RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO nação na Impacto Psicológico da Inter Internação Terapia erapia Intensiva Unidade de T Psychological Impact of the Internment in the Unit of Intensive Therapy Geraldo R Rodrigues Jr1, José Luiz G do Amaral2 ABSTRACT While it studying sedation in serious ill patients, they were going interviewed, after discharge of the unit, 54 patient who not sedated and interned in the Surgical Intensive Care Unit in the UNIFESP’s, about the internment and considered unpleasant experiences quality. They were going excluded patient that remained less than 24 hours or without indispensable exams for the gravity index calculation (Apache II). The sedation was going found in 37,4% of the patients, likely with most authors that relate founded sedation in 30 and 50% of the interned patients. Between sedation indications are the psychiatric nature causes, like delirium, agitation, fear and anxiety, besides mechanical ventilation installation and maintenance. As well as in current reports, forty-five (83,3%) of the 54 patient interviewees tolerated well the internment in Intensive Care Unit, considering her good or pleasant. In spite of this, when asked about unpleasant occurrences in the internment, spontaneous or suggested, they were recalled: immobility (59%), presence of the tracheal or nasograstric tube (50%), pain, fear and anxiety (42%), sleep absence (40%), excessive noise (39%) and tracheal suctioning or aspiration (38%). It concludes that the sedation is frequent therapeutic resource in Intensive Care Unit, usually used to facilitate the artificial ventilation and to treat the psychiatric nature problems. However, doesn’t do necessary like routine, because the internment seems to be well tolerated by the patients’ majority. KEY WORDS – Sedation, critical care patients, intensive care therapy, humanization Estudo realizado na UTI Cirúrgica da Disciplina de Anestesiologia, dor e terapia intensiva cirúrgica do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/EPM 1. Professor Assistente doutor do Departamento de Anestesiologia da UNESP - Botucatu –SP. Especialista em Terapia Intensiva pela AMIB/AMB. 2. Professor Titular da Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/EPM. Especialista em Terapia Intensiva pela AMIB/AMB. Endereço para correspondência: Geraldo R Rodrigues Jr Departamento de Anestesiologia da F.M.B. - UNESP Bairro Rubião Júnior - Caixa Postal 530 - 18618-970 - Botucatu –SP e-mail: [email protected] 92 avanço científico e tecnológico, nas últimas décadas, faz-se sentir com intensidade na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Equipamentos e drogas de última geração tornam-se preocupação constante dos especialistas na área. Este avanço espetacular e impressionante, da ciência médica, fez com que a ênfase do tratamento intensivo ficasse voltada para objetivos terapêuticos mas, muitas vezes, sem alma, desumanizados. Neste ponto ficou esquecida a arte médica, baseada em aspectos científicos e humanos que faz o médico em especialização perceber que uma pessoa, fragilizada pela enfermidade, espera atenção e carinho no seu tratamento, não somente medicamentos e sondas. Com a expressão: Do moribundo aprenderei a vida, Ninos (1988) 1 , parafraseando inscrição latina, comumente presente em salas de necropsia, descreve a importância da formação humanista e ética no ambiente da terapia intensiva. Apesar dos esforços de humanização das unidades, o objetivo primário do tratamento intensivo tornou-se, através de sofisticados recursos de monitorização e terapêutica, qualificar, quantificar e controlar ampla variedade de fenômenos biológicos. Tais preocupações fazem, amiúde, esquecer que sob curativos e bandagens, na outra extremidade dos tubos, cabos e drenos, atrás de alarmes e restrito ao leito encontra-se um ser humano. A rotina da UTI é caracterizada por ritmo ininterrupto e atividade constante, luzes, ruídos e aparelhos estranhos. A relativa imobilidade que alguns sistemas sensíveis de monitorização exigem requer paciência e colaboração além dos limites impostos pelas enfermidades graves. É pouco provável que uma pessoa possa tolerar tal ambiente sem que seja instituído algum tratamento antiansiedade, além do indispensável alívio da dor 2. O sofrimento psíquico dos egressos dessas unidades é dificilmente avaliável e é, há muito, preocupação dos especialistas da área 2, 3. Gomes & Santos O Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva vine novas psicoses 10 - 12. Por conseguinte, a humanização dos cuidados e capacidade adaptativa desses enfermos podem amenizar sua experiência na unidade de terapia intensiva13. Portanto, busca-se, neste estudo, avaliar e quantificar possíveis seqüelas psíquicas provocadas pela estadia na terapia intensiva e a necessidade de uma rotina de sedação. 3. Experiências consideradas desagradáveis durante a permanência na UTI, dentro de relação de ocorrências da internação (imobilidade, presença de tubo traqueal, sonda nasogástrica, medo e ansiedade, dor, ausência de sono, ruído excessivo, aspiração traqueal, punção arterial, acesso venoso central, luz excessiva, falta de repouso, máscara facial, ventilação artificial, sonda vesical e fisioterapia). Todos os pacientes foram comparados em relação a sexo, idade e gravidade inicial conforme o índice APACHE II. Foram excluídos os pacientes que permaneceram menos de vinte e quatro horas internados, o que não permite o cálculo do APACHE II, e outros que não puderam ser submetidos à esta avaliação por ausência de exames indispensáveis. A Avaliação de Fisiologia Aguda e Saúde Crônica (APACHE Acute Physiology and Chronic Health Evaluation) é resumida em 12 medições fisiológicas e estado de saúde antes da admissão, sendo atribuídos valores em pontos para classificar os pacientes pela gravidade da doença e predizer o resultado da internação 14. MATERIAL E MÉTODO Imediatamente após a alta da UTI, foram entrevistados, aleatoriamente, 54 pacientes que não houvessem recebido qualquer forma de agentes sedativos durante sua estadia. Na oportunidade foram interrogados seqüencialmente sobre: 1. Qualidade geral da internação sendo a eles apresentadas as opções agradável, regular ou desagradável. 2. Experiência considerada a mais desagradável durante a permanência na UTI. Procurou-se nesta questão evocar lembrança de fatos sem oferecer opções. RESULTADOS Os 54 pacientes não sedados ficaram distribuídos por sexo em 33 homens e 21 mulheres, sendo a média de idade em 53 anos. A média da gravidade inicial (APACHE II) ficou em 16 (Tabela 1). Quarenta e cinco (83,3%) dos 54 pacientes entrevistados toleraram bem a internação (Figura 1) considerando-a agradável. Os restantes cinco (9,3%) e quatro (7,4%) pacientes se declararam regularmente satisfeitos com a internação ou disseram ter sido uma experiência desagradável, respectivamente. Figura 1. Classificação da internação pelos pacientes (1997) 4 informaram que a maioria de 57 pacientes admitidos em UTI considerou o tratamento dispensado pela equipe agradável (81%), tendo como maior queixa os procedimentos realizados em si (21%) e como maior preocupação a família (28%). Elpern et al (1992) 5 entrevistaram 84 pacientes adultos internados e 76% destes pacientes consideraram como positiva sua experiência. Turner et al (1990) 6 estudaram recordações de 100 pacientes, e para 94% a atmosfera da UTI foi descrita como amigável ou relaxante. Tomlin, 19777, refere que apenas 0,5% dos internados guardam problemas psiquiátricos importantes. Todavia, Benzer et al (1983) 8 consideram que nenhum egresso dessas unidades é isento de algum distúrbio psicológico. Medo e ansiedade constituem relevante estresse psíquico e podem levar a síndrome, descrita genericamente como “psicose de UTI”, com incidência variável entre 14% e 72%9. A eliminação da tríade ansiedade, dor e insônia, pela sedação, pre- ARTIGO Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 93 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO As piores lembranças espontâneas citadas foram tratamento inadequado da dor (18,5%), presença de tubo traqueal (16,6%) e de máscara facial (9,2%). O ruído excessivo produzido na unidade durante a rotina usual foi citada por 9,2%, imobilidade ou restrição ao leito e presença de sonda vesical por 7,4%. Para 5,5% desses doentes, a ausência de um período de sono foi determinante para tornar sua estadia desagradável e para 3,7% a presença de sonda nasogástrica, medo e ansiedade foram citados entre as piores lembranças. Acesso venoso central nas veias jugular interna ou subclávia, exposição demasiada a claridade e aspiração traqueal incomodaram, cada um separadamente, 1,8% desses pacientes (Figura 2). Quando foi proposto, a cada paciente, uma série de eventos a que poderiam ter sido submetidos, consideram como lembranças mais desagradável a imobilidade ou restrição ao leito, que foi a mais citada (59%). A presença de tubo traqueal ou de sonda nasogástrica desagradaram 50%, sendo essa última presente em apenas 34 dos 54 pacientes. Medo, ansiedade e dor foram reclamadas como as piores recordações por 42%, ausência de sono por 40%, ruído excessivo por 39% e aspiração traqueal por 38%, sendo que somente 50 pacientes experimentaram essa ocorrência. A punção arterial diária para coleta de exames e gasometria incomodaram 33% dos pacientes, enquanto acesso venoso central nas veias jugular interna ou subclávia foram lembrados por 32% de 44 enfermos. A exposição demasiada a claridade foi o martírio de 29% e o não favorecimento ou ausência de período de sono foi o de 29%. A presença de máscara facial durante o período de internação foi recordada incomodamente por 26% e a submissão ao ventilador artificial por 25% de 48 doentes. Por fim, presença de sonda vesical incomodou significativamente 20% de 50 pacientes e a fisioterapia realizada duas vezes ao dia em 9% de todos os entrevistados. (Figura 3). DISCUSSÃO Apesar das experiências negativas, o relato de diversos pacientes entrevistados após a alta, demonstra impacto menor do que o esperado. O efeito psicológico da internação em Terapia Intensiva não é previsível. Delírio e agitação raramente ocorrem associados à psicose verdadeira 10 . A expressão “psicose de UTI” é descrição simplista e inespecífica dos distúrbios de comportamento resultantes da perda de contato com a realidade9. Eles são influenciados por fatores genéticos e experiências prévias (próprias ou de conhecidos). A ansiedade pode resultar em desorganização psicológica, expressa por desilusão, pânico, sensação de abandono e até mesmo psicose10, 15. Uma equipe amigável e um ambiente acolhedor (controle de ruído, luminosidade e temperatura), evita esta seqüência devastadora. As visitas de familiares e amigos, reforça sobremaneira o apoio recebido da equipe médica e paramédica4, 13. Figura 2. Piores lembranças relatadas pelos pacientes 94 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 ARTIGO RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva Figura 3. Lembranças desagradáveis escolhidas, pelos pacientes, de uma lista por ordem de importância. Nos dias atuais é cada vez mais freqüente, o estabelecimento de medidas destinadas a humanizar o tratamento intensivo, que substitui com vantagens as intervenções farmacológicas. Portanto, a humanização é escopo fundamental da medicina intensiva 4, 13, 16 - 19. Contudo, a sedação tem seu lugar, sendo indicada em cerca de 30% a 50% dos enfermos 13, 20, indicados, em maior parte, para adaptar o paciente à ventilação mecânica, para controle de delírio e agitação, para realização de alguns procedimentos desconfortáveis e, também, para reduzir o metabolismo ou promover o sono 4, 13, 16, 17, 21. Entretanto, as drogas sedativas são mais prescritas, amiúde, para silenciar o ambiente das suas unidades, ou prover condições convenientes para a prática de enfermagem, do que em resposta a necessidades dos pacientes 15. Apesar disso, Schroeder (1971) encontrou em 58% de 332 pacientes, a descrição de facilmente suportável a estadia na Terapia Intensiva 22. Bion & Ledingham (1987) 23 investigaram um grupo de pacientes que receberam sedação com narcóticos e benzodiazepínicos. Destes 33% consideraram agradá- 96 vel sua estadia e 45% tolerável 23. Turner et al (1990) 6 estudaram recordações de 100 pacientes após sua saída da UTI. Estes pacientes tinham diversas crenças, variados níveis educacionais e ocupacionais, além de variadas raças. A média do índice APACHE. II foi de 12,3, sendo que 68% dos pacientes foram ventilados artificialmente. A atmosfera da UTI foi descrita como amigável ou relaxante, por 94% destes pacientes. A mais freqüente experiência desagradável foi a punção para colheita de sangue arterial (48% dos pacientes) e aspiração traqueal (30 de 68 pacientes ventilados artificialmente). Apenas 6% dos pacientes queixaram-se das discussões ao redor do leito. Este estudo enfatizou a necessidade de uma melhor comunicação, pela equipe, com os pacientes. Sugeriram também, que a instituição de linhas arteriais ou oximetria de pulso poderiam ser usadas para evitar colheitas freqüentes de sangue arterial e que a aspiração traqueal deveria ser realizada com maior cuidado6. Objetivando determinar a influência de uma recente experiência de internação em terapia intensiva numa provável preferência, destes pacientes, pela UTI em pos- síveis internações futuras, foram entrevistados 84 pacientes adultos internados, nessa unidade, num período compreendido entre junho e agosto de 1990 5. Cerca de 76% destes pacientes consideraram como positiva sua experiência. Outro estudo foi realizado com o objetivo de determinar se a idade afetaria as atitudes de pacientes na terapia intensiva 24. Os autores administraram um questionário para 57 pacientes que foram hospitalizados em sua unidade coronariana e terapia intensiva geral. Responderam ao questionário 28 homens e 29 mulheres variando entre 20 e 92 anos (média 58,4 anos). A intensidade e gravidade dos tratamentos foram similares nos dois grupos. A maioria dos pacientes, jovens e velhos, ficou satisfeito com o tratamento e a recuperação, e expressou o desejo por um tratamento similar no futuro, caso necessário. Somente 5 pacientes se manifestaram insatisfeitos com o tratamento: dois eram maiores de 70 anos, os outros tinham 27, 62, e 65 anos. Apesar deste resultado, que não mostra relação entre idade e estresse na UTI, os autores concluíram que, por causa do número de pacientes que respondeu ao questionário, faz-se necessário um novo estudo para conclusões definitivas 24. Todos disseram preferir a unidade de tratamento intensivo, caso precisassem de tratamento médico 5, 6, 24. Tomlin (1977) refere que somente 0,5% dos internados em UTI guardam, problemas psiquiátricos significantes 3 . Por outro lado, outros autores 8, consideram que nenhum egresso de tais unidades é isento de algum distúrbio ou deficiência seja de pensamento, humor ou comportamento 8. Os resultados do presente estudo assemelham-se aos dados da Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO Tabela 1. Distribuição dos pacientes conforme sexo, idade e APACHE II. MÉDIA (m) Idade Apache ii 53 15 Literatura e revelam menor impacto psicológico do que se pressupunha. Dos 54 pacientes entrevistados, não submetidos à sedação, 83,3% consideraram sua internação como boa ou agradável, 9,3% como regular e 7,4% como ruim ou desagradável. Na avaliação subjetiva desses pacientes, com variados graus de instrução, percebia-se uma certa sensação de alívio e sucesso por estarem deixando a unidade. Tal fato, juntamente com o desejo de não desagradar o entrevistador, possivelmente, influenciaram as avaliações, inclusive de pacientes que demonstravam visível desconforto, quando se encontravam no ambiente da UTI. É difícil determinar a intensidade do desconforto na UTI 25. Dor e insônia foram problemas comumente observado 26 - 29. Foram também referidos colheita de sangue arterial (queixa de 48 entre 100 pacientes) e aspiração traqueal (30 de 68 pacientes ventilados mecanicamente 6. Cerca de 100 pacientes foram interrogados em uma UTI cirúrgica, acerca de suas impressões sobre a internação 27. Suas respostas foram comparadas com os resultados de uma pesquisa similar realizada no mesmo hospital 10 anos antes. Muitos pacientes acharam agradável a internação porém, a despeito de estarem internados em quartos individuais, a dificuldade em dormir e descansar foram, ainda, queixas comuns (27% dos casos) 27. Dentre ocorrências listadas como desagradáveis por 60 pa- Sexo MASCULINO - 62% feminino – 38% cientes internados em UTI, foram destaques 30 : ansiedade, em 78% deles; dor, em 67%; falta de repouso em 63%; sede, em 60%; presença do tubo traqueal (50 pacientes), em 57%; máscara facial, em 52%; tubo nasogástrico, em 47%; fisioterapia, em 33%; cateter urinário, em 17%; náuseas, em 12%; e paralisia, em 100% de 16 pacientes30 . Surpreendentemente, no presente estudo, a imobilidade ou restrição ao leito, recordada por 59% dos entrevistados, foi responsável por impacto mais intenso do que esperado, provavelmente devido a disposição dos leitos da unidade, que favorecia uma visão global dos leitos e do ambiente exterior. Portanto, muitos doentes observaram toda movimentação frenética da unidade, inclusive óbitos. Procedimentos rotineiros e incômodos foram realizados, sem que tivessem escolha ou fossem consultados. A soma disso pode ter levado a sensação de impotência, que, acentuada pela restrição ao leito, marcou a internação da maioria dos entrevistados. CONCLUSÕES A sedação não se faz necessária, como rotina, para amenizar a estadia na terapia intensiva, classificada como desagradável por apenas 7,4% dos pacientes. Todavia, quando indicados, são, geralmente, para adaptar o paciente à ventilação mecânica e para problemas de natureza psiquiátrica, como delírio e agitação. As ocorrências mais lembradas no período de internação foram Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 consideradas desagradáveis, como dor, presença do tubo traqueal, imobilidade, presença da sonda nasogástrica, medo e ansiedade. A importância da dor é, ainda, minimizada e seu tratamento insuficiente na UTI. RESUMO Com o intuito de estudar sedação em pacientes graves, foram entrevistados, após a alta, 54 pacientes, não sedados e internados na Unidade de Terapia Intensiva Cirúrgica da Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva Cirurgia da UNIFESP, sobre a qualidade da internação e experiências consideradas desagradáveis. Foram excluídos pacientes que permaneceram menos de 24 horas ou sem exames indispensáveis para o cálculo do índice de gravidade (APACHE II). A sedação foi encontrada em 37,4% dos pacientes, comparavelmente com a maioria dos autores que relatam-na entre 30 e 50% dos pacientes internados. Entre as indicações de sedação estão as causas de natureza psiquiátrica, como delírio, agitação, medo e ansiedade, além de instalação e manutenção de ventilação mecânica. Assim como em relatos atuais, quarenta e cinco (83,3%) dos 54 pacientes entrevistados toleraram bem a internação em Terapia Intensiva, considerando-a boa ou agradável. Apesar disto, quando perguntados sobre ocorrências desagradáveis na internação, espontâneas ou sugeridas, foram as mais lembradas: imobilidade (59%), tubo traqueal e sonda nasogástrica (50%), dor, medo e ansiedade (42%), ausência de sono (40%), ruído excessivo (39%) e aspiração traqueal (38%). Conclui-se que a sedação é recurso terapêutico freqüente em Te- 97 ARTIGO rapia Intensiva, comumente utilizada para facilitar a ventilação artificial e tratar os problemas de natureza psiquiátrica. No entanto, não se faz necessária como rotina. UNITERMOS – Sedação, pacientes graves, terapia intensiva, humanização. REFERÊNCIAS: 1. Ninos NP. Humanism and thechnology. Editorial. Crit Care Med 1988; 16:1252-1253. 2. Crippen DW. The role of sedation in the ICU patient with pain and agitation. Crit. Care Clin 1990 6:369-2. 3. Dobb G.J & Murphy DF. Sedation and analgesia during intensive care. Clin Anaesth 1985; 3:1055-1083. 4. Gomes AMCG & Santos PAJ. Humanização em Medicina Intensiva. 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