IMPORTÂNCIA DE SE TER UMA MARINHA MERCANTE FORTE Várias são as razões de se ter uma MM e uma construção naval nacionais; podemos citar algumas: econômicas, sociais e estratégicas. As razões econômicas estão relacionadas com o transporte do comércio internacional brasileiro, essencial para o desenvolvimento do país, que em quase sua totalidade é transportado por via marítima, representou em 2011, a tonelagem exportada por via marítima 96% do total, enquanto que a importada alcançou 89%, maior índice em cinco anos (AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS, 2011). O Brasil por não possuir uma MM nacional, com capacidade de realizar esse transporte, pagará às marinhas de outros países para fazê-lo. Atualmente, o País transporta apenas 4% (AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, 2011) de sua produção, por via marítima, sendo que poderia ter exclusividade no frete para navios de bandeira brasileira de pelo menos 40% a 50% desse montante (CANELLAS, 2004). Em resumo, o frete está onerando a balança de pagamento11 brasileira e aumentando o chamado custo Brasil12, pois o País deixa de arrecadar anualmente cerca de vinte bilhões de dólares em frete marítimo, por não ter uma MM provida de quantidade suficiente de navios para realizar esse transporte (SOBREIRA, 2010). As razões sociais estão relacionadas à garantia de empregos, uma vez que a MM trará maiores oportunidades de emprego em muitos setores da vida nacional. A razão que mais está relacionada à finalidade deste trabalho, e, portanto, a que tem maior importância neste contexto, é a estratégica, por estar, diretamente, ligada à soberania e à defesa dos interesses nacionais, a vigilância e a mobilização. Pois, não se tendo uma MM forte, o Estado passará a depender do transporte marítimo de outros Estados, que tenham essa capacidade e, conseqüentemente, ficará exposto às suas vontades. Caso esses Estados se neguem a realizar o transporte, por motivos políticos, econômicos ou internacionais, o Brasil estará cerceado, estrategicamente, de sua 11 É um instrumento da contabilidade social referente à descrição das relações comerciais de um país com o resto do mundo. Ela regista o total de dinheiro que entra e sai de um país, na forma de importações e exportações de produtos, serviços, capital financeiro, bem como transferências comerciais. Disponível em <http://www.thinkfn.com/wikibolsa/Balança_de_pagamentos>. Acesso em: 23 jul. 2013. 12 São custos vigentes na economia brasileira decorrentes de deficiências em diversos fatores relevantes para a competitividade, que são menos expressivos quando se analisa o ambiente de negócios em outras economias. O Custo Brasil independe de estratégias das empresas, pois se deve a deficiências em fatores sistêmicos, as quais somente podem ser dirimidas com políticas de Estado. Disponível em: <www.fiesp.com.br/arquivo-download>. Acesso em: 23 jul. 2013. 25 vontade, afetando sua soberania e seus interesses nacionais. Acrescentando a importância do transporte comercial, a presença da bandeira brasileira nos mares e portos do mundo influencia positivamente a diplomacia nacional na defesa dos interesses do Estado. Como, também, contribuirá para a garantia da vigilância de toda a Zona Econômica Exclusiva (ZEE) 13 de interesse do Estado, implicando num mar de 4 milhões e 500 mil quilômetros quadrados, que, certamente, não é possível ser vigiado somente pela MB. Além dos motivos apresentados, a importância estratégica fundamental de se ter uma MM nacional forte, bem desenvolvida e atualizada, é a de prestar apoio ao Poder Naval em situação de conflito armado, disponibilizando seus navios para o transporte militar. Ao não dispor de tais embarcações, o Estado poderá ficar privado em fazer valer seus interesses e sua vontade. Tais motivos também valem para a construção naval, principalmente se houver a necessidade de intensificar sobremaneira a construção naval militar. Neste caso, não é possível pensar que apenas os estaleiros militares possam atuar. É imperativo que os estaleiros civis também sejam capazes de construir os navios requeridos. Essa capacidade, o Brasil já possui há muito tempo, valendo realçar que a construção naval é a mais antiga tradição industrial do Brasil. Os registros das primeiras embarcações construídas no país datam de 1531 (DI RENNA, 2004). Entretanto, somente, após a chegada de D. João VI, ao Brasil, em 1808, é que foi consolidada a vocação marítima brasileira. 3.2 O FORTALECIMENTO DA MARINHA MERCANTE BRASILEIRA Com a finalidade de ordenar o desenvolvimento da MM do país, foi criada em 1941, a Comissão de Marinha Mercante (CMM), que tinha como objetivo disciplinar e regulamentar o tráfego aquaviário e decidir sobre a autorização da aquisição de meios para a MM (DI RENNA, 2004). Para implementar maior desenvolvimento da construção naval, várias medidas foram tomadas, como a de 1956, que por meio de um Programa de Metas, instituído 13 Compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Na ZEE o Estado tem direitos de soberania para fins de exploração das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos. Disponível em <www.planalto.gov.br.ccivil_03/leis/l8617.htm>. Acesso em: 23 jul. 2013. 26 pelo Governo Federal, estimulou-se a entrada de capital e de tecnologia de estaleiros estrangeiros, que incentivou a formação de estaleiros nacionais, com um ambicioso projeto de construção de 560 mil tonelagem por porte bruto (TPB)14, em um período de três anos (DI RENNA 2004). Em 1969, sucedendo à CMM, foi criada a Superintendência Nacional de MM (SUNAMAM), que incrementou o processo de financiamento para construção de navios, acentuando a expansão da construção naval, em ritmo acelerado (GOULARTI FILHO, 2010). Ao longo do tempo, essa vocação marítima permitiu que a MM brasileira se firmasse como um setor dinâmico da economia nacional, levando, o Brasil, a ocupar o segundo lugar no ranking mundial da construção naval, nas décadas de 1970 e início dos anos 1980 (GOULARTI FILHO, 2010). Nesse período, o Brasil exportava embarcações para a Inglaterra, França, Alemanha, Grécia e Estados Unidos. As encomendas chegaram ao recorde de 3.272.380 TPB, feitas por armadores nacionais e estrangeiros, assegurando a presença da bandeira brasileira em 40% do comércio exterior (GOULARTI FILHO, 2010). A frota da MM brasileira, também, foi crescendo nesse período, sendo que em 1970 a TPB era de 1,5 milhões; em 1980 passou para 6,5 TPB; e em 1986 para 8,3 TPB. Destarte, a frota mercante brasileira chegou em 1986 a ter 169 navios (FADDA, 1999), projetando a Marinha Mercante brasileira entre as três maiores marinhas mercantes do mundo. Essa evolução foi possível por ter sido adotada uma política interna que fomentou o setor marítimo, desempenhando forte proteção à bandeira nacional, por meio de medidas protecionistas como reserva de carga, controle das empresas de navegação e subsídios à construção naval. 3.3 A DECADÊNCIA DA MARINHA MERCANTE BRASILEIRA Em meados da década de 1980, começou o retrocesso do poder marítimo brasileiro, mais precisamente a partir de 1984, quando, por forte pressão do setor de comércio exterior, deu-se início a um processo de desregulamentação da MM brasileira, 14 É a unidade de base que expressa o peso da carga que o navio esta autorizado a transportar; indica o peso total da carga. Disponível em <www.linguee.com/portuguese-english/.../tonelagem+porte+bruto.htm>. Acesso em: 23 jul. 2013. 27 que se intensificou, ainda mais, na década de 1990 com os governos neoliberais15. Nesse processo, a SUNAMAM que atuava como organismo de fomento, passou a ter restrições com as várias mudanças de regras na política empregada, acumulando toda sorte de descontroles e falhas administrativas. Tal fato ocasionou o encerramento de suas atividades, em 1989, que, então, passaram a ser exercidas pela Secretaria de Transportes Aquaviários (STA), do Ministério dos Transportes (DI RENNA, 2006). Com a extinção da SUNAMAM, além do fomento deixar de existir, várias foram as mudanças ocorridas no período de governo dos presidentes Collor e Itamar, de modo que os assuntos relacionados ao Poder Marítimo, especialmente sobre a MM, foram relegados a segundo plano (DI RENNA, 2006). Em conseqüência de tais reveses, esse sistema entrou em decadência, por exercer pressão demasiada sobre os fretes, e não atuar, especificamente, sobre a desoneração de custos da indústria de transporte marítimo. De modo que, retiradas às medidas protecionistas, os custos da construção naval e da MM ficavam muito elevados em relação aos padrões internacionais, levando ao desmantelamento desse modelo. Para piorar, houve ainda uma redução geral de frete em escala mundial, decorrente da diminuição nos preços de construção de novas embarcações, como os porta-contêineres de maior porte (superior a 3.000 TEU16) e dos navios-tanques ou graneleiros, em virtude dos avanços tecnológicos introduzidos pelos estaleiros asiáticos, do aumento da oferta de capacidade da frota mundial e da concorrência de outsiders17 e tramps18 nas rotas brasileiras (FADDA, 1999). Em decorrência, a desregulamentação veio acompanhada da diminuição da 15 Neoliberalismo é uma redefinição do liberalismo clássico, influenciado pelas teorias econômicas neoclássicas, e é entendido como um produto do liberalismo econômico clássico. O neoliberalismo pode ser uma corrente de pensamento e uma ideologia, ou seja uma forma de ver e julgar o mundo social ou um movimento intelectual organizado, que realiza reuniões, conferências e congressos. Na política, neoliberalismo é um conjunto de idéias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia, onde deve haver total liberdade de comércio, para garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país.O neoliberalismo defende a pouca intervenção do governo no mercado de trabalho, a política de privatização de empresas estatais, a livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização, a abertura da economia para a entrada de multinacionais, a adoção de medidas contra o protecionismo econômico, a diminuição dos impostos e tributos excessivos e etc. Disponível em: <http://www.significados.com.br/neoliberalismo>. Acesso em: 24 jul. 2013. 16 Tamanho padrão de container intermodal de 20 pés. Disponível em: <http://www.tecnologistica.com.br/dicionario>. Acesso em: 24 jul. 2013. 17 Este navio opera dentro de uma rota escolhida pelo seu armador, quem também seleciona os portos onde prefere atracar. Disponível em: <http://observatorioaduaneiro.wordpress.com/tag/outsider>. Acesso em: 25 jul. 2013. 18 Navio que pelas suas características de construção, só está apto a transportar um único tipo de produto como carne, gás, corrosivos, cereais, minérios ou petróleo. Neste caso, a embarcação navega entre dois pontos: entre o pais produtor da “coisa” que transporta e o pais comprador. Disponível em <http://observatorioaduaneiro.wordpress.com/tag/outsider>. Acesso em: 25 jul. 2013. 28 frota de navios próprios do país; da redução da participação da bandeira brasileira nos tráfegos internacionais; da decadência da indústria de construção naval; da falência de várias empresas do setor; e do crescimento acelerado do déficit externo no item “fretes” (ANEXO J, FIG. 1). Todo esse processo culminou em 1996 com a falência e extinção do Lloyd Brasileiro19, com a estagnação dos estaleiros brasileiros e com o desemprego de mão-de-obra altamente especializada e de difícil recolocação, quando foi entregue o último navio de grande porte fabricado no país, encomendado em 1987, o navio Livramento. A falta de subsídios e incentivos aliada ao desaparelhamento e baixa competitividade da indústria nacional foram fatores decisivos para a queda no volume das encomendas aos estaleiros nacionais (SANTOS, 2011). Em contrapartida, no mercado mundial, a produção de navios disparou, em particular nos estaleiros asiáticos, que, no início dos anos 2000, chegaram a responder por 70% da produção mundial de navios (SANTOS, 2011). A Coréia do Sul tornou-se a maior fabricante internacional de grandes embarcações, seguida por Japão e China. Os três países concentram 89% da produção mundial, em um mercado que fabrica por ano mais de 1.100 navios, e suas instalações encontram-se ocupadas pelos próximos quatro anos. Para alcançar este patamar, os grandes construtores navais investiram tanto e continuadamente em tecnologia que hoje estão entrando na quinta geração tecnológica, apresentando quatro características principais: montagem em dique seco; capacidade de movimentação de grandes peças (de 300 a mil toneladas); processo automatizado de corte do aço (com laser ou plasma); e utilização intensiva de recursos de informática. Os estaleiros funcionam com linhas de montagem integradas, que garantem prazos de construção entre oito e doze meses (SANTOS, 2011). Enquanto isso, a indústria brasileira de grandes navios estagnou na segunda geração tecnológica, tendo como uma das conseqüências prazos de construção bem mais longos, entre 24 e 30 meses. A definição da geração tecnológica na qual está inserida a indústria naval é sabida desde a forma como o aço é cortado, as técnicas de soldagem de painéis, o tipo e eficiência da gestão de estaleiro, até o controle de informação do projeto e dos processos de produção. 19 Empresa estatal brasileira cujo nome era Companhia de navegação lloyd brasileiro, responsável por grande parte do transporte do comércio internacional. Foi extinta em 1997. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lloyd_Brasileiro>. Acesso em: 25 jul. 2013. 29 Todo esse quadro desfavorável desarticulou as empresas brasileiras de navegação, levando a indústria naval brasileira a sucumbir frente aos armadores estrangeiros, possuidores de frotas mais competitivas. Em decorrência houve a redução da frota de longo curso da Marinha Mercante brasileira de 169 navios em 1986, para 51 em 1995, e para 42 em 1998 (ANEXO J, FIG. 1 e 2). 3.4 O SOERGUIMENTO DA MARINHA MERCANTE A indústria naval começou a dar os primeiros passos para se reerguer, a partir de dezembro de 2000, quando foi elaborada uma proposta de retomada de estímulos à Marinha Mercante e à construção naval, por meio do Programa Navega Brasil, em que estava prevista a compra de três novos navios para a Petrobras, que foram distribuídos para três estaleiros cariocas. Porém, essa tentativa foi quase vã de reerguer o setor, pois a capacidade ociosa era elevadíssima e não havia regras especificando o grau de nacionalização das embarcações, deixando de fora a indústria de peças para navios, que envolvia o complexo eletro-metal-mecânico. Além disso, a Petrobras foi autorizada a fazer novas encomendas de plataformas no exterior, desperdiçando uma grande oportunidade de alavancar a indústria de offshore20 brasileira (GOULARTI FILHO, 2011). Efetivamente, a retomada da construção naval e o apoio à Marinha Mercante nacional ocorreram, somente, a partir de 2003, quando a Petrobras cancelou seus editais de compra de plataformas no exterior e passou a encomendá-las no território nacional, impulsionando o setor com grandes encomendas de unidades offshore, sendo, ainda, o principal cliente da construção naval. Com as conquistas da indústria do petróleo e as perspectivas geradas pelas encomendas da TRANSPETRO, a indústria naval passou a contar novamente com o cenário ideal para voltar a crescer para o mundo. Em 1999, os contratos com a PETROBRAS para construção de 55 navios de apoio marítimo e a modernização de cerca de vinte embarcações, como também, em 2002, foram encomendadas cinco plataformas semisubmersíveis offshore, o que certamente contribuiu para a retomada da indústria naval, tanto em termos de faturamento, quanto em relação à capacitação competitiva (SANTOS, 2011). Outro fato que incentivou, ainda mais, esse setor foi a aprovação, pelo 20 Plataforma de petróleo empregada em alto-mar. Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/exploracaopetroleo-mar9.htm>. Acesso em: 25 jul. 2013. 30 Senado, em dezembro de 2006, do projeto de resolução 49/06, que autorizou a TRANSPETRO a financiar o Programa de Modernização e Expansão de sua frota de navios (PROMEF). Com isto, o setor naval brasileiro teve uma grande impulsão, pois mobilizou estaleiros nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina, escolhidos para construir tais navios. Esse programa representou uma mudança de paradigma no país, pois há 20 anos as empresas de grandes navios não realizavam pedidos na indústria naval brasilleira. Ao contrário do que ocorria no momento da “paralisia”, foram encomendados 26 navios, de um total de 44 previstos, em sua primeira fase. A partir dessas encomendas, foi possível aos estaleiros brasileiros investirem em modernização tecnológica, uma vez que os navios construídos no Brasil deveriam ter, em média, 65% de nacionalização em seus insumos, sendo que naquela época a nacionalização era de apenas 17%, tornando, assim, a indústria naval competitiva no cenário mundial (SANTOS, 2011). Na opinião do professor e coordenador do Programa de Engenharia Oceânica da COPPE21, Segen Estefen, os principais pontos de estrangulamento da indústria naval encontravam-se na defasagem tecnológica, nas dificuldades de financiamento, na falta de continuidade das encomendas e problemas na cadeia de suprimentos, ou seja, alguns equipamentos, controles eletrônicos e radares, por exemplo, estavam além da capacidade atual do parque industrial brasileiro. Mesmo com todos estes problemas a indústria naval, a partir de 1999, vem se recuperando. Tal fato proporcionou um tímido crescimento da MM, que passou a contar com 98 navios em sua frota, no ano de 2003 (FIGURA 1). Figura 1 - Frota Mercante em 2003 21 Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: <www.coppe.ufrj.br>. Acesso em: 27 jul. 2013. 31 Segundo dados da AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS, esse crescimento continuou a ocorrer nos anos seguintes, chegando a ter na frota de Cabotagem e Longo Curso 139 navios em 2009, passando para 152 navios em 2010. Já em 2011 passou a ser de 156 navios (FIGURA 2). Figura 2 - Evolução da frota mercante brasileira 3.5 NAVIOS MERCANTES EM APOIO ÀS OPERAÇÕES MILITARES Como mencionado, desde a antiguidade que países envolvidos em conflitos armados, ao lançar mão de seu Poder Naval, o fazem com apoio de navios mercantes. O emprego desses navios varia de acordo com a política de guerra estabelecida pelos Estados. Pode ocorrer de diversas maneiras; como apoio logístico ou até navios armados, desempenhando tarefas específicas. Durante a Primeira Guerra Mundial, por exemplo, os alemães utilizaram navios mercantes armados como cruzadores-auxiliares que, operando como corsários, foram capazes de infringir pesadas perdas ao tráfego marítimo aliado. Entretanto, quando interceptados por navios de guerra, eram facilmente destruídos. Já na Segunda Guerra Mundial, os britânicos armaram vários transatlânticos, para patrulhar os oceanos contra os corsários alemães. Nos dias de hoje, a variada gama de tipos de navios empregados em operações comerciais, com alto grau de sofisticação do seu aparelhamento, permite serem usados em apoio às forças navais em operações militares. Verifica-se nos conflitos armados mais recentes que, principalmente, países mais desenvolvidos continuam a utilizar navios mercantes em operações militares, como podese constatar em seguida. 32 3.5.1 Emprego de navios mercantes norte-americanos Os Estados Unidos da América, ao se mobilizar para a operação Iraqi Freedom se baseou no conceito de Força Marítima Pré-posicionada (MPF22), concebido na década de 1980 para o Exército norte-americano e para o seu Corpo de Fuzileiros Navais. Como parte da MPF há um grupo de navios pré-posicionados 23 (MPSPRON ), constituído por navios particulares, tripulados por civis, fretados pelo Comando de Transporte Marítimo Militar (MSC24) e por navios ativados da reserva pronta, carregados com equipamentos e com suprimentos para 30 dias, necessários a uma MAGTF25 valor Brigada Anfíbia26 (MEB27). Mesmo os Estados Unidos da América, onde existem meios aéreos em abundância para apoiar suas operações, lançam mão do transporte marítimo para realizar seu apoio, por ser menos oneroso. Um navio roll-on/roll-off, por exemplo, pode transportar a carga de 200 aeronaves do tipo C-5 Galaxy28. Isto leva os Estados Unidos da América a manter, desde a Segunda Guerra Mundial, o MSC, onde, já naquela época, 95% do apoio logístico às forças militares em operação foi realizado por meio do mar, com o emprego de 2.700 navios da classe Liberty, 414 da classe Victory, 615 petroleiros e 417 cargueiros (LOUREIRO, 2004). Em 2002, 37 navios preposicionados do MSC encontravam-se estrategicamente localizados no Mar Mediterrâneo, no Oceano Índico e perto de 22 Maritime Prepositioning Force - Força Marítima Pré-posicionada – é umaorganização por tarefas que tem por propósito inserir em uma área segura um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais. A MPF é composta por umElelmento de Comando, um grupo de navios pré-posicionados, um elemento de apoio naval e por Brigada Anfíbia. Disponível em: REVISTA DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS - O Anfíbio, 2004, n. 23. 23 Maritime Prepositioning Force Squadron - Força de Esquadrões Marítimos Pré-posicionados – é integrado por navios particulares, tripulados por civis, fretados pelo Comando de Transporte Marítimo Militar e por navios ativados da reserva pronta, carregados com equipamentos e com suprimentos para 30 dias. Disponível em: REVISTA DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS - O Anfíbio, 2004, n. 23. 24 Military Sealift Command - Comando de transporte marítimo militar - é o Comando responsável pela Força de navios preposicionados. Disponível em: REVISTA DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS - O Anfíbio, 2004, n. 23. 25 Marine Air-Ground Task Force - Força-Tarefa "Combinada" de Fuzileiros Navais - é um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais. Disponível em: REVISTA DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS - O Anfíbio, 2004, n. 23. 26 Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, para emprego em Operações Anfíbias, constituído de um Componente de Comando, um Componente de Combate Terrestre da ordem de dois a cinco GDB, um componente de Apoio de Serviços ao Combate e um Componente de Combate Aéreo. (BRASIL, 1981). 27 Marine Expedicionary Brigade - Brigada Expedicionária de Fuzileiros Navais - é uma Brigada Anfíbia. Disponível em: REVISTA DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS - O Anfíbio, 2004, n. 23. 28 Aeronave de transporte de carga; com capacidade de transportar até 122 ton de carga, com alcance de 6.000 Km a uma velocidade de 910 km/h. Disponível em: <http://www.areamilitar.net>. Acesso em: 28 jul. 2013. 33 Guam e Saipan, na parte ocidental do Oceano Pacífico. Esses navios transportam suprimentos e equipamentos para as forças de combate, combustível para a Agência Logística de Defesa (DLA) e munições. Também, encontra-se embarcado uma brigada pesada do Exército com dois batalhões de infantaria blindada e dois batalhões mecanizados, equipamentos para abertura de portos e outros materiais de apoio (RANDALL JUNIOR, 2002.). 3.5.2 Emprego de navios mercantes britânicos Já no caso da Grã-Bretanha, por ocasião do conflito Falklands/Malvinas, cerca de 22 navios da Royal Fleet Auxiliary Service (RFAS) constituíram o núcleo do apoio logístico móvel da sua Força Tarefa29 (FT), que interveio no conflito armado. Compreendia petroleiros de esquadra, navios de suprimentos, de apoio material, de apoio de helicópteros e de desembarque de apoio logístico. Entretanto, só estes navios não seriam suficientes para tornar possível a operação da FT, devido às grandes distâncias de suas bases e por longos períodos. Por isso, foi necessário mobilizar cerca de cinqüenta navios mercantes (ANEXO K). Navios-Tanques transportaram combustíveis e água para navios, aeronaves e tropas terrestres; navios de passageiros transportaram tropas, sendo que um deles foi adaptado como navio hospital; cargueiros transportaram aeronaves, equipamentos pesados, viaturas e suprimentos de toda a natureza; ferries transportaram tropas, viaturas e materiais diversos; navios oceanográficos foram usados como navios-ambulância; e navios de apoio Offshore e rebocadores, como navios varredores e de salvamento. Os mercantes mobilizados transportaram para as Falklands/Malvinas, cerca de, 9.000 homens, 100.000 toneladas de carga, 300 viaturas, 25 aeronaves (VIDIGAL, 1984, p. 94). Os exemplos deste recente conflito armado se constituem nas mais atuais fontes de importantes ensinamentos e nos possibilitam maiores avaliações e reflexões sobre as adaptações que possibilitaram o uso, seguro e eficiente, dos navios mercantes em diversas operações de guerra. Assim, é oportuno apresentar maiores detalhes sobre alguns dos meios utilizados: (VIDIGAL, 1984, p. 89). Os navios de passageiros SS Camber e HMS Queen Elizabeth 2, além de 29 Força organizada por Tarefas, com comando próprio, constituída de unidades navais e aéreas embarcadas, para o cumprimento de missão específica. (BRASIL, 1981, p. 62). 34 sofrer adaptações para transportar tropa, receberam plataformas pré-fabricados para helicópteros e equipamentos para reabastecimento no mar; O navio de passageiros SS Uganda foi convertido em navio hospital e recebeu uma plataforma para helicópteros; Os navios RO-RO de carga geral/porta-contentores SS Uganda, SS Atlantic Causeway, Atlantic Conveyor, MV Contender Bezant e o MV Elk, distintamente, receberam plataformas pré-fabricadas para helicópteros, convés de vôo adaptado sobre o convés principal e hangar; Os navios RO-RO Ferry MV Norland e TEV Rangatira receberam plataformas pré-fabricadas para helicópteros; O navio RO-RO Carrier foi adaptado para navio de apoio aos navios varredores; e Os Rebocadores de alto mar MVs Cordella e Junela foram adaptados como navios varredores. Além da rapidez com que os meios foram adaptados, outro fator, que chamou a atenção na mobilização britânica, se refere às guarnições desses navios, que são formadas por civis; inclusive, guarnecendo navios de assalto anfíbio30, como foi constatado por ocasião do desembarque logístico dos navios da classe Sir Galahard. A rapidez com que esse Estado passou da situação de paz para a de conflito armado mostrou toda sua eficiência quanto ao recrutamento do pessoal e dos navios, como também na condução de suas adaptações. Levando-nos à certeza de que, se bem planejada, coordenada e preparada, a mobilização, atende de forma adequada às necessidades do Estado, para uma situação de emergência, inclusive nas democracias de livre empresa. 3.5.3 Emprego de navios mercantes argentinos Do lado argentino, por ocasião da guerra Falklands/Malvinas, também pode-se registrar, mesmo que timidamente, um relativo esforço de mobilização do Poder Marítimo. Na ocasião, o navio quebra-gelo Almirante Irizar e o navio de suprimentos Bahia Paraizo foram convertidos em navios-hospitais (ANEXO K). Mas o exemplo mais significativo é o 30 Ataque lançado do mar por uma Força Tarefa-Anfíbia, caracterizando pelos esforços integrados de Forças treinadas, organizadas e equipadas para diferentes atividades de combate, a fim de, mediante um desembarque estabelecer firmemente uma Força de Desembarque em terra. Tal desembarque é executado por meios de superfície e/ou aéreos e apoiados por meios navais e/ou aéreos. (BRASIL, 1981, p. 14). 35 do barco pesqueiro Narwal, que foi adaptado com equipamentos eletrônicos com a finalidade de sombrear31 a Força Tarefa britânica (MUÑOZ, 2004, p. 55). Esses exemplos citados neste Capítulo, mostram que a capacidade marítima de um Estado lhe confere flexibilidade e rapidez na prontificação dos meios recrutados pelo Poder Naval, para sair de uma situação de paz para uma situação de conflito armado. E que a mobilização age de forma mais intensa nos Estados mais desenvolvidos, mesmo não apresentando grandes carências de meios para o Poder Naval ora existente. 3.6 NAVIOS MERCANTES COM POTENCIALIDADE DE APOIO ÀS OPERAÇÕES MILITARES O uso de navios mercantes em apoio às operações militares é aceito há muito tempo, e ratificado em seu largo emprego nos conflitos armados de um passado recente. Entretanto, com o constante desenvolvimento tecnológico, novos tipos de navios foram mobiliando as MM de todo mundo. Isso deu uma maior capacidade marítima aos Estados, uma vez que tais navios, devido às suas características, permitem ser adaptados com um menor custo, de modo que possam completar as carências do Poder Naval. Segundo Raffo, (1998, p.5) dentre os vários tipos de navios mercantes, os que melhores se adaptam ao apoio às Forças Navais são: Navios Roll-on-Roll-off – foram amplamente utilizados pelos Estados Unidos, na Segunda Guerra Mundial; são especialmente apropriados para transportar viaturas militares, helicópteros e carga em geral. Podem operar aeronaves de decolagem vertical a partir de seu convés, o que lhe proporciona razoável capacidade de defesa, principalmente, quando navegando em comboio. Com o decorrer do tempo, o sucesso da utilização deste tipo de navio, para o transporte de variadas cargas, fez com que surgissem novas versões, como: 1. “RO-RO” - se destina ao transporte de cargas contentorizadas, carregadas por intermédio de empilhadeiras; 2. Trailler Ship – transporta principalmente contentores sobre reboques ou carretas, sendo que, neste caso, as cobertas são mais altas, cerca de 4 metros livres; 31 Obter informações continuadas sobre movimentos de forças inimigas a partir de sua localização. (BRASIL, 1981, p. 113). 36 3. Car Carrier – transporta essencialmente carros de passeio ou utilitários, possuem cobertas mais numerosas e de menor altura, cerca de 1.70 metros; e 4. Ferry Boat ou Car Ferry – se destina ao transporte de veículos, como carros e onibus. Navios porta-barcaças – são mais conhecidos como “LASH” (Lighter Aboard Ship) e constituem uma geração de navios mais recente. Surgiram na década de 1970 nos Estados Unidos da América. A semelhança com os Navios de Desembarque Doca (NDD), e por ter grande flexibilidade e grande capacidade de carga, fez com que fossem considerados adequados para uso militar, como navios de assalto. Os de maior tonelagem podem transportar até 350 carros de combate, com a vantagem de usar seu próprio sistema para colocar essa carga em terra. Navios porta-contentores – são navios transportadores de containers, velozes, de grande tonelagem, com rápida movimentação de carga. Essas características possibilitam-no a ser empregado no transporte de gêneros, munição e sobressalentes. Sua estrutura permite a instalação de convés de vôo para operar com helicópteros, proporcionando-lhe alta capacidade de defesa e defesa de comboios. Navios petroleiros – são navios de extrema importância ao apoio de toda frota empenhada no conflito, por sua capacidade de abastecimento. É importante, porém, que esses petroleiros tenham capacidade de transferência de combustíveis no mar, o que exigirá a rápida instalação dos equipamentos necessários, quando da sua mobilização. Na Guerra das Falklands/Malvinas foram incorporados, à força-tarefa 29, petroleiros para abastecer 27 navios de guerra de superfície da Marinha britânica. Navios de passageiros - são modernos, confortáveis e rápidos para transportar grandes quantidades de tropas. No conflito Falklands/Malvinas, a GrãBretanha requisitou dois navios de passageiros e um ferry para transporte de tropas, o que lhe propiciou colocar com rapidez, no Teatro de Operações Marítimo 32 (TOM), cinco mil homens totalmente equipados. Traineiras de pesca - a principal característica desses barcos é seu casco ser de madeira, o que permite seu emprego, em larga escala, nas operações militares, como navios varredores33 ou de Minagem34. 32 Espaço geográfico concernente a consecução da campanha naval a ser empreendida e cuja área de responsabilidade compreenderá toda a extensão oceânica, inclusive ilhas e trechos do litoral, necessária ao desenvolvimento das operações navais. (BRASIL, 1981, p. 118). 37 Além desses, vários outros tipos de navios mercantes mais simples, tais como rebocadores de alto-mar e de porto, batelões, diques flutuantes, navios de apoio à exploração de petróleo, ferries etc. servirão, muitas vezes sem nenhuma adaptação, para emprego militar. Ao relacionar os navios mercantes que podem ser adaptados mais facilmente, para operarem em apoio ao Poder Naval, verifica-se que tais embarcações podem substituir alguns tipos de navios de guerra, mesmo que seja de forma limitada. Entre eles, pode-se citar: navio-tanque, navio de apoio logístico, navio-transporte de tropas, navio-transporte de carga, navio de desembarque doca, navio de desembarque de carros de combate, navio porta helicópteros e/ou aviões de decolagem vertical, navio patrulha costeiro, navio hospital e navio varredor. Verifica-se, portanto, que a MB, ao ser responsável pela coordenação e controle das atividades da MM, deverá influenciar na construção dos tipos de navios que esta deverá dispor, visando a suprir as suas necessidades em caso de mobilização. 3.7 O PREPARO E A CONSCIENTIZAÇÃO DOS MARÍTIMOS DA MARINHA MERCANTE Um Estado que, ao se preparar para a mobilização, somente se preocupe com o setor do material, estará fadado ao fracasso, uma vez que este setor sem o pessoal habilitado ficará inservível. O que requer atenção, devido ao tempo necessário para habilitá-lo profissionalmente. Como o efetivo da MB atende somente às necessidades do Poder Naval, se faz necessário ter um contingente, representado pela reserva naval, com a finalidade de guarnecer os navios a serem mobilizados. O setor da MB responsável pela formação profissional e controle dos marítimos da MM, de acordo com a estrutura do SIMOMAR, é a DPC. O Decreto nº 4.780, de 15 de julho de 2003, aprova o Regulamento da Reserva da Marinha. Definindo como reservista naval os oficiais da MM oriundos dos Núcleos de Formação de Oficiais da Reserva da Marinha (NUFORM), subordinados ao Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA) e ao Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA). Quanto ao Corpo de Praças, situam-se como reservistas de segunda categoria, os marítimos e ex-marítimos que concluíram, com aproveitamento, os cursos em órgãos oficiais de formação de marítimos. 38 A DPC para realizar o controle dos marítimos utiliza o Sistema de Aquaviários (SISAQUA), onde são cadastrados os marítimos em atividades nos últimos cinco anos. Em caso de mobilização, procura requisitar os marítimos, por meio desse sistema, de modo a suprir a necessidade de pessoal habilitado para guarnecer os novos navios requisitados. Na tentativa de requisitar o marítimo mais preparado, é aplicada a escolha do pessoal mobilizável, ou seja, os que estão desembarcados, no máximo, a cinco anos. Este prazo foi estabelecido pela Organização Marítima Internacional (IMO)33. A formação dos marítimos sofreu uma mudança bastante acentuada, em virtude de vários fatores, dentre os quais as restrições orçamentárias e as novas adequações às regras da IMO, que estabelecem os padrões mínimos de formação desses profissionais. A forma de adoção deste último fator influenciou, negativamente, na formação dos marítimos, uma vez que reduziu o tempo de sua permanência, nos órgãos de formação. Além disso, criou cursos à distância, com uma complementação mínima efetiva, em centros de formação e, também, criou cursos com conteúdo programático básico nas Capitanias dos Portos. Ou seja, as novas tripulações foram formadas sem maiores preocupações com a formação naval, em decorrência dos óbices supracitados. Há que ser considerado, ainda, o aumento da atividade de offshore; a redução drástica, a partir de 1986, do número de navios na atividade de longo curso, com bandeira nacional; a quase extinção de empresas de navegação brasileiras; e a ausência de conflitos armados, envolvendo diretamente o Brasil. Tais fatos contribuíram, ainda mais, para que o preparo dos marítimos na atualidade seja bastante deficiente quanto à formação naval. Outra deficiência constatada pode ser encontrada na programação curricular das escolas de formação desses profissionais, por não prever instruções sobre a Política de Defesa Nacional, Mobilização Nacional e quais as tarefas a serem desempenhadas pelos marítimos em uma situação de conflito armado. Essas falhas se comportam como entraves na formação de uma mentalidade naval entre eles. 33 Agência especializada e vinculada a Organização das Nações Unidas, que tem como objetivo: padronizar, manter e controlar todas as regras de navegação, segurança (SOLAS), meio ambiente marinho (MARPOL), cooperação técnica e certificação de profissionais e embarcações, ou seja, ela é responsável pela padronização mundial da indústria marítima (que compreende navegação, construção naval, pesca e portos). Disponível em: <http://www.antaq.gov.br/Portal/pdf/palestras/ApresentacaoIMO.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2013. 39 Neste contexto, verifica-se que para estar capacitado a realizar uma mobilização eficaz dos navios da MM brasileira, além de se ter quantidades suficientes de cada tipo de navio, deve-se ter, também, pessoal qualificado e conscientizado das tarefas que poderão desempenhar, ao ter que operar, em conjunto, com a MB. No entanto, sem a conscientização e o preparo adequados, dificilmente a execução dessa mobilização será eficaz, ou no mínimo, haverá grande perda de tempo, para prepará-los e conscientizá-los. Ao se considerar que a formação de uma mentalidade de mobilização deverá ser um trabalho contínuo, de modo a se preparar para eventualidades e responder no menor tempo possível, é prudente que ações, atinentes à formação adequada dos marítimos, sejam planejadas e executadas imediatamente. Uma medida que poderá ser tomada para minimizar essa deficiência é a inserção no currículo dos cursos de formação dos marítimos, de palestras sobre mobilização nacional, Estratégia Nacional de Defesa, Política Nacional de Defesa, estrutura e regulamentações e outros assuntos correlatos com o Poder Naval. Essas palestras poderiam ser ministradas durante o período em que os marítimos estiverem realizando suas complementações curriculares, para suas graduações. Além da parte teórica ministradas nos cursos, podem ser previstos, anualmente, exercícios de unidades mercantes com a Esquadra. Para que haja uma integração coerente e harmônica, por ocasião da mobilização, é importante que, durante a fase do preparo, a troca de conhecimentos e experiências seja realizada entre marítimos e militares. Neste sentido, deve-se procurar estimular os marítimos a conhecerem as peculiaridades da vida militar e como operam os meios do Poder Naval. Quanto aos militares deve-se buscar que conheçam as especificidades dos marítimos e como executam suas tarefas na operação de navios mercantes. Para isso, é importante que haja adestramento em Simulador de Manobras, entre os tripulantes das duas Marinhas. Outros adestramentos, específicos, poderão ser realizados como a operação dos equipamentos que serão instalados nos navios mercantes pré-selecionados e os tipos de manobras que a MB realiza durante os engajamentos simulados. Além dessas interações, é recomendável que se tenha, no Departamento de Mobilização do Ministério da Defesa, um Capitão-de-Longo-Curso (CLC), ex-Comandante de navio mercante, para auxiliar nos assuntos específicos sobre a Marinha Mercante. Esse oficial prestará assessoramento adequado e oportuno, como, também, ser o responsável pela divulgação e conscientização dos marítimos, 40 ministrando palestras sobre Mobilização, Política Nacional de Defesa e a Estrutura da Mobilização (DI RENNA, 2004). A regulamentação da mobilização dos marítimos é exercida por normas e decretos, como as Normas para a Prestação do Serviço Militar, conforme consta na DGPM-308, em seus Capítulos 4 e 5; o Decreto n° 4.780, de 15 de julho de 2003, que aprova o Regulamento da Reserva da Marinha e dá outras providências; o Estatuto dos Militares em seu artigo 5º, item II, parágrafo 1º, designando a MM como reserva das Forças Armadas (FA), para efeito de mobilização e emprego; e, finalmente, as Convenções de Genebra garantem aos tripulantes dos navios mercantes, das partes envolvidas em conflito, os mesmos direitos de qualquer combatente. Isso mostra que, legalmente, os tripulantes da MM estão inseridos em um contexto bélico e sujeitos aos regulamentos militares. Portanto, verifica-se que a importância do preparo dos recursos humanos é um fator de preocupação para o Estado, mas torna-se imprescindível para o Poder Marítimo, uma vez que, ora mobilizados os tripulantes da MM atuarão em um cenário bem distinto daquele que convivem normalmente. Destarte, requer-se uma prévia habilitação para utilização adequada do material e uma conscientização específica para responder positivamente às especificidades de um combatente. 3.8 REQUISITOS DE SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO PARA NAVIOS MERCANTES Como comentado, atualmente, a passagem de uma situação de paz para uma situação de conflito armado ocorre quase que instantaneamente. Para fazer face a essa nova situação, os Estados passaram a tomar medidas que visavam a preparar as várias Expressões do Poder Nacional, para atender a essas novas exigências da mobilização, em caso de conflito armado. O Poder Marítimo, por fazer parte da Expressão do Poder Militar, deve tomar medidas para acelerar a prontificação dos seus meios, visando a contornar a exigüidade de tempo. Como os navios mercantes requerem adaptações para atender às exigências do Poder Naval, e por demandar tempo para executá-las, devido à complexidade dos serviços, é imprescindível que se tenha um planejamento prévio. Tal planejamento permitirá que os navios mercantes sejam pré-selecionados e as adaptações a serem introduzidas, com o material a ser utilizado, sejam 41 delineadas e as empresas fornecedoras desse material identificadas. Essas medidas, certamente, irão reduzir, em muito, o tempo de preparação, possibilitando a incorporação desses novos meios, com maior rapidez. Para isso, é imprescindível que sejam estabelecidos os requisitos mínimos, para cada tipo de navio a ser utilizado. 3.8.1 Requisitos para selecionar os tipos de navios mercantes com potencialidade de apoio às operações militares No momento em que o Estado pré-seleciona as embarcações que realizarão o apoio às operações militares, praticamente, ficará com dois grandes grupos de navios mercantes. Um grupo reunirá os navios necessários à manutenção do fluxo do transporte das mercadorias, em decorrência do seu comércio; e outro grupo reunirá os navios empregados em auxílio às tarefas militares. Os navios do primeiro grupo, em princípio, deverão receber equipamentos para manter suas comunicações, conforme exigido pela situação, e meios, se for o caso, para manter sua navegação segura. Já os navios do outro grupo, que têm características que lhes conferem potencialidade para ser empregados em tarefas especificamente militares, deverão ser selecionados conforme os pré-requisitos relacionados no ANEXO B. Como já destacado os navios com essas potencialidades são os RO-RO, os petroleiros, os ferries, os de passageiros, os cargueiros, dentre outros. 3.8.2 Tipos de adaptações que os navios mercantes podem receber As adaptações não devem visar apenas atender às necessidades de transporte de tropas, equipamentos, viaturas, armas e suprimentos. Podem ser vislumbradas, também, para reforçar a capacidade de defesa da FT, dotando os navios mercantes de meios que possibilitem realizar ações defensivas; ou seja, deve-se verificar a possibilidade de realizar adaptações que incluam instalações de sistema de armas. Basicamente, existem três maneiras pelas quais os navios mercantes podem ser armados: 1- Utilizando canhões convencionais. Tem sido a forma tradicional de implementar o poder de fogo, particularmente para a defesa anti-aérea. 2- Utilizando plataformas para permitir a operação de helicópteros ou aviões 42 V Stol34 que podem ser: (a) as já existentes nos navios; (b) as adaptadas, por meio da colocação de reforços em determinados conveses, de modo a suportarem as cargas adicionais, ou apenas “clareando” parte de conveses já existentes; e (c) as pré-fabricadas, adicionadas à estrutura do navio por meio de suportes especiais. 3 - Instalando, temporariamente, modernos sistemas de armas com mísseis ou sistemas de despistamento. A escolha da adaptação que vai ser adotada depende da análise criteriosa de um grande numero de variáveis, incluindo as ameaças; e não se pode dizer que uma, por si só, é melhor que a outra. A mais prática, e que envolve menor custos e tecnologia, é a adaptação de plataformas para helicópteros, devido as seguintes razões: (a) muitos navios mercantes já possuem plataformas ou poderiam recebê-las em curto espaço de tempo; (b) o helicóptero (ou o avião V Stol) já é um sistema de armas, requerendo poucos ou mesmo nenhum equipamento especializado para o mercante; (c) a presença de uma plataforma não altera o “status” legal do mercante. Ele pode entrar em portos estrangeiros sem correr os riscos de internamento ou quaisquer outras das ações previstas na legislação internacional. Antes de entrar no porto, o helicóptero armado (ou o avião V Stol) pode ser transferido para outro navio; (d) como os sistemas de armas são partes integrante do helicóptero, fica eliminada a necessidade do pessoal do mercante ser altamente adestrado em sofisticadas atividades de guerra. Embarcaria apenas um pequeno contingente, constituído pela tripulação da aeronave e de equipes navais destinadas ao apoio; e (e) os helicópteros podem operar em esquema rotacional, sendo apoiados por outros navios auxiliares da Marinha, ou mesmo por um outro navio mercante adaptado para essa função. 34 Vertical/Short Take-Off Landing - Aeronaves de asa fixa que tem capacidade de fazer decolagem e aterragem vertical ou em espaço reduzido. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/V/STOL.>. Acesso em: 28 jul. 2013. 43 3.8.3 Adaptações realizadas nos navios mercantes no último conflito armado no Atlântico Sul Para a confirmação de que as adaptações são exeqüíveis, aceitáveis e factíveis, mais uma vez, recorre-se ao conflito armado Falklands/Malvinas para mostrar o emprego correto de navios mercantes como apoio a uma FT. Entre as principais adaptações realizadas pelos britânicos, nessa guerra, pode-se citar (VIDIGAL, 1984, p. 92): a) a instalação de conveses de vôo, em pouco tempo, capazes de suportar operações aéreas sob quaisquer condições meteorológicas; b) o fornecimento e a instalação de equipamentos de reabastecimento no mar, em todos os navios mercantes; c) a transformação de traineiras de pesca em navios varredores, as quais varreram cerca de dez minas argentinas, “a deriva”; d) o fornecimento de equipamentos adicionais de comunicação, navegação e criptologia; e e) a instalação de sistemas de bordo para produção de água doce. As adaptações de navios mercantes têm despertado grande interesse, há muito tempo. Como exemplo, podem ser citados os simpósios realizados em Londres e Gotemburg, em 1983, que trataram das adaptações dos navios da classe Roll-on, Roll-off, como elemento de defesa (JEREMIAH, 1983). Deve-se atentar, também, para as limitações que essas adaptações podem acarretar aos navios mercantes, no momento de sua operacionalidade. No conflito armado das Falklands/Malvinas, por ocasião do desembarque na Baía de San Carlos, ficou evidenciada a dificuldade para descarregar os navios mercantes, pois as embarcações em que os suprimentos tinham que ser colocados não eram compatíveis com as rampas ou com os sistemas de descarga (VIDIGAL, 1984, p.95). Além das limitações causadas pelas adaptações, há que se atentar às limitações apresentadas pelos navios mercantes, decorrentes de suas próprias características de construção. Os navios porta-barcaças, por disporem de sofisticados sistemas de aparelhos de içar e deslocar, necessitam de intensa manutenção, pois, mesmo sendo utilizados comercialmente e em águas abrigadas, apresentam grandes índices de avarias. Portanto, certamente, ao serem utilizados militarmente, onde as 44 condições são mais severas, a probabilidade de ocorrência de avaria desses equipamentos será muito maior. Tal fato poderá causar sérios prejuízos às ações em curso, ou até mesmo comprometer as operações militares. Os navios “RO-RO” oferecem a facilidade de desembarcar viaturas nas proximidades das praias, utilizando suas próprias rampas. Podem, ainda, utilizar pontões, que além de exigirem uma prévia preparação, somente poderão ser utilizados se as condições de mar permitirem, podendo, também, comprometer as operações militares. A maior preocupação na utilização de navios mercantes em apoio às operações militares é a facilidade com que podem ser afundados, ao serem atacados, por não terem compartimentação estanque e tampouco estrutura adequada para suportar os impactos ora ocorridos. Há quem considere que, se o mercante for atingido por mísseis modernos, pouco restará a fazer. Como exemplo, cita-se o afundamento do SS “Atlantic Conveyor”, no conflito das Falklands/Malvinas (VIDIGAL, 1984, p.A-14). Mesmo apresentando vulnerabilidades, os navios mercantes poderão prestar significativo apoio às Forças Navais e certamente contribuirão para reduzir as carências de meios apresentadas pelo Poder Naval. Os requisitos para dotar os navios mercantes com possibilidades de apoiar as operações militares cada vez mais se tornam realidade e várias são as inovações apresentadas e divulgadas pelas indústrias correlatas. 3.8.4 Como o Poder Naval brasileiro vem se preparando para a mobilização No caso do Brasil, até 1997, o Regulamento do Tráfego Marítimo (RTM) 35 imputava aos armadores nacionais que, por ocasião da construção de navios, estariam sujeitos a implantação dos requisitos que possibilitassem ser empregados como navios auxiliares da Marinha. Os artigos 162 e 166, desse regulamento, amparavam legalmente tais medidas (BRASIL, 1997). 35 Decreto nº 87.648, de 24 de setembro de 1982, aprova o RTM, que estabelece princípios gerais para o Tráfego Marítimo, Fluvial e Lacustre e para a Segurança da Navegação nas águas sob jurisdição nacional. Este Decreto foi revogado pelo Decreto nº 2.596, de 18 de maio de 1998, que dispõe sobre a segurança do tráfego aqüaviário em águas sob jurisdição nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2596.htm. Acesso em: 28 jul. 2013. 45 O artigo 162 dispunha que: A licença para construção, alteração ou reparo da embarcação será concedida desde que o projeto satisfaça as condições estabelecidas em normas específicas da Diretoria de Portos e Costas (DPC) e, quando aplicável, aos Atos Internacionais ratificados pelo Brasil. Em seu parágrafo único estabelece que “Alteração ou reparo que acarretar mudanças de características das embarcações, após ter sido concedida a licença de construção, deverá ser previamente concedida pela DPC ou órgão de sua rede funcional”. E o artigo 166 dispunha que: A embarcação construída no país ou encomendada no estrangeiro, para pessoa física ou jurídica de nacionalidade brasileira, está sujeita ao atendimento de requisitos ou características que a tornem possível de operar como navio auxiliar da Marinha. Em seu parágrafo único estabelecia que “Os custos para o acréscimo desses requisitos ou características serão atendidos pelo Governo Federal”. A partir de dezembro de 1997, houve a substituição do RTM pela Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário (LESTA)36, que tem como propósito: Assegurar a salvaguarda da vida humana no mar, a segurança da navegação no mar aberto e nas hidrovias interiores, bem como a prevenção da poluição ambiental por parte de embarcações, plataformas e suas instalações de apoio. Constata-se que não há mais amparo legal, da obrigatoriedade de implantar os requisitos que permitam aos navios mercantes apoiar as operações militares, no momento da sua construção. Contudo, mesmo com o amparo da lei, no período anterior a 1997, essas adaptações não eram executadas, por ocasião da construção dos navios. Portanto, ao ter que mobilizá-los, haveria a necessidade de adaptá-los. Para que seja possível essa adaptação é necessário levantar os requisitos para cada classe de navio. O estabelecimento desses requisitos cabe ao setor relativo ao material em concordância com o setor operativo da MB, quais sejam: a Diretoria Geral do Material da Marinha (DGMM) e o Comando de Operações Navais (ComOpNav), que são os Órgãos de Direção Setorial, responsáveis por essas tarefas. As verificações e as inspeções das implantações dos requisitos são realizadas pela Diretoria de Engenharia Naval (DEN), que poderá contar com o assessoramento da DPC, se necessário. 36 Lei nº 9.537, de 11 de dezembro de 1997, que dispõe sobre a segurança do tráfego aqüaviário em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9537.htm>. Acesso em: 28 jul. 2013. 46 Os setores do material e operativo, juntamente com a DEN, com a finalidade de levantar os requisitos de adaptação de cada tipo de navio mercante, iniciaram os estudos, em agosto de 2003, por meio da realização de uma reunião, com engenheiros da TRANSPETRO, para transformar um navio petroleiro da TRANSPETRO, em petroleiro de esquadra para a MB. Nesse contato inicial, foram apresentadas as características necessárias que o petroleiro deve ter para atender à MB. A TRANSPETRO solicitou então os requisitos devidos, visando a capacitá-lo a realizar o abastecimento dos navios de guerra, em alto mar (ANEXO C). Em setembro de 2003, foi realizada uma visita ao Navio Transporte Almirante Gastão Motta, com a finalidade de apresentar aos representantes da TRANSPETRO as instalações desse navio. Na ocasião visava-se a mostrar os sistemas operacionais existentes, tanto na parte de equipamentos de transferência de combustível, como, também, discutir a possibilidade de adaptação de um sistema que seja similar ao existente no navio Almirante Gastão Motta (ANEXO D). Foi realizada, em outubro de 2003, outra reunião que, após apresentados os requisitos levantados por ambas as parte, considerou-se o navio Candiota (CL-39 PPSA) como o mais apropriado para atender às necessidades da MB (ANEXO E). Após a escolha do navio Candiota, foram apresentadas duas opções para adaptá-lo, de forma a habilitá-lo para a execução da faina de transferência de óleo combustível em alto mar (ANEXO F). Em janeiro de 2004, foi realizada uma visita de engenheiros da TRANSPETRO, no NAe São Paulo, para conhecer as estações de carregamento para operação de reabastecimento no mar. Constatou-se que alguns requisitos, que ainda não tinham sido levantados, por ocasião das reuniões anteriores, eram importantes, necessitando melhores esclarecimentos (ANEXO G). A partir da reunião de janeiro de 2004, não houve mais progresso desse processo. Os contatos que vinham sendo realizados pela MB, foram cessados por um longo período. Somente, em abril de 2006, a MB solicitou uma visita à TRANSPETRO com o objetivo de buscar informações a respeito de dados técnicos dos navios Classe Caravelas e Candiota. Nessa ocasião, também, foram levantados os custos finais do projeto que havia sido elaborado no ano de 2003 (ANEXO H). A partir de abril de 2006, novamente, os contatos cessaram, levando à estagnação do processo. 47 Mas, a partir de 2009, o EMA concluiu que, com a postergação da baixa do Navio Tanque Marajó e a decisão de se construir um Navio de Apoio Logístico (NApLog), não era mais interessante para a MB adquirir um petroleiro. Mas, sugeriu à DGMM e à DEN, com o concurso do ComOpNav, que realizasse estudo preliminar para se certificar que os navios de produtos claros (gasolina, nafta, óleo diesel, querosene de aviação e álcool) previstos no PROMEF atendessem às necessidades da MB para a mobilização. Com o intuito de dar início ao processo de adaptação do navio petroleiro, o EMA realizou os contatos políticos com a TRANSPETRO, em 2010. Nesse mesmo ano, foram realizadas visitas ao NT Alte Gastão Motta e ao NP Celso Furtado, e os dados coletados serviram para a elaboração de um memorial descritivo, que foi utilizado pela TRANSPETRO para licitar o estaleiro que construiria seus navios. No ano de 2012 outras reuniões e visitas foram realizadas, desta vez no NP Rômulo Almeida, com a finalidade de especificar os locais exatos no navio onde seriam instalados cada um dos equipamentos do sistema de abastecimento e a disposição das redes. Como resultado desses contatos, a DEN, recebeu orçamentos para os equipamentos da estação de Transferência de Óleo no Mar, porém estes foram considerados incompatíveis com o espaço disponível na popa do navio. Ainda em 2012, tramitou uma proposta de alteração à Lei 10.893/2004, que contemplava a possibilidade de financiamento dos projetos para a construção de navios, por empresas brasileiras em estaleiros nacionais, que atendessem aos requisitos técnicos para uma possível mobilização (ANEXO I). Quanto aos outros tipos de navios mercantes que tenham potencialidade de serem mobilizados, até a presente data, não foram selecionados pelo setor do material da MB. 48 4 CONCLUSÃO A rapidez com que tem ocorrido a passagem das ações políticas e diplomáticas para o conflito armado, tem levado os Estados a enfocarem a mobilização como um fator de força do Poder Nacional. Esta nova concepção estimulou a implantação de um sistema para integrar, orientar e coordenar as ações de cada campo do Poder Nacional, de modo a fomentar o desenvolvimento nacional. No Brasil, a tentativa de mostrar que a mobilização é um fator importante para o desenvolvimento e a defesa do país começou na década de 1980, quando se aprovou a Doutrina Básica de Mobilização e o Manual de Mobilização Nacional, em 1987. Essa importância foi mais realçada, ao ser inserido na Constituição Federal de 1988, em seu Art. 84, inciso nº XIX, que cabe ao Presidente da República decretar a Mobilização Nacional. O passo seguinte foi dado, em 1989, quando foi aprovada a Política e as Diretrizes Governamentais de Mobilização Nacional. Em 1996, foi elaborado o primeiro Plano de Defesa Nacional. Mesmo após ter sido incluído na Constituição Federal, os documentos aprovados até 1996, não foram transformados em lei, o que não auferiram força jurídica, a fim de determinar que os campos do Poder Nacional cumprissem com suas tarefas, visando a mobilização do Estado brasileiro. Após a criação do MD, em 1999, e com a atualização e reedição da Política de Defesa Nacional, em 2005, essa situação começou a se reverter, uma vez que nessa Política foi determinado ao MD a tarefa de estabelecer diretrizes gerais para implantar o SINAMOB. Em 2007, o MD cria o SINAMOB, com a finalidade de coordenar as ações e integrar os diversos setores a serem desenvolvidos do Poder Nacional, permitindo um crescimento homogêneo do Brasil. A partir desse momento, a Mobilização passa a ser tratada como lei, ganhando força jurídica, começa a ser vista como elemento propulsor do desenvolvimento nacional e a contar com um Órgão Central, que é o MD, para incrementar as ações necessárias, com o intuito de montar e expedir o Plano de Defesa Nacional. Para alcançar essa meta, no período de 2007 a 2012, o MD, procurou consolidar o arcabouço jurídico, com a aprovação de vários documentos em forma de lei. Mas, como os campos do Poder Nacional, exceto o campo militar, não lidam com esse tema no seu cotidiano, foi organizado um exercício em 2013, de modo que ao final, o campo militar possa apresentar o seu 49 plano de defesa, que depois de aprovado pelo SINAMOB, servirá de modelo para os demais campos do Poder Nacional. Mesmo o Estado brasileiro tomando consciência da importância da mobilização para a sua defesa e seu desenvolvimento, não foi dada a devida celeridade às tarefas que culminariam na aprovação do Plano de Defesa Nacional, o que contribuiria para fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico que o Estado deveria ter, para prover os meios necessários para a Mobilização Nacional. As Forças Armadas, como principal ator do Poder Nacional militar, desempenham importante papel nesse cenário, uma vez que, ao buscar os meios necessários para a Defesa Nacional, estimulam o desenvolvimento do Estado. Para coordenar as ações entre as Forças, foi criada uma estrutura denominada de SISMOMIL. Com a queda na construção de navios mercantes, como foi apresentado, em 1998 a MM chegou a ter 42 navios. Com um pequeno impulso, em 2011 tinha-se 156 navios. Atualmente, com a reduzida frota mercante, a MB se encontra em situação difícil para mobilizá-los, dificultando a complementação de suas deficiências de meios, o que poderá, decerto, comprometer a Defesa Nacional. Em contrapartida, verifica-se, na história, que os países mais desenvolvidos, além de preservarem suas MM, estimulam seu crescimento, permitindo realizar grande parte do transporte do seu comércio, o que traduz na economia de vultuosas divisas. No caso do Brasil, os gastos com o transporte comercial é da ordem de doze bilhões anuais, sendo que 95% desse transporte é realizado por mar. Mas o principal fator que motiva esses países em manterem suas MM fortes, é por lhes proporcionar grande capacidade de mobilização. Nos conflitos mais recentes, constata-se exatamente essa idéia, onde os Estados envolvidos lançaram mão de seus navios mercantes, que, mesmo requerendo adaptações, foram mobilizados e disponibilizados ao Poder Naval, em tempo oportuno. Nota-se, portanto, que esses Estados buscaram se preparar, adequadamente, durante o período de paz, de forma que, ao desencadear o conflito armado, ativaram seu planejamento de mobilização para atender aos seus interesses. As ações desencadeadas denotam que várias medidas foram tomadas na fase do preparo, possibilitando uma mobilização eficiente. Entre elas, cita-se: quais os 50 tipos de navios mercantes com potencialidade de apoiar as operações militares; qual a capacidade de apoio da MM; quais os requisitos necessários para adaptá-los; e qual o preparo e conscientização dos tripulantes da MM para serem empregados em apoio ao Poder Naval, de modo que atendam às especificidades do conflito no mar. Ao se buscar no âmbito da MB, atualmente, como está sendo conduzido o processo de mobilização de navios mercantes, verificam-se duas situações bastante indesejáveis. A primeira, por se deparar com uma MM, que oferece limitada capacidade de apoio, devido sua reduzida frota. A segunda, porque a MB, por meio do seu setor de material e operativo, não tem o levantamento dos tipos de navios que necessita para suprir suas deficiências tampouco os requisitos de adaptação, para cada classe de navio, e o material necessário para a execução dessas adaptações. A única ação desencadeada pela MB, no sentido de mobilizar navios mercantes, foi em 2003, que de maneira tímida, iniciou um estudo, juntamente com a TRANSPETRO, para levantar os requisitos de adaptação de um navio petroleiro para transformá-lo em petroleiro de esquadra, mas, por diversas vezes, foi interrompido, até que em 2009, a MB suspendeu definitivamente esse estudo devido a postergação da baixa do Navio Tanque Marajó e a possibilidade de construir um NApLog. Mas, em 2012, novamente esse estudo foi retomado e a MB junto com a TRANSPETRO levantaram os requisitos necessários para a adaptação do navio petroleiro, o que possibilitou a MB receber orçamentos desses equipamentos, por algumas empresas. Atualmente, as realizações dessas adaptações estão paradas. Outro fator que requer atenção da MB se refere ao preparo e a conscientização dos marítimos da MM. Deve-se prepará-los para enfrentar situações adversas de um conflito armado e, também, conscientizá-los de que estão inseridos no contexto militar em caso de mobilização. Portanto, o planejamento da mobilização de navios mercantes é fator determinante para o Estado, por implicar na previsão de adequado e exeqüível emprego do Poder Naval na Defesa dos Objetivos Nacionais. Conforme pôde-se verificar, os navios mercantes podem contribuir com o Poder Naval, complementando as suas carências de meios, não só na parte de transporte como, também, dentro de suas limitações, na defesa de comboios. Para isso, requer que os requisitos para as adaptações sejam pré-estabelecidos, de forma que ao serem mobilizados possam com rapidez sofrer as adaptações e suprir as necessidades do Poder Naval. 51 O Poder Naval brasileiro se encontra, atualmente, desprovido de planejamento que permita, de forma oportuna, prontificar os navios mercantes, para que possam suprir suas necessidades em uma eventual mobilização. Esta situação, com certeza, dificultará o Poder Naval no cumprimento de suas tarefas relacionadas à Defesa Nacional. O que é um problema. 52 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS. Panorama da navegação marítima e de apoio, 2011. Disponível em: <http//www.antaq.gov.br>. Acesso em: 25 jul. 2013. BARBOSA, Tiudorico Leite. O atual cenário da construção naval civil e militar no mundo, incluindo o subcenário brasileiro. Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro. v. 124, n. 123, p. 29, jan./mar. 2004. BALANÇA de pagamentos. [S.I.], 2013. 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Rio de Janeiro: Escola de Guerra Naval, 1984. 130 p. 56 ANEXO A - ESTRUTURA DO SINAMOB SCS/PR MP 57 ANEXO B - PRÉ-REQUISITOS PARA SELEÇÃO DE NAVIOS MERCANTES TIPO DE NAVIO Navio Tanque Navio de Apoio Logístico Navio-Transporte de Tropas ou Navio-Transporte de Cargas Navio de Desembarque-Doca ou Navio de Desembarque de Carros de Combate Navio-Patrulha Costeiro Navio-Hospital Navio Mercante ou Navio Varredor PRÉ-REQUISITO - capacidade de tancagem - facilidades para transferência de óleo - velocidade de cruzeiro - disponibilidade de espaço e energia para a instalação de máquinas -paióis ventilados e refrigerados - velocidade de cruzeiro -raio de ação - capacidade de transporte de pessoal, viaturas e de carga - tanque de combustível para viaturas - aparelhos de carga - velocidade de cruzeiro - raio de ação - capacidade de porões - tanque de combustível para viaturas e aeronaves - facilidade de descarga rápida - plataforma de helicópteros - velocidade de cruzeiro - raio de ação - velocidade - raio de ação - capacidade de transporte de pessoal - facilidades para enfermaria - raio de ação - plataforma de helicópteros - popa livre - aparelhos de carga FONTE: Revista Marítima Brasileira V.118 nº 7/9, jul/set 1998. p. 151 58 ANEXO C - REUNIÃO INCIAL ENTRE MARINHA E TRANSPETRO PARA ADAPTAR NAVIO PETROLEIRO .. ~ PETROBRAS TRANSPORTE S..A. TRANSPETRO TRANSFORMAÇÃO DE UM NAVIO DA FRONAPE EM PETROLEIRO DE ESQUADRA PARA A MARINHA DO BRASIL. 2003-08-07 - reunião com Eng João Luiz, às 08:20 h: CF Guerreiro (Ass. de Maq. 2 Engo. Naval) [email protected] Tel.: 3870 6525 2104-6525 CC EN Silveira Soares (Diretoria de Engenharia - DEN) [email protected] Tel.: 3870 6530 2104-6530 Histórico: O Almirante Janot (Diretor Geral de Material da Marinha) solicitou ao Diretor Manso que um navio da FRONAPE fosse disponibilizado para substituor o navio tanque Marajó (1970). O navio será empregado no mesmo serviço de abastecimento em alto mar. Navio-tanque Almte Gastão Motta - 10 a 11 anos Características necessárias: - Realizar o abastecimento de outros navios da esquadra navegando em alto mar. - Videal = 17 nós - Vreal = 14 nós (min) - Vazão mínima de abastecimento = 2 bombas com 300 m3/h cada - 2 segregações: MA C, com p = 0,84 e MF-40, com p = 0,975 - 2 eixos com 1 gerador de eixo em cada - mínimo de 10.000 t de óleo de carga Utilização: de 20 a 25 dias por ano Foi solicitado à Marinha o "Procedimento para Abastecimento de Navios de Guerra em Alto Mar". Agendar reunião com o CFGuerreiro (via João Luiz). 10.000 t de óleo @ 0,84 ~ 11.628 m3 10.000 t de óleo @ 0,975 ~ 10.256 m3 Os navios de menor capacidade são de 18.000 TPB, que são: Classe 35: Navios de produtos claros, sem serpentinas para aquecimento de carga, com TPB variando de 59 17.859 TPB a 18.078; Classe 38: Navios de produtos escuros, com serpentinas para aquecipmento de carga, com: CAMOCIM - 18.900 TPB; data de entrega: 08/01/1986 ~ 17,6 anos. CARAVELAS -18.922 TPB; data de entrega: 04/05/1986 ~ 17,3 anos. CARIOCA - 18.997 TPB. data de entrega: 01/07/1986 ~ 17,2 anos. Classe 39: Navios de produtos escuros, com serpentinas para aquecipmento de carga, com: CARANGOLA - 18.823 TPB; data de entrega: 13/12/1989 ~ 13,7 anos. CANTA AGALO - 18.835 TPB; data de entrega: 31/07 /1990 ~ 13,1 anos. CANDIOTA- 18.799 TPB. data de entrega: 19/12/1990 ~ 12,7 anos. O navio mais "recomendável" é o Candiota (Cl-39 - PPSA), com 12,6 anos, por ter o menor TPB. Características Gerais: Loa = 160,90 m Lpp = 155,00 m BM = 26,00 m DM = 11,90 m d = 8,40 m (18.799 TPB) Raio de ação = 7.000 milhas Velocidade de serviço = 13,7 nós Bombas de Carga = 3 x turbina a vapor, vertical centrífuga, 600 m3/h @ 120 m.c.a. Volumes dos Tanques de Carga: 1C 2.794 m3 2C 4.390 m3 3C 4.390 m3 4C 4.390 m3 5C 3.659 m3 Slops 1.438 m3 TOTAL: 21.061 m3 1 MCP = ISHIBRAS-SUlZER 5 RlB NCR = 5.690 BHP @ 144 rpm 1 caldeira AQ9 12.000 kg/h @ 14 kg/cm2 3 grupos diesel-geradores MEP-MAN 9l 20/27 x Gerador Toshiba 632 kW/450 V 1 grupo diesel-gerador CUMMINS NT 855GT x Gerador Negrini 200 kW/450 V 2003-08-18 Enviado correio à Janete para reenviá-lo ao Almte Guerreiro, via chave da GETEC, com cópia para o Eng João Luiz , Eng Carlos Augusto e ClC Dias. 2003-08-20 60 Reunião agendada para o dia 22/08. às 09:00 h, na GETEC (sala 1). 2003-08-22 Reunião na GETEC, às 09:00 h, com: Pela FRONAPE: Eng João Luiz, Eng Carlos Augusto e ClC Dias. Pela MB: CF Guerreiro e CC Silveira Soares CMT Guerreiro reiterou a necessidade da MB ter, a médio e longo prazo, um navio abastecedor suprido pela FNP, face à previsão de alienação do navio-tanque Marajó e as atribuições atuais do navio-tanque Alte Gastão Motta. CMT Guerreiro perguntou sobre a possibilidade da FNP incluir, já nas próximas contruções, um sistema de abastecimento que pudesse atender à necessidade da MB, utilizando naviostanque de casco-duplo e com gás inerte; 1 ou 2 navios da TRANSPETRO; possibilidade instalar em 1 só bordo (abastece um navio de cada vez); o navio deve estar pronto para uma possível mobilização; a velocidade de 15' é relativa, e não absoluta, ou seja, o navio-tanque é a referência e o(s) outro(s) é(são) o(s) que tem(têm) que acompanhar - não é velocidade no fundo; Entregue cópia dos arranjos das duas classes (38 e 39), além de uma descrição mais detalhada do NT Candiota, ao CF Guerreiro. Recebidas cópias de desenhos e descrições do navio-tanque Gastão Motta. Transferência pelo través = mangote de 7" 0 Transferência pela popa = mangote de 6" 0 Pessoal da MB a embarcar = 18 a 20 homens, sendo 2 oficiais. Na passagem do mangote a distância é de 80 pés, aprox.; Durante a transferência a distância é de 120 pés, aprox. Bbs de carga do Marajó elou Gastão Motta: Q x P de projeto e de serviço? Densidade e viscosidade dos óleos de carga na temperatura de armazenamento e/ou transferência? Preço de um sistema hidráulico: f. 2,250,000. Limite de operação; não é por estado de mar, e sim, por limite de caturro e balanço. Explicamos a inviabilidade da solicitação para instalação dos sistemas de transferência em navios novos, uma vez que o menor dos navios a serem construidos é de 70.000 DWT, enquanto que o navio que propomos, de 18.000 DWT, já está superdimensionado para a quantidade de carga especificada pela MB; além disso, a regra que exige navios-tanque com 61 casco-duplo não se aplica a navios de guerra; o navio proposto possui costado duplo e, por ter menos de 20.000 DWT, está isento de possuir sistema de gás inerte; 2003-08-28 Visita ao NT Alte Gastão Motta agendada para o dia 01/09, às 10:00 h, encontrando com o pessoal da Marinha, às 09:30 h, na portaria do Ed. Barão de Ladário. Presenças confirmadas pela TRANSPETRO: CMT Bento Augusto Magalhães; EN Carlos Augusto dos R. Correia; CLC Francisco Dias de Andrade. 2003-09-01 Visita ao NT Alte Gastão Motta. Da FNP: EN Carlos Augusto e ClC Francisco Dias Da MG:CF Guerreiro e CC Silveira. Sída do Ed. B. de ladário às 09:35 h Chegada à Base Naval às 10:05 h Recebidos pelo comandante do navio, CF Garnier, oficiais do navio e cmt da base. Cmt Ganier fez uma palestra a respeito da operação de reabastecimento em mar aberto e sobre o navio; EngO Carlos Augusto solicitou cópia da palestra e o CMT da base se prontificou a fornecer fotos. CMT Dias entregou um exemplar do ISGOTT ao cmt do navio, CF Garnier, com os cumprimentos da FNP. Após a palestra, procedeu-se à visita ao navio, começando pela Praça de Máquinas, Arranjo: 3 grupos diesel-geradores motores de 450 kV A 2003-10-15 Comte Silveira Soares ligou solicitando uma cópia do Balanço Elétrico do Candiota. EngO Carlos Augusto solicitou ao CEDOC cópia do plano "Análise de Crgas Elétricas" (CEDOC 123384 ). 2003-10-16 EngO Carlos Augusto entregou a cópia do balanço elétrico a um portador do Comte Silveira Soares. 2003-11-18 Reunião na GETEC com a MB. Participaram: CC Silveira Soares, CC Attié, EngO Almeida e EngO José luis. EngO Carlos Augusto e ClC Francisco Dias 2003-11-27 62 Reunião na GETEC com a MB. Participaram: CF Guerreiro, CC Silveira Soares e CC Attié. Engos. João luiz, Almeida e Carlos Augusto. 2003-12-17 Enviado um correio à PROJEMAR, alc do EngO Márcio Alves, explicando e solicitando uma previsão de custos para o projeto de instalação de uma estação de carga em um de nossos navios, considerando sua localização por BB e pela popa. 2004-02-16 Em resposta ao correio enviado em 17/12/2003 à PROJEMAR, a/c do EngO Márcio, este retomou hoje, por telefone, informando: Custo estimado para o projeto considerando a estação de carga a BB: US$ 120.000. Custo estimado para o projeto considerando a estação de carga à popa: US$ 130.000. 63 ANEXO D - VISITA AO NAVIO TRANSPORTE ALMIRANTE GASTÃO MOTTA ~ PETROBRAS TRANSPORTE S.A. ..... TRANSPETRO REUNIÃO REALIZADA EM 01/09/03 Resumo da reunião ocorrida a bordo do NT "Al TE. GAST ÃO MOTI A" com os representantes da Marinha: Cmt Montes - Comandante da Frota de Transporte da Marinha, Cmt Garnier - Comandante do navio" Alte Gastão Motta" , Cmts Guerreiro e Silveira Soares do D.G.M. M. e demais oficiais lotados a bordo do navio petroleiro da Marinha, para uma visita às instalações do navio e ter uma noção mais exata dos sistemas operacionais existentes, tanto na parte de equipamentos de transferência em nível de convés principal, bem como, discutir a possibilidade de adaptação de um sistema que seja similar ao sistema existente. Representantes da Fronape: Eng. Carlos Augusto;ClC - Francisco Dias. Representantes da Marinha: CMG - Montes, CF - Guerreiro; CF - Garnier, CC - Silveira Soares, Oficiais de bordo do "Alte. Gastão Motta". 1 - As 10:00 horas chegada a bordo do navio, juntamente com o Cmts Guerreiro e Silveira Soares, sendo recepcionados pelo Cmt Garnier e demais Oficiais do navio. Participaram também da reunião o Cmt Montes e outros Oficiais Superiores convidados do Cmt Garnier. 1.1 Comandante Garnier fez um a palestra sobre a situação do transporte marítimo no Atlântico Sul, a importância do sistema de abastecimento para os navios da esquadra e como se processa uma operação de transferência de combustível do navio petroleiro para os demais navios da esquadra. Apresentou o sistema operando utilizando as duas estações a meia-nau (bombordo e boreste) e abastecimento pela popa. A operação pela popa é pouca utilizada e somente realizada em casos atípicos. Nosso trabalho será mais enfatizado no procedimento que será desenvolvido a meio navio; 1.2 O Cmt Guerreiro reiterou os assuntos discutidos na reunião realizada na fronape - Getec e frisou que os sistemas instalados a bordo do navio Alte. Gastão Motta" seriam os padrões básicos para tentarmos adaptar o navio da Fronape. Juntamente com os Cmts Montes e Garnier comentou-se sobre o lay-out de nossos navios que obedecem exigências de Convenções da IMO, IlO etc.. A Marinha pensa na possibilidade de aproveitar a unidade adaptada para abastecimento; 1.3 Cerca das 11:15 horas passamos a visitar as instalações do navio, a nível de convés principal. 2. O Tipos de óleo que serão transportados no navio. 64 Foi entregue pelos representantes da DGMM, as características dos óleos que serão transportados. Ficou evidenciado que o óleo apesar de ter uma densidade alta não é aquecido para a transferência. O Óleo Diesel Especial para Marinha(OD-EPM) tem um peso específico de 0,840 t/m3 à 20° C e Óleo combustível Especial para Marinha(OC-EPM) tem um peso específico de 0,986 t/m3 à 20° C. 3.0 Limpeza de tanques. Considerando que os óleos que serão transportados deverão ter seu padrão de qualidade preservado é recomendável que os tanques sejam limpos e removidos resíduo de óleos existente a bordo do navio, quando o mesmo for disponibilizado para a Marinha. 4.0 Procedimentos Operacionais. Os procedimentos para a transferência e amarração do cabo de aço para suporte do sistema operacional, cabo guia, mangote e conexão do mesmo ao navio recebedor, deverá ser realizada pela tripulação de Marinha. A tripulação do navio da Fronape apenas participará do processo de transferência de combustível, operando os equipamentos existentes atualmente a bordo e obedecendo as instruções operacionais acordadas entre o oficial que ficará a bordo de nosso navio e o Cmt do navio recebedor. Deveremos avaliar as condições de pressão de ar existente a bordo, para verificarmos se o tempo requerido para flushing do mangote entre os dois navios, não irá prejudicar tanto a operação de deslocamento de linha como as operações do navio. Teremos que adequar nosso Procedimento Operacional para adaptarmos os conceitos e procedimentos previstos quando operando com navios da Armada Brasileira. Reiteramos que o navio, apesar de estar sendo considerado como unidade de Marinha e não ser obrigada a ter um SMS implantado deveremos permanecer todo o tempo trabalhando no sentido de mantermos o nosso Sistema de Gerenciamento de Segurança dentro dos padrões recomendados e definidos pela empresa. 5.0 Integração das equipes de bordo. O assunto foi discutido e chegou-se a conclusão que, nas operações de transferência, o navio da Fronape receberá cerca de 20 pessoas a bordo, podendo esse número ser reduzido par 15 ou 16 pessoas. Sendo dois oficiais e os demais membros das equipes de operações específicas e um enfermeiro. Estudaremos a possibilidade de acomodação, para todos. Para o pessoal de Marinha o conceito de beliche para a tropa é utilizado e dentro desses parâmetros, estudaremos a melhor maneira de alocar todos a bordo. Se houver necessidade de aumentar a salvatagem do navio o processo dar-se-á utilizando balsas infláveis. 65 6.0 Comunicações Além dos sistemas de comunicações usuais a bordo do navio, deverá ser instalado a bordo do navio da FRONAPE, um sistema de comunicação, tipo linha direta, que manterá as equipes dos navios integradas, sempre em contato e preparadas para interrupções rápidas, em casos de emergência. Um oficial da Marinha de Guerra permanecerá a bordo do navio petroleiro, coordenando tal operação. 7.0 Navegação, Velocidade e Distância entre os navios. Apesar de termos Planejamentos para navegarmos dentro dos padrões definidos pelo SGF e SSPP, teremos que ajustar os procedimentos de navegação requeridos quando os mesmos estiverem em manobra de aproximação, navegação e operação simultânea. Os navios deverão trabalhar mantendo uma distância mínima e máxima entre eles. Estas distâncias serão mantidas pelo navio recebedor, considerando que, o navio petroleiro informando que está pronto para iniciar a operação hasteará a bandeira Romeo, manterá rumo e velocidade de cruzeiro e os demais navios é que farão as manobras necessárias para aproximação e afastamento. Os navios passarão cabos com identificações limitando aproximações ou afastamentos na proa e à ré, para termos a certeza de que as distâncias mínimas e máximas definidas para a operação serão mantidas. A solicitação inicial para que o navio petroleiro tivesse uma velocidade de cruzeiro e operação entre 14 e 15 nós, fomos informados durante a reunião de que os navios efetuam a operação de aproximação e navegação durante a transferência de carga com uma velocidade de cruzeiro variando entre 10 e 12 nós. Dentro deste contexto nosso navio parcialmente carregado, manterá uma velocidade dentro dos padrões desejáveis e sem comprometer as operações. 8.0 Manutenção dos equipamentos que serão instalados, a bordo do navio petroleiro. A idéia inicial é a de que, os mangotes e acessórios deverão ficar guardados, sob a custódia da Marinha e em casos de solicitação do navio, o mesmo ficaria a disposição, para que os equipamentos de transferência de óleo (mangotes e acessórios) fossem instalados. Os demais equipamentos que ficarão instalados de maneira definitiva deverão ser discutidos, como será realizada a manutenção. Se utilizaremos pessoal de Marinha ou se a tripulação normal do petroleiro terá tal incumbência. 9.0 Visita aos navios da Fronape Deverá ser marcada uma visita para um dos navios petroleiros da Fronape. Poderá ser um navio Classe Candiota ou Camocim. Participarão da visita além do grupo da Getec, os 66 Oficiais de Marinha que serão designados pelo Cmt Guerreiro. Necessitamos confirmar o número de pessoas. 10.0 Operações noturnas Os navios irão realizar operações noturnas. Talvez seja necessário revermos os conceitos de iluminação das áreas de convés que serão utilizadas nas operações, para aumentarmos o nível da segurança operacional. Luzes de aproximação pela popa, a bombordo e a boreste deverão ser instaladas. 11.0 Tomada de abastecimento pela Popa. O Cmt Guerreiro questionou a possibilidade de instalarmos uma tomada para transferência de óleo, pela popa. O assunto também deverá ser avaliado, considerando as condições dos equipamentos atualmente instalados e dispositivos adicionais que deverão ser agregados, para não comprometermos as condições operacionais do navio petroleiro. 12.0 Capacidade elétrica de bordo. Considerando que, pelas características operacionais do navio petroleiro o sistema gerador de energia existente já atende as necessidades de bordo, e os equipamentos que serão instalados serão hidráulicos, deveremos reavaliar o consumo de energia, para instalarmos ou não um gerador adicional. 13.0 Lança Retinida Durante as operações de transferência de carga, o navio utilizará muita o sistema de Lança-Retinida. E aconselhável que o navio compre um dispositivo parecido com o sistema do navio Ataulfo Alves, ou seja, foguetes com ampolas de ar comprimido recarregáveis. O navio necessitaria adaptar uma tomada do sistema de ar do navio ou adquirir um compressor especialmente para a faina. As operações de transferência são freqüentes e por um período de 20 a 30 dias. Iríamos ter um sistema mais confiável e teríamos que comprar uma quantidade elevada de foguetes lança-retinida. A linha retinida deverá ter um padrão fosforescente(embebida em líquido) para facilitar a sua visualização. 14.0 Procedimento Operacional Foi entregue pelo Cmt do navio "Almirante Gastão Motta 11 uma cópia do Capítulo 10 da Coletânea de Procedimentos Marinheiros com o seguinte Título 11. FAINA DE REABASTECIMENTO DE ÓLEO NO MAR E FAINA DE TRANSFERÊNCIA DE MATERIAL DE CARGA LEVE ". Na parte de Generalidades ele fala que a velocidade ideal para a faina de transferência pode variar entre 12 e 16 nós. As condições de mar e vento é que definirão a velocidade ideal. Velocidade menor do que 8 nós não é recomendada para a faina. O arranjo existente no Tijupá é suficiente para atopetar e movimentar as bandeiras do 67 C.I.S., necessárias para os momentos de aproximação e operação dos navios. Teremos que adaptar no navio luzes de contorno( duas luzes azuis com setor de 1350 a partir da popa, no bordo da faina, posicionada à altura do início e do final da seção do bordo da faina paralela à quilha). Caso o navio controlador seja maior do que 183m, o mesmo deverá exibir uma terceira luz de contorno a meio entre as outras duas lâmpadas azuis. As luzes do pau de jeque (navio fundeado) e de esteira durante a manobra deverão ser exibidas. As luzes de manobra restrita deverão ser exibidas durante a faina. Chuveiros de luzes encarnadas na estação de transferência, bem como, substituir as raquetes de sinalização por lanternas(verde, encarnada e âmbar). Precisamos tirar dúvida sobre o posicionamento das referidas luzes. O colete e a lâmpada encarnada ou cyalume(fosforecente) que deverá ser utilizado pelo pessoal de Marinha deverá ser fornecido por eles. Está definido procedimento para situações de emergência como falha de máquina, faina de homem ao mar etc,. Precauções de Segurança, principalmente proteção pessoal estão definidos os padrões mínimos recomendados. 15.0 Sistema de Gás Inerte O navio" Alte. Gastão Motta " possui instalado um gerador de gás inerte. No caso específico do navio petroleiro menor do que 20.000 DWT o mesmo está isento, pela Regra 60 Capo II Part D da Convenção Solas. O tipo de combustível que será transportado não requer inertização dos tanques de carga. O navio da Fronape possui duplo costado e todo um dispositivo que o permite operar obedecendo as regras de segurança operacional requeridas pela Convenção Solas, Capo 11 Regras 59 e 60 e 61, portanto considero que os tanques de carga estão protegidos de maneira segura. Rio de Janeiro 01/09/2003 68 ANEXO E - ESCOLHA DO NAVIO MERCANTE A SER ADAPTADO ~ PETROBRAS TRANSPORTE S.A. ..... TRANSPETRO 06/10/2003 RELATÓRIO SOBRE A EVOLUÇÃO DO ESTUDO PARA TRANSFORMAÇÃO DE UM NAVIO DA FRONAPE EM NAVIO-TANQUE PARA A MARINHA DO BRASIL. Em decorrência da solicitação da Marinha do Brasil (MB) à PETROBRAS, que fosse disponibilizado um dos navios da FRONAPE para substituir o navio-tanque Marajó, o Diretor Kensaku Saito determinou que a GETEC se encarregasse de estudar tecnicamente o assunto. Em continuidade ao solicitado, no dia 07/08/2003 houve uma reunião na GETEC, entre o engo. João Luiz e os representantes da Marinha, Capitão-de-Fragata Guerreiro (CF) e Capitão-de-Corveta Engenheiro Naval Silveira Soares (CC EN). Nessa reunião, os representantes da MB informaram que, o navio ideal para substituir o naviotanque Marajó nas fainas de abastecimento em alto mar, deveria apresentar as seguintes características (semelhantes às do navio-tanque Alte. Gastão Motta): - realizar o abastecimento de outros navios da esquadra navegando em alto mar. - Videal = 17 nós; - Vreal = 14 nós (mín); - vazão mínima de abastecimento = 2 bombas com 300 m3/h cada; - 2 segregações: MAR C, com p = 0,840(*) e MF-40, com p = 0,975 (*) - (*) = a confirmar; - 2 eixos com 1 gerador de eixo em cada; - mínimo de 10.000 t de óleo de carga; - utilização: de 20 a 25 dias por ano. Para dar andamento ao estudo junto à Marinha, o engo. João luiz apontou o engo. Carlos Augusto e o CLC Francisco Dias que, de imediato, contactaram o CF Guerreiro, solicitando os procedimentos da MB para abastecimento dos navios de guerra em alto mar. Com base nas informações disponíveis no momento, o grupo da FNP fez as seguintes considerações: Para a quantidade total de óleo de carga especificada (10.000 t) teremos: - somente de óleo MAR C @ 0,84 Q 11.628 m3 - somente de óleo MF-40 @ 0,975 Q 10.256 m3 Os navios da FNP de menor capacidade são de 18.000 TPB (correspondendo à aproximadamente 17.185 t de carga), conforme segue: 69 · Classe 35: Navios de produtos claros, sem serpentinas para aquecimento de carga, com TPB variando de 17.859 a 18.078 - desconsiderados; · Classe 38: Navios de produtos escuros, com serpentinas para aquecimento de carga: CAMOCIM - 18.900 TPB; data de entrega: 08/01/1986 Q 17,6 anos. CARAVELAS -18.922 TPB; data de entrega: 04/05/1986 Q 17,3 anos. CARIOCA- 18.997 TPB. data de entrega: 01/07/1986 Q 17,2 anos. · Classe 39: Navios de produtos escuros, com serpentinas para aquecimento de carga: CARANGOLA-18.823 TPB; data de entrega: 13/12/1989 Q 13,7 anos. CANTAGALO -18.835 TPB; data de entrega: 31/07/1990 Q 13,1 anos. CANDIOTA - 18.799 TPB. data de entrega: 19/12/1990 Q 12,7 anos. O navio considerado o mais "apropriado" é o NT Candiota (Cl-39 - PPSA), por ser o mais novo (12,6 anos) e por ter o menor TPB. Características Gerais: loa = 160,90 m lpp = 155,00 m BM = 26,00 m DM = 11,90 m d = 8,40 m (18.799 TPB) Raio de ação = 7.000 milhas Velocidade de serviço = 13,7 nós Bombas de Carga = 3 x turbina a vapor, vertical centrífuga, 600 m3/h @ 120 m.c.a. Volumes dos Tan~ues de Caroa: 1C 2.794 m 2C 4.390 m3 3C 4.390 m3 4C 4.390 m3 5C 3.659 m3 SIODS 1.438 m3 TOTAL: 21.061 m3 70 1 MCP = ISHIBRAS-SULZER 5 RlB NCR = 5.690 BHP @ 144 rpm 1 caldeira AQ9 12.000 kg/h @ 14 kg/cm2 3 grupos diesel-geradores MEP-MAN 9l 20/27 x Gerador Toshiba 632 kW/450 V 1 grupo diesel-gerador CUMMINS NT 855GT x Gerador Negrini 200 kW/450 V. No dia 22/08/2003, às 09:00h, foi realizada mais uma reunião na GETEC, da qual participaram: pela FNP: EngO João luiz, EngO Carios Augusto e ClC Francisco Dias pela Marinha: CF Guerreiro e CC EN Silveira Soares. Nessa reunião, os representantes da MB fizeram as seguintes considerações: desejavam 1 ou 2 navios da FNP; instalar o sistema em 1 só bordo, abastecendo um navio de cada vez; possibilidade de instalar em um navio em construção, com casco-duplo e sistema de gás inerte; o navio deve estar pronto para uma possível mobilização; a velocidade de 15 nós é relativa, e não absoluta, ou seja, o navio-tanque (abastecedor) é a referência e o outro (recebedor) é que deve acompanhá-Io (não é velocidade no fundo). Com relação a 1 ou 2 navios, foi deixado claro pela FNP que seria um assunto para mais tarde. Como o conjunto de equipamentos de transferência é único, é necessário que seja instalado num dos bordos, sendo determinado bombordo, uma vez que o porta-aviões São Paulo só abastece por boreste. Quanto à possibilidade da instalação num navio em construção (com casco duplo e sistema de gás inerte), esclarecemos que os de menor porte a serem construídos são de 70.000 DWT, o que acarretaria numa imensa praça morta, tornando a proposta inviável. Além disso, como os navios de guerra não têm obrigatoriedade de seguir as regras e regulamentos internacionais para navios mercantes, ao ser alienado pela FNP, poderia ser transferido para a MB. O navio proposto, apesar de não ser um casco-duplo, possui costado duplo; por ter menos de 20.000 DWT, está isento da instalação de sistema de gás inerte. Com relação à velocidade de 15 nós, informamos que a velocidade de projeto para os nossos navios raramente excede 14 nós. Contudo, no caso do NT Cantagalo, cuja velocidade de projeto é de 13,7 nós, é provável que, em carga parcial, possa atingir uma velocidade próxima de 15 nós ou maior. Nessa reunião foram entregues, ao CF Guerreiro, cópias dos arranjos das duas classes (38 e 39), além de uma descrição mais detalhada do NT Candiota. Do comandante foram recebidas cópias de desenhos e descrições do navio-tanque Alte Gastão Motta. 71 Ao final da reunião, os representantes da Marinha fizeram um convite para visitarmos o naviotanque Alte. Gastão Motta, o que foi aceito e agendado para o dia 01/09/2003. A visita se deu com o navio atracado a um dos piers da Base Naval do Rio de Janeiro, na Ilha de Mocanguê, quando fomos muito bem recebidos a bordo pelo seu comandante, CF Garnier, pelos oficiais do navio e pelo comandante da base. O CF Garnier fez uma palestra a respeito da operação de reabastecimento em mar aberto e sobre o navio, ao que o engO Carlos Augusto solicitou cópia e o CMT da base se prontificou a fornecer fotos. Durante a palestra, foram destacados os principais métodos de abastecimento em alto mar: - o método STREAM (Span-Wire tencionado), quando os navios FORNECEDOR e ECEBEDOR navegam lado a lado, afastados cerca de 24 m a 55 m um do outro, e - o método de transferência pela popa do navio fornecedor, quando os navios estão praticamente em tandem, o que obriga ao navio fornecedor a ter uma linha de mangotes com cerca de 90 m de comprimento, estivada sobre roletes, por bombordo, além de um equipamento de lançamento/retirada de pigs na popa. Durante a palestra, foi informado que o Óleo Diesel EPM (Óleo Diesel Especial para Marinha ou MAR-C-00018, com densidade 0,840) é utilizado em todas as unidades de combate da MB e que, o Óleo Combustivel EPM (Óleo Combustivel Especial para Marinha ou Navy Specia/, com densidade 0,986) é utilizado somente no porta-aviões São Paulo. Ao encerramento da palestra, o ClC Francisco Dias entregou um exemplar do ISGOTT ao comandante do navio, CF Garnier, com os cumprimentos da FNP. Após a palestra, procedeu-se à visita ao navio, começando pela Praça de Máquinas e finalizando no passadiço. Ainda com relação à velocidade das unidades durante o periodo de transferência, da Coletânea de Procedimentos Marinheiros, Capitulo 10 - Faina de Abastecimento de Óleo no 72 Mar, obtemos a informação de que a velocidade ideal para a faina pode variar de 12 a 16 nós; velocidades menores que 8 nós não são recomendadas, pois o efeito do leme é reduzido; velocidades acima de 16 nós podem ser utilizadas caso o estado de mar permita. Os representantes da MB foram convidados a fazerem uma visita ao NT Candiota, o que foi aceito. Para isso, estamos aguardando uma oportunidade em que o navio esteja operando próximo ao Rio de Janeiro, no máximo em São Sebastião. O próximo passo é uma reunião para esclarecer alguns itens. Os novos equipamentos para operar com o método STREAM, compostos de pórtico para sustentação dos mangotes e roldanas, coluna de tensão constante, guinchos eletro-hidráulicos, unidades hidráulicas, controles, etc..., necessitam de um compartimento fechado sobre o convés principal. Como a área prevista para essa instalação (à ré da estação de carga, por bombordo) já está congestionada por redes e equipamentos originais do navio, será necessário a construção de uma plataforma robusta, apoiada sobre colunas no convés principal; sobre essa plataforma serão instalados os equipamentos. Além disso, sistema de luzes no casco, por bombordo, e novos sistemas de comunicação passadiço-passadiço terão que ser instalados. Hoje, chegamos a um estágio do estudo que, para dar continuidade, é necessário que alguns questionamentos sejam esclarecidos, conforme segue: - Com relação às idas abordo, quem arcará com os custos de transporte, hospedagem, etc. -Quem arcará com os custos de desenvolvimento de todo o projeto (estrutural, elétrico e estudo do lay-out)? -Na possível concretização da adaptação do navio, quem arcará com os custos de todos os serviços de instalação (estrutura e equipamentos) e classificação? Do exposto, solicitamos orientação quanto aos próximos passos, que necessitem de desembolso financeiro para sua realização. 73 ANEXO F - REQUISITOS DE ADAPTAÇÃO DO NAVIO MERCANTE CANDIOTA ADAPTAÇÃO DE UM NAVIO PETROLEIRO DA FRONAPE PARA FAINAS DE OPERAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE O.C. EM ALTO MAR (RAS). Em trabalho conjunto com a Marinha do Brasil (MB), está sendo estudada uma adaptação do navio Candiota(*), a fim de habilitá-Io a realizar fainas de abastecimento de unidades de combate em mar aberto e navegando (RAS - Replenishment at Sea), a exemplo dos navios de guerra NT Marajó e NT Almte Gastão Motia. Nesse intuito, duas opções de instalação estão sendo consideradas nesse estudo, conforme segue: Opção 1 - Considerando o método de abastecimento pelo través, onde uma estação de carregamento, semelhante à do NT Almte Gastão Motia, seria instalada por BB, à ré da estação de carga original do navio. Opção 2 - Considerando o método de abastecimento pela popa, onde uma estação de carregamento seria instalada na popa do navio, com carretel para armazenar o mangote de carregamento. Informações sobre a Opção 1: O método aqui considerado é conhecido no meio militar como STREAM (Standard Tensioned REplenishment Alongside Method). Com os navios ABASTECEDOR e RECEBEDOR navegando paralelamente (mesmo rumo e velocidade, cerca de 14,5 a 15,5 nós), é passado um cabo de aço (spanwire) do navio abastecedor ao recebedor, "ligando" o topo do mastro de carregamento do abastecedor ao ponto de amarração na antepara do recebedor. Esse cabo de aço serve de suporte às "selas" de sustentação do mangote de transferência de O.C., com 7" 0. O processo de desconexão e recolhimento é feito de maneira inversa. FIG 1a. 74 FIG 1b Devido ao congestionamento de redes e equipamentos na área prevista para a instalação do mastro e equipamentos do sistema STREAM, será necessária a construção/instalação de uma plataforma com dimensões aproximadas de 15,80m (L) x 13,0m (B), suportada por pilares no convés principal (h = 3,5m na Linha de Centro do navio) e devidamente reforçada para receber os equipamentos e suas fundações, tais como guinchos (2), unidades de potência hidráulica (3), torre de tensão constante (1), console de controles, casarias para os equipamentos, etc..., A plataforma e o mastro de abastecimento deverão suportar todas as cargas decorrentes da operação de transferência de O.C. A base do mastro de abastecimento será apoiada sobre o convés principal, diretamente sobre o cruzamento da antepara longitudinal de BB com a antepara transversal estanque limítrofe dos tanques centrais 4 e 5, com os necessários reforços sobre e sob o convés. Informações sobre a Opção 2: Este método é conhecido como "Transferência pela Popa", FIG 2a. Com os navios ABASTECE DOR e RECEBEDOR navegando paralelamente (mesmo rumo e velocidade, cerca de 6 a 8 nós), mas com o recebedor bem à ré do fornecedor, por um dos bordos, é desenrolado o mangote de transferência de O.C., com cerca de 250 m de comprimento e 6" 0. O mangote de transferência de O.C., após totalmente desenrolado, é mantido arrastado e flutuando à ré do abastecedor. Assim, tem a sua extremidade "pescada" pelo recebedor e é conectado na tomada de recebimento de O.C. deste. O processo de desconexão e recolhimento é feito de maneira inversa. 75 FIG.2a FIG. 2b Devido ao congestionamento de equipamentos de amarração no convés do tombadilho, à popa, será necessária a construção/instalação de uma plataforma acima desse convés, como extensão do convés das embarcações, limitando suas dimensões às projeções dos costados e espelho de popa. Essa plataforma, suportada por pilares, deverá ser devidamente reforçada para receber e sustentar o carretel do mangote (FIG. 2b) com sua fundação e outros equipamentos menores, além do arraste do mangote quando desenrolado e cheio de O.C. Todo o projeto será aprovado pela Sociedade Classificadora do navio (Bureau Veritas - BV), com os custos assumidos diretamente pela TRANSPETRO/FRONAPE. o envio/recebimento de desenhos/cálculos, discussão e aprovação junto à Sociedade Classificadora serão de responsabilidade direta do Escritório de Projetos. (*) NT Candiota - Características Gerais: 76 Loa………....……160,90 m Lpp………...…….155,00 m BMOL……....…….26,00 m DMOL.....................11,90 m DMOL PROJ.............7,90 m DMOLD ESCANT... 8,40 m TPB = 18.799 t Classificação: BV 13/3 E lI4 OIL TANKER DEEP SEA Projeto: PROJEMAR Estaleiro: EMAQ ANEXO G - REQUISITOS DE ADAPTAÇÃO DO PETROLEIRO PARA ABASTECER O NAVIO AERÓDROMO SÃO PAULO ~ ... PETROBRAS TRANSPORTE S.A. TRANSPETRO RELATÓRIO SOBRE A VISITA AO NAe SÃO PAULO A FIM DE CONHECERMOS AS ESTAÇÕES DE CARREGAMENTO PARA OPERAÇÃO DE RAS. Data: 08/01/2004 Chegada a bordo: 14:00 horas Presentes à visita: Pela MB: CMG Monteiro Dias (CMT do NAe), CC Dantas Neto (NAe), CC Coelho (NAe) e CC Attie (DEN) Pela FRONAPE: Eng. Carlos Augusto (GETEC) e ClC Dias (GETEC); O Cmt Attie informou ao Cmt Monteiro Dias o motivo de nossa ida a bordo, Le, para conhecermos os arranjos das estações de abastecimento para operações de Repleníshment at Sea (RA T) e sua localizações a bordo. Após a apresentação e explanação do Cmt Athié para o Cmt Monteiro Dias alguns oficiais do NAe São Paulo, sobre o andamento do projeto que está sendo desenvolvido, considerando a possibilidade de um navio da Fronape ser adaptado para fazer o abastecimento 77 do referido NAe, além de ouvirem os comentários e questionamentos do Eng. Carlos Augusto sobre os trabalhos que estão sendo desenvolvidos, foi a vez do Comandante Monteiro Dias posicionar-se sobre as condições e preferência de abastecimento. Quanto ao questionamento do EngO Carlos Augusto, de que num site militar (US NA VY) era informado que a velocidade do navio abastecedor, quando usando o método pela popa, era de 6,0 a 8,0 nós, o CMT do NAe informou que tal velocidade era impossível de ser mantida pelo NAe, devido a problemas técnicos da própria instalação a vapor. A velocidade mínima aceitável é de 13,0 nós, sendo a ideal 14,0 nós. Ficou muito claro que a preferência do pessoal de bordo é a transfêrencia por través (Span Wire). O CMT do NAe questionou-nos se o navio petroleiro (fornecedor) também iria abastecê-Ios com água, o que precisavam muito. Informamos que nossos navios não poderiam fazer tal operação, devido à segregação e condições de armazenamento da mesma. O projeto, da própria MB, prevê somente a transferência de óleo combustível. Depois de ouvir a exposição e fazer alguns esclarecimentos sobre a operação RAT, o CMT do NAe pediu-nos licença e retirou-se, informando que ficassem os à vontade e deixou os Cmts Dantas Neto e Coelho, os quais são os responsáveis pelas operações de abastecimento do NAe, encarregados de nos guiar a bordo. Após exporem seus pontos de vistas e comentarem sobre os abastecimentos até então realizados, nos levaram para conhecer as estações localizadas por boreste, três a meio navio e uma à vante. As três estações a meio navio são para serem usadas com abastecimento pelo través do navio fornecedor (Método Span Wíre) e a de vante, pelo método pela popa do navio fornecedor. Os dispositivos apresentados possuem arranjos de recebimento de 8"<1> (para receber o probe), conectados a um mangote curto de 8"<1> que, por sua vez, é conectado à uma rede de aço com 6"<1>, composta de rede, válvula de gaveta e peça de penetração no convés. O mangote de transferência pelo Método Span Wíre é de 7"<1>. O de transferência pela popa do fornecedor é de 6"<1>. Foi informado que a vazão de recebimento era entorno de 200 m3/h. Perguntamos qual era a vazão máxima permitida e não souberam responder. Será verificada e informada pelo NAe qual a vazão máxima permitida para recebimento de óleo. A altura das tomadas de carga até o nível do mar é de aproximadamente 12 metros. O Cmt Dantas Neto informou que os franceses fizeram várias operações RA T com o navio fornecedor transferindo o O.C. pela popa. Não era mais usada aquela estação porque os 78 franceses já possuiam dois navios de abastecimento com duas estações de suprimento por bordo, sendo mais vantajoso (mais rápido e menos trabalho) usar as estações de meia-nau. O Eng Carlos Augusto observou que a operação deveria, então, ser realizada a 13 nós, já que o navio não pode navegar a 6-8 nós. Para esclarecer a dúvida, o Eng Carlos Augusto sugeriu ao Cmt Attie que fosse feito contacto com os franceses e que Ihes fosse perguntado qual a velocidade que o NAe desenvolvia durante um abastecimento pela popa do navio fornecedor e, qual era a especificação (material) do mangote usado durante a mesma, naquela época. ANEXO H - ADAPTÇÃO DOS NAVIOS CLASSE CARAVELAS E CANDIOTA Ata de Visita a Transpetro I Fronape I Getec GT Estudo para adaptação de um dos navios Classe Carangola, como navio abastecedor da Esquadra Brasileira. AN: TRANSPETRO UN: Local: FRONAPE Centro-RJ Participantes Fronape: Eng. Carlos Augusto Eng. Marriog Cmt Dias CFM Ricardo Item Data: Pag.: 27/04/06 01/02 Participantes DEM: Engs. Tarrisse, Silveira Soares, Rangel e José Ricardo Assunto 1 A visita teve como objetivo a Fronape prestar informações a 2 respeito de dados técnicos dos navios Classe Caravelas. A Comissão chegou a Fronape, cerca das 14:00 horas e foi recebida pelo Srs: Engs. Carlos Augusto e Marroig e Cmt Dias. Os questionamentos enviados à Getec pelo Eng. Tarrisse da DEM foram os seguintes: 79 3 1 - Datas das próximas docagens para os navios das Classes Caravelas e Candiota; 2 - " Phase-Out " para os navios das classes Caravelas e Candiota e enquadramento dos mesmos na Convenção Marpol; 3 - Capacidade das Unidades de Tratamento de Água Servida; 4 - Relação Simplificada dos equipamentos de bordo; 5 - Horas de funcionamento do MCP e MCAs dos navios; 4 5 6 7 8 Os questionamentos feitos foram respondidos através de documentos. O Eng. Marroig esclareceu que as datas de PhaseOut apresentadas estavam divergentes da tabela apresentada pelo Cmt Silveira Soares, em função da adequação da mesma em função das mudanças ocorridas nas Regras 13 G e H do Anexo I, da Marpol, baseado na MEPC 111 (50), incorporadas na emenda 2005 da referida conveção. O Eng. Silveira Soares comentou com o Eng. Carlos Augusto sobre os custos finais do projeto que havia sido elaborado, por ocasião das reuniões e visitas ocorridas a bordo do navio Petroleiro" Alte Gastão Mota " e Porta Aviões" São Paulo". O Eng. Silveira Soares entendi que os custos dos equipamentos deverão ser mantidos. A dúvida seria em relação ao preço do aço, considerando as variações de preços ocorridas entre a data da elaboração do documento e o custo atual de mercado. O valor total do projeto prevê a instalação do pórtico para operar por boreste. Foi apresentada aos Engs. da DEM a especificação de docagem do navio Caravelas. Foi explicado como o trabalho é realizado e que, tinhamos prazo para que a mesma ficasse pronta. O tempo têm que ser o suficiente para fazer a cotação de preços junto aos estaleiros e preparação do navio para a data prevista para a docagem. Foi explicado também a preocupação em evitar que ocorram adicionais, durante o período em que o navio já está docado. Os adicionais só ocorrem quando são evidenciadas as necessidades reais de atender itens que foram constatadas necessidade de reparo, após abertura de equipamentos. O Eng. Francisco e o Cfm Ricardo falaram sobre o sistema Safenet, a data de sua implantação e como era feito o gerenciamento do sistema. O Cfm Ricardo falou sobre o controle de manutenção geral dos navios, docagens, reposição de materiais, documentações, classificações de equipamentos, etc.. Ficou programada uma visita a um navio da Classe Caravelas ou Candiota para complementarem a visita realizada a bordo do navio Caravelas, no porto do Rio de Janeiro. Por ocasião da visita o navio estava em preparação para a docagem e gostariam de ver um navio operando normalmente, podendo ser em carga 80 9 ou descarga. Cerca das 16:00 horas a reunião foi encerrada. Os representantes da DEM ficaram satisfeitos com os documentos e apresentação do Safenet. 81 ANEXO I - SITUAÇÃO ATUAL SOBRE A MOBILIZAÇÃO DE NAVIOS PETROLEIROS R-191614Z/JAN/2012 DE ARMADA PARA OPENAV INFO DRGMAT ENGENA GABMAR CEPNAV/// Mobilização de Navio Petroleiro (NP) da TRANSPETRO. ALFA - Visando manter este ODG e CM atualizados a respeito das ações em curso, SOL INF, até 14MAR2012, situação da atividade de Mobilização Marítima sobre a instalação de um sistema de reabastecimento em navio da 2ª Fase do Programa de Modernização e Expansão da Frota da TRANSPETRO (PROMEF), durante sua construção, com o propósito de reabastecer os navios da MB no mar. BRAVO - Consolidar INF relevantes, dentre as quais: UNO - ponto de contato no ComOpNav e na DGMM para facilitar comunicações futuras; DOIS - prazos das diversas fases previstas; e TRÊS - estimativa de custos envolvidos, caso haja. CHARLIE - Este EM reconhece que por tratar-se de projeto inédito na MB, avalia que há riscos envolvidos e óbices ainda desconhecidos. Por outro lado, o sucesso dessa atividade de Mobilização Marítima poderá proporcionarvaliosa alternativa de apoio aos nossos navios, o que recomenda acompanhamento cauteloso da atividade, evitando solução de continuidade e perda de oportunidade BT R-060934Z/MAR/2012 DE OPENAV PARA ARMADA INFO DRGMAT ENGENA GABMAR CEPNAV/// Mobilização de Navio Petroleiro (NP) da TRANSPETRO. R-191614Z/JAN de ARMADA, PTC que foi realizada reunião com representantes da Transpetro em 24FEV, em continuidade aos entendimentos realizados com aquela empresa, sobre a adaptação de um navio petroleiro a ser contruído para efetuar Transferência de Óleo no Mar (TOM) para navios da MB. Esta reunião possibilitou atualizar a situação abaixo descrita e estabelecer ações decorrentes: ALFA – A Transpetro finalizou em 2011 a licitação REF à construção dos navios da 2ª Fase do PROMEF. Foi adjudicado o Estaleiro Ilha S.A. (EISA), como o responsável pela construção dos navios, usando as instalações do Estaleiro Mauá. A entrega do primeiro navio da série de Navios de Produtos Claros de 48.000 tpb está prevista para o final de 2014, já com o dispositivo para TOM, em conformidade com o Memorial Descritivo que contém as especificações técnicas elaboradas pela DEN/CPN. BRAVO: UNO – Pontos de contato: - no ComOpNav: CMG (T) Reinold, retelma 8110-7218, caixa-postal comopnav-45; e - na DGMM: CF Mário Jorge, retelma 8110-7325, caixa-postal dgmm-265. DOIS - Alguns pontos do Memorial Descritivo carecem de detalhamentos. Na próxima fase será necessário adequar alguns componentes estruturais e dispositivos do navio (plataforma, jazente, bases, buzina, tomada de carga e tomada de ar comprimido) aos equipamentos do sistema de TOM que a MB pretende empregar, tais como guincho, mangotes, cabos, bóia e sarilho. Objetivamente, 82 será necessário especificar os locais exatos do navio onde será instalado cada um dos componentes do sistema de abastecimento, ACD dimensões e demais características destes itens, bem como a disposição da rede de alimentação elétrica, etc. É desejável que esse processo de detalhamento esteja concluído no segundo semestre de 2012. Para possibilitar esse detalhamento, o NP “Celso Furtado” será disponibilizado para uma nova visita, devido a similaridade com o navio a ser construído e que receberá as adaptações. Na hipótese de ser insuficiente a área disponível para operações de TOM nos navios de 48.000 tpb, foi levantada a possibilidade de se adaptar os navios de 70.000 toneladas que têm previsão de entrega no final do 1º semestre de 2014. Por essa razão, ainda no 1º semestre de 2012, uma comitiva constituída por representantes deste ODS e da DGMM, particularmente do ComEsqdAp1/DEN/CPN, visitará o NP “Celso Furtado” e, posteriormente, apresentarão subsídios aos projetistas da Transpetro. No segundo semestre de 2012, deverá ser concluído o detalhamento do projeto, com a participação da DEN/CPN. TRÊS – O custo para as adaptações do navio são na ordem de US$ 30.000 (trinta mil dólares americanos), não computados os equipamentos que serão fornecidos pela MB. Os representantes da Transpetro demonstraram certo otimismo de que o custo de adaptação do navio seja absorvido pela empresa BT ================================================================ R-172214Z/OUT/2012 DE ARMADA PARA OPENAV INFO DRGMAT GABMAR ENGENA CEPNAV/// Mobilização de navio Petroleiro da Transpetro R-060934Z/MAR, SOL atualizar informações a respeito das ações em curso, até 31OUT2012 BT ================================================================ = R-261834Z/OUT/2012 DE OPENAV PARA ARMADA INFO DRGMAT GABMAR ENGENA CEPNAV GRNC BT Mobilização de navio Petroleiro da Transpetro. R-172214Z, PTC: ALFA) Realizada visita, em 24ABR, por representantes do DGMM, ComOpNav, ComForSup, ComEsqdAp-1 e NTAlteGMotta ao NP “Rômulo Almeida”, em construção no estaleiro Mauá, Niterói-RJ. Foram verificadas as condições para a possível instalação do equipamento de transferência de óleo no mar na popa de navios de produtos claros de 48.000 toneladas, dessa classe; BRAVO) Em 28MAI, a DEN recebeu uma proposta da empresa HEPBURN para o fornecimento do referido equipamento, com custo de 486 mil dólares canadenses, equivalentes a cerca de 470 mil dólares americanos; CHARLIE) Após análise técnica feita pelo CPN e pela empresa TRANSPETRO, foi realizada nova reunião em 05SET, nas dependências daquela empresa. O 83 equipamento apresentado foi considerado incompatível com o espaço disponível na área da popa do navio; e DELTA) Em 20SET a DEN recebeu uma proposta da empresa ROLLS ROYCE para o mesmo equipamento, porém as dimensões são semelhantes as do fabricante anterior. Os dados técnicos desse modelo foram repassados à TRANSPETRO. Os equipamentos existentes no mercado cujos fabricantes encaminharam orçamentos para a DEN são incompatíveis com o espaço disponível na popa do navio. O detalhamento do projeto não poderá, nestas condições, ser realizado. Permanecem os entendimentos com a Transpetro no sentido de encontrar outra linha de ação BT 84 85 86 87 88 ANEXO J – EVOLUÇÃO DA FROTA MERCANTE BRASILEIRA Evolução da frota própria brasileira TPB X 1000 12.000,00 10.000,00 8.000,00 6.000,00 4.000,00 2.000,00 Fonte: DMM / ANTAQ Elaboração Syndarma ANO Nota: valores para período 2000/2006 obtidos por interpolação. L. CURSO CABOTAGEM LC + CAB FIG. 1 Frota Mercante Brasileira de Longo Curso (Variação entre 1986 e 1995) Tipo de Navio minero-petroleiros petroleiros cisterna graneleiros químicos ro-ro porta-contêineres cargueiros multi-propósito frigoríficos Total navios 14 20 0 56 9 3 0 53 12 2 169 Dez/86 Dez/95 tpb navios tpb 1.994.251 11 1.464.000 2.654.098 3 840.000 0 4 1.110.000 2.483.387 9 607.639 205.271 7 134.695 19.070 8 116.104 0 4 119.696 673.773 2 28.917 232.783 3 42.232 15.700 0 0 8.278.333 51 4.463.283 Variação em tpb (em %) -26,59 -68,35 -75,53 -34,38 508,83 95,71 -81,86 -46,02 Fonte: Dez/86 - Anuário 1986 SUNAMAM/MT; Dez/95 - Informações e Dados Estatísticos - STA/MT Elaboração: BNDES/AI/Geset3 FIG. 2 89 ANEXO K – NAVIOS MERCANTES MOBILIZADOS NA GUERRA DAS MALVINAS MARINHA INGLESA MARINHA ARGENTINA 90 ANEXO L – AÇÕES DO SINAMOB NA BUSCA DE ELABORAR O PLANO DE MOBILIZAÇÃO NACIONAL Prezado Cmte Joaquim Rocha, Estou realizando o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE/2013) na Escola Superior de Guerra, que para a sua conclusão um dos requisitos é a apresentação da monografia. Escolhi como tema da minha monografia: A FROTA MERCANTE BRASILEIRA, e como título: A SITUAÇÃO DA FROTA MERCANTE BRASILEIRA EM APOIO AS OPERAÇÕES NAVAIS. No desenvolvimento da monografia quero apresentar um panorama geral do SINAMOB E DO SISMOMIL. Portanto, dentro do que preceitua a Política de Mobilização Nacional em seu Parágrafo único do Art 6º, Os planos setoriais elaborados pelos órgãos componentes do SINAMOB serão consolidados pelo órgão central do Sistema, que é o MD, no Plano Nacional de Mobilização. 1-ESSE PLANO JÁ FOI MONTADO? 2- Caso AFI, como anda a aprovação desse plano? E o Art. 7o , diz que: A Política de Mobilização Nacional e as diretrizes governamentais serão implementadas pelos órgãos integrantes do SINAMOB. E em seu Parágrafo único, diz que os Indicadores e metodologia próprios deverão ser elaborados pelo Comitê do SINAMOB para verificar a eficiência e a eficácia da consecução dos objetivos e das diretrizes estabelecidos, que serão avaliados e aperfeiçoados na periodicidade que a conjuntura nacional e internacional exigir. 3- ESSES INDICADORES JÁ FORAM MONTADOS? 4- COMO O MD VEM ACOMPANHANDO E AVALIANDO AS AÇÕES DOS ÓRGÃOS COMPONENTES DO SINAMOB? 5- Caso o MD tenha feito como sua ultima faina a elaboração PMN que foi aprovado em 2010, quais serão a fainas previstas para dar continuidade ao arcabouço jurídico do SINAMOB? Quanto ao SISMOMIL: 7- após o MD elaborar e expedir a Diretriz Ministerial de Mobilização das Forças Armadas, quais foram as ações seguintes que foram realizadas e quais faltam ser realizadas? 8- as Forças já encaminharam suas necessidades? Caso AFI, quais foram as providências realizadas pelo MD para tentar sanar essas necessidades? Em resposta aos questionamentos 1 e 2 apresentados participo que ainda não foi elaborado o Plano Nacional de Mobilização. No momento, estamos conduzindo o 1º Exercício de Mobilização Nacional - EMN-I concomitantemente com a Operação LAÇADOR 2013 (Op de Adestramento Conjunto SUL), neste sentido, mobiliando a célula da DIREX de Logística e Mobilização. A meta da Seção de Coordenação da Mobilização Militar (SECMIL) é produzir, após a operação, nov13, o Plano Setorial 91 de Mobilização Militar referente àquela HE. A partir daí, a minuta será apresentada ao SINAMOB para que os demais Subsistemas possam ter ideia de um Plano deste tipo e cada qual esboçar o seu planejamento. Para que seja melhor entendido a concepção do EMN-I, anexo as instruções (Notas de Serviço) referentes ao exercício. Para melhor orientar sobre qual Seção da Subchefia de Mobilização pode esclarecer as demais dúvidas, anexo um extrato do regimento interno com as atribuições das SECMIL e da Seção de Mobilização Nacional, SECMOB, cujo Gerente é o Cel Inf (EB) Marcos Antonio Horta Ferreira ([email protected] - 3312-4042) esguiano do CAEPE-2011. Neste sentido, os tópicos abordados nas questões 3, 4 e 5 são diretamente acompanhados por aquela Seção. Em relação à Diretriz Ministerial, solicito confirmar tratar-se do documento citado no Art. 23, inciso III, do Decreto nº 6592/2008, inicialmente contido na Diretriz Setorial de Mobilização Militar - PORTARIA NORMATIVA No 973/MD DE 24 DE JULHO DE 2007, a qual foi revogada pela Política de Mobilização Militar - PORTARIA NORMATIVA Nº 343 /MD, DE 1º DE MARÇO DE 2011. Atualmente, a SECMIL está finalizando a reedição da DSMM a fim de atender o previsto no Decreto citado. Em termos de necessidades das FS, o que existe está concentrado no Plano de Articulação e Equipamentos da Defesa - PAED, tendo em vista que carecemos de dispor de uma lista de necessidades completa e específica baseada em uma HE e que subsidiaria os Planos de Mobilização das Forças e do SISMOMIL. Por fim, considerando o tema do seu TTC, A SITUAÇÃO DA FROTA MERCANTE BRASILEIRA EM APOIO AS OPERAÇÕES NAVAIS, creio ser interessante aprofundar-se sobre o PL que altera a Lei nº 10.893/2004 sobre Adicional ao Frete para a renovação da MM, que trata da utilização destes recursos para apoiar o transporte de material e tropa em caso de Mobilização Nacional. Para tanto, sugiro contato com o CMG (FN-RM1) Custódio no EMA (3429 - 1676) ou o SC Fernando na mesma SECMOB (3312-4248). À disposição para ampliação dessas respostas e outras informações. Cordial abraço, Exmo Sr CA (FN) FERRAÇO, Cumprimentando VExa, como Gerente da Seção Mobilização Nacional da Subchefia de Mobilização deste MD, em atendimento à solicitação de VExa, passo a apresentar algumas reflexões e pensamentos acerca da Mobilização Nacional na atualidade, diante da oportunidade temporal estipulada na mensagem eletrônica, 23 agosto: Assim vejamos... Há pouco mais de cinco anos quando a Petrobras anunciara a descoberta de óleo leve em águas profundas na camada de pré-sal na Bacia de Santos ─ marco histórico de desenvolvimento ─ o Brasil promulgava sua primeira Lei de Mobilização Nacional. A partir de então, constatou-se a existência de um ordenamento jurídico pátrio, de previsão legal autorizativa da implementação da Mobilização Nacional, suprindo uma lacuna da Lei. 92 Renascia para a sociedade, assim, um instrumento constitucional essencial à Defesa Nacional, permitindo associar investimentos em áreas econômicas e sociais, articulando os planejamentos de mobilização com as atividades essenciais do Estado brasileiro, de modo a garantir soberania e desenvolvimento nacionais. O então Presidente Lula, em 2010, ao decretar a Política de Mobilização Nacional, dispunha que “os órgãos e as entidades da administração pública federal deverão considerar em seus planejamentos as ações que concorram para o fortalecimento do Sistema Nacional de Mobilização, o SINAMOB”. Assim, sob a égide do Regimento Interno do Comitê do SINAMOB ─ documento que detalha o funcionamento do colegiado, aprovado em 2010 ─ já se somam duas reuniões do Plenário do Comitê, com participação de ministros de estado, e dez reuniões da Secretaria Executiva. Posto que as realizações alcançadas com a participação de todos os envolvidos avançam institucionalmente, de há muito que se deseja investir na mentalidade de mobilização, possibilitando que tenhamos recursos humanos formadores de opinião e multiplicadores desse conhecimento. Conclui-se, portanto que a mobilização nacional, ainda em sua “primeira infância”, ensaia seus passos na busca de um Plano Nacional de Mobilização. Muito já foi feito, muito há de se fazer. Afinal, o País conta com um marco legal, cujo complexo processo de aprovação demanda condições políticas favoráveis. Precisamos marcar, pois, nos corações uma mentalidade favorável à mobilização, engajando todos na busca de compreender as ações de mobilização como um instrumento de dissuasão ligado à soberania nacional. Saímos nesses últimos dois anos (2012 e 2013) de uma fase essencialmente teórica e partimos para a prática, daí a pioneira preparação doutrinária adaptada ao I Exercício de Mobilização Nacional teve como objetivo precípuo despertar em cada Subsistema Setorial uma mentalidade de mobilização que permita associar investimentos em áreas econômicas e sociais, articulando os planejamentos de mobilização com as atividades essenciais do Estado brasileiro, de modo a garantir soberania e desenvolvimento nacionais. Para tal, com total transparência com os assuntos de Defesa, vêm sendo apresentados aos representantes do SINAMOB nas áreas política, econômica, social, comunicação, de segurança e inteligência, de defesa civil e científicotecnológica, embasamentos teóricos ligados ao modus operandi das Forças Armadas em sua missão constitucional de defesa da Pátria. Toda preparação doutrinária concorreu para incentivar pessoas dos setores público e privado para o tema mobilização de modo que despertem soluções voltadas para minimizar os efeitos negativos decorrentes da mobilização nacional na sociedade. O coroamento desta Preparação Doutrinária ocorrerá com os Órgãos de Direção Setorial do Sistema de Mobilização Nacional tomando parte, efetivamente, da Operação de Adestramento Conjunto SUL, em Porto Alegre, coordenada pela 93 CHOC, ao final do mês de setembro do ano em curso, ocasião na qual terão oportunidade de debater soluções diante de problemas militares simulados (PMS) que serão apresentados. O entendimento da manifestação de natureza preponderantemente militar do Poder Nacional ─ ou seja, a Expressão Militar do Poder Nacional brasileiro ─ é essencial aos planejamentos dos Órgãos de Direção Setorial do Sistema Nacional de Mobilização (ODS/SINAMOB) em suas respectivas áreas de competência, contribuindo no levantamento de soluções voltadas à sustentação da capacidade das Forças Armadas para o enfrentamento de agressão estrangeira, objetivo específico da Política de Mobilização Nacional. Assim, o I Exercício de Mobilização Nacional (EMN-I), este ano, iniciou-se com a apresentação, in loco, da Força Terrestre e do Poder Naval brasileiros, representados, respectivamente, pela Brigada de Infantaria Paraquedista e pela Força de Submarinos. Para o próximo ano, planeja-se explorar o Poder Aeroespacial brasileiro, com uma visita à Universidade da Força Aérea (UNIFA) e à Base Aérea de Santa Cruz (BASC), ambas no Rio de Janeiro, RJ. Sobre nosso planejamento, para 2012 a 2015, visa encerrar a implantação do Sistema Nacional de Mobilização, para tal as seguintes metas foram estabelecidas: Dotar o SINAMOB de uma ferramenta de informações gerenciais em apoio às atividades de mobilização; Promover a capacitação de recursos humanos no âmbito do SINAMOB; Manter atualizado o marco legal da Mobilização Nacional; e Apoiar à implantaçao os escritórios (ou núcleos) de Mobilização Nacional. Sobre a atualização do marco legal, afirmo a Vexa que se percebeu a necessidade de reestruturar o SINAMOB, deslocando da lei para o um ato infralegal (no caso decreto) a competência para compor e estruturar o SINAMOB. Assim, haverá tempo da prática de experimentações doutrinárias cujos dados extraídos dos exercícios de mobilização irão embasar argumentos que apontarão novos atores a serem integrados ao SINAMOB. Este caso, comporta, também, a possibilidade de estudar a efetividade da atual concepção de “subsistemas” e “órgãos coordenados” diante de uma nova organização por “áreas de competências”. Atualmente, estamos envolvidos nas seguintes atividades Preparação para a 3ª Reunião do Plenário do Comitê do SINAMOB – visando deliberar acerca da inclusão de novos órgãos no SINAMOB (ministérios e secretarias); Continuidade em inserir a mobilização na ferramenta SISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS DE LOGÍSTICA E MOBILIZAÇÃO DE DEFESA (SIGLMD); 94 Estágio de Mobilização Nacional, a ser realizado em 2014; Preparação da Exposição de Motivos de alteração na Lei de Mobilização Nacional; I Seminário Sul-americano sobre Mobilização Nacional – proposto para o Plano de Ação CDS / 2014, caso seja aprovado; Malha viária estratégica necessária à Defesa Nacional – apresentação do produto final; e Participar de estudos para alteração legal destinada a construção naval (financiamento) voltada à Mobilização Nacional. Participação do SINAMOB na Operação Laçador, Porto Alegre-RS, com apresentação de problemas virtuais de mobilização nacional e visita à Guarnição Militar de Santa Maria, centro de excelência de tropas blindadas e mecanizadas. Respondendo a pergunta de VExa acerca de indicadores, antes de mais nada, estudamos definir o que vem a ser “Capacidade de Mobilização”. Um trabalho RESERVADO, realizado nesta seção, apresenta um caminho a seguir que deverá servir de subsídio no momento oportuno. Espero ter ajudado, desejoso de poder conversar com VExa e colocar outras ideias. Respeitosamente, Cel Horta