ESQUEMA PARADIGMÁTICO: UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE
PARA O ESTUDO ETNOGRÁFICO NA ÁREA EDUCACIONAL
POVALUK, Maristela - PUCPR
[email protected]
Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: Não contou com financiamento
Resumo
O referido artigo apresenta a experiência realizada no Seminário de Tese II, de uma
Universidade de grande porte do Estado do Paraná, com nove acadêmicos e duas professoras
do Programa de Pós-Graduação -Doutorado em Educação. A disciplina possibilitou analisar
os enfoques teórico-metodológicos da pesquisa em educação em relação ao instrumento
didático “ Esquema paradigmático”, que teve por finalidade buscar a relação entre a pergunta
e a resposta em uma pesquisa científica.
O referido seminário de tese II objetivou
proporcionar uma discussão relacionada à formação de pesquisadores, sendo concebido
como um espaço de discussão teórico metodológica, pois nesse processo ocorreu a
socialização de experiência em pesquisa e o aprofundamento metodológico com relação a
elaboração do projeto de tese. No decorrer do processo houveram a reflexão crítica para
compreensão dos pressupostos epistemológicos a luz teórica de Gamboa (2007), partindo do
esquema paradigmático, foram analisadas dissertações e teses, com relação a construção da
pergunta e da resposta, tendo como base os níveis: técnico, metodológico, teórico,
epistemológico, e os pressupostos:gnosiológico e ontológico.A
análise paradigmática
baseou-se em uma dissertação de mestrado defendida em 1996 na modalidade de pesquisa
em educação etnográfica. O estudo efetivado utilizou-se o esquema paradigmático de
Gamboa (2007) que possibilitou analisar os fundamentos teóricos da produção científica
desde a elaboração da pergunta até a construção da resposta. A partir da análise
paradigmática, foi possível sintetizar as dificuldades e a relevância do estudo etnográfico em
educação, pois a dissertação analisada apresentou uma grande contribuição para
compreender a dinâmica da produção científica e o despertar da vigilância epistemológica.
Esta experiência, ampliou os conhecimentos dos doutorandos possibilitando uma análise
crítica com relação as etapas de pesquisa de tese especificamente o estudo etnográfico.
Palavras-chave: Esquema paradigmático. Análise metodológica. Estudo etnográfico.
Introdução
No Seminário de Tese II, propiciou aos doutorandos uma ampliação de seus
conhecimentos, articulando a teoria e a prática, por meio da leitura epistemológica de uma
investigação científica, utilizou-se do esquema paradigmático proposto por Gamboa (2007),
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para efetuar o estudo etnográfico a partir do esquema paradigmático da dissertação de
mestrado esculpindo geodos, tecendo redes: Estudo etnográfico sobre tempo e avaliação na
sala de aula .
O “Esquema Paradigmático”, como é denominado o instrumento que construímos,
supõe o conceito de paradigma, entendendo este como uma lógica reconstituída ou
maneira de organizar os diversos recursos utilizados no ato da produção de
conhecimento. Por isso consideramos que a unidade básica da análise paradigmática
corresponde à lógica de um processo de produção de conhecimento presente em
todo o processo de investigação científica. (GAMBOA, 2007, p. 68).
Desta maneira este artigo apresenta a leitura epistemológica
da abordagem
etnográfica a partir do esquema paradigmático de Gamboa (2007) dissertação de mestrado
intitulada: Esculpindo geodos, tecendo redes: Estudo etnográfico sobre tempo e avaliação na
sala de aula .
A Dissertação apresentada à Faculdade de Educação de São Paulo para obtenção do
título de Mestre em Educação teve como Orientadora: Doutora Belmira A. Oliveira Bueno.
A autora Tânia Maria Figueiredo Braga Garcia e graduada em Filosofia pela Universidade
Federal do Paraná (1972) , com Pedagogia Habilitação Supervisão Escolar pela Universidade
Federal do Paraná (1980). Fez Mestrado em Educação pela Universidade de São Paulo
(1996) e Doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (2001).
Atualmente é Professora Adjunto da Universidade Federal do Paraná. Coordena o
Núcleo de Pesquisas em Publicações Didáticas/UFPR, cujas atividades incluem o estudo, a
avaliação e a produção de materiais didáticos, destinados a alunos e a professores. Tem
experiência na área de Educação, com ênfase em: ensino e aprendizagem, atuando
principalmente nos seguintes temas: didática, manuais didáticos, formação de professores,
educação histórica. Dedica-se também à temática da pesquisa educacional, investigando
abordagens para: O ESTUDO DO COTIDIANO ESCOLAR, onde vem realizado nas escolas
estaduais públicas
Com relação ORGANIZAÇÃO da referida dissertação a mesma foi subdividida em
Introdução: Capítulo 1: Pontos de Partida: o tema;A forma de abordagem; Idéias e
pressupostos levantados para o trabalho de campo; Avaliação como julgamento, o professor
como juízo; A busca de critérios objetivos; Modelo democrático de ensino. Neste primeiro
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capítulo a autora demonstrar que o professor não é juiz é um tecedor da Avaliação que é um
processo considerado classificatório.
No capítulo 2, foi abordado a construção da investigação, enfocando os seguintes
itens: Do fracasso ao sucesso escolar: mudando o foco da pesquisa; Que espaço é
esse;Chegando a sala de aula; Quem é Laura ; Definindo o objeto de estudo.
O Capítulo 3 enfatizou o tempo: perguntando por seu papel, sendo subdividido em: O
tempo da ciência; O tempo do cotidiano; O tempo escolar. No capítulo 4: A riqueza do tempo
perdido, enfocou os seguintes itens: Tecendo o “fio das horas”: a rotina na sala de aula; A
distribuição do tempo; O momento oportuno;
O ritmo; No tempo perdido, a rede
tecida:desvelando.
Para finalizar, nas considerações finais foi elencado o
atendimento individual e a
avaliação dos alunos; Revendo posições e pressuposições iniciais; Dinâmica da sala de aula:
O que mudou e o que não mudou. Como enfatizou Gamboa (2007, p. 53) em sua obra
Pesquisa em Educação:
A recuperação da lógica interna da pesquisa supõe a reconstituição das articulações
entre os diversos fatores que integram os processos da produção do conhecimento.
(...) a abordagem epistemológica poderá esclarecer as relações entre técnicas,
métodos, paradigmas científicos, pressupostos gnosiológicos e ontológicos, todos
eles presentes, mais ou menos explícitos, em qualquer pesquisa científica.
No Esquema Paradigmático de Gamboa (2007) com relação a analise da dissertação,
aborda a lógica reconstituída na relação dialética entre Pergunta (P) e Resposta (R).
Figura 1- Relação dialética entre pergunta e resposta
O ponto de partida de todo o processo de pesquisa está na elaboração da pergunta. A
pergunta (P) se processa a partir do mundo da necessidade que se traduz em
indagações e questões que se qualificam em perguntas claras, distintas e
concretas.(GAMBOA, 2007, p. 69).
7071
Com relação a construção da pergunta, o problema de pesquisa partiu de questões
significativas para a pesquisadora, pois a decisão de obter um conhecimento maior sobre as
práticas de avaliação do rendimento escolar dos alunos dirigiu o foco para referida
investigação para o trabalho desenvolvido em sala de aula .Partiu de observações realizadas
durante um período de treze meses em uma sala de aula de terceira série, de entrevistas
realizadas com a professora e com os alunos, e pelo exame de documentos. O foco destaca
sobre as práticas de uma professora (referida Laura) considerada bem sucedida e sobre a
organização do tempo na sala de aula.
Sendo que momento da construção da pergunta a autora, era professora da Rede
Municipal de ensino de Curitiba, período da década de 90. Nesse período a questão da
avaliação passava por discussão intensa, em decorrência da implantação de novos modelos de
seriação e ciclos de aprendizagem. E a sua construção teve como objetivo compreender em
maior profundidade os processos relacionados a aprovação e reprovação dos alunos de 1
Grau.
Esse contexto era o mundo da necessidade da autora que gerou a questão problema
para sua dissertação, relacionado com a sua prática pedagógica, reflexão e cotidiano de
trabalho do docente. O enfoque inicial sofreu alteração, depois que a autora efetuou a primeira
exploração de campo, a ênfase que era o fracasso passou a ser o sucesso. Tal questão se baseia
pelo uso de estratégias diferenciadas viabilizadas pela professora, afim de atender os
diferentes alunos nas diversas situação associada a uma outra questão de extrema relevância:
a professora não admitia a possibilidade dos alunos não aprenderem.
O problema foi retomado inúmeras vezes na dissertação a partir da pesquisa de campo.
A autora esclareceu detalhadamente as escolhas com clareza no decorrer sua dissertação,
respaldada no suporte teórico bem sustentado no decorrer da sua pesquisa.
Ao mapear as escolas que poderiam ser alvo da pesquisa apenas duas aceitaram
participar. Nas referidas escolas escolheu duas professoras que se apresentaram como
voluntárias. Tendo a professora Laura, considerada responsável e bem sucedida pelos
resultados com seus alunos em termos de aprovação. Assim, parte de uma professora
experiente e outra iniciante. Devido a este aspecto ao invés de analisar o fracasso, passou a
pensar no sucesso, pois a professora escolhida era experiente e respeitada pela comunidade
escolar.
7072
As análises foram desenvolvidas a partir de três categorias: distribuição do tempo,
momento oportuno e ritmo. O tempo como uma categoria de análise para pensar na avaliação,
este tempo, foi dimensionamento que se apresentou na dinâmica da pesquisa.
Figura 2 – Tempo como categoria de análise
Fonte: vidadeyoga
A escolha ocorreu quando a autora observou que a professora: organizada, ocupava
um tempo demasiado na correção individual das atividades em sala de aula. Desta maneira a
questão passa da reflexão sobre o fracasso escolar para “O estudo de processos relacionados a
organização das atividades da professora e sua distribuição no tempo no dia a dia da sala de
aula. Analisar as práticas de avaliação (APROVAÇAO/ REPROVAÇÃO) no ensino público
fundamental na terceira série, devido a pesquisadora verificar o fato de que os alunos depois
de alfabetizados ainda reprovassem significativamente nesta série .
Segundo Gamboa (2007, p. 72) na elaboração da resposta se integram diversos níveis
como: técnico, metodológico, teórico e epistemológicos, logo os pressupostos gnosiológicos e
ontológicos.Assim, a pesquisa em educação apresenta tais elementos que serão elencados :
Na construção da resposta o NIVEL TÉCNICO compreende as Fontes; Técnica de
coleta; Organização; Sistematização;Tratamento de dados e Informações. A dissertação foi
construída por meio dos instrumentos utilizados, entrevistas; observações de campo e analise
de documentos
Figura 3 - Construção da resposta, o nível técnico
7073
As categorias foram evidenciadas de acordo com a necessidade e as reflexões
apresentadas no decorrer da pesquisa. Portanto a pesquisadora se preocupou em usar listagem
dos registros realizados durante o trabalho de campo empregando determinados códigos
realizados nos registros e o
mapeamento da posição dos alunos em sala de aula. As
entrevistas com a professora e os alunos envolvidos na dinâmica escolar.
O NÍVEL METODOLÓGICO, de acordo com Gamboa (2007, p.72): Abordagens e
processos de pesquisa: formas de aproximação ao objeto (delimitação do todo, sua relação
com as partes) e (des) consideração dos contextos.A pesquisa referida demonstra a relação
sujeito é objeto considera-se dialética, pois o objeto transformou o problema de pesquisa no
decorrer de sua implementação. No momento de contato, a professora é reconhecida e assume
as características de uma relação positiva, apesar da severidade que trabalhava com a turma
no momento da correção dos erros e das contradições presentes no cotidiano de sua sala de
aula.Percebendo tais questões na relação existente entre : escola e comunidade; escola e no
sistema municipal de ensino.(mantenedora)
Partindo desse pressuposto a pesquisa de campo foi de forma intensiva e prolongada
no sentido de observar, registrar e descrever analiticamente as questões no interior da sala de
aula.
A técnica da observação no processo foi privilegiado no trabalho de campo associado
a outras formas.O trabalho de campo que compreende operações de analise para evitar que a
investigação apenas valide posições assumidas pelo investigador em relação ao seu objeto.
A análise produzidas a partir de investigação etnográfica realizada na escola pública,
localizada na periferia de Curitiba (PR), envolve a observação e a
pesquisadora como
integrante da produção do conhecimento. a observação e a análise caminham de forma
interligada com a reflexão e a construção teórica. A pesquisadora iniciou o trabalho de campo
a partir de questões amplas (iniciais) que foram gradativamente sendo definidas, recortadas e
especificadas. Este estudo contribui, na análise dessa dissertação, para que os aspectos
observados na sala de aula, a questão “a forma como o tempo era organizado e distribuído no
referido contexto, que constituiu-se na referida pesquisa, teve a finalidade de explicar as
relações com as práticas da avaliação e as interações entre professor e aluno, no processo de
construção do conhecimento.
Com relação ao NÍVEL TEÓRICO, Gamboa (2007, p. 72), “Fenômenos
privilegiados;núcleo conceitual básico;autores e clássicos cultivados;pretensões críticas;tipo
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de mudança proposta”. Com relação ao Fenômeno privilegiado na dissertação da
pesquisadora: Dinâmica da ação de uma professora que teve sucesso nas suas avaliações.
Foram estabelecidas categoriais da autora sendo estas: avaliação e tempo; cultura
escolar/produções teóricas sobre as observações em sala de aula.
A dissertação não proporcionou nenhuma mudança, mas a pesquisadora ao repensar
as suas certezas e pressupostos com relação a avaliação e na dicotomia professor/ aluno;
autoridade/ dominação; acompanhamento/ avaliação.
Esta dissertação considera-se o ponto de partida estudos sobre a avaliação educacional
e fracasso escolar: Carraher e Schlienmann, (1983); Sandra de Suza, (1986); Patto, (1991).
Busca de referenciais para além do estruturalismo; o papel de Gramsci e autores marxistas
latino americanos, contribuições do estruturalismo (Strauss), contribuições que a antropologia
da a outras ciências humanas modo de conhecimento-observação direta na perspectiva de
Forquim (1993), uma cultura da escola.
Os processos de análise etnográfica (Rockwell, 1985; Ezpeleta; Rockwell, 1989;
Erickson, 1984) contribuíram para que, entre os diversos aspectos observados na rotina
daquela sala de aula, a forma como o tempo era distribuído e organizado se constituísse em
objeto de estudo.
Já no NÍVEL EPISTEMOLÓGICO, Gamboa (2007, p. 72): concepção de causalidade,
de validação da prova científica e de ciência (critério de cientificidade).
Figura 4 – Nível epistemológico
A pesquisadora na dissertação não está procurando relações de causalidade,
regularidade.Constatou-se a utilização do referencial antropológico da descrição e
posteriormente construindo-se uma explicação.Logo a dinâmica escolar observada, foi sendo
efetuada uma construção, uma explicação, pois a ciência é um processo de construção.
A pesquisadora efetua uma descrição densa, consistente para que o leitor a partir da
sua própria experiência generalize e estabeleça as relações necessárias.
7075
No que se refere às concepções de objeto e sujeito os PRESSUPOSTOS
GNOSIOLÓGICOS seria as “Maneiras de abstrair, generalizar, conceituar, classificar e
formalizar, ou maneiras de relacionar o sujeito e o objeto. Critérios de construção do objeto
científico”. (GAMBOA, 2007, p. 72)
A dissertação conceitua algumas categorias: tempo; avaliação e a teorização ocorre de
acordo com as necessidades da pesquisadora. A generalização também não é utilizada, pois
não é característica do estudo etnográfico. Sendo que a idéia do geodo é utilizada pela
pesquisadora como metáfora das relações entre avaliação e tempo na sala de aula. Outra
estratégia de atendimento que marca sua forma de trabalhar pode ser um indício de outros
caminhos para se entender o tipo de relação ética da referida professora que estabelece com
seus alunos, na perspectiva do “desvelo” (Bueno; Garcia,1994).
Figura 5- Idéia de Geodo
Fonte: Geodo ágata azul.
Assim, é importante ressaltar que pesquisadora observa atentamente o interior da sala
de aula , bem como se mostra presente e dialoga com os leitores sobre as suas idéias e
escolhas, sendo que os critérios foram construídos e discutidos na dissertação.
E nos PRESSUPOSTOS ONTOLÓGICOS: temos as “Categorias abrangentes e
complexas, concepção de homem, de educação e Sociedade, concepções de realidade
(Concepções de espaço, tempo e movimento)”. Gamboa (2007, p. 72)
Após a análise da dissertação a pesquisadora demonstra: concepção crítica da
sociedade; engajamento nas lutas para uma educação de qualidade; educação democrática;
representa possibilidade de transformação através da prática escolar.
Evidenciou-se, diante do exposto dimensão dialética: repensar continuamente relação
teoria e prática; característica do estudo etnográfico no estudos realizados, sendo conhecido
numa abordagem qualitativa e o próprio pesquisador precisa se contaminar no campo de
estudo e produzir definições afim de participar ativamente da vida da população estudada.
É importante ressaltar, segundo Gamboa (2007, p.182) que:
7076
Na fase atual do desenvolvimento da pesquisa educativa, que se caracteriza pela
profusão de abordagens teórico-metodológicas, de onde as possibilidades de opções
epistemológicas são muitas, é urgente a elucidação dos pressupostos de cada
abordagem, a busca de seus fundamentos epistemológicos e filosóficos e maior a
responsabilidade por esclarecer as correspondentes implicações sociais e políticas de
cada opção. De igual maneira, é premente a necessidade de reflexões sobre as
atitudes éticas do pesquisador em educação.
O tempo é organizado por Laura, para ensinar, mas sua organização se submete, de
certa forma, às necessidades de seus alunos. A referida professora, ocupa o tempo maior em
sala de aula para fazer o que cabe à escola fazer, ou seja, ensinar. E, para ela, a forma mais
eficiente de fazer isso é atendê-los o maior tempo possível, um a um.
Portanto, na referida pesquisa, o ritmo do tempo se subordina à ação e à interação de
Laura com seus alunos. McLaren (1991) aponta um aspecto que contribui para confirmar que
a estratégia de trabalho usada pela professora Laura pode ser, também, uma explicação
plausível para os bons resultados que ela obtém. Poderia dar mais sentido, se o ensino
individualizado fosse mais enfatizado, juntamente com um monitoramento mais crítico dos
valores associados com a cultura expressiva da escola (as atividades, procedimentos e
avaliações envolvidas na transmissão de valores e suas formas derivadas). O controle e
monitoramente da sala seria modificado no sentido de maior flexibilidade ao permitir maior
número de rituais gerados pelos alunos. Segundo Garcia (1996, p. 134) enfatiza que:
Do ponto de vista desta pesquisa, poder-se-ia dizer que a sala de Laura revelou-se
não como uma “caixa preta” – expressão que tem sido bastante empregada para os
estudos da sala de aula – mas como um geodo que, aberto, revela em sua intimidade
– na expressão de Bachelard – um interior maravilhoso. Um interior que o tempo,
criador, esculpiu, produzindo formas, entrelaçamentos, figuras [....]
Ressaltou a necessidade de se pensar a temporalidade da sala de aula, possibilitando
uma estratégia de trabalho que privilegia o atendimento individual aos alunos e evidenciam as
formas de uso do tempo que se apresentam como significativos espaços de produção de
relações no cotidiano escolar.
Considerações Finais
O estudo de caso etnográfico da dissertação de mestrado escrita por GARCIA (1996),
analisada a partir do “esquema paradigmático” de GAMBOA (2007), que elaborou categorias
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de análise que foram
relacionadas com a construção teórica e metodológica apresentadas
pela autora na sua investigação, que abordou as práticas de avaliação do rendimento escolar,
com ênfase nos processos que resultaram na aprovação ou na reprovação dos alunos.
Esta análise permitiu a compreensão da lógica interna da pesquisa etnográfica
realizada em uma escola pública de ensino fundamental, localizada na periferia de Curitiba
(PR). Os resultados da pesquisa foram obtidos a partir de observações realizadas durante um
período de treze meses em uma sala de aula de terceira série, de entrevistas realizadas com a
professora e com os alunos através da análise documental. O problema teve como base as
práticas de uma professora bem sucedida e sobre a organização do tempo na sala de aula. As
análises foram desenvolvidas a partir de três categorias: distribuição do tempo, momento
oportuno e ritmo.
Os resultados do estudo permitiram ampliar a compreensão sobre as relações entre o
tempo escolar, o ensino e a avaliação. A experiência vivenciada na disciplina de Seminário
de Tese II, possibilitou a análise e a reflexão dos projetos de tese dos doutorandos, através de
melhorias na qualidade da pesquisa científica na área educacional. A partir da análise
paradigmática, foi possível sintetizar as dificuldades e a relevância do estudo etnográfico em
educação, pois
a dissertação analisada apresentou uma
grande contribuição para
compreender a dinâmica da produção científica e o despertar da vigilância epistemológica.
Neste sentido, o referido trabalho subsidiou os acadêmicos na sistematização a realimentação
dos projetos de tese, baseado nas leituras realizadas no decorrer da disciplina ofertado pelo
programa.
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