Atividade: Sociologia – Aula 1
..1°...trimestre/ 2009
Data:
Professor(a): Flany Toledo
Nome do(a) aluno(a):
Nº
Turma:
Breve histórico do surgimento da Sociologia
Introdução
Podemos ver, nas aulas de Filosofia, como o ser humano desenvolveu a capacidade de
dirigir-se à obtenção do saber por meio da abstração comandada pela razão. Lá observamos
que, o desenvolvimento do cérebro permitiu o aparecimento da linguagem. Assim, muitas
informações puderam ser transmitidas para gerações posteriores, essa transmissão faz surgir à
cultura, que é o conjunto de costumes, idéias, conhecimentos de uma sociedade. Com a cultura,
o homem passou a se destacar de forma especial dentre todos os seres vivos. Ou seja, a
inteligência permite ao homem conhecer o mundo em sua volta; e com a linguagem ele pode
armazenar através da memória e transmitir seus conhecimentos gerando a cultura. A partir de
então, não só o corpo evolui, mas também nossas idéias. Dessa forma, o homem, transmite suas
experiências e visões de mundo utilizando a comunicação, estabelecendo-se uma íntima
identidade entre linguagem, experiência e realidade, que é a base do imaginário e do
conhecimento humano. O Homem, portanto, é capaz de abstrair situações e emoções e de
transformá-las em imagem, é capaz de simbolizar, de armazenar significados, de separar,
agrupar, classificar o mundo que o cerca. Dessa habilidade provém a capacidade de projeção, a
idéia de tempo e o esforço em preparar o futuro, características que permitem o desenvolvimento
da ciência. Esse é o centro de sua capacidade simbólica e de sua humanidade.
Dado o exposto, vamos agora entender como a simples observação da sociedade se
transformou em ciências sociais ou sociologia. Para tanto, se faz necessário uma viagem no
tempo, uma remontagem ao passado, pois, por trás do nosso presente, como infra-estrutura
condicionante unitária e dotada de sentido orgânico e permanente no tempo, opera a
Modernidade. Por trás da Modernidade, coloca-se a Idade Média, e por trás desta a Idade Antiga;
e, antes ainda, o Mediterrâneo como encruzilhada de culturas, o Oriente como matriz de muitas
formas culturais do Ocidente. A história é um organismo, assim, a partir do presente, da
Contemporaneidade e suas características e seus problemas, deve-se remontar para trás, bem
para trás, até o limiar da civilização e reconstruir o caminho complexo colhendo, ao mesmo
tempo, seu processo e seu sentido.
A razão: Indivíduo e Sociedade
Foram os gregos que, rompendo com o senso comum, com a tradição e com o
misticismo, desenvolveram uma reflexão laica e independente, própria do espírito especulativo,
que se debruçava sobre o mundo procurando entendê-lo em sua objetividade. Em conseqüência,
acabaram por criar a filosofia e muitos dos campos de conhecimento até hoje conhecidos, como
a geometria, astronomia, medicina, etc.
Enquanto a sociedade comercial e manufaturada, desenvolvida pelos gregos perdurou ao
longo do Império Romano, a razão esteve a serviço do indivíduo e da sociedade. Porém, após a
queda do Império, quando a Europa volta a ser uma sociedade predominantemente agrária e
teocrática, que submete a razão e a filosofia à teologia, a razão deixa de oferecer o que tinha de
melhor para explicar e para entender o mundo. Durante a Idade Média, período de hegemonia da
Igreja Católica no Ocidente, a racionalidade passou a ser considerada como mero instrumento
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auxiliar da fé. O espírito especulativo deu lugar a uma visão instrumentalista da filosofia, pela
qual as idéias de pensadores como Platão e Aristóteles foram reinterpretadas, para que
afirmassem o incontestável poder da Igreja. A fé e a crença, como nas sociedades agrícolas
míticas, voltavam a condicionar o comportamento humano e a sociedade. Apenas as ordens
religiosas, isoladas nos mosteiros, tinham acesso a textos de filosofia, geometria e astronomia. A
população laica deixou de participar desse saber.
No Renascimento, entretanto, o homem ocidental redescobre os textos antigos e o prazer
de investigar o mundo - uma atividade válida por si mesma, livre de suas implicações religiosas.
Em decorrência disso, vimos assistindo nos últimos quinhentos anos e em particular a partir do
século XVII, ao crescente progresso desse método de conhecimento - a ciência - destinado à
descoberta das leis que regem a relação dos homens entre si e com a realidade que o rodeia.
Aprimoraram-se as técnicas e os utensílios de medição, desenvolveram-se as universidades e
demais instituições científicas, e tanto a imprensa como os outros meios de comunicação
espalharam o conhecimento a um número crescente de pessoas. Foi em meio a esse movimento
de idéias, que surgiu no século XIX, uma ciência nova - a sociologia, a ciência da sociedade. Foi
ela, resultado da necessidade dos homens de compreender as relações que estabelecem entre
si e a natureza da vida coletiva sob uma perspectiva nova, independente das convenções e das
tradições religiosas.
Tornava-se necessário entender as bases da vida social humana e da organização da
sociedade, por meio de um modelo de pensamento que permitisse a observação metódica e a
formulação de explicações plausíveis, pois só assim teriam credibilidade num mundo pautado
pelo racionalismo, isto é, na busca pela verdade por meio da razão.
Portanto, o aparecimento da sociologia significou que questões concernentes às relações
entre os homens e destes com a sociedade deixavam de ser objeto das crenças religiosas e do
senso comum, passando a interessar também aos cientistas. A constituição desse novo campo
de conhecimento representou a apropriação das relações humanas por parte do conhecimento
científico e o reconhecimento da possibilidade de entendimento racional da realidade social.
A partir de então, o homem começou a experimentar, isso é, a utilizar métodos e
instrumentos de análise capazes de interpretar e explicar a experiência social segundo os
princípios do conhecimento científico, como nas demais ciências. A complexidade das relações
humanas e da vida coletiva passava assim a outra instância do conhecimento humano, a outro
processo cognitivo, a sociologia como ciência (objeto de nossas próximas aulas).
Sociologia como autoconsciência da sociedade
Como na formação das demais áreas do conhecimento científico, na sociologia, também,
estabeleceu-se o debate constante entre os pensadores e as principais teorias explicativas da
sociedade, exigindo aprofundamento, experimentação, desenvolvimento metodológico e
comprovação. Criou-se também um jargão científico – um vocabulário próprio com conceitos que
designam aspectos importantes da sociedade. Tanto é assim, que este jargão foi difundido
passando a fazer parte do cotidiano das pessoas. Palavras e expressões como contexto social;
movimentos sociais, classes sociais, estratos, camadas e conflito social são abundantemente
veiculados pelos meios de comunicação de massa e pelo discurso político. Neles há referências,
por exemplo, às classes dominantes, às elites, pressões sociais, etc, como se todos, políticos,
consumidores e eleitores, soubessem exatamente o que elas designam.
Cada vez mais pesquisas, para os mais diversos fins, veiculam os resultados, e o público,
em geral, demonstra entender os procedimentos aos quais as pesquisas estão sujeitas. Quando
se ouve, por exemplo, que um presidente ou governador, conta com o apoio de 50% da
população, entende-se que um grupo de pesquisadores empreendeu uma enquete junto a um
determinado número de pessoas para saber sua opinião a esse respeito. Compreende-se que,
de cada cem pessoas argüidas, metade manifestaram-se favoráveis à forma como esse
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governante tem desempenhado suas funções. E, quando mais tarde ouve-se que a popularidade
desse presidente ou governador cresceu 10%, entende-se que nova pesquisa foi feita nos
mesmos moldes da anterior e que, de cada cem cidadãos, agora são 60 % que se mostraram
favoráveis à atuação governamental.
Esse raciocínio, utilizado para a compreensão do comportamento eleitoral e político,
decorre da aceitação generalizada dos conhecimentos básicos da sociologia e de seus métodos
de pesquisa, mesmo de forma inconsciente. O leitor ou ouvinte admite que seu comportamento,
suas emoções e sentimentos dependem de suas características individuais assim como de
certas regularidades que são observáveis nos membros de um determinado grupo exposto às
mesmas circunstâncias. Ele intui a existência de regularidades em nossa forma de
comportamento e reconhece que por trás da diversidade entre as pessoas existe certa
padronização nas suas formas de agir e pensar, de acordo com o sexo, a idade, a nacionalidade
etc. É a sociologia como autoconsciência da sociedade.
Atividades
1)
Corrobore com o seguinte argumento: “O conhecimento é uma
característica essencialmente humana”, ou, elabore de acordo com o que
foi dado, um texto que contribua com o argumento acima:
“Comparando a outros animais, o homem não vive apenas em uma realidade mais ampla,
vive, pode-se dizer, em uma nova dimensão da realidade... O homem vive em um universo
simbólico1”. Dessa forma, transmite suas experiências e visões de mundo utilizando a
comunicação, estabelecendo uma íntima identidade entre linguagem, experiência e realidade,
que é a base do imaginário e do conhecimento humano.
2)
O texto deixa claro que sem o desenvolvimento da filosofia e da ciência
não teria sido possível chegar à sociologia. Explique quais foram os
argumentos?
Com o desenvolvimento da reflexão laica, independente, especulativa e objetiva, por parte
dos gregos, foram estabelecidos os alicerces do conhecimento, e por conseqüência, da filosofia
e, das ciências. Assim, estava criada a lógica que sustenta o conhecimento contemporâneo. A
partir do renascimento, isto é, nos últimos quinhentos anos e em particular a partir do século
XVII, como resposta ao crescente progresso desse método de conhecimento - a ciência,
aprimoraram-se as técnicas, desenvolveram-se as universidades e demais instituições
científicas, e tanto a imprensa como os outros meios de comunicação espalharam o
conhecimento a um número crescente de pessoas. Foi em meio a esse movimento de idéias, que
surgiu no século XIX, uma ciência nova - a sociologia, a ciência da sociedade. Foi ela, resultado
da necessidade dos homens de compreender as relações que estabelecem entre si e a natureza
da vida coletiva, sob uma nova perspectiva, independente das convenções e das tradições
religiosas.
1
Cassirer, Ernst, Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana. São Paulo: Martins Fontes,
1997. p. 48.
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3)
Qual é a relação e a importância da sociologia no mundo de hoje?
A sociologia, como a demais áreas do conhecimento cientifico, dialoga com a
sociedade a fim de aprimorar e experimentar suas metodologias. A sociedade, por sua
vez, através dos meios de comunicação em massa, se apropria do jargão da sociologia
para explicar o mundo, a realidade. Palavras e expressões como contexto social;
movimentos sociais, classes sociais, estratos, camadas e conflito social são
abundantemente veiculados pelos meios de comunicação de massa e pelo discurso
político. Cada vez mais pesquisas, para os mais diversos fins, veiculam os resultados, e o
público, em geral, demonstra entender os procedimentos aos quais as pesquisas estão
sujeitas. Portanto, a sociologia relaciona-se com o mundo contemporâneo na medida que
contribui para o seu entendimento e explicação.
4)
Quais as relações entre a metodologia sociológica e a metodologia
científica?
A sociologia surgiu, quando o homem aplicou o método cientifico as questões
concernentes às relações entre os homens e destes com a sociedade, a partir de então,
constituiu-se uma nova especialidade científica. A constituição desse novo campo de
conhecimento representou, a apropriação das relações humanas por parte do conhecimento
científico e o reconhecimento da possibilidade de entendimento racional da realidade social.
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Breve histórico do surgimento da Sociologia