primeira aula prática 1. Supondo que A, B 2 Mn⇥n (R) são matrizes tais que AB = O (onde O denota a matriz nula). Demonstre ou forneça um contra-exemplo para cada uma das seguintes afirmações. (a) A = O ou B = O. A afirmação é falsa, um possı́vel contra-exemplo obtém-se considerando 0 1 1 1 A= e B= 0 0 0 0 (b) BA = O. Esta afirmação também é falsa, basta considerar A e B como no exemplo anterior. (c) Se B tem inversa então A = O. Esta afirmação é verdadeira. Se AB = O e se B tem inversa então tem-se: AB = O ) (AB)B 2. Considere o sistema de equações 1 = OB 1 ) AI = O ) A = O. ( x+y z =↵ x y + 2z = (a) Determine a solução geral do problema homogéneo. O sistema homogéneo é o sistema Tem-se 1 1 Daqui resulta que y = 3z/2 e x = com z 2 R. (b) Considere que ↵ = 1 e particular do sistema. ( x+y z =0 x y + 2z = 0 1 1 1 0 2 0 ! 1 0 1 2 1 0 3 0 z/2. A solução geral do sistema homogéneo é então ( z/2, 3z/2, z) = 2 e verifique que x = 1, y = 1 e z = 1 é, nesse caso, uma solução Para verificar que (1, 1, 1) é solução do sistema inicial basta substitutir x, y e z por 1 em cada uma das duas equações e verificar que se obtêm igualdades verdadeiras. (c) Continuando a considerar ↵ = 1 e = 2 determine a solução geral do sistema. Tendo a soloução geral do sistema homogéneo e uma solução particular do sistema, a solução geral do sistema obtém-se somando essa solução particular à solução geral do sistema homogéneo. Neste caso, a solução geral do sistema é, portanto ✓ ◆ ✓ ◆ 1 3 1 3 (1, 1, 1) + z, z, z = 1 z, 1 + z, 1 + z , z 2 R 2 2 2 2 (d) Encontre uma solução particular do sistema quando ↵ = 3 e neste caso. = 6. Determine a solução geral, Observando que o sistema com os novos parâmetros se obtém do sistema anterior multiplicando ambas as equações por 3, fica claro que (3, 3, 3) é uma solução particular (verificar). Como o sistema homogéneo é o mesmo, a solução geral é, desta vez ✓ ◆ ✓ ◆ 1 3 1 3 (3, 3, 3) + z, z, z = 3 z, 3 + z, 3 + z , z 2 R 2 2 2 2 1 3. Considere o seguinte sistema de equações: 8 > <x + y z = ↵ x y + 2z = > : 3x + y = Estude a natureza dos sistema (possı́vel e determinado, possı́vel e indeterminado ou impossı́vel) em função dos parâmetros ↵, , . Considerando a 2 1 4 1 3 matriz do sistema e 3 2 1 1 ↵ 5!4 1 2 1 0 procedendo à eliminação de Gauss, obtém-se 3 2 1 1 1 ↵ 1 1 1 ↵ 0 2 3 ↵ 5!4 0 2 3 0 2 3 3↵ 0 0 0 Assim, se 2↵ 6= 0 o sistema é impossı́vel e se (O sistema nunca é possı́vel e determinado.) 4. Considere as matrizes A e B A= 1 3 4 2 , 2↵ B= ↵ 2↵ 3 5 = 0 o sistema é possı́vel e indeterminado. 3 1 0 2 Calcule AB e BA. Constate que AB 6= BA e que, portanto, a propriedade comutativa não é válida para o produto de matrizes. Trivial. 5. A transposta de uma matriz A = [aij ] é a matrix AT = [aji ], i.e., a primeira coluna de AT é a primeira linha de A, a segunda coluna de AT a segunda linha de A, etc. . . . A operação de transposição de matrizes satisfaz • (AT )T = A • (AB)T = BT AT (claro que esta regra generaliza a um qualquer número de factores) • (A + B)T = AT + BT • (↵A)T = ↵AT Uma matriz A diz-se simétrica se AT = A. Mostre que a matriz AT BA é simétrica se a matriz B é simétrica. Temos que verificar que AT BA coincide com a sua transposta: (AT BA)T = AT BT (AT )T = AT BA, usando as relações acima e o facto de B ser simétrica. 6. Mostre que se uma matriz simétrica A é invertı́vel então A Queremos mostrar que (A 1 T ) =A 1 . Usando a relação AA 1 T ) = IT , (A (AA 1 1 T é simétrica. 1 = I e transpondo ) AT = I , (A 1 T ) A=I porque A, I são simétricas. Assim, (A 1 )T é uma inversa esquerda de A pelo que só pode ser a inversa de A, i.e., (A 1 )T = A 1 . Desta forma concluı́-se que A 1 é simétrica. 7. Considere a matriz onde ↵, , 2 2 0 ↵ A=4 0 0 0 0 3 6= 0. Mostre que A 6= O mas A = O. 2 0 3 5 Tendo em conta que A2 = AA e A3 = AAA obtém-se 2 32 3 0 0 ↵ 5 =4 0 0 0 5 0 0 0 0 0 ↵ 4 0 0 0 0 2 2 0 ↵ 4 0 0 0 0 e 33 2 3 0 0 0 5 =4 0 0 0 5 0 0 0 0 8. Designando por diag(↵1 , . . . , ↵n ) a matriz diagonal de ordem n em que aii = ↵i (para 1 i n), verifique se dada uma matriz arbitrária A do tipo n ⇥ n, se tem sempre que AD = DA, quando D = diag(↵, ↵, . . . , ↵). Diga em que circunstâncias é que a matriz D é invertı́vel e, nesse caso, determine a inversa. Tem-se 2 6 6 6 4 a1,1 a2,1 .. . a1,2 a2,2 .. . ··· ··· .. . a1,n a2,n .. . an,1 an,2 ··· an,n enquanto que 2 ↵1 0 6 0 ↵2 6 6 .. .. 4 . . 0 0 ··· ··· .. . 0 0 .. . ··· ↵n 32 76 76 76 54 32 76 76 76 54 ↵1 0 .. . 0 ↵2 .. . ··· ··· .. . 0 0 .. . 0 0 ··· ↵n a1,1 a2,1 .. . a1,2 a2,2 .. . ··· ··· .. . a1,n a2,n .. . an,1 an,2 ··· an,n 3 2 7 6 7 6 7=6 5 4 3 2 7 6 7 6 7=6 5 4 ↵1 a1,1 ↵1 a2,1 .. . ↵2 a1,2 ↵2 a2,2 .. . ··· ··· .. . ↵n a1,n ↵n a2,n .. . ↵1 an,1 ↵2 an,2 ··· ↵n an,n ↵1 a1,1 ↵2 a2,1 .. . ↵1 a1,2 ↵2 a2,2 .. . ··· ··· .. . ↵1 a1,n ↵2 a2,n .. . ↵n an,1 ↵n an,2 ··· ↵n an,n Assim, se D = diag(↵, . . . , ↵), i.e., se ↵1 = ↵2 = · · · = ↵n = ↵ tem-se AD = DA. 3 7 7 7 5 3 7 7 7 5 Uma atriz diagonal já é uma matriz triangular superior, ou seja, será invertı́vel sse não tiver linhas de zeros, o que acontece se nenhum elemento da diagonal principal for nulo. Assim sendo diag(↵, . . . , ↵) é invertı́vel sse ↵ 6= 0. Pode constatar-se facilmente que diag(↵1 , . . . , ↵n ) · diag( 1, . . . , n) = diag(↵1 1 , . . . , ↵n n ) Assim, não é difı́cil constatar que se ↵ 6= 0 se tem, diag(↵, . . . , ↵) · diag(1/↵, . . . , 1/↵) = diag(1, . . . , 1) = I, pelo que D 1 = diag(1/↵, . . . , 1/↵). 9. Recorde que uma matriz A = [aij ] é triangular superior se todas as entradas abaixo da diagonal principal são nulas, i.e., se se tem aij = 0 para qualquer j > i. Mostre que o produto de duas matrizes triangulares superiores é uma matriz triangular superior. Consideremos duas matrizes A = [ai,j ] e B = [bj,k ] a primeira do tipo m ⇥ n a segunda do tipo n ⇥ p. A matriz produto AB = [ci,k ] é do tipo m ⇥ p. Um elemento abaixo da diagonal principal de AB é um elemento da forma ci,k = ai,1 b1,k + ai,2 b2,k + · · · + ai,n bn,k onde o ı́ndice de linha, i, é maior que o ı́ndice de coluna, k. Observando que tanto em A como em B qualquer elemento numa posição em que o ı́ndice de linha é superior ao ı́ndice de coluna é nulo, é fácil verificar que nas parcelas que compõem a soma acima, um dos factores é sempre zero, pelo que a soma é nula. 10. Suponhamos que A, B 2 Mn⇥n (R) e que se A é uma matriz quadrada então o traço de A, que se denota tr(A), é a soma de todos os elementos da diagonal principal. Mostre que (a) tr(A + B) = tr(A) + tr(B). (b) tr(↵A) = ↵ · tr(A). (c) tr(AB) = tr(BA). (d) tr(AT ) = tr(A). 3 (e) Se B é invertı́vel então tr(A) = tr(BAB 1 ). Suponhamos que A = [ai,j ] e B = [bi,j ]. (a) tr([ai,j ] + [bi,j ]) = tr([ai,j + bi,j ]) = (a1,1 + b1,1 ) + (a2,2 + b2,2 ) + · · · + (an,n + bn,n ) = (a1,1 + · · · + an,n ) + (b1,1 + · · · + bn,n ) = tr([ai,j ]) + tr([bi,j ]). (b) tr(↵[ai,j ]) = tr([↵ai,j ]) = ↵a1,1 + ↵a2,2 + · · · + ↵an,n = ↵(a1,1 + · · · + an,n ) = ↵tr([ai,j ]). (c) Tem-se que tr(AB) = n X a1,j bj,1 + n X b1,j aj,1 + j=1 enquanto que tr(BA) = n X a2,j bj,2 + · · · + n X an,j bj,n n X b2,j aj,2 + · · · + n X bn,j aj,n j=1 j=1 j=1 j=1 j=1 analisando em detalhe estas somas constata-se que contêm as mesmas parcelas pelo que são iguais. (d) O resultado é claro porque as diagonais de A e de AT são iguais. (e) É uma consequência imediata de (c) pois tr(BAB 1 ) = tr(ABB 1 ) = tr(AI) = tr(A). 11. Dada uma matriz quadrada A, uma matriz quadrada B com a propriedade AB = I diz-se uma inversa direita de A. Análogamente, se BA = I diz-se que B é uma inversa esquerda de A. Mostre que se uma matriz quadrada tem inversa esquerda e inversa direita, elas são iguais. Consideremos uma matriz quadrada A e suponhamos que existem matrizes B e C tais que AB = I = CA. Nestas condições tem-se C = CI = C(AB) = (CA)B = IB = B, comosepretendiaestabelecer. 12. Usando o facto que se uma matriz quadrada tem inversa direita ( resp. inversa esquerda) então é invertı́vel mostre que se uma matriz satisfaz a equação A3 A+I=O então, A é invertivel. Usando a relação no enunciado tem-se: A3 pelo que I A+I=O,I=A A3 , I = A(I A2 ), A2 é a inversa de A. 13. Diga para que valores do parâmetro ↵ o sistema seguinte é possı́vel: ( 3X1 X2 + ↵X3 = 0 3X1 X2 + X3 = 5 Considerando a matriz do sistema e o método de eliminação de Gauss, obtemos 3 1 ↵ 0 3 1 ↵ 0 ! 3 1 1 5 0 0 1 ↵ 5 pelo que o sistema é possı́vel se ↵ 6= 1. 14. Mostre que um sistema de equações lineares em que a matriz dos coeficientes é invertı́vel é sempre possı́vel e determinado. Um sistema pode ser sempre escrito na forma matricial Ax = b onde A é a matriz dos coeficientes, x é o vector cula das variáveis e b é o vector coluna dos termos independentes. Se A é invertı́vel então tem-se, Ax = b , A 1 Ax = A 1 b , x = A 1 b. Assim, x = A 1 b é a única solução do sistema pelo que este é possı́vel e determinado. 4 15. Que relação devem satisfazer ↵, , 2 seja possı́vel. A=4 para que o sistema Ax = b onde 3 2 3 2 3 1 4 7 x ↵ 5 0 3 5 5, x = 4 y 5, b = 4 2 5 9 z Considerando a matriz do sistema e eliminação 2 3 2 1 4 7 ↵ 1 4 4 0 5!4 0 3 5 3 2 5 9 0 3 de Gauss obtemos, 3 2 7 ↵ 1 5!4 0 5 5 2↵ + 0 Desta forma, para que o sistema seja possı́vel, tem que se ter 2↵ + 4 3 0 + 7 ↵ 5 0 2↵ + 6= 0. + 3 5 Segunda aula prática 1. Supondo que V é um espaço linear sobre K. Mostre que (a) O simétrico de qualquer vector é único, ou seja, dado ~v 2 V se w ~ 0, w ~ 1 satisfazem ~u + w ~ 0 = ~0 e se ~u + w ~ 1 = 0 então w ~0 = w ~ 1. Tem-se: w ~0 = w ~ 0 + ~0 = w ~ 0 + (~u + w ~ 1 ) = (w ~ 0 + ~u) + w ~ 1 = ~0 + w ~1 = w ~ 1. (b) Dado um escalar ↵ 2 K tem-se ↵~0 = ~0. Tem-se: ↵~0 = ↵(~0 + ~0) = ↵~0 + ↵~0. Adicionando a ambos os membros desta igualdade o vector obtém-se ~0 = ↵~0, como se pretendia. ↵~0 2. De um modo geral, diz-se que uma sucessão de números reais (xn ) é uma sucessão de Fibonacci se para todo o número natural n 2 N satisfaz a condição xn+2 = xn+1 + xn . Mostre que o conjunto de todas as sucessões de Fibonacci com as operações usuais de adição de sucessões e de multiplicação de uma sucessão por um escalar é um espaço linear. 3. Mostre que o conjunto R+ com a operação de adição de vectores, definida por a b := ab (aqui ab denota o produto usual em R) e a operação de multiplicação por escalar definida por ↵ b = b↵ , é um espaço linear real. Recorde-se que as operações com sucessões são efectuadas termo a termo. Desta forma (xn ) + (yn ) = (xn + yn ) e ↵(xn ) = (↵xn ). Como o espaço das sucessões reais algebrizado com esta operações é um espaço linear real, basta verifciar que o conjunto das sucessões de Fibonacci, constitui um subespaço deste. • A sucessão nula (0) é uma sucessão de Fibonacci, logo o conjunto de tais sucessões não é vazio. • Se (xn ), (yn ) são sucessões de Fibonacci, satisfazendo portanto xn+1 = xn+1 +xn e yn+1 = yn+1 +yn , então a respectiva soma (zn ) = (xn ) + (yn ) = (xn + yn ) é uma sucessão de Fibonacci. Com efeito zn+2 = xn+2 + yn+2 = (xn+1 + xn ) + (yn+1 + yn ) = (xn+1 + xn ) + (yn+1 + yn ) = zn+1 + zn . • Finalmente, quanto à multiplicação por escalar tem-se que se (yn ) = ↵(xn ) = (↵xn ) então, yn+2 =n+2 = ↵(xn+1 + xn ) = ↵xn+1 + ↵xn = yn+1 + yn . Assim também ↵(xn ) é uma sucessão de Fibonacci se (xn ) o for. 4. Considere o subconjunto de R3 definido por U = {(x, y, z) 2 R3 | x + y + z = 0}. Mostre que U é um subespaço linear de R3 . 5 Tal como no caso anterior basta mostrar que este conjunto não é vazio e é echado para somas de vectores e multiplicação por escalar. • Claramente (0, 0, 0) 2 U . • Se (x, y, x), (a, b, c) 2 U tem-se x + y + z = 0 e a + b + c = 0. A soma (x, y, z) + (a, b, c) = (x + a, y + b, z + c) é um membro de U pois (x + a) + (y + b) + (z + c) = (x + y + z) + (a + b + c) = 0 + 0 = 0. • Se (x,y,z)2 U , i.e., se x + y + z = 0 então, ↵(x, y, z) = (↵x, ↵y, ↵z) 2 U pois, ↵x + ↵y + ↵z = ↵(x + y + z) = ↵0 = 0. 5. Recorde que o traço de uma matriz A, que se denota por tr(A), é a soma dos elementos da diagonal principal. Verifique se o conjunto U = {A 2 Mn⇥n (R) | tr(A) = 0} é ou não um subespaço linear de Mn⇥n (R). Como se vê facilmente a matriz nula tem traço nulo pelo que é um elemento de U que, assim, não é vazio. Supondo que A, B 2 U então tr(A) = tr(B) = 0. Neste caso tr(A + B) = tr(A) + tr(B) = 0 + 0 = 0, pelo que A + B 2 U . Quanto à multiplicação por escalar, se A 2 U , i.e., se tr(A) = 0 então tr(↵A) = ↵tr(A) = ↵0 = 0, pelo que ↵A 2 U . 6. Como se sabe, o conjunto Rn [X] dos polinómios na incógnita X, com coeficientes em R e grau n é um espaço linear sobre R. Verifique se o conjunto U constituı́do pelos p(X) 2 Rn [X] tais que p(1) = 0 é ou não um subespaço linear de Rn [X]. O polinómio nulo anula-se no ponto 1 (anula-se em qualquer ponto) logo é membro de U e assim U não é vazio. Se p(X) e q(X) se anulam no ponto 1, então o mesmo sucede com (p + q)(X) pois (p + q)(1) = p(1) + q(1) = 0 + 0 = 0. Da mesma forma, se p(X) se anula no ponto 1, o mesmo sucede com (↵p)(X), uma vez que (↵p)(1) = ↵ · p(1) = ↵0 = 0. 7. Verifique se o conjunto U = {(x, y) 2 R2 | xy = 0} é ou não um subespaço do espaço R2 . Pode verificar-se que este conjunto não é fechado para a adição de vectores: (1, 1), (1, 1) 2 U mas (1, 1) + (1, 1) = (2, 0) 2 / U. 8. Considere dois subespaços U, W de um espaço linear V . (a) Mostre que U \ W é um subespaço linear de V . ~0 2 U e ~0 2 V , logo ~0 2 U \ V que, por isso, não é vazio. Se ~u, ~v 2 U \ V então ~u + ~v 2 U pois ~u, ~v 2 U e ~u + ~v 2 V pois ~u, ~v 2 V . Desta forma ~u + v 2 U \ V . De modo análogo se mostra que se ~u 2 U \ V então ↵~u 2 U \ V . (b) Mostre através de um exemplo que U [ W pode não ser um subespaço de V . Considerando os conjuntos U = {(x, y) 2 R2 | x = 0} e V = {(x, y) 2 R2 | y = 0}, correspondem a rectas que passam na origem sendo, por isso, dois subespaços de R2 . Mas a união não é fechada para a soma de vectores. Por exemplo (0, 1), (1, 0) 2 U [ V mas (0, 1) + (1, 0) = (1, 1) 2 / U [ U. (c) Designando por U + W o conjunto constituı́do por todas as somas ~u + ~v em que ~u 2 U e w ~ 2W mostre que U [ W ⇢ U + W e que U + W é um subespaço linear de V . (De facto, U + W é o menor subespaço de V que contém U [ W .) Se ~u 2 U então ~u = ~u + ~0 2 U + W ; se w ~ 2 W então w ~ = ~0 + w ~ 2 U + W . Conclui-se assim que U, W ⇢ U + W o que implica U [ W ⇢ U + W . Este facto também mostra que U + W não é vazio. Basta mostrar que U + W é fechado para a soma e para a multiplicação por escalar. Supondo que ~x, ~y 2 U + W então existem ~u1 , ~u2 , w ~ 1, w ~ 2 tais que ~x = ~u1 + w ~ 1 e ~y = ~u2 + w ~ 2 . Assim, ~x + ~y = (~u1 + w ~ 1 ) + (~u2 + w ~ 2 ) = (~u1 + ~u2 ) + (w ~1 + w ~ 2 ) 2 U + W, porque v 2 U e w ~1 + w ~ 2 2 W . Analogamente para o produto por escalar. 6 9. Supondo que V é um espaço linear e que ~v1 , . . . , ~vn 2 V denotamos por LV (~v1 , . . . , ~vn ) o conjunto de todas as combinações lineares de ~v1 , . . . , ~vn , ou seja, todos os elementos de V que são da forma ↵1~v1 + ↵2~v2 + · · · + ↵n~vn . Mostre que LV (~v1 , . . . , ~vn ) é um subespaço linear de V . • ~0 2 LV (~v1 , . . . , ~vn ), uma vez que se obtém considerando os escalares ↵1 , . . . ↵n nulos. • Considerando agora dois elementos de LV (~v1 , . . . , ~vn ), por exemplo ~x = ↵1,1~v1 + · · · + ↵1,n~vn e ~y = ↵2,1~v1 + · · · + ↵2,n~vn tem-se que: ~x + ~y = (↵1,1~v1 + · · · + ↵1,n~vn ) + (↵2,1~v1 + · · · + ↵2,n~vn ) = = (↵1,1 + ↵2,1 )~v1 + · · · + (↵1,n + ↵2,n )~vn 2 LV (~v1 , . . . , ~vn ). • Analogamente para a multiplicação por escalar. 10. Mostre que LR3 ((1, 0, 0), (0, 1, 0)) e LR3 ((1, 1, 0), (1, 1, 0)) são o mesmo subespaço de R3 . Para verificar que os espaços são iguais temos que mostar que LR3 ((1, 0, 0), (0, 1, 0)) = LR3 ((1, 1, 0), (1, 1, 0)) basta mostrar que LR3 ((1, 0, 0), (0, 1, 0)) ⇢ LR3 ((1, 1, 0), (1, 1, 0)) e LR3 ((1, 1, 0), (1, 1, 0)) ⇢ LR3 ((1, 0, 0), (0, 1, 0)) Para se verificar a primeira inclusão basta verificar que os vectores (1, 0, 0), (0, 1, 0) 2 LR3 ((1, 1, 0), (1, 1, 0)), uma vez que, contendo um conjunto de vectores, um subespaço contém todas as suas combinações lineares. Para verificar se (1, 0, 0) 2 LR3 ((1, 1, 0), (1, 1, 0)) é preciso verificar se existem escalares ↵, tais que (1, 0, 0) = ↵(1, 1, 0) + (1, 1, 0), isto é equivalente a dizer que o sistema 8 ( > <1 = ↵ + 1=↵+ , 0=↵ > 0=↵ : 0=0 é possı́vel (que é precisamente o que sucede). E pode proceder-se de modo análogo para o outro vector e, depois, para a outra inclusão. 11. Verifique se o o vector (1, 1, 1) é ou não elemento de LR3 ((1, 0, 1), (0, 1, 1)) Tem-se (1, 1, 1) 2 LR3 ((1, 0, 1), (0, 1, 1)) sse existem escalares ↵, tais que (1, 1, 1) = ↵(1, 0, 1) + (0, 1, 1), o que é equivalente a dizer que o sistema 8 > <1 = ↵ 1= > : 1=↵+ é possı́vel. Como é fácil constatar aquele sistema é impossı́vel, pelo que o vector em questão não é elemento de LR3 ((1, 0, 1), (0, 1, 1)). Terceira aula prática 1. Determine se cada um dos subconjuntos abaixo é ou não um subespaço de R4 e em caso afirmativo determine uma base: (a) U = {(x, y, z, w) 2 R4 | y = w = 0}; 7 U = {(x, y, z, w) 2 R4 | y = w = 0} = {(x, 0, z, 0) | x, y 2 R}. Os elementos de U são assim as combinações lineares dos vectores (1, 0, 0, 0) e (0, 0, 1, 0) ou seja, o conjunto L((1, 0, 0, 0), (0, 0, 1, 0)) que, como se sabe, é um subsepaço de R4 . O conjunto {(1, 0, 0, 0), (0, 0, 1, 0)} gera U e como se observa facilmente colocando estes vectores como linhas de uma matriz, são linearmente independentes pelo que {(1, 0, 0, 0), (0, 0, 1, 0)} é uma base de U . (b) W = {(x, y, z, w) 2 R4 | y w}. É fácil verificar que este conjunto não é fechado para a multiplicação por escalar pois, por exemplo, o vector (o, 1, 0, 0) 2 W mas, ( 1)(0, 1, 0, 0))(0, 1, 0, 0) 2 / W. 2. Determine uma base e a dimensão de U = LR3 ((1, 2, 0), (1, 4, 0), (1, 3, 1), (0, 1, 1)). De um conjunto gerador é sempre possı́vel obter uma base usando o método de eliminação de Gauss que, como se sabe preserva o espaço das linhas de uma matriz. Assim, considerando a matriz 2 3 1 2 0 6 1 4 0 7 7 A=6 4 1 3 1 5 0 1 1 o espaço das linhas 2 1 2 6 1 4 6 4 1 3 0 1 de A é precisamente o esapço 3 2 3 2 0 1 2 0 1 6 0 2 0 7 6 0 0 7 7!6 7 6 4 0 1 1 5!4 0 1 5 1 0 1 1 0 U . Procedendo à 3 2 2 0 1 6 0 1 0 7 7!6 4 0 1 1 5 1 1 0 eliminação de Gauss, temos 3 2 3 2 0 1 2 0 6 7 1 0 7 7!6 0 1 0 7 5 4 0 1 0 0 1 5 0 1 0 0 0 As linhas não nulas geram U e são linearmente independentes pelo que, vistas como vectores, constituem uma base de U que tem, portanto, dimensão 3, tendo-se assim U = R3 . 3. Seja W = {(2↵ 3 + , ↵, + ↵, ) | ↵, , caso afirmativo determine uma base de W . 2 R} ⇢ R4 . Verifique se W é um subespaço de R4 . Em Considerando um elemento arbitrário de W temos, (2↵ 3 + , ↵, + ↵, ) = (2↵, ↵, ↵, 0) + ( 3 , , , 0) + ( , 0, 0, ) = = ↵(2, 1, 1, 0) + ( 3, 1, 1, 0) + (1, 0, 0, 1). revelando que W = L((2, 1, 1, 0), ( 3, 1, 1, 0), (1, 0, 0, 1)) sendo por isso um subespaço de R4 . Usando o processo anterior podemos a partir deste conjunto gerador obter uma base de W . 4. Considere o espaço linear das matrizes M3⇥3 (R). Seja W o subconjunto formado pelas matrizes simétricas, i.e., as matrizes A tais que AT = A. (a) Mostre que W é um subespaço linear de M3⇥3 (R). A matriz nula é elemento de W , pelo que este não é vazio. Por outro lado, se A, B 2 W , ou seja se A = AT e B = B T então tem-se (A + B)T = AT + B T = A + B, pelo que A + B 2 W . Finalmente, se A 2 W tem-se (↵A)T = ↵AT = ↵A assim, ↵A2 W . Desta forma W é subespaço de M3⇥3 (R). (b) Determine uma base de W e calcule a sua dimensão. Cada elemento de W é uma matriz simétrica ou seja, da forma 2 3 ↵ x y 4 x z 5 y z que pode assim escrever-se 2 3 2 3 2 ↵ x y 1 0 0 0 4 x z 5 = ↵4 0 0 0 5 + 4 0 y z 0 0 0 0 2 0 0 1 +y 4 0 0 0 1 0 0 8 3 0 0 1 0 5+ 0 0 3 2 0 5+z4 0 0 2 3 2 3 0 0 0 0 1 0 4 0 0 0 5 + x4 1 0 0 5+ 0 0 1 0 0 0 3 0 0 0 1 5 1 0 ou seja W é o espaço gerado pelas 6 matrizes à direita e é, por isso, um espaço linear. Se designarmos por A1 , A2 , . . . , A6 essas matrizes, é fácil ver que, ↵1 A1 + ↵2 A2 + · · · + ↵6 A6 = O sse ↵1 = ↵2 = · · · = ↵6 = 0, desta forma aquelas 6 matrizes constituem uma base do espaço W que, assim, tem dimansão 6. 5. Já foi estabelecido num exercı́cio anterior que o conjunto das matrizes de ordem 2 tais que tr(A) = 0 constitui um subespaço linear de M2⇥2 (R). Determine a dimensão deste subespaço. Basta observar que o conjunto em questão consiste nas matrizes da forma ↵ ↵ e proceder como no exercı́cio anterior (este subespaço tem dimensão 3). 6. Considere o espaço liner U = R4 . Estabeleça cada uma das asserções seguintes ou mostre que é falsa, recorrendo, se apropriado, a contra-exemplos. (a) LR3 ((1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 0, 1, 1)) = U ; A asserção é falsa pois três vectores não podem gerar um espaço de dimensão 4. (b) O conjunto {(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0.0.1, 1), ( 1, 0, 0, 1)} é linearmente independente. A asserção é falsa. Colocando os vectores como linhas de uma matriz e procedendo À elimiação de Gauss surgirá uma linha de zeros pelo que o espaço das linhas tem dimensão 3. Os 4 vectores iniciais, que pertencem a este espaço, têm então que ser linearmente dependentes. (c) Qualquer conjunto de vectores {~v1 , ~v2 , ~v3 , ~v4 } ⇢ R4 tal que LR4 (~v1 , ~v2 , ~v3 , ~v4 ) é linearmente independente. A asserção é verdadeira: n vectores só podem gerar um espaço de dimensão n se forem linearmente independentes. (d) Se {~u, ~v } ⇢ R4 então existem vectores ~x, ~y tais que {~u, ~v , ~x, ~y } é uma base de R4 . A asserção é falsa: considerando ~u = ~v = ~0 tem-se que L(~u, ~v , ~x, ~y ) = L(~x, ~y ) e não pode ser R4 , uma vez que são necessários pelo menos 4 vectores para gerar R4 . 7. Considere os vectores 1 1 0 0 , 0 2 0 0 (a) Mostre que são linearmente independentes. É fácil verificar que ↵ 1 1 0 0 + 0 2 0 0 = 0 0 0 0 ,↵= =0 (b) Determine uma base de M2⇥2 (R) contendo aqueles vectores. Comecemos por determinar uma matriz linearmente independente das duas anteriores. Não é difı́cil constatar que qualquer combinação linear dessas duas matrizes terá a segunda linha nula. Assim, por exemplo, a matriz 0 0 1 0 não faz parte do espaço gerado por aquelas duas matrizes sendo por isso linearmente independente daqueles dois vectores. Obtivémos assim um conjunto linearmente independente com três vectores ⇢ 1 1 0 2 0 0 , , 0 0 0 0 1 0 9 Para obter uma base de M2⇥2 (R) precisamos de mais um vector independente daqueles 3. Mais uma vez, não é difı́cil constatar que qualquer combinação linear daquelas 3 matrizes terá um zero na segunda linha, segunda coluna. Assim a matriz 0 0 0 1 não pertence ao espaço que elas geram, pelo que o conjunto ⇢ 1 1 0 2 0 0 0 0 , , , 0 0 0 0 1 0 0 1 é linearmente independente constituindo assim uma base de M2⇥2 (R). 8. Considere U = LR4 ((1, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 0)) e W = {(x, y, z, w) | x y + w = z e z = 0}, subespaços de R4 . (a) Determine uma base de U + W . Sabemos que U + W é gerado pela união de quaisquer dois conjuntos geradores, um de U outro de W . Atendendo a que W = {(x, y, z, w) | x y + w = z e z = 0} = {(x, x + w, 0, w) | x, w 2 R} = L((1, 1, 0, 0), (0, 1, 0, 1)) concluı́mos então que U + W = L((1, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 0), (1, 1, 0, 0), (0, 1, 0, 1)) A partir deste conjunto gerador podemos agora obter facilmente uma base, colocando os vectores como linhas de uma matriz e procedendo à eliminação de Gauss (a dimensão de U + W é 3). (b) Determine a dimensão de U \ W (Obs: não precisa de determinar uma base para U \ W ). De facto não é necessário determinar explicitamente U \ W para determinar a sua dimensão. Como se sabe vale a fórmula: dim(U + W ) = dim(U ) + dim(W ) dim(U \ W ). Neste caso é muito fácil verificar que dim(U ) = dim(W ) = 2, pelo que tem que ser dim(U \ W ) = 1. Poderı́amos ter determinado directamente a intersecção U \ W , procedendo do seguinte modo: O espaço U pode ser caracterizado da seguinte forma (x, y, z, w) 2 U sse (9↵, )(x, y, z, w) = ↵(1, 1, 0, 1) + (1, 0, 0, 0), o que acontece sse o seguinte sistema (nas incógnitas ↵, ) é possı́vel 8 8 x=↵+ =x y > > > > > > <y = ↵ <↵ = y , > > z=0 z=0 > > > > : : w=↵ w=y ou seja, se w = y e z = 0. Desta forma U \ W = {(x, y, z, w) | x y + w = 0 ^ z = 0 ^ w = y} = {(x, y, z, w) | x = 0, z = 0, w = y} = = {(0, y, 0, y) | y 2 R} = L((0, 1, 0, 1)). concluindo-se desta forma que tem dimensão 1. 9. Um espaço linear V diz-se a soma directa de dois dos seus subespaços U e W , escrve-se V = U W se V = U + W e se U \ W = {~0}. (Neste caso, dim(V ) = dim(U ) + dim(W ) e uma base de V obtém-se unindo uma base de U com uma base de W .) (a) O conjunto das matrizes simétricas de ordem n (ou seja, satisfazendo A = AT ) é um subsepaço de Mn⇥n (R). Mostre que o conjunto das matrizes anti-simétricas de ordem n (ou seja, satisfazendo AT = A) é um subespaço de Mn⇥n (R). 10 A matriz nula é anti-simétrica, pelo que o conjunto das matrizes anti-simétricas não é vazio. Se A, B são antisimétricas, ou seja, se AT = A e B T = B então a sua soma satisfaz (A + B)T = AT + B T = pelo que é anti-simétrica. Por outro lado, se AT = A B= (A + B), A tem-se que (↵A)T = ↵AT = ↵( A) = (↵A), pelo que ↵A ambém é anti-simétrica. Desta forma o conjunto das matrizes anti-seimétricas não é vazio e é fechado para a multiplicação por escalr e soma de matrizes, sendo por isso um subespaço de Mn⇥n (R). (b) Mostre que dada uma qualquer matriz A de ordem n, as matrizes 1 (A + AT ) e 2 1 (A 2 AT ) são, respectivamente simétrica e anti-simétrica. Faremos a verificação para a segunda, a primeira é análoga. ✓ 1 (A 2 ◆T 1 A ) = (A 2 T AT )T = 1 T (A 2 (AT )T ) = 1 T (A 2 A) = 1 (A 2 AT ), pelo que é anti-simétrica. (c) Sendo Simn (R) e ASimn (R) os subespaços das matrizes simétricas e anti-simétricas de ordem n, respectivamente, mostre que Mn⇥n (R) = Simn (R) ASimn (R). Tenha em conta que para qualquer A 2 Mn⇥n (R), A= 1 1 (A + AT ) + (A 2 2 AT ). A relação anterior mostra que Mn⇥n (R) = Simn (R) + ASimn (R). A relação é verdadeira uma vez que 1 1 1 1 1 1 T (A + AT ) + (A AT ) = A + AT + A A = A. 2 2 2 2 2 2 Finalmente, para verificar que a soma é directa é preciso dmonstrar que a intersecção Simn (R) \ ASimn (R) = {~0}.ou seja que só a matriz nula é ao mesmo tempo simétrica e anti-simétrica. Isso é claro uma vez que se A é simétrica tem-se A = AT e se é anti-simétrica tem-se A = AT então terá que ser A = A o que implica imediatamente A = O. 11