AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DEGLUTIÇÃO EM UM GRUPO
DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL, SUA CORRELAÇÃO
COM O COMPROMETIMENTO MOTOR E PERCEPÇÃO
DOS CUIDADORES SOBRE O PROBLEMA
Clinical assessment of swallowing in a group of children
with cerebral palsy, its correlation with motor impairment
and caregivers’ perception about the problem
Cláudia Inês Oliveira Vianna1, Arminda Cardoso Varandas Sarpa2,
Bernadete Fernandes de Almeida2, Andrea Panaro Ramos3,
Roberta Caetano Ladeira3, Ana Cristina Oliveira Bruno Franzoi4
1. Fonoaudióloga – ABBR – Especialista em Motricidade Orofacial
2. Fonoaudióloga – ABBR
3. Residente em fonoaudiologia – ABBR
4. Médica Fisiatra – ABBR
Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR)
Rio de Janeiro, RJ. Brasil
Artigo Original
Introdução: A alteração da motricidade oral e disfagia são freqüentes1 nas crianças com paralisia cerebral
(PC), sendo esta uma população de risco para aspiração. O objetivo deste trabalho foi traçar o perfil desta
população (em tratamento fonoaudiológico) descrevendo os achados do exame físico, correlacionando-os
com a gravidade do acometimento motor e com a percepção subjetiva dos cuidadores sobre o problema.
Métodos: A amostra foi consecutiva. A gravidade da lesão foi definida pela “Gross Motor Function Classification System” (GMFCS). Na avaliação da dieta (oferecida a pacientes não gastrostomizados) a consistência líquida foi suco, a pastosa iogurte e a sólida biscoito. Os achados clínicos normais foram pontuados
como 0 (zero) e os alterados como 01. O somatório dos achados alterados foi o indicador utilizado para
inferir a gravidade da alteração da motricidade oral. Foram feitas perguntas às mães sobre a sua percepção
em relação ao problema do filho. Resultados: Foram avaliadas 106 crianças (63 sexo masculino, idade
média 4,9 anos). 82 tetraplégicos, 12 hemiplégicos, 12 paraplégicos. Tônus: 68 espásticos, 23 coreo-atetósicos, 12 discinéticos. GMFCS: 65% nível 4 e 5. 10% da amostra era gastrostomizada. Os achados clínicos
mais freqüentes foram alteração do vedamento labial (49%), munching (48%), lateralização do alimento
com a língua (43%), presença de escape extra-oral e língua protruída (41%). A utilização de manobras para
facilitação e adequação do padrão alimentar foi necessária em 45% dos pacientes. Sinais clínicos de aspiração foram infreqüentes, assim como a recusa alimentar (5%). 43% das mães não identificavam a alimentação como um problema e 72% achavam a refeição um momento prazeroso para o seu filho. A mediana
da escala dos sintomas foi 7 em 36, variando de 0 a 28. Quando consideramos somente os tetraplégicos
(n=71) a mediana foi 13 /36. Houve correlação da freqüência de sintomas e o GMFCS. Conclusão: As
alterações do exame da deglutição em pacientes com PC foram mais prevalentes nos tetraplégicos, se correlacionando com a gravidade motora. Apesar da gravidade do acometimento da nossa amostra a maioria
dos cuidadores não classifica a alimentação como um problema, definindo-a como um momento prazeroso.
Descritores: paralisia cerebral; transtornos de deglutição; avaliação
CLINICAL ASSESSMENT OF SWALLOWING IN A GROUP
OF CHILDREN WITH CEREBRAL PALSY, ITS CORRELATION
WITH MOTOR IMPAIRMENT AND CAREGIVERS’ PERCEPTION
ABOUT THE PROBLEM
Avaliação clínica da deglutição em um grupo de crianças
com Paralisia Cerebral, sua correlação com o comprometimento
motor e percepção dos cuidadores sobre o problema
Cláudia Inês Oliveira Vianna1, Arminda Cardoso Varandas Sarpa2,
Bernadete Fernandes de Almeida2, Andrea Panaro Ramos3,
Roberta Caetano Ladeira3, Ana Cristina Oliveira Bruno Franzoi4
1.Speech Therapist – ABBR
2.Speech Therapist Trainee – ABBR
3.Physiatrist – ABBR
Brazilian Beneficent Association of Rehabilitation (ABBR)), Rio de Janeiro. Brazil
Introduction: cerebral palsy (CP) is frequently associated with swallowing problems, being a population at
risk for aspiration. The aim of this study was to describe the clinical assessment findings of a CP population,
attended in speech therapy at a terciary care center and its correlation with the severity of motor impairment
and the subjective perception of caregivers about their problem. Methods: consecutive convenience
sample. Severity of CP was classified based on the Gross Motor Function Classification System (GMFCS).
The liquid consistency offered was juice, the pasty was yogurt and the solid was cookie. The normal clinical
findings were scored as 0 (zero) and the abnormals scored as one. The sum of the abnormal findings was
used as the indicator to infer the severity of oral motricity problems. We asked two questions to the caregivers
concerning their perceptions regarding the child’s swallowing problems. Results: a total of 106 children
(63 males, mean age of 4.9 years) were assessed: 82 quadriplegic, 12 hemiplegic, 12 paraplegic. Muscle
Tone: 68 spastic, 23 choreo-athetosic, 12 dyskinetic. GMFCS: 65% at level 4 and 5. 10% of the sample had
percutaneous endoscopic gastrostomy. The most frequent clinical findings were loss of lip closure (49%),
abnormal munching (48%), deficient food lateralization (43%), presence of oral scape and protruded tongue
(41%). The use of compensatory swallowing maneuvers was required in 45% of patients. Clinical signs of
aspiration were infrequent, as well the refusal to eat (5%). 43% of mothers did not identify feeding their child
as a problem and 72% thought that the meal was a pleasant time. The median of the Symptoms Scale was
7 in 36 (range: 0-28). When we consider only the quadriplegic pacients (n = 71) the median was 13/36.
There was significant corretation between frequency of symptoms and GMFCS. Conclusion: Changes
in clinical examination of swallowing of a CP sample were more frequent in quadriplegic patients. These
changes were correlated with the severity of motor impairment. Despite the high prevalence of oral motricity
problems in the sample, the majority of caregivers did not consider feeding as a problem, rather defining it
as a pleasant moment.
Keywords: cerebral palsy; swallowing disorders; assessment
Download

avaliação clínica da deglutição em um grupo de crianças com