CENTRO DE ESTUDOS SUPLETIVOS
CUSTÓDIO FURTADO DE SOUZA
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
Equipe de Sociologia
Unidade 1: Introdução à Sociologia:
Quando nos referimos ao estudo da Sociologia, várias são as questões
levantadas. O que é Sociologia? O que estudamos na disciplina Sociologia? Para que
serve? Essas e muitas outras indagações são frequentes quando o indivíduo se depara
com a Sociologia. O objetivo desta unidade consiste em apresentar a definição, origem
aplicabilidade da Sociologia como ciência e apresentar seus principais autores.
1-As interpretações das Sociedades
A Sociologia é uma Ciência da Sociedade (entendida como um complexo de
relações humanas, por exemplo, a sociedade brasileira, a sociedade dos alunos do
Colégio Atheneu), juntamente com a Antropologia, a História, a Ciência Política, etc.
Então, a Sociologia é uma ciência em construção, onde o objeto de investigação e o
sujeito que investiga se confundem, produzindo uma Ciência Interpretativa.
A Sociologia está presente diariamente na imprensa, na linguagem política, nas aulas de
Geografia e de História.
2. Indivíduo e Sociedade
Introdução
Nas sociedades indígenas e em algumas sociedades orientais, o INDIVÍDUO é
elemento indissociável de sua comunidade, sendo compreendido em função dela. Por
exemplo, na escassez de alimentos, a fome é "dividida" por toda a tribo.
Na Europa capitalista, o INDIVÍDUO é entendido autonomamente em relação à
sua comunidade. Por exemplo, a teoria liberal.
A Sociologia procura investigar as relações INDIVÍDUO - SOCIEDADE como
uma reação ao individualismo da sociedade capitalista.
No século dezenove surgiram duas teorias a respeito destas relações:
1. INDIVIDUALISTA – A Sociedade é entendida como a soma dos interesses e
relações entre os indivíduos, sendo resultado da subjetividade individual. Por exemplo,
a escolha de um candidato em um processo eleitoral, ou seja ,ao voto.
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2. COLETIVISTA - A Sociedade é uma realidade concreta que subordina, condiciona
os indivíduos às instituições sociais. Por exemplo, o grupo familiar (primário) que
molda nossa identidade, ou a escola ( grupo secundário), que estabelece regras de
conduta.
Hoje em dia temos a Teoria da INTERDEPENDÊNCIA: A Sociedade pressiona
o indivíduo para a aceitação dos condicionamentos, ao mesmo tempo que o indivíduo
tenta constituir sua identidade através, ou apesar da pressão. Por exemplo, no processo
eleitoral, a propaganda pelo voto útil; na escola, a resistência à pressão mediante a
"cola", a indiferença, "matar aulas", etc.
3. Os Primórdios da Sociologia
Introdução
A Sociologia é uma "ciência da crise", pois nasce sob o impacto da Dupla
Revolução Burguesa: Industrial e Francesa. Ela nasce para explicar as profundas
mudanças sofridas pela Europa no processo de consolidação do Capitalismo. No
entanto, antes de constituir-se uma ciência da sociedade, diversas teorias, derivadas da
religião e da filosofia procuraram explicar a vida social.
As pré-condições para o surgimento da Sociologia
- Crença no vigor da Ciência para explicar o mundo e dominar as forças da natureza
- A sociedade, vista como um elemento da natureza, também poderia ser explicada,
conhecida e controlada pela razão humana.
A dessacralização da religião e a sacralização da ciência
Ao longo do século dezenove, ocorreu um processo de "descristianização ou
"laicização" da sociedade, através do qual a religião deixa de explica a sociedade e
passa a ser explicada por ela. Ao mesmo tempo, a ciência sofre um processo de
sacralização, ou seja, ela passa a ser encarada como capaz de descobrir e apontar para os
homens o caminho em direção à verdade. Os homens são criadores de deuses.
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Nesse processo, surge a crença de que a sociedade pode ser compreendida
através de leis naturais, existentes independentemente da influência humana. Estava
surgindo o Positivismo.
4. O Surgimento da Sociologia: O Positivismo
A Dupla Revolução Burguesa, Industrial e Francesa, ao mesmo tempo que
consolidou o poder burguês na Europa Ocidental, trouxe também a impressão de que as
sociedades europeias estavam desorganizadas e anárquicas. Sob o peso da máquina e
temendo a massa, as classes dominantes, lideradas pela burguesia, passam a reconhecer
em um novo surto de ideias, denominado positivismo, a doutrina capaz de estabilizar a
organização da sociedade.
5-Objetivo, Objeto, Campo de Estudo e Importância.
O objetivo da sociologia é aumentar ao máximo o conhecimento do homem e da
sociedade através da investigação científica.
O objeto de estudo da sociologia são os fenômenos sociais, isto é, tudo aquilo
que se refere às relações entre as pessoas, suas questões nos seus grupos sociais ou entre
os grupos dinamizando a sociedade como um todo.
O campo de estudo da sociologia é a sociedade como um todo, envolvendo todas
as suas particularidades, sejam em características políticas, econômicas, sociais,
culturais, históricas, etc.
A sociologia é importante porque nos permite compreender melhor a sociedade
em que vivemos e consequentemente, explicar e buscar soluções para a complexidade
das questões sociais. Assim a sociologia vem se tornando uma ciência imprescindível
para o conhecimento do mundo atual.
6- Autores e Obras:
6.1-Auguste Comte- Sistematizou os princípios fundamentais do positivismo.
Inicialmente denominou a nova ciência de Física Social, antes de criar o termo
Sociologia. Partiu de uma lei geral do desenvolvimento das sociedades humanas,
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afirmando a existência de três estados na história da humanidade: teológico, metafísico
e positivo. Neste último, a sociedade alcançaria o estado de equilíbrio e a ausência de
conflitos, através de um conjunto de crenças comuns, capaz de manter a ordem e o
progresso. Como Saint-Simon, ele defendia um progresso gradual na ordem social
instalada, progresso que seria comandado pelos industriais e pelos cientistas do
pensamento positivista.
Características
Cientificismo - Crença na capacidade da ciência em conhecer e traduzir a realidade sob
a forma de leis científicas naturais.
Método - Derivado das ciências naturais, já sistematizadas, defendia a neutralidade e a
objetividade do conhecimento sociológico. Ver para prever; ciência, daí previdência;
previdência, daí ação.
Organicismo - A sociedade era concebida como um mecanismo ou ainda como um
organismo,
constituído
por
partes
integradas
e
coesas
que
funcionariam
harmonicamente.
Darwinismo Social – A crença que as sociedades mudariam e evoluiriam em um mesmo
sentido. Tais transformações representariam a passagem de um estágio inferior para
outro superior. O organismo social se mostraria mais evoluído, mais adaptado e mais
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complexo. Esse tipo de mudança garantiria a sobrevivência dos organismos mais fortes
e mais evoluídos. Serviu de ideologia que justificou a expansão Imperialista mundial no
século passado.
Ordem e Progresso - A ordem era entendida por Comte como movimento estático,
responsável pela preservação dos elementos permanentes de toda organização social, ou
seja, as instituições que mantinham a coesão e garantiam o funcionamento da sociedade:
família, religião, propriedade, direito, etc. O progresso era entendido como movimento
dinâmico, que representaria passagem para formas mais complexas de existência, como
a industrialização. A relação entre estes dois movimentos vitais seria a de privilegiar o
estático sobre o dinâmico, a conservação sobre a mudança. Assim, para Comte, o
progresso destinava-se a aperfeiçoar a ordem, e não destruí-la.
O positivismo teve fortes influências no Brasil, tendo como sua representação
máxima, o emprego da frase positivista “Ordem e Progresso”, extraída da fórmula
máxima do Positivismo: "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim",
em plena bandeira brasileira. A frase tenta passar a imagem de que cada coisa em seu
devido lugar conduziria para a perfeita orientação ética da vida social.
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6.2. A Sociologia de Émile Durkheim - 1858- 1917
O primeiro sociólogo de fato, herdeiro e continuador do positivismo comtiano,
sistematizador do pensamento sociológico.
. Objeto de estudo da Sociologia:
Fatos Sociais: Maneiras de agir, de pensar, e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas
de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõe (explicados por seus efeitos
sociais)
Características dos Fatos Sociais:
A )-Coerção Social - Submissão do indivíduo às regras sociais - leis, língua, família. O
desvio, a resistência sofrem sanção ou punição, que pode ser legal ou espontânea.
B)- Exterioridade - Para existirem, os valores sociais não necessitam expressar-se em
uma determinada pessoa, nem que este esteja de acordo com eles. Independem dos
indivíduos, são exteriores a ele.
C- Generalidade - Repete-se em todos os indivíduos ou na maioria deles.
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De acordo com Durkheim, a aceitação dos fatos sociais, para além da pressão
resultado da coerção social, só seria possível quando a coerção se transformasse em
respeito pelos ideais coletivos da sociedade: a sociedade me pressiona (dever) mas eu
aceito as regras, respeitando-as, porque fora da sociedade eu me desumanizo ( prazer).
Os fatos sociais são formados pelas representações coletivas, ou seja, como a
sociedade vê a si mesma e o mundo que a rodeia, que produz a consciência coletiva, que
se sobrepõe às consciências dos indivíduos. A consciência coletiva é composta pelo
conjunto de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma
sociedade.
Para Émile Durkheim, os fatos sociais variam de cultura para cultura e tem
como base a moral social, estabelecendo um conjunto de regras e determinando o que
é certo ou errado, permitido ou proibido. Não podem ser confundidos com os
fenômenos orgânicos nem com os psíquicos, constituem uma espécie nova de fatos.
O Método:
Objetividade e Neutralidade, sendo os fatos sociais considerados como coisas
observadas, experienciadas. Assim seria possível afastar-se das opiniões, preconceitos e
ideologias pessoais. A utilidade da Sociologia seria permitir a percepção da sociedade
como um organismo complexo, a partir da classificação em : estado normal, marcado
pelo consenso; estado patológico, marcado pela anomia.
Para Durkheim a mudança social é inevitável, mas realizada de preferência
através do consenso. O autor percebia sua época em crise social profunda, em anomia,
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causada pela ausência de regras morais adequadas às profundas transformações
ocorridas com as Revoluções Burguesas. Para ele a solução para a crise estaria no
Mundo do Trabalho, através da reconstituição da solidariedade perdida, obtendo-se a
coesão social via cooperação profissional ( solidariedade orgânica ).
6.3 A Sociologia de Max Weber - 1864 – 1920
Herdeiro do idealismo alemão, na tradição de Hegel e de Kant. Combateu, com
suas posições políticas e sociológicas, o positivismo da tradição francesa.
Objeto de estudo da Sociologia:
Ação Social - Entendida como
conduta individual (ato, permissão ou omissão)
orientada pela conduta de outros indivíduos, tendo portanto um significado subjetivo.
Weber exemplifica com a colisão de duas bicicletas: se nenhum dos condutores orientou
sua ação para a colisão, então não houve ação social. Ë preciso também diferenciar a
ação social da relação social: ocorre relação social quando, em um caso concreto, os
participantes de uma ação percebam o mesmo sentido nessa ação, ou que adotem,
intimamente, a atitude do outro, isto é, que exista reciprocidade no sentido.
A função da Sociologia seria interpretar o sentido da ação social, através do método
compreensivo.
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Weber criou uma classificação, a partir de um modelo teórico da tipos ideais ou
puros, construções teóricas para a análise, que não pretendem substituir a realidade e
nem são encontrados puros na sociedade.
Os Tipos Ideais de Ação Social
a . Ação tradicional - Determinada por hábito ou costume enraizado. Por exemplo, o
casamento contratado entre famílias tradicionais.
b . Ação afetiva - Determinada por afeto ou estado emocional: amor, ódio, medo, dor,
pânico, etc. Por exemplo, pintar um quadro sob forte emoção, brigar com a namorada,
etc.
c. Ação racional com respeito a valores - Determinada pela crença consciente em um
valor considerado importante, independentemente do êxito deste valor na realidade. Por
exemplo, os ativistas do Greenpeace, os defensores dos direitos humanos, os idealistas
em geral.
d .Ação racional com respeito a fins - Determinada pelo cálculo racional - planejamento
- que estabelece finalidades e organiza os meios necessários para alcançá-las. Por
exemplo, Weber cita a Economia e a Ciência.
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Conceitos e Metodologia
Max Weber está ligado à corrente sociológica que privilegia a tensão do
indivíduo diante da sociedade, rejeitando os conceitos "coletivistas" da sociedade.
Para ele, o conceito de racionalidade é central para a compreensão das sociedades ao
longo do tempo. Assim, diferentemente de Marx, Weber via o capitalismo como o
processo de modernização
das sociedades ocidentais, cujo aspecto nuclear era a
racionalização de todas as esferas da vida social: a economia, a religião, a política, a
música, etc.
No entanto, mostrava-se desencantado com a razão, que burocratiza, especializa
e domina o cotidiano dos homens.
Método Compreensivo
a . Histórico - Para Weber, cada sociedade tem seu ritmo próprio de desenvolvimento,
seus valores e culturas. Compreender a sociedade atual é fazer um esforço para
interpretar o passado observando suas repercussões nas características das sociedades
contemporâneas.
b . Interpretativo - O cientista pesquisa a partir de seus valores sociais, até mesmo na
hora de escolher o objeto de estudo, interpretando-o
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6.4. Karl Marx - 1818 – 1883
Apesar de ser considerado um dos fundadores da Sociologia, Max não foi
Sociólogo, mas Filósofo. No entanto sua elaboração teórica e conceitual é tão vasta
profunda que influencia até hoje todos os ramos das Ciências Sociais.
Como Weber e Durkheim, Marx também é herdeiro da crença Iluminista na
compreensão e transformação total do mundo através da razão. Herdeiro da dialética
hegeliana e devedor do pensamento da Escola Clássica inglesa ( Adam Smith, David
Ricardo ), Marx elaborou mais do que uma teoria da sociedade. Ele elaborou uma teoria
para a revolução social.
Conceitos e Método
Filosofia da Práxis - Mais do que pensar a sociedade, pensar e agir para sua
transformação consciente e revolucionária, rompendo com a alienação:
"Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de distintos modos. Cabe, no entanto,
transformá-lo"
Materialismo Histórico - As formas de consciência social, a cultura, a ideologia, as
manifestações políticas são um reflexo da forma como os homens organizam sua vida
material, suas relações econômicas:
"Aquilo que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais de sua
produção"
"Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem por sua escolha mas através
daqueles com que se defrontam, diretamente legadas pelo passado"
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Método Dialético - (Heráclito e Hegel)
Pressuposto: Combate a tradição dualista do pensamento ocidental que afirma ser o
movimento uma ilusão (APARÊNCIA)
pois a verdadeira natureza do mundo é
imutável (ESSÊNCIA).
Afirmação: TUDO ESTÁ EM ETERNA TRANSFORMAÇÃO, TUDO ESTÁ
SUJEITO AO FLUXO DA HISTÓRIA.
Princípio: CONTRADIÇÃO. Toda ação humana traz em si sua negação.
Dialética Hegeliana: É idealista, o Espírito ou o Pensamento constróem a realidade.
Dialética Marxista: É o ser social dos homens que determina sua consciência.
A Dialética funda-se na unidade dos contrários: tese ou afirmação; antítese ou negação;
síntese ou negação da negação.
Alienação - O trabalho liberta o homem de sua condição natural. Porém, nas sociedades
de classes o a divisão do trabalho desumaniza o trabalhador, tornando-o um coisa (
REIFICAÇÃO ), ao mesmo tempo que humaniza os objetos produzidos pelo homem (
FETICHIZAÇÃO ).
A Alienação é, ao mesmo tempo:
Econômica - O capitalismo alienou - separou - o homem de seus meios de produção
(ferramentas, terra, matérias-primas )
Política - A representatividade liberal esconde que, no capitalismo, o Estado atende aos
interesses da classe dominante, detentora dos meios de produção, a burguesia..
Filosófica - A divisão social do trabalho separou as atividades intelectuais das
atividades manuais. Pensar tornou-se privilégio de uma classe social, em detrimento de
outra.
Classes Sociais - São os sujeitos da história, organizadas a partir de sua posição na
estrutura produtiva, em relação ao controle dos meios de produção. São estruturalmente
desiguais.
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Para Marx, o modo de produção capitalista se caracteriza pela divisão da
sociedade em classes, na exploração do trabalhador e na alienação, gerando assim uma
sociedade desigual, antagônica, injusta, irracional e anárquica que deve ser substituída
pelos socialismo através da revolução proletária.
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Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem
duas grandes classes: de um lado, os capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem
os meios de produção (máquinas, ferramentas, capital, etc) necessários para transformar
a natureza e produzir mercadorias; do outro lado, os trabalhadores, também chamados
no seu conjunto de proletários, aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e sua
disposição para trabalhar. Assim o conceito de classe em Marx estabelece um grupo de
indivíduos que ocupam uma mesma posição no processo e nas relações de produção, em
determinada sociedade.
A classe a que pertencemos é que condiciona de maneira decisiva nossa atuação
social. Neste sentido, é principalmente a situação de classe que condiciona a existência
do indivíduo e sua relação com o resto da sociedade: podemos compartilhar ideias
amizades e comportamentos de indivíduos de outras classes, mas no momento do
conflito, como nas greves ou mesmo no mercado(consumo), as diferenças irão aparecer
de acordo com a classe a que pertencemos. Nessa relação de classes surge a “classe em
si” e “classe para si”,
“Classe em si- Quando o indivíduo não tem consciência de classe, ele encontrase em qualquer posição (status) na estrutura econômica.
“Classe para si”- Quando a pessoa tem consciência de classe, ela assume uma
posição politico-ideológica.
Infra-estrutura e Superestrutura - A estrutura da sociedade está dividida em infraestrutura, base material das relações sociais - a economia e superestrutura, reflexo da
base material, composta pelas relações culturais, ideológicas e políticas.
A estrutura social depende de como os homens, em sociedade, organizam a produção
social dos bens, englobando:
Forças Produtivas - Instrumentos e habilidades para controlar as condições naturais
Relações de Produção - Formas distintas ( históricas ) de organização da produção e da
distribuição da riqueza e da posse e propriedade dos meios de produção.
Modo de Produção - Forma histórica ( material ) de existência e reprodução das forças
produtivas e das relações de produção.
"A história da humanidade é a história do desenvolvimento e destruição de modos de
produção distintos".
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O CONCEITO DE MAIS-VALIA
Karl Marx foi o primeiro pensador econômico que criticou a dinâmica do
modelo capitalista
Mais-valia é o termo usado para designar a disparidade entre o salário pago e o
valor do trabalho produzido.
Karl Marx fez uma análise dialética sobre o tema, afirmou que o sistema
capitalista representa a própria exploração do trabalhador por parte do dono dos meios
de produção, na disputa desigual entre capital e proletário onde o primeiro sempre sai
vencedor.
Desse modo, o ordenado pago representa um pequeno percentual do resultado
final do trabalho (mercadoria ou produto), então a disparidade configura concretamente
a chamada mais-valia, dando origem a uma lucratividade maior para o capitalista.
A teoria marxista da mais-valia pode ser compreendida da seguinte forma:
Suponhamos que um funcionário leve 2 horas para fabricar um par de calçados. Nesse
período ele produz o suficiente para pagar todo o seu trabalho. Mas se ele permanece
mais tempo na fábrica, produzindo mais de um par de calçados e recebendo o
equivalente a confecção de apenas um. Em uma jornada de 8 horas por exemplo são
produzidos 4 pares de calçados. O custo de cada par continua o mesmo, e assim também
como o salário do proletário. Com isso, conclui-se que ele trabalha 6 horas de graça,
reduzindo o custo do produto e aumentando os lucros do patrão. Esse valor a mais
(mais-valia) é apropriado pelo capitalista e constitui o que Karl Marx chama de “MaisValia Absoluta” .Além do operário permanecer mais tempo na fábrica o patrão pode
aumentar a produtividade com a aplicação de tecnologia. Dessa forma, o funcionário
produz ainda mais. Porém o seu salário não aumenta na mesma proporção. Surge assim,
a "Mais-Valia Relativa". Com esse conceito Marx define a exploração capitalista.
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ESTUDO DIRIGIDO:
1- Formule um conceito de Sociologia.
2- Qual o objetivo, objeto, campo de estudo e importância da Sociologia?
3- Qual a importância da Revolução Francesa e Industrial para o surgimento da
Sociologia?
4- Explique como era entendida a Ordem e o Progresso na concepção de Augusto
Comte.
5- Descreva as principais características dos fatos sociais
6- Conceitue ação social de acordo com a concepção sociológica de Max Weber
diferenciando-a de relação social
7- Por que Marx afirmava que a “luta de classes é o motor da história.
8- Na sua concepção enquanto aluno de Sociologia observa a sociedade?
9- Dos autores apresentados qual você escolheria? Justifique sua resposta
10- Elabore um comentário do Texto Complementar: Pra que serve a Sociologia?
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Sugestão de Filmes:
Tempos Modernos (Modern Times, EUA 1936) DIREÇÃO: Charles Chaplin
ELENCO: Charles Chaplin, Paulette Goddard, 87 min. Preto Obra-prima do cinema
mudo, ambientada durante a Depressão de 1929. Chaplin, através de seu personagem
Carlitos, procura denunciar o caráter desumano do trabalho industrial mecanizado, da
tecnologia e da marginalização de setores da sociedade.
A classe operária vai ao paraíso de Elio Petri (Itália, 1971) 126 min. Adorado por seus
superiores por ser um trabalhador extremamente dedicado e odiado pelo mesmo motivo
por seus colegas de trabalho, Lulu vive entregue aos sonhos de consumo da classe
média, alienado em meio aos movimentos de protesto de sua classe, até que um
acontecimento põe em xeque suas opiniões.
Revolução dos Bichos (1999) Direção: John Stephenson EUA 91 min. Considerada
um best-seller, a obra narra a história do fazendeiro Jones (Pete Postlephwaite). Um
homem beberrão e cruel que explora seus animais. Revoltados com seu proprietário,
eles se organizam em seu lar. De posse da terra, os bichos passam a controlar o lugar,
decretando uma série de novas regras.
Vida de Inseto (1998) Dirigido por John Lasseter e Andrew Stanton. Todo ano, os
gananciosos gafanhotos exigem uma parte da colheita das formigas. Mas quando algo
dá errado e a colheita destruída, os gafanhotos ameaçam atacar e as formigas são
forçadas a pedir ajuda a outros insetos para enfrentá-los numa batalha.
A corrente do bem (2000). Dirigido por Mimi Leder 2h e 3min.EUA D Eugene
Simonet (Kevin Spacey), um professor de Estudos Sociais, faz um desafio aos seus
alunos em uma de suas aulas: que eles criem algo que possa mudar o mundo. Trevor
McKinney (Haley Joel Osment), um de seus alunos e incentivado pelo desafio do
professor, cria um novo jogo, chamado "pay it forward", em que a cada favor que
recebe você retribui a três outras pessoas. Surpreendentemente, a idéia funciona,
ajudando o próprio Eugene a se desvencilhar de segredos do passado e também a mãe
de Trevor, Arlene (Helen Hunt), a encontrar um novo sentido em sua vida.
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Texto complementar:
PARA QUE SERVE A SOCIOLOGIA?
A sociologia serve-nos, em primeiro lugar, como instrumento de conhecimento.
Juntamente com as outras ciências sociais, diz-nos como funcionam as instituições
sociais, quais as regras escritas e, sobretudo, não escritas, em que os indivíduos e os
grupos sociais se apoiam. Mais especificamente, a sociologia desenvolve um trabalho
concreto, para o qual as outras ciências sociais não estão adequadamente equipadas;
ocupa-se de interconexões do social e procura analisa-la. Neste sentido, ou seja, na
medida em que analisa não tanto os aspectos específicos da sociedade enquanto tais,
como as ligações estruturais e de condicionamento recíproco, a sociologia tem uma
função de generalização e um efeito de exteriorização. Não espanta que, nas mãos de
um sociólogo pouco sensato ou medíocre, a sociologia pareça, em vez de geral,
“genérica”, e de sociologia se transforme naquilo a que os que apenas conhecem as
ciências sociais pela rama não se cansem de chamar “tudologia”.
Este
aspecto
crítico,
tão
difundido
e
tão
superficial,
evoca,
paradoxalmente, a função social específica da sociologia e a sua vocação profunda na
sociedade atual. Esta sociedade, nos seus aspectos mais avançados, é hoje uma
sociedade extremamente fragmentada por uma especialização técnica que cada vez é
mais estimulada e corre o risco de nos fazer perder de vista o social na sua globalidade
dinâmica. A sociologia é o único antídoto de que dispomos contra essa tendência, o
sociólogo desempenha uma função social crítica essencial. No próprio momento em que
começa a analisar qualquer fenômeno social, comportamento ou instituição, o sociólogo
afirma e faz incidir sobre o fato social um critério de racionalidade que esclarece as
razões profundas das práticas sociais, muitas vezes aceites e seguidas por puro instinto
consuetudinário, e possui um salutar poder de desmistificação.
Nesta perspectiva, é fácil compreender por que é que a sociologia tem
tido uma vida difícil em todos os regimes políticos totalitários e autoritários. O simples
fato de escolher uma dada instituição como objeto de investigação sociológica põe em
risco a propaganda oficial ou “ideológica”, desvenda os mecanismos internos da
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instituição, mostra os interesses reais que essa instituição serve, descreve as suas linhas
tendenciais tais como são, na realidade, independentemente das interpretações oficiais,
revela a sociedade real que se comprime, por trás da fachada formal. Como diziam os
nazis, a sociologia desenvolve uma “crítica social corrosiva”.
FERRAROTTI, Franco. Sociologia. Lisboa. Teorema, 1986, p. 149-150
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Texto Complementar:
Desigualdade Social
A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria
dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países pobres ou ricos, mas a
desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não
desenvolvidos.
O conceito de desigualdade social é um guarda chuva que compreende diversos
tipos de desigualdades, desde desigualdade de oportunidade até desigualdade de
escolaridade, de renda, de gênero etc. De modo geral a desigualdade econômica a mais
conhecida é chamada imprecisamente de desigualdade social dada pela distribuição
desigual de renda. No Brasil a desigualdade social tem sido um cartão de visita para o
mundo, pois é um dos países mais desiguais. Segundo dados da ONU em 2005 o Brasil
era a 8ª nação mais desigual do mundo. O índice Gini que mede a desigualdade de renda
divulgou em 2009 que a do Brasil caiu de 0,58 para 0,52(quanto mais próximo de 1
maior a desigualdade) , porém esta ainda é gritante
Alguns dos pesquisadores que estudam a desigualdade social brasileira atribuem
em parte a persistente desigualdade brasileira a fatores que remontam o Brasil colônia
pré 1930 a máquina midiática em especial a televisiva produz e reproduz a ideia da
desigualdade creditando o “pecado original” como fato primordial desse flagelo social
assim por extensão o senso comum compra essa ideia já formada, ao afirmar que são
três os pilares coloniais que apoiam a desigualdade a influência ibérica os padrões de
títulos de posse de latifúndios e a escravidão.
É evidente que essas variáveis contribuíram intensamente para que a
desigualdade brasileira permanecesse por séculos em patamares inaceitáveis. Todavia a
desigualdade social no Brasil tem sido percebida nas últimas décadas não como herança
pré-moderna mas sim como decorrência do efetivo processo de modernização que
tomou o país a partir do século XIX.
Junto com o próprio desenvolvimento econômico cresceu também a miséria as
disparidades sociais educação renda saúde etc a flagrante concentração de renda o
desemprego a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade
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infantil, a baixa escolaridade a violência. Essas são expressões do grau a que chegaram
as desigualdades sociais no Brasil.
Segundo Rousseau a desigualdade tende a se acumular. Os que vêm de família
modesta têm em média menos probabilidade de obter um nível alto de instrução . Os
que possuem baixo nível de escolaridade têm menos probabilidade de chegar a um
status social elevado de exercer profissão de prestígio e ser bem remunerado. É verdade
que as desigualdades sociais são em grande parte geradas pelo jogo do mercado e do
capital assim como é também verdade que o sistema político intervém de diversas
maneiras às vezes mais às vezes menos para regular regulamentar e corrigir o
funcionamento dos mercados em que se formam as remunerações materiais e
simbólicas.
Observa-se que o combate à desigualdade deixou de ser responsabilidade
nacional e sofre a regulação de instituições multilaterais como o Banco Mundial.
Conforme argumenta a socióloga Amélia Cohn, a partir dessa ideia se inventou a teoria
do capital humano pela qual se investe nas pessoas para que elas possam competir no
mercado . De acordo com a socióloga a saúde perdeu seu status de direito tornando-se
um investimento na qualificação do indivíduo.
A sociedade brasileira deve perceber que sem um efetivo Estado democrático
não há como combater ou mesmo reduzir significativamente a desigualdade social no
Brasil.
Orson Camargo. Graduado em Sociologia FESPSP. Mestre em Sociologia Unicamp.
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Referências:
BOMENY, Helena & MEDEIROS, Bianca Freire. Tempos Modernos, tempos de
Sociologia. Rio de Janeiro: Ed do Brasil, 2010. Volume único
FERRAROTTI, Franco. Sociologia. Lisboa. Teorema, 1986, p. 149-150
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática, 2001
QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Um toque de
clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
TOLOMIO, Cristiano. Sociologia-EJA/ Cristiano Tolomio- São Paulo: Editora Didática
Suplegraf,2009.
Sites:
http //www.netmundi.org/pensamentos
http://pt.shvoong.com/social-sciences/1705312-karl-marx-conceito-mais-valia,
acesso 10 de março 2015
23
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sociologia unidade 1