! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Anais do ! V Seminário Nacional Sociologia & Política ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! 14, 15 e 16 de maio de 2014, Curitiba - PR! ISSN: 2175-6880 1 Reflexões sobre as relações de gênero no livro didático público de Sociologia do estado do Paraná Samira do Prado Silva1 Resumo: Nosso trabalho busca investigar as relações de gênero presentes no livro didático público de Sociologia do Estado do Paraná, intitulado “Sociologia”, do ano de 2006, tomando como base teórica o pós-estruturalismo e tendo como principal categoria analítica o gênero. Pretendemos realizar no presente artigo uma breve análise sobre o surgimento da Sociologia e também sua trajetória enquanto disciplina curricular no ensino médio brasileiro. Desenvolveremos também um debate com autores/as referência para compreendermos o livro didático, em especial o livro didático público do Paraná, além de investigarmos sobre a não neutralidade desse livro em relação às problemáticas de gênero, ou seja, buscaremos perceber se, de fato, ele tende a contribuir com a reprodução dos padrões tradicionais de gênero, ou seja, aqueles padrões de comportamento sancionados socialmente para mulheres e homens, (re) produzindo assim, desigualdades. Palavras-chave: Gênero, Sociologia, Livro Didático Público. Introdução O presente trabalho tem como objeto de análise as relações de gênero no livro didático público do Paraná, intitulado “Sociologia”, de 2006 (264 páginas), produzido por educadoras/es do ensino básico público e distribuído pelo governo do estado do Paraná. Pensamos ser razoável dizer que, apesar do livro didático público do Paraná contar com mais autoras/es em sua composição – quando comparado ao livro didático de Sociologia do Programa Nacional do Livro Didático PNLD, por exemplo –, e, por consequência, ter possibilidades mais favoráveis de obter diferentes perspectivas/abordagens teóricas em suas páginas – principalmente as relacionadas à perspectiva de gênero –, esse livro didático acaba por (re)produzir os padrões de conduta sancionados socialmente para os gêneros, deixando de fomentar, em suas páginas, relações equitativas entre eles. Nosso interesse em realizar este trabalho vem desde o estágio obrigatório da licenciatura em Ciências Sociais e surgiu da preocupação com as (re)produções de gênero vinculadas ao cotidiano escolar, que em grande parte derivam dos livros didáticos e do seu uso não-crítico em sala de aula. A nosso ver, os livros didáticos podem ser importantes aliados na desconstrução das desigualdades de gênero, por trazerem consigo a possibilidade de reflexões desnaturalizadoras e de mudanças do status vigente na sociedade. Nossa atenção vai ao encontro de outras/os interessadas/os na educação inclusiva, de qualidade, e que tem como foco uma educação de fato 1 Samira do Prado Silva; Mestranda em Ciências Sociais; Bolsista CAPES; Fomento: OBEDUC – Observatório da Educação - Ciências Sociais/UEL; Universidade Estadual de Londrina; e-mail: [email protected]. 2 para todas/os, sem discriminações, desigualdades, estereótipos e preconceitos de toda ordem interrelacionados. Assim, acreditamos que a articulação entre gênero, livro didático e Sociologia oferece grande potencial para serem analisados em uma investigação sociológica, como é o caso desta pesquisa que nos propuseremos a realizar. Por isso, para nossa investigação, recorreremos às seguintes metodologias: pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e a análise de conteúdo, a fim de que possamos enriquecer nossas leituras e análises a serem desenvolvidas acerca do livro didático selecionado para o debate. 1 A Categoria Gênero, o Pós-Estruturalismo e as Teorias Feministas e os Estudos de Gênero nos Debates Contemporâneos da Sociologia Iniciaremos nossa reflexão, com uma breve discussão sobre a categoria analítica gênero e o pós-estruturalismo, tomando como base os textos da historiadora Joan Scott e da educadora Guacira Lopes Louro. Além disso, traremos para somar-se ao debate a tese sobre “tecnologia de gênero”, de Teresa de Lauretis. Em seguida, explanaremos sobre as teorias feministas e os estudos de gênero nos debates contemporâneos da Sociologia, a partir das contribuições de Silvana Aparecida Mariano. Segundo Joan Scott (1995), gênero significa “[...] o saber a respeito das diferenças sexuais [...] Tal saber não é absoluto ou verdadeiro, mas sempre relativo”, sendo que “seus usos e significados nascem de uma disputa política e são os meios pelos quais as relações de poder – de dominação e de subordinação – são construídas” (SCOTT, 1995, p. 12-13). Em entrevista concedida em 1998 para Miriam Pillar Grossi, Maria Luiza Heilborn e Carmen Rial, Joan Scott diz que o gênero seria um: discurso da diferença dos sexos. Ele não se refere apenas às idéias, mas também às instituições, às estruturas, às práticas quotidianas, como também aos rituais e a tudo que constitui as relações sociais. O discurso é um instrumento de ordenação do mundo, e mesmo não sendo anterior à organização social, ele é inseparável desta. Portanto, o gênero é a organização social da diferença sexual. Ele não reflete a realidade biológica primeira, mas ele constrói o sentido dessa realidade. A diferença sexual não é a causa originária da qual a organização social poderia derivar. Ela é antes uma estrutura social movente, que deve ser analisada nos seus diferentes contextos históricos (GROSSI; HEILBORN; RIAL, 1998, p.2). Scott segue afirmando que é preciso que se veja o gênero a partir da história, ou “é preciso historicizar o gender” e não tratá-lo como “uma categoria cristalizada na terminologia das Ciências Sociais” (GROSSI; HEILBORN; RIAL, 1998, p. 9-10). Assim, a autora alega que “a diferença dos sexos é um jogo político que é, ao mesmo tempo, jogo cultural e social”, e que é preciso “insistir 3 sobre a historicidade das relações homens/mulheres, as idéias e os conceitos da diferença sexual” (GROSSI; HEILBORN; RIAL, 1998, p.11). Guacira Lopes Louro dialoga com Joan Scott e afirma que a construção dos gêneros e das sexualidades “dá-se através de inúmeras aprendizagens e práticas, insinua-se nas mais distintas situações, é empreendida de modo explícito ou dissimulado por um conjunto inesgotável de instâncias sociais” e também “culturais”, ou seja, “é um processo minucioso, sutil, sempre inacabado” (LOURO, 2008, p. 18). A autora afirma: Aprendemos a viver o gênero e a sexualidade na cultura, através dos discursos repetidos da mídia, da igreja, da ciência e das leis e também, contemporaneamente, através dos discursos dos movimentos sociais e dos múltiplos dispositivos tecnológicos. As muitas formas de experimentar prazeres e desejos, de dar e de receber afeto, de amar e de ser amada/o são ensaiadas e ensinadas na cultura, são diferentes de uma cultura para outra, de uma época ou de uma geração para outra (LOURO, 2008, p. 22-23). Para Teresa de Lauretis (1987), o gênero deve ser visto “como representação e como autorepresentação, e produto de diferentes tecnologias sociais [...], e de discursos, epistemologias e práticas críticas institucionalizadas”, assim como, “das práticas da vida cotidiana” (LAURETIS, 1987, p. 206). Desse modo, poderíamos compreender a educação – e consequentemente o livro didático – como importante tecnologia de gênero, ou seja, “produz e reproduz gênero” (LAURETIS, 1987, p. 206). Lauretis (1987) afirma: [...] a construção do gênero ocorre hoje através das várias tecnologias do gênero (p. ex.• o cinema) e discursos institucionais (p. ex., a teoria) com poder de controlar o campo do significado social e assim produzir, promover e "implantar" representações de gênero, Mas os termos para uma construção diferente do gênero também existem, nas margens dos discursos hegemônicos, Propostos de fora do contrato social heterossexual, e inscritos em práticas micro-politicas, em termos podem também contribuir para a construção do gênero e seus efeitos ocorrem ao nível "local" de resistências, na subjetividade e na autorepresentação [...] (LAURETIS, 1987, p. 228). No que concerne ao pós-estruturalismo, Scott (1994) sublinha a importância dele para o campo dos estudos feministas e de gênero, tanto no que diz respeito à “textualidade”, ou seja, “a maneira como os argumentos são estruturados e apresentados, quanto do que é literalmente dito” (SCOTT, 1994, p. 20). Guacira Louro afirma que “um texto sempre pode ser interpretado diferentemente, sempre pode ser interpretado outra vez, e ainda outra vez e mais outra... Um texto desliza, escapa” (LOURO, 2002, p. 237). Assim, a autora defende que, “ao invés de lutar contra a fluidez da linguagem, melhor seria explorar o jogo lúdico das palavras, tentar construir com finura as questões e os argumentos”, ou seja, “dedicar-se a tecer a trama do texto com cuidado e com prazer” (LOURO, 2002, p. 237). Louro defende o pós-estruturalismo e afirma: 4 Entre as críticas mais comuns e aligeiradas feitas aos estudos sob essa ótica está aquela que afirma que esse modo de conhecer, de pesquisar (e de escrever) é «frouxo» e vago, cheio de incertezas e dúvidas. A par da banalização do ataque, é preciso reconhecer que aparecem aqui – como em qualquer outra perspectiva teórica – textos frágeis, inconsistentes, mal escritos. [...] A incerteza é, efetivamente, parte integrante desse modo de pensar; mas ouso dizer que é impossível exercer, seriamente, o ofício de pesquisador, seja qual for a vertente teórica pela qual se tenha afinidade, sem experimentá-la. Incerteza e dúvida não me parecem pecados que precisem ser exorcizados por um pesquisador ou pesquisadora; em vez disso, podem se constituir numa espécie de gatilho para qualquer investigação, podem ser exercitadas ao longo de um estudo e, desse modo, estimular a atitude de busca continuada do conhecimento. [...] a perspectiva pós-estruturalista [...] por admitir o borramento entre as fronteiras disciplinares, por rejeitar narrativas totalizantes e finalistas, essa perspectiva exige que se historicize os conceitos e as teorias, que se leve em conta como esses são tomados por distintas vertentes em distintos contextos, que se busque com radicalidade os pontos nodais em que se assentam argumentos, que se problematize o inquestionável e o naturalizado. Conhecer, pesquisar e escrever nessa ótica significa resistir à pretensão de operar com «a verdade». Implica entender que qualquer verdade ou certeza (incluindo, obviamente, as nossas) está ancorada no que é possível conhecer num dado momento, portanto é provisória, situada (LOURO, 2002, p. 239-241). Na perspectiva pós-estruturalista que adotamos, fundamentada principalmente nas obras de Joan Scott (1995) e Guacira Louro (2002), “admitir a incerteza e a dúvida supõe poucas (raras) afirmativas categóricas ou indiscutíveis e o uso freqüente de formulações mais abertas” (LOURO, 2002, p. 238). Para Louro (2002), um texto sob influências da perspectiva pós-estruturalista pode ser considerado por muitas/os teóricos de outras correntes “incompleto, inconcluso”, ou até mesmo podem supor que “o autor ou autora seja um tanto inseguro/a” (LOURO, 2002, p. 238). No entanto, entende a autora, “esse tipo de escrita também pode, mais do que outras, sugerir transposições e expansões”, uma vez que, “o leitor ou leitora são ‘chamados’ mais fortemente a intervir ou a tomar posição e a leitura talvez se transforme, assim, num processo mais provocativo e instigante” (LOURO, 2002, p. 238). Cientes de nossa escolha teórico-metodológica, concordamos com o que afirma, a saber, Louro (2002), “empreender tal escolha teórica implica lidar com contradições”, ou seja, “frequentemente, empregamos um raciocínio do tipo ou isso ou aquilo”, no entanto, nessa perspectiva, é preciso pensar de um outro modo, “na base do e/e, ou seja, admitindo que algo pode ser, ao mesmo tempo, isso e aquilo” (LOURO, 2002, p. 238). Assim, fica evidente o questionamento feito por essa corrente no que diz respeito ao “pensamento binário e oposicional com o qual estamos acostumadas a lidar e nos lançamos para experimentar a pluralidade” (LOURO, 2002, p. 238). A partir dessa parte de nosso trabalho, analisaremos brevemente como se deu o surgimento da Sociologia no mundo moderno e os debates contemporâneos sobre ela. Segundo Silvana Mariano (2008, p. 348), além da Revolução Industrial e a Revolução Francesa do século XVIII, outras importantes transformações ocorreram para influenciar o surgimento da Sociologia, como “as mudanças nas formas de pensamento”. Ou seja, essas novas formas de pensar representaram o 5 desenvolvimento “dos ideais iluministas, envolvendo o racionalismo como característica central – racionalismo iluminista –, que buscava romper com a tradição e com a religião” (MARIANO, 2008, p. 348). Diz Mariano (2008), “esse processo produziu a racionalização da vida social, ao mesmo tempo, a Sociologia, como produto desta racionalização, também contribuiu para produzi-la” (MARIANO, 2008, p. 348). Mariano (2008) salienta a partir de seu aporte teórico que a teoria sociológica e a teoria social ocidental vêm apresentando, “desde a segunda metade do século XX, um conjunto variado de questionamentos acerca de seus fundamentos explicativos, métodos de investigação e categorias analíticas” o que, muitas vezes, produz “revisões dos cânones estabelecidos” (MARIANO, 2008, p. 355-356). A autora afirma ainda que isso resulta, em parte, do “surgimento dos ‘novos movimentos sociais’ e dos ‘novos atores sociais’ que se antes eram excluídos da produção do conhecimento, a partir da década de 1960, representam uma nova voz”, voz “que se levantava em busca de novas interpretações da história e das relações sociais” (ADELMANN, 2004 apud MARIANO, 2008, p. 355-356). No entanto, cabe lembrar que, conforme Mariano explica, “as contribuições das teorias feministas e dos estudos de gênero não são absorvidas com facilidades pela Sociologia e demais áreas do conhecimento”, uma vez que é “comum encontrarmos nas leituras, o reconhecimento da importância política do feminismo no ocidente”, porém “o reconhecimento de suas contribuições para a teoria sociológica” é menos frequente (MARIANO, 2008, p. 356). Nas palavras da autora, “a invisibilidade da experiência feminina e da produção feminista é corrente nos estudos sociológicos” (MARIANO, 2008, p. 364). Para Mariano (2008, p. 364) “essa invisibilidade foi mais patente no período de surgimento e formação da Sociologia, no séc. XIX e início do séc. XX”. No entanto, esclarece Mariano “ela ainda ocorre na Sociologia contemporânea, embora, indubitavelmente, em graus diferenciados” (MARIANO, 2008, p. 364). A autora afirma que “esse caráter marcadamente ‘masculinista’ das produções teóricas faz com que as feministas já se insiram nesse campo de poder como o outro”, de maneira que, segundo Mariano (2008, p. 364) “suas produções raramente gozam do mesmo status científico das teorias produzidas por pensadores e pensadoras supostamente neutros”. Além disso, afirma a autora com base nos escritos de Susan Bordo (2000): [...] mesmo quando pensadoras/es feministas compartilham o mesmo campo teórico com colegas de outras orientações teóricas, ou ainda, quando suas produções precedem as produções destes, os créditos, muitas vezes, serão atribuídos a eles. Muitas vezes, como Bordo destaca, as próprias feministas acabam por recorrer à “autoridade” masculina a fim de legitimar suas teorias. Disso decorrem duas conseqüências: as produções teóricas feministas são vistas como aplicáveis apenas para as especificidades das mulheres; e o conhecimento produzido pelas feministas fica subordinado às teorizações produzidas por sujeitos masculinos, pois o referencial masculino ainda goza da condição de representar o universal e o neutro (MARIANO, 2008, p. 369). 6 Mariano (2008, p. 370) expõe que “a modernidade e a crítica da modernidade encerram inúmeras disputas no campo do conhecimento sociológico” incluindo “a disputa dos próprios sujeitos que constrõem o conhecimento” e que são marcados por “gênero, classe, raça/etnia, geração, orientação sexual e outras diferenças” (MARIANO, 2008, p. 370). Desse modo, “repensar o uso de categorias é parte do próprio desenvolvimento da Sociologia, considerando que seu objeto está em constante transformação, o que exige constantes questionamentos sobre as formas de explicação” (MARIANO, 2008, p. 370). 2 Sociologia: Trajetória de Inserção no Nível Médio Brasileiro No que diz respeito ao percurso da Sociologia como disciplina escolar no nível médio brasileiro, Wanirley Pedroso Guelfi (2007) afirma que, a partir do conhecimento sobre sua trajetória ”pode-se visualizar as transformações que ocorreram no país”, e, ao mesmo tempo, “como a disciplina construiu suas singularidades” (GUELFI, 2007, p. 12). Além disso, Guelfi esclarece que, ao longo dessa história, houve algumas reformas educacionais, como “portarias, circulares, decretos, decretos-leis e pareceres”, que também exerceram influências na “organização e funcionamento do ensino e dos currículos escolares do secundário” e que devem somar-se às reflexões (GUELFI, 2007, p. 13). Guelfi (2007) segue afirmando que uma compreensão dos significados dessas reformas curriculares no ensino secundário, e a inclusão da Sociologia nesse contexto, “implica um retorno, mesmo breve, à constituição estrutural do ensino no Brasil”, já que “[...] para se entender a complexidade da educação brasileira é necessário considerar que a constituição da estrutura educacional relaciona-se à do social”, e que, portanto, “é essencial relembrar a força da tradição do ensino jesuítico e da cultura letrada e bacharelesca e, ao mesmo tempo, relacioná-las à forma como se organizou o poder político [...]” (GUELFI, 2007, p. 13). Desse modo, compreendemos que “a hierarquização, seleção e exclusão de determinados conteúdos dos programas de ensino estão intimamente interligadas às mudanças culturais da sociedade”, ou seja, são construções sociais (GUELFI, 2007, p. 26), o que está de acordo com nossa concepção teórica. Assim, a presença e trajetória do ensino de Sociologia podem ser identificadas “no campo das ideias, por meio de seus conteúdos”, posto que, de fato, ela contribui para interferir “nas opções e decisões dos grupos sociais da época”, podendo ser retratada a partir de suas possíveis relações entre “o que se ensinava no secundário, a função social desse nível de ensino, e as singularidades da cultura do país” (GUELFI, 2007, p. 29-30). Assim, conforme Ileizi Fiorelli Silva (2007) propõe, podemos compreender o 7 processo de institucionalização pelo qual passou a disciplina Sociologia “em suas dimensões burocráticas e legais”. Dessa maneira, sugere a autora, é necessário observar esse desenvolvimento a partir também “dos contextos histórico-culturais, das teias complexas das relações sociais, educacionais e científicas”, que atuaram e atuam “na configuração do campo da sociologia a partir de sua relação com o sistema de ensino” (SILVA, 2007, p. 405). É nesse sentido, que a autora compreende “o ensino de sociologia como parte de sistemas simbólicos típicos das sociedades modernas (SILVA, 2007, p. 405). Apesar da disciplina ter um “lugar” bastante instável ao longo de sua trajetória, “no campo de estudos das disciplinas, dos currículos, ou, na sociologia do currículo podemos encontrar elementos que ajudem apreender os sentidos que levam a constituição da Sociologia como saber escolar” (SILVA, 2007, p. 405). Assim, de acordo com Silva (2007), “os argumentos para a inclusão da sociologia são os mais variados, mas dependem muito das concepções dominantes sobre educação, sociedade, Estado e ensino” que emergiram e emergem nos diferentes períodos (SILVA, 2007, p. 408). No que se refere às primeiras iniciativas para o ensino de Sociologia no Brasil, Jefferson da Costa Soares (2009), tendo como principais contribuições os trabalhos de Erlando da Silva Rêses (2004) e Mario Bispo dos Santos (2003), afirma que elas podem ser encontradas ainda no século XIX. Para Soares (2009), de maneira resumida, podemos dividir a história da Sociologia, como disciplina escolar no nível médio brasileiro, em três períodos: (1891 a 1941) período de institucionalização da disciplina no ensino secundário; (1942 a 1981) o período marcado por sua ausência como disciplina obrigatória neste nível de ensino, e (1982 até os dias atuais) quando a Sociologia é re-inserida gradativamente no então 2° grau, atualmente ensino médio (SOARES, 2009, p. 67-68). Segundo o autor, “a Sociologia no Brasil esteve presente primeiramente na educação secundária e posteriormente na educação superior” (SOARES, 2009, p. 68). Esse movimento, de acordo com Soares (2009, p. 68), foi o contrário do acontecido em outros países “hispanoamericanos”, onde o ensino da Sociologia iniciou-se, em geral, “nas Faculdades de Direito (de Ciências Jurídicas e Sociais ou Jurídicas e Políticas)”. No Brasil, o autor salienta que foi no “Colégio Pedro II e pelas Escolas Normais, do Distrito Federal, Recife e São Paulo” que a Sociologia começou essa trajetória no nível médio, penetrando “somente em 1933, no ensino superior, pela Escola Livre de Sociologia e Política” (SOARES, 2009, p. 68). No que diz respeito à presença da Sociologia no Brasil ao longo dos anos e das reformas educacionais, podemos citar quatro grandes reformas nas quais a Sociologia participou e os períodos mais relevantes para sua trajetória como: a Reforma Benjamin Constant, a Reforma Rocha 8 Vaz, a Reforma Francisco Campos, a Reforma Capanema e o período de Alijamento e o período de Re-inserção. Para Silva (2007), podemos identificar quatro “modelos” de currículos presentes nessas reformas educacionais brasileiras: “currículo clássico-científico, currículo tecnicista (regionalizado), currículo das competências (regionalizado) e o currículo científico”, sendo que, para a autora, “a Sociologia teria mais chances de consolidação como disciplina escolar em currículos científicos”, compreendendo-a como aquela que resgata “as disciplinas tradicionais, o papel do professor como intelectual e o papel da escola como trasmissora de uma cultura sofisticada, ao menos em termos de discursos e metas [...]” (SILVA, 2007, p. 409-414). A Sociologia na Reforma Benjamin Constant, dada em 1890, foi pelo seu autor introduzida “como disciplina obrigatória nos cursos superior e secundário”, porém, a reforma não chegou a entrar em vigor em razão da morte do mesmo (SOARES, 2009, p. 68-69). Essa reforma, segundo Soares (2009, p. 69), tinha como base “as leis da evolução social construídas por Augusto Comte”, considerando-se, portanto, “a ordem republicana nascente’ como aquela que teria um caráter científico em contraposição à ordem imperial de natureza teológica”. Ou seja, a ordem social anterior teria sido sustentada “intelectualmente e moralmente pelas idéias advindas da teologia e da metafísica, ao passo que a nova sociedade deveria ser organizada em função das leis descobertas pelas ciências” (SOARES, 2009, p. 69-70). Assim, os princípios orientadores da Reforma Benjamin Constant foram “a liberdade e a laicidade do ensino, e a valorização das ciências no currículo, onde a Sociologia figuraria no patamar mais elevado dos estudos” e “no plano pedagógico, sua maior contribuição estaria na equiparação dos Liceus ao Colégio Pedro II” (SOARES, 2009, p. 70). Em 1901, “sem nunca ter sido ofertada e sem que houvesse resistências, a Sociologia foi retirada do currículo pela Reforma Epitácio Pessoa” (RÊSES, 2004 apud SOARES, 2009, p. 70). Sobre a Reforma Rocha Vaz, Soares (2009) afirma que essa “introduziu, em 1925, a Sociologia como disciplina obrigatória do curso secundário” e, segundo Bispo (2003), “essa Reforma teve motivações semelhantes àquelas da Reforma Benjamin Constant, especialmente, relacionadas à constituição da identidade do ensino secundário como momento de formação de adolescentes” (SOARES, 2009, p. 70). Ainda de acordo com Soares, no mesmo ano, em 1925, a “Sociologia é ofertada aos alunos do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, primeira escola de ensino secundário no Brasil a introduzir o ensino da Sociologia em sua grade curricular” e “era cursada por aqueles interessados em obter o diploma de ‘Bacharel em Ciências e Letras’” (SOARES, 2009, p. 70-71). Em 1928, Soares afirma, com base em escrito de Lejeune Mato Grosso de Carvalho (2004): A Sociologia passa a constar dos currículos dos cursos normais de estados como São Paulo (introduzida por Fernando de Azevedo), Rio de Janeiro (resultado da iniciativa de Delgado de Carvalho) e Pernambuco, onde foi ministrada por Gilberto Freyre, no Ginásio 9 Pernambucano de Recife. Carneiro Leão também contribuiu para a introdução da disciplina em Pernambuco (SOARES, 2009, p. 71). Quanto à outra reforma, iniciada em 1931, “a estrutura curricular do ensino secundário foi modificada na Reforma coordenada pelo ministro Francisco Campos” e estava relacionada “com o projeto administrativo mais centralizador instalado com a Revolução de 1930”, retomando “as preocupações das reformas inconclusas de Benjamin Constant e de Rocha Vaz em relação à identidade da educação secundária” (SOARES, 2009, p. 73). Assim, essa reforma foi responsável por: estabelecer os estudos seriados para todo o país, freqüência obrigatória, normas para admissão do corpo docente, um sistema de inspeção federal vinculado ao Departamento Nacional de Educação e a divisão do ensino secundário em um ciclo fundamental de cinco anos com objetivo de oferecer formação básica geral dos adolescentes e em um ciclo complementar dividido em três opções destinadas à preparação para o ingresso nas faculdades de direito, de ciências médicas e de engenharia e arquitetura. A Sociologia foi incluída como disciplina obrigatória no 2º ano dos cursos complementares pela Reforma Francisco Campos como uma das disciplinas responsáveis pela preparação de advogados, médicos, engenheiros e arquitetos (cursos complementares) e professores (curso normal) (SOARES, 2009, p. 73-74). Em 1937, a “decretação do Estado Novo de caráter ditatorial significou na esfera do Governo Vargas, um aumento da força do pensamento católico conservador em detrimento do pensamento escolanovista”, o que desembocará em outra reforma educacional iniciada em 1942, a Reforma Capanema (SOARES, 2009, p. 77). A reforma Capanema foi responsável pela retirada da obrigatoriedade do ensino de Sociologia no curso secundário; “a disciplina permaneceu figurando apenas no curso ‘normal’ como Sociologia Educacional e nas Faculdades de Filosofia, de Pedagogia e de Ciências Sociais” (SOARES, 2009, p. 78). A Reforma Capanema foi instituída pela “Lei Orgânica do Ensino Secundário” e criou “uma organização estrutural para a educação média que perdurou por quase trinta anos” (SOARES, 2009, p. 78). Um dos objetivos da Reforma Capanema foi, nas palavras de Soares: desatrelar formalmente o ensino secundário do ensino superior, dando-lhe um projeto pedagógico próprio. Por isso, a principal mudança nela estabelecida foi a extinção dos cursos complementares que visavam à preparação para as carreiras superiores de direito, medicina e engenharia. Uma das conseqüências do fim desses cursos foi a eliminação da disciplina Sociologia, que na perspectiva apresentada pela Reforma Capanema, desempenhava uma função mais preparatória do que formativa. Nessa Reforma então, a Sociologia deixa de ser obrigatória e alguns dos seus conteúdos passam a integrar a proposta curricular de Filosofia no 3º ano do curso clássico (SOARES, 2009, p. 79). Dessa maneira, Soares (2009) com base em informações contidas nos textos de Bispo (2003), cita como marcos importantes na luta e trajetória da Sociologia no curso secundário, em especial, os anos de 1942 e 1982, período em que a Sociologia deixa de ser disciplina obrigatória: 10 a defesa do retorno da disciplina aos currículos das escolas secundárias por Antônio Cândido, no Simpósio “O Ensino de Sociologia e Etnologia”, em 1949; a discussão de Fernandes sobre as possibilidades e limites da Sociologia no ensino secundário, no Congresso Brasileiro de Sociologia, em São Paulo de 1954; a aprovação da Lei 4.024 de 20 de dezembro de 1961, a primeira Lei de Diretrizes e Bases promulgada no país, que manteve a divisão do ensino secundário em dois ciclos estabelecida pela Reforma Capanema. [...] a publicação de “Os novos currículos para o ensino médio” em 1962 pelo Conselho Federal de Educação e o Ministério da Educação, onde constavam o conjunto das disciplinas obrigatórias, a lista das disciplinas complementares e um conjunto de sugestões de disciplinas optativas (a Sociologia não constava em nenhum dos três conjuntos); a Resolução nº 7, de 23 de dezembro de 1963 do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, na qual, a Sociologia estaria presente como disciplina optativa nos cursos clássicos, científico e eclético; a Reforma Jarbas Passarinho de 1971 (Lei nº 5.692 de agosto) que torna obrigatória a profissionalização no ensino médio e retira a Sociologia como disciplina obrigatória do curso normal (SOARES, 2009, p. 79-80). Soares (2009) salienta outro momento da inserção da Sociologia no ensino médio, o período de re-inserção, que vai de 1982 aos dias atuais. Nesse período, houve muitas manifestações a respeito do retorno da Sociologia, conforme podemos ver a seguir: Lei n° 7.044, de 18 de outubro de 1982 que torna optativa para escolas a profissionalização no ensino médio; a mobilização promovida pela Associação dos Sociólogos de São Paulo em torno do “Dia Estadual de Luta pela volta da Sociologia ao 2º Grau”, ocorrido em 27 de outubro de 1983; a re-inserção nos currículos das escolas de São Paulo em 1984 e nos currículos das escolas do Pará e do Distrito Federal em 1986, em Pernambuco, Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro em 1989. No mesmo ano, as constituintes mineira e fluminense tornam obrigatório o ensino de Sociologia; nos primeiros anos da década de 1990, a Secretaria de Ensino do Colégio Pedro II, tendo à frente o professor Wilson Choeri, restabeleceu a Sociologia em sua grade curricular, restaurando, assim, o ensino da Sociologia no Ensino Médio na instituição que fora pioneira em 1925; em 1996, pela nova Lei de Diretrizes e Bases – Lei nº 9394, de 20 de dezembro, os conhecimentos de Sociologia e Filosofia são considerados fundamentais no exercício da cidadania; a Sociologia torna-se disciplina obrigatória do vestibular da Universidade Federal de Uberlândia em 1997; a aprovação do Parecer nº 15 de 1º de junho de 1998 com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), nas quais, os conhecimentos de Sociologia são incluídos na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias; o lançamento em 1999, pelo Ministério da Educação, dos Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM) que trazem as competências relativas aos conhecimentos de Sociologia, Antropologia e Ciência Política; o aparecimento, em 2000, da Sociologia como disciplina obrigatória nas três séries do ensino médio, com carga semanal de 2 horas-aula no novo currículo das escolas públicas do Distrito Federal (SOARES, 2009, p. 81-82). Em 2001, houve também o Projeto de Lei (nº 3.178-B, de 1997) de autoria do deputado Padre Roque Zimmerman, que “garantiria a obrigatoriedade da Sociologia no Ensino Médio” e que já havia sido aprovado pela Câmara e pelo Senado (SOARES, 2009, p. 82). No entanto, o projeto foi vetado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que alegou, no Diário Oficial da União de 9 de outubro de 2001, que “a proposta acarretaria ônus para os Estados na contratação de professores; e não haveria licenciados suficientes para atender às demandas das escolas, caso fosse aprovada”, o que não era verdadeiro (SOARES, 2009, p. 82). Cabe lembrar que o artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n° 9394/96) era ambíguo, pelo fato de relatar que as/os estudantes deveriam “apresentar 11 conhecimentos de Sociologia necessários para o exercício da cidadania”, porém o documento não era claro “quanto à seleção desses conhecimentos e nem se estes seriam apresentados aos alunos em disciplinas específicas” (SOARES, 2009, p. 83). Somente após a Resolução nº 4, de 16 de agosto de 2006, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, foi alterado esse artigo ambíguo e determinou-se que a Sociologia fosse obrigatória nas escolas de ensino médio do país (SOARES, 2009, p. 83). Mas é somente em 8 de maio de 2008 que o Senado aprova o projeto de lei da Câmara “que altera a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e torna as disciplinas de Filosofia e Sociologia obrigatórias no Ensino Médio”, tendo sido sancionada pelo então presidente da República em exercício, José Alencar, em 2 de junho do mesmo ano (SOARES, 2009, p. 83). Concordamos com Ileizi Fiorelli Silva (2007), quando afirma que foi a partir do documento do MEC, de 2004, intitulado Orientações Curriculares do Ensino Médio, que houve “um novo patamar de definições de princípios para a reformulação curricular e, consequentemente, para o ensino de Sociologia”, nesse documento, Moraes, Guimarães e Tomazi (2004), esclarece Silva (2007) “elaboraram uma critica aos PCNs-Sociologia e as DCNEM, pontuando novas posições sobre o papel da Sociologia nos curriculos do Ensino Médio”, com as quais defendiam que a Sociologia fosse compreendida como disciplina do núcleo comum do currículo e que se fizesse “um esforço de elaboração de propostas de conteúdos e de metodologias de ensino sintonizadas com os sentidos do Ensino Medio”, ou seja, “adequadas aos propósitos de formação dos adolescentes, jovens e adultos que estarão no Ensino Medio”, e que recorrendo-se a essa etapa e à somatória dos avanços e lutas mencionados, se constituisse a Sociologia na contemporaneidade (SILVA, 2007, p. 419). No caso do Paraná, cabe ressaltar que diversos núcleos de ensino “reformularam seus currículos em 1997 e 1998, e incluíram a Sociologia [...] em função da LDB de 1996, das primeiras versões dos PCNEM e DCNEM, e do fechamento dos cursos profissionalizantes”, que, segundo Silva (2007), “no caso do Magistério, deixava um grupo de professoras pedagogas sem função, sendo alocadas nas disciplinas de Sociologia e Filosofia no Ensino Médio” (SILVA, 2007, p. 417418). De acordo com Silva (2007), “apesar de existir uma proposta de conteúdos para a disciplina, desde 1994, ela foi ignorada” e isso se deu principalmente pela forma como Jaime Lerner, governador do estado no período em questão (SILVA, 2007, p. 417-418), tratava o ensino, o que merece ser mais bem analisado em trabalhos futuros. Ainda no que se refere à trajetória de inserção da Sociologia no nível médio brasileiro, Luciane Perucchi (2009) nos afirma que, na época em que o Brasil passou por uma ditadura, com o golpe militar de 1964, “ficava fortemente tolhido o pensamento crítico nas escolas” e a Sociologia “passava a ser considerada perigosa para a manutenção da ordem social” (PERUCCHI, 2009, p.12). Nesse período, a ditadura militar tornou obrigatórias na grade curricular da Educação Básica “as 12 disciplinas de Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política Brasileira (OSPB) voltadas para difundir os valores e os interesses de classe burgueses nas escolas” (PERUCCHI, 2009, p.13). Ainda segundo a autora, nesse período, “os currículos de primeiro e segundo graus ‘regionalizaram’ os conhecimentos”, ou seja, “agruparam as áreas de conhecimento em função de suas aplicabilidades regionais, práticas e técnicas” (SILVA, 2005 apud PERUCCHI, 2009, p.50). Desse modo, a educação escolar reduziu-se “à ferramenta de aplicabilidade tecnológica imediata”, sendo que “toda essa mudança tinha o propósito de diminuir o tempo de estudo, contribuindo para que o aluno ingressasse o quanto antes no mercado de trabalho e com uma formação técnica” (SILVA, 2005 apud PERUCCHI, 2009, p.50). Dessa maneira e em razão da censura vigente nesse período histórico, “as Ciências Sociais e Humanas foram ideologizadas, num processo que enfraqueceu disciplinas científicas como História, Geografia, Sociologia e Filosofia” (PERUCCHI, 2009, p.50). No entanto, afirma a autora, a História e a Geografia “foram incorporadas a um campo amplo de aplicabilidade que se chamou de Estudos Sociais, enquanto a Sociologia e a Filosofia foram suprimidas dos currículos”, dando lugar, assim, “às disciplinas obrigatórias de Educação Moral e Cívica e OSPB” (PERUCCHI, 2009, p.50). Nesse sentido, esclarece Perucchi (2009), fica fácil compreendermos como a Sociologia e as Ciências Sociais de modo geral tiveram seus “conteúdos empobrecidos e foram afastadas das escolas”, o que faz com que perdure esse ranço contra ela, de certo modo, até os dias de hoje (PERUCCHI, 2009, p.50). Assim, todos esses aspectos tratados até o momento no presente trabalho, dão à Sociologia o que Amurabi Oliveira (2011) chamou de “uma singularidade perspicaz”, ainda mais se pensarmos que ela, como disciplina escolar “foi juntamente com a Filosofia, a última introduzida no currículo escolar da Educação Básica, dentre as mais recentes políticas educacionais” (OLIVEIRA, 2011, p. 26-27). Além disso, cabe lembrar que sua reintrodução da primeira dezena do III milênio, “com o parecer CNE nº 38/06, e posteriormente com a Lei nº 11684”, trouxe, segundo o autor, “um novo fôlego à reflexão sociológica em torno da temática”, aumentando consideravelmente o número de publicações a respeito, bem como “incitando a abertura de novas licenciaturas [...]” (OLIVEIRA, 2011, p. 30). No entanto, é importante salientar que, conforme Oliveira afirma, “a reintrodução da Sociologia é um ápice de uma série de ações e estratégias”, e espera-se que ela “não surja como um corpo estranho ao seio acadêmico das ciências” (OLIVEIRA, 2011, p. 31). Compreender “o itinerário traçado pelo ensino de Sociologia é também compreender, de certa forma, o itinerário intelectual que a ciência sociológica traça no Brasil” e que “configuram e reconfiguram o currículo escolar” (OLIVEIRA, 2011, p. 31). 13 Além disso, deve-se ressaltar que “a existência da Sociologia per se não implica num impacto estrondoso sobre a realidade do Ensino Médio”, principalmente, se considerarmos, como expõe o autor, “o cenário de contínua proletarização do trabalho docente, tornando a dimensão intelectual e criativa residual na prática dos professores da Educação Básica” (OLIVEIRA, 2011, p. 32). Nessa perspectiva, “a reflexão em torno do ensino de Sociologia deve ser acompanhada de uma profunda reflexão em torno das condições em que esta prática pedagógica ocorre” (OLIVEIRA, 2011, p. 32). Assim, como podemos perceberpelo que foi exposto, há muitos obstáculos na inserção e permanência da Sociologia na educação básica brasileira, porém muita discussão foi e é realizada, o que enriquece o debate e as possibilidades. 3 Alguns Apontamentos e Discussões Sobre o Livro Didático A partir deste momento, traremos algumas contribuições relacionadas ao livro didático, buscando compreender aspectos de sua trajetória até chegar às salas de aula, em especial no que se refere ao livro didático público do Paraná. De acordo com Kazumi Munakata (2012, p. 58), “a partir do século XIII, antes, portanto, da tipografia, houve uma modalidade de livros manuscritos, em estreita associação com a expansão das universidades e de sua clientela”. Assim, “para atender ao novo público leitor que emergia, surgiram artesãos copistas que produziam manuscritos para serem vendidos aos universitários”, o que, nos dizeres da autora, pode-se compreender como o início do que seria o livro didático (MUNAKATA, 2012, p. 58). Para Marco Antônio Silva (2012), o livro didático teria tido seu germe “na Grécia Antiga, quando Platão sugeriu que se fizesse uma composição de livros de leitura com uma seleção do melhor de sua época” (SILVA, 2012, p. 807). Para Neli Klix Freitas e Melissa Haag Rodrigues (2008, p. 2), a origem do livro está, portanto, “mesmo antes da invenção da imprensa no final do século XV”, e isso está de acordo com Munakata (2012) e Silva (2012). Freitas e Rodrigues (2008) explicam que, “na época em que os livros eram raros, os próprios estudantes universitários europeus produziam seus cadernos de textos”, depois, com a imprensa, “os livros tornaram-se os primeiros produtos feitos em série e, ao longo do tempo a concepção do livro como ‘fiel depositário das verdades científicas universais’ foi se solidificando” (GATTI JÚNIOR, 2004 apud FREITAS, RODRIGUES, 2008, p. 2). Silva (2012, p. 808) afirma que, nesse período, “os livros didáticos eram adotados por um tempo extremamente longo”. Hoje em dia, no caso brasileiro, “o tempo de adoção de um mesmo livro didático geralmente não ultrapassa seis anos” (SILVA, 2012, p. 808). Referindo-se ao surgimento do livro didático, no Brasil, afirma Silva (2012): 14 a utilização mais sistemática do livro didático no ensino remonta ao período imperial, a partir da inspiração do liberalismo francês, o Colégio Pedro II foi criado no Rio de Janeiro na década de 30 do século XIX. A escola servia apenas às classes economicamente privilegiadas que tinham como referência de educação e cultura a Europa e, em particular, a sociedade francesa. Neste caso, para atender aos objetivos educacionais da elite nada melhor do que buscar o que havia de produção didática na própria França. Manuais didáticos em francês ou traduzidos para o português eram importados. No Brasil, a imprensa, instalada por D. João VI por ocasião da transferência da Corte Portuguesa em 1808, ainda não oferecia boas condições para a produção e publicação de textos didáticos no século XIX. Este quadro sofreu uma alteração mais representativa somente a partir de 1930, durante a gestão de Francisco Campos no comando do Ministério da Educação e Saúde Pública – Mesp – do governo Vargas. O governo nacionalista de Vargas preocupouse em fortalecer a ideia de nação forte e unida. A exigência política de uma proposta “pedagógica” nacionalista aliada à queda da Bolsa de Nova York, que gerou uma crise econômica sem precedentes na história do capitalismo e elevou os custos da importação de livros, fomentou o desenvolvimento da produção didática nacional. Assinados, agora, por autores brasileiros, os livros didáticos passaram a ser produzidos em larga escala (SILVA, 2012, p. 807-808). Ainda no que diz respeito ao livro didático, pensamos ser relevante defini-lo, porém, conforme expõe Alain Choppin (2004), ao se estudá-lo, “a primeira dificuldade relaciona-se à própria definição do objeto” (CHOPPIN, 2004, p. 549). O autor esclarece que isso resulta da “multiplicidade de suas funções, a coexistência de outros suportes educativos e a diversidade de agentes que ele envolve” (CHOPPIN, 2004, p. 549-552). Para Munakata (2004), podemos comprender por livro didático, “o livro produzido para fins educacionais, visando principalmente ao público escolar” (MUNAKATA, 2012, p. 58). Célia Cristina de Figueiredo Cassiano (2004), tem uma visão aproximada de Munakata (2004), no que diz respeito a definição de livro didático. Para Cassiano (2004) o livro didático é aquele que vai ser utilizado em “aulas e cursos, na situação específica da escola, isto é, de aprendizado coletivo e orientado por um professor” (CASSIANO, 2004, p. 33-34). Segundo a autora, pode ser considerado didático, portanto, aquele que foi “escrito, editado, vendido e comprado em função da escola [...]” (CASSIANO, 2004, p. 34). Dessa maneira, em nosso trabalho, optamos por apreender o livro didático em toda a sua multiplicidade, entendendo que ele pode assumir, ou assume, “funções diferentes, dependendo das condições, do lugar e do momento em que é produzido e utilizado nas diferentes situações escolares” (BITTENCOURT, 2004, p. 1). Assim, analisamos os livros didáticos de Sociologia, percebendo que esses podem ser vistos como “produto cultural”, “mercadoria ligada ao mundo editorial”, “suporte de conhecimentos e de métodos de ensino das diversas disciplinas escolares”, “veículo de valores ideológicos e culturais” (BITTENCOURT, 2004), entre muitas outras dinâmicas que se inter-relacionam e formam esse objeto complexo. No concernente ao Livro Didático Público do Paraná, em 2004, surge no Estado o FOLHAS, que era uma “projeto de formação continuada e valorização dos profissionais da Educação da Rede Estadual do Paraná, instituído pelo Plano Estadual de Desenvolvimento 15 Educacional” (LEAL; OLIVEIRA, 2008, p. 7). Esses materiais, ou melhor, Folhas, constituiriam “na produção colaborativa, pelos profissionais da educação, de textos de conteúdos pedagógicos” e que depois, seriam utilizados como apoio ao trabalho docente (LEAL; OLIVEIRA, 2008, p. 7). Assim, esse projeto pretendia viabilizar meios para que as/os professoras/es pesquisassem e aprimorassem seus conhecimentos, produzindo “textos de conteúdos pedagógicos, com base nas Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental e Médio e seus conteúdos estruturantes, nas disciplinas de cada nível de ensino” (LEAL; OLIVEIRA, 2008, p. 3). Dessa ideia, o Livro Didático Público começou a ser elaborado em 2005, tendo sua primeira edição no ano de 2006. De acordo com Schlesener (2009), o nome “Folhas inicialmente se apresentou no imaginário como ‘palavras ao vento’”, isto é, seriam “fragmentos de reflexões que, aos poucos, tomavam forma num pensamento organizado e coerente sobre um determinado assunto”, o que estimularia “interessantes reflexões sobre o conteúdo de suas disciplinas, lidos e enriquecidos por um trabalho de acompanhamento e de crítica” (SCHLESENER, 2009 apud SOUZA et al., 2011, p. 6). As/os docentes que produziam o material didático previsto pelo Projeto Folhas somavam pontos em sua formação continuada, conforme vemos no Manual Folhas a seguir: a) O autor de Folhas publicado no portal Dia-a-Dia Educação – 6,0 pontos até o máximo de 2 Folhas (12 pontos) no período avaliado. b) O autor validador de Folhas – 1,0 ponto por Folhas validado e publicado no portal Dia-a-Dia Educação, até o limite de três Folhas (3,0 pontos) no período avaliado. c) O autor de Folhas, membro da comissão de validação dos Núcleos Regionais de Educação e da SEED – 0,5 por Folhas validado na comissão, até o limite de dez Folhas (5,0 pontos) no período avaliado. d) A pontuação obtida com a participação no Projeto Folhas será utilizada para progressão na carreira do Magistério de acordo com a Resolução nº 3037/2006 (PARANÁ, 2004, p. 6). No que se refere à forma de avaliação e validação desse material produzido, segundo o Manual Folhas (2004, p. 7), o Folhas foi “validado na escola por um professor habilitado na mesma disciplina do autor do Folhas” e por mais “dois professores habilitados nas outras duas disciplinas contempladas na relação interdisciplinar”. As/os validadoras/es deveriam ser, preferencialmente, “da mesma escola da/o autor/a”, porém, “para que recebessem a certificação, as/os validadoras/es deveriam ser também autoras/es (PARANÁ, 2004, p. 7). Ainda segundo o Manual Folhas (2004, p. 7), cada conjunto do material didático produzido tinha entre 08 e 12 páginas (papel A 4)” e iniciava “apresentando um problema que provocasse, nas/os estudantes, “a busca e o estudo do conteúdo pertinente ou necessário à sua resolução” (PARANÁ, 2004, p. 7). Além disso, havia preocupação com a linguagem utilizada, uma vez que não poderia vincular: - preconceitos étnicos, de gênero, religião, idade, condição socioeconômica ou outros; indicação de privilégio a membros de uma camada social ou habitante de uma região do 16 país ou do mundo; - propaganda mercadológica, político-partidária ou de doutrinação religiosa e ideológica, etc (PARANÁ, 2004, p. 10). Muitos foram os motivos destacados pelo governo do Paraná para desenvolver esse livro, como: “falta de flexibilidade do mercado editorial de livros didáticos” (PRADO, 2010, p. 100); e/ou pelo Paraná dispor “de uma rede pública de ensino superior de qualidade destacada e comprovada”, que podia e foi aproveitada pelo Estado. Além disso, em 2005, o MEC começa a distribuir livros didáticos para o ensino médio. Porém, a iniciativa na ocasião “não contemplou o Paraná e Minas Gerais por estes estados possuírem programa próprio” (LEAL; OLIVEIRA, 2008, p. 3). Dessa maneira, esses livros didáticos públicos foram produzidos e disponibilizados a partir dos Recursos Educacionais Abertos (REA) que são “instrumentos destinados ao ensino, aprendizagem e pesquisa, disponibilizados para toda a comunidade” (SEED, 2008, s/p), visto que “o conhecimento produzido pela humanidade deve ser público” (LEAL; OLIVEIRA, 2008, p. 7). Assim, de acordo com informações do site da Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEEDPR (2008, s/p) “o Livro Didático Público é um exemplo de política pública para a educação”. Essa iniciativa do Governo do Paraná beneficiou mais de 450 mil estudantes no Estado (SEED, 2008, s/p). Além disso, segundo a SEED (2008), foram “5,4 milhões de exemplares, de doze disciplinas [...]”, sendo “o custo médio por livro de R$ 2,70, menos do que um décimo do valor de um livro didático comercial nas livrarias” (SEED, 2008, s/p). Em 2010, o governo de Roberto Requião (2003-2010) chega ao fim e o projeto FOLHAS e o Livro Didático Público não tem continuidade no governo atual. 4 Breve Análise do Livro Didático Público do Paraná sob a Perspectiva de Gênero De acordo com nossa análise, as relações de gênero permeiam o livro didático público do Paraná, porém, de maneira desigual. A presença do gênero masculino em todas as esferas pesquisadas nesse livro didático (geração, poder, trabalho, família, imagem, personagens/autoras/es citadas/os) é muito maior, quando comparada com as do gênero feminino. Exemplos dessa presença massiva do masculino nos livros em questão podem ser observados quando notamos um maior número de palavras que remetem ao gênero masculino e o poder. Podemos dividir, de maneira resumida, o poder no gênero masculino encontrado no livro “Sociologia”, em três tipos. São eles: aquele ligado à ordem e segurança pública (policiais, militares, entre outros); aquele relacionado ao mando, ao dinheiro e ao governar (rei, políticos, etc.); e aquele ligado ao homem destemido, (colonizador, militante, etc.), num total de 88 ocorrências. No entanto, com exceção de uma aparição de “patroa” no livro em questão, não podemos observar qualquer menção que, ao nosso ver, aluda ao gênero feminino e poder. 17 Além disso, podemos observar essa situação também quando analisamos as ocupações citadas nos livros. Há um grande número de trabalhos ditos “masculinos” reproduzidos no mesmo, em detrimento dos exercidos por mulheres. Nesse sentido, há uma presença de atividades laborais ligadas principalmente a força/inteligência/poder e em maior quantidade ao masculino (245 situações), e no que se refere ao trabalho e o gênero feminino, estes estão mais presentes no que diz respeito à esfera do cuidado e aparecem em menor quantidade nos livros, apenas 7 vezes no total. Outra questão que analisamos em nosso trabalho é a referente à geração e às relações de gênero nos livros didáticos. Podemos notar que palavras que fazem alusão a gênero e geração somam 33 aproximadamente, e dessas, 25 vezes, ou seja, mais de 2/3 são relacionadas ao gênero masculino. A maior presença do gênero masculino no livro está presente também no que diz respeito à família, num total de 71 vezes, sendo encontrado 44 ocorrências quando a referência é o gênero feminino. As imagens, em especial as coloridas, ou seja, aquelas com maior destaque nos textos, também estão em maior quantidade para o gênero masculino. Podemos encontrar no livro um total de 41 imagens ligadas ao gênero masculino e 18 para as do gênero feminino. Outra questão investigada é no concernente as referências de autoras/es, personagens, etc. Segundo nossa análise, essas também estão relacionadas, em grande maioria, ao gênero masculino, num total de 100 ocorrências para eles e apenas 11 para o feminino. Podemos notar ainda que, embora em poucas ocasiões, há alguns “avanços” nesse livro didático. Exemplos disso podem ser encontrados na presença da imagem de uma mulher na ocupação de pedreira, por exemplo; ou na utilização da flexão de gênero durante o livro, embora em poucas ocasiões (ex. Homem e Mulher); ou ainda, na discussão breve sobre o patriarcalismo, monogamia, poliandria, poligamia, matrilinearidade e monoparentalidade, no capítulo sobre família, o que, conquanto minimamente, acreditamos ser um passo à frente na construção do conhecimento e das configurações que permeiam essa instituição e que muitas vezes não são levadas em consideração nos livros didáticos de maneira geral. Desse modo, acreditamos que essa reflexão, embora breve, nos permite sugerir que esse livro é predominantemente masculino, o que contribui para (re)produzir desigualdades de gênero, ou seja, funcionam como uma importante tecnologia de gênero, aos moldes do que afirmou Teresa de Lauretis. Assim, embora haja pequenas melhoras no que diz respeito às discussões sobre gênero, conforme salientamos, podemos observar que há muito o que caminhar para que tenhamos livros didáticos que tratem com eqüidade os gêneros, pois ainda existem permanências dos padrões tradicionais de gênero neles, o que precisa ser melhor discutido por todas/os interessadas/os na educação inclusiva e de qualidade. 18 Considerações Finais Este estudo, ainda que resumido e incompleto, permite destacar algumas breves ressalvas que não indicam uma conclusão, mas indicativas da possibilidade de enxergar o livro didático de maneira mais crítica. Percebemos que há um longo caminho a se percorrer até que se possa haver relações de gênero equitativas na educação, em especial nos livros didáticos. Desse modo, acreditamos que é preciso elaborar livros didáticos que não reforcem estereótipos que já são fomentados diariamente por outros meios de comunicações, instituições e sociedade de modo geral. Assim, pensamos que esse material tem o potencial de trazer para a sala de aula (somado com o seu uso crítico pelo professorado) transformações e desnaturalizações das relações postas entre os gêneros. Dessa maneira, podemos dizer que o livro “Sociologia” do Paraná, de maneira geral, contribui para “representar os gêneros de forma distinta e desigual” (OLIVEIRA, 2011, p. 147). Desse modo, ele acaba por corroborar “para a construção e manutenção das desigualdades de gênero” que, por sua vez, “contribuem para a construção e manutenção de outras desigualdades sociais” (OLIVEIRA, 2011, p. 147). Referências: BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Em foco: História, produção e memória do livro didático. Educação e Pesquisa [online]. 2004, vol.30, n.3, p. 471-473. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022004000300007>. Acesso em: 15 Dez. 2013 CASSIANO, Célia Cristina de Figueiredo. 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