METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA DEPENDABILIDADE DE SMART GRIDS Danielle Marques∗, Larissa de Souza∗, Luiz Affonso Guedes∗, Maria Da Guia Da Silva†, Ivanovitch Silva∗ ∗ Universidade Federal do Rio Grande do Norte Laboratório de Informática Industrial Natal, RN, Brasil † Universidade Federal do Maranhão Departamento de Engenharia de Eletricidade São Luis, MA, Brasil Emails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Abstract— Smart Grids are a new trend of electric power distribution, the future of current systems. These networks are continually being introduced in order to improve the reliability of systems, providing alternatives to energy supply and cost savings. Faced with increasing electric power grids complexity, the energy demand and the introduction of alternative sources to energy generation, all components of the system require a fully integration in order to achieve high reliability and availability levels (dependability). The systematization of a Smart Grid from the Fault Tree formalism enable the quantitative evaluation of dependability of a specific scenario. In this work, we propose a methodology for dependability evaluation of Smart Grids. A study of case is described in order to validate the proposal. With the use of this methodology, it is possible to estimate during the early design phase the reliability, availability of Smart Grid beyond to identify the critical points from the failure and repair distributions of components. Keywords— Smart Grid, Fault Tree, Reliability, Availability Resumo— Redes inteligentes representam um novo conceito de distribuição de energia elétrica, que são o futuro dos sistemas atuais. Essas redes têm sido introduzidas com o objetivo de aumentar a confiabilidade dos sistemas, prover alternativas para o suprimento de energia e reduzir custos. O aumento da complexidade das redes de energia, a crescente demanda e a introdução de fontes renováveis de geração de energia, requerem uma integração e operação de todos os componentes do sistema, a fim de garantir altos ı́ndices de confiabilidade e disponibilidade (dependabilidade). A sistematização das redes inteligentes a partir do formalismo matemático de Árvores de Falhas possibilita a análise quantitativa de tais ı́ndices. Nesse trabalho é proposto uma metodologia para análise da dependabilidade de redes inteligentes no contexto de distribuição de energia elétrica. Um estudo de caso é proposto para validar a proposta. A partir da metodologia é possı́vel estimar ainda na fase de projeto a confiabilidade e a disponibilidade, e identificar os pontos crı́ticos da rede através das distribuições estocásticas das taxas de falhas e reparos dos componentes. Palavras-chave— 1 Redes Inteligentes de energia elétrica, Árvore de Falha, Confiabilidade, Disponibilidade. Introdução Atualmente, as redes de distribuição de energia elétrica são bastante complexas e pouco adaptadas para as necessidades do século 21 (Gungor et al., 2013). Fatores como o aumento populacional, mudanças climáticas, falhas de equipamentos, limitações na capacidade de geração de energia, resiliência e a redução dos combustı́veis fósseis têm sido apontados como justificativa para a criação de uma nova infraestrutura para distribuição de energia elétrica (Vardakas et al., 2015). Nesse contexto, surge a Smart Grid (SG), uma rede inteligente de energia elétrica. Essa infraestrutura representa um aprimoramento das redes de energia atuais, uma vez que integra inteligência computacional, monitoramento/sensoriamento e tecnologia de informação desde a geração, passando pela transmissão, distribuição até o consumo. Para tanto, é necessário garantir um sistema de distribuição que tenha capacidade de atender cenários de geração distri- buı́da de caracterı́stica intermitente, que possua altos requisitos de confiabilidade, resiliência, eficiência e sustentabilidade. Assim, surge a necessidade de avaliar de forma quantitativa o grau de tolerância a falhas das SG, de preferência, ainda nos estágios iniciais da fase de projeto. Uma solução para o problema pode ser encontrada na análise da dependabilidade dos componentes que formam a infraestrutura de uma SG. Dependabilidade pode ser entendida como a habilidade de um sistema evitar falhas nos serviços mais crı́ticos (Avizienis et al., 2004), combinando e integrando as propriedades de confiabilidade, disponibilidade, mantenabilidade, integridade e segurança. A análise da dependabilidade avalia a capacidade do sistema alvo de evitar falhas nos serviços que podem causar grandes perdas, muito maiores que o aceitável. Face à complexidade da infraestrutura de uma SG, assim como o aumento da carga e a aleatoriedade no fornecimento de energia elétrica das fontes de geração distribuı́da, faz-se necessário sistema- tizar o processo de análise da dependabilidade do sistema. Dessa forma, esse trabalho propõe uma metodologia para análise da dependabilidade de uma SG considerando que os componentes da rede de distribuição (transformador, geradores distribuı́dos, alimentadores) podem falhar e serem reparados. Devido sua flexibilidade de modelagem e adaptação à sistemas complexos, o formalismo de Árvores de Falhas (FT) será adotado na metodologia proposta. A avaliação será realizada através da ferramenta sharpe, amplamente adotada na literatura (Sahner et al., 2012). Um estudo de caso real é utilizado para a validação da metodologia proposta. Esta metodologia pode ser expandida para gerar automaticamente código para a ferramenta sharpe. Tal funcionalidade será abordada em trabalhos futuros. O restante deste artigo está organizado da seguinte forma: a Seção 2 descreve os trabalhos mais recentes relacionados ao assunto; a Seção 3 apresenta uma breve descrição sobre o formalismo de Árvores de Falhas. A metodologia é apresentada na Seção 4 enquanto que resultados são discutidos na Seção 5. Finalmente, as conclusões e sugestões para trabalhos futuros são apresentadas na Seção 6. 2 Trabalhos Relacionados Poucos trabalhos podem ser encontrados na literatura sobre a avaliação da dependabilidade de uma SG considerando sua infraestrutura fı́sica e fontes diversas de geração de energia. (Song et al., 2014) desenvolveu um modelo de simulação onde é possı́vel realizar tal avaliação, todavia, as condições e cenários de avaliação são disponibilizadas de uma maneira restritiva além de não suportar modo comum de falha. Adicionalmente, não há no modelo uma sistematização dos fatores de priorização das cargas, tampouco as condições de defeito da rede. Uma análise sobre a melhor estratégia a ser utilizada em cenários de falha em linhas de transmissão de SG foi conduzida em (Albasrawi et al., 2014). Os autores utilizaram um modelo genérico baseado em Cadeias de Markov para avaliação de falhas em cascata. O trabalho traz importantes contribuições quando analisado apenas as falhas nas linhas de transmissão. Uma estratégia alternativa para a análise da dependabilidade de uma SG é modelar a rede como um grafo. Os vértices do grafos funcionariam como os componentes da infraestrutura fı́sica da SG enquanto que as arestas seriam as linhas de transmissão. A análise de dependabilidade em um grafo foi resolvida em um trabalho anterior dos autores (contexto de redes de sensores sem fio) a partir da transformação de um grafo em uma Árvore de Falha (Silva et al., 2012). Por outro lado, aquele trabalho utiliza uma condição de falha genérica baseada no problema 2-terminal enquanto que para o contexto das SG tem-se o problema k-terminal modificado. Este problema é definido considerando-se uma rede de N dispositivos e um conjunto de K dispositivos (K ⊂ N e |K| < |N |), onde K é um conjunto composto por um dispositivo centralizador e K-1 dispositivos de campo. Definindo um dispositivo centralizador s ∈ K, o problema k-terminal é expresso como a probabilidade de que exista pelo menos um caminho de s para cada dispositivo de campo incluso em K. O problema 2-terminais é o caso onde K = 2. Assim, em uma SG temos diversas fontes geradoras (k) e uma ou mais cargas (centralizadores no caso do problema de grafos). Dessa forma tem-se então uma nova classe de avaliação, o problema k-terminal modificado. A partir da discussão acima torna-se claro que os trabalhos já desenvolvidos na literatura têm fornecido apenas uma solução parcial para o problema, uma vez que não são focados na infraestrutura fı́sica das SG. Adicionalmente, esses trabalhos são muito restritivos no que diz respeito a definição das condições de falha, métricas de avaliação, sistematização de prioridades de cargas e topologias. A metodologia proposta neste artigo é baseada em uma modificação de uma solução já validada na literatura juntamente com as especificidades inerentes das SG (problema k-terminal modificado, priorização de cargas e topologias resilientes). 3 Árvores de Falhas Análise de Árvores de Falhas (Fault Tree Analysis FTA) é uma técnica eficiente para avaliar qualitativamente e quantitativamente a confiabilidade e a disponibilidade dos sistemas. As principais vantagens da FTA estão relacionadas com o procedimento intuitivo para descrever os eventos que conduzem aos defeitos do sistema e com a minimização do problema de explosão do espaço de estados, muito comum na modelagem de sistemas de grande porte (Trivedi, 2001). Uma Árvore de Falha (Fault Tree - FT) utiliza uma estrutura de árvore composta por eventos e portas lógicas. Os eventos representam as condições normais e de falhas do sistema (defeitos nos componentes, condições ambientais, falhas humanas, etc). Os eventos seguem a lógica booleana, ou seja, eles ocorrem ou não ocorrem. Em contrapartida, as relações causa-efeito entre os eventos são representadas pelas portas lógicas. As entradas destas portas podem ser desde um simples evento até uma combinação de eventos oriundos da saı́da de outra porta lógica. Há vários tipos de portas disponı́veis no formalismo da técnica, dentre as quais tem-se and, or e k-out-of-n. A avaliação de uma FT consiste em calcular a probabilidade do evento topo (representa a condição de defeito do sistema) baseado nas probabili- dades dos eventos básicos. Este cálculo é realizado diferentemente para cada tipo de porta lógica. Assumindo n entradas/eventos independentes, a ocorrência do evento i é descrita pela sua função de distribuição acumulativa (CDF) Fi (t). Podese descrever as saı́das das portas lógicas (CDF) conforme descrito na Figura 1. 𝒏 𝑭 𝒕 =𝟏− Topologia Priorização de cargas 𝑭 𝒕 = 𝑭𝒊 (𝒕) 𝒊=𝟏 𝑭 𝒕 = ( 𝑭𝒊 𝒕 )( |𝑰|≥𝒌 𝒊 ∈ 𝑰 Entrada Otimização com priorização de carga (Quine-McCluskey) Para cada fonte i no evento TOPO da carga j, calcular todos os caminhos de i até j na rede (k-terminal modificado) Geração da Árvore de Falha 𝟏 − 𝑭𝒊 (𝒕)) 𝒊∋𝑰 Saída or and K out of N Fi (t) ... Fn(t) Fi (t) ... Fn(t) Fi (t) ... Fn(t) Figura 1: Função de distribuição acumulativa para as saı́das das portas and, or e k-out-of-n. 4 Dados de falhas e reparações Encontrar o evento TOPO para cada carga “ϵ” a condição de defeito 𝒏 (𝟏 − 𝑭𝒊 (𝒕)) 𝒊=𝟏 Métricas de avaliação Condição de defeito da SG Metodologia A metodologia proposta nesse trabalho tem como objetivo avaliar a dependabilidade (confiabilidade e disponibilidade) de uma SG baseada em um modelo de Árvores de Falhas. Em outra palavras, através da metodologia será possı́vel calcular a confiabilidade e a disponibilidade de uma determinada carga ser atendida. Ainda na fase de projeto da rede, a metodologia pode ser utilizada como fornecedora de informações (topologia, criticalidade dos dispositivos, nı́vel de redundância) para a criação de uma infraestrutura mais robusta e confiável. As mesmas informações podem também ser utilizadas durante a fase de operação e expansão da rede. A Figura 2 descreve uma visão geral da metodologia proposta. O processo tem inı́cio com o fornecimento de informações sobre a topologia da rede, dados de falhas e reparações, métricas de avaliação, priorização de cargas e a condição de defeito da rede. Esta última é definida por uma expressão lógica que combina os estados de falha das cargas de uma SG para um determinado cenário. A priorização das cargas é fundamental, pois em caso de falhas das fontes de energia algumas cargas podem ter maior prioridade em detrimento de outras. As diferentes combinações de possibilidades de falhas nas fontes é resolvida por um algoritmo clássico de simplificação de funções booleanas (Quine-McCluskey) (Jain et al., 2008). A partir dessa expressão, o evento topo de uma carga em função das diversas fontes é encontrada. A seguir, uma lógica baseada no problema k-terminal é utilizada para incorporar a topologia da rede na expressão que envolve o evento topo das cargas. A expressão lógica resultante é transformada em uma Árvore de Falha que poderá posteriormente ser processada por qualquer resolvedor de FTA (software). A ferramenta sharpe é amplamente utilizada Confiabilidade Disponibilidade MTTF Medidas de importância dos componentes Figura 2: Visão geral da metodologia para avaliação da dependabilidade de uma SG. no meio acadêmico. Devido a isto, esta ferramenta (solucionador) foi usada neste artigo para calcular de forma analı́tica ou simbólica as métricas de interesse (Sahner et al., 2012). 4.1 Entrada de Dados 4.1.1 Topologia O primeiro passo da metodologia é definir a estrutura de dados que irá modelar a SG. No caso, a rede é organizada como um grafo G(V, A) com n vértices (V) e k arestas (A). Os vértices representam os componentes da infraestrutura fı́sica da SG enquanto as arestas representam os enlaces de comunicação. A topologia da rede é armazenada em uma matriz de adjacência (Mn×n ) do grafo G. Se um componente Ni tem um vizinho Nj , então as entradas mij e mji ∈ M irão receber o valor unitário, caso contrário irão receber o valor nulo. Dessa forma, pode-se representar qualquer topologia suportada por uma SG. 4.1.2 Configurações de falhas A referida metodologia apresenta suporte para as falhas permanentes nos componentes que compõem a infraestrutura fı́sica da SG e nas linhas de transmissão (enlaces de comunicação). Após uma falha permanente, o dispositivo da rede é considerado permanentemente inoperante. Para ser considerado operacional novamente, um processo de reparo deve ser realizado. Assume-se que os reparos são independentes e que as ações de reparações são ilimitadas. Uma carga é considerada inoperante se por algum motivo a energia demandada por ela não é atendida. A princı́pio qualquer distribuição de probabilidade pode ser utilizada para a modelagem dos processos de falha e reparo. Entretanto, a ferramenta sharpe em particular, que foi adotada para analisar quantitativamente a metodologia proposta, impõe que a CDF (função de distribuição acumulativa) deva ser expressa utili- zando polinômios exponenciais conforme descritos na Equação 1. F (t) = n X aj tkj ebj t (1) j=1 Os termos aj , kj e bj são os parâmetros do polinômio exponencial enquanto que e é a constante neperiana. Muitas distribuições podem ser expressas utilizando a equação 1 (e.g., exponencial, erlang, hipoexponencial, hiperexponencial). Outras distribuições não exponenciais (e.g., weibull, lognormal, determinı́stica) podem ser aproximadas, porém, utilizando técnicas hı́bridas envolvendo a combinação de momentos e mı́nimos quadráticos não lineares. 4.1.3 Condição de Defeito da Rede Dependendo dos requisitos impostos pelas aplicações, falhas em dispositivos especı́ficos podem conduzir a defeitos em toda rede. Para avaliações mais fidedignas, deve-se configurar na entrada da metodologia a combinação das cargas, que em caso de falha, leva a um defeito na rede. A metodologia suporta condições de defeitos cuja a combinação de dispositivos pode ser configurada utilizando as portas lógicas and, or ou kout-of-n. Na prática, qualquer configuração pode ser utilizada. 4.1.4 Prioridades As prioridades de cargas também são representadas pela metodologia. Prioridades são fundamentais haja vista que em caso de falhas as cargas com maior prioridade são atendidas primeiramente. 4.2 Evento topo para as Cargas Após a definição da condição de defeito da rede é preciso encontrar o evento topo para cada carga pertencente aquela condição. Nesse momento é fundamental que os requisitos de prioridades sejam atendidos. Dessa forma, é necessário calcular todas as combinações de falhas nas fontes que leva a um defeito em uma carga. Toda carga tem uma demanda C enquanto que cada fonte tem uma capacidade F. Sem perda de generalidade, assumindo duas cargas cujas demandas são C1 e C2 , a primeira carga com prioridade sobre a segunda, duas fontes com capacidades F1 e F2 , podem ser identificados os seguintes cenários de defeito: • Carga 1 – C1 > P de cargas ativas • Carga 2 – C2 > C1 − P de cargas ativas Baseado nessa lógica, uma tabela verdade pode ser criada onde os eventos de entrada são as fontes e a saı́da as cargas. O algoritmo clássico de Quine-McCluskey (Mapa-K) pode ser utilizado para simplificação das funções booleanas para cada carga. O resultado dessa simplificação é justamente o evento topo para cada carga. 4.3 Problema k-terminal O evento topo descrito na seção anterior é função das fontes da SG. Entretanto ainda é necessário considerar a topologia da rede e consequentemente falhas nos elementos de conexão e linhas de transmissão. Assim, todos os caminhos entre uma determinada fonte e uma carga devem ser encontrados. Se pelo menos um caminho está operacional, a fonte é considerada operacional. Um caminho falha se pelo menos um elemento ao longo do caminho falha. 4.4 Construção da Árvore de Falha e Avaliação O passo final da metodologia é a construção da Árvore de Falha e sua avaliação. As métricas utilizadas como avaliação são a confiabilidade e a disponibilidade da SG assim como a criticidade de um determinado componente da rede. 5 Estudo de Caso Para validação da metodologia um estudo de caso envolvendo uma microrrede será descrito. A microrrede é a estrutura que permite que os conceitos de uma SG sejam aplicados no sistema de fornecimento de energia atual. Uma microrrede é um sistema plug-and-play de pequena escala em baixa ou média tensão que possui geração distribuı́da (chamada também de microgeração) e cargas. A microrrede pode operar concomitantemente com a rede principal (modo conectada à rede) ou de forma independente (modo de operação ilhado). A operação no modo ilhado é realizada quando ocorrem falhas no fornecimento de energia elétrica pela rede principal. Nesse caso, a microrrede pode desconectar-se e atuar de forma ilhada, continuando a suprir as cargas através dos geradores distribuı́dos, independentemente do problema ocorrido na concessionária. Um diagrama unifilar descrevendo o estudo de caso é apresentado na Figura 3. O sistema é formado por cinco cargas (C1, C2, C3, C4, C5), onde a prioridade é C1 > C2 > C3 > C4 > C5. O sistema também contém cinco fontes distribuı́das (F 1, F 2, F 3, F 4, F 5). 5.1 Considerações O objetivo do estudo é analisar a dependabilidade (probabilidade de perda de carga e corte de carga esperado) da microrrede conectada à barra 1 2 4,9 km 3 3,0 km 4 220 kV/ 20 kV Subestação Legenda 20 kV/ 400 V Carga Junção Ponto Suprimento (medidor) R4 Fonte F5 Turbina Eólica 5.50 kW J1 5,70 kW Carga C4 Barra R1 Transformador J2 19,20 kW Carga C2 Inversor 19,20 kW Carga C1 R2 J3 Fonte F3 Fonte F1 Fotovoltaico 4,00 kW R5 2,70 Kw Carga C5 J4 8,80 kW Carga C3 R3 Baterias 35,00 kW J5 Fonte F2 Fonte F4 Baterias 25,00 kW Fotovoltaico 3,00 kW Figura 3: Diagrama unifilar do estudo de caso. 3 usando a metodologia proposta. Esta avaliação é realizada considerando que a microrrede conectada a barra 3 se desconecta da rede de distribuição de média tensão quando ocorrem falhas nos seguintes componentes: transformador de 220 kV/20 kV, seções da rede de média tensão (linha de 4,9km), transformador de 20 kV/400 V, falhas na geração distribuı́da (solar, eólica e baterias) e nas junções J1, J2, J3, J4, J5. No modo de operação ilhado, considera-se que há uma falha na microrrede quando não há capacidade de geração suficiente para suprir a carga nativa. Em relação ao cenário de estudo, alguns pontos sobre as taxas de falhas e métricas precisam ser também consideradas: 1) a métrica de avaliação a ser considerada foi apenas a confiabilidade devido a limitação de espaço no artigo; 2) as taxas de falhas dos componentes do sistema são consideradas exponenciais (ressaltando que outras distribuições podem ser usadas) e a unidade de tempo é horas. As taxas de falhas adotadas no estudo são descritas na Tabela 1 (valores tı́picos encontrados na literatura (Trivedi, 2001)). Tabela 1: Taxas de falha dos dispositivos. Componente Linha de 4,9km Transformador 220kv Transformador 20kv Fonte Fotovoltaica Fonte Bateria Fonte Eólica Junções Taxa de falha 1.04e − 4 1.14e − 6 1.71e − 6 7.61e − 6 1.14e − 5 1.43e − 5 1.14e − 5 das para atender toda a demanda. Para o cenário emP questão a geração total das fontes distribuı́das 5 é: i=1 Fi = 35, 00+25, 00+4, 00+3, 00+5, 50 = 72, 5kW . Nesse ponto é necessário utilizar o Algoritmo de Quine-McCluskey. O cenário apresenta cinco fontes e cinco cargas. Cada carga terá um evento topo. Sendo cinco fontes, tem-se um total de 25 combinações que podem ou não levar a um estado de falha para uma carga. Todas elas precisam ser consideradas para a geração do evento topo. Devido ao limite no número de páginas do artigo descreve-se aqui apenas algumas combinações, conforme a Figura 4. Total (kW) 72,5 47,5 37,5 C1 C2 C3 C4 C5 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1 Figura 4: Combinações de falha. Na primeira linha da Figura 4 tem-se uma combinação onde não há falhas nas fontes. Nesse cenário tem-se a capacidade da geração total das fontes distribuı́das (72,5 kW). Por outro lado, na segunda linha tem-se uma configuração onde a fonte 2 falhou (F2 = 1). Portanto a geração total agora é 72,5 kW - F2 (25,00 kW) = 47,5 kW. É necessário então avaliar as falhas das cargas conforme a prioridade.A carga C1 é atendida por 47,5 kW de geração. Logo, a geração restante para as outras cargas será 28,3 kW (47,5 kW - C1, onde C1 = 19,2 kW). A geração restante é suficiente para alimentar a demanda de C2 porém não é suficiente para C3, C4 e C5. Observa-se que alimentar C3, C4 e C5 na figura 4 estão marcados com 1’s. Finalmente, a configuração da linha 3 é tal que apenas a carga C1 é atendida. Preenchendo a figura 4 com todas as 32 combinações e executando o Mapa-K correspondente, tem-se os seguintes eventos topo: MTTF 1.09 100 67 15 10 8 10 anos anos anos anos anos anos anos Evento topo das cargas Um dos passos principais da metodologia é a construção do evento topo para as cargas do cenário a ser avaliado. Esse passo envolve a priorização das cargas e consequentemente a geração total das fontes distribuı́das. Essas, por sua vez, são projeta- C1 = F 1.F 2 (2) C2 = F 1 + F 2.F 3.F 5 (3) C3 = F 1 + F 2.(F 3 + F 4 + F 5) C4 = C5 = 5.3 5.2 F1 F2 F3 F4 F5 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 F1 + F2 (4) (5) Problema k-terminal As Equações 2, 3, 4 e 5 ainda não representam o evento topo completo para as cargas. Faltam dois fatores: falha dos transformadores e das junções. Para simplificar, considera-se que apenas as junções J1 a J5 podem falhar. Também considera-se que devido a peculiaridade da topologia do sistema, apenas um caminho entre uma fonte e uma determinada carga existe. Assumindo que as falhas nos transformadores de 220kV/20kV e 20kV/400V são respectivamente T 1 e T 2, e na linha de transmissão é L1, pode-se encontrar os eventos topo finais para C1 e C2. C1 = (T 1 + T 2 + L1).(J2 + J3 + F 1). de produtos disjuntos para simplificação da FT gerada assim como testes de escalabilidade. Agradecimentos (6) Os autores agradecem ao CNPq e a CAPES, pelo suporte financeiro e a UFRN pela infraestrutura de suporte ao desenvolvimento deste trabalho. (7) Referências (J2 + J3 + J4 + J5 + F 2) C2 = (T 1 + T 2 + L1).((J3 + F 1) + (J3 + J4 + J5 + F 2). F 3.(J2 + J3 + F 5)) Os eventos topo finais para as cargas C3, C4 e C5 podem ser encontrados da mesma forma, mas devido ao limite no número de páginas do artigo, descreve-se apenas para C1 e C2. 5.4 Métricas de Avaliação Para fins de avaliação, calcula-se a confiabilidade e o tempo médio de falha (MTTF) da SG considerando como base os eventos topo finais e duas condições de defeito da rede: 1) C1 + C2; 2) C1.C2. O resultado é descrito na Figura 5. Podese perceber que, a condição C1 + C2 é mais pessimista que a condição C1.C2. O mesmo resultado é refletido no MTTF. A primeira condição de defeito possui um MTTF de 3,88 anos enquanto que a segunda condição apresenta um MTTF de 16,55 anos. Albasrawi, M., Jarus, N., Joshi, K. and Sarvestani, S. (2014). Analysis of reliability and resilience for smart grids, Computer Software and Applications Conference (COMPSAC), 2014 IEEE 38th Annual, pp. 529–534. Avizienis, A., Laprie, J.-C., Randell, B. and Landwehr, C. (2004). Basic concepts and taxonomy of dependable and secure computing, Dependable and Secure Computing, IEEE Transactions on 1(1): 11–33. Gungor, V., Sahin, D., Kocak, T., Ergut, S., Buccella, C., Cecati, C. and Hancke, G. (2013). A survey on smart grid potential applications and communication requirements, Industrial Informatics, IEEE Transactions on 9(1): 28– 42. Jain, T. K., Kushwaha, D. S. and Misra, A. K. (2008). Optimization of the quine-mccluskey method for the minimization of the boolean expressions, Proceedings of the Fourth International Conference on Autonomic and Autonomous Systems, ICAS ’08, pp. 165–168. Sahner, R. A., Trivedi, K. and Puliafito, A. (2012). Performance and Reliability Analysis of Computer Systems: An Example-Based Approach Using the SHARPE Software Package, Springer. Figura 5: Avaliação da confiabilidade da SG. 6 Conclusões As SG são atualmente um tópico bastante relevante na área de sistemas de energia. O estudo de análises de dependabilidade de uma SG é fundamental para o projeto e execução eficiente de diversos cenários. Este trabalho descreveu uma metodologia para a avaliação quantitativa de uma SG. A proposta é flexı́vel haja vista que qualquer topologia, diferentes condições de defeitos e métricas de avaliação podem ser adotadas. Na fase de projeto, a metodologia pode ser utilizada para identificar áreas crı́ticas da rede e também avaliar questões de custo e segurança. Como trabalhos futuros, pretende-se adotar uma técnica de soma Silva, I., Guedes, L. A., Portugal, P. and Vasques, F. (2012). Reliability and availability evaluation of wireless sensor networks for industrial applications, Sensors 12(1): 806–838. Song, G., Chen, H. and Guo, B. (2014). A layered fault tree model for reliability evaluation of smart grids, Energies 7(8): 4835–4857. Trivedi, K. S. (2001). Probability and Statistics with Reliability, Queueing, and Computer Science Applications, 2nd edn, WileyInterscience. Vardakas, J. S., Zorba, N. and Verikoukis, C. V. (2015). Performance evaluation of power demand scheduling scenarios in a smart grid environment, Applied Energy 142(0): 164 – 178.